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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO E SEU PAPEL NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO UMA ANÁLISE COM MODELOS COGNITIVOS Ana Carolina Reis Covelli São Paulo 2016

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO E SEU PAPEL NO

PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO – UMA ANÁLISE

COM MODELOS COGNITIVOS

Ana Carolina Reis Covelli

São Paulo

2016

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Ana Carolina Reis Covelli

Sistemas integrados de gestão e seu papel no processo de tomada de decisão

– uma análise com modelos cognitivos

Projeto de Qualificação apresentado ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da

Universidade Presbiteriana Mackenzie para a

obtenção do título de Mestre em Controladoria

Empresarial.

Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Roux Valentini Coelho Cesar

São Paulo

2016

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C873s Covelli, Ana Carolina Reis

Sistemas integrados de gestão e seu papel no processo de tomada

de decisão – uma análise com modelos cognitivos / Ana Carolina

Reis Covelli - 2016.

91 f. : 30 cm

Dissertação (Mestrado em Controladoria Empresarial)

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2016.

Orientação: Dra. Ana Maria Roux Valentini Coelho Cesar

Bibliografia: f. 83-91

1. Ferramentas. 2. Modelo cognitivo. 3. Sistema de informação

e tomada de decisão. I. Título.

CDD 658.4012

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Reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto

Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação

Profa. Dra. Helena Bonito Couto Pereira

Diretor do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Prof. Dr. Adilson Aderito da Silva

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Prof. Dr. Henrique Formigoni

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ANA CAROLINA REIS COVELLI

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO E SEU PAPEL NO PROCESSO DE

TOMADA DE DECISÃO – UMA ANÁLISE COM MODELOS COGNITIVOS

Dissertação de mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Contábeis da Universidade Presbiteriana

Mackenzie para a obtenção do título de Mestre

em Controladoria Empresarial.

Aprovada em

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

Profa. Dra. Ana Maria Roux Valentini Coelho Cesar

Universidade Presbiteriana Mackenzie

____________________________________________

Prof. Dr. Gilberto Perez

Universidade Presbiteriana Mackenzie

____________________________________________

Prof. Dr. Ivam Ricardo Peleias

Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado

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Aos meus pais, pelo constante incentivo e apoio

para a realização deste trabalho e aos meus

colegas de estudo que colaboraram para o

desenvolvimento da pesquisa.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, como fonte de força e discernimento para as escolhas realizadas..

Aos meus pais que me apoiaram colaborando para a concretização de mais um sonho.

À Dra. Ana Maria Roux Valentini Coelho Cesar que, com todo seu conhecimento,

colaborou enormemente para o desenvolvimento desta pesquisa, orientando de forma precisa

e objetiva.

Ao Dr. Marcelo Francini Girão Barroso, que muito contribuiu com sua visão de

pesquisa.

Aos meus colegas Heber Araújo e Joaquim Matos que, com experiência e maturidade,

tornaram os estudos muito mais proveitosos.

Aos entrevistados, que se propuseram a compartilhar suas experiências em prol do

desenvolvimento dos estudos.

E, finalmente,a todos os professores e profissionais que contribuíram para esta

jornada.

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Jamais considere seus estudos como uma

obrigação, mas como uma oportunidade invejável

para aprender a conhecer a influência libertadora

da beleza do reino do espírito, para seu próprio

prazer pessoal e para proveito da comunidade à

qual seu futuro trabalho pertencer. (Albert

Einstein)

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RESUMO

A utilização de sistemas integrados de gestão colabora para a estruturação da operação

empresarial, e tambémapoia o processo decisório para a melhoria de processos ou soluções de

problemas que rodeiam a operação empresarial. A proposta dos sistemas é transformar, com

agilidade e eficiência, dados operacionais em informações válidas ao processo decisório de

decisão. Através desta pesquisa foi estudada a utilização no processo decisório dos sistemas

integrados propostos pelos modelos clássicos econômicos, com uma abordagem cognitiva por

meio da influência de vieses e heurísticas na análise do gestor durante sua tomada de decisão,

seja financeira, operacional ou estratégica. O objetivo a ser alcançado a partir deste estudo é,

portanto, compreender a participação dos sistemas integrados de gestão no processo decisório

e a eventual influência de fatores cognitivos neste processo. A abordagem utilizada foi

qualitativa, com dados colhidos em entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais

que ocupam cargos estratégicos para a tomada de decisão em empresas situadas na cidade de

São Paulo; tais empresas trabalham com o sistema integrado de gestão Totvs. A interpretação

dos dados para a análise do resultado foi feita com apoio dos métodos de análise de conteúdo.

Os estudos foram direcionados à compreensão do processo decisório para medidas

relacionadas à finanças, operações e estratégias. Os resultados obtidos apontam que decisões

financeiras são fortemente apoiadas nas informações obtidas pelos sistemas, a partir de

informações objetivas, as decisões relacionadas à operação são apoiadas em sistemas ao que

se refere à medidas estruturadas e programadas, porém, sofrem influência de vieses cognitivos

por estar fortemente relacionada à pessoas, já as decisões estratégicas possuem forte presença

de vieses cognitivos pois, estão relacionadas à experiência do gestor e portanto ator da

decisão. Com isso, através dos estudos conclui-se que existe um vasto campo para o

desenvolvimento de sistemas, de modo a demonstrar dados objetivos de formasubjetivas a

partir da apresentação dos tais dados necessários à análise que compõe o processo decisório

em formatos que favoreçam a aplicação de vieses cognitivos.Ou seja, empregar atalhos

mentais usados pelos indivíduos para encurtar a análise da situação que antecede a tomada de

decisão,com o intuito de minimizar eventuais erros de interpretação ou de ajustes insuficientes

realizados pelos gestores.

Palavras-chave: Modelo cognitivo. Sistema de informação. Tomada de decisão.

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ABSTRACT

The use of integrated management systems contributes to the structuring of the business

operation, and also supports the decision making process for the improvement of processes or

solutions of problems that surround the business operation. The proposal of the systems is to

transform, with agility and efficiency, operational data in information valid to the decision

making process. Through this research was studied the use in the decision making of the

integrated systems proposed by classical economic models, with a cognitive approach through

the influence of biases and heuristics in the analysis of the manager during his decision

making, whether financial, operational or strategic. The objective to be reached from this

study is therefore to understand the participation of integrated management systems in the

decision process and the possible influence of cognitive factors in this process. The approach

used was qualitative, with data collected in semi-structured interviews with professionals who

occupy strategic positions for decision making in companies located in the city of São Paulo;

Such companies work with the Totvs integrated management system. The interpretation of the

data for the analysis of the result was done with the support of the content analysis methods.

The studies were directed to the understanding of the decision making process for measures

related to finances, operations and strategies. The results obtained indicate that financial

decisions are strongly supported in the information obtained by the systems, based on

objective information, decisions related to the operation are supported in systems that refers to

the structured and programmed measures, but are influenced by cognitive biases Strongly

related to people, strategic decisions already have a strong presence of cognitive biases,

because they are related to the manager's experience and therefore actor of the decision. Thus,

through the studies, it is concluded that there is a wide field for the development of systems,

in order to demonstrate objective data in a subjective way, from the presentation of such data

necessary for the analysis that composes the decision-making process in formats that favor the

application Of cognitive biases. That is, to use mental shortcuts used by individuals to shorten

the analysis of the situation that precedes the decision making, in order to minimize any errors

of interpretation or insufficient adjustments made by the managers.

Key words: Cognitive model.Information system. Decision making.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Revisão sistemática da literatura 20

Quadro 2 Vieses relacionados às heurísticas 54

Quadro 3 Legenda de entrevistados. 65

Quadro 4 Matriz de Amarração Teórica 66

Quadro 5 Aplicações Situacionais 71

Quadro 6 Desenvolvimento das entrevistas 72

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Sistemas de informação de acordo com níveis organizacionais 23

Figura 2 Sistemas de planejamento e recursos empresariais – ERPs modulares e integrados

25

Figura 3 Comparativo entre Teoria do Prospecto e Teoria da Utilidade Esperada 48

Figura 4 Modelo decisório bidimensional 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

1.1 QUESTÃO DE PESQUISA 19

1.2 OBJETIVOS GERAIS 19

1.3 JUSTIFICATIVA 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO 21

2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 21

2.2 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO – ENTERPRISE RESOURCES

PLANNINGS(ERP) 24

2.2.1 Impactos econômicos propostos a partir da implantação dos ERPs

27

2.2.2 Impactos organizacionais propostos a partir da implantação dos

ERPs 28

2.2.3 Fatores críticos de sucesso 33

2.3 TOMADA DE DECISÃO 38

2.3.1 Teoria da Utilidade Esperada 40

2.3.1.1 Axiomas 41

2.3.2 Teoria da Racionalidade Limitada 43

2.3.3 Teoria do Prospecto 46

2.3.4 Modelos cognitivos 49

2.3.5 Heurísticas e vieses de decisão 50

2.3.5.1 Árvore de características da utilização de heurísticas em

processos decisórios 51

2.3.5.2A intersecção entre heurísticas e ambientes gerenciais 54

2.3.6 Modelo bidimensional para a tomada de decisão 55

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 62

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3.1 MÉTODO 62

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA 62

3.3 COLETA DE DADOS 63

3.3.1 Entrevistas 63

3.3.1.1 Preparação para entrevistas 64

3.3.1.2 Preparação das questões 65

4 ANÁLISE DE CONTEÚDO 72

4.1 O DESENVOLVIMENTO DAS ENTREVISTAS 73

4.1.1 A utilização de Sistemas Integrados de Gestão – ERPs 73

4.1.2 A influência de heurísticas e vieses cognitivos para tomada de

decisão 77

4.2 ANÁLISE DE DADOS SOBRE APLICAÇÕES SITUACIONAIS DE

ASPECTOS COGNITIVOS 87

5 CONCLUSÃO 89

REFERÊNCIAS 92

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1 INTRODUÇÃO

No contexto empresarial, a informação é um recurso estratégico, portanto, deve

ser monitorada, integrada e preservada. A informação agrega valor às operações à medida que

é estrategicamente utilizada; além disso,é necessário observar a segurança de sua fonte

(AMARAL, SOUSA, 2011). Todavia, apesar da grande quantidade de informações a que os

indivíduos são expostos a cada instante, o ser humano possui limitações em sua capacidade de

absorção destas informações.Através de sua pesquisa de Pennings, Garcia e Hendrix

(2005)destaca o modelo linear de tomada de decisão e as contribuições trazidas pela

Neurociência, queapresentammecanismos cognitivos que reduzem o fluxo das informações

recebidas pelos indivíduos, tornando possível absorvê-las.

Em um cenário economicamente rumoroso, estar munido de informações

fidedignas e tempestivas torna o processo decisório mais ágil e assertivo, viabilizando

melhores resultados por meio da gestão estratégica dos recursos (JANUZZI;FALSARELLA;

SUGAHARA, 2014). A informação torna-se relevante à medida que,ao ser adquirida e bem

interpretada, tem a capacidade de proporcionar poder ao indivíduo que a detém.

O processo decisório das organizações pautado em informações tem sua

relevância relacionada à forma como as informações são ofertadas, processadas e

compreendidas pelo gestor, de modo a serem aplicadas ao processo decisório.

A tecnologia da informação desenvolveu-se com o intuito de otimizar o processo

de geração, monitoramento e segurança das informações. Além disso, havia a necessidade de

se estabelecer estratégias e instrumentos para consolidar e disponibilizar informações por

meio de recursos tecnológicos aos gestores de organizações.

De acordo com as pesquisas realizadas por ColangeloFilho (2009), a geração de

informações por meio de recursos tecnológicos está apoiada em um tripé de teorias que

consolidam a forma como os dados são gerados, armazenados e organizados até que possam

ser utilizados pelo indivíduo. As teorias que compõem o tripé de consolidação dos recursos

tecnológicos são:

Teoria geral dos sistemas: analisa as informações como fenômenos,

processando-as de maneira organizada e interdisciplinar. No contexto organizacional,

cada operação é vista como uma parte solta que, unida à outra parte, com

características comuns, compõe um subsistema. Este passa a ser organizado como uma

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parte independente e,com a união a um ponto comum (ou ponto de integração) de

outro subsistema, compõe um sistema complexo. E é a partir deste complexo sistema

que são geradas as informações. Por conseguinte, a teoria geral dos sistemas considera

que dados interdisciplinares são processados de maneira sistêmica, de modo a produzir

informação.

Teoria cibernética: de acordo com os preceitos dessa teoria, os

mecanismos informativos possuem similaridade com organismos vivos. Os

mecanismos são, portanto, capazes de reconstruir ações biológicas de forma mecânica,

transformando dados gerados por um grupo de pessoas e processos em informações a

serem utilizadas por outro grupo de pessoas (COLANGELO FILHO, 2009). Todavia,

esta teoria apoia-se na possibilidade de transformação de dados, pois não possui alta

complexidade,no que se relaciona à integração das áreas de operação.

Teoria da informação: abrange conceitos de armazenamento e

manipulação de dados. A base estrutural desta teoria considera que, para que haja

informação, é necessário existir uma fonte de dados e um mecanismo para conduzi-los

a seus usuários.

Fundamentados pela teoria da informação, os sistemas integrados de gestão, ou

também chamados ERPs (Enterprise ResourcesPlannings),baseiam-se na estrutura

organizacional das empresas e são utilizados como ferramenta para coletar, registrar e

classificar informações a serem disponibilizadas aos usuários, no momento necessário, para

que sejam utilizadas no processo decisório.Indo ao encontro dos estudos realizados por

Anthony e Govindarajan (2002),é reconhecido como sistemaum procedimento pré-

estabelecido com a finalidade de executar uma atividade ou um conjunto delas, geralmente

repetitivas.

Os ERPs foram desenvolvidos com a finalidade de conduzir informações aos

gestores organizacionais de modo a facilitar, agilizar e otimizar o processo decisório.São

importantes ferramentas de apoio ao executivo, pois oferecem a possibilidade de balizar as

decisões não estruturadas, ou seja, aquelas que ainda não possuem semelhança direta com

outros problemas enfrentados pela organização.A ferramenta também é aplicada no processo

de tomada de decisões programadas, ou seja, para solucionar problemas já conhecidos pela

organização.

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Os ERPs, como condutores de dados no formato de informação, são sistemas que

integram as áreas operacionais da organização onde atuam os subsistemas, também chamados

de módulos, por meio de pontos de semelhança entre eles (PEREIRA; FONSECA,

2009).Estes dados são transformados de forma mecânica,ou seja, processados por tabelas e

programas de modo a serem estruturados, posteriormente organizados e armazenados,

possibilitando a oferta de informações em tempo real.

Paralelamente, existe em uma organização a necessidade de administrar, tomar

decisões operacionais com a finalidade de manter a companhia financeiramente rentável e

economicamente saudável. A palavra “decisão” é originária de duas palavras latinas, de,

“parar de”, e caedere,“cortar”; logo, decisão indica a ideia de deixar fluir, realizar.

A decisão é considerada um amplo processo embasado por questões lógicas e

psicológicas que se aplica não somente a fatos concretos, mas, principalmente,à maneira

como estes fatos são percebidos. Ela exige raciocínio, discernimento e responsabilidade. Os

ERPs colaboram para a tomada de decisão à medida que oferecem ao gestor dados acerca da

operação empresarial de forma estruturada e objetiva. Tais dados, quando organizados, são

transformados em informações úteis ao processo decisório não somente para análise e

reconhecimento de problemas e pontos de melhoria, mas, principalmente, para a efetivação de

ações que proporcionam a melhora ou a solução de tais situações levantadas.

Carlson (1994), destaca a responsabilidade que a informação dá ao indivíduo,

afirmando que um indivíduo que não possui informações não pode assumir

responsabilidades,porém, aquele que recebe informações não pode deixar de assumí-las. É a

informação que possibilita que decisões sejam tomadas. Drucker (1993) ressalta a importância

do conhecimento, que no contexto é proporcionado pela educação, para ele o conhecimento é

o recurso mais relevante da atualidade, é ele quem efetivamente controla as atividades

humanas.E o acesso à informação no tempo certo pode, aliado a outras experiências, conduzir

o indivíduo à conquista do conhecimento necessário a suas ações.

Partindo do pressuposto de que o processo decisório é composto por pessoas e

ferramentas, e que as organizações atuam em um cenário de alto desenvolvimento tecnológico

com uma realidade econômica em constante movimentação, torna-se importante analisar de

que forma gestores e ERPs atuam, de modo a garantir a continuidade da organização

(GORDON; NARAYANAN, 1984).

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Foram realizados estudos por Gorry e Morton (1971) sobre o fortalecimento da

autonomia dos departamentos para tomada de decisão por departamentos dentro da

organização.De acordo com tais estudos, as decisões, quando tomadas de forma micro, com o

conhecimento dos detalhes, torna-se mais coerente. A este empoderamento dos departamentos

aplicou-se o termo empowerment,que só é possível com a utilização de ERPs,uma vez que são

modulares, ou seja, desenvolvidos de maneira segregada por área organizacional.É importante

destacar que existe nas organizações uma preocupação quando ao alinhamento de conceitos

subjetivos com os objetivos da organização, para que a autonomia de fato contribua com os

resultados esperados pelo conjunto.

Outro aspecto importante relacionado ao empowerment proporcionado pela

utilização de ERPs é quanto à maturidade dos departamentos e das lideranças que os

representam. Para um processo decisório democrático, é necessário que haja confiança entre

os envolvidos, mudança de modelos mentais que condicionam o comportamento aosantigos

paradigmas, que devem ser quebrados, e a transparência nas atividades, que deve ser

potencializada.

Posteriormente aos estudos de Gorry e Morton (1971), Anthony e Govindarajan

(2002) estudaram a questão do fracionamento das decisões e mostraram acreditar que,desta

forma, a análise de problemas torna-se mais detalhada, tratada de maneira gerencial e

específica, não automática, e destacam que o controle gerencial tem por finalidade assegurar

que estratégias sejam seguidas de modo que os objetivos da organização sejam efetivamente

alcançados.

Sob este enfoque, observa-se que a contabilidade, que colabora com o suprimento

de informações necessárias aos controle gerencial por meio da demonstração dos resultados

empresariais, alinhada com conceitos econômicos e administrativos,alimenta o processo

decisóriopor meio de ferramentas de gestão, de modo aconcatenar e a relatar fatos

patrimoniais de maneira flexível e segura, garantindo a qualidade das informações utilizadas

pelos gestores (CHANG; YEN; DUH, 2002).

As organizações levam em consideração informações e características pessoais de

seus gestores ao tomarem decisões. As influências psicológicas presentes no processo

decisório estão representadas por vieses cognitivos, emocionais, culturais, éticas e espirituais.

Já as influências lógicas são representadas pela racionalidade, pelos paradigmas propostos e

pelo contexto em que se observam (PENNINGS, GARCIA; HENDRIX, 2005).

