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Simbolismo: a linguagem da mSimbolismo: a linguagem da múúsicasica

Insatisfeitos com a onda de cientificismo e materialismo a que esteve submetida a sociedade industrial européia na segunda metade do século XIX, os simbolistas representam a reação da intuição contra a lógica, do subjetivismo contra a objetividade científica, do misticismo contra o materialismo, da sugestão sensorial contra a explicação racional.

Os simbolistas não acreditam na possibilidade de a arte e a literatura poderem fazer um retrato total da realidade. Duvidaram também das explicações “positivas” da ciência, que julgava poder explicar todos os fenômenos que envolvem o homem e conduzi-lo a um caminho de progresso e fartura material.

Assim, os simbolistas representam um grupo social que ficou à margem do cientificismo da segunda metade do século XIX e que procurou resgatar certos valores do Romantismo varridos pelo Realismo. Essa reação antimaterialista situa-se num contexto mais amplo vivido pela Europa no último quarto do século XIX, o da forte crise espiritual a que se tem chamado de decadentismo do final do século.

As principais expressões do Simbolismo na Europa são os franceses Verlaine, Rimbaud e Mallarmé.

CaracterCaracteríísticas da poesia simbolistasticas da poesia simbolistaENegação do positivismo, do cientificismo, do materialismo e das estéticas neles fundamentados, o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo.

ECriação poética como fruto do inconsciente, da intuição, da sugestão, do “eu-profundo”, da associação de idéias e imagens. Complexidade na relação eu/mundo.

EEspiritualidade, misticismo, subjetivismo intenso, ocultismo, Ânsia de superação, de fuga do terreno, comunhão com os Astros, o Espírito, o Alto, a Alma, o Infinito, a Essência, O Desconhecido.

ETom vago, impreciso, nebuloso. Poesia hermética, ilógica, indireta, obscura, rompendo com a lógica discursiva. A poesia como mistério.

ESinestesias

EMusicalidade – através das aliterações, assonâncias, paralelismo, refrão, onomatopéia.

ELinguagem fundamentada em uma “gramática psicológica”: neologismos, arcaísmos, combinações vocabulares inesperadas. A metáfora como célula germinal da poesia. Palavras escolhidas pela sonoridade, pelo ritmo, pelo colorido, fazendo-se arranjos artificiais.

EEmprego de maiúsculas alegorizantes.

EPontos de contato com o Parnasianismo –preocupação formal, culto da rima, distanciamento da vida, descompromisso com as questões mundanas.

EInteresse pelas zonas profundas da mente (inconsciente e subconsciente) e pela loucura.

EAtração pela morte e elementos decadentes da condição humana.

EPoesia metafísica.

Simbolismo ParnasianismoSubjetivismo Objetivismo

Linguagem vaga, fluida, que busca sugerir em vez de nomear

Linguagem precisa, objetiva, culta

Abundância de metáforas Busca do equilíbrio formal

Cultivo de soneto e de outras formas de composição poética

Preferência pelo soneto

Antimaterialismo, anti-racionalismo

Materialismo, racionalismo

Misticismo, religiosidade Paganismo greco-latino

Pessimismo, dor de existir Contenção dos sentimentos

Interesse pelas zonas profundas da mente humana e pela loucura

Racionalismo

Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte

Interesse por temas universais: a natureza, o amor, objetos de arte, a poesia

Retomada de elementos da tradição romântica

Retomada de elementos da tradição clássica

As primeiras manifestações simbolistas jáeram sentidas desde o final da década de 80 do século XIX. Apesar disso, tem-se apontado como marco introdutório do movimento simbolista brasileiro a publicação, em 1893, das obras Missal(prosa) e Broquéis (poesia), de nosso maior autor simbolista:Cruz e Sousa.

Além de Cruz e Sousa, destacam-se, entre outros, Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry (recentemente redescoberto pela crítica).

IsmáliaQuando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

(Alphonsus de Guimaraens)