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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM SIOMARA ROBERTA DE SIQUEIRA MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS QUE ATUAM EM HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO, REFERÊNCIA EM HIV SÃO PAULO 2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENFERMAGEM

SIOMARA ROBERTA DE SIQUEIRA

MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS QUE ATUAM EM

HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO, REFERÊNCIA EM HIV

SÃO PAULO

2016

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SIOMARA ROBERTA DE SIQUEIRA

MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS QUE ATUAM EM

HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO, REFERÊNCIA EM HIV

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo para obtenção do

título de Doutor em Enfermagem

Área de Concentração: Políticas Públicas de Saúde e de Recursos

Humanos em Enfermagem e em Saúde

Orientadora: Profa. Dra. Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli

VERSÃO CORRIGIDA

A versão original encontra-se disponível na Biblioteca da Escola de Enfermagem e na Biblioteca

Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo.

São Paulo

2016

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,

POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E

PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Assinatura: _________________________________

Data:___/____/___

Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca “Wanda de Aguiar Horta”

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

Siqueira, Siomara Roberta de

Motivação para o trabalho dos voluntários que atuam em hospital

público estadual de São Paulo, referência em HIV. -- São Paulo,

2016.

142 p.

Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem da Universidade

de São Paulo.

Orientadora: Profa. Dra. Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli

Área de concentração: Políticas Públicas de Saúde e de

Recursos Humanos em Enfermagem e em Saúde

1. Enfermagem em saúde comunitária. 2. Valores sociais.

3. Trabalho voluntário. 4. Motivação. 5. Enfermagem. I. Título.

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Nome: Siomara Roberta de Siqueira

Título: Motivação para o trabalho dos voluntários que atuam em hospital público estadual de São

Paulo, referência em HIV.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interunidades EEUSP da Escola de Enfermagem da

Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutora em Enfermagem.

Aprovado em: ____/____/____

Banca Examinadora

Prof. Dr. __________________ __________ Instituição: ___________________

Julgamento: _________________________ Assinatura: ___________________

Prof. Dr. ____________________________ Instituição: ___________________

Julgamento: _________________________ Assinatura: ___________________

Prof. Dr. ____________________________ Instituição: __________________

Julgamento: _________________________ Assinatura: ___________________

Prof. Dr. ____________________________ Instituição: ___________________

Julgamento: _________________________ Assinatura: ___________________

Prof. Dr. ____________________________ Instituição: ___________________

Julgamento: _________________________ Assinatura: ___________________

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DEDICATÓRIA

Para minha filha Gabriela, razão do meu caminhar!

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AGRADECIMENTOS

Este estudo não teria sido realizado sem a colaboração de professores, colegas e amigos, entre

os quais agradeço de modo especial:

A Prof.ª Dr.ª Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli, minha orientadora que me conduziu nesta

caminhada acadêmica, crescimento profissional e pessoal.

A Prof.ª Dr.ª Ana Luiza Vilela Alves, que além da amizade, apresentou-me à Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo, onde pude desenvolver este trabalho.

Agradeço a todos os diretores, docentes e funcionários da EEUSP, especialmente a

colaboração do estatístico Bernardo dos Santos neste projeto.

A Prof.ª Dr.ª Juliana Barrero Porto, Prof. Dr. Alvaro Tamayo, Prof. Dr. Claudio Torres da

Universidade de Brasília, e, ao Prof. Dr. Shalom H. Schwartz da Universidade de Jerusalém,

por me autorizarem o acesso à Metodologia do QVP-RR.

Ao Prof. Dr. Ronaldo Pilati da Universidade de Brasília, pelo acesso à Metodologia do IFV,

adaptada para o Brasil.

A Prof.ª Maria Elisa Oliveira, minha professora do idioma inglês, pelo seu constante apoio e

incentivos ao longo de quase 20 anos.

A Prof.ª Dr.ª Simone Ribeiro Spinetti e Prof.ª Dr.ª Lucia Yasuko Izumi Nichiata do Exame de

Qualificação e Defesa, pelas contribuições as quais foram fundamentais.

Aos voluntários (as) entrevistados cujos relatos foram fundamentais para o desenvolvimento e

conclusão deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Nilton José Fernandes Cavalcante e à Dr.ª Glória Brunetti, do Instituto de

Infectologia Emílio Ribas pelo apoio ao projeto.

A todos funcionários, amigos e diretorias do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo (IS/SESSP), presentes em minha vida profissional.

Para meus pais Nelson e Olidia (in memorian). Para Luciene e Milena, minhas irmãs

sanguíneas. Também minha irmã não consanguínea Aparecida Vieira de Melo, sempre

presente nesta caminhada.

Com especial carinho a Claudeci, cuidadora da minha filha Gabriela, que me permitiu ter a

tranquilidade de seguir em frente.

Que Deus abençõe a todos (as), hoje e sempre!

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Siqueira SR. Motivação para o trabalho dos voluntários que atuam em hospital público

estadual de São Paulo, referência em HIV [tese]. São Paulo: Escola de Enfermagem,

Universidade de São Paulo; 2016.

RESUMO

Introdução: Voluntário é termo polissêmico, mas, de forma geral, designa o cidadão que doa

tempo, trabalho e talento, espontaneamente e sem remuneração, para causas de interesse

comum. As motivações para o voluntariado são variadas, apesar de esta ação ser vista,

socialmente, como altruísmo. Objetivo: Analisar as motivações para o voluntariado em um

hospital público da cidade de São Paulo, especializado em HIV/Aids. Método: Estudo de

caso descritivo-analítico, com base em Método Misto. A coleta de dados foi feita por

entrevista semiestruturada e aplicação dos instrumentos, adaptados e validados para a

população brasileira: Critério de Classificação Econômica Brasil; Inventário de Funções do

Voluntariado e Questionário de Perfis de Valores Refinada. Fez-se a análise de conteúdo dos

discursos e os questionários foram analisados estatisticamente. Resultados: A maioria do

voluntariado é feminina, branca, solteira, natural de São Paulo, praticante de religião. Houve

igual proporção de assalariados e aposentados e todos eram das classes sociais A, B ou C. Os

relacionamentos sociais se mostraram importantes na motivação e vínculo com os pacientes

foi, ao mesmo tempo, fonte de motivação e satisfação. Encontraram-se indícios de motivação

altruísta: benevolência, como cuidado; universalismo, como compromisso; entendimento;

engrandecimento social. Conclusão: A convergência das análises quantitativa e qualitativa

pode indicar a coerência interna dos participantes, fortalencendo os indícios de altruísmo

como motivação do grupo para o voluntariado.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem em Saúde Comunitária, Valores Sociais, Trabalhadores

voluntários de hospital, Motivação, QPV-RR.

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Siqueira SR. Motivation for the work of volunteers who work in public hospital of São Paulo,

reference HIV [thesis]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2016.

ABSTRACT

Introduction: Volunteer is a polysemy word, but, in general, refers to the citizen who

donates, spontaneously and without payment, time, effort and talent for causes of common

interest. The motivation for volunteering is varied, although, socially, this action is considered

as altruism. Objective: To analyse the motivations for volunteering in a public hospital in São

Paulo, specialized on HIV / AIDS. Method: Descriptive and analytical case study, based on

Mixed Method. For data collection we used semi-structured interviews and scales which are

adapted and validated for Brazilian population: Economic Classification Criterion Brazil

Volunteer Functions Inventory, and Refined Portrait Values Questionnaire. Data was analysed

by content analysis and statistically. Results: Most of the volunteers are female, white, single,

and native of Sao Paulo, religious practitioner. There were equal proportions of active

workers and retirees and all participants were from social classes A, B or C. The social

relationships are very important to motivation and the affective bonding with patients was, at

the same time, a source of motivation and satisfaction. The results pointed out evidence of

altruistic motivation: benevolence, as care; universalism, as commitment; understanding;

social aggrandizement. Conclusion: The convergence of quantitative and qualitative analysis

might indicate the internal coherence of the participants, what reinforces the evidence of

altruism as the group's motivation for volunteering.

KEYWORDS: Community Health Nursing, Social Values, Hospital Volunteers, Motivation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Validação do QPV.

Figura 2 - O círculo motivacional dos valores de acordo com a teoria de valores básicos

refinada.

Figura 3 - Modelos das análises fatoriais confirmatórias da estrutura proposta do PVQ-RR

por tipos de segunda ordem.

Figura 4 - Projeção bidimensional do Escalonamento Multidimensional.

Quadro 1 - Quadro descritivo: Hierarquia de Valores.

Quadro 2 - Os 19 Valores da Teoria Refinada, definidos em termos de Metas Motivacionais.

Quadro 3 - Inventário de Funcões do Voluntariado.

Quadro 4 - Inventário de Funções do Voluntariado na versão adaptada para o Brasil.

Quadro 5 - Técnicas e instrumentos de coleta de dados e técnicas de análises de dados a

serem utilizados nesta pesquisa para o voluntariado.

Quadro 6 - Os 19 valores da Teoria Refinada, definidos em termos de Meta Motivacionais,

em ordem decrescente de endosso pelos entrevistados, São Paulo, 2015.

Quadro 7 - Correspondência dos 19 Valores da Teoria Refinada na ordem crescente de

endosso e as categorias temáticas do “ser voluntário” nos discursos dos

entrevistados, São Paulo, 2015.

Quadro 8 - Motivações e definições do Inventário de Funções do Voluntariado - IFV

(versão brasileira), em ordem decrescente, São Paulo, 2015.

Quadro 9 - Correspondência das Motivações e definições do Inventário de Funções do

Voluntariado - IFV (versão brasileira), em ordem decrescente, São Paulo, 2015.

Gráfico 1 - O círculo motivacional e valores de acordo com a teoria de valores básicos

refinada para os voluntários do SVHH, São Paulo, 2015.

Gráfico 2 - As metas motivacionais como endossadas pelos os voluntários do SVHH, São

Paulo, 2015.

Gráfico 3 - Inventário de Funções de Valores, São Paulo, 2015 - em colunas.

Gráfico 4 - Inventário de Funções de Valores.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos voluntários entrevistados.

Tabela 2 - Setor em que o voluntário atua no SVHH.

Tabela 3 - Trabalho voluntário anterior.

Tabela 4 - Número de locais em que o voluntário já desenvolveu ou desenvolve atualmente

trabalho voluntário.

Tabela 5 - O que levou a ser voluntário no hospital H.

Tabela 6 - Teve motivação específica para trabalhar em hospital especializado em

HIV/Aids?

Tabela 7 - O que é mais difícil em sua atividade voluntária.

Tabela 8 - O que ajuda ou facilita o trabalho voluntário no hospital H.

Tabela 9 - O que dá mais satisfação no trabalho voluntário.

Tabela 10 - O que dificulta ou atrapalha o trabalho voluntário no hospital H?

Tabela 11 - Para você o que é ser voluntário?

Tabela 12 - Metas motivacionais.

Tabela 13 - Inventário de Funções de Valores.

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LISTA DE SIGLAS

ABEP Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

APFCC Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer

CDC Center Disease Control and Prevention

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CICT Centro Internacional para Cooperação Técnica

CNBB Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

GIVI Global Vision International

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

HH Hospital H

IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública

IFV Inventário de Funções do Voluntariado

IIER Instituto de Infectologia Emílio Ribas

IS Instituto de Saúde

LBA Legião Brasileira de Assistência

LSE Levantamento Socioeconômico

MDS Escalonamento Multidimensional

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organizações Não Governamental

ONU Organização das Nações Unidas

PC Pastoral da Criança

PPGE Programa de Pós-Graduação de Enfermagem

QPV Questionário de Perfis de Valores

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PQV Portrait Questionnaire Value

PQV- RR Questionário de Perfis de Valores Refinada

PRONAV Programa Nacional do Voluntariado

QIV Questionnaire d`Intérêts et de Valeurs

SES/SP Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

SIDA Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

SOEP Painel Socioeconômico

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

SUS Sistema Único de Saúde

SVHH Serviço de Voluntários do Hospital H

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

VER Associação do Voluntariado do Instituto de Infectologia Emílio Ribas

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 16

1.1. O trabalho voluntário .................................................................................................... 17

1.1.1. Aspectos históricos do trabalho voluntário ......................................................... 19

1.1.2. A motivação para o trabalho voluntário ............................................................. 23

1.1.3. Aspectos da organização do trabalho voluntário ................................................ 26

1.2. O trabalho voluntário no Brasil .................................................................................... 27

1.3. O trabalho voluntário na área da saúde ......................................................................... 29

1.3.1. O voluntariado na Aids ....................................................................................... 32

2. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 35

3. REVISÃO DE BIBLIOGRAFIA: MARCO TEÓRICO REFERENCIAL: TIPOS

MOTIVACIONAIS ............................................................................................................. 37

4. MÉTODO ............................................................................................................................. 51

4.1. Tipo de pesquisa ........................................................................................................... 52

4.2. Cenário do estudo ......................................................................................................... 54

4.3. Participantes da pesquisa .............................................................................................. 57

4.4. Coleta de dados ............................................................................................................. 58

4.5. Análise dos dados ......................................................................................................... 60

4.6. Aspectos éticos ............................................................................................................. 62

5. RESULTADOS .................................................................................................................... 63

5.1. Caracterização dos participantes ................................................................................... 64

5.2. Motivação, facilidades e dificuldades para o voluntariado ........................................... 67

5.2.1. A escolha do Hospital H ..................................................................................... 67

5.2.2. Facilidades no trabalho voluntário ...................................................................... 70

5.2.3. Satisfação com o trabalho voluntário ................................................................. 71

5.2.4. Dificuldades na atividade voluntária .................................................................. 71

5.2.5. Ser voluntário ...................................................................................................... 73

5.2.6. Metas motivacionais QPV-RR ........................................................................... 74

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6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 81

7. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 87

8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 91

ANEXOS ................................................................................................................................ 107

APÊNDICES .......................................................................................................................... 135

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Folha de Apresentação

Siomara Roberta de Siqueira

Sou psicóloga e enfermeira. Assistente de Pesquisa Científica e Tecnológica do

Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (IS/SES/SP). Fui

coordenadora nacional da World Alliance for Breastfeeding Action (WABA - Aliança

Mundial para Ação em Aleitamento Materno) no Brasil (1998-2000). A WABA coordena as

ações da Semana Mundial de Aleitamento Materno em conjunto com o Ministério da Saúde

nos 27 Estados da União. Sou voluntária da International Baby Food Action Brasil (Rede

IBFAN - Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar) desde 1996. Possuo

experiência na área de saúde coletiva, atuando nos seguintes temas: aleitamento materno,

Norma Brasileira de Comercialização de Substitutos do Leite Materno (NBCAL), Programa

Mãe Canguru (PMC) e em Saúde Pública. Participei de várias pesquisas científicas do

Instituto de Saúde, como membro da equipe. Não obstante a minha trajetória profissional, fui

convidada a participar da equipe do projeto de pesquisa realizado pelo Instituto de Saúde,

“Humanização e voluntariado: um estudo nos hospitais públicos da Grande São Paulo”. Tal

Projeto recebeu apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)

Processo 07/51663-9, sob a coordenação da pesquisadora Profª Dra. Maria Cezira Fantini

Nogueira- Martins. Um dos resultados desta pesquisa foi o documento “Diretrizes para a ação

do voluntariado nas unidades públicas estaduais dos serviços de saúde”. Este percurso,

fomentou a motivação para o doutorado. Assim, o desejo de compreensão da motivação para

o voluntariado instigou-me a pesquisar cientificamente, de modo a contribuir para o

entendimento de tais atuações “voluntárias” e, quiçá levar e ampliar não somente as

motivações e seus possíveis resultados a outras equipes de voluntariado na área de saúde.

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1. INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

1.1. O trabalho voluntário

As repercussões do movimento em prol da atuação voluntária podem ser reconhecidas

com a proclamação da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabeleceu 2001 como

Ano Internacional do Voluntariado, quando declarou 05 de dezembro como “Dia

Internacional do Voluntariado” (ONU, 2013).

Voluntariado é palavra polissêmica. Voluntariado pode ser definido como um

conjunto de ações desenvolvido pelo indivíduo voluntário, sem qualquer espécie de

retribuição não remunerada, financeira, recompensa material ou contrapartida, pressupondo

uma decisão consciente, deliberada e livre do indivíduo (Marques, 2006).

A Lei nº 9.608 de 18/02/1998 em seu artigo 1º, dispõe sobre o serviço voluntário:

“Considera-se serviço voluntário, para fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por

pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não

lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de

assistência social, inclusive, mutualidade” (Brasil, 1998).

A mídia dedica espaço para enaltecer o voluntariado, usualmente, com encantamento e

emoção (Ferrari, 2010). Considerando-se a bioética e a enfermagem em saúde coletiva,

interessa o voluntariado como espaço de construção de solidariedade crítica e cidadania (Selli,

Garrafa, 2006).

Nos Estados Unidos, encontrou-se que pessoas com maior tempo de estudo doam mais

horas ao voluntariado (Matsuba, Hart, Atkins, 2007). A proporção de atividade voluntária nos

Estados Unidos é de 44% da população, ou seja, 83.9 milhões de adultos. Na Austrália de

32% e no Japão, 27%, cerca de 33 milhões de pessoas. No Japão, o escopo das atividades do

voluntariado em ordem decrescente: sistemas de prevenção de acidentes como linha mestre;

recreação; música; entretenimento; empurrando cadeira de rodas e apoio administrativo

(Aragaki et al., 2007).

Nos Estados Unidos, o voluntariado dentro do serviço militar e em faculdades,

trabalha com crianças, após, necessariamente, passam por treinamento. Atuam por meio de:

videoteipes, serviço de leitura, observação e supervisão direta das crianças (James et al.,

1978).

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Moniz, Araújo (2006), mencionam que, embora não haja ganho material no exercício

do voluntariado, há ganho pessoal que se manifesta pelas gratificações associadas a

desenvolvimento, aprendizado, experiência e reconhecimento pessoal.

O voluntariado já foi relacionado a níveis mais elevados de saúde, otimismo e vida

mais longa para os que oferecem assistência a outras pessoas (Snyder e Omoto, 2008).

Assim, o voluntário também se beneficia com a sua doação. A Organização Mundial

de Saúde (OMS) considera o voluntariado como elemento importante para a manutenção do

bem-estar e da qualidade de vida na velhice, sendo uma proposta para o envelhecimento ativo.

O voluntariado seria um processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e

segurança, cujo objetivo é manter a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem

(OMS, 2005). A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais,

econômicas, culturais, espirituais, civis e não somente ao fato de estar fisicamente ativo ou de

participar da força de trabalho (Caldana, Figueiredo, 2007; Souza, 2008).

O voluntariado traz benefícios à saúde mental, especialmente para o idoso. Melhora o

acesso aos recursos sociais e psicológicos e é reconhecido como forma de enfrentamento da

depressão e ansiedade. Análise de três momentos de dados americanos (1986, 1989, 1994)

revela que o voluntariado torna os níveis de depressão mais baixos para os que têm mais de 65

anos. Os efeitos benéficos do voluntariado na depressão entre os idosos devem-se à integração

social que é incentivada pelo trabalho voluntário. O voluntariado para causas religiosas é

ainda mais benéfico para a saúde mental, quando comparado ao voluntariado para outras

causas (Musick, Wilson, 2003).

Souza (2011) aplicou o questionário de Qualidade de Vida da OMS no Brasil, com

166 idosos que realizavam trabalho voluntário e 33 que não realizavam. Os resultados

apontaram o trabalho voluntário como determinante para a melhor qualidade de vida, no

domínio psicológico e na avaliação global. O trabalho voluntário é mecanismo de promoção

da qualidade de vida em idosos, podendo ser estimulado pelos profissionais de saúde.

O estudo associou a participação em voluntariado ao bem-estar psicológico, social e à

satisfação pela vida (Souza, 2011). A realização da atividade voluntária, segundo a “Teoria da

Atividade” melhoraria a qualidade de vida dos idosos por intermédio da realização de diversas

ações de envolvimento social e manutenção da autonomia, permitindo que os idosos

preservem os sentimentos de ser útil e estar ativo (Wu et al., 2005).

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Nos Estados Unidos, onde 44% da população adulta está engajada em alguma

atividade voluntária, os idosos doam 3 horas e meia por semana (Matsuba, Hart, Atkins, 2007;

Borgonovi, 2008). Estudo em voluntários e não voluntários apresentou estimativas sobre a

influência positiva do voluntariado religioso sobre a felicidade auto relatada, mas não sobre a

saúde auto relatada. Os resultados indicam que o baixo nível socioeconômico em ambas

categorias associa-se com problemas de saúde. Baixo nível socioeconômico foi associado a

estados infelizes apenas entre não voluntários, enquanto que os voluntários,

independentemente do nível sócio econômico, tinham a mesma probabilidade de sentirem-se

felizes (Borgonovi, 2008; Binder, Freytag, 2013).

As ações voluntárias podem ser estudadas do ponto de vista de suas relações com

instituições sociais, como os hospitais (Moniz, Araújo, 2008). O voluntariado também pode

ser caracterizado sob aspectos demográficos, relações familiares e religião (Wilson, 2000).

Acredito que os voluntários são pessoas motivadas pela dor (doença ou perda de

familiares) ou pelo amor (desejo de ajudar o próximo), que prestam diferentes serviços

comunitários, sem remuneração financeira (para instituições, funcionários e usuário do

hospital). Podem ou não ter consciência de que o desempenho deste papel é meio para

promover ampliação das possibilidades, consciência e cidadania tanto dele como do usuário

do hospital.

1.1.1. Aspectos históricos do trabalho voluntário

A história do voluntariado confunde-se com a própria história das ações dos

indivíduos em relação aos seus semelhantes denominada de “trabalho social”, ou seja, o

interesse do homem por seus semelhantes (Kisnerman, 1983; Ortiz, 2007).

A partir do Cristianismo, a caridade ganha maior significado. A ideia de salvação

pelas obras que os homens realizam durante a vida é básica para entender as origens do

voluntariado, cujas ações são em grande parte, ajuda às pessoas carentes com bens materiais

concretos, como dinheiro, alimentos, roupas e alojamentos (www.ahistoria.com.br):

“A esmola, a exortação e a persuasão como recursos elementares caracterizam este largo período

de origem do voluntariado, no qual a fé, o sentimento e a intuição substituem o conhecimento

científico frente às situações que geram tal estado de carência” (Kisnerman, 1983, p.3).

Segundo Hudson (1999), nos tempos mais remotos era o grupo familiar que cuidava

dos membros pequenos, enfermos, deficientes, velhos, viúvos e órfãos. Mas, o crescimento

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das primeiras vilas e cidades exigiu novas formas de auxílio social. Ganha destaque então, a

atuação da igreja, as ações de caridade, que também coincidem com o crescimento das

organizações religiosas. Desde as primeiras igrejas cristãs foram criados fundos de apoio às

viúvas, órfãos, enfermos, pobres, deficientes e prisioneiros. Solicitava-se aos fiéis que

levassem, voluntariamente como oferendas, donativos a serem caridosamente repartidos entre

os mais necessitados. Desde 231 d.C, por ato do imperador Constantino I, autorizou-se a

doação de recursos destinados à caridade.

Na Idade Média, surgiu a primeira distinção entre o trabalho profissional, como o que

tem retribuição terrena, e estado religioso, como serviço prestado a Deus e à comunidade,

com retribuição extra-terrena (Ortiz, 2007).

