Sistema Nervoso

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Sofia Torre [email protected] Sistema Nervoso 0 sistema nervoso tem como principais funções o controlo do comportamento e a regulação fisiológica do organismo. Este processo é estabelecido por diversas estruturas de forma interligada e muitas vezes em conjunção e de cuja harmonia depende o equilíbrio do corpo humano. Nestas estruturas destacamos o sistema central (encéfalo e espinal-medula) e o sistema periférico (gânglios e nervos periféricos à espinal medula e encéfalo) que actuam coordenadamente nas relações do homem com o meio bem como na manutenção do seu equilíbrio interno. 1

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Algumas informações que compilei sobre o SN. Aos vários autores desconhecidos, agradeço. Os sites de onde os textos são tirados estão no fim do documento, para consulta.Bom conhecimento!Sofia Torre

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Sistema Nervoso0 sistema nervoso tem como principais funções o controlo do comportamento e a regulação fisiológica do organismo. Este processo é estabelecido por diversas estruturas de forma interligada e muitas vezes em conjunção e de cuja harmonia depende o equilíbrio do corpo humano. Nestas estruturas destacamos o sistema central (encéfalo e espinal-medula) e o sistema periférico (gânglios e nervos periféricos à espinal medula e encéfalo) que actuam coordenadamente nas relações do homem com o meio bem como na manutenção do seu equilíbrio interno.

Capítulo 1 – Tecido Nervoso

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1. O que é um tecido?Tecidos são conjuntos de células similares e das substâncias que a envolvem. As células especializadas e a matriz extracelular envolvente formam todos os diferentes tipos de tecidos encontrados a nível de organização tecidular. A classificação dos tecidos baseia-se na estrutura das células; na composição das substancias não celulares que as envolvem, a matriz extracelular e nas funções das células 2. Classificação dos tecidosUm tecido é classificado tendo em conta diversos factores tais como:

. Estrutura das células

. Composição das substancias não celulares que as envolvem

. Matriz celular

. Funções das células 3. Tecido nervoso O tecido nervoso cobre todo o sistema nervoso, o qual se divide em:

. Sistema nervoso central, é constituído pelo encéfalo e medula espinal

. Sistema nervoso periférico, é construído pelos nervos e gânglios nervosos

Características: Encontra-se no cérebro, medula espinal, e nervos que percorrem o corpo. Em particular está em contacto com os músculos, regulando o seu movimento, e com os tecidos glandulares regulando a sua actividade secretora.

Composição: O tecido nervoso é formado por células excitáveis especializadas em transmitir estímulos ou impulsos nervosos graças a uma série muito complexa de actividades físico-químicas da sua membrana.As células que formam o tecido nervoso podem ter diversas formas, características, comprimentos e funções muito diversas, segundo o papel desempenhado por cada uma.

Capítulo 2 – A Divisão do Sistema Nervoso

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1. Divisão anatómica do Sistema NervosoEstá dividido em Sistema Nervoso Central (encéfalo, medula espinhal) e sistema nervoso periférico (encéfalo, nervos, espinha e gânglios).

Os neurónios (células nervosas com seus prolongamentos) que são transportadores de estímulos para o encéfalo ou medula, chamadas de aferentes (SNC). Transportam estímulos para os músculos e glândulas, chamadas de eferentes. Á junção destes dois neurónios denominamos neurónios de associação.

As células do neurónio aferente estão acumuladas no tecido nervoso, e são chamadas de gânglios das raízes dorsais.

O neurónio eferente está acumulado no interior da medula.

Os movimentos do músculo esquelético são dominados pelas fibras do sistema nervoso periférico, por meio do sistema nervoso central.

O crânio tem como função o abrigo do encéfalo e da medula.

Existem três meninges que envolvem o sistema nervoso central. Piamáter é a primeira meninge; aracnóide é a membrana secundária, e a duramáter é a membrana terciária.

Entre a aracnóide e a duramáter há um espaço preenchido com um líquor, ou seja, um líquido que se predispõe a preservar o tecido nervoso, além de ocupara também os ventrículos cerebrais e o canal do epêndima.

A medula é constituída por fibras nervosas presentes na coluna vertebral, tem o formato de uma circunferência atingindo a parte localizada atrás do encéfalo e os ossos que formam a espinha dorsal.

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O cérebro é dividido em lobos denominados: Frontal; Parietais; Temporais; e Occipitais.

Cada lobo está relacionado ao controle de uma determinada função orgânica.

Tálamo e hipotálamo O tálamo compreende duas massas ovóides de substância cinzentas encaixadas na base do corpo caloso (conexão entre os hemisférios cerebrais). Acredita-se que o tálamo serve como uma estação integradora e retransmissora de impulsos nervosos para as regiões do cérebro onde devem ser processadas. Também actuam na regulação do estado de consciência, alerta, atenção e controle das emoções.

O hipotálamo é de formato semelhante a um grão de ervilha localizado na base do cérebro e está relacionado ao controle da homeostase.

Mesencéfalo Localiza-se após o tálamo e o hipotálamo e está relacionado à recepção e coordenação do grau de contracção dos músculos e postura corporal.

Ponte É constituída principalmente por fibras nervosas que ligam o córtex cerebral ao cerebelo. Sua função está ligada à coordenação dos movimentos dos olhos, do pescoço e do corpo, além de estar ligada à tensão dos músculos.

Cerebelo Fica entre a parte posterior do cérebro e a ponte. Liga-se ao córtex cerebral, ao tronco encefálico e a medula

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espinhal por inúmeras fibras nervosas. Sua função está ligada à coordenação dos movimentos e orientação da postura corporal. Também recebe informações auditivas e visuais.

Medula oblonga É a última porção do encéfalo; é dilatada e localiza-se no início da medula espinhal. Sua função está relacionada ao batimento cardíaco e aos movimentos respiratórios.

2. Divisão fisiológica do sistema nervoso A divisão fisiológica do sistema nervoso apresenta-se em duas partes: voluntário e autónomo.

O sistema autónomo está dividido em duas partes: sistema simpático e sistema parassimpático. Porém, as funções desses dois sistemas são opostas, sendo que um controla a acção do outro em relação aos órgãos, através das substâncias adrenalina e acetilcolina.

O sistema nervoso autónomo garante a homeostase, que tem como função moderar e regulamentar o interior do corpo humano como, pressão, temperatura, os batimentos do coração, e outros movimentos realizados pelo corpo. Além disso, este sistema responde pelas funções estruturais do organismo. O sistema nervoso voluntário possui uma parte central que é representada pelo córtex e uma parte periférica representada por nervos.

Sistema nervoso autónomo simpático É constituído por fibras (não mielizados) e tem como principio a medula, e os gânglios (mielizados) tem como inicio os axónios, separados em laterais ou vertebrais, segmentado na fracção da coluna vertebral próximos ao estômago, são resultantes da medula.

