Síndrome Gripal Diretriz de atendimento nas UPAs Doencas... · cardiopatia ou doença pulmonar)....
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Características Influenza
A influenza é caracterizada por infecção aguda das vias aéreas que cursa com febre (temperatura ≥ 38ºC), com a
curva febril declinando após 2 a 3 dias e normalizando em torno do 6º dia de evolução.
Os demais sintomas são habitualmente de inicio súbito, como calafrios, mal-estar, cefaleia, mialgia, artralgia, dor de
garganta, prostração, rinorréia e tosse seca. Podem ainda estar presentes, com menor frequência: diarreia, vômito, fadiga,
rouquidão e hiperemia conjuntival.
O período de incubação é de 1 a 4 dias, e a transmissibilidade ocorre 24hs antes do início dos sintomas,
até 5 dias da doença. Em crianças até 10 dias, e em imunossuprimidos mais tempo.
Tosse, fadiga e astenia duram em média 2 semanas, podendo chegar a 6 semanas.
Definição de Caso
Síndrome GripalFebre de início súbito (mesmo que referida)
acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: cefaléia, mialgia ou artralgia, na ausência de outro diagnóstico específico.
Para menores de 2 anosFebre de início súbito (mesmo que referida) e sintomas
respiratórios (tosse, coriza e obstrução nasal), na ausência de outro diagnóstico específico.
� Gestação e puerpério até 14 dias após o parto.� Idosos ≥ 60 anos.� Crianças < 2 anos.
� População indígena aldeada.� Indivíduos > 19anos em uso prolongado de ácido acetilsalicílico.� Obesidade com IMC > 40.� Imunossupressão relacionada a medicamentos, neoplasias ou HIV/AIDS.
� Doença sistêmica com repercussão clínica significativa:– Pneumopatia – incluindo asma;– Cardiopatias – exceto hipertensão arterial;– Hepatopatias;– Nefropatias;– Diabetes Mellitus;– Doenças Hematológicas (incluindo anemia falciforme).
� Doença neuromuscular que aumente o risco de aspiração.
Fatores de risco para deteriorização clínica
Os principais sinais e sintomas de má evolução são:
Dispnéia ou hipoxemia (SatO2< 95%)
Persistência de febre por mais de três dias
Alteração do Sensório
� Exacerbação de doença crônica pré-existente (principalmente cardiopatia ou doença pulmonar).
� Disfunção orgânica aguda (insuficiência renal, miocardite etc.).
� Desidratação.
� Miosite com elevação de CPK > 2 a 3 vezes os valores normais.
Definição de Caso
Indivíduo de qualquer idade, com Síndrome Gripal e que apresente dispnéia ou os seguintes sinais de gravidade:
� Saturação de SatO2 < 95% em ar ambiente;
� Sinais de desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória avaliada de acordo com idade;
� Piora das condições da doença de base;
� Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente.
Síndrome Respiratória Aguda Grave
Atenção!Em crianças observe também o batimento de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.
O diagnóstico baseado somente em dados clínicos não épossível, uma vez que outros agentes infecciosos semanifestam com sintomas muito semelhantes, comoadenovírus, vírus sincicial respiratório, vírus parainfluenza,M.pneumoniae e Legionella pneumophila.
Sendo assim, dados epidemiológicos (períodosde surtos e/ou história de exposição a um casoconfirmado da doença) associados aos testesdiagnósticos são fundamentais para o tratamentoadequado dos casos.
Testes de pesquisa viral:
- Principal ferramenta para auxílio diagnóstico.- Esfregaço de nasofaringe ou lavado broncoalveolar podem ser utilizadas para análise.- No HIAE dispomos de diferentes métodos de análise, que dependendo da situação clínica podem ser utilizados na UPA.
Diagnóstico
Testes de pesquisa viralExame Método Características Tempo Custo
PESQUISA RÁPIDA DE
INFLUENZA A E BImunocromatografia
Identifica Influenza A e B
Sensibilidade 50-70%, Especificidade
95%.
