Silenciadores

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SILENCIADORES Na realidade, o próprio termo "silenciador" está, gradualmente, caindo em desuso pelos profissionais do ramo, sendo substituído por outros mais realistas, como "supressor", "moderador" e "abafador". Ainda assim, uma arma equipada com tal dispositivo continua sendo chamada de "silenciada", embora não seja, efetivamente, "silenciosa". Para melhor compreensão do processo que envolve o ruído de um tiro, vamos recordar alguns pontos básicos. Quando uma uma submetralhadora (ou, de fato, qualquer arma de fogo) é disparada, o barulho que ouvimos vem de diversas fontes, que, numa seqüência aproximada, são as seguintes: Ruído mecânico - No caso mais comum de uma "sub" que atira a partir da posição aberta, é aquele característico som de aço batendo contra aço, quando o ferrolho corre para a frente e choca-se com a parte posterior do cano. Nas menos numerosas armas que disparam da posição fechada, é o fechamento do ferrolho e, em seguida, o impacto do martelo atingindo o percussor e o próprio ferrolho, produzindo, é claro, manos ruído, mas, ainda assim, existente. O mesmo para as pistolas semi-automáticas. Coluna de ar - Aqui, trata-se da coluna de ar que está no cano, à frente do projétil, e que, ao sair pela boca subitamente e em alta velocidade, transmite sua energia às moléculas do ar externo. Gases do propelente - São os gases resultantes da combustão da pólvora do cartucho, muito quentes, em rápida expansão e que se movimentam a velocidades altíssimas. Sua rápida saída do cano - criando, também, um enorme deslocamento das moléculas do ar externo - é que produz a maior parte do barulho de um tiro.

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Tiro policial

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SILENCIADORES

Na realidade, o próprio termo "silenciador" está, gradualmente, caindo em desuso pelos profissionais do ramo, sendo substituído por outros mais realistas, como "supressor", "moderador" e "abafador". Ainda assim, uma arma equipada com tal dispositivo continua sendo chamada de "silenciada", embora não seja, efetivamente, "silenciosa".

Para melhor compreensão do processo que envolve o ruído de um tiro, vamos recordar alguns pontos básicos. Quando uma uma submetralhadora (ou, de fato, qualquer arma de fogo) é disparada, o barulho que ouvimos vem de diversas fontes, que, numa seqüência aproximada, são as seguintes:

 

Ruído mecânico - No caso mais comum de uma "sub" que atira a partir da posição aberta, é aquele característico som de aço batendo contra aço, quando o ferrolho corre para a frente e choca-se com a parte posterior do cano. Nas menos numerosas armas que disparam da posição fechada, é o fechamento do ferrolho e, em seguida, o impacto do martelo atingindo o percussor e o próprio ferrolho, produzindo, é claro, manos ruído, mas, ainda assim, existente. O mesmo para as pistolas semi-automáticas.

Coluna de ar - Aqui, trata-se da coluna de ar que está no cano, à frente do projétil, e que, ao sair pela boca subitamente e em alta velocidade, transmite sua energia às moléculas do ar externo.

Gases do propelente - São os gases resultantes da combustão da pólvora do cartucho, muito quentes, em rápida expansão e que se movimentam a velocidades altíssimas. Sua rápida saída do cano - criando, também, um enorme deslocamento das moléculas do ar externo - é que produz a maior parte do barulho de um tiro.

Ruído do projétil - Quando um projétil sai do cano a velocidades supersônicas (acima de 340 metros por segundo, aproximadamente), uma onda de choque é gerada por seu deslocamento no ar, produzindo um "estalo" seco e forte. Numa escala bem reduzida, corresponde ao grande estrondo produzido por um avião ao romper a barreira do som.

Reflexões do som - Os menos considerados e lembrados são os ruídos refletidos no solo ou em objetos próximos à arma, ao longo da trajetória do projétil.

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Ruído do impacto - É aquilo que o próprio nome indica, ou seja, o barulho do projétil atingindo seu alvo pretendido ou um obstáculo eventual.