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O processo decisório sofre influências de variáveis objetivas e subjetivas

relacionadas aos dados econômicos e financeiros gerados pelos sistemas integrados de gestão,

seguidas da percepção do gestor em relação a estes dados.

Para Pereira e Fonseca (2009), o processo decisório faz parte da natureza humana

e pressagia que o tomador de decisão seja detentor de valores individuais relacionadosa suas

crenças e seus conceitos éticos, a valores de competência e de avaliação, a fim de gerar juízo

de valor em relação à seleção das alternativas para decisão.

1.1 QUESTÃO DE PESQUISA

Diante do exposto, percebe-se que há a necessidade de desenvolver a temática dos

sistemas integrados de gestão e seu papel no processo decisório com uma abordagem

cognitiva,com a finalidade de compreender a maneira como organizações que utilizam

sistemas integrados de gestão pautam suas decisões. Em um primeiro instante, é necessário

compreender a maneira como estes sistemas são utilizados dentro da

organização;posteriormente, deve-seprocurar compreender quais aspectos são necessários

para que se tomem decisões organizacionais visando àaplicação dos ERPs no processo

decisório de maneira mais específica.

O desenvolvimento desta pesquisa está apoiado em teorias relacionadas ao

processo de desenvolvimento e à implantação de sistemas integrados de gestão estudados por

Laudon e Laudon (1997); Grabski, Leech e Schimidt (2011), além de teorias de tomada de

decisão, tais como a Teoria da Utilidade Esperada, desenvolvida por Von Neumann e

Morgenstern (1944); Teoria da Racionalidade Limitada, de Simon (1965); Teoria do

Prospecto,desenvolvida por Kahneman e Tversky (1979) com base na influência de

heurísticas e vieses cognitivos estudada por Bazerman (2004), considerando aspectos do

Modelo Bidimensional para Tomada de Decisão estudado por Camerer, Loewenstein e Prelec

(2005).

O desenvolvimento da pesquisa contribuirá para a compreensão de como as

decisões coorporativas são tomadas, além do reconhecimento das necessidades dos clientes da

empresa Totvs, fornecedora de software, para que, a partir deste estudo, os sistemas sejam

adequados, de modo a fornecer informações de maneira direta para o processo decisório.

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Diante do exposto, a questão central que norteou o desenvolvimento desta

pesquisa é:Os ERP’s utilizados pelas organizações para tomada de decisões financeiras,

operacionais e estratégicas conseguem diminuir os vieses de decisão decorrentes do uso de

heurísticas?

1.2 OBJETIVOS GERAIS

O objetivo geral da pesquisa visa identificar se os ERP’s utilizados pelas

organizações para tomada de decisão conseguem diminuir os vieses de decisão decorrentes do

uso de heurísticas para decisões relacionadas à aspectos financeiros, operacionais e

estratégicos.

1.3 JUSTIFICATIVA

A pesquisase justifica pela necessidade de conhecer autilizaçãodos sistemas

integrados de gestão no processo decisório com o intuito de colaborar paraa evoluçãodestes

sistemas. As organizações, a partir disso, terão cada vez menos necessidade deempregaroutras

ferramentas como fonte sistêmica de informação para obter subsídios necessários à

fundamentaçãoda decisão a ser tomada a fim de solucionar questões gerenciais.

Os estudos foram desenvolvidos a partir da utilização de sistemas da empresa

Totvs S/A que, desde 2008, fortalece sua participação no mercado de softwares. A missão da

Totvs é tornar-se a empresa provedora de informações gerenciais de qualidade para empresas

que atuam em diversos setores da economia.

Embora o escopo seja limitado às empresas que utilizam sistemas integrados de

um único fornecedor, as empresas usuárias dos sistemas possuem ramos de atividade e porte

econômico variados,o que nos direciona a aspectos puramente relacionados ao processo

decisório dessas organizações,bem como ao modo como exploramo sistema.

Através desta pesquisa visa-se contribuir para o desenvolvimento do sistema

integrado ofertado no mercado pela empresa Totvs S/A,bem como contemplar aspectos

cognitivos, de modo a oferecer aos gestores de empresas clientes informações úteis e válidas

ao processo decisório. A apresentação dessas informações, respeitando-se a maneira como os

gestores analisam e interpretam seus dados, contribui para decisões mais assertivas e

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ágeis,proporcionando aos clientes maior competitividade e agilidade no processo gerencial e

decisório.

O desenvolvimento dessapesquisa foi impulsionado pela escassez de publicações

sobre sistema integrado de gestão. Foi realizado um estudo sistemático sobre a literatura

acerca do tema e foram revisitadas as publicações dos últimos cinco anos de dez revistas

avaliadas pela CAPES como A1 e B.Verificou-se, com base em palavras-chave,que menos de

1% das publicações abordava o tema aquitratado, conforme o quadro que segue.

Quadro 1 – Revisão sistemática da literatura

Fonte: Do autor.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Com a finalidade de alcançar os objetivos propostos pela pesquisa na tentativa de

compreender como os indivíduos utilizam sistemas ERPs para a tomada de decisão por meio

de uma abordagem cognitiva, foi realizada uma revisão na literatura sobre estudos a respeito

de (1) Sistemas da Informação e (2) tomada de decisão com a finalidade de estruturar os

estudos que baseiam o desenvolvimento dos sistemas e sua função dentro das organizações,

bem como os estudos relacionados aos modelos decisórios tornando possível compreender a

forma como sistemas ERPs (Entrerprise Resources Plannings) atendem as necessidades

inerentes ao processo decisório.

2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Em decorrência de incentivos mercadológicos e governamentais, a década de

1990 representou um marco mundial para o desenvolvimento tecnológico.Tais incentivos

contribuíram para que as empresas investissem em tecnologia e em sistemas de informação

com o intuito de reforçarem o apoioàs operações e facilitarem o gerenciamento

organizacional.

Na prática, as organizações são estruturadas por diversos graus de complexidade

operacional, que variam conforme as decisões cabíveis em cada um deles. Nestes ambientes, a

informação deve ser disponibilizada ou formatada de acordo com as necessidades de uso em

cada etapa do processo organizacional (FALSARELLA; BERAQUET; JANNUZZI, 2003).

Segundo Turban et al. (2008), o investimento em tecnologia realizado pelas

organizações visa atingir objetivos relacionados à excelência operacional, à definição de um

modelo de negócio, ao desenvolvimento de novos produtos, à melhora no relacionamento

com stakeholders, àsvantagens competitivas, ao apoio à decisão e à continuidade

organizacional.

Logo, tais investimentos estão voltados à aquisição de sistemas de informação,

pois estes sistemas possuem a capacidade de potencializar a operação das organizações, uma

vez que centralizam e organizam dados úteis ao processo empresarial.

Sistemas de informação são componentes que coletam e processam dados

organizacionais, com a finalidade de prover informações coordenadas de modo a potencializar

a atividade organizacional (LAUDON; LAUDON, 1997). Sistemas de informação

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possibilitam o acesso aos dados organizacionais de diversas áreas da organização e por isso

são parte do dia a dia, não só da operação,mas também da gestão empresarial

(PEREZ;RAMOS, 2013).

Para atender a diversos graus de complexidade organizacional, os sistemas de

informação foram desenvolvidos com estruturas específicas,para que os dados ora

armazenados sejam disponibilizados em formato de informação conforme as necessidades dos

usuários representantes dos níveis organizacionais. Uma estrutura organizacional é composta

por processadores operacionais, controladores e táticos.

Sistemas compreendidos como processadores estão na base da organizaçãoe

tendem a ser suficientemente estruturados, de modo a executar tarefas e tomar decisões

anteriormente planejadas.Logo, as atividades operacionais programadas para serem

executadas com o acompanhamento destes sistemas possuem alto nível de assertividade, uma

vez que são plenamente moldadas.

Sistemas de controle e execução operacional do negócio são sistemas que

proporcionam controle e gerenciamento da atividade organizacional, são estruturados e

obedecem a parâmetros.São realizados de acordo com as regras de negócio definidas pela

organização no momento da implantação, garantindo uma operação estruturada e a qualidade

das informações geradas para apoio ao gerenciamento e controle operacional do negócio.

Já os sistemas controladores apresentam uma visão de indicadores e por isso

tendem a atender a diversas áreas do processo organizacional, com a finalidade de gerir o

negócio com qualidade, garantindo o bom desempenho da organização à medida que

apresentam indicadores de desempenho refletindo o andamento das operações.

Os sistemas táticos ocupam o topo da pirâmide e estão voltados a atender a alta

gestão, fornecendo informações combinadas a outras de diversas áreas de negócio,

proporcionando uma informação da organização de modo a permitir ao gestor tomar decisões

assertivas e estratégicas. Tendem a ser menos estruturados, mas suficientemente flexíveis, a

fim de garantir que uma mesma informação seja analisada por perspectivas diversas.

Logo, a classificação dos sistemas de informação contempla informações

estruturadas, definidas e codificadaspor meio de uma estrutura preestabelecida, e também por

meio de informações não estruturadas consideradas não contextualizadas, podendo ser

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computadorizadas ou não (FALSARELLA; BERAQUET; JANNUZZI, 2003), conforme

representado na Figura 1.

Figura 1 – Sistemas de informação de acordo com níveis organizacionais

Fonte: adaptada de Laudon e Laudon (1997).

Dentro da pirâmide de sistemas também utilizada nos estudos de Laudon e

Laudon (1997), a exemplo de sistemas operacionais, o Customer Relationship

Management(CRM) e o Supply Chain Management(SCM) colaboram para o

acompanhamento da operação, de modo a garantir um bom relacionamento com os clientes e

uma boa gestão da cadeia de suprimentos da organização.

Enterprise Resources Plannings(EPR) são bons exemplos de sistema de controle e

execução do negócio, de acordo com Laudon e Laudon (1997) na estrutura de pirâmide que

representam os sistemas de informação, estes sistemas possuem a propriedade de colaborar

para o desenvolvimento das atividades organizacionais de forma integrada e também controlar

esta execução, pois, integra diversas áreas da empresa e possui a capacidade de organizar e

armazenar registros para que sejam utilizados no processo de gestão.

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Já os sistemas táticos são sistemas como Decision Support Systems(DSS) e

Business Inteligence (BI), sistemas analíticos desenhados para dar suporte à tomada de

decisão de forma especializada, analisando um significante volume de dados operacionais

armazenados e acoplando-os, de modo a fornecer informações valiosas para o processo

decisório (CHOU; TRIPURAMALLU; CHOU, 2005).

2.2 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO – ENTERPRISE RESOURCES

PLANNINGs(ERP)

Dentre estes sistemas, os que melhor representam o apoio à tomada de decisão em

diversos níveis organizacionais são os Enterprise Resources Planning (ERP), compreendidos,

de acordo com Al-Mashari, Al- Mudimigh e Zairi (2003), como ferramentas de suporte que

otimizam a operação empresarial.

A proposta da implantação dos Enterprise Resources Planning (ERP), sobretudo

nas grandes organizações, é a de proporcionar à gestão maior visão sobre a operação.

Funcionalidades como conformidade regulamentar, reengenharia de processos, integração de

operações e suporte às decisões solidificaram a aderência na utilização de sistemas ERPs nas

organizações (ROBEY; ROSS; BOUDREAU, 2002).

ERPs são modulares, podem ser adquiridos por módulos para o atendimento de

determinada área de operação da empresa. Ainda assim, a aquisição ou implantação pode ser

feita por pacotes, por diversos módulos em um único sistema para atendera diversas áreas da

organização de forma integrada. Como representado na Figura 2, o ERP está no centro das

áreas operacionais, bem como o conjunto de público estratégico que rodeia a atividade

empresarial.

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Figura 2 – Sistemas de planejamento e recursos empresariais – ERPs modulares e integrados

Fonte:Com base em O’Brien e Marakas (2008) e Perez e Ramos (2013).

Na perspectiva da empresa, a implantação de ERPs é um processo demorado e

demanda altos investimentos relacionados à tecnologia da informação. Logo, o processo de

implantação exige um escopo operacional amplo e complexo, de modo a atender a todas as

particularidades da organização (FAN, CHANG, HSIEH, WANG, LIN, 2008). Do mesmo modo,

Grabski, Leech e Schmidt (2011) destacam a complexidade do processo de implantação de

sistemas, bem como sua importância na atividade organizacional.

Os ERP são os maiores, mais complexos e mais exigentes sistemas de informação

utilizados por empresas, representam um importante ponto para a integração de informação

departamentais (GRABSKI; LEECH; SCHIMIDT, 2011)

Os objetivos propostos pela implantação de ERPs são:obtenção de melhores

resultados econômicos, diminuição de custos, melhora na eficiência, promoção de vantagens

competitivas e potencialização da eficácia de ações relacionadas à tomada de decisão

(GRABSKI; LEECH; SCHIMIDT, 2011).

Ao investirem em sistemas integrados de gestão, as empresas buscam eliminar a

utilização de diversos sistemas (sistemas independentes por área operacional) com a

expectativa de utilizar somente os ERPs, e eles passam a ser considerados, portanto, a espinha

dorsal das operações empresariais (PEREZ; RAMOS, 2013).

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A utilização de sistemas integrados de gestão influenciam nos resultados

econômicos e financeiros das instituições.Além dessa influência,existem as relacionadas aos

fatores culturais das organizações, uma vez que a utilização de sistemas propõe mudanças

relacionadas ao processo operacional da organização. Isso porque os ERPs

demandammudança no comportamento das pessoas que necessitam não somente se adequar a

novas rotinas, mas, principalmente, ao fato de terem de compartilhar suas operações.

A partir da utilização de sistemas integrados de gestão, o perfil do profissional de

áreas relacionadas aos sistemas de informação sofreu alterações importantes, já que, além dos

aspectos técnicos de infraestrutura, este profissional passou a atender a necessidades

administrativas.As operações da organização,quando organizadas estruturadamentepor meio

da utilização de sistemas,passam a ser realizadas de forma sistêmica, circular, apoiadas na

tecnologia da informação (REIS; LÖBLER, 2012).

Além dos aspectos relacionados ao atendimento das necessidades administrativas

da organização, os profissionais da área contábil também sofreram impactos trazidospelo uso

da tecnologia nas operações. Isto porque os ERPs exigem alto grau de amarrações contábeis

em todas as atividades que produzirão resultados operacionais e, como consequência, os

registros contábeis passaram a ser gerados na origem do movimento. O contador deixou de

produzir dados e passou a analisá-los e transformá-los em informação válida para a tomada de

decisão (GRABSKI; LEECH; SCHIMIDT, 2011).

Grabski, Leech e Schimidt (2011) destacam outro perfil profissional impactado

pela utilização dos sistemas integrados de gestão, o profissional operacional, pois,como

usuário dos ERPs, tornou-se responsável direto pela produção de dados.Faz-se necessário que

este profissional adquira uma visão holística da organização, uma vez que suas atividades

passaram a influenciar diretamente as atividades de outras áreas relacionadas.

Além do impacto sobre os profissionais, a proposta dos ERPs, desde sua

solidificação na década de 1990, é modificar principalmente o perfil das organizações. Por

meio da utilização destes sistemas, dados operacionais são estruturados e armazenados, sendo

possível a extração de indicadores, financeiros e não financeiros, úteis para o

acompanhamento do desempenho empresarial, à medida que proporcionam melhor

monitoramento das tarefas realizadas, atuando na essência da organização.

A utilização de ERPs, porém, não garante controle operacional e melhora no

desempenho das organizações.Para compreender melhor esta percepção, foram desenvolvidos

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estudos com a finalidade de identificar quais fatores podem comprometer os resultados

obtidos pela utilização de sistemas, sejam aqueles decorrentes do processo de implantação,

sejam aqueles apresentados durante a utilização dos sistemas já na atividade organizacional.

2.2.1 Impactos econômicos propostos a partir da implantação dos ERPs

Existe um interesse constante em identificar os impactos gerenciais gerados pela

utilização de ERPs. No entanto, além da perspectiva gerencial, é de igual interesse conhecer

os impactos econômicos causados pela utilização deste tipo de sistema de informação, com a

finalidade de reconhecer uma eventual relação entre o valor econômico das organizações e a

utilização de ERPs.

Estudos realizados por Poston e Grabski (2001) apontaram que, após o terceiro

ano da implementação do ERP, as empresas notaram melhoras relacionadas aos resultados

econômicos da organização. Para o desenvolvimento desta pesquisa, os indicadores foram

comparados com o de empresas que não utilizavam ERPs,a fim de anular eventuais efeitos

culturais da organização.

Em relação aos aspectos financeiros, os indicadores de rentabilidade apresentaram

significativa melhora após a implantação de ERPs. Os indicadores de rentabilidade dos ativos

(ROA – Retourn On Assets), o retorno do investimento (ROI – Retourn On Investiment) e o

giro dos ativos (ATO – Asset Turnover) apresentarammelhores resultados.Empresas que

utilizavam ERP, após três anos de implantação, apresentaram uma saúde financeira mais

estável, além de melhoras em seu desempenho, pois reconheceram e aprimoraram suas forças

competitivas.

Aspectos relacionados à economia externa também foram pesquisados por Hayes,

Hunton e Reck (2001), que analisaram a reação do mercado ao receber a notícia de empresas

que estavam em processo de implantação de ERPs.Os resultados apontaram uma reação

positiva do mercado de investidores em relação à notícia de implantação da ferramenta por

empresas que buscam investimentos em capital social. Aquelas que já possuem investimentos

de controladas, coligadas ou conjuntos também são mais bem-vistas perante seus investidores

que, em função dos resultados propostos pelos ERPs, esperam melhores resultados

operacionais. O resultado alcançado através desta pesquisa foi mais expressivo para as

empresas que anunciaram a implantação de ERPs de grandes fornecedores de sistemas

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renomados, quando comparadas a empresas que anunciaram a implantação de sistemas de

fornecedores cujo produto ainda não é tão conhecido e aceito pelo mercado.

A reação do mercado pode estar relacionada à expectativa de melhora de

desempenho e segurança das informações prestadas aos investidores. A mesma pesquisa

apresentou que, após a implementação de sistemas, grandes indústrias apresentaram melhoras

em indicadores financeiros, enquanto pequenas empresas apresentaram melhor desempenho

por meio de medidores não financeiros relacionados à qualidade da produção e logística.

Em concordância com esta pesquisa, Hitt, Wu e Zhou (2002) pesquisaram as

reações econômicas acerca da notícia de implantação de ERP por empresas e concluíram que

os investidores acreditam obter benefícios econômicos com a expectativa de realização da

melhora no desempenho operacional e financeiro, no período de aproximadamente três anos

após o início da utilização do sistema.

2.2.2 Impactos organizacionais propostos a partir da implantação dos ERPs

A implantação de sistemas integrados de gestão apresenta às organizações a

proposta de alterar a natureza e a cultura da empresa por meio de mudanças de procedimentos

e, principalmente, da visão do usuário, não só em relação às suas rotinas, mas, principalmente,

em relação à operação organizacional como um todo.