As fibras liberam a substância acetilcolina, ou seja, produzindo o principio do impulso pós - ganglionar. Estas mesmas fibras já pós – ganglionadas liberam a substancia adrenérgicas.

Sistema nervoso autónomo parassimpático Constituído pelo mesencéfalo, mielencéfalo e medula sacral, tem fibras extensas realizando o contacto de dois neurónios que por eles passam os impulsos nervosos, ao contrário do pós – ganglionar na qual apresenta fibras de pouco comprimento. Sua substância é a acetilcolina.

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A acção antagónica do sistema nervoso autónomo:

Capítulo 3 - Origem e a propagação do influxo nervoso 1 A origem e a propagação do influxo (impulso) nervoso Um neurónio em repouso, que não está conduzindo estímulos, apresenta a superfície interna de sua membrana menos positiva que a externa, isto quer dizer que o interior da célula é electricamente negativo em relação ao exterior. Essa diferença de potencial nas faces da membrana chama-se potencial de repouso.

Durante a passagem do impulso nervoso, a diferença de potencial é invertida, o que denominamos despolarização da membrana. Essa situação dura somente cerca de 1,5 milésimo de segundo, pois logo se estabelece a situação novamente.

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A diferença de potencial nas faces interna e externa da membrana, durante a passagem do impulso nervoso, é chamada de potencial de acção, e sobre ela que se difundi o estimulo nervoso.

Importante: O impulso nervoso é um impulso eléctrico que se origina das alterações nas cargas eléctricas das superfícies interna e externa da membrana celular (potencial de acção).

2 Estímulo e potencial de acção O estimulo eléctrico no plasmalema diminui com a transformação da radiação, este acto não reflecte nem emite nenhum estimulo, pelo contrario ele permanece estático e depois se perde.

Este estímulo somente se reproduzirá na fibra nervosa caso o grau de força utilizado seja maior, não sendo ela não apresentará um potencial completo.

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A fibra nervosa se constitui na Lei do Tudo ou Nada ocorre quando o músculo recebe os estímulos. Se este estímulo for abaixo da mínima necessária o músculo não responde, se for acima da necessária o mesmo responderá, guiando sem extravio.

Capítulo 3 – Medula EspinalÉ um cordão cilíndrico que se dispõe ao longo da coluna vertebral. Actua como uma estação nervosa retransmissora, recebendo ao cérebro e do cérebro transmitindo ao organismo.

A medula também pode gerar respostas simples para certos estímulos. Essas respostas são chamadas de reflexos medulares.

Podemos subdividir o sistema nervoso sobre o ponto anatómico e fisiológico.

Divisão anatómica – Quanto à posição, o sistema nervoso pode ser dividido em central (encéfalo e medula espinhal ou raquidiana) e periférico (nervos cranianos do encéfalo, nervos raquidianos ou espinhais da medula e gânglios sensoriais e simpáticos).

O encéfalo e a medula espinhal são protegidos pelo crânio e pela coluna vertebral, respectivamente, mas também há três membranas de tecido conjuntivo protegendo o sistema nervoso central (SNC): as meninges.

Pia-máter – Meninge que se encontra em contacto directo com o encéfalo e a medula.

Aracnóide – Meninge intermediária.

Dura-máter – Meninge mais externa.

Entre a Pia-máter e a Aracnóide existe um espaço que é preenchido pelo líquido cefaloraquidiano (líquor) que oferece protecção ao tecido nervoso

No encéfalo, os corpos dos neurónios localizam-se na periferia formando uma região escura (substância cinzenta), e mais internamente apresentam uma substância clara (substância branca) constituída por fibras nervosas (dendrites e axónios) que, por apresentarem bainha de mielina, conferem a esta coloração esbranquiçada. Na medula espinhal, tal situação é invertida.

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Capítulo 4 – O Neurónio

1. O neurónio

Um neurónio típico apresenta três partes distintas: corpo celular , dendrites e axónios.

No corpo celular (ou pericárpio), a parte mais volumosa da célula nervosa, se localiza o núcleo e a maioria das estruturas citoplasmáticas. é nesta estrutura que se dá a síntese proteica, sendo também nesta aqui que ocorre a convergência das correntes eléctricas geradas na árvore dendrítica. Cada corpo celular neuronal contém apenas um núcleo que se encontra no centro da célula. É também nesta estrutura que estão alojadas todas as funções celulares em geral.

Os dendrites (do grego dendron, árvore) são extensões citoplasmáticas ou prolongamentos especializados em receber e transportar os estímulos das células sensoriais, dos axónios, e de outros neurónios. Possuem múltiplas ramificações e extremidades arborizadas, o que lhes dá a capacidade de receber múltiplos estímulos de vários neurónios em simultâneo.

Os axónios são prolongamentos únicos (excepto nas células amácrinas da retina), de calibre constante ao longo da ramificação, variando somente entre os neurónios. Normalmente existe apenas um único axónio em cada neurónio. Os axónio têm como função a condução dos impulsos eléctricos que partem do corpo celular para outros neurónios, músculos, ou glândulas.

Os corpos celulares dos neurónios estão concentrados no sistema nervoso central e também em pequenas estruturas globosas espalhadas pelo corpo, os gânglios nervosos. Os dendrites e o axónios, genericamente chamados fibras nervosas, estendem-se por todo o corpo, conectando os corpos celulares dos neurónios entre si e às células sensoriais, musculares e glandulares.

2. Células Glia ou NevrogliaAlém dos neurónios, o sistema nervoso apresenta-se constituído pelas células glia, ou células gliais, cuja função é dar sustentação e protecção dos neurónios, assim como auxiliar o seu funcionamento. As células da glia constituem cerca de metade do volume do nosso encéfalo. Há diversos tipos de células gliais. Os astrócitos, por exemplo, dispõem-se ao longo dos capilares sanguíneos do encéfalo, controlando a passagem de substâncias do sangue para as células do sistema nervoso. Os oligodendrócitos e as células de Schwann enrolam-se sobre os axónios de certos neurónios, formando envoltórios isolantes.

Astrócitos:Existem dois tipos destas células:

Protoplasmáticos : com várias ramificações curtas, essencialmente na matéria cinzenta;

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Fibroso : com prolongamentos longos com poucas ramificações, essencialmente na substancia branca.

Funções :-captam os neurotransmissores- funções metabólicas- constituintes do esqueleto do tecido nervoso- síntese de factores Neurotróficos.- têm prolongamentos inseridos nos vasos sanguíneos

Células Microgliais:São células com origem na Medula Óssea.

Funções :- defesa imunológica do SNC (têm capacidades fagocíticas e antigénicas)

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-ingerem e destroem bactérias e células; ao morrerem, segregam proteínas que atraem macrófagos do sistema imunitário para o local infectado.

