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CAMILA DE SOUZA QUEIROZ PINHEIRO DE BELÉM SIMULAÇÃO DA INTENSIDADE DE INFESTAÇÃO DE Diatraea saccharalis E IMPACTOS NA QUALIDADE TECNOLÓGICA E ECONÔMICA DA CANA-DE-AÇÚCAR Goiânia, GO Brasil 2017 Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Agronomia, da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial à obtenção do título de Doutora em Agronomia, área de concentração: Fitossanidade. Orientador: Prof. Dr. Paulo Marçal Fernandes

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CAMILA DE SOUZA QUEIROZ PINHEIRO DE BELÉM

SIMULAÇÃO DA INTENSIDADE DE INFESTAÇÃO DE Diatraea

saccharalis E IMPACTOS NA QUALIDADE TECNOLÓGICA E ECONÔMICA

DA CANA-DE-AÇÚCAR

Goiânia, GO – Brasil

2017

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Agronomia, da

Universidade Federal de Goiás, como

requisito parcial à obtenção do título

de Doutora em Agronomia, área de

concentração: Fitossanidade.

Orientador:

Prof. Dr. Paulo Marçal Fernandes

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TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E

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de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses

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1. Identificação do material bibliográfico: [ ] Dissertação [X] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Nome completo do autor: Camila de Souza Queiroz Pinheiro de Belém

Título do trabalho: Simulação da intensidade de infestação de Diatraea saccharalis e

impactos na qualidade tecnológica e econômica da cana-de-açúcar.

3. Informações de acesso ao documento:

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Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se

imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF da tese ou dissertação.

________________________________________ Data: 03 /05 /2017

Assinatura do (a) autor (a) ²

1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste

prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo. ²A assinatura deve ser escaneada.

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DEDICO

Aos meus pais Antonio e Selma, pelo amor, apoio, paciência e dedicação;

À minha irmã Larissa, pela amizade;

Ao meu amado Plínio, pelo amor, carinho e apoio.

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AGRADECIMENTOS

Ao professor Dr. Paulo Marçal Fernandes pelo amadurecimento e

aprendizagem durante toda minha vida acadêmica; pela orientação atenciosa, pelo exemplo

de profissional competente e correto, que acredita na pesquisa e no ensino como formas de

melhorar o mundo.

À usina Jalles Machado S/A, pelo apoio. Em especial:

Aos gestores Edgar Alves da Silva, Karoline Rodrigues, Ighor Cruvinel e

Maiara Santos pelo apoio e por acreditarem neste trabalho de pesquisa.

À equipe de pesquisa liderada pelo Vicente, pelo auxílio em campo e

convivência agradável.

Ao líder do laboratório industrial Leandro Araújo e toda sua equipe, pelo

auxílio nas análises.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ........................................................................................... 7

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ 8

RESUMO ................................................................................................................ 10

ABSTRACT ........................................................................................................... 11

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 14 2.1 A CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR E SEUS PRINCIPAIS PRODUTOS ... 14

2.2 QUALIDADE TECNOLÓGICA DA MATÉRIA-PRIMA, AÇÚCAR E ETANOL 16

2.3 A BROCA DA CANA-DE-AÇÚCAR D. saccharalis ........................................... 17

2.4 O COMPLEXO BROCA-PODRIDÃO .................................................................. 18

2.5 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS ................................................................. 19

3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. 21 3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIEDADES ......................................................... 21

3.2 DESENVOLVIMENTO DOS EXPERIMENTOS ................................................. 22

3.3 AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA DA MATÉRIA-PRIMA .................................... 25

3.3.1 Brix no caldo .......................................................................................................... 26

3.3.2 Pol no caldo ............................................................................................................ 26

3.3.3 Fibra na cana ......................................................................................................... 26

3.3.4 Pureza no caldo ...................................................................................................... 26

3.3.5 Pol na cana ............................................................................................................. 27

3.3.6 Açúcares Redutores ............................................................................................... 27

3.3.7 Açúcares Totais Recuperáveis .............................................................................. 27

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................... 28

3.5 DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE DANO ECONÔMICO ................................. 28

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 30 4.1 BRIX NO CALDO .................................................................................................. 31

4.2 POL NO CALDO .................................................................................................... 33

4.3 PUREZA .................................................................................................................. 34

4.4 FIBRA ..................................................................................................................... 36

4.5 POL NA CANA ...................................................................................................... 38

4.6 AÇÚCAR TOTAL RECUPERÁVEL (ATR) ......................................................... 39

4.7 AÇÚCARES REDUTORES NO CALDO (AR) .................................................... 41

4.8 AÇÚCARES REDUTORES NA CANA (ARC) .................................................... 42

4.9 NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE D. saccharalis .......................................... 44

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 47

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 48

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estimativa de custo de produção/liberação de Cotesia flavipes em

cana-de-açúcar no estado de Goiás, safra 2016/2017 (Faeg,

2016)............................................................................................... 29

Tabela 2. Custo de aplicação aérea de Altacor (Clorantraniliprole 35%) em

cana-de-açúcar no estado de Goiás, safra 2016/2017 (Faeg,

2016)............................................................................................... 29

Tabela 3. Resumo da análise de variância referente ao efeito dos fatores

genótipos e intensidade de infestação nas características

tecnológicas de colmos de cana-de-açúcar em duas épocas de

corte................................................................................................... 30

Tabela 4. Teor de fibra (%) de variedades de cana-de-açúcar com diferentes

níveis de intensidade de infestação de Diatraea saccharalis.

Goianésia – GO, 2014. 36

Tabela 5. Teor de fibra (%) de variedades de cana-de-açúcar com diferentes

níveis de intensidade de infestação de Diatraea saccharalis.

Goianésia – GO, 2015....................................................................... 37

Tabela 6 Média do teor de fibra (%) de variedades de cana-de-açúcar com

0, 20, 40, 60, 80 e 100% de intensidade de infestação de Diatraea

saccharalis. Goianésia –GO.............................................................. 37

Tabela 7 Nível de dano econômico de Diatraea saccharalis com o uso de

Clorantraniliprole 35% e de Cotesia flavipes em variedades de

cana-de-açúcar. Goianésia – GO....................................................... 45

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Parcelas constituídas por 50 entrenós de cana-de-açúcar da

variedade IAC 91 1099 com intensidade de infestação de D.

saccharalis (II) correspondente a cada tratamento. A – II= 0%. B –

II=20%. C – II=40%. D – II=60%. E – II=80%. F – II=100%.

Goianésia – GO, 2015....................................................................... 23

Figura 2. Parcelas constituídas por 50 entrenós de cana-de-açúcar da

variedade RB 86 7515 com intensidade de infestação de D.

saccharalis (II) correspondente a cada tratamento. A – II= 0%. B –

II=20%. C – II=40%. D – II=60%. E – II=80%. F – II=100%.

Goianésia – GO, 2015....................................................................... 24

Figura 3. Parcelas constituídas por 50 entrenós de cana-de-açúcar da

variedade CTC 4 com intensidade de infestação de D. saccharalis

(II) correspondente a cada tratamento. A – II= 0%. B – II=20%. C

– II=40%. D – II=60%. E – II=80%. F – II=100%. Goianésia –

GO, 2015........................................................................................... 25

Figura 4. Relação entre Brix do caldo (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO,

2014................................................................................................... 31

Figura 5. Relação entre Brix do caldo (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO,

2015................................................................................................... 32

Figura 6. Precipitação pluvial acumulada por mês durante a safra de 2014 e

2015. Estação Meteorológica Automática do INMET localizada na

Usina Jalles Machado, Goianésia - GO, 2014................................... 33

Figura 7. Relação entre Pol do caldo (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO,

2015................................................................................................... 34

Figura 8. Relação entre Pureza do caldo (%) e intensidade de infestação de

D. saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia –

GO, 2014........................................................................................... 35

Figura 9. Relação entre Pureza do caldo (%) e intensidade de infestação de

D. saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia –

GO, 2015........................................................................................... 36

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Figura 10. Relação entre Pol da cana (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO,

2014................................................................................................... 38

Figura 11. Relação entre Pol da cana (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO,

2015................................................................................................... 39

Figura 12. Relação entre ATR (kg.ton-1

) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO,

2014................................................................................................... 40

Figura 13. Relação entre ATR (kg.ton-1

) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%)de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO,

2015................................................................................................... 40

Figura 14. Relação entre açúcares redutores do caldo (%) e intensidade de

infestação de D. saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar.

Goianésia – GO, 2014....................................................................... 42

Figura 15. Relação entre açúcares redutores do caldo (%) e intensidade de

infestação de D. saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar.

Goianésia – GO, 2015....................................................................... 42

Figura 16. Relação entre açúcares redutores da cana (%) e intensidade de

infestação de D. saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar.

Goianésia – GO, 2014....................................................................... 43

Figura 17. Relação entre açúcares redutores da cana (%) e intensidade de

infestação de D. saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar.

Goianésia – GO, 2015....................................................................... 44

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RESUMO

BELÉM, C. S. Q. P. Simulação da intensidade de infestação de Diatraea saccharalis e

impactos na qualidade tecnológica e econômica da cana-de-açúcar. 2017. 49 f. Tese

(Doutorado em Agronomia: Fitossanidade) – Escola de Agronomia, Universidade Federal

de Goiás, Goiânia, 20172.

