Síntese Pólen - Março 2012

12
Informativo Mensal do Movimento Pólen Síntese “Estejamos atentos uns aos outros para nos incentivar ao amor fraterno e às boas obras” (Heb 10, 24). Março de 2012 / Ano XLI www.movimentopolen.com.br

description

Síntese Pólen - Março 2012

Transcript of Síntese Pólen - Março 2012

Page 1: Síntese Pólen - Março 2012

Informativo Mensal do Movimento Pólen

Síntese

“Estejamos atentos uns aos outros para nos incentivar ao amor fraterno e

às boas obras”

(Heb 10, 24).

Março de 2012 / Ano XLI

www.movimentopolen.com.br

Page 2: Síntese Pólen - Março 2012

2

Editorial

Queridos Polens,

A Síntese do mês passado falava um pouco da participação do EAP 2012,

sobre a Palavra de Vida que também foi tema do EAP, e também a respeito da

Campanha da Fraternidade deste ano.

Nesse Mês, a Síntese traz como tema principal a Quaresma. Nos testemunhos

é mostrado como os polens vivem o período da Quaresma (quem se sentir

chamado, poderá enviar seu testemunho de vivência deste período para o

nosso e-mail, o qual será publicado no site do Movimento e na Síntese do mês

que vem).

Na Palavra de Vida deste mês nosso diretor espiritual, Pe. Pedro Adolino

Martendal, ressalta bem esse período tão especial para nós, e também fala da

mensagem de Sua Santidade Papa Bento XVI para a Quaresma de 2012, que

está publicada no final da Síntese.

A Arquidiocese está convidando o Movimento para o Jornada Arquidiocesana

da Juventude que ocorrerá no Domingo de Ramos, dia 01 de Abril. O local e o

horário não estão definidos ainda e assim que tivermos serão divulgados no

site do Movimento (movimentopolen.com.br).

O Retiro de Renovação ocorrerá nos dias 09, 10 e 11 deste mês na Casa de

Retiros das Irmãs Carmelitas. Mais informações no site.

No mês de Abril ocorrerá o Retiro de Opção na Casa de Retiros Rosa Mística,

dias 13, 14 e 15. E para este retiro, ocorrerá um encontro da Etapa de

Aprofundamento no dia 31 deste mês. Mais informações para este retiro e para

o encontro, em breve também no site do Movimento.

Por enquanto é isso,

Henrique Mattos e Silva

[email protected]

Page 3: Síntese Pólen - Março 2012

3

Palavra de Vida

“Estejamos atentos uns aos outros para nos incentivar ao amor fraterno e

às boas obras” (Heb 10, 24)

Onde quer que nos encontremos, estamos fazendo a peregrinação de 40 dias

e 40 noites em direção da Páscoa da ressurreição de Nosso Senhor Jesus

Cristo. Iniciamos no dia 22 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas e chegaremos,

se Deus quiser, à Celebração da Páscoa da Ressurreição nos dias 7 e 8 de

abril: Vigília Pascal e Domingo de Páscoa da Ressurreição do Senhor.

Nosso Papa Bento XVI mandou-nos uma mensagem que parte da Carta aos

Hebreus 10, 24. É um versículo apenas. Mas é uma fonte de luz para a nossa

espiritualidade da Quaresma. Será a nossa Palavra de Vida ao longo da

peregrinação quaresmal.

“Estejamos atentos uns aos outros para nos incentivar ao amor fraterno e

às boas obras” (Heb 10, 24)

“A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o

cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para

renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso

caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela

oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria

pascal” (Introdução da Mensagem).

“Estejamos atentos uns aos outros para nos incentivar ao amor fraterno e

às boas obras” (Heb 10, 24)

Este versículo 24 “oferece em poucas palavras, um ensinamento precioso e

sempre atual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro; a

reciprocidade e a santidade pessoal”. O tempo atual não favorece muito à

atenção ao outro. Facilmente entramos na onda do individualismo e do

desinteresse pelas pessoas que vivem próximas a nós. Elas podem nos

incomodar, e por isso, facilmente as excluímos. O verbo “prestemos atenção”,

convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos

outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com

frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que

nasce do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela “esfera

privada”.

Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós

a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o “guarda” dos

nossos irmãos. (Gen 4, 9 )

“Estejamos atentos uns aos outros para nos incentivar ao amor fraterno e

às boas obras” (Heb 10, 24)

Page 4: Síntese Pólen - Março 2012

4

Lendo esta mensagem com atenção, como ela merece ser lida, verificamos,

com alegria, quanto a nossa mística Pólen está em sintonia com ela. Maisum

motivo para traduzi-la em atitudes de vida fraterna, atendendo também aos

apelos da CNBB para cultivarmos a fraternidade no mundo da saúde pública.

