Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

18

Transcript of Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

Page 1: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 1/17

Page 2: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 2/17

INTRODUÇÃO GERAL

c

R. Ellenport

De acordo com Vesalius (1543), a

anatomia

 deve ser corretamente considerada como a base só-

lida de toda a arte da medicina e como a sua intro-

dução essencial . Deve-se entender também que a

anatomia apresenta uma grande parte da termino-

logia médica ao estudante.

A anatomia é o ramo da biologia que lida com a

forma e a estrutura dos organismos. Está, portanto,

em íntima relação com a fisiologia, que estuda as

funções do organismo.

Etimologicamente a palavra anatomia significa

separação ou desassociaçãode partes do corpo. No

período inicial de seu desenvolvimento, a anatomia

era uma simples ciência descritiva, baseada em ob-

servações realizadas a olho nu e com o uso de ins-

trumentos simples de dissecação - bisturi, pinça e

outros. Naquela época o termo expressava adequa-

damente a natureza do objeto de estudo. Mascom a

expansão do objetivoda ciência e como crescimento

dos conhecimentos anatõmicos, tornaram-se ne-

.cessárias subdivisões e novos termos foram introdu-

zidos, para designar áreas específicas e métodos de

trabalho. Com a introdução do·microscópio, e seus

acessórios, tornou-se possível estudar detalhes mais

finos da estrutura de minúsculos organismos até

então desconhecidos. Este campo de pesquisa

desenvolveu-se rapidamente na ciência da

anatomia

microscópica ou histologia, como é convencional-

mente distinguida da anatomia propriamente dita

ou

macroscópica.

Da mesma forma, o estudo das

transformações que osorganismos sofrem durante o

desenvolvimento, logo obteve suficiente importân-

cia para ser considerado, em termos práticos, como

um ramo separado, conhecido comoembriologia. A

aplicação deste termo é geralmente limitada às fases

iniciais do desenvolvimento, quando são formados

os tecidos-eórgãos. O termo ontogenia é usado para

designar o desenvolvimento total do indivíduo. A

história ancestral ou filogenia das espécies é consti-

tuída pelas modificaçõesevolutivasque sofreu, mos-

tradas pelos registros geológicos.

A anatomia comparada é a descrição e a compa-

ração das estruturas dos animais, e estabelece os cri-

térios para a sua classificação. Através deste pro-

cesso- sendo objeto de estudo inclusiveformas ex-

tintas - tem sido possível demonstrar a inter-rela-

ção genética de vários grupos de animais e elucidar

o significado de muitas peculiaridades de estrutura,

que de outra maneira seriam obscuras. Asdeduções

relacionadas às leis gerais sobre forma e estrutura,

que derivam dos estudos de anatomia comparada,

'CAPÍTULO

1

constituem a ciência chamada morfologia ou ana-

tomia filosófica. Contudo, o morfologista .lida ~o-

mente comos dados anatõmicos que são necessános

para formar a base para as suas generalizações. O

conhecimento anatõmico necessário para a prática

médica e cirúrgica é, evidentemente, de caráter di-

ferente e precisa incluir muitos detalhes que não são

de interesse particular para o morfologista.

A

anatomia especial

é adescrição da estrutura de

um simples tipo ou espécie, por exemplo, antropo-

tornia, hipotomia.

A anatomia veterinária éo ramo que lida com a .

forma e a estrutura dos principais animais domésti-

cos.

É

geralmente estudada tendo em vista

à

forma-

ção profissional e, portanto, é de caráter altamente

descritivo.

São utilizados três métodos principais de estudo

- o sistemático, o topográfico e o aplicado. Este

livro usa a abordagem sistemática, onde o corpo é

vistocomo constituído de sistemasde órgãos ou apa-

relhos que são semelhantes em origem e estrutura e

estão associados na realizaçãode certas funções. As

divisõesda anatomia sistemática são: (1)

osteologia,

descrição do esqueleto (ossos e cartilagem), cujas

funções são apoiar e proteger as partes macias do

corpo; (2) sindesmologia, descrição das junturas,

cujas funções são dar mobilidade aos segmentos dos

ossos rígidos e mantê-Ios unidos através de fortes

faixas fibrosas, os ligamentos; (3)

miologia,

descri-

ção dos músculos e estruturas acessóriasque funcio-

nam para colocar os ossos e as articulações em mo-

vimento; (4) esplancnologia, descrição das vísceras

(incluindo os aparelhos digestivo, respiratório e

urogenital, o peritônio e as glândulas ertdócrinas);

(5) angiologia, descrição dos órgãos da circulação

(coração, artérias, veias, linfáticos e baço); (6)neuro-

logia, descrição do sistema nervoso; sua função é

controlar e coordenar todos os outros órgãos e es-

truturas; (7)

órgãos do sentido,

que põem o indiví-

duo em contato com o meio ambiente, e (8) tegu-

mento comum, que funciona principalmente como

um revestimento protetor do corpo, como uma

parte importante do sistema regulador de temp~~-

tura, voltado para as sensações e com poderes limi-

tados de excreção e absorção.

 Ainda que a aquisição e a organização do conhe-

cimento anatômico seja fácil para os iniciante ,

quando aprendido por sistemas, os estudante do

campos de medicina precisam estar sempre atento

para aprender as relações das várias parte para

comcada uma e coma superfície do corpo, porque o

3

Page 3: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 3/17

4

 

propósito final de seus estudos é visualizá-Ios em

espécimes vivos. Em adição. à dissecção. do corpo, o

estudo da anatomia topográfica é apoiado pela es-

tudo da anatomia da superfície, da anatomia seccio-

nal e da anatomia radiológica  (00SS, 1966).

O termo anatomia topográfica designa os méto-

dos pelos quais as posições relativas das várias partes

do corpo são rigorosamente determinadas. Pressu-

põe um conhecimento bem sedimentado de anato-

mia sistemática. As considerações sobre os fatos ana-

tômicos e suas relações com a cirurgia, o diagnóstico

físico e outros ramos práticos são denominados ana-

tomia aplicada.

TERMOS TOPOGRÁFICOS

Para que a posição e a direção das partes do COI'pO

sejam indicadas precisamente, empregam-se certos

termos descritivos que precisam ser conhecidos

desde já. Assumimos, na explicação destes termos,

que sejam aplicados a um quadrúpede na sua posi-

ção ereta normal (Fig. l-I). A superfície orientada

em direção ao plano de apoio (solo) é denominada

ventral e a superfície oposta, dorsal; os relaciona-

mentos das partes nesta direção são. denominados

de forma correspondente. O plano mediano longi-

tudinal divide o corpo em metades similares. Uma

estrutura ou superfície que está mais próxima do

plano mediano do que uma outra é chamada medial

(ou interna) a ele, e um objeto ou superfície que está

mais distante da plano medial do que um outro é

chamado lateral (ou externo) a ele. Os planos para-

lelos ao medial são sagitais. Planos transversos ou

segmentares cortam o eixo mais longo do corpo

perpendicularmente ao plano mediano, ou um

órgão o.u membro em ângulos retos ao seu eixo mais

longo. Um plano frontal é perpendicular aos planos

mediano e transversal. O termo também é usado em

referência a partes dos membros ou de vários órgãos

cortados no mesmo sentido. O lado do corpo mais

próximo à cabeça é denominado cranial e o mais

VENTRAL

GERAL

próximo   cauda, caudal; as relações de estruturas

com respeito ao eixo longitudinal do corpo são de-

nominadas em conformidade. Com respeito às par-

tes da cabeça, os termos correspondentes são rostral

e caudal. Certos termos são usados em sentido espe-

cial quando aplicados aos membros. Proximal e dis-

tal expressam distâncias relativas das partes em rela-

ção. ao eixo longo do corpo. Abaixo do carpa os

termos usados são dorsal e palmar e abaixo do tarso,

dorsal e plantar. Os termos superficial e profundo

 profundus) são úteis para indicar distâncias relativas

 Ipartir da superfície do corpo.

NOMENCLATURA

 NAV, 1972)

 Até 1895 não havia acordo geral sobre a nomen-

clatura da anatomia humana ou veterinária. Cada

nação possuía seu próprio sistema de terminologia,

ainda que houvesse uma base comum que se esten-.

dia através da história. Muitas estruturas possuíam.

nomes diferentes em diferentes países e muitas

eram denominadas com o nome da pessoa que havia

feito a sua primeira descrição. Em muitos casos o

mesmo órgão. estava associado com os nomes de di-'

ferentes anatomistas em países diferentes.  A partir'

daquela data tem havido diversas Nomina Anatomi-,

cas; a primeira Nomina Anatornica Veterinária in-

ternacional foi publicada em 1968 (veja NAV 1968 e

1972 para asua história e membros).