No final do séc XVI, no seio da Igreja Católica, surge Vicente de Paulo, na França. Ele

organizou uma entidade composta por mulheres das famílias aristocráticas, dedicadas a visitar

os doentes nos hospitais e os pobres em suas casas, para levar-lhes ajuda. A organização das

Damas de Caridade não prosperou, pois, na época as mulheres deveriam ocupar-se somente

da casa e dos filhos. Por isso, Vicente de Paulo passou a recrutar jovens camponesas.

Inicialmente, chamou-as Servas dos Pobres, passando depois a “Filhas de Caridade”. E,

finalmente, a Irmãs de Caridade. Essa denominação perdura até hoje. A Igreja Católica

também questionou tal iniciativa, já que não concebia uma congregação religiosa feminina

que não fosse de clausura. A ação vicentina teve repercussões políticas na sociedade da

época:

“A ação de Vicente de Paulo se concretizou também na criação de instituições para crianças

abandonadas, albergues para famílias sem lar, escolas de artes e ofícios, e em proporcionar assistência material e

espiritual em hospitais e presídios, procurando em todos os casos educar as pessoas para que melhorassem suas

condições de vida. Preocupado com as condições de trabalho das crianças e dos galés, cuja situação denunciou,

conseguiu, na França, as primeiras leis em benefício de ambos” (Kisnerman, 1983, p. 27).

A questão social da Europa no séc. XVII decorrente da migração e a urbanização

(fome, desemprego, miséria) tinha de ser administrada pela sociedade civil. Foi nesse

contexto que surgiram as primeiras associações voluntárias de caráter social:

“Além de contribuir para a solução de questões sociais, as organizações voluntárias tiveram um

papel importante na defesa da sociedade contra o exercício arbitrário do poder do Estado. Como

intermediárias entre o indivíduo isolado e a sociedade política, coube às associações voluntárias

(partidos políticos, sindicatos, instituições de intelectuais, associações religiosas, etc) promover a

defesa da sociedade civil contra o poder arbitrário do Estado” (Selli, Garrafa, 2006, p. 244).

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No Brasil, a história da prática da filantropia e do voluntariado marca-se pelos

propósitos e estilo dos colonizadores portugueses. As Misericórdias Portuguesas, instituição

que resultava da união entre o Estado e a Igreja, foram estabelecidas no Brasil, no séc. XVI,

com a fundação das Santas Casas de Misericórdia de Olinda (1539) e Santos (1543) (Ortiz,

2007).

Os primeiros filantropos brasileiros foram os Irmãos de Mesa das Santas Casas de

Misericórdia. Eram membros da elite local e novos cristãos, interessados em benefícios

espirituais ou nos privilégios concedidos pela pertença a uma instituição de prestígio junto à

Coroa Portuguesa. As Santas Casas desenvolveram, desde o início, a assistência hospitalar

aos enfermos e, também, ofereciam diversos tipos de assistência como as esmolas, a

assistência aos presos pobres e suas famílias, os dotes a jovens órfãs e pobres, a concessão de

tumbas, as rodas dos expostos (Mesgravis, 1972).

Assim, os antecedentes do trabalho voluntário no Brasil são as iniciativas de caráter

religioso, legitimadas pelo Estado. Daí que, em sua origem, as ações assistencialistas

encontram-se quase que totalmente vinculadas à Igreja Católica:

“De um total de 32 instituições de recolhimento para menores e 22 associações e estabelecimentos

de assistência extra-asilar existentes no Rio de Janeiro, entre 1738 e 1930, apenas 7 e 3 são

respectivamente, iniciativas do Estado - incluindo a Casa de detenção, o Asilo de Mendicidade e a

Colônia Correcional, onde podia-se encontrar crianças, embora esta não fosse uma finalidade

específica destes estabelecimentos” (Arantes, 2011, p. 227).

Estudo sobre a história das políticas sociais e da assistência à infância no Brasil

destaca o papel da Igreja nas ações voluntárias:

“De acordo com as ideias e práticas dominantes na Europa, as primeiras instituições para o

cuidado da infância foram instaladas na América por congregações católicas. Elas se localizaram

no interior de hospitais, ou próximo a eles, sendo as esmolas e doações voluntárias as principais

fontes financeiras, mediante as quais os custos operativos eram cobertos” (Pilotti, Rizzini, 2011, p.

36).

Decorrente do vínculo com a religião, o modelo do voluntariado no Brasil, firmou-se e

difundiu-se embasado nos preceitos religiosos, sendo desde o seu início associado à caridade

e ao humanitarismo (Souza, 2008).

O voluntariado nas entidades baseadas em princípios religiosos e morais de caridade e

piedade na sociedade abastada (damas caridosas e homens ricos) assistiam economicamente

os necessitados. Entretanto, tal forma de assistência não os retirava da exclusão social,

funcionando como verdadeiras esmolas (Souza, 2008; Souza et al., 2012).

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No século XIX, a ação filantrópica desenvolvida pelas elites se prestavam a atenuar

conflitos sociais. Empreendiam o que poderia ser chamado de “campanhas morais contra a

miséria”, oferecendo assistência de caráter facultativo, condicional e, em troca de favores

concedidos, espera-se a submissão do beneficiário, com mudanças de condutas para se ajustar

às expectativas da classe dominante (Arantes, 2011).

Em 1908, foi criada a Cruz Vermelha Brasileira. Na década de 1930, o Estado

Brasileiro passou a desenvolver políticas públicas voltadas à assistência social. Muitas

entidades voluntárias foram sendo criadas como a Legião Brasileira de Assistência, o Projeto

Rondon e outras (Ferrari, 2010).

De 1979 até o início dos anos 90 durou o Programa Nacional do Voluntariado

(PRONAV) da Legião Brasileira de Assistência (LBA). Atuava por meio de núcleos de

voluntariado. Em 1987, funcionavam 1040 núcleos, totalizando 5454 grupos de voluntários.

Dedicavam-se à “promoção social das populações carentes, procurando alcançar não só o

equacionamento, mas a redução dos problemas sociais”. Também fazia parte do Programa a

criação de campanhas de doação variadas, seguindo o modelo de “adoção”. Por exemplo, para

assistir os atingidos pelas secas nordestinas, havia o projeto “Adote uma Viúva da Seca”. A

presidência de honra do PRONAV cabia à “Primeira Dama” do País. Sua estrutura era

centralizada, com as primeiras damas dos Estados assumindo as funções de coordenadoras

estaduais e as mulheres dos prefeitos a de coordenação municipal. Perpetua-se o clássico

modelo de facilitação do clientelismo e da assistência por mulheres de elite (Landin, 1998).

Ligado à atuação da Cruz Vermelha, outro registro de cunho social foi a importante

atuação do Grêmio Dramático Luso-Brasileiro durante a epidemia de Gripe Espanhola, em

1918. Esta afetou gravemente os bairros operários em São Paulo. Os diretores da agremiação

disponibilizaram a sede da associação para o uso da Cruz Vermelha, além da quantia de

100$000 (100 Mil Réis) mensais enquanto a gripe durasse. O peso de sua atuação não foi

somente junto aos seus associados, que tinham a sociedade como um espaço de lazer e de

obtenção de auxílios, mas também junto ao conjunto mais amplo dos moradores do bairro do

Bom Retiro – desamparados diante dos parcos recursos médico-hospitalares oferecidos pelo

poder público (Siqueira, 2008; Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 2010).

Nas primeiras décadas do século XX, a professora Anália Franco e a médica Maria

Rennote fundaram entidades voltadas para a educação e para a saúde das mulheres e das

crianças (Mott, 2001).

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A partir dos anos 1990, o trabalho voluntário cresceu e passou a se tornar um forte

movimento na sociedade, com a criação de organizações voltadas especificamente para

mobilizar pessoas para essas ações, divulgar e gerenciar programas de voluntariado:

“No final dessa década, foi sancionada uma lei que estabelecia limites legais entre o voluntário e a

relação de trabalho, oficializando então esse tipo de atividade nos mais diversos contextos sociais.

O trabalho voluntário ganha status legal, que o insere numa certa ordem social” (Ferrari, 2010, p.

22).

Historicamente, o voluntariado associa-se a trabalhos de caráter religioso,

assistencialista, paternalista e de ajuda às pessoas carentes e menos favorecidas. Entretanto,

ultimamente, tem se tornado cada vez mais expressão de uma ética da solidariedade e

participação cidadã. A motivação por valores de caridade, compaixão e amor ao próximo

começa a ceder espaço para a motivação por valores de cidadania, participação responsável,

consciente e comprometida com a comunidade. Os indivíduos e as instituições têm feito este

movimento de mudança (Cavalcanti et al., 2010).

Isso remete à discussão de aspectos motivacionais do voluntariado.

1.1.2. A motivação para o trabalho voluntário

O que leva as pessoas a exercer o trabalho voluntário? Quais os fatores motivadores

para o desempenho das atividades voluntárias? Estas perguntas norteiam este estudo.

Silva (2004) aponta cinco categorias de motivação dos voluntários: assistencial (se

propõe a ajudar o outro visto as necessidades deste); humanitária (na forma de contribuir com

o outro podendo incluir crescimento espiritual); política (relacionada ao exercício da

cidadania de ação emancipatória); profissional (referente a experimentar conhecimentos

adquiridos, aplicar conhecimentos, obter empregos em ONGs) e pessoal (vinculada a

tratamentos terapêuticos, busca de relacionamento interpessoal, busca de retorno emocional).

A motivação é um processo psicológico complexo que resulta da interação entre o

indivíduo e o ambiente que o rodeia (Latham, Pinder 2005). O ser humano desenvolve-se

cercado pelas circunstâncias; conduz-se pela razão e, também, por emoções, desejos.

Fortalece-se em atitudes e escolhas. E, sobretudo, alimenta-se de relacionamentos (Anjos,

2011).

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Algumas pesquisas na área da psicologia transcultural, indicam que as culturas variam

consideravelmente quanto aos significados e às manifestações do voluntariado e outras formas

de ajuda (Levine, Morenzayan e Philbrick, 2001).

Levantamento feito pelo IBOPE (2011) no Brasil não mostrou alguma adesão religiosa

específica como significativa para a motivação. No entanto, a atuação voluntária parece

crescer à medida que aumenta a frequência a cultos religiosos.

Outra influência no voluntariado é nível de renda. Há um efeito significativo do nível

de renda na relação entre motivações altruístas e egoístas para o trabalho voluntário. No

Brasil, os dois tipos de motivações são altos (Vliert et al., apud Pilati e Hess, 2011).

Isso é corroborado por estudo realizado no Brasil e em Portugal junto ao voluntariado

em oncologia que aponta o altruísmo como motivação para trabalho voluntário em ambos

países. A escolha do tipo de trabalho voluntário relaciona-se com aspectos individuais de

resolução de problemas vividos anteriormente pelas pessoas, o que pode ser tido como

individualista. Dentre as participantes brasileiras 95% informaram histórico pessoal ou

familiar de câncer; dentre as portuguesas foram 83% (Souza et al., 2003).

O altruísmo aparece na classificação para a motivação do trabalho voluntário de

McCurley e Lynch (1998). Para os autores, a motivação é: altruísta (ajudar aos outros,

obrigação de retribuir por algo recebido, dever cívico, convicção religiosa, fazer uma

diferença no mundo, crença na causa), interesse próprio (adquirir experiência, desenvolver

novas habilidades, constituir amizades, causar boa impressão a alguém, sentir-se importante e

útil, exibir capacidade de liderança, experimentar novos estilos de vida e culturas, prazer e

alegria) e familiar (aproximar a família, servir de exemplo, benefício e retorno próprios,

retribuir algo recebido por membro da família).

Segundo Clary et al., (1998) a perspectiva funcionalista da motivação para o

voluntariado classifica suas funções como: função de valores (oportunidades para o voluntário

expressar os seus próprios valores, altruísmo e humanismo); função de compreensão

(oportunidade para o voluntário aprender e exercitar o seu conhecimento e habilidades);

função social (oportunidade de estar com amigos ou fazer novos amigos), e função de

oportunidades de autoestima.

O voluntariado pode servir a diferentes funções pessoais, sociais, psicológicas. Moniz,

Araújo (2008) ao analisarem o voluntariado hospitalar indicam como:

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“Expressão de valores, que mantém a coerência com valores e convicções pessoais importantes,

bem como a disposição da personalidade” (Moniz, Araújo, 2008, p. 151).

Em resumo, os fatores motivadores do voluntariado incluem: necessidades, traços de

personalidade, valores e contexto (Pittman et al., 1987). Os valores influenciam

comportamentos porque funcionam como normativas para julgar e escolher entre alternativas

de comportamentos ().

A motivação altruísta ou a imbuída de obrigações morais são exemplos da motivação

como expressão de valores (Moniz, Araújo, 2008).

Cavalcanti et al., (2010) elaboraram quadro descritivo de hierarquia de valores

atinentes ao trabalho voluntário, reproduzido na íntegra no Quadro 1.

Quadro 1 - Quadro descritivo: Hierarquia de Valores.

Níveis Descrição

Altruísta

Retrata a percepção subjetiva de autosacrifício por parte do voluntário,

envolvendo risco, insalubridade e periculosidade, sob a perspectiva da

consciência de espécie ou de questionamento em torno das condições gerais

de vida de seres humanos. Nesse caso, há uma consciência social.

Afetivo

Reúne motivos relativos ao sentimento de auxílio a sujeitos e comunidades

em situações de exceção, via fornecimento de apoio direto aos menos aptos e

prósperos tais como idosos, crianças, desabilitados e pacientes em hospitais,

estando o voluntário interessado no resgate da cidadania, numa perspectiva

local.

Amigável

Contempla motivos vinculados à avaliação subjetiva de contribuição para o

bem-estar social, e de desafortunados em particular, sob uma perspectiva

amistosa, em que o voluntário se sente compartilhando algo próprio com

alguém em dado espaço organizacional.

Ajustado

Reúne motivos de uma forma específica de aprimoramento social não

centrada em temas cruciais ou aflitivos, mas que, de alguma forma, transmite

ao voluntário a sensação de estar, simultaneamente, promovendo a si próprio

e a vida do receptor sob uma interação grupal.

Ajuizado

Congrega motivos centrados na sensação de privilégios, de status e de

proteção, estando o voluntário interessado na construção e projeção da

autoimagem ou na promoção pessoal junto a indivíduos e coletividades.

Trata-se de um posicionamento centrado no eu, portanto, egoísta em

essência.

Fonte: Cavalcanti et al., (2010).

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Pesquisa realizada com voluntários na área da saúde em oncologia e soropositivos para

HIV apontou alguns elementos significativos para a inserção do voluntário: a experiência

anterior com a doença (pessoal, familiar ou no círculo social), a busca de realização pessoal

no atendimento às necessidades pessoais, o interesse em atender às necessidades de um grupo

específico (doentes, hospital ou a própria instituição voluntária e a influência social) (Moniz,

Araújo, 2006).

Um estudo realizado na Espanha para avaliar as diferenças de voluntários no primeiro

ano de atuação e após oito anos indicou o desenvolvimento de uma identidade voluntária, que

resiste à intenção comportamental da motivação inicial e às influências de mudanças

ambientais ao longo do tempo (Jiménez, Fuertes, Abad, 2010).

O aumento da percepção da própria eficácia em seu trabalho voluntário diminui o

desejo de parar a atividade do voluntariado. O apoio recebido dos funcionários aumenta a

sensação de quão bem eles estão fazendo como voluntários, sendo esta variável mais forte do

que outras (Maslanka, 1996).

O trabalho voluntário contribui na construção do bem comum como motivação ética

para guiar as pessoas no trabalho voluntário e participar ativa e criticamente na

democratização efetiva do Estado nas dimensões sociais, políticas e econômicas. Daí a

importância da motivação e identidade do voluntário (Cortina, apud Selli, Garrafa, Junges,

2008).

Num estudo de revisão da literatura sobre motivação, Ferreira, Proença T, Proença,

(2008) indicam três lacunas no conhecimento das motivações do voluntário: a omissão de

diferenças entre motivações relacionadas com a atração versus retenção dos voluntários, a

focalização das investigações no contexto norte-americano e australiano, e a ausência de

análises comparativas que relacionem as motivações por tipo de Organizações Não

Governamentais (ONG).

1.1.3. Aspectos da organização do trabalho voluntário

As ações voluntárias podem ser formais, quando abrangem serviços ligados a

organizações e informais, quando englobam trabalhos sem relação com uma organização

(Domeneghetti, 2001; Fernandes, 2005).

No Brasil, há leis federal e municipal que versam sobre o voluntariado nos hospitais

públicos. A Lei Federal nº 9.608/1998 dispõe expressamente que o trabalho voluntário será

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exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o

prestador de serviço voluntário (Brasil, 1998).

No município de São Paulo, o Decreto Municipal nº 48.696 datado de 05 de setembro

de 2007, institui o serviço voluntário para as Secretarias, Autarquias e Fundações,

normatizando as ações do voluntariado (Site prefeitura de Sâo Paulo).

Apesar disso não há orientações estabelecidas para o voluntariado nos órgãos da

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Assim, as atividades, contextos e enfoques do

trabalho voluntário variam nas instituições públicas paulistas (SES-SP, 2009).

Na esfera social, as questões vinculadas ao voluntariado se inserem na discussão sobre

o terceiro setor, considerado modelo emergente e em plena expansão. O terceiro setor

diferencia-se do primeiro setor, que é o governo de Estado, pois não possui fins públicos.

Também se diferencia do Segundo Setor representado pelo mercado, porque, embora mobilize

capital privado, não visa lucro (Selli, 2005; Andrade, Mello, 2006; Souza et al., 2010).

Di Pietro (2002) define o Terceiro Setor como entidades da sociedade civil de fins

públicos e não lucrativos. Diferentemente da concepção de assistência social do século XIX,

voltada para o atendimento das necessidades primárias dos menos abastados, o Terceiro Setor

atua na inserção de políticas públicas paralelas às desenvolvidas pelo Estado. Vai além do

auxílio financeiro, buscando recuperar a dignidade e promover a inclusão social dos mais

carentes. Atua na oferta gratuita de programas, promoção de saúde, educação, lazer e cultura.

1.2. O trabalho voluntário no Brasil

No Brasil, a tradição do voluntariado sempre esteve presente, na forma de doação de

dinheiro ou tempo de trabalho (Kisnerman, 1983).

A exemplo do que ocorre nos demais países que desenvolvem iniciativas de

voluntariado, no Brasil, a organização do trabalho voluntário, se dá através de Centros de

Voluntários (Comunidade Solidária, 2014).

A ação do Centro de Voluntários:

- Cria elos entre os que desejam doar seu tempo, trabalho e talento e as pessoas e

instituições que necessitam de apoio e ajuda;

- Identifica oportunidades criativas de participação solidária;

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- Ajuda programas e instituições a aperfeiçoar a mobilização e gerenciamento de

voluntários;

- Estimula a realização de ações voluntárias que respondam a demandas sociais não

atendidas;

- Oferece oportunidades de intercâmbio de experiências para voluntários e

instituições;

- Identifica, valoriza e divulga experiências exemplares de trabalho voluntário;

- Contribui para a consolidação de uma cultura do voluntariado como expressão de

uma ética da solidariedade e responsabilidade.

A atuação dos Centros de Voluntários se dá sempre em relação a um determinado

espaço ou área geográfica (Comunidade Solidária, 2013).

A maior parte dos centros define como sua área de atuação a cidade onde está

localizado. Entretanto, nada impede que um centro se proponha a promover e fortalecer o

voluntariado em escala mais ampla de um Estado ou Região ou, no caso de grandes

metrópoles, na escala mais reduzida de um conjunto de bairros. Esta decisão cabe a cada

centro (Portal do Voluntário, 2011).

Em 2011, segundo o Portal do Voluntário, o perfil do voluntário brasileiro não

apresentava destaque ou domínio de idades, rendas, níveis educacionais e filiações religiosas,

sendo expressivo do geral da população brasileira. A média anual de horas dedicada aos

serviços voluntários era de 74; 6 horas mensais. Das atividades realizadas, 58% ocorriam em

instituições religiosas e 16,7% na área de assistência social. A área da saúde recebe, apenas,

6,5% de dedicação. Boa parte da atuação dos voluntários é para a manutenção quotidiana da

infraestrutura das organizações, atendidas tais como: trabalho em escritório, manutenção das

dependências e outros serviços gerais. Estas ações não requerem maiores qualificações por

parte dos voluntários (Portal do Voluntário, 2011).

No Brasil, de acordo com pesquisa da Rede Brasil Voluntário, divulgada pelo Instituto

Brasileiro de Opinião Pública (IBOPE), um em cada quatro brasileiros com mais de 16 anos,

faz ou já fez algum trabalho voluntário. Isso significa que há cerca de 35 milhões de

brasileiros envolvidos com voluntariado (IBOPE, 2011).

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1.3. O trabalho voluntário na área da saúde

O voluntariado traz satisfações no plano individual, mas também favorece a instituição

que o promove. Nos hospitais, marcados por forte estruturação e cientificismo, a contribuição

do voluntariado incrementa a humanização dos cuidados (Cantril, 1991; Selli et al., 2008).

Merhy (1997), ao analisar o processo de trabalho em saúde em suas dimensões

tecnológicas, explicita as categorias: tecnologias duras, representadas pelas máquinas,

normas, estruturas organizacionais, tecnologias leve-duras, representadas pelos saberes

estruturados, normas e rotinas (como a clínica médica, a epidemiologia, etc), e, tecnologias

leves (tecnologias de relações do tipo produção de vínculo, autonomização, acolhimento,

gestão como forma de governar processos de trabalho). Nessa visão, o voluntariado se insere

no âmbito da tecnologia leve. Podem criar espaço de acolhimento, ampliando e humanizando

o apoio oferecido pelas instituições.

Segundo o site da Prefeitura de São Paulo (2011), o objetivo do voluntariado é

trabalhar pelo atendimento humanizado dos hospitais e unidades básicas, favorecendo um

ambiente harmonioso. Outros objetivos são: melhorar o bem estar dos pacientes e familiares,

buscar parcerias para a melhoria do trabalho voluntário, contribuir na disseminação de

informação de saúde.

Altos níveis de integração e capital social estão associados a melhor autopercepção de

saúde em muitos países desenvolvidos. Abordando a associação entre o voluntariado, o apoio

social e a auto percepção de saúde, as associações são notavelmente consistentes e indicam

que a relação entre capital social e saúde não se restringe a países de alta renda, mas estende-

se a países não desenvolvidos independentemente do seu nível de renda nacional (Kumar et

al., 2012).

Em Toronto, Canadá, pesquisa qualitativa com pacientes de câncer avaliou os riscos e

benefícios de um programa de voluntários de serviços de apoio. Os benefícios são: sensação

de humanização, segurança, apoio nas necessidades não médicas. Como experiência negativa

surgiu a indefinição do papel do voluntariado na fase de pré-tratamento (Nissim et al., 2009).

Na área da saúde, o trabalho voluntário também tem a missão de exercer a cidadania,

desenvolvendo ações que contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos usuários dos

serviços públicos de saúde (Landin, Scalon, 2000).