Células microgliais coradas de azul

Oligodendrócitos:

Possuem um corpo celular arredondado e de pequenas dimensões, com poucos prolongamentos, curtos, finos e pouco ramificados

Funções :- exercem papeis importantes na manutenção dos neurónios - síntese das bainhas de mielina dos axónios do SNC

Célula de Schwan: O axónios é sempre único em cada célula nervosa. Termina sempre em ramificação chamada arborização terminal. Envolvendo o axónios, encontramos, em alguns casos, uma substância de revestimento chamada mielina, que funciona como um isolante na passagem do influxo nervoso. Esta substância é produzida por células denominadas células de Schwann.

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O espaço entre células de Schwann contíguas é o nódulo de Ranvier.

3. Tipos de neurónios Os neurónios podem ser divididos e classificados segundo algumas características particulares como a forma e a função.

Forma :

Multipolares : pertencem a esta classe a maior parte dos neurónios; ex.: neurónios motores.

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Bipolares : em condições normais possuem um dendrite e um axónios; este tipo de neurónios pode ser encontrado na retina e mucosa olfactiva.

Unipolares : sendo muito raros este tipo de neurónios possuem apenas um corpo celular e um prolongamento.

Pseudounipolares : aquando do desenvolvimento embrionário este apresenta-se bipolar, sofrendo uma mutação posterior. Mais tarde torna-se unipolar devido a crescimento assimétrico do citoplasma e rotação; estes possuem ainda arborizações terminais que funcionam de forma semelhante às dendrites; este tipo de neurónios poderá ser encontrado nos gânglios espinhais.

Função : Motores (eferentes) : controlam órgãos efectores, como glândulas e fibras musculares. Sensoriais (aferentes) : recebem estímulos do organismo ou do ambiente. Interneurónios : estabelecem conexões entre outros neurónios, formando circuitos complexos.

A enorme variedade de neurónios deve-se a 2 factores, sendo estes a existência de uma grande variedade do ponto de vista da morfologia neuronal, e a existência de uma grande diversidade de neurotransmissores.

Na figura: a)interneurónios; b) neurónio eferente; c) neurónio aferente

4. Impulso Nervoso

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Um impulso é transmitido de uma célula a outra através das sinapses. Quando os impulsos nervosos atingem as extremidades do axónios da célula pré-sináptica, ocorre liberação, nos espaços sinápticos, de substâncias químicas denominadas neurotransmissores ou mediadores químicos, que tem a capacidade de se combinar com receptores presentes na membrana das célula pós-sináptica, desencadeando o impulso nervoso.

5. Sinapse

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A sinapse é a junção especializada que ocorre entre dois neurónios, através da qual uma célula transmite um sinal químico à outra. Na maioria das sinapses o sinal é levado por um neurotransmissor, que é secretado pelo neurónio emissor e recebido pelo neurónio receptor. Na região da sinapse as membranas celulares estão bastante próximas sem se tocarem e a célula receptora possui na sua membrana plasmática dessa região celular proteínas específicas capazes de captar as moléculas do neurotransmissor secretado pela célula adjacente. Em diferentes regiões cerebrais podem ser usados diferentes neurotransmissores. Um mesmo neurónio pode ter receptores para diferentes neurotransmissores. Dependendo da quantidade destas proteínas receptoras um mesmo neurónio será mais sensível a um tipo de estímulo do que a outro.

Um mesmo neurónio pode se ligar a diferentes neurónios e nas diferentes sinapses apresentar receptores sensíveis a neurotransmissores diferentes, desse modo pode receber sinais que o estimulam (activam) e sinais que o bloqueiam (desactivam) com isso é possível modular o funcionamento cerebral.

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De forma simples, podemos dizer que a sinapse são a região de contacto de dois neurónios ou células nervosas, através da qual passam os impulsos nervosos. Através desta ocorre o transporte de estimulação nervosa, este transporte se caracteriza somente em uma orientação, ou seja, axónio – dendrite nunca no sentido contrário.

Fibras Colinérgicas libertam acetilcolina durante a sinapse. Fibras adrenérgicas liberam adrenalina durante a sinapse.

6. Transmissão do Impulso Nervoso: Num neurónio, os estímulos se propagam sempre no mesmo sentido: são recebidos pelos dendrites, seguem pelo corpo celular, percorrem o axónios e, da extremidade deste, são passados à célula seguinte (dendrite – corpo celular – axónios). O impulso nervoso que se propaga através do neurónio é de origem eléctrica e resulta de alterações nas cargas eléctricas das superfícies externa e interna da membrana celular.

A membrana de um neurónio em repouso apresenta-se com carga eléctrica positiva do lado externo (voltado para fora da célula) e negativa do lado interno (em contacto com o citoplasma da célula). Quando essa membrana se encontra em tal situação, diz-se que está polarizada. Essa diferença de cargas eléctricas é mantida pela bomba de sódio e potássio. Assim separadas, as cargas eléctricas estabelecem uma energia eléctrica potencial através da membrana: o potencial de membrana ou potencial de repouso (diferença entre as cargas eléctricas através da membrana).

Quando um estímulo químico, mecânico ou eléctrico chega ao neurónio, pode ocorrera alteração da permeabilidade da membrana, permitindo grande entrada de sódio na célula e pequena saída de potássio dela. Com isso, ocorre uma inversão das cargas ao redor dessa membrana, que fica despolarizada gerando um potencial de acção. Essa despolarização propaga-se pelo neurónio caracterizando o impulso nervoso. Imediatamente após a passagem do impulso, a membrana sofre repolarização, recuperando seu estado de repouso, e a transmissão do impulso cessa. O estímulo que gera o impulso nervoso deve ser forte o suficiente, acima de determinado valor crítico, que varia entre os diferentes tipos de neurónios, para induzir a despolarização que transforma o potencial de repouso em potencial de acção. Esse é o estímulo limiar. Abaixo desse valor o estímulo só provoca alterações locais na membrana, que logo cessam e não desencadeiam o impulso nervoso. Qualquer estímulo acima do limiar gera o mesmo potencial de acção que é transmitido ao longo do neurónio. Assim, não existe variação de intensidade de um impulso nervoso em função do aumento do estímulo; o neurónio obedece à regra do “tudo ou nada”.

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Dessa forma, a intensidade das sensações vai depender do número de neurónios despolarizados e da frequência de impulsos. Imagine uma queimadura no dedo. Quanto maior a área queimada, maior a dor, pois mais receptores serão estimulados e mais neurónios serão despolarizados. A transmissão do impulso nervoso de um neurónio a outro ou às células de órgãos efectores é realizada por meio de uma região de ligação especializada denominada sinapse. O tipo mais comum de sinapse é a química, em que as membranas de duas células ficam separadas por um espaço chamado fenda sináptica.