A broca da cana, Diatraea saccharalis (F.) (Lepidoptera: Crambidae), é uma

importante praga da cana-de-açúcar (Saccharum spp.). As lagartas abrem galerias no

interior do colmo ao se alimentarem permitindo a entrada de microrganismos e fungos que

podem alterar a qualidade tecnológica da matéria-prima que chega à indústria. Neste

contexto, objetivou-se estimar a influência da intensidade de infestação de D. saccharalis

na qualidade tecnológica e econômica de diferentes variedades de cana-de-açúcar. Foram

realizados dois experimentos. Um com plantas coletadas em setembro de 2014 e outro com

plantas coletadas em julho de 2015. Em ambos utilizou-se o Delineamento Inteiramente

Casualizado (DIC) com cinco repetições. Os tratamentos foram resultado da combinação

fatorial entre três variedades de cana (IAC91-1099, RB86 7515 e CTC 4) e seis níveis de

intensidade de infestação de D. saccharalis (0%, 20%, 40%, 60%, 80% e 100%). Cada

parcela correspondeu a entrenós de cana com percentual de entrenós com broca e podridão

correspondendo às intensidades de infestação. Foram avaliados os teores de Brix no caldo,

Pol no caldo, fibra da cana, Pol na cana, Pureza do caldo, açúcares redutores do caldo,

açúcares redutores na cana e açúcar total recuperável. A influência da intensidade de

infestação de D. saccharalis na cana-de-açúcar varia entre as variedades e colheita

realizada no meio e no final da safra. A presença de podridão vermelha na cana-de-açúcar

não implica necessariamente em perda de qualidade tecnológica. O nível de controle não

deve ser generalizado e deve ser estabelecido levando em consideração variedades e

colheita realizada no meio e no final de safra.

Palavras-chave: Saccharum spp., Broca da cana-de-açúcar, Nível de Dano Econômico,

Manejo Integrado de Pragas.

2 Orientador: Prof. Dr. Paulo Marçal Fernandes. EA - UFG

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ABSTRACT

BELÉM, C. S. Q. P. Simulation of the infestation intensity of Diatraea saccharalis and

impacts on the technological and economic quality of sugarcane. 2017. 49 f. Thesis

(Doctorship: Plant health) – Escola de Agronomia, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia, 20173.

The sugarcane borer, Diatraea saccharalis (F.) (Lepidoptera: Crambidae), is an

important pest of sugarcane (Saccharum spp.). Galleries are produced within the stalks as a

result of the larval feeding. The holes allow the entry of microorganisms and fungi that can

modify the technological quality of the raw material that goes to the industry. In this

context, the objective was to estimate the influence of infestation intensity of D.

saccharalis on the sugarcane technological quality and economic in different varieties.

Two experiments were carried out. One with plants collected in September 2014 and

another with plants collected in July 2015. In both of them was used completely

randomized design with five repetitions. Treatments resulted of a factorial combination

between three sugarcane varieties (IAC91-1099, RB86 7515 e CTC 4) and six infestation

intensities of D. saccharalis (0%, 20%, 40%, 60%, 80% e 100%). Each plot corresponded

to cane internodes with percent internodes with borer and rot corresponding to infestation

intensities. The contents of Brix in the juice, Pol in the juice, fiber of the cane, Pol in cane,

Purity of the juice, juice reducing sugars, stalk reducing sugar and total recoverable sugar

were evaluated. The influence of the infestation intensity of D. saccharalis on sugarcane

varies between the varieties and between the harvesting seasons. The presence of red rot in

sugarcane does not necessarily imply loss of technological quality. The level of control

should not be generalized and should be established taking into account varieties and

harvesting carried out in the middle and at the end of the harvest.

Key words: Saccharum spp., Sugarcane borer, Economic Injury level, Integrated Pest

Management;

3 Adviser: Prof. Dr. Paulo Marçal Fernandes. EA – UFG.

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1 INTRODUÇÃO

Em áreas agrícolas produtoras de cana-de-açúcar a broca da cana, Diatraea

saccharalis (Fabr., 1794), é considerada a principal praga. A D. saccharalis está

amplamente distribuída em todos os estados brasileiros onde se cultiva cana-de-açúcar

(Cheavegatti-Gianotto et al., 2011). Ela é nativa do hemisfério ocidental, ocorrendo desde

o Caribe até a região mais quente da América do Sul (Capinera, 2001; Gallo et al., 2002).

Os danos podem ocorrer em todos os estágios de desenvolvimento da planta.

As larvas ao eclodirem dos ovos raspam as folhas e posteriormente penetram os colmos

formando galerias ao se alimentarem. Contudo, o principal dano está relacionado à

contaminação por fungos do gênero Colletotrichum e Fusarium devido às aberturas

provocadas pela broca. Estes fungos causam a doença denominada podridão vermelha, que

provoca a inversão da sacarose armazenada na planta e sua transformação em glicose e

frutose, além de concorrerem com as leveduras no processo de fermentação alcoólica na

produção de álcool (Gallo et al., 2002; Fernandes, 2011).

Desde a década de 70, o índice mais utilizado para expressar o dano de D.

saccharalis é a intensidade de infestação, representado pela porcentagem de entrenós com

aberturas provocadas pela broca com presença de podridão vermelha (Metcalfe, 1969).

Assim, na tentativa de reduzir a população da broca nos canaviais, tem sido

preconizada a aplicação de inseticidas químicos quando o nível de intensidade infestação

de D. saccharalis é de 3% (Dinardo-Miranda, 2008). No entanto, não são consideradas as

variações no nível de dano econômico que podem ocorrer em função das diferentes

variedades, colheita no meio e no final da safra e ambientes de produção (Stupiello, 1982).

Em trabalho que avaliou a influência da intensidade de infestação de D.

saccharalis na qualidade tecnológica da cana-de-açúcar, Precetti et al. (1988) observaram

significativas diferenças entre variedades, com a redução de 0,24% da Pol na cana a cada

1% de entrenós brocados na variedade SP71-1143 e de 0,10% de redução da Pol na cana a

cada 1% de entrenós brocados na cultivar SP70-1084.

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Portanto, estratégias que permitam aos produtores avaliar os efeitos da D.

saccharalis na qualidade da matéria-prima que chega à indústria pode tornar o manejo da

praga mais eficaz, com redução de custos e impactos ambientais ocasionados pela

aplicação sistemática de inseticidas.

Neste contexto, objetivou-se estimar a influência da intensidade de infestação

de D. saccharalis na qualidade tecnológica e econômica de diferentes variedades de cana-

de-açúcar.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR E SEUS PRINCIPAIS PRODUTOS

A produção de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) sempre foi muito

importante para a economia do Brasil. O país é o maior produtor da cultura, seguido da

Índia e China. Também se destaca como maior produtor de açúcar e etanol de cana-de-

açúcar. Além disso, conquista cada vez mais o mercado externo com o uso do

biocombustível como alternativa energética. O cultivo de cana-de-açúcar no Brasil

atualmente ocupa uma área de 8,99 milhões de hectares. São Paulo, maior produtor, possui

52% da área destinada ao cultivo dessa cultura, seguido por Goiás com 10,1% e Minas

Gerais com 9%. (Conab, 2015; MAPA, 2016).

Segundo Taupier, et al., (1999), a cana-de-açúcar é a cultura de maior

rendimento em matéria verde e a que oferece o maior número de megacalorias

metabolizáveis. Como matéria-prima renovável, pode gerar cinco vezes mais energia do

que a necessária para obtê-la e seu processamento industrial pode originar mais de cem

produtos comerciais.

A produtividade de cana-de-açúcar é um índice muito importante para a

indústria sulcroalcooleira. Contudo, este índice varia de acordo com o genótipo (Dinado-

Miranda, 2008; Watt et al., 2014). A cultura desenvolve-se bem onde o clima é

caracterizado por uma estação chuvosa de intensa radiação solar, seguida de período seco

com menor intensidade luminosa. A estação chuvosa promove a germinação,

perfilhamento e crescimento vegetativo. A estação seca promove a maturação natural.

Fatores como clima, disponibilidade de água e nutrientes influenciam no desenvolvimento

da planta e, como consequência, a produção de sacarose pela cana-de-açúcar (Casagrande,

1991).

A cultura pode ser cultivada em três sistemas diferentes - sistema de ano,

sistema de ano-e-meio, e plantio de inverno. No sistema de ano, a cultura é estabelecida no

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período de setembro a outubro e a colheita, realizada um ano depois. Neste sistema são

utilizadas variedades precoces e exige solos com alta fertilidade. No sistema de ano-e-meio

(cana de 18 meses), a cana-de-açúcar é plantada entre os meses de janeiro e março e

amadurece dos 16 aos 18 meses. No sistema cana de inverno, o plantio da cana é realizado

no período de final do mês de maio a setembro. Este sistema comumente é utilizado

quando há disponibilidade de irrigação (Vitti & Mazza 2002; Magro et al., 2011).

Após a colheita e o transporte da matéria-prima até a indústria, é coletada uma

amostra de cana para extração do caldo e a análise de parâmetros qualitativos e

quantitativos (Consecana, 2006). Depois da análise dos parâmetros, é realizada a escolha

do produto final a ser produzido. O conteúdo de açúcar da cana é muito importante. Após a

determinação dos parâmetros tecnológicos, especialmente o Brix (teor de sólidos solúveis),

Pol (teor de sacarose), Pureza do caldo, fibra e ATR (açúcar total recuperável) é possível

estabelecer critérios para comercialização da cana (Correia, et al. 2014).