Menor sensibilidade para Influenza A
H1N1
1h R$ 531,51
INFLUENZA A E B POR
IMUNOFLUORESCÊNCIAImunofluorescência
Identifica Influenza A e B
Sensibilidade 70%
Especificidade 80%
Menor sensibilidade para Influenza A
H1N1
24h R$ 355,59
TRIAGEM DE VÍRUS
RESPIRATÓRIOSImunofluorescência
Mesmo método anterior
Identifica outros vírus respiratórios24h R$ 695,83
PCR PARA H1N1Reação de Polimerase
em cadeia (PCR)Identifica Influenza A sazonal e H1N1 72hs R$ 263,98
PAINEL DE VÍRUS
RESPIRATÓRIOS POR
PCR
PCR seguida por
identificação de array
de baixa densidade
Identifica 19 tipos de vírus respiratórios,
dentre os quais Influenza A, B e C, além
dos Influenza A H1N1 e H3N2
72hs R$ 1200,00
Que exame pedir e para quem?
Síndrome Respiratória Aguda Grave e/ou paciente internado
Síndrome Gripal COM fator de risco
Síndrome Gripal SEM fator de risco
– Internação em semi-intensiva ou UTI e imunossuprimidos: preferir realizar painel de vírus respiratórios por PCR.
� 2ª opção: triagem de vírus respiratórios + PCR para H1N1 (se triagem for negativa).
– Internação em apartamento: triagem de vírus respiratórios + PCR para H1N1 (se triagem for negativa).
– Oferecer o exame diagnóstico após discussão com família, principalmente se for paciente imunossuprimido.
– Sugestão do exame: pesquisa rápida de influenza A e B + PCR para H1N1 (se pesquisa for negativa).
– Considerar a necessidade de coleta do exame, se interferir na conduta.
– Sugestão do exame: pesquisa rápida de influenza A e B • PCR para H1N1 (se pesquisa for negativa e outro episódio de Síndrome Gripal
tratado com oseltamivir esse ano ou contactante próximo de risco).
Atenção!Em situações de epidemias ou surtos: o diagnóstico clínico associado à situação
epidemiológica pode dispensar a realização de testes de diagnóstico viral, sobretudo nos pacientes de tratamento ambulatorial e sem fatores de risco.
Tratamento
Lembre-se: em pacientes com fatores de risco ou SRAG, o antiviral ainda
apresenta benefício mesmo se iniciado após as 48hs do início dos sintomas.
Não aguardar o resultado dos exames para iniciar o tratamento.
O tratamento precoce leva a menor tempo de sintomas.
Os antivirais levam a redução do risco de complicações (otite, pneumonia, insuficiência respiratória), de morte e
do tempo de hospitalização.
Deve-se iniciar o tratamento o mais precoce possível após o início dos sintomas, idealmente nas primeiras 48
horas.
Quem deve receber o tratamento?
A terapia antiviral deve ser iniciada independente da data de início dos sintomas.Prescrever o dobro da dose recomendada.
Síndrome Respiratória Aguda Grave e/ou paciente internado
Síndrome Gripal COM fator de risco
Síndrome Gripal SEM fator de risco
A terapia antiviral deve ser iniciada independente da data de início dos sintomas.
A terapia antiviral pode ser considerada, baseada no julgamento clínico, se iniciada nas primeiras 48hs do surgimento dos sintomas.
Considerações sobre o tratamento
Para o paciente com pneumonia adquirida na comunidade, durante a temporada de influenza, considerar o diagnóstico de pneumonite primária por influenza e pneumonia bacteriana secundária:
Introduzir antibioticoterapia seguindo diretriz de pneumonia.
Introduzir terapia antiviral + teste de pesquisa viral.
A terapia antiviral pode ser suspensa se a pesquisa rápida ou triagem de vírus respiratórios e o PCR para H1N1 forem negativos, e se o paciente está
clinicamente bem. Se houver piora clínica, o mesmo deve ser reavaliado.
Lembre-se: a história de vacinação para gripe não afasta a possibilidade de infecção pelo vírus influenza.
Tratamento
Antivirais (inibidores de neuraminidases):
Oseltamivir (Tamiflu®)- cápsula ou pó para suspensão via oral.