Na visão de Peleias (2001), ao implantar um sistema de ERP, os gestores esperam

alcançar maior eficiência das áreas operacionais como redesenho e a racionalização das

atividades. A partir da integração das informações entre os módulos, a eliminação de

retrabalho, ou seja, do registro do mesmo dado em todas as áreas relacionadas melhora as

práticas operacionais de toda a organização.

Além da maior eficiência operacional para a empresa, os sistemas integrados de

gestão proporcionam aos usuários um acesso mais eficaz às informações ora registradas, além

da oferta de mais qualidade na realização de atividades operacionais (ELMES; STRONG;

VOLKOF, 2005).

A melhora na visibilidade organizacional, entre outras coisas, proporciona uma

mudança nos comportamentos relacionados ao repositório de informação, ao conhecimento eà

transformação do relacionamento entre os indivíduos, grupos e áreas da empresa, agregando

maior valor à organização.Para Perez e Ramos (2013), tal alteração pode passar uma ideia de

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desenvolvimento integrado, uma vez que, com colaboradores mais bem informados, a visão

gerencial também pode se tornar mais apurada,resultando emmais qualidade operacional.

Para tanto, os investimentos em tecnologia da informação devem estar voltados,

de forma preditiva, ao atendimento das expectativas e às necessidades organizacionais,por

meio do redesenho das operações. A reengenharia de processos torna-se realidade a partir da

oferta feita pelos ERPs a respeito das possibilidades de implementação de regras negociais

que modelam a operação, tornando a atividade empresarial mais padronizada e,

consequentemente,mais assertiva.

Com regras definidas e obedecendo a parâmetros, as operações dos colaboradores,

que no ambiente de tecnologia são reconhecidos como usuários, são moldadas de modo a

seguir práticas geralmente aceitas pelo mercado e consideradas as melhores para a

organização, apresentando como consequência melhora no desempenho profissional,

minimizando a margem de erros (LIGHT;WAGNER, 2006).

De acordo com pesquisas realizadas por Ke e Wei (2008), o impacto causado pela

implantação de ERPs nas organizações está relacionado diretamente à forma como os

sistemas podem se adequar à cultura da organização no que tange a aspectos relacionados à

aprendizagem, participação na tomada de decisão, partilha do poder, apoio e colaboração,

tolerância ao risco e conflito, promovendo mudanças culturais da base ao topo da

organização.

Já para Morris e Venkatesh (2010), outro impacto causado nas organizações está

relacionado ao redesenho das funções, principalmente à mudança das estratégias

organizacionais, havendo a expectativa de que a implantação de ERPs altere não somente a

estrutura e a hierarquia empresarial, mas também a forma como é mantida a troca de

informações entre os parceiros de negócio das organizações.

Considerando os controles estratégicos da organização, a utilização de ERPs

oferece uma variedade de efeitos à organização, sendo utilizados para melhorar o processo de

tomada de decisão, além do efeito difusor da informação. Com informações facilmente

compartilhadas, os usuários perdem totalmente o controle que originalmente tinham sobre seu

trabalho, porque as informações são acessadas e impactadas pelas demais áreas da empresa.

Dessa forma, a operação deixa de ser exclusiva de uma única área, o que talvez seja o impacto

cultural mais expressivo sobre a visão dos colaboradores.

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Levando em consideração tal impacto, Cesare Coda (2005) estudaram a interpretação de

colaboradores sobre as mudanças organizacionais promovidas por, entre outros fatores,

alterações tecnológicas, como o caso de processos de implantações de ERPs. Em seus

estudos, a perda do controle de atividades operacionais é percebida pelos usuários como uma

ruptura em suas rotinas, ou seja, como pequena morte simbólica. Segundo os autores, o estado

de ânimo dos usuários logo após a implantação de mudanças (dentre elas, a implantação de

sistemas) era negativo.

No estudo de Cesar e Coda (2005), foram pesquisados indivíduos entre 35 e 44

anos de idade, que tinham de 13 a22 anos de serviços prestados para a mesma organização;

eles ocupavam cargos de alta e média gerência e passaram por algum processo de mudança

organizacional.

Tais respondentes apresentaram o predomínio de sentimentos negativos (como

ansiedade, fadiga, vazio, frustração) em contraposição a positivos (coragem e esperança)

(CESAR; CODA, 2005).

Para os indivíduos,tais rupturas foram percebidas como mortes simbólicas, o que

justifica a resistência a mudanças apresentada por alguns usuários durante o processo de

implantação e utilização dos ERPs.

Para que os ERPs ofereçam a padronização e o compartilhamento de informações,

é necessário que tais moldes sejam colocados no sistema.Os ERPs oferecem opções de

parâmetros em que é possível transferir parte da inteligência dos gestores ao sistema, de modo

que decisões sejam estruturadas. Assim, a operação passa a ser moldada naturalmente,

garantindo-se a qualidade das decisões tomadas, alinhadas às estratégias definidas pela

organização (COLANGELO FILHO, 2009).

Por outro lado, ao tratar do processo decisório, existem medidas táticas

relacionadas às questões ainda não conhecidas pelos gestores, além de possíveis alterações no

cenário de atuação das organizações. Isso faz com que os parâmetros definidos nos ERPs não

sejam suficientes para conduzir a operação de forma estruturada.Isso ocorre porque tais

parâmetros não possuem a flexibilidade necessária para a estruturação dos dados.

Portanto, para tomar decisões estratégicas e flexíveis, a inteligência do gestor atua

de forma isolada, os ERPs não moldarão este tipo de operação.Logo, medidas devem ser

tomadas a partir de informações que não necessariamente se encontram no banco de

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armazenamento do sistema, mas no ambiente em que a organização atua e, principalmente, na

experiência do gestor (COLANGELO FILHO, 2009).

O atributo marcante dos ERPs que gera impacto na estrutura organizacional e na

sua operação é a capacidade de armazenar dados e parâmetros cadastrais de maneira

estruturada. Apoiadas em registros mantidos em uma base de dados facilmente acessível, as

decisões são tomadas (REIS; LÖBLER, 2012).

Benamati e Lederer (2001) consideram que o impacto nas organizações gerado

pela implantação de sistemas ERPs depende de como a introdução e, principalmente, a

implantação do sistema na organização aderem à realidade organizacional. Apresentar

amarrações que controlem e valorizem os pontos-chave da organização pode garantir melhor

qualidade da operação e das informações geradas.

Sobre o aspecto do gerenciamento organizacional, existe uma preocupação em

relação à utilização de sistemas em longo prazo; em função da utilização de ERPs, é

necessário definir a estrutura patrimonial a ser implantada no sistema, de modo que os dados

operacionais se encaixem nesta estrutura, o que evidencia que a utilização de ERPs também

impacta no gerenciamento contábil das organizações.

A implantação destes sistemas requer que toda a amarração e a estruturação dos

cadastros e parâmetros sejam apoiados em estruturas organizacionais e normas contábeis

(GRABSKI; LEECH; SCHIMIDT, 2011). É função do contador garantir que a operação

mantenha a estrutura traçada no início das implantações, de modo a diminuir a lacuna

existente entre os valores econômicos e a operação organizacional em si.

A expectativa é a de que os ERPs promovam um controle patrimonial apurado,

otimizando resultados e diminuindo a possibilidade de erros ou fraudes contábeis. O ideal é

que as operações com amarração contábil sejam capazes de gerar controles patrimoniais até

então promovidos pelos contadores.

São consideradas amarrações contábeis as informações sobre as apropriações

contábeis em cadastros que, por meio da operação, representem fatos contábeis a serem

registrados. Portanto, cabe aos contadores otimizar o gerenciamento patrimonial, não apenas

definindo tais amarrações, mas, principalmente, analisando a operação, munidos de maior

nível possível de detalhamento operacional.

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Ainda existem limitações quanto à participação dos sistemas no controle contábil

ideal para as organizações, na sua colaboração para o controle da eficiência econômica da

empresa e em sua agilidade para a solução de problemas. Uma má implantação do ERP pode

resultar em falhas ou dificuldades no recrutamento de informações, demandando ajustes para

a recuperação das informações (PEREZ; RAMOS, 2013).

Após escândalos contábeis, há uma preocupação latente relacionada ao risco de

gerenciamento e riscos regulatórios. Entre outras normas regulatórias oriundas de tais

escândalos destaca-se aamericana Lei Sarbanes-Oxley (SOX), criada em 2002 após

escândalos contábeis, que busca, por meio de medidas relacionadas à segurança da

informação, garantir a representação fidedigna de informações contábeis.

Neste sentido, a utilização de ERPs representa uma importante ferramenta para a

geração de informações consideradas seguras e de qualidade,em conformidade com a SOX,

uma vez que oferece um alinhamento com políticas de controles internos, auditoria de

acessos, normas de governança corporativa e compliance. Tais controles podem diminuir os

riscos gerenciais e contábeis, o que faz com quealgumas empresas iniciem o processo de

utilização de ERPs.

Sistemas promovem padronização, centralização e integração de operações, além

da gestão de acesso de forma automatizada, sendo auditáveis de acordo com as normas

definidas pelos controles internos desenhados (GRABSKI; LEECH; SCHIMIDT, 2011). Isso

contribui para que os riscos de erros ou fraudes inerentes à operação sejam minimizados com

a utilização de ERPs, oferecendo fatores de segurança e controle de negócios.

2.2.3 Fatores críticos de sucesso

Apesar do alto custo para a implantação de ERPs, o investimento não garante que

vantagens competitivas, entre outros benefícios, sejam resultantes do processo de

implantação. O que determina o retorno do investimento em implantação de sistemas é a

forma como os recursos são efetivamente utilizados, ou seja, não é a disponibilidade da

ferramenta, mas a sua utilização que determina a capacidade de agregar valor ao negócio

(MATA; FUERST; BARNEY, 1995).

Alguns fatores podem comprometer eventuais ganhos propostos pela utilização de

sistemas integrados na operação empresarial. O bom mapeamento de fatores críticos de

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sucesso colabora para que a organização não fracasse no investimento e no tempo despendido

para a implantação de um ERP (SCOTT, 1999).

Compreenderdetalhadamente a maneira como as organizações adaptam o

ambiente empresarial, observando impactos gerados na reengenharia do processo de negócios,

educação, mudança de gestão e aceitação dos usuários, considerando fatores relacionados ao

tamanho da organização, países, culturas, além de aspectos regulatórios, de segurança,

auditoria, necessidades gerenciais e de suporte a decisão, permite a comparação entre os

resultados alcançados e os esperados pelas empresas.

Grabski e Leench (2001), apoiados na teoria de complementariedade aplicada ao

ERP, pontuaram cinco aspectos que podem comprometer o sucesso de uma implantação de

sistemas, a saber: Gerenciamento do projeto; Gerenciamento de mudanças; Alinhamento do

negócio com as novas informações do sistema; Atividades de auditoria interna;Consultoria e

planejamento das atividades.

Em concordância com a pesquisa realizada por Grabsk e Leech (2001), também

Moreno Jr. e Silva (2015), mapearam que os mais altos investimentos em tecnologia da

informação não garantem a obtenção de vantagens operacionais e, consequentemente,

competitivas para a organização.Como os recursos de TI são efetivamente utilizados pela

organização é o que influencia sua capacidade de agregar valor para o negócio

O desafio para a implantação dos ERPs é, portanto, encontrar formas de promover

os ajustes internos necessários para que os recursos tecnológicos possam ser utilizados de

maneira efetiva, proporcionando eficiência e eficácia. É a capacidade de organizar e

complementar os investimentos em tecnologia da informação, potencializando fatores

operacionais internos que proporcionam bons resultados pela implantação e consequente

utilização de ERPs, como destaca Moreno Jr. e Silva (2015):

As pesquisas de Moreno Jr. e Silva (2015) destacaram que o alto grau de

complementaridade era apresentado na constante interação, observada durante e após o

projeto. Observou-se complementariedade entre a disponibilidade de recursos humanos que

estavam comprometidos, treinados e sobretudo organizados em estruturas integradas por

processos otimizados com recursos tecnológicos adequados e ajustados sempre que

necessário, como conseguinte existia um ambiente caracterizado pelo compartilhamento de

conhecimento entre áreas, e com agentes externos.

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Outra pesquisa realizada por Grabski, Leech e Schimidt (2011) pontua as

preocupações apontadas pelas organizações no que tange à implantação ou reimplantação de

sistemas integrados de gestão. Os pontos relacionados aos fatores críticos de sucesso foram

mapeados pela pesquisa a fim de compreender a participação dos sistemas integrados de

gestão como ferramentas operacionais e de apoio à tomada de decisão.

O conhecimento da organização sobre a complexidade dos processos que a

envolvem pode contemplar a utilização de sistemas. Um mapeamento estruturado sobre as

necessidades organizacionais é relevante para o sucesso da implantação dos sistemas de ERP,

uma vez que conduzirá a estruturação do sistema de modo a atender às necessidades da

organização, da mesma forma que apontará eventuais faltas de aderência entre as operações e

as ferramentas oferecidas pelo ERP.O entendimento do processo operacional traz consigo a

compreensão das atividades atuais, bem como o mapeamento das atividades desejadas após a

utilização do sistema, proporcionando, assim, ganhos na operação de modo que a modelagem

garanta, em longo prazo, os resultados esperados pela organização.

Durante o processo de implantação de sistemas, os treinamentos estão voltados

para a utilização da ferramenta focada no desenvolvimento de habilidades para a utilização do

produto e o conhecimento de suas funcionalidades. Porém, existe uma outra abordagem a ser

considerada durante estes treinamentos que é a compreensão do contexto, ou seja, o

relacionamento entre os processos e as tarefas cooperativas com as funcionalidades do ERP.

Ainda assim, após o processo de implantação, não são oferecidos reforços de treinamentos aos

usuários, tampouco treinamentos específicos para seu desenvolvimento no uso da ferramenta

(KANG; SANTHANAM, 2003).

A gestão de mudanças também representa um forte fator crítico de sucesso.

Conforme Poston e Grabski (2001), a implantação de ERPs está exposta aos seguintes

desafios: 1) Reengenharia dos processos de negócio; 2) Investimento em profissionais de

tecnologia; 3) Integração de consultores externos e conhecimentos relacionados ao time da

organização; 4) Risco de estrangulamento tecnológico em implantações; 5) Recrutamento e

retenção de pessoal com tecnologia e conhecimento do negócio.

Para Al-Mashari, Al- Mudimigh e Zairi (2003), a implantação de ERP orientada

para mudança deve seguir um modelo que enfatize o alinhamento entre o desenvolvimento do

sistema ERP e as estratégias de gerenciamento, assim como as estratégias traçadas para a

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melhoria do processo. O desenho dos sistemas deve representar evolução tecnológica e

pessoal, de modo a reorganizar os processos operacionais e a estrutura da organização.

A gestão de mudanças, enquanto fator crítico de sucesso, deve engajar os

participantes do processo para que a mudança seja efetivada, tendo a visão de que o processo

proposto deve trazer melhores resultados para a organização e não necessariamente

semelhança com procedimentos já realizados.Como consequência, a implantação de sistemas

de ERPs deve proporcionar melhor qualidade de vida aos participantes do processo, uma vez

que estes desfrutarão de uma operação estruturada.A gestão de mudanças pode também

minimizar a resistência dos usuários a aceitar a nova ferramenta, de modo que os usuários não

alimentem sentimentos relacionados às rupturas.

Analisando a resistência à mudança estudada por Cesar e Coda, (2005)

representada pelo fato de os indivíduos evitarem a ruptura de vínculos; quando esta ruptura se

concretiza, a resposta não é mais a resistência, mas sim um conjunto de reações à perda

sentida, uma reação inerente ao estado de luto.

Frequentemente, o foco de uma gestão de mudanças está voltado para a educação

e o treinamento de usuários; por este prisma, a gestão de mudanças é encarada como uma

estratégia gerencial baseada no conhecimento. É o conhecimento que colabora com a

motivação dos usuários do sistema para que aceitem o ERP e as mudanças propostas por ele,

uma vez que a incorporação do sistema por uma organização é realizada por meio do

conhecimento e do comportamento dos usuários em relação ao sistema (SCHEIN, 1996).

A dificuldade em educar os usuários sobre o uso de ERPs pode estar relacionada

ao processo de implantação.As mudanças afetam funções cruzadas e processos

organizacionais desde o início; logo, o processo, apesar de modular, não é visto singularmente

por uma área específica.

Sob perspectivas holísticas, naturais aos ambientes de utilização de ERPs, que

consistem na formação de uma imagem unificada da organização de maneira sintética de

todos os elementos da empresa, o treinamento e a educação dos usuários devem estar

endereçados não somente às ferramentas do sistema ou aos processos, tampouco às mudanças

trazidas pela implantação, mas a todo o ciclo organizacional; em outras palavras, o

treinamento dos usuários de ERP deve ser integrado para que seja conhecido o impacto das

atividades entre as áreas (ROBEY; ROSS; BOUDREAU, 2002).

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Com o intuito de obter melhores resultados com a implantação de ERPs, muito se

tem investido em inovação do sistema educacional, em sistemas de aprendizagem e

treinamentos por intermédio doe-learning e da simulação no ERP. Jogos de simulação

integrada são utilizados visando a uma melhor absorção do conhecimento pelo usuário e,

consequentemente, um melhor relacionamento entre o sistema e a rotina empresarial.

Outro aspecto relacionado à educação dos colaboradores da organização em

relação aos ERPsse refere ao desempenho dos usuários,que pode ser melhorado com

treinamentos ou a partir de suas própriasexperiências.É relevante examinar tais relações, a fim

de verificar se os itens citados colaboram ou não para melhoraros resultados operacionais das

organizações.

De acordo com Robey, Ross e Boudreau (2002), a literatura sobre a implantação

de sistemas ERPs está voltada à medição de desempenho operacional a partir da implantação

do sistema, da eficiência e eficácia do processo organizacional proposto, do desenho de

funções, do acompanhamento e gerenciamento organizacional. Ainda que não seja possível

mensurar ganhos alcançados a partir do treinamento de colaboradores, mapear a relação entre

resultado e investimentos em treinamentos pode ser de grande valia para estratégias de

investimento na implantação de ERPs.

Existem várias perspectivas de evolução de estudos relacionada à maneira como

os ERPs são efetivamente empregados nas organizações.Porém, Mayere, Grabot e Bazet

(2008) realizaram estudos sob uma abordagem sócio-construtivista a partir do processo de

implementação e utilização de ERPs nas organizações. Foram considerados aspectos

relacionados à reação humana em relação à ferramenta. Através desta pesquisa o

conhecimento humano foi analisado sob três características-chave dos ERPs: Integração ×

Comunicação, Unificação × Interpretação e Alinhamento × Adaptação.