 Os seguintes princípios, que estão, em grande

parte, de acordo com os da N.A., têm servido como

guias no trabalho do Comitê Internacional sobre

Nomenclatura Anatõmica Veterinária (C.I.N.A.V.):

 1. Fora um número muito li~ütado de exceções,

cada estrutura

anatõmica

deve ser designada por

um único termo. 

2. Cada termo deve estar em latim na lista ofi-

cial, mas os anatomistas de cada país estão livres

para traduzir os termos oficiais do latim para a lín-

gua de ensino. 

/ PLANO MEDIANO

CRANIAL

\ PLANO FRONTAL

Figura l-I. Termos de posição e direção.

Page 4: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 4/17

INTRODUÇÃO GERAL

 3. Cada termo deve ser, dentro do possível, o

mais curto e simples. 

4. Os termos devem ser fáceis de ser relembrados

e devem possuir, acima de tudo, valores instrutivos e

descritivos.

5.

Estruturas que estão muito relacionadas topo-

graficamente devem possuir nomes similares; por

exemplo, artéria femoral, veia femoral, nervo femo-

ra . 

6. Os adjetivos diferenciais devem ser geral-

mente opostos, como maior e menor, superficial e

profundo.

7. Os termos derivados de nomes próprios

 epó-

nimos) não devem ser usados. 

Com respeito aos termos de direção, as seguintes

regras foram adoradas depois de longas delibera-

ções: os termos cranial e caudal aplicam-se ao pes-

coço, ao tronco, à cauda e aos membros, tão distais

5

quanto sejam da extremidade do antebraço e da

perna. Os termos dorsais e palmares são usados para

as mãos e dorsais e plantares para os pés. Na cabeça,

os termos rostral, caudal, dorsal e ventral são prefe-

ridos, com os termos anterior, posterior, superior e

inferior usados para poucas localizações, como o

globo ocular, as pálpebras e ouvido interno.

Medial

e lateral são usados em todo o corpo, exceto

que axial e abaxial designam os lados dos dedos nos

mamíferos domésticos, excluindo-se o cavalo. 

Nenhuma nomenclatura científica pode ser con-

siderada completa e permanente enquanto houver

pesquisa em seu campo. Pesquisa em anatomia geral

dos animais domésticos é realizada ativamente em

todo o mundo e tem sido acelerada pelo interesse

nos problemas não abordados pela NAV. Espera-se,

portanto, que sejam necessárias freqüentes revi-

sões. 

lUBLIOGRAFIA

Coss,C. M.1966.Cray's Anatomyof the Human Body.28th ed.,Lea

 

Febiger.

Phíladelphía.

Lint,

J.

C. de. 1926.Atlasof

the History

of

Medicine. I.

Anatomy.

Lewis, London.

Nomina

Anatomíca

1966. 3rd ed. Excerpta Medica

Foundatíon 

Amsterdam.

Nomina Anatomica veterinária. 1968. world Association of Veter-

inary Anatomists, Vienna.

Norruna Anatomica Veterinarta. 1973. 2nd ed. World Associaüon of

Vctcrínarv

Anatonusts. Vienna.

Singer. C. 1957. A short

history

of anatornv and phvsíology from the

Greeks to

Harvey.

Dover.

New

York.

Vesalius. A. 1543. De Hurnaní Corporis Fabrica rThe workings of .

lhe human body).

ANATOMIA NA RADIOLOGIA

M. A. Emmerson

A IMPORTÂNCIA DA ANATOMIA

PARA O RADIOLOGISTA

 Para ser proficiente no campo da diagnose radiológica

temos que estar familiarizados com a anatomia ra-

diográfica .:

SCH~I:\ITZ E WILKENS

o

QUE É A

ANATOMIA RADIOGRÁFICA?

O posicionamento apropriado

do paciente é de

grande importância para o radiologista veterinário,

a fim de obter a melhor radiografia

possível. 

A

melhor radiografia ainda é difícil de ser interpre-

tada; a radiografia fraca é quase impossível de ser

*No animal vivo, não é possível colocar o filme de raios X no plano

frontal ou mediano (veja a Fig. l-I). Portanto, o feixe de raios X

terá que passar inteiramente através da .cabeça, pescoço, peito, ab-

dome, pelve e cauda antes de atingir a sensiva emulsão do filme

de raios X. Quando o feixe de raios X passa de lado a lado, ou de

cima para baixo, o posicionamento é designado conforme segue:

Entrada

à

esquerda - saída

à

direita; lateral esquerda-direita.

Entrada

à

direita - saída

à

esquerda; lateral direita-esquerda.

Entrada nas costas - saída sobre a linha; dorsoventral.

Entrada sobre a linha - saída nas costas; ventrodorsal.

Para os apêndices, o uso do plano transversal  não é suficiente.

interpretada com precisão.' Desta forma, para se

obter uma excelente radiografia, para fins diagnós-

ticos, o paciente tem que estar adequadamente posi-

cionado. A aquisição de conhecimentos anatõmicos

tridimensionais é, portanto, necessária para que se

seja científico ao invés de depender da sorte para a

obtenção da melhor chapa de raios X.

O tratamento das lesões internas de órgãos espe-

cíficos com enersia radiante (terapia de raios

X

por exemplo) eXige que o radiologista conheça a

posição do órgão

que está doente, e aproximada-

mente sua profundidade abaixo da superficie do

corpo, para que receba o efeito máximo do feixe de

raios X adequadamente direcionado.

Caso venham a ser usados implantes de energia

radiante, tais como sementes de radon ou agulhas

Os seguintes termos de

posicionarnento

são de uso comum:

Entrada anterior (cranial) - saída posterior (caudal); vista

anterior-posterior.

Entrada posterior (caudal) - saída anterior (cranial); vista

posterior-anterior.

Entrada lateral - saída medial; vista lateromedial.

Entrada mediaI- saída lateral; vista mediolateral.

A

terminologia usada para orientar o interpretador de vistas

oblíquas sobre radiografias terá que ser relegada ao estudo em

profundidade  da radiologia veterinária.

Page 5: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 5/17

6

de rádio ou de cobalto, a adequada colocação destes

materiais no órgão doente requ.er conhecimentos

anatômicos quanto ao órgão, bem como conheci-

mento da patologia da condição da doença. A ana-

tomia é básica para o sucesso na diagnose e no 'tra-

tamento das doenças dos animais quando se usa a

energia radiante.

POR QUE A ANATOMIA PRIMEIRO?

Torna-se logo óbvio, para a pessoa que se prepara

para a carreira nas ciências médicas, que o conheci-

mento da morfologia normal do corpo e a designa-

ção adequada das estruturas - através de nomen-

clatura aceita tanto local quanto universalmente - é

fundamental para o aprendizado, para a comunica-

ção- e, eventualmente, nas contribuições para o

avanço da ciência médica. As doenças, muitas das

quais são descobertas no início através de exames de

raios X ou fluoroscópicos, são muitas vezes designa-

das pOI' pelo menos uma parte de seu nome

anató-

mico (por exemplo, osteíte, nefrite, artrite, com o

osso, órgão ou articulação específica incluída na de-

signação). Que confusão caótica não seria se todos

tivessem nomes diferentes pará os órgãos do corpo,

as doenças, ou as anormalidades anatômicas

Portanto é axiornático que a anatomia seja básica e

fundamental para o desenvolvimento, a aplicação e

o avanço de todas as disciplinas da ciência médica e

da saúde, incluindo a radiologia.

O QUE É RADIOLOGIA?

Por definição, a radiologia é o ramo da

ciência

médica que lida com a aplicação diagnóstica e tera-

pêutica da energia radiante, incluindo raios roent-

gen, o rádio, e isótopos radioativos.*

Todas as utilizações da energia radiante na medi-

cina, tais como a radiografia, a fluoroscopia, a tera-

pia através de raios X e as utilizações terapêuticas ou

investigativas dos isótopos radioativos, estão incluí-

das na Ciência da Radiologia.

O QUE

É

RADIOLOGIA VETERINÁRIA?

A radiologia veterinária é o ramo da radiologia

que lida principalmente com as aplicações diagnósti-

cas e terapêuticas da energia radiante nas doenças

de todos os animais que por direito estão sob a juris-

dição do veterinário.

t

Isto inclui todas as espécies

domésticas, animais de zoológicos e espécies exóticas

utilizadas na pesquisa e normalmente designadas

como animais de laboratório (Medicina de Animais

de Laboratório).

Além dos raios roentgen, as fontes mais cornu-

mente usadas de energia radiante em medicina ve-

terinária são o rádio ou sementes ou agulhas de ra-

don, placas ou agulhas de cobalto 60 (incluindo o

fio) e os aplicadores beta.