Na indústria, a cana é descarregada nas mesas alimentadoras e é lavada ou é

realizada limpeza a seco. Em seguida, a extração do caldo é feita usualmente pelo

esmagamento da cana por rolos das moendas que exercem uma forte pressão sobre a cana.

Para a produção de açúcar, a etapa seguinte é o peneiramento do caldo para separação do

bagacilho e impurezas mais grossas. Posteriormente é realizado o processo de clarificação.

Neste processo o caldo é sulfitado com SO2 para formação de precipitados e arraste das

impurezas durante a sedimentação e na desinfecção do caldo. Em seguida, o caldo é

caleado com leite de cal. Este mesmo caldo é padronizado quanto ao teor de sólidos

solúveis e pH. Polímeros são adicionados para promover a decantação de substâncias

(clorofila, antocianina, sacaretina e polifénois) que são responsáveis pela coloração escura

no caldo (Araújo, 2007; Machado, 2012).

A seguir, o caldo clarificado é filtrado e submetido ao processo de evaporação

da água, o que possibilita a concentração do teor de sólidos solúveis, tornando-se um

xarope grosso e amarelado. Na sequência, o xarope passa por processo de cozimento em

cristalizadores. A etapa final consiste na centrifugação da massa cozida, separação da

sacarose das impurezas associadas nas soluções sacarinas.

Para a produção de etanol, os níveis de sólidos solúveis e pH do caldo original

são ajustados na faixa de 4,0 a 5,0, para a multiplicação e para o processo fermentativo

(Yokoya, 1995; Ravaneli, 2010).

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A partir destas adequações, o caldo original, denominado mosto, passa por

processo fermentativo por meio da utilização da levedura Saccharomyces cerevisiae,

responsável pela transformação dos açúcares presentes no caldo em etanol, gás carbônico,

glicerol e componentes secundários (Yokoya, 1995). No final do processo fermentativo,

tem-se o vinho, o qual é centrifugado para separação em leite de levedura e vinho

delevurado. O vinho delevurado é submetido a processo de destilação. Em decorrência da

diferença de ponto de ebulição, ocorre a separação do etanol.

2.2 QUALIDADE TECNOLÓGICA DA MATÉRIA-PRIMA, AÇÚCAR E ETANOL

A qualidade da cana-de-açúcar atualmente é definida por características físico-

químicas e microbiológicas. Vários fatores podem influenciar a qualidade do produto final,

como a composição da cana (teor de sacarose, açúcares redutores, compostos fenólicos,

amido, ácido aconítico e minerais), variações do clima, manejo de solo e tratos culturais.

Assim como fatores extrínsecos como quantidade de terra na cana, plantas invasoras ou

contaminação por bactérias, leveduras e fungos (Ripoli & Ripoli, 2004).

Dentre os fatores que interferem na qualidade da matéria-prima, a sanidade da

planta de cana é um dos mais importantes. Colmos sem podridões ou sinais de deterioração

podem apresentar maiores teores de açúcares (Nunes Júnior, 2004; Stupiello, 2005).

Os principais parâmetros utilizados na avaliação da qualidade da cana-de-

açúcar são POL (sacarose aparente), Pureza, que consiste no teor de sacarose nos sólidos

solúveis, ATR (açúcares totais recuperáveis) na cana, porcentagem de fibra e tempo entre o

corte da cana e sua moagem na indústria (Fernandes, 2011).

A cana-de-açúcar contém, principalmente, sacarose, glicose e frutose como

açúcares. Desses, o maior teor é de sacarose. Nesse sentido, Pol representa a porcentagem

aparente de sacarose contida numa solução de açúcares, sendo determinado por métodos

sacarimétricos (polarímetros ou sacarímetros).

O Brix é o parâmetro mais utilizado na indústria de açúcar e álcool. Este

parâmetro estabelece a porcentagem (peso/peso) dos sólidos solúveis contidos em uma

solução pura de sacarose. No entanto, por consenso, considera-se o Brix como a

porcentagem aparente de sólidos solúveis contidos em uma solução açucarada impura,

como o caldo de cana-de-açúcar (Fernandes, 2011).

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Outro parâmetro de avaliação da qualidade da matéria-prima é o teor de

açúcares redutores (AR), principalmente glicose e frutose. São assim denominados porque

reduzem o cobre do estado cúprico a cuproso. Desta forma, a determinação do teor de

açúcares redutores é realizada por titulação contra uma solução de sulfato de cobre (cobre

na sua forma cúprica) e tartarato duplo de sódio e potássio em meio alcalino, que ao ser

titulado com caldo de cana o cobre passa para sua forma cuprosa, mudando de cor.

Do ponto de vista industrial, os açúcares redutores aumentam a cor do açúcar e

depreciam o produto comercial. Assim, os açúcares totais recuperáveis (ATR) representam

a quantidade de açúcares redutores totais recuperados na cana até o xarope. O ATR é um

dos parâmetros estimados no sistema de pagamento de cana implantado no Estado de São

Paulo a partir da safra 1998/1999 (Fernandes, 2011).

2.3 A BROCA DA CANA-DE-AÇÚCAR D. saccharalis

As brocas da cana-de-açúcar do gênero Diatraea, podem ser encontradas

atacando os canaviais da Argentina, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Guiana,

Suriname, Costa Rica, Cuba, Equador, México, entre outros países (Guagliumi, 1973). No

Brasil, as espécies mais comuns são a D. saccharalis e a Diatraea flavipennella, sendo a

primeira de distribuição generalizada em todo o país, enquanto a segunda, por enquanto,

restringe-se apenas aos canaviais dos Estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas

Gerais, e no Norte e Nordeste do país (Mendonça et al., 1996; Pinto, 2006).

A broca da cana, D. saccharalis, é uma importante praga no continente

americano. Está amplamente distribuída em todas as regiões canavieiras do Brasil e é a

espécie de maior importância (Mendonça, 1996; White et al., 2001; Dinardo-Miranda

2010).

A temperatura pode influenciar na flutuação populacional interferindo no

número de gerações e duração do ciclo. No Brasil, de forma geral, a broca da cana-de-

açúcar tem de três a quatro gerações anuais, de acordo com a região e condições climáticas

(Aragon, 1996). O número de gerações é distribuído da seguinte forma: em

outubro/novembro, após a emergência dos adultos, estes procuram canas recém-nascidas,

realiza a postura e dá origem a primeira geração. Entre dezembro/fevereiro ocorre a

segunda geração; a terceira efetua-se entre fevereiro a abril. Em maio/junho ocorre a quarta

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geração, que se prolonga por cinco a seis meses (Gallo et al., 2002). O ciclo biológico

completo leva de 47 a 60 dias (Capinera 2001; Gallo et al., 2002; Costa et al. 2010).

A cana-de-açúcar sofre ataque da broca em todos os estágios de

desenvolvimento. Fêmeas adultas de D. saccharalis, após o acasalamento, fazem postura

nas folhas da cana-de-açúcar. As lagartas recém-nascidas alimentam-se do parênquima das

folhas, seguem para a bainha, e após a primeira ecdise, perfuram e penetram o colmo

formando galerias ao se alimentar. Em canas mais jovens a broca provoca o secamento dos

ponteiros, denominado “coração morto”. Também pode provocar enraizamento aéreo e

brotações laterais. Além do orifício de entrada no colmo, a lagarta abre outro orifício para

expelir as fezes. Estes orifícios facilitam a entrada de fungos causadores da podridão

vermelha (Colletotrichum falcatum) e podridão por fusarium (Fusarium moniliforme)

formando o complexo broca-podridão (Abbott & Hughes, 1961; Ogunwolu et al., 1991;

Gallo et al., 2002).

Os prejuízos provocados pela broca da cana-de-açúcar variam em função de

vários fatores, principalmente em função da estação do ano, variedade e estádio fenológico

da cultura (Macedo & Botelho, 1988; Parra et al., 2002).

2.4 O COMPLEXO BROCA-PODRIDÃO

A podridão vermelha causada pelo fungo Colletotrichum falcatum é uma das

principais doenças da cana-de-açúcar. Está amplamente distribuída pelo mundo. No Brasil,

há relato de grandes perdas somente quando a doença está associada à alta intensidade de

infestação de D. saccharalis (Amorim, 2011).

A manifestação da doença ocorre de diferentes formas dependendo do estádio

vegetativo e do órgão afetado. No interior dos colmos os sintomas são manchas vermelhas

separadas por faixas transversais mais claras ou brancas. Em variedades suscetíveis,

ocorrem lesões vermelhas na nervura central das folhas, que mais tarde ficam com o centro

mais claro. Pode ocorrer necrose na região nodal (Amorim, 2011).

Outra doença importante para a cultura da cana-de-açúcar é a podridão de

fusarium, causada pelo fungo Fusarium moniliforme. Esta doença está associada a injúrias

físicas e químicas. A broca ao se alimentar da cana forma galerias e deposita fezes no

interior do colmo, propiciando condição ideal para colonização de F. moniliforme (Abbott

& Hughes, 1961; Amorim, 2011).

