Sibbes, Richard.- (1577-1635) Ajuda para os fracos ...

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S563 Sibbes, Richard.- (1577-1635) Ajuda para os fracos / Richard Sibbes Tradução e adaptação Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 20 21 . 22 p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida cristã. 3. Graça. 4. Fé. I. Título. CDD 252

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S563 Sibbes, Richard.- (1577-1635) Ajuda para os fracos / Richard Sibbes Tradução e adaptação Silvio Dutra Alves – Rio de Janeiro, 2021. 22p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Vida cristã. 3. Graça. 4. Fé. I. Título. CDD 252

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Meditando sobre essas regras e sinais,

muito conforto pode ser levado às almasdos mais fracos. Para que possa ser emmaior abundância, deixe-meacrescentar algo para ajudá-los asuperar algumas objeções comuns epensamentos secretos contra simesmos que, chegando ao coração,muitas vezes os mantêm abatidos.

TENTAÇÕES QUE DIMINUEM OCONFORTO

1. Alguns pensam que não têm fé porquenão têm plena certeza, ao passo que omais belo fogo que possa haver terá umpouco de fumaça. As melhores açõesvão cheirar a fumaça. A argamassa ondeo alho foi estampado sempre terá ocheiro dele; portanto, todas as nossasações terão o sabor do velho homem.

2. Na fraqueza do corpo, alguns pensamque a graça morre, porque suasperformances são fracas, seus espíritos,que são os instrumentos das ações desuas almas, estão enfraquecidos. Maseles não consideram que Deus sepreocupa com os suspiros ocultos

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daqueles que não têm habilidade paraexpressá-los externamente. Aquele quepronuncia os bem-aventurados queconsideram os pobres terá umaconsideração misericordiosa de Simesmo.

3. Alguns ainda são assombrados porhorríveis representações em suaimaginação, e por pensamentos vis eindignos de Deus, de Cristo, da Palavra,que, como moscas ocupadas, inquietame molestam sua paz.

Eles são lançados como fogo na matapor Satanás, como pode ser discernidopela estranheza, força e violência, e ahorribilidade deles até para corrompera natureza. Uma alma piedosa não émais culpada deles do que Benjamin eraquando a taça de José foi colocada emseu saco.

Entre outras ajudas recomendadas porescritores piedosos, como o ódio deles eo desvio deles para outras coisas, queseja este, para reclamar com Cristocontra eles, e voar sob as asas de suaproteção, e desejar que ele tome nossopartido contra o Seu e nosso inimigo.Todo pecado e blasfêmia do homem

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serão perdoados, e não essespensamentos de blasfêmia.

Mas há uma diferença entre Cristo enós neste caso. Porque Satanás nãotinha nada de seu em Cristo, suassugestões não deixaram nenhumaimpressão em sua natureza sagrada,mas, como faíscas caindo no mar, foramapagadas. As tentações de Satanás paracom Cristo eram apenas sugestões daparte de Satanás e apreensões da vilezadelas da parte de Cristo. Apreender omal sugerido por outro não é mal. Foi aqueixa de Cristo, mas o pecado deSatanás. Mas assim ele se rendeu àtentação, para que pudesse tercompaixão de nós em nossos conflitos enos treinar para manejar nossas armasespirituais como ele fez. Cristo poderiatê-lo vencido pelo poder, mas o fez pormeio de argumentos.

Mas quando Satanás vem a nós, eleencontra algo de seu em nós, quemantém correspondência com ele.Existe a mesma inimizade em nossanatureza para com Deus e bondade, emalgum grau, que está no próprioSatanás. Portanto, suas tentaçõesprendem, na maior parte, algumasmanchas sobre nós. E se não houvesse

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demônio para sugerir, ainda assim,pensamentos pecaminosos surgiriamdentro de nós, embora nenhum fosselançado de fora. Temos uma moedadeles dentro sw nós. Essespensamentos, se a alma permanecerneles por tanto tempo a ponto de sugarou tirar deles qualquer prazerpecaminoso, então eles deixam umaculpa mais pesada sobre a alma,impedem nossa doce comunhão comDeus, interrompem nossa paz e colocamum sabor contrário na alma, dispondo-apara pecados maiores.