Na porção terminal do axónios, o impulso nervoso proporciona a liberação das vesículas que contêm mediadores químicos, denominados neurotransmissores. Os mais comuns são acetilcolina e adrenalina. Esses neurotransmissores caem na fenda sináptica e dão origem ao impulsos nervosos na célula seguinte. Logo a seguir, os neurotransmissores que estão na fenda sináptica são degradados por enzimas específicas, cessando seus efeitos.

No sistema nervoso, verifica-se que os neurónios dispõem-se diferenciadamente de modo a dar origem a duas regiões com coloração distinta entre si e que podem ser notadas macroscopicamente: a substância cinzenta, onde estão os corpos celulares, e a substância branca, onde estão os axónios. No encéfalo (com excepção do bulbo) a substância cinzenta está localizada externamente em relação a substância branca, e na medula espinha e no bulbo ocorre o inverso.

Os nervos são conjuntos de fibras nervosas organizadas em feixes, unidos por tecidos conjuntivo denso.Capítulo 5 – O Acto Reflexo

1. Actos ReflexosQuando você espirra, pestaneja ou retira sua mão de algo que irá lhe machucar, isso são consequências de mensagens cerebrais.

Assim você recebe e transmite aos membros as mensagens necessárias para a sua locomoção como, por exemplo, você pode receber estímulos complexos e estímulos simples esta junção se denomina arco reflexo.

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Estimulo recebido em um golpe no joelho: Recebe o golpe / provoca os neurónios / os axónios invadem a medula dorsal e provocam a sinapse / os neurónios motores recebem a mensagem do estimulo / os axónios presentes nos neurónios motores estimulam a coxa / dando-se o ato de movimentação do músculo / estes estímulos são transportados para o encéfalo / recebendo a mensagem do golpe sofrido.

O arco reflexo apresenta a seguinte estrutura:

Receptor : responde aos estímulos internos ou externos, apresenta corpúsculos sensoriais do tendão e enervados dos neurónios.

Via sensitiva : apresenta neurónios sensitivos transportados para a medula dorsal. Neurónio associativo : é o neurónio em que converte os estímulos em reflexos. Via motora : é caracterizada pelos neurónios motores, que são responsáveis pelo transporte da ordem de

acção para a pratica de contracção do músculo, indo da medula até o efector. efector : o músculo que recebe a mensagem efectiva.

Os reflexos podem ser classificados em: Medulares : a informação se integra na medula, sendo involuntária. Encefálicos : a informação se integra nos neurónios associativos de encéfalo. Salivar : as glândulas salivares fazem o papel dos efectores.

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2. Outros actos reflexos Quando a luz solar atinge nossos olhos logo o fechamos pelo reflexo obtido na pupila, isto é caracterizado pelo ato reflexo. Quando fechamos nossos olhos rapidamente ou algum objecto está próximo a nossas pálpebras, o reflexo obtido é o de fechá-los, ocorrendo o ato reflexo, que se caracteriza pelo simples pestanejar.

Quando uma parte de nosso corpo é atingida por algo perfurante, a parte atingida envia uma mensagem ao cérebro que por consequência enviará ao membro, no qual se flexionará como um ato de protecção.

Outro exemplo se caracteriza ao passar roupa, ocorrendo o ato de encostar-se ao ferro aquecido, imediatamente retiramos as mãos pelo ato reflexo. O simples reflexo está presente para o auxilio humano e para seu organismo.

3. O reflexo condicionado Pavlov (fisiologista) realizou esta experiência com cães, deixando-os algumas horas sem alimentação. Antes de oferecer o alimento Pavlov apertava uma campainha por várias vezes, logo se pode perceber que o cão produzia saliva e suco gástrico ao ouvir o barulho da campainha, sendo assim, ele foi condicionado para isto.

Isto ocorre nos animais criados em circo, o animal é condicionado a fazer a actividade por algum sinal ou som, sendo realizado com sucesso o animal recebe um agrado, caso contrário o animal receberá um castigo.

Capítulo 6 – Sistema Nervoso Central

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1. Origem embrionáriaEncéfalo: Origina-se de uma dilatação da região anterior do tubo nervoso.No início da dilatação, houve a divisão em três regiões chamadas Prosencéfalo, Mesencéfalo e Rombencéfalo.Logo após, na quinta semana embrionária, o Proencéfalo divide-se em Telencéfalo e Diencéfalo, assim dando oportunidade para que o Rombencéfalo igualmente se divida, dando origem então ao Metencéfalo e Mielencéfalo.

2. Sistema Nervoso Central (Divisão e organização)Ao Sistema Nervoso Central cabe a coordenação das principais funções do comportamento humano e é constituído por duas estruturas, correspondentes aos órgãos efectores:

Espinal-medula Encéfalo

O Encéfalo e é composto por um conjunto de elementos que podemos agrupar em três secções de acordo com a sua localização na caixa craniana:

Encéfalo Posterior Bulbo raquidiano Cerebelo Protuberância

Encéfalo Médio Sistema reticular activante

Encéfalo Anterior Tálamo Cérebro Sistema Límbico

Hipotálamo Hipocampo Amígdala Septo

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Bolbo olfactivo

Nota: Existem diversos modelos de divisão do encéfalo, nomeadamente utilizando a seguinte estrutura: Tronco cerebral

Bolbo raquidiano Protuberância Pedúnculos

Cerebelo Cérebro

Córtex Tálamo Hipotálamo

3. Espinal MedulaA espinal Medula (ou medula espinal) é formada por um tubo cilíndrico (1 cm de diâmetro e 50 cm de comprimento) sendo alojada ao longo da coluna onde se encontra protegida pelas vértebras. O seu interior tem cor cinzenta e o exterior é branco.

Tem duas funções: Transmissão de sinais - é responsável pela condução de e para o encéfalo.

Recebe os sinais dos órgãos dos sentidos e dos músculos transmitindo-os ao cérebro. No sentido inverso, o cérebro envia para a medula, através dos axónios, ordens referentes à movimentação de músculos. Assim uma lesão na espinal medula pode causar a incapacidade de controlar o funcionamento das pernas, braços, os intestinos ou a bexiga.)

Actividade reflexa - refere-se ao mecanismo que permite uma resposta motora (não consciente) a um estímulo. Tal acontece no caso de um estímulo que provoque a dor em que a resposta é anterior à chegada da informação ao cérebro e consequente tomada de consciência. A esta resposta dá-se o nome de reflexo e caracteriza-se por ser uma resposta rápida, instantânea e automática a um estímulo.

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A espinal-medula é ligada ao Encéfalo pelo Bolbo Raquidiano, sendo as comunicações entre a medula, cérebro e cerebelo asseguradas pelo tronco cerebral que estabelece a transmissão de informações através dos pedúnculos (feixes de fibras nervosas). Estes elementos de ligação constituem o encéfalo posterior.