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É importante ressaltar que tanto C. falcatum como F. moniliforme estão

continuamente associados à cana-de-açúcar. Desta forma, qualquer estresse sofrido pela

planta provoca a manifestação da doença. A contaminação por fungos provoca a inversão

de sacarose em glicose ou frutose, açúcares não desejados no produto final (Tokeshi,

1997).

Holupi, et al. (2014), constatou que o ataque de D. saccharalis reduz a

eficiência fermentativa do melado na indústria para produção de álcool, devido a produção

de compostos fenólicos e ácidos orgânicos voláteis pela planta.

O método mais prático de controle é a utilização de variedades adaptadas ao

tipo de solo e clima típico da região, na tentativa de redução de estresse. Além do uso de

variedades tolerantes aos fungos e o controle da broca da cana.

2.5 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS

Manejo Integrado de Pragas (MIP) é um sistema de controle de insetos com

fundamentos ecológicos. As estratégias de manejo são baseadas em análises de

custo/benefício e consideram a importância para os produtores, sociedade e meio ambiente

(Gallo, 2002). A partir deste princípio, não são todas as espécies de insetos que necessitam

de controle, existem níveis de infestação e/ou injúria que são toleráveis pelas plantas, sem

comprometimento econômico da produção final. As plantas possuem mecanismos

fisiológicos que permitem a manutenção da atividade metabólica normal, mesmo sob

condições de estresse, como ataque de insetos, e evitam assim prejuízos no seu rendimento

(Higley, 2001).

Stern et al. (1959) definiram como Nível de Dano Econômico (NDE) como a

menor densidade populacional que pode causar prejuízos econômicos à cultura,

justificando o uso de medidas de controle. Assim, por meio da perda de rendimento

causado pelo ataque de um inseto-praga e do custo do seu manejo, pode-se calcular o nível

de dano econômico para cultura (Higley, 2001).

No entanto, há um nível de segurança inferior ao NDE. Este nível deve ser

utilizado como referência para tomada de decisão de modo a evitar que o NDE seja

atingido. Trata-se do Nível de Controle ou Ação (NC ou NA). Este limiar representa o

momento em que medidas de controle devem ser adotadas para evitar que a população do

inseto continue crescendo e atinja o NDE (Pedigo et al., 1986).

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Para obter o NDE de determinada praga em cana-de-açúcar, deve-se considerar

os custos de produção, como insumos, aplicações na cana, preço do álcool, do açúcar,

transporte entre outros. Da mesma forma, quanto mais suscetível a variedade, mais baixo é

o NDE. Entretanto, a mesma variedade submetida a diferentes condições ambientais pode

suportar maior ou menor população da praga sem sofrer danos econômicos, alterando o

NDE (Dinardo-Miranda, 2008). Assim, o NDE é variável, e sua definição deve ser

frequente, pois seu valor se torna obsoleto com o tempo, devido às alterações nas

condições de cultivo e custo de produção. (Ogunwolu et al., 1991).

As empresas produtoras de cana-de-açúcar usualmente realizam levantamentos

de intensidade de infestação com intuito de quantificar populações de D. saccharalis. Estes

levantamentos são realizados em cana madura, durante a safra e principalmente nas frentes

de colheita. De forma geral, o método utilizado consiste na coleta ao acaso de 20 colmos

por ha de plantas da mesma variedade, corte idade e tipo de solo (Dinardo-Miranda, 2008).

Os colmos são coletados em quatro pontos. Em cada ponto coletam-se cinco colmos. Estes

colmos são abertos ao meio, em corte longitudinal. Contam-se o número total de entrenós e

os entrenós brocados. A partir destes valores calcula-se o percentual de entrenós brocados

nas amostras.

Atualmente considera-se o grau de infestação como baixo (0 a 5%), moderado

(5 a 10%), regular (10 a 15%), elevado (15 a 25%) e muito elevado (além de 25 %). O

nível de controle é atingido quando a intensidade da infestação for igual ou superior a 3%

(Gallo et al., 2002).

Atualmente, o controle de D. saccharalis é realizado através de diversas

táticas que auxiliam na redução populacional da praga, tais como o plantio da cana-de-

açúcar em épocas desfavoráveis ao desenvolvimento do inseto, o emprego de variedades

resistentes, uso de armadilhas de feromônio (Gallo et al., 2002; Cruz et al., 2010). Dentre

as táticas de controle mais utilizadas, destaca-se o controle químico e o biológico.

Devido ao hábito da D. saccharalis é preciso critério na utilização de qualquer

inseticida químico, pois, esta passa a maior parte de sua fase larval dentro do colmo,

ficando inacessível ao contato com inseticidas, além de ser oneroso devido ao porte da

cultura (Gallo et al., 2002). Para que o inseticida seja eficaz, estes devem ser aplicados

enquanto as lagartas são jovens e antes que as mesmas penetrem no interior do colmo

(Cruz, 2007).

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3 MATERIAL E MÉTODOS

Dois experimentos foram desenvolvidos em campo situado no município de

Goianésia – GO, em áreas com cultivo de cana-de-açúcar da usina sulcroalcooleira Jalles

Machado S/A (15° 12 '47 "S; 48° 59' 7" W; altitude de 722 m). O primeiro experimento foi

realizado em setembro de 2014 e o segundo experimento em julho de 2015. Os

experimentos foram realizados em épocas de condições climáticas distintas no estado de

Goiás, com o propósito de verificar a influencia dos fatores climáticos na suscetibilidade

ou tolerância das variedades ao ataque de D. saccharalis. No ano de 2014, as plantas foram

coletadas no mês de setembro, com intenso estresse hídrico após período prolongado sem

chuva com altas temperaturas. No ano de 2015, as plantas foram coletadas no mês de julho,

pouco tempo após período chuvoso com temperaturas mais amenas.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS VARIEDADES

Foram avaliadas variedades de cana-de-açúcar comunmente plantadas no

estado de Goiás. Elas são provenientes de três programas de melhoramento genético de

cana-de-açúcar: Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético

(Ridesa); Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Centro de Tecnologia Canavieira

(CTC).

IAC91-1099 – variedade desenvolvida pelo IAC; possui boa adaptação para

colheita mecânica crua, porte muito ereto. Alta produtividade de colmos, alto teor de

sacarose, maturação média – tardia. Indicada para ambientes mais favoráveis, apresenta

cana soca com bom perfilhamento e manutenção da produtividade em cortes avançados.

(Coplana, 2007).

RB86-7515 – variedade desenvolvida pela Ridesa; possui alto teor de sacarose

e teor de fibra médio. Ciclo de maturação médio a tardio com restrição média quanto às

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exigências ambientais. Seu desenvolvimento é rápido com hábito de crescimento ereto.

Apresenta diâmetro de colmo médio, pouca rachadura e pouca cera (Ridesa, 2010).

CTC 4 – variedade desenvolvida pelo CTC; possui desenvolvimento vigoroso,

hábito final sem tombamento, colmos médios a longos de diâmetro fino a médio com

despalha fácil e bom perfilhamento. Apresenta boa brotação de soqueira (Associcana,

2016).

3.2 DESENVOLVIMENTO DOS EXPERIMENTOS

Utilizou-se o Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) com cinco

repetições. Os tratamentos foram resultado da combinação fatorial entre três variedades de

cana (IAC91-1099, RB86 7515 e CTC 4) e seis intensidades de infestação de D.

saccharalis (0%, 20%, 40%, 60%, 80% e 100%); o que resultou em 90 parcelas. Cada

parcela correspondeu a entrenós de cana com percentual de entrenós com broca e podridão

correspondendo às intensidades de infestação (Figuras 1, 2 e 3).

Para composição das parcelas, os colmos de cana foram coletados no campo ao

acaso e cortados longitudinalmente. Em seguida, os entrenós com ataque de D. saccharalis

(complexo broca + podridão) foram separados dos entrenós sem ataque de pragas.

Posteriormente, cada parcela foi montada com total de cem entrenós compostos por

entrenós saudáveis e entrenós com ataque de D. saccharalis de acordo com o percentual de

infestação correspondente ao tratamento. Após a coleta em campo, as parcelas foram

levadas ao laboratório de análise tecnológica da usina Jalles Machado.

No laboratório, cada parcela foi desintegrada em partículas de

aproximadamente 2 mm em desintegrador elétrico e em seguida homogeneizada em

betoneira. Logo após, 500 g de cada parcela foram prensados em prensa hidráulica

automática de 250 kg.cm-2

durante um minuto (Hidraseme PHS 250). Em seguida, o

resíduo fibroso retirado da prensa foi pesado para o cálculo da fibra da cana.

Do caldo extraído pela prensa, utilizou-se 50 mL para leitura do Brix em

refratômetro digital. A 200 mL do caldo restante, adicionou-se 6g do reagente clarificante

à base de alumínio. A mistura foi homogeneizada com bastão de vidro e filtrada em filtro

pregueado. Do filtrado obtido, utilizou-se aproximadamente 70 mL para leitura

sacarimétrica em sacarímetro para cálculo da Pol. Com os dados obtidos efetuaram-se os

cálculos para determinação dos demais parâmetros.

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A B

C D

E F

Figura 1. Parcelas constituídas por 50 entrenós de cana-de-açúcar da variedade IAC 91

1099 com intensidade de infestação de D. saccharalis (II) correspondente a

cada tratamento. A – II= 0%. B – II=20%. C – II=40%. D – II=60%. E –

II=80%. F – II=100%. Goianésia – GO, 2015.

