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Sistema de inspecção e diagnóstico de anomalias em
superfícies de betão à vista
Cátia Rafaela Ferreira Medeiros da Silva
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil
Orientadores:
Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito
Professor Doutor José Dinis Silvestre
Júri
Presidente: Professor Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia
Orientador: Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito
Vogal: Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen
Outubro de 2015
i
RESUMO
O intuito principal da presente dissertação consiste na criação de um sistema de apoio à inspecção e
diagnóstico de superfícies de betão à vista. Para a sua execução, procede-se primeiramente à
identificação e classificação das anomalias e causas prováveis que propiciam o seu aparecimento e
evolução. Assim, foi possível a elaboração de fichas de anomalias, que englobam sumariamente
dados informativos acerca da anomalia, nomeadamente a sua denominação, descrição do fenómeno
patológico, causas e consequências associadas, parâmetros de inspecção e classificação, tendo em
consideração o seu nível de gravidade / urgência de reparação. Posteriormente, identificam-se e
classificam-se as técnicas de diagnóstico adequadas ao sistema classificativo das anomalias
apresentado, passíveis de execução in situ, cuja informação é resumida em fichas individuais de
diagnóstico.
Após a referida classificação, foram elaboradas matrizes de correlação entre anomalias e causas
prováveis, anomalias entre si e anomalias com técnicas de diagnóstico. Por último, apresenta-se a
validação de todo o sistema proposto, a qual foi efectuada através de informações resultantes da
campanha de inspecções a 110 superfícies de betão à vista, sendo igualmente realizado o seu
tratamento estatístico completo.
O desenvolvimento e implementação prática do sistema de inspecção e diagnóstico de anomalias em
superfícies de betão à vista, através de ferramenta informática, permitirá normalizar as inspecções
inseridas em estratégias de manutenção pró-activa do tipo preditivo, de modo a que os relatórios
resultantes sejam objectivos e inequívocos. Assim, possibilitará ao inspector o conhecimento do
betão à vista, tecnologia subjacente e implementação de metodologias rigorosas de observação /
análise e registo de anomalias que permitem uma reparação eficaz, eliminação de causas prováveis
e prevenção de fenómenos patológicos semelhantes.
Palavras-chave: anomalias, betão à vista, causas, diagnóstico, sistema de inspecção.
ii
ABSTRACT
The main purpose of this dissertation is the creation of a support system for inspecting and diagnosing
architectural concrete surfaces. To do so, first the anomalies and their probable causes are identified
and classified. This makes it possible to prepare anomaly files that summarize the information on the
anomaly, in particular its name, a description of the pathological phenomenon, causes and associated
consequences, and inspection parameters and classification, bearing in mind the level of severity /
urgency of repair. Later, the diagnosis techniques suitable for the anomaly classification system and
which can be carried out onsite are identified and classified, being this information summarized in
individual diagnosis files.
After classification, correlation matrices between anomalies and probable causes, inter-anomalies and
between anomalies and diagnosis techniques are prepared. Finally, the entire system proposed is
checked. This was carried out using the information collected in an inspection campaign of 110
architectural concrete surfaces, which received full statistical processing.
The practical development and implementation of the system for inspecting and diagnosing anomalies
in architectural concrete surfaces, using a computer tool, will allow inspections that are part of
proactive predictive maintenance to be standardized so that all the resulting reports are objective and
unequivocal. This will provide the inspector with in-depth knowledge of architectural concrete and the
underlying methodology. The implementation of strict observation/analysis measures and recording of
the anomalies will make it possible to carry out effective repairs, eliminate probable causes and
prevent similar pathological phenomena.
Key-words: anomalies, architectural concrete, causes, diagnosis, inspection system.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Jorge de Brito, meu orientador científico, expresso o meu mais profundo agradecimento
pelo empenho insuperável, conhecimentos transmitidos e rigor exigido ao longo desta etapa
importante da minha vida académica. A sua paixão profissional é contagiante. Foi, sem dúvida, um
prazer trabalhar com tão prestigiado Professor, cuja motivação, sabedoria e competência não
esquecerei.
Ao Professor José Silvestre, co-orientador científico da presente dissertação, pela disponibilidade
concedida em todas as situações.
Ao meu Pai, Álvaro Gaspar Medeiros da Silva, por ser o meu ídolo, o meu herói, o meu modelo a
seguir, aquele de quem me orgulho de ser filha, aquele que sempre lutou por mim, acima de tudo e
de todos. Pais há muitos, mas a tua capacidade, exigência, superioridade, excentricidade e
incomparabilidade, faz de ti o ser humano com mais capacidade que conheço. És, indubitavelmente,
o melhor Pai do mundo. Por toda a minha vida, irei sempre “derrubar as muralhas da derrota” por ti,
meu querido Pai. A ti dedico esta dissertação.
À minha Avó, Maria Inácia dos Santos Medeiros da Silva, por seres especial, por tudo aquilo que és,
pela tua pureza, humildade, sabedoria e fé. Por seres aquela que marcou presença em todos os
momentos e se sacrificou sempre pelo meu bem-estar. Serás eternamente a minha confidente, a
minha guia, o meu grande orgulho, o meu sorriso e o meu coração. Tudo isto, sem ti, jamais seria
possível.
Ao meu Avô Manelinho, que não tive o prazer de conhecer, porque faleceu no ano em que nasci, e
que, neste momento, estaria certamente muito orgulhoso da neta. O orgulho é mútuo, meu querido
Avô.
Ao Fábio Alexandre Aldeias Coelho, pela presença permanente, pelo amor incondicional, pelo
empenho incansável e pela ajuda fundamental em todos os instantes. Este foi mais um desafio que
conseguimos superar, porque juntos o impossível é alcançável, o problema tem solução, a dificuldade
é superada e os obstáculos são destrutíveis.
A todos os familiares, especialmente à minha Mãe, à Tia Armanda, à Tia Belinha, à minha Prima
Marisa Alexandra, aos Pais do Fábio, Zezinha e João, e aos Avós Francisca e Manuel que me
incentivaram a alcançar este objectivo.
Aos meus colegas e amigos que, como a Íris, me acompanharam durante o meu percurso
académico.
iv
ÍNDICE GERAL
RESUMO .............................................................................................................................................i
ABSTRACT ........................................................................................................................................ ii
AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................... iii
ÍNDICE GERAL ................................................................................................................................. iv
ÍNDICE DE FIGURAS ...................................................................................................................... viii
ÍNDICE DE QUADROS ...................................................................................................................... xi
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 1
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................1
1.2 ÂMBITO E JUSTIFICAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .......................................................................2
1.3. TRABALHOS REALIZADOS NO ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO ................................................3
1.4. OBJECTIVOS E METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO ............................................................4
1.5. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .......................................................................................5
2. TECNOLOGIA ............................................................................................................................... 7
2.1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................7
2.2 POTENCIAL ESTÉTICO ...........................................................................................................7
2.2.1 Coloração ......................................................................................................................... 7
2.2.2 Forma ............................................................................................................................... 9
2.2.3 Textura ........................................................................................................................... 10
2.2.3.1 Acabamentos superficiais ........................................................................................ 11
2.3 PROCESSO CONSTRUTIVO ................................................................................................. 12
2.3.1 Materiais constituintes ..................................................................................................... 12
2.3.1.1 Ligante .................................................................................................................... 13
2.3.1.2 Adições.................................................................................................................... 13
2.3.1.3 Agregados ............................................................................................................... 14
2.3.1.4 Água de amassadura ............................................................................................... 14
2.3.1.5 Pigmentos ............................................................................................................... 15
2.3.1.6 Adjuvantes ............................................................................................................... 16
2.3.1.7 Armadura ................................................................................................................. 16
2.3.2 Cofragem ........................................................................................................................ 18
2.3.2.1 Agente descofrante .................................................................................................. 19
v
2.3.3 Betonagem ..................................................................................................................... 20
2.3.3.1 Compactação .......................................................................................................... 21
2.3.3.2 Cura e descofragem ................................................................................................ 22
2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO ........................................................................................................ 22
3. PATOLOGIA ................................................................................................................................ 25
3.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 25
3.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS ANOMALIAS ..................................................................... 25
3.2.1 Designação das anomalias ............................................................................................. 25
3.2.2 Caracterização das anomalias ........................................................................................ 26
3.2.2.1 A-E Anomalias estéticas .......................................................................................... 26
3.2.2.2 A-M Anomalias mecânicas ....................................................................................... 34
3.2.2.3 A-C. Anomalias construtivas / geométricas .............................................................. 37
3.3 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS CAUSAS PROVÁVEIS ...................................................... 41
3.3.1 Erros de projecto (C-P.) .................................................................................................. 43
3.3.2 Erros de execução (C-E.) ................................................................................................ 44
3.3.3. Acções ambientais (C-A.) ............................................................................................... 45
3.3.4 Acções mecânicas (C-M.) ............................................................................................... 46
3.3.5 Agentes agressivos (C-G.) .............................................................................................. 46
3.3.6 Utilização e manutenção (C-U.)....................................................................................... 47
3.4 MATRIZES DE CORRELAÇÃO .............................................................................................. 48
3.4.1 Introdução....................................................................................................................... 48
3.4.2 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis ......................................................... 48
3.4.3 Matriz de correlação inter-anomalias ............................................................................... 51
3.5 FICHAS DE ANOMALIAS ....................................................................................................... 53
3.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO ........................................................................................................ 55
4. DIAGNÓSTICO ............................................................................................................................ 57
4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 57
4.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DOS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO ........................................ 57
4.2.1 Designação dos métodos de diagnóstico ........................................................................ 57
4.2.2 Caracterização dos métodos de diagnóstico ................................................................... 59
4.2.2.1 D-V Visuais / visuais assistidos ................................................................................ 59
vi
4.2.2.2 D-A Acústicos .......................................................................................................... 64
4.2.2.3 D-T Termo-higrométricos ......................................................................................... 65
4.2.2.4 D-M Magnéticos / electroquímicos ........................................................................... 67
4.3 MATRIZ DE CORRELAÇÃO ................................................................................................... 69
4.3.1 Introdução....................................................................................................................... 69
4.3.2 Matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico ............................................... 69
4.4 FICHAS DE ENSAIO .............................................................................................................. 71
4.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO ........................................................................................................ 72
5. VALIDAÇÃO DO SISTEMA E ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................ 75
5.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 75
5.2 PLANO DE INSPECÇÕES ...................................................................................................... 75
5.2.1 Mapeamento das anomalias ........................................................................................... 78
5.2.2 Fichas de inspecção ....................................................................................................... 78
5.2.3 Fichas de validação ........................................................................................................ 80
5.3 VALIDAÇÃO DO SISTEMA CLASSIFICATIVO ....................................................................... 84
5.3.1 Validação do sistema classificativo das anomalias .......................................................... 84
5.3.2 Validação do sistema classificativo das causas prováveis ............................................... 85
5.3.3 Validação do sistema classificativo dos métodos de diagnóstico ..................................... 90
5.4 VALIDAÇÃO DAS MATRIZES DE CORRELAÇÃO ................................................................. 92
5.4.1 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis ......................................................... 92
5.4.2 Matriz de correlação inter-anomalias ............................................................................... 99
5.4.3 Matriz de correlação anomalias-métodos de diagnóstico ............................................... 101
5.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................................................................................................... 102
5.5.1 Frequência observadas das anomalias ......................................................................... 103
5.5.2 Frequência observada das causas prováveis ................................................................ 109
5.5.3 Frequência observada dos métodos de diagnóstico ...................................................... 120
5.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO ...................................................................................................... 123
6. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ................................ 127
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 127
6.2. CONCLUSÕES GERAIS ...................................................................................................... 127
6.3. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ..................................................................................... 129
vii
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 131
ANEXOS
ANEXO 3.I - Fichas de anomalias ........................................................................................... A3.I.1
ANEXO 4.I - Fichas de ensaios ............................................................................................... A4.I.1
ANEXO 5.Ia - Zonamento térmico ........................................................................................... A5.I.1
ANEXO 5.Ib - Zonamento do território em termos da acção do vento ...................................... A5.I.3
ANEXO 5.Ic - Classes de exposição ambiental ....................................................................... A5.I.5
ANEXO 5.II - Tabela com identificação dos edifícios inspeccionados e suas características ... A5.II.1
ANEXO 5.III - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as
anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra) ....................................................... A5.III.1
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2.1 - Exemplo de edifício em betão branco ...............................................................................8
Figura 2.2 - Exemplo de edifício em betão cinzento .............................................................................8
Figura 2.3 - Exemplo de edifício com diferentes formas .......................................................................9
Figura 2.4 - Superfície em alto-relevo, conseguido através de molde ................................................ 10
Figura 2.5 - Cofragem com cordas e respectiva superfície final ......................................................... 11
Figura 2.6 - Acabamento natural (à esquerda), polido (ao centro) e com relevo por moldagem (à
direita) .............................................................................................................................................. 12
Figura 2.7 - Agregado grosso para betão à vista ............................................................................... 14
Figura 2.8 - Exemplos de pigmentos para betão ................................................................................ 15
Figura 2.9 - Armaduras com oxidação (à esquerda) e armaduras em bom estado (à direita) ............. 17
Figura 2.10 - Zona excessivamente armada ...................................................................................... 17
Figura 2.11 - Espaçadores em PVC .................................................................................................. 18
Figura 2.12 - Tige vista pelo interior da cofragem (à esquerda) e zona de aperto da tige (à direita) ... 19
Figura 2.13 - Ensaio do cone de Abrams ........................................................................................... 20
Figura 2.14 - Processo de vibração ................................................................................................... 21
Figura 3.1 - Manchas de diferentes tonalidades numa superfície de betão à vista ............................. 27
Figura 3.2 - Manchas de corrosão ..................................................................................................... 28
Figura 3.3 - Mancha de hidratação / humidade .................................................................................. 29
Figura 3.4 - Fachada com sujidade uniforme ..................................................................................... 29
Figura 3.5 - Manchas de sujidade diferencial ..................................................................................... 30
Figura 3.6 - Eflorescências ................................................................................................................ 30
Figura 3.7 - Colonização biológica .................................................................................................... 31
Figura 3.8 - Desgaste numa superfície de betão à vista .................................................................... 32
Figura 3.9 - Bolhas de pele ............................................................................................................... 32
Figura 3.10 - Graffiti em superfície de betão à vista ........................................................................... 33
Figura 3.11 - Fissuração mapeada .................................................................................................... 34
Figura 3.12 - Fissuração direccionada ............................................................................................... 35
Figura 3.13 - Desagregação .............................................................................................................. 36
Figura 3.14 - Descasque ................................................................................................................... 36
Figura 3.15 - Defeitos de planeza entre painéis de betão à vista de uma fachada ............................. 37
Figura 3.16 - Ninhos de agregados / chochos ................................................................................... 38
Figura 3.17 - Marcas de tiges ............................................................................................................ 39
Figura 3.18 - Esbabaçado ................................................................................................................. 39
Figura 3.19 - Crosta .......................................................................................................................... 40
Figura 3.20 - Incrustações de cofragem ............................................................................................ 40
Figura 3.21 - Exemplo de superfície vertical sem capeamento de remate .......................................... 43
Figura 3.22 - Exemplos de cofragem deficiente / com excesso de utilização...................................... 44
Figura 3.23 - Partículas susceptíveis de serem transportadas ........................................................... 45
Figura 3.24 - Mancha resultante da presença de água na superfície ................................................. 46
ix
Figura 3.25 - Corrosão / expansão da armadura ............................................................................... 46
Figura 3.26 - Exemplos de acções de reparação deficientemente executadas ................................... 47
Figura 4.1 - Binóculos (à esquerda), máquina fotográfica (ao centro) e bússola (à direita) ................. 60
Figura 4.2 - Fita métrica (à esquerda) e escova de nylon (à direita) ................................................... 60
Figura 4.3 - Régua de nível (à esquerda) e nível laser (à direita) ....................................................... 60
Figura 4.4 - Fissurómetro .................................................................................................................. 61
Figura 4.5 - Fissurómetros para deslocamentos perpendiculares (à esquerda) e para cantos (à
direita). ............................................................................................................................................. 61
Figura 4.6 - Comparador de fissuras (à esquerda) e medidor óptico de fissuras (à direita)................. 62
Figura 4.7 - Tiras colorimétricas ........................................................................................................ 63
Figura 4.8 - Testemunho ................................................................................................................... 63
Figura 4.9 - Martelo de borracha ....................................................................................................... 64
Figura 4.10 - Termo-higrómetro portátil ............................................................................................. 65
Figura 4.11 - Câmara termográfica (PCE, 2015) ................................................................................ 66
Figura 4.12 - Initial surface absorption test ........................................................................................ 67
Figura 4.13 - Magnetómetro (à esquerda) e exemplo de aplicação (à direita) .................................... 68
Figura 4.14 - Esquema de funcionamento da meia-célula galvânica .................................................. 68
Figura 5.1 - Distribuição geográfica da amostra inspeccionada............................................................76
Figura 5.2 - Frequência absoluta e relativa das anomalias identificadas nas 110 inspecções ............ 85
Figura 5.3 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Erros de projecto nas 371
anomalias identificadas ..................................................................................................................... 86
Figura 5.4 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-E Erros de execução nas 371
anomalias identificadas ..................................................................................................................... 87
Figura 5.5 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-A Acções ambientais nas 371
anomalias identificadas ..................................................................................................................... 88
Figura 5.46 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Acções mecânicas nas 371
anomalias identificadas ..................................................................................................................... 88
Figura 5.7 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-G Agentes agressivos nas 371
anomalias identificadas ..................................................................................................................... 89
Figura 5.8 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-U Utilização e manutenção nas
371 anomalias identificadas .............................................................................................................. 90
Figura 5.9 - Frequência absoluta e relativa dos métodos de diagnóstico indicados para as 371
anomalias identificadas ..................................................................................................................... 90
Figura 5.10 - Frequência absoluta de idades dos edifícios inspeccionados ...................................... 103
Figura 5.11 - Contribuição relativa de cada grupo de anomalias na amostra total inspeccionada ..... 103
Figura 5.12 - Contribuição relativa de cada anomalia na amostra total inspeccionada ..................... 104
Figura 5.13 - Frequência relativa de cada anomalia num dado período no respectivo número total de
superfícies ...................................................................................................................................... 105
Figura 5.14 - Frequência relativa de cada grupo de anomalias num dado período no total de
superfícies inspeccionadas ............................................................................................................. 106
x
Figura 5.15 - Nível de gravidade estimado para cada tipo de anomalia ........................................... 107
Figura 5.16 - Média ponderada de área de superfície afectada por cada anomalia .......................... 108
Figura 5.17 - Contribuição de cada grupo de causas para ocorrência das 371 anomalias
identificadas.. .................................................................................................................................. 109
Figura 5.18 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E1 Manchas .......... 110
Figura 5.19 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E2 Eflorescência ... 111
Figura 5.20 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E3 Colonização
biológica ......................................................................................................................................... 112
Figura 5.21 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E4 Desgaste /
erosão... ......................................................................................................................................... 112
Figura 5.22 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E5 Bolhas de pele . 113
Figura 5.23 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E6 Graffiti .............. 114
Figura 5.24 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M1 Fissuração
mapeada ........................................................................................................................................ 114
Figura 5.25 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M2 Fissuração
direccionada ................................................................................................................................... 115
Figura 5.26 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M3 Desagregação . 116
Figura 5.27 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M4 Descasque ...... 116
Figura 5.28 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C1 Defeitos de
planeza ........................................................................................................................................... 117
Figura 5.29 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C2 Ninhos de
agregados / chochos ....................................................................................................................... 117
Figura 5.30 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C3 Marcas de tiges118
Figura 5.31 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C4 Esbabaçado ..... 119
Figura 5.32 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C5 Crostas ............ 119
Figura 5.33 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C6 Incrustações de
cofragem ........................................................................................................................................ 120
Figura 5.34 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-E
Estéticas ......................................................................................................................................... 121
Figura 5.35 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-M
Mecânicas ...................................................................................................................................... 122
xi
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 3.1 - Sistema de classificação de anomalias em superfícies de betão à vista ....................... 26
Quadro 3.2 - Sistema classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista ........ 42
Quadro 3.3 - Matriz de correlação anomalias - causas prováveis ..................................................... 49
Quadro 3.4 - Matriz de correlação inter-anomalias ........................................................................... 51
Quadro 3.5 - Matriz de correlação percentual inter-anomalias .......................................................... 52
Quadro 4.1 - Sistema de classificação de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista...58
Quadro 4.2 - Interpretação das medições de potencial, de acordo com ASTM C 876:91 .................. 69
Quadro 5.1 - Identificação e caracterização do programa de inspecções .......................................... 76
Quadro 5.2 - Ficha de inspecção número 01 .................................................................................... 79
Quadro 5.3 - Ficha de validação número 001 ................................................................................... 81
Quadro 5.4 - Frequências absoluta e relativa (ponderada pelas áreas) das superfícies de betão à vista
inspeccionadas ................................................................................................................................ 84
Quadro 5.5 - Comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis
(teórica e na amostra) ...................................................................................................................... 93
Quadro 5.6 - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz de correlação
teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de correlação na
amostra - Ca) ................................................................................................................................... 95
Quadro 5.7 - Comparação entre as matrizes de correlação inter-anomalias (teórica e na amostra) 100
Quadro 5.8 - Comparação das matrizes de anomalias - métodos de diagnóstico (teórica e na amostra)
...................................................................................................................................................... 101
xii
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O betão, com as suas características intrínsecas, constitui-se como um importante material utilizado
pelo Homem que deixa a sua marca na história da civilização, sendo um elemento notável da
arquitectura mundial.
O betão armado surgiu, por invenção de Lambot, em 1848, e intervenção de Auguste Perret, em
1898, o qual formulou a sua doutrina arquitectónica baseada na ideia de que o betão armado possui
uma qualidade estética própria, tornando-se crucial para a busca de novas formas das edificações,
associadas à modernização das necessidades sociais e substituição dos materiais tradicionais, o que
constituiu um marco na construção do século XX.
O incremento do nível de conhecimentos científicos, o progresso das civilizações e a própria evolução
do mundo geraram mudanças ao nível da procura do betão como material construtivo. Assim, após a
Segunda Grande Guerra, assistiu-se à afirmação da exploração do betão à vista como solução
arquitectónica de inegável importância (Appleton, 2005; Ferreira, 1972).
A contínua evolução tecnológica proporcionou meios capazes de fabricar betão com uma composição
suficientemente regular e uniforme, de forma a que a sua superfície fosse a expressão visível da
homogeneidade da sua textura (Moreira, 1991). O betão à vista difere do betão estrutural, sobretudo
pelo facto de a aparência e cor das suas superfícies expostas se sobreporem em termos de
importância à resistência do próprio material (Peurifoy e Oberlender, 2011). Toda a utilização do
betão com as suas superfícies visíveis, sem recobrimento de qualquer material aplicado após a
descofragem, com excepção de tintas e vernizes, exige um conhecimento detalhado da sua
composição e o domínio correcto das técnicas de produção e aplicação.
Actualmente, o betão à vista tem sido amplamente utilizado em projectos de arquitectura moderna,
especialmente pela crescente evolução associada às suas formas, texturas e cores. Uma superfície
de betão à vista requer coloração homogénea, sem manchas, com elevada compacidade, opacidade
apreciável e uma correcta distribuição granulométrica, de forma a obter os efeitos de conjugação
matriz-agregado desejados e, por conseguinte, uma superfície de betão à vista isenta de anomalias
(Nunes, 2003).
Tendo em consideração as acções ambientais, mecânicas e agentes agressivos, nem sempre é
possível manter constante a aparência de uma superfície de betão à vista ao longo do tempo. Assim,
um correcto e atempado diagnóstico das anomalias presentes nestas superfícies e respectivas
causas associadas permite delinear estratégias que preservam / recuperam a sua aparência estética.
Deste modo, realizou-se o presente trabalho de investigação, acreditando que o conhecimento das
características e tecnologia construtiva relativas às superfícies de betão à vista, bem como a
implementação de metodologias precisas de observação, registo, análise de anomalias e causas
2
prováveis associadas, possibilitam a sua reparação e a prevenção de processos patológicos
semelhantes (Silvestre, 2005).
1.2 ÂMBITO E JUSTIFICAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
O tema “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em Superfícies de Betão à Vista” insere-
se no âmbito do Mestrado Integrado em Engenharia Civil, do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e
enquadra-se na área da Construção, nomeadamente nos sistemas de inspecção e diagnóstico de
elementos da construção, análise da patologia da construção, bem como na definição de regras de
boa concepção, execução e utilização de superfícies verticais de betão à vista.
Importa referir que, para a elaboração da presente dissertação, se considera betão à vista qualquer
betão, de compactação normal ou auto-compactável, cujas superfícies vistas não são revestidas por
qualquer material aplicado após a descofragem, com excepção de tintas e vernizes. De uma forma
geral, na abordagem dos conteúdos envolvidos, em termos de identificação da patologia de betão à
vista, será focada apenas a vertente arquitectónica, sem que a integridade estrutural do elemento
seja analisada.
Silvestre (2005) pretendia “construir ferramentas de apoio à inspecção de outros elementos não
estruturais existentes na envolvente dos edifícios e, no passo seguinte, alargar o âmbito do estudo a
todos os elementos da construção (estruturais e não estruturais) com uma metodologia idêntica à que
foi apresentada nesta dissertação, de forma a permitir a construção do sistema de gestão do
edificado”, como desenvolvimento futuro, o que constitui um motivo justificativo importante para a
elaboração da presente dissertação. Desta forma, o presente trabalho de investigação é justificado
pela necessidade de sistematizar e correlacionar as anomalias possíveis e respectivas causas,
através da criação de um sistema de inspecção e diagnóstico eficiente.
De igual modo, o sucesso da execução de superfícies de betão à vista requer elevados níveis de
experiência e cuidados, bem como cooperação positiva entre partes envolvidas. Assim, a concepção
do projecto, a sua execução e utilização determinam a aparência global da superfície de betão à
vista, durante o seu ciclo de vida (Kai e Guohui, 2011). Contudo, verifica-se que o desenvolvimento e
aplicação do betão à vista, devido à evolução de tendências arquitectónicas (natureza estética),
factores de ordem económica e/ou planeamento construtivo, não têm sido adequadamente
acompanhados pelos intervenientes directos no processo construtivo, resultando cada vez mais em
fenómenos patológicos complexos (Moreira, 1991).
Além disso, sendo os custos de utilização e manutenção fortemente dependentes da qualidade do
projecto e da sua execução construtiva, é fundamental que as referidas fases sejam adequadas, para
possibilitarem a redução dos custos pós-construtivos. Assim, torna-se urgente a criação e divulgação
de ferramentas adequadas à execução de uma estratégia de manutenção de superfícies de betão à
vista, cuja implementação só será possível através da criação de um sistema de inspecção (a partir
da recolha de dados in situ) e classificação de anomalias detectadas nas inspecções efectuadas, bem
3
como de todos os factores que contribuem para o seu diagnóstico e reparação, de modo a normalizar
os relatórios obtidos.
Deste modo, e tendo em consideração a complexidade e extensão do sistema de apoio à inspecção e
diagnóstico de superfícies de betão à vista, foi desenvolvida outra, paralelamente à presente
dissertação, intitulada “Tecnologia e reabilitação de superfícies de betão à vista” (Coelho, 2015), que
possibilita um conhecimento mais pormenorizado acerca da tecnologia inerente às superfícies de
betão à vista e respectiva reabilitação. Esta última tem por base as anomalias e causas associadas
que serão objecto de estudo da presente dissertação. Desta forma, conjuntamente, é possível
proceder a uma inspecção, diagnóstico e reparação, expeditos e eficazes, das anomalias presentes
neste tipo de superfícies.
1.3. TRABALHOS REALIZADOS NO ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO
No âmbito da presente dissertação, foram tidos como referência os seguintes trabalhos
desenvolvidos:
Brito, J. (1987). “Patologia de Estruturas de Betão - Degradação, Avaliação e Previsão da Vida
Útil", Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;
Brito, J. (1992). “Desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Obras de Arte em Betão”, Tese
de Doutoramento em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;
Nunes, Álvaro (2013). “Manual de Controlo de Qualidade para Betão à Vista”, Dissertação de
Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;
Coelho, Fábio (2015). “Tecnologia e Reabilitação de Superfícies de Betão à Vista”, Dissertação
de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.
Com o intuito de normalizar e sistematizar metodologias de investigação na dissertação, recorreu-se
aos seguintes trabalhos de investigação, realizados no Instituto Superior Técnico:
Walter, Ana (2002). “Sistema de Classificação para a Inspecção de Impermeabilizações de
Coberturas em Terraço”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico,
Lisboa;
Silvestre, José (2005). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em
Revestimentos Cerâmicos Aderentes”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto
Superior Técnico, Lisboa;
Garcia, João (2006). “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Revestimentos Epóxidos em Pisos
Industriais”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, Lisboa;
Delgado, Anabela (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Revestimentos de
Pisos Lenhosos”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, Lisboa;
Neto, Natália (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em
Revestimentos em Pedra Natural”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior
Técnico, Lisboa;
4
Pereira, Ana (2008). “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Estuques Correntes em
Paramentos Interiores”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior
Técnico, Lisboa;
Gaião, Carlos. (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em Paredes
de Placas de Gesso Laminado”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior
Técnico, Lisboa;
Garcéz, Nuno (2009). “Sistema de inspecção e diagnóstico de revestimentos exteriores de
coberturas inclinadas”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico,
Lisboa;
Amaro, Bárbara (2011). “Sistemas de inspecção e diagnóstico de ETICS em paredes”,
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;
Pires, Rita (2011). “Sistema de Inspecção, Diagnóstico e Reabilitação de Revestimentos por
Pintura em Fachadas Rebocadas”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto
Superior Técnico, Lisboa;
Sá, João (2011). “Sistema de Inspecção Diagnóstico de Rebocos em Paredes”, Dissertação de
Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa;
Santos, Alberto (2012). “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Caixilharias”, Dissertação de
Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.
1.4. OBJECTIVOS E METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação incide em importantes objectivos orientadores, com o intuito de apresentar um
sistema de inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista eficaz e expedito.
Deste modo, é de salientar a importância da enumeração e caracterização da patologia frequente das
superfícies de betão à vista, salientando o tipo de anomalia em questão, bem como as respectivas
causas possíveis.
O diagnóstico exacto das superfícies de betão à vista é igualmente necessário, na medida em que o
levantamento cuidado das ocorrências patológicas, através da análise e observação de casos
concretos, constitui uma parte importante do estudo científico que permite desenvolver a capacidade
de observação e senso crítico.
De igual forma, como objectivo último, pretende-se proceder à validação do sistema. Assim, foi
executada uma série de inspecções in situ a 110 superfícies verticais de betão à vista, que permitiu
validar o sistema classificativo das ocorrências patológicas nas referidas superfícies, o qual inclui as
anomalias, as suas causas, técnicas de diagnóstico e matrizes de correlação entre estas últimas
entidades e as anomalias. As referidas inspecções possibilitam, após tratamento dos dados
recolhidos, estatísticas fiáveis, através das quais é possível obter conclusões objectivas.
A presente dissertação decorreu recorrendo a duas formas de investigação, nomeadamente pesquisa
bibliográfica e trabalho de campo, por vezes, de realização simultânea.
5
O levantamento bibliográfico corresponde ao início dos trabalhos e consiste na pesquisa de
documentação e literatura técnica subordinada ao tema “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de
Anomalias em Superfícies de Betão à Vista”. Assim, através da recolha de informação nacional e
estrangeira, nomeadamente teses, livros, actas de congressos, revistas internacionais, artigos
científicos, e outros, é possível a execução do sistema teórico de apoio à inspecção e diagnóstico de
superfícies de betão à vista.
O trabalho de campo baseia-se na realização de uma série de inspecções a edifícios, com o intuito de
recolher dados relativos a situações anómalas e causas prováveis associadas em superfícies de
betão à vista, de modo a ser possível obter o maior número possível de dados para posterior
tratamento estatístico e, desta forma, validar o sistema teórico proposto.
Tendo em consideração a dificuldade de realização de um processo de diagnóstico correcto ao longo
do ciclo de vida de um edifício e a complexidade existente no estabelecimento de relações biunívocas
entre as anomalias e respectivas causas, bem como a problemática associada à reconstrução da
fase de execução do edifício, a técnica de diagnóstico mais eficaz corresponde à observação
sistemática dos elementos e suas manifestações patológicas. Assim, fica patente um intuito
importante da presente dissertação, que consiste na criação de um sistema de apoio à inspecção das
superfícies de betão à vista e diagnóstico das respectivas anomalias, de forma a ser possível superar
as dificuldades existentes.
1.5. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
A estrutura da dissertação em questão consiste na elaboração de seis capítulos, cujo conteúdo se
descreve de seguida.
No primeiro capítulo, introduz-se a temática da dissertação de uma forma generalizada, descrevendo
sinteticamente o conceito de betão à vista e sua evolução. Abordam-se ainda as razões e objectivos
do tema escolhido, fazendo-se referência aos trabalhos já realizados neste âmbito e descrevendo-se
a metodologia e estrutura da dissertação adoptadas.
No segundo capítulo, faz-se uma breve descrição da tecnologia associada ao betão à vista,
nomeadamente quanto à sua tipologia, tipos de materiais utilizados e exigências funcionais.
No terceiro capítulo, é proposto um sistema classificativo das anomalias, tendo como base a literatura
consultada, no qual se identifica e descreve as anomalias que se verificam visualmente em estruturas
de betão à vista. Neste capítulo, além de serem elaboradas as fichas de anomalias, é ainda
apresentado um sistema classificativo das causas mais prováveis de cada anomalia (directas ou
indirectas) e são construídas as seguintes matrizes de correlação:
matriz de correlação anomalias - causas mais prováveis, onde se discriminam as causas que
geralmente estão na origem da ocorrência das anomalias, classificando as relações através de
índices de correlação;
6
matriz de correlação inter-anomalias, onde se discriminam as relações de anomalias entre si,
baseadas na matriz anterior, e que traduz as relações em percentagem que quantificam a
probabilidade das variáveis em questão estarem efectivamente relacionadas.
A informação relativa a cada anomalia encontra-se resumida em fichas de anomalia individuais, as
quais se apresentam no Anexo 3.I.
O quarto capítulo incide sobre as técnicas de diagnóstico a recomendar. Tal como no capítulo
anterior, elabora-se e justifica-se uma lista classificativa de ensaios ou instrumentos passíveis de
realizar um correcto diagnóstico das anomalias verificadas em betão à vista. No desenvolvimento do
capítulo, descrevem-se os ensaios in situ a realizar e equipamentos a utilizar. Adicionalmente, são
elaboradas fichas de técnicas de diagnóstico e é criada uma terceira matriz de correlação (anomalias
- técnicas de diagnóstico) que permite uma maior eficiência na execução destes trabalhos. As fichas
de caracterização de cada método de diagnóstico são apresentadas no Anexo 4.I.
O quinto capítulo representa o resultado das inspecções efectuadas às superfícies de betão à vista,
durante a realização do trabalho de campo, tendo como objectivo a validação e calibração do sistema
classificativo de anomalias. De igual modo, apresenta-se um tratamento estatístico dos valores
obtidos que permite formar e confirmar conclusões, no âmbito do tema investigado. Em anexo,
encontra-se a listagem de edifícios inspeccionados (Anexo 5.II), bem como a validação completa da
matriz de correlação anomalias - causas prováveis (Anexo 5.III).
O capítulo final da dissertação consiste na consolidação dos conhecimentos desenvolvidos ao longo
do documento e nas conclusões finais. Indicam-se ainda desenvolvimentos futuros no domínio da
temática abordada.
7
2. TECNOLOGIA
2.1 INTRODUÇÃO
O conhecimento da tecnologia associada às superfícies de betão à vista contribui para a concepção
de um sistema de inspecção e diagnóstico eficiente. Assim, o presente capítulo surge como um
complemento do tema central da dissertação que, apesar de não ser desenvolvido exaustivamente,
auxilia a compreensão dos aspectos relacionados com as referidas superfícies.
Deste modo, é primeiramente analisado o potencial estético que as superfícies de betão à vista
apresentam, nomeadamente em termos da forma, textura e coloração que as caracteriza.
Posteriormente, é abordado de forma simples o respectivo processo construtivo, indicando
fundamentalmente os materiais utilizados, cofragens adequadas e processo de betonagem
recomendado. Por último, com o intuito de garantir a execução de uma superfície final esteticamente
satisfatória e com desempenho apropriado, foi igualmente tratada, ao longo dos referidos assuntos, a
questão da qualidade na fase de execução, de modo a ser possível evitar o surgimento de
manifestações patológicas indesejáveis.
2.2 POTENCIAL ESTÉTICO
O betão à vista beneficiou grandemente com a contínua evolução tecnológica, a qual proporcionou
meios capazes de fabricar betão com uma composição suficientemente regular e uniforme, de modo
a que a sua superfície fosse a expressão visível da homogeneidade da sua textura (Moreira, 1991).
Toda a utilização do betão com as suas superfícies visíveis, sem recobrimento de qualquer material
aplicado após a descofragem, com excepção de tintas e vernizes, exige um conhecimento detalhado
da sua composição e domínio correcto das técnicas de produção e aplicação.
Assim, tendo em consideração a forte componente estética associada ao betão à vista, é fundamental
um conhecimento adequado da respectiva tecnologia de execução, como meio de evitar / controlar
problemas patológicos, bem como permitir uma integridade estrutural e durabilidade adequadas.
A propósito de betão à vista, Nawy (2008) define-o como um material permanentemente exposto,
merecendo, por isso, especial importância a sua aparência, à qual está associada um padrão
específico de uniformidade, detalhes superficiais, cor e textura. Deste modo, considerando a grande
versatilidade do betão à vista e a sua capacidade plástica de adaptabilidade a qualquer molde,
aliadas à sua aparência estética, verifica-se que este permite obter, quando devidamente explorado,
uma superfície final com qualquer acabamento idealizado (Nunes, 2003).
2.2.1 Coloração
Uma determinada superfície de betão à vista pode apresentar colorações distintas, dependendo do
seu ligante, agregados, pigmentos, fíleres e cofragem utilizada (Nunes, 2013).
8
O betão cinzento, composto por cimento Portland, é comummente usado na construção corrente. Por
oposição, o betão branco (Figura 2.1) possui na sua constituição cimento branco que inicialmente era
apenas aplicado no fabrico de argamassas e cimentos-cola. Relativamente ao betão colorido, verifica-
se que a sua obtenção resulta fundamentalmente da adição de pigmentos inorgânicos à mistura.
Figura 2.1 - Exemplo de edifício em betão branco
Verifica-se que, para uma determinada superfície, a utilização de betão com ligante de cor cinzenta
(Figura 2.2) é mais vulnerável aos agentes de degradação da sua coloração original, nomeadamente
factores ambientais, ciclo de cura e quantidade de água (Moreira, 1991). Assim, considerando a
importância estética que a coloração possui em qualquer superfície de betão à vista, recorre-se
frequentemente a um processo de pigmentação, o qual, além de acessível, possibilita a obtenção de
uma grande diversidade de tonalidades (Nunes, 2003).
Figura 2.2 - Exemplo de edifício em betão cinzento
Além disso, a selecção adequada do tipo de agregado fino utilizado constitui uma escolha relevante
no processo de coloração do betão, sobretudo no caso de o acabamento pretendido consistir na
exposição de agregados (CCAA T57, 2006). Por outro lado, com o intuito de promover uma maior
facilidade de dispersão do pigmento na mistura, maximizar a sua intensidade e uniformidade da cor
resultante, podem ser incorporados plastificantes (Peurifoy e Oberlender, 2011).
Tendo em consideração que, segundo Nunes (2013), a quantidade de pigmento utilizada depende
intrinsecamente da cor idealizada, sendo dependente de um processo de calibração, então a
diferentes quantidades de pigmento correspondem intensidades de cor distintas. De acordo com
CCAA T57 (2006), verifica-se a existência de um ponto de saturação a partir do qual a adição de
pigmento não produz qualquer efeito adicional de coloração.
9
Importa salientar que o cimento cinzento, por oposição ao branco, se encontra associado a
superfícies de betão à vista caracterizadas por cores menos intensas (PCI, 2007). Assim, betões de
coloração mais clara privilegiam a utilização de ligante branco, contrariamente à concepção de
superfícies de cor escura, cuja escolha do cimento não possui igual relevância. De igual modo,
verifica-se a necessidade de monitorização da relação água / cimento, em virtude de ser relevante na
ocorrência de variações de cor na superfície de betão à vista (Nawy, 2008).
Relativamente à utilização de fíleres, com o intuito de conferir coloração ao betão, devem ser tidas
em consideração potenciais diminuições na sua resistência, bem como alterações na cor final, a qual
dificilmente será tão intensa, comparativamente com o caso de se recorrer à utilização de pigmentos
(Inácio, 2005). Por último, importa referir a importância de efectuar uma selecção cuidada dos
agregados grossos, de modo a ser possível evitar diferenças significativas entre as suas cores e a
respectiva matriz, particularmente se o objectivo consistir na sua exposição (CCAA T57, 2006; Nawy,
2008).