Todas as ações escandalosas são apenaspensamentos no início.

Os pensamentos doentios são comopequenos ladrões que, rastejando pelajanela, abrem a porta para alguémmaior.

Os pensamentos são sementes de ações.Estes, especialmente quando sãoajudados por Satanás, fazem da vida demuitos bons cristãos quase um martírio.Nesse caso, é um conforto doentio quealguns ministram, que pensamentosruins surgem da natureza, e o que énatural é desculpável. Devemos saberque a natureza, conforme saiu das mãos

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de Deus no início, não teve essesurgimento. A alma, como inspirada porDeus, não tinha essa respiraçãodesagradável. Mas, uma vez que se traiupelo pecado, é, de algum modo, naturalpara ela forjar imaginaçõespecaminosas e produzir uma fornalhade tais faíscas.

E isso é um agravante dapecaminosidade da corrupção natural,que está tão profundamente enraizada etão generalizada em nossa natureza.como saiu das mãos de Deus noprincípio, não houve tal surgimento. Aalma, como inspirada por Deus, nãotinha essa respiração desagradável.Mas, uma vez que se traiu pelo pecado,é, de algum modo, natural para elaforjar imaginações pecaminosas e seruma fornalha de tais faíscas.

Conhecer toda a extensão eprofundidade do pecado promove ahumilhação. (Nota do tradutor: Assimcomo a altura, profundidade e largurado amor de Cristo somente pode serconhecido por graus mais avançados desantidade e piedade dos crentes, deigual forma as dimensões reais dopecado e sua gravidade somente podeser conhecido pela mesma condição,

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pois quando é somente que temos maisluz da parte de Deus, que podemos ver ecompreender a extensão da sujeira queé o pecado. Até então, será consideradomuitas vezes como sendo apenas algoerrado que foi pensado ou feito, oumesmo a omissão de algum bem que sedeveria fazer e não se fez. Para nosajudar no conhecimento do que é opecado, a Lei foi dada por Deus, mas opecado é de tal forma enganoso epoderoso que usa a própria Lei parainstigar o homem a pecar, porque se éproibido, então é que a carne ficamotivada a praticá-lo. No entanto, não épara produzir tal resultado contrárioque a Lei nos é dada, de maneira quesomente naqueles que se arrependem,é possível haver um entendimentoadequado dos próprios mandamentosda Lei, e o quão é vital que sejamobservados e praticados, mediante opoder recebido da graça de Jesus paratal. E não podemos esquecer tambémque a prática dos mandamentos no seusentido positivo, demanda que nosseparemos realmente de toda prática depecados, e que nos esforcemos paraadquirir os hábitos piedosos que sãoproduzidos em nós pela santificação,através do exercício contínuo nos meiosde graça (leitura e meditação a Palavra,

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oração, louvor etc), sem o que não serápossível obter a vitória sobre o viverpecaminoso, trocando-o por um andarno Espírito e e modo agradável a Deus.)

Mas o fato de que nossa natureza agora,na medida em que não é renovada, é tãoinfelizmente fecunda em mauspensamentos, ministra esse conforto,que não é nosso caso sozinho, como senossa condição nisso fosse diferente deoutros, como alguns têm sido tentados apensar, quase ao desespero. Ninguém,dizem eles, tem uma natureza tãorepulsiva quanto eu. Isso surge daignorância da propagação do pecadooriginal, pois o que pode vir de umacoisa impura senão aquilo que éimpuro? "Como na água o rostocorresponde ao rosto, assim o coração[poluído] do homem ao homem"(Provérbios 27:19), onde a graça não fezalguma diferença.