4. Encéfalo AnteriorO Encéfalo Anterior ou Protencéfalo é composto pelo Tálamo, Hipotálamo, Sistema Límbico (situados entre os hemisférios cerebrais e encéfalo médio) bem como pelo Cérebro.

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O Tálamo, situado acima do tronco cerebral, distribui e processa as informações motoras e sensoriais destinadas ao córtex cerebral. As comunicações do córtex para o cerebelo ou para o bolbo raquidiano passam igualmente pelo hipotálamo. Estará ainda envolvido na regulação dos níveis de atenção de algumas experiências sensoriais e emoções

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O Hipotálamo regula a actividade autónoma e a secreção hormonal através da glândula pituitária. Possui conexões importantes com o tálamo, o encéfalo médio e com as áreas corticais envolvidas no processamento das informações do sistema autónomo. Assim regula funções biológicas básicas como a fome, sede, excitação sexual, temperatura corporal, bem como agressividade instintiva e circulação sanguínea.

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Ligação Hiotálamo-Hipófise:

O Sistema límbico é composto por um grupo complexo de áreas corticais e de nódulos sub-corticais que trocam informações através do conjunto de feixes de associação. Os seus componentes constituem o cérebro das emoções. As lesões neste sistema provocam respostas emocionais invulgares, como a amnésia (no caso do hipocampo).

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Constituem o sistema límbico: Hipocampo - está envolvido nos processos de:

Aprendizagem Memória (nos estádios iniciais de memorização) Emoção Coordenação das acções dos sistemas autónomo e endócrino

Amígdala - está relacionada com a memória, a emoção e a agressividade.A sua estimulação eléctrica causa no homem medo e ansiedade. Em experiências com macacos a sua ablação tornou os animais dóceis.

Septo Bulbo olfactivo

5. Glândulas PituitáriasO sistema Endócrino é um sistema de comunicações paralelo ao sistema nervoso desempenhando funções na regulação do crescimento, na reprodução e ao nível do metabolismo das células.

Sistema Endócrino: Glândulas - Centros produtores de hormonas Hormonas - Mensageiros químicos, lançados na corrente sanguínea, que levam

determinados órgãos a reagir

Glândula Hormona Função Lesões

Tiróide TiroxinaActua sobre o ritmo metabólico. Na

infância contribui para o crescimento do sistema nervoso

Hipofuncionamento = calma, apatia, lentidão

- Na infância = Idiotia - Depois da infância = Atraso mental

(curável)

Hiperfuncionamento = perturbações de carácter, insónias,

hiperemotividade emagrecimento.Hipertrofia = Bóssio

Pâncreas Insulina

- Actua na utilização da Glicose, baixando o nível de açucares no

sangue- Tensão nos músculos estriados

Hipofuncionamento = Diabetes

Supra-Renais Adrenalina Aumenta a produção do açúcar Hipertrofia na mulher = barba

Noradrenalina Neurotransmissor

Cortisol Metabolismo dos hidratos de carbono, proteínas e lípidos;

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recuperação do esforço

Aldosterona e andrógenos

Ovários

EstrogénioCaracterísticas sexuais femininas,

desejo sexual, menstruação e capacidade de reprodução

ProgesteronaDesenvolvimento dos órgãos

sexuais, preparação do útero para implantação do embrião na gravidez

Testículos Testosterona

Características sexuais masculinas primárias (produção de

espermatozóides) e secundárias (barba, voz grave, força muscular)

Hipófise(Pituitária)

Somatotrópica Crescimento físico

- Insuficiência nos jovens = Nanismo

- Excesso nos jovens = Gigantismo- Excesso nos adultos =

#Acromegalia#

Estimulinas Regulação das glândulas

Exemplo de coordenação do corpo: Em momentos emocionais, a adrenalina aumenta a tensão nos músculos estriados, promove o relaxamento dos músculos lisos e altera a distribuição de sanguínea no corpo: O fígado descarrega glicose no sangue aumentando o suplemento de energia para as células musculares. Tudo isto junto eleva a pressão arterial e permite uma resposta mais espontânea

6. Encéfalo PosteriorO Encéfalo Posterior ou Metencéfalo é constituído por:

Bolbo (ou bulbo) raquidiano É o prolongamento da parte superior da espinal-medula estabelecendo a ligação ao encéfalo. Ao contrário do cerebelo e do cérebro possui um cor branca no exterior sendo cinzento por dentro.

Funções semelhantes à medula como centro de actividade reflexa e condutor de informações: Recebe informações dos sentidos situados na cabeça Fornece impulsos de controlo motor dos músculos da cabeça Intervém nas funções ligadas à preservação da vida como o ritmo respiratório,

cardíaco e o sono.

Cerebelo Com um formato semelhante ao cérebro é no entanto 10 vezes mais pequeno. Tal como o cérebro é constituído por dois hemisférios ligados entre si na parte inferior.

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Funções: Controla a coordenação e aprendizagem de movimentos. Responsável pela manutenção do equilíbrio e postura do corpo. Ligado aos actos motores complexos e rápidos (ex. tocar piano)

Lesões no cerebelo resultam em perda de equilíbrio e descoordenação de movimentos.

Cerebelo - Vista Superior

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Cerebelo - Vista Inferior

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Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Cerebelo - Secção no Plano do Pedúnculo Cerebelar Superior

Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. C

Cerebelo – Vista Lateral

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Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Protuberância É o local de passagem de fibras nervosas que unem os diferentes níveis do sistema nervoso central.

7. Encéfalo MédioEncéfalo Médio ou Mesencéfalo está localizado ao longo do tronco cerebral, desde o bolbo raquidiano ao tálamo, sendo a parte mais pequena do encéfalo e constitui o núcleo activador do sistema auditivo e visual. Algumas regiões

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desta estrutura estão envolvidas no controlo dos movimentos dos olhos, enquanto que outras estão envolvidas no controlo motor dos músculos esqueléticos.

A principal estrutura do Encéfalo Médio é designada por Sistema Activador Reticular (S.A.R. ou Sistema Reticular Activante)

É constituído por uma fina rede de nervos que despertam as diversas áreas do cérebro, de modo a executarem as funções a que estão destinadas.

Funções do S.A.R .: Selecciona as mensagens a serem analisadas pelo cérebro Alertar o cérebro Responsável pelo estado de vigília / sono Responsável pelas situações de atenção / distracção

A lesão do S.A.R. causa um estado de coma permanente

8. Músculos Esquelécticos (Órgãos Efectores)As respostas comportamentais podem ser explícitas (visíveis exteriormente) ou implícitas (não perceptíveis aos sentidos) sendo produzidas pelos órgãos efectores:

Músculos :

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Lisos - Revestem as vísceras e os vasos sanguíneos possuindo contracções lentas e não sendo controláveis pela vontade.