Para tanto, foram segregados dois estágios para o conhecimento dos aspectos

sócio- construtivos. No primeiro estágio, foi analisada a capacidade de incorporação das

práticas operacionais trazidas pela utilização dos ERPs, ou “as melhores práticas de

mercado”, à realidade organizacional. No segundo estágio, foi levantada a eventual

necessidade de customização da ferramenta, ou seja, a falta de capacidade de adaptação das

ferramentas às necessidades dos usuários ou vice-versa, indicando, portanto, a baixa aceitação

ou aderência do produto à realidade organizacional (MAYERE; GRABOT; BAZET, 2008).

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A partir dos estudos de Robey, Ross e Boudreau, (2002), foi identificado um

contraste direto entre a realidade organizacional e a metodologia proposta pela implantação de

sistemas integrados de gestão, o que contraria a ideia tecnologicamente determinista. Ou seja,

há evidências da aceitação de uma ferramenta cuja proposta é a aplicação de práticas aceitas

pelo mercado, não havendo, portanto, qualquer necessidade de adequação por meio de

processos de customização.

Em uma perspectiva de processos de negócios, é discreta ou quase imperceptível a

identificação de que soluções propostas pela implantação de ERPs são promulgadas pelos

usuários. Consequentemente, não é possível mensurar com segurança quão eficiente é a

utilização da ferramenta ERP dentro do contexto operacional, o que remete à necessidade de

amadurecimento e acompanhamento da utilização da ferramenta após o processo de

implantação (GRABSKI; LEECH; SCHIMIDT, 2011).

Logo, os sistemas integrados de gestão vêm se solidificando, desde a década de

1990, como importantes ferramentas organizacionais modulares que integram a operação

empresarial, aumentando a segurança e a qualidade da informação e diminuindo o retrabalho.

Existem impactos econômicos e empresariais decorrentes da adoção dessa ferramenta como,

por exemplo, a melhora nos resultados econômicos da organização e a reestrutura

empresarial. No entanto, existem fatores críticos observados durante o processo de

implantação e utilização dos sistemas que eventualmente impedem o completo sucesso na

implantação e no emprego de ERPs.

Assim, os ERPs são vistos como importantes ferramentas no processo de tomada

de decisão, sendo de grande valia ao gestor munido de informações tempestivas e fidedignas.

Eles propiciam a tomada de decisões táticas e estratégicas para que a empresa continue sua

operação e alcance os resultados esperados. Para tanto, é importante conhecer quais fatores

envolvem o processo decisório, para então compreender o papel dos sistemas integrados de

gestão dentro da realidade empresarial.

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2.3 TOMADA DE DECISÃO

A tomada de decisão está presente em todas as rotinas humanas.Para Simon

(1965), nenhuma atividade pode ser realizada sem que antes se decida sobre uma situação a

ser melhorada ou se pense a respeito da solução de um problema a partir da seleção de

alternativas para se efetivar tal melhoria ou solucionar o problema.

A tomada de decisão precede da necessidade de solucionar o problema. Valores e

critérios pessoais e culturais do tomador são aplicados neste processo, além de sua habilidade

em lidar com incertezas e sua segurança para selecionar a melhor alternativa em ambientes

mutantes (GONTIJO, 2004).

Para Bazerman (2004), o processo decisório necessário para a solução de

problemas ou para a melhoria de uma situação é baseado em etapas que estruturam a ação do

agente da decisão.A este processo deu-se o nome de “anatomia da decisão”

O processo decisório é complexo e, portanto, composto por fases. A primeira

etapa do processo é a definição do problema. É necessário que o problema seja compreendido

de forma completa para que seja possível um julgamento refinado da situação a ser tratada.

A segunda etapa é a identificação dos critérios a serem considerados na decisão,

ou seja, todos os aspectos e situações relacionados à solução do problema.

Na terceira etapa, há a necessidade de ponderar critérios.Esta etapa consiste em

estimar o peso dado a cada um dos critérios relacionados ao problema, dentre as situações e

características relacionadas ao fato a ser melhorado,que pode ter maior ou menor importância.

A quarta etapa abarca a geração de alternativas para a solução do problema, a

efetivação de um planejamento prático acerca do problema a ser tratado e a definição dos

possíveis cursos da ação.

A quinta etapa consiste em classificar as alternativas para a solução do problema

em relação aos critérios adotados para tal solução.Esta classificação define a aderência das

alternativas à solução do problema de acordo com os critérios anteriormente definidos. O

tomador terá a oportunidade de avaliar as consequências potenciais da escolha de cada ação

em função do critério adotado.

A sexta e última etapa consiste em identificar a solução ótima para o problema, ou

seja, selecionar a melhor alternativa. Para tanto, é importante que todas as etapas sejam

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executadas. A identificação da melhor alternativa consiste em: (1) multiplicar as

classificações da etapa; (2) somar as classificações ponderadas por todos os critérios de cada

alternativa; e, por último (3), escolher a solução cuja soma das classificações ponderadas seja

a mais alta.

Além das etapas traçadas por Bazerman (2004), os estudiosos Hammond, Keeney

e Raiffa (1999) consideravam mais duas etapas no processo decisório.Logo, o processo ficou

composto dos seguintes processos: (1) identificar o problema; (2) especificar seus objetivos;

(3) criar alternativas imaginativas; (4) entender as consequências; (5) lutar por todas as suas

trocas; (6) esclarecer suas incertezas; (7) pensar sobre a tolerância ao risco; (8) considerar

decisões interligadas.

As duas sequências citadas abrangem etapas importantes para a tomada de decisão

assertiva, considerando características, variáveis e conhecimento do ator da decisão sobre o

problema a ser resolvido ou a situação a ser melhorada.

Diversos modelos são propostos para moldar o processo decisório.Tais modelos

podem ser baseados na observação do comportamento de tomadores de decisões e por isso

são chamados de modelos descritivos ou baseados em decisões otimizadas, sendo

considerados modelos normativos.

Um dos primeiros modelos decisórios de que se tem notícias é o Modelo de

Expectância Matemática,criado pelo religioso Blaise Pascal em aproximadamente 1654. O

estudo do modelo iniciou-se com a questão de acreditar ou não em Deus. Para ele, este

problema era uma questão de fé e, portanto, não poderia ser matematicamente resolvido.

Porém, acreditar ou não em Deus era uma questão de decisão que deveria ser tomada ainda

em vida (MALCOVATI et al., 2003).

Segundo o modelo criado por Pascal, caso Deus existisse, o ganho da vida pia

seria infinito, mas, se não existisse, seria nulo. Pascal utilizou cálculos do valor esperado

anteriormente utilizados para a solução da teoria da partilha, propostos pelo também religioso

Luca Paccioli no cálculoda probabilidade da existência ou não de Deus, para que a decisão do

credo fosse tomada.

Em seus estudos, Pascal Apud Crusius, (2001) examina a existência ou não de

Deus. Para ele, a razão não pode definir tal resposta. Pela razão não se pode descartar sua

existência, mas, também pela razão não se pode firmá-las.

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O princípio da Expectância Matemática foi a primeira teoria matemática que

tratou sobre o comportamento humano, um modelo proposto para solucionar questões

irracionais de maneira racional e, por isso, tornou-se o principal método para tomada de

decisão do século XVII. Para a solução de um problema, era necessário multiplicar as

probabilidades pelos resultados esperados (MALCOVATI et al., 2003).

2.3.1 Teoria da Utilidade Esperada

Em 1738, Daniel Bernoulli, em seu ensaio Commentari Academiae Scientiarum

Imperialis Petropolitanae –Autos da Academia Imperial de Ciências de São Petersburgo –

questionou o princípio da Expectância Matemática e iniciou um questionamento sobre a

aplicabilidade deste modelo na tomada de decisão. O Paradoxo de São Petersburgo firmava

que homens prudentes não poderiam obedecer ao princípio da Expectância Matemática de

maneira irrefutável e, portanto,este foi o marco inicial da Teoria da Utilidade Esperada.

Bernoulli, (1954) exemplifica em sua pesquisa que o preço de um item depende

somente do próprio item sendo portanto, é igual para todo mundo. Entretanto, é a utilidade

particular para cada indivíduo que irá estimar se tal preço é alto ou não.

A Teoria da Utilidade Esperada postula que,à medida que a riqueza aumenta,

decresce a utilidade adicional devido ao aumento da riqueza. Segundo essa teoria, os cálculos

matemáticos continham o peso da utilidade esperada para aquele indivíduo. Assim, a

subjetividade foi definitivamente introduzida aos modelos decisórios, os riscos estimados e os

valores esperados para cada indivíduo são distintos, portanto, não há razão para se utilizar as

mesmas estimativas em cálculos matemáticos (MALCOVATI et al., 2003).

Na interpretação moderna da Teoria da Utilidade Esperada, a utilidade deixa de

ser o peso ideal para a solução de questões que levam os indivíduos a tomar decisões.O peso

passa a ser dado para suas preferências; sob este prisma, os indivíduos não fazem escolhas

pela utilidade, e sim por suas preferências.

Apesar dos avanços e das constantes discussões sobre o modelo proposto por

Bernoulli, a tomada de decisão era considerada um processo tão complexo e subjetivo que não

poderia ser calculado de forma matemática.Assim, em 1944, John Von Neumann,

matemático, e Oskar Morgenster, economista, desenvolveram um estudo considerado seminal

para a Teoria da Utilidade Esperada.

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Na obra,Theory of Games and Economic Behavior –Teoria dos Jogos e

comportamento econômico – publicada também em 1944, é apresentado o conceito de que a

maximização da utilidade esperada é equivalente à hipótese de que a escolha feita satisfaz

restrições sob a forma de axiomas. Assim, se estas verdades incontestáveis são satisfeitas, é

possível construir uma função matemática da utilidade esperada que represente as

preferências do indivíduo e, portanto, poderá ser aplicada para modelar o comportamento do

tomador de decisões (FERNANDES, 2014).

Estudos como os citados são normativos, uma vez que se valem de modelos

matemáticos para fazer predições acerca das decisões humanas, baseando-se em suposições

relacionadas à dominância, transitividade, continuidade e variância (CESAR et al., 2012).

Para Von Neumann e Morgenster (1944), não havia motivos fundamentais para a

aplicação da matemática na solução de problemas econômicos, sendo apenas necessário o

desenvolvimento de novos métodos para que fosse possível mensurar os fatores psicológicos,

o elemento humano e a não-mensurabilidade de determinados fatores.

2.3.1.1 Axiomas

Para a solidificação da Teoria da Utilidade Esperada, Von Neumann e

Morgenstern (1944) elaboraram um suporte teórico com a finalidade de lidar com as decisões

a serem tomadas em relação a loterias simples e complexas, e então alguns axiomas foram

estabelecidos.

Axioma do Consequencialismo

Este axioma estabelece que somente os resultados finais são relevantes para a

análise do tomador de decisões. São ignoradas as formas de apresentação das informações, ou

se as loterias são apresentadas em vários estágios ou em um único.O que importa é o resultado

final apresentado pelas loterias utilizadas como alternativas.

Este axioma, desde o seu estabelecimento, propõe uma controvérsia.Ele não

considera a possibilidade de sorteios, tampouco a influência de outros fatores variáveis. Sobre

essa ressalva, Von Neumann e Morgenstern (1944) estabeleceram que seriam necessárias

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ferramentas mais sofisticadas para a Psicologia, não disponíveis naquele momento para

pesquisas econômicas.

Axioma da continuidade arquimediana

A ideia de continuidade surgiu a partir das considerações de que, não importa

quão preferenciais sejam as loterias apresentadas ao tomador de decisão como alternativas,

elas sempre serão equiparadas em função da variável que define o peso dessa loteria. A

continuidade arquimediana estabelece, portanto, que a preferência das loterias é contínua e

estabelecida em função de seu peso,

Axioma da independência

Este axioma estabelece que, quando as incertezas envolvidas no processo

decisório são irrelevantes, as loterias analisadas como alternativas de escolha pelo agente da

decisão são independentes entre si.

Modelos normativos como este são elaborados a partir de sistemas lógicos, parcial

ou totalmente axiomáticos, com a finalidade de estabelecerem comportamentos de indivíduos

diante da necessidade de tomar decisões. Tais modelos consideram os riscos estabelecidos e

as variáveis de possíveis resultados.Logo, sugerem resultados livres de erros, pois tais

variáveis representam a subjetividade envolvida no processo decisório. Para Kahneman e

Tversky (1991), isto representa um trade-off, ou seja,o fato de um modelo de escolha não

poder ser normativamente adequado e descritivamente válido.

As decisões pautadas por modelos normativos norteiam o ator da decisão ao

resultado ótimo do processo por serembaseadas em um conjunto de premissas com a

finalidade de guiar aspectos que indicam a melhor decisão a ser tomada e não como de fato

ela é tomada. Embora a estrutura definida por estes modelos estabeleça um alto nível de

conhecimento do ator da decisão acerca da questão tratada, ela também reconhece que

existem limitações no processo.

As reconhecidas limitações podem estar relacionadas não somente ao cenário de

atuação ou à situação-problema, mas também aos tomadores de decisão. É possível que

existam restrições quanto ao colhimento ou ao acesso às informações necessárias ao processo,

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às restrições de tempo para a transformação ou de custo para tal ação, além de limitações de

inteligência e percepção, o que exige que o ator das decisões tenha uma visão mais apurada

para a solução do problema. Tais restrições levam o agente a tomar decisões irracionais,

guiados por vieses intuitivos que desprezam uma gama de características e consequências

relacionadas à tomada de decisão.

Sobre as decisões tomadas de forma irracional, em 1955 Simon, percursor dos

estudos sobre economia comportamental, questionou que, ainda que modelos decisórios

baseados em teorias econômicas e cálculos matemáticos sejam ferramentas úteis para

previsões em ambientes controlados, existem dúvidas sobre sua eficácia em ambientes

complexos. Estes estudos passaram a ser reconhecidos como Estudos dos Limites da

Racionalidade.

De acordo com estes estudos, modelos normativos exigem a existência de um

“homem econômico”, que possua um conjunto ordenado de preferências, além da capacidade

de calcular resultados das ações e do conjunto de alternativas possíveis que o levem ao ponto

mais alto de sua situação ideal, o ponto ótimo da decisão.

Logo, modelos normativos não conseguem apurar com acurácia a complexidade

de fatores e o conjunto de situações que influenciam a tomada de decisão, sendo aceitável que

decisões sejam tomadas de modo a contrariar o comportamento mapeado.

2.3.2 Teoria da Racionalidade Limitada

Com a utilização dos modelos descritivos, discussões acerca da subjetividade

intrínseca no processo decisório sugeriram que determinadas alternativas não poderiam ser

colocadas em escalas métricas e que pessoas poderiam utilizar estratégias e atributos variados

para a tomada de decisão.Estes atributos, somados, formariam um índice geral de valor, mas

também não poderiam ser mensurados (HOGARTH;EINHOR, 1990).

De acordo com estudos de Simon (1955), ao tomar decisões, as pessoas buscam

satisfação, solução de um problema ou melhora de uma situação, e não otimização. Assim,

àmedida que as decisões atendem à necessidade de um conjunto de ideias e ideais, tornam-se

mais assertivas, pois é necessário que haja o equilíbrio entre as necessidades e os interesses

(ANTHONY; GOVINDARAJAN, 2002).

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Foi Simon (1955), em seu artigo “Um modelo comportamental da escolha

racional”, que questionou a racionalidade demandada no processo decisório. Segundo ele, as

teorias econômicas tradicionais postulam a existência do “homem econômico”, racional e

econômico. Este homem é bem organizado, possui um relevante conhecimento de seu meio

ambiente e uma alta capacidade de avaliar as alternativas relacionadas ao processo, além de

calcular os resultados prováveis com a finalidade de selecionar a alternativa perfeita para sua

decisão.

A proposta dos estudos é utilizar estudos relacionados à Psicologia para

compreender a possibilidade da existência deste homem econômico, que é racional e possui

capacidade de processamento e armazenamento de informações computacionais. Para tanto,

foi necessário compreender algumas das principais características do modelo racional para

que os aspectos psicológicos não fossem apenas um impeditivo entre o agente da decisão e a

economia.

As escolhas racionais possuem, portanto, características de (1) conhecimento do

conjunto de alternativas abertas à escolha; (2) relações que determinam os pay-offs em função

da alternativa selecionada; (3) ordenação de preferências entre os pay-offs. Se o interesse dos

estudos é reconhecer aspectos racionais, seja na teoria normativa ou descritiva para a tomada

de decisão, o conhecimento sobre os limites psicológicos humanos pode ser extremamente

bruto e simplificado, a ponto de se aproximar da racionalidade global aplicada na teoria dos

jogos, particularmente sobre aspectos relacionados às habilidades computacionais e

preditivas.

Para a descrição do modelo em que são propostas limitações da racionalidade dos

indivíduos, foram selecionados elementos presentes na maioria dos modelos propostos para a

tomada de decisão:

Conjunto de alternativas de comportamento;

Subconjunto de alternativa de comportamentos que os tomadores de decisão

consideram ou percebem;

Possíveis resultados para as escolhas;

Representação de pay-offs estabelecidas por valor ou utilidade;

Informações sobre resultados prováveis para uma alternativa em especial;

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Informações sobre a probabilidade para que um particular resultado aconteça.

A primeira proposta empírica feita por Simon (1955) foi sobre a eventual falta de

evidência das situações humanas sobre situações complexas, se a computação dos elementos

de decisão pode ser ou são de fato realizados. As evidências são positivas, porém, não é

possível desconsiderar a possibilidade de que decisões inconscientes são melhores que as

conscientes. Há uma implicação devido ao fato de que os serem humanos utilizam

modificações conscientes e simplificações inconscientes o tempo todo.

Um dos mecanismos refutáveis a respeito disso é o de que, nos modelos racionais

para a tomada de decisão, todas as alternativas são avaliadas antes de as decisões serem

tomadas. Nas decisões humanas, as alternativas são oferecidas e avaliadas sequencialmente. O

que não é possível reconhecer são os mecanismos utilizados para que essas alternativas sejam

sequenciadas; a primeira alternativa pode ser considerada satisfatória e tão logo ser

selecionada, sem que haja a análise de todas as outras.

Simon, (1955) destaca em seus estudos a importância de clarificar o nível

considerado como hierarquia de modelos, e que por muitos propósitos, são interessantes em

modelos de racionalidade “limitada”frente a modelos de racionalidade relativamente “global”.

O artigo de Simon (1955) coloca como central a questão de que não é possível

que o agente tomador de decisão tenha conhecimento dos custos das alternativas, dos pesos e

dos componentes necessários para compará-las. Isso porque existe uma limitação de

capacidade não só de conhecimento, mas de processamento das variáveis envolvidas nos

modelos racionais de decisão.

O aparente paradoxo proposto pela pesquisa de Simon é a tentativa de lidar com

as variações do comportamento humano em situações em que este comportamento é

parcialmente racional e, ao mesmo tempo, totalmente racional, como proposto pelas teorias

clássicas de tomada de decisão.