“Estejamos atentos uns aos outros para nos incentivar ao amor fraterno e

às boas obras” (Heb 10, 24)

Pe. Pedro Adolino Martendal

Diretor Espiritual

Page 5: Síntese Pólen - Março 2012

5

Testemunhos

Testemunho sobre a vivência da Quaresma: Lucas Boeing Eastman da etapa de

Renovação, comunidade Oferta de Amor

Bom, a Quaresma é um período de 40 dias de reflexão e penitência que antecipa a

Páscoa da Paixão e Morte de Jesus Cristo. O ideal é parar e pensar nas nossas faltas

e nossos erros e tentar fazer lago a respeito. Não posso dizer que todos os anos foram

desta maneira pra mim, mas eu tento fazer isso sempre na medida do possível. Outro

fato interessante são as promessas que muitos fazem nessa época. Acho que foi no

ano passado que tentei começar a fazer essas promessas. Não sei se contou muito,

afinal minha promessa foi de passar a Quaresma sem jogar videogame, e em parte

desse tempo, o dito cujo estava estragado. Além disso, eu descompensei a falta do

Xbox usando o computador em demasia (fato que incomodou muito meu irmão na

época). Já na recém-iniciada Quaresma desse ano, dei um passo adiante: resolvi me

abster de carne bovina, uma coisa que fez meu sangue uruguaio ferver de maneira

intensa. Já se passaram dois dias, e por questão de puro esquecimento, acabei

quebrando a promessa, mas estou firme em tentar a partir de agora não comer nada

de carne até a Páscoa. Tentando analisar friamente, apesar de ter sido por

esquecimento, há uma clara dificuldade da minha parte em cumprir essas promessas.

Nessas horas a gente vê como a gente é fraco. Sabendo que teve alguém que soube

desde que nasceu, que ele iria sofrer uma dor sem tamanho e morrer, pelos outros. E

a gente não pode passar 40 dias sem carne, ou videogame. Sendo que ele, além de

tudo, passou os mesmos 40 dias sozinho no deserto, se preparando para fazer

possível que estivéssemos aqui.

Testemunho sobre a vivência da Quaresma: Lúcio Ely Ribeiro Silvério da etapa de

Casais, comunidade Maria do Sim.

Como vivo o período da quaresma...

Para mim a quaresma é um tempo que convida a reflexão e desafios. Reflexão que

me remete a uma mudança de vida e de hábitos. Desafio para a alma e para a

espiritualidade. Já faz algum tempo que durante a quaresma procuro intensificar minha

oração e assumir pequenos desafios pessoais que exigem mudança de atitude ou de

hábitos.

Assim, como exercício espiritual durante a quaresma, procuro fazer jejum em alguns

dias e imponho a mim mesmo a abstinência de bebidas que contém álcool ou

refrigerantes e passo a evitar o consumo em excesso de alguns tipos de alimentos que

gosto bastante. São coisas simples, mas que ajudam a superar desafios maiores no

cotidiano e me fazem refletir e compreender melhor minha humanidade. Até por causa

disso, me aproximam de Deus e ajudam a contemplar o sacrifico de Jesus na cruz por

nós.

O importante é rezar mais e tomar atitudes concretas que nos transformem naquilo

que cremos. Um abraço, em Jesus e Maria.

Page 6: Síntese Pólen - Março 2012

6

Testemunho sobre a vivência da Quaresma: Valdirene Mattos e Silva da etapa de

Casais, comunidade Maria do Sim.

A quaresma prá mim, durante muito tempo, era apenas contagem regressiva prá

Páscoa. Durante alguns anos, depois de ter aprofundado um pouco mais minha fé

cristã, tentava fazer algum sacrifício como deixar de beber bebida alcoólica, ou comer

doces, ou rezar um terço todos os dias... Nunca consegui fazer nada. Acabava sempre

cedendo às tentações. Mas, ano passado, com a fé mais concreta e aprofundada e em

função de uma graça recebida, tomei a decisão de não comer doces durante 40 dias.

Foi bem difícil. Na primeira semana chegava ficar cheirando o pote de sorvete (eu

ADORO sorvete com cobertura de chocolate). Mas, pensava: tá difícil, Nega?

Pergunta prá Jesus se foi fácil carregar a cruz! Pergunta prá Maria se foi fácil ver seu

filho sendo crucificado! Então, assim, criando essa empatia com o sofrimento de

Jesus, consegui ficar firme os 40 dias sem doce. No final, ainda perdi uns quilinhos,

ehehehhe.