Esqueléticos (ou estriados) - Ligados aos ossos do esqueleto por meio de tendões, permitindo os movimentos pelas suas contracções e relaxamento. São controláveis pela vontade.

Glândulas: Exócrinas - Segregam substâncias que são lançadas para o exterior por um canal => salivares,

gástricas, lacrimais, intestinais, fígado)

Endócrinas - Segregam substâncias que são lançadas directamente na circulação sanguínea => hipófise, pâncreas, tiróide, supra-renais, gónadas ou glândulas sexuais.

9. CérebroO cérebro constitui a unidade mais volumosa do Encéfalo (4/5 do encéfalo) e possui dois hemisférios (direito e esquerdo) unidos pelo corpo caloso. Esta ligação é feita por uma faixa de fibras que estabelece a comunicação dos hemisférios. A superfície dos hemisférios está coberta pelo córtex cerebral, composto por neurónios.Cada hemisfério controla a metade oposta do corpo humano - assim a mão esquerda é controlada pelo hemisfério direito.

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Por outro lado algumas funções e capacidades intelectuais parecem estar localizadas em hemisférios específicos, o que levou ao estabelecimento a diversas tentativas de mapeamento do cérebro. Contudo é pela interligação dos dois hemisférios que o funcionamento cerebral se estabelece de forma harmoniosa. A quebra da sua ligação leva a que os hemisférios operem independentemente, surgindo disfunções como a dislexia.

O córtex está dividido em quatro zonas - os lobos cerebrais (existindo um por cada hemisfério do cérebro): Frontal - área motora Temporal - área auditiva Parietal - área sensorial ou somatossensorial Occipital - área visual

A zona pré-frontal do córtex corresponde à área do pensamento e resolução de problemas.

Os lobos são semelhantes entre si distinguindo-se em cada um deles, dois tipos de áreas:

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Primárias - áreas de projecção sensorial ou motoras. Actuam como centros de recepção de informação sensorial antes de serem organizadas ou como centros de transmissão de ordens motoras. Correspondem a 25% do córtex

Secundárias - áreas de associação que coordenam e integram a informação recebidas nas áreas primárias. Estão ligadas a processos mentais, abstractas como as áreas de Broca e Wernicke. Correspondem a 75% do córtex.

Hemisférios Direito e Esquerdo, Córtex Cerebral e Lobos Cerebrais em mais promenor O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. Enquanto o hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico e criatividade. Nos canhotos as funções estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas: a Área de Broca (B), o córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de Wernicke (W), o córtex responsável pela compreensão verbal.

O corpo caloso, localiza-se no fundo da fissura inter-hemisférica, ou fissura sagital, é a estrutura responsável pela conexão entre os dois hemisférios cerebrais. Essa estrutura, composta por fibras nervosas de cor branca (feixes de axónios envolvidos em mielina), é responsável pela troca de informações entre as diversas áreas do

córtex cerebral.

O córtex motor é responsável pelo controle e coordenação da motricidade voluntária. Traumas nesta área causam fraqueza muscular ou mesmo paralisia. O córtex motor do hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, e o córtex motor do hemisférios direito controla o lado esquerdo do corpo. Cada córtex motor contém um mapa da superfície do corpo: perto da orelha, está a zona que controla os músculos da garganta e da língua, segue-se depois a zona dos dedos, mão e braço; a zona do tronco fica ao alto e as pernas e pés vêm depois, na linha média do hemisfério.

O córtex pré-motor é responsável pela aprendizagem motora e pelos movimentos de precisão. É na parte em frente da área do córtex motor correspondente à boca que reside a Área de Broca, que tem a ver com a linguagem. A área pré-motora fica mais activa do que o resto do cérebro quando se imagina um movimento, sem o executar. Se se executa, a área motora fica também activa. A área pré-motora parece ser a área que em grande medida controla o sequência de acções em ambos os lados do corpo. Traumas nesta área não causam nem paralisia nem problemas na intenção para agir ou planear, mas a velocidade e suavidade dos movimentos automáticos (ex. fala e gestos)fica perturbada. A prática de piano, ténis ou golfe envolve o «afinar» da zona pré-motora - sobretudo a esquerda, especializada largamente em actividades sequenciais tipo série.Cabe ao córtex do cerebelo, fazer a coordenação geral da motricidade, manutenção do equilíbrio e postura corporal. O cerebelo representa cerca de 10% do peso total do encéfalo e contém mais neurónios do que os dois hemisférios juntos.

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O eixo formado pela adeno-hipófise e o hipotálamo, são responsáveis pela auto regulação do funcionamento interno do organismo. As funções homeostáticas do organismo (função cárdio-respiratória, circulatória, regulação do nível hídrico, nutrientes, da temperatura interna, etc) são controladas automaticamente.

Córtex cerebral e lobos cerebrais

ESQUEMA DE UM CORTE DO CÉREBRO, MOSTRANDO A SUBSTÂNCIA CINZENTA (CÓRTEX CEREBRAL) E A SUBSTÂNCIA BRANCA

A camada externa do cérebro, formada por esta substância cinzenta, denomina-se córtex cerebral. A parte interna é formada pela substância branca.

As diferentes partes do córtex cerebral são divididas em quatro áreas chamadas de lobos cerebrais, tendo cada uma funções diferenciadas e especializadas. Os lobos cerebrais são designados pelos nomes dos ossos cranianos nas suas proximidades e que os recobrem. O lobo frontal fica localizado na região da testa; o lobo occipital, na região da nuca; o lobo parietal, na parte superior central da cabeça; e os lobos temporais, nas regiões laterais da cabeça, por cima das orelhas.

O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex pré-frontal, está envolvido no planeamento de acções e movimento, assim como no pensamento abstracto. A actividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais somente quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir uma sequência de acções que minimize o número de manipulações necessárias. A parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia: decidir que sequências de movimento activar e em que ordem e avaliar o seu resultado. As suas funções parecem incluir o pensamento abstracto e criativo, a fluência do pensamento e da linguagem, respostas afectivas e capacidade para ligações emocionais, julgamento social, vontade e determinação para acção e atenção selectiva. Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa fique preso obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não consigam desenvolver uma sequência de acções correcta.

Os lobos parietais, temporais e occipitais estão envolvidos na produção das percepções resultantes daquilo que os nossos órgãos sensoriais detectam no meio exterior e da informação que fornecem sobre a posição e relação com objectos exteriores das diferentes partes do nosso corpo.