O estudo de Simon foi, portanto de grande valia para o desenvolvimento de novas

teorias para a tomada de decisão. A partir das considerações acerca das limitações da

racionalidade, o comportamento humano passou a ser observado de modo a tornar possível

que processos descritivos fossem pesquisados.As teorias então passaram a considerar um

definido grau de subjetividade e partir do princípio de que os conhecimentos do “homem

econômico” são variáveis e limitados, o que impede que uma forma normativa seja

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estabelecida para a tomada de decisão global.Uma nova visão sobre o processo decisório

surgiu e, aos poucos, os axiomas normativos foram sendo contestados.

2.3.3 Teoria do Prospecto

Modelos descritivos foram aplicados como principal método de apoio ao processo

decisório, até que os estudos de Hebert Simon passaram a questionar os limites da

racionalidade.Estas foram as pesquisas que nutriram o surgimento de modelos descritivos

para a tomada de decisão (BREGER; PESSALI, 2010).

Em 1953, o físico e economista francês Maurice Allais desenvolveu um estudo

que posteriormente ficou conhecido como o Paradoxo de Allais, uma das primeiras

demonstrações de violação dos axiomas da Teoria da Utilidade Esperada. Este paradoxo

embasou um experimento em que indivíduos preferiam ganhar seguramente $3.000,00 a ter a

possibilidade de 80% de ganhar $4.000,00.A maioria dos entrevistados preferiu a

probabilidade de 20% de ganhar $4.000,00 à probabilidade de 25% de ganhar $3.000,00.

Neste caso, o padrão modal altera-se, porém, as probabilidades de ganho continham as

mesmas proporções.

O Paradoxo de Allais violou o axioma da substituição proposto pela Teoria da

Utilidade Esperada, a qual estabelecia que, nestas condições, os tomadores de decisão

poderiam escolher as duas alternativas. Ou seja, o agente que escolhesse a alternativa A

deveriam também preferir a probabilidade combinada pA + (1-p)C em relação à probabilidade

combinada pB + (1-p)C (MACEDO JR., 2003).

Em concordância com o Paradoxo de Allais, em 1979, Kahneman e Tversky

(1979) publicaram um artigo em que criticavam a Teoria da Utilidade Esperada como modelo

para a tomada de decisão.Para desenvolver este estudo, foram colhidas evidências de que o

processo decisório sob aspectos de incertezas não se aplica ao modo sistemático das predições

propostas pela economia tradicional, divergindo, portanto, das predições propostas pela

Teoria da Utilidade Esperada de Von Neumann e Morgenster (1944).

Segundo Kahneman e Tversky (1979),a generalização de resultados não

representa decisões válidas a serem tomadas pelos indivíduos; isso porque, diante de situações

de risco, os indivíduos se comportam de maneira inconsciente.Tal estudo foi desenvolvido a

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partir de um modelo indutivo por observações empíricas que levou o nome de Teoria do

Prospecto.

A Teoria do Prospecto postula que a função de valor para o ganho é diferente da

função de valor para a perda, da mesma forma que dão um peso diferente aos resultados com

algum grau de incerteza. Ou seja, as pessoas dão peso inferior aos resultados prováveis

quando comparados aos resultados obtidos com certeza. Esta tendência conhecida como

“efeito certeza” representa o sentimento de aversão à perda contido nos tomadores de decisão,

em que o julgamento do indivíduo exposto à incerteza se desvia substancialmente da

racionalidade (MACEDO JR., 2003).

Se por um lado a escolha por alternativas que garantam ganhos seguros aos

indivíduos representam a aversão ao risco, por outro lado há o efeito reflexo, em que os

indivíduos procuram pelo risco em processos de escolhas que envolvam perdas seguras. Neste

modelo, as pessoas dão um peso maior aos resultados de ganhos comparados aos níveis de

referência e não aos medidos em condições absolutas. Assim, ao mencionar ganhos ou

prejuízos, é apropriado relacioná-los ao estado atual do indivíduo, status quo, e não ao valor

absoluto do ganho.

Outra característica estudada pela Teoria do Prospecto é o efeito de isolamento, ou

seja, quando uma mesma escolha é apresentada de maneira diferente, as pessoas descartam

componentes que são compartilhados por diversas alternativas a serem selecionadas.

Em 1986, Kahneman e Tversky publicaram um novo artigo em que a ideia de

complementação da Teoria da Utilidade Esperada através da Teoria do Prospecto é

firmada.Quando duas teorias se juntam, é possível descrever o modelo mais preciso para a

tomada de comportamento dos agentes tomadores de decisão. A Figura 3evidencia as

diferenças elementares entre as duas teorias.

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Figura 3 – Comparativo entre Teoria do Prospecto e Teoria da Utilidade Esperada

Fonte: Do autor.

A decisão acontece em duas fases distintas: na primeira ocorre a edição, ou seja,

as opções são organizadas e reformuladas de modo que tornem mais simples o processo de

seleção. Na segunda fase,há a avaliação dos resultados possíveis – nesta, o tomador de

decisão escolhe o resultado de maior valor expresso em escalas que apresentam o impacto da

probabilidade do resultado possível, e a outra escala mostra o valor subjetivo das alternativas

propostas para a decisão (CESAR et al., 2012).

A teoria do prospecto representou uma evolução significativa sobre o

comportamento dos indivíduos em relação à tomada de decisões em situações de risco.É

possível observar que, aplicados ao processo decisório, uma quantidade de heurísticas com a

finalidade de, conforme Berger e Pessali (2010), atenuar a complexidade do processo,

consiste em determinar as probabilidades para a previsão de resultados esperados ao serem

tomadas definidas decisões. Discute o efeito de isolamento no qual as pessoas deixam de lado

os aspectos compartilhados por diferentes resultados, focando nos componentes que os

distinguem.

Existem duas linhas de pesquisa para a compreensão da tomada de decisão

baseada em teorias cognitivas.Uma delas apresenta formato linear, e a outra, formato de

processo duplo.Em ambos os estudos, o maior intuito é compreender como o indivíduo trata

os pontos que ultrapassam os limites da racionalidade em processos decisórios.

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2.3.4 Modelos cognitivos

Estudos relacionados ao desenvolvimento cognitivo dos indivíduos foram

inicialmente desenvolvidos pelo epistemólogo suíço Jean Piaget. De acordo com seus estudos,

ao viver experiências, o ser humano as deixavaacumuladas, recrutando-as em momentos em

que fatos semelhantes ocorriam.Assim, as escolhas dos indivíduos seriam embasadas no

histórico de fatos vividos e, com o passar do tempo, sua capacidade de reação e de

assimilação das informações iria obrigatoriamente se tornar mais rápida.

Em uma visão cognitiva, a capacidade de estruturar e reorganizar conhecimentos e

experiências adquiridas, além do raciocínio do indivíduo, passa por uma série de obstáculos

cognitivos que interferem em sua capacidade de assimilar experiências adquiridas.

As pesquisas de Jean Piaget reconhecem a existência de mecanismos moderadores

que atuam na forma como as informações são dispostas aos indivíduos. Há uma relação entre

fatores como características individuais, aspectos situacionais e comportamentais, que podem

interferir na maneira como o conhecimento é armazenado e recrutado pelos indivíduos.

Fazio (1986) acreditava que a forma como as experiências eram acessadas podiam

ser ajustadas, de modo a compor uma ramificação de variáveis, e estas variáveis poderiam

tornar-se moderadores no processo decisório. Sua pesquisa buscava um contraste entre as

variáveis relacionadas ao comportamento, a consciência e a tendência do indivíduo, tornando

o comportamento dominante mais consistente. Neste processo, traços de personalidade são

dominantes em relação a outros.

A observação do comportamento normalmente é vista como um indicador de

tendências; porém, há uma combinação de elementos que podem interferir no comportamento,

como tempo, contexto, metas ou ações (AJZEN, 1988).

De acordo com Ajzen (1988), modelos cognitivos podem colaborar para a

compreensão sobre a maneira pela qual os indivíduos correspondem aos estímulos de funções

fundamentais relacionadas a controle, visão, racionalidade e aprendizagem, sendo possível a

condução a resultados para o entendimento dos neuromecanismos relacionados à tomada de

decisão.

Gazzaniga (2000) destaca um efeito interessante relacionado aos modelos

cognitivos e ao mecanismo de categorização das informações.Diante de informações

ambíguas, o cérebro cria percepções e pensamentos para que possam ser armazenadas, o que

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colabora para momentos em que há grande fluxo de informação; porém, diante de um cenário

novo, as informações ora categorizadas não são facilmente reorganizadas, gerando falsas

percepções em relação a uma informação.

Em relação a este modelo, foram realizadas experiências com macacos a fim de

entender as atividades neurais no processo decisório. A experiência era do tipo em que o

vencedor “leva tudo”. Percebeu-se que, nos momentos em que a atividade neural era mais

intensa, os resultados da decisão foram mais favoráveis aos macacos.

A pesquisa não excluiu a possibilidade de haver uma média de sinais vetores para

cada subpopulação de neurônios.Logo, não foram encontradas evidências de que as decisões

sobre tarefas dependem de um cálculo de vetor em que neurônios codificam decisões e

movimentos.

Os estudos apresentaram sinais de que os neurônios são recrutados de forma

independente para o apoio à realização das tarefas.

Foram percebidos mecanismos probabilísticos no processo decisório dos macacos

que operaram com sistemas visuais. Sistemas sensoriais representam diversos estímulos

simultaneamente no meio ambiente.

2.3.5 Heurísticas e vieses de decisão

Sobre o tema, Bazerman (2004)questiona a necessidade em usar uma abordagem

descritiva quando uma abordagem prescritiva é que poderia levar a decisão ao ponto ótim.

Embora os limites da racionalidade sejam conhecidos e modelos descritivos

considerem a possibilidade do sacrifício de uma melhor alternativa em detrimento a outra

razoável, não são elencadas as características para a definição de como este julgamento é

feito, não havendo um diagnóstico sobre como os vieses sistemáticos podem afetar a tomada

de decisão.

Modelos descritivos consideram que pessoas empregam atalhos ou estratégias

simplificadoras para guiar as decisões a serem tomadas.Aessas estratégias damos o nome de

“heurísticas”, que servem como mecanismos para interpretar o ambiente em que as decisões

são requeridas.

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Em 1958, Newell, Shaw e Simon, sobre as heurísticas, afirmaram a não existência

de um conhecimento formal para responder à questões que envolvem a maioria dos problemas

relacionados ao alto nível de gestão.

Em contraste ao uso de Simon a respeito das heurísticas na solução de problemas

mal estruturados, Tversky e Kahneman (1969) as relacionam a atalhos mentais que resultam

em julgamentos feitos pelos atores da decisão, que muitas vezes violam as leis da lógica, da

probabilidade ou outros mecanismos de escolha por alternativas no processo de tomada de

decisão, tratando, portanto, as heurísticas como estratégias inferiores para solução de

problemas estruturados, em que as melhores soluções podem ser determinadas por meio de

mecanismos racionais.

Gigerenzer, Tood e The ABC Research Group (1999) definem as heurísticas

como métodos, sequências de operação para busca de decisões em um espaço de

problemas.Especificam que as heurísticas definem uma parte estratégica e ignoram as demais

informações, tornando a análise das decisões rápidas, uma vez que se baseiam na utilização de

um baixo volume de tempo, conhecimento e computação para efetivação de uma escolha.

Sobre a utilização de heurísticas de forma natural pelos indivíduos, sociedade e

até mesmo como evolução do conhecimento, Boyd e Richerson (2005) criaram uma estrutura

de características que requer a utilização de atalhos no processo decisório. A partir das

ramificações que envolvem o processo decisório, é possível mapear os atalhos que envolvem

o processo decisório, indo ao encontro com Maidique (2011) sobre a utilização de heurísticas

não ser necessariamente uma ação não racional, mas caracterizada pela utilização consciente

de atalhos.

2.3.5.1 Árvore de características da utilização de heurísticas em processos decisórios

Em ambientes de incertezas, a utilização de heurísticas como ferramenta que

ultrapassa os limites da racionalidade são importantes para a tomada de decisão gerencial. A

árvore de decisões colabora para a condução dos gestores, a geração e consequente seleção de

alternativas necessárias ao processo decisório; resultados binários conduzem o tomador de

decisões a resultados obtidos por meio de uma combinação de informações obtidas por dados

e expertises, provendo uma acurácia considerável.

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A utilização de heurísticas e vieses abarcam características de utilidade e

aplicabilidade que pautam sua utilização no processo decisório. São elas:

Modelos computacionais de heurísticas:O uso de modelos

computacionais pode resultar em predições precisas.As heurísticas e os vieses focam

em campos verbais sem prover detalhes específicos sobre o desenho cognitivo do

processo.

Racionalidade ecológica: A racionalidade ecológica busca respostas

relacionadas à possível existência de ambientes em que o uso de heurísticas para a

tomada de decisão seja mais eficiente que outras estratégias. Em ambientes de

incertezas, as heurísticas e os vieses podem representar o senso normativo, levando a

um desempenho superior ao esperado por uma estratégia complexa.

Menos pode ser mais: Em ambientes de incertezas, menos pode ser

mais. As heurísticas não distinguem riscos de incertezas, logo, são assumidos os

princípios de que decisões baseadas em heurísticas nunca terão a mesma acurácia que

escolhas racionais, porém, tais análises exigem bem mais esforços.

Heurísticas são mecanismos de atalho que, mesmo de forma inconsciente,

colaboram para que os indivíduos tomem decisões rápidas. Por meio das heurísticas, os

julgamentos e as percepções são breves por serem baseadas em experiências anteriores ou

ainda em suposições do agente. De acordo com Bazerman (2004), em decorrência da

aplicação de heurísticas, o processo decisório pode ser desviado do ponto ótimo, pois estes

atalhos podem desconsiderar fatores importantes ao processo decisório.

Em estudos sobre o julgamento de processos decisórios, Bazerman (2009)

pontuou a importância das heurísticas de julgamento no processo de tomada de decisões

gerenciais.O autor elencou que, para o julgamento da informação aplicadas ao fluxo decisório,

as heurísticas podem ser segregadas em três tipos: Heurística de Disponibilidade, Heurística

de Representatividade e Heurística da Ancoragem e Ajuste.

O primeiro tipo de heurística de julgamento é a Heurística da Disponibilidade.

Este atalho leva o ator da decisão a analisar com mais proximidade aquelas informações que

estão mais próximas ou disponibilizadas de forma recente, dando a ele a visão de que estes

dados são mais relevantes ou possuem maior peso.Isso ocorre porque eles estão disponíveis

com maior facilidade e frequência, ou seja, quanto mais disponível estiver a ação, mais

sobrevalorizada será.

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O segundo tipo é a Heurística da Representatividade.Ela define que indivíduos

tendem a tomar decisões baseadas em um grupo (ou categoria) de informações ou

características ao qual a situação analisada se assemelha.Esta heurística pode levar a

comportamentos não somente considerado irracionais, mas moralmente repreensíveis, é uma

espécie de discriminação.

Bazerman, (2004) destaca ainda que ao julgar um indivíduo (ou objeto ou evento),

as pessoas tendem a procurar peculiaridades para que correspondam, ou relacionem a

estereótipos já conhecidos, formados anteriormente.

E, por último, a Heurística da Ancoragem eAjuste, que prevê que pessoas partam

de um valor inicial, ajustando-o até a definição da decisão final. A âncora, ou valor inicial, é

estabelecida a partir de dados históricos, de acordo com características de apresentação dos

problemas ou por meio da junção de informações aleatórias. Dessa forma, valores ancorados

de maneiras diferentes podem produzir resultados diferentes para a solução de um mesmo

problema.

De forma geral, as heurísticas, como atalho utilizado para análise da situação e

necessárias à tomada de decisão, podem conduzir o ator da decisão a erros de interpretação,

mas, de forma geral, eventuais perdas de qualidade na informação, bem como a majoração da

possibilidade de erros de escolha, são compensadas pelo tempo de análise da situação que foi

poupado.

Tais regras de atalho ou ferramentas cognitivas para a tomada de decisão possuem

semelhança com alguns vieses cognitivos. São considerados vieses cognitivos do

comportamento humano as tendências apresentadas pelo tomador de decisão em sua forma de

raciocínio que podem conduzi-lo ao desvio da lógica e da racionalidade.

O quadro a seguir representa estes vieses cognitivos relacionados aos tipos de

heurísticas semelhantes a eles. Dessa forma, é possível conhecer quais atalhos cognitivos

podem ser aplicados pelos atores durante o processo de tomada de decisão.

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Quadro 2 – Vieses relacionados às heurísticas

Fonte: Bazerman (2004).

2.3.5.2 A intersecção entre heurísticas e ambientes gerenciais

De acordo com Nelson e Winter (1982), em ambientes dinâmicos e de alta

complexidade em que mutuamente uma decisão pode influenciar outras, a utilização de

heurísticas para a tomada de decisão empresarial é comum. Porém, a utilização de heurísticas

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de maneira isolada pode comprometer o processo,levando o ator da decisão a escolhas

erradas.

Por se tratar de um método não racional para a tomada de decisão, a utilização de

heurísticas pode variar de acordo com as características do tomador de decisões. O tipo de

liderança, bem como os processos organizacionais, podem influenciar a forma e a intensidade

em que estas heurísticas são aplicadas (NELSON; WINTER, 1982).

A pesquisa realizada por Gavetti (2005) sobre ferramentas gerenciais determinou

que heurísticas são adotadas de forma persistente nas organizações como parte do processo

decisório, independentemente das mudanças de ambiente. Jarzabkowski e Kaplan (2015)

demonstram uma preocupação acerca da utilização de heurísticas como ferramenta do

processo decisório, não somente com relação às estratégias para a utilização da ferramenta,

mas a como sua eficácia é mensurada e como são alteradas caso não colaborem de forma

efetiva na elaboração de respostas e soluções suficientes ao problema ou ponto de melhoria

organizacional.

A utilização de heurísticas como atalhos cognitivos pode, portanto, auxiliar o

processo decisório em ambientes de incertezas com limitação de informações disponíveis para

a utilização de ferramentas racionais, bem como com limitação de tempo para análise das

informações, alternativas e consequências das escolhas disponíveis ao processo.

(BAZERMAN; MOORE, 2009). Além da importância da racionalidade ecológica aplicada a

estratégias gerenciais, a utilização de modelos racionais para a tomada de decisão sobre o uso

de atalhos cognitivos está presente no processo decisório, porém, como uma caixa de

ferramentas-padrão, e não de maneira isolada ou independente de outras análises.

2.3.6 Modelo bidimensional para a tomada de decisão

Psicólogos estão cada vez mais interessados em compreender o funcionamento do

cérebro durante processos relacionados à tomada de decisão. Há aproximadamente três

décadas, economistas colaboraram com pesquisas oriundas da Psicologia com suas

descobertas relacionadas à teoria dos jogos, macroeconomia, além das relacionadas aos

limites da racionalidade (CAMERER; LOEWENSTEIN; PRELEC, 2005).