Como nas irritações de Satanás, aqui, amelhor maneira é expor nossas queixasa Cristo e clamar com Paulo:"Desventurado homem que sou! quemme livrará do corpo desta morte?" (Rom7:24). Ao dar vazão à sua aflição, ele logoencontrou consolo, pois começou aagradecer: "Agradeço a Deus". E é bom

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lucrar com isso, odiar mais este corpoofensivo de morte, e se aproximar deDeus, como aquele santo homem fezdepois de seus pensamentos "tolos" e"bestiais" (Salmos 73:22 e 28), e assimmanter nossos corações mais perto deDeus, temperando-os com meditaçõescelestiais pela manhã, armazenandoboa matéria, para que nosso coraçãoseja uma boa tesouraria, enquantoimploramos a Cristo seu Espírito Santopara parar com essa maldita questão eser uma fonte viva de melhorespensamentos em nós.

Nada mais rebaixa os espíritos doshomens santos que desejam se deleitarem Deus depois de terem escapado dascontaminações comuns do mundo doque essas questões impuras do espírito,como sendo o mais contrário a Deus,que é um Espírito puro. Mas a própriairritação deles rende uma questão deconforto contra eles. Eles forçam a almaa todos os exercícios espirituais, àvigilância e a um andar mais próximo deDeus, e a se elevar a pensamentos denatureza superior, como aqueles que averdade de Deus, as obras de Deus, acomunhão dos santos, a o mistério dapiedade, o terror do Senhor e aexcelência do estado de um cristão e

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uma conduta adequada a issoministram abundantemente. Elesdescobrem para nós a necessidade de sepurificar diariamente pela graça, e debuscar ser encontrados em Cristo, eassim colocam os melhoresfrequentemente de joelhos. à vigilânciae um andar mais próximo com Deus, eelevar-se a pensamentos de naturezasuperior, como aqueles que a verdadede Deus, as obras de Deus, a comunhãodos santos, o mistério da piedade, otemor do Senhor, e a excelência doestado de um cristão e uma condutaadequada a isso, ministraabundantemente.

Nosso maior conforto é que nossobendito Salvador, ao ordenar queSatanás se afastasse dele, depois deceder um pouco à sua insolência (Mat4:10), ele ordenará que ele se afaste denós, quando for bom para nós. Ele deveter ido embora com uma palavra. ECristo pode e irá da mesma forma, emseu próprio tempo, repreender asagitações rebeldes e extravagantes denossos corações e trazer todos ospensamentos do homem interior emsujeição a Si mesmo.

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4. Alguns pensam que, quando ficammais perturbados com a fumaça dacorrupção do que antes, então eles estãopiores do que antes. É verdade que ascorrupções aparecem agora mais doque antes, mas são menos.

Pois, primeiro, quanto mais o pecado évisto, mais ele é odiado e, portanto, émenor. Partículas de poeira estão emuma sala antes do sol brilhar, masaparecem então quando ele brilha.

Em segundo lugar, quanto maispróximos os contrários estão uns dosoutros, mais agudo é o conflito entreeles. Agora, de todos os inimigos, oespírito e a carne estão mais próximosum do outro, estando tanto na alma deum homem regenerado, nas faculdadesda alma, e em cada ação que brotadessas faculdades e, portanto, não é deadmirar que a alma, sendo a sede destabatalha, está assim dividida em simesma, e é como um pavio fumegante.

Em terceiro lugar, quanto mais graça,mais vida espiritual, e quanto mais vidaespiritual, mais antipatia pelo contrário.Portanto, ninguém está tão ciente dacorrupção quanto aqueles cujas almasestão mais vivas.

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Em quarto lugar, quando os homens seentregam à condescendência própria,suas corrupções não os perturbam,como não estando amarrados eimobilizados; mas quando, uma vez, agraça suprime seus excessosextravagantes e licenciosos, então acarne ferve, desdenhando serconfinada. No entanto, eles estãomelhores agora do que antes. Aquelamatéria que produz fumaça estava natocha antes de ser acesa, mas não éofensiva até que a tocha comece a arder.Que eles saibam que se a fumaça já foiofensiva para eles, é um sinal de que háluz. É melhor aproveitar o benefício daluz, embora com fumaça, do que ficartotalmente no escuro.