Na tradição do trabalho voluntário, o hospital sempre foi espaço de diversas dessas

iniciativas. Ainda são bastantes presentes nos hospitais as ações com caráter religioso e

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assistencialista. Os trabalhos mais sistematizados, com capacitação dos voluntários e caráter

de responsabilidade social estão em fase inicial. No entanto, mesmo sendo espaço

privilegiado pela tradição do voluntariado, o número de iniciativas hospitalares é pequeno

frente às necessidades destas instituições. As ações do voluntariado não duplicam o trabalho

da instituição de saúde, cuja competência específica é insubstituível. O trabalho voluntário

dialoga, colabora com programas existentes, estimula e apoia o surgimento de novas

iniciativas (Portal do Voluntário, 2011).

No Brasil, a Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer (APFCC), fundada

em 24 de agosto de 1994, com sede em São Paulo, possui diversos núcleos no interior

paulista. Sua proposta é atender pacientes carentes, portadores de câncer em hospitais

públicos a fim de oferecer um serviço assistencial de apoio e suporte à população carente com

câncer (Rockaêl, Magalhães, 2009).

Voluntários são parte do sistema de saúde na Austrália. Por exemplo, na área rural da

Austrália, o voluntariado precisa crescer e isso é responsabilidade da administração do

hospital, que reconhece este rico recurso e o utiliza sabiamente (Prabhu, Hanley, Kearney,

2008).

Nos Estados Unidos, voluntários foram treinados para realizar no recém-nascido um

programa de teste auditivo. A avaliação da equipe considerou os voluntários entusiastas no

contato com as mães durante a aplicação do teste (Messner et al., 2001).

Pesquisa sobre voluntariado em saúde apontou que, geralmente, os voluntários

contavam somente com sua disposição e seu empenho, com pouco preparo ou

acompanhamento específicos das instituições. Isso vem mudando (Dowbor, 2002).

Na saúde, um aspecto a ser considerado é a questão do vínculo entre os voluntários e

os profissionais de saúde. As propostas de recrutamento e treinamento de voluntários para

serviços básicos de saúde, na maioria das vezes, privilegia pessoal de nível escolar

fundamental e médio, selecionado na própria comunidade onde irá atuar. Isso representa a

tendência de considerar a população local como importante recurso humano para as ações

voluntárias de saúde. Representa, também, mudança política na estrutura dos serviços de

saúde, na medida em que pode contribuir para a repartição do saber e do poder (Scaravaglione

et al., 1984).

Paradis et al., (1989) defendem a reciprocidade entre voluntários e profissionais. Os

voluntários reivindicam mais acesso a informações técnicas sobre a evolução das

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enfermidades e modos de atendimento. Os profissionais almejam partilhar as informações,

que os voluntários detêm sobre as emoções do paciente e sua dinâmica familiar.

A Associação Americana de Hospitais, nos Estados Unidos, desde 1950, estabelece

que o voluntariado deva ser organizado como um grupo formalmente aprovado, agindo em

conexão com a administração hospitalar. Deve angariar recursos, visando aquisição de

equipamentos específicos, manutenção de algum setor e, cuidados para indigentes.

Ressaltava-se a necessidade de compreensão do funcionamento institucional por parte dos

voluntários e o reconhecimento da importância e potencialidade dos serviços prestados pelo

hospital (Moniz, Araújo; 2008).

Andrade e Mello (2006) realizou estudo sobre a possibilidade de interação entre

serviços governamentais e não governamentais como contribuição para a consolidação da

participação social no Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo discute as possibilidades de

participação social, a partir da atuação do voluntariado da Pastoral da Criança (PC). Esta,

criada em 1983, é um Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do

Brasil (CNBB), sem fins lucrativos, de natureza filantrópica, decretada de Utilidade Pública

Federal. Tem como base o trabalho na comunidade e na família voltadas para a sobrevivência

infantil, seu desenvolvimento integral e a solidariedade entre as famílias (Pastoral da Criança,

2000).

A PC treina voluntários, denominados líderes comunitários para vigilância nutricional,

por meio da pesagem mensal das crianças, do acompanhamento do seu desenvolvimento, de

alimentos enriquecidos, plantas medicinais e acompanhamento da gestante. Outros projetos a

cargo dos voluntários são: geração de renda, alfabetização de jovens e adultos, participação no

controle social e comunicação social (Pastoral da Criança, 2000).

As relações entre saúde, pobreza e exclusão são intrínsecas às condições estruturais de

organização econômica e social da sociedade. Agravam-se em períodos de crise econômica,

quando se esvaziam os investimentos nas áreas sociais. Nesses momentos, nas catástrofes

naturais e para fazer frente a novas pandemias, o trabalho voluntário ganha destaque (Moreira,

2010).

Na área da saúde, voluntários que atuam com câncer, sob a direção de um oncologista,

dedicaram-se à organização do primeiro hospice na cidade do Rio de Janeiro (Jurbert et al.,

2010).

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Para Wells et al., (1990), os voluntários poderiam ajudar a assegurar compatibilidade

entre programas de promoção de saúde e os elementos das organizações, pois são capazes de

traduzir os conceitos técnicos de saúde, em termos compreensíveis para seus pares e evitar

falhas culturais que os profissionais podem não ter consciência. Voluntários podem ter acesso

imediato a seus pares e membros de sua rede social e, assim, abordar os pontos de mudança.

1.3.1. O voluntariado na Aids

Global Vision International (GIVI) é uma ONG que trabalha com voluntários em

vários projetos e iniciativas ao redor do mundo. Os programas envolvem consciência global e

cultural com os projetos. Já participaram da GIVI mais de 20 mil pessoas. Entre os

segmentos sociais da ONG em que atuam voluntários, destaca-se a área da saúde, com

expressiva participação nas ações relacionadas à prevenção e ao apoio a portadores de

HIV/Aids (GIVI, 2011).

Levados por suas vivências pessoais, os voluntários que escolhem ser voluntários para

organizações de HIV/Aids, usualmente, não manifestam interesse em outras áreas do setor do

voluntariado. Homens e mulheres predominantemente homossexuais, sentem o HIV como um

problema que pode afetá-los pessoalmente através de amigos portadores do vírus - vivos ou

não, ou do impacto do HIV sobre a comunidade gay. Voluntários heterossexuais,

principalmente as mulheres, se envolvem no voluntariado por terem amigos gays ou uma

conexão com o HIV devido ao trabalho em profissões assistenciais. Duas motivações para o

voluntariado foram divulgadas: aprender mais sobre o HIV e a AIDS e dar algo de volta para

as comunidades afetadas (Maslanka, 1996).

Omoto e Snyder (1995) que identificaram alguns conceitos como motivação para o

voluntariado em portadores de HIV/Aids: atitudes que permitem expressar o desenvolvimento

de valores - como a contribuição humanitária para a sociedade; atitudes que englobam o senso

de entender o mundo – como curiosidades pessoais sobre outras pessoas e seus problemas;

ajuda para as pessoas em seus conflitos e ansiedades - com atitudes que devem ter na

resolução destes.

Estudo qualitativo para conhecer a relação dos voluntários, incluindo a motivação no

início e na manutenção das atividades, indicou que, inicialmente, valores pessoais como a

compaixão podem influenciar a motivação pessoal. A justiça social, responsabilidade com a

instituição e o homossexualismo funcionam como catalisadores da participação voluntária. A

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continuidade precisa de autodeterminação e afiliação institucional. O enriquecimento das

relações pessoais foi identificado como benéfico ao voluntariado (Crook, Weir, Willms,

2006).

A Casa Siloé, em São Paulo, Brasil, de orientação religiosa católica, abriga crianças

portadoras de HIV/Aids. O voluntariado, neste contexto, assume via de mão dupla: a

solidariedade para os voluntários, cuja participação é essencial para a manutenção dos

trabalhos da ONG (Andrade, Mello, 2006).

Fontaine et al., (2008) examinaram o papel da comunidade na compreensão do

voluntariado e sugerem que as comunidades que incentivam as pessoas a se voluntariar e se

conectar com outras pessoas têm ações benéficas para o dia-a-dia de pessoas que vivem com o

HIV.

Estudo de caso sobre a qualidade das redes de apoio disponíveis às portadores de

HIV/Aids e seus cuidadores em uma área rural da Africa do Sul, aponta que o apoio mais

eficaz vem de famílias e vizinhos, trabalhadores da saúde voluntários e missionários. Este

apoio é prejudicado por respostas contraproducentes de organizações religiosas, curandeiros

tradicionais, líderes locais, e, por baixos níveis de apoio dos órgãos do setor público e

privado (Campbell, Yugi, Zweni, 2008).

Apesar de escassez de trabalhadores da saúde em Malawi, África, treinar os

profissionais de saúde, como líderes voluntários de prevenção do HIV/Aids mostrou ser uma

estratégia na prevenção em regiões de recursos limitados (McCreary et al., 2013).

A literatura apresenta relatos de estigmatização para com voluntários em HIV/AIDS, o

que contribui para a decisão de abandonar o voluntariado. Além dos custos normais do

trabalho voluntário (tempo, energia), a estigmatização pode ser um custo social pronunciado

no contexto da Aids, um aspecto marcante. Há o estigma sentido pelo indivíduo e o efetivado,

que a sociedade constrói. Ambos têm grande impacto na saúde e na qualidade de vida das

pessoas envolvidas (Andrade, Nogueira-Martins, Bógus, 2007; Nogueira-Martins, Bersusa,

Siqueira, 2009).

Em Houston, Texas, os preditores de abandono no trabalho voluntário a portadores de

HIV/Aids ao longo do tempo, podem ser divididos: problemas do cliente e suas

ambiguidades, sobrecarga emocional, fatores organizacionais e intensidade de

despersonalização (Ross, Greenfield, Bennett, 1999).

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Altos níveis de estresses, referenciados como burnout, são vistos entre os voluntários e

também nos profissionais de saúde que atuam com portadores de HIV/Aids (Nesbitt et al.,

1996; Crook, Weir, Willms, 2006).

O burnout em voluntários pode ser diferente do que em profissionais de saúde, pelas

razões: voluntários optam por trabalhar na área de HIV/AIDS, têm o controle sobre o tempo

que passam como voluntariado; os voluntários são motivados internamente para trabalhar na

área de HIV/AIDS e, se não apreciar o trabalho, eles podem abandonar (Maslach, 1986).

Voluntários de um grande centro de assistência social de portadores de HIV/Aids no

sul de Londres relataram como motivações para o engajamento no voluntariado: aprender

mais sobre o HIV; dar algo de volta para as comunidades afetadas, e ganhar experiência

relevante neste trabalho. Alguns usuários do serviço também eram voluntários. Metade dos

voluntários desse serviço abandonou o trabalho em seu primeiro ano, o que coincide com

relatórios de outras organizações relacionadas ao HIV/Aids (Bebbington e Gatter, 1994).

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2. OBJETIVOS

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2. OBJETIVOS

Objetivo geral:

Analisar as motivações para o voluntariado em um hospital público da cidade de São Paulo,

especializado em HIV/Aids.

Objetivos específicos:

Descrever características sócio econômicas e demográficas do voluntariado em um hospital

público da cidade de São Paulo, especializado em HIV/Aids.

Reconhecer a visão dos voluntários acerca do trabalho voluntário em um hospital público da

cidade de São Paulo, especializado em HIV/Aids.

Identificar as funções do voluntariado em um hospital público da cidade de São Paulo,

especializado em HIV/Aids.

Identificar valores motivacionais do voluntariado em um hospital público da cidade de São

Paulo, especializado em HIV/Aids.

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3. MARCO TEÓRICO REFERENCIAL: TIPO MOTIVACIONAIS

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3. MARCO TEÓRICO REFERENCIAL: TIPOS MOTIVACIONAIS

Os valores têm sido objeto de estudo desde épocas remotas. Em 1918, Spranger, na

Alemanha elaborou uma espécie de tipologia para estudo dos valores e da personalidade. Os

tipos propostos foram: político (busca pelo poder), econômico (procura do útil), social (busca

do amor dos outros) e o estético (interesse avaliação das formas e da harmonia).

Posteriormente, Larcebeau, na França, 1974 utilizou a teoria de Spranger para construir o

Questionnaire d`Intérêts et de Valeurs (QIV). O foco diferencial nessas categorias de

interesses dá origem ao que Spranger chama de Lenbensformen (estilos de vida definidos

pelas áreas de interesse nas quais o indivíduo circula com maior frequência e satisfação)

(Tamayo, Porto, 2009).

Schwartz desenvolveu, primeiro, a teoria dos valores básicos em indivíduos de

culturas diferentes. Posteriormente, desenvolveu a teoria dos valores culturais, uma vez que

constatou diferenças entre as sociedades pesquisadas. O autor vem estudando esta temática há

mais de 20 anos (Gouveia et al., 2001; Bardi, Schwartz, 2003).

O autor propõe uma “teoria unificadora para o campo da motivação humana, uma

maneira de organizar as diversas necessidades, motivos e objetivos propostos em outras

teorias” (Schwartz, 2005, p. 21).

Bilsky e Schwartz (2008) definem valores como:

“(a) princípios ou crenças, (b) sobre comportamentos ou estados de existência, (c) que

transcendem situações específicas, (d) que guiam a seleção ou avaliação de comportamentos ou

eventos e (e) que são ordenados por sua importância” (Bilsky, Schwartz, 2008, p. 551).

Atualmente, a escala Portrait Values Questionnaire (PVQ) de Schwartz (2006) é

extensamente utilizada em vários países. Ela avalia o sistema de valores individuais baseada

no modelo teórico de valores humanos proposto pelo autor, que defende que estes funcionam

como um padrão de juízo, justificando as ações. Os valores são adquiridos por meio da

experiência do indivíduo, inserido no nos grupos e extratos sociais (Gouveia, Ros, 2000;

Schwartz, 2005).

Schwartz uma teoria refinada com base em valores individuais que provêm de um da

teoria original de 10 valores. A teoria refinada expressa valores que formam uma estrutura

circular motivacional contínua. A teoria define e ordena 19 valores contínuos tendo como

base compatíveis e conflitivo valores, expressão de auto-proteção versus engrandecimento, e

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valores pessoais versus foco em valores sociais. Multidimensional escala analisa predição

motivacional ordem dos valores, sendo que cada valor correlaciona unicamente com variáveis

externas (Schwartz, 1992).

O modelo postula que os valores situam-se ao longo de um continuum motivacional.

Os 10 tipos motivacionais integram-se em duas dimensões bipolares: Abertura à mudança

versus Conservação; Auto transcendência versus Autopromoção (Figura 1).

Figura 1 – Validação do QPV.

Fonte: Estrutura dos Valores Humanos segundo Schwartz, (2005).

Os polos dessas duas dimensões constituem os chamados fatores de ordem superior. A

validação do instrumento foi realizada progressivamente com 210 amostras provenientes de

67 países, num total de 64.271 sujeitos (Schwartz, 2005).

A estrutura circular representa a dinâmica das relações de congruência e conflito entre

os tipos motivacionais:

“Quanto mais próximos dois tipos motivacionais estão em qualquer uma das direções ao redor do

círculo, mais semelhantes são suas motivações subjacentes. Quanto mais distantes, mais

antagônicas são suas motivações subjacentes” (Schwartz, 2005, p. 29).

O desenvolvimento teórico traz as relações entre os valores e a motivação humana

sendo possível medir uma estrutura de compreensão dos valores dos valores que é

reconhecida nas diferentes culturas. A hierarquia de valores resulta dos condicionantes a que

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as pessoas estão expostas nas culturas. Há relação entre valores de vidas e comportamentos de

cooperação (Schwartz, 2005; Cavalcanti, 2002; Schwartz et al., 2012).

Os objetivos e os valores tem significação crucial para a sobrevivência (Lawrence,

apud Schwartz, 2005). Ao se pensar em valores, emerge o que é importante em nossas vidas,

tais como: segurança, benevolência, realização. As principais características dos valores são:

crenças (ligadas à emoção), constructo motivacional (objetivos desejáveis que as pessoas se

esforçam por obter), transcendem situações e ações específicas (normas e atitudes), seleção e

avaliação de ações (políticas, pessoas e eventos - servem como padrões e critérios),

prioridades axiológicas (Schwartz, 1992).

“Todas as características acima são valores. O que distingue um valor do outro é o tipo de objetivo

ou motivação que o valor expressa. A teoria de valores define dez tipos motivacionais de acordo

com a motivação subjacente a cada um deles. Presume-se que esses tipos motivacionais abrangem

o conjunto de valores motivacionalmente distintos reconhecidos entre as culturas. De acordo com

a teoria, esses tipos motivacionais tendem a ser universais porque estão baseados em um ou mais

dos três requisitos básicos à existência humana. Todos os indivíduos e sociedades têm de

responder aos seguintes requisitos: as necessidades dos indivíduos como organismos biológicos,

requisitos de ação social coordenada e necessidade de sobrevivência e bem-estar dos grupos”

(Schwartz, 2005, p. 23-4).

Isto porque, para Schwartz e Bilsky (1987), os valores são:

“representações cognitivas de três tipos de necessidades humanas universis: necessidades

biológicas do organismo; necessidade de interação social para a regulação das relações

interpessoais, e necessidades sócio-institucionais que visam o bem estar e sobrevivência do grupo”

(Schwartz, Bilsky, 1987, p. 551).

Os 10 tipos de valores postulados por Schwartz, segundo o que identificou nas

diversas culturas, tendem a ser universais e apresentam uma estrutura dinâmica nas relações

de congruência e conflito (Schwartz, 2005).

Para Schwartz (2005), os tipos motivacionais componentes da teoria de valores são:

autodeterminação (pensamento e ação independente); estimulação (excitação, novidade,

desafio na vida); hedonismo (prazer, gratificação sensual); realização (sucesso pessoal de

acordo com padrões sociais); poder (status social e prestígio); segurança (individual e grupal);

conformidade (restrição de ações que prejudicam os outros ou violam normas sociais);

tradição (respeito, aceitação dos costumes e ideias que a cultura ou a religião do indivíduo

fornecem); benevolência (preservar e fortalecer o bem-estar dos outros); universalismo

(compreensão, proteção de bem-estar humano e da natureza).

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O PQV-RR contém 57 descrições que apontam implicitamente para a importância

dada pela pessoa aos diversos valores (Anexo 1). Para cada item, o sujeito deve responder:

“Quanto essa pessoa se parece com você?”. As alternativas de respostas são: “Não se parece

nada comigo”; “Não se parece comigo”; “Se parece pouco comigo”; “Se parece mais ou

menos comigo”; “Se parece comigo”; “Se parece muito comigo” (Schwartz, 2005).

O Questionário de Valores Revisado (PVQ-RR) apresenta 57 breves descrições de

pessoas diferentes, cada uma com metas, aspirações, ou desejos implicitamente relacionados

ao valor em questão. As descrições do PVQ-RR têm variações por sexo (com versões

masculinas e femininas do mesmo item) e representam uma revisão do questionário utilizado

por Schwartz et al., (2012). As respostas são codificadas pelo pesquisador, que atribui a elas

valores que variam, respectivamente, da primeira à última opção rotulada na escala verbal

(Torres e Schwartz, 2016).

Apesar da teoria discriminar dez tipos motivacionais, ela postula que, em um nível

básico, os valores formam um continuum de motivações relacionadas, compartilhado por

tipos motivacionais adjacentes (Schwartz, Boehnke, 2004; Porto, 2005):

a) Poder e realização - superioridade social e estima;

b) Realização e hedonismo - satisfação centrada no indivíduo;

c) Hedonismo e estimulação - desejo por excitação afetivamente agradável;

d) Estimulação e autodeterminação - interesse intrínseco em novidade e domínio;

e) Autodeterminação e universalismo - confiança no próprio julgamento e conforto

com a diversidade da existência;

f) Universalismo e benevolência - promoção de outros e transcendência de interesses

egoístas;

g) Benevolência e conformidade - comportamento normativo que promove

relacionamentos íntimos;

h) Benevolência e tradição - devoção ao grupo primário;

i) Conformidade e tradição - subordinação do indivíduo em favor de expectativas

socialmente impostas;

j) Tradição e segurança - preservação de arranjos sociais existentes que dão segurança

à vida;

k) Conformidade e segurança - proteção da ordem e da harmonia nas relações;

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l) Segurança e poder - evitar e superar ameaças, controlando relacionamentos e

recursos.

A religiosidade relaciona-se a valores, como ficou patente no estudo de Saroglou,

Delpierre, Dernelle (2004) com amostra de 15 países onde aplicaram o modelo de Schwartz

para investigar esta questão. A relação da religião com os valores foi constatada em diferentes

religiosidades.

Uma versão refinada dos 19 valores humanos básicos foi apresentada em 2012. Sua

utilidade e validade foi demonstrada em associações com atitudes e crenças, mas não com

comportamentos, em diferentes países, inclusive o Brasil (Porto, 2005; Torres e Schwartz,

2016).

A Figura 2 ilustra o ordenamento dos 19 valores na estrutura circular da teoria

Fefinada.

Figura 2 - O círculo motivacional dos valores de acordo com a teoria de valores básicos

refinada.

Fonte: Adaptada de Schwartz et al., (2012) apud Torres e Schwartz, (2016).

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O círculo mais externo agrupa os valores em dois grandes grupos: os relacionados a

lidar com a ansiedade e proteção do self (parte inferior) e os que têm seu foco relacionado ao

autodesenvolvimento e são relativamente livres de ansiedade (metade superior). O segundo

círculo distingue os valores voltados a resultados para a própria pessoa (à direita; foco

pessoal) e os voltados a resultados para outras pessoas ou instituições (à esquerda; foco

social). O terceiro círculo indica os quatro tipos motivacionais de segunda ordem, já descritos

na primeira versão da teoria, que captam as duas dimensões bipolares de incompatibilidade

motivacional entre os valores. Tanto na teoria refinada como na original os 19 valores mais

estreitamente definidos abrangem o mesmo contínuo motivacional proposto pelos 10 valores

originais. Ao combinar valores adjacentes no círculo é possível recapturar os 10 valores

originais e formar diferentes agrupamentos de valores para uso em estudos específicos

(Schwartz, 2012).

Cada um dos 10 valores descritos na teoria original se correlaciona a comportamentos

rotineiros que supostamente são motivados pelo valor. As pessoas expressam seus valores por

meio dos comportamentos visando, primeiramente, tentar atingir as metas importantes para

elas e em segundo lugar, reafirmar os valores centrais às suas identidades (Bardi, Schwartz,

2003; Schwartz, 2006).

Alguns estudos demonstraram que a manipulação de valores exerce uma influência

sobre o comportamento de maneira consistente com o valor em questão (Maio et al., 2009).

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Figura 3 - Modelos das análises fatoriais confirmatórias da estrutura proposta do PVQ-RR por tipos de segunda ordem.

Autotranscedência Abertura à Mudanças Autopromoção Conservação

Fonte: Adaptada de Schwartz et al., (2012) apud Torres e Schwartz, (2016).

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Figura 4 - Projeção bidimensional do Escalonamento Multidimensional.

Fonte: Adaptada de Schwartz et al., (2012), apud Torres e Schwartz, (2016).