*Das exigências do Conselho Americano de Radiologia para o cer-

tificado em radiologia.

+Definição .modifiéada do Conselho Americano de Radiologia

para ·satisfazer exigências da Medicina Veterinária.

GERAL

O QUE

É

O RADIOLOGtSTA?

O radiologista é qualquer pessoa qualificada por

treinamento nas ciências médicas e na física

radioló-

gica para usar a energia radiante nas áreas de diag-

nose, terapia e pesquisa da medicina.

O QUE SÃO RAIOS ROENTGEN

OU RÁIOS X ?

Os raios X foram descobertos em 1895 por Wi-

lhelm Conrad Roentgen, um físico alemão (Emrner-

son, 1952). A história da descoberta dos raios X é

uma das mais fascinantes na história da ciência. Os

raios X são ondas eletromagnéticas ou acúmulos de

energia na forma de ondas que se deslocam a

186.000 milhas por segundo. O comprimento da

onda dos raios roentgen é extremamente curto. Os

comprimentos de onda utilizados n,ilsdiagnoses mé-

dicas veterinárias são de 0,1 a 0,5 A Os raios gama

são fisicamente idênticos aos raios X curtos, mas são

emitidos por determinados elementos radioativos. O

conceito de importância para o estudante de anato-

mia é que o feixe de raios X é tão minúsculo que

pode. passar através dos átomos dos tecidosde um

animal e que apenas determinadas partes do feixe

de raios X serão paradas  ou  absorvidas  pelos

eléctrons, prótons ou nêutrons em órbita nos tecidos

expostos. Desta forma, é importante que o radiolo-

gista veterinário aprenda anatomia em três dimen-

sões.

Exemplo:

À

sua frente há um cão anestesiado. Você recebe um

daqueles antiquados alfinetes de chapéus de senhoras e é solicitado

a ernpurrá-Io, de ponta, através do tórax, da esquerda para a di-

reita, entre a quarta e a quinta costelas, a meio do caminho entre o

ligamento supra-espinhoso e o esterno. Embora você não possa

realmente ver a ponta do alfinete penetrar e emergir de cada estru-

tura anatômica, você deverá ser capaz de visualizar em sua mente

(doravante citada como seu  olho de raios X )cada estrutura que o

alfinete atravessa até emergir no lado direito do peito. Agora ima-

gine, literalmente, milhões de alfinetes passando através do peito. É

isto o que fazo feixe de raios X quando se tira uma  chapa de raios

X  ou radiografia do peito de um cão.

COMO OS RAIOS X MANIFESTAM

SUA PRESENÇA?

OS raios X manifestam sua presença, pelo menos,

de quatro modos diferentes: (1) efeito fotográfico;

(2) efeito fluorescente; (3) efeito biológico; e (4)

efeito ionizante.

EFEITO FOTOGRÁFICO.

Os raios X penetram na

matéria sólida; os de ondas de comprimento mais

curtas possuem um maior poder de penetração e são

conhecidos como raios duros . Na sua passagem

através da matéria, os raios X são absorvidos, sua

quantidade dependendo do número atômico e da

densidade da substância absorvedora. O osso, dado

o seu teor de cálcio, absorve raios X muito mais fa-

cilmente do que os tecidos moles do corpo. Os raios

que penetram no corpo fragmentam os cristais de

brorneto de prata, na emulsão de um filme de raios

X, de modo que, ao serem revelados, estes são rapi-

damente reduzidos ao  preto  da prata metálica. A

isto denomina-se radioluscência. Os raios absorvi-

dos por determinados tecidos (por exemplo, o osso)

não alteram os cristais de brometo de prata que são

dissolvidos e removidos no processo de fixação, dei-

xando o filme claro; desta forma, diz-se que o osso é

Page 6: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 6/17

INTRODUÇÃO GERAL

radiopaco. Entre estes dois extremos temos muitas

gradações de opacidade, de modo que o filme to-

talmente processado torna-se agora um registro fo-

tográfico da capacidade de penetração dos raios X

em uma determinada parte do corpo. Este registro é

denominado um radiog-rama ou radiografia*, es-

quiagrama ou esquiagrafia*, roentgenograma ou

roentgenografia, ou, pelo leigos de chapa de raios

X* .

EFEITO FLUORESCENTE. Quando o feixe de raios X

atinge uma cartolina forrada com determinados

cristais, ela faz com que esses cristais fluoresçam ou

emitam luz visível. As variações da quantidade de

feixes de raios X que atingem os cristais fazem com

que a imagem surja no exame fluoroscópico.

EFEITO BIOLóGICO.

Deve-se lembrar que os raios

X são sempre destrutivos para os seres vivos.

Quando a destruição do tecido vivo não for maior

*Os termos marcados com um asterisco

(*)

são os mais comurnente

ouvidos ou usados.

7

do que possa ser reparado, muito pouca reação dos

tecidos é observada. Na pele não pigmentada, a

primeira reação visível é a vermelhidão ou eritema;

o sinal seguinte é a queda dos pêlos, ou depilação; e,

finalmente, vem a morte do tecido ou queimadura

por raios X. A irradiação por raios X, de todo o

corpo, altera a contagem sangüínea, é letal em altas

doses e pode causar mutações dos genes em doses

menores. Doses repetidas de raios X são acumulati-

vasoA exposição desnecessária aos raios X deve ser

religiosamente evitada.

EFEITO IONIZANTE. O último método de detectar a

presença de raios X é o método de ionização. De-

terminados gases recebem e retêm uma carga elé-

trica conhecida. Quando um dispositivo tal como

um medidor r , ou medidor roentgen, for colocado

em um feixe de raios X, as ondas eletromagnéticas

removem ou neutralizam a carga elétrica contida,

de modo que a perda de carga pode ser mensurada.

Tal dispositivo é usado para calibrar ou determinar

Figura 1-2. Feto de bovino imediatamente após o segundo trimestre

de

gestação.

Note a homogeneidade da densidade dos tecidos moles. Somente as estruturas calcificadas estão realçadas. O bezerro não possui nem ar

inspirado (pulmões e traquéia invisíveis)nem alimento deglutido (nenhum gás no estômago, intestinos, cólon ou reto). É difícil ver-se o

diafragma (separando o peito e o abdome).

Page 7: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 7/17

8

G R L

Figura 1-3. Feto de bovino; o mesmo da Fig. 1-2, porém no sistema circulatório foi injetado através das artérias umbilicais um meio

radiopaco.

Note o efeito que o sistema circulatório possui na delineação do tórax e do abdome. A circulação fetal está bem ilustrada. Ainda não há

nenhum ar nem gás nos tratos respiratório ou digestivo.

a quantidade de raios X, produzidos por um deter-

minado aparelho e usado para tratar de tumores e

outras

doenças,

A unidade de

mensuração

é o.

roentgen, designado. po.r um r minúsculo.

O ro.entgen,* é uma dose de exposição de radia-

ção.X ou gama, tal que a emissão.corpuscular asso-

ciada po.r 0,001293 g de ar produz, no.ar, íons car-

regando. uma unidade eletrostática de quantidade

de eletricidade de qualquer sinal.

COMO PODe A RADIOLOGIA

AJUDAR ME NA ANATOMIA?

A pressão. de conhecimentos sempre crescentes,

na medicina veterinária e outras ciências do.setor de

saúde, tem sido. um estímulo. para o. reexame dos

métodos

de ensino.da anatomia e de outras discipli-

nas profissionais. Uma resposta superficial a tal

pressão. é a de reduzir o tempo e o.

conteúdo

dos

.U.S. Dept. of Commerce, 1960: 1961.

cursos de anatomia. Entretanto, as fronteiras em

expansão, no campo clínico e outros relacionados

muito.provavelmente não.serão servidas pelo.ensino.

reduzido de anatomia, embora seja altamente

provável que avanços po.ssamser realizados na efi-

ciência da apresentação da anatomia. Para ser eficaz,

a anatomia terá que ser ensinada e aprendida como

uma disciplina tndimensional, para que o pratican-

te (ou cientista de animais de pesquisa, se for o

caso) seja capaz de visualizar as

modificações

(pato-

lógicas ou outras) que se realizam no. corpo. com

vida. Embora a mesa de dissecção. seja pro.vavel-

mente o.melhor lugar para se aprender a anatomia

tr idime nsional, o. exame fluo

roscópico

e ra-

diográfico

de determinadas estruturas ou

órgãos

pode muito.contribuir para a precisão.da foto.men-

tal a ser desenvolvida pelo. aluno. Por exemplo, é

muito.mais exata a determinação. das tensões trabe-

culares em um osso, através da radiografia, do.que

pela serragem do.ossoao meio. Umoutro. exemplo.é

o. notável melhoramento, no. conceito mental do

Page 8: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 8/17

INTRODUÇÃO GERAL

aluno, com relação ao suprimento sangüíneo.de um

órgão ou espécime específico que pode ser obtido

pela injeção, no sistema vascular, de uma tintura

radiopaca e a realizaçãode sua radiografia (Figs. 1-2

e 3). Ambos os exemplos apresentados criam uma

imagem mental mais precisa e contribuem grande-

mente para a eficiência de apresentação e na con-

servação de tempo.