Também na última quaresma fomos a todas as missas dominicais e celebrações da

Semana Santa. Quando finalmente chegou o domingo de Páscoa, cheguei a ficar um

pouco triste por ter acabado o meu período de abstinência, pois nesses 40 dias me

senti muito próximo a Jesus e a sua via sacra. A alegria da ressurreição foi muito mais

comemorada na Páscoa do ano passado. Não me lembro de uma Páscoa tão intensa

assim na minha vida. Este ano, de novo, assumi o compromisso de abstinência de

doces e de mais momentos de oração. Tenho procurado louvar mais a Deus e

agradecer por tantas graças recebidas. Bjs, NEGA (Maria do Sim/Caritas)"Se alguém

quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me”(Lc 9,23).

Testemunho sobre a vivência da Quaresma: Raquel Heloísa Guedes Vieira da etapa

de Casais, comunidade Maria do Sim.

Este ano estou procurando viver a quaresma com muita simplicidade e através de

algumas atitudes como, por exemplo: acolher e rezar pelas pessoas que cruzam o

meu caminho, carregar de modo consciente as cruzes do dia a dia que me são

destinadas, lendo diariamente um trecho da Bíblia, lendo textos de espiritualidade e

procurando fazer pequenas orações diárias. Para ajudar a lembrar, tenho usado um

pequeno truque: que é deixar dentro dos livros que leio um marcador de página com

uma oração. Assim, após a leitura, eu também rezo um pouco.

Raquel H. G. Vieira (Comunidade Maria do Sim)

Page 7: Síntese Pólen - Março 2012

7

Testemunho – doação de sangue

O texto a seguir foi escrito e publicado no grupo Pólen, do Facebook, no dia 10 de

dezembro do ano passado. Nesse dia, um grupo de polens fez uma doação de sangue

no Hemosc, como atividade de apostolado de Natal. Naquele momento, a publicação

foi para estimular outros polens ao mesmo ato. Agora que estamos vivendo o período

de quaresma, achei adequado publicá-lo na Síntese, como uma sugestão de gesto

concreto – tanto de sacrifício como de doação. Pessoalmente, pretendo fazê-lo

durante a quaresma.

Ricardo Pereira e Silva (etapa de Casais, comunidade Maria do Sim)

Há algumas horas atrás doei sangue pela primeira vez. É uma coisa que há anos

tenho desejado fazer e tenho deixado para depois - empurrando com a barriga

mesmo. Precisei pegar carona com o apostolado de Natal do Movimento Pólen para

fazê-lo. Não pretendo que tenha sido a última vez e a conclusão que fica é que é algo

possível.

Por que doar sangue? Qual a motivação? Penso que amor ao próximo. É uma forma

bastante concreta de ver Cristo no outro - mesmo não vendo, no sentido literal. Às

vezes é mais fácil botar isso em prática e às vezes, não. A doação de sangue me

pareceu uma forma relativamente simples de exercer o amor ao próximo - de uma

forma bastante concreta. Neste sentido, penso que a iniciativa do Movimento de

propor isso como uma das iniciativas de apostolado de Natal foi bastante positiva.

Podemos fazer isso em outros momentos, pois em grupo fica mais fácil.

Uma dúvida que eu tinha e que ninguém tirava é como exatamente é a tal doação. Eu,

como boa parte da humanidade, tinha um certo temor com a coisa. Descrever a

experiência foi uma das motivações para escrever este texto

Começa com uma triagem - primeiro num questionário escrito e depois em uma

entrevista. Passado isso, senta-se na cadeira e começa o processo. A coisa realmente

não dói. Colocaram a agulha e, por cerca de 5 minutos, prossegue a extração do

sangue. Nesse período não senti nenhuma espécie de dor. Tirar quase meio litro de

sangue é uma agressão ao organismo. Suportável, não prejudicial, mas uma

agressão. Com isso, mesmo sem dor, a certa altura me senti tonto. Essa possibilidade

é prevista. A enfermeira inclinou a cadeira (pernas para cima) e a sensação passou.

Quando a coisa acabou, ainda fiquei uns minutos na cadeira. Deu tontura de novo,

pernas para cima de novo. E passou. Pouco antes de ir embora, fiz a besteira de olhar

alguém doando (em nenhum momento eu olhei a agulha no meu braço) e fiquei tonto

de novo, mas passou rápido. No final tem um lanche e jogar um pouco de açúcar no

sangue não é mau.

Em suma, ir ao cinema é mais divertido, mas doar sangue não foi uma experiência

ruim. E também aproveitei a mesma agulhada (não precisou levar a segunda) para me

inscrever como doador de medula. Recomendo.