Nota: UNT= universalismo tolerância; UNN= universalismo natureza; UNC= universalismo compromisso; BEC=

benevolência cuidado; BED= benevolência dependência; HUM= humildade; COI= conformidade interpessoal; COR=

conformidade com as regras; TR= tradição; SES= segurança social; SEP= segurança pessoal; POR= poder sobre recursos;

POD= poder de domínio; RE= realização; FAC= face; HE= hedonismo; EST= estimulação; SDT= autodireção de

pensamento; SDA= autodireção de ação.

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Quadro 2 - Os 19 Valores da Teoria Refinada, definidos em termos de Metas

Motivacionais.

Valor Definições Conceituais em Metas Motivacionais

Auto direção de Pensamento Liberdade para cultivar suas próprias ideias e habilidades

Auto direção de Ação Liberdade para determinar suas próprias ações

Estimulação Excitação, novidade e mudança

Hedonismo Prazer e gratificação sensual para si mesmo

Realização Sucesso de acordo com os padrões sociais

Poder de Domínio Poder pelo exercício de controle sobre outras pessoas

Poder sobre Recursos Poder pelo controle sobre materiais e recursos sociais

Face Manutenção da sua imagem pública e evitar humilhações

Segurança Pessoal Segurança em seu ambiente imediato

Segurança Social Segurança e estabilidade da sociedade (mais ampla)

Tradição Manutenção e preservação da cultura, família ou religião

Conformidade com Regras Conformar-se com regras, leis e obrigações formais

Conformidade Interpessoal Evitar chatear ou machucar outras pessoas

Humildade Reconhecimento da própria insignificância em um contexto

amplo

Benevolência Dependência Ser um membro confiável e fidedigno do endogrupo

Benevolência Cuidado Devoção ao bem estar dos membros do endogrupo

Universalismo Compromisso Comprometimento com igualdade, justiça e proteção de

todas as pessoas

Universalismo Natureza Preservação do ambiente natural

Universalismo Tolerância Aceitação e compreensão daqueles que são diferentes de si

mesmo

Fonte: Adaptada de Schwartz et al., (2012), apud Torres e Schwartz (2016).

Usando a teoria funcionalista, Clary et al., (1998) trabalharam com as motivações dos

voluntários e desenvolveram um instrumento para avaliar as funções internas do voluntariado.

O propósito era compreender o que motivava as pessoas ao voluntariado, o processo da

iniciativa, direcionamento e perserverança na ação voluntária. A análise funcional adotada

pelos autores é uma abordagem explicitamente voltada para as razões, propósitos, planos,

metas que subsidiam e geram fenômenos psicológicos, ou seja, as funções pessoais e sociais

atendidas pelos pensamentos, sentimentos e ações individuais.

Assumem que os voluntários se engajam neste tipo de trabalho para satisfazer metas

pessoais, pois as pessoas têm planos, propósitos e dirigem-se por objetivos. Assim, o que

motiva as pessoas são diferentes razões, por isso, os voluntários, ainda que façam a mesma

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atividade voluntária, em uma mesma organização, pode ter diferentes motivações. Uma das

motivações, ou funções pessoais do voluntarismo, é a expressão de valores como

humanitarismo, altruísmo e ajuda aos menos afortunados (Clary et al., 1998; Clary, Snyder,

1999).

Como afirmam Pilati e Hees (2011):

“O Inventário de Funções do Voluntariado (IFV), de Clary et al., (1998), constitui exemplo de

instrumento desenvolvido para a identificação das motivações individuais de natureza genérica

para o trabalho voluntário, com base no referencial teórico funcionalista, que se preocupa com a

identificação de razões, planos e metas subjacentes ao pensamento, sentimentos e comportamento

do indivíduo. Segundo esse referencial teórico, as pessoas assumem atitudes e se engajam em

determinados comportamentos como forma de atender a certas funções psicológicas. O uso da

abordagem funcional para analisar as motivações para o voluntariado revela, portanto, que a

prática do mesmo tipo de ajuda pode refletir motivações individuais bastante distintas” (Pilati,

Hees, 2011, p. 279).

A análise funcional do voluntariado parte, então, do pressuposto de que as ações dos

voluntários que, aparentemente, são similares à primeira vista podem refletir processos

motivacionais bastante diversos, até mesmo opostos, e compreender as funções pessoais

atendidas pelo trabalho voluntário ajuda a desvelar a dinâmica por trás da prática do ajudar.

Esta análise também avança para uma posição interacionista, na medida em que não perde de

vista a conjugação entre as motivações individuais e as oportunidades do meio social (Clary et

al., 1998; Clary, Snyder, 1999).

O Inventário de Funções do Voluntariado (Clary et al., 1998) foi incorporado ao

marco deste estudo, a fim de complementar a investigação das motivações do voluntariado

estudado. Sendo o marco secundário, segundo o método de pesquisa adotado, complementou

o marco primário que é a Teoria de Valores (Schwartz, 2005). A convergência entre o

modelo de valores de Schwartz e o Inventário de Funções do Voluntariado foi corroborada

por Pilatti e Hees (2011).

As motivações para o voluntariado, de acordo com as funções pessoais que esta

atividade pode atender são:

- Função valores, quando a pessoa torna-se voluntária para poder expressar

humanismo, altruísmo e ajuda aos mais necessitados;

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- Função compreensão, quando o voluntário procura este tipo de trabalho para

aprender mais sobre o mundo e exercitar habilidades que não aplica habitualmente;

- Função aprimoramento, quando a pessoa busca crescimento e desenvolvimento

psicológico por meio do envolvimento no trabalho voluntário;

- Função carreira, quando a pessoa busca o voluntariado como meio de obter

experiência e ganhos para a atuação profissional;

- Função social, quando o trabalho voluntário é usado para o fortalecimento das

relações sociais da pessoa;

- Função protetora, quando a pessoa usa o trabalho voluntário como meio para

diminuir problemas pessoais e sentimentos negativos como culpa, luto.

O Inventário de Funções do Voluntariado (IFV), elaborado por Clary e Snyder, nos

EUA, em 1991, tem perguntas com descrições breves de razões para o trabalho voluntário. A

cada uma destas, por meio de uma pontuação crescente de 1 a 7, o respondente é solicitado a

indicar o grau de importância que o item descrito possui para o seu trabalho voluntário.

Inicialmente o IFV tinha 30 questões, mas estas foram agrupadas e, na versão atual, são 24.

O IFV foi adaptado e validado para a população de vários países, inclusive o Brasil. A

adaptação para a população espanhola foi feita por Dávila e Chacón, (2005), resultando em

uma estrutura de seis fatores, muito semelhante à proposta no estudo original. Pesquisa

realizada em Madrid, mediante pergunta aberta a uma amostra de 1517 pessoas, permitiu

concluir que a principal motivação do voluntariado desse país está na função valores. A

categorização dos resultados encontrou um agrupamento de 19 categorias, 13 das quais já

estavam contempladas no IFV (Chacón et al., 2010). Na China, o IFV, adaptado para a

realidade chinesa, foi aplicado em estudantes universitários e as motivações se agruparam em

torno das funções valores, carreira, social e entretenimento. Ou seja, apresentaram uma

estrutura diferente da inicialmente proposta (Wu et al., 2009). García (2012), na Colômbia

aplicou o IFV identificando seis motivações comuns aos voluntários: humanitarismo,

aprendizagem, adaptação social, experiência, proteção do ego e desenvolvimento pessoal com

uma estrutura muito próxima do original (Quadro 3).

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Quadro 3 - Inventário das Funções do Voluntariado.

Função Definição

Valores Expressão de valores humanistas.

Compreensão Aprendizado sobre o mundo e prática de habilidades pouco utilizadas.

Melhora Crescimento e desenvolvimento psicológicos.

Carreira Experiências para o desenvolvimento da carreira.

Social Fortalecimento das relações sociais.

Proteção Redução de sentimentos negativos e esquecimento de problemas pessoais.

Fonte: Traduzido livremente de García, (2012).

Pilati e Hees (2011) validaram o IFV para a população brasileira (Anexo 2) e não

replicou-se a estrutura original de seis fatores do instrumento (Quadro 4), ainda que tenha se

encontrado uma estrutura fatorial equivalente e que mantem as principais características

teóricas da proposição de Clary et al., (1998). As funções “carreira” e “proteção”

permaneceram conforme a proposta original, pois fatorialmente agregaram itens unicamente

pertencentes a estas dimensões. Valores e entendimento agruparam-se em um fator único.

Esse resultado, segundo Pilati e Hees (2011), pode ser interpretado como a oportunidade de

colocar em prática conhecimento e habilidades enquanto algo coerente e altamente

relacionado à expressão de valores altruístas. Também as funções social e engrandencimento

agregaram-se em um único fator. Na esteira da mesma interpretação, segundo os

pesquisadores, isso pode significar que a motivação de participação na atividade voluntária

representa, concomitantemente, uma forma de manter relações sociais e expressar uma visão

positiva de si mesmo, ou seja, evidencia-se que possuir relações sociais e ser apreciado é um

meio para manter autoestima positiva.

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Quadro 4 - Inventário de Funções do Voluntariado na versão adaptada para o Brasil.

Função Definição

Fator 1 -

Social/Engrandecimento

Fortalecer suas relações sociais. Aprender mais sobre o mundo,

as habilidades que são utilizadas.

Fator 2 -

Valores/Entendimento

Expressar ou atuar em valores importantes como o humanismo.

Se pode crescer e desenvolver psicologicamente através de

atividades do voluntariado.

Fator 3 - Proteção Reduzir os sentimentos negativos, como a culpa, ou para fazer

frente a problemas pessoais.

Fator 4 - Carreira Desenvolver a carreira através de experiências relacionadas ao

voluntariado.

Fonte: Pilati e Hess, (2011).

Os resultados da aplicação dos dois instrumentos apresentados, em voluntários de

diversas regiões do Brasil, também indicaram que as motivações agregavam-se em torno

desses quatro fatores, ainda que em ordem diferente: valores e entendimento, proteção,

carreira e engrandecimento pessoal. Este resultado replica parcialmente a estrutura fatorial do

instrumento original e confirma a existência de diferenças culturais nas motivações para o

voluntariado (Campos, Porto, 2010), reforçando os pressupostos dos propositores que a

motivação individual e o meio social estão em constante interação.

O estudo das motivações do voluntariado pode apoiar a gestão desses programas, pois

a satisfação das motivações é chave para permanência dos voluntários. As pessoas se tornam

voluntárias e se mantêm no voluntariado motivadas pela satisfação de funções psicológicas

(Clary et al., 1998). A possibilidade de relacionar motivação no trabalho com o perfil

motivacional dos voluntários preenche lacunas dos programas, cujas avaliações baseiam,

principalmente, nas abordagens exógenas ou endógenas de motivação. Correlacionar

motivações com diferentes abordagens e escalas de avaliação podem fornecer os elementos

básicos para acompanhamento do desempenho dos programas de voluntariado (Tamayo et al.,

2003). Apesar disso, há autores que questionam o uso indiscriminado dos questionários

fechados para pesquisar as motivações do voluntariado (Chacón, Vecina, Dávila, 1997;

Allison et al., 2002).

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4. MÉTODO

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52

4. MÉTODO

4.1. Tipo de pesquisa

Trata-se de um estudo de caso descritivo-analítico, por meio de pesquisa que usou

método misto.

O estudo de caso é a investigação em profundidade de uma única ou um pequeno

número de entidades. A entidade pode ser qualquer unidade social: indivíduo, família, grupo,

instituição ou comunidade. O caso também pode ser um evento, um episódio de doença, um

programa, um período de tempo (Tobar et al., 2001).

O propósito do estudo de caso é reunir informação abrangente, sistemática e em

profundidade sobre o fenômeno em investigação. É útil quando se almeja entender em

profundidade pessoas, problemas, situações particulares. Nos estudos de caso, a preocupação

do pesquisador é perceber o que o caso sugere a respeito da totalidade, ultrapassando os

limites do caso. Isto porque este procedimento de pesquisa supõe que é possível adquirir

conhecimento do fenômeno a partir da exploração intensa de um único caso (Tachizawa et al.,

1999).

Segundo Ventura (2007), o estudo de caso como modalidade de pesquisa é entendido

como uma metodologia ou como a escolha de um objeto de estudo definido pelo interesse em

casos individuais. O delineamento do estudo de caso como metodologia de investigação

mostra a definição de quatro fases relacionadas: delimitação da unidade de caso; coleta de

dados; seleção; análise e interpretação dos dados e elaboração do relatório de caso.

A característica fundamental do estudo de caso é focalizar uma situação, um fenômeno

particular, o que o torna um tipo de estudo adequado para investigar problemas práticos.

Ainda caracterizam o estudo de caso: descrição detalhada, completa, literal da situação

investigada; indução, ou seja, em sua maioria, os estudos de caso se baseiam na lógica

indutiva (Deus, Cunha, Maciel, 2010).

O uso de métodos mistos neste estudo pretendeu abranger os tipos motivacionais do

Serviço de Voluntários do Hospital H (SVHH), e os valores envolvidos para o

desenvolvimento deste trabalho.

Pesquisas que usam método misto empregam duas ou mais estratégias quantitativas e

qualitativas para a abordagem do objeto de estudo. Ou seja, os estudos mistos (mixed methods

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research) implementan em uma única pesquisa, concomitante ou sequencialmente, várias

estratégias diferentes para dar conta das perguntas e dos objetivos propostos no projeto

(Souza, Driessnack, Mendes, 2007). O desenho destas pesquisas permite que o pesquisador

recolha, analise e relacione aspectos qualitativos e quantitativos do fenômeno em estudo em

um único programa de investigação (Creswell, 2010).

Estudos conduzidos por processos de investigação mista caracterizam-se por

(Johnson, Onwuegbuzie, Turner, 2007):

- Triangulação para convergência e corroboração das diferentes estratégias e métodos

adotados na pesquisa;

- Complementaridade entre os métodos adotados para elaboração, ilustração e

clarificação dos resultados, de forma que o resultante de um informe o que resulta

dos demais;

- Expansão do alcance e diversidade da pesquisa com o uso de diferentes métodos

segundo os diversos componentes do estudo e do fenômeno estudado, no intuído de

descobrir, também, paradoxos e contradições que podem levar ao reenquadramento

da questão de investigação.

De fato, é a triangulação que permite articular, complementarmente, as abordagens

para ampliar a magnitude e compreensão de um fenômeno em um único estudo. A

triangulação propicia o dimensionamento e a compreensão das relações, movimentos,

percepções e interpretações dos achados, incluindo a compreensão e interpretação dos atores

envolvidos no fenômeno estudado (Minayo, 2006).

Em pesquisas por métodos mistos, a palavra “métodos” deve ser encarada de forma

abrangente. Assim, referem-se a estratégias de coleta de dados (questionários, entrevistas,

observações); métodos de investigação (experiências, etnografia) e questões filosóficas

adjacentes (ontologia, epistemologia). Portanto, as pesquisas por métodos mistos não se

reduzem a expressar a aplicação apenas de diversos métodos de coleta de dados, mas aos tipos

de dados coletados (Greene, 2006; Johnson, Onwuegbuzie, Turner, 2007).

A integração dos métodos de pesquisa pode se dar de forma a manter as estruturas e

procedimentos originais dos enfoques qualitativos e quantitativos (métodos mistos puros) ou

estes podem ser adaptados, alterados, sintetizados para se enquadrarem nas peculiaridades do

estudo e do fenômeno investigado (métodos mistos modificados) (Tashakkori, Teddie, 2010).

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O referencial teórico primário do projeto é que orienta a direção da integração dos

métodos, dando o tom analítico do estudo e guiando a organização, análise dos dados e

determinação da amostragem. Os demais componentes contribuem para uma perspectiva de

refinamento da descrição ou aprofunda a exploração propiciada pelo referencial teórico

tomado como primário (Souza, Driessnack, Mendes, 2007).

No presente estudo, o referencial primário tem pressupostos quantitativos, como

descritos no apartado do Referencial Teórico-Metodológico. Isso determinou a amostragem e

a opção pela análise de conteúdo temática para o trato dos dados qualitativos.

4.2. Cenário do estudo

Este projeto foi desenvolvido em Hospital Público Estadual de São Paulo, referência

para HIV/Aids, sob gestão da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.

Na história de São Paulo, as epidemias no século XIX assustavam e atingiam milhares

de pessoas. A varíola foi a epidemia que mais causou terror entre a população, em meados do

século XIX. Viu-se então, a necessidade da criação de um espaço para tratar os doentes.

Assim nasceu, em 1880, o Lazareto dos Variolosos. Este hospital de isolamento, também

cuidou dos casos de febre amarela, outra epidemia que ameaçava a população. Foi nele que

Emílio Ribas e Adolfo Lutz começaram uma série de experimentos sobre a febre amarela

(Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 2010).

Depois da varíola e da febre amarela, eram a difteria e a febre tifoide que mais

chamavam atenção graças ao número de pacientes internados. Em 1914, foi registrado o

primeiro surto de febre tifoide. O número de hospitalizados foi tão grande que, em poucos

dias, fez-se necessário a montagem de uma enfermaria de apoio ao Hospital de Isolamento. A

partir de 1970, registrou-se aumento dos casos de Meningite. Os doentes de meningite e de

outros casos buscavam o Hospital Emílio Ribas, que logo chegou a capacidade máxima de

atendimento (Instituto de Infectologia Emílio Ribas, 2010).

Nos Estados Unidos, entre 1981 e 1982, surge o primeiro caso de Aids, definido pelo

Center Disease Control and Prevention (CDC). A Aids é descrita como patologia infecciosa,

marcada pela deficiência do sistema imunológico e associada a doenças oportunistas. O

primeiro paciente com Aids no Brasil, faleceu em 1980, mas só foi identificado portador da

Síndrome em 1982. O fato ocorreu em São Paulo e o paciente esteve internado no Emílio

Ribas. A equipe médica buscou conhecimento para tratar doença, no entanto, não havia

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material disponível sobre a nova patologia, e tampouco testes, diagnósticos ou tratamentos

eficazes (Site do IIER, 2014).

O aumento veloz dos casos de Aids ocorrido a partir de 1983 assustou a população e

os hospitais passaram a recusar os pacientes que apresentavam os sintomas da doença como

as infecções oportunistas. O Hospital Emílio Ribas, no entanto, não recusava pacientes,

tornando-se responsável por quase 90% do atendimento dos casos de Aids (Site do IIER,

2014).

Em 1991, o Hospital Emílio Ribas torna-se Instituto de Pesquisa e Referência em

Infectologia, passando a se chamar “Instituto de Infectologia Emílio Ribas” (Site do IIER,

2014).

Em 2009, o IIER é qualificado como integrante do Centro Internacional para

Cooperação Técnica (CICT) em HIV/Aids. A iniciativa é uma parceria entre o Ministério da

Saúde Brasileiro e o Programa Conjunto das Nações Unidas para HIV/Aids, que tem o

objetivo de fortalecer a capacidade de tratamento da Aids em países em desenvolvimento.

Quatro anos antes o IIER havia sido certificado pelos Ministérios da Educação, da Cultura e

da Saúde como Hospital de Ensino, contribuindo na formação de recursos humanos para o

Brasil e exterior (Site do IIER, 2014).

Para auxiliar na construção do projeto, já que há poucos registros escritos sobre o

voluntariado no SVHH, buscamos alguns informantes-chaves: a voluntária que implantou o

voluntariado no Brasil, a advogada aposentada e mãe do vice-presidente do Brasil, Dra. Maria

da Glória Temer, a voluntária que ajudou a implantar o voluntariado da APFCC no Estado de

São Paulo, a contadora Ophélia Santos de Pace, e a médica fundadora, e atual coordenadora

da Associação do Voluntariado (VER) do IIER, Dra. Glória Letice Brandão Figueiredo

Brunetti. Isso foi possível porque o pré-projeto do presente estudo foi aprovado pelo Comitê

de Ética (CEP) em Pesquisa do IIER em 2010, (Anexo 4), e, pela Comissão Científica do

IIER (Anexo 5), obtendo autorização para início do estudo (Anexo 6). Também tramitou na

Comissão Científica do Instituto de Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo,

em 2011 (Anexo 7).

Segundo Dra. Glória Brunetti, a Associação do Voluntariado do Instituto de

Infectologia Emílio Ribas (VER) foi fundado, oficialmente, em 1993. Sua missão é realizar

ações de humanização por meio do trabalho voluntário para valorizar a vida, a dignidade e a

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cidadania dos pacientes atendidos no IIER. Atualmente o VER é formado por setores, cada

qual com suas atividades específicas:

- Administrativo: ajudar na organização interna, na entrega e controle de leite em pó

integral, sandálias, material de higiene pessoal e roupas.

- Artesanato: estimular pacientes e seus acompanhantes a desenvolver trabalhos

manuais de fácil confecção.

- Bazar: realizar triagem das doações recebidas visando a venda para funcionários do

Instituto e pacientes, uma vez ao mês.

- Leitura solidária especial: atendimento a pacientes com necessidades especiais.

- Mãos que cuidam: massagens leves e reconfortantes para pacientes no leito

hospitalar.

- Oficina de pintura: exercício de criatividade, imaginação e relaxamento através da

arte (pinturas, colagens, desenhos, etc).

- Poder jovem: teatro, aulas de música, dança e passeios culturais com a finalidade de

estimular e manter a adesão ao tratamento clínico de adolescentes que vivem com

HIV/Aids.

- Saber continuado: desenvolver atividades lúdicas e pedagógicas com as crianças

internadas.

- Sala multidisciplinar: acolhimento do adolescente em tratamento ambulatorial no

período de espera médica. Central de suporte de dúvidas e informações de assuntos

diversos, tanto presencial quanto virtual.

- SOS beleza: auxiliar no resgate da autoestima e valorização humana, através da

estética e cuidados com cabelos e mãos.

A cada semestre ocorre treinamento para os voluntários poderem atuar no SVHH,

estes são selecionados por entrevistas. O treinamento é composto de quatro encontros (um por

mês). O primeiro encontro trata de uma palestra inicial, o segundo tem como tema o

voluntariado, o terceiro o paciente e por último a temática do hospital e a biossegurança.

Após estes encontros, os voluntários passam por um treinamento dentro do hospital

por quatro dias consecutivos no período (dia), horário (manha ou tarde) e setor que pretendem

atuar dentro do voluntário. Este treinamento é realizado por um membro do voluntariado mais

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“antigo” que vai aos andares/setor atuar acompanhado de dois “novos” voluntários. Assim se

inicia a entrada do voluntário no hospital.

Depois desta etapa há uma cerimônia de formatura aonde eles recebem um jaleco

verde (cor do voluntariado do SVHH) e um botton. O jaleco é adquirido pelo voluntário com

recurso financeiro próprio.

A aplicação da pesquisa iniciou com os voluntários “formados” e os que estavam em

formação, ao término desta foram liberados pela coordenação do SVHH para participar da

pesquisa. Desta forma, o estudo incluiu voluntários com maior tempo de experiência quanto

os que estavam no início da atividade voluntária. As recusas e exclusões foram por: não

completar os instrumentos, doença, licença, desistência do voluntariado, alocação do

voluntário no SVHH, falta de disponibilidade para a entrevista devido à organização do

trabalho voluntário.

Neste estudo, optou-se por pesquisar os voluntários a partir do vínculo com uma

organização de saúde bastante específica. Entretanto, não se desconhece que o trabalho

voluntário também pode se dedicar a ajudar estranhos em locais aleatórios (Colby et al.,

1992).