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A Neurociência tem elucidado sobre o funcionamento do cérebro, evidenciando

como ele se organiza e como funciona. Os caminhos traçados por ela colaboram com

pesquisas econômicas por meio de dois tipos de contribuições –a incremental e a radical.

As contribuições incrementais adicionam variáveis das informações

convencionais aos estudos econômicos para a tomada de decisão, sugerindo funções que

substituem as condicionais relacionadas a processos que não podem ser suportados

empiricamente.

Já as contribuições radicais envolvem suposições sobre a utilização da

Neurociência durante o estabelecimento de modelos de tomada de decisão racional.Ela sugere

uma volta ao tempo para o desenvolvimento de teorias da utilidade esperada, de modo a

pautar se as decisões são tomadas deliberadamente ou com base em resultados e

oportunidades, balanceando os custos e os benefícios trazidos por esta ciência.

Da mesma forma que as primeiras teorias econômicas foram desenvolvidas a

partir de métodos matemáticos e econométricos, o desenvolvimento de métodos recentes parte

da contribuição da Neurociência e da Psicologia.

Pennings, Garcia e Hendrix (2005) desenvolveram um estudo sobre o modelo

decisório humano.Este modelo foi calculado matematicamente, de modo a conhecer fatores

que impactam no processo decisório partindo da recepção dos estímulos até o comportamento

mantido pelo tomador das decisões. O modelo linear para o processo decisório desenhado por

Pennings, Garcia e Hendrix (2005) define a tomada de decisão como um processo interativo e

simultâneo dividido em fases.

No modelo proposto por Pennings, Garcia e Hendrix (2005), as decisões

complexas encontram dificuldades quanto à capacidade limitada de computação de

informações do indivíduo.Esta visão vai ao encontro dos estudos realizados por Simon (2008)

em sua pesquisa sobre a Teoria da Racionalidade Limitada e compreende que a racionalidade

é ativada pela proporção da capacidade da mente em relação ao problema.

Quanto maior a capacidade do indivíduo para o processamento de informações,

maior sua racionalidade.Porém, em situações em que o problema a ser resolvido ou a situação

a ser melhorada possui uma complexidade ou exige necessidades não alcançadas pelo

conhecimento racional dos indivíduos, o processo decisório vale-se da intuição para a solução

da questão. A intuição é, portanto, ativa em situações em que a racionalidade é esgotada.Daí a

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utilização dos conhecimentos relacionados à racionalidade limitada propostospor Simon

(2008).

Fazendo uma análise mais profunda da última etapa do processo decisório

proposto por Pennings, Garcia e Hendrix (2005) denominado intuição, o modelo

desenvolvido por Camerer, Loewenstein e Prelec (2005) prevê a tomada de decisão de uma

maneira bidimensional (CESAR et al., 2012).

Com o apoio da Neurociência, estudos realizaram um mapeamento do cérebro

para compreender quais áreas são ativadas no desenvolvimento de atividades, uma descoberta

relevante para estudos econômicos, sobretudo os relacionados aos processos decisórios.

Neste mapeamento, Camerer, Loewenstein e Prelec (2005) definiram o processo

decisório como um processo definido e automático, sendo considerado cognitivo e controlado.

O discernimento de processos decisórios entre controlados e automáticos foi realizado

inicialmente por Schneider e Shiffrin (1977) e, desde então, estes conceitos

foramdesenvolvidos e relacionados a diversas regras do processo decisório.

Os processos controlados são caracterizados como seriais e computacionais, ou

seja, seguem passos lógicos. Requerem esforços intelectuais do indivíduo, além de um bom

acesso introspectivo para que as informações necessárias ao processo relacionado sejam

acessadas e utilizadas. Processos controlados são os mais utilizados em modelos econômicos

propostos, uma vez que esquematizam os dados a serem considerados dentro de um processo

decisório.

Neste processo, em situações que representam desafios ou surpresas ao tomador

de decisões, são ativados sistemas de memória com a finalidade de associar as informações

recebidas a sentimentos subjetivos. Nessas situações, o ator da decisão tende a calcular as

possibilidades de resposta, o que esbarra na capacidade computacional restrita já prevista pela

Teoria de Racionalidade Limitada proposta por Simon (CESAR et al., 2012).

Os processos automáticos operam em paralelo aos controlados, não acessam a

consciência e não demandam grandes esforços ao ator da decisão. São caracterizados por

prover respostas rápidas, realizarmultitarefas, além de apresentarem um desempenho especial

em atividades relacionadas à identificação visual (CAMERER; LOEWENSTEIN; PRELEC,

2005). As decisões pautadas por processos automáticos ativam a captação de estímulo de

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maneira seletiva, sendo filtrados e influenciados pelo meio ambiente. Após codificados,

ativam sistemas neurais específicos (CAMERER; LOEWENSTEIN; PRELEC,2005).

Contrariando o proposto pelos modelos lineares de decisão e sobretudo pelos

modelos econômicos clássicos, os processos automáticos ativam sistemas neurais

diversificados, sendo, portanto, influenciados por diversos aspectos da decisão, trazendo à

tona a interação simultânea de diversas especialidades contidas no cérebro do ator da decisão.

É este paralelismo que proporciona às decisões econômicas maior capacidade computacional,

gerando as respostas de forma rápida e multidisciplinar, justamente porque diversas variáveis

influenciam o processamento do autor.

A segunda divisão do processo decisório bidimensional compreende a distinção

entre as dimensões cognitivas e afetivas do processo decisório.Esta divisão foi inicialmente

estudada por Robert Zajoc, em 1980, mas vem sendo debatida ao longo dos séculos por

filósofos. Platãovia esta divisão como uma pessoa que, ao ser conduzida por uma charrete,

estará sendo puxada por dois cavalos, o cavalo da razão e o da emoção, não sendo possível

separá-los.

De acordo com os estudos de Camerer, Loewenstein e Prelec (2005), a dimensão

afetiva é compreendida como o nível liminar da percepção do consciente. Esta visão vai ao

encontro dos estudos de Carter (1999) sobre ao mapeamento do cérebro, que definiu os

processos decisórios afetivos como elementares à sobrevivência humana, ainda que em níveis

inconscientes. Os processos afetivos não são, ao contrário do que a maioria deliberada das

pessoas pensa, ações relacionadas aos sentimentos com alto nível de intensidade.

Tais dimensões extrapolam o consciente e buscam decisões que garantam a

sobrevivência do indivíduo.Entretanto, os processos afetivos valem-se de outros efeitos

sensoriais como memórias, preferências e demais afetos biológicos, como pontuou Buck

(1999), e geram resultados motivando a abordagem ou a anulação de uma determinada ação,

gerando aproximação ou afastamento entre o objeto analisado e a decisão a ser tomada.

Já as dimensões cognitivas buscam respostas do tipo verdadeiro ou falso para

questões racionais e buscam argumentos para pautar seu comportamento. Aqui acontece outra

contradição entre o modelo bidimensional e os modelos clássicos de decisão, pois não é

unânime que indivíduos busquem resultados de prazer evitando a dor, é possível que sejam

tomadas decisões que não tragam prazer ao ator, mas que serão úteis à sua sobrevivência

(CAMERER; LOEWENSTEIN; PRELEC, 2005).

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As dimensões cognitivas não são capazes de produzir ações de forma isolada, mas

influenciam o sistema afetivo para que o faça. Isso porque nem todas as ações cognitivas são

consideradas processos conscientes, e aspectos relacionados à percepção fazem parte do

domínio afetivo.

O modelo bidimensional, quando cruzado pelos quatro processos anteriormente

descritos, geram quadrantes a ser visualizados,como mostra a Figura4.

Figura 4 – Modelo decisório bidimensional

Fonte: Adaptada de Camerer, Loewenstein, Prelec (2005).

Os modelos clássicos para a tomada de decisão estão representados nos

quadrantes I e II, em que os processos controlados estão relacionados aos domínios cognitivos

e afetivos, respectivamente.Neste aspecto, o ponto que os relaciona com modelos clássicos é a

possibilidade de reproduzir a informação processada pelo indivíduo, uma vez que são

computacionais e exigem esforços e relacionamento com dados externos e existentes.

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Neste mesmo esquema de processos propostos pelo modelo bidimensional, as

decisões pautadas pelo processo automático e com domínio afetivo estão representadas no

quadrante IV, enquanto aquelas tomadas por processos automáticos de domínio cognitivo

estão representadas no quadrante III.O ator da decisão possui dados racionais, porém, atua de

forma inconsciente, apresentando respostas rápidas e com pouco esforço de eventuais

ferramentas e métodos propostos pelos modelos convencionais de tomada de decisão

econômica.

No modelo bidimensional, o cérebro ativa comandos visuais que levam

informações acerca do que está vendo para que a decisão seja tomada ou o dado interpretado.

Então, a informação recebida é levada ao cérebro do autor da decisão e passa a ser

reorganizada juntamente com outras informações semelhantes.Com base nessa combinação de

informações é que a informação é classificada para que a ação a ser tomada seja útil. Este é,

portanto, um processo completo e biologicamente natural, por isso tão complexo de ser

reproduzido por meio da inteligência artificial ou em computadores.

Processos cognitivos e automáticos são flexíveis, influenciado pelas experiências

e conhecimentos preexistentes do autor, não podem ser previstos ou mensurados.Já as

decisões são pautadas por experiências sem que a busca pelas respostas dependa do acesso

introspectivo. Neste caso, o ator da decisão faz a identificação imediata do fato e busca

solução por meio de uma lição aprendida e memorizada por ele, não segue uma ordem

computacional possível de ser calculada ou reproduzida. Às experiências acumuladas que

geram respostas automatizadas dá-se o nome de expertise (CESAR et al., 2012).

Um aspecto negativo estudado por Camerer et al. (2005) relacionado a dimensões

cognitivas trata da anulação de informações trazidas por outros grupos neurais. O cérebro tem

a necessidade de categorizar as informações recebidas para que de alguma forma sejam

processadas e resultem em uma ação. Os aspectos cognitivos geram a interpretação rápida do

dado ora colhido e o classifica de uma determinada forma, ignorando aspectos relacionados

aos demais grupos neurais que também foram ativados pelo processo automático.

Em consequência, caso seja necessária uma nova classificação para as

informações anteriormente colhidas e categorizadas, o cérebro não reage com facilidade, o

que é chamado pela Psicologia Social de quebra de paradigmas ou mudança de crenças,

mesmo quando há evidências de serem falsas.

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Neste sentido, Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006) destacam a importância da

memória nos processos decisórios.Seja por modelos lineares ou bidimensionais, a memória

está presente não só em processos cognitivos, mas também em processos neurais, sendo de

longa ou curta duração, declarativa ou não.

No modelo linear proposto por Pennings, Garcia e Hendrix (2005), a memória é

relatada como a estocagem de percepções em espaços perceptuais multidimensionais ou ainda

como resultados comportamentais. Já no modelo bidimensional proposto por Camerer et al.

(2005), a memória está representada no processo de evocação do não consciente como no

modelo, podendo ser considerada memória declarativa (explícita) aquela utilizada em

processos controlados, e a memória não declarativa, ou implícita, a que envolve os processos

automáticos com a utilização da expertise (CESAR et al., 2012).

Pelo estudo de modelos cognitivos é possível, com o auxílio da Neurociência,

compreender aspectos que, seguindo modelos econômicos, não poderiam ser

compreendidos.Épor meio de estudos psicológicos e neurais que a “caixa preta” da decisão

pode ser compreendida e, consequentemente, novos modelos e ferramentas de apoio à tomada

de decisão podem ser desenvolvidos, garantindo maior eficácia e assertividade ao tomador de

decisão.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 MÉTODO

A tipologia dos estudos realizados enquadra-se como explicativa, uma vez que

possui, de acordo com as definições de Beuren (2012), a o objetivo de explicar a maneira

como gestores de organizações que utilizam sistemas integrados de gestão tomam suas

decisões, considerando aspectos cognitivos.Através da pesquisa é explicada a forma que os

vieses são utilizados no momento em que decisões financeiras, operacionais e estratégicas são

tomadas.

A pesquisa foi realizada por meio de uma abordagem qualitativa com a finalidade

de compreender a complexidade e a integração dos elementos pesquisados (LÜDKE;

ANDRÉ, 1986). A escolha por este método foifeita pela possibilidade que dá ao entrevistador

de explorar os dados coletados de maneira próxima e específica, possibilitando acesso aos

aspectos particulares da pesquisa, compreendendo a maneira como as variáveis são

apresentadas no momento da pesquisa e não sua frequência. Segundo Bardin (2009), a

caracterização da análise qualitativa é o fato ser fundado na presença do índice (tema, palavra,

personagem, etc.) e não sobre a frequência de sua aparição.

O método qualitativo foi inicialmente utilizado em pesquisas relacionadas à

Antropologia e Sociologia, encontrando espaço em demais áreas de estudos. Este método tem

a propriedade de esclarecer processos sociais pouco conhecidos que pertencem a um grupo

particular de pessoas envolvidas no processo pesquisado, proporcionando a construção ou a

revisão de conceitos, categorias ou novas abordagens acerca do tema estudado, uma vez que a

coleta de dados é feita de forma direta, comumente por meio de entrevistas privilegiando a

comunicação e possibilitando que hipóteses e variáveis previamente definidas pelo autor

sejam direcionadas no decorrer da investigação (FERNANDES, 2014).

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

O estudo tem como população todos os gestores que utilizam o sistema ERP

Totvs 12 da empresa Totvs S/A. A Totvs S/A possui reconhecimento na área de sistemas de

gestão empresarial, por ter uma variação de produtos destinados a atender aos mais variados

ramos de atividade.

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Dentre os sistemas desenvolvidos pela empresa, o Totvs 12 foi o selecionado por

estar voltado a atender indústrias e empresas de médio e grande porte, além de ser

desenvolvido sob regras de negócio alinhadas com as normas brasileiras fiscais e contábeis. O

sistema possui módulos de controladoria, finanças, logística, materiais e obrigações fiscais,

além da integração com produtos de recursos humanos, gerenciamento de relacionamento

com clientes e inteligência de negócios.

A amostra para este estudo foi selecionada por conveniência, buscando-se, de

acordo com Bardin (2009), garantir uma representatividade do universo inicial.Esta variação

foi garantida pelo ramo de atividade das organizações onde os entrevistados atuam.

3.3 COLETA DE DADOS

Os dados utilizados neste estudo são primários e foram obtidos diretamente por

meio de respondentes de entrevistas semiestruturadas conduzidas pelo pesquisador seguindo

um roteiro preestabelecido (KVALE, 1996).

A confiabilidade dos dados levantados foi mantida à medida que foram utilizados

procedimentos para transcrição das entrevistas gravadas seguidos da análise de conteúdo dos

dados coletados.

3.3.1 Entrevistas

O método para a coleta de dados selecionados para a pesquisa foi o de entrevistas,

uma vez que confere ao entrevistador, maior flexibilidade, que pode repetir ou esclarecer

perguntas; ou até formular de maneira diferente buscando ser compreendido possibilitando o

encontro dos resultados esperados em sua essência (OLIVEIRA, 2003).

As entrevistas foram realizadas dentro das empresas em que os gestores trabalham

de forma organizada e sem interrupções, com exceção de um entrevistado atuante de uma

organização que utiliza o sistema de home office para suas operações, não possibilitando a

utilização de suas instalações para atividades não relacionadas à operação direta.

As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, possibilitando a

interpretação dos textos colhidos. O anonimato dos entrevistados foi mantido diante da

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possibilidade de serem expostas estratégias organizacionais que não devem ser reveladas ou

publicadas para acesso comum.

3.3.1.1 Preparaçãopara entrevistas

O planejamento para elaboração das entrevistas foi feito de modo a capturar o

conhecimento dos gestores em relação ao processo decisório com apoio de sistemas

integrados de gestão.

Sobre esta etapa do processo da pesquisa, Oliveira, (2013) estuda que a

preparação da entrevista abrange primeiramente uma fase de planejamento, o entrevistador

deve planejar a entrevista, delinear cuidadosamente o objetivo a ser alcançado; depois deve-se

preocupar-se com o conhecimento prévio sobre o entrevistado, depois deve realizar um um

planejamento operacional, ou seja, verificar agenda e local com a finalidade de se obter um

ambiente adequado para a entrevista e ao final quantificação do número de entrevistados,

assegurando um número suficiente de entrevistados, o que dependerá da informação a ser

obtida.

Para coletar os dados, foi desenvolvido um roteiro cujas perguntas foram

elaboradas a partir de uma matriz de amarração com os construtos teóricos. A partir dos

objetivos para desenvolvimento da pesquisa, as questões foram classificadas em duas

categorias: a primeira delas possui a finalidade de identificar a maneira como o sistema é

utilizado e de que forma foi adaptado às operações da organização; a segunda parte diz

respeito à forma como as decisões são tomadas, considerando-se decisões financeiras,

operacionais e estratégicas.

O tempo de entrevista máximo estipulado foi de sessenta minutos, de modo a

atender a agenda dos gestores e cobrir o conteúdo pesquisado com todos os aspectos

necessários.

A percepção dos indivíduos foi capturada com apoio na Teoria Bidimensional

estudada por Camerer, Loewenstein e Prelec (2005),focando em processos controlados por

meio de questões elaboradas buscando conhecer (1) a estruturação de sistemas integrados de

gestão com a finalidade de compreender a forma como os sistemas são utilizados, seja para a

operação, seja para a gestão, e processos automáticos por meio de questões relacionadas aos

fatores que (2) colaboram para o processo decisório, sejam estes financeiros, operacionais ou

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estratégicos. Neste caso, apoiados nos estudos de mapeamento de heurísticas e vieses

estudado por Bazerman (2004).

Foram convidados sete gestores de organizações situadas na cidade de São Paulo

e que utilizavam o sistema ERP Totvs 12 em sua forma mais completa. Destes, cinco

responderam ao convite dentro do tempo necessário à pesquisa. Todos os entrevistados fazem

parte do processo decisório nas organizações em que atuam e ocupam os cargos de gerente de

operações, gerente administrativo, diretor de informática, controller e um diretor financeiro.

Os entrevistados atuam em organizações cujos ramos de atividade variam entre

bens de consumo, bens de capital, metal mecânico e plástico e serviços hospitalares de modo

a garantir a diversidade das necessidades de utilização do sistema integrado como ferramenta

para tomada de decisão. O quadro a seguir representa a legenda identificando os

entrevistados:

Quadro 3 – Legenda de entrevistados

Fonte: Do autor.

3.3.1.2 Preparação das questões

As entrevistas foram elaboradas de acordo com a Matriz de Amarração,teoria

apresentada no quadroseguinte,em que sãorelacionados os construtos teóricos e as questões

utilizadas nas entrevistas com a finalidade de direcionar a coleta de dados para as

confirmações propostas pelas teorias relacionadas.