Com excessão dos últimos dois ítens, o projeto de se tornar uma submetralhadora sonoramente mais "discreta" envolve todas as demais fontes sonoras. Para o ruído mecânico, por exemplo, algumas armas que atiram da posição aberta recorrem ao uso de um ferrolho de bronze, mais leve e gerador de menos ruído metálico ao bater no cano de aço. Outras utilizam um material amortecedor qualquer (couro, borracha ou sintéticos) para diminuir o impacto do ferrolho; outras, simplesmente, deixam isso de lado...

As demais fontes de ruído são controladas pelo silenciador, em si, aquele tubo que fica à frente do cano da arma e que aumenta

consideravelmente (às vezes, quase dobrando) seu comprimento total.

Algumas "subs" recebem o silenciador sobre o cano original, enquanto outras o trocam por um conjunto adaptável

de cano/silenciador. Outras, ainda, são silenciadas de fábrica, com a unidade

integral à própria arma.

 

Exemplos de "subs" silenciáveis, fabricadas no Peru: a MGP-87 troca o cano original por um novo conjunto de cano/supressor, enquanto que a MGP-84 recebe o supressor sobre o cano original.

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Já a alemã Heckler & Koch MP5 SD1 é silenciada de fábrica, de forma integral.

A maneira pela qual cada supressor de ruído atinge seu objetivo varia de fabricante para fabricante, mas, geralmente, inclui uma combinação de ingredientes consagrados. Quando é do tipo integral à arma ou possui cano próprio, este costuma ter seu comprimento reduzido e, com grande freqüência, possuir uma série de pequenos orifícios longitudinais. Assim, ao se dar a detonação, os gases que impulsionam o projétil para a frente também vão escapando para fora do cano, sendo momentaneamente aprisionados numa câmara de expansão, diminuindo a sua pressão. O resultado é que o projétil vai perder parte de sua velocidade, tornando-se subsônico (fim do "estalo"!)

O problema dos gases do propelente também começa a ser controlado na tal câmara de expansão, na qual eles são desacelerados e resfriados, freqüentemente, por meio de malha metálica, rebites soltos, arruelas ou outros materiais. Após a boca do cano, geralmente são enfileiradas arruelas adicionais até a boca do silenciador, propriamente dito, auxiliando em adicionais difusão e desaceleração dos gases antes deles entrarem em contato com o ar externo.

É relativamente comum o fato da mera adaptação de um silenciador à boca do cano normal de uma submetralhadora acabar dando em problemas de funcionamento, sobretudo em regime de tiro intermitente. É  que a diminuição da pressão dos gases, também para trás, pode resultar em que não haja energia suficiente para empurrar o ferrolho de volta o bastante para ser pego pela armadilha do gatilho: ele volta antes, passa pelos lábios do carregador, alimenta um cartucho à câmara e o dispara, podendo, até, ocorrer a não muito comum (mas, nem por isso,impossível) situação da arma "enlouquecer", atirando continuamente até esvaziar-se o carregador!!!

Uma medida para contornar o problema é dotar a "sub" silenciada de uma mola recuperadora mais fraca e/ou um ferrolho mais leve. Outra é o uso de munição especial subsônica, em que um projétil mais pesado (de 150 a 180 "grains", contra os usuais de 115 "grains") vai gerar maior resitência aos gases, antes de sair do cano. E, com uma velocidade inicial abaixo dos tais 340 m/s, também terá a vantagem de eliminar o "estalo" sônico durante o vôo.

É muito importante ressaltar que a diminuição da velocidade do projétil fatalmente resulta em alterações no seu desempenho balístico. Obviamente, tanto a precisão do tiro vai sofrer, em alcances médios e longos, como a penetração (e, conseqüentimente, a letalidade) também será degradada. De qualquer maneira, a simples diminuição do ruído

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inicial do tiro já traz grandes vantagens táticas. Por exemplo, numa operação de entrada dinâmica ou furtiva num ambiente fechado, os combatentes não terão sua capacidade de comando e controle (comunicação entre si) deteriorada pelo grande barulho dos tiros dados. Além disso, fica difícil para o inimigo determinar, com precisão, de onde foi feito um disparo.