4.3 Participantes da pesquisa

Foram convidados a participar da pesquisa:

a) Todos os voluntários (as) do Hospital Público Estadual de São Paulo, referência

para HIV/Aids.

b) Coordenadora do voluntariado do Hospital Público Estadual de São Paulo,

referência para HIV/Aids.

O número total estimado de voluntários era 230, entretanto, conseguiu-se efetivar o

convite a 211 potenciais participantes.

O tamanho da amostra necessária foi calculada com base no estudo de Pilati e Hess

(2011) o Inventário de Funções do Voluntariado (IFV), apresentou média M e desvio-padrão

S. Para estimar a média desse instrumento na população com erro menor ou igual a 0,1, a

amostra deveria ser de no mínimo 107 voluntários com confiança fixada em 95%. Foi

utilizado o fator “carreira”, que tem maior variação de ser no máximo a margem de erro 0,1

para população finita.

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Entretanto, para o QPV-RR, referencial primário do estudo, ter significância estatística

a amostra deveria ser de 147 questionários preenchidos, chega-se a mesma margem de erro

(0,1) (Torres e Schwartz, 2016). Assim, participaram deste estudo 160 voluntários, incluindo

a coordenadora do serviço.

4.4. Coleta de dados

O período de coleta de dados foi de 23/02 a 19/06/2015. Iniciou-se a coleta dos dados

após a autorização da coordenadora do SVHH e o Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

dos voluntários (Apêndice 1), conforme projeto aprovado pelos Comitês de Ética da EEUSP,

Comissão Científica do IIER, Comitê de Ética em Pequisa do IIER (Anexo 8, 9, 10).

A coordenadora do SVHH escreveu uma carta para os voluntários, na qual dava

ciência da pesquisa e informava que os voluntários estavam autorizados a participar, mas que

a participação era totalmente livre, sem prejuízos para o serviço e para cada um no caso de

recusa. No primeiro contato da pesquisadora com o voluntário, apresentava-se o TCLE,

esclarecendo os objetivos da pesquisa e os quatro instrumentos que o participante deveria

responder. Respeitou-se a disponibilidade de tempo e os afazeres dos voluntários, sendo

oferecida possibilidade de se preencherem os instrumentos em mais de um encontro. Esta

estratégia não prejudicaria a coleta e tampouco comprometeria o estudo, já que os objetivos e

dados de cada instrumento eram distintos. Apesar disso, a maioria foi dos participantes

preferiu responder tudo em um único encontro.

As entrevistas ocorreram no horário em que o voluntário estava no hospital para

exercer o trabalho voluntário. A pesquisadora ficava na sala da administração do SVHH e

abordava os voluntários dos diversos setores do Serviço presentes no dia, no momento em que

iam guardar seus pertences, assinar o ponto, preencher relatórios ou tomar ciência da escala e

tarefas pendentes. Após consentimento formal do voluntatário para participar da pesquisa, a

entrevista era feita em uma das salas do SVHH que estivesse disponível no momento, de

forma a manter a privacidade do entrevistado. Os depoimentos foram gravados e,

posteriormente, transcritos. Somente três participantes recusaram a gravação e, nesses casos, a

doutoranda tomou notas por escrito dos depoimentos e das respostas às questões.

Os instrumentos para coleta de dados foram: entrevista individual semiestruturada;

questionário para caracterização do perfil sóciodemográfico do voluntário com base no

Critério de Classificação da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP);

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Inventário de Funções do Voluntariado (IFV) adaptado para o Brasil (Pilati e Hess, 2011);

Questionário de Perfis de Valores Refinada (QPV-RR) validado para o Brasil (Torres e

Schwartz, 2016). Os instrumentos estão apresentados nos Anexos (1, 2 e 3).

Os diferentes instrumentos usados na coleta de dados tinham o propósito de viabilizar

informações para as análises quantitativas e qualitativas por meio da triangulação de técnicas

(Quadro 5).

Para caracterização socioeconômica usou-se a classificação econômica da Associação

Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2015). Esta classificação baseia-se nos critérios

de consumo de produtos e serviços, tomando como unidade de análise o domicílio. Com isso,

consegue-se a identificação de grandes grupos populacionais diferentes entre si (Anexo 3).

Quadro 5 - Técnicas e instrumentos de coleta de dados e técnicas de análises de dados

a serem utilizados nesta pesquisa para o voluntariado.

Elaborada pela autora, 2015*.

* Siqueira SR. Motivação para o trabalho dos voluntários que atuam em hospital público estadual de São Paulo, referência

em HIV [Tese]. São Paulo. Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2016.

Técnicas Instrumentos Propósitos Análise dos dados

Entrevista

semiestruturada.

Roteiro Norteador para

entrevista semiestruturada

com gravação.

- Identificação de características

motivacionais do perfil do

voluntariado;

- Métodos mistos.

Análise qualitativa,

utilizando Análise de

Conteúdo Temática.

Aplicação do

Questionário ABEP.

Critério de classificação da

Associação Brasileira de

Empresas de Pesquisa

(ABEP) – LSE 2015.

- Identificação de características

sócioeconômicas e demográficas

do voluntariado;

- Métodos mistos.

Análise quantitativa,

utilizando SPSS.

Aplicação do IFV. Inventário de Funções do

Voluntariado (IFV).

- Identificação das Funções do

Voluntariado para a população

estudada.

Análise quantitativa,

estatística, a fim de

obter: Informações

para criação dos

escores fatoriais;

- Correção da escala

segundo Pilati e

Hess.

Aplicação do QPV-

RR.

Questionário de Perfis de

Valores (QPV-RR).

-Identificação dos valores

motivacionais para o

voluntariado na população

estudada.

Análise quantitativa,

estatística, a fim de

obter a correção do

questionário.

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60

Na entrevista semiestruturada (Apêndice 2), coletaram-se: iniciais do nome dos

entrevistados (as), idade (em anos completos), local de nascimento (capital, interior paulista,

outros estados, exterior), sexo (masculino, feminino), estado civil (solteiro(a), casado/união

consensual (a), separado (a), viúvo (a), filhos (número exato de filhos), com quem vive

(sozinho, pais, cônjuge, outros), religião, se é praticante da fé declarada? (sim, não),

profissão/ocupação, trabalha (sim, não, autônomo, assalariado, aposentado, procurando

trabalho, licença-saúde). O cerne da entrevista semiestruturada era permitir a expressão da

singularidade do voluntário no desempenho desta função, enfocando a abertura e novos

atributos que este tipo de trabalho pode significar dentro do universo singular. Assim, pediu-

se a cada participante: “Fale-me do seu trabalho como voluntário aqui no IIER”; “Há quanto

tempo é voluntário nesse hospital?”; “Em qual setor do IIER atua?”; “Que tipo de atividades

desenvolve?”; “O que te levou a ser voluntário aqui?”; “Por que escolheu um hospital

especializado em HIV/Aids?”; “Conte-me o que é mais difícil em sua atividade voluntária”;

“Fale-me o que lhe dá mais satisfação em sua atividade voluntária”; “O que ajuda/facilita o

trabalho voluntário no IIER?”; “O que dificulta/atrapalha o trabalho no IIER?”; “Já trabalhou

ou trabalha como voluntário em outro local? Se sim qual?”; “Quais atividades fazia ou faz?

Quanto tempo esteve ou está nesse outro local como voluntário?”; “Para você, o que é ser

voluntário?”.

O IFV e o QPV-RR são instrumentos para exploração dos valores e motivações, como

descritos no apartado do marco teórico. Todos os participantes responderam aos instrumentos

e foram entrevistados.

4.5. Análise dos dados

Os discursos dos participantes foram trabalhados pela análise de conteúdo que,

segundo Bardin, trata-se de:

“... um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter procedimentos

sistemáticos e objetivos da descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou

não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção

(variáveis inferidas) destas mensagens" (Bardin, 1977, p.42).

A análise de conteúdo é uma técnica bastante utilizada para o tratamento de dados

qualitativos, pois o objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um texto. Concentra-se na

atividade do indivíduo, entendendo que este é o criador de conhecimento com base em suas

experiências e valores pessoais e sociais. Com isso, recupera, também, ainda que

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61

implicitamente, o caráter histórico e social de cada realidade individual. Assenta-se nos

pressupostos da concepção crítica e dinâmica da linguagem, entendida como construção real e

expressão da existência humana (Silva, 2000; Franco, 2003). A análise de conteúdo temática

permitiu atingir os significados manifestos e latentes dos discursos obtidos nas entrevistas

individuais semiestruturadas. A interferência excessiva da interpretação pessoal e da

subjetividade da pesquisadora foi modulada pela interveniência da orientadora que trabalhou,

concomitantemente, a interpretação das categorias estabelecidas.

A análise de conteúdo temática seguiu a orientação de quantificar as coocorrências

(aparição de duas ou várias unidades de registro na mesma unidade de contingência) para

agrupá-las nas categorias e contabilizar. A frequência dos temas no discurso foi tomada como

indicativo da importância destes na motivação para o grupo no trabalho voluntário.

A análise de conteúdo temática é uma asserção sobre determinado assunto, podendo

ser colocado uma simples sentença, um conjunto delas ou um parágrafo. Incorpora, com

maior ou menor intensidade, o aspecto pessoal atribuído pelo respondente acerca do

significado de uma palavra e/ou sobre as conotações atribuídas a um conceito, envolvendo

não apenas componentes racionais, mas ideológicos, afetivos e emocionais. Por meio dessa

modalidade, podemos obter um grande número de respostas permeadas por diferentes

significados (Franco, 2003). Na codificação, considerou-se a primeira resposta dos

participantes a cada pergunta.

A análise estatística dos resultados do IFV, dos dados sóciodemográficos e QPV-RR,

seguiu as orientações dos propositores dos instrumentos, considerando as adaptações para a

população brasileira (Pilati, Hess, 2011; ABEP, 2015; European Social Survey, 2016; Torres,

Schwartz, 2016;). Utilizou-se o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences),

um software aplicativo do tipo científico (Dancey, Reidy, 2013; Pestana, Gageiro, 2014). Esta

análise teve colaboração do estatístico Bernardo dos Santos (EEUSP). Para o IFV, somaram-

se as respostas dos itens, relacionados a cada fator. Considerando os elementos que carregam

cada fator e os valores possíveis para as respostas, que variam de 1 a 7, os limites teóricos

são: Fator 1 (7 a 49); Fator 2 (9 a 63); Fator 3 (4 a 36); Fator 4 (4 a 36). No QPV-RR,

realizou a média dos itens relacionados a cada questão e como os itens variam de 1 a 6, os

fatores também variam teoricamente de 1 a 6 em todos os domínios. No instrumento QPV-RR

(Anexo 1) não está descrita a “chave” de correção do mesmo, pois como a adaptação

encontra-se no “prelo” para a versão brasileira.

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62

Para validação desta pesquisa utilizou-se o Escalonamento Multidimensional (MDS)

com o método de escalonamento de coeficiente de alienação de Guttman (Figuras 2 e 3). O

MDS é uma técnica multivariada que permite a representação gráfica das correlações entre os

itens, de forma que quanto mais próximos dois pontos, mais correlacionados positivamente

eles estão e, quanto mais distantes, mais eles se correlacionam negativamente ( et al., 1997).

4.6 Aspectos éticos

O projeto foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do

IIER em junho de 2010 e obteve o parecer Nº 297/2010, aprovado em 28/10/2010 (Anexo 4),

segundo as normativas da Resolução n° 466/12, do Conselho Nacional de Saúde.

Entretanto, devido a mudanças no estudo, e ter passado a ser projeto de tese de

doutorado do Programa de Pós-Graduação de Enfermagem (PPGE), este foi novamente

submetido ao CEP do IIER, bem como ao da EE/USP através da Plataforma Brasil (Anexo 8)

na Comissão Científica do IIER (Anexo 9). Após os pareceres dos CEPs (Anexo 8, 10) e das

Comissões Científicas (Anexo 7, 9), foi solicitado ao IIER autorização administrativa para

início da pesquisa (Anexo 11).

Os instrumentos deste estudo foram previamente autorizados pelo Prof. Dr. Cláudio

Torres (Apêndice 5), Prof. Dr. Schalon H. Schwartz (Apêndice 4) em relação ao instrumento

QPV-RR. Para o instrumento IFV também foi solicitada autorização para o prof. Dr. Ronaldo

Pilati (Apêndice 3).

Para preservação da imagem social da instituição pesquisada, esta não foi identificada

nominalmente na descrição dos resultados, sendo chamada de Hospital H (HH) e o serviço de

voluntariado de SVHH.

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5. RESULTADOS

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64

RESULTADOS

5.1. Caracterização dos participantes

A caracterização sócio-demográfica dos participantes incluiu: sexo; cor; local de

nascimento; condição de trabalho; classificação social, segundo a ABEP; estado civil; com

quem vive; religião que professa e se é praticante da religião professada (Tabela 1).

Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos voluntários entrevistados no SVHH.

São Paulo, 2015.

continua

Variável Número Proporção

Sexo

Feminino 112 70,0%

Masculino 48 30,0%

Cor

Branca 124 77,5%

Parda 23 14,4%

Orientais 9 5,6%

Negra 3 1,9%

Indígena 1 0,6%

Local de nascimento

Região Metropolitana de São Paulo (*) 101 63,1%

Interior SP 27 16,9%

Outros estados 27 16,9%

Trabalho

Assalariado 62 34,4%

Aposentado 62 34,4%

Autônomo 43 24,0%

Não trabalha 7 4,4%

Procurando trabalho 3 1,5%

Auxílio-doença 2 1,3%

Classificação social (ABEP)

A 31 19,4%

B 97 60,6%

C 32 20,0%

Estado civil

Solteiro 73 45,6%

Casado/União consensual 52 32,5%

Divorciado/Separado 26 16,3%

Viúvo 9 5,6%

Com quem vive

Cônjuge 55 34,3%

Filhos 53 33,1%

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continuação

Com quem vive

Cônjuge 55 34,3%

Filhos 53 33,1%

Pais 39 24,3%

Sozinho 34 21,1%

Irmãos 7 4,3%

Amigo 4 2,5%

Avós 2 1,2%

Neto 2 1,2%

Religião

Espírita 64 40,0%

Católica 63 39,4%

Outros** 22 13,7 %

Não tem/Ateu 7 4,4%

Evangélica 4 2,5%

É praticante da religião que professa

Sim 111 69,5%

Não 39 24,2%

Ateu 10 6,3%

conclusão

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

(*) Fonte: www.seade.gov.br Região Metropolitana de São Paulo abarca os municípios: Arujá, Barueri, Biritiba Mirim,

Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu das Artes, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconceloz, Francisco Morato,

Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquacetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá,

Mogi das Cruzes, Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Izabel,

Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra e Vargem Grande

Paulista.

Outros(**): Ortodoxa Russa, Kardecismo, Budismo, Unificação do Reverendo Moon, Seicho-No-Ie, Umbandismo, Politeísta,

Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmons – SUD), Caminho da Graça de Jesus, Igreja Messiânica,

Candomblé e Ecumênica.

Quando perguntado aos voluntários se “É praticante da religião?”, independente do

credo religioso, 111 (69,5%) dos entrevistados responderam afirmativamente, o que pode

indicar a influência de religiosidade no voluntariado do SVHH. A idade mínima foi 20 anos; a

máxima 76, com média de 48,65, desvio padrão igual a 13,4. Na classificação

socioeconômica, não foram encontradas as categorias D e E. Durante a entrevista, alguns

participantes declararam sua orientação sexual, ainda que não fosse perguntado: nove homens

e uma mulher se declararam de orientação homossexual. Em relação ao número de filhos, a

maioria dos voluntários não tem filhos (52,5%); o número máximo foi 15 (uma participante);

a média foi 0,97 por voluntário, com desvio padrão igual a 1,55. Na pergunta sobre tempo de

voluntariado a média encontrada foi de três anos e cinco meses, sendo que o menor tempo

encontrado foi de um entrevistado em seu primeiro dia de trabalho voluntário; o maior tempo

encontrado de um voluntário foi de trinta e quatro anos.

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Os voluntários distribuem-se pelos diversos setores do SVHH (Tabela 2).

Tabela 2 – Setor em que o voluntário atua no SVHH. São Paulo, 2015.

Setor Número Proporção

Leitura Solidária 55 34,4%

Artesanato 16 10,0%

SOS Beleza 13 8,0%

Saber continuado 12 7,5%

Administrativo 10 6,3%

Pintura 10 6,3%

Mãos que cuidam 8 5,0%

Reiki 8 5,0%

Coordenação 6 3,8%

Bazar 5 3,1%

Biblioteca 5 3,1%

Brinquedoteca 4 2,5%

Ombro amigo 4 2,5%

Sala Multidisciplinar 4 2,5%

Total 160 100,0%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

As coordenações dos setores de atuação do voluntariado entrevistadas foram:

coordenadora geral do SVHH, coordenadora leitura solidária, coordenadora do artesenato,

coordenador da biblioteca, coordenadora do SOS Beleza e coordenador do sábado.

As atividades relacionadas à leitura e ensino/educação (leitura solidária e saber

continuado) absorvem a maior parte dos voluntários: 72 (45%). Os setores relativos à

artesenato absorvem 26 (16,3%) voluntários. As práticas de cuidados alternativos (Reiki e

Massoterapia) contam com 16 (10%) voluntários. Para a organização do setor entre as

coordenações e administração, 16 (10%) dos voluntários.

Cerca de um terço dos entrevistados relataram trabalhos voluntários anteriores (Tabela

3).

Tabela 3 - Trabalho voluntário anterior. São Paulo, 2015.

Número Proporção

Sim 55 34,4%

Não 105 65,6%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Os trabalhos anteriores nem sempre eram na área da saúde. Houve voluntários que

mencionaram mais de um trabalho voluntário anterior ou atual.

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Quanto ao número de locais em que o voluntário já desenvolveu ou desenvolve

atualmente trabalho voluntário, vide Tabela 4:

Tabela 4 - Número de locais em que o voluntário já desenvolveu ou desenvolve

atualmente trabalho voluntário. São Paulo, 2015.

Locais Número Proporção

Nenhum 58 36,2%

Um 49 30,6%

Dois 29 18,3%

Três 12 7,5%

Quatro 8 5,0%

Cinco 3 1,8%

Seis 1 0,6%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Um dos voluntários mencionou atuar/ ou já ter atuado, em seis locais diferentes, sendo

que exerce o voluntariado em três locais atualmente, além do SVHH. Este foi o maior número

de atuações encontrado.

5.2. Motivação, facilidades e dificuldades para o voluntariado

5.2.1. A escolha do Hospital H. São Paulo, 2015.

Os entrevistados apresentaram diferentes razões para se tornarem voluntários no

hospital H (Tabela 5).

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Tabela 5 - O que levou a ser voluntário no hospital H. São Paulo, 2015.

Motivo Número Proporção

Chamada na mídia 19 11,8%

Chamado de um amigo ou familiar 17 10,5%

Vivência pessoal de voluntariado 16 10,0%

Trabalho voluntário anterior 16 10,0%

Doença ou morte familiar de HIV, DT, câncer 15 9,4%

Retorno social 15 9,4%

Vontade de ajudar os outros 13 8,1%

Outros (*) 10 6,3%

Doença pessoal 8 5,5%

Aposentadoria 6 3,7%

Envolvimento anterior com massoterapia 5 3,1%

Trabalho formal na saúde 5 3,1%

Vontade de fazer caridade 5 3,1%

Proximidade física do hospital 4 2,4%

Faculdade 3 1,8%

Preencher tempo livre 3 1,8%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Outros *: “Tava querendo mais contato físico”; “Trabalho segregado em setores”; “No tempo em que eu passei

fome eu até suportava - mas a indiferença dos outros não”; “Por não estar trabalhando, necessidade de estar em

grupos”; “Receio de trabalhar em hospital”; “Ajudar os meus iguais - gays”; “Coincidências da vida”; “Lidar

com os outros não direcionado”; “Queria uma atividade mais humana, parte da natureza humana”.

A chamada na mídia incluiu: anúncio, reportagens, entrevistas, facebook, internet

(“Apareceu no Google quando digitou trabalho voluntário SP”) e publicação em Diário

Oficial.

A categoria doença ou perda familiar incluiu: “Perdeu uma filha com meningite no

Hospital H”; “Promessa quando filho estava na UTI”; “Pai ficou internado no HH”;

“Problemas pessoais com o filho”; “Mãe HIV+”; “Perda da mãe em hospital, sendo que não

conseguia entrar na UTI e decidiu ser voluntário para vencer este medo”; “Depois que perdeu

a esposa sentiu um vazio”; “A mãe fazia tratamento do Hospital do Coração”; “Perdeu três

pessoas, uma a cada ano”.

Em relação à categoria doença pessoal, tem-se: “Quando esteve internada achei bonito

o trabalho voluntário”; “Tive câncer e não tive visitas... vi a importância quando estive

doente”; “Tive câncer de intestino e retirei todo o intestino grosso”; “Realização pessoal, pois

tive câncer de mama e leucemia”; “Depois de um acidente de carro eu vim ajudar”;

“Circunstâncias do HIV+, pois sou soropositivo”; “Meu estado de saúde, HIV+ em 2004”.

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Na “vivência pessoal de voluntariado”, alguns afirmam que foram voluntários a vida

toda, devido à vivência com pais ou familiares que faziam trabalho voluntário. Houve três

participantes que se serviram do trabalho voluntário no HH como horas complementares de

estágio, na formação profissional (1,8%).

Na Tabela 6, encontram-se os resultados para a pergunta relativa ao porquê da escolha

por um hospital especializado em Hiv/Aids. Um quarto dos participantes não manifestaram

motivos específicos para a opção pelo serviço.

Tabela 6 - Teve motivação específica para trabalhar em hospital especializado em

HIV/Aids? São Paulo, 2015.

Escolha Número Proporção

Não tem motivo específico 41 25,6%

Chamado da mídia 38 23,8%

Amigos ou familiares portadores HIV+ 15 9,4%

Mobilidade - proximidade de casa, trabalho ou metrô 9 5,6%

Amigos voluntários aqui ou indicaram o voluntariado 9 5,6%

Tentei em outras instituições e não deu certo (não

chamam)

8 5,0%

Queria trabalhar em um hospital 6 3,8%

Interesse na área de infectologia 6 3,8%

Portador HIV+ 5 3,1%

Interesse na área de Massoterapia 5 3,1%

Preconceito do portador de HIV 4 2,5%

Ajudar pessoas 3 1,8%

Vontade de ser voluntário 3 1,8%

Homossexualidade 2 1,3%

Religiosidade 2 1,3%

Trabalhava na instituição 2 1,3%

Organização do VHH 1 0,6%

Professora da faculdade fez proposta pedagógica de

trabalho VHH

1 0,6%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

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70

Em resumo os principais motivos fora o chamado externo feito pela mídia, por amigos

ou familiares portadores de HIV foi o que motivou a maior parte dos voluntários.

5.2.2. Dificuldades na atividade voluntária

Em geral, as dificuldades para o desenvolvimento da atividade voluntária no HH

foram: condição dos pacientes; as relações interpessoais com a equipe de saúde e colegas de

voluntariado, a falta de recursos materiais (Tabela 7).