Page 8: Síntese Pólen - Março 2012

8

Mensagem de Sua Santidade Papa Bento XVI para a

Quaresma de 2012

“Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras”

(Heb10, 24)

Irmãos e irmãs!

A Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.

Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor “com um coração sincero, com a plena segurança dafé” (v. 22), de conservarmos firmemente “a profissão da nossa esperança” (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, “o amor e as boas obras” (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre atual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. “Prestemos atenção”: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a “prestar atenção”: o verbo grego usado ékatanoein,que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a “observar” as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objeto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf.Lc12, 24), e a “dar-se conta” da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf.Lc6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a “considerar Jesus” (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela “esfera privada”. Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o “guarda” dos nossos irmãos (cf.Gn4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve

Page 9: Síntese Pólen - Março 2012

9

levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: “O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo” (Carta enc.Populorum progressio, 66).

A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é “bom e faz o bem” (Sal119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de “anestesia espiritual”, que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, “passam ao largo” do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf.Lc10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf.Lc16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de “prestar atenção”, de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de “ter misericórdia” por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: “O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende” (Prov29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança “dos que choram” (Mt5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O fato de “prestar atenção” ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido:a correção fraterna, tendo em vista a salvação eterna.De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: “Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber” (Prov9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf.Mt18, 15). O verbo usado para exprimir a correção fraterna –elenchein –é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf.Ef5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de “corrigir os que erram”. É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados

Page 10: Síntese Pólen - Março 2012

10

diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: “Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado” (Gl6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que “sete vezes cai o justo” (Prov24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf.1 Jo1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais retamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf.Lc22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.

2.“Uns aos outros”: o dom da reciprocidade.

O fato de sermos o “guarda” dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que “leva à paz e à edificação mútua” (Rm14, 19), favorecendo o “próximo no bem, em ordem à construção da comunidade” (Rm15, 2), sem buscar “o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos” (1 Cor10, 33). Esta recíproca correção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.

Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que “os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros” (1 Cor12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e onipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a ação do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf.Mt5, 16).

Page 11: Síntese Pólen - Março 2012

11

3. “Para nos estimularmos ao amor e às boas obras”:caminhar juntos na santidade.

Esta afirmação daCarta aos Hebreus(10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf.1 Cor12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efetivo sempre maior, “como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia” (Prov4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf.Ef4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.

Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de “pôr a render os talentos” que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf.Mt25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf.Lc12, 21;1 Tm6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre atual, para tendermos à “medida alta da vida cristã” (João Paulo II, Carta ap.Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: “Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima” (Rm12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf.Heb6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011

BENEDICTUS PP. XVI

Page 12: Síntese Pólen - Março 2012

12

Agenda Pólen - 2011

Março

03/03/2012 - Missa Mensal

06/03/2012 - Comunidade Central

09 a 11/03/2012 - Retiro de

Renovação

17/03/2012 - Missa Jovem

17/03/2012 - Escola da Fé

29/03/2012 - Adoração

31/03/2012 - Encontro da Etapa de

Aprofundamento

31/03/2012 - Missa Jovem

Abril

01/04/2012 - Domingo de Ramos

01/04/2012 - Jornada

Arquidiocesana da Juventude

03/04/2012 - Comunidade Central

05/04/2012 - Quinta-Feira Santa

06/04/2012 - Sexta-Feira Santa

07/04/2012 - Sábado de Aleluia

07/04/2012 - Vigília Pascal

08/04/2012 - Páscoa

13 a 15/04/2012 - Retiro de Opção

21/04/2012 - Missa Jovem

29/04/2012 - Missa no Asilo Irmão

Joaquim

Aniversariantes do Mês de

Março

04/03 -Gizele Saleti de Souza Back

Etapa: Casais

Comunidade: Divina Luz

05/03 - Luiz Carlos Egewarth

Etapa: Básico

Comunidade: Sem Comunidade

09/03 - Matheus Nunes Silva

Etapa: Aprofundamento

Comunidade: Cristo Ressussitado

10/03 - Ricardo Moraes

Etapa: Casais

Comunidade: Deus Trindade

14/03 - Matheus Vieira Teixeira

Comunidade: Sem Comunidade

20/03 - Wellington de Souza Nagildo

Etapa: Renovação

Comunidade: Oferta de Amor

24/03 - Lurdes Maria Fetter da Luz

Etapa: Casais

Comunidade: Sagrada Família

25/03 - Maria José Mallmann

Etapa: Renovação

Comunidade: Maria Mãe do Amor

28/03 - Arielle Francine Wojcikiewicz

Etapa: Renovação

Comunidade: Oferta de Amor

30/03 - Maria Flavia B. Xavier

Etapa: Renovação

Comunidade: Oferta de Amor