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A B

C D

E F

Figura 2. Parcelas constituídas por 50 entrenós de cana-de-açúcar da variedade RB 86

7515 com intensidade de infestação de D. saccharalis (II) correspondente a

cada tratamento. A – II= 0%. B – II=20%. C – II=40%. D – II=60%. E –

II=80%. F – II=100%. Goianésia – GO, 2015.

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A B

C D

E F

Figura 3. Parcelas constituídas por 50 entrenós de cana-de-açúcar da variedade CTC 4

com intensidade de infestação de D. saccharalis (II) correspondente a cada

tratamento. A – II= 0%. B – II=20%. C – II=40%. D – II=60%. E – II=80%. F

– II=100%. Goianésia – GO, 2015.

3.3 AVALIAÇÃO TECNOLÓGICA DA MATÉRIA-PRIMA

As análises tecnológicas foram realizadas de acordo com as Normas de

Avaliação da Qualidade da Cana-de-Açúcar regulamentadas pelo Conselho dos Produtores

de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do estado de São Paulo (Consecana, 2006). De tal

modo, foram avaliados os seguintes atributos:

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3.3.1 Brix no caldo

Graus Brix é uma escala arbitrária da leitura da densidade de uma solução em

estado líquido (Gava et al., 2008). No caso do caldo da cana, referem-se à porcentagem em

peso de sacarose em solução açucarada impura a 20°C (Fernandes, 2011; Lavanholi,

2010).

3.3.2 Pol no caldo

A Pol representa o percentual de sacarose em peso de caldo (caldo da cana).

Nos dois experimentos obteve-se a leitura sacarimétrica e a partir dela realizaram-se os

seguintes cálculos:

Pol = (1,00621 x LAl + 0,05117) x (0,2605 - 0,0009882 x B), onde:

LAl = Leitura sacarimétrica obtida com a mistura clarificante;

B = Brix.

3.3.3 Fibra na cana

Fibra é a matéria insolúvel em água contida na cana. No entanto, considera-se

como fibra industrial o resultado da análise da matéria-prima incluindo, portanto, as

matérias estranhas insolúveis em água, como plantas daninhas, ponteiro da cana, palha e

terra (Consecana, 2006; Fernandes, 2011).

Assim, com o valor obtido da massa de resíduo fibroso realizou-se o seguinte

cálculo:

F = 0,08 x PBU + 0,876, onde:

PBU = peso do bagaço úmido da prensa, em gramas.

F = fibra da cana.

3.3.4 Pureza no caldo

Pureza representa o percentual de sacarose nos sólidos solúveis do caldo da

cana. Logo, pureza é a porcentagem de Pol em relação ao Brix:

P = 100 x pol ÷ B, onde:

B = Brix.

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3.3.5 Pol na cana

Pol na cana expressa a sacarose aparente contida no caldo absoluto por cento

de cana. Foi calculado o coeficiente “C” de transformação da Pol do caldo extraído em Pol

do caldo absoluto:

C = 1,0313 – 0,00575 x F (fibra).

Após o cálculo de “C”, a Pol da cana foi calculada pela seguinte equação:

PC = Pol x (1 - 0,01 x F) x C, onde:

Pol = Pol do caldo;

F = fibra da cana.

3.3.6 Açúcares Redutores

Referem-se aos açúcares monossacarídeos, principalmente moléculas de

glicose e frutose, originadas da hidrólise da molécula de sacarose. Estes açúcares são

denominados redutores por apresentar a propriedade de reduzir o cobre do estado cúprico a

cuproso. Estes açúcares são indesejados no processo industrial por serem precursores de

cor e dificultarem o processo de cristalização. (Marignetti & Mantovani, 1979, Fernandes,

2011). O cálculo dos açúcares redutores por cento em peso de caldo foi realizado da

seguinte forma:

AR % caldo = 3,641 – 0,0343 x P, onde:

P = pureza aparente do caldo, expressa em porcentagem.

Realizou-se o caldo dos açúcares redutores da cana pela seguinte equação:

ARC = AR x (1 – 0,01 x F) x C, onde:

AR = açúcares redutores do caldo;

C = Coeficiente de transformação da Pol do caldo extraído em Pol do caldo

absoluto.

3.3.7 Açúcares Totais Recuperáveis

Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) representa a quantidade de açúcares

redutores totais recuperados da cana até o xarope. O ATR é um dos parâmetros do sistema

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de pagamento da cana do Estado de São Paulo. O ATR total dos produtos é semelhante ao

ATR da cana, considerando perdas de 9,5% (Dinardo-Miranda, 2008; Fernandes, 2011).

Desta forma, procedeu-se o cálculo do ATR pela equação:

ATR = 10 x PC x 1,05263 x 0,905 + 10 x ARC x 0,905 ou,

ATR = 9,5263 x PC + 9,05 x ARC, onde:

10 x PC = Pol por tonelada de cana;

1,05263 = Coeficiente estequiométrico para a conversão da sacarose em

açúcares redutores;

0,905 = Coeficiente de recuperação, para uma perda industrial de 9,5% (nove e

meio por cento);

10 x ARC = Açúcares redutores por tonelada de cana.

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram submetidos à análise de variância e para o fator intensidade de

infestação foram ajustadas regressões. As médias para o fator genótipo e as médias nas

interações foram comparadas pelo teste Tukey (α=0,05).

3.5 DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE DANO ECONÔMICO

O nível de dano econômico (NDE) foi determinado para as variedades IAC 91

1099, RB 86 7515 e CTC 4 nos dois experimentos por meio das equações de correlação

entre ATR e níveis de intensidade de infestação de D. saccharalis.

Para cálculo do NDE, utilizou-se como referência de rendimento da cultura, a

produtividade de 78,50t/ha de cana-de-açúcar (Conab, 2016), e 121,97 quilos de ATR por

tonelada de cana, que corresponde à quantidade fixa de ATR que a usina Jalles Machado

S/A paga aos fornecedores de cana para a indústria.

Para cálculo do valor pago pela indústria por tonelada de cana, multiplicou-se

121,97 quilos de ATR por R$0,7473, valor correspondente ao preço do quilograma de

ATR pago nos estado de Goiás (Faeg, 2017).

Foi considerado como custo de controle de D. saccharalis os custos com

aplicação de Clorantraniliprole 35% e os custos de produção e liberação de Cotesia

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flavipes em cana-de-açúcar no estado de Goiás, safra 2016/2017 segundo Faeg (2016),

apresentados nas tabelas 1 e 2.

Em seguida, calculou-se quanto de ATR em quilogramas por tonelada é o gasto

por hectare para pagar o custo de controle de D. saccharalis, por meio da proporção entre o

valor que a indústria paga por hectare e o custo de controle por hectare.

Posteriormente, o valor obtido foi dividido pela produtividade de cana-de-

açúcar, e obteve-se a quantidade de quilogramas de ATR pagos por tonelada de cana

produzida para controle de D. saccharalis, ou seja, o custo de controle em ATR por

tonelada de cana.

A perda de ATR das variedades IAC 91 1099, RB 86 7515 e CTC 4 nos dois

experimentos foi estimada a cada 1% de intensidade de infestação substituindo-se a

variável x da equação de correlação entre ATR e níveis de intensidade de infestação de D.

saccharalis de cada variedade, por um. O valor de y obtido correspondeu ao valor de ATR

da variedade com 1% de intensidade de infestação de D. saccharalis.

Determinou-se o NDE dividindo o custo de controle em ATR por tonelada de

cana, pela perda de ATR a cada 1% de intensidade de infestação de D. saccharalis.

Tabela 1. Estimativa de custo de produção/liberação de Cotesia flavipes em cana-de-

açúcar no estado de Goiás, safra 2016/2017 (Faeg, 2016).

Item de custo Valor (R$/ha)

Cotésia 14,00

Mão de obra 10,50

Total 24,50 Cotésia = Quatro copos por hectare com aproximadamente 1500 insetos cada. Mão de obra = Equipe com

sete rurícolas incluído o custo de transporte.

Tabela 2. Custo de aplicação aérea de Altacor (Clorantraniliprole 35%) em cana-de-açúcar

no estado de Goiás, safra 2016/2017 (Faeg, 2016).

Item de custo Valor (R$/ha)

Produto (dose 60 g ha-1

) 60,00

Serviços/maquinário 30,50

Total 90,50 Serviços/maquinário = aplicação aérea incluída a mão de obra.

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30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve interação das variedades com as intensidades de infestação de D.

saccharalis em todos os parâmetros tecnológicos avaliados, exceto para a variável Pol do

caldo no experimento realizado em 2014 (Tabela 3). Estes resultados indicam que a

influência da intensidade de broca na qualidade da cana-de-açúcar pode variar entre as

diferentes variedades.

Tabela 3. Resumo da análise de variância referente ao efeito dos fatores genótipos e

intensidade de infestação nas características tecnológicas de colmos de cana-

de-açúcar em duas épocas de corte.

2014 Variedades

(V)

Intensidade de

Infestação (I.I.)

Interação

(V x I.I.)