Assim, verifica-se que a importância de uma coloração homogénea em determinada superfície de
betão à vista é fundamental na sua aparência estética geral, correspondendo assim ao primeiro
impacte visual que esta transmite. Neste sentido, os inúmeros avanços verificados ao nível do betão
à vista, nomeadamente em termos da vasta gama de cores disponíveis e afinação cromática, têm
permitido a obtenção de superfícies finais com qualquer cor idealizada.
2.2.2 Forma
Com os presentes avanços tecnológicos ao nível do betão à vista, é possível executar elementos e
superfícies com praticamente qualquer forma idealizada (Figura 2.3). Esta versatilidade está
estreitamente relacionada com a capacidade do betão fresco adquirir qualquer forma do molde
(cofragem), permitindo consequentemente atingir diferentes tipos de acabamento, exclusivamente
através do seu processo de cura.
Figura 2.3 - Exemplo de edifício com diferentes formas
A aparência estética de uma determinada superfície de betão à vista e respectiva manutenção
contínua encontram-se associadas à sua forma / configuração, no que se refere à exposição a
agentes agressivos e poluentes. Assim, zonas com protecção reduzida, sujeitas a escorrências e com
acabamento superficial rugoso, são consideradas mais susceptíveis a alterações estéticas, em
10
virtude de se verificar uma maior exposição aos referidos agentes e consequente acumulação de
sujidade, causadora de problemas patológicos esteticamente indesejáveis.
Deste modo, a evolução verificada nos sistemas de cofragem merece especial relevância, na medida
em que possibilitou o desenvolvimento de formas ousadas, de elementos esbeltos e inovadores, bem
como de superfícies progressivamente mais diferenciadas. A cofragem é um elemento fundamental
em qualquer obra de betão, devendo ser concebida e fabricada com base nos requisitos específicos
de cada projecto (Peurifoy e Oberlender, 2011). Sendo a qualidade do betão à vista fortemente
influenciada pela qualidade do molde, é necessário ter cuidado redobrado no processo de selecção
dos materiais utilizados na sua concepção (Peurifoy e Oberlender, 2011). Assim, a introdução de
moldes de silicone / elastómeros, cofragens metálicas revestidas a chapas de aço-inox, acrílicos e
compósitos à base de fibras de vidro, contribuíram fortemente para a melhoria contínua das
superfícies de betão à vista e formas associadas (Nunes, 2003).
Além do mais, o desenvolvimento ao nível do betão é consequência da evolução de betões auto-
compactáveis, o que possibilitou o desenvolvimento do betão à vista ao nível das suas características
estéticas e ornamentais, bem como exploração de formas inovadoras, antigamente associadas à
construção metálica.
2.2.3 Textura
De acordo com o PCI (2007), a textura de uma determinada superfície de betão à vista corresponde à
expressão natural dos seus componentes que pode ser traduzida em diferentes tipos de
acabamentos superficiais, melhorando frequentemente a resistência aos factores climatéricos.
Geralmente, uma superfície texturada é esteticamente preferível, em virtude de possuir maior
uniformidade aparente (PCI, 2007). Assim, comparativamente com uma superfície lisa, a presença de
textura permite camuflar problemas patológicos esteticamente indesejáveis, evitando a percepção
imediata de certas anomalias.
O tipo de textura de uma determinada superfície de betão à vista depende dos diferentes métodos
que são utilizados para obter esse acabamento (Moreira, 1991). Deste modo, sendo o betão um
material plástico que se adapta a qualquer cofragem escolhida, é possível trabalhá-lo através de
moldes ou potenciar a sua plasticidade com produtos químicos, permitindo assim a criação de uma
ampla variedade de texturas, em alto (Figura 2.4) ou baixo-relevo (Secil, 2011).
Figura 2.4 - Superfície em alto-relevo, conseguido através de molde (CCAA T57, 2006)
11
2.2.3.1 Acabamentos superficiais
Em determinada superfície de betão à vista, a definição do respectivo acabamento deve ser
cuidadosamente efectuada, ainda em projecto (Moreira, 1991).
As superfícies de betão à vista podem ser categorizadas como tratadas, consoante possuam ou não
acabamento (CIMbéton, 2009). Assim, existe uma grande variedade de acabamentos superficiais
possíveis, variando entre si especialmente pelas diferenças de textura e formas de a obter.
Um acabamento superficial satisfatório está associado a betões de superfície e coloração
homogénea, com boa opacidade, ausente de manchas, elevada compacidade e distribuição
granulométrica cuidada (Nunes, 2003). A sua escolha pode ser variável, englobando desde
acabamentos superficiais lisos, sem irregularidades perceptíveis, a texturados, associados às
características do betão ou posterior exposição dos seus agregados.
Segundo Peurifoy e Oberlender (2011), um acabamento texturado, comparativamente com o de
superfície lisa, possui frequentemente menor dificuldade de execução ao nível de imperfeições
estéticas. Importa salientar que, tendo em consideração a complexidade do processo construtivo,
natureza heterogénea do betão e a sua susceptibilidade a agressões externas, dificilmente se obtêm
acabamentos totalmente uniformes (Nero e Nunes, 1997). Assim, geralmente, admite-se uma
determinada tolerância correspondente às imperfeições da superfície final (Nunes, 2013).
Na concepção de acabamentos superficiais lisos em superfícies de betão à vista, são utilizadas
cofragens de aço ou madeira revestida por filme fenólico (Nunes, 2013). Por outro lado, na execução
de acabamentos texturados, recorre-se frequentemente a processos químicos, com utilização de
retardadores de presa ou ataque de ácido, escarificação com martelos pneumáticos, bujardagem,
técnicas mecânicas por decapagem abrasiva, polimento, bem como fixação de materiais à cofragem,
nomeadamente tábuas de madeira, moldes, cordas (Figura 2.5) e chapas onduladas (CCAA T57,
2006).
Figura 2.5 - Cofragem com cordas e respectiva superfície final (CCAA T57, 2006)
Actualmente, a enorme disponibilidade de acabamentos superficiais possibilita a concepção de
superfícies de betão à vista com qualquer textura pretendida. Assim, um acabamento natural, polido,
12
ou com relevo (Figura 2.6), jacteado, bujardado, escacilhado, flamejado e reactivo é associado a
processos técnicos específicos que possibilitam a concepção de uma superfície final com as
características idealizadas.
Figura 2.6 - Acabamento natural (à esquerda), polido (ao centro) e com relevo por moldagem (à direita)
Conforme referido em §2.2.3, a percepção de defeitos e anomalias presentes em determinada
superfície lisa possui maior relevância, na medida em que qualquer acabamento texturado constitui
uma forma de disfarce superficial, atenuando assim a possível existência de imperfeições estéticas
(Nawy, 2008). No entanto, por apresentarem rugosidade superior, os acabamentos texturados
caracterizam-se por uma maior acumulação de sujidade, o que requer maior manutenção e
monitorização durante a vida útil da superfície.
2.3 PROCESSO CONSTRUTIVO
O sucesso da execução de superfícies de betão à vista requer elevados níveis de experiência e
cuidados, bem como cooperação positiva entre partes envolvidas. Assim, a concepção do projecto, a
sua execução e utilização determinam a aparência global da superfície de betão à vista, durante o
seu ciclo de vida (Kai e Guohui, 2011).
O rigor e cuidado aplicados, durante o processo construtivo de uma determinada superfície de betão
à vista, reflectem-se no resultado final, traduzindo-se na homogeneidade e obtenção das
características idealizadas. Como os custos de utilização e manutenção são fortemente dependentes
da qualidade do projecto e da sua execução construtiva, é fundamental que o referido processo seja
adequado, para possibilitar a redução dos custos pós-construtivos.
2.3.1 Materiais constituintes
O betão constitui um material com propriedades de elevada variabilidade, cujos componentes reagem
ao longo do tempo, podendo ser significativamente afectado pelas condições de exposição ambiental
que envolvem as suas superfícies. Este é obtido através da mistura de outros materiais importantes,
nomeadamente ligante, agregados e água, podendo igualmente incorporar-se adjuvantes, adições
e/ou pigmentos, os quais devem ser adaptados à utilização pretendida.
13
Tendo em consideração os requisitos arquitectónicos associados ao betão à vista, é necessário ter
em atenção a sua trabalhabilidade adequada, correcta distribuição de agregados e relação água /
ligante apropriada, de modo a ser possível minimizar a existência de defeitos superficiais e obter
coloração uniforme (PERI, 2002).
2.3.1.1 Ligante
O ligante utilizado na concepção de uma determinada superfície de betão à vista deve possuir a
mesma proveniência e cumprir os requisitos da norma NP EN 197-1, de forma a garantir
homogeneidade e características físicas, químicas e mecânicas adequadas (Inácio, 2005; Neville,
2011).
Assim, o ligante pode ser de variados tipos e classes, dependendo da respectiva aplicação e
exigência a que se propõe. Deste modo, podem ser utilizados cimentos do tipo I ou compostos do tipo
II, consoante as características específicas do projecto em causa. Relativamente à selecção da
classe de resistência do ligante, devem ser tidos em consideração os tempos de desmoldagem
pretendidos (Nunes, 2003).
Comparativamente com o ligante cinzento, durante o processo de execução, o cimento branco
apresenta maior retracção e trabalhabilidade inferior, uma vez que inicia mais rapidamente o seu
processo de presa. Contudo, na execução de betão à vista, utiliza-se frequentemente cimento de cor
branca em detrimento do cinzento, o qual está associado à obtenção de tonalidades mais escuras
(Inácio, 2005). Correntemente, recorre-se ao cimento Portland do tipo CEM I 52,5R, CEM II/A-L
52,5N, CEM II/B-L 32,5, CEM II/A-L 52,5N (Br) ou CEM II/B-L 32,5 (Br), para produção de betão
branco (Secil, 2011). De igual modo, para betão à vista, considera-se C30/37 como classe de
resistência mínima, sendo que, em betão de cor branca, a dosagem mínima de cimento corresponde
a 350 ou 370 kg/m3 (Secil, 2011). Importa referir que a dosagem de ligante deve ser equilibrada, em
virtude de concentrações elevadas propiciarem o desenvolvimento de fenómenos de fissuração
(Moreira, 1991).
2.3.1.2 Adições
A incorporação de adições, nomeadamente de fíleres de origem calcária, contribuem
significativamente para a redução da dosagem de ligante, possibilitando uma melhoria considerável
da opacidade do betão à vista (Neville, 2011). Uma dosagem adequada compreende valores
variáveis entre 60 e 200 kg/m3, de modo a ser possível reduzir o excesso de água resultante do
processo de vibração, minimizando, por conseguinte, o surgimento de manchas superficiais (Nunes,
2003).
Sendo as adições considerados elementos fundamentais na tonalidade do betão, devem-se
caracterizar pela ausência de argilas e outros contaminantes, de forma a garantir a homogeneidade
da superfície.
14
2.3.1.3 Agregados
Os agregados (Figura 2.7) perfazem aproximadamente 75% do volume de betão, o que reflecte
claramente a influência que desempenham nas propriedades do material (Nawy, 2008). Estes
contribuem eficazmente para a resistência do betão, influenciando igualmente a sua porosidade e
coloração (Inácio, 2005).
Figura 2.7 - Agregado grosso para betão à vista
Estes constituintes correspondem a materiais granulares, comummente cascalhos, areias naturais ou
brita, embora, ocasionalmente, possam incluir materiais artificiais, como escórias ou argila expandida
(Nawy, 2008). A escolha dos agregados e respectiva granulometria é sempre dependente do
acabamento final idealizado, sendo que todas as suas características, condições de fornecimento e
armazenamento devem respeitar os requisitos da norma NP EN 12620 de 2003 - “Agregados para
betão” e da especificação LNEC E454 (Secil, 2011).
De modo a ser possível garantir a adequabilidade dos agregados utilizados, deve-se proceder à sua
selecção cuidada através da homogeneidade de fornecimentos, associada à coloração, dimensão e
características físicas / mecânicas do betão, permitindo obter uma superfície final com coloração e
textura uniformes. Tendo em consideração a aparência estética pretendida, verifica-se a utilização de
granulometrias diversas, de 20 / 30 mm a diâmetro superiores (Nunes, 2003). Assim, em superfícies
com agregados expostos, a selecção do elemento grosso e respectiva coloração assume particular
relevância no resultado final, em detrimento da cor do ligante e agregados finos, que têm maior
importância na concepção de um acabamento superficial liso (Moreira, 1991).
Importa ainda referir que os agregados seleccionados para a execução de determinada superfície de
betão à vista devem possuir igual proveniência, com o intuito de minimizar variações de granulometria
e coloração, através da ausência de argilas e outros materiais contaminantes (ACI Committee 303,
2004). De igual modo, deve-se assegurar que os agregados não sejam suficientemente reactivos com
os álcalis do ligante e garantir a existência de mais de um tipo de areia e classe de agregado grosso
na composição do betão, de forma a evitar a ocorrência de segregação (Inácio, 2005).
2.3.1.4 Água de amassadura
A água de amassadura deve cumprir o estipulado na NP EN 1008 de 2003 - “Especificações para
15
amostragem, ensaio e avaliação da aptidão da água, incluindo água recuperada nos processos da
indústria do betão pronto, para o fabrico do betão” e, por isso, além de inodora, deve ser incolor,
ausente de matéria orgânica e de hidratos de carbono, com teores limitados de iões cloro e sulfatos
(Brito, 1987; Secil, 2011).
De igual modo, teoricamente, a água de amassadura deve ser a mínima possível, de forma a garantir
uma hidratação total do betão, correspondendo a uma percentagem de aproximadamente 18% (Brito,
1987). A relação água / ligante da mistura constitui um factor de importante monitorização, na medida
em que um valor elevado indica maior porosidade, influenciando a resistência, coloração e
durabilidade da superfície (CCAA T57, 2006).
2.3.1.5 Pigmentos
Como o intuito de ser possível incrementar a disponibilidade de cores de betão à vista, adiciona-se
pigmentos (Figura 2.8) à mistura, os quais permitem o incremento do potencial estético (Peurifoy e
Oberlender, 2011). Deste modo, verifica-se a existência de uma ampla diversidade de pigmentos,
compostos por óxidos metálicos, cujas dosagens dependem fundamentalmente da cor pretendida. De
qualquer forma e sabendo que a gama de valores engloba de 0,1% a 8% do peso de ligante, deve-se
determinar a quantidade exacta de pigmento, através de protótipos e usando os agregados a colocar
na mistura, para ser possível calibrar adequadamente a cor pretendida (Nunes, 2003).
Figura 2.8 - Exemplos de pigmentos para betão (Inácio, 2005)
Assim, para obtenção de uma maior diversidade de cores, recorre-se a óxidos metálicos, os quais
permanecem inalterados perante os raios ultravioleta, quer em cimento branco ou cinzento (Nunes,
2003). De igual forma, considerando a resistência à alcalinidade e insolubilidade que os pigmentos
inorgânicos apresentam, verifica-se que impedem, por conseguinte, a sua lixiviação. É importante
referir que a adição de pigmentos deve ser aliada a um incremento da dosagem de finos e ligante, o
qual deve-se manter constante durante o processo de fornecimento, de modo a ser possível evitar
variações significativas de cor.
Resta referir que, segundo o ACI Committee 303 (2004), a utilização de valores de pigmento
superiores a 10% do peso de ligante pode comprometer significativamente a qualidade do betão.
16
2.3.1.6 Adjuvantes
Os adjuvantes utilizados na mistura devem respeitar o disposto na norma NP EN 934-2 de 2003 -
“Adjuvantes para betão, argamassas e caldas de injecção. Parte 2: Definições, requisitos,
conformidade, marcação e rotulagem”, não possuir cloreto de cálcio na sua composição e apresentar-
se sob a forma de constituintes incolores ou de cor clara, de modo a minimizar o risco de
contaminação de coloração da mistura, o que é particularmente importante na presença de betão
branco (Secil, 2011; ACI Committee 303, 2004).
Relativamente à utilização de superplastificantes, verifica-se que estes possibilitam a redução da
quantidade de água de amassadura, em virtude de minimizarem o atrito interno entre as partículas de
betão, provocando assim menor retracção plástica, permeabilidade e absorção capilar, bem como um
aumento significativo da sua compacidade e resistência (Nunes, 2003). De igual forma, os
superplastificantes permitem reduzir a necessidade de vibração e, por conseguinte, o risco de
formação de bolhas de ar (Snowcrete, 2007).
Importa salientar que, por vezes, é necessário utilizar pequenas dosagens de polímeros (acetatos de
vinil ou metil-celuloses), com o intuito de minimizar a tendência de fissuração da superfície de betão,
em caso de resistência à flexão reduzida, para que a sua aparência estética não seja comprometida.
Assim, utilizando dosagens compreendidas entre 0,04% e 0,1% do peso do ligante, é possível
diminuir os módulos de elasticidade e monitorizar a retracção plástica (Nunes, 2003).
Por outro lado, em acabamentos caracterizados por exposição de agregados, deve-se recorrer, por
vezes, a retardadores de presa, cujo tipo e quantidade utilizados dependem da profundidade de
exposição desejada. Deste modo, para profundidades de exposição compreendidas entre 1,5 e 3
mm, devem ser utilizados retardadores insolúveis, enquanto para exposições superiores deve-se
recorrer a retardadores solúveis, com maior facilidade de penetração no betão (Mindess et al., 2002).
Tendo em consideração as características estéticas específicas que o betão à vista possui, é
necessário garantir o cumprimento de requisitos de aparência e durabilidade associada a agentes
agressivos, além da satisfação das exigências físicas e mecânicas, a que qualquer betão corrente
deve obedecer (Inácio, 2005). Deste modo, genericamente, betões à vista apresentam dosagens de
ligante superiores, acompanhadas de menores relações de água / ligante.
2.3.1.7 Armadura
Contrariamente ao betão, as armaduras não apresentam problemas consideráveis ao nível do seu
fabrico, embora sejam susceptíveis à corrosão, segundo uma taxa dependente do tipo de aço e
agressividade atmosférica, causando o surgimento de várias anomalias associadas (Brito, 1987).
Assim, a colocação e tratamento das armaduras devem respeitar determinadas exigências que
permitam a minimização da ocorrência das referidas anomalias e assim contribuir para a qualidade
estética da superfície final.
17
De acordo com a Secil (2011), o aço das armaduras deve-se encontrar completamente isento de
óleos, lamas, argilas, oxidação e restantes impurezas (Figura 2.9), de modo a minimizar o risco de
perda de aderência ao betão e contaminação da superfície. Deste modo, é necessário garantir um
adequado armazenamento das armaduras, em espaços isentos de sujidade e/ou condições
favoráveis à oxidação.
Figura 2.9 - Armaduras com oxidação (à esquerda) e armaduras em bom estado (à direita)
Convém salientar a importância de ser efectuado um dimensionamento adequado de armaduras, de
forma a ser possível evitar zonas de sobreposição excessiva de varões (Figura 2.10) que dificultam o
processo de vibração e, por conseguinte, resultam em anomalias (Moreira, 1991). Além disso, na
execução de armaduras, devem ser utilizados arames de atar em aço inox ou galvanizado, viradas
para o interior do elemento, de modo a controlar o aparecimento de corrosão, devido à sua oxidação
(Nawy, 2008).
Figura 2.10 - Zona excessivamente armada
De igual modo, deve ser garantido o recobrimento adequado, com o intuito de assegurar a espessura
superficial pretendida e minimizar a permeabilidade de agentes indesejáveis, os quais podem afectar
significativamente a durabilidade da superfície de betão à vista (Brito e Flores-Colen, 2005).
Por fim, importa salientar que, para assegurar o recobrimento previsto e posicionamento adequado
das armaduras, deve-se recorrer a espaçadores (Figura 2.11), compostos por material polimérico ou
betão, de coloração igual à superfície. Assim, após colocação das armaduras, a betonagem deve
ocorrer imediatamente, de modo a minimizar o fenómeno de oxidação e consequente contaminação
das cofragens (Secil, 2011).
18
Figura 2.11 - Espaçadores em PVC
2.3.2 Cofragem
O incremento das superfícies de betão à vista deve-se à evolução dos tipos disponíveis de cofragem
e às influências técnicas do seu processo de construção, bem como aos métodos de tratamento das
superfícies expostas (Pecke e Bosold, 2009).
Primeiramente, importa distinguir dois tipos de superfícies, nomeadamente aquelas que após
descofragem não sofrem qualquer intervenção posterior e aquelas que são alvo de tratamento
químico e/ou mecânico. Além disso, aquando da execução da cofragem, existem cuidados que são
considerados imprescindíveis a uma superfície de betão à vista uniforme e sem vestígios patológicos
condicionantes da sua aparência.
Nos dias de hoje, as cofragens utilizadas podem ser dos mais diversos materiais, sendo que, em
função da superfície final pretendida, existem uns mais apropriados do que outros. Assim, do ponto
de vista da tonalidade da superfície, quando se pretende uma superfície mais escura devem-se
utilizar moldes de materiais mais porosos, tais como madeiras e derivados desta. Por oposição,
materiais não porosos, como plástico, aço ou alumínio são utilizados quando se pretende uma
superfície de tonalidade mais clara e de textura lisa. Relativamente às cofragens metálicas, estas
devem ser revestidas de chapas de aço inox, de modo a evitar a contaminação da superfície com
manchas de corrosão (Nunes e Fonseca, 1998).
Outro tipo de cofragem possível é a de permeabilidade reduzida que, segundo Coutinho (1998),
permite aumentar claramente a qualidade das superfícies de betão à vista, tanto a nível estético,
como de durabilidade. Este sistema dissipa o excesso de água e ar acumulados à superfície,
melhorando a resistência superficial e, além disso, cria condições de humidade adequadas à fase de
cura. Este tipo de cofragem é o que garante melhores resultados na redução da percentagem de
anomalias superficiais, como bolhas de pele (Chen et al., 2012).
Por fim, relativamente à cofragem, é necessário garantir que esta é adequada a cada caso, não só
em termos de aparência final da superfície, mas também de resistência da mesma aos impulsos
impostos pelo betão, no momento da betonagem, prevenindo o surgimento de certas anomalias
construtivas / geométricas como, por exemplo, os defeitos de planeza.
19
De igual modo, deve-se dar especial atenção às juntas entre painéis, pois, quando não se encontram
correctamente executadas, permitem a passagem de finos da mistura, provocando anomalias na
superfície final. Deste modo, é recomendado a vedação entre painéis com juntas de borracha ou
recorrendo a mastiques (Secil, 2011).
As tiges (Figura 2.12) são um dos elementos importantes na concepção / execução da cofragem, pois
são uma fonte de anomalias, comuns neste tipo de superfícies à vista. Assim, deve ser tido especial
cuidado na escolha do tipo de tige e, posteriormente, na sua colocação antes da betonagem, pois,
caso a zona da tige não se encontre perfeitamente estanque, irá permitir a passagem de finos,
prejudicando o acabamento final da superfície na referida zona (Nawy, 2008).
Figura 2.12 - Tige vista pelo interior da cofragem (à esquerda) e zona de aperto da tige (à direita)
As marcas de tiges são, muitas vezes, assumidas como parte integrante da superfície e, por isso,
deixadas a descoberto. No entanto, podem ser disfarçadas com recurso a tampões em PVC ou
preenchidas por argamassa apropriada, com características e coloração semelhantes ao betão da
superfície.
2.3.2.1 Agente descofrante
O recurso a agentes descofrantes é bastante útil, pois estes dificultam que o betão fresco adira à
cofragem, de modo a facilitar o processo de descofragem e, ao mesmo tempo, contribuem para a
prevenção de determinadas anomalias, como referido em §3.2.2. No entanto, o agente descofrante
também pode ser a causa de certas anomalias, como manchas. Assim, deve ser devidamente
seleccionado, em função do tipo de superfície pretendida e, posteriormente, correctamente aplicado.
Neste sentido, Nero e Nunes (1997) recomendam o recurso a agentes descofrantes incolores ou anti-
manchas.
Dada a grande variedade de agentes descofrantes disponíveis no mercado, ACI Committee 303
(2004) refere que a melhor forma de avaliar / seleccionar o mais adequado a cada caso é através de
painéis protótipo, onde se pode avaliar tanto o resultado final da superfície, como o modo de
aplicação do agente descofrante. Além disso, deve ser tida em consideração a compatibilidade deste
com a cofragem e o respectivo selante, bem como as condições climatéricas da aplicação.
20
2.3.3 Betonagem
O processo de betonagem possui forte relevância na qualidade estética da superfície final, na medida
em que permite controlar algumas anomalias decorrentes do processo construtivo. As betonagens
devem ser executadas sem pluviosidade, preferencialmente a uma temperatura compreendida entre
10 e 30 ºC (Secil, 2011). De qualquer forma, se o prosseguimento dos trabalhos for imperativo,
independentemente das condições meteorológicas, devem ser providenciadas condições e cuidados
particulares, de modo a salvaguardar o resultado final.
Do mesmo modo, é necessário garantir que os camiões-betoneira se encontrem isentos de resíduos
de betonagens prévias e transportem até 2/3 da sua capacidade máxima, para assegurar uma
mistura adequada dos constituintes do betão (Nawy, 2008). Importa referir que, em obra, se deve
proceder a um controlo cuidado da sua consistência, através do ensaio do cone de Abrams (Figura
2.13), no qual se rejeita o betão que não possua características especificadas (Nunes, 2013).
Figura 2.13 - Ensaio do cone de Abrams (Unibetão PR.07, 2011)
Convém ainda salientar a importância de verificar o estado global das cofragens, antes de se
proceder ao processo de betonagem, de modo a ser garantida a sua limpeza, selagem das juntas e
inexistência de água acumulada (Secil, 2011).
Relativamente ao processo de betonagem propriamente dito, deve-se evitar a queda do betão de
alturas elevadas e a sua projecção contra as paredes da cofragem, através da utilização de tubos de
queda. Assim, é possível evitar a segregação dos agregados, bem como formação de grandes
índices de vazios (Brito, 1987). De igual forma, deve ser assegurada a penetração do betão em todas
as reentrâncias da cofragem, através de uma compactação adequada.
De acordo com CCAA T57 (2006), a colocação do betão deve ser efectuada a uma velocidade que
não origine impulsos laterais na cofragem, de modo a não provocar deformações ou comprometer a
sua estabilidade. Assim, para acabamentos finais de qualidade, a colocação em paredes e pilares
deve ser efectuada em camadas com espessuras inferiores a 50 cm ou 30 cm (Snowcrete, 2007).
Conforme referido, a queda do betão de alturas superiores a 1,5 m deve ser evitada, de forma a ser
possível evitar a segregação, fixação de resíduos de betão nas paredes do painel de cofragem e, por
conseguinte, propiciar o surgimento de anomalias estéticas na superfície (Secil, 2011).
21
Tendo em consideração os requisitos arquitectónicos que o betão à vista apresenta, não devem ser
utilizados os primeiros 0,2 m3, de modo a não se verificarem diferenças consideráveis na relação
água / ligante ou possuir agentes contaminantes que degradam a aparência final da superfície (Nawy,
2008).
Importa acrescentar que a velocidade de colocação deverá ser lenta e constante, de forma a que
ocorra libertação de ar junto dos paramentos, sendo que, no caso específico de um betão auto-
compactável, este deve ser colocado na zona inferior do molde, elevando-se naturalmente, não se
verificando, por conseguinte, a sobreposição de camadas (Secil, 2011; FFB, 2005). Assim, é
importante ter em atenção que o betão colocado após determinada paragem ficará assente em
camada já compactada, originando juntas horizontais. Este problema é de difícil resolução, uma vez
que qualquer tentativa de correcção por vibração do betão auto-compactável resulta em segregação
(Nunes, 2003; Secil, 2011).
2.3.3.1 Compactação
No betão à vista, a vibração (Figura 2.14) possui um papel fundamental na redução de vazios
resultantes do ar e água retidos entre o betão e a cofragem. Dado que o peso próprio do betão no
estado fluido reduz a incidência de vazios na zona inferior do elemento, é necessária uma vibração
mais cuidada na parte superior do mesmo (CCAA T57, 2006).
Figura 2.14 - Processo de vibração
Importa referir que o tipo de vibrador a utilizar no processo de vibração depende das dimensões da
peça a vibrar e densidade de armaduras existente (FFB, 2005). Segundo Snowcrete (2007), a
vibração deve ser efectuada através de vibradores constantemente no interior do betão ou inseridos
rapidamente e retirados de forma lenta, com duração total entre 15 e 20 segundos.
No caso de as juntas não apresentarem total estanquidade, pode ocorrer entrada de ar, durante o
processo de vibração, o que provoca maior quantidade de vazios e textura arenosa nas referidas
zonas (PERI, 2002). A vibração deverá decorrer até ao momento em se verifique a expulsão das
bolhas de ar de maior dimensão, o que acontece quando a superfície de betão apresenta um aspecto
vidrado, devido ao aparecimento de leitada superficial. No caso de ocorrer vibração excessiva, podem
existir fenómenos de segregação, exsudação e aumento de pressão sobre a cofragem, causando a
22
possível abertura de juntas (Secil, 2011).
Por fim, aquando da utilização de misturas com superplastificantes, verifica-se uma redução do tempo
de vibração, sob pena de se promover segregação ou formação de vazios. De igual modo, a vibração
de betões com elevada dosagem de agregados leves deve ser evitada em áreas em que se pretenda
minimizar a quantidade de vazios (Nawy, 2008).
2.3.3.2 Cura e descofragem
A cura constitui a fase mais importante de fabrico do betão, definindo as características definitivas
associadas à sua durabilidade, a qual requer um controlo permanente, em virtude de estar
dependente de condições climatéricas, agressividade do ambiente e tipo de betão utilizado (Brito,
1987).
Após o processo de betonagem, tem início o processo de cura, através do qual o betão adquire
resistência mecânica. Assim, é necessário controlar a evaporação de água que, aliada ao calor
originado pelas reacções de hidratação do ligante, pode provocar fissuração e, por conseguinte,
afectar a aparência final da superfície obtida (Nunes, 2013).
O início de presa ocorre aproximadamente duas horas após o processo de betonagem, sendo que o
betão necessita de ser protegido contra perdas de água por evaporação e temperaturas extremas.
Além disso, deve-se proceder à rega do betão através de aspersão com água limpa e evitar-se a
utilização de produtos (membranas) de cura, visto que originam habitualmente manchas inestéticas
(Secil, 2011).
Por último, importa salientar que a descofragem de um determinado elemento deve ser efectuada na
altura temporal adequada, em virtude de a descofragem antecipada provocar problemas graves de
fissuração por retracção ou quebra de arestas / cantos, enquanto tardiamente origina frequentemente
manchas na superfície (Nero e Nunes, 1997).
2.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO
Tendo em consideração as referências bibliográficas consultadas, procurou-se abordar as temáticas
mais relevantes associadas à tecnologia do betão à vista. Assim, foi possível salientar assuntos
relativos ao potencial estético que o caracteriza e questões referentes ao seu processo construtivo,
nomeadamente os respectivos materiais constituintes, cofragem e betonagem.
A existência de imperfeições e/ou manifestações patológicas indesejáveis influencia fortemente a
qualidade da aparência estética de uma determinada superfície de betão à vista, sendo, por isso,
necessário adoptar medidas técnicas capazes de a melhorar significativamente (Kai e Guohui, 2011).
Assim, no presente capítulo, além de assuntos relativos à tecnologia propriamente dita, procedeu-se
à abordagem de questões associadas à correcta concepção de acabamentos superficiais, através de
23
uma ampla diversidade de texturas disponíveis, problemas patológicos, bem como técnicas
construtivas adequadas à obtenção da superfície final pretendida.
Apesar de o betão à vista respeitar muitas das exigências construtivas associadas ao betão corrente,
verifica-se uma maior preocupação com a qualidade estética que as suas superfícies expostas
apresentam. Desta forma, é necessário realçar a importância de uma escolha adequada da cofragem,
na medida em que pode influenciar a aparência estética final da superfície. De igual modo, o betão à
vista requer um cuidado especial na selecção dos materiais constituintes da mistura, nomeadamente
ligante, pigmentos, agregados, adjuvantes e adições, pois todos estes factores podem comprometer a
qualidade estética das superfícies. Além disso, para evitar o surgimento de anomalias, todas as
superfícies de betão à vista devem ser sujeitas a uma descofragem e cura homogéneas.
Deste modo, pretende-se auxiliar a compreensão das temáticas centrais relativas à presente
dissertação, tornando possível o conhecimento de características associadas à tecnologia que
envolve o betão à vista e, por conseguinte, possibilite a implementação de um processo construtivo
adequado na concepção deste tipo de superfícies.
24
25
3. PATOLOGIA
3.1 INTRODUÇÃO
A criação de um sistema classificativo que englobe todas as anomalias que é possível identificar em
superfícies de betão à vista e respectivas causas prováveis é necessária à normalização do processo
de inspecções e seus relatórios. De forma a completar o referido sistema classificativo, incluiu-se uma
breve caracterização das anomalias presentes no mesmo (§3.2.2).
Assim, no presente capítulo, é primeiramente apresentada uma classificação das anomalias que
podem ocorrer nas superfícies de betão à vista. Posteriormente, associadas a cada anomalia
identificada, são referidas as causas prováveis, directas e indirectas, do seu aparecimento. Deste
modo, através de índices de correlação adequados, é elaborada e apresentada a matriz de
correlação entre as anomalias e suas causas prováveis, sendo definidas as relações de
simultaneidade entre todas as anomalias. Por último, com o intuito de auxiliar o processo de
inspecção, foram igualmente elaboradas fichas de anomalia individuais, as quais incluem os métodos
de diagnóstico associados a cada anomalia (capítulo 4).
3.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS ANOMALIAS
3.2.1 Designação das anomalias
O conhecimento e análise de sistemas classificativos existentes constituem um passo relevante na
recolha de informação disponível, relacionada com a temática da presente dissertação.
Desta forma, realça-se o sistema de Brito (1992) que, com o intuito de normalizar os respectivos
relatórios e fichas de inspecção, classifica “anomalias potencialmente detectáveis em obras de arte
de betão”.
Para superfícies de betão à vista, não existe um sistema classificativo capaz de evitar que uma
determinada manifestação patológica seja descrita de formas distintas, dependendo do inspector, ou
que a designações semelhantes estejam associadas anomalias diferentes. Assim, considera-se
relevante a criação de um sistema classificativo próprio, o qual utiliza como critério de classificação o
aspecto visual das anomalias. A escolha do referido critério possui o intuito principal de facilitar,
durante a realização de inspecções, a correcta identificação das anomalias existentes.
Tendo em consideração que a observação visual assume um papel de extrema importância no
processo de inspecção, a elaboração do sistema classificativo contempla, numa mesma anomalia,
todas aquelas que apresentam manifestações visuais semelhantes. Deste modo, deve ser intuitiva,
para qualquer utilizador do presente sistema classificativo, a correspondência de uma anomalia
identificada visualmente in situ a uma opção disponível de anomalias do sistema em questão, sem
quaisquer dúvidas associadas.
26
Seguidamente, apresenta-se o sistema classificativo das anomalias em superfícies de betão à vista
(Quadro 3.1), o qual é composto por três grupos de anomalias distintas, nomeadamente estéticas,
mecânicas e construtivas / geométricas. De igual modo, e de forma a ser possível proceder à
elaboração das matrizes de correlação (§3.4) e simplificar o processo de classificação, a cada
anomalia corresponde uma referência identificativa da categoria em que se insere (E - estéticas, M -
mecânicas e C - construtivas / geométricas). Este sistema classificativo inclui todas as anomalias
possíveis em superfícies de betão à vista, com excepção de anomalias de pinturas, as quais são
abordadas em Pires (2011).
Quadro 3.1 - Sistema de classificação de anomalias em superfícies de betão à vista
A-E Estéticas
A-E1 Manchas A-E4 Desgaste / erosão
A-E2 Eflorescências A-E5 Bolhas de pele
A-E3 Colonização biológica A-E6 Graffiti
A-M Mecânicas
A-M1 Fissuração mapeada A-M3 Desagregação
A-M2 Fissuração direccionada A-M4 Descasque
A-C Construtivas / geométricas
A-C1 Defeitos de planeza A-C4 Esbabaçado
A-C2 Ninhos de agregados / chochos A-C5 Crostas
A-C3 Marcas de tiges A-C6 Incrustações de cofragem
3.2.2 Caracterização das anomalias
No presente subcapítulo, apresentam-se e caracterizam-se pormenorizadamente as anomalias que
compõem o sistema classificativo em questão (Quadro 3.1).
Com o intuito de facilitar a identificação das referidas anomalias, além de se proceder à sua
descrição, mencionam-se igualmente as causas principais a que estão associadas, bem como a
respectiva representação fotográfica.
É importante ressalvar que as anomalias são apresentadas, seguindo a ordem utilizada no sistema
classificativo e utilizando o mesmo sistema de referência, o que possibilita a identificação da
categoria em que se encontram inseridas.
3.2.2.1 A-E Anomalias estéticas
Consideram-se anomalias estéticas aquelas que afectam fundamentalmente o aspecto visual de uma
superfície de betão à vista, sem prejudicar directamente a sua integridade, mas influenciando
fortemente a qualidade estética da mesma.
A-E1 Manchas
As manchas correspondem a manifestações patológicas frequentes esteticamente indesejáveis,
podendo apresentar diferentes aspectos, consoante a sua origem e agentes agressivos envolvidos.
27
Assim, podem apresentar variações de tonalidade / cor, generalizadas ou pontuais, manchas de
corrosão, humidade / hidratação e sujidade, bem como outras associadas a causas distintas.
Variações de tonalidade / cor
As variações de tonalidade / cor na superfície do betão (Figura 3.1), manifestadas de forma
generalizada ou pontual, são consequência de uma grande variedade de factores possíveis, o que
dificulta, por conseguinte, a sua monitorização.
Figura 3.1 - Manchas de diferentes tonalidades numa superfície de betão à vista
A presente anomalia pode apresentar diferentes tipos de manifestações, nomeadamente inertes
aparentes, salpicado, negrões ou salpicado miúdo. Os inertes aparentes correspondem a áreas
individuais com tonalidade escura em meio envolvente mais claro, assemelhando-se aos inertes da
mistura. De igual forma, o salpicado, embora análogo aos inertes aparentes, é composto por
manchas de dimensão inferior, não retratando, por esta razão, a forma dos inertes. Por outro lado, os
negrões correspondem a variações de tom, que surgem ao acaso, numa zona de extensão
significativa. Por último, o salpicado miúdo manifesta-se por variações de tonalidade, ao acaso, com
manchas muito pequenas (Costa, 1972; CCAA T57, 2006; Brito et al., 2009).
A causa principal desta manifestação patológica reside fundamentalmente nos movimentos
diferenciais dos diferentes constituintes do betão (agregados, pigmentos, entre outros). Contudo,
verifica-se também a existência de outras causas possíveis associadas, como a presença de óxidos
metálicos (contidos nos agregados) que oxidam e hidratam, próximo da superfície, originando uma
coloração avermelhada e a utilização de cloreto de cálcio, que actua como acelerador de presa (Brito
et al., 2009; Costa, 1972).
Relativamente às cofragens, é necessário ter em consideração factores como a sujidade ou a
diferente capacidade de absorção de um determinado painel, os quais podem originar o surgimento
de manchas de tonalidade mais escura.
É importante realçar a necessidade da realização de uma vibração cuidada, visto que, se esta for
executada excessivamente próximo da cofragem, provoca variações de cor notórias. Igualmente, a
existência de condições de cura apropriadas, ao longo da peça, evita a manifestação desta anomalia
originando, no momento da descofragem, uma hidratação adequada da camada superficial de betão.
28
Por outro lado, a utilização de betões com composições distintas (diferentes tipos e quantidades de
cimento, agregados e/ou adjuvantes), a insuficiente mistura dos seus constituintes e a utilização de
adjuvantes com cloretos (especialmente o cloreto de cálcio) contribuem para uma superfície final com
pequena uniformidade de coloração (Moreira, 1991).
Verifica-se ainda a existência de manchas com origem no agente descofrante aplicado. Assim, a sua
escolha incorrecta, nomeadamente com baixa viscosidade ou presença de impurezas, está associada
a um provável surgimento de manchas (CCAA T57, 2006).
Manchas de corrosão
As manchas de corrosão (Figura 3.2) são caracterizadas por uma coloração avermelhada, devido à
deposição de óxido de ferro na superfície de betão, estando, muitas vezes, associadas a problemas
de natureza estrutural, como a diminuição da secção e oxidação das armaduras.