Foi realizado um pré-teste com o apoio da equipe de inovação da empresa Totvs,

com a finalidade de validar se as questões buscavam a essência das informações pesquisadas,

de modo a reconhecer as expectativas e a utilização dos usuários entrevistados em relação ao

sistema. A partir deste pré-teste, foi definido que as questões de IV a VI deveriam remeter à

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aplicação de heurísticas.Desta forma, foram relacionadas as questões a, b e c como acessórias

a cada uma delas, e foi dada a sugestão da inclusão da questão VII com a finalidade de

questionar, de forma livre, a utilização dos sistemas como ferramenta eficaz para a tomada de

decisão.

Quadro 4 – Matriz de Amarração Teórica

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Fonte: Do autor.

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Além das questões qualitativas aplicadas nas entrevistas, ao final de cada uma

delas foi solicitado ao entrevistado que respondesse um questionário contendo situações

relacionadas às heurísticas e vieses propostos por Bazerman (2004), de modo a representar o

nível de afetividade ou racionalidade aplicada pelos gestores entrevistados. Para cada

situação, o entrevistado deveria responder,numa escala categórica, afirmando sua

concordância total através do “sim”ou discordância total através do “não” à situação

apresentada.Essas situações estão relacionadas a vieses cognitivos. O quadro que segue

apresenta as aplicações situacionais expostas aos entrevistados, relacionando-as com as

heurísticas cognitivas estudadas.

Quadro 5 – Aplicações Situacionais

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Fonte: Do autor.

No capítulo 4, é feita a análise dos dados coletados.

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4 ANÁLISE DE CONTEÚDO

A análise de conteúdo foi estruturada a partir da interpretação dos dados coletado

durante as entrevistas, apoiada em técnicas de análise de conteúdo propostas por Bardin

(2009). Esta utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição a partir da análise do

conteúdo das mensagens coletadas. A principal função deste tipo de análise é a administração

da prova, método que busca a confirmação (BARDIN, 2009).

Por se tratar de um roteirosemiestruturado para as entrevistas, a análise de

respostas abertas buscou observar eventuais efeitos psicológicos que o entrevistado carrega ao

expressar suas opiniões sobre o fato estudado. Este cuidado foi necessário pois, a relação que

o entrevistado possui com o negócio pode afetar sua percepção acerca do assunto, de modo a

anular efeitos de respostas ambíguas ou dicotômicas, este efento também pode ser causado

por aspectos relacionados ao gênero e à idade do entrevistado. O procedimento de

classificação de elementos colaborou para a comparação e consequente análise dos resultados

(BARDIN, 2009).

O quadro apresentado a seguir evidencia o tempo de realização das entrevistas.A

análise de dados foi elaborada com base na transcrição de cada uma delas. As transcrições

são, portanto, utilizadas como material de apoio.

Quadro 6 – Desenvolvimento das entrevistas

Fonte: Do autor.

Buscando capturar os critérios e os fatores que influenciam os gestores no

processo decisório, as questões foram agrupadas nos componentes sobre os quais a pesquisa é

embasada.Foram, portanto, analisadas a utilização dos sistemas no processo decisório e a

utilização de elementos cognitivos para a tomada de decisão, tais como a Heurística da

Disponibilidade, Heurística da Representatividade e Heurística da Ancoragem e Ajuste.

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4.1 O DESENVOLVIMENTO DAS ENTREVISTAS

A entrevista foi estruturada a partir de dois aspectos a serem conhecidos: o

primeiro para a compreensão sobre amaneira como os sistemas eram utilizados em suas

organizações e sobre a forma como tomavam decisões. E o seguindo sobre aspectos

cognitivos que eventualmente os remetiam à aplicação de heurísticas ao analisar cenários na

tomada de decisões financeiras, operacionais e estratégicas.

4.1.1 A utilização de Sistemas Integrados de Gestão– ERPs

O emprego dos Sistemas Integrados de Gestão – ERPsestá relacionado à maneira

como o indivíduo entrevistado utiliza o sistema no processo decisório a partir de processos

operacionais, sendo possível que organizações façam uso de outros sistemas além dos ERPs

para controlar sua operação e/ou pautar suas decisões.

As organizações que empregam sistemas integrados de gestão tendem a adaptar os

ERPs com a finalidade de adequá-losàs necessidades específicas de sua operação e também à

forma como os dados são apresentados, processo reconhecido como customização. Estes

ajustes podem, em maior ou menor escala,favorecer a utilização de vieses cognitivos,

influenciando a maneira como os gestores visualizam os dados, o que pode afetar a relevância

dada a eles para pautar suas decisões. Este resultado foi capturado nas respostas às questões I,

II e III das entrevistas.

A questão I faz a seguinte indagação: Com o objetivo de compreender a origem

das informações utilizadas no processo decisório, dos relatórios gerenciais periódicos, quais

são emitidos diretamente pelo ERP? Aqueles que não são originários do ERP, fornecem que

tipo de informação?

O alvo deste questionamento é compreender a capacidade dos ERPs emitirem

relatórios válidos ao processo de gestão das operações organizacionais.

Por meio das respostas, foi possível notar os sistemas oferecem, através de seus

relatórios uma base sintetizada do dia a dia da organização, porém, a maior parte dos

relatórios utilizados no processo de gestão das operações é extraída dos ERPs, indo ao

encontro de estudos realizados por Falsarella, Beraquet e Jannuzzi (2003), que defendem que

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a informação para que seja útil às organizações deve ser disponibilizada de acordo com as

necessidades de uso em cada etapa do processo de atividade organizacional a informação deve

também ser formatada para atender tais necessidades de forma íntegra e direta.

Os entrevistados muito falaram sobre projeção, exatidão e independência, o que

reforça a idéia de que os sistemas são grandes centralizadores de dados e portanto, capazes de

fornecer, quando organizadas informações válidas ao processo. O termo “manualmente”

também foi muito repetido pelos entrevistados e pela análise do contexto é possível

compreender que muitos relatórios necessitam de ajustes, ainda que manuais para que sejam

compreendidos ou analizados com maior eficiência.

O entrevistado 1 aponta que, para a gerência de suas operações, o ERP é a

principal fonte de informação, e destaca a importância da confiabilidade dos dados.

Eu diria que 80% eu emito diretamente do ERP, e os outros 20% do sistema de BI,

de Business Intelligence. Que, na verdade, também a origem dos dados que estão no

BI são do RP, mas a visualização é mais prática dentro da plataforma de BI do que

no ERP. [...] Já vem pré-formatado, já agrupado de algumas formas, ele já tem

algumas visões preparadas para eu conseguir ver o dado da forma que eu preciso.

Mas a origem desses dados sempre são os ERP. (ENTREVISTADO 1, 2016).

De modo geral, os entrevistados afirmaram que, ainda que tenham sido extraídos

do ERP, os relatórios gerenciais necessitaram de algum ajuste para atender às necessidades de

visualização ou agrupamento de informações, uma vez que os relatórios disponibilizados pelo

produto de forma padronizada proporcionammenor tempo de processamento e/ou análise dos

dados, tornando o ajuste necessário para a otimização da interpretação destes.

O entrevistado 4 aborda um ponto relevante sobre a utilização de relatórios

emitidos pelos ERPs, mais importante que o armazenamento ou a emissão de dados a partir de

um sistema, relacionado à capacidade de interpretação de tais dados feita de forma

personalizada e não estruturada.Caso não exista uma pessoa capacitada ainterpretar os dados

apresentados, estes serão apenas dados armazenados, e não informados.

Só agrupa dados. [...] as companhias necessitam de gente que saiba interpretar a

informação, sem que a qual... Mas assim, é um bando de dados sem relevância

nenhuma, é isso o que acontece. (ENTREVISTADO 4, 2016)

Em resumo, a interpretação da questão I remete-nos à compreensão de que os

ERPs são as principais fontes de informação gerencial para a organização, pois neles são

agrupados os dados operacionais da operação empresarial de modo a subsidiar a gestão.

Ainda assim, o entrevistado 4 afirma que, para informações específicas de

determinadas áreas, os ERPs não fornecem informações, pois tais operações não utilizam o

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sistema, e sim sistemas periféricos que, devido às particularidades do ramo de operação da

empresa, não são contidos no sistema integrado.

[...] a maior parte dos relatórios que a gente consegue obter ou necessita obter, estão

fora do ERP, eles estão em ferramentas paralelas da informação, ferramentas de

service desk que nós temos lá implementado, e que vão te dar embasamento do que

o pessoal está demandando da área de TI. Então você não busca no ERP esse tipo de

informação, você acaba buscando esse tipo de informação em ferramentas de gestão

de área de TI, especificamente.(ENTREVISTADO 4, 2016)

A questão IItraz a seguinte questão: Visando conhecer se o sistema implantado

possui as mesmas estruturas definidas pelo seu fornecedor, após a implantação do sistema

ERP, foi necessária alguma customização no produto padrão adquirido? Se sim, quais

alterações foram realizadas? Possuí relação com qual área operacional? Como essas alterações

o ajudaram no processo de tomada de decisão - se é que de fato colaboraram para o processo?

Esta questão propõe a compreensão da forma como o sistema é utilizado e visa

compreender se existe alguma adequação ou customização nas funcionalidades do sistema

que altere suas características ou regras traçadas pelo fornecedor.

Grabski, Leech e Schimidt (2011), em seus estudos, reconhecem que o processo

de implantação de ERP demanda altos investimentos não somente em tecnologia, mas em

treinamento, para que a operacionalização do sistema seja realizada de forma correta e seja

possível extrair dados válidos acerca da operação gerenciada.

Os entrevistados, de um modo geral, afirmaram ter customizações que facilitam o

processo operacional, de modo a não somente atender às necessidades específicas da

organização, mas facilitar o manuseio do sistema,minimizando a margem de erros decorrentes

da utilização indevida da ferramenta.

O entrevistado 4 afirma sobre a constante necessidade de customizar os sistemas

integrados de gestão, uma vez que os padrões sugeridos pela fábrica de software não

atendema todos os ramos de atividade com a mesma assertividade e atenção aos detalhes

operacionais.

O ERP tem processos stands, então no caso do SAP ou no caso do TOVS, isso

acontece bastante, se fala muito, “vamos implementar uma vertical de indústria de

bens de consumo, de mineração, de petróleo e tudo mais”. Os fabricantes acabam

entendendo que ali estão toda a composição que a empresa necessitaria em termos

de informação para nos dizer. Não é verdade, sempre falta. (ENTREVISTADO 4,

2016)

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A Teoria da Complementariedade aplicada à implantação de ERPs, no aspecto em

que relaciona a importância da consultoria e do planejamento das atividades, trata com

dedicação a necessidade de customizações, além de reforçar que alterações devem ser

realizadas de maneira restrita com a finalidade de atender às necessidades específicas da

operação para o tratamento ou input dos dados e não por necessidades de navegabilidade ou

qualquer outra operação relacionada ao manuseio do sistema.As estruturas propostas pelo

fornecedor estão em conformidade com as regras de negócio geralmente aceitas, o que

descaracteriza a utilização de customizações operacionais.

O entrevistado 5 sinaliza a existência de customizações que atendem não só a

particularidades de sua organização que atua no ramo de serviços hospitalares, como também

ade alterações relacionadas à usabilidade do produto.

A usabilidade. Sim, e a forma como opera pelas peculiaridades da instituição.

[...]por ser um hospital tem umas coisas diferentes, então nem sempre contempladas

no pacote padrão. (ENTREVISTADO 5, 2016)

A interpretação da questão II nos remete à compreensão de que os padrões, ainda

que sistemas sejam estruturados e desenvolvidos com base nas regras de negócio geralmente

aceitas, geram a necessidade de customizações ou adequações no sistema.Isso evidencia a

forma como as operações são conduzidas e administradas, de tal modo que o input dos dados

já são realizados de forma personalizada pela organização.

A questão III aborda a utilização de outros sistemas para a operação

organizacional além dos ERPs através da seguinte colocação: A empresa utiliza outros

sistemas para controle operacional além do ERP? Se sim, em qual área? Quais informações

são fornecidas por ele? De que maneira estas informações o ajudam a tomar decisões? Elas o

ajudaram a “encurtar o caminho” da decisão? Explique como.

Ao investirem em sistemas integrados de gestão, as empresas buscam eliminar a

utilização de diversos sistemas, sistemas independentes por área operacional com a

expectativa de utilizar somente os ERPs, que são considerados, portanto, a espinha dorsal das

operações empresariais (PEREZ; RAMOS, 2013).

Dos entrevistados, apenas representantes de duas empresas afirmaram utilizar

outros sistemas além dos ERPs para sua operação. Uma das empresas, atuante no ramo de

bens de consumo, possui um sistema periférico relacionado ao gerenciamento de estoques;a

outra, atuante do ramo de serviços hospitalares, está relacionada às epidemiologias para o

acompanhamento das necessidades de especialização de seus clientes.

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O entrevistado 3 afirma a necessidade deutilizar sistemas periféricos para otimizar

a administração logística de sua organização que, por se tratar de bens de consumo, não deve

permitir que seus clientes fiquem desabastecidos.Os ERPsdeixaram a desejar neste item.

Ele ajuda a tomar decisão em termos de separação de pedido, para quem eu vou dar

prioridade no momento da separação, no momento da expedição; às vezes você tem

vendas consignadas, que isso depende de chegar muito rápido nas lojas, nos clientes

para ele pôr isso em uma prateleira. Então você tem os volumes, você tem

fracionado, você tem pedidos fracionados, então o WMS te ajuda muito na tomada

decisão. Olhando... depois que o pedido entra no painel, você toma as decisões do

que vai separar ou não. (ENTREVISTADO 3, 2016)

4.1.2 A influência de heurísticas e vieses cognitivos para tomada de decisão

A questão IV possui um enfoque financeiro e indaga os entrevistados:Para

decisões relacionadas a finanças, quando a empresa apresenta uma sobra de caixa e, portanto,

é interessante a realização de um investimento, seja em produto financeiro ou qualquer outro

como compra de equipamentos, por exemplo, quais critérios são levados em consideração

para este tipo de decisão?

Com a finalidade de compreender eventuais vieses relacionados à heurística da

disponibilidade questionava: Quais são as informações que você usa para tomar decisões

financeiras? Com que frequência analisa estes dados?

A importância dos dados colhidos se altera de acordo com a frequência de análise

ou a frequência em que são colocados em evidência?

Das informações analisadas, quais você considera que seja(m) mais relevante(s)?

De que maneira você classifica sua relevância?

Eventos que lhe tenham causado alguma emoção (estresse, preocupação,

alegria...) relacionados à situação analisada, afetam a forma como você toma decisões? O uso

de ERPs ajudam a minimizar esses aspectos emocionais ao tomar tuas decisões? De que

forma?

Para analisar ajustes relacionados à heurística da representatividade, a questão

questão complementar propunha: Quando você toma decisões financeiras, você utiliza o

mesmo tipo de dados (ou até os mesmos dados) que usou no passado para tomar decisões

semelhantes? Em caso positivo de que maneira a semelhança entre as situações (a anterior e a

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atual) é definida de modo que sejam comparas, ou agrupas? Este atalho colabora para uma

decisão mais assertiva? Por quê?

Com a finalidade de compreender a influência de vieses relacionados à heurística

da ancoragem, foi colocada a seguinte questão: Ao tomar decisões financeiras, qual o seu

ponto de partida para estimar o cenário desejado? De que maneira as suas experiências

anteriores ou hipóteses afetam o desenho deste cenário?

Visando compreender quais critérios são utilizados para se tomar decisões

relacionadas à sobra ou à necessidade financeira, sobre quais fatores são relevantes no

momento de realizar um investimento ou recorrer à capital de terceiros.

De modo geral, os entrevistados afirmaram utilizar ferramentas tradicionais para

pautar suas decisões, tais como fluxo de caixa, análise de investimentos utilizando indicadores

como break even pointe taxa interna de retorno.

O entrevistado 3 detalha suas ferramentas e os critérios utilizados para pautar suas

decisões:

[...] nós trabalhamos com fluxo de caixa, e esse fluxo de caixa me direciona, ele me

ajuda a ter um norte, se eu vou fazer uma aplicação bancária, se eu vou investir em

máquina, se eu vou comprar uma empilhadeira para o meu CD, um porta-pallet, em

cima do meu fluxo de caixa. (ENTREVISTADO 3, 2016)

Com a finalidade de compreender a influência de vieses cognitivos relacionados à

Heurística da Disponibilidade, questionamos sobre a influência da frequência dos dados

utilizados na tomada de decisões sobre aspectos financeiros.

Os entrevistados afirmaram que, por se tratar de decisões relacionadas às

tendências econômicas, as frequências das informações não tendem a influenciar, já que a

sazonalidade da operação está sendo considerada. Além disso, conta-se com os dados

extraídos do ERP para conhecimento dos dados históricos.Já a projeção dos números é feita

com base em um mix de indicadores de mercado, tais como índice de inflação e indicadores

de desempenho financeiros próprios da organização.

O entrevistado 1 expõede forma clara que a frequência das informações estudadas

por Bazerman (2004) não é um fator importante ao tratar de decisões relacionadas aos

investimentos ou à captação de recursos:

Não, eu não tenho um peso maior pelo momento onde aquela despesa ocorreu. A

relevância é sempre baseada no comparativo com o orçado, então eu já tenho uma

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previsão do ano seguinte todo, e aí, dependendo da variação que ocorre, em que tipo

de gasto aquilo ocorreu, aí sim, isso é relevante. (ENTREVISTADO 1, 2016)

Outro aspecto estudado por Bazerman (2004) trata da influência das emoções na

tomada de decisão. No caso de decisões financeiras, são aspectos racionais os mais relevantes.

Foram reconhecidos elementos estudados por Von Neumann e Morgenstern (1944) para o

desenvolvimento da Teoria da Utilidade Esperada.Segundo essa teoria, é a utilidade do

investimento a ser feito que se torna relevante, e as informações que refletem melhor as

necessidades da organização se tornam mais importantes ante informações frequentes ou

relacionadas aos aspectos emocionais.

O entrevistado 2 destaca o contraponto da decisão, afirmando que, ao se tomar

decisões financeiras, existe uma relação entre racionalidade e afeto.Esta medida foi

contemplada pelo modelo bidimensional da decisão estudado por Camerer, Loewenstein e

Prelec (2005).