Zanamivir (Relenza®)- não disponível em nossa farmácia:
• medicação inalatória;• contraindicada em crianças menores de 5 anos e em pacientes
com patologias pulmonares pelo risco de broncoespasmo;• usada apenas em situações onde há impossibilidade de uso de
oseltamivir;• não pode ser utilizada em pacientes em ventilação mecânica.
Tratamento
Medicação Faixa etária Esquema de tratamento
Oseltamivir
Adultos 75mg 12/12hs por 5 dias
Crianças maiores de 1
ano
Menos de 15kg 30mg 12/12hs por 5 dias
15 a 23kg 45mg 12/12hs por 5 dias
23 a 40kg 60mg 12/12hs por 5 dias
Mais de 40kg 75mg 12/12hs por 5 dias
Crianças menores de 1
ano
Menos 3 meses 12mg 12/12hs por 5 dias
3 a 5 meses 20mg 12/12hs por 5 dias
6 a 11 meses 25mg 12/12hs por 5 dias
ZanamivirAdultos 10mg: duas inalações de 5mg
12/12hs por 5 diasCrianças maiores de 7 anos
• Pacientes que apresentam vômitos até 1 hora após a ingestão do medicamento devem receber dose adicional.
• Pacientes com gastroenterites associadas podem ter menor absorção da medicação.
• Possível benefício com dose dobrada de medicação e tempo mais prolongado de tratamento em casos graves e imunossuprimidos.
Correção para função renal:
• Clearence de creatinina menor que 30 ml/min: dose reduzida à metade (75mg 24/24hs).
• Pacientes em hemodiálise: dose complementar de 30mg após cada sessão.
• Em diálise peritoneal: dose complementar de 30mg uma vez por semana.
Tratamento
TratamentoSíndrome Respiratória Febril aguda + dados
epidemiológicos
Sim Não
Sim Não
SimNão
• Idade ≥ 60 anos ou < 2 anos• Gestação ou puerpério 15 dias• IMC > 40• Doença pulmonar crônica• Outras doenças crônicas com repercussão sistêmica
importante• Doença ou sequela neurológica com risco aumentado
de aspiração• Imunossupressão
Internação em semi-intensiva ou UTIRealizar coleta de exames:• Semi-intensiva/ UTI: painel de vírus
respiratórios por PCR; • Apartamento: triagem de vírus
respiratórios + PCR para H1N1 (se triagem negativa.
- Terapia antiviral, independente da data de início dos sintomas (prescrever o dobro da dose recomendada)- Medidas de suporte (oxigênio, hidratação)- Notificação pela unidade de internação
Tratamento ambulatorialConsiderar terapia antiviral se início de sintomas < 48hsConsiderar coleta de exames① : pesquisa rápida de influenza; PCR para H1N1 (se pesquisa negativa e uso prévio oseltamivirnesse ano, ou contactante de risco)Medicações sintomáticas, repouso e hidratação
Tratamento ambulatorial/ internação aptoMedicações sintomáticas, repouso e hidrataçãoPrescrição de terapia antiviralOferecer coleta de exames:
•1ª opção: pesquisa rápida de influenza + PCR para H1N1 (se pesquisa negativa)
• Se internado: triagem de vírus respiratórios + PCR para H1N1 (se triagem negativa)
Avaliar fatores de risco para deterioração clínica
Síndrome Respiratória Aguda Grave
É Síndrome Gripal?
Avaliar outro diagnóstico
Apresenta dispneia ou os seguintes sinais de gravidade?• SatO2 <95%, sinais de desconforto respiratório• Hipotensão arterial;• Descompensação de doença crônica;• Alteração do sensório, letargia, coma.
① Necessidade de coleta do teste rápido de influenza
Estes exames podem ser utilizados para auxiliar no diagnostico e na decisãode prescrever antiviral.
Mas pela sensibilidade limitada e VPN � resultados negativos não excluem estediagnóstico em pacientes com sinais e sintomas sugestivos.
Por isso, procure fazer estas duas perguntas antes de coletar este exame:1. O resultado deste exame pode mudar a minha conduta
diante deste paciente?Exemplos: Tratamento prévio e recente com oseltamivir (diagnósticoprévio e recente de influenza); períodos de menor circulação dos vírus.