Mais ainda, a anatomia radiográfica é uma ferra-

menta essencial para o praticante e o auxiliamuito a

visualizar anormalidades do corpo em vida, não

prontamente acessíveisa olho nu. Seria muito vanta-

joso para o veterinário neófito seos seus instrutores,

nas ciênciasmédicas veterinárias básicas,soubessem

mais sobre as doenças e as anomalias encontradas,

na prática, fase da medicina veterinária que ainda

exige mais homens-hora do que qualquer outro

campo reconhecido. Ser capaz de associar determi-

nadas áreas ou regiões anatômicas com os males de

animais, de ocorrência mais comum, é mais de-

sejável para o estudante do que a dependência na

memorização. Muitos instrutores, com considerável

experiência de ensino, podem lembrar-se de alunos

que podiam citar quase literalmente o texto ou

anotações, mas que, ao serem questionados um

pouco mais, eram incapazes de reconhecer a estru-

tura que foram solicitados a descrever. Tal  conhe-

cimento , que é pura memorização, obviamente não

é conhecimento algum. Aanatomia útil é a anatomia

visual; o quadro das estruturas e as relações que

podem ser visualizadasmentalmente, e não as pala-

vrasutilizadas para descrever a estrutura. Os raios X

ajudam a desenvolver o quadro mental, ou melhor

ainda,  o olho de raios X .

COMO PODE A ANATOMIA

AJUDAR ME NA RADIOLOGIA?

Para ser proficiente na interpretação radiográfica

(diagnose radiográfica ou de raios X), é preciso pri-

meiro ter algum conhecimento sobre a anatomia da

região que foi objeto dos raios X.Três elementos ou

compostos encontrados no corpo sadio e normal re-

sultam nas  sombras  de raios X vistas na chapa.

Eles são: (1) Ar - na boca, nariz, seios paranasais,

traquéia, pulmões, estômago, intestino delgado de

indivíduo em amamentação, cólon e reto. (2)Agua

- no sangue (ela é a resposta para a densidade dos

grandes vasos sangüíneos) e órgãos cheios de san-

gue, tais como o fígado, o baço e os rins e a bexiga

cheia de urina. Os fluidos fetais no útero grávido

aumentam a densidade desse órgão em relação à

do estado não grávido. E, por último, sãoobservadas

sombras no estômago ou intestino delgado logoapós

a ingestão de fluidos. (3) Minerais - de principal

significação é  C l cálcio en~~n,trado ,nos.()ssos e, ~s

vezes, no músculo e no epitélio dos indivíduos mais

velhos. Isto é normalmente, mas nem sempre, atri-

buível a algum ferimento ou doença anterior.

Torna-se perfeitamente evidente, então, que um

conhecimento prévio da anatomia é absolutamente

necessário para se interpretar as valiosas informa-

ções diagnósticas disponíveis no exame radiográfico

ou fluoroscópico de um animaL Uma compreensão

precisa da morfologia dos ossos e articulações, suas

diferenças e sua idade, é primordial para a interpre-

9

tação precisa de uma radiografia. As variações no

suprimento sangüíneo de determinados órgãos

(Figs. 1-4e 5, A a E) ajudam o radiologista diferen-

ciar entre o normal e o patológico. A inflamação éa

reação do tecido vivoà irritação. Elaéacompanhada

por aumento no suprimento sangüíneo ou o sin-

toma cardial, rubor  ou  vermelhidão . A menos

que o' radiologista tenha alguma idéia do supri-

mento sangüíneo, conhecido corno normal a uma

parte, não será capaz de diagnosticar corretamente a

inflamação dessa parte quando ela for atingida por

algum processo de doença.

Pode-se ver, desta forma, que a anatomia 'é um

conhecimento básico essencial para o radiologista

consciente, e que a radiologia pode ser um grande

auxiliar para o anatomista e para o aluno de anato-

mia na obtenção do olho de raios X  das várias

estruturas anatômicas, de modo que ele não precise

lembrar-se de palavras memorizadas.

O QUE E COMO DEVO ESTUDAR?

Infelizmente, o aprendizado de anatomia muitas

vezes é considerado como um feito de memória

pura. É bem certo que para começar, precisamos

memorizar determinados assuntos, e depois usar

repetidamente o que memorizamos a fim de retê-

Ias. Muitas pessoas, que são geralmente tidas como

bons anatomistas, não alegariam possuir memórias

particularmente boas. Na verdade, o estudo da ana-

tomia deve ser direcionado no sentido da aquisição

de uma boa compreensão do assunto e não 'na lem-

brança total de uma massa de minúcias. Qualquer

clínico pode assegurar que os detalhes anatõmicos

de que se lembra são bastante limitados àqueles que

ele usa com bast-ante freqüência. A vantagem de

ter-se conhecido outrora mais fatos situa-se, princi-

palmente, nos conhecimentos gerais aos quais esta

aquisição leva, a saber: (1) capacidade de com-

preender o fundamental e não a anatomia deta-

lhada envolvida nos problemas clínicosparticulares;

e (2)facilidade relativa de reaprender e expandir os

nossosconhecimentos em um determinando campo,

caso seja necessário.

O falecido Professor Harry Lewis Foust*, em de-

terminada ocasião,declarou a este escritor que  uma

pessoa nunca aprenderá demais, que é melhor

haver aprendido algo que nunca será usado do que

de repente precisar de alguma coisa que nunca

aprendeu .

Como a anatomia á uma ciência visual, em que as

descrições verbais são sempre inadequadas, seu

aprendizado requer a observaçãocuidadosa, de pre-

ferência repetidamente e de perspectivas diferentes.

Na anatomia grosseira, então, o principal estudo

terá que ser efetuado na sala de dissecção, onde o

repetido trato e revisão é possíveLDiferentes pers-

pectivas podem ser obtidas através da correlação do

que é observado na chapa de raiosXao que é efeti-

vamente observado no espécime dissecado.

Exceto para fins de comunicações, ao prestar um

exame ou na conversa com os colegas, a anatomia

·Comunicação Pessoal - Harry Lewis Foust, ex-chefe do Depar-

tamento de Anatomia Veterinária, Iowa State University, Ames,

1927 a 1951.

Page 9: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 9/17

10

Colo

uterino

Vagina

Figura 1-4.Arteriografia de um útero de bovino (espécime fresco injetado), vista dorsoventral, 9,5 dias após o início do estro,

ilustrando a magnitude do suprimento sangüíneo (hemodinâmica)aos órgãos reprodutivos da fêmea, especialmente ao ovário em

funcionamento.

O corno uterino direito foi o corno grávido para o primeiro e único bezerro desta vaca.A deJineaçãoretangular representa a área

reproduzida na Fig. 1-5A até E.

útil

é

a anatomia visual; o quadro de estruturas e

relações que podem ser observados no  olho da

mente ou no olho de raios X , e não as palavras

utilizadas para descrever a estrutura.

o

veterinário neófito começa seu treinamento pro-

fissional pela osteologia - o estudo dos ossos ~ e

sindesmologia - o estudo das articulações e dos li-

gamentos. O aluno iniciante recebe uma caixa

de ossos e é solicitado a estudá-Ios. Isto pode

tornar-se pouco atraente , a menos que ele possa

receber demonstração de uma apresentação interes-

sante daquele ossoou articulação, em uma chapa de

raios X. Um osso, por seu teor de cálcio e elevada

radiopacidade, normalmente é a característica mais

marcante de uma radiografia. Poucosiniciantes em

QUANDO A ANATOMIA POUCO ATRAENTE

SE TORNA ESPETACULAR?

A estrutura que dá a uma massa de protoplasma

sua eventual beleza artística

é

denominada esque-

leto. O esqueleto é composto de ossose articulações.

GERAL

Page 10: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 10/17

INTRODUÇÃO GERAL

 

Figura 1-5. Área útero-ovariana direita de uma vaca.

Vista dorsoventral.