Figura 3.2 - Manchas de corrosão
Ao longo da vida útil de uma determinada superfície, verifica-se a manifestação da corrosão das
armaduras, à qual se associam os descasques (A-M4), tendo em consideração a natureza expansiva
do processo de oxidação. Assim, valores de recobrimento insuficientes, por erros de projecto,
incorrecta colocação de espaçadores ou movimentação das armaduras, durante a colocação do
betão, favorecem grandemente este fenómeno. Importa referir ainda que devem ser adoptadas
cofragens em aço inox, em detrimento das cofragens metálicas, visto não acumularem corrosão e,
por conseguinte, serem menos propensas à sua manifestação (Brito et al., 2009; Nunes, 2013).
De igual forma, é necessário ter especial atenção ao processo de vibração do betão para que não
surjam manifestações patológicas capazes de expor a armadura. Outro cuidado imprescindível
corresponde à protecção das armaduras de espera, com recurso a pintura, de modo a ser possível
evitar a ocorrência de escorrências e consequentes manchas de oxidação na superfície. Além disso,
durante o processo construtivo, com o objectivo de prevenir o surgimento de pontos de corrosão, as
pontas dos arames de atar devem ser orientadas para o interior do elemento a betonar (Secil, 2011).
Manchas de hidratação / humidade
As manchas de hidratação ou humidade (Figura 3.3) escurecem a superfície do betão, tendo em
consideração a sua tonalidade.
29
Este tipo de manchas na superfície do betão apresenta cor mais escura na presença de um painel de
cofragem absorvente, pois, em zonas com maior capacidade de absorção, verifica-se uma maior
concentração de finos na superfície (Costa, 1972).
Esta anomalia, que surge no betão por perda de humidade através da cofragem, possui como causas
principais a qualidade da madeira utilizada nos moldes, bem como a ausência de saturação da
cofragem, antes da betonagem (Brito et al., 2009).
Figura 3.3 - Mancha de hidratação / humidade
Manchas de sujidade
A deposição de partículas de sujidade sobre as superfícies de betão à vista é uma anomalia comum
que se manifesta visualmente através de manchas de deposição uniforme ou diferencial.
Assim, quando uniformes (Figura 3.4), as manchas de sujidade resultam frequentemente da
deposição de partículas de solo, fuligem, poeiras ou outro tipo de partículas atmosféricas poluentes,
as quais são especialmente correntes em zonas urbanas ou industriais. Deste modo, a chuva e o
vento são importantes agentes de transporte que contribuem para a acumulação de sujidade sobre as
superfícies de betão.
Figura 3.4 - Fachada com sujidade uniforme
Por outro lado, a deposição diferencial de partículas de sujidade (Figura 3.5) tem origem distinta da
anterior, uma vez que depende fundamentalmente da escorrência de água pela superfície. Desta
forma, a existência de singularidades, saliências ou superfícies horizontais contribuem fortemente
30
para o surgimento desta anomalia, em virtude de possibilitarem caminhos preferenciais de
escorrimento da água, o que causa uma distribuição não uniforme da sujidade ao longo da superfície.
Assim, verifica-se uma alternância de zonas isentas de sujidade com a existência de longas manchas
no sentido do escorrimento.
Figura 3.5 - Manchas de sujidade diferencial
As principais causas associadas à acumulação de sujidade por escorrência de água devem-se a
erros de projecto ou execução, nomeadamente falta de pormenorização na fase de concepção e/ou
deficiente execução, ausência de capeamentos de remate de platibandas, deficiente escoamento de
águas de varandas e terraços, bem como ausência ou deficiente execução de juntas e pingadeiras
(Brito e Flores-Colen, 2005).
A-E2 Eflorescências
As eflorescências (Figura 3.6) são depósitos cristalinos, caracterizados por manchas de cor branca,
que surgem na superfície do betão, resultantes da circulação e consequente evaporação superficial
de soluções aquosas salinas.
Figura 3.6 - Eflorescências
Costa (1972) afirma que a eflorescência acontece quando os constituintes álcalis do betão reagem
com o anidrido carbónico atmosférico, originando carbonatos brancos insolúveis, sendo que esta
reacção é favorecida pela dissolução do anidrido carbónico na água das chuvas, formando um ácido
de carbono fraco.
A ocorrência de eflorescências está associada à presença de sais solúveis nos agregados e/ou na
água de amassadura, conjugada com a existência de condições de humidade propícias, nos poros de
31
betão, de modo a possibilitar a dissolução dos sais, aliada à pressão hidrostática que promova a sua
migração, evaporação superficial e posterior depósito dos sais à superfície (PCI, 2007).
As eflorescências podem ainda resultar da ascensão por capilaridade de águas provenientes de
solos. Assim, caso não exista uma protecção adequada, existe a possibilidade de contaminação
parcial ou total das superfícies de betão à vista que se encontrem enterradas no solo, em que o nível
freático se encontra mais elevado.
Esta anomalia advém da falta de periodicidade de verificação das superfícies, através de análises
químicas e/ou insuficiente impermeabilização do betão. Nunes (2013) acrescenta que a principal
causa para o surgimento de eflorescências corresponde à presença de sais solúveis e matéria
orgânica nos agregados e água de amassadura. Além disso, a importância do agente descofrante e
dos adjuvantes utilizados é tida em consideração, os quais podem apresentar composições químicas
que potenciem o aparecimento desta anomalia estética.
A-E3 Colonização biológica
O aparecimento de manchas de cor preta, cinzenta, castanha, esverdeada e, ocasionalmente, claras,
esbranquiçadas ou amarelas, resultantes da proliferação de microrganismos, como bolores e fungos,
caracteriza a anomalia correspondente à colonização biológica (Figura 3.7).
Figura 3.7 - Colonização biológica
Esta desenvolve-se predominantemente em ambientes com humidade relativa superior a 70%, pH e
iluminação adequados, temperatura amena, oxigénio e meio orgânico. Assim, muitas vezes, a
colonização biológica encontra-se associada a outras manifestações patológicas, em que se verifica a
presença de água / humidade e acumulação de sujidade (PCI, 2007).
As causas que contribuem para o surgimento e desenvolvimento da colonização biológica englobam
a fraca exposição solar, presença contínua e excessiva de água / humidade, acumulação de pó, terra,
sujidade e poluentes.
A-E4 Desgaste / erosão
A erosão corresponde a uma forma particular de desgaste, que se manifesta pela perda da pasta de
cimento de ligação dos agregados, por acção do vento, gelo ou água (Figura 3.8).
32
Esta anomalia, esteticamente indesejável, depende fortemente da velocidade da acção, podendo
provocar estragos com profundidades significativas, desde alguns centímetros até alguns metros
(Neville, 2011).
Figura 3.8 - Desgaste numa superfície de betão à vista
Os parâmetros que mais influenciam este fenómeno são o acabamento da superfície, a resistência à
compressão do betão e o tipo de agregado, tendo em consideração que a erosão resulta do impacto
de fluidos, líquidos ou gases com a superfície do betão, sendo agravada pela existência de detritos
arrastados (Neville, 2011).
A-E5 Bolhas de pele
As bolhas de pele (Figura 3.9) resultam da acumulação de um excesso de ar nas superfícies de
betão, o qual não é completamente removido através de vibração entre o betão e a cofragem. Esta
anomalia estética, de acordo com o ACI Committee 309 (1998), corresponde a uma das
manifestações patológicas mais usuais das superfícies de betão à vista. Apresenta-se sob a forma de
pequenas cavidades de forma irregular, semelhante a poros, que normalmente não ultrapassam 15
mm de diâmetro, podendo atingir uma dimensão de aproximadamente 25 mm e, em situações mais
graves, alcançam até 2 cm de profundidade.
Figura 3.9 - Bolhas de pele
Esta manifestação patológica é considerada um dos defeitos mais difíceis de eliminar, tornando
extremamente inestéticas as superfícies de betão à vista que a apresentam, dependendo da forma
como ela se distribui nas mesmas. Contudo, a distâncias relativamente grandes, este defeito pode
tornar-se quase imperceptível, se a percentagem de área afectada não for excessiva (Moreira, 1991).
33
Sabe-se que as bolhas de ar apresentam a tendência de subir no interior da massa do betão, dada a
sua densidade inferior, e a moverem-se em direcção à fonte vibradora. Assim, num determinado ciclo
de vibração, o vibrador empurra o betão da sua vizinhança, bem como o esqueleto dos agregados.
Quando a fonte inicia o movimento, em direcção oposta à primeira, não haverá forças directamente
aplicadas no betão que, por isso, tende a ocupar a sua posição inicial. Deste modo, nesta fase, os
elementos de maior mobilidade da mistura, nomeadamente os finos e bolhas de ar, deslocam-se de
forma a preencherem a cavidade criada pelo vibrador (Costa, 1972).
Segundo o ACI Committee 309 (1998), consideram-se as misturas com menor trabalhabilidade, com
baixa percentagem de finos ou em que são utilizados agentes introdutores de ar, mais susceptíveis à
ocorrência de vazios. De igual modo, Brito et al. (2009) acrescentam a importância do controlo da
relação água / cimento na prevenção de fenómenos de exsudação (para evitar relação demasiado
alta).
A utilização de um material de cofragem absorvente evita a formação de orifícios na superfície do
betão, facilitando a passagem das bolhas de ar. Assim, cofragens com estanqueidade ou rigidez
insuficientes, com fraco escoramento e compostas por materiais pouco permeáveis contribuem para a
manifestação desta anomalia estética.
É importante salientar que a existência de bolhas de pele se torna mais acentuada nas zonas onde a
pressão do betão na cofragem é menor, nomeadamente nas camadas mais altas de uma betonagem.
Assim, com o intuito de obter uma superfície de betão isenta destas pequenas cavidades, deve-se
proceder a uma colocação cuidada do betão, evitando a sua introdução próxima a painéis de
cofragem e alturas de colocação superiores a 1,5 m, bem como uma correcta vibração, que facilite a
subida das bolhas de ar existentes no betão, e a aplicação de um agente descofrante criteriosamente
definido (Day, 2006).
A-E6 Graffiti
Os graffiti (Figura 3.10) são considerados uma anomalia que engloba todo o tipo de pinturas ou
marcas, devidas a tintas ou marcadores, absorvidas pela superfície de betão porosa.
Figura 3.10 - Graffiti em superfície de betão à vista
Tendo em consideração que os graffiti estão frequentemente associados a actos de vandalismo, a
presente anomalia é identificada em ambientes urbanos, particularmente em zonas inferiores das
34
edificações que comunicam directamente com a via pública, bem como em áreas degradadas não
vigiadas, próximas de estabelecimentos de ensino ou locais de grande concentração de jovens.
Deste modo, os graffiti não apresentam um mecanismo de ocorrência específico, estando as suas
causas prováveis apenas dependentes da acção humana (Sá, 2011).
3.2.2.2 A-M Anomalias mecânicas
Frequentemente, a génese das anomalias mecânicas está relacionada com a existência de
deslocamentos impostos e/ou acções estáticas e dinâmicas, as quais originam forças / esforços
capazes de degradar fisicamente a superfície de betão à vista. Assim, todas estas anomalias
associadas à destruição física das ligações entre as partículas de betão são enumeradas
seguidamente.
A-M1 Fissuração mapeada
A fissuração mapeada (Figura 3.11) caracteriza-se pelo desenvolvimento de um conjunto de fissuras,
sem direcção preferencial, assemelhando-se a uma rede ou malha. Esta anomalia manifesta-se pela
abertura sucessiva, segundo direcções mais ou menos perpendiculares, das referidas fissuras,
sempre que são alcançadas tensões semelhantes à resistência do material, originando um padrão
poligonal (PCA, 2015).
Figura 3.11 - Fissuração mapeada
No betão à vista, o surgimento desta manifestação patológica pode assumir importância significativa,
sobretudo se for perceptível a distâncias suficientemente grandes. Tendo em consideração que a
fissuração é um fenómeno considerado intrínseco do betão, esta anomalia pode ter origem na
retracção deste material, sendo o número de fissuras existentes directamente proporcional à
quantidade de cimento e água utilizada e inversamente proporcional à quantidade de finos da
mistura. Os fenómenos de retracção são frequentemente associados à secagem e endurecimento do
betão de revestimento, podendo ocorrer até idades próximas dos 28 dias (Moreira, 1991; Brito, 1987).
Outros factores podem estar associados ao desenvolvimento de fissuração mapeada, nomeadamente
a composição do betão, visto que a presença de aglomerados argilosos nos agregados, o baixo teor
de finos e o excesso de água ou cimento na mistura facilitam o processo evolutivo desta anomalia.
De igual modo, a existência de condições atmosféricas inapropriadas durante a execução da
superfície de betão, o incumprimento do tempo de cura e cofragens de materiais demasiado
absorventes sem humedecimento prévio, induzem o referido desenvolvimento das fissuras. Além
35
disso, o surgimento de outras anomalias que causam o aumento de volume de elementos no interior
da superfície gera tensões que provocam consequentemente estas fissuras (ACI Committee 224,
2007; Day, 2006).
A-M2 Fissuração direccionada
A fissuração direccionada (Figura 3.12) caracteriza-se pelo surgimento isolado de fissuras que, em
geral, apresentam orientação e inclinação precisas, fornecendo informação relativamente à sua
origem.
A fissuração direccionada pode ainda ser devida às acções de cargas, cujo aspecto e
desenvolvimento depende do tipo de acção. De qualquer forma, as fissuras ocorrem, na maior parte
das vezes, transversalmente às armaduras. De igual modo, acções termo-higrométricas,
nomeadamente gradientes térmicos e acções térmicas, promovem a variação de volume da estrutura
de betão e, por conseguinte, o surgimento de fissuras com espaçamento uniforme (Brito et al., 2009).
Figura 3.12 - Fissuração direccionada
As referidas fissuras podem ainda ter outras origens, como a incorrecta colocação das armaduras, o
assentamento plástico do betão, devido à migração da água para a superfície exterior deste antes de
atingir a presa, a remoção prematura das cofragens e os assentamentos diferenciais (Brito et al.,
2009; Brito, 1987).
A-M3 Desagregação
Denomina-se por desagregação (Figura 3.13) a desintegração progressiva das camadas superficiais
do betão. Mais concretamente, a presente anomalia mecânica consiste na perda gradual da função
aglutinadora do cimento, provocando a separação dos agregados constituintes.
Ambientes húmidos e/ou marinhos devem ser evitados, pois consideram-se como causas principais
para esta manifestação patológica o ataque de cloretos, sulfatos, ácidos e os ciclos de gelo / degelo.
De igual modo, como medidas preventivas, é possível enumerar-se a utilização de um cimento
adequado ao meio ambiente, o fabrico de um betão muito compacto e impermeável, bem como o uso
de materiais impermeáveis que impeçam o contacto do betão com o meio ambiente (Brito, 1987).
36
A mudança de coloração da superfície do betão identifica a fase inicial da desagregação, à qual se
associa o aparecimento de fendas cruzadas e consequente aumento de largura. Coincidentemente,
verifica-se a desintegração da pasta de cimento, devido ao aumento de volume das suas camadas
exteriores (Brito et al., 2009).
Figura 3.13 - Desagregação
A-M4 Descasque
O descasque (Figura 3.14) corresponde à fragmentação localizada de películas do betão de
recobrimento, originando aberturas consideráveis, chegando, por vezes, a deixar exposta a
armadura, especialmente em zonas proeminentes das superfícies.
Figura 3.14 - Descasque
Como causas principais desta anomalia mecânica, é possível salientar a corrosão das armaduras, a
presença de cargas excessivas, a existência de ciclos de gelo / degelo, a formação de sulfo-
aluminatos, acções mecânicas em juntas de dilatação mal concebidas e/ou a existência de agregados
extremamente reactivos (Brito, 1987).
De igual modo, a referida rotura do betão de recobrimento pode surgir pela sua adesão à superfície
da cofragem, sobretudo em arestas salientes. Este descasque acontece sempre que a resistência do
betão de recobrimento, durante a descofragem, é inferior à do material do molde, bem como à ligação
betão-cofragem. Assim, o tipo de agente descofrante utilizado tem um efeito preponderante no
aparecimento do descasque, sendo que, em geral, uma escolha diferente constitui um meio de evitar
este defeito (CCAA T57, 2006; Costa, 1972).
37
Além disso, é necessário acrescentar que descofragens precoces, cofragens irregulares e com
rigidez insuficiente, uma inadequada composição do betão (menor dosagem de cimento pode originar
esta manifestação patológica), bem como o material de cofragem (moldes de madeira, mais porosos
facilitam a aderência do betão de recobrimento à cofragem), constituem outras causas possíveis para
o surgimento desta anomalia (Moreira, 1991).
3.2.2.3 A-C. Anomalias construtivas / geométricas
As anomalias construtivas ou geométricas são decorrentes de falhas construtivas provenientes do
projecto, da execução, dos materiais utilizados ou da combinação destes.
Uma concepção correcta e cuidada, bem como a utilização de mão-de-obra especializada durante a
fase de execução e ainda uma adequada fiscalização / controlo de qualidade podem evitar ou
minimizar este tipo de manifestação patológica.
A-C1 Defeitos de planeza
Por defeitos de planeza, consideram-se todas as anomalias que envolvam alterações no alinhamento
das superfícies e/ou do próprio elemento de betão, causando, no caso do betão à vista, problemas
estéticos (Figura 3.15) (Emmons, 1993).
Figura 3.15 - Defeitos de planeza entre painéis de betão à vista de uma fachada
Elementos de betão surgem com as suas superfícies desalinhadas ou até, em casos mais graves,
toda a dimensão do elemento apresenta esta anomalia, devido a um desvio na cofragem. Esta pode,
desde logo, ficar mal posicionada antes da betonagem ou sofrer esse desvio durante a mesma,
devido ao impulso do betão fresco. O primeiro caso pode ser evitado com uma correcta execução da
cofragem e fiscalização eficiente, antes do processo de betonagem. O segundo deve-se,
essencialmente, a um incorrecto dimensionamento que não contempla devidamente as forças
impostas à cofragem pelo betão.
Emmons (1993) refere ainda que todos estes aspectos também podem originar um recobrimento não
adequado das armaduras, tendo em consideração a existência de possíveis desalinhamentos,
inclinações e excentricidades.
38
A-C2 Ninhos de agregados / chochos
Considera-se como ninhos de agregados ou chochos (Figura 3.16) uma anomalia construtiva que se
manifesta pela presença de cavidades de grandes dimensões, surgindo quando o espaço entre os
agregados não se encontra totalmente preenchido pela argamassa.
Esta manifestação patológica corresponde à presença de orifícios com dimensões na ordem de 2 cm,
podendo não aparentar forma esférica, com profundidades variáveis (Moreira, 1991).
Figura 3.16 - Ninhos de agregados / chochos
É possível enumerar diversas causas que contribuem para a ocorrência de ninhos de agregados,
nomeadamente a utilização de betões com quantidade insuficiente de elementos finos, fazendo com
que os agregados grossos sejam apenas envoltos por uma leitada de ligante ou simplesmente não
sejam envolvidos pela argamassa; a ausência de estanqueidade da cofragem, que propicia fuga da
calda de cimento e, por conseguinte, origina uma cavidade que coloca à vista os agregados; bem
como a existência de zonas com elevada densidade de armadura que, juntamente com uma escolha
incorrecta do diâmetro máximo dos agregados, favorece a sua retenção e dificulta a compactação do
betão (Moreira, 1991).
Um processo de vibração cuidado, aliado a uma utilização de misturas com grande trabalhabilidade,
constitui um factor que incrementa a fluidez do betão e, consequentemente, poderá prevenir o
surgimento desta anomalia. Além disso, a colocação do betão a alturas excessivamente elevadas
propicia a sua segregação e, como resultado, potencia o aparecimento de ninhos de agregados
(Vikan, 2007).
De igual modo, Emmons (1993) salienta a existência de outras causas primárias, como o
espaçamento reduzido entre a armadura e a cofragem, o endurecimento precoce do betão e a
existência de temperaturas elevadas, durante a betonagem.
A-C3 Marcas de tiges
Após a descofragem dos elementos de betão, surgem as marcas de tiges (Figura 3.17), resultantes
da inevitável necessidade de interligar os painéis de cofragem de paredes, de modo a resistirem aos
impulsos do betão fresco e permitirem o seu endurecimento na posição desejada.
39
A remoção destas ligações provisórias torna visível o negativo deixado no betão e a consequente
marca na superfície. Estas marcas inevitáveis requerem uma atenção cuidada na fase de concepção
das superfícies, de modo a ser possível contemplá-las como parte do seu acabamento final.
Quando todo o processo é correctamente executado, estas apresentam forma cónica. Por outro lado,
podem apresentar diferentes aspectos esteticamente indesejáveis como, por exemplo, desagregação
de partículas de betão na zona da tige ou pequenos vazios (Figueroa e Palacio, 2008).
Sempre que estas marcas se apresentem de forma diferente da projectada, são consideradas como
anomalia numa superfície de betão à vista.
Figura 3.17 - Marcas de tiges
Como causas desta manifestação patológica, surgem a falta de consideração deste pormenor
construtivo em fase de concepção, uma incorrecta execução da cofragem, uma descofragem pouco
cuidada ou materiais utilizados incorrectos / não adequados ao acabamento final pretendido.
A-C4 Esbabaçado
O esbabaçado (Figura 3.18) constitui um tipo de descontinuidade visível na superfície de betão à
vista, a qual se manifesta através de estrias, decorrentes do percurso realizado pelo fluxo de calda de
cimento.
Figura 3.18 - Esbabaçado
Esta descontinuidade / separação visível acontece quando a ligação cofragem - betão endurecido
não é suficientemente rígida para resistir às pressões de um novo betão, depositado sobre um
existente, já em fase de presa, permitindo a passagem de calda de cimento, a qual escorrerá pela
superfície já acabada (Costa, 1972; Brito et al., 2009).
40
Como causas principais para a ocorrência desta anomalia, tem-se o deficiente controlo de qualidade
na execução, um excesso de vibração, provocando segregação e a deficiente concepção da ligação
cofragem-betão (Brito et al., 2009; Gerardo, 2013).
De igual modo, a falta de estanqueidade nas juntas corresponde a uma causa importante das
escorrências, o que propicia o surgimento de zonas de tonalidade mais escura (CCAA T57, 2006).
A-C5 Crostas
A presente anomalia construtiva corresponde à fixação de películas de argamassa, frequentemente
com uma coloração diferente, ao betão endurecido.
Geralmente, as crostas (Figura 3.19) são consequência de uma execução inadequada de uma junta
de betonagem. De igual forma, podem ser devidas a uma rigidez insuficiente de um painel de
cofragem, o que dificulta o suporte dos impulsos do betão sobre o molde e, por essa razão, deforma-
o, criando assim um pequeno espaço que permite a passagem de água e finos (Moreira, 1991; Brito
et al., 2009).
Figura 3.19 - Crosta
A-C6 Incrustações de cofragem
As incrustações (Figura 3.20) surgem quando se verifica a aderência de pedaços de cofragem à
superfície de betão, sendo consideradas o fenómeno inverso ao descasque (A-M4).
Figura 3.20 - Incrustações de cofragem
41
De acordo com Costa (1972), o número de utilizações do painel de cofragem não parece ter
influência notória. De qualquer forma, tendo em consideração o referido aparecimento dos materiais,
utilizados na cofragem, embutidos no betão, esta anomalia torna-se mais frequente nas cofragens de
madeira e de plástico. Em situações mais graves, as incrustações estão associadas a estragos
consideráveis da cofragem (Moreira, 1991; Costa, 1972).
Conforme referido, a presente manifestação patológica pode ter origem em estragos no molde,
durante a vibração, colocação ou compactação do betão, na sua composição, pois a um betão rico
está associada uma maior aderência, descofragem tardia e/ou fragilidade do material da cofragem
(Moreira, 1991).
De igual modo, é necessário referir que, por vezes, as fitas adesivas de borracha ou neoprene,
utilizadas para colmatar as juntas dos moldes e cantos, surgem também incrustadas na superfície do
betão.
3.3 SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS CAUSAS PROVÁVEIS
A definição de um sistema classificativo das causas prováveis associadas às anomalias em
superfícies de betão à vista é extremamente importante na decisão do modo mais adequado de as
monitorizar e reparar. Assim, após a correcta classificação da manifestação patológica existente,
facilitada pela sua caracterização pormenorizada, é possível associá-la a determinadas causas
possíveis e, por conseguinte, auxiliar o processo de inspecção.
Apesar de ser difícil encontrar uma classificação de anomalias específicas de superfícies de betão à
vista, a existência de listas classificativas das causas de anomalias em estruturas de betão é
frequente. De qualquer forma, na maior parte dos casos, não existe um tratamento sistemático dos
erros associados ao surgimento de tais anomalias (Brito, 1992).
Tendo em consideração a classificação proposta por Brito (1992), o presente sistema classificativo foi
igualmente baseado no critério cronológico e, por isso, os erros de projecto precedem os de
execução, os quais, por sua vez, precedem as acções ambientais, bem como os agentes agressivos.
De igual modo, Silvestre (2005) apresentou um sistema classificativo das causas das anomalias que
engloba, além dos grupos considerados por Brito (1992), acções de origem mecânica exterior e
falhas de manutenção.
Assim, o presente sistema classificativo, aglomerando a informação de ambos os autores, é
composto por seis grupos: erros de projecto, erros de execução, acções ambientais, acções
mecânicas, agentes agressivos e utilização e manutenção.
As causas associadas às anomalias foram ordenadas por ordem de ocorrência, à semelhança de
Brito (1992), como forma de facilitar a sua identificação. Deste modo, às diferentes causas foram
associadas referências que possibilitam a identificação da categoria a que pertencem (P - erros de
42
projecto, E - erros de execução, A - acções ambientais, M - acções mecânicas, G - agentes
agressivos e U - utilização e manutenção) e que possibilitam a elaboração das matrizes de correlação
(§3.4). Este sistema classificativo inclui todas as causas prováveis das anomalias em superfícies de
betão à vista, com excepção de causas associadas às pinturas, as quais são abordadas em Pires
(2011). Assim, o sistema classificativo proposto encontra-se representado no Quadro 3.2.
Quadro 3.2 - Sistema classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista
C-P. Erros de projecto
C-P1 deficiente aplicação de regulamentos /
especificações
C-P5 processo construtivo inadequado
C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de
pontos singulares (remates, pingadeiras)
C-P6 deficiente pormenorização das
armaduras
C-P3 cofragem inadequada C-P7 concepção / posicionamento deficiente
das juntas de dilatação
C-P4 agente descofrante inadequado
C-E. Erros de execução
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não
especializada
C-E8 betonagem / compactação / cura
deficiente do betão
C-E2 não conformidade com as peças
desenhadas e/ou caderno de encargos
C-E9 junta de betonagem mal executada
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de
utilização
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das
armaduras
C-E4 tempo de descofragem inadequado C-E11 deficiente preparação dos moldes
(limpeza)
C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte
do betão deficientes
C-E12 betonagem em condições atmosféricas
desfavoráveis
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água
contaminada, agregados reactivos)
C-E13 ausência / deficiente colocação de
agente descofrante
C-E7 material de preenchimento das tiges ou
juntas de dilatação inadequado
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente
C-A. Acções ambientais
C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de
serem transportadas
C-A4 presença de água / chuva
C-A2 exposição solar alta / reduzida C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem)
C-A3 acção do vento C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo)
C-M. Acções mecânicas
C-M1 abrasão C-M4 deslocamentos da estrutura
(assentamentos e deformações)
C-M2 choques / pancadas C-M5 concentração de tensões (junto a
aberturas)
C-M3 corrosão / expansão da armadura
C-G. Agentes agressivos
C-G1 reacção álcalis-sílica C-G4 compostos orgânicos
C-G2 sulfatos C-G5 ácidos
C-G3 sal / água salgada (cloretos)
C-U. Utilização e manutenção
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de
renovação da protecção superficial
C-U3 vandalismo
C-U2 acções de manutenção / pequena
reparação deficientemente executadas
43
3.3.1 Erros de projecto (C-P.)
Qualquer superfície de betão à vista de um determinado edifício é executada com recurso a um
projecto específico, com maior ou menor detalhe, onde as respectivas partes constituintes são
descritas e o modo da sua construção especificado.
Considerando o destaque assumido pelas superfícies de betão à vista, e dada a sua exclusividade a
nível arquitectónico, é necessário ter em atenção o seu projecto específico, pelo facto de este
recorrer usualmente a formas não tradicionais, tendo em consideração a sua associação frequente a
processos construtivos inovadores (Nunes, 2013).
Existem diversos factores, intrínsecos ao projecto, que podem contribuir para o surgimento de
determinadas manifestações patológicas no betão à vista, os quais foram enumerados no sistema
classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista (Quadro 3.2). Assim, é
possível salientar a deficiente aplicação dos regulamentos e especificações (C-P1), concepção
incorrecta ou inexistência de pontos singulares (C-P2), nomeadamente remates e pingadeiras (Figura
3.21), cofragem, agente descofrante e/ou processo construtivo inadequados, deficiente
pormenorização das armaduras (C-P6), concepção ou posicionamento deficiente das juntas de
dilatação (C-P7), bem como recobrimento insuficiente das armaduras (C-P8), como sendo causas
relevantes que podem comprometer a integridade e aspecto visual de qualquer superfície de betão à
vista.
Tendo em consideração os erros de projecto associados à deficiente pormenorização das armaduras
(C-P6), ao recobrimento insuficiente das armaduras (C-P8) e sabendo que, segundo a Secil (2011), o
recobrimento em estruturas em betão à vista deve ser cerca de 1,0 cm superior ao habitual, é
necessário recorrer a espaçadores como meio de ser possível garantir o recobrimento previsto em
projecto, bem como o correcto posicionamento das armaduras. Como forma de evitar uma deficiente
aplicação dos regulamentos e especificações (C-P1) e um processo construtivo inadequado (C-P5),
após a colocação das armaduras, a betonagem deverá ocorrer assim que possível, de modo a
diminuir a oxidação das armaduras e assim prevenir a contaminação das cofragens, o que resultaria
em manchas (A-E1) na superfície final (Secil, 2011; Nunes, 2013).
Figura 3.21 - Exemplo de superfície vertical sem capeamento de remate
44
3.3.2 Erros de execução (C-E.)
A falta de qualidade de uma determinada superfície de betão, manifestada pelo surgimento de
anomalias, identificadas previamente (Quadro 3.1), é usualmente associada a uma execução
deficiente ou pouco cuidada.
Verifica-se um vasto número de erros possíveis que podem ocorrer na execução de uma superfície
de betão, os quais devem ser criteriosamente controlados, de modo a ser possível eliminar ou
diminuir significativamente a sua ocorrência.
Assim, como exemplo de entre os catorze erros de execução possíveis, enumerados no respectivo
sistema classificativo (Quadro 3.2), é possível salientar a deficiente preparação dos moldes (C-E11),
nomeadamente em termos de limpeza, em virtude de ser um passo relevante no processo de
execução da cofragem. Deste modo, é necessário garantir que, caso se utilizem cofragens metálicas
que não sejam de aço inox, o interior dos moldes se encontra totalmente limpo, isento de poeiras,
resíduos de agente descofrante de utilizações precedentes e corrosão. Por outro lado, deverá ser
igualmente assegurado que os painéis não possuam quaisquer deformações ou empenamentos,
derivados de utilizações precedentes (Figura 3.22), e que comprometam o seu desempenho
(cofragem deficiente / com excesso de utilização - C-E3). Igualmente, no caso de as juntas de
betonagem não serem consideradas estanques, pode-se verificar a entrada de ar durante o processo
de vibração, o que origina o surgimento de maior quantidade de vazios e textura arenosa,
prejudicando as características idealizadas para a superfície (Nawy, 2008; Secil, 2011; PERI, 2002).
De igual forma, a ausência ou deficiente colocação de agente descofrante (C-E13) deve ser tida em
consideração, pois este pode ter uma acção retardante em certos pontos da superfície de betão à
vista e, por conseguinte, consequências negativas no seu aspecto final (Richardson, 1986).
Figura 3.22 - Exemplos de cofragem deficiente / com excesso de utilização
Importa ainda realçar que a descofragem de um determinado elemento deve ocorrer na mesma altura
temporal, evitando antecipações e atrasos. Considerando que a descofragem antecipada pode
provocar problemas de fissuração por retracção ou quebra de arestas e cantos, enquanto a
45
descofragem tardia pode formar manchas na superfície esteticamente indesejáveis, verifica-se que o
tempo de descofragem inadequado (C-E4) assume um papel importante no processo de execução de
uma superfície de betão à vista (Nero e Nunes, 1997; Nawy, 2008).
3.3.3. Acções ambientais (C-A.)
Tendo em consideração que o betão é o material de construção mais utilizado actualmente, verifica-
se uma sucessiva melhoria do modo de resposta às crescentes exigências estéticas, funcionais,
técnicas e, sobretudo, ambientais (Nunes, 2013).
Conforme é possível compreender a partir da análise do sistema classificativo das causas das
anomalias em superfícies de betão à vista (Quadro 3.2), existem várias acções ambientais (C-A.)
adversas que condicionam a superfície final. Assim, é necessário realçar diversos factores que
contribuem para a sua degradação, nomeadamente a existência de partículas de sujidade
susceptíveis de serem transportadas (C-A1) (Figura 3.23), exposição solar (C-A2), acção do vento (C-
A3), presença de água ou chuva (C-A4), existência de humidade (C-A5) e ciclos de gelo / degelo (C-
A6).
O betão à vista, tal como a maioria das superfícies de acabamento, altera a sua aparência, devido às
acções ambientais a que está sujeito. Segundo Moreira (1991), as partículas de sujidade atmosférica
produzem efeitos visuais bastante desagradáveis no betão, sendo difícil avaliar o grau de alteração
comparativamente com a superfície de betão inicial.
Figura 3.23 - Partículas susceptíveis de serem transportadas
Além disso, a presença de água ou chuva (C-A4) (Figura 3.24) pode influenciar fortemente a
durabilidade estética da superfície de betão, dependendo da sua quantidade, velocidade e ângulo
com que precipita sobre a mesma. De igual modo, a acção do vento (C-A3), ao perturbar o fluxo
normal do ar, chuva e das próprias sujidades existentes, tem como consequência o agravamento de
certas anomalias das superfícies de betão à vista, sendo considerada, por exemplo, causa próxima
do desgaste / erosão (A-E4), como é possível verificar na matriz de correlação anomalias - causas
prováveis (Quadro 3.3). Assim, duas fachadas opostas de uma mesma edificação podem apresentar
aspectos muito distintos, embora com igual idade de construção, métodos construtivos análogos e
46
materiais utlizados semelhantes, devido à acção de factores ambientais condicionantes (C-A.)
(Moreira, 1991).
Figura 3.24 - Mancha resultante da presença de água na superfície
3.3.4 Acções mecânicas (C-M.)
As acções mecânicas, presentes no sistema classificativo das causas referentes às anomalias em
superfícies de betão à vista (Quadro 3.2), englobam os tipos de ataques mecânicos a que as
superfícies estão sujeitas, salientando-se o processo de abrasão (C-M1), a ocorrência de choques ou
pancadas (C-M2), a existência de corrosão ou a expansão da armadura (C-M3) (Figura 3.25),
deslocamentos da estrutura (C-M4), através de assentamentos e deformações, bem como
concentrações de tensões (C-M5), particularmente junto a aberturas.
Figura 3.25 - Corrosão / expansão da armadura
Assim, o surgimento de anomalias nas superfícies de betão por acção mecânica engloba todos os
efeitos resultantes de impactos acidentais, presença de cargas, movimentos ou assentamentos
diferenciais. De igual modo, é importante ressalvar que algumas manifestações patológicas se devem
inclusivamente ao sobredimensionamento de elementos estruturais (armaduras) e/ou à sua deficiente
execução em obra, podendo originar fenómenos de degradação consideráveis do betão à vista.
3.3.5 Agentes agressivos (C-G.)
Muitos são os agentes agressivos que influenciam fortemente o desempenho de uma superfície de
betão à vista e, por conseguinte, a sua aparência estética, sendo possível destacar, por exemplo, os
sulfatos (C-G2), os cloretos (C-G3) e os ácidos (C-G5).
47
Segundo Nunes (2013), o recobrimento em estruturas em betão à vista nunca poderá ser inferior a
3,5 cm, sendo que, caso a estrutura se situe em meio agressivo, deve ser aumentado em 1,5 cm.
Este aumento deve-se à possível penetração dos agentes agressivos na superfície de betão,
causando anomalias graves ou agravando a existência de determinadas manifestações patológicas,
podendo inclusivamente originar problemas em termos estruturais, ao nível das armaduras.
Por outro lado, é importante acrescentar que, relativamente à presença de cloretos (C-G3), a
exposição das superfícies de betão à vista a ambientes agressivos, tais como ambientes marítimos,
aliada à utilização de materiais inapropriados, nomeadamente adjuvantes compostos por cloretos ou
utilização de areia da praia no processo construtivo, podem agravar significativamente várias
anomalias superficiais (Silva, 2007; Moreira, 1991).
De igual modo, a existência de compostos orgânicos (C-G4), presente nos agregados e na água de
amassadura, bem como a referida composição química dos agentes descofrantes ou adjuvantes
utilizados, potenciam o aparecimento de anomalias estéticas, como as eflorescências (A-E2). Além
disso, também o ataque de soluções ácidas (C-G5) é muito nocivo para o betão, uma vez que
decompõe a pasta de cimento na sua totalidade, originando a sua deterioração. Esta deterioração
depende da agressividade do ácido, sendo mais nociva no caso de soluções correntes, em
detrimento de soluções estagnadas (Silva, 2007; Nawy, 2008).
3.3.6 Utilização e manutenção (C-U.)
No sistema classificativo das causas das anomalias em superfícies de betão à vista (Quadro 3.2),
dedicou-se um capítulo à utilização e manutenção (C-U.), pois é considerada uma causa
extremamente importante. Assim, salientou-se a periodicidade inadequada de limpeza ou renovação
da protecção superficial (C-U1), acções de manutenção ou pequena reparação deficientemente
executadas (C-U2) (Figura 3.26) e o vandalismo (C-U3) como principais causas deste tipo.
Figura 3.26 - Exemplos de acções de reparação deficientemente executadas
Tendo em consideração o facto de a utilização e as acções de manutenção serem factores relevantes
para o desempenho e aparência geral de uma superfície de betão à vista, importa referir, no entanto,
que a realização de inspecções periódicas possibilita a detecção de eventuais anomalias pouco
visíveis, evitando a degradação exponencial da superfície, sendo extremamente úteis para a
48
minimização de problemas patológicos das superfícies (Brito, 1992).
3.4 MATRIZES DE CORRELAÇÃO
3.4.1 Introdução
Tendo em consideração o sistema classificativo criado, o qual possibilita a normalização das fichas
de inspecção, é importante criar uma ferramenta que permita relacionar as anomalias detectadas no
local com as causas prováveis associadas, de modo a facilitar o processo de diagnóstico.
O sistema de inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista engloba matrizes de correlação
das suas anomalias com as respectivas causas prováveis (§3.4.2), anomalias entre si (§3.4.3) e
métodos de diagnóstico (§4.2). No presente capítulo, proceder-se-á à correlação da informação
referente ao sistema classificativo das anomalias (§3.2) e suas causas (§3.3), de modo a ser possível
elaborar as correspondentes matrizes de correlação, recorrendo à metodologia e estrutura
preconizadas por Brito (1992) e Silvestre (2005).
As matrizes de correlação, além de possibilitarem a determinação do índice de simultaneidade das
anomalias e o conhecimento das suas causas prováveis, apresentam como intuito principal o auxílio
no processo de diagnóstico em obra. Posteriormente, serão referidos os critérios que presidiram à
concretização das matrizes de correlação (Silvestre, 2005).
Assim, de modo a ser possível atingir os referidos objectivos, foi utilizado um código simples, definido
seguidamente, o qual engloba graus de correlação (nenhuma, pequena ou grande) entre cada
entrada das entidades, tendo em consideração o sistema classificativo apresentado.
3.4.2 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis
Para a elaboração da presente matriz de correlação, foi considerada a existência de causas de
ocorrência provável, denominadas por directas ou próximas ou por causas indirectas ou primeiras.
As causas directas ou próximas correspondem àquelas que precedem imediatamente o surgimento
de uma determinada anomalia, nomeadamente as acções naturais, os desastres naturais ou causas
humanas, sendo, em geral, precedidas pelas causas indirectas ou primeiras.
Por outro lado, as causas indirectas ou primeiras são, frequentemente, bastante distantes da
anomalia, sendo necessário a conjunção de uma causa directa para que o processo patológico tenha
início. De acordo com Brito (1992), uma causa indirecta é individualmente inofensiva, sendo que
apenas a existência de várias causas primeiras aliada à evolução temporal permite o
desenvolvimento da anomalia à vista desarmada. Assim, as causas indirectas devem ser entendidas
como um conjunto de factores que contribuem cooperativamente para o surgimento de uma
determinada anomalia (Brito et al., 1990).