Nem a fumaça é tão ofensiva para nóscomo a luz é agradável para nós, vistoque produz uma evidência da verdadeda graça no coração. Portanto, emboraseja complicado no conflito, ainda assimé confortável como evidência. É melhorque a corrupção nos ofenda agora doque, cedendo a ela para ganhar umpouco de paz, para perder o confortodepois. Portanto, aqueles que estão emdesacordo com suas corrupçõesconsiderem este texto como sua porçãode conforto.

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A FRAQUEZA NÃO DEVE NOS AFETARNO DEVER

Deve-nos encorajar o dever de queCristo não apagará o pavio fumegante,mas soprará nele até arder. Algunsdetestam fazer o bem porque sentemque seus corações estão se rebelando eos deveres acabam mal. Não devemosevitar as boas ações por causa dasfraquezas que as envolvem. Cristo olhamais para o bem que pretende cultivardo que para o mal que pretende abolir.Embora comer aumente a doença, umhomem doente ainda comerá, para quea natureza possa ganhar força contra adoença. Portanto, embora o pecado seapegue ao que fazemos, vamos fazê-lo,visto que temos que lidar com umSenhor tão bom, e quanto maiscontendas encontrarmos, maisaceitação teremos. Cristo adorasaborear os bons frutos que vêm de nós,embora sempre tenham o sabor danossa velha natureza.

Um cristão reclama que não pode orar."Oh, estou preocupado com tantospensamentos perturbadores, e nuncamais do que agora!" Mas ele colocou emseu coração o desejo de orar? Então eleouvirá os desejos de seu próprio Espírito

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em você. "Não sabemos o que devemosorar como devemos" (nem como fazerqualquer outra coisa como devemos),mas o Espírito ajuda nossas fraquezascom "gemidos inexprimíveis" (Rom.8:26), que não são escondidos de Deus."Meu gemido não está escondido de ti"(Salmos 38: 9). Deus pode extrair sentidode uma oração confusa. Esses desejosclamam mais alto em seus ouvidos doque seus pecados. Às vezes, um cristãotem pensamentos tão confusos que nãoconsegue dizer nada, mas, como umacriança, grita: "Ó Pai", incapaz deexpressar o que precisa, como Moisésno Mar Vermelho.

"Oh, mas é possível", pensa o coraçãoapreensivo, "que um Deus tão santoaceite tal oração?" Sim, ele aceitará oque é Seu e perdoará o que é nosso.Jonas orou na barriga do peixe (Jn 2: 1),sendo carregado com a culpa do pecado,mas Deus o ouviu. Não deixe, portanto,as fraquezas nos desencorajarem. Tiagoretira essa objeção (Tiago 5: 17 - “Eliasera homem semelhante a nós, sujeitoaos mesmos sentimentos, e orou, cominstância, para que não chovesse sobrea terra, e, por três anos e seis meses, nãochoveu.”). Alguns podem objetar: "Se eufosse tão santo como Elias, então

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minhas orações seriam consideradas"."Mas", diz ele, "Elias era um homemsujeito às mesmas paixões que nós." Eletinha suas paixões tanto quanto nós, ouachamos que Deus o ouviu porque elenão tinha culpa? Certamente não. (Notado tradutor: Deus jamais inocenta oculpado, e então estaríamos parasempre perdidos, porque somos todosculpados por nossos pecados diantedEle. Mas se Ele não pode inocentar, noentanto pode perdoar a todo aquele quese arrepender de seus pecados, econfiar na inocência e justiça de Cristoque é atribuída a ele para justificá-lo).