A, Quatro horas após o início do  cio  (estro). O

folículo de Graaf está bem delineado pelas arteríolas,

e o meió de contraste da parte central do folículo é

provavelmente decorrente da ruptura, por pressão,

da arteríola do

cumulus oo phorus 

Os pólos do ovário

aparecem ligeiramente mais densos do que o folículo

devido ao maior suprimento sangüíneo e ao aumento

associado do líquido intercelular. Note a natureza he-

licoidal e o maior tamanho da artéria útero-ovariana e

seus ramos. As setas indicam a camada vascular sub-

serosa, bem definida; a camada vascular miometrial é

muito definida, as arteríolas são de forma helicoidal e

ocorrem circunferencialmente ao redor do corno

uterino,

M, Três dias e um quarto após o início do cio (pós-

estro). O folículo rompeu-se, liberando o óvulo, e o

desenvolvimento inicial de um  corpo amarelo  ou

corous luteum (CL) de crescimento muito rápido com

um rápido crescimento da vascularização pode ser ob-

servado. Graus de vascularização e crescimento, atin-

gidos em apenas 30 horas após a ovulação. Note o

tamanho e a natureza tortuosa da artéria útero-

ovariana e seus ramos. Isto é 'comparável ao plexo

pampiniforme do macho.

 A ilustração continua na página seguinte.)

II

\

 

\

 

,

,

 

Page 11: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 11/17

Figura 1-5.Área útero-ovariana direita de uma vaca,

vista dorsoventral  Continuação),

C, Nove dias e meio após a vinda do cio (iníciodo

diestro). Área retangular aumentada da Fig. 1-4,

Note o tamanho e o número de vasossangüíneos para

o corpo lúteo e dentro dele (CL),O corpo lúteo atin-

giu seu tamanho máximo e doravante tornar-se-á me-

lhor organizado e gradativamente regridirá, até não

mais existir formação de novos folículos. Um método

de superar a  ausência de cio  ou a~estro é a extirpa-

çãomanual do corpo lúteo através do reto. Éperigoso

extirpar um corpo amarelo  ou corpo lúteo neste

estágio do ciclo, por causa de uma possível hemorra-

gia fatal. Deve-seesperar até que o corpo lúteo mostre

sinais de organização e regressão e/ou até que haja

certeza de que o animal não está grávida. A extirpa-

ção manual do corpo lúteo antes do sétimo mês de

gravidez normalmente resulta em aborto.

D, Dezesseis dias e um quarto após o início do cio

(diestro tardio). A artéria útero-ovariana e seus ramos

são de tamanho menor, menos tortuosos e de menor

número, apesar da aparente persistência do supri-

mento sangüíneo do corpo lúteo (CL). Entretanto, o

corpo lúteo está mostrando sinais de organização e

regressão. Algumas arteríolas e capilares foram subs-

tituídos por fibroblastos, o que é evidenciado pela

maior radiodensidade do corpo amarelo , Como o

corpo lúteo regride, ele perde seu poder de evitar

novo desenvolvimento folicular; assim, agora não há

necessidade de extirpá-Io manualmente para iniciar o

  cio ou estro .

 A ilustração continua na página seguinte.)

Page 12: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 12/17

INTRODUÇÃO GERAL

Figura 1-5. Área útero-ovariana direita de uma

vaca. Vista dorsoventral  Continuação).

E, Oito horas após o início do proestro. Note a

redução pronunciada no tamanho do corpo

lúteo,

do cicloanterior. Também há uma redução notável

no tamanho, tortuosidade e número de ramos da

artéria útero-ovariana. Este corpo lúteo perdeu o

seu poder inibitório, pois um folículo de Graaf es-

tava presente no ovário esquerdo e a hemodinâmica

estava mudando para a área útera-ovariana es-

querda. O corpo lúteo acima continuará a regredir.

Seus vasos sangüíneos serão substituídos por fibro-

blastose, eventualmente, só haverá presença de te-

cido de cicatrizaçãobranco. Todo o tecido luteínico

terá sido removido e a estrutura agora será conhe-

cida como corpo branco  ou

corpus albicans.

13

anatomia percebem que os exames de raios X do

sistema esquelético atualmente representam cerca

de 50 por cento dos casos em pequenos animais e

cerca de 95 por cento dos casos em grandes animais,

apresentados na radiologia clínica. Exames esquelé-

ticosem cães sãoos procedimentos costumeiros para

diagnosticar doenças ortopédicas, tais como a displa-

sia do cotovelo ou do quadril, pan-osteíte eosinofí-

lica, osteocondrite dissecante e as fraturas mais co-

muns. Exames de cavalos claudicantes incluem, ro-

tineiramente, as radiografias dos dedos e membros

em particular. A extensão da podridão dos cascos 

no gado é mais facilmente determinada através de

uma ou duas radiografias. Para se interpretar ade-

quadamente estes males ortopédicos, primeira-

mente é necessário conhecer a aparência de um osso

normal e como ele vai aparecer em uma boa radio-

grafia. Visõesoblíquas de um osso, ou visõesem que

os pequenos ossos cárpicos ou társicos estão supeF-

postos são de interpretação muito difícil, a menos

que tenhamos desenvolvido nosso olho de raios X ,

estudado a morfologia distinta de cada um dos pe-

quenos ossos, e depois ser capaz de visualizá-los,

mentalmente, em sua perspectiva apropriada.

Muitas doenças de desenvolvimento envolvem o

esqueleto, de uma maneira ou de outra. Portanto, é

imperativo que o aluno aprenda os conceitos básicos

da formação dos ossos (osteogênese), e entenda por

que os ossos possuem a capacidade de se remodelar

para suportarem determinadas tensões neles exer-

cidas.

As articulações são absolutamente essenciaispara

a locomoção. A aparência radiográfica de uma arti-

culação é quase tão impressionante quanto a de um

osso. O denominado  espaço articular  inclui todas

as estruturas entre as placas de osso subcondral de

dois ossosadjacentes. Elas são a cartilagem articular,

a sinóvia, a gordura intracapsular, os ligamentos e

meniscos, em determinadas articulações, que o

aluno de anatomia tem obrigação de aprender.

Determinadas variações ósseas no esqueleto são

devidas a mudanças evolutivas. Um dos esqueletos

mais simples para se começar a estudar é o das espé-

cies de um único dedo (solípedes) (Fig. 15-22). É

muito mais fácil de se estudar o dedo simples e

maior do cavaloe extrapolar-se para as espéciescom

vários dedos, do que começar comas espécies meno-

res e com vários dedos, em especial, radiografica-

mente. No feto eqüino observado na Fig. 15-22, no-

tamos os grandes espaços, radioluscentes, entre os

ossos longos, as vértebras, e os ossos da pelve. Pelo

que foi dito até agora, você explicaria a razão por

que estas extensas áreas radioluscentes do feto não

podem ser demonstradas no adulto da mesma espé-

cie? Tenha certeza de que você sabe sua anatomia.

Ela é a base sobre a qual todas as demais disciplinas

médicas veterinárias são construídas. Ela é a base da

medicina veterinária, sua vocação escolhida.

Para você, o aluno: Estude anatomia de todas as

diferentes maneiras que você puder pensar além da

memorização, de modo que sob circunstâncias nor-

mais, bem como nas crises  de vida ou morte  você

possa imaginar um quadro preciso daquela parte do

corpo que lhe é solicitado tratar, mecânicaou quimi-

camente, por causa de doença.

Page 13: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 13/17

14

BIBLIOGRAFIA

GERAL

Anson, B.,1. (ed.) 1966. Morris Human Anatomy. 12th ed. New York,

P. Blakeston Division. McGraw Hill Book Co.

Emmerson. M. A. 1952. X-ray therapy of some small animal diseases.

Proc. Book Am. Vet. Med. Assoc., 89th Annual Convention,

Atlantic City. June 23-26.

Gardner. E.. D. J. Crav and R. O'Rahíllv. 1969. Anatornv: A Regional

Srudv 01'Human St rucrure. 3rd ed .. Philadelphia. W. B. Saunders

Co.

Goodwin. P.

N.. E.

H. Quimby and R.

H.

Morgan, 1970. Physical

Foundatíons ar Radiology. 4th cd .. New York, Harper and Row.

Hollinshead. \V. H. 1967. Textboôk of Anaromy. 2nd ed .. New York 

Hoebcr Medícal Dtviston. Harper and Row.

Morgan.   P. 1972. Radíologv in Veterinary Orthcpedtcs. Phtladel-

phia ,

Lca and

Fcbiger.

Pansky. B. and E. House  1969. Heview of Gross Anatomy. 2nd ed. 

London. The Macmíllan Co.

Reuber. H. W. and M. A. Emmerson. 1959. Arteriography 01'the ín-

ternal

gen

ialiaof the cow.

 

Am. Vet. Med.

Assoc..

134: 101 109.

Schebitz, H. and H. Wilkens. 1968. Atlas der Rõntgenanatornie vou

Hund und Pferd. Berhn. Paul Parey.