Lobos occipitais Os lobos occipitais estão localizados na parte inferior do cérebro. Coberta pelo córtex cerebral, esta área é também designada por córtex visual, porque processa os estímulos visuais. É constituída por varias subáreas que processam os dados visuais recebidos do exterior depois de terem passado pelo tálamo: há zonas especializadas em processar a visão da cor, do movimento, da profundidade, da distância, etc. Depois de percebidas por esta área - área visual primária- estes dados passam para a área visual secundária. É aqui que a informação recebida é comparada com os dados anteriores que permite, por exemplo, identificar um cão, um automóvel, uma caneta. A área visual comunica com outras áreas do cérebro que dão significado ao que vemos tendo em conta a nossa experiencia passada, as nossas expectativas. Por isso é que o mesmo objecto não é percepcionado da mesma forma por diferentes sujeitos. Para além disso, muitas vezes o cérebro é orientado para discriminar estímulos. Uma

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lesão nesta área provoca agnosia, que consiste na impossibilidade de reconhecer objectos, palavras e, em alguns casos, as caras de pessoas conhecidas ou de familiares.

Lobos temporais Os lobos temporais estão localizados na zona por cima das orelhas tendo como principal função processar os estímulos auditivos. Os sons produzem-se quando a área auditiva primária é estimulada. Tal como nos lobos occipitais, é uma área de associação - área auditiva secundária- que recebe os dados e que, em interacção com outras zonas do cérebro, lhes atribui um significado permitindo ao Homem reconhecer o que ouve.

Lobos Parietais

Os lobos parietais, localizados na parte superior do cérebro, são constituídos por duas subdivisões - a anterior e a posterior. A zona anterior designa-se por córtex somatossensorial e tem por função possibilitar a recepção de sensações, como o tacto, a dor, a temperatura do corpo. Nesta área primária, que é responsável por receber os estímulos que têm origem no ambiente, estão representadas todas as áreas do corpo. São as zonas mais sensíveis que ocupam mais espaço nesta área, porque têm mais dados para interpretar. Os lábios, a língua e a garganta recebem um grande número de estímulos, precisando, por isso, de uma maior área. A área posterior dos lobos parietais é uma área secundária que analisa, interpreta e integra as informações recebidas pela área anterior ou primária, permitindo-nos a localização do nosso corpo no espaço, o reconhecimento dos objectos através do tacto, etc.

Área de Wernicke

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É na zona onde convergem os lobos occipital, temporal e parietal que se localiza a área de Wernicke, que desempenha um papel muito importante na produção de discurso. É esta área que nos permite compreender o que os outros dizem e que nos faculta a possibilidade de organizarmos as palavras sintacticamente correctas.

10. Lesões no Cérebro As lesões no cérebro podem ser provocadas por tumores, hemorragias, bloqueios nos vasos sanguíneos e acidentes. O estudo destas lesões permitiu o conhecimento do cérebro mas a localização exacta das funções cerebrais está ainda por esclarecer: uma dificuldade surgida após uma lesão apenas revela que a área lesionada está envolvida na função que se perdeu.Os cérebros das crianças até aos 4 anos (quando o cérebro ainda não atingiu o seu desenvolvimento pleno) possuem ainda a capacidade de suplência, permitindo que uma função cerebral perdida após uma lesão seja compensada por uma área diferente do cérebro.Paralelamente investiga-se a possibilidade de células cerebrais germinativas permitirem a produção de novas células cerebrais. Este estudo ainda está confinado a animais.

Lesões na área de Broca - estudada por Paul Broca em 1863 e situada na área frontal - leva a que os pacientes compreendam o discurso dos outros mas não consigam encontrar palavras para exprimir ideias.

Na parte esquerda do lobo temporal, a área de Wernicke (descoberta por Carl Wernicke em 1871) leva a que os paciente tenha dificuldade na compreensão do seu próprio discurso, que passa a ser elaborado de forma fluente mas sem sentido.

Estudos feitos por António e Hanna Damásio mostraram que lesões no córtex podem levar à perda de capacidades especificas na linguagem: Algumas lesões no lobo temporal podem levar à incapacidade em pronunciar substantivos, outras ao nível dos lobos frontal e parietal acarretam problemas em lidar com os verbos.Nomes das lesões mais conhecidas:

Afasia - Dificuldade em falar de forma articulada Agrafia - incapacidade de escrever Apraxia - incapacidade em organizar os movimentos para uma acção Agnosia visual - incapacidade em reconhecer coisas Agnosia auditiva - incapacidade em compreender o que está a ser ouvido Prosopagnosia - incapacidade em reconhecer rostos

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Anosognosia - Incapacidade em tomar consciência da própria doença Alexia - incapacidade em compreender os sinais gráficos que constituem as palavras (lesão no lobo

occipital)

Capítulo 7 – Sistema Nervoso PeriféricoO Sistema Nervoso Periférico constitui-se como um sistema de comunicações ligando o sistema nervoso central com os órgãos receptores e os órgãos efectores: divide-se em dois subsistemas: Somático e Autónomo

1. Sistema SomáticoO sistema somático é responsável pelos movimentos musculares voluntários e pelas comunicações com o sistema nervoso central através dos nervos sensoriais e os nervos motores

2. Sistema AutónomoO sistema autónomo constitui um mecanismo involuntário de auto-regulação do funcionamento interno do organismo. Ao seu cargo ficam o controlo dos músculos lisos (envolvidos na digestão ou no ritmo cardíaco, p. ex.), vísceras e glândulas sendo composto por duas divisões complementares e antagónicas afectando a maioria dos órgãos:

Simpático - Participa nas resposta do corpo ao stress, excitando e activando os órgãos necessários a respostas em momentos de tensão

Parassimpático - Actua na conservação das energias do corpo e nas respostas necessárias a períodos de repouso e relaxamento, mantendo o equilíbrio homeostático

 Órgão ou sistema Sistema Simpático Sistema Parassimpático

Olhos (íris) Dilatar da pupila Contrair a pupila

Glândulas nasais, Salivares e lacrimais

Inibir a secreção Estimular a secreção

Glândulas Sudoríparas Activar a secreção do suor

Músculo Cardíaco Acelerar o ritmo cardíaco Diminuir o ritmo cardíaco

Coração e vasos coronários Vasodilatação Vasoconstrição

Vias respiratórias Abertura e dilatação dos brônquios Constrição dos brônquios

Estômago e PâncreasImpedir a digestão pela inibição das

contracções do estômago e da secreção digestiva; contracção dos esfíncteres

Estimular a digestão pelas contracções do estômago e da secreção dos sucos

digestivos; relaxamento dos esfíncteres

Fígado Aumentar a produção de glicose Estimular a vesícula biliar

Bexiga – Uretra Relaxar a bexiga Contrair a bexiga

PénisEstimular a ejaculação e inibição da

erecçãoEstimular a erecção

Vagina – Clitóris Contracção da vagina Erecção do clitóris

3. Órgãos ReceptoresO estudo científico das sensações e das percepções foi iniciado pelos filósofos positivistas no séc. XIX de modo a tentarem tornar a psicologia uma ciência biológica. Assim a mente humana era considerada vazia à nascença, sendo que as experiências de vida a iriam transformar.

