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Actualidade8

Hospital Fernando Fonseca é exemplo de saúde tecnológicaO Processo Clínico Electrónico, implemetando nesta unidade hospitalar, é um factor diferenciador em Portugal e na Europa

Carlos Marçalo | [email protected]

Aimplementação no HospitalProfessor Doutor FernandoFonseca – EPE do ProcessoClínico Electrónico (PCE) de

forma transversal às mais de 30 especialida-des existentes e utilizável pelos diferentesprofissionais de saúde e de apoio colocoueste hospital numa posição de destaque re-lativamente às unidades hospitalares públi-cas nacionais e europeias.O PCE permitiu aumentar a eficiência deprocessos, mitigar o risco clínico e reduzircustos. Em 2012, a diminuição de custosrondou os 175 mil euros e, em 2013, ficouperto dos 200 mil euros. A estes valores de-vem ser acrescentados ainda todos os bene-fícios obtidos na sequência da reestrutura-ção organizacional efectuada.RuiGomes, chiefinformation officer (CIO)do Hospital Fernando Fonseca, foi premia-do este ano pela Cionet Portugal comoCIO do Ano, na categoria de Orientaçãopara Processos de Negócio. O gestor consi-dera que, por estar numa unidade que fazparte do Serviço Nacional de Saúde (SNS),os desafios que tem pela frente não são dife-rentes dos de outras unidades de saúde.O que procura é «fazer mais com menos,para garantir a sustentabilidade da activida-de, mas sem condicionar, e sempre que pos-sível melhorando, os níveis e a qualidade daprestação dos cuidados de saúde».A falta de investimento e os constrangi-mentos na contratação e revitalização deprofissionais qualificados, ou mesmo amorosidade das reformas na saúde, fazemsubir os níveis de exigência, obrigando auma constante necessidade de reengenha-ria dos processos de trabalho.

«Assumir o mesmo nível de produção deactividade assistencial sem deixar depre-ciar os níveis de qualidade é certamente omaior desafio, mas ao mesmo tempo abreo ensejo à inovação e à criatividade, talcomo aumenta a necessidade de reaprovei-tamento de recursos que nunca em outromomento se estimariam úteis. Se olharmosde forma desperta para todo o ecossistema,encontraremos sempre um mar de oportu-

nidades, que as nossas organizações po-dem beneficiar em prol da sua actividade»,declara Rui Gomes.Na resposta a estes desafios, o papel das tec-nologias de informação e comunicação(TIC) é, no entender do CIO, completamen-te estruturante. «Nunca testemunhei tantoessa evidência como no momento actual, emque os órgãos centrais, nomeadamente osServiços Partilhados do Ministério daSaúde (SPMS), estão a passar por uma rees-truturação profunda da sua orgânica e pelagovernação tecnológica do SNS. Mas aomesmo tempo deparamo-nos com algumestrangulamento, resultante das medidas deracionalização e de redução de custos emrelação às tecnologias de informação e co-municação naAdministração Pública, pre-vistas na resolução de Conselho de Minis-tros n.º 12/2012 de 7 de Fevereiro», diz oCIO do Hospital Fernando Fonseca.Por mais nobre que seja a resolução, e pormais importante que seja num cenário decontrolo, normalização e governação tecno-lógica daAP, «a verdade é que são exacta-mente os bens e serviços que conseguiriamajudar as organizações a mudar comporta-mentos e procedimentos e a gerar eficiênciaque não estão a ser estimulados», sublinha.Na opinião deste especialista em tecnolo-gias na área da saúde, esta situação vai terefeitos nos próximos 10 anos. Rui Gomesencoraja por isso as administrações das uni-dades do SNS, principalmente dos hospi-tais, a apostarem e investirem na capacida-de de gestão, resiliência e expertise dos seusdepartamentos de TIC. O CIO acredita que

ÚLTIMOS TRÊS PROJECTOS DESENVOLVIDOSInformatização Clínica Transversal – Com este projecto, procurou-se fechar o ciclodo doente com uma única e transversal plataforma de apoio à prestação de cuidadosespecializados. Com custos rudimentares para a dimensão do projecto, aumentou-sea eficiência nas operações entre todas as especialidades do hospital, reduzindo custos,preservando cada vez mais a informação clínica sobre o doente e assegurandoa continuidade dos seus cuidados.

Projecto de Interoperabilidade global –Através de uma única camada de softwarede middleware, de um agregador de todo e qualquer meio de conectividade entreas aplicações de care delivery e da componente administrativa, realizou-se, alémda conectividade interna entre sistemas e equipamentos, a ligação à Plataforma de Dadosde Saúde nacional e a ligação internacional à ePSOS (Europa). Assim, qualquer outrohospital nacional ou europeu pode aceder, no âmbito da prestação de cuidados de saúde,e com mecanismos de segurança e privacidade assegurados, a elementos clínicosdos doentes tão importantes como relatórios de imagiologia, análises, diagnósticos,triagem de doentes, alergias, receitas de medicamentos, ECG, altas médicas,de enfermagem e de urgência, registos para o exterior (consulta, internamento, urgência)e protocolos cirúrgicos.