Tabela 7 - O que é mais difícil em sua atividade voluntária. São Paulo, 2015.

Difícil Número Proporção

Nada dificulta 26 16,3%

Trabalho em equipe 17 10,6%

Iniciar a abordagem do paciente 15 9,4%

Lidar com as emoções que surgem no atendimento voluntário 12 7,5%

Lidar com a morte do paciente 12 7,5%

Estrutura precária do hospital 9 5,6%

Manter a disciplina pessoal para exercer o voluntariado 8 5,0%

Lidar com o desânimo emocional do paciente 8 5,0%

Mobilidade difícil para chegar ao hospital 7 4,4%

Ver o estado físico do paciente debilitado 7 4,4%

Ver o sofrimento das pessoas 6 3,8%

Relação ruidosa com os funcionários do hospital 5 3,1%

Recusa dos pacientes ao atendimento do voluntariado 4 2,5%

Lidar com pessoas miseráveis, marginalizadas 4 2,5%

Outros (*) 4 2,5%

Quando não há pacientes para atender 3 1,9%

Pessoas questionam a motivação para ser voluntária 3 1,9%

Falta material para o voluntariado trabalhar com os pacientes 2 1,3%

Trabalho no isolamento 2 1,3%

Despreparo para fazer tarefas do voluntariado 2 1,3%

Lidar com os preconceitos das pessoas 2 1,3%

Executar alguns procedimentos do voluntariado 2 1,3%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Outros* : “Acidente que tive no braço e não posso fazer esforço”; “Muito preocupada em fazer as coisas certas”;

“Ver a molecada mais jovem não estudar”. Houve um voluntário que disse não saber as dificuldades, pois era o

primeiro dia de voluntariado.

As dificuldades relatadas pelos voluntários foram relacionadas ao trabalho em equipe

dos voluntários ou funcionários do HH, aspectos relativos ao contato com o paciente, e

estrutura hospitalar.

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5.2.3. Facilidades no trabalho voluntário

Os participantes descreveram o que facilita o trabalho voluntário no HH (Tabela 8).

A “Convivência com outros voluntários” e “Organização do SVHH” foram as

respostas mais significativas dos entrevistados.

Tabela 8 - O que ajuda ou facilita o trabalho voluntário no hospital H. São Paulo, 2015.

Ajuda Número Proporção

Convivência com outros voluntários 41 25,6%

Organização SVHH 35 21,9%

Nada 14 8,8%

Boa receptividade do hospital ao trabalho voluntário 12 7,5%

Boa organização e coordenação do SVHH 10 6,3%

Mobilidade do hospital com o domicílio do

voluntariado

8 5,0%

Satisfação 8 5,0%

Satisfação pessoal com o voluntariado 7 4,4%

Reconhecimento público do hospital 7 4,4%

Tudo 5 3,1%

Pode fazer o trabalho voluntário de final de semana 3 1,9%

Apoio dos voluntários veteranos 3 1,9%

Característica de humanização do SVHH 3 1,9%

Característica SVHH - flexibilidade 2 1,3%

Coordenadores dos voluntários 2 1,3%

Outros (*) 2 1,3%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, São Paulo, 2015.

Outros *: “Abre portas para trabalho”; “A empresa aonde trabalho incentiva e valoriza o voluntariado”.

5.2.4. Satisfação com o trabalho voluntário

O vínculo com o paciente destaca-se entre o que dá satisfação aos voluntários na

atividade feita no HH. Os cinco temas mais frequentes referem-se a esta questão, perfazendo

quase 70% do que foi mencionado (Tabela 9).

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Tabela 9 - O que dá mais satisfação no trabalho voluntário. São Paulo, 2015.

Satisfação Número Proporção

Perceber que conseguiu alegrar os pacientes 24 15,0%

Estabelecer vínculo com o próximo/paciente 24 15,0%

Fazer algo em conjunto com o paciente 24 15,0%

Poder ajudar o próximo 24 15,0%

Ver o paciente sorrir 14 8,8%

Mudança na perspectiva de vida pessoal 11 6,9%

Tudo dá satisfação 7 4,4%

Doar-se aos outros 7 4,4%

Sentir-se útil 6 3,8%

Boa organização do SVHH 6 3,8%

Não sabe 4 2,4%

Quando o paciente recebe alta 3 1,8%

Retorno para a sociedade 3 1,8%

Poder praticar caridade preconizada na religião 2 1,3%

O convívio com os voluntários 1 0,6%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Os principais motivos de satisfação mencionados pelos voluntários é voltado a

demonstração do sentimento de bem-estar, alegria e vínculo relacionado com contato

paciente.

Em relação às condições do HH, os participantes identificam fatores que interferem

negativamente no trabalho voluntário (Tabela 10).

Tabela 10 - O que dificulta ou atrapalha o trabalho voluntário no hospital H? São Paulo,

2015.

Dificulta Número Proporção

Nada 73 45,6%

Falta de recursos para o SVHH 24 15,0%

Estrutura física limitada devido à reforma do hospital 14 8,8%

Problemas na organização do SVHH 14 8,8%

A estrutura burocrática do hospital 8 5,0%

A falta de sensibilidade da equipe 6 3,8%

Dificuldades na mobilidade em São Paulo 5 3,1%

Resistência da equipe hospital ao trabalho voluntário 3 1,9%

Ritmo de vida corrido 3 1,9%

Novos desafios diários do voluntariado 3 1,9%

Vaidade de alguns voluntários 2 1,3%

Falta de comprometimento de alguns voluntários 2 1,3%

Atrito entre alguns voluntários 2 1,3%

Não sabe 1 0,6%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Na categoria “Falta de recursos para o SVHH” apareceram: “Necessidade de maior

sensibilização para empresas fazerem doação”; “Falta de quem faça o “meio de campo”, ou

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73

seja, faça a intermedicação de doações”; “Faltam objetivos ambiciosos do SVHH”;

“Dificuldade financeira”, “Falta de material” e “Poucos recursos financeiros para comprar o

material necessário daqui de dentro”.

5.2.5. Ser voluntário

Ao se indagar os participantes sobre o que é ser voluntário, encontrou-se respostas que

mencionavam aspectos pessoais e comunitários (Tabela 11).

Foi bastante expressiva (64,5%) a presença de respostas que mencionavam: doação,

serviço, ajuda ao próximo, exercício de amor, relacionamento de troca mútua de amor e

doação.

Tabela 11 - Para você o que é ser voluntário? São Paulo, 2015.

Voluntário Número Proporção

É doar-se e servir 37 23,1%

É ajudar ao próximo 31 19,4%

É doar seu tempo para o outro 14 8,8%

É o exercício do amor 11 6,9%

É troca de amor e doação entre voluntário e paciente 10 6,3%

É fazer algo que lhe dá alegria e felicidade 7 4,4%

É fazer uma atividade que dá satisfação 7 4,4%

É cumprir uma obrigação social - cidadania 5 3,1%

Satisfação pessoal 5 3,1%

É uma forma de auto-ajuda 5 3,1%

Estou descobrindo o que é ser voluntário 5 3,1%

É um aprendizado diário 5 3,1%

É um modo de vida 4 2,5%

É exercitar religiosidade e espiritualidade 4 2,5%

É tornar o mundo melhor 4 2,5%

É fazer algo gratificante 2 1,3%

É servir a uma causa nobre 2 1,3%

É um trabalho não remunerado 2 1,3%

Total 160 100%

Fonte: Entrevista semiestruturada, respondida pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

No relacionamento entre voluntário e paciente apareceram: “É uma troca de dar e

receber amor...., mas a gente mais recebe do que dá”; “Descobrimento pessoal e humano”;

“Fazer com que a nossa vida se torne melhor”; “Abrir mão de você mesmo, desconstrução de

você para ajudar o outro”; “É querer fazer uma troca de experiência”; “Estar em contato com

as pessoas”; “Me completa”; “Ser disponível para as pessoas o tempo todo”.

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74

5.2.6. Metas motivacionais QPV-RR

As metas motivacionais como endossadas pelos participantes estão na Tabela 12 e nos

Gráficos 1 e 2.

Tabela 12 - Metas motivacionais. São Paulo, 2015.

Valor Média centralizada

Benevolência cuidado 0,86

Universalismo compromisso 0,71

Auto direção de ação 0,68

Universalismo tolerância 0,67

Benevolência dependência 0,67

Segurança pessoal 0,52

Auto direção de pensamento 0,41

Universalismo natureza 0,31

Conformidade com regras 0,31

Segurança social 0,26

Hedonismo 0,15

Conformidade interpessoal 0,1

Humildade -0,12

Face -0,17

Estimulação -0,26

Tradição -0,58

Realização -0,68

Poder de domínio -1,55

Poder de recursos -2,31

Fonte: QPV-RR, respondido pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

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Gráfico 1 - O círculo motivacional e valores de acordo com a teoria de valores básicos

refinada para os voluntários do SVHH. São Paulo, 2015.

Fonte: QPV-RR, respondido pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1Benevolência cuidado

Universalismo compromisso

Auto direção de ação

Universalismo tolerância

Benevolência dependência

Segurança pessoal

Auto direção de pensamento

Universalismo natureza

Confomidade com regras

Segurança socialHedonismo

Conformidade interpessoal

Humildade

Face

Estimulação

Tradição

Realização

Poder de domínio

Poder sobre recursos

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76

Gráfico 2 - As metas motivacionais como endossadas pelos os voluntários do SVHH, São

Paulo, 2015.

Fonte: QPV-RR, respondido pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Os valores da Teoria Refinada definidos conceitualmente como Metas Motivacionais

estão apresentados no Quadro 6, segundo a ordem decrescente das médias da Tabela 12.

-2,5

-2

-1,5

-1

-0,5

0

0,5

1

1,5

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77

Quadro 6 - Os 19 valores da Teoria Refinada, definidos em termos de Meta

Motivacionais, em ordem decrescente de endosso pelos entrevistados, São

Paulo, 2015.

Valor Definições Conceituais em Metas

Motivacionais

Benevolência cuidado Devoção ao bem estar dos membros do

endogrupo

Universalismo compromisso Comprometimento com igualdade, justiça e

proteção de todas as pessoas

Auto direção de ação Liberdade para determinar suas próprias

ações

Universalismo tolerância Aceitação e compreensão daqueles que são

diferentes de si mesmo

Benevolência dependência Ser um membro confiável e fidedigno ao

endogrupo

Segurança pessoal Segurança em seu ambiente imediato

Auto direção de pensamento Liberdade para cultivar suas próprias ideias

e habilidades

Universalismo natureza Preservação do ambiente natural

Conformidade com regras Conformar-se com regras, leis e obrigações

formais

Segurança social Segurança e estabilidade da sociedade (mais

ampla)

Hedonismo Prazer e gratificação sensual para si mesmo

Conformidade interpessoal Evitar chatear ou machucar outras pessoas

Humildade* Reconhecimento da própria insignificância

em um contexto amplo*

Face* Manutenção da sua imagem pública e evitar

humilhações*

Estimulação* Excitação, novidade e mudança*

Tradição* Manutenção e preservação da cultura,

família ou religião*

Realização* Sucesso de acordo com padrões sociais*

Poder de domínio* Poder pelo exercício de controle sobre

outras pessoas*

Poder sobre recursos* Poder pelo controle sobre materiais e

recursos sociais*

* Caselas achuriadas são os valores com escore negativo.

Fonte: Adaptada de Schwartz et al., (2012) apud Torres e Schwartz, (2016).

O Quadro 7 tem a correspondência entre os valores da Teoria Refinada e as categorias

temáticas da questão “Para você o que é ser voluntário”, contidas na Tabela 11.

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Quadro 7 - Correspondência dos 19 Valores da Teoria Refinada na ordem crescente de

endosso e as categorias temáticas do “ser voluntário” nos discursos dos

entrevistados. São Paulo, 2015.

Valor Para você o que é ser voluntário?

Benevolência cuidado É doar-se e servir

É ajudar ao próximo

É doar seu tempo para o outro

É o exercício do amor

É troca mútua de amor e doação entre voluntário e paciente

Universalismo compromisso É cumprir uma obrigação social, de cidadania

É servir a uma causa nobre

Segurança pessoal É uma forma de auto-ajuda

Segurança social É tornar o mundo melhor

Hedonismo É fazer algo que lhe dá alegria, felicidade

É fazer uma atividade que dá satisfação

Satisfação pessoal

É fazer algo gratificante

Estimulação* É um aprendizado diário*

Tradição* É um modo de vida*

É exercer religiosidade e espiritualidade

* Caselas achuriadas são os valores com escore negativo

Fonte: Adaptada de Schwartz et al., (2012) apud Torres e Schwartz, (2016) com os dados das entrevistas.

Na Tabela 13 e Gráfico 3 estão os resultados do Inventário de Funções de Valores.

Tabela 13 - Inventário de Funções de Valores. São Paulo, 2015.

Motivação/Função Média Mediana Mínimo Máximo

Valores/Entendimento 54,0 55 21 63

Social/Engrandecimento 31,1 41 15 40

Proteção 14,8 15 4 28

Carreira 11,4 10 4 28

Fonte: IFV respondido pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

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79

Gráfico 3 - Inventário de Funções de Valores, São Paulo, 2015 – em colunas. São Paulo,

2015.

Fonte: IFV, respondido pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

Gráfico 4 - Inventário de Funções de Valores. São Paulo, 2015.

Fonte: IFV, respondido pelos voluntários do SVHH, no município de São Paulo, 2015.

O Quadro 8 contém as quatro motivações/funções do Inventário de Funções do

Voluntariado (IFV) adaptado ao Brasil, com as respectivas definições, na ordem decrescente

das médias encontradas na Tabela 13.

0

10

20

30

40

50

60

70

Média

Mínimo

Máximo

0

10

20

30

40

50

60

70

Mínimo

Máximo

Média

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Quadro 8 - Motivações e definições do Inventário de Funções do Voluntariado - IFV

(versão brasileira), em ordem decrescente. São Paulo, 2015.

Motivação/Função Definição

Valores/Entendimento Expressar ou atuar com base em valores

importantes como os humanistas. Aprender

mais sobre o mundo ou as habilidades que são

utilizadas.

Social/Engrandecimento Fortalecer as relações sociais. Crescer e

desenvolver-se psicologicamente, através de

atividades de voluntariado.

Proteção Reduzir os sentimentos negativos, como

culpa, para enfrentar os problemas pessoais.

Carreira Desenvolver a carreira através de experiências

relacionadas com o voluntariado.

Fonte: Adaptada de García, (2012).

Foi possível fazer uma correspondência de três das motivações/funções do IFV com as

categorias temáticas do “Ser voluntário” (Tabela 11), que está no Quadro 10.

Quadro 9 - Correspondência das Motivações e definições do Inventário de Funções do

Voluntariado – IFV (versão brasileira), em ordem decrescente. São Paulo,

2015.

Motivações Para você, o que é ser voluntário?

Valores/Entendimento É doar-se e servir

É ajudar o próximo

É doar seu tempo para o outro

É o exercício do amor

É troca mútua de amor e doação entre voluntário e paciente

É tornar o mundo melhor

É cumprir uma obrigação social, de cidadania

É servir a uma causa nobre

Social/Engrandecimento É fazer algo que lhe dá alegria, felicidade

É fazer uma atividade que dá satisfação

Satisfação pessoal

É fazer algo gratificante

É um aprendizado diário

É um modo de vida

É exercitar religiosidade e espiritualidade

Proteção É uma forma de auto-ajuda

Fonte: Adaptada de Pilati, Hess (2011), com valores da pesquisa.

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6. DISCUSSÃO

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A caracterização sociodemográfica dos voluntários mostra que se trata de uma

população na maioria feminina, de cor branca, solteira, nascida em São Paulo e praticante da

religião professada. A proporção de assalariados e de aposentados é igual. O fato relativo à

maioria da população estudada ser do sexo feminino está de acordo com características

sociodemográficas habitualmente associadas ao exercício de trabalho voluntário, em contexto

nacional e internacional (Schwartz, 2006; Souza, 2008; Entrajuda, 2011).

Ainda que se reconheça o papel importante da família na transmissão da tradição de

ajuda ao próximo, independentemente do trabalho voluntário (Brown, Zhan, 2015), na

população estudada, a religião parecer ser fator preponderante para a prática do voluntariado.

Estudo sobre motivação em voluntários, na Espanha, encontrou motivações muito diversas,

incluindo: compromisso organizacional, religiosidade, troca social, interesse pela atividade ou

desenvolvimento pessoal (Chacón et al., 2010).

A religiosidade e a espiritualidade foram significativos preditores positivos do trabalho

voluntário, fornecendo o caminho, motivação e vontade para a pessoa tornar-se voluntário

(Okun et al., 2015).

O IFV foi aplicado em voluntários americanos de instituições religiosas e não

religiosas, reafirmando a importante influência da religião no trabalho voluntário. Os

resultados do IFV foram significativamente diferentes entre os voluntários de ambos os tipos

de organizações. Os católicos apresentaram o uso de mecanismos de enfrentamento menos

negativos do que outras crenças religiosas (Jansen, 2010). No presente estudo, o maior

número de locais em que se pratica voluntariado está relacionado às organizações religiosas.

Os dados relativos às classes sociais não mostraram participantes das classes D e E,

mas somente de A a C, condizem com um estudo que apontou que as pessoas de classes

econômicas sociais elevadas ou as mais instruídas, parece estar mais dispostas ao

voluntariado, argumentando que este tipo de trabalho é uma forma de dar algum sentido

adicional para suas vidas (Bellah et al.,1985). O voluntariado relaciona-se a níveis altos de

emprego, renda, educação e prestígio ocupacional (Cavalcanti, 2002).

Estudo sobre envelhecimento realizado na Bélgica mostrou que os adultos mais velhos

que se mantem ativos em atividades de lazer pessoais são os mais atraídos para serem

voluntários. O objetivo do estudo belga era descobrir atividades que impedem ou estimulam o

voluntariado real e/ou a probabilidade de ser voluntário em uma idade mais avançada. Houve,

no estudo daquele país, forte correlação positiva entre os tipos de atividades altruístas e

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voluntariado real (Dury et al., 2016). Embora a idade média esteja abaixo dos 50 anos, na

presente análise há uma importante representação de aposentados.

Estudos com voluntários em uma universidade, que visava relacionar a disposição para

o trabalho voluntário e os eventos de nascimento, divórcio, viuvez e morte na família, o

nascimento de um filho diminui a probabilidade de uma pessoa engajar-se no voluntariado ou

diminui as horas dedicadas a este tipo de trabalho. Ser viúvo diminui a probabilidade de

engajamento no voluntariado, mas as viúvas mais velhas tendem a aumentar as atividades de

voluntariado (Nesbit, 2012). A população voluntaria do HH era em sua maioria mulheres.

Estudo longitudinal feito na Alemanha entre 1985 e 2009, Painel Socioeconômico

(SOEP) mostrou que os eventos ao longo da vida têm um impacto sobre o comportamento

voluntário individual, principalmente os relacionados à família (Lancee, 2014). Os voluntários

do SHVV relataram eventos familiares como doença e morte para motivar o trabalho

voluntário.

O setor do SVHH identificado como “Ombro Amigo” agrega os voluntários que

visitam o mesmo paciente que está em cuidados paliativos no hospital. Somente os

voluntários mais experientes podem atuar nesse setor, recebem treinamento contínuo sob a

supervisão da coordenadora do SVHH. A estratégia de companheiros voluntários têm sido

utilizada em cuidados palitativos para prevenir quedas e acompanhar os momentos finais da

vida, contribuindo para a diminuição do sofrimentos e melhor qualidade de vida

(Franks, Geary, Smith, 1997; Australian Council for Safety and Quality in Health Care, 2005;

Giles et al., 2006).

Quanto aos resultados relativos à participação dos voluntários entrevistados em mais

de uma atividade desse tipo, estudo de Portugal com voluntariado hospitalar da área de

oncologia referiu que cerca de 42% atuam em mais de uma instituição. A maioria refereu que

alguém na sua família ou círculo de amigos faz voluntariado. Cerca de 9,4% dos voluntários

que participaram deste estudo haviam recebido diagnóstico de doença oncológica (Monteiro,

Gonçalves, Pereira, 2012). Alguns voluntários, do presente estudo, são portadores de HIV e

isto perpassa em suas falas, conforme expressado na “Vontade de ajudar os meus iguais”.

Há três grupos de antecedentes de comportamento filantrópico entre os voluntários

que atuam nos servicos de cuidados de saúde: fatores individuais (extroversão, estabilidade

emocional, habilidades); fatores sociais (interação social, papéis sociais, pressão de grupo)

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84

fatores organizacionais (metas, estrutura, confiança). A rede social aparece como variável

mediadora na ligação entre os três grupos (Alias, Ismail, 2015).

Os resultados do presente estudo mostraram a importância dos relacionamentos sociais

na motivação do trabalho voluntário, podendo indicar que o engajamento em um hospital

público significa expressão de cidadania, que se traduz em ajudar ou amenizar a dor do

próximo. Isso pode ser corroborado pela persistência que muitos dos entrevistados tiveram

para conseguirem realizar seu desejo de ser voluntário, e ocupar um espaço importante na

transformação da sociedade.

O vínculo entre voluntários e profissionais da saúde, principalmente através dos

treinamentos voluntários de pode representar mudança política na estrutura dos serviços de

saúde, na medida em que contribui para divisão do saber e poder (Andrade, Mello, 2006).

Os participantes do SVHH ressaltaram a troca de experiências e sentimentos com os

pacientes, como motivação e fator de satisfação com o trabalho voluntário. Pesquisa feita no

Brasil com dirigentes de associações voluntárias surgidas na década de 1990, concluiu que as

iniciativas voluntárias precisam se ancorar na perspectiva de um circuito de trocas,

proximidade e reciprocidade, para não recair em ações que reafirmam a filantropia e a

dependência (Moreira, 2010).

Quanto a fatores que dificultam o trabalho voluntário, estudo com voluntários que

atuam em instituições relacionadas a AIDS em Durban, África do Sul, indentificou níveis

moderados a elevados de stress devido a sobrecarga de papéis e trabalho; falta de apoio e

preparo para o trabalho voluntário; e, natureza da doença, marcada pelo estigma (Ankitola,

Heingwa, Dageid, 2013). O despreparo também foi citado entre os voluntários do SVHH.

Na literatura, dentre os motivos que dificultam a atividade voluntária destaca-se o

trabalho em equipe, podendo haver tensões nas relações entre voluntários e trabalhadores

assalariados (Aragaki et al., 2007). A relação ruidosa com os funcionários do HH foi

mencionado pelos participantes do presente estudo. As tensões podem gerar insatisfação dos

voluntários, o que pode resultar na desistência de participar, pois, sentem que suas motivações

altruístas não são satisfeitas (Shwartz, 2005; Astray, Roda, 2008).

O vínculo apareceu no presente estudo (Tabela 9) como o que dá mais satisfação no

trabalho voluntário. O cuidado faz com que a pessoa se abra ao universo, no sentido do

respeito e preservação da vida (Santana et al., 2005). O cuidado do voluntariado ao paciente

denota uma preocupação com o cuidado, por meio da alegria, vínculo, fazer algo em conjunto,

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acolhimento, doar-se, praticar a caridade. Aspectos do voluntariado relacionados à satisfação

com os pacientes, flexibilidade de horas e satisfação de ser voluntário, foram mencionados

também por Flick, Bittman e Doyle (2002), o que corrobora os achados do presente estudo.