2. Influenciar a conduta em relação a outros pacientes?Exemplos: Presença de familiares imunossuprimidos para os quais hánecessidade da prescrição de profilaxia; para identificação de surto.
PCR para H1N1 para pacientes sem fatores de risco e acompanhados ambulatorialmente
• Pode ser indicado especialmente para pacientes com pesquisa rápida deinfluenza negativa, ainda com suspeita de síndrome gripal e que játiveram outros episódios de síndrome gripal e submetidos a tratamentoempírico com oseltamivir.
• Objetivo desta conduta: evitar múltiplos tratamentos antivirais durante amesma estação de maior circulação do vírus.
• Importante: como o laudo deste exame é disponibilizado em 72h, énecessário que o paciente tenha um médico que o acompanhe e querealize a adequação da conduta, se necessário, de acordo com esteresultado.
Quimioprofilaxia
A recomendação da quimioprofilaxia é ser iniciada com no máximo 48hs da exposição (contato com pessoa ou amostra suspeita ou confirmada de influenza). As indicações são:
• Pessoas com risco elevado de complicações, não vacinadas ou vacinadas há menos de duas semanas;
• Crianças com menos de 2 anos de idade, ou crianças com comorbidades, expostas a caso suspeito ou
confirmado com menos de duas semanas após a segunda dose da vacina;
• Imunodeficientes;
• Profissionais de laboratório, não vacinados ou vacinados a menos de 15 dias, e que tenham manipulado
amostras clinicas de origem respiratória que contenham o vírus influenza sem uso adequado de EPI;
• Trabalhadores de saúde, não vacinados ou vacinados a menos de 15 dias, e que estiveram envolvidos na
realização de procedimentos invasivos geradores de aerossóis ou na manipulação de secreções de caso
suspeito ou confirmado de influenza, sem o uso adequado de EPI;
• Residentes de alto risco em instituições fechadas e hospitais de longa permanência, durante surtos na
instituição. Nessa situação indica-se a profilaxia por pelo menos 2 semanas, até 1 semana após a identificação
do último caso.
Alternativamente, a avaliação precoce e frequente de indivíduo exposto, pode evitar o uso de
antivirais. Se iniciar sintomas, avaliar tratamento.
Quimioprofilaxia
Medicação Faixa etáriaEsquema de
tratamento
Oseltamivir
Adultos 75mg/dia por 7-10 dias
Crianças maiores de 1 ano
Menos de 15kg 30mg/dia por 7-10 dias
15 a 23kg 45mg/dia por 7-10 dias
23 a 40kg 60mg/dia por 7-10 dias
Mais de 40kg 75mg/dia por 7-10 dias
Crianças menores de 1
ano
Menos 3 meses Indicado apenas em caso crítico
3 a 5 meses 3mg/kg/dia por 7-10 dias6 a 11 meses
Zanamivir
Adultos 10mg: duas inalações
de 5mg ao dia por 7-10
diasCrianças maiores de 7 anos
Recomendações preventivas
• Frequente higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
• Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
• Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
• Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
• Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
• Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
• Manter os ambientes bem ventilados;
• Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de influenza;
• Evitar sair de casa em período de transmissão da doença;
• Evitar aglomerações e ambientes fechados (procurar manter os ambientes ventilados);
• Adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos.
Precaução no atendimentoAtendimento de caso suspeito:
• Estabelecer precauções para gotículas, além das precauções padrão;• Uso de máscara cirúrgica ao entrar no quarto, a menos de 1 metro do paciente
(substituí-la a cada contato com o paciente);• Higienização das mãos antes e depois de cada contato com o paciente (água
e sabão ou álcool gel);• Uso de máscara cirúrgica no paciente durante transporte;• Limitar procedimentos indutores de aerossóis (intubação, sucção, nebulização);• Uso de dispositivos de sucção fechados.
Para os casos de produção de aerossóis (intubação, nebulização, sucção):
• Uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPI (avental e luvas, óculos e máscara (respirador) tipo N95, N99, PFF2 ou PFF3) pelo profissional de saúde durante o procedimento de assistência ao paciente;
• Manter paciente preferencialmente em quarto privativo;• Uso de máscara (respirador) tipo N95, N99, PFF2 ou PFF3 pelo profissional de
saúde ao entrar no quarto.