Plano de Continuidade de Negócio – Estabelecimento e adopção de políticas,procedimentos e mecanismos, através de meios informatizados redundantes, e em offline,para suporte a um plano global de continuidade de negócio no caso de quebra totalou parcial dos sistemas de informação.

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as mudanças com base nos meios informati-zados ajudarão a regenerar os serviços pres-tados, desde os cuidados primários aos con-tinuados ou diferenciados. «Precisa-se deenergia positiva, visão, credibilidade, resi-liência, know-how e muito empenho paradar celeridade aos processos. Existe ummomento para tudo», afirma.

ORÇAMENTO COM TENDÊNCIAA DIMINUIRNo ano de 2013, o orçamento estimadopara TI era de cerca de 1 milhão de euros.Contudo, devido à necessidade de conten-ção absoluta, definida nos objectivos doMinistério da Saúde, e atendendo às di-rectivas de racionalização da Administra-ção Pública, 50% desse valor não foi exe-cutado. E o cenário traçado para o futuronão é melhor. Rui Gomes acredita que «atendência é que o orçamento diminua, ou,no melhor dos cenários, fique igual».Em anos anteriores, por regra, o orçamentopara TI era 60% do valor destinado a Ca-pex. «Actualmente, para garantir a sustenta-bilidade de serviços e operações, já só con-seguimos executar Opex. O valor emCapexexecutado é aproximadamente 10% do or-çamento total», explica o nosso interlocutor.O CIO lidera uma unidade com 19 elemen-tos, composta pela equipa de atendimentode primeira linha, por especialistas técni-cos de suporte e por especialistas de infra--estruturas, inovação, desenvolvimento.O topo da estrutura é complementado porgestores de informatização clínica. O Hos-pital Fernando Fonseca incorpora ainda

Semana Informática | 12 a 18 de Março de 2014

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Um convite ao desenvolvimento internoOs constrangimentos orçamentais obrigam as unidades públicas mais dinâmicas a levar acabo iniciativas de software house, diminuindo a necessidade de recurso a bens e serviçosexternos. No caso deste hospital, a média de projectos a decorrer em simultâneo superaas três dezenas, mas 50% do orçamento de TI do ano passado não foi executadoCarlos Marçalo | [email protected]

OCIOdoHospital ProfessorDou-tor Fernando Fonseca EPE,RuiGomes, foi umdos vencedores doprémio CIO doAno, na categoria

deOrientação paraProcessos deNegócio, pro-movido pelaCionet Portugal. O prémio ser-viu para reconhecer a qualidade do trabalhoque desenvolve hávários anos.Dada a sua experiência, Rui Gomes revela--se preocupado em relação ao mercadoportuguês de TI. Segundo ele, é necessá-rio, senão urgente, a revitalização do mer-cado. Mas, devido aos constrangimentosorçamentais, quase se convidam as unida-des públicas mais dinâmicas a incorporariniciativas de software house, diminuindoa necessidade de recurso a bens e serviçosexternos, explica o CIO.Esta tendência pode ser arriscada e podeter efeitos nocivos a longo prazo, princi-palmente sobre as peças de software, vistoque pode ser condicionada a sua manuten-ção, evolução e escalabilidade, defendeo especialista. «Temo pelas pequenas em-presas, aquelas que normalmente são asmais ágeis e criativas e cujos custos paraos clientes, financeiramente, são mais inte-ressantes. Quando vistas numa long tail,seriam as revitalizadoras de uma economiamais sustentável e equilibrada para o nossomercado de TI», diz Rui Gomes.A cloud computing, uma das principaistendências tecnológicas, é para este res-ponsável um caminho inevitável. Por isso,já a perspectivar essa tendência, em 2009,

a unidade hospitalar que gere procurou ini-ciar a conversão de toda a componente deservidores e postos-clientes para ambien-tes virtualizados. O passo seguinte passoupela criação de um centro de dados de re-duzidas dimensões, perspectivando umaconvergência futura.«A confluência para a cloud computing noâmbito da Administração Pública é umatransição quase orgânica e não pode evoluirsem que antes haja uma consolidação debase de dados e serviços. Ao mesmo tem-po, os ambientes aplicacionais têm de serregenerados para arquitecturas e platafor-mas para essa tecnologia», afirma Rui Go-mes, acrescentando que o Plano Global Es-tratégico de Racionalização e Redução deCustos nas TIC na Administração Pública(PGERRTIC) converge nesse sentido.Cabe às instituições e aos seus departamen-tos de TI posicionarem-se desde já, para quena altura da grande onda dentro da Admi-nistração Pública, essa convergência possaser facilitada. Esse posicionamento passapelo avanço da visão e das iniciativas ne-cessárias, para que, no mínimo, as diferen-tes entidades públicas edifiquem as suasclouds privadas, seja de servidores, declientes ou de aplicações de negócio.Outra das grandes tendências tecnológicas éo big data. O gestor conta que antes de daresse passo, o seu departamento está a procu-rar consolidar três anos de informação clíni-ca para inclusão e gestão em bloco dos da-dos. O objectivo é o hospital ter a sua data-