49
Assim, apresenta-se seguidamente a matriz de correlação teórica entre as anomalias em superfícies
de betão à vista e as suas causas prováveis, a qual foi sujeita à validação através de casos práticos,
conforme se apresenta em §5.4.1. No decurso do processo de validação, resultaram alterações em
alguns graus de correlação, as quais se encontram devidamente assinaladas a cinzento,
apresentando-se no Quadro 3.3 a matriz de correlação já validada.
Quadro 3.3 - Matriz de correlação anomalias - causas prováveis
C \ A
A-E
1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-P1 1 1 0 0 0 0 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 C-P2 1 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-P3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 0 2 1 0 0 C-P4 2 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-P5 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 2 0 0 0 C-P6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 C-P7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 C-E1 1 0 0 0 1 0 1 1 0 0 2 2 2 2 2 2 C-E2 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 C-E3 2 0 0 0 1 0 0 0 0 1 2 2 2 1 2 2 C-E4 0 0 0 0 0 0 1 2 0 2 1 0 2 0 0 2 C-E5 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 C-E6 1 2 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 C-E7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0 C-E8 1 0 0 0 2 0 2 0 0 0 2 2 0 2 2 1 C-E9 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2 0
C-E10 1 0 0 0 0 0 2 1 1 1 0 2 0 0 0 0 C-E11 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 C-E12 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 C-E13 1 0 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 2 C-E14 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 2 1 1 2 1 1 C-A1 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-A2 0 1 2 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 C-A3 1 1 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 C-A4 1 1 2 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 C-A5 2 2 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 C-A6 0 0 0 1 0 0 2 0 2 1 0 0 0 0 0 0 C-M1 1 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 C-M2 0 0 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 C-M3 2 0 0 0 0 0 0 2 1 2 0 0 0 0 0 0 C-M4 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 C-M5 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 C-G1 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-G2 1 1 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 C-G3 0 1 0 0 0 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0 0 C-G4 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 C-G5 2 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 C-U1 1 1 1 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 C-U2 2 0 0 0 0 0 2 1 0 1 1 0 1 1 1 0 C-U3 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Na presente matriz de correlação anomalias - causas prováveis, verifica-se que a cada linha,
representativa de uma determinada anomalia em superfícies de betão à vista, está associada uma
coluna, indicativa da respectiva causa possível, através de um número correspondente ao grau de
50
correlação entre ambas. É importante ressalvar o critério adoptado para a determinação do referido
grau de correlação, o qual se baseia em Brito (1992):
0 - sem relação: não se verifica qualquer correlação (directa ou indirecta) entre a anomalia e a
causa;
1 - pequena relação: causa indirecta (primeira) da anomalia relacionada com a fase inicial do
desenvolvimento do processo de deterioração; causa secundária não necessária para a evolução do
processo de deterioração, embora intensifique os seus efeitos;
2 - grande relação: causa directa (próxima) da anomalia, associada à fase final do processo de
deterioração; quando a causa ocorre, corresponde a uma das causas principais do processo de
deterioração, sendo indispensável ao seu desenvolvimento.
Para finalizar, de modo a ser possível compreender as correlações representadas na matriz de
correlação anomalias - causas prováveis, apresenta-se um exemplo específico das causas
associadas, directas e indirectas, referentes à anomalia eflorescências (A-E2) na superfície de betão
à vista.
ANOMALIA:
A-E2 Eflorescências
CAUSAS ASSOCIADAS:
Causas directas:
C-P4 agente descofrante inadequado;
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);
C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);
C-G2 sulfatos;
C-G3 sal / água salgada (cloretos);
C-G4 compostos orgânicos.
Causas indirectas:
C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;
C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-A2 exposição solar alta / reduzida;
C-A3 acção do vento;
C-A4 presença de água / chuva;
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.
51
3.4.3 Matriz de correlação inter-anomalias
Tendo em consideração que a ocorrência de uma determinada anomalia pode estar associada à
presença de outras ou manifestar-se isoladamente, numa área localizada ou na extensão integral da
superfície de betão, é necessária a elaboração de uma matriz de correlação capaz de estabelecer um
índice de correlação entre anomalias. O seu intuito principal corresponde à determinação de
probabilidades de ocorrência de outras anomalias quando uma delas se manifesta.
De modo a ser possível proceder à determinação do índice de correlação inter-anomalias, foi definido
um método semelhante ao utilizado na matriz de correlação anomalias - causas prováveis. Assim, de
forma a estabelecer a matriz de correlação pretendida (Quadro 3.4), o índice de correlação entre a
anomalia k e a anomalia j é obtido do seguinte modo (Brito, 1992):
por cada anomalia detectada (anomalia k), lê-se a linha correspondente na matriz de correlação
anomalias - causas prováveis validada (Quadro 3.3);
por cada anomalia detectada (anomalia j), lê-se a linha correspondente na matriz de correlação
anomalias - causas prováveis;
calcula-se por coluna o produto dos índices destas duas linhas correspondentes às anomalias k e j
da matriz de correlação anomalias - causas prováveis;
adicionam-se os diversos produtos, de forma a obter o índice de correlação de cada anomalia CIkj:
N
i
jikikj ccCI1
, sendo N o n.º total de causas prováveis.
Quadro 3.4 - Matriz de correlação inter-anomalias
C \ A
A-E
1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
A-E1 - 21 14 10 15 1 19 12 19 18 17 15 18 12 11 12 A-E2 21
13 3 2 1 7 6 14 9 4 3 2 2 1 2
A-E3 14 13
4 0 1 2 2 5 3 0 0 0 0 0 1 A-E4 10 3 4 - 0 5 3 2 11 3 0 0 0 0 0 0 A-E5 15 2 0 0 - 0 6 2 1 5 13 10 15 11 9 11
A-E6 1 1 1 5 0 - 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0
A-M1 19 7 2 3 6 0 - 12 11 11 13 14 8 10 9 7 A-M2 12 6 2 2 2 0 12 - 9 26 10 8 13 9 8 7 A-M3 19 14 5 11 1 1 11 9 - 14 4 5 2 2 1 1 A-M4 18 9 3 3 5 1 11 26 14 - 7 7 16 2 3 10 A-C1 17 4 0 0 13 0 13 10 4 7 - 17 18 16 15 14 A-C2 15 3 0 0 10 0 14 8 5 7 17 - 12 12 13 11
A-C3 18 2 0 0 15 0 8 13 2 16 18 12 - 11 10 17
A-C4 12 2 0 0 11 0 10 9 2 2 16 12 11 - 17 10
A-C5 11 1 0 0 9 0 9 8 1 3 15 13 10 17 - 11
A-C6 12 2 1 0 11 0 7 7 1 10 14 11 17 10 11 -
Todavia, importa ressalvar que o presente índice de correlação inter-anomalias não é suficientemente
elucidativo, devido aos seguintes motivos (Brito, 1992):
52
o valor absoluto do índice não tem significado físico para o utilizador;
a análise da matriz de correlação permite verificar que todas as anomalias estão relacionadas entre
si, não se tornando muito claro o respectivo grau de correlação;
finalmente, um índice de valor absoluto mais baixo pode na realidade identificar uma anomalia com
maior probabilidade de ocorrência simultânea com a que foi detectada do que um índice mais alto.
Assim, face à necessidade da determinação da percentagem do índice de correlação real
relativamente a um índice de correlação teórico máximo possível, correspondente à probabilidade de
ocorrência de uma determinada anomalia face à detecção de outra, é necessário estabelecer uma
correlação percentual entre anomalias.
Deste modo, a matriz de correlação torna-se assimétrica, visto que a probabilidade de ocorrência da
anomalia j, quando se verifica a anomalia k, não é obrigatoriamente semelhante à probabilidade da
relação inversa. De acordo com Silvestre (2005), o índice de correlação teórico percentual,
apresentado no Quadro 3.5, é obtido da seguinte forma:
Quadro 3.5 - Matriz de correlação percentual inter-anomalias
C \ A
A-E
1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
A-E1 - 28 18 13 20 1 25 16 25 24 22 20 24 16 14 16 A-E2 58 - 36 8 6 3 19 17 39 25 11 8 6 6 3 6 A-E3 58 54 - 17 0 4 8 8 21 13 0 0 0 0 0 4 A-E4 38 12 15 - 0 19 12 8 42 12 0 0 0 0 0 0 A-E5 68 9 0 0 - 0 27 9 5 23 59 45 68 50 41 50 A-E6 17 17 17 83 0 - 0 0 17 17 0 0 0 0 0 0 A-M1 50 18 5 8 16 0 - 32 29 29 34 37 21 26 24 18 A-M2 25 13 4 4 4 0 25 - 19 54 21 17 27 19 17 15 A-M3 50 37 13 29 3 3 29 24 - 37 11 13 5 5 3 3 A-M4 36 18 6 6 10 2 22 52 28 - 14 14 32 4 6 20 A-C1 61 14 0 0 46 0 46 36 14 25 - 61 64 57 54 50
A-C2 54 11 0 0 36 0 50 29 18 25 61 - 43 43 46 39
A-C3 53 6 0 0 44 0 24 38 6 47 53 35 - 32 29 50 A-C4 55 9 0 0 50 0 45 41 9 9 73 55 50 - 77 45 A-C5 55 5 0 0 45 0 45 40 5 15 75 65 50 85 - 55 A-C6 55 9 5 0 50 0 32 32 5 45 64 50 77 45 50 -
por cada anomalia k detectada, lê-se a linha correspondente na matriz de correlação anomalias -
causas prováveis, multiplicando-se por 2 todos os índices de correlação da anomalia k com as
causas e efectuando-se a soma desses produtos, de forma a obter o índice de correlação teórico
máximo possível de qualquer anomalia em relação à anomalia k, IMk:
N
i
kiMk cI1
)2( , sendo N o n.º total de causas prováveis;
para ser possível determinar o índice de correlação teórico percentual da anomalia k com a
anomalia j, CI%kj, correspondente à probabilidade de ocorrência da anomalia j (coluna j) quando se
verifica a anomalia k (linha k), calcula-se o quociente entre o índice de correlação entre anomalias
53
(anomalia de referência k e anomalia associada j) e o índice de correlação teórico máximo da
anomalia k:
Mk
kj
kjI
CICI %
.
3.5 FICHAS DE ANOMALIAS
Após a classificação das anomalias em superfícies de betão à vista (§3.2) e conhecimento das
relações entre as mesmas e suas causas prováveis, bem como das anomalias entre si, é necessário
apresentar, de forma sucinta, a informação relativa a cada manifestação patológica, sob a forma de
fichas de anomalia individuais (Anexo 3.I).
Tendo em consideração o sistema classificativo, as referidas fichas contemplam os métodos de
diagnóstico adequados à caracterização de cada anomalia e as respectivas matrizes de correlação
(capítulo 4), sendo ainda compostas pelos seguintes dados associados a cada anomalia (adaptado
de Brito, 1992; Silvestre 2005):
cabeçalho com a designação e o nome da anomalia, de acordo com o Quadro 3.1;
descrição sumária das manifestações patológicas características da anomalia;
causas prováveis para o surgimento da anomalia, tendo em consideração a matriz de correlação
anomalias - causas prováveis (Quadro 3.3); as causas são identificadas por uma descrição
sumária e pela designação em código (Quadro 3.2); as causas próximas aparecem sublinhadas;
consequências possíveis da anomalia, as quais podem constituir por si só outras anomalias;
aspectos a inspeccionar (características relacionadas com a anomalia detectada que poderão ter
interesse no diagnóstico da mesma ou constituir, por si mesmas, novas anomalias);
ensaios a realizar in-situ, de acordo com o Quadro 4.1 (de forma a caracterizar a anomalia em
termos de extensão, gravidade e estado de evolução; de acordo com a matriz de correlação
anomalias - métodos de diagnóstico apresentada no Quadro 4.2, aparecendo sublinhados os
métodos de grande relação com a anomalia);
parâmetros de classificação (podem ser resultantes dos ensaios efectuados e permitem aferir o
nível de gravidade da anomalia);
nível de gravidade / urgência da intervenção, correspondendo:
o valor 0 - necessidade de intervenção imediata: até 6 meses;
o valor 1 - necessidade de intervenção a médio prazo: até dois anos;
o valor 2 - necessidade de monitorizar a evolução da anomalia, em particular na próxima
inspecção;
fotografia representativa de um caso real onde esta anomalia foi identificada.
Seguidamente, apresenta-se no Quadro 3.6 um exemplo de uma ficha relativa à anomalia
eflorescências (A-E2), a qual inclui todos os campos previamente enunciados.
54
Quadro 3.6 - Ficha de anomalia A-E2
FICHA DE ANOMALIA A-E2
DESIGNAÇÃO
Eflorescências
DESCRIÇÃO:
manchas de cor esbranquiçada, de extensão e configuração
variáveis, por vezes, com deformação local da superfície de
betão; presença de sais cristalizados na superfície do betão,
com aspecto pulverulento.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);
C-P4 agente descofrante inadequado;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);
C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-A2 exposição solar alta / reduzida;
C-A3 acção do vento;
C-A4 presença de água / chuva;
C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);
C-G2 sulfatos;
C-G3 sal / água salgada (cloretos);
C-G4 compostos orgânicos;
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
degradação da qualidade visual da superfície;
textura da superfície afectada.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
tipo de acabamento superficial (liso / texturado);
tipo de protecção superficial (tinta / verniz / hidrófugo / sem protecção);
percentagem de área afectada: (…) %;
presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);
disposição da mancha na superfície (pontual / generalizada);
exposição da superfície às acções atmosféricas (protegida / exposta);
sais solúveis em água (S / N);
origem dos sais.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-V4 tiras colorimétricas;
D-T1 termo-higrómetro;
D-T2 termografia de infravermelhos.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 15% e com condições para progressão do fenómeno;
2 - restantes casos.
55
É importante realçar que, nos aspectos a inspeccionar e nos parâmetros de classificação, é solicitada
a indicação do valor estético, alto, médio ou baixo, da superfície de betão em causa. Esta observação
apresenta alguma subjectividade, a qual deve ser sempre eliminada ou minimizada nas inspecções.
Assim, e tendo como base as inspecções efectuadas para validação do sistema (capítulo 5), são
definidas algumas situações onde o valor estético deverá ser considerado, alto ou baixo, dependendo
dos casos:
no caso de superfícies de betão à vista em fachadas, considera-se alto o seu valor estético
quando as fachadas se encontram viradas para ruas ou avenidas de uso público, sendo de baixo
valor estético as superfícies das fachadas de tardoz ou de fachadas laterais viradas para zonas
ou ruas de uso exclusivo dos moradores dos edifícios;
o mesmo critério se pode aplicar às superfícies de betão à vista em muros exteriores, sendo
considerados de alto valor estético apenas e só os casos em que estes sejam utilizados ou
visualizados pelos transeuntes ou pelos utilizadores de espaços de acesso público;
no caso das superfícies de betão à vista interiores, considera-se de alto valor estético as
superfícies que se localizem em espaços de acesso público geral (como zonas comerciais ou de
serviços onde exista circulação de pessoas exteriores ao serviço) ou, no caso de espaços ou
edifícios habitacionais, as superfícies localizadas nas zonas comuns dos edifícios ou em zonas
nobres da habitação que sejam normalmente visitadas (hall de entrada, escadas interiores, etc.).
3.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO
Tendo em consideração as referências bibliográficas consultadas e o conhecimento prático adquirido,
procurou-se executar uma classificação de anomalias em superfícies de betão à vista que
considerasse todas as situações verificadas neste tipo de superfície. Assim, foi possível considerar
dezasseis anomalias prováveis, seguindo um critério baseado no seu aspecto visual, associadas a
três grupos distintos: anomalias estéticas (A-E.), mecânicas (A-M.) e construtivas ou geométricas (A-
C.).
No presente capítulo, além das anomalias, procedeu-se igualmente à execução do sistema
classificativo das respectivas causas associadas às superfícies de betão à vista. Da mesma forma,
foram elaboradas matrizes de correlação anomalias - causas prováveis e inter-anomalias, de um
ponto de vista teórico, as quais posteriormente sofreram validação, através da realização de um
número significativo de inspecções.
Por último, importa realçar que a referida informação se encontra resumida nas fichas de anomalias
(Anexo 3.I) que, devido à sua fácil interpretação, se tornam fundamentais à resolução das
manifestações patológicas reais. Assim, pretende-se que o presente sistema classificativo de
anomalias em superfícies de betão à vista auxilie eficazmente o processo de inspecção, tornando
possível o conhecimento das características associadas à(s) anomalia(s) inspeccionada(s) e, por
conseguinte, a definição de um diagnóstico correcto das respectivas causas prováveis.
56
57
4. DIAGNÓSTICO
4.1 INTRODUÇÃO
O presente capítulo contribui para a concepção de um sistema de inspecção e diagnóstico de
superfícies de betão à vista fiável, tendo em consideração que o diagnóstico exacto das ocorrências
patológicas presentes numa determinada superfície, através da análise e observação de casos
concretos, é imprescindível no processo de inspecção.
Assim, primeiramente, é apresentado um sistema classificativo dos métodos de diagnóstico das
anomalias enumeradas no capítulo anterior (§3.2.), seguido de uma breve caracterização dos
mesmos (§4.2.2). Posteriormente, através de índices de correlação adequados, é elaborada e
apresentada a matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (§4.3.2). Finalmente, com o
intuito de auxiliar o processo de inspecção, foram igualmente elaboradas fichas de métodos de
diagnóstico, as quais resumem individualmente um conjunto de informações necessárias à aplicação
dos mesmos.
Relativamente à temática do diagnóstico de anomalias em superfícies de betão à vista, é necessário
realçar a importância do conhecimento e análise de sistemas classificativos existentes. Deste modo,
salienta-se a classificação de Brito (1992) que apresenta uma lista pormenorizada de métodos de
diagnóstico em obras de arte de betão.
No entanto, importa referir que, para superfícies de betão à vista, não existe um sistema classificativo
capaz de associar determinada manifestação patológica a método(s) de diagnóstico específico(s), de
forma a ser possível uniformizar o processo de identificação da(s) anomalia(s) in situ. Assim,
considera-se relevante a criação de um sistema classificativo de métodos de diagnóstico próprio, o
qual é função dos estragos que provocam no local ensaiado (não destrutivos, semi-destrutivos e
destrutivos). A referida escolha possui o intuito principal de facilitar, durante a realização de
inspecções, o diagnóstico correcto das anomalias existentes.
4.2 SISTEMA CLASSIFICATIVO DOS MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO
4.2.1 Designação dos métodos de diagnóstico
Previamente à execução do processo de diagnóstico de anomalias presentes em determinada
superfície de betão à vista, é imprescindível a definição exacta dos problema(s) patológico(s)
existentes (Brito, 1992). Após tal conhecimento, é necessário recorrer a métodos de diagnóstico
adequados, os quais possibilitam uma correcta identificação das anomalias existentes, determinação
de causas prováveis para a ocorrência das mesmas e avaliação da sua extensão.
Tendo em consideração a diversidade de métodos de diagnóstico de possível utilização na
classificação de anomalias em superfícies de betão à vista, verifica-se que estes variam em custo,
modo de funcionamento, morosidade, resultados obtidos, equipamento utilizado e conhecimento
58
adquirido. Assim, geralmente, sabendo a informação que se pretende obter, reduz-se
significativamente a escolha a um número restrito de métodos de diagnóstico (Brito e Branco, 1991).
Primeiramente, deve-se proceder à inspecção visual das superfícies de betão à vista, a qual está
associada à experiência de obra do inspector e possui uma importância primordial como método de
diagnóstico, na medida em que é possível aplicá-la na identificação de qualquer anomalia existente.
Por outro lado, em virtude de o exame macroscópico de determinada superfície corresponder a uma
actividade subjectiva, dependente da opinião / qualificação do inspector, é necessário recorrer
frequentemente a meios complementares, de modo a ser possível obter informação pormenorizada
e/ou dados quantitativos relevantes acerca da manifestação patológica em questão.
Assim, devem ser privilegiados métodos de diagnóstico complementares executados in situ, em
detrimento dos laboratoriais. Segundo Brito (1992), o diagnóstico deve depender fundamentalmente
de “ensaios in situ e, sempre que possível, da respectiva interpretação no próprio local”. Este tipo de
ensaios, comparativamente com os métodos laboratoriais, além de ser menos oneroso, possui um
grau de complexidade inferior e maior rapidez na obtenção de resultados.
De igual modo, devem ser conhecidas as limitações de cada método de diagnóstico, em virtude de o
rigor de determinados métodos não possibilitar um diagnóstico adequado. Inclusivamente, com a
diversidade de técnicas de diagnóstico disponíveis no mercado, apenas alguns apresentam rigor
quantitativo aceitável (Brito e Branco, 1991).
Considerando o intuito principal da presente dissertação, serão apenas incluídos no referido sistema
classificativo (Quadro 4.1) ensaios passíveis de ser executados in situ que, pela sua simplicidade,
requerem instrumentos acessíveis e de fácil utilização. Igualmente, foi tido o cuidado de classificar os
métodos de diagnóstico em não destrutivos, semi-destrutivos e destrutivos, privilegiando-se os
primeiros, em virtude de não implicarem qualquer tipo de dano na superfície de betão à vista.
Quadro 4.1 - Sistema de classificação de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista
D-V Visuais / visuais assistidos
D-V1 Inspecção visual (não destrutivo)
D-V2 Fissurómetro (não destrutivo)
D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras (não destrutivo)
D-V4 Tiras colorimétricas (não destrutivo)
D-V5 Testemunhos (não destrutivo)
D-A Acústicos
D-A1 Martelo de borracha (não destrutivo)
D-T Termo-higrométricos
D-T1 Termo-higrómetro (não destrutivo)
D-T2 Termografia de infravermelhos (não destrutivo) D-T3 ISAT - initial surface absorption test (não destrutivo)
D-M Magnéticos / electroquímicos
D-M1 Magnetómetro (não destrutivo)
D-M2 Meia-célula galvânica (semi-destrutivo)
No Quadro 4.1, apresenta-se o sistema classificativo dos métodos de diagnóstico em superfícies de
betão à vista, composto por quatro grupos de métodos, nomeadamente visuais / visuais assistidos,
59
acústicos, termo-higrométricos e magnéticos / electroquímicos. De igual modo, de forma a ser
possível proceder à elaboração da matriz de correlação (§4.3.2) e simplificar o processo de
classificação, a cada método de diagnóstico corresponde uma referência identificativa da categoria
em que se insere (V - visuais / visuais assistidos, A - acústicos, T - termo-higrométricos e M -
magnéticos / electroquímicos).
4.2.2 Caracterização dos métodos de diagnóstico
No presente subcapítulo, apresentam-se e caracterizam-se pormenorizadamente os métodos de
diagnóstico que compõem o sistema classificativo em questão (Quadro 4.1).
Com o intuito de diagnosticar as anomalias identificadas em §3.2, além de se proceder à descrição
dos referidos métodos de diagnóstico, procede-se igualmente à ilustração fotográfica de elementos
que possam ser necessários à sua compreensão.
Os métodos de diagnóstico são apresentados, seguindo a ordem utilizada no sistema classificativo e
utilizando o mesmo sistema de referência, o que possibilita a identificação da categoria em que se
encontram inseridos.
4.2.2.1 D-V Visuais / visuais assistidos
Consideram-se métodos de diagnóstico visuais / visuais assistidos aqueles que permitem, por exame
macroscópico, observação visual e/ou com recurso a instrumentos simples auxiliares e de fácil
utilização, diagnosticar facilmente as anomalias presentes na superfície de betão à vista, bem como
possíveis causas associadas.
D-V1 Inspecção visual
A inspecção visual constitui um método de diagnóstico indispensável ao processo de inspecção que
possibilita a caracterização geral do estado da superfície de betão à vista, servindo como meio de
partida para a selecção dos restantes métodos de diagnóstico a aplicar.
Tendo em consideração que se trata de um método de diagnóstico puramente visual, engloba um
exame macroscópico simples aliado à observação visual. Contudo, com o intuito de ser possível um
diagnóstico cuidado, deve-se recorrer, sempre que necessário, a ferramentas básicas, portáteis e de
simples utilização, nomeadamente binóculos, máquina fotográfica, bússola (Figura 4.1), fita métrica
e/ou escova de nylon (Figura 4.2) (Brito e Flores-Colen, 2005).
Deste modo, através do presente método de diagnóstico, é possível identificar não apenas a
manifestação patológica presente na superfície de betão à vista, mas igualmente a respectiva
extensão e causas prováveis para o seu surgimento.
Assim, sendo a inspecção visual um método de diagnóstico não destrutivo pouco oneroso e de
grande simplicidade, importa referir que devem ser utilizados métodos de diagnóstico
60
complementares, sempre que necessário, de forma a ser possível atestar as conclusões resultantes
da aplicação da inspecção visual (Sampaio, 2010).
Figura 4.1 - Binóculos (à esquerda), máquina fotográfica (ao centro) e bússola (à direita)
Figura 4.2 - Fita métrica (à esquerda) e escova de nylon (à direita)
De igual forma, o betão à vista é alvo de problemas estéticos, causados por anomalias que envolvem
alterações no alinhamento das superfícies e/ou do próprio elemento de betão. Assim, surge a
necessidade de avaliar esquadrias / alinhamentos, com o intuito de detectar anomalias, geralmente
decorrentes do processo construtivo, que afectam o comportamento estético final da superfície de
betão à vista. Por este motivo, pode-se ainda recorrer a régua de nível, fio-de-prumo ou nível laser
(Figura 4.3), auxiliados, sempre que necessário, por fita métrica, permitindo assim de forma simples e
expedita a interpretação dos resultados / medições in situ.
Figura 4.3 - Régua de nível (à esquerda) e nível laser (à direita (PCE, 2015))
D-V2 Fissurómetro
O presente método de diagnóstico relaciona-se intrinsecamente com a necessidade de acompanhar a
evolução temporal de fissuras, de modo a ser possível compreender os fenómenos associados à sua
génese e definir estratégias capazes de as mitigar / eliminar.
61
O fissurómetro (Figura 4.4) é um instrumento não destrutivo, associado a uma escala reticulada em
milímetros, composto por duas placas deslizantes de acrílico transparente. Importa referir que o
fissurómetro deve ser fixado correctamente segundo a direcção mais próxima da normal
relativamente à fissura, de modo que o centro do reticulado coincida com a mesma (Oz, 2002).
Figura 4.4 - Fissurómetro (GIS Ibérica, 2015)
Considerando a possibilidade de monitorizar pequenos deslocamentos de fissuras em superfícies de
betão à vista, o fissurómetro permite medir duas componentes de deslocamento, segundo as
direcções longitudinal e transversal, bem como uma componente de rotação, em torno de um eixo
perpendicular ao plano do instrumento. Além de fissurómetros padrão, utilizados na monitorização de
fissuras com deslocamentos paralelos ao plano de ensaio, existem igualmente fissurómetros capazes
de avaliar deslocamentos perpendiculares ao plano de ensaio e em zonas da superfície
correspondentes a cantos / arestas (Figura 4.5).
Figura 4.5 - Fissurómetros para deslocamentos perpendiculares (à esquerda) e para cantos (à direita) (GIS Ibérica, 2015)
Por último, o presente método de diagnóstico possibilita, através de um instrumento de grande
simplicidade técnica, avaliar, de forma expedita e económica, os movimentos relativos de um ponto
62
escolhido estrategicamente numa determinada fissura presente na superfície de betão à vista (Cóias,
2006).
D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras
O comparador e o medidor óptico de fissuras (Figura 4.6) possuem importância considerável na
quantificação da dimensão de fissuras existentes em determinada superfície, sendo, por isso,
instrumentos que, pela sua simplicidade, auxiliam fortemente o processo de diagnóstico in situ.
O comparador de fissuras corresponde a um rectângulo de plástico transparente, composto por
diferentes traços de espessuras conhecidas que, por comparação visual, possibilita estimar a
abertura da fissura (Cóias, 2006).
De igual modo, o medidor óptico de fissuras é um instrumento de diagnóstico não destrutivo,
constituído por um conjunto óptico focável que permite executar medições com um rigor de 0,02 mm
(Oz, 2002). O medidor óptico é igualmente composto por uma lente graduada e lâmpada, alimentada
por pilha, com o intuito de iluminar o campo de visão do inspector.
Figura 4.6 - Comparador de fissuras (à esquerda) e medidor óptico de fissuras (à direita) (Oz, 2002)
Por fim, tendo em consideração que o comparador e o medidor óptico de fissuras possibilitam apenas
o conhecimento da dimensão das mesmas, deve-se recorrer à aplicação de outros métodos de
diagnóstico, nomeadamente fissurómetro (D-V2) e testemunhos (D-V5), quando se pretende a
monitorização da estabilidade e/ou amplitude de movimentos das referidas fissuras.
D-V4 Tiras colorimétricas
As tiras colorimétricas (Figura 4.7) correspondem a uma ferramenta relevante na identificação de
tipos de sais solúveis presentes na superfície de betão à vista, permitindo, deste modo, diagnosticar
as causas prováveis associadas a determinada anomalia. De igual forma, possibilita ainda a definição
de um processo de reparação, com o intuito de minimizar / eliminar a manifestação patológica
presente.
63
Figura 4.7 - Tiras colorimétricas (Tuna et al., 2015)
Mais concretamente, de acordo com Tavares et al. (2005), as tiras colorimétricas podem ser definidas
como fitas de papel, compostas por regiões impregnadas com substâncias indicadoras que, na
presença de soluções salinas, alteram de coloração (Tavares et al., 2005).
O presente método de diagnóstico é considerado semi-quantitativo, em virtude de apresentar os
resultados em escalas de concentração em mg/l, sendo que, para ser possível obtê-la é necessário
efectuar uma comparação visual da tira colorimétrica com a respectiva escala de coloração (Tuna et
al., 2015).
Assim, anomalias que consistam no surgimento de sais na superfície de betão à vista, como
eflorescências, podem ser identificadas através do presente método de diagnóstico, o qual, sendo
não destrutivo e de grande simplicidade, facilita o processo de inspecção.
D-V5 Testemunhos
Tal como os fissurómetros (D-V2), os testemunhos (Figura 4.8) constituem uma técnica comum no
acompanhamento da evolução temporal das fissuras que contribui para a identificação dos
fenómenos associados à sua génese e consequente definição de técnicas que possibilitam a
minimização / eliminação das mesmas.
Figura 4.8 - Testemunho
Segundo Oz (2002), os testemunhos correspondem a uma forma correcta de diagnóstico, embora
64
pouco exacta, que permitem detectar grosseiramente possíveis acréscimos de abertura da fissura,
mas sem possibilitarem a quantificação da sua amplitude de movimentos. Assim, comparativamente
com outros métodos de diagnóstico, os testemunhos são considerados uma técnica mais restrita em
termos de quantificação da evolução temporal da dimensão das fissuras.
Por fim, importa realçar que os testemunhos podem ser compostos por diversos materiais,
nomeadamente papel, gesso, cimento ou vidro, devendo ser cuidadosamente fixados a ambas as
extremidades da fissura em análise. Deste modo, caso se verifique deslocação da referida fissura, o
testemunho é forçado a partir, assinalando assim a ocorrência de movimentação relativa entre as
suas extremidades.
4.2.2.2 D-A Acústicos
Os métodos de diagnóstico acústicos estão associados à execução de ensaios de percussão sobre
as superfícies de betão à vista e análise do som produzido pelas mesmas. Frequentemente,
constituem métodos simples, intuitivos e de fácil aplicação, sendo, por isso, considerados métodos de
diagnóstico não destrutivos.
D-A1 Martelo de borracha
O martelo de borracha (Figura 4.9) constitui uma ferramenta relevante na execução de ensaios de
percussão, o qual apresenta baixa complexidade e fácil interpretação de resultados obtidos, sendo
considerado um método de diagnóstico não destrutivo.
Figura 4.9 - Martelo de borracha
O seu modo de funcionamento baseia-se na percussão das superfícies de betão à vista e análise do
som produzido pelas mesmas. Assim, sons cavos encontram-se associados à presença de
determinado tipo de anomalias mecânicas incipientes, nomeadamente delaminação ou descasque da
superfície.
Por último, o presente método de diagnóstico constitui uma das primeiras escolhas utilizadas in situ,
65
sendo frequentemente aplicado após a fase de inspecção visual (D-V1), como meio de confirmar o
diagnóstico inicial efectuado por exame macroscópico.
4.2.2.3 D-T Termo-higrométricos
Consideram-se métodos termo-higrométricos aqueles que possibilitam obter informação específica
acerca da temperatura e/ou humidade relativa da superfície de betão à vista ou da sua envolvente.
D-T1 Termo-higrómetro
A monitorização da temperatura e humidade é extremamente importante como método de
diagnóstico, em virtude de serem promotoras de algumas manifestações patológicas frequentes e
potenciarem diferentes mecanismos de degradação das superfícies de betão à vista.
Deste modo, com o intuito de ser possível efectuar um diagnóstico adequado, é necessário utilizar um
termo-higrómetro portátil (Figura 4.10), o qual permite simultaneamente obter dados informativos
acerca da temperatura e humidade relativa do ar (PCE, 2015).
Figura 4.10 - Termo-higrómetro portátil (Manutan, 2015)
Devido à simplicidade de manuseamento e ao facto de não ser destrutivo, corresponde ao método de
diagnóstico de humidade in situ mais comummente utilizado (Figura 4.10). Este trata-se de um
aparelho portátil que permite obter leituras do teor de humidade na superfície, possuindo dois
eléctrodos que transmitem um sinal de baixa frequência (Massari, 1993). Deste modo, o termo-
higrómetro mede a resistência eléctrica da superfície, relacionando-a com a quantidade de água
presente nos poros, sendo aconselhável a execução de séries verticais de leituras, em detrimento de
leituras isoladas.
Por outro lado, o termo-higrómetro não tem a capacidade de medir a humidade, mas apenas as
alterações da resistência eléctrica ou da condutividade na superfície.
De acordo com Magalhães et al. (2005), o presente método de diagnóstico in situ possibilita a
medição expedita do teor de humidade e temperatura à superfície, tendo os resultados obtidos
66
validade em termos comparativos e não absolutos. Assim, trata-se de uma ferramenta importante na
detecção de zonas com elevado teor de humidade com e determinação das respectivas causas
prováveis, nomeadamente existência de sais, humidade ou manchas.
D-T2 Termografia de infravermelhos
A termografia de infravermelhos consiste no levantamento de zonas a inspeccionar com recurso a
uma câmara termográfica (Figura 4.11), de modo a ser possível medir temperaturas ou observar
padrões diferenciais de distribuição de temperatura. Assim, trata-se de um método qualitativo de
identificação térmica, em virtude de a radiação infravermelha ser intrínseca à temperatura de
qualquer corpo físico, sendo este o princípio em que as câmaras termográficas se baseiam.
Figura 4.11 - Câmara termográfica (PCE, 2015)
O presente método de diagnóstico permite a visualização da distribuição de temperaturas superficiais,
sendo, por isso, um importante meio de identificação de manifestações patológicas, visto que estas
se encontram frequentemente associadas a fluxos de calor não uniformes. Deste modo, a energia
infravermelha emitida pelas superfícies de betão à vista, ao ser captada pelas câmaras termográficas,
é convertida em sinal eléctrico, o qual, através de software apropriado, produz termogramas
específicos (Mendonça, 2005).
Além do diagnóstico de anomalias detectadas visualmente, a termografia de infravermelhos pode
igualmente ser aplicada como ferramenta preventiva, no sentido de ser possível identificar problemas
patológicos não aparentes (ITC, 2005). De igual forma, permite uma análise pormenorizada dos
fenómenos de degradação da superfície de betão à vista, em virtude de evidenciar descasques,
desagregações, presença de vazios, fissuras, bem como manchas de humidade.
Com a utilização do presente método de diagnóstico, é ainda possível obter mapas temáticos
pormenorizados de pontes térmicas, humidade, andamento de fissuras e agressões biológicas, os
quais são extremamente úteis para a identificação precisa das anomalias existentes.
67
D-T3 ISAT (initial surface absorption test)
O initial surface absorption test (Figura 4.12) corresponde a um método de diagnóstico de interesse
considerável na determinação do grau de porosidade da superfície de betão à vista, o que possibilita
a identificação de anomalias associadas a uma capacidade de absorção significativa.
Figura 4.12 - Initial surface absorption test (Nagendra, 2012)
O initial surface absoption test (ISAT) é normalizado pela norma britânica BS 1881-208 (1996),
baseando-se na análise da absorção, através de um tubo capilar, de uma área da superfície de betão
sujeita à pressão de 200 mm Hg (Coutinho e Gonçalves, 1994).
Para uma superfície de betão à vista, considerando um tempo de referência de 10 minutos, um valor
de absorção inferior a 0,25 cm3 m-2 s-1 é indicativo de uma baixa absorção, sendo o valor de
referência para uma alta absorção superior a 0,5 cm3 m-2 s-1 (Brito e Flores-Colen, 2005).
4.2.2.4 D-M Magnéticos / electroquímicos
Os métodos de diagnóstico magnéticos ou electroquímicos estão associados a equipamentos que
contemplam a produção de um campo magnético ou um potencial eléctrico específico, com o intuito
de ser possível diagnosticar eficientemente as anomalias presentes na superfície e respectivas
causas associadas a elementos metálicos.
D-M1 Magnetómetro
O magnetómetro (Figura 4.13) corresponde a um método de diagnóstico não destrutivo que permite
determinar a espessura do betão de recobrimento, bem como o diâmetro das armaduras, através da
sua localização no interior do betão (Brito et al., 2009).
Deste modo, espessuras inadequadas de recobrimento favorecem a penetração de agentes
agressivos no betão, facilitando a corrosão das armaduras que, por conseguinte, origina anomalias
na superfície de betão à vista, nomeadamente descasque e manchas (Brito et al., 2009).
O presente método de diagnóstico produz um campo magnético específico, quantificando a reacção
entre este e o aço, estando a intensidade da resposta associada com a localização e dimensão da
armadura.
68
Figura 4.13 - Magnetómetro (à esquerda) e exemplo de aplicação (à direita) (Brito et al., 2009)
Assim, o magnetómetro, considerado como um método não destrutivo, possibilita resultados rápidos
in situ, com considerável grau de fiabilidade, requerendo apenas acesso a um dos lados da superfície
em análise, o que facilita significativamente o processo de inspecção.
D-M2 Meia-célula galvânica
O presente método de diagnóstico é executado com o intuito de ser possível verificar a existência de
humidade suficiente entre uma armadura e a superfície do betão, de modo a provocar corrosão e, por
conseguinte, originar anomalias indesejáveis.
A meia-célula galvânica utiliza um eléctrodo de referência que se encontra ligado a um cabo da
armadura (Figura 4.14), sendo que a análise do potencial entre a armadura e o referido eléctrodo
permite a definição de um mapa de corrosão potencial (Brito et al., 2009).
Figura 4.14 - Esquema de funcionamento da meia-célula galvânica (adaptado de FLH, 2015)
69
A leitura do potencial de meia-célula na superfície de betão depende de determinados factores
importantes para o processo de diagnóstico, nomeadamente do potencial de corrosão efectiva do
aço, espessura do betão de recobrimento, resistividade do betão e disponibilidade de oxigénio.
O Quadro 4.2 fornece, de acordo com a norma americana ASTM C876: 91, referente a estruturas de
betão expostas à atmosfera, critérios indicativos para a interpretação de leituras da meia-célula
galvânica, sendo necessário ter em consideração os eléctrodos de referência, tipicamente o cloreto
de prata e sulfato de cobre.
Quadro 4.2 - Interpretação das medições de potencial, de acordo com ASTM C 876:91 (adaptado de
DURATINET, 2012)
Potencial (Ecorr vs. ECuSO4) (V) Probabilidade de corrosão Ecorr > 0,2 < 10%
-0,2 > Ecorr > -0,35 desconhecida Ecorr < -0,35 > 90%
4.3 MATRIZ DE CORRELAÇÃO
4.3.1 Introdução
Considerando o sistema classificativo elaborado, o qual possibilita a normalização das fichas de
inspecção, é fundamental criar uma ferramenta que permita relacionar as anomalias detectadas no
local com os métodos de diagnóstico disponíveis, de modo a facilitar o processo de inspecção.
O sistema de inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista engloba a matriz de correlação
das suas anomalias com as respectivas causas prováveis (§3.4.2), anomalias entre si (§3.4.3) e
métodos de diagnóstico (§4.3). No presente subcapítulo, procede-se à correlação da informação
referente ao sistema classificativo dos métodos de diagnóstico (§4.2), de modo a ser possível
elaborar a correspondente matriz de correlação com as anomalias, recorrendo à metodologia e
estrutura preconizadas por Brito (1992) e Silvestre (2005).