As perspectivas de trocas, ações de benemerência destacam-se no que é ser voluntário

para os entrevistados do HH. Ações de grupos exerce profunda repercussão em toda a

sociedade (Mauss apud Moreira, 2004).

“A tríade dar / receber / retribuir refere uma obrigação que estrutura as sociedades arcaicas e

remonta a uma certa universalidade que se traduz como um fenômeno social total” (Mauss apud

Moreira, 2004, p. 1079).

Em Coimbra, Portugal, a aplicação do IFV em uma amostra de voluntários de um

hospital oncológico destacou as funções motivacionais “valores”, “experiência” e

“crescimento/autoestima”. Na Irlanda do Norte, o conhecimento das razões que motivam os

voluntários para este tipo de trabalho pode reforçar as mensagens de recrutamento e fornecer

feedback positivo sobre os benefícios sociais possíveis (Ward, Mckillop, 2011).

No presente estudo, os voluntários do HH ao responderem o IFV, a função “carreira’

não foi expressiva, sendo o menor destes fatores. Somente alguns voluntários buscaram o

SVHH como estágio curricular de faculdade ou como forma de valorizarem sua atuação junto

à empresa multinacional onde trabalhavam mencionaram esta motivação (Caldana,

Figueiredo; 2008).

Quanto aos resultados das metas motivacionais com a aplicação do QPV-RR, em

estudos feitos em vários países por Schwartz (2005), as mulheres apresentam médias mais

altas para “universalismo/benevolência”, os homens para “poder”, sendo este considerando

um “achado consistente” pelo propositor da Teoria e instrumento. Na amostra do SVHH a

meta com valor mais alto foi a “benevolencia - cuidado” e a população estudada era

predominantemente feminina.

Esta diferença foi encontrada também no estudo de validação do instrumento QPV

(Tamayo et al., 2009). No estudo de Campos e Porto (2010), cuja amostra foi em sua maioria

trabalhadores masculinos, não se pode avaliar esta diferença.

Estudo de meta-análise para testar a variância dos valores humanos básicos no Brasil

medidos pelo Inventário de Valores de Schwartz, utilizou pesquisas entre 1994 à 2012, com

8.994 respondentes (11,5% estudantes universitários e 88,5% profissionais). Os resultados

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sugerem diferenças sistemáticas na hierarquia dos valores humanos nas cinco Regiões do

Brasil:

“Na regiões Nordeste e Sul, os respondentes demonstraram alto endosso de valores de

Conservação, quando comparados aos respondentes da Região Centro-Oeste. Os respondentes da

Região Sul mostraram maior endosso de valores de Estimulação e Universalismo, quando

comparados aos respondentes da região Centro-Oeste. Estas diferenças podem ser resultantes do

processo de socialização vivido em cada Região, incluindo a história de imigração e

colonização..... o estudo abre caminho para futuras pesquisas que examinem plausíveis preditores

históricos e econômicos da mudança de valor dentro de grandes países, em uma abordagem eco-

cultural” (Torres et al., 2015, p. 89).

Gouveia et al., (2001) referem que em países ibero-americanos como Espanha e Brasil

há mistura de identidades em que se combinam estilos de pensamento e de condutas diversas,

tornado possível a convivência de orientações valorativas opostas.

A estruturação da motivação corroborada pelos voluntários, encontrada no QPV-RR

nos traz indícios mais altruístas, expressadas pelos valores “benevolência cuidado”,

“universalismo compromisso”. Este estudo encontra coerência com a estrutura de motivações

encontradas no IFV, cujas principais motivações foram “valores/entendimento” e

“social/engrandecimento”. Estes resultados convergem com os expressos na análise

qualitativa, o que demonstra coesão no grupo.

A prática do voluntariado diferencia-se de outras, porque é determinada pelo querer

real da pessoa, seu desejo ou vontade própria de desenvolver uma determinada atividade em

prol de uma causa. Assim, “o conceito de voluntário radica na expressão latina voluntas, que

significa “vontade, faculdade de querer” (Silva, 2011, p.2). O voluntariado distingue-se de

outros tipos de comportamento pró-social pelo caráter planejado, sustentado e contínuo de

uma busca livre e ativa por oportunidades de ajuda (Snyder e Omoto, 2008).

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7. CONCLUSÃO

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Objetivou-se analisar a motivação em voluntários da saúde, a partir da aplicação dos

instrumentos QPV-RR, IFV e entrevista semiestuturada. Para caracterização sócioeconômica

dos voluntários o critério ABEP. O cenário do estudo foi um hospital referência em HIV na

cidade de São Paulo em 2015.

O estudo permite considerar que a parceira da tríade “paciente-profissional-voluntário”

é, potencialmente, benéfica para os envolvidos, com apoio físico, emocional e material. Sem

eximir-se das responsabilidades que lhe são próprias, o hospital, ao receber o voluntário,

promove um profícuo canal de interação com a sociedade, com potência para propiciar a

participação integrada e a promoção da saúde.

Entretanto, para isso é preciso superar problemas que o voluntário enfrenta no

desenvolvimento do trabalho, como as condições sociais e de saúde precárias dos pacientes;

as relações com a equipe de saúde; relacionamento com os colegas de voluntariado,

especialmente a falta de compromisso de alguns destes. Há ainda problemas relativos à

infraestrutura como falta de recursos materiais; de recursos humanos para atuar na captação

de doações; recursos financeiros para comprar materiais necessários para as atividades. Sem

recursos, os voluntários precisam ser criativos para improvisar, para não parar as atividades,

mas sem comprometer a qualidade ou levar riscos adicionais aos pacientes ou perturbar a

rotina da equipe no trabalho hospitalar. As soluções para as dificuldades relatadas permeiam o

âmbito individual, de relacionamento e trabalho em equipe, de organização e gestão,

envolvendo os atores e o entorno da tríade. É preciso um conjunto de ações a fim de fortalecer

o importante trabalho existente e aprimorar a continuidade deste, fomentando os valores

humanistas e altruístas que movem o grupo de voluntários.

Para os participantes “Ser voluntário” significa a doação de si ao próximo e a

satisfação em poder ajudá-lo, o que leva à reestruturação interna com realização e plenitude,

pelos aspectos pessoais e comunitários contemplados com o voluntariado. Apesar disso e do

estudo ter apontado que a motivação do grupo se dá por valores humanistas e altruístas, há

registros de problemas relativos à vaidade de alguns voluntários, o que é agravado pela falta

de uma descrição clara do âmbito das atividades a serem desempenhadas em cada setor do

SVHH. Essa questão chama a atenção para a responsabilidade organizacional do SVHH para

definir os papéis dos voluntários em cada setor e para atuar junto aos profissionais,

divulgando os serviços prestados e, assim, aumentar a receptividade destes ao trabalho

voluntário. A enfermagem deveria ser a equipe prioritária para tal ação, pois, é com estes

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profissionais que os voluntários têm maior contato para verificar condições físicas e

emocionais dos pacientes e, assim, serem autorizados a realizar as atividades como a entrega

dos kits (higiene, datas comemorativas, roupas, etc), visitas, contação. Algumas atividades

como a aplicação de Reiki requererão um empenho maior da coordenação para divulgação no

Hospital H, já que se trata de terapia alternativa e este tipo de tratamento nem sempre é bem

aceito na medicina alopática. A motivação inicial para o trabalho voluntário é influenciada

pelos problemas na estruturação do serviço, apoio por profissionais de saúde, políticas e

condições organizacionais da instituição. O apoio recebido ou a refutação de equipe, de

amigos ou familiares pode interferir no sentido atribuído ao trabalho voluntário e ser

determinante para a continuidade ou abandono da atividade.

Para os voluntários participantes, a convicção da religiosidade autorrelatada implica a

adesão a valores, conforme o captado pelos instrumentos e revelado nas entrevistas

individuais. Esses valores de cunho religioso dos voluntários se transportam para o cotidiano

como ações de natureza altruísta e benevolente, motivando-os a irem ao hospital H, como via

para exercer, concretizar os valores nos quais creem e poderem, também, expressar os

princípios de cidadania que defendem. Os movimentos religiosos foram os primeiros

difusores relevantes da benevolência e filantropia e os achados do presente estudo remetem à

continuidade desta prática.

O voluntário também se beneficia com o trabalho que faz no Hospital H, deixando

claro que a atuação voluntária é uma via de mão dupla. O trabalho voluntário é oportunidade

para desenvolver ou desempenhar novas habilidades, papéis ou funções, na participação

comunitária, podendo vir a ser um diferencial nas suas relações do voluntário consigo e com o

ambiente onde vive. As possibilidades de atuação oferecidas no SVHH, com os diferentes

setores que tem, favorece que se auxiliem os pacientes, a equipe do hospital e, especialmente,

o voluntário com a gama de novas habilidades, que pode aprender ou com as várias atividades

em que pode exercitar habilidades que tem e não coloca em prática por falta de oportunidades.

A fonte de satisfação mais expressiva no trabalho voluntário foi o vínculo com os

pacientes, o que indica que o grupo do HH está voltado para o coletivo, podendo repercurtir

em mudanças nas práticas sociais dos participantes, imprimindo nova dimensão psicossocial

para a vida que levam em sociedade. Embora o presente estudo tenha sido realizado na cidade

de São Paulo, aonde há vasta gama de atividades de lazer ou de cunho educacional, pagas e

gratuitas e os voluntários dispõem parte de seu tempo livre, que poderia ser dedicado ao lazer,

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aprimoramento pessoal ou profissional, os entrevistados utilizam seu “tempo livre” para

ajudar o próximo sem pagamento, ou melhor, arcando com as despesas relativas aos custos de

estacionamento e/ou transporte público. Alguns voluntários residiam fora de São Paulo em

cidades como São Bernardo do Campo, Santos, Jundiaí, São José dos Campos, o que exigia

tempo maior de deslocamento e implicava mais gastos financeiros para isso.

As pessoas podem querer ou desejar ser voluntários, mas sem a difusão das

oportunidades ou possibilidades para isso fica mais difícil a concretização desse pendor

pessoal. Ficou evidente a importância da chamada na mídia, convite de amigo ou familiar

para o engajamento na atividade voluntária. Também foi importante a vivência pessoal

enquanto voluntária ou no seio familiar do voluntariado.

O voluntário é capaz de sair de si, fazer amizades, estabelecer relações de

solidariedade. Assim, o voluntariado deveria ser considerado com mais atenção pelos gestores

do setor saúde, pois, podem contribuir com a equipe, com a difusão do serviço na

comunidade, em projetos participativos da sociedade e com a melhoria da qualidade de vida

dos pacientes, ao menos durante a internação.

Para muitos dos participantes do estudo, a mobilização inicial para o voluntariado deu-

se na lógica da reciprocidade, pois, tinham estado doentes e receberam ajuda, apoio de

voluntários ou acompanharam algum familiar, amigo internado e que recebeu visitas dos

voluntários. Assim, querem, de alguma forma, devolver, retribuir o amor da doação que

receberam ou amenizar a dor vivenciada, auxiliando, às vezes empaticamente, quem está na

mesma condição que já viveram, em um redimensionamento elaborado e auto-referido.

Com relação à aplicação dos instrumentos QPV-RR e IFV, esta pesquisa contribuiu

para a base de referência metodológica de consolidação do uso e da validação destes na

população brasileira.

Tendo em vista o HumanizaSUS, como eixo estruturante do SUS preconizado pelo

Ministério da Saúde, aprofundar o estudo da categoria “valores” como motivação para ações

de solidariedade e cidadania é essencial. Assim, dar continuidade a estudos na temática do

voluntariado na saúde pode contribuir para o ideário da humanização na saúde.

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8. REFERÊNCIAS

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107

ANEXOS

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108

Anexo 1

Questionário de Perfis de Valores Refinada adaptado para o Brasil,

Torres e Schwartz, 2016

QPV-RR (Versão masculino)

Descrevemos resumidamente abaixo diferentes rapazes. Leia cada descrição e considere o quanto cada um

desses rapazes é semelhante a você ou não. Assinale com um “X” a opção que indica o quanto o rapaz descrito

se parece com você.

Quanto este rapaz se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

1) É importante para ele formar suas

visões de maneira independente.

2) É importante para ele que seu país

esteja seguro e estável.

3) É importante para ele se entreter.

4) É importante para ele evitar chatear

as pessoas.

5) É importante para ele que as pessoas

fracas e vulneráveis da sociedade

sejam protegidas.

6) É importante para ele que as pessoas

façam o que ele diz que deveriam

fazer.

7) É importante para ele nunca pensar

que ele merece mais do que os

outros.

8) É importante para ele tomar conta da

natureza.

9) É importante para ele que ninguém

jamais o envergonhe.

10) É importante para ele sempre pro-

curar coisas diferentes para fazer.

11) É importante para ele cuidar das

pessoas das quais ele se sente

próximo.

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109

Quanto este rapaz se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

12) É importante para ele ter o poder que

o dinheiro pode trazer.

13) É muito importante para ele evitar

doenças e proteger a sua saúde.

14) É importante para ele ser tolerante

com todos os tipos de pessoas e

grupos.

15) É importante para ele nunca violar as

regras ou regulamentos.

16) É importante para ele tomar suas

próprias decisões a respeito da sua

vida.

17) É importante para ele ter ambições

na vida.

18) É importante para ele manter tanto os

valores, quanto as formas de pensar

tradicionais.

19) É importante para ele que as pessoas

que ele conhece tenham total

confiança nele.

20) É importante para ele ser rico.

21) É importante para ele tomar parte nas

atividades que defendam a natureza.

22) É importante para ele nunca irritar

alguém.

23) É importante para ele desenvolver

suas próprias opiniões.

24) É importante para ele proteger sua

imagem pública.

25) É muito importante para ele ajudar as

pessoas que lhe são queridas.

26) É importante para ele estar seguro

pessoalmente.

27) É importante para ele ser um amigo

confiável e fiel.

28) É importante para ele assumir riscos

que fazem a vida ficar excitante.

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110

Quanto este rapaz se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

29) É importante para ele ter poder para

conseguir com que as pessoas façam

o que ele quer.

30) É importante para ele planejar suas

atividades de forma independente.

31) É importante para ele seguir as regras

mesmo se ninguém estiver olhando.

32) É importante para ele ter muito

sucesso.

33) É importante para ele seguir os

costumes da sua família ou os

costumes de uma religião.

34) É importante para ele ouvir e

compreender as pessoas que são

diferentes dele.

35) É importante para ele ter um Estado

forte que possa defender seus

cidadãos.

36) É importante para ele desfrutar dos

prazeres da vida.

37) É importante para ele que todas as

pessoas no mundo tenham

oportunidades iguais na vida.

38) É importante para ele ser humilde.

39) É importante para ele descobrir as

coisas por si mesmo.

40) É importante para ele honrar as

práticas tradicionais da sua cultura.

41) É importante para ele ser a pessoa

que diz aos outros o que fazer.

42) É importante para ele obedecer todas

as Leis.

43) É importante para ele ter todos os

tipos de experiências novas.

44) É importante para ele ter coisas caras

que mostram a sua riqueza.

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111

Quanto este rapaz se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

45) É importante para ele proteger o

ambiente natural da destruição ou

poluição.

46) É importante para ele aproveitar

qualquer oportunidade de se divertir.

47) É importante para ele se preocupar

com todas as necessidades das suas

pessoas queridas.

48) É importante para ele que as pessoas

reconheçam o que ele alcança.

49) É importante para ele nunca ser

humilhado.

50) É importante para ele que seu país se

proteja de todas as ameaças.

51) É importante para ele nunca deixar as

outras pessoas com raiva.

52) É importante para ele que todos

sejam tratados com justiça, mesmo

pessoas que ele não conhece.

53) É importante para ele evitar qualquer

coisa perigosa.

54) É importante para ele estar satisfeito

com o que ele tem e não querer mais.

55) É importante para ele que todos os

seus amigos e família possam

acreditar nele completamente.

56) É importante para ele ser livre para

escolher por ele mesmo o que fazer.

57) É importante para ele aceitar as

pessoas como elas são, mesmo

quando ele discorda delas.

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112

Anexo 1

Questionário de Perfis de Valores Refinada adaptado para o Brasil,

Torres e Schwartz, 2016

QPV-RR (Versão feminina)

Descrevemos resumidamente abaixo diferentes pessoas. Leia cada descrição e considere o quanto cada uma

dessas pessoas é semelhante a você ou não. Assinale com um “X” a opção que indica o quanto a pessoa

descrita se parece com você.

Quanto esta pessoa se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

1) É importante para ela formar suas

visões de maneira independente.

2) É importante para ela que seu país

esteja seguro e estável.

3) É importante para ela se entreter.

4) É importante para ela evitar chatear

as pessoas.

5) É importante para ela que as

pessoas fracas e vulneráveis da

sociedade sejam protegidas.

6) É importante para ela que as

pessoas façam o que ela diz que

deveriam fazer.

7) É importante para ela nunca pensar

que ela merece mais do que os

outros.

8) É importante para ela tomar conta

da natureza.

9) É importante para ela que ninguém

jamais a envergonhe.

10) É importante para ela sempre

procurar coisas diferentes para

fazer.

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113

Quanto esta pessoa se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

11) É importante para ela cuidar das

pessoas das quais ela se sente

próxima.

12) É importante para ela ter o poder

que o dinheiro pode trazer.

13) É muito importante para ela evitar

doenças e proteger a sua saúde.

14) É importante para ela ser tolerante

com todos os tipos de pessoas e

grupos.

15) É importante para ela nunca violar

as regras ou regulamentos.

16) É importante para ela tomar suas

próprias decisões a respeito da sua

vida.

17) É importante para ela ter ambições

na vida.

18) É importante para ela manter tanto

os valores, quanto as formas de

pensar tradicionais.

19) É importante para ela que as

pessoas que ela conhece tenham

total confiança nela.

20) É importante para ela ser rica.

21) É importante para ela tomar parte

nas atividades que defendam a

natureza.

22) É importante para ela nunca irritar

alguém.

23) É importante para ela desenvolver

suas próprias opiniões.

24) É importante para ela proteger sua

imagem pública.

25) É muito importante para ela ajudar

as pessoas que lhe são queridas.

26) É importante para ela estar segura

pessoalmente.

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114

Quanto esta pessoa se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

27) É importante para ela ser uma

amiga confiável e fiel.

28) É importante para ela assumir

riscos que fazem a vida ficar

excitante.

29) É importante para ela ter poder

para conseguir com que as pessoas

façam o que ela quer.

30) É importante para ela planejar suas

atividades de forma independente.

31) É importante para ela seguir as

regras mesmo se ninguém estiver

olhando.

32) É importante para ela ter muito

sucesso.

33) É importante para ela seguir os

costumes da sua família ou os

costumes de uma religião.

34) É importante para ela ouvir e

compreender as pessoas que são

diferentes dela.

35) É importante para ela ter um

Estado forte que possa defender

seus cidadãos.

36) É importante para ela desfrutar dos

prazeres da vida.

37) É importante para ela que todas as

pessoas no mundo tenham

oportunidades iguais na vida.

38) É importante para ela ser humilde.

39) É importante para ela descobrir as

coisas por si mesma.

40) É importante para ela honrar as

práticas tradicionais da sua cultura.

41) É importante para ela ser a pessoa

que diz aos outros o que fazer.

42) É importante para ela obedecer

todas as Leis.

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115

Quanto esta pessoa se parece com você?

Não se

parece

nada

comigo

Não se

parece

comigo

Se

parece

pouco

comigo

Se parece

mais ou

menos

comigo

Se

parece

comigo

Se

parece

muito

comigo

43) É importante para ela ter todos os

tipos de experiências novas.

44) É importante para ela ter coisas

caras que mostram a sua riqueza.

45) É importante para ela proteger o

ambiente natural da destruição ou

poluição.

46) É importante para ela aproveitar

qualquer oportunidade de se

divertir.

47) É importante para ela se preocupar

com todas as necessidades das suas

pessoas queridas.

48) É importante para ela que as

pessoas reconheçam o que ela

alcança.

49) É importante para ela nunca ser

humilhada.

50) É importante para ela que seu país

se proteja de todas as ameaças.

51) É importante para ela nunca deixar

as outras pessoas com raiva.

52) É importante para ela que todos

sejam tratados com justiça, mesmo

pessoas que ela não conhece.

53) É importante para ela evitar

qualquer coisa perigosa.

54) É importante para ela estar

satisfeita com o que ela tem e não

querer mais.

55) É importante para ela que todos os

seus amigos e família possam

acreditar nela completamente.

56) É importante para ela ser livre para

escolher por ela mesma o que

fazer.

57) É importante para ela aceitar as

pessoas como elas são, mesmo

quando ela discorda delas.

Page 116: SIOMARA ROBERTA DE SIQUEIRA - USP€¦ · Tabela 2 - Setor em que o voluntário atua no SVHH. Tabela 3 - Trabalho voluntário anterior. Tabela 4 - Número de locais em que o voluntário

116

Anexo 2

Inventário de Funções do Voluntariado, adaptado para o Brasil,

Pilati e Hess (2011)

Versão Brasileira do Inventário de Funções do Voluntariado (Pilati & Hees, 2011)

Orientações Gerais para Análise e Interpretação

Instruções para aplicação do instrumento – O texto abaixo ou informações similares devem ser

apresentadas como instruções de resposta para o instrumento.

Por favor, leia atentamente os itens a seguir, considerando seu conteúdo. Para responder às questões

utilize a escala de resposta apresentada junto a cada pergunta. Indique o número que melhor representa

o grau de importância que o item possui para o seu trabalho voluntário. O valor 1 significa

"Totalmente Sem Importância" e o valor 7 significa "Totalmente Importante". Você pode escolher

outros valores entre 1 e 7 para informar o grau de importância, conforme sua opinião. Lembre-se que o

que interessa é sua opinião sincera sobre os aspectos que você considera relevantes para realizar seu

trabalho voluntário. Por favor, não deixe questões sem respostas!

1 2 3 4 5 6 7

Totalmente

Sem

importância

Totalmente

Importante

Para você, a realização do seu trabalho voluntário é importante por quê:

1 As pessoas próximas de mim valorizam o trabalho voluntário. 1 2 3 4 5 6 7

2 Como voluntário eu aprendo coisas úteis para minha carreira. 1 2 3 4 5 6 7

3 Como voluntário eu faço contatos para trabalhos remunerados. 1 2 3 4 5 6 7

4 Eu aprendo com a carência (afetiva, financeira, psicológica, etc.) do

outro.

1 2 3 4 5 6 7

5 Eu me sinto ativo graças ao trabalho voluntário. 1 2 3 4 5 6 7

6 Fazer algo de bom a outras pessoas é importante para mim. 1 2 3 4 5 6 7

7 Gosto de ser prestativo para a sociedade. 1 2 3 4 5 6 7

8 Meus amigos veem o voluntariado como algo importante. 1 2 3 4 5 6 7

9 No voluntariado eu perco preconceitos. 1 2 3 4 5 6 7

10 O trabalho voluntário diminui a minha culpa por ser mais afortunado

que muitos.