Exatamente, que você extrai o seu atual do sistema, e monta manualmente uma

projeção. E tem muita coisa que é subjetiva, que é realmente ganho de escala, enfim,

coloca uma descrição lá que fundamente isso. Eu costumo dizer que assim, a

decisão, ela talvez seja 60/40. 60% ela é um feeling dos gestores com relação a esse

projeto, “é importante, a gente precisa fazer”, e 40% com base nas informações que

são apresentadas. Que na nossa empresa sequer são consistidas, para ver se

realmente ela estava no sistema. (ENTREVISTADO 2, 2016)

No entanto, são os dados financeiros e econômicos que definem a ação a ser

tomada:

[...] o critério emocional, ele é importante. O critério emocional existe em tudo,

quando você tem pessoas, você tem fatura emocional sim. Mas assim, eu gosto de

usar a palavra política, porque se por acaso você tem determinado projeto, como

esse que a gente estava falando, ele tem um retorno de produtividade, certo? Eu não

tenho um retorno financeiro, então provavelmente o CFO vai dizer, “esse projeto

não é relevante, porque ele não me dá retorno financeiro”. (ENTREVISTADO 2,

2016)

Outro aspecto cognitivo estudado por Bazerman (2004) trata da

representatividade, a tendência de indivíduos utilizarem os mesmos dadosdo passado para

pautar suas decisões. De modo geral, aose tomar decisões financeiras, a origem dos dados

tende a ser a mesma, as ferramentas tradicionais para acompanhamento de mercado; porém,

as informações capturadas tendem a se modificar, isto porque a tendência econômica do

cenário é relevante, o que remete as organizações a uma necessidade de interpretação para

compreender quais dados refletem o cenário atual.

O entrevistado 5 aborda com clareza a impossibilidade de tomar decisões

programadas em relação a finanças:

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Não necessariamente, aí você tem toda uma curva de aprendizado. Você pode ter

descoberto que um dado você dava um valor e não serviu para nada, ou você sentiu

falta ao longo do processo e aprendeu que é melhor colocá-lo. Então pode até ser

muito semelhante, você vai buscar, ok, a estrutura vai ser a mesma, mas que vai usar

todos os mesmos dados? Não. Vou acabar incluindo ou excluindo algumas variáveis

nessa análise. [...] “puxa, podia ter visto isto. Ok, na próxima eu já sei que eu vou

incluir mais um dado”. Então não há nenhuma garantia que eu vou usar os mesmos...

exatamente o mesmo conjunto de dados. (ENTREVISTADO 5, 2016)

Quanto à tendência em utilizar experiências ou hipóteses como ponto de partida

para ajustar decisões financeiras, os entrevistados partem sempre de uma situação já vivida, e

destacam a importância deste movimento, como a aplicação da expertise ao negócio. São

essas âncoras que fazem com que dados históricos se tornem estratégicos e úteis às

organizações, alavancando a possibilidade de ganhos.

[...] elas são muito conservadoras, e aí a quebra, resistência que se tem é bastante

grande a esse tipo de inovação. O pessoal ainda está arraigado no conceito de que

tudo aquilo que eu fiz no passado e deu certo é o correto a ser feito e de

continuidade. Não muda facilmente para implementar esse tipo de ferramenta

tecnológica que possa dar um outro modelo para cá. (ENTREVISTADO 5, 2016)

Em resumo, ao se tomar decisões financeiras, a utilização de sistemas integrados

de gestão é útil, pois estes fornecem dados históricos em relação à operação e, principalmente,

sobre os resultados financeiros da organização. A partir destes dados, são aplicados

indicadores econômicos e de desempenho, e o resultado determina qual melhor ação a ser

tomada.Não existe, portanto, influência de vieses relacionados à disponibilidade das

informações ou à facilidade de lembrança, de recuperabilidade das informações. O que existe

é a utilização de vieses relacionados à ancoragem de cenário desejado e, portanto, é a

experiência do gestor que garantirá a eficácia do ajuste a ser realizado.

A questão V aborda o seguinte aspecto: Em situações relacionadas à operação

empresarial, diante da possibilidade de abertura de uma nova unidade de negócio, linha de

produto ou área operacional, quais critérios você usa para tomar decisão? Como estes critérios

são selecionados? Quais fatores são levados em consideração?

Sua missão é esclarecer os critérios a serem utilizados para se tomar decisões

relacionadas à operação, visando conhecer quais fatores são levados em consideração no

momento em que a organização percebe a possibilidade, ou ainda, sente a necessidade de

reestruturar sua operação, seja por meio da criação de um novo produto, unidade de negócio

ou ainda uma nova área operacional.

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Para a compreensão da influência das heurísticas da disponibilidade, foram

também realizadas as seguintes perguntas: Quais são as informações que você usa para tomar

decisões operacionais? Com que frequência analisa estes dados?

A importância dos dados colhidos se altera de acordo com a frequência de análise

ou a frequência em que são colocados em evidência?

Das informações analisadas, quais você considera que seja(m) mais relevante(s)?

De que maneira você classifica sua relevância?

Eventos que lhe tenham causado alguma emoção (estresse, preocupação,

alegria...) relacionados à situação analisada, afetam a forma como você toma decisões? O uso

de ERPs ajudam a minimizar esses aspectos emocionais ao tomar tuas decisões? De que

forma?

Para a compreensão da influência da heurística da representatividade foi realizada

a seguinte pergunta: Quando você toma decisões operacionais, você utiliza o mesmo tipo de

dados (ou até os mesmos dados) que usou no passado para tomar decisões semelhantes? Em

caso positivo de que maneira a semelhança entre as situações (a anterior e a atual) é definida

de modo que sejam comparas, ou agrupas? Este atalho colabora para uma decisão mais

assertiva? Por quê?

E para compreender a influência da heurística da ancoragem, foi colocada a

seguinte questão: Ao tomar decisões operacionais, qual o seu ponto de partida para estimar o

cenário desejado? De que maneira as suas experiências anteriores ou hipóteses afetam o

desenho deste cenário?

Ao tomar decisões relacionadas às operações, questões estratégicas são mais

relevantes que questões financeiras quando utilizadas para embasamento da ação.As

estratégias conduzem a operação a resultados em médio ou longo prazo, garantindo a

sustentabilidade da instituição.

O entrevistado 3 viveu recentemente uma experiência que vai ao encontro do que

foi levantado nos estudos, em que foi criada uma nova unidade de negócio pelo resultado

estratégico que indicava não necessariamente apenas ganhos financeiros.O mercado exige

inovação; logo, as empresas devem inovar, ainda que isto não lhe traga resultados financeiros

imediatos.

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Recentemente nós tivemos uma oportunidade. Nós tivemos uma oportunidade de

tomar uma decisão de comprar uma empresa de e-commerce. Então nós tomamos

uma decisão por uma marca existente, ela tinha o know-how no mercado, nós temos

o know-how de distribuição. Nós aproveitamos o nosso know-how interno em

conhecimento de produto e adquirimos um e-commerce de brinquedo, na mesma

linha. Então foi montado, dado segmento em uma empresa que é do nosso próprio,

vamos dizer, mercado, onde a gente tem esse conhecimento do negócio. Então a

gente tinha uma empresa de 10 anos de e-commerce e acabamos investindo em uma

nova empresa. [...] Em e-commerce a princípio você não ganha dinheiro, mas você

mais investe para depois tentar chegar, pelo menos, em um breakeven. Não é... o e-

commerce, a maioria dos e-commerce você investe. Então você está agregando isso,

aportando, você está aumentando o teu volume para amanhã ou depois... não é o

resultado do e-commerce que vai te valer amanhã ou depois, mas sim o capital social

que você acumulou em uma hora de venda. (ENTREVISTADO 3, 2016)

Malcovati et al.(2003)destacaram o Princípio da Expectância Matemática como a

primeira teoria matemática a tratar o comportamento, um modelo proposto para solucionar

questões irracionais de maneira racional. Logo, Von Neumann e Morgenstern (1944) criaram

a Teoria da Utilidade Esperada e entendiam que era possível compreender o comportamento

humano por meio de cálculos matemáticos.

Todavia, o entrevistado 5 relata a impossibilidade de utilizar fatores racionais para

tomar decisões operacionais.

A gente tem uma força de venda, mais ou menos umas 850 pessoas estão todo dia na

rua fazendo pedido de venda e tudo mais. Inicialmente o pessoal imaginou “vamos

capturar informações, passar por um processo de tomada de decisão em um modelo

matemático e devolver para o ponto de venda qual seria o mix ideal de

atendimento”. Foi bastante complicado, o processo de integração e resultado que a

ferramenta te dá. [...] Porque no mercado existem alguns conceitos que uma

ferramenta não é fácil de capturar. A ferramenta que a gente está utilizando, ela já

tem uma metodologia comprovada em algumas indústrias, para bens de consumo,

inclusive, mas o tipo de produto que ela atende ou que ela te dá um resultado é

diferente do nosso, então essas nuances acabam te atrapalhando nesse conceito. [...]

Se você colocar uma prateleira lá com 50 pães de determinado tipo, vendeu lá 49 ou

48, sobrou dois ou três pães em uma prateleira vazia, aqueles pães vão encalhar

certamente. O consumidor vai passar achando que aquele produto tinha algum

problema. Não, nem que ele queira, ele não vai pegar. (ENTREVISTADO 5, 2016)

Este é o limite da racionalidade estudado por Simon (1955).Existem fatores que a

racionalidade não pode compreender, fatores estes que, ao tomar decisão, não podem ser

mensurados por estarem relacionados às características psicológicas e individuaisdaqueles que

tomam a decisão.

A influência de sentimentos, expectativas dos gestores em decisões relacionadas

às questões operacionais estão presentes também no que se refereà frequência dos fatores que

levaram ao ponto de melhoria ou ao debate do problema, que passaram a ser encarados com

maior relevância.

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Outro aspecto importante destacado pelos entrevistados foi a influência das

emoções ao se tomar decisões estratégicas. As emoções, na visão deles, podem indicar a

necessidade iminente em se alterar a maneira como se opera, já que esta é uma rotina

altamente influenciada pela sensibilidade das pessoas envolvidas no processo.

O entrevistado 1 destaca que aspectos emocionais trazem consigo a necessidade

de um acompanhamento mais próximo para que o ponto não se transforme em um problema –

as emoções têm a capacidade de potencializar problemas ou situações a serem melhoradas.

Essa interação é sempre muito relevante, a gente sempre tem que entender as

necessidades de cada área, [...] a gente tenta reverter esse sentimento. Então as áreas

que são mais críticas, eu procuro fazer reuniões mensais com o gestor da área,

entender as demandas e dar um feedback mais frequente. (ENTREVISTADO 1,

2016)

Quanto à influência de eventos passados para tomada de decisão relacionadas à

operação, as pretenções traçadas pelos gestores sofrem grande influência de vieses cognitivos.

O entrevistado 4 destaca que a capacidade de reconhecer elementos passados e de efetuar

ajustes que tragam decisões assertivas é que fazem com que os gestores sejam valorizados no

mercado. Ele destaca um ponto importante, que é o conhecimento que o gestor possui sobre o

cenário e sua capacidade de interpretar elementos influenciadoresdo ramo de atividade da

organização.

Então você tem que, realmente, usar esse conhecimento de pessoas que já

vivenciaram aquilo e tem expertise para trazer. Por isso são tão valorizadas no

mercado pessoas que participam e conhecem o tipo de varejo que atendem, são

bastante valorizadas porque trazem esse expertise para você. A ferramenta por si só

é um coletor de dados, ela não te interpreta da maneira adequada de como você vai

conseguir atingir aquilo e tentar fazer uma projeção. Já se diz, “projeção é feita para

dar errado”.(ENTREVISTADO 4, 2016).

O entrevistado 4 destaca que os dados contidos no sistema são apenas dados

coletados, mas a projeção depende da experiência aplicada pelo gestor. Este ponto recebeu

destaque na Teoria do Prospecto estudada por Kahneman e Tversky (1979), em que a perda

apresenta um peso mais relevante se comparada ao ganho.

Em resumo, a interpretação que se pode fazer ao agrupar as informações

disponibilizadas pelos entrevistados é quese tornam menos importantes os resultados

financeiros apresentados pelo sistema frente ao risco mensurado pelo gestor em se manter

ativo no mercado.É a aversão à perda de produtividade ou de espaço no mercado que

impulsionam decisões operacionais.

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A questão VI aborda decisões relacionadas ao planejamento estratégico e

financeiro (orçamento) das organizações através da seguinte questão: Quanto a decisões

estratégicas, no processo de planejamento estratégico ou elaboração de orçamentos anuais,

quais critérios você utiliza para estipular valores? Quais critérios são aplicados ou fatores que

influenciam esta decisão?

Esta questão central visa compreender a participação dos sistemas integrados de

gestão para a projeção de medidas que garantirão a sustentabilidade e a expansão das

organizações.

Para analisar a influência da heurística da disponibilidade foram colocadas as

seguintes questões:

Quais são as informações que você usa para tomar decisões estratégicas? Com que

frequência analisa estes dados?

A importância dos dados colhidos se altera de acordo com a frequência de análise

ou a frequência em que são colocados em evidência?

Das informações analisadas, quais você considera que seja(m) mais relevante(s)?

De que maneira você classifica sua relevância?

Eventos que lhe tenham causado alguma emoção (estresse, preocupação,

alegria...) relacionados à situação analisada, afetam a forma como você toma decisões? O uso

de ERPs ajudam a minimizar esses aspectos emocionais ao tomar tuas decisões? De que

forma?

Para compreender a influência de vieses relacionados à heurpistica da

representatividade os entrevistados responderam à seguinte indagação: Quando você toma

decisões estratégicas, você utiliza o mesmo tipo de dados (ou até os mesmos dados) que usou

no passado para tomar decisões semelhantes? Em caso positivo de que maneira a semelhança

entre as situações (a anterior e a atual) é definida de modo que sejam comparadas, ou

agrupadas? Este atalho colabora para uma decisão mais assertiva? Por quê?

E para a compreensão da influência de vieses relacionados à heurítica de

ancoragem, foi realizada a seguinte questão: Ao tomar decisões estratégicas, qual o seu ponto

de partida para estimar o cenário desejado? De que maneira as suas experiências anteriores ou

hipóteses afetam o desenho deste cenário?

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Os entrevistados afirmam que decisões estratégicas são embasadas nos valores,

nas crenças da empresa, pois são as estratégias que encaminharão a organização para o

alcance dos objetivos pelos quais ela foi criada.

O entrevistado 5, enquanto esteve no cargo de diretor financeiro, destacou que o

papel de informações objetivas como resultados financeiros projetados a partir de dados

históricos são somente um elemento para se tomar decisões estratégicas, são os estudos

objetivos que informam aos gestores a sustentabilidade do planejamento. Porém, o

planejamento deve conduzir a instituição ao alcance de sua missão, respeitando-seos seus

valores.

Quando pensar no planejamento estratégico, [...] estou buscando a sustentabilidade

da instituição como um todo. Então ele precisa ter uma sustentabilidade financeira

sim, mas eu vou estar olhando para mercado, para estar compondo a situação

financeira, eu vou estar olhando para a tecnologia, que vai estar tomando uma

participação importante no cenário, quando eu montar pensando em planejamento

estratégico. [...] Se eu montar uma estratégia que não seja financeiramente

sustentável, não adianta. Mas ela não pode ser só isso. [...] Porque está ligado

intimamente aos valores, e um dos valores é a questão filantrópica, é como ele

nasceu. (ENTREVISTADO 5, 2016)

Decisões estratégicas são influenciadas pela frequência com que os dados

utilizados como base são apresentados.Isto porque essa frequência pode indicar uma

tendência, ainda que não se observe sua sazonalidade ou seu histórico de repetição. Os fatos

mais recentes tornam-se mais relevantes, pois o planejamento trata de futuro, e os fatos atuais

podem indicar que no futuro eles voltarão a acontecer.

O entrevistado 5 aborda a relevância dada aos fatos mais recentes ou mais

frequentes ao se planejar o futuro.

O dado mais recente pode mostrar uma tendência. [...] Aí você falar, “mas pode ter

sido um ponto fora de curva”, aí você ok, tem que ir de novo, parar, respira, e ver se

não está supervalorizando o dado recente. Mas ele pode de fato demonstrar uma

tendência, que para a montagem da estratégia, pode ser a diferença entre uma boa e

uma má estratégia.(ENTREVISTADO 5, 2016).

Outro viés cognitivo aplicado às decisões estratégicas é caracterizado pela

capacidade de influenciar as emoções. Por se tratar de decisões que afetarão o futuro, o

sentimento de paixão ou o desejo de conquista são fatores relevantes para pautar decisões

dessa natureza, ponto abordado também pelo entrevistado 5:

Então na estratégia, ela sim, entra com um peso muito grande, porque alguém vai

defender essa ideia com paixão, com fervor, por um lado ou por outro, mas vão ter

outras pessoas que vão ter uma experiência diferente com isso para poder fazer um

contraponto, e na discussão desse colegiado de estratégia, vai chegar a um valor,

provavelmente um meio-termo bastante interessante. (ENTREVISTADO 5, 2016).

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O entrevistado destaca, no entanto, que a utilização de sistemas integrados de

gestão colabora para atenuar nuances de emoção, pois estas apresentam informações objetivas

e históricas que colaboram para uma melhor interpretação dos sentimentos.

Em decisões relacionadas à estratégia, o equilíbrio posposto pela teoria

bidimensional de Camerer, Loewenstein e Prelec (2005) é reconhecido de modo a aproximar

o ator da decisãoao ponto ótimo da decisão, onde existe uma motivação emocional e uma

análise racional acerca da estratégia estudada.

Quanto à possibilidade de se tomar decisões programadas utilizando os mesmos

dados, ou o mesmo tipo de dados que se usou no passado para tomar decisões, os

entrevistados destacam que as estratégias estão relacionadas ao cenário futuro, à necessidade

de inovação, o que afasta a decisão de utilização de dados passados.

O entrevistado 5 destaca os limites da racionalidade estudados por Simon (1955):

Achar um bom matemático, um bom economista, um bom contador, você pegar o

pessoal olhando para o passado, e vai chegar em um lugar bom. [...] Aí você tem

toda a ferramenta matemática para projetar o que vai acontecer. E a gente sabe que o

mundo não vai seguir a linha (ENTREVISTADO 5, 2016).

Quanto à realização de ajustes a partir de experiências e hipóteses de alcance de

resultados, as empresas afirmam que os resultados passados são utilizados como base de

ajuste ao cenário atual.São eles que apresentam quão assertivas foram as estratégias

anteriores.

O entrevistado 1 destaca a maneira como essas âncoras para a decisão foram

definidas, além do risco de se efetuar ajustes corretos e efetivos no cenário atual.

Mas sim, sempre é importante olhar para o passado, ver aquilo que você acertou e

errou para planejar teu futuro. Dentro da minha área, que é uma área de tecnologia,

sempre a gente tem que olhar para fora e ver o que as outras empresas estão fazendo,

o que o mercado tem de novo. Isso é uma coisa que vai se repetir sempre também,

sempre a gente tem que olhar para fora.(ENTREVISTADO 1, 2016).

Em resumo, os entrevistados consideram que, ainda que haja uma participação,

sistemas integrados de gestão não são ferramentas efetivas para o planejamento estratégico.

Decisões dessa natureza são muito mais influenciadas por fatores subjetivos do que outras,

isso porque está relacionado a tendências, a um