Assim, de forma a ser possível atingir os referidos objectivos, foi utilizado um código simples, o qual
engloba graus de correlação (nenhuma, pequena ou grande) entre cada entrada das entidades, tendo
em consideração o sistema classificativo apresentado.
4.3.2 Matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico
Para a elaboração da presente matriz de correlação, foi considerada a existência da classificação das
anomalias descritas em §3.2, as quais foram relacionadas com os métodos de diagnóstico
potencialmente utilizados na identificação de manifestações patológicas em superfícies de betão à
vista.
Através da visualização do Quadro 4.3, é possível verificar a existência de anomalias com indicação
de mais de um método de diagnóstico de cada grau de correlação. A presença de mais de um
método de diagnóstico de pequena relação é justificada pelo facto de estes se encontrarem limitados
70
em termos de aplicabilidade, sendo que a sua execução se torna adequada, em termos técnico-
económicos, em situações concretas, que divergem de anomalia para anomalia. Por outro lado, os
casos em são indicados dois ou mais métodos de diagnóstico de grande relação são justificados pelo
facto de cada um corresponder à caracterização de um determinado parâmetro da anomalia em
causa, sendo, por isso, necessário utilizá-los de forma consecutiva, de forma a efectivar a totalidade
do diagnóstico pretendido (Silvestre, 2005).
Assim, apresenta-se seguidamente a matriz de correlação teórica entre as anomalias em superfícies
de betão à vista e os seus métodos de diagnóstico, a qual foi sujeita à validação através de casos
práticos, conforme se apresenta em §5.4.3. No decurso do processo de validação, resultaram
alterações em alguns graus de correlação, as quais se encontram devidamente assinaladas a
cinzento, apresentando-se no Quadro 4.3 a matriz de correlação já validada.
Quadro 4.3 - Matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico
A \ R
D-V
1
D-V
2
D-V
3
D-V
4
D-V
5
D-A
1
D-T
1
D-T
2
D-T
3
D-M
1
D-M
2
A-E1 2 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1
A-E2 2 0 0 2 0 0 1 1 0 0 0
A-E3 2 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0
A-E4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-E5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-E6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-M1 2 0 2 0 0 1 0 0 0 1 0
A-M2 2 1 2 0 1 0 0 1 0 1 1
A-M3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
A-M4 2 0 0 0 0 1 0 1 0 1 0
A-C1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C2 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
A-C3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
A-C4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A-C6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Na presente matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (Quadro 4.3), verifica-se que a
cada linha, representativa de uma determinada anomalia em superfícies de betão à vista, está
associada uma coluna, indicativa do respectivo método de diagnóstico, através de um número
correspondente ao grau de correlação entre ambos. O critério adoptado para a determinação do
referido grau de correlação baseia-se em Brito (1992):
0 - sem relação: não se verifica qualquer correlação entre a anomalia e o método de diagnóstico;
1 - pequena relação: verifica-se que o método de diagnóstico é adequado à caracterização de
determinada anomalia, embora apresente limitações, em termos de execução técnica ou custo, que
reduzem o espectro da sua aplicação;
71
2 - grande relação: verifica-se que o método de diagnóstico é adequado à caracterização de
determinada anomalia, cuja execução é de exigência técnica mínima e equipamento necessário
acessível, tornando o respectivo âmbito de aplicação abrangente.
Para finalizar, de modo a ser possível compreender as correlações representadas na matriz de
correlação anomalias - métodos de diagnóstico, apresenta-se um exemplo específico dos métodos,
referentes à anomalia eflorescências (A-E2) na superfície de betão à vista.
ANOMALIA:
A-E2 Eflorescências
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO ASSOCIADOS:
Métodos adequados:
D-V1 inspecção visual (não destrutivo);
D-V5 tiras colorimétricas (não destrutivo).
Métodos adequados com limitações:
D-T1 termo-higrómetro (não destrutivo);
D-T2 termografia de infravermelhos (não destrutivo).
4.4 FICHAS DE ENSAIO
Após a classificação dos métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista (§4.2) e
conhecimento das relações entre os mesmos e as anomalias existentes, é necessário apresentar, de
forma sucinta, a informação relativa a cada método de diagnóstico, sob a forma de fichas de ensaio
individuais (Anexo 4.I).
Tendo em consideração o sistema classificativo, as referidas fichas contemplam os seguintes dados
associados a cada método de diagnóstico (adaptado de: Brito, 1992; Silvestre 2005):
identificação da ficha de ensaio;
designação do método de diagnóstico;
figura ilustrativa;
tipo de ensaio (destrutivo / semi-destrutivo / não destrutivo);
objectivos do ensaio;
equipamento necessário;
descrição do método;
vantagens;
limitações;
referências bibliográficas.
72
Seguidamente, apresenta-se no Quadro 4.4 um exemplo de uma ficha de ensaio relativa ao método
de diagnóstico Termografia de infravermelhos (D-T2), a qual inclui todos os campos previamente
enunciados.
Quadro 4.4 - Ficha do método de diagnóstico D-T2
FICHA DE ENSAIO D-T2
DESIGNAÇÃO
PCE (2015)
Termografia de infravermelhos
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- identificar e avaliar heterogeneidades das superfícies de betão
à vista, através da emissão da respectiva radiação térmica
(infravermelha).
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
- câmara termográfica;
- cartão de memória (armazenamento de dados);
- máquina fotográfica.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. ligar a câmara termográfica e apontá-la para a superfície a inspeccionar;
2. focar até obter uma imagem de alta definição, de modo a ser possível identificar zonas anómalas
da superfície;
3. guardar no cartão de memória a imagem obtida;
4. comparar o termograma com a fotografia da superfície inspeccionada para facilitar a interpretação
dos resultados. VANTAGENS:
- método de diagnóstico adequado a uma estratégia de manutenção pró-activa;
- não requer contacto directo com a superfície;
- permite confirmar a presença de determinadas anomalias identificadas (como manchas de
humidade, fissuras, descasque e desagregação), através das variações térmicas.
LIMITAÇÕES:
- método qualitativo que necessita de ser complementado por métodos de diagnóstico locais que
permitam a determinação exacta das anomalias, causas associadas e resultados quantitativos;
- possíveis distorções causadas pela distância e ângulo da captura de imagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Mendonça (2005); ITC (2005); PCE (2015).
4.5 SÍNTESE DO CAPÍTULO
Considerando as referências bibliográficas consultadas e o conhecimento prático adquirido, procurou-
se executar uma classificação de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista que
identificasse todas as situações patológicas verificadas neste tipo de superfície. Assim, foi possível
considerar treze métodos de diagnóstico prováveis, em função dos estragos que provocam no local
ensaiado, associados a quatro grupos distintos: métodos de diagnóstico visuais / visuais assistidos
(D-V.), acústicos (D-A.), termo-higrométricos (D-T.) e magnéticos / electroquímicos (D-M.).
73
No presente capítulo, além dos métodos de diagnóstico, procedeu-se igualmente à elaboração da
matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (que se relaciona com o capítulo 3), de um
ponto de vista teórico, a qual posteriormente sofrerá validação, através da realização de um número
significativo de inspecções.
A referida informação encontra-se resumida nas fichas de métodos de diagnóstico individuais (Anexo
4.I) que, devido à sua fácil interpretação, se tornam fundamentais ao processo de diagnóstico das
manifestações patológicas existentes e respectivas causas prováveis. Assim, pretende-se que o
presente sistema classificativo de métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista auxilie
fortemente a inspecção global de edifícios, contribuindo para a concepção de um sistema de
inspecção e diagnóstico fiável.
74
75
5. VALIDAÇÃO DO SISTEMA E ANÁLISE ESTATÍSTICA
5.1 INTRODUÇÃO
O presente capítulo possui como intuito principal a validação dos sistemas classificativos propostos
para superfícies de betão à vista, nomeadamente o sistema classificativo das anomalias (§3.2.1),
causas prováveis (§3.3), métodos de diagnóstico (§4.2.1) e respectivas matrizes de correlação.
Tendo em consideração que a eficácia da validação de determinado sistema classificativo depende
intrinsecamente da qualidade e quantidade da amostra inspeccionada, foi desenvolvido um plano
aleatório de inspecções a 110 superfícies verticais passíveis de apresentarem manifestações
patológicas, as quais foram registadas em fichas de inspecção (§5.2.2) e validação (§5.2.3)
correspondentes.
Assim, procede-se a uma análise estatística referente à informação recolhida, sendo igualmente
apresentado um plano de inspecções, bem como a respectiva periodicidade necessária (§5.2). De
igual modo, através do referido tratamento estatístico dos dados, é possível extrapolar conclusões
relevantes acerca dos fenómenos patológicos associados às superfícies de betão à vista.
Por último, considerando que as inspecções efectuadas assentam exclusivamente no exame
macroscópico e/ou análise visual assistida, não foram utilizados quaisquer métodos de diagnóstico
adicionais (exceptuando o D-V3 Comparador de fissuras), tendo sido apenas indicado aqueles que
mais se adequam a cada caso específico. De qualquer forma, no âmbito da presente dissertação, a
utilização dos métodos de diagnóstico propostos não seria conveniente, em virtude de alguns
carecerem de equipamentos dispendiosos (por exemplo, D-T2 Termografia de infravermelhos, D-M1
Magnetómetro e D-M2 Meia-célula galvânica) e/ou requererem monitorização (como o D-V2
Fissurómetro e o D-V5 Testemunhos).
5.2 PLANO DE INSPECÇÕES
Tendo em consideração o intuito de validação do sistema classificativo proposto, procedeu-se à
execução de um plano aleatório de inspecções a superfícies de betão à vista, de forma a ser possível
identificar e caracterizar as anomalias existentes. Assim, foi preconizada uma campanha de
inspecções dispersa pelo território nacional (Lisboa, Porto, Sintra, Coimbra, Braga, Cascais,
Amadora, Montijo, Barreiro, Almada e Campo Maior), conforme representado na Figura 5.1, incidindo
em edifícios com diferentes padrões arquitectónicos, idades distintas e condições de exposição
heterogéneas. Deste modo, foi possível obter uma amostra representativa de 110 superfícies verticais
inspeccionadas que possibilita uma validação credível e fidedigna do sistema classificativo
apresentado.
Sendo a validação de qualquer sistema classificativo dependente da quantidade e qualidade dos
dados recolhidos, a importância da heterogeneidade da informação obtida assume particular
relevância ao nível da aplicabilidade do sistema proposto. Assim, a campanha de inspecções
efectuada incidiu em 53 edifícios distintos (Anexo 5.II) que permitiram a identificação de um total de
76
371 anomalias.
Figura 5.1 - Distribuição geográfica da amostra inspeccionada
Considerando o âmbito da presente dissertação, verifica-se que as inspecções executadas a
superfícies de betão à vista, com o intuito de proceder à validação do sistema classificativo proposto,
não se inserem nos tipos apresentados no Quadro 5.1. De qualquer forma, importa referir que o plano
de inspecções a superfícies de betão à vista assenta num conjunto de visitas periódicas, correntes
(executadas de 15 em 15 meses, de modo a identificar fenómenos sazonais) ou detalhadas
(executadas de 5 em 5 anos) e não periódicas, denominadas de pós-intervenção, conforme se
verifica no Quadro 5.1 (adaptado de: Brito, 1992; Brito e Flores-Colen, 2005; Silvestre, 2005).
Quadro 5.1 - Identificação e caracterização do programa de inspecções
Tipo de
inspecções
Periodicidade
mínima / máxima Objectivo Metodologia
Correntes 15 meses
Detectar anomalias de rápida
evolução;
monitorizar anomalias detectadas
em inspecções anteriores.
Observação visual de
superfícies de betão à vista;
reduzidas necessidades de
equipamento.
Detalhadas 5 anos
Monitorizar anomalias detectadas
em inspecções anteriores,
determinar a sua extensão,
gravidade e respectivas causas.
Observação visual de
superfícies de betão à vista;
ensaios in situ;
estrutura de apoio pessoal e
material considerável.
Pós-intervenção
Não periódicas
(no primeiro ano após
cada intervenção)
Verificar os casos de degradação
precoce, devido a erros de
execução das técnicas de
reparação.
Observação visual da
superfície de betão à vista;
reduzidas necessidades de
equipamento.
É necessário salientar que a eficiência das soluções de reparação de anomalias e eliminação das
respectivas causas deve ser avaliada com base em inspecções pós-intervenção não periódicas,
simultaneamente com inspecções correntes ou detalhadas (Quadro 5.1), podendo a superfície
77
reparada ser monitorizada, de modo a analisar o seu comportamento ao longo do tempo. Assim, com
o intuito de programar a respectiva reparação, podem ser diagnosticados fenómenos prováveis de
repatologia (Silvestre, 2005). De igual forma, as inspecções pós-intervenção possibilitam a detecção
de situações de degradação precoce com desenvolvimento inicial acelerado, particularmente em
superfícies exteriores, sendo que os referidos casos de repatologia podem estar associados a
diagnósticos deficientes ou ausência de meios para executar uma reparação propícia ou um correcto
diagnóstico.
A validação dos sistemas classificativos propostos, nomeadamente do sistema classificativo das
anomalias (§3.2.1), causas prováveis (§3.3), métodos de diagnóstico (§4.2.1) e respectivas matrizes
de correlação, pretende fundamentalmente que estes constituam um sistema de apoio eficaz ao
processo de inspecção, de modo a ser possível auxiliar convenientemente as inspecções efectuadas
a superfícies de betão à vista, as quais devem incluir um técnico que, não sendo necessariamente um
engenheiro, possua experiência comprovada no referido domínio (Silvestre, 2005).
A metodologia de actuação depende sobretudo do grau de degradação, padrão de qualidade exigido,
gravidade das anomalias, manutenção exigida e recursos financeiros necessários. Para a presente
dissertação, foi tido em consideração o nível de gravidade de determinada anomalia, o qual se
encontra associado à respectiva urgência de reparação. Deste modo, foram definidos os três níveis
de gravidade seguintes:
nível 0 - necessidade de intervenção imediata (até 6 meses): onde são inseridos os casos em que
se verifica destacamento / desagregação significativa do betão, particularmente quando estes
tornam a armadura visível. Além disso, devem ser incluídas situações em que a anomalia atinja
uma área considerável da superfície e simultaneamente apresente condições para progressão do
fenómeno;
nível 1 - necessidade de intervenção a médio prazo (até 2 anos): onde são inseridos todos os
casos em que se verificam destacamentos pontuais ou situações em que os fenómenos
patológicos de menor gravidade atinjam uma área significativa da superfície. Além destes,
incluem-se igualmente todos os casos de anomalias que não apresentam condições para
progressão do fenómeno e assim não necessitam de reparação imediata ou monitorização;
nível 2 - necessidade de monitorizar a evolução da anomalia, particularmente na próxima
inspecção.
Deste modo, o plano de inspecções apresentado possibilita a minimização da necessidade de
intervenções de reparação de superfícies de betão à vista, especialmente do tipo preventivo,
nomeadamente se inserido numa estratégia de manutenção pró-activa que inclua inspecções e
acções que propiciem a divulgação das prescrições a serem utilizadas na fase de projecto (Silvestre,
2005). De igual forma, a adopção de uma estratégia de manutenção com esta tipologia, ao longo da
vida útil da superfície, deve ser promovida e divulgada com o intuito de controlar e minimizar as
consequências das anomalias.
78
5.2.1 Mapeamento das anomalias
Tendo em consideração que as fichas de inspecção não permitem a identificação exacta da
localização das anomalias inspeccionadas numa determinada superfície de betão à vista, é
necessário a utilização de uma ferramenta capaz de complementar a sua informação. Assim, recorre-
se ao mapeamento das anomalias que permite, através de um esquema de malha simplificada com
quadrados / rectângulos ou fotografias locais, conhecer a incidência de cada anomalia em toda a
extensão da superfície e respectiva gravidade.
Para a execução do mapeamento das anomalias, o inspector deve assinalar cuidadosamente as
áreas afectadas pelas anomalias existentes e a sua extensão, baseando-se fundamentalmente na
observação visual da superfície, auxiliado pelas fichas de anomalia (Anexo 3.I), que possuem
fotografia identificativa, ou complementado por dados mais precisos (plantas e alçados, quando
possível).
Por último, importa referir que o mapeamento das anomalias de determinada superfície de betão à
vista constitui uma ferramenta relevante para a futura elaboração de projectos de reparação, em
virtude de permitir a determinação da incidência das anomalias e respectiva gravidade, bem como
extensão associada, que seria de difícil obtenção apenas por recurso às fichas de inspecção.
5.2.2 Fichas de inspecção
As fichas de inspecção compreendem informação relativa aos edifícios e respectivas superfícies de
betão à vista inspeccionadas. De igual modo, pretendem caracterizar o tipo de edifício, localização,
área afectada e exposição a agentes agressivos, diferenciando-se superfícies interiores de exteriores.
Assim, tendo em consideração a informação presente em trabalhos semelhantes, é possível
enumerar o seguinte conteúdo que consta das fichas de inspecção (adaptado de Silvestre, 2005):
cabeçalho com o número da ficha de inspecção, data em que ocorreu, responsável pela mesma,
bem como a respectiva função e objectivo;
condições climatéricas no momento da inspecção, como temperatura, pluviosidade e humidade;
localização do edifício, respectiva altitude, ano de construção, tipo de utilização e número de
pisos acima do solo;
caracterização da envolvente do edifício, tendo em consideração a zona climática, zona de
vento, exposição a agentes agressivos, tipo de envolvente e proximidade do mar;
contactos eventualmente efectuados e notas relevantes;
código da superfície inspeccionada, respectiva localização (interior, exterior ou outra), função
principal (fachada, muro ou outra), orientação, classe de exposição ambiental, sombreamento,
cota acima do terreno, dimensões, acabamento superficial, protecção superficial, coloração do
betão, possíveis intervenções anteriores na superfície e notas relevantes;
79
no caso de existirem operações de manutenção registadas, recolhe-se a tipologia e
periodicidade das inspecções ou intervenções efectuadas, respectivas características, data de
execução, técnicas, materiais utilizados e observações eventualmente necessárias.
Importa referir que, apesar de o campo referente à manutenção não ter sido utilizado nas inspecções
executadas, decidiu-se incluí-lo nas fichas de inspecção, com o intuito de poderem ser utilizadas em
trabalhos futuros de levantamento de anomalias / inspecções. Além disso, aquando da realização das
inspecções, particularmente durante o preenchimento das referidas fichas, podem surgir algumas
dificuldades associadas à recolha de informação, nomeadamente em termos dos materiais aplicados
e operações de manutenção que a superfície sofreu. A falta do registo adequado deste tipo de
informação impede a avaliação das opções que foram tomadas em intervenções anteriores e anula a
base de trabalho para analisar o seu desempenho e apoiar na selecção das novas intervenções.
Posteriormente, apresenta-se no Quadro 5.2 uma ficha de inspecção exemplificativa, relativa à
superfície de betão à vista 001, correspondente ao edifício 01.
Quadro 5.2 - Ficha de inspecção número 01
Ficha de inspecção
Ficha de inspecção N.º 001 Data da inspecção 30 / 03 / 2015
Responsável / função Cátia Silva; Fábio Coelho
Objectivo da inspecção Dissertação de Mestrado
I - Condições climatéricas
I.1 - Temperatura < 5° entre 5° e 15° > 15° X
I.2 - Pluviosidade Nula X Aguaceiros Chuva
I.3 - Humidade Baixa X Média Alta
II - Edifício
II.1 - Localização Centro Social Paroquial de Mira-Sintra, Sintra Ed. 01
II.2 - Altitude (m) 0 - 300 X 300 - 600 > 600
II.3 - Tipo de utilização Serviços II.4 - Ano de construção 1982
II.5 - N.o de pisos acima do solo
1
II.6 - Zona climática (ver anexo 5.Ia)
Inverno A B X
Verão A B X C
II.7 - Zona vento A X B (ver anexo 5.Ib)
II.8 - Rugosidade aerodinâmica (ver anexo 5.Ib)
Tipo 0 Tipo I Tipo II Tipo III X Tipo IV
II.9 - Exposição a agentes poluentes
Alta Média Baixa X Nula
II.10 - Tipo de envolvente Rural Urbana X Marítima
II.11 - Proximidade do mar < 1 km < 5 km > 5 km X
II.12 - Contactos efectuados
D. Obra
Projectista Empreiteiro Outro
II.12.1 - Nome(s)
II.13 - Notas
80
Quadro 5.2 (Continuação) - Ficha de inspecção número 01
III - Superfícies vistoriadas
III.1 - Identificação S.: 001
III.2 - Localização Exterior X Interior Outra
III.3 - Função principal Fachada X Muro Outra
III.4 - Orientação da superfície
Norte X Sul Este X Oeste (ex.: NE = Norte + Este)
III.5 - Classes de exposição ambiental
XC4; XF1 (ver anexo 5.Ic)
III.6 - Sombreamento Ausente Parcial X Total
III.7 - Cota acima do terreno (m)
0
III.8 - Dimensões da superfície (m)
Altura 4,5 Largura 23
III.9 - Acabamento superficial
Liso Texturado X
III.10 - Protecção superficial
Sem protecção Tinta X Verniz Hidrófugo
Outra
III.11 - Cor
Branco Castanho Cinzento X Vermelho
Preto Verde Amarelo Azul
Cinzento escuro Outra
III.12 - Intervenções anteriores
Sim Não X (Se sim, preencher ponto IV.3)
III.13 - Notas Textura das tábuas de cofragem
IV - Manutenção
IV.1 - Tipologia implementada
IV.2 - Periodicidade das inspecções e / ou das intervenções
IV.3 - Características das intervenções efectuadas
Data; Técnica utilizada; Materiais aplicados
Data; Técnica utilizada; Materiais aplicados
V - Observações
5.2.3 Fichas de validação
As fichas de validação possibilitam a validação dos sistemas classificativos propostos na presente
dissertação, complementando o processo de inspecção através do preenchimento de diversos
campos, os quais permitem a identificação e caracterização das anomalias detectadas em cada
superfície de betão à vista. Considerando cada anomalia detectada, estas fichas possibilitam ainda o
registo in situ das respectivas causas prováveis, métodos de diagnóstico adequados à sua
identificação, bem como as técnicas de reparação associadas. Assim, cada inspecção executada
81
corresponde a uma determinada ficha de validação, a qual engloba (adaptado de Silvestre, 2005; Sá,
2011; Sá, 2010):
número da ficha de validação, data em que ocorreu a inspecção, código do edifício e da
superfície;
identificação das anomalias detectadas, tendo em consideração o sistema classificativo proposto
em §3.2.1;
caracterização das anomalias identificadas, nomeadamente percentagem de área afectada,
condições para progresso / repetição do fenómeno, presença de água / humidade, produção de
som cavo, quando submetida à percussão, dimensão média das fissuras e nível de gravidade;
identificação das causas prováveis, especificando as directas (2) e indirectas (1), conforme
proposto em §3.3;
determinação dos métodos de diagnóstico mais adequados a cada caso, de acordo com o
sistema classificativo proposto em §4.2.1;
indicação das técnicas de reparação adequadas, de acordo com o sistema classificativo das
técnicas de reparação e manutenção proposto por Coelho (2015).
Seguidamente, apresenta-se, no Quadro 5.3, uma ficha de validação exemplificativa.
Quadro 5.3 - Ficha de validação número 001
Ficha de validação
Ficha de validação N.º 001 Data da inspecção 30 / 03 / 2015 Código do edifício Ed.: 01 Código da superfície S.: 001
I - Anomalias detectadas
A-E Estéticas
A-E1 Manchas X
A-E2 Eflorescências A-E3 Colonização biológica X A-E4 Desgaste / erosão
A-E5 Bolhas de pele
A-E6 Graffiti X A-M Mecânicas
A-M1 Fissuração mapeada A-M2 Fissuração direccionada A-M3 Desagregação A-M4 Descasque
A-C Construtivas / geométricas
A-C1 Defeitos de planeza X A-C2 Ninhos de agregados / chochos A-C3 Marcas de tiges A-C4 Esbabaçado A-C5 Crostas A-C6 Incrustações de cofragem
Notas
82
Quadro 5.3 (Continuação) - Ficha de validação número 001
II - Caracterização das anomalias (preencher apenas as aplicáveis à anomalia)
Anomalias
A-E1 A-E3 A-E6 A-C1
Percentagem de área afectada: (…) % 30 5 5 80
Condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N)
S S S N
Presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N)
N N
Produção de som cavo quando submetido à percussão (S / N)
Dimensão média das fissuras: (…) mm
Nível de gravidade (0; 1; 2) 1 2 0 1
0 - intervenção imediata (até 6 meses) 1 - intervenção a médio prazo (até 2 anos); 2 - monitorizar a evolução da anomalia (próxima inspecção)
Notas
III - Causas prováveis (1 - causa indirecta / 2 - causa directa)
Anomalias
A-E1 A-E3 A-E6 A-C1
C-P Erros de projecto
C-P1 Deficiente aplicação de regulamentos / especificações
C-P2 Concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras)
1
C-P3 Cofragem inadequada
C-P4 Agente descofrante inadequado
C-P5 Processo construtivo inadequado
C-P6 Deficiente pormenorização das armaduras
C-P7 Concepção / posicionamento deficiente das juntas de dilatação
C-E Erros de execução
C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada 1
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização 2
C-E4 tempo de descofragem inadequado
C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos)
C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão 1
C-E9 junta de betonagem mal executada
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras
C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza)
C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis
C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente
C-A Acções ambientais
C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas
2 1
83
Quadro 5.3 (Continuação) - Ficha de validação número 001
C-A2 exposição solar alta / reduzida 1
C-A3 acção do vento 1
C-A4 presença de água / chuva 1 2
C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem)
C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo)
C-M Acções mecânicas
C-M1 abrasão
C-M2 choques / pancadas
C-M3 corrosão / expansão da armadura
C-M4 deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações)
C-M5 concentração de tensões (junto a aberturas)
C-G Agentes agressivos
C-G1 reacção álcalis-sílica
C-G2 sulfatos
C-G3 sal / água salgada (cloretos)
C-G4 compostos orgânicos 1
C-G5 ácidos
C-U Utilização e manutenção
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial
1 1
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas
C-U3 vandalismo 2
Notas
IV - Métodos de diagnóstico Anomalias
A-E1 A-E3 A-E6 A-C1
D-V Visuais / visuais assistidos
D-V1 Inspecção visual (não destrutivo) X X X X
D-V2 Fissurómetro (não destrutivo)
D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras (não destrutivo)
D-V4 Tiras colorimétricas (não destrutivo)
D-V5 Testemunhos (não destrutivo)
D-A Acústicos
D-A1 Martelo de borracha (não destrutivo)
D-T Termo-higrométricos
D-T1 Termo-higrómetro (não destrutivo) X
D-T2 Termografia de infravermelhos (não destrutivo)
D-T3 ISAT - initial surface absorption test (não destrutivo)
D-M Magnéticos / electroquímicos
D-M1 Magnetómetro (não destrutivo)
D-M2 Meia-célula galvânica (semi-destrutivo)
Notas
84
5.3 VALIDAÇÃO DO SISTEMA CLASSIFICATIVO
Tendo em consideração a campanha de inspecções executada a 53 edifícios, foi possível obter-se
informação acerca de 110 superfícies verticais de betão à vista (Quadro 5.4). Apesar de terem sido
analisadas superfícies com funções principais distintas, verifica-se que 86% das superfícies
inspeccionadas correspondem a fachadas, em virtude de a maior parte dos edifícios inspeccionados
possuírem betão à vista exteriormente, sendo interiormente revestidos com outros materiais, os quais
não se enquadram no âmbito da presente dissertação. De igual modo, verifica-se que, quando
ponderadas pela área, as fachadas correspondem a 94% da área total de superfícies inspeccionadas
(Quadro 5.4).
O conjunto de inspecções realizadas possibilitou a recolha de informação referente a condições de
exposição, manifestações patológicas identificadas, causas prováveis associadas e métodos de
diagnóstico adequados. De igual modo, foram obtidos dados relacionados com as técnicas
necessárias à reparação da anomalia detectada, as quais não são objecto de análise da presente
dissertação.
Quadro 5.4 - Frequências absoluta e relativa (ponderada pelas áreas) das superfícies de betão à vista
inspeccionadas
Localização \ Função Fachada Muro Outra Total
Exterior 95 (94%) 3 (3%) 8 (2%) 106 (99%)
Interior 0 (0%) 0 (0%) 4 (1%) 4 (1%)
Total 95 (94%) 3 (3%) 12 (3%) 110 (100%)
Importa referir que, através do software Microsoft Access e dos dados inspeccionados, foi possível
criar uma base de dados de suporte à validação do sistema classificativo proposto e respectivas
matrizes de correlação, a qual não será apresentada por possuir elevada quantidade de informação
armazenada e não constituir um objectivo da presente dissertação.
5.3.1 Validação do sistema classificativo das anomalias
Primeiramente, procedeu-se à validação do sistema classificativo de anomalias, a qual englobou a
identificação de 371 anomalias num total de 110 superfícies de betão à vista inspeccionadas. Tendo
em consideração que, no âmbito da presente dissertação, os sistemas classificativos propostos não
apresentam qualquer distinção entre superfícies exteriores e interiores, não é pertinente a sua
validação separada.
Assim, apresentam-se as frequências absolutas e relativas (Figura 5.2) referentes a cada uma das
anomalias identificadas, resultando uma média de 3,4 anomalias por superfície. As frequências
absolutas representam o número de ocorrências individuais das manifestações patológicas
observadas, enquanto as relativas resultam da divisão da frequência absoluta pelas 110 superfícies
inspeccionadas.
85
Figura 5.2 - Frequência absoluta e relativa das anomalias identificadas nas 110 inspecções
Deste modo, verifica-se que a anomalia A-E1 Manchas possui o maior número de ocorrências
verificadas, ocorrendo em 87,3% das superfícies de betão à vista inspeccionadas, para o que
contribui o facto de esta anomalia englobar diferentes tipos de manchas (variações de tonalidade /
cor, manchas de sujidade, corrosão, hidratação / humidade), conforme detalhado em §3.2.2.
Por outro lado, e tal como era esperado, a anomalia A-M3 Desagregação apresenta a menor
representatividade no conjunto de inspecções executadas, ocorrendo apenas uma vez na amostra
considerada. Tendo em consideração que a A-M3 Desagregação, conforme referido em §3.2.2,
corresponde à desintegração progressiva das camadas superficiais do betão, a sua presença é
apenas observável em situações em que a superfície se encontre em estado avançado de
degradação. Dada a elevada durabilidade associada ao betão, esta anomalia é maioritariamente
verificada em superfícies mais antigas (a superfície de betão à vista onde a referida anomalia foi
registada possui 40 anos). Assim, considerando as justificações apontadas, a anomalia deve manter-
se no sistema classificativo proposto.
De igual forma, a anomalia A-C6 Incrustações de cofragem possui igualmente reduzido número de
ocorrências, em virtude de apresentar características e causas particulares (§3.2.2), frequentemente
associadas a cofragens de madeira e plástico. Considerando que, na concepção de superfícies de
betão à vista, podem ser utilizados diferentes tipos de materiais, conforme referido em §2.3.2, é
expectável que apenas em parte das superfícies inspeccionadas se tenha recorrido aos materiais
mais susceptíveis de originar a presente anomalia, o que justifica a baixa representatividade
observada e, por conseguinte, a sua permanência no sistema classificativo.
5.3.2 Validação do sistema classificativo das causas prováveis
Considerando o sistema classificativo das causas prováveis associadas às anomalias verificadas em
superfícies de betão à vista, é possível verificar as frequências absolutas e relativas correspondentes,
para um total de 1191 causas registadas (419 directas e 772 indirectas), equivalendo a uma média de
96 (87,3%)
8 (7,3%)
13 (11,8%)
10 (9,1%)
35 (31,8%)
4 (3,6%)
14 (12,7%)
53 (48,2%)
1 (0,9%)
21 (19,1%)
36 (32,7%)
23 (20,9%)
31 (28,2%)
7 (6,4%)
18 (16,4%)
1 (0,9%)
0 20 40 60 80 100 120
A-E1
A-E2
A-E3
A-E4
A-E5
A-E6
A-M1
A-M2
A-M3
A-M4
A-C1
A-C2
A-C3
A-C4
A-C5
A-C6
86
3,2 causas possíveis por anomalia. A existência de mais de uma causa directa provável para
determinada anomalia relaciona-se com o facto de a campanha de inspecções ter sido efectuada com
base na observação visual, sem qualquer recurso a métodos de diagnóstico adicionais que poderiam,
efectivamente, esclarecer situações pontuais de dúvida acerca da origem da anomalia inspeccionada.
Além disso, a determinada manifestação patológica podem estar associadas diferentes causas
indirectas, conforme referido em §3.3.
Posteriormente, apresentam-se as frequências absolutas e relativas das causas prováveis
associadas às anomalias, por grupos classificativos, as quais, aliadas à experiência adquirida ao
longo da campanha de inspecções efectuada, permitem retirar conclusões relevantes para a
consolidação do propósito da presente dissertação.
Relativamente às causas referentes ao grupo C-P Erros de projecto (Figura 5.3), é possível verificar a
sua baixa representatividade global no conjunto de anomalias inspeccionadas, sendo que as causas
C-P1 Deficiente aplicação de regulamentos / especificações e C-P5 Processo construtivo inadequado
não foram consideradas em nenhum caso observado. O principal motivo para a reduzida frequência
do presente grupo deve-se fundamentalmente à falta de informação associada ao projecto dos
edifícios inspeccionados. Contudo, apesar do fraco número de ocorrências do grupo, este deve
permanecer no sistema classificativo, em virtude de as respectivas causas poderem constituir a
origem de muitas anomalias identificadas (§3.2.2), embora não tenham sido verificadas
explicitamente na campanha de inspecções efectuada, por esta se ter baseado exclusivamente na
inspecção visual das superfícies, sem recurso a quaisquer conteúdos relativos ao projecto.
Figura 5.3 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Erros de projecto nas 371
anomalias identificadas
Como era expectável, as causas associadas ao grupo C-E Erros de execução apresentam uma
frequência elevada em relação ao total da amostra inspeccionada, visto corresponderem a cerca de
67% das causas registadas, o que comprova o facto de o presente grupo constituir um valor superior
a 1/3 do total de causas incluídas no sistema classificativo proposto (14 em 40).
0 (0,0%)
24 (6,5%)
36 (9,7%)
1 (0,3%)
0 (0,0%)
18 (4,9%)
3 (0,8%)
0 5 10 15 20 25 30 35 40
C-P1
C-P2
C-P3
C-P4
C-P5
C-P6
C-P7
87
Assim, tendo em consideração a Figura 5.4, correspondente às causas associadas ao grupo C-E
Erros de execução, verifica-se que C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E3
Cofragem deficiente / com excesso de utilização possuem frequência superior. Ambas as causas
prováveis se encontram associadas à anomalia A-E1 Manchas que, por sua vez, possui elevada
representatividade na amostra considerada. De igual modo, encontram-se na génese da maioria das
anomalias A-C Construtivas / geométricas, as quais, no seu conjunto, apresentam igualmente
importância considerável no total de superfícies de betão à vista inspeccionadas, conforme é possível
verificar na Figura 5.2.
Figura 5.4 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-E Erros de execução nas 371
anomalias identificadas
Por outro lado, verifica-se que C-E2 Não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de
encargos, C-E5 Armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes e C-E9 junta de
betonagem mal executada não foram assinaladas como causas prováveis das anomalias
identificadas (Figura 5.4), apesar da importância significativa que possuem na génese de
determinadas manifestações patológicas, conforme referido em §3.2.2. Esta baixa frequência é
justificada pela falta de informação associada ao processo construtivo, particularmente ao nível da
fase de execução das superfícies.
Relativamente ao grupo C-A Acções ambientais, as causas com maior frequência, nomeadamente C-
A1 Partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas e C-A4 Presença de água / chuva,
possuem valores superiores a 11%, em concordância com a expressividade global do seu grupo na
amostra inspeccionada (11,3%). De qualquer forma, todas as causas do grupo referente às C-A
Acções ambientais apresentam registos de contribuição para a ocorrência de anomalias em
superfícies de betão à vista (Figura 5.5), o que evidencia a necessidade da sua presença no sistema
classificativo proposto.
De qualquer forma, importa salientar que, embora a causa C-A6 Gelo (ciclos gelo / degelo) apresente
baixa frequência, tem a sua presença justificada no sistema classificativo proposto pelo facto de,
87 (23,5%)
0 (0,0%)
174 (46,9%)
2 (0,5%)
0 (0,0%)
11 (3,0%)
18 (4,9%)
189 (50,9%)
0 (0,0%)
22 (5,9%)
75 (20,2%)
75 (20,2%)
55 (14,8%)
41 (11,1%)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
C-E1
C-E2
C-E3
C-E4
C-E5
C-E6
C-E7
C-E8
C-E9
C-E10
C-E11
C-E12
C-E13
C-E14
88
segundo Brito (1987), poder estar na origem de A-M4 Descasque e A-M3 Desagregação. Além disso,
as condições climatéricas médias em Portugal, particularmente nos locais inspeccionados, fazem
com que esta causa seja pouco expressiva no conjunto de edifícios da amostra, o que não invalida o
facto de poder ser relevante em zonas com temperaturas extremas.
Figura 5.5 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-A Acções ambientais nas 371
anomalias identificadas
Comparativamente com o grupo C-E Erros de execução, a expressão global das causas associadas
às C-M Acções mecânicas não é elevada, apresentando um valor de 7,5% das causas totais
identificadas, para um grupo que corresponde a 12,5% do total de causas incluídas no sistema
classificativo proposto. De qualquer modo, todas as causas do presente grupo possuem frequências
associadas (Figura 5.6), o que demonstra a sua relevância no sistema classificativo proposto, sendo
que a causa C-M1 Abrasão apresenta menor representatividade, possivelmente em consequência de
a maior parte dos edifícios inspeccionados se localizar em meio urbano, estando as superfícies
menos susceptíveis ao fenómeno referido.
Figura 5.6 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-P Acções mecânicas nas 371
anomalias identificadas
44 (11,9%)
12 (3,2%)
10 (2,7%)
48 (12,9%)
10 (2,7%)
2 (0,5%)
0 10 20 30 40 50 60
C-A1
C-A2
C-A3
C-A4
C-A5
C-A6
2 (0,5%)
8 (2,2%)
25 (6,7%)
14 (3,8%)
34 (9,2%)
0 5 10 15 20 25 30 35 40
C-M1
C-M2
C-M3
C-M4
C-M5
89
O grupo correspondente a C-G Agentes agressivos é aquele que apresenta menor representatividade
global relativamente às causas assinaladas, correspondendo a um valor de aproximadamente 2%,
em virtude de estas estarem associadas a meios agressivos concretos, os quais não foram
verificados na amostra aleatória de edifícios inspeccionados.
Através da Figura 5.7, é possível verificar que a causa C-G4 Compostos orgânicos possui a
frequência mais representativa do conjunto, o que pode ser justificado pelo facto de, segundo PCI
(2007) e Nunes (2013), se encontrar associada a determinadas anomalias estéticas, nomeadamente
A-E2 Eflorescências e A-E3 Colonização biológica. Por outro lado, a ausência de registos da causa
C-G3 Sal / água salgada (cloretos) encontra-se igualmente associada à aleatoriedade da amostra de
edifícios inspeccionados, o que, aliado ao facto de Moreira (1991) e Brito et al. (2009) a considerarem
como causa provável de certas anomalias (§3.2.2), justifica a sua presença no sistema classificativo.
Figura 5.7 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-G Agentes agressivos nas 371
anomalias identificadas
Por último, as causas associadas ao grupo C-U Utilização e manutenção apresentam a segunda
menor expressividade (7,5%) relativamente ao total de causas incluídas no sistema classificativo.
A partir da análise da Figura 5.8, é possível verificar que todas as causas referidas foram associadas
às anomalias identificadas em superfícies de betão à vista, o que evidencia a necessidade da sua
presença no sistema classificativo. A causa C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de
renovação da protecção superficial destaca-se como sendo a que apresenta maior frequência, visto
que se encontra associada a anomalias com grande representatividade na amostra inspeccionada.
Assim, a limpeza permite eliminar A-E1 Manchas (de sujidade), A-E2 Eflorescências e A-E3
Colonização biológica, as quais apresentam frequência considerável, enquanto a protecção
superficial possibilita, através de tintas, vernizes, hidrófugos e produtos anti-graffiti, a minimização
das anomalias anteriores, bem como da A-E6 Graffiti.
Por outro lado, a causa C-U3 Vandalismo apresenta menor frequência, comparativamente com as
restantes, o que pode dever-se ao facto de a amostra ser maioritariamente composta por edifícios de
1 (0,3%)
1 (0,3%)
0 (0,0%)
12 (3,2%)
1 (0,3%)
0 2 4 6 8 10 12 14
C-G1
C-G2
C-G3
C-G4
C-G5
90
serviços com alguma vigilância, sendo, por isso, menos propensos ao surgimento da referida causa,
justificando assim a sua presença no sistema classificativo proposto.