Dividiram a experiência em duas áreas distintas: Sensação - acto em que o organismo detecta estímulos internos e externos; Percepção - acto complexo de selecção e interpretação dos estímulos recebidos (ou sensações)

Como bases do seu estudo assumiram que as consequências da Sensação e da Percepção apenas podiam ser compreendidas através de respostas mensuráveis, isto é através das respostas motoras.

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As sensações podem ser divididas em diferentes categorias, dependendo dos estímulos envolvidos, notando-se ainda que os organismo vivos possuem órgãos especiais dedicados à sensação e percepção de certos tipos de estímulos (por isso chamados órgãos dos sentidos).

Visão - Detecta estímulos luminosos Tacto (ou somatossensorial) - Detecta contactos com o tecido epitelial ou com a pele ou Audição - Detecta ondas sonoras Paladar - Detecta químicos presentes em produtos sólidos ou líquidos Olfacto - Detecta químicos transportados pelo ar

A estes cinco sentidos, alguns autores acrescentam ainda sentido do equilíbrio - Detecta a posição do corpo relativamente à gravidade e sua aceleração e

desaceleração em qualquer direcção Cinestésico - Detecta a posição das partes do corpo relativamente a cada uma dessas partes

4. NervosOs Cranianos - 12 pares que ligam as diversas partes da cabeça (olhos, nariz, lngua) Os Raquidianos - 31 pares que nascem ao longo da espinal-medula e se ramificam até à epiderme, permitindo a sensibilidade e o movimento

Nervos Cranianos Os nervos cranianos são responsáveis por fazer ligação com o encéfalo. São 12 pares de nervos, cada um com uma classificação específica. São nervos de origem aparente, sendo numerados em algarismos romanos. Os 12 pares de nervos cranianos são:

I - Nervo Olfatório – é um nervo sensitivo, com a função de olfação, sua origem se dá no bulbo olfatório. II - Nervo Óptico - Passa pelo forame óptico e tem função de visão, sua origem se dá na retina. Chega até

o crânio pelo canal óptico. III - Nervo Óculo-Motor - Tem a função de motricidade dos músculos ciliar, esfincter da pupila e grande

parte dos músculos extrínsecos do bulbo do olho, sua origem se dá nos pedúnculos cerebrais. IV - Nervo Troclear - Passa pela fissura orbital superior, tem a função de motricidade do músculo oblíquo

superior do bulbo do olho, é originado nos pedúnculos cerebrais. V - Nervo Trigêmio – é um nervo misto, pois é responsável pelos movimentos da mastigação e

percepções sensoriais da face, seios da face e dentes. Sua origem se dá no portio maior e portio menor. A raiz motora do trigêmeo é constituída de fibras que acompanham o nervo mandibular, distribuindo-se aos músculos mastigatórios. O nervo trigêmio é dividido em três partes nervo oftálmico, nervo maxilar e nervo mandibular.

VI - Nervo Abducente - Passa pela fissura orbital superior, desempenha a motricidade do músculo reto lateral do bulbo do olho, sua origem se dá no sulco bulbar.

VII - Nervo Facial – Também é um nervo misto, pois possui uma raiz motora e outra sensorial gustativa. O nervo facial dá inervação motora os músculos cutâneos da cabeça e pescoço. A raiz motora é formada pelo nervo facial, e a raiz motora é chamada de nervo intermédio. A origem se dá no sulco pontino inferior.

VIII - Nervo Vestíbulo-Coclear - A função deste nervo é orientar a movimentação e audição. É um nervo sensitivo. As fibras do nervo vestíbulo-coclear auxiliam impulsos nervosos relacionados ao equilíbrio e audição.

IX - Nervo Glossofaríngeo – Este nervo tem percepções gustativa no posterior da língua e sensoriais da faringe, laringe e palato. É um nervo misto.

X - Nervo Vago – Este nervo tem percepções sensoriais da orelha, faringe, laringe, tórax e vísceras. É um nervo misto, Originado no soalho do 4° ventrículo.

XI - Nervo Acessório - Este nervo é que dá controle motor para a faringe, laringe, palato, músculos esternocleidomastóideo e trapézio. É constituído por uma raiz craniana e outra espinhal. É originado no bulbo.

XII - Nervo Hipoglosso - Este nervo é que tem motricidade sobre os músculos da língua, com excepção do músculo palato glosso. O nervo hipoglosso sai do crânio e vai até os músculos intrínsecos e extrínsecos da língua. Sua origem se dá no bulbo e passa pelo forame condiliano anterior.

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Nervos RaquidianosDa medula partem 31 pares de nervos raquidianos que se ramificam. Por meio dessa rede de nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo mensagens e vários pontos e enviando-as para o cérebro e recebendo mensagens do cérebro e transmitindo-as para as várias partes do corpo. A medula possui dois sistemas de neurónios: o sistema descendente controla funções motoras dos músculos, regula funções como pressão e temperatura e transporta sinais originados no cérebro até seu destino; o sistema ascendente transporta sinais sensoriais das extremidades do corpo até a medula e de lá para o cérebro.

Os 31 pares de nervos raquidianos que saem da medula relacionam-se com os músculos esqueléticos. Eles se formam a partir de duas raízes que saem lateralmente da medula: a raiz posterior ou dorsal, que é sensitiva, e a raiz

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anterior ou ventral, que é motora. Essas raízes se unem logo após saírem da medula. Desse modo, os nervos raquidianos são todos mistos. Os corpos dos neurónios que formam as fibras sensitivas dos nervos sensitivos situam-se próximo à medula, porém fora dela, reunindo-se em estruturas especiais chamadas gânglios espinhais. Os corpos celulares dos neurónios que formam as fibras motoras localizam-se na medula. De acordo com as regiões da coluna vertebral, os 31 pares de nervos raquidianos distribuem-se da seguinte forma:

oito pares de nervos cervicais; doze pares de nervos dorsais; cinco pares de nervos lombares; seis pares de nervos sagrados ou sacrais.

Websites Consultados: http://www.notapositiva.com/superior/enfermagem/anatomia/tecidonervoso.htm http://www.teliga.net/2010/05/especializacoes-da-membrana-plasmatica.html http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio29.php http://www.sabedoria.ebrasil.net/db/biologia/estudos/biologia/biologiag/tecidonervoso.php.htm http://www.colegioweb.com.br/biologia/os-12-pares-de-nervos.html http://www.afh.bio.br/nervoso/nervoso4.asp http://www.enciclopedia.com.pt/articles.php?article_id=730

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