warehouse versátil. Só assim poderábeneficiar mais tarde de qualquer projectoorientado para o modelo de big data.Já no que diz respeito a políticas de BYOD,o CIO reconhece que o mundo mudou eque há necessidade de implementar siste-mas de mobile device management, sejapara ambientes Android, seja para iOS ouparaWindows Phone, mas principalmenteAndroid, por haver maior vulnerabilidade.«Temos estudado soluções com a Sybase, aAirWatch, a Symantec, entre outras, noentanto, mantemos a intenção de só dispo-nibilizar acessos sync e-mail para ambien-tes mobile, até que o ecossistema aplicacio-nal necessite efectivamente de mudar ouque a nossa infra-estrutura já esteja seguraatravés de uma dessas camadas de softwa-re», conclui Rui Gomes.

GOVERNAÇÃO EM VEZ DE GESTÃOAadopção e a dependência cada vez maiordos meios informatizados para toda e qual-quer actividade exigem às organizações oseu alinhamento com as TIC e vice-versa.À medida que esta dimensão da gestão au-menta, torna-se mais fácil encontrar umanova geração de CEO e de administradorescom largas competências e capacidades parao exercício de algumas das funções de umCIO. «Contudo, o CIO deve focar-se na es-tratégia em vez de nas operações e devedesviar-se o mais rapidamente possível daengenharia para pensar na arquitectura deprocessos», conclui Rui Gomes. ◗

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uma Unidade de Investigação e Criativi-dade em Informática, na qual alunos devárias universidades e investigadores cola-boram, de forma voluntária, em projectosde transferência de tecnologia em enge-nharia, robótica, mining, medicina transla-cional e investigação para a área da saúde.Esta unidade de saúde recorre também acerca de 20 parceiros tecnológicos, quetrabalham com a Direcção de Gestão deTecnologias e da Informação em regime decontratação de serviços.Em 2009, quando o Hospital FernandoFonseca integrou o SNS, Rui Gomes tra-çou como objectivo a realização de 53 pro-jectos em dois anos, muitos deles estrutu-rantes e de alguma complexidade, masque, reconhece, acabaram por se estenderdemasiado no tempo.«A equipa, na altura, era de quatro técni-cos, mas dada a sua dedicação e destrezafoi possível concluir em tempo útil os pro-jectos mais estruturantes e vitais, e quevieram a apoiar o exercício da actividadedo hospital», explica. Actualmente, a Di-recção de Gestão de Tecnologias e da In-formação desenvolve projectos em trêsáreas principais: care delivery, support de-livery e infra-estruturas.Segundo Rui Gomes, poderiam ser conta-bilizados mais de 30 projectos principais,contudo, devido à quantidade de projectosexistente no hospital, estes não são medi-dos pelo nível de conclusão, mas pelo nívelde maturidade adquirido após terem entra-do em produção. O CIO dá como exemploo projecto de desenvolvimento interno doProcesso Clínico Electrónico, que se multi-plicou e que deu origem amais 15 a 20 pro-jectos. Além de cobrir umas 20 especialida-des médicas distintas, qualquer alteraçãoneste projecto pode ter impacto directo nasoperações de um universo de mais de 500profissionais de saúde.

MELHORAR A GOVERNAÇÃO DAS TICAestratégia da Direcção de Gestão de Tec-nologias e da Informação do Hospital Fer-nando Fonseca passa por dispensar o maispossível a componente de tecnologia ecrescer em matéria de governação tecnoló-gica, com serviços e com apoio na área dareengenharia dos processos de negócio.Além da iminente necessidade de fazerevoluções em mais de 50% das soluçõesem produção, segundo o CIO, 2014 e 2015será também um período para desenvolverprojectos de mining e de exploração avan-çada de dados clínicos; para fazer a migra-ção da infra-estrutura de rede de dados;para realizar projectos de gestão de riscode TI; e, por último, para implementar sis-temas de controlo à convergência deBYOD.Há ainda que referir que todos os projectosdesenvolvidos no Centro de Investigação eCriatividade em Informática (www.ci2.pt)resultam de iniciativas lançadas para criarsoluções que, regra geral, não se encon-tram no mercado ou que são impossíveisde sustentar ou adaptar à realidade do hos-pital. ◗

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Rui Gomes, CIO do HospitalProfessor Doutor FernandoFonseca EPE