Figura 5.8 - Frequência absoluta e relativa das causas do grupo C-U Utilização e manutenção nas
371 anomalias identificadas
5.3.3 Validação do sistema classificativo dos métodos de diagnóstico
Relativamente aos métodos de diagnóstico, que permitem a caracterização pormenorizada in situ das
anomalias identificadas e causas prováveis associadas, considerados nos sistema classificativo
proposto (§4.2.1), apresenta-se na Figura 5.9 a respectiva frequência absoluta observada na
amostra. Tendo em consideração o número total de 512 métodos de diagnóstico assinalados,
verifica-se uma média de 1,4 preconizados por anomalia.
Figura 5.9 - Frequência absoluta e relativa dos métodos de diagnóstico indicados para as 371
anomalias identificadas
Através da análise da Figura 5.9, e com base na experiência adquirida nas inspecções executadas,
consideram-se admissíveis os valores apresentados e a média referida, visto que, em certos casos, é
44 (11,9%)
11 (3,0%)
4 (1,1%)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
C-U1
C-U2
C-U3
371 (100,0%)
5 (1,3%)
60 (16,2%)
8 (2,2%)
3 (0,8%)
6 (1,6%)
17 (4,6%)
17 (4,6%)
4 (1,1%)
11 (3,0%)
9 (2,4%)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
D-V1
D-V2
D-V3
D-V4
D-V5
D-A1
D-T1
D-T2
D-T3
D-M1
D-M2
91
necessário recorrer a mais do que um método para realizar um diagnóstico correcto. De igual modo, é
possível verificar que, face ao espectro de anomalias em superfícies de betão à vista, todos os
métodos de diagnóstico podem ser vantajosos.
Conforme referido, é possível verificar que todos os métodos de diagnóstico considerados são
passíveis de ser utilizados no processo de inspecção de superfícies de betão à vista, dado o número
repetido de registos efectuados. A utilização do método D-V1 Inspecção visual é expectavelmente
superior aos restantes, tendo sido assinalado em todas as inspecções efectuadas, na medida em que
serve como meio de partida para a selecção dos restantes métodos de diagnóstico a aplicar,
permitindo identificar a anomalia presente na superfície, sua extensão e causas prováveis associadas
(§4.2.2).
Por outro lado, apesar da elevada representatividade do método D-V1 Inspecção visual, é possível
perceber que o D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras se destaca pela sua
frequência (Figura 5.9), o que justifica a sua inclusão no sistema classificativo proposto, devido à
presença de um número significativo de fissuras (sem movimento associado) na amostra
inspeccionada. De qualquer forma, tendo em consideração que o sistema classificativo proposto deve
ser o mais abrangente possível, é conveniente a inclusão de outros métodos capazes de acompanhar
a evolução temporal de fissuras, nomeadamente o DV2 Fissurómetro e o DV5 Testemunhos, apesar
da menor frequência que apresentam. De igual modo, verifica-se que o método DV4 Tiras
colorimétricas apresenta fraca expressividade no conjunto, em consequência de estar associado à
identificação de sais solúveis na superfície de betão à vista. Tendo em consideração que o referido
método se relaciona com a anomalia A-E2 Eflorescências (§4.2.2), apresentando frequências
absolutas similares (Figura 5.2), a sua presença é assim justificada no sistema classificativo proposto.
Relativamente ao método acústico (D-A1 Martelo de borracha), importa referir que a sua reduzida
frequência (Figura 5.9) se relaciona com o facto de constituir um meio de confirmação do diagnóstico
inicial efectuado por exame macroscópico (D-V1 Inspecção visual), sendo apenas utilizado em
situações de dúvida relativamente à anomalia ou causas associadas. Deste modo, é possível
justificar a baixa representatividade do presente método de diagnóstico, dada a baixa incerteza
associada à identificação dos fenómenos patológicos da amostra, o que fundamenta a sua presença
no sistema classificativo.
Os métodos termo-higrométricos (D-T) têm uma expressão de 6,6% em relação ao conjunto de
métodos de diagnóstico assinalados na campanha de inspecções, sendo o método D-T3 ISAT - initial
surface absorption test o que apresenta frequência inferior, conforme é possível verificar na Figura
5.9. De qualquer forma, constitui um método relevante na determinação do grau de porosidade da
superfície de betão à vista, a qual pode ser interessante na confirmação de causa(s) associada(s) a
determinada anomalia, o que justifica a sua presença no sistema classificativo proposto. Assim, o
motivo da sua fraca aplicação nas superfícies inspeccionadas pode resultar do facto de ser um
método pouco expedito e se encontrar associado a anomalias pouco representativas na amostra
aleatória inspeccionada. Por outro lado, sendo o D-T1 Termo-higrómetro e a D-T2 Termografia de
92
infravermelhos métodos termo-higrométricos com frequências superiores (Figura 5.9), a maior
expressão do primeiro deriva da sua simplicidade e facilidade de utilização.
Por fim, verifica-se que o método D-M1 Magnetómetro apresenta frequências absoluta e relativa
superiores ao D-M2 Meia-célula galvânica, embora ambos constituam o grupo D-M Magnético /
electroquímico que tem pouca representatividade no conjunto de métodos de diagnóstico assinalados
(Figura 5.9). A frequência do D-M1 Magnetómetro pode ser explicada pela sua utilização apenas em
superfícies onde os elementos metálicos podiam potenciar as anomalias detectadas, enquanto a
pouca representatividade do método D-M2 Meia-célula galvânica reflecte o reduzido número de
superfícies inspeccionadas cuja(s) anomalia(s) resulta(m) de corrosão não visível das armaduras.
Contudo, a presença do referido grupo no sistema classificativo proposto é efectivamente relevante
para a execução de um processo de inspecção completo e abrangente.
5.4 VALIDAÇÃO DAS MATRIZES DE CORRELAÇÃO
Com o intuito de validar o sistema classificativo proposto para superfícies de betão à vista, é
necessário verificar e ajustar os procedimentos adoptados, bem como as matrizes teóricas
executadas entre as anomalias e respectivas causas prováveis (§3.4.2), inter-anomalias (§3.4.3) e
entre anomalias e métodos de diagnóstico (§4.3.2). Assim, são tidos em consideração os dados
recolhidos na campanha de inspecções realizada a 110 verticais superfícies, as quais ficaram
registadas em fichas de inspecção e validação.
Deste modo, procedeu-se à comparação das relações incluídas nas matrizes teóricas com as obtidas
através das inspecções realizadas às superfícies de betão à vista, tendo resultado determinados
ajustes, que são apresentados nos subcapítulos seguintes.
5.4.1 Matriz de correlação anomalias - causas prováveis
Relativamente à correlação entre as anomalias e causas prováveis associadas, considerando que
nas inspecções foi registado o grau de contribuição da causa para a anomalia (directa ou indirecta),
foi utilizada uma forma simplificada de obter um valor comparável com o coeficiente teórico de
correlação (0, 1 para causas indirectas e 2 para directas). Assim, tendo em consideração que uma
causa indirecta pode corresponder a uma directa pouco provável, a uma indirecta pouco provável ou
indirecta provável, foi utilizado o algoritmo que é apresentado seguidamente, de modo a ser possível
obter o grau de correlação entre anomalias e causas (Cac) na amostra.
Nas fórmulas apresentadas, f1 corresponde à frequência relativa dos casos em que foi assinalado o
grau de correlação 1 (causa indirecta) entre a anomalia e a causa e f2 está associado à frequência
relativa dos casos em que se assinalou o grau de correlação 2 (causa directa) entre a anomalia e a
causa (Silvestre, 2005), nomeadamente:
(f1 + f2) ≤ ⅓ Cac = 0
(f2 > f1) ∧ (f2 > ⅓) Cac =2
93
restantes casos Cac = 1
Após a determinação do grau de correlação entre anomalias e causas na amostra, foi executada uma
tabela (Anexo 5.III, resumida no Quadro 5.5) em que é feita uma comparação das relações de
correlação previstas de forma teórica com os valores obtidos na amostra analisada, sendo
assinalados a verde os casos em que se verifica concordância entre a previsão teórica e os
resultados práticos, a vermelho os casos em que ocorre uma discrepância total (causa supostamente
directa não identificada na amostra como causa ou vice-versa) e a branco a discrepância ligeira
(causa directa identificada como indirecta na amostra, por exemplo) (Silvestre, 2005).
Quadro 5.5 - Comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis
(teórica e na amostra)
C \ A
A-E
1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-P1 1 1 0 0 0 0 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P2 2 1 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0 2 1 2 0 amostra 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P4 2 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P5 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 1 2 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0
C-P7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E1 1 0 0 0 2 0 1 1 0 0 2 2 2 2 2 2 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1
C-E2 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 2 1 1 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 1 2 2 2 1 2 2 amostra 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 2 2 2 2 2
C-E4 0 0 0 0 0 0 1 2 0 2 2 0 2 0 0 2 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
C-E5 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E6 1 2 0 0 0 0 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0
C-E8 1 0 0 0 2 0 2 0 0 0 2 2 0 2 2 2 amostra 1 0 0 0 1 0 2 0 0 0 1 1 1 2 1 0
C-E9 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E10 1 0 0 0 0 0 2 1 1 1 0 2 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
C-E11 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 amostra 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E12 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 amostra 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
94
Quadro 5.5 (Continuação) - Comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as
causas prováveis (teórica e na amostra)
C \ A A
-E1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-E13 2 0 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 2 amostra 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2
C-E14 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 2 1 1 2 2 2 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0
C-A1 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A2 0 1 2 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A3 1 1 0 2 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A4 1 1 2 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 amostra 1 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
C-A5 2 2 2 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A6 0 0 0 2 0 0 2 0 2 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
C-M1 1 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-M2 0 0 0 2 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-M3 2 0 0 0 0 0 0 2 1 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0
C-M4 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-M5 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G1 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G2 2 2 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G3 0 2 0 2 0 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G4 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G5 2 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-U1 2 2 2 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 amostra 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-U2 2 0 0 0 0 0 2 2 0 1 2 0 1 1 1 0 amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-U3 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Através da análise do Quadro 5.5, constata-se que os casos de discrepância total representam 11,4%
do total dos casos, enquanto os de discrepância ligeira são cerca de 14,2%. Tendo em consideração
que os casos de discrepância total podem implicar alterações na matriz de correlação proposta
inicialmente, estes são posteriormente analisados individualmente. De igual modo, foram analisados
casos de discrepância ligeira, em que as causas consideradas com correlação nula na previsão
95
teórica apresentam correlação indirecta na amostra, ou vice-versa, não tendo sido necessário
implementar alterações ao índice de correlação. Assim, no Quadro 5.6, é efectuada a referida análise,
sendo que os ajustes introduzidos na matriz teórica correspondem a 5,6% do total dos casos.
Importa referir que a matriz de correlação anomalias - causas prováveis validada (com as respectivas
alterações assinaladas), bem como a respectiva matriz de correlação inter-anomalias corrigida se
encontram em §3.4.2 e §3.4.3, respectivamente.
Quadro 5.6 - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz de correlação
teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de correlação na
amostra - Ca)
Anomalia
(nº de vezes que foi
identificada)
Causa Ct Ca Alteração a efectuar (justificação)
A-E1
(96)
C-P2 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 18% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
C-P3 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-P4 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que a utilização de um agente
descofrante inadequado pode originar manchas na superfície,
mantém-se o grau de correlação e, por conseguinte, o valor de Ct)
C-E13 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 3% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
C-A5 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa
mas, uma vez que a humidade pode ser a causa desta anomalia,
considera-se que tem grau de correlação directo, mantendo-se o
valor de Ct)
C-M3 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada em 3% dos casos como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-G1 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em
consideração que a reacção álcalis-sílica pode originar variações
de tonalidade na superfície, continua-se a considerar que tem grau
de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)
C-G2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,
considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)
C-G4 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em
consideração que a presença de compostos orgânicos pode
originar manchas na superfície, continua-se a considerar que tem
grau de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)
C-G5 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-U1 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 31% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
C-U2 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
A-E2
(8) C-P4 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,
dado que certos constituintes do agente descofrante podem
contribuir para o surgimento de eflorescências, considera-se esta
causa como directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)
96
Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz
de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de
correlação na amostra - Ca)
A-E2
(8)
C-G2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,
considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)
C-G3 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,
dado que a presença de sal / água salgada pode contribuir para o
surgimento de eflorescências, considera-se esta causa como
directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)
C-G4 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,
dado que a presença de compostos orgânicos pode contribuir para
o surgimento desta anomalia, considera-se esta causa como
directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)
C-U1 2 1 Ct=1 (esta causa foi identificada em 75% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
A-E3
(13)
C-A5 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez
que esta anomalia necessita de condições de humidade propícias
ao seu desenvolvimento, continua-se a considerar que tem grau de
correlação directo, pelo que se mantém o valor de Ct)
C-G4 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,
considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)
C-U1 2 1 Ct=1 (esta causa foi identificada em 50% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
A-E4
(10)
C-A1 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
C-A3 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o
valor de Ct)
C-A4 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
C-A5 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se
considera associada a esta anomalia)
C-A6 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
C-M1 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada em 10% dos casos como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-G3 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se
considera associada a esta anomalia)
C-G5 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, dado que o
contacto de ácidos com a superfície provoca desgaste / erosão,
continua-se a considerar que tem grau de correlação directo,
mantendo-se o valor de Ct)
C-U3 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
A-E5
(35)
C-P4 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em
conta que um agente descofrante inadequado potencia a
ocorrência desta anomalia, considera-se que tem grau de
correlação indirecto, alterando-se o valor de Ct)
C-P5 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o
valor de Ct)
C-E1 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 26% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
97
Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz
de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de
correlação na amostra - Ca)
A-E5
(35) C-E3 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,
acreditando que cofragem com excesso de utilização potencia esta
anomalia, considera-se esta causa como directa pouco provável,
alterando-se o valor de Ct)
A-M1
(14)
C-E10 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez
que contribui para um recobrimento das armaduras inadequado
que, por sua vez, propícia a manifestação desta anomalia,
continua-se a considerar que tem um grau de correlação directo e,
por conseguinte, mantém-se o valor de Ct)
C-A6 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que ciclos gelo / degelo têm um grau de correlação
directo com a presente anomalia, mantém-se o valor de Ct)
C-G1 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada em 6% dos casos como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-U2 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
A-M2
(53)
C-P1 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-P2 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se
considera associada a esta anomalia)
C-P7 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada em 6% dos casos como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-E4 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em
conta que, descofragens precoces podem originar a anomalia,
considera-se que tem grau de correlação directo, mantendo-se o
valor de Ct)
C-E7 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada apenas duas vezes como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-E9 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-A2 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o
valor de Ct)
C-M2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,
considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)
C-M3 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-M4 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada em 26% dos casos como directa
logo, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-U2 2 0 Ct=1 (esta causa foi identificada em 2% dos casos como indirecta;
logo, considerando-a indirecta, altera-se o valor de Ct)
A-M3
(1) C-M1 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,
dado que a abrasão pode contribuir para a manifestação desta
anomalia, considera-se a presente causa como directa pouco
provável, alterando-se o valor de Ct)
98
Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz
de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de
correlação na amostra - Ca)
A-M3
(1)
C-G2 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-G3 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez
que a presença de agentes agressivos contribui para o
desenvolvimento desta anomalia, considera-se que tem grau de
correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)
C-G5 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
A-M4
(21)
C-P7 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-E4 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, como
descofragens tardias podem contribuir directamente para o
surgimento desta anomalia, mantém-se o valor de Ct)
C-E6 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o
valor de Ct)
C-E7 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-E13 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa
mas, uma vez que a falta de agente descofrante facilita a aderência
do betão à cofragem, considera-se que se mantém o grau de
correlação directo, permanecendo o valor de Ct inalterado)
C-A6 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o
valor de Ct)
C-M2 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se
considera associada a esta anomalia)
C-G2 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o
valor de Ct)
A-C1
(36)
C-P3 2 0
Ct=1 (esta causa foi identificada apenas uma vez como indirecta;
logo, considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de
Ct)
C-E2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,
considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)
C-E4 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,
descofragens precoces podem originar deformações não previstas
no elemento de betão, pelo que considerando-a directa pouco
provável, altera-se o valor de Ct)
C-U2 2 0 Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo,
considerando-a directa pouco provável, altera-se o valor de Ct)
A-C2
(23)
C-E10 2 0
Ct=2 (esta causa foi identificada apenas uma vez como directa
mas, continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-E12 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
observando que a betonagem em condições atmosféricas
desfavoráveis pode contribuir para a ocorrência desta anomalia,
considera-se que tem grau de correlação indirecto, alterando-se o
valor de Ct)
99
Quadro 5.6 (Continuação) - Análise, com base na amostra, dos casos de discrepância com a matriz
de correlação teórica entre anomalias e causas prováveis (Grau de correlação teórico - Ct; Grau de
correlação na amostra - Ca)
A-C3
(31)
C-P3 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, uma vez
que cofragem inadequada pode originar esta anomalia, continua-se
a considerar que tem grau de correlação directo, mantendo-se o
valor de Ct)
C-P5 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
C-E4 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
A-C4
(7) C-E9 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em
consideração que juntas de betonagem mal executadas propiciam
o surgimento desta anomalia, continua-se a considerar que tem
grau de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)
A-C5
(18)
C-P3 2 0 Ct=0 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; logo, não se
considera associada a esta anomalia)
C-E9 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas, tendo em
consideração que juntas de betonagem mal executadas propiciam
o surgimento desta anomalia, continua-se a considerar que tem
grau de correlação directo, mantendo-se o valor de Ct)
C-E14 2 0
Ct=2 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
continuando a considerar que tem grau de correlação directo,
mantém-se o valor de Ct)
A-C6
(1)
C-E8 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez; no entanto,
dado que durante o processo de vibração do betão podem surgir
danos na cofragem que, por sua vez, aumentam a probabilidade de
surgirem incrustações de cofragem, considera-se a presente causa
como directa pouco provável, alterando-se o valor de Ct)
C-E14 2 0
Ct=1 (esta causa não foi identificada nenhuma vez mas,
considerando que tem grau de correlação indirecto, altera-se o
valor de Ct)
5.4.2 Matriz de correlação inter-anomalias
As mudanças introduzidas na matriz de correlação anomalias - causas anteriormente apresentada
originam, por sua vez, alterações na matriz inter-anomalias, em virtude de esta ser determinada com
base na anterior. Assim, o primeiro procedimento corresponde à actualização da matriz inter-
anomalias, de modo a ser possível obter novos índices de correlação percentuais entre anomalias
(CI%). Após a sua obtenção, procede-se à construção de uma tabela (Quadro 5.7), onde é
apresentada, na linha superior, a frequência relativa de ocorrência das anomalias entre si na amostra
e, na linha imediatamente sob esta, o índice de correlação percentual (corrigido) entre essas duas
anomalias.
De modo a ser possível visualizar o ajuste entre as duas matrizes, procedeu-se à divisão dos
resultados por cores representativas do grau de ajustamento entre os índices de correlação
percentuais (Silvestre, 2005):
• a verde, quando a diferença é menor ou igual a 10%;
100
• a branco, quando a diferença é maior que 10 mas menor que 25%;
• a laranja, quando a diferença é maior ou igual que 25 mas menor que 50%;
• a vermelho, quando a diferença é maior ou igual que 50%.
Quadro 5.7 - Comparação entre as matrizes de correlação inter-anomalias (teórica e na amostra)
C \ A
A-E
1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
A-E1
0% 21% 0% 7% 0% 36% 0% 7% 0% 36% 36% 36% 43% 36% 29%
m. c. 29% 20% 13% 20% 1% 25% 16% 25% 24% 22% 20% 24% 16% 14% 16%
A-E2 0%
13% 0% 0% 13% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
m. c. 58% 42% 11% 5% 5% 18% 16% 39% 26% 11% 8% 5% 5% 3% 5%
A-E3 25% 8%
0% 0% 8% 0% 0% 17% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
m. c. 58% 62% 19% 0% 8% 8% 8% 23% 15% 0% 0% 0% 0% 0% 4%
A-E4 0% 0% 0%
0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
m. c. 38% 15% 19% 0% 19% 12% 8% 42% 12% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-E5 13% 0% 0% 0%
0% 25% 0% 0% 0% 13% 13% 25% 25% 13% 25%
m. c. 68% 9% 0% 0% 0% 27% 9% 5% 23% 59% 45% 68% 50% 41% 50%
A-E6 0% 17% 17% 0% 0%
0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
m. c. 17% 33% 33% 83% 0% 0% 0% 17% 17% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-M1 63% 0% 0% 0% 25% 0%
0% 0% 0% 50% 50% 50% 75% 50% 25%
m. c. 50% 18% 5% 8% 16% 0% 32% 29% 29% 34% 37% 21% 26% 24% 18%
A-M2 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
m. c. 25% 13% 4% 4% 4% 0% 25% 19% 54% 21% 17% 27% 19% 17% 15%
A-M3 10% 0% 20% 0% 0% 0% 0% 0%
40% 0% 10% 0% 0% 0% 0%
m. c. 50% 39% 16% 29% 3% 3% 29% 24% 37% 11% 13% 5% 5% 3% 3%
A-M4 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 67%
0% 0% 0% 0% 0% 0%
m. c. 36% 20% 8% 6% 10% 2% 22% 52% 28% 14% 14% 32% 4% 6% 20%
A-C1 50% 0% 0% 0% 10% 0% 40% 0% 0% 0%
70% 60% 80% 60% 50%
m. c. 61% 14% 0% 0% 46% 0% 46% 36% 14% 25% 61% 64% 57% 54% 50%
A-C2 42% 0% 0% 0% 8% 0% 33% 0% 8% 0% 58%
50% 67% 50% 42%
m. c. 54% 11% 0% 0% 36% 0% 50% 29% 18% 25% 61% 43% 43% 46% 39%
A-C3 36% 0% 0% 0% 14% 0% 29% 0% 0% 0% 43% 43%
50% 43% 50%
m. c. 53% 6% 0% 0% 44% 0% 24% 38% 6% 47% 53% 35% 32% 29% 50%
A-C4 50% 0% 0% 0% 17% 0% 50% 0% 0% 0% 67% 67% 58%
58% 42%
m. c. 55% 9% 0% 0% 50% 0% 45% 41% 9% 9% 73% 55% 50% 77% 45%
A-C5 63% 0% 0% 0% 13% 0% 50% 0% 0% 0% 75% 75% 75% 88%
63%
m. c. 55% 5% 0% 0% 45% 0% 45% 40% 5% 15% 75% 65% 50% 85% 55%
A-C6 33% 0% 0% 0% 17% 0% 17% 0% 0% 0% 42% 42% 58% 42% 42%
m. c. 55% 9% 5% 0% 50% 0% 32% 32% 5% 45% 64% 50% 77% 45% 50%
Assim, verificou-se que em 53,1% dos casos o ajuste é muito bom (casos a verde), em 26,2% dos
casos o ajuste pode considerar-se bom (casos a branco), enquanto que em 18,4% dos casos o ajuste
é razoável (casos a laranja), sendo mau nos restantes 2,3% (casos a vermelho). Deste modo,
considera-se adequada a matriz inter-anomalias proposta, a qual se ajusta às situações em que se
101
pretende obter a probabilidade de ocorrência simultânea das anomalias que compõem o sistema
classificativo.
5.4.3 Matriz de correlação anomalias-métodos de diagnóstico
Tendo em consideração o sistema classificativo proposto para métodos de diagnóstico de superfícies
de betão à vista (§4.2.1), para cada anomalia identificada foram assinalados os métodos que se
considerou serem os mais adequados para a sua caracterização. Assim, estes resultados foram
comparados com a matriz de correlação anomalias - métodos de diagnóstico (§4.3.2) e construída
uma tabela (Quadro 5.8), em que se apresenta na linha superior o grau de correlação teórico do
método com a anomalia e, na linha imediatamente sob esta, a percentagem de casos na amostra em
que determinado método foi associado à anomalia em causa.
Quadro 5.8 - Comparação das matrizes de anomalias - métodos de diagnóstico (teórica e na amostra)
A \ R
D-V
1
D-V
2
D-V
3
D-V
4
D-V
5
D-A
1
D-T
1
D-T
2
D-T
3
D-M
1
D-M
2
A-E1 2 0 0 0 0 0 2 1 1 0 1 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 8% 10% 0% 0% 3%
A-E2 2 0 0 2 0 0 1 1 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-E3 2 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 69% 31% 31% 0% 0%
A-E4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-E5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-E6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-M1 2 0 2 0 0 0 0 0 1 1 0 amostra 100% 0% 93% 0% 0% 43% 0% 0% 0% 0% 0%
A-M2 2 1 2 0 1 0 0 1 0 1 1 amostra 100% 9% 89% 0% 6% 0% 0% 0% 0% 0% 4%
A-M3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-M4 2 0 0 0 0 2 0 1 0 1 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 19% 0% 52% 19%
A-C1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-C2 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-C3 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-C4 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-C5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
A-C6 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 amostra 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
De modo a ser possível visualizar o ajuste entre a previsão teórica e o resultado da amostra,
procedeu-se à divisão dos resultados por cores correspondentes ao grau de ajustamento (Silvestre,
102
2005):
• a vermelho: 2 < 17%; 0 > 33%;
• a branco: 17% ≤ 2 < 33%; 1 > 50% ou < 17%; 17% < 0 ≤ 33%;
• a verde: 2 ≥ 33%; 17% ≤ 1 ≤ 50%; 0 ≤ 17%.
Através da análise do Quadro 5.8, é possível verificar que em mais de 88% dos casos o ajuste é
muito bom (casos a verde), sendo mau apenas em 1,7% dos casos (a vermelho). Contudo, é
necessário referir que existem alterações que devem ser efectuadas na matriz de correlação, de
modo a reflectir os resultados da campanha de inspecções:
a correlação do método D-T1 Termo-higrómetro com a anomalia A-E1 Manchas deverá ser
alterada para 1, dado que se verificou que este método tem utilidade prática num reduzido número
de casos, onde existe dúvida relativamente ao tipo de mancha presente na superfície;
a correlação do método D-A1 Martelo de borracha com a anomalia A-M1 Fissuração mapeada
deverá ser alterada para 1, dado que se verificou que este método tem utilidade prática nos casos
de dúvida relativamente à causa da anomalia;
a correlação do método D-A1 Martelo de borracha com a anomalia A-M4 Descasque deverá ser
alterada para 1, dado que este método tem utilidade prática em casos específicos onde esta
anomalia se encontra numa fase inicial.
Relativamente aos casos de discrepância ligeira (assinalados a branco), estes foram também
analisados, não tendo sido necessário proceder a alterações.
Importa referir que a matriz validada se encontra em §4.3.2, com as respectivas alterações
assinaladas.
5.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
A campanha de inspecções efectuada incluiu um total de 110 superfícies de betão à vista, dispersas
pelo território nacional (Lisboa, Porto, Sintra, Coimbra, Braga, Cascais, Amadora, Montijo, Barreiro,
Almada e Campo Maior), a qual teve por base a análise visual das superfícies, sem quaisquer
ensaios adicionais.
Assim, foram identificadas 371 anomalias nas superfícies de betão à vista inspeccionadas, originando
uma média de 3,4 anomalias por superfície. De igual modo, a média de causas prováveis associadas
a cada anomalia foi de 3,2, enquanto 1,4 corresponde ao número médio de métodos de diagnóstico
passíveis de facilitar a identificação de cada anomalia, o qual corresponde a um valor expectável,
visto que, para determinados tipos de anomalias (como, por exemplo, A-E5 Bolhas de pele e A-E6
Graffiti), não é necessário recorrer a métodos de diagnóstico complementares para identificar a
anomalia ou respectivas causas prováveis.
103
Tendo em consideração a Figura 5.10, relativa à distribuição absoluta de idades dos imóveis que
constituem a amostra, é possível verificar que a maioria dos edifícios inspeccionados (43%)
corresponde ao período compreendido entre 2000 e 2009, embora exista um número considerável
associado aos períodos temporais de 1990 a 1999 (20,7%) e 2010 a 2015 (24,5%), evidenciando
uma idade média dos edifícios inspeccionados de 12 anos.
Figura 5.10 - Frequência absoluta de idades dos edifícios inspeccionados
Ao longo do presente subcapítulo, a partir da informação obtida durante a campanha de inspecções
executada e cruzamento dos referidos dados, é possível alcançar conclusões relevantes para a
compreensão e melhoria do sistema classificativo proposto.
5.5.1 Frequência observadas das anomalias
Considerando a importância da ocorrência de cada grupo de anomalias na amostra aleatória total de
superfícies de betão à vista inspeccionadas, apresenta-se um gráfico (Figura 5.11) representativo da
sua contribuição relativa, onde é possível verificar a maior expressão das anomalias A-E Estéticas
(44,7%), seguida do grupo A-C Construtivas / geométricas (31,3%) e A-M Mecânicas (24,0%).
Figura 5.11 - Contribuição relativa de cada grupo de anomalias na amostra total inspeccionada
Como forma de detalhar a análise anterior, elaborou-se igualmente a Figura 5.12 que, baseando-se
3
3
11
23
13
[1969 - 1979]
[1980 - 1989]
[1990 - 1999]
[2000 - 2009]
[2010 - 2015]
0 5 10 15 20 25
44,7%
24,0%
31,3%
A-E A-M A-C
104
no sistema classificativo proposto (§3.2.1), permite compreender facilmente a contribuição relativa de
cada anomalia para a amostra total.
Assim, através da análise da Figura 5.12, é possível verificar que a anomalia A-E1 Manchas é aquela
que apresenta maior frequência (25,9% do total de anomalias), que pode ser justificada pelo facto de
englobar diferentes tipos de manchas (variações de tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão,
hidratação / humidade). Deste modo, a presença de manchas de sujidade é favorecida pelo facto de
os edifícios inspeccionados se localizarem em envolvente urbana, onde a poluição atmosférica é
permanente, o que contribui para a representatividade significativa da anomalia. De igual modo, o
grande número detectado de manchas resultantes de uma concepção pouco correcta das superfícies
de betão à vista (manchas de hidratação) favoreceu a elevada frequência de referida anomalia.
Da mesma forma, destaca-se a anomalia A-M2 Fissuração direccionada, a qual contribui 14,3% na
amostra total de anomalias inspeccionadas (Figura 5.12). Durante a campanha de inspecções
executada, verificou-se a possibilidade de a presente anomalia estar associada a diferentes causas
prováveis, nomeadamente deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações),
concentração de tensões (junto a aberturas), posicionamento incorrecto de armaduras ou deficiente
concepção de juntas de dilatação. Assim, o facto de causas distintas favorecerem o surgimento da
anomalia pode justificar a frequência considerável registada.
Figura 5.12 - Contribuição relativa de cada anomalia na amostra total inspeccionada
Por outro lado, verifica-se um conjunto de anomalias com frequências semelhantes, nomeadamente
A-E5 Bolhas de pele (9,4%), A-C1 Defeitos de planeza (9,7%) e A-C3 Marcas de tiges (8,4%), as
quais se relacionam directamente com a cofragem ou processo de betonagem / compactação,
evidenciando o cuidado requerido nas referidas operações.
Por último, é necessário salientar as anomalias que surgem com representatividade inferior (inferiores
a 1% do total de anomalias identificadas na campanha de inspecções), como a A-M3 Desagregação
25,9%
2,2%
3,8%2,7%
9,4%
1,1%
3,8%
14,3%
0,3%
5,7%
9,7%
6,2%
8,4%
1,9%
5,1%
0,3%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
A-E1 A-E2 A-E3 A-E4 A-E5 A-E6 A-M1 A-M2 A-M3 A-M4 A-C1 A-C2 A-C3 A-C4 A-C5 A-C6
105
e A-C6 Incrustações de cofragem. Este facto pode ser explicado pelo tipo de amostra inspeccionada,
a qual é maioritariamente composta por edifícios relativamente recentes e em utilização (serviços).
Em situações normais, a anomalia A-M3 Desagregação é expectável em edifícios mais antigos e sem
cuidados de manutenção (§3.2.2). Além disso, tendo em consideração a arquitectura moderna e
distinta que muitos dos edifícios inspeccionados apresentam, é necessário o recurso a projectos de
cofragem específicos, o que requer a utilização de cofragens novas, minimizando, por sua vez, uma
das causas prováveis da anomalia A-C6 Incrustações de cofragem.
Com o intuito de analisar o número e tipo de anomalia em função da idade que o edifício apresenta,
executou-se a Figura 5.13, o qual representa a frequência relativa de cada anomalia num dado
período no seu total de superfícies. Tendo em consideração que o número de superfícies de betão à
vista inspeccionadas difere por cada intervalo de tempo considerado, o gráfico apresentado foi obtido
através da divisão de cada anomalia num dado período pelo número total de superfícies
inspeccionadas no referido período.
Figura 5.13 - Frequência relativa de cada anomalia num dado período no respectivo número total de
superfícies
Verifica-se que algumas anomalias, como A-M4 Descasque, A-C1 Defeitos de planeza e A-C3
Marcas de tiges, foram identificadas em superfícies de betão à vista com idades distintas, marcando
presença na maioria dos intervalos temporais considerados na análise da Figura 5.13.
De igual modo, a anomalia A-M2 Fissuração direccionada apresenta elevada frequência relativa, com
maior expressão (50,0%) no período temporal 1989 - 1990, reduzindo gradualmente a sua frequência
nos períodos seguintes. A anomalia A-C5 Crostas apresenta igualmente elevada expressão (60%) no
período temporal compreendido entre 1969 e 1979, verificando-se uma redução progressiva a partir
de 1990 - 1999. De qualquer forma, através da análise da Figura 5.13, percebe-se que a anomalia A-
E1 Manchas manteve a sua significativa frequência relativa constante ao longo do tempo, embora
com ligeira ênfase nas superfícies mais antigas (1969 - 1979 e 1980 - 1989), possivelmente pelo facto
de apresentarem maior incidência de manchas de sujidade, em consequência da falta de manutenção
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
[1969 - 1979] [1980 - 1989] [1990 - 1999] [2000 - 2009] [2010 - 2015]
A-C1 A-C2 A-C3 A-C4 A-C5 A-C6 A-E1 A-E2
A-E3 A-E4 A-E5 A-E6 A-M1 A-M2 A-M3 A-M4
106
aliada a um maior número de anos de exposição a agentes poluentes, o que denota a necessidade
de manutenção ao longo do tempo.
De modo a complementar a análise anterior, elaborou-se a Figura 5.14, que foi obtido pela divisão do
número de anomalias de cada grupo (A-E Estéticas, A-M Mecânicas e A-C Construtivas /
geométricas), num determinado período temporal pelo número total de anomalias identificadas no
referido período.
Figura 5.14 - Frequência relativa de cada grupo de anomalias num dado período no total de
superfícies inspeccionadas
Assim, de acordo com a Figura 5.14, percebe-se que o grupo de anomalias A-E Estéticas apresenta
predominantemente, em todos os períodos temporais apresentados, clara superioridade em termos
da sua frequência relativa, evidenciando o facto de este tipo de anomalia ser o que ocorre mais
frequentemente nos edifícios inspeccionados, nos períodos em análise. Além disso, verifica-se que,
apesar de não existir uma distribuição uniforme ou gradual ao longo dos intervalos temporais
considerados, o grupo de anomalias A-M Mecânicas apresenta a menor frequência relativa (13,1%)
no período compreendido entre 2010 e 2015, o que pode dever-se ao facto de este tipo de anomalias
se encontrar associado a processos mecânicos, os quais se agravam com a idade das superfícies
inspeccionadas.
Por outro lado, a partir do período temporal 1980-1989, observa-se um crescimento significativo do
número de superfícies inspeccionadas com anomalias construtivas, atingindo em 2010-2015 o valor
percentual de 40,4%. Deste modo, pode-se aferir que, embora a evolução tecnológica assistida ao
longo do tempo tenda a reduzir a incidência de anomalias construtivas nas superfícies de betão à
vista, verifica-se que a crescente tentativa de execução de formas / arquitecturas mais ousadas pode
propiciar o efeito contrário, tendo em consideração que não se denota graficamente essa redução ao
42,9%
60,0%
44,7%42,9%
46,5%
21,4%20,0%
34,1%
25,8%
13,1%
35,7%
20,0%21,2%
31,3%
40,4%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
[1969 - 1979] [1980 - 1989] [1990 - 1999] [2000 - 2009] [2010 - 2015]
A-E A-M A-C
107
nível das anomalias A-C Construtivas / geométricas.
Na Figura 5.15, é possível perceber a relação das anomalias com o respectivo nível de intervenção /
urgência de reparação, onde se apresenta a sua distribuição por anomalia.
Figura 5.15 - Nível de gravidade estimado para cada tipo de anomalia
Através da análise da Figura 5.15, verifica-se uma clara predominância do número de registos
associados ao nível 1, correspondente à intervenção na anomalia inspeccionada até 2 anos,
particularmente nas anomalias construtivas (A-C) e estéticas (A-E5 Bolhas de pele). Tendo em
consideração que as anomalias construtivas (A-C) derivam fundamentalmente de falhas provenientes
do projecto, execução, materiais utilizados ou combinação destes, não se justifica uma intervenção
imediata (até 6 meses) nem monitorização (próxima inspecção) das suas características, uma vez
que não se verifica evolução / desenvolvimento da manifestação patológica. De igual modo, a A-E5
Bolhas de pele, apesar de se enquadrar no grupo A-E Estéticas, pela forma como se dispõe na
superfície, resulta sobretudo de erros construtivos associados a uma incorrecta concepção da
mesma, sendo essa a principal justificação para o nível de intervenção que apresenta.
Por outro lado, verifica-se que a anomalia A-E6 Graffiti está sujeita a intervenção imediata até 6
meses (Figura 5.15), o que pode ser explicado pelo impacte visual negativo que possui na estética
dos edifícios inspeccionados. Além disso, a remoção total da referida anomalia é tanto mais facilitada
quanto mais cedo for intervencionada, o que fundamenta, por sua vez, a urgência de reparação
associada. O mesmo se verifica com a anomalia A-M3 Desagregação em que, devido à gravidade
das consequências relativas ao seu desenvolvimento (§3.2.2), se justifica a urgência associada à sua
reparação (nível 0 - intervenção imediata até 6 meses).
Importa ainda salientar a anomalia A-E1 Manchas que, segundo a Figura 5.15, apresenta
simultaneamente os três níveis de intervenção, o que pode ser justificado pelo facto de ser composta
19,8%
100,0%
100,0%
71,4%
78%
38%
23%
70%
100%
71%
87%
29%
100%
100%
100%
100%
100%
100%
2,1%
62,5%
76,9%
30,0%
28,6%
13,2%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
A-E1
A-E2
A-E3
A-E4
A-E5
A-E6
A-M1
A-M2
A-M3
A-M4
A-C1
A-C2
A-C3
A-C4
A-C5
A-C6
0 - intervenção imediata até 6 meses 1 - intervenção até 2 anos 2 - monotorizar (próxima inspecção)
108
por diferentes tipos de manchas (variações de tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão,
hidratação / humidade), as quais necessitam de urgências distintas de reparação. Assim, manchas de
hidratação / humidade, por resultarem do processo construtivo e, por sua vez, não apresentarem
desenvolvimento da manifestação patológica, foram associadas ao nível 1 (intervenção até 2 anos).
Outro tipo de manchas, que possuam capacidade de evolução e extensão significativa na superfície,
inserem-se no nível de intervenção imediata (até 6 meses), o que vai ao encontro dos critérios
definidos em §5.2. No entanto, na presença de manchas que, apesar de apresentarem predisposição
para se desenvolver, possuíam extensão mínima, considerou-se nível 2 (monitorizar, particularmente
na próxima inspecção).
Por último, através da Figura 5.16, a qual representa a média ponderada da área de superfície
afectada por cada anomalia, é possível verificar que A-E1 Manchas e A-E5 Bolhas de pele são as
duas anomalias que surgem com maior representatividade, com valores de 46,8% e 45,8%,
respectivamente. Esta evidência é explicada pelo facto de a maioria das manchas identificadas
(hidratação), bem como as bolhas de pele, derivarem do processo construtivo. Assim, é expectável
que, na generalidade dos casos, quando ocorrem, se encontrem difundidas na superfície,
exceptuando casos pontuais em que estas apenas resultam de um painel de cofragem deficiente ou
zona de difícil betonagem e, por isso, a anomalia se encontre isolada na superfície. Este dado vem
complementar as conclusões anteriores (Figura 5.11), percebendo-se assim que, além de mais
frequentes, as anomalias estéticas afectam igualmente uma maior percentagem da área de
superfície.