U.S.

Dept.

of

Commerce.

1960. Protection against

radiat ion

from

sealed gamma sourccs.

Handbook

 

73 of

the

National Council

for Radiation Protecüon. National Bureau of Standards.

U.S.

Dept. of Cornmerce.

1961.

Medical Xcrav protecríon

up to 3

million volts, Handbook   76 of the National Councíl for Radia-

tíon

Protection. National Bureau of

Standards.

Woodburne. R. T. 1968. J:ssentials of Human Anatomy. 4th ed ..

London,

Oxford Univcrsity Press.

VARIAÇÃO ANATÔMICA

L.

 

A. DiDio

A anatomia é a ciência que lida com a estrutura

dos organismos. Para fins de ensino, a anatomia

grosseira pode ser limitada ao estudo a olho nu, au-

xiliado pela dissecção, da arquitetura (estrutura ma-

croscópica) dos animais adultos normais (ou plan-

tas). Um estudo abrangente da anatomia inclui um

conjunto de várias ciências relacionadas, e é feito sob

o nome genérico de morfologia, o estudo da forma.

A estrutura e a arquitetura ou características mor-

fológicas dos animais não são uniformes, e portanto,

não podem ser padronizadas. Por exemplo, há mui-

tas diferenças na pele das mesmas espécies. Mesmo

no indivíduo, existem diferenças entre órgãos bila-

terais (ossos, músculos, articulações, víscera, vasos,

nervos). É um ditado anatômico que as variações são

os resultados mais  constantes . Entretanto, é possí-

vel estabelecer um padrão médio ou normal para

qualquer grupo principal de animais, e reconhecer

os desvios do padrão.

Em cada grupo principal de organismos há um

plano geral de organização. As variaçôes nos deta-

lhes do plano geral são as características da espécie;

além do mais, é possível um plano constitucional

através do qual um indivíduo pode ser separado de

outro.

O plano geral de construção baseia-se em princí-

pios morfológicos: (1) zigomorfismo; (2) metarne-

rismo; (3) tubulação; e (4)

estratificação.

1. De acordo com o princípio de zigomorfismo,

cada animal pode ser dividido em metades direita e

esquerda ou antímeros (partes ou pares opostos). A

simetria bilateral grosseira não subsiste após ~m es-

tudo preciso e detalhado (Culdberg, 1897). Orgãos

pares ou homotípicos (dois órgãos, sendo um em

cada lado do corpo), tanto superficiais (olhos, ore-

lhas, tetas) como profundos (ovários, testículos,

rins), apresentam ligeiras diferenças de tamanho,

localização e relações. Os órgãos ímpares (estrutura

mediana unilateral ou única) também contribuem

para esta assimetria; fígado no lado direito, baço no

esquerdo e o coração predominantemente desviado

para a esquerda. A esta assimetria morfológica bila-

teral deve ser acrescida uma assimetria funcional

(predominância do uso de um lado ou do outro:

indivíduos direitos ou canhotos; a ovulação nos bo-

vinos ocorre mais freqüentemente no ovário di-

reito). Variações unilaterais são duas vezes mais fre-

qüentes do que nas estruturas bilateralmente simé-

tricas.

2. O princípio de metamerisrno dirige a homolo-

gia seriada (segmentar); isto é, os órgãos ou estrutu-

ras dispostos de acordo com uma série linear longi-

tudinal. Estas estruturas (por exemplo, vértebras,

costelas, membros torácicos e pélvicos) são denomi-

nadas homodinâmicas; elas são encontradas em uma

sucessão craniocaudal de segmentos semelhantes do

corpo. Nesta disposição, um tipo de polaridade

(presença de pólos) pode ser reconhecido; no pólo

cranial, encontra-se uma concentração do sistema

nervoso, enquanto que em certos animais, como no

homem, o pólo oposto ou caudal é rudimentar. O

metamerismo é melhor visto em embriões e torna-se

menos evidente nos adultos; ele pode ser traçado

principalmente no esqueleto, músculo, vasos e no

sistema nervoso.

O plano metamérico envolve o mesoderma dorsal

(somitos) e é reconhecível no tronco e no pescoço.

Na cabeça, o mesoderma ventral determina a dispo-

sição de estruturas tais como os arcos branquiais

(branquiomerismo). Na região faríngea, cinco arcos

branquiais podem ser encontrados. Eles são assim

denominados porque correspondern aos arcos que

sustentam as brânquias (guelras) dos peixes.

3. O princípio de tubulação determina a pre-

sença de um tubo dorsal e ventral no corpo dos ver-

tebrados. Do eixo de apoio do corpo, a coluna verte-

bral, arcos ósseos são emitidos em ambos os lados

para formar um tubo estreito dorsal ou neural e um

grande.tubo ventral ou visceral. O primeiro contém

o sistema nervoso e estruturas relacionadas, e o úl-

timo contém parte das vísceras. Estes dois tubos

estão circundados por um outro composto de pele e

Page 14: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 14/17

INTRODUÇÃO GERAL

músculos. Sabe-se que muitas vísceras e vasos, por

sua vez, são tubos cilíndricos.

4. O princípio de estratificação governa a dispo-

sição dos órgãos e suas partes em camadas (ecto-

derma mesoderma e endoderma) que são formadas

nos primeiros estágios de desenvolvimento.

No adulto, a pele  tegumento comum) é formada

por uma camada externa de epidern;e. composta de

diversas camadas ou estratos côrneo, lúcido, granuloso,

espinhoso e basal}, seguida de uma camada m~is pro-

funda de cório (derme) e pela camada mais pr<.>-

funda a tela subcutânea (com a túnica areolar,

fáscia

superficial e túnica lamelar). ~rofundan;ente à tela

subcutânea, a fáscia muscular Circunda musculos dis-

postos em camadas. Na .maioria, os músculos

originam-se, inserem-se, Clrcund~m, ou f~rmam

camadas entre ossos (músculos Intercostais). Os

ossos estão cobertos por uma camada de periósteo, e

são formados por uma substância externa compacta:,

dentro da gual há uma

substânc~ esponjosa

e em mui-

tos, uma parte central não calcificada, a caoidade m~-

dular. Os ossos também podem formar comparti-

mentos (por exemplo, o crânio) ou grades (por

exemplo, o tórax) e eler;protegem, respectIv,amente,

os órgãos do sistema nervoso central e a~ vlsce:as.

Nos vasos, três camadas são reconhecidas: tunua

externa, túnica média e túnica íntima. Na maioria das

vísceras, paredes semelhantes são denominadas tú-

nica serosa túnica muscular e túnica mucosa. Por sua

vez cada urna destas túnicas é formada por subdi-

visÕes de camadas denominadas membranas.

É evidente que o estudo da anatomia ~e r~stringe

a determinados padrões inerentes aos animais, e que

devem ser esperados desvios desses padrões, tanto

quantitativos como qualitativos. .

Na anatomia comparada, a palavra homologia

refere-se a estruturas idênticas, que possuem a

mesma origem e localização em animais diferentes

(membros torácicos de um cavalo e asas de uma ave).

O termo analogia indica apenas identidade de fun-

ção (asas de insetos; pulmões de aves e guelras de

peixes). Órgãos homólogos não possuem nec.e~sa-

riamente a mesma função. Estes conceitos auxiliam

na compreensão das variações e de seu significado

morfológico.

Normal, em medicina veterinária e humana, quer

dizer sadio. Em anatomia, pode apresentar conota-

ções diferentes:

(I)

pode ser a estrutura mais fre-

qüente (mais de 50 por cento) sob o po~to de

vista estatístico; (2) pode ser a estrutura mais ade-

quada para realizar atividades ótimas, sob_as ~xi~ên-

cias fisiológicas. Estrutura e função estao mtima-

mente inter-relacionadas em todos os níveis, desde o

macroscópico até o microscópico; assim, a forma é

a imagem plástica da função (Ruffini, 1929) .em

cada fase e em cada momento. Sob o ponto de vista

evolutivo, é difícil acreditar em uma estrutura per-

manente e sem função; e (3) pode ser a melhor 

estrutura como um resultado da seleção natural, sob

o ponto de vista idealista.

Atualmente, o ponto de vista estatístico prevalece;

assim, mesmo sem recurso às porcentagens, o no r-

15

mal é a forma estrutural mais freqüente. Ela é o

ponto de partida para a identificação de variações,

anomalias e monstros.

Normal pode ser considerado como indicativo de

estrutura regular. Às vezes implica co.rreção porque

o anormal pode significar deformidade. MUitas

vezes não é encontrada uma clara linha divisória

entre a anatomia e a patologia para se estabelecer

distinção entre uma estrutura normal e outra anor-

mal (ou patológica).