1 2 3 4 5 6 7

11 O trabalho voluntário é uma boa forma de fazer justiça. 1 2 3 4 5 6 7

12 O trabalho voluntário funciona como uma porta para a minha

carreira profissional.

1 2 3 4 5 6 7

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13 O trabalho voluntário me ajuda a entender os problemas da minha

vida.

1 2 3 4 5 6 7

14 O voluntariado auxilia na minha capacitação para um emprego. 1 2 3 4 5 6 7

15 Por meio do voluntariado eu posso ajudar a melhorar o mundo. 1 2 3 4 5 6 7

16 O voluntariado me ajuda a compreender como o mundo poderia ser

melhor.

1 2 3 4 5 6 7

17 O voluntariado me auxilia na resolução dos meus próprios

problemas.

1 2 3 4 5 6 7

18 O voluntariado me permite criar vínculos afetivos com outros

voluntários.

1 2 3 4 5 6 7

19 O voluntariado me permite fazer bons amigos. 1 2 3 4 5 6 7

20 Participando do trabalho voluntário aprendo a lidar com situações

diferentes.

1 2 3 4 5 6 7

21 Trabalhar como voluntário(a) aumenta minha autoestima. 1 2 3 4 5 6 7

22 Trabalhar voluntariamente aumenta minha autoconfiança. 1 2 3 4 5 6 7

23 Trabalhar voluntariamente é uma forma de esquecer meus

problemas.

1 2 3 4 5 6 7

24 Trabalhar voluntariamente faz eu me sentir bem comigo. 1 2 3 4 5 6 7

Referência Pilati, R. & Hees, M. A. (2011). Evidências de validadede uma versão brasileira do Inventário

de Funções do Voluntariado - IFV. Psico-USF, 16(3), 275-284.

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Informações para criação dos escores fatoriais (correção da escala) Deverá ser criado, para cada respondente, escores fatoriais que são a média dos itens de cada um dos

quatro fatores, como apresentado na tabela abaixo

Item Cargas

fatoriais

Comunalidades

Fator 1: “Social/Engrandecimento”(α=0,85)

O voluntariado me permite fazer bons amigos 0,87 0,64

O voluntariado me permite criar vínculos afetivos com outros

voluntários

0,76 0,57

Trabalhar voluntariamente aumenta minha autoconfiança. 0,61 0,68

Trabalhar como voluntário(a) aumenta minha autoestima. 0,59 0,63

Participando do trabalho voluntário aprendo a lidar com

situações diferentes.

0,52 0,42

As pessoas próximas de mim valorizam o trabalho voluntário. 0,44 0,36

Meus amigos vêem o voluntariado como algo importante. 0,43 0,38

Fator 2: “Valores/Entendimento” (α=0,84) Gosto de ser prestativo para a sociedade. 0,77 0,54

Por meio do voluntariado eu posso ajudar a melhorar o mundo. 0,67 0,50

Fazer algo de bom a outras pessoas é importante para mim. 0,62 0,45

O voluntariado me ajuda a compreender como o mundo poderia

ser melhor.

0,61 0,50

O trabalho voluntário é uma boa forma de fazer justiça. 0,46 0,32

Eu aprendo com a carência (afetiva, financeira, psicológica,

etc.) do outro.

0,42 0,41

No voluntariado eu perco preconceitos. 0,39 0,34

Eu me sinto ativo graças ao trabalho voluntário. 0,33 0,35

Trabalhar voluntariamente faz eu me sentir bem comigo. 0,32 0,49

Fator 3: “Proteção” ( α=0,72) O voluntariado me auxilia na resolução dos meus próprios

problemas.

0,79 0,70

O trabalho voluntário me ajuda a entender os problemas da

minha vida.

0,65 0,46

Trabalhar voluntariamente é uma forma de esquecer meus

problemas.

0,50 0,31

O trabalho voluntário diminui a minha culpa por ser mais

afortunado que muitos.

0,45 0,26

Fator 4: “Carreira”( α=0,82) O trabalho voluntário funciona como uma porta para a minha

carreira profissional.

0,88 0,78

Como voluntário eu faço contatos para trabalhos remunerados. 0,79 0,62

O voluntariado auxilia na minha capacitação para um emprego. 0,78 0,65

Como voluntário eu aprendo coisas úteis para minha carreira 0,44 0,44

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Anexo 3

Regra de classificação da Associação Brasileira de Empresas de

Pesquisa ABEP (2015)

Alterações na aplicação do Critério Brasil, válidas a partir de 01/01/2015

A metodologia de desenvolvimento do Critério Brasil que entra em vigor no início de 2015 está

descrita no livro Estratificação Socioeconômica e Consumo no Brasil dos professores Wagner

Kamakura (Rice University) e José Afonso Mazzon (FEA /USP), baseado na Pesquisa de

Orçamento Familiar (POF) do IBGE.

A regra operacional para classificação de domicílios, descrita a seguir, resulta da adaptação da

metodologia apresentada no livro às condições operacionais da pesquisa de mercado no Brasil.

As organizações que utilizam o Critério Brasil podem relatar suas experiências ao Comitê do

CCEB. Essas experiências serão valiosas para que o Critério Brasil seja permanentemente

aprimorado.

A transformação operada atualmente no Critério Brasil foi possível graças a generosa

contribuição e intensa participação dos seguintes profissionais nas atividades do comitê:

Luis Pilli (Coordenador) - LARC Pesquisa de Marketing

Bianca Ambrósio -TNS

Bruna Suzzara – IBOPE

Marcelo Alves - Nielsen

Margareth Reis – GFK

Paula Yamakawa - IBOPE

Renata Nunes - Data Folha

Tatiana Wakaguri - IBOPE

Sandra Mazzo - IPSOS

Valéria Tassari - IPSOS

A ABEP, em nome de seus associados, registra o reconhecimento e agradece o envolvimento desses profissionais. ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2014 – www.abep.org – [email protected] 1

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Distribuição das classes

As estimativas do tamanho dos estratos atualizados referem-se ao total Brasil e resultados das

Macro Regiões, além do total das 9 Regiões Metropolitanas e resultados para cada um das RM's

(Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e

Fortaleza).

As estimativas para o total do Brasil e Macro Regiões são baseadas em estudos probabilísticos

nacionais do Datafolha e IBOPE Inteligência. E as estimativas para as 9 Regiões Metropolitanas se

baseiam em dados de estudos probabilísticos da GFK, IPSOS e IBOPE Media (LSE).

ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2014 – www.abep.org – [email protected] 2

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Estimativa para a Renda Média Domiciliar para os estratos do Critério Brasil

Abaixo são apresentadas as estimativas de renda domiciliar mensal para os estratos sócio-

econômicos. Os valores se baseiam na PNAD 2013 e representam aproximações dos valores que

podem ser obtidos em amostras de pesquisas de mercado, mídia e opinião. A experiência mostra

que a variância observada para as respostas à pergunta de renda é elevada, com sobreposições

importantes nas rendas entre as classes. Isso significa que pergunta de renda não é um

estimador eficiente de nível sócio-econômico e não substitui ou complementa o questionário

sugerido abaixo. O objetivo da divulgação dessas informações é oferecer uma ideia de

característica dos estratos sócio-econômicos resultantes da aplicação do Critério Brasil.

ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2014 – www.abep.org – [email protected] 3

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PROCEDIMENTO NA COLETA DOS ITENS

É importante e necessário que o critério seja aplicado de forma uniforme e precisa. Para tanto, é fundamental atender integralmente as definições e procedimentos citados a seguir.

Para aparelhos domésticos em geral:

Devem ser considerados todos os bens que estão dentro do domicílio em funcionamento (incluindo os que estão guardados) independente da forma de aquisição: compra, empréstimo, aluguel, etc. Se o domicílio possui um bem que emprestou a outro, este

não deve ser contado pois não está em seu domicílio atualmente. Caso não estejam funcionando, considere apenas se tiver intenção de consertar ou repor nos próximos seis meses.

Banheiro

O que define o banheiro é a existência de vaso sanitário. Considerar todos os banheiros e lavabos com vaso sanitário, incluindo os de empregada, os localizados fora de casa e os da(s) suíte(s). Para ser considerado, o banheiro tem que ser privativo do domicílio. Banheiros coletivos (que servem a mais de uma habitação) não devem ser considerados.

Empregados Domésticos

Considerar apenas os empregados mensalistas, isto é, aqueles que trabalham pelo menos cinco dias por semana, durmam ou não no emprego. Não esqueça de incluir babás, motoristas, cozinheiras, copeiras, arrumadeiras, considerando sempre os mensalistas.

Note bem: o termo empregado mensalista se refere aos empregados que trabalham no domicílio de forma

permanente e/ou continua, pelo menos cinco dias por semana, e não ao regime de pagamento do salário.

Automóvel

Não considerar táxis, vans ou pick-ups usados para fretes, ou qualquer veículo usado para atividades profissionais. Veículos de uso misto (pessoal e profissional) não devem ser considerados.

Microcomputador

Considerar os computadores de mesa, laptops, notebooks e netbooks. Não considerar: calculadoras, agendas eletrônicas, tablets, palms, smartphones e outros aparelhos.

Lava-Louça

Considere a máquina com função de lavar as louças.

Geladeira e Freezer

No quadro de pontuação há duas linhas independentes para assinalar a posse de geladeira e freezer respectivamente. A pontuação será aplicada de forma independente:

Havendo uma geladeira no domicílio, serão atribuídos os pontos (2) correspondentes a posse de geladeira;

Se a geladeira tiver um freezer incorporado – 2ª porta – ou houver no domicílio um freezer independente serão atribuídos os pontos (2) correspondentes ao freezer. Dessa forma, esse domicílio totaliza 4 pontos na soma desses dois bens.

Lava-Roupa

Considerar máquina de lavar roupa, somente as máquinas automáticas e/ou semiautomática. O tanquinho NÃO deve ser considerado.

DVD

Considere como leitor de DVD (Disco Digital de Vídeo ou Disco Digital Versátil) o acessório doméstico capaz de reproduzir mídias no formato DVD ou outros formatos mais modernos, incluindo videogames, computadores, notebooks. Inclua os aparelhos portáteis e os acoplados em microcomputadores.

Não considere DVD de automóvel.

Micro-ondas

Considerar forno micro-ondas e aparelho com dupla função (de micro-ondas e forno elétrico).

Motocicleta

Não considerar motocicletas usadas exclusivamente para atividades profissionais. Motocicletas apenas para uso pessoal e de uso misto (pessoal e profissional) devem ser consideradas.

Secadora de roupas

Considerar a máquina de secar roupa. Existem máquinas que fazem duas funções, lavar e secar. Nesses casos, devemos considerar esse equipamento como uma máquina de lavar e como uma secadora.

ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2014 – www.abep.org – [email protected] 4

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Modelo de Questionário sugerido para aplicação

P.XX Agora vou fazer algumas perguntas sobre itens do domicilio para efeito de classificação

econômica. Todos os itens de eletroeletrônicos que vou citar devem estar funcionando,

incluindo os que estão guardados. Caso não estejam funcionando, considere apenas se tiver

intenção de consertar ou repor nos próximos seis meses.

INSTRUÇÃO: Todos os itens devem ser perguntados pelo entrevistador e respondidos pelo

entrevistado.

Vamos começar? No domicílio tem______ (LEIA CADA ITEM)

ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2014 – www.abep.org – [email protected] 5

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Qual é o grau de instrução do chefe da família? Considere como chefe da família a pessoa que

contribui com a maior parte da renda do domicílio.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

Este critério foi construído para definir grandes

classes que atendam às necessidades de

segmentação (por poder aquisitivo) da grande

maioria das empresas. Não pode, entretanto, como

qualquer outro critério, satisfazer todos os usuários

em todas as circunstâncias. Certamente há muitos

casos em que o universo a ser pesquisado é de

pessoas, digamos, com renda pessoal mensal acima

de US$ 30.000. Em casos como esse, o pesquisador

deve procurar outros critérios de seleção que não o

CCEB.

A outra observação é que o CCEB, como os seus

antecessores, foi construído com a utilização de

técnicas estatísticas que, como se sabe, sempre se

baseiam em coletivos. Em uma determinada

amostra, de determinado tamanho, temos uma

determinada probabilidade de classificação correta,

(que, esperamos, seja alta) e uma probabilidade de

erro de classificação (que, esperamos, seja baixa).

Nenhum critério estatístico, entretanto, tem validade

sob uma análise individual. Afirmações frequentes

do tipo “... conheço um sujeito que é obviamente

classe D, mas pelo critério é classe B...” não

invalidam o critério que é feito para funcionar

estatisticamente. Servem, porém, para nos alertar,

quando trabalhamos na análise individual, ou quase

individual, de comportamentos e atitudes

(entrevistas em profundidade e discussões em grupo

respectivamente). Numa discussão em grupo um

único caso de má classificação pode pôr a perder

todo o grupo. No caso de entrevista em

profundidade os prejuízos são ainda mais óbvios.

Além disso, numa pesquisa qualitativa, raramente

uma definição de classe exclusivamente econômica

será satisfatória.

Portanto, é de fundamental importância que todo o

mercado tenha ciência de que o CCEB, ou qualquer

outro critério econômico, não é suficiente para uma

boa classificação em pesquisas qualitativas. Nesses

casos deve-se obter além do CCEB, o máximo de

informações (possível, viável, razoável) sobre os

respondentes, incluindo então seus comportamentos

de compra, preferências e interesses, lazer e hobbies e

até características de personalidade.

Uma comprovação adicional da adequação do Critério

de Classificação Econômica Brasil é sua

discriminação efetiva do poder de compra entre as

diversas regiões

brasileiras, revelando importantes diferenças entre

elas.

ABEP - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa – 2014 – www.abep.org – [email protected] 6

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Anexo 4 -

Comitê de Ética em Pesquisa do

Instituto de Infectologia Emílio Ribas (2010)

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Anexo 5

Comissão Científica do Instituto e Infectologia Emílio Ribas (2010)

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Anexo 6

Autorização para início do estudo (2010)

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Anexo 7

Comissão Científica do Instituto de Saúde (2010)

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Anexo 8

Plataforma Brasil

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Anexo 9

Comissão Científica do Instituto de

Infectologia Emílio Ribas (2014)

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Anexo 10 – Termo de anuência

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Anexo 11

Autorização para início do estudo (2014)

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APÊNDICE

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Apêndice 1 -Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Pesquisa: A MOTIVAÇÃO PARA O TRABALHO DOS VOLUNTÁRIOS QUE ATUAM

EM UM HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL DE SÃO PAULO, REFERÊNCIA PARA

PACIENTES HIV POSITIVO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) Voluntário (a)

Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa sobre motivações e

características do voluntariado. A pesquisa está ligada à Pós-Graduação da Escola de

Enfermagem da Universidade de São Paulo.

O objetivo da pesquisa é analisar a motivação para o trabalho voluntário em um

hospital público de São Paulo que trabalha com HIV/aids. A previsão de tempo está

prevista em uma hora e vinte, podendo ser realizado em um, ou no máximo em três

diferentes dias, a seu critério.

Esta pesquisa consiste em quatro diferentes partes: entrevista que poderá ser

gravada e posteriormente transcrita, Questionário de Classificação Econômica da

Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), o Inventário de Funções do

Voluntariado (IFV), e o Questionário de Perfis de Valores Refinada (QPV-R), os dois

últimos adaptados para o Brasil.

Gostaríamos de entrevistá-lo (a) sobre a sua experiência como voluntário: há tempo

em que atua como voluntário, setor, tipo de atividades que desenvolve, motivação

para ser voluntário (a), e por que escolheu um hospital especializado em HIV/Aids.

Já o Questionário de Classificação Econômica da Associação Brasileira de Empresas

de Pesquisa (ABEP), tem a função de estimar o poder de compra das pessoas e

famílias urbanas.

O IFV consiste de 24 perguntas em curtas descrições de pessoas, com a pergunta

“Para você, a realização do seu trabalho voluntário é importante por quê”, aonde o (a)

voluntário (a) escolhe uma dentre as sete opções oferecidas de resposta.

Com 57 breves descrições de pessoas diferentes, o Questionário de Valores

Revisado (PVQ-R), é atualmente, amplamente utilizado em vários países. Para cada

descrição, o participante deve indicar a semelhança dele em relação à pessoa

descrita em uma escala apresentada pela pesquisadora.

A estimativa de tempo para aplicação dos quatros instrumentos está prevista em uma

hora e vinte minutos.

Sua participação é totalmente voluntária. Algumas pessoas gostam e se beneficiam

de falar sobre a experiência como voluntários (as); outras podem não se sentir tão

confortáveis. Então, por questões éticas, precisamos informar as

vantagens/benefícios em participar da pesquisa; e dos riscos ou desvantagens.

Falar sobre a experiência vivida oferece a possibilidade de reorganização do

pensamento e elaboração dos significados da sua experiência, o que muitos

consideram bastante proveitoso. Posteriormente após o término da coleta e análise

dos dados, os participantes serão convidados a participar de uma devolutiva com os

resultados da pesquisa.

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137

Os riscos que esta pesquisa oferece aos participantes referem-se exclusivamente ao

campo do bem-estar emocional, por ser uma investigação da sua experiência vivida.

Caso você sinta algum desconforto em compartilhar certas informações pessoais ou

confidenciais, você pode pedir para responder por escrito, por e-mail, para desligar o

gravador, ou recusar a resposta. Ou seja, você tem liberdade para não responder com

informações que lhe causem desconforto em falar. Se depois da entrevista, você

quiser retirar esta autorização, você poderá fazê-lo por telefone ou por e-mail.

No caso de se recusar, não haverá prejuízos para seu trabalho voluntário no Hospital.

Você pode retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar do

estudo, sem sofrer nenhuma penalização ou prejuízo para seu trabalho como

voluntário(a). Sua identidade será mantida em anonimato. Os resultados da pesquisa

quando divulgados, vai preservar a não a divulgação da sua identidade.

Se você tiver alguma dúvida, entre em contato com a pesquisadora responsável. Este

consentimento será feito em duas vias, ficando uma com a pesquisadora Siomara e

outra cópia com o (a) voluntário (a).

Consentimento para a participação na pesquisa (marque com um X):

( ) SIM, consinto em responder à entrevista

( ) NÃO consinto em participar da pesquisa

Nome da entrevistada por extenso: _________________________________

Telefone ou e-mail de contato: ____________________________________

São Paulo_________ de __________________ de 2015

Contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

Av. Dr. Enéas Carvalho Aguiar 419,CEP 05403-000, São Paulo, SP

Fone: (11) 3061-7548, e-mail: [email protected]

Contato com a pesquisadora Siomara Roberta de Siqueira

Telefone: (11) 98125-0713

e-mail: [email protected]

Page 138: SIOMARA ROBERTA DE SIQUEIRA - USP€¦ · Tabela 2 - Setor em que o voluntário atua no SVHH. Tabela 3 - Trabalho voluntário anterior. Tabela 4 - Número de locais em que o voluntário

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Apêndice 2 - Questionário para entrevista

semiestruturada dos voluntários

Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo

Projeto: A motivação para o trabalho dos voluntários que atuam em um hospital público

Estadual de São Paulo, referência em HIV

Roteiro Norteador: Voluntário

Data:_________

1) Nome (somente iniciais)________________________________________

2) Idade: ___________ (em anos completos)

3) Local de nascimento: __________________________________________

( ) 1. Capital ( ) 2. Interior paulista ( ) 3. Outros Estados ( ) 4. Exterior

4) Sexo: ( ) 1. Masculino ( ) 2. Feminino

5) Estado civil: ( ) 1. Solteiro(a) ( ) 2. Casado/união estável ( ) 3. Espírita ( ) 4. Outro

6) Filhos: ____________________________________(Colocar número exato de filhos)

7) Com quem vive: ( )1. Sozinho ( ) 2.Pais ( ) 3. Cônjuge ( ) 4.Outros____________

8) Qual é a sua religião? ( ) 1. Católica ( ) 2. Evangélico ( ) 3.Outros_____________

9) É praticante? ( ) 1.Sim ( ) 2.Não

10) Profissão/Ocupação_____________________________________________

11) Trabalha ( ) 1.Sim ( ) 2. Autônomo ( ) 3. Assalariado

( ) 4. Não ( ) 5. Aposentado ( ) 6. Procurando trabalho

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139

Entrevista SEMI ESTRUTURADA

A Entrevista será iniciada pela pergunta:

Fale-me do seu trabalho como voluntário aqui no IIER.

A depender da necessidade serão feitas as perguntas:

a) Há quanto tempo é voluntário nesse hospital? (Colocar em meses exatos ou em anos)

b) Em qual setor do IIER atua? Que tipo de atividades desenvolve?

c) O que te levou a ser voluntário aqui?

d) Por que escolheu um hospital especializado em HIV/Aids?

2. Conte-me o que é mais difícil em sua atividade voluntária.

3. Fale-me o que lhe dá mais satisfação em sua atividade voluntária.

4. O que ajuda/facilita o trabalho voluntário no IIER?

5. O que dificulta/atrapalha o trabalho no IIER?

6. Já trabalhou ou trabalha como voluntário em outro local? Qual? O que fazia? Quanto tempo

esteve ou está nesse outro local como voluntário?

7. Para você, o que é ser voluntário?

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140

Apêndice 3 - Autorização do Inventário de Funções do

Voluntariado (IFV) adaptado para o Brasil pelo Prof. Dr.

Ronaldo Pilati

Cara Siomara,

Autorizo o uso do referido instrumento (Versão Brasileira do Inventário de

Funções do Voluntariado (Pilati & Hees, 2011) para fins de pesquisa. Reforço

a necessidade de seguir as orientações contidas no arquivo de instruções de

uso da referida escala, que envio anexo.

Att,

Ronaldo Pilati

Associate Professor - University of Brasilia

Researcher of Productivity CNPq - Level 2

Coordinator of the Graduate Program in Social, Work and Organizational

Psychology

Director of Sociedade Brasileira de Psicologia 2014-2015

Personal Website

Blog

GEPS Research Group

Social and Work Psychology Department - Institute of Psychology

Vita

Google Citations

Page 141: SIOMARA ROBERTA DE SIQUEIRA - USP€¦ · Tabela 2 - Setor em que o voluntário atua no SVHH. Tabela 3 - Trabalho voluntário anterior. Tabela 4 - Número de locais em que o voluntário

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Apêndice 4 - Autorização do Questionário de

Perfis de Valores Refinada

(PQV-RR) pelo autor, Prof. Dr. Shalom H. Schwartz

Dear Siomara Roberta de Siqueira,

You have my permission to use the PVQ in your

research. I recommend, however, that you use

the revised version that measures the 19

values in my refined value theory and the 10

values in the original theory and does so more

reliably.

I attach the new PVQ-RR and its coding and

analysis instructions and an article that

presents the refined theory. Good luck!

Prof. Claudio Torres at the University of

Brasilia is an expert in use of the PVQ-RR

whom

you may wish to consult.

Professor Shalom H. Schwartz

Department of Psychology

The Hebrew University of Jerusalem

& The Higher School of Economics, Moscow

[email protected]

[email protected]

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Apêndice 5 - Autorização do Questionário de Perfis de Valores (PQV-RR) adaptado para o

Brasil pelo Prof. Dr. Cláudio Torres

Olá Siomara, vc já tem minha autorização!

Boa sorte na pesquisa, Claudio.

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