Mas veja as promessas: "Invoca-me nodia da angústia; eu te livrarei" (Salmos50:15). "Peça e ser-lhe-á dado" (Mt 7: 7) eoutras como estas. Deus aceita nossasorações, embora fracas, porque somosseus próprios filhos, e elas vêm de seupróprio Espírito; porque elas estão deacordo com Sua própria vontade; eporque elas são oferecidos na mediaçãode Cristo, e ele as toma e os misturacom seu próprio incenso (Ap 8: 3).

Nunca há um suspiro santo, nuncaderramamos uma lágrima que se perca.E à medida que toda graça aumenta porexercício por si mesma, o mesmo

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acontece com a graça da oração. Pelaoração, aprendemos a orar. Assim, damesma forma, devemos tomar cuidadocom o espírito de desânimo em todos osoutros deveres sagrados, visto quetemos um Salvador tão gracioso.Oremos o que pudermos, ouçamos oque pudermos, esforcemo-nos o quantopudermos, façamos o que pudermos, deacordo com a medida da graça recebida.Deus em Cristo lançará um olhargracioso sobre o que é seu.

Paulo não faria nada porque não poderiafazer o bem que faria? Não, ele"pressionou em direção ao alvo". Nãosejamos cruéis conosco quando Cristo étão gracioso.

Há uma certa mansidão de espírito pelaqual rendemos graças a Deus porqualquer habilidade, e descansamosquietos com a medida da graçarecebida, visto que é do agrado de Deusque assim seja, quem efetua tanto onosso querer quanto a nossa ação, masnão de modo a descansar de novosesforços.

Mas quando, com esforço fiel, ficarmosaquém do que deveríamos e do que osoutros deveriam, então saiba para nosso

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conforto, Cristo não apagará o paviofumegante, e que sinceridade everdade, como dissemos antes, comempenho de crescimento, é a nossaperfeição.

O que Deus disse do filho de Jeroboão éconsolador: "Ele só virá à sepultura,porque nele se acha alguma coisa boapara com o Senhor Deus de Israel" (1Reis 14:13), embora apenas "algumacoisa boa". "Senhor, eu creio" (Marcos9:24), com uma fé fraca, mas com fé; teamo com um amor fraco, mas comamor; esforce-se de maneira débil, masempenhe-se. Um pouco de fogo é fogo,embora fumegue. Visto que meaceitaste em teu pacto quando era teuinimigo, irias me rejeitar por essasfraquezas que, por te desagradarem, sãotambém a tristeza de meu própriocoração?

(Nota do tradutor: Certamente não, masdevemos considerar que o que o autorpretende ensinar não é para quefiquemos encorajados a continuar comnossas fraquezas e prática detransgressões, pelo fato de sabermosantecipadamente que Jesus não apagaráo pavio que fumega. Ao contrário, opavio está fumegante exatamente por

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conta dessas fraquezas e transgressões,e como o alvo de Cristo é o de que hajafogo e não fumaça, então devemos nosesforçar e cooperar com o trabalho dagraça para que estas fraquezas etransgressões sejam vencidas, pois deoutro modo, o fogo não se abrirá em suaforça, expulsando a fumaça, que éproduzida por tudo aquilo que impede ocombustível do nosso amor de queimarde forma adequada em zelo e fervordemonstrados para com Deus.

A Bíblia, em todo o tempo, tanto noVelho quanto no Novo Testamento,sempre condena o pecado e nosconvoca à plena diligência para vencer opecado.

Sabemos que enquanto estivermosneste mundo, sempre haverá em nós oque é chamado de pecado residente,conforme Paulo o descreve no sétimocapítulo da epístola aos Romanos. Mas ofato de ele procurar ainda atuar novelho homem, o qual devemos vencerpor um despojar contínuo e diário,todavia, isto não significa que devemoslhe dar boa acolhida ou permissão parareinar, onde quem deveria estarreinando é a graça que recebemos nanossa conversão a Jesus.