Figura 5.16 - Média ponderada de área de superfície afectada por cada anomalia
Importa também destacar o grupo de anomalias A-C Construtivas / geométricas que, com valores
compreendidos entre 20,0% e 40,0% (com excepção de A-C6 Incrustações de cofragem, que foi
apenas identificada uma vez na amostra inspeccionada), vem ao encontro das ilações retiradas sobre
os dois tipos de anomalias anteriores. Deste modo, além de não apresentarem condições para
46,8%
10,6%
15,8%
13,5%
45,8%
6,3%
26,4%
19,3%
20,0%
13,8%
35,6%
21,7%
38,7%
25,0%
36,6%
10,0%
0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%
A-E1
A-E2
A-E3
A-E4
A-E5
A-E6
A-M1
A-M2
A-M3
A-M4
A-C1
A-C2
A-C3
A-C4
A-C5
A-C6
109
progressão do fenómeno patológico, uma vez que derivam do processo construtivo, podem ocorrer
de forma generalizada na superfície.
5.5.2 Frequência observada das causas prováveis
Com o intuito de complementar a informação apresentada, nomeadamente os dados relativos às
frequências observadas das anomalias e validação do sistema classificativo proposto associado às
causas prováveis consideradas, apresenta-se seguidamente um gráfico (Figura 5.17) referente à
contribuição relativa de cada grupo de causas (C-P Erros de projecto, C-E Erros de execução, C-A
Acções ambientais, C-M Acções mecânicas, C-G Agentes agressivos e C-U Utilização e manutenção)
para o total de ocorrências registadas na campanha de inspecções.
Figura 5.17 - Contribuição de cada grupo de causas para ocorrência das 371 anomalias identificadas
Através da análise da Figura 5.17, constata-se que, expectavelmente, o grupo de causas C-E Erros
de execução apresenta uma representatividade significativa (67,2%) na ocorrência de anomalias em
superfícies de betão à vista, na medida em que as anomalias A-C Construtivas / geométricas
possuem grande importância no total de anomalias identificadas no decorrer da campanha de
inspecções efectuada. Efectivamente, conforme visto na Figura 5.11, as anomalias A-E Estéticas
apresentam a maior frequência relativa (44,7%), seguidas das A-C Construtivas / geométricas que
possuem um valor percentual de 31,3%. Contudo, determinadas anomalias, como A-E1 Manchas (de
hidratação) e A-E5 Bolhas de pele, apesar de incluídas no grupo A-E Estéticas, resultam sobretudo
de falhas / erros construtivos. Assim, a elevada expressão que as causas C-E Erros de execução
apresentam pode ser explicada pelo facto de propiciarem o surgimento da maioria das anomalias A-C
Construtivas / geométricas, bem como de algumas anomalias A-E Estéticas com importância
considerável no total de superfícies de betão à vista inspeccionadas.
Posteriormente, são apresentados gráficos referentes à frequência relativa das causas para cada tipo
de anomalia detectada, de modo a ser possível analisar a sua contribuição para a ocorrência da
mesma. Assim, na Figura 5.18, apresenta-se graficamente as causas (directas e indirectas)
7,4%
67,2%
11,3%
7,5%
1,3%
5,3%
C-P C-E C-A C-M C-G C-U
110
associadas à anomalia A-E1 Manchas, com os respectivos valores percentuais.
Assim, analisando a Figura 5.18, é possível verificar a existência de um número considerável de
causas directas e indirectas prováveis associadas ao aparecimento da anomalia A-E1 Manchas, o
qual está relacionado com a existência de diferentes tipos de mancha (variações de tonalidade / cor,
manchas de sujidade, corrosão, hidratação / humidade e de reparação). De acordo com os dados
estatísticos obtidos, as manchas de sujidade, hidratação e reparação constituem os três tipos mais
representativos na amostra inspeccionada. Deste modo, é possível explicar os valores gráficos
(Figura 5.18) mais representativos, uma vez que a causa directa C-A1 Partículas de sujidade
susceptíveis de serem transportadas (29,2%) e as causas indirectas C-A4 Presença de água / chuva
(30,2%), C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial (31,3%)
e C-P2 Concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (18,8%), estão especificamente
associadas à génese de manchas de sujidade. Por outro lado, a elevada representatividade da causa
directa C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de utilização (68,8%), aliada às causas indirectas C-
E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão (52,1%), C-E11 Deficiente preparação dos
moldes (64,6%) e C-E12 Betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis (64,6%), pode ser
explicada pela sua associação ao surgimento de manchas de hidratação. Além disso, as manchas de
reparação resultam da causa directa C-U2 Acções de manutenção / pequena reparação
deficientemente executadas, a qual apresenta uma frequência expectável de 10,4%, pois a referida
anomalia corresponde ao tipo de A-E1 Manchas menos representativo na amostra inspeccionada.
Figura 5.18 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E1 Manchas
Relativamente à anomalia A-E2 Eflorescências (Figura 5.19), importa referir que foi detectada em 8
superfícies de betão à vista inspeccionadas, tendo sido registadas 23 causas prováveis (directas e
indirectas) associadas à anomalia.
Tendo por base a representação gráfica anterior (Figura 5.19), verifica-se que a principal causa
directa corresponde à C-E6 Utilização de materiais inapropriados, nomeadamente água contaminada
1,0%
68,8%
1,0% 1,0%
29,2%
3,1% 4,2% 1,0% 1,0% 3,1%10,4%
18,8%
5,2% 1,0%
52,1%
2,1%
64,6%
64,6%
3,1%
4,2%
1,0%10,4%
30,2%31,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%A-E1 MANCHAS
Directa Indirecta
111
e agregados reactivos, a qual apresenta uma frequência relativa de 100% para a ocorrência da
anomalia. De igual modo, a C-A5 Humidade (ciclos secagem / molhagem) apresenta-se como causa
indirecta para o desenvolvimento de A-E2 Eflorescências. Ambos os resultados gráficos são
expectáveis, em virtude de a combinação de ambos os factores ser responsável pela génese da
anomalia em questão, conforme referido em §3.2.2.
Figura 5.19 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E2 Eflorescência
Por último, verifica-se que a C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção
superficial se apresenta como causa indirecta relevante (75%) o que resulta do facto de, em muitas
superfícies inspeccionadas, se verificar a falta de limpeza, bem como a ausência de produtos de
impermeabilizantes da superfície.
A anomalia A-E3 Colonização biológica foi identificada em 13 inspecções, tendo sido registadas na
amostra 41 causas prováveis (directas e indirectas) associadas a esta anomalia (média de 3,2 causas
prováveis).
Considerando a Figura 5.20, associada à referida anomalia, constata-se que a principal causa para a
sua manifestação corresponde à C-A4 Presença de água / chuva, o que é facilmente explicado pelo
facto de a anomalia se encontrar associada à presença de água / humidade nas superfícies, a qual é
um factor preponderante para o seu desenvolvimento (§3.2.2).
Verifica-se ainda a sua relação com causas indirectas relevantes, nomeadamente C-P2 Concepção
incorrecta ou inexistência de pontos singulares, que favorece a acumulação de água, C-A2 Exposição
solar alta / reduzida (46,2%), que contribui para a permanência de humidade na superfície, C-U1
Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial (46,2%) e C-A1
Partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas (84,6%), que propicia o desenvolvimento
de microrganismos biológicos, facilmente minimizado através de limpezas regulares.
100,0%
12,5%
100,0%
75,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-P4 C-E6 C-A5 C-U1
A-E2 EFLORESCÊNCIAS
Directa Indirecta
112
Figura 5.20 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E3 Colonização
biológica
A anomalia A-E4 Desgaste / erosão foi detectada em 10 inspecções, tendo sido registadas na
amostra 14 causas prováveis associadas à sua ocorrência, resultando uma média de 1,4 causas
prováveis para a referida anomalia. Graficamente (Figura 5.21), verifica-se a existência de causas
(directas e indirectas) com frequências relativas pouco significativas (10%).
Figura 5.21 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E4 Desgaste / erosão
De igual forma, é possível constatar que a C-M2 Choques / pancadas corresponde à causa directa
mais relevante, com uma contribuição relativa de 80% para a ocorrência da anomalia, o que pode ser
explicado pelo facto de as superfícies inspeccionadas com a referida manifestação patológica se
encontrarem em locais com exposição considerável (zonas de passagem, arestas salientes, etc.),
propícios a contactos acidentais. Assim, percebe-se a necessidade de protecção de zonas
superficiais mais susceptíveis a esta anomalia, de modo a ser possível evitar o seu surgimento.
A anomalia A-E5 Bolhas de pele foi identificada em 35 inspecções e apresenta 119 causas prováveis
(directas e indirectas) que favorecem o seu aparecimento, originando, por sua vez, uma média de 3,4
100,0%
38,5%
84,6%
46,2% 46,2%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-P2 C-A1 C-A2 C-A4 C-U1
A-E3 COLONIZAÇÃO BIOLÓGICA
Directa Indirecta
10,0%
80,0%
10,0%10,0% 10,0% 10,0% 10,0%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
C-P2 C-A1 C-A4 C-A6 C-M1 C-M2 C-M3
A-E4 DESGASTE / EROSÃO
Directa Indirecta
113
causas por anomalia. Tendo em consideração o gráfico anterior (Figura 5.22), relativo à referida
anomalia, verifica-se que a C-P3 Cofragem inadequada se apresenta como a principal causa directa
registada na campanha de inspecções efectuada. Por outro lado, constata-se igualmente a existência
de causas indirectas, como a C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada (25,7%), C-E11
Deficiente preparação dos moldes (14,3%), C-E12 Betonagem em condições atmosféricas
desfavoráveis (8,6%) e C-E13 Ausência / deficiente colocação de agente descofrante (94,3%).
Importa referir que a C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão constitui
simultaneamente uma causa directa (20,0%) e indirecta (77,1%).
Figura 5.22 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E5 Bolhas de pele
Analisando os resultados anteriores, consideram-se expectáveis as frequências relativas obtidas na
campanha de inspecções efectuada. Considerou-se a manifestação generalizada da presente
anomalia resultante de erros associados ao projecto (escolha inadequada de cofragem), em virtude
de existirem actualmente cofragens capazes de reduzir significativamente a incidência desta
anomalia, o que não se verificou nestes casos específicos. Por outro lado, quando a anomalia foi
identificada em zonas pontuais da superfície, considerou-se como causa provável erros de execução
associados à betonagem ou cofragem deficiente das zonas em questão, visto que as superfícies
contíguas não apresentavam a referida anomalia.
Todas as causas referidas, directas e indirectas, correspondem a erros de execução (C-E) ou erros
de projecto (C-P), o que evidencia o facto de a anomalia A-E5 Bolhas de pele, apesar de se
enquadrar no grupo A-E Estéticas (pela forma como se manifesta visualmente), resultar sobretudo de
falhas construtivas associadas a concepções pouco correctas da superfície.
A última anomalia estética (A-E) é a A-E6 Graffiti, cujas causas se encontram graficamente
representadas na Figura 5.23. A presente anomalia foi detectada em 4 inspecções, tendo sido
registadas na amostra 6 causas prováveis (directas e indirectas) associadas à sua ocorrência,
resultando uma média de 1,5 causas prováveis para este tipo de anomalia.
Através da análise da Figura 5.23, verifica-se a existência de duas causas que contribuem para o
100,0%
20,0%25,7%
77,1%
14,3% 8,6%
94,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-P3 C-E1 C-E8 C-E11 C-E12 C-E13
A-E5 BOLHAS DE PELE
Directa Indirecta
114
aparecimento desta anomalia. A causa C-U3 Vandalismo apresenta-se como a principal causa desta
manifestação patológica, tendo sido registada como causa directa em todas as ocorrências. Por sua
vez, a causa C-U1 Periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial
encontra-se associada à presente anomalia, em virtude de uma rápida intervenção facilitar a sua
remoção.
Figura 5.23 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-E6 Graffiti
Da análise da Figura 5.24, é possível verificar que a anomalia A-M1 Fissuração mapeada tem como
causa directa, associada à maioria dos 14 casos em que foi identificada, a C-E8 Betonagem /
compactação / cura deficiente do betão, o que é expectável, dado que, geralmente, a fissuração
mapeada identificada se deve a fenómenos de retracção. As causas indirectas resumem-se a C-E12
Betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis (71,4%), C-E3 Cofragem deficiente / com
excesso de utilização (50,0%) e C-E11 Deficiente preparação dos moldes (28,6%), realçando, mais
uma vez, a importância da cofragem e da sua preparação, na execução de superfícies de betão à
vista. Com menor frequência, surge na amostra A-M1 Fissuração mapeada associada à causa directa
C-G1 Reacção álcalis-sílica.
Figura 5.24 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M1 Fissuração
mapeada
100,0%
50,0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
C-U1 C-U3
A-E6 GRAFFITI
Directa Indirecta
7,1%
71,4%
14,3%
7,1%
14,3%
7,1%
50,0%
7,1%
28,6%
71,4%
7,1%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
C-E1 C-E3 C-E6 C-E7 C-E8 C-E11 C-E12 C-A2 C-A5 C-G1 C-U1
A-M1 FISSURAÇÃO MAPEADA
Directa Indirecta
115
Da análise da Figura 5.25, é possível verificar que a anomalia A-M2 Fissuração direccionada tem
como causas directas, associadas à generalidade dos 53 casos em que foi identificada, acções
mecânicas (C-M5 Concentração de tensões (64,2%) e C-M4 Deslocamentos da estrutura (26,4%)),
conforme seria expectável.
Figura 5.25 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M2 Fissuração
direccionada
Existe, no entanto, uma minoria de casos em que as causas directas estão relacionadas com erros de
execução, estando a causa C-E7 Material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de
dilatação na origem de 3,8% dos casos, enquanto a C-P7 Concepção / posicionamento deficiente das
juntas de dilatação, relacionada com erros de concepção, tem uma representatividade de 5,7%,
revelando a existência de falta de cuidado na concepção das juntas de dilatação e, seguidamente, a
inadequação do material de preenchimento utilizado, que não acompanha a amplitude de
movimentos das mesmas.
A anomalia A-M3 Desagregação foi identificada apenas uma vez, tendo sido assinaladas como
prováveis 5 causas indirectas e 1 causa directa, relacionadas com esta anomalia. Dado o número
reduzido de incidência da presente anomalia na amostra, não é possível generalizar as conclusões a
retirar. No entanto, na Figura 5.26, apresenta-se o gráfico referente à contribuição das causas para a
ocorrência da anomalia, onde se verifica que é assinalada a C-M3 Corrosão / expansão da armadura
como causa directa, bem como a C-P6 Deficiente pormenorização das armaduras,a C-A4 Presença
de água / chuva, o C-A6 Gelo (ciclos gelo / degelo), os C-G2 Sulfatos e C-G5 Ácidos como causas
indirectas.
Da análise da Figura 5.27, é possível verificar que a anomalia A-M4 Descasque tem associada, à
generalidade dos casos, C-M3 Corrosão / expansão da armadura como causa directa e C-E10
Posicionamento pouco rigoroso das armaduras como indirecta, revelando a importância de um
recobrimento adequado na prevenção deste tipo de anomalia que, muitas vezes, é negligenciado,
devido a uma fiscalização inexistente / deficiente (C-E14) antes da betonagem.
5,7% 3,8%
26,4%
64,2%
1,9%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
C-P7 C-E7 C-M4 C-M5 C-U2
A-M2 FISSURAÇÃO DIRECCIONADA
Directa Indirecta
116
Figura 5.26 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M3 Desagregação
Por outro lado, com incidência pouco significativa na amostra, foram identificados casos de
descasque resultantes de descofragens precoces ou tardias, justificando assim a associação destes
às causas C-E4 Tempo de descofragem inadequado (directa) e C-E13 Ausência / deficiente
colocação de agente descofrante (directa).
Figura 5.27 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-M4 Descasque
A anomalia A-C1 Defeitos de planeza foi inspeccionada 36 vezes no total da amostra considerada,
tendo sido registadas 115 causas prováveis (directas e indirectas) associadas à sua ocorrência.
Assim, verifica-se uma média de 3,2 causas prováveis para a presente manifestação patológica.
Tendo em consideração a Figura 5.28, constata-se que a C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de
utilização se apresenta como causa directa para o aparecimento da anomalia A-C1 Defeitos de
planeza, revelando a sua associação a desvios na cofragem, podendo estes ocorrer antes da
betonagem (cofragem mal posicionada) ou durante a mesma, devido ao impulso do betão fresco.
Assim, é expectável a associação das causas C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada
(83,3%), C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão (100,0%) e C-E14 Fiscalização
100,0%100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-P6 C-A4 C-A6 C-G2 C-G5 C-M3
A-M3 DESAGREGAÇÃO
Directa Indirecta
4,8% 4,8%
95,2%
4,8%
95,2%
4,8% 9,5%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-E1 C-E4 C-E10 C-E11 C-E13 C-E14 C-M3
A-M4 DESCASQUE
Directa Indirecta
117
inexistente / deficiente (33,3%) como indirectas.
Figura 5.28 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C1 Defeitos de
planeza
A anomalia A-C2 Ninhos de agregados / chochos constitui uma anomalia construtiva (A-C), detectada
em 23 inspecções, tendo sido assinaladas na amostra 85 causas prováveis, o que resulta numa
média de 3,7 causas prováveis para a ocorrência da referida anomalia.
Considerando a Figura 5.29, verifica-se a existência de duas causas directas, a C-E3 Cofragem
deficiente / com excesso de utilização (100%) e C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do
betão (30,4%). Relativamente às causas indirectas, destacam-se a C-P6 Deficiente pormenorização
das armaduras (73,9%), C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada (34,8%), C-E14
Fiscalização inexistente / deficiente (60,9%) e C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do
betão (69,6%).
Figura 5.29 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C2 Ninhos de
agregados / chochos
100,0%
83,3%
100,0%
2,8%
33,3%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-E1 C-E3 C-E8 C-E11 C-E14
A-C1 DEFEITOS DE PLANEZA
Directa Indirecta
100,0%
30,4%
73,9%
34,8%
69,6%
60,9%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-P6 C-E1 C-E3 C-E8 C-E14
A-C2 NINHOS DE AGREGADOS / CHOCHOS
Directa Indirecta
118
Tendo em consideração que se trata de uma anomalia construtiva (A-C), é expectável a sua
associação a C-P Erros de Projecto e C-E Erros de execução (Figura 5.29), uma vez que na origem
da A-C2 Ninhos de agregados podem estar diversas causas, como a ausência de estanqueidade da
cofragem, zonas densamente armadas e um processo de vibração pouco cuidado, conforme referido
em §3.2.2.
Na Figura 5.30, referente à anomalia A-C3 Marcas de tiges, é possível constatar que as principais
causas directas correspondem à C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de utilização e C-E7
Material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação, revelando duas
manifestações distintas da presente anomalia. Assim, 51,6% dos casos referem-se a uma deficiente
execução da zona envolvente do orifício, quando estes se encontram visíveis, tendo, por isso,
associadas as causas indirectas C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada, C-E8
Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E13 Ausência / deficiente colocação de
agente descofrante.
Figura 5.30 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C3 Marcas de tiges
Por outro lado, 45,2% correspondem a casos em que se recorre a argamassas de coloração diferente
da superfície, de modo a ser possível ocultar estas marcas deixadas no betão.
A anomalia A-C4 Esbabaçado foi detectada em 7 inspecções, tendo sido registadas na amostra 27
causas prováveis (directas e indirectas) associadas à sua ocorrência, resultando numa média de 3,9
causas prováveis para o presente tipo de anomalia.
Analisando a Figura 5.31, é possível verificar que as causas directas C-E3 Cofragem deficiente / com
excesso de utilização e C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão foram registadas
na totalidade dos casos em que a anomalia A-C4 Esbabaçado foi identificada, o que é justificável pelo
facto de esta ter como causas prováveis para a sua ocorrência uma deficiente concepção da ligação
cofragem-betão (permitindo a passagem de calda de cimento) e excesso de vibração, aliados a mão-
de-obra inexperiente (C-E1) e fiscalização inexistente / deficiente (C-E14).
51,6%45,2%
3,2%
58,1%
32,3%
54,8%
6,5%0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
C-E1 C-E3 C-E7 C-E8 C-E13 C-E14
A-C3 MARCAS DE TIGES
Directa Indirecta
119
Figura 5.31 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C4 Esbabaçado
Relativamente à anomalia A-C5 Crostas, é possível constatar, através da análise da Figura 5.32, que,
na totalidade dos casos em que foi identificada, esta tem associada as causas prováveis C-E3
Cofragem deficiente / com excesso de utilização, como directa, e C-E8 Betonagem / compactação /
cura deficiente do betão, como indirecta. Assim, percebe-se que esta anomalia deriva sobretudo de
erros de execução, devidos a uma rigidez insuficiente de um painel de cofragem, que dificulta o
suporte dos impulsos do betão sobre o molde e, por essa razão, deforma-o, criando assim um
pequeno espaço que permite a passagem de água e finos. Juntamente com as causas anteriores, C-
E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada, C-E11 Deficiente preparação dos moldes e C-E14
Fiscalização inexistente / deficiente podem igualmente contribuir para o surgimento desta anomalia.
Figura 5.32 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C5 Crostas
A anomalia A-C6 Incrustações de cofragem foi identificada apenas uma vez, tendo sido assinaladas,
como prováveis, 2 causas indirectas e 2 causas directas, relacionadas com esta anomalia. Dada a
reduzida frequência da presente anomalia na amostra, não é possível generalizar as conclusões
seguintes. No entanto, na Figura 5.33, apresenta-se a contribuição das causas para a ocorrência da
100,0% 100,0%100,0%85,7%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-E1 C-E3 C-E8 C-E14
A-C4 ESBABAÇADO
Directa Indirecta
100,0%
38,9%
100,0%
11,1%
27,8%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-E1 C-E3 C-E8 C-E11 C-E14
A-C5 CROSTAS
Directa Indirecta
120
anomalia, onde se verifica que são assinaladas C-E3 Cofragem deficiente / com excesso de utilização
e C-E13 Ausência / deficiente colocação de agente descofrante como causas directas, bem como a
C-E1 Mão-de-obra inexperiente / não especializada e C-E4 Tempo de descofragem inadequado como
causas indirectas. Assim, percebe-se a importância da utilização de cofragem em bom estado aliada
a um tempo de descofragem correcto, bem como a correcta aplicação do agente descofrante, na
execução de superfícies de betão à vista.
Figura 5.33 - Contribuição das causas nos casos de ocorrência da anomalia A-C6 Incrustações de
cofragem
5.5.3 Frequência observada dos métodos de diagnóstico
Tendo em consideração a análise efectuada para as causas prováveis associadas às anomalias
consideradas, procedeu-se à execução de gráficos representativos da frequência relativa dos
métodos de diagnóstico propostos para cada anomalia, de modo a ser possível reter algumas
conclusões relevantes. Assim, com o intuito de facilitar a compreensão gráfica das figuras, foram
executados três gráficos correspondentes a cada grupo de anomalias (A-E Estéticas, A-M Mecânicas
e A-C Construtivas / geométricas).
Considerando o grupo de anomalias A-E Estéticas (Figura 5.34), verifica-se que o método mais
utilizado no processo de diagnóstico de anomalias corresponde ao D-V1 Inspecção visual, o qual
apresenta uma frequência relativa de 100% em todas as anomalias inspeccionadas, sendo um facto
expectável, na medida em que as inspecções se basearam fundamentalmente no exame
macroscópico / observação visual.
Para a anomalia A-E2 Eflorescências, observa-se ainda que, além do método D-V1 Inspecção visual,
a utilização de D-V4 Tiras colorimétricas é complementar do anterior, em virtude de apresentar
igualmente uma frequência de 100% para as superfícies de betão à vista inspeccionadas, o que pode
ser justificado pelo facto de ser um método não destrutivo e de grande simplicidade, que facilita o
processo de inspecção e diagnóstico da presente anomalia.
100,0% 100,0%100,0% 100,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
C-E1 C-E3 C-E4 C-E13
A-C6 INCRUSTAÇÕES DE COFRAGEM
Directa Indirecta
121
Por outro lado, de acordo com a Figura 5.34, constata-se que, para a identificação das anomalias A-E
Estéticas, determinação das suas causas prováveis e avaliação da respectiva extensão, não são
aplicados todos os métodos de diagnóstico propostos, nomeadamente o D-V2 Fissurómetro, D-V3
Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras, D-V5 Testemunhos, D-A1 Martelo de borracha e
D-M1 Magnetómetro. Tendo em consideração que os referidos métodos se relacionam com
anomalias associadas a deslocamentos impostos e/ou acções estáticas e dinâmicas, capazes de
degradar fisicamente a superfície de betão à vista, ou causas associadas a elementos metálicos,
justifica-se a sua não utilização nas anomalias A-E Estéticas.
Figura 5.34 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-E
Estéticas
É possível verificar que as anomalias A-E1 Manchas e A-E3 Colonização biológica são as que
apresentam maior número de métodos possíveis de serem utilizados no seu processo de diagnóstico,
além do método D-V1 Inspecção visual, que está presente em todas as anomalias consideradas.
Apesar das frequências reduzidas, métodos como o D-T1 Termo-higrómetro (8,3%), D-T2
Termografia de infravermelhos (10,4%) e D-M2 Meia-célula galvânica (3,1%) podem auxiliar a
identificação das causas associadas à anomalia A-E1 Manchas. Efectivamente, existindo manchas de
diferentes tipos, nomeadamente variações de tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão,
hidratação / humidade, com causas prováveis distintas, os referidos métodos de diagnóstico podem
permitir a confirmação do tipo de mancha presente em determinada superfície. Relativamente à
anomalia A-E3 Colonização biológica, verifica-se que o D-T1 Termo-higrómetro constitui um método
de diagnóstico relevante, devido à sua frequência relativa significativa (69,2%), sendo este um valor
expectável, tendo em consideração que é uma ferramenta importante na detecção de zonas com
elevado teor de humidade que, por sua vez, contribui para o desenvolvimento da referida anomalia.
De igual modo, os métodos D-T2 Termografia de infravermelhos (30,8%) e D-T3 ISAT - initial surface
absorption test (30,8%) permitem auxiliar o processo de diagnóstico de causas associadas à
manifestação da referida anomalia.
100,0%
8,3% 10,4%
3,1%
100,0%
69,2%
30,8% 30,8%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
D-V1 D-V2 D-V3 D-V4 D-V5 D-A1 D-T1 D-T2 D-T3 D-M1 D-M2
A-E1 A-E2 A-E3 A-E4 A-E5 A-E6
122
Posteriormente, apresenta-se o gráfico referente ao grupo de anomalias A-M Mecânicas (Figura
5.35), o qual permite verificar o valor percentual da contribuição dos métodos de diagnóstico
propostos para cada anomalia do referido grupo.
Figura 5.35 - Frequência relativa dos métodos de diagnóstico para cada anomalia do grupo A-M
Mecânicas
Tal como no gráfico correspondente ao grupo A-E Estéticas (Figura 5.34), constata-se que houve
necessidade de se recorrer ao método A-V1 Inspecção visual no diagnóstico de todas as anomalias
A-M Mecânicas presentes em superfícies de betão à vista (Figura 5.35), tendo em consideração que
permite a caracterização geral do estado da mesma, servindo como meio de partida para a selecção
dos restantes métodos de diagnóstico a aplicar.
Relativamente às anomalias A-M1 Fissuração mapeada e A-M2 Fissuração direccionada, verifica-se
uma representatividade considerável do método de diagnóstico D-V3 Comparador de fissuras /
medidor óptico de fissuras, devido à sua simplicidade, a qual permite quantificar facilmente a
dimensão de fissuras existentes, auxiliando o processo de diagnóstico in situ. Além disso, o D-A1
Martelo de borracha é igualmente importante na determinação da(s) causa(s) associada(s) à
anomalia A-M1 Fissuração mapeada, apresentando uma frequência relativa de 42,9%.
De igual modo, observa-se que o método de diagnóstico D-M1 Magnetómetro apresenta uma
expressão considerável (52,4%) na anomalia A-M4 Descasque, aliado ao método D-M2 Meia-célula
galvânica (19%), dado que permite um diagnóstico fiável e eficiente das causas prováveis da referida
anomalia. Por outro lado, o método D-T2 Termografia de infravermelhos (14,3%) permite auxiliar o
processo de identificação da anomalia, através de uma análise pormenorizada dos fenómenos de
degradação da superfície de betão à vista, evidenciando a anomalia A-M4 Descasque.
A primeira evidência gráfica que se constata é a utilização em todas as anomalias das superfícies de
betão à vista inspeccionadas do método de diagnóstico D-V1 Inspecção visual, o que reflecte, tal
como nos casos anteriores (Figura 5.34 e 5.35), a sua importância no processo de identificação de
100,0%92,9%
42,9%
9,4%
88,7%
5,7% 3,8%
14,3%
52,4%
19,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
D-V1 D-V2 D-V3 D-V4 D-V5 D-A1 D-T1 D-T2 D-T3 D-M1 D-M2
A-M1 A-M2 A-M3 A-M4
123
anomalias e respectivas causas associadas. O facto de nas anomalias A-C Construtivas /
geométricas não terem sido utilizados outros métodos de diagnóstico complementares deve-se
sobretudo a não ser necessária a medição de nenhuma grandeza ou utilização de equipamento
complementar para diagnosticar estas anomalias.
5.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO
No presente capítulo, procedeu-se à validação dos sistemas classificativos propostos (§3.2.1, §3.3 e
§4.2.1) e das respectivas matrizes de correlação, tendo sido efectuada a análise estatística dos
dados recolhidos na campanha de inspecções realizada.
A amostra significativa de inspecções efectuadas e respectiva informação obtida possibilitaram
confirmar a fiabilidade e eficácia dos sistemas classificativos propostos para superfícies de betão à
vista e matrizes de correlação correspondentes. De igual modo, foram efectuadas algumas alterações
pertinentes, com o intuito de melhorar e adequar os referidos sistemas a casos reais, as quais
englobaram sobretudo a modificação de determinados coeficientes de correlação. Assim, verifica-se
um ajuste de 5,6% nos coeficientes de correlação da matriz anomalias - causas prováveis e 1,7% nos
coeficientes da matriz anomalias - métodos de diagnóstico.
De igual modo, importa salientar as principais conclusões resultantes da análise estatística efectuada
à informação recolhida, nomeadamente a frequência relativa associada a determinadas anomalias,
causas preferenciais para a sua ocorrência em superfícies de betão à vista, métodos de diagnóstico
mais adequados à sua identificação, níveis de gravidade associados e média de área de superfície
afectada por cada anomalia.
Assim, relativamente às frequências relativas das anomalias identificadas em superfícies de betão à
vista, destaca-se o seguinte:
é possível verificar a maior expressão do grupo de anomalias A-E Estéticas (44,7%), seguida do
grupo A-C Construtivas / geométricas (31,3%) e A-M Mecânicas (24,0%);
a anomalia A-E1 Manchas possui maior representatividade (87,3%) no total de superfícies
inspeccionadas, sendo este facto explicado pelos diferentes tipos de manchas (variações de
tonalidade / cor, manchas de sujidade, corrosão, hidratação / humidade) que a mesma engloba,
seguida da anomalia A-M2 Fissuração direccionada (48,2%);
relativamente à idade dos edifícios inspeccionados, a anomalia A-E1 Manchas manteve a sua
frequência relativa elevada constante, embora com ligeira preponderância nas superfícies mais
antigas, devido à maior incidência de manchas de sujidade, em consequência da falta de
manutenção e maior número de anos de exposição a agentes poluentes;
em relação aos níveis de gravidade de determinada anomalia, verifica-se predominância do nível
1, correspondente à intervenção na anomalia inspeccionada até 2 anos, particularmente nas
anomalias construtivas (A-C) e estéticas (A-E5 Bolhas de pele e A-E6 Graffiti);
quanto à média ponderada de área de superfície afectada, conclui-se que A-E1 Manchas
(46,8%) e A-E5 Bolhas de pele (45,8%) são as anomalias que surgem com maior
124
representatividade, o que pode ser explicado pelo facto de derivarem do processo construtivo,
sendo expectável que se encontrem generalizadas na superfície.
Tendo em consideração as causas prováveis associadas à ocorrência das anomalias identificadas, é
possível constatar algumas conclusões importantes, nomeadamente:
os grupos de causas C-E Erros de execução e C-A Acções ambientais encontram-se associados
de forma maioritária às anomalias observadas, 67,2% e 11,3% respectivamente, sendo de todo
o interesse uma cuidada execução das superfícies de betão à vista e consequente manutenção;
as causas C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E3 Cofragem
deficiente / com excesso de utilização possuem elevada frequência no total de anomalias
identificadas, o que se explica pela sua associação à anomalia A-E1 Manchas que possui
elevada representatividade na amostra considerada e por contribuírem para a génese da maior
parte das anomalias A-C Construtivas / geométricas;
as causas C-A1 Partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas e C-A4 Presença de
água / chuva, possuem valores superiores a 11%, o que pode resultar do facto de estarem na
origem de A-E1 Manchas (de sujidade) e A-E3 Colonização biológica;
a anomalia A-E1 Manchas deriva em 68,8% dos casos de cofragem deficiente (C-E3), tendo
associadas, como indirectas, as causas C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do
betão, C-E11 Deficiente preparação dos moldes e C-E12 Betonagem em condições atmosféricas
desfavoráveis, o que revela que a maior percentagem desta anomalia se refere a manchas de
hidratação;
a anomalia A-M2 Fissuração direccionada resulta, em mais de metade dos casos
inspeccionados (64,2%), de concentração de tensões (C-M5).
Por último, é necessário salientar as conclusões relevantes relacionadas com os métodos de
diagnóstico das superfícies de betão à vista inspeccionadas. Assim:
o método D-V1 Inspecção visual encontra-se associado à totalidade das anomalias identificadas,
uma vez que serve como meio de partida para a selecção dos restantes métodos de diagnóstico
a aplicar e permite a identificação da anomalia, bem como das causas prováveis associadas;
relativamente à anomalia A-E2 Eflorescências, verifica-se a utilização do método D-V4 Tiras
colorimétricas à totalidade dos casos, o que pode permitir conhecer a origem dos sais
associados;
verifica-se uma frequência significativa de utilização dos métodos D-T Termo-higrométricos à
anomalia A-E3 Colonização biológica;
o método de diagnóstico D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras possui
elevada frequência nas anomalias A-M1 Fissuração mapeada e A-M2 Fissuração direccionada,
com valores de 92,9% e 88,7%, respectivamente;
a anomalia A-M4 Descasque tem associada, a mais de metade dos casos em que foi
identificada, o método D-M1 Magnetómetro;
125
relativamente às anomalias construtivas (A-C), estas encontram-se exclusivamente associadas
ao método D-V1 Inspecção visual.
Assim, através da execução de uma campanha de inspecções a 110 superfícies verticais de betão à
vista, foi possível verificar a sua importância no processo de validação do sistema classificativo
proposto, tendo permitido comprovar os pressupostos teóricos apresentados em capítulos anteriores.
126
127
6. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conhecimento adquirido ao longo do desenvolvimento da presente dissertação permitiu verificar as
potencialidades do betão à vista como solução arquitectónica de elevada durabilidade,
particularmente no caso de se proceder a uma execução cuidada, implementando uma estratégia de
manutenção pró-activa do tipo predictivo. A prática pró-activa de prescrições apropriadas à
monitorização de problemas patológicos em superfícies de betão à vista é fundamental na
minimização da génese de determinadas anomalias e melhoria significativa da sua qualidade
estética.
São necessárias estratégias de manutenção pró-activas, e planos de inspecções periódicas devem
ser correctamente delineados, devendo estes últimos ser desprovidos de subjectividade ou
dependência de conhecimentos técnicos do inspector. Sendo as superfícies de betão à vista
susceptíveis a diversos problemas patológicos, devidos a procedimentos inadequados de projecto,
execução ou utilização, bem como a problemas intrínsecos dos seus constituintes, agravados pela
presença de ambientes agressivos, justifica-se a formação e sensibilização dos agentes envolvidos
no processo construtivo.
A contínua evolução tecnológica proporcionou meios capazes de fabricar betão com uma composição
suficientemente regular e uniforme, de forma a que a sua superfície fosse a expressão estética da
sua vertente estrutural. Contudo, constata-se que nem sempre a qualidade da superfície acompanha
o referido desenvolvimento, o que contribui para o incremento da sua patologia e consequente nível
de gravidade associado. Assim, a especialização dos diferentes intervenientes no processo de
concepção, execução e inspecção, providos de instrumentos e meios eficazes na análise de
manifestações patológicas existentes, determinação de causas prováveis, adequabilidade do(s)
método(s) de diagnóstico e técnica(s) de reparação utilizada(s), possibilitaria a melhoria progressiva
da qualidade final das superfícies em questão.
Dada a inexistência de estudos aprofundados que permitam detalhar a relação pormenorizada entre
anomalias, causas e métodos de diagnóstico em superfícies de betão à vista, com análises
estatísticas e matrizes de correlação, procedeu-se à execução de um sistema de inspecção e
diagnóstico eficiente e capaz de sistematizar e correlacionar as referidas variáveis. Deste modo,
tendo em consideração a campanha de inspecções efectuada a 110 superfícies verticais, foi possível
a criação de uma ferramenta de apoio e auxílio do processo de inspecção e diagnóstico de
superfícies de betão à vista, justificada pela crescente preocupação associada à qualidade das
construções.
6.2. CONCLUSÕES GERAIS
Na presente dissertação, foi proposto e validado um sistema de apoio ao processo de inspecção e
diagnóstico de anomalias em superfícies de betão à vista, complementado pelo tratamento estatístico
128
de dados informativos recolhidos. Ao longo do desenvolvimento do referido sistema, foi possível
retirar algumas conclusões relevantes, as quais são expostas seguidamente:
as imperfeições e/ou manifestações patológicas indesejáveis influenciam fortemente a qualidade
da aparência estética de determinada superfície de betão à vista, sendo necessário adoptar
medidas técnicas capazes de prevenir o seu surgimento; o rigor e cuidado aplicados, durante o
processo construtivo de uma superfície de betão à vista, reflectem-se no resultado final,
traduzindo-se na obtenção e homogeneidade das características idealizadas;
o betão à vista destaca-se como um material de elevada durabilidade, especialmente quando na
sua concepção / execução são tidos em consideração determinados pressupostos; assim, torna-
se necessário divulgar de forma contínua a tecnologia associada às superfícies de betão à vista
por todos os intervenientes no processo construtivo e potenciar uma cooperação positiva entre
as partes envolvidas;
a evolução verificada pelos sistemas de cofragem possibilitou o desenvolvimento de formas
ousadas, elementos esbeltos e inovadores, bem como superfícies progressivamente mais
diferenciadas; a cofragem trata-se de um elemento fundamental em qualquer obra de betão à
vista, devendo ser concebida e fabricada com base nos requisitos específicos de cada projecto;
a cofragem de permeabilidade controlada permite aumentar significativamente a qualidade das
superfícies de betão à vista, tanto a nível estético, como de durabilidade;
o processo de manutenção de superfícies de betão à vista deve ser considerado uma medida
preventiva para o surgimento de anomalias e um meio de detectar e monitorizar a sua
progressão;
como os custos de utilização e manutenção são fortemente dependentes da qualidade do
projecto e da sua execução construtiva, é fundamental que o referido processo seja adequado,
para possibilitar a redução de custos pós-construtivos;
os sistemas classificativos de anomalias e causas prováveis propostos englobam todas as
situações identificadas em superfícies de betão à vista, sendo, por sua vez, plausível que, da
utilização continuada dos mesmos, aliada à experiência, advenham ligeiras alterações;
a classificação das anomalias em superfícies de betão à vista e conhecimento das relações
entre as mesmas e suas causas prováveis, bem como das anomalias entre si, permitiu a
compilação de informação relativa a cada manifestação patológica, sob a forma de fichas de
anomalia individuais (Anexo 3.I);
o sistema classificativo dos métodos de diagnóstico, e a matriz de correlação entre estes e as
anomalias, fornece informação acerca dos mais adequados ao processo de diagnóstico de cada
anomalia e/ou causas respectivas;
a matriz de correlação inter-anomalias (§3.4.3) permite a determinação da probabilidade de
ocorrência de outras anomalias quando uma delas se manifesta, auxiliando assim a realização
de acções correctivas e de prevenção do desenvolvimento de anomalias;
as fichas de métodos de diagnóstico individuais (Anexo 4.I) resumem as informações obtidas
durante o desenvolvimento da presente dissertação e, devido à sua fácil interpretação, são
129
fundamentais ao processo de diagnóstico das manifestações patológicas existentes e
respectivas causas prováveis;
a validação dos sistemas classificativos propostos e respectivas matrizes de correlação, através
da execução de inspecções a 110 superfícies verticais de betão à vista, revelou-se fundamental
para avaliar a validade das hipóteses teóricas consideradas na construção dos referidos
sistemas e para proceder à sua calibração;
o grupo de anomalias A-E Estéticas é o mais frequente (44,8%) na amostra considerada, sendo
que individualmente as anomalias A-E1 Manchas (87,3%) e A-M2 Fissuração direccionada
(48,2%) são as que mais se destacam nas superfícies inspeccionadas;
as anomalias A-E6 Graffiti, A-M3 Desagregação e A-M4 Descasque são as que apresentam um
nível de gravidade superior, requerendo, por isso, maior urgência de intervenção, o que se deve
ao facto de a primeira apresentar forte impacte visual na superfície e maior facilidade de
remoção (quanto mais rápida a intervenção), estando as restantes associadas às consequências
que o seu desenvolvimento origina;
sendo as causas C-E Erros de execução (67,2%) e C-A Acções ambientais (11,3%) as mais
representativas na amostra inspeccionada, verifica-se a necessidade de se realizar uma
concepção / execução cuidada, tendo em consideração as classes de exposição ambiental, bem
como os agentes agressivos característicos de cada local, aliada a uma estratégia de
manutenção preventiva;
as causas C-E8 Betonagem / compactação / cura deficiente do betão e C-E3 Cofragem
deficiente / com excesso de utilização são as mais frequentes no total de anomalias
identificadas, dada a sua relação com a anomalia A-E1 Manchas (de hidratação), que possui
elevada representatividade na amostra, e por contribuírem para a ocorrência da maior parte das
anomalias do grupo A-C Construtivas / geométricas;
as anomalias A-E1 Manchas (47,0%) e A-E5 Bolhas de pele (45,8%) são as que surgem com
maior representatividade em termos de média ponderada de área de superfície afectada, pelo
facto de se encontrarem frequentemente generalizadas na superfície, uma vez que derivam do
processo construtivo;
o método de diagnóstico D-V1 Inspecção visual encontra-se associado à totalidade das
anomalias identificadas, na medida em que serve de meio de partida para a selecção dos
restantes métodos de diagnóstico a aplicar e permite a identificação da anomalia, bem como das
causas prováveis associadas.