CV

(%)

Brix – Caldo 16,44** 88,89 2,19* 3,97

Pol – Caldo 36,88** 88,05 1,71 ns 5,63

Pol – Cana 36,29** 94,11 2,04* 5,85

Pureza - Caldo 37,21** 23,28 2,49* 3,36

Fibra 4,16* 15,33 3,69** 4,30

Açúcares Redutores - Caldo 37,22** 23,28 2,49* 14,36

Açúcares Redutores - Cana 37,98** 21,59 2,45* 14,09

ATR 36,69** 107,13 2,09* 5,07

2015 Variedades

(V)

Intensidade de

Infestação (I.I.)

Interação

(G x I.I.)

CV

(%)

Brix – Caldo 78,63** 96,68 4,70** 2,96

Pol – Caldo 137,50** 78,07 4,81** 3,72

Pol – Cana 88,90** 79,90 3,93** 3,90

Pureza - Caldo 92,23** 6,01 3,67** 1,77

Fibra 39,67** 5,99 3,64** 4,70

Açúcares Redutores - Caldo 92,22** 6,00 3,67** 8,73

Açúcares Redutores - Cana 104,06** 5,35 3,87** 8,79

ATR 81,86** 83,74 3,83** 3,63 ** significativo (p<0,01); * significativo (p<0,05); ns – não significativo

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31

4.1 BRIX NO CALDO

No experimento realizado em 2014, a variedade CTC 4 apresentou maior valor

de Brix na testemunha (0% de intensidade de infestação) em relação às demais variedades,

que não diferiram entre si (Figura 4). No tratamento com 20% de intensidade de infestação

da broca, o teor de Brix não diferiu nas três variedades.

No experimento realizado em 2015, a variedade CTC 4 apresentou menor valor

de Brix com 0% de intensidade de infestação em relação às demais variedades, que não

diferiram (Figura 5). Contudo, o teor de Brix foi menor na variedade RB 86 7515 com 20%

de intensidade de infestação.

No experimento realizado em 2014, o Brix não diferiu nos tratamentos de 0 a

60% de intensidade nas variedades IAC91 1099 e RB86 7515, diferente do experimento

realizado em 2015, no qual a variedade IAC91 1099 apresentou teor de Brix maior do que

as demais com 40 a 80% de intensidade de broca.

Figura 4. Relação entre Brix do caldo (%) e intensidade de infestação de D. saccharalis

(%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2014.

2014

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

lido

s S

olú

veis

(G

raus B

rix)

16

18

20

22

24

26CTC4 (y = 24,22 - 0,05x; R² = 0,96)

RB 86 7515 (y = 23,25 - 0,05x; R² = 0,95)

IAC 91 1099 (y = 22,90 -0,04x; R² = 0,90)a

a

a

aa

a

b

b a

a

b

ab

a

a

b

bb

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Figura 5. Relação entre Brix do caldo (%) e intensidade de infestação de D. saccharalis

(%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2015.

Comparando os dois experimentos observa-se que a variedade CTC 4 foi a

mais produtiva em 2014, com um teor de Brix maior do que as demais. Em 2015, no

entanto, esta variedade foi a menos produtiva, com um teor de Brix menor, evidenciando

que as variedades apresentam diferentes potenciais de produção em função das condições

ambientais (Figura 6). Segundo Fernandes (2011), o Brix indica o teor de sacarose na

solução que sofre influência do teor de umidade do solo.

No experimento realizado em 2014, as três variedades apresentaram tendência

de queda no teor do Brix semelhante. Em 2015 as variedades CTC 4 e RB 86 7515

apresentaram uma tendência maior de queda no teor de Brix com intensidades de

infestação mais baixas em relação a variedade IAC 91 1099. Essa diferença entre os

experimentos pode ter ocorrido devido aos diferentes períodos do ano em que a cana foi

coletada para montagem dos experimentos.

Em 2014 a cana foi coletada em setembro, mês precedido por extenso período

sem chuvas com temperaturas mais altas. Em 2015, a coleta da cana foi realizada em julho,

mês precedido pelo período chuvoso com temperaturas mais amenas. A condição climática

em 2015 pode ter contribuído para a maior produtividade da variedade IAC 910 1099, que

é uma variedade indicada para ambientes favoráveis e colheita no meio da safra, enquanto

2015

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

lido

s s

olú

veis

(G

raus B

rix)

16

17

18

19

20

21

22

23

24

CTC4 (y = 21,85 - 0,038x; R² = 0,86)

RB 86 7515 (y = 22,20 - 0,04x; R² 0,99)

IAC 91 1099 (y = 22,77 + 0,0044x - 0,0004x²; R² =0,95)

aa

a

a

a

a

ab

b

bb

b

b

bab

b

b

b

a

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33

que a variedade CTC 4 e a variedade RB 86 7515 são indicadas para ambientes menos

favoráveis.

Figura 6. Precipitação pluvial acumulada por mês durante a safra de 2014 e 2015. Estação

Meteorológica Automática do INMET localizada na Usina Jalles Machado,

Goianésia - GO, 2014.

4.2 POL NO CALDO

No experimento realizado em 2014, não houve interação entre as variedades e

as intensidades de infestação de D. saccharalis para o parâmetro Pol no caldo. Neste

experimento, a média do teor de Pol no caldo foi maior na variedade CTC4 em relação às

demais variedades, indicando maior produção de sacarose. Em 2015, o teor de Pol no caldo

foi maior na variedade IAC91 1099 em todos os tratamentos em relação às demais

variedades, que não diferiram entre si (Figura 7). Assim como nos resultados obtidos para

o Brix, houve menor redução da Pol no caldo com o aumento da intensidade de infestação

na variedade IAC91 1099. Dinardo-Miranda et al. (2012), ao avaliar a influência D.

saccharalis na qualidade da cana-de-açúcar, observou redução da Pol no caldo a partir de

12% de intensidade de infestação da praga.

21

22

23

24

25

26

27

28

0

50

100

150

200

250

Tem

per

atu

ra ( C

)

Pre

cip

itaçã

o (

mm

)

Precipitação (mm) Temperatura ( C)

Experimento 2014 Experimento 2015

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34

Resultados diferentes podem ser obtidos, indicando a diferença da influência

do ataque da broca e da presença da podridão vermelha nas diferentes variedades. Rossato

Júnior et al. (2010) observaram que não houve redução nos teores de Brix e Pol da

variedade SP80-3280 em 15,80% de intensidade Diatraea saccharalis.

Figura 7. Relação entre Pol do caldo (%) e intensidade de infestação de D. saccharalis

(%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2015.

4.3 PUREZA

A Pureza é definida como a porcentagem de sacarose contida nos sólidos

solúveis. Desta forma, a Pureza expressa qual a porcentagem de sólidos (Brix no caldo) é

representada pela sacarose (Pol no caldo) (Fernandes, 2011).

É interessante considerar que este parâmetro é utilizado como importante

indicador de maturação da cana. Segundo Fernandes (1985), os valores de pureza do caldo

devem ser de 80 a 85% para se considerar uma cana madura. Assim, de acordo com os

resultados obtidos, todas as variedades utilizadas estavam maduras quando foram avaliadas

(Figuras 8 e 9).

Assim como para os demais parâmetros, a variedade CTC 4 apresentou maior

teor de Pureza em 2014 mas com redução deste parâmetro a partir de 40% de intensidade

2015

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Po

l do

Ca

ldo

(%

)

14

15

16

17

18

19

20

21

22CTC4 (y =19,48 - 0,04x; R² = 0,85)

RB 86 7515 (y = 19,22 - 0,04x; R² = 0,98)

IAC 91 1099 (y = 20,79 + 0,018x - 0,0006x²; R² = 0,97)

aa

a

a

a

a

b

b

b

b

b

bb

b

b

b

b

b

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35

de broca (Figura 8). Neste experimento a variedade RB86 7515 apresentou uma tendência

de redução dos parâmetros mais acentuada, diferindo da variedade IAC91 1099 a partir de

80% de intensidade de infestação.

Em 2015, o teor de pureza aumentou na variedade IAC91 1099 e reduziu

somente com 80% de intensidade de broca. Não foi possível ajustar a curva de regressão

para a variedade RB86 7515 (Figura 9).

Figura 8. Relação entre Pureza do caldo (%) e intensidade de infestação de D. saccharalis

(%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2014.

2014

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Pure

za (

%)

70

75

80

85

90

95

CTC4 (y = 92,82 +0,08x-0,0052x² + 3,82E-005x³; R² = 0,96)

RB 86 7515 (y = 87,81 -0,0016x-0,0013x²; R² = 0,94)

IAC 91 1099 (y = 87,81 +0,03x - 0,0012x²; R² = 0,97)

a a

a

a

a

a

b

ab

ab

a

a

b

b

b

b

b

c

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36

Figura 9. Relação entre Pureza do caldo (%) e intensidade de infestação de D. saccharalis

(%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2015.

4.4 FIBRA

O percentual de fibra não diferiu entre as variedades nos tratamentos com 0, 60

e 100% de intensidade de infestação de D. saccharalis no experimento realizado em 2014

(Tabela 4). Neste experimento o teor de fibra foi menor na variedade RB86 7515 com

intensidade de infestação de 20%. Já a variedade CTC 4 apresentou menor percentual de

fibra com intensidade de broca 40%.

Tabela 4. Teor de fibra (%) de variedades de cana-de-açúcar com diferentes níveis de

intensidade de infestação de Diatraea saccharalis. Goianésia – GO, 2014.