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O apóstolo Paulo é bastante claro edireto quanto a isto, no sexto capítulo daepístola aos Romanos, o qualtranscrevemos a seguir:

Romanos 6

1 Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado,para que seja a graça mais abundante?

2 De modo nenhum! Como viveremos ainda nopecado, nós os que para ele morremos?

3 Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomosbatizados em Cristo Jesus fomos batizados na suamorte?

4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelobatismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentreos mortos pela glória do Pai, assim também andemosnós em novidade de vida.

5 Porque, se fomos unidos com ele na semelhança dasua morte, certamente, o seremos também nasemelhança da sua ressurreição,

6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nossovelho homem, para que o corpo do pecado sejadestruído, e não sirvamos o pecado como escravos;

7 porquanto quem morreu está justificado do pecado.

8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos quetambém com ele viveremos,

9 sabedores de que, havendo Cristo ressuscitadodentre os mortos, já não morre; a morte já não temdomínio sobre ele.

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10 Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempremorreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive paraDeus.

11 Assim também vós considerai-vos mortos para opecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.

12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpomortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;

13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo aopecado, como instrumentos de iniquidade; masoferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre osmortos, e os vossos membros, a Deus, comoinstrumentos de justiça.

14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; poisnão estais debaixo da lei, e sim da graça.

15 E daí? Havemos de pecar porque não estamosdebaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!

16 Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis comoservos para obediência, desse mesmo a quemobedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ouda obediência para a justiça?

17 Mas graças a Deus porque, outrora, escravos dopecado, contudo, viestes a obedecer de coração àforma de doutrina a que fostes entregues;

18 e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servosda justiça.

19 Falo como homem, por causa da fraqueza da vossacarne. Assim como oferecestes os vossos membrospara a escravidão da impureza e da maldade para amaldade, assim oferecei, agora, os vossos membrospara servirem à justiça para a santificação.

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20 Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveisisentos em relação à justiça.

21 Naquele tempo, que resultados colhestes? Somenteas coisas de que, agora, vos envergonhais; porque ofim delas é morte.

22 Agora, porém, libertados do pecado, transformadosem servos de Deus, tendes o vosso fruto para asantificação e, por fim, a vida eterna;

23 porque o salário do pecado é a morte, mas odom gratuito de Deus é a vida eterna em CristoJesus, nosso Senhor.

Veja que o sétimo capítulo de Romanos,imediatamente seguinte a este, foi escrito peloapóstolo não para afirmar o pecado residente alidescrito como sendo um impedimentopermanente à vida cristã, vitoriosa, ao contrário,foi justamente para demonstrar que a realidadeda vitória obtida por Jesus Cristo, afirmada aquino sexto capítulo, é o que deve ser visto na vida docrente, a par desta luta que terá que travardiariamente contra o pecado residente ligado ànatureza antiga, a saber, a do velho homem.

Sem Jesus estaríamos sem esperança e parasempre perdidos por causa deste pecado que nosassediará em toda a nossa vida aqui embaixo. Mas,podemos falar juntamente com Paulo:

“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Demaneira que eu, de mim mesmo, com a mente,

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sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne,da lei do pecado.

Agora, pois, já nenhuma condenação há para os queestão em Cristo Jesus.

Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, telivrou da lei do pecado e da morte.”

Há portanto esta estrada na qual todo crente devecaminhar durante toda a sua jornada terrena,porque está vocacionado para uma vida de glóriaperfeita no porvir, quando não estará mais sujeitoa qualquer tipo de pecado.

Há distinções de glória e de galardão, para os queforam achados vivendo em maior fidelidade aDeus e à Sua vontade, aqui embaixo, não somentepara nos incentivar a buscar uma maiorsantificação para tal propósito, mas também paraque tenhamos uma semelhança cada vez maiorcom Jesus, porque fomos criados e chamadospara ser seus servos, conforme a determinação deDeus de nos ter feito para sermos segundo a suaimagem e semelhança.)

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