Ligeiros desvios do r.adrão mOl,-Eol.?gi;on<;>rn;al

de um órgão são denominados varraçoes . O orgao

desviado é considerado como sendo apenas uma

va-

riante. O desvio pode ser um aumento no número

de partes (por exemplo, un: .músculo com u~ nú-

mero superior à média de feixes), uma reduçao ?e

partes, ou uma modificação de formato: Um~ dis-

tinção é normalmente feita entre a modificação de

forma (normal) e a alteração de forma (patológica).

Órgãos rudimentares em um animal são os que

possuem um desenvolvimento melhor ou ~on;pleto

em outra espécie. Eles às vezes podem atingrr de-

senvolvimento completo nos primeiros estágios do

animal, e depois tornar-se hipertrofiados ou atro-

fiados.

A variabilidade dentro dos limites das espécies é a

regra. Por exemplo, há uma espécie Homo sapiens

(não um  homem  ideal, mas simplesmente ho-

mens), uma espécie Canis familiaris (não o cão  e

sim  cães ). Em outras palavras, a espécie não é fixa,

mas dentro de seus limites há uma variabilidade de

suas características. Naturalmente ocorrem muta-

ções nos genes que, por sua vez, produzem modifi-

cações nas estruturas controladas por aqueles genes.

O nível 'da observação influencia a identificação

das variações. Tanto mais próxima seja a observa-

ção, tanto mais eficaz será o reconhecimento de di-

ferenças, e, conseqüentemente, variações.

Variações podem ser encontradas nos desvios de:

(1) holotopia, a relação entre o órgão e o corpo como

um todo; (2) sintopia, a relação da estrutura e seus

órgãos adjacentes imediatos; (3) i~:liotopi~, a relação

das partes de um órgão entre

SI;

(4) histotopia, a

relação das camadas, túnicas ou tecidos de um órgão

entre si (Pernkopf, 1953).

As estruturas normais são relativamente constan-

tes. Às vezes a estrutura apresenta disposições dife-

rentes com porcentagens iguais de ocorrência, cau-

sando, destarte, dificuldade na designação do pa-

drão típico. Por exemplo, nos caninos, a veia mesen-

térica caudal sempre conduz para a veia mesentérica

cranial (100 por cento), mas ela é uma tributária

independente (50 por cento

±

9,1) ou é formada

pelo recebimento da veia ileocecocólica (50 por cento

±

9,1) (Oliveira, 1956). Quando uma estrutura apa-

rece em apenas 1 a 2 por cento da população, ela é

-Ienominada

raridade.

Por esses critérios, os vasos sangüíneos e linfáticos

são mais variáveis do que os nervos, músculos, ossos

ou ligamentos.

*Desta forma, variação normal é redundância.

Page 15: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 15/17

16

Um grave desvio do padrão normal, acompa-

nhado pela alteração ou depreciação da função, é

denominado anomalia; por exemplo, o lábio lepo-

rino, o palato fendido ou a costela cervical no ho-

mem.

Uma anomalia grave, incompatível com a vida, é

denominada monstruosidade, um monstro. Tais

mal formações são tratadas na teratologia. O pro-

gresso na medicina, principalmente na cirurgia,

tornou possível a sobrevivência de crianças nascidas

com anomalias, que de outra forma deveriam ter

sido consideradas como monstruosidades. Por outro

lado, alguns medicamentos administrados durante a

gestação causaram o aparecimento de malformações

nos recém-nascidos.

A

planta

Veratrum californicum,

comumente denominada heléboro falsa induz a

uma malformação congênita .do tipo ciclópia, nos

carneiros, quando ingerida pela ovelha no início da

gestação (Binns et aI., 1963; 1964).

Além das chamadas variações individuais exis-

tem fatores gerais de variação, a saber: (1) idade;

(2) sexo; (3) raça; (4) biótipo; (5) evolução; e (6) meio

ambiente.

Estes-fatores

são responsáveis pelo apare-

cimento de variações em todos os sistemas do corpo.

1. Idade. Além das bem conhecidas diferenças de

tamanho entre os animais recém-nascidos e adultos,

que podem resultar na idéia errônea de que o

recém-nascido é me rarnefite uma miniatura do

adulto, existem variações particulares microscópicas

e macroscópicas devidas à idade. (O timo cresce até a

maturidade sexual, e depois torna-se um órgão atro-

fiado em período relativamente curto, de acordo

com a espécie.) Até que se conheçam especifica-

mente as mudanças que ocorrem do nascimento até

a senilidade, não se pode apreciar o chamado nor-

mal (Getty e Ellenport, 1974). Algumas variações

dependentes da idade do indivíduo são bem conhe-

cidas: (a) abrasão, modificação do formato dá coroa

do incissivo nos eqüinos, bovinos e carnívoros; (b)

presença de números maiores de anéis nos cornos

dos bovinos velhos; (c) pêlos brancos na cabeça dos

eqüinos

idosos; (d) afilamento da borda rostral da

mandíbula dos eqüinos idosos; (e) perda da elastici-

dade cutânea, principalmente nos caninos e bovinos

idosos; (f) redução da bolsa cloacal na ave adulta; (g)

redução no tamanho do seio para-anal nos caninos

adultos ete.

2. Sexo. O dimorfismo sexual é facilmente reco-

nhecível em todas as espécies de animais domésticos.

Caracteres e diferenças sexuais secundárias, em

muitos órgãos estão presentes, além daquelas do sis-

tema genital. Por exemplo, a pelve óssea da fêmea

adulta é bastante diferente daquela do macho. Os

dentes caninos são bem desenvolvidos no eqüinos;

eles normalmente deixam de irromper nas éguas e,

quando presentes, são vestigiais (3 a 4 por cento das

éguas possuem caninos maxilar e mandibular, 20 a

30 por cento possuem apenas caninos mandibulares,

e 6 a 7 por cento possuem apenas caninos maxila-

res). Outras variações sexuais são: (a) o tubérculo

púbico dorsal é bem desenvolvido nos machos, prin-

cipalmente nos bovinos, e subdesenvolvido nas fê-

GERAL

me as e machos castrados; (b) a plumagem das aves é

mais longa e mais rica, no colorido, nos machos do

que nas fêmeas; (c) a altura das fêmeas (principal-

mente nas peruas e galinhas) é menor do que a dos

machos; (d) a crista e a barbeia são menores nas

fêmeas do que nos machos; (e) uma espora está pre-

sente nos machos

 Gallus gallus domesticus).

3. Raça. Do ponto de vista genético uma raça de

animais pode ser considerada  como uma população

que difere significativamente de outras populações

com relação à freqüência de um ou mais dos genes

que possui  (Villee et aI., 1963). De acordo com os

mesmos autores, a raça pode ser definida fenotipi-

camente como uma população cujos membros, em-

bora variando individualmente, são distinguidos

como um grupo por uma determinada combinação

de características morfológicas e fisiológicas que

partilham por causa de sua descendência comum .

Pode-se colecionar milhares de animais da mesma

espécie, embora se ignore seu relacionamento; al-

guns podem ser ou não parentes próximos ou dis-

tantes, outros poderão não ter nenhuma ligação por

parentesco. A curva de variação para a altura de

uma tal população da espécie Canis [amiliaris não

pode ser válida para cada uma das numerosas raças

incluídas. Há muito tempo foi reconhecido que as

espécies de Linnaeus compreendiam vários grupos

diferentes de unidades secundárias - as raças ou

espécies elementares (Guyénot, 1950). Natu ral-

mente, as diferenças entre esses grupos são atribuí-

das ao fator racial de variação. De modo que, em

cada espécie, é possível utilizar várias características

por todo o corpo para se identificar determinadas

linhagens de animais ou raças do homem. Exem-

plos de variações de raça são: (a) a barbeia existente

no Bos indicus e ausente ou rudimentar em Bos tau-

rus;

(b) a prega prepucial umbilical presente em

Bos

indicus e fracamente desenvolvida em Bos taurus; (c)

a corcova presente em Bos indicus e ausente no Bos

taurus; (d) a prega prepucial longa e pendular em

Bos indicus e a curta e não pendular emBos taurus; (e)

a ausência de corno em três raças de

Bos taurus

(an-

gus mocho, Hereford mocho, shorthorn mocho); (f)

a direção dos chifres: vertical em Bos indicus (Ne-

lore), para cima e do tipo lira no Guzerá, para baixo,

para fora e para trás no Gir; a aurícula (do ouvido

externo) é pequena, móvel, longa e pendente emBos

indicus, exceto no Nelore, que apresenta uma curta e

móvel semelhante a (maioria) Bos taurus; (h) a aurí-

cula (do ouvido externo), os ossos da face, o número

de vértebras, a cor e a disposição do pêlo são dife-

rentes em

três

raças de porcos; (i) o delineamento

dorsal, a forma e o perfil do esqueleto da cabeça, a

altura, o comprimento e o peso· nas raças de eqüi-

nos;   a cabeça

(dolicocéfala

no Colie e no cão de

caça russo; mesocéfala no setter;

braquiocéfala

nos

Boston terrier e no Pequinês), a altura (membros

longos no greyhound; membros curtos no basset e

no dachshund), a linha dorsal, o delineamento do

corpo, a aurícula (da orelha externa) diferem nas

raças de caninos.