Variedade Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

CTC 4 13,62 a 14,08 a 13,40 b 14,58 a 14,30 b 14,35 a

RB86 7515 13,38 a 12,95 b 14,63 a 13,90 a 14,99 ab 14,84 a

IAC 91 1099 13,61 a 13,25 ab 14,79 a 14,76 a 15,68 a 14,77 a

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P=0,05).

2015

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Pure

za (

%)

84

86

88

90

92

94

CTC4 (y = 90,09 - 0,11x + 0,0007x²; R² = 0,88)

RB 86 7515 (sem ajuste - ns)

IAC 91 1099 (y = 91,24 +0,07x -0,0009x²; R² = 0,97)

a

b

b

b

b

b

a

a

aa

a

a

b

b

b

bb

b

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37

Em 2015, o percentual de fibra não diferiu entre as variedades CTC 4 e RB86

7515 nos tratamentos com 0 e 20% de intensidade de broca (Tabela 5). Nos tratamentos

com intensidade de 40% e 60%, o teor de fibra da variedade CTC 4 foi menor do que o das

demais. A variedade IAC91 1099 apresentou maiores percentuais de fibra nos tratamentos

de 0 a 80% em relação à variedade CTC4.

Tabela 5. Teor de fibra (%) de variedades de cana-de-açúcar com diferentes níveis de

intensidade de infestação de Diatraea saccharalis. Goianésia – GO, 2015.

Variedade Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

CTC 4 12,24 b 12,72 b 11,92 b 12,32 c 13,20 b 13,76 a

RB86 7515 12,72 b 12,64 b 13,28 a 13,44 b 13,36 b 12,96 a

IAC 91 1099 14,00 a 13,68 a 13,52 a 14,40 a 15,28 a 13,60 a

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P=0,05).

Sob o aspecto agrícola, variedades com mais fibra são mais resistentes ao

tombamento e geralmente são mais resistentes à penetração de pragas do colmo, como a D.

saccharalis (Lavanholi, 2010). Entretanto, 12% de fibra é desejado pelas indústrias

produtoras de açúcar e álcool, pois grandes quantidades de fibra podem reduzir a

capacidade de extração do caldo (Dinardo-Miranda, 2008).

Tanto em 2014 como em 2015, as variedades CTC 4 e RB 86 7515

apresentaram as menores médias (Tabela 6). Em 2014, as três variedades apresentaram

média do teor de fibra superior a 14%. Em 2015 somente a variedade IAC 91 1099

apresentou de teor de fibra superior a 14%.

Tabela 6. Média do teor de fibra (%) de variedades de cana-de-açúcar com 0, 20, 40, 60,

80 e 100% de intensidade de infestação de Diatraea saccharalis. Goianésia –

GO.

Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey (P=0,05).

Variedade Fibra (%)

2014 2015

CTC 4 14,05 b 12,69 b

RB86 7515 14,12 ab 13,06 b

IAC 91 1099 14,48 a 14,08 a

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38

4.5 POL NA CANA

A Pol da cana é um importante parâmetro na indústria sucroalcooleira, pois

expressa a toda a sacarose aparente contida no caldo absoluto por cento de cana (Dinardo-

Miranda, 2008; Fernandes, 2011). O cálculo da Pol na cana é feito com base no teor de pol

no caldo e fibra da cana. Quanto maior o teor de Pol no caldo, maior o teor de pol na cana

e quanto maior o teor de fibra, menor o valor de Pol na cana.

Em 2014 a Pol da cana foi maior na variedade CTC 4 em todos os tratamentos

exceto com 20% de intensidade de broca, no qual as três variedades não diferiram (Figura

10). As variedades RB86 7515 e IAC91 1099 não diferiram entre si em todos os níveis de

intensidade da broca.

Em 2015, a Pol na cana não diferiu entre as variedade CTC 4 e IAC91 1099

sem infestação de D. saccharalis, no entanto, a Pol na cana foi maior na variedade IAC91

1099 com 20 a 100% de intensidade de broca (Figura 11). Esta variedade apresentou

menor redução deste parâmetro em relação as demais variedades, que não diferiram entre

si nestes tratamentos.

Figura 10. Relação entre Pol da cana (%) e intensidade de infestação de D. saccharalis

(%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2014.

2014

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Po

l da

Ca

na

(%

)

10

12

14

16

18

20CTC4 (y = 18,50 - 0,05x; R² =0,93)

RB 86 7515 (y = 16,93 - 0,05x; R² = 0,92)

IAC 91 1099 (y = 17,04 - 0,05x; R² = 0,95)a

a

a

a

aa

b

ba

a

b

b a

a

b

bb

b

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39

Figura 11. Relação entre Pol da cana (%) e intensidade de infestação de D. saccharalis

(%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2015.

4.6 AÇÚCAR TOTAL RECUPERÁVEL (ATR)

O açúcar total recuperável (ATR) expressa a quantidade de açúcares na forma

de açúcares invertidos ou ART (açúcares redutores totais) recuperados na cana até o

xarope (Kg t-1

cana) (Fernandes, 2011). Este parâmetro é utilizado no sistema de

pagamento da cana implantado em São Paulo a partir da safra de 1998/99, portanto, altos

teores de ATR são desejados na comercialização da cana.

A valor de ATR na variedade CTC 4 foi maior em todos os tratamentos exceto

no tratamento com 20% de intensidade de D. saccharalis, no qual as variedades não

diferiram entre si (Figura 12).

No experimento realizado em 2015, o valor de ATR não diferiu no tratamento

sem broca nas três variedades (Figura 13). No entanto, houve menor redução do valor de

ATR na variedade IAC91 1099, que foi mais alto do que nas demais variedades nos

tratamentos de 40 a 100% de intensidade de infestação da broca.

2015

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Po

l da

Ca

na

(%

)

12

13

14

15

16

17

18CTC4 (y = 16,47 - 0,039x; R² = 0,90)

RB 86 7515 (y = 16,05 -0,03x; R² = 0,98)

IAC 91 1099 (y = 17,09 + 0,01x - 0,0004x²; R² = 0,96)a a a

a

a

a

b

b

b

b

b

b

ab

b

b

b

b

b

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40

Figura 12. Relação entre ATR (kg.ton-1

) e intensidade de infestação de D. saccharalis (%)

de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2014.

Figura 13. Relação entre ATR (kg.ton-1

) e intensidade de infestação de D. saccharalis (%)

das variedades de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2015.

A época de colheita influência o teor de açúcares no colmo. Segundo Taiz &

Zeiger (2013), em altas temperaturas as taxas respiratórias são mais altas do que as taxas

2014

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

AT

R (

kg

to

n-1

)

110

120

130

140

150

160

170

180

190CTC4 (y = 182,57 -0,51x; R² = 0,93)

RB 86 7515 (y = 168,97 - 0,51x; R² = 0,93)

IAC 91 1099 (y = 169,14 - 0,54x; R² = 0,95)

a

a

a

aa

a

b a

b

a

b b

ba

b

a

b

b

2015

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

AT

R (

kg

to

n-1

)

120

130

140

150

160

170

180 CTC4 (y = 163,22 -0,37x; R² =0,91)

RB 86 7515 (y = 159,81 - 0,35x; R² =0,98)

IAC 91 1099 (y = 168,53 +0,086x - 0,0038x²; R² -0,95)a a

a a

a a

a

a

ab

b

b

b

b

b

b

b

b

b

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41

fotossintéticas, com isso, a fotossíntese não pode repor o carbono usado como substrato na

respiração e as reservas de carboidratos diminuem.

As variedades apresentam um tempo de maturação diferente, por isso as épocas

de colheita devem ser diferentes. Segundo Moore & Maretzki (1996), a maturação natural

exige temperaturas mais baixas e/ou déficit hídrico, para que o fotoassimilado (sacarose)

necessário para a expansão dos tecidos da planta seja desviado para armazenamento nos

colmos (Moore & Maretzki, 1996). Observou-se que a variedade CTC 4 produziu mais

ATR do que as demais em 2014, período com altas temperaturas e pouca umidade.

Contudo, o acúmulo de açúcares por esta variedade pode ter ocorrido nos meses anteriores,

nos quais as temperaturas eram mais baixas.

4.7 AÇÚCARES REDUTORES NO CALDO (AR)

Em 2014, o percentual de açúcares redutores no caldo da variedade CTC 4 foi

menor do que as demais variedades nos tratamentos com 0 a 40% e com 80 e 100% de

intensidade de broca (Figura 14). Neste experimento os açúcares redutores da variedade

RB86 7515 não diferiram da variedade IAC91 1099 nos tratamentos de 0 a 60%, contudo,

foram maiores com intensidades de broca de 80 e 100%.

Em 2015, os açúcares redutores não diferiram entre as variedades CTC 4 e

IAC91 1099 na testemunha (0% de intensidade de infestação) (Figura 15). Nos tratamentos

de 20 a 100% os açúcares redutores da variedade IAC91 1099 foram menores do que as

demais variedades. Não houve diferença entre os tratamentos de 20 a 100% entre as

variedade RB86 7515 e CTC 4.

Açúcares redutores representam os açúcares (glicose e frutose principalmente).

Este parâmetro é importante para a indústria porque os açúcares redutores são precursores

de cor, e compõem reações que aumentam a cor do açúcar, depreciando o produto final

(Marignetti & Mantovani, 1979, Fernandes, 2011).