6.3. DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
O desenvolvimento da presente dissertação pode fomentar a eventual execução de futuros trabalhos
de investigação. Assim, é possível salientar algumas vertentes mais relevantes, nomeadamente:
desenvolver um módulo informático, baseado no sistema de inspecção e diagnóstico de
superfícies de betão à vista apresentado, que possa ser instalado num equipamento informático
portátil (tablet, smartphone) e que possibilite o armazenamento dos dados recolhidos, de modo a
melhorar significativamente o processo de (re)inspecção;
130
constituir um manual de inspecções (com regras e procedimentos bem definidos) de superfícies
de betão à vista, de modo a possibilitar a aplicação objectiva do módulo informático, permitindo a
normalização e sistematização dos dados recolhidos nas inspecções efectuadas e respectivo
tratamento;
analisar pormenorizadamente a efectividade dos métodos de diagnóstico que constituem o
sistema classificativo proposto, através do acompanhamento de inspecções a superfícies de
betão à vista, consequentes resultados obtidos e seu tratamento;
estudar o processo de degradação das superfícies de betão à vista, com o intuito de ser possível
estimar curvas e modos de degradação das superfícies, considerando a sua envolvente e
exposição a agentes agressivos;
efectuar mais inspecções a superfícies de betão à vista que apresentem anomalias,
possibilitando a obtenção de conclusões mais alargadas acerca dos métodos de diagnóstico
específicos para cada tipo de anomalia considerado;
criar sistemas de apoio à inspecção e diagnóstico de outros elementos (estruturais e não
estruturais) com uma metodologia semelhante à implementada na presente dissertação, de
modo a ser possível realizar um sistema de gestão de edificações.
131
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138
ANEXOS
A4.I.1
ANEXO 3.I - Fichas de anomalias
FICHA DE ANOMALIA A-E1
DESIGNAÇÃO
Manchas
DESCRIÇÃO:
Manifestações patológicas cuja aparência estética depende
fundamentalmente da sua origem, podendo apresentar-se sob a
forma de variações de tonalidade / cor, manchas de corrosão,
humidade / hidratação e sujidade.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;
C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);
C-P3 cofragem inadequada;
C-P4 agente descofrante inadequado;
C-P5 processo construtivo inadequado;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;
C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);
C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis;
C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas;
C-A3 acção do vento;
C-A4 presença de água / chuva;
C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);
C-M1 abrasão;
C-M3 corrosão / expansão da armadura;
C-G1 reacção álcalis-sílica;
C-G2 sulfatos;
C-G4 compostos orgânicos;
C-G5 ácidos;
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
meio propício ao desenvolvimento de microorganismos;
textura da superfície afectada.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
tipo de acabamento superficial (liso / texturado);
tipo de protecção superficial (tinta / verniz / hidrófugo / sem protecção);
A4.I.2
percentagem de área afectada: (…) %;
presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);
disposição da mancha na superfície (pontual / generalizada);
exposição da superfície às acções atmosféricas (protegida / exposta);
presença de elementos metálicos junto à superfície (S / N).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-T1 termo-higrómetro;
D-T2 termografia de infravermelhos;
D-T3 ISAT - initial surface absorption test;
D-M2 meia-célula galvânica.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
0 - área afectada superior a 50% e com condições para progressão do fenómeno;
1 - área afectada superior a 20%;
2 - restantes casos.
A4.I.3
FICHA DE ANOMALIA A-E2
DESIGNAÇÃO
Eflorescências
DESCRIÇÃO:
Manchas de cor esbranquiçada, de extensão e configuração
variáveis, por vezes com deformação local da superfície de betão;
presença de sais cristalizados na superfície do betão, com
aspecto pulverulento.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);
C-P4 agente descofrante inadequado;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);
C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-A2 exposição solar alta / reduzida;
C-A3 acção do vento;
C-A4 presença de água / chuva;
C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);
C-G2 sulfatos;
C-G3 sal / água salgada (cloretos);
C-G4 compostos orgânicos;
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
degradação da qualidade visual da superfície;
textura da superfície afectada.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
tipo de acabamento superficial (liso / texturado);
tipo de protecção superficial (tinta / verniz / hidrófugo / sem protecção);
percentagem de área afectada: (…) %;
presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);
disposição da mancha na superfície (pontual / generalizada);
exposição da superfície às acções atmosféricas (protegida / exposta);
sais solúveis em água (S / N);
origem dos sais.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-V4 tiras colorimétricas;
D-T1 termo-higrómetro;
D-T2 termografia de infravermelhos.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 15% e com condições para progressão do fenómeno;
2 - restantes casos.
A4.I.4
FICHA DE ANOMALIA A-E3
DESIGNAÇÃO
Colonização biológica
DESCRIÇÃO:
Manchas de cor preta, cinzenta, castanha, esverdeada e,
eventualmente, claras, esbranquiçadas ou amarelas, resultantes
da proliferação de microrganismos, como bolores e fungos.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras);
C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);
C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas;
C-A2 exposição solar alta / reduzida;
C-A4 presença de água / chuva;
C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);
C-G4 compostos orgânicos;
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
propagação da manifestação patológica para áreas envolventes à afectada;
degradação superficial do betão.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
tipo de sombreamento (total / parcial / ausente);
condições de iluminação / radiação solar;
exposição a agentes poluentes (S / N);
acumulação de sujidade na superfície (S / N);
percentagem de área afectada: (…) %;
propagação da manifestação patológica para áreas envolventes à afectada (S / N);
presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-T1 termo-higrómetro;
D-T2 termografia de infravermelhos;
D-T3 ISAT - initial surface absorption test.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior ou igual a 25% e com condições para progressão do fenómeno;
2 - restantes casos.
A4.I.5
FICHA DE ANOMALIA A-E4
DESIGNAÇÃO
Desgaste / erosão
DESCRIÇÃO:
Manifestação patológica caracterizada pela perda da pasta de
cimento de ligação dos agregados.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas;
C-A3 acção do vento;
C-A4 presença de água / chuva;
C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);
C-M1 abrasão;
C-M2 choques / pancadas;
C-G5 ácidos;
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;
C-U3 vandalismo.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
degradação superficial e/ou profunda do betão;
desenvolvimento de outras anomalias (devido à diminuição do recobrimento);
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
facilidade de acesso à superfície (vedado / acessível);
presença constante de água na superfície (S / N);
superfície muito exposta a acções atmosféricas (S / N);
exposição a agentes agressivos;
percentagem de área afectada: (…) %;
frequência de contacto com pessoas e/ou objectos (S / N);
existência de protecções contra choques / pancadas na superfície (S / N).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N);
armadura exposta (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
0 - área afectada superior a 50% e com condições para progressão do fenómeno; ou armadura
visível;
1 - área afectada superior a 20%;
2 - restantes casos.
A4.I.6
FICHA DE ANOMALIA A-E5
DESIGNAÇÃO
Bolhas de pele
DESCRIÇÃO:
Pequenas cavidades de forma irregular, semelhante a poros, que
não ultrapassam os 15 mm de diâmetro, podendo atingir uma
dimensão de aproximadamente 25 mm e, em situações mais
graves, alcançam até 2 cm de profundidade.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P3 cofragem inadequada;
C-P4 agente descofrante inadequado;
C-P5 processo construtivo inadequado;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
acumulação de sujidade / detritos.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
percentagem de área afectada: (…) %;
disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %.
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 20%;
2 - restantes casos.
A4.I.7
FICHA DE ANOMALIA A-E6
DESIGNAÇÃO
Graffiti
DESCRIÇÃO:
Engloba todo o tipo de pinturas ou marcas, devidas a tintas ou
marcadores, absorvidas pela superfície de betão porosa.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;
C-U3 vandalismo.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
degradação superficial do betão.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
facilidade de acesso à superfície (vedado / acessível);
percentagem de área afectada: (…) %;
vigilância do local (vigiado / não vigiado);
material utilizado no graffiti (tinta / marcador / spray).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N);
estética do edifício gravemente afectada (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
0 - área afectada superior a 15% e com possibilidade elevada de repetição do fenómeno ou estética
do edifício gravemente afectada;
1 - restantes casos.
A4.I.8
FICHA DE ANOMALIA A-M1
DESIGNAÇÃO
Fissuração mapeada
DESCRIÇÃO:
Conjunto de fissuras, sem direcção preferencial, assemelhando-
se a uma rede ou malha; esta anomalia manifesta-se pela
abertura sucessiva, segundo direcções perpendiculares, das
referidas fissuras, originando um padrão poligonal.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E4 tempo de descofragem inadequado;
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;
C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-A2 exposição solar alta / reduzida;
C-A3 acção do vento;
C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);
C-G1 reacção álcalis-sílica;
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
perda de estanqueidade da superfície;
penetração de agentes deteriorantes no interior do betão;
perda de coesão, seguida de destacamento do betão superficial.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada);
percentagem de área afectada: (…) %;
produção de som cavo quando submetido à percussão (S / N);
dimensão média das fissuras: (…) mm.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-V3 comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras;
D-T3 ISAT - initial surface absorption test;
D-M1 magnetómetro.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
0 - área afectada superior a 50% e com condições para progressão do fenómeno;
1 - área afectada superior a 15%;
2 - restantes casos.
A4.I.9
FICHA DE ANOMALIA A-M2
DESIGNAÇÃO
Fissuração direccionada
DESCRIÇÃO:
Fissuras isoladas de dimensões variáveis que, em geral,
apresentam orientação e inclinação precisas, fornecendo
informação relativamente à sua origem.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;
C-P7 concepção / posicionamento deficiente das juntas de dilatação;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E4 tempo de descofragem inadequado;
C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação;
C-E9 junta de betonagem mal executada;
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-A2 exposição solar alta / reduzida;
C-M2 choques / pancadas;
C-M3 corrosão / expansão da armadura;
C-M4 deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações);
C-M5 concentração de tensões (junto a aberturas);
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
perda de estanqueidade da superfície;
penetração de agentes deteriorantes no interior do betão.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
exposição da superfície a altas temperaturas / radiação solar directa (S / N);
zona de concentração de tensões (S / N);
assentamentos / deformações da estrutura (S / N);
espessura do recobrimento;
orientação, inclinação e dimensão média das fissuras: (…) mm;
percentagem de área afectada: (…) %;
produção de som cavo quando submetido à percussão (S / N).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-V2 fissurómetro;
D-V3 comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras;
D-V5 testemunhos;
D-T2 termografia de infravermelhos;
D-M1 magnetómetro;
D-M2 meia-célula galvânica.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
dimensão média das fissuras: (…) mm;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
0 - dimensão média das fissuras maior ou igual a 0,8 mm e condições para progressão do fenómeno;
1 - dimensão média das fissuras superior 0,2 mm;
2 - restantes casos.
A4.I.10
FICHA DE ANOMALIA A-M3
DESIGNAÇÃO
Desagregação
DESCRIÇÃO:
Desintegração progressiva de camadas superficiais do betão;
perda gradual da função aglutinadora do cimento, originando a
separação dos agregados constituintes.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-A3 acção do vento;
C-A4 presença de água / chuva;
C-A5 humidade (ciclos secagem / molhagem);
C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);
C-M1 abrasão;
C-M3 corrosão / expansão da armadura;
C-G2 sulfatos;
C-G3 sal / água salgada (cloretos);
C-G5 ácidos;
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
degradação profunda do betão;
fim da vida útil da superfície.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
superfície muito exposta a acções atmosféricas (S / N);
exposição a agentes agressivos;
ambiente húmido e/ou marinho (S / N);
percentagem de área afectada: (…) %.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-T2 termografia de infravermelhos;
D-M2 meia-célula galvânica.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
0 - área afectada superior a 15% e com condições para progressão do fenómeno;
1 - restantes casos.
A4.I.11
FICHA DE ANOMALIA A-M4
DESIGNAÇÃO
Descasque
DESCRIÇÃO:
Fragmentação localizada de películas do betão de recobrimento,
originando aberturas consideráveis, chegando, por vezes, a deixar
exposta a armadura, particularmente em zonas proeminentes das
superfícies.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P6 deficiente pormenorização das armaduras;
C-P7 concepção / posicionamento deficiente das juntas de dilatação;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E4 tempo de descofragem inadequado;
C-E5 armazenagem dos constituintes / transporte do betão deficientes;
C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos);
C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação;
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;
C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;
C-A4 presença de água / chuva;
C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo);
C-M3 corrosão / expansão da armadura;
C-M4 deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações);
C-M5 concentração de tensões (junto a aberturas);
C-G2 sulfatos;
C-G3 sal / água salgada (cloretos);
C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / de renovação da protecção superficial;
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
corrosão acelerada da armadura.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
exposição da armadura (S / N);
percentagem de área afectada: (…) %;
presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N);
espessura do recobrimento.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-A1 martelo de borracha;
D-T2 termografia de infravermelhos;
D-M1 magnetómetro.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %;
condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N);
armadura exposta (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
0 - área afectada superior a 20% e com condições para progressão do fenómeno; ou armadura
visível;
1 - restantes casos.
A4.I.12
FICHA DE ANOMALIA A-C1
DESIGNAÇÃO
Defeitos de planeza
DESCRIÇÃO:
Alterações no alinhamento / planeza das superfícies de betão à
vista e/ou do próprio elemento de betão.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;
C-P3 cofragem inadequada;
C-P5 processo construtivo inadequado;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E4 tempo de descofragem inadequado;
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
acumulação de sujidade.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
alinhamentos / esquadrias;
percentagem de área afectada: (…) %.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %.
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 30%;
2 - restantes casos.
A4.I.13
FICHA DE ANOMALIA A-C2
DESIGNAÇÃO
Ninhos de agregados / chochos
DESCRIÇÃO:
Cavidades de grandes dimensões (dimensões na ordem dos 2
cm), podendo não aparentar forma esférica, com profundidades
variáveis, surgindo quando o espaço entre os agregados não se
encontra totalmente preenchido pela argamassa.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações;
C-P5 processo construtivo inadequado;
C-P6 deficiente pormenorização das armaduras;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras;
C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
corrosão acelerada da armadura;
acumulação de sujidades / detritos, possibilitando o desenvolvimento de microorganismos.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
exposição da armadura (S / N);
percentagem de área afectada: (…) %;
espessura do recobrimento;
zona com elevada densidade de armadura (S / N / não perceptível).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-T2 termografia de infravermelhos.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %:
armadura exposta (S / N).
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 20% ou casos em que se verifique exposição da armadura;
2 - restantes casos.
A4.I.14
FICHA DE ANOMALIA A-C3
DESIGNAÇÃO
Marcas de tiges
DESCRIÇÃO:
Marcas resultantes da necessidade de interligar os painéis de
cofragem, quando se apresentam de forma diferente da projectada ou
com desagregação de partículas de betão na zona da tige ou
pequenos vazios.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P3 cofragem inadequada;
C-P5 processo construtivo inadequado;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E4 tempo de descofragem inadequado;
C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação;
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E9 junta de betonagem mal executada;
C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
percentagem de área afectada: (…) %;
disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual;
D-T2 termografia de infravermelhos.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %.
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 20%;
2 - restantes casos.
A4.I.15
FICHA DE ANOMALIA A-C4
DESIGNAÇÃO
Esbabaçado
DESCRIÇÃO:
Descontinuidade visível na superfície de betão à vista, a qual se
manifesta através de estrias, decorrentes do percurso realizado pelo
fluxo de calda de cimento.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-P3 cofragem inadequada;
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E9 junta de betonagem mal executada;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
percentagem de área afectada: (…) %.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %.
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 20%;
2 - restantes casos.
A4.I.16
FICHA DE ANOMALIA A-C5
DESIGNAÇÃO
Crostas
DESCRIÇÃO:
Fixação de películas de argamassa, frequentemente com uma
coloração diferente, ao betão endurecido.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E9 junta de betonagem mal executada;
C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente;
C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
irregularidades na superfície.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
percentagem de área afectada: (…) %;
disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada).
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %.
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 20%;
2 - restantes casos.
A4.I.17
FICHA DE ANOMALIA A-C6
DESIGNAÇÃO
Incrustações de cofragem
DESCRIÇÃO:
Aderência de pedaços de cofragem à superfície de betão.
CAUSAS PROVÁVEIS:
C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada;
C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização;
C-E4 tempo de descofragem inadequado;
C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão;
C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza);
C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante;
C-E14 fiscalização inexistente / deficiente.
CONSEQUÊNCIAS POSSÍVEIS:
aspecto estético afectado;
irregularidades na superfície.
ASPECTOS A INSPECCIONAR:
percentagem de área afectada: (…) %;
disposição da anomalia na superfície (pontual / generalizada);
tipo de material incrustado.
ENSAIOS A REALIZAR:
D-V1 inspecção visual.
PARÂMETROS DE CLASSIFICAÇÃO:
percentagem de área afectada: (…) %.
NÍVEL DE GRAVIDADE / URGÊNCIA DE REPARAÇÃO:
1 - área afectada superior a 20%;
2 - restantes casos.
A4.I.1
ANEXO 4.I - Fichas de ensaios
FICHA DE ENSAIO D-V1
DESIGNAÇÃO
Inspecção visual
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- caracterizar o estado geral da superfície de betão à
vista;
- identificar a anomalia presente na superfície, a
respectiva extensão e causas prováveis para o seu
surgimento.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Binóculos, máquina fotográfica, bússola, fita métrica,
escova de nylon, régua de nível, fio-de-prumo ou
nível laser.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. Observar visualmente as superfícies a inspeccionar, utilizando binóculos, caso necessário;
2. Inspeccionar a superfície com recurso a equipamento auxiliar que permita obter informação
qualitativa que sustente a observação visual, nomeadamente máquina fotográfica, escova de nylon,
bússola, nível laser, régua de nível, fita métrica e fio-de-prumo.
VANTAGENS:
- aplicável no processo de inspecção de qualquer anomalia em superfícies de betão à vista;
- pouco oneroso;
- rápido e expedito.
LIMITAÇÕES:
- método subjectivo (variável com a experiência e qualificação do inspector);
- geralmente, possibilita apenas a obtenção de informação qualitativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brito e Flores-Colen (2005).
A4.I.2
FICHA DE ENSAIO D-V2
DESIGNAÇÃO
Fissurómetros (2015)
Fissurómetro
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- acompanhar a evolução temporal da abertura de fissuras
em superfícies de betão à vista.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Fissurómetro.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. fixar firmemente o fissurómetro às extremidades da fissura, segundo a direcção mais próxima da
normal à fissura, de modo que esta coincida com o centro do reticulado;
2. no caso de fissurómetros para deslocamentos perpendiculares e para cantos, o método de fixação
difere do anterior, devendo-se executar conforme as figuras seguintes (adaptado de Fissurómetros,
2015):
3. após instalação do fissurómetro, procede-se à monitorização da abertura das fissuras.
VANTAGENS:
- método de grande simplicidade técnica;
- expedito e pouco oneroso;
- possibilita a determinação de duas componentes de deslocamento (segundo as direcções
longitudinal e transversal) e de rotação (em torno de um eixo perpendicular ao plano do instrumento).
LIMITAÇÕES:
- possíveis dificuldades associadas à fixação do fissurómetro à superfície de betão à vista,
particularmente em acabamentos texturados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Oz (2002); Cóias (2006); Fissurómetros (2015).
A4.I.3
FICHA DE ENSAIO D-V3
DESIGNAÇÃO
Oz (2002)
Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- determinar abertura das fissuras.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
a) comparador de fissuras;
b) medidor óptico de fissuras.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
a)
1. aproximar o comparador de fissuras à superfície, fazendo coincidir os seus traços (de forma
crescente) com a fissura inspeccionada até encontrar o traço correspondente à sua espessura;
2. registar os valores obtidos.
b)
1. aproximar o medidor óptico de fissuras à superfície;
2. Após visualizar pela óptica, proceder à focagem do instrumento com o respectivo manípulo;
3. Registar os valores obtidos, através da graduação (em milímetros) existente na lente.
Em ambos os casos, deve-se proceder ao registo da orientação e inclinação da fissura(s)
inspeccionada(s).
VANTAGENS:
a)
- método de grande simplicidade técnica;
- rápido, expedito e pouco oneroso.
b)
- método rápido e expedito;
- permite executar medições com um rigor de 0,02 mm;
- o medidor óptico de fissuras é composto por uma lâmpada que permite iluminar o campo de visão
do inspector.
LIMITAÇÕES:
a)
- imprecisões associadas à leitura da escala graduada;
b)
- campo de visão exíguo, restringindo o conhecimento da extensão global da anomalia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Oz (2002); Cóias (2006).
A4.I.4
FICHA DE ENSAIO D-V4
DESIGNAÇÃO
Tuna et al. (2015)
Tiras colorimétricas
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- identificação de tipos de sais solúveis presentes na superfície
de betão à vista. EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Tiras colorimétricas.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. após recolha de amostra da superfície a inspeccionar, proceder à preparação da solução aquosa
com a mesma;
2. colocar a tira colorimétrica em contacto directo com a solução salina;
3. comparar a cor resultante com a escala de cores fornecida.
VANTAGENS:
- método de grande simplicidade técnica;
- rápido, expedito e pouco oneroso.
LIMITAÇÕES:
- método semi-quantitativo pouco preciso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Tavares et al. (2005); Tuna et al. (2015).
FICHA DE ENSAIO D-V5
DESIGNAÇÃO
Testemunhos
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- monitorização da estabilidade das fissuras.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Testemunhos de papel, gesso, cimento ou vidro.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. proceder à fixação do testemunho a ambas as extremidades da fissura a inspeccionar;
2. quebra do testemunho, caso sejam verificados movimentos relativos entre ambas as extremidades.
VANTAGENS:
- método expedito e pouco oneroso;
- método de grande simplicidade técnica;
LIMITAÇÕES:
- método pouco exacto que permite detectar grosseiramente acréscimos de abertura da fissura, sem
quantificação da sua amplitude de movimentos;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Oz (2002).
A4.I.5
FICHA DE ENSAIO D-A1
DESIGNAÇÃO
Martelo de borracha
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- diagnosticar determinado tipo de anomalias mecânicas, como
fissuração, descasque ou desagregação.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Martelo com cabeça de borracha.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. percutir o martelo de borracha na zona específica da superfície de betão à vista a inspeccionar;
2. analisar o som resultante da percussão (som cavo revela presença de anomalias, enquanto som
compacto indica superfície homogénea); VANTAGENS:
- método expedito e pouco oneroso;
- método de grande simplicidade técnica;
- confirmação imediata de anomalias e/ou causas associadas.
LIMITAÇÕES:
- ensaio restrito, em virtude de apenas indicar a existência da anomalia;
- dependente da experiência do inspector, tendo em consideração que o diagnóstico varia com o som
produzido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A4.I.6
FICHA DE ENSAIO D-T1
DESIGNAÇÃO
Manutan (2015)
Termo-higrómetro
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- medição da temperatura e humidade ambiente;
- medição da temperatura e humidade da superfície.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Termo-higrómetro.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
Importa salientar que certos modelos de termo-higrómetros requerem calibração antes do início do
processo de medição.
1. Ligar o equipamento;
2. Efectuar a leitura (no visor do equipamento) da humidade e temperatura ambiente;
3. Colocar os eléctrodos do termo-higrómetro em contacto com a superfície a analisar;
4. Efectuar a leitura (no visor do equipamento) da humidade e temperatura superficial;
5. Efectuar a repetição dos passos 3 e 4 em diversos pontos da superfície.
VANTAGENS:
- método rápido, expedito e pouco oneroso;
- resultados em tempo real;
- facilidade de utilização;
- resultados significativamente precisos.
LIMITAÇÕES:
- equipamento requer calibração para leituras precisas;
- desconhecimento de produto protector aplicado na superfície do betão pode comprometer os
resultados;
- não permite identificar nenhuma anomalia propriamente dita, mas permite complementar o processo
de diagnóstico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Massari (1993); PCE (2015); Magalhães et al. (2005); Manutan (2015).
A4.I.7
FICHA DE ENSAIO D-T2
DESIGNAÇÃO
PCE (2015)
Termografia de infravermelhos
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- identificar e avaliar heterogeneidades das superfícies de betão
à vista, através da emissão da respectiva radiação térmica
(infravermelha).
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
- câmara termográfica;
- cartão de memória (armazenamento de dados);
- máquina fotográfica.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. ligar a câmara termográfica e apontá-la para a superfície a inspeccionar;
2. focar até obter uma imagem de alta definição, de modo a ser possível identificar zonas anómalas
da superfície;
3. guardar no cartão de memória a imagem obtida;
4. comparar o termograma com a fotografia da superfície inspeccionada para facilitar a interpretação
dos resultados. VANTAGENS:
- método de diagnóstico adequado a uma estratégia de manutenção pró-activa;
- não requer contacto directo com a superfície;
- permite confirmar a presença de determinadas anomalias identificadas (como manchas de
humidade, fissuras, descasque e desagregação), através das variações térmicas.
LIMITAÇÕES:
- método qualitativo que necessita ser complementado por métodos de diagnóstico locais que
permitam a determinação exacta das anomalias, causas associadas e resultados quantitativos;
- possíveis distorções causadas pela distância e ângulo da captura de imagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Mendonça (2005); ITC (2005); PCE (2015).
A4.I.8
FICHA DE ENSAIO D-T3
DESIGNAÇÃO
Nagendra (2012)
ISAT - initial surface absorption test
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- determinar o grau de porosidade da superfície de betão à vista.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
- célula em acrílico transparente (100 mm de diâmetro);
- reservatório transparente (ligado à entrada da célula);
- tubo capilar graduado (ligado à saída da célula);
- válvula (para isolar o reservatório).
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. proceder à calibração do tubo capilar, de modo a ser possível determinar a área da secção
transversal;
2. medir a área da célula e determinar o factor de escala para a combinação de célula / tubo;
3. fixar e vedar a célula à superfície de betão à vista para garantir pressão uniforme;
4. após enchimento total da célula, o reservatório é fechado e procede-se às medições de fluxo ao
longo do tubo capilar (efectuar leituras aos 10 minutos, 30 minutos e 1 hora após o primeiro
humedecimento da superfície).
VANTAGENS:
- método de diagnóstico relativamente rápido e simples;
- pode ser utilizado em acabamentos texturados, com agregado exposto.
LIMITAÇÕES:
- dificuldade de assegurar uma ligação célula - superfície estanque;
- propriedade medida é fortemente afectada pela humidade da superfície. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Coutinho e Gonçalves (1994); Brito e Flores-Colen (2005); Nagendra (2012).
A4.I.9
FICHA DE ENSAIO D-M1
DESIGNAÇÃO
Hilti (2015)
Magnetómetro
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) / NÃO
DESTRUTIVO (ND):
ND
OBJECTIVOS:
- determinar espessura do betão de recobrimento;
- determinar diâmetro das armaduras.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Magnetómetro; malha ortogonal impressa em papel; fita
adesiva.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. fixar a malha ortogonal à superfície, através de fita adesiva;
2. percorrer a malha ortogonal com o magnetómetro, de acordo com as instruções do equipamento;
3. visualizar os resultados no visor do equipamento. VANTAGENS:
- resultados rápidos in situ;
- grau de fiabilidade significativo;
- requer apenas acesso a um dos lados da superfície inspeccionada.
LIMITAÇÕES:
- permite apenas inspeccionar simultaneamente uma área de dimensão limitada;
- não fornece informação específica relativamente à taxa de corrosão da armadura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brito et al. (2009); Hilti (2015)
A4.I.10
FICHA DE ENSAIO D-M2
DESIGNAÇÃO
Adaptado de FLH (2015)
Meia-célula galvânica
DESTRUTIVO (D) / SEMI-DESTRUTIVO (SD) /
NÃO DESTRUTIVO (ND):
SD
OBJECTIVOS:
- definir um mapa de corrosão potencial da
superfície de betão à vista.
EQUIPAMENTO NECESSÁRIO:
Meia-célula galvânica; voltímetro; bobine de cabo
de 25 / 30 m; cartão de memória.
DESCRIÇÃO DO MÉTODO:
1. ligar o cabo a um varão de armadura do elemento de betão (afastado da zona a inspeccionar);
2. percorrer a superfície com o eléctrodo ao longo da sua extensão;
3. guardar as medições de potencial de campo efectuadas no cartão de memória;
4. interpretar os resultados e distinguir zonas de possível corrosão. VANTAGENS:
- permite identificar zonas de corrosão potencial sem expor a armadura;
- possibilita a distinção de zonas de alto e baixo potencial de corrosão do elemento.
LIMITAÇÕES:
- as medições são influenciadas pela espessura do betão de recobrimento, resistividade do betão e
disponibilidade de oxigénio;
- método semi-destrutivo, pois requer uma ligação à armadura do elemento inspeccionado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Brito et al. (2009); FLH (2015).
A5.I.1
ANEXO 5.Ia - Zonamento térmico (EC1 - Parte 1.5)
Inverno
A5.I.2
Verão
A5.I.3
ANEXO 5.Ib - Zonamento do território em termos da acção do vento (EC1 - Parte 1.4)
zona A - generalidade do território, excepto zona B;
zona B - arquipélago dos Açores e da Madeira e regiões do
continente situadas numa faixa costeira com 5 km de largura ou
altitudes superiores a 600 m.
A5.I.4
Rugosidade aerodinâmica (EC1 - Parte 1.4)
A5.I.5
ANEXO 5.Ic - Classes de exposição ambiental (LNEC E464)
A5.I.6
A5.II.1
ANEXO 5.II - Tabela com identificação dos edifícios inspeccionados e suas características
Código do edifício
Localização Tipo de
utilização Ano de
construção N.º de
superfícies Notas
Ed. 1 Centro Social Paroquial, Mira-Sintra Serviços 1982 1
Ed. 2 Jardim de Infância Popular, Cacém Serviços 2005 2
Ed. 3 Hospital Lusíadas, Lisboa Serviços 2008 2
Ed. 4 Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, Benfica Serviços 2004 2
Ed. 5 Feira Internacional de Lisboa Serviços 1998 3
Ed. 6 Igreja Paroquial de S. Francisco de Assis, Mira-Sintra Serviços 1982 1
Ed. 7 Restaurante Sakura Sushi, Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 1
Ed. 8 MEO Arena, Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 1
Ed. 9 República da Cerveja, Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 1
Ed. 10 Hotel MYRIAD, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2012 1
Ed. 11 Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva, Parque das Nações, Lisboa
Serviços 1998 3
Ed. 12 Edifício Visconde de Alvalade, Lisboa Serviços 2002 1
Ed. 13 Edifício NOS, Campo Grande, Lisboa Serviços 2012 3 Entradas pedonais do estacionamento
Ed. 14 ISCTE - IUL, Edifício II, Lisboa Serviços 2002 3
Ed. 15 ISCTE - IUL, Ala Autónoma, Lisboa Serviços 1995 2
Ed. 16 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa Serviços 1990 2
Ed. 17 Fórum Luís de Camões, Amadora Serviços 2006 2
Ed. 18 Avenida Professor Aníbal Bettencourt, 5A Habitação 2004 1
Ed. 19 FCUL, Edifício C8, Lisboa Serviços 1999 4
Ed. 20 Colégio Oriente, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2009 1
Ed. 21 Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, Parque das Nações, Lisboa
Serviços 2014 2
Ed. 22 Ginásio Kalorias Tejo, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2000 2
Ed. 23 Creche Saídos da Casca, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2010 1
Ed. 24 Subestação Eléctrica Exponorte, Sacavém Serviços 1998 2
Ed. 25 Complexo Art's Business & Hotel Centre, Parque das Nações, Lisboa
Serviços 2004 2
Ed. 26 Campus de Justiça, Edifício I, Lisboa Serviços 2008 1
Ed. 27 Campus de Justiça, Edifício B, Lisboa Serviços 2008 1
Ed. 28 Campus de Justiça, Edifício D, Lisboa Serviços 2008 1
Ed. 29 Campus de Justiça, Edifício G, Lisboa Serviços 2008 2
Ed. 30 Centro Interpretativo do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, Coimbra
Serviços 2009 3
Ed. 31 Paróquia de São Martinho de Cedofeita, Porto Serviços 1994 1
Ed. 32 Antigo Hotel Tivoli, Porto Serviços 1975 1
Ed. 33 Paróquia Nossa Senhora da Boavista, Porto Serviços 1979 2
A5.II.2
ANEXO 5.II (Continuação) - Tabela com identificação dos edifícios inspeccionados e suas características
Código do edifício
Localização Tipo de
utilização Ano de
construção N.º de
superfícies Notas
Ed. 34 Hotel Casa do Conto, Porto Serviços 2012 4
Ed. 35 Casa da Música, Porto Serviços 2005 3
Ed. 36 Edifício Vodafone, Porto Serviços 2009 3
Ed. 37 Empreendimento Living Boavista, Porto Serviços 2011 3
Ed. 38 Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, Universidade do Porto
Serviços 2009 3
Ed. 39 Edifício UPTEC TECH, Universidade do Porto Serviços 2012 3
Ed. 40 Escola Básica Dr. Augusto César Pires de Lima, Bonfim, Porto
Serviços 1994 3
Ed. 41 Hospital Dr. José de Almeida, Cascais Serviços 2010 5
Ed. 42 Casa das Histórias Paula Rego, Cascais Serviços 2008 3
Ed. 43 Portas da Cidade, Montijo Monumento 2003 2
Ed. 44 Edifício Comercial, Praça São João Baptista, Almada Comércio 2008 2
Ed. 45 Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Serviços 1969 2
Ed. 46 Edifício Vodafone, Lisboa Serviços 2002 2
Ed. 47 Museu Nacional dos Coches, Lisboa Serviços 2015 3
Ed. 48 Paróquia de S. Francisco Xavier, Alto do Restelo, Lisboa Serviços 2011 2
Ed. 49 BAPS Shri Swaminarayan Mandir, Lisboa Serviços 2013 1
Ed. 50 Estado-Maior da Força Aérea, Benfica, Lisboa Serviços 1983 2
Ed. 51 Escola Superior de Tecnologia do Barreiro Serviços 2007 2
Ed. 52 Museu de Ciência do Café - Delta, Campo Maior Serviços 2014 2
Ed. 53 Hospital de Braga Serviços 2011 2
A5.III.1
ANEXO 5.III - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)
C \ A A
-E1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-P1 1 1 0 0 0 0 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P2 2 1 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 81 100 64 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 19 0 36 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0 2 1 2 0
amostra 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 99 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 1 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P4 2 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 88 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P5 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 1 1 2 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 0 100 100 26 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 100 0 0 74 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-P7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 94 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E1 1 0 0 0 2 0 1 1 0 0 2 2 2 2 2 2
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1
f0 (%) 95 100 100 100 74 100 93 100 100 95 17 65 42 0 63 0
f1 (%) 5 0 0 0 26 0 7 0 0 5 83 35 58 100 37 100
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A5.III.2
ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)
C \ A A
-E1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-E2 1 1 0 0 0 0 1 1 1 1 2 1 1 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E3 2 0 0 0 2 0 0 0 0 1 2 2 2 1 2 2
amostra 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 2 2 2 2 2
f0 (%) 31 100 100 100 100 100 93 100 100 100 0 0 48 0 0 0
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 69 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100 100 52 100 100 100
C-E4 0 0 0 0 0 0 1 2 0 2 2 0 2 0 0 2
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 95 100 100 100 100 100 0
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 100
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 0
C-E5 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E6 1 2 0 0 0 0 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0
amostra 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 98 0 100 100 100 100 93 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 1 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 1 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E7 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0
f0 (%) 99 100 100 100 100 100 93 96 100 100 100 100 55 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 1 0 0 0 0 0 7 4 0 0 0 0 45 0 0 0
C-E8 1 0 0 0 2 0 2 0 0 0 2 2 0 2 2 2
amostra 1 0 0 0 1 0 2 0 0 0 1 1 1 2 1 0
f0 (%) 48 100 100 100 3 100 29 100 100 100 0 0 65 0 5 100
f1 (%) 52 0 0 0 77 0 0 0 0 0 100 70 32 0 95 0
f2 (%) 0 0 0 0 20 0 71 0 0 0 0 30 3 100 0 0
C-E9 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A5.III.3
ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)
C \ A A
-E1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-E10 1 0 0 0 0 0 2 1 1 1 0 2 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 98 100 100 100 100 100 100 100 100 5 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 2 0 0 0 0 0 0 0 0 95 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E11 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
amostra 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 35 100 100 100 86 100 71 100 100 95 97 100 100 100 89 100
f1 (%) 65 0 0 0 14 0 29 0 0 5 3 0 0 0 11 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E12 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0
amostra 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 35 100 100 100 91 100 29 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 65 0 0 0 9 0 71 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-E13 2 0 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 2 0 0 2
amostra 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2
f0 (%) 97 100 100 100 6 100 100 100 100 95 100 100 45 100 100 0
f1 (%) 3 0 0 0 94 0 0 0 0 0 0 0 55 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 100
C-E14 1 1 0 0 1 0 1 1 1 0 2 1 1 2 2 2
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 90 67 39 94 14 74 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 10 33 61 6 86 26 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A1 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
amostra 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 67 100 21 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 4 0 79 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 29 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A2 0 1 2 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 96 100 57 100 100 100 86 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 1 0 43 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 3 0 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0
auxiliar 96 8 14 10 35 4 14 53 1 21 36 23 31 7 19 1
C-A3 1 1 0 2 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A5.III.4
ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)
C \ A A
-E1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-A4 1 1 2 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0
amostra 1 0 2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 66 100 0 90 100 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 30 0 0 10 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 4 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A5 2 2 2 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 99 0 100 100 100 100 93 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 100 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-A6 0 0 0 2 0 0 2 0 2 2 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 90 100 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 10 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-M1 1 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 99 100 100 90 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 1 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-M2 0 0 0 2 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 20 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 80 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-M3 2 0 0 0 0 0 0 2 1 2 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 97 100 100 90 100 100 100 100 0 5 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 3 0 0 10 0 0 0 0 100 95 0 0 0 0 0 0
C-M4 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 74 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 26 0 0 0 0 0 0 0 0
C-M5 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 36 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 64 0 0 0 0 0 0 0 0
A5.III.5
ANEXO 5.III (Continuação) - Tabela completa de comparação entre as matrizes de correlação entre as anomalias e as causas prováveis (teórica e na amostra)
C \ A A
-E1
A-E
2
A-E
3
A-E
4
A-E
5
A-E
6
A-M
1
A-M
2
A-M
3
A-M
4
A-C
1
A-C
2
A-C
3
A-C
4
A-C
5
A-C
6
C-G1 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 93 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G2 2 2 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G3 0 2 0 2 0 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G4 2 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-G5 2 0 0 2 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-U1 2 2 2 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0
amostra 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 69 25 57 100 100 50 86 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 31 75 43 0 0 50 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 0 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-U2 2 0 0 0 0 0 2 2 0 1 2 0 1 1 1 0
amostra 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 90 100 100 100 100 100 100 98 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
C-U3 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
amostra 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f0 (%) 100 100 100 100 100 0 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
f1 (%) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
f2 (%) 0 0 0 0 0 100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0