Page 16: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 16/17

INTRODUÇÃO GERAL

4. Biótipo. A anatomia constitucional está rela-

cionada com os atributos físicos do corpo. Isto per-

tence especialmente às proporções de suas partes,

conforme exemplificado pelo baixo, alto, gordo ou

magro. Em outras palavras, pertence a seu biótipo

ou constituição.*

O biótipo, em sua conotação geral, refere-se às

características pertinentes morfológicas, bioquími-

cas, fisiológicas, psicológicas e patológicas (incluindo

a psiquiátrica) e às tendências do indivíduo. Ela

sobrepõe-se ao padrão biológico da personalidade

além de determinar características tais como saúde e

longevidade.

A construção física do corpo humano é determi-

nada pela hereditariedade e influenciada pelo meio

ambiente. A anatomia constitucional trata apenas

das características morfológicas do biótipo.

Usando-se um método de biornetria, três grupos

principais podem ser identificados entre os muitos

de transição em toda raça e em ambos os sexos: lon-

gitipo, braquitipo e mediotipo. As diferenças entre o

mesmo órgão nos tipos extremos - longitipo e bra-

quitipo - são mais notáveis do que as demonstradas

pelas raças e sexo.

5. Evolução. Num processo evolutivo muito

longo, a espécie Homo sapiens aumentou de altura,

enquanto sua constituição tornou-se menos maciça

(Villee et al., 1963). Sua capacidade cranial também

aumentou, os ressaltas ósseos acima das aberturas

orbitárias diminuíram, sua cabeça tornou-se  orto-

metópica  (tendência para uma fronte vertical, mais

pronunciada nas mulheres). Os cavalos são um bom

exemplo de ortogênese, isto é, evolução de linha

reta: do Eohippus ou  vr ac oth eriuni (pequenos ani-

mais primitivos, que viveram no período Eoceno)

mudanças ocorreram no tamanho e forma, docu-

mentadas principalmente por esqueletos e dentes

fósseis, através do Oligoceno  Miohippus), Mioceno

 Merychippus), Plioceno  Pliobip p us) até o

Pleistoceno Recente  Equus).

6. Meio Ambiente. O desenvolvimento de carac-

teres econômicos (rendimento de leite, conformação

da carne) depende do meio ambiente (suprirrlento

alimentar ete.) em que o animal é criado e mantido

(Hammond, 1947). Uma melhoria na forma e qua-

=Constituíção (do latim  cum e statuere ) implica a idéia de corre-

lação entre determinadas proporções das partes do corpo.

 

lidades dos carneiros Welsh para consumo foi con-

seguida através de melhores pastagens e de cruza-

mentos seletivos.

Variabilidade e Seleção. A seleção e o cruza-

mento de animais que mostram variabilidade em

qualquer estrutura parece aumentar a variação

(Hammond, 1952). Por exemplo, o cruzamento de

carneiros que ocasionalmente possuem quatro tetas

(ao invés de apenas duas) levou a uma raça com seis

tetas (Bell e Bell, 1923). Cruzando-se animais que

exibem um número de vértebras e costelas maior do

que nas linhagens normais, podem ser obtidos cor-

pos mais longos.

Variações Específicas: Estas são características

morfológicas de determinadas espécies, conforme

segue: (a) divertículo suburetral da vaca (não encon-

trado nas éguas, cadelas e porcas); (b) divertículo

prepucial do porco; (c) fossa uretral do cavalo; (d)

ausência da vesícula biliar no cavalo; (e) presença da

bolsa gutural no cavalo; (I) ausência de incisivos ma-

xilares nos ruminantes; (g) presença do osso do

pênis no cão; (h) ossificação da cartilagem do septo

interatrial nos bovinos velhos; (i) presença de fibras

musculares no ligamento sesamóide proxirnal do

bovino jóvem;

 

ossificação da esclera das aves

adultas; (k) membrana nictitante, ou terceira pál-

pebra, integralmente desenvolvida nos coelhos e

aves, parcialmente desenvolvidas no cavalo, menos

desenvolvida no bovino, e rudimentar nos cães e no

homem.

Em termos amplos, de acordo com Guyénot

(1950), há dois tipos de variações: (1) somáticas ou

 somações  que aparecem no corpo ou soma dos

animais e não são hereditários; e (2)germinativas ou

mutações que ocorrem nas células germinativas e

são hereditárias. Estas podem causar o apareci-

~ento de novas formas e já interpretaram, e ainda

lllterpretam,. um papel na evolução em contraste

com as somações.

De acordo com Fischer (1952), as chamadas varia-

ções anatõmicas são devidas a pares isolados de

genes e não transmitidas isoladamente através da

hereditariedade. Entretanto, a variabilidade é

transmitida hereditariamente, dependendo de fato-

res polirnéricos do genoma geral. A conformação

individual das variações é suprida, em sua maioria,

pelo denominado risco do desenvolvimento (Fis-

cher).

BIBLIOGRAFIA

Bell, A. G. and M. G. Bell. 1923. Saving the six-nippled breed. J.

Heredity 14,99-111.

Bínns, W., L. F. Jarnes, J. L. Shupe and G.Everett. 1963. Aeongenital

cyclopían-type malformatíon irt

lambs induced by maternal

iri-

gestion of a range plant,

 eratrum

c lifornicurn  Amer.   Veto

Res. 24,1164-1175.

Birms,

W.  L. F.

james

and   L. Shupe. 1964.

Toxícosís of vercerum

c tifornicum in ewes and its relationship to a congenital defor-

míty in lambs. Ann. N.Y. Aead. Sei. 3,571-576.

Bruni, A. C. and U. Zímrnerl. 195f. Anatomia degli Animali Domes-

tící. Milano, Casa Editr. Vallardi, 2nd ed.

Castaldi,

L. 1931. Compendio Pratico di Anatomia Umana.

Na~oli,

Casa Editr. Idelson.

Físcher, E. 1952. Ueber das Wesen der anatornischen Varíetaeten.

Z. f. mensehl. Vererbungs.-und Konstit. lehre 31 ,217-242.

Getty, R. and C. R. ElIenport. 1974. Chapter 2 in W. I. Gay (ed.):

Methods of Animal Experimentation,

Vol. 5  New York,

Academic

Press.

Guldberg, G. A. 1897. Études sur Ia Dvssvmérrte Morphologique et

Fonctionnelle chez

lHomme

et

les vertébrés Supérteures.

Christiania, H. Aschehoug   Co.

Guyénot, E. 1950. La variation, 2nd ed.. Paris. G. Doin et Cie., Éditr.

Hammond,   1947. Animal breeding in

relation

to

environrnental

eonditions. Biol. Rev., 22,195-213.

Hammond,   1952. Fann animaIs. Their Breeding, Growth, and

Inheritanee. 2nd ed.. London, E. Amold   Co.

Page 17: Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

8/9/2019 Sisson, Anatomia veterinária - Cap01

http://slidepdf.com/reader/full/sisson-anatomia-veterinaria-cap01 17/17

18

GERAL

Oliveira, A. 1956. Pesquisas anatomicas sobre o modo de formação

e conftuencia das  raizes  do tronco da

ven portae

e sobre as

zonas de afluencia da

 t llfl

aast víco; sin is  r 

e

d d extr

do

  n is

f mili ris 

Chairmanship thesis, Anatomy

of

Domestic Animals,

Esc. Nac. Veterin., Univ. Rural. Rio de Janeiro, Brazil.

Pernkopf'.

E. 1953. Anatomia Topografica Humana (versión 2a. ed.

alemana,   L. Puen re-Domtnguez). Barcelona, Edit. Lábor.

RuiRni, A. 1929. Fisiogenia. MiJano, Casa Editr. Vallardi.

Schaeffer,

P. 1953. Morris' Human Anatomy. 11th ed., New York,

Blakiston Co.

Villee, C. A.. W. F. Walker and F. E. Smith. 1963. General Zoology.

Philadelphia, W. B. Saunders Co.

Woodburne, R. T. 1965. Essentials of Human Anatomy. 3rd ed. New

York, Oxford Univ. Press.