Nos dois experimentos, observa-se que os açúcares redutores da variedade

CTC4 e RB86 7515 aumentaram nas altas infestações. Na variedade IAC91 1099 houve

pouco aumento do percentual de açúcares que foi menor do que as outras variedades nas

altas infestações.

Não foi possível ajustar a curva da variedade RB86 7515 do experimento

realizado em 2015.

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Figura 14. Relação entre açúcares redutores do caldo (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2014.

Figura 15. Relação entre açúcares redutores do caldo (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2015.

4.8 AÇÚCARES REDUTORES NA CANA (ARC)

2014

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Açúca

res r

ed

uto

res n

o c

ald

o (

%)

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

1,1CTC4 (y = 0,44 -0,0023x+0,0002x²-1,25E-006x³; R² =0,96)

RB 86 7515 (y = 0,61 +0,0002x +4,33E-005x²; R² = 0,94)

IAC 91 1099 (y = 0,62 -0,0013x +4,01E-005x²; R² = 0,97)

b

bb

b

b

b

a

a

a

a

a

a

aab

ab

a

c

2015

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Açúca

res r

ed

uto

res n

o c

ald

o (

%)

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,65

0,70

0,75

CTC4 (y = 0,54 + 0,0043x -2,54E-005x²; R² = 0,91)

RB7515 (sem ajuste - ns)

IAC1099 (y = 0,505 - 0,0024x +3,08E-005x²; R² = 0,98)

b

a

aa

a

a

a

a

a

a

a

a

b

b

bb

b

b

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43

No experimento realizado em 2014 observa-se que a variedade CTC4 e RB86

7515 aumentaram o percentual de açúcares redutores na cana com 60% de intensidade de

infestação da broca (Figura 16). Os açúcares redutores foram menores na testemunha na

variedade CTC 4

Em 2015 o percentual de ARC não diferiu entre as variedades CTC4 e IAC91

1099 (Figura 17). No entanto, os açúcares redutores da cana permaneceram mais baixos do

que nas outras variedades nos demais tratamentos. Indicando que a presença de podridão

vermelha devido ao ataque de D. saccharalis nesta variedade, neste período de colheita,

não promoveu inversão de sacarose como nas outras variedades.

O percentual de ARC na variedade RB86 7515 em 2014 não diferiu do

percentual da variedade IAC91 1099 com até 60% de intensidade de broca. No entanto, o

percentual aumentou com 80 e 100% de intensidade de broca.

Figura 16. Relação entre açúcares redutores da cana (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2014.

2014

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Açúcare

s r

eduto

res n

a c

ana (

%)

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

CTC4 (y = 0,37 - 0,0024x +0,0001x² -1,03E-006x³; R² = 0,97)

RB 86 7515 (y = 0,51 - 0,0003x +3,79E-005x²; R² = 0,95)

IAC 91 1099 (y = 0,51 -0,0014x +3,30E-005x²; R² = 0,97)

b b

b

a

b

c

a

a

aa

aa

aab

ab

a

b

b

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44

Figura 17. Relação entre açúcares redutores da cana (%) e intensidade de infestação de D.

saccharalis (%) de variedades de cana-de-açúcar. Goianésia – GO, 2015.

4.9 NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE D. saccharalis

O nível de dano econômico de D. saccharalis (NDE) variou entre as

variedades e entre os métodos de controle nos dois experimentos (Tabela 7). No

experimento realizado em 2014, o nível de dano econômico foi menor para a variedade

IAC 91 1099 nos dois métodos de controle em relação às demais variedades, que não

diferiram. Em 2015, no entanto, a perda de ATR para a variedade IAC 91 1099 não

justifica o uso de controle, portanto não houve nível de dano econômico. Nesta variedade

seria necessário mais de 100% de intensidade de D. saccharalis para o controle químico ou

biológico.

Os maiores valores de nível de dano econômico em 2015 evidenciam a

influência da época de colheita no impacto da broca nas diferentes variedades. Segundo

Agrios (2004), plantas enfraquecidas pela baixa umidade no solo e altas temperaturas são

mais suscetíveis a certos patógenos e insetos. Os fatores ambientais podem favorecer o

desenvolvimento de doenças como as causadas por fungos do gênero fusarium, um dos

2015

Intensidade de Infestação (%)

0 20 40 60 80 100

Açúca

res r

ed

uto

res n

a c

ana

(%

)

0,35

0,40

0,45

0,50

0,55

0,60

0,65

CTC4 (y = 0,45 +0,0036x-2,32E-005x²; R² = 0,85)

RB 86 7515 (sem ajuste - ns)

IAC 91 1099 (y = 0,41 - 0,002 +2,54E-005x²; R² = 0,89)

a a

a

a

a

a

b

a

a a

a

a

b

b

bb

b

b

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45

agentes etiológicos da podridão vermelha. Estes fungos podem causar danos mais severos

em plantas estressadas devido à falta de água.

Tabela 7. Nível de dano econômico de Diatraea saccharalis com o uso de

Clorantraniliprole 35% e de Cotesia flavipes em variedades de cana-de-açúcar.

Goianésia – GO.

Variedade

Intensidade de Infestação (%)

Clorantraniliprole 35% Cotesia flavipes

2014 2015 2014 2015

CTC 4 3,01 4,16 0,80 1,10

RB86 7515 3,01 4,40 0,80 1,17

IAC91 1099 2,85 - 0,75 -

A cana-de-açúcar é uma planta semiperene. Embora plantas anuais sejam mais

suscetíveis a curtos períodos de seca, mesmo as plantas perenes são afetadas por períodos

longos de baixa umidade no solo (Agrios, 2004; Amorim, 2011).

De acordo com os resultados obtidos, a mesma variedade submetida a

diferentes condições ambientais pode suportar maior ou menor população da praga sem

sofrer danos econômicos, alterando o nível de dano econômico. Neste sentido, para

determinação do nível de dano econômico de D. saccharalis em cana-de-açúcar, deve

considerar tanto a variedade da cana como as condições ambientais em que ela se encontra.

Como defesa ao ataque de insetos e patógenos podem ocorrer reações

bioquímicas nas plantas, que desdobram os açúcares produzindo lignina, polissacarídeos e

compostos fenólicos (Mutton, 2003). Entretanto, os resultados obtidos evidenciam que

estas reações variam entre as variedades.

Atualmente as usinas sucroalcooleiras brasileiras usam como referência para

todas as variedades, o nível de controle de D. saccharalis de 3% intensidade de infestação

da praga em coleta de amostras de colmos de cana no período anterior à colheita.

Uma interessante estratégia de manejo para estas usinas é o estudo e

determinação do NDE da broca, evitando a padronização do nível de controle e do período

de colheita. Simulações de níveis de infestação de D. saccharalis em diferentes épocas de

colheita, assim como os realizados neste trabalho de tese, podem ser executadas com as

principais variedades utilizadas. As equações geradas nos gráficos podem auxiliar no

controle de D. saccharalis associado à variedade e aos fatores climáticos, tornando o

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46

manejo da praga mais econômico e eficiente. Estas equações permitem a determinação do

nível de dano em qualquer intensidade de infestação.

Segundo Stupiello (1982), há melhor aproveitamento da matéria-prima de cada

variedade quando a colheita é realizada na época em que há maior teor de sacarose, em

função das condições climáticas, solo e tratos culturais.

É importante ressaltar que estas perdas industriais são parciais, uma vez que

consideram somente as perdas que podem ser detectadas na qualidade da matéria–prima

que chega até a fábrica. Portanto, os resultados obtidos não descartam possíveis prejuízos

como alteração de pH, aumento de compostos fenólicos e outros possíveis contaminantes

que possam comprometer a fermentação do caldo na indústria.

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47

5 CONCLUSÃO

A influência da intensidade de infestação de D. saccharalis na cana-de-

açúcar varia entre as variedades e colheita realizada no meio e no final

de safra.

A presença de podridão vermelha na cana-de-açúcar não implica

necessariamente em perda de qualidade tecnológica.

O nível de controle não deve ser generalizado e deve ser estabelecido

levando em consideração variedades e colheita realizada no meio e no

final de safra.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelos resultados obtidos, conclui-se que as variedades de cana-de-açúcar

podem apresentar comportamento diferente ao longo da safra no estado de Goiás, o que

demonstra a necessidade da adoção de medidas para determinação do nível de dano

econômico que considerem a variedade e a colheita no meio e no final da safra.

Dessa forma, a simulação da intensidade de infestação de D. saccharalis

demonstrou ser uma estratégia viável para determinação do nível de dano em áreas

agrícolas produtoras de cana-de-açúcar, permitindo aos produtores determinar o nível de

dano econômico em qualquer infestação da broca. Assim, é possível manejar a aplicação

de inseticidas ou a liberação de parasitoides da broca com base na variedade e colheita no

meio e no final da safra, baixando o custo de produção e reduzindo o uso de inseticidas.

Como os experimentos foram realizados com três variedades, propõe-se, como

pesquisas futuras, o desenvolvimento de experimentos com outras variedades comerciais,

com o intuito de conhecer a real magnitude dos impactos causados pela D. saccharalis na

qualidade tecnológica e econômica da cana-de-açúcar.

As informações obtidas nesta tese e pesquisas futuras relacionadas ao tema

podem ser utilizadas como ferramentas que compõe o manejo integrado da D. saccharalis,

tornando a produção da cana-de-açúcar mais rentável e com menor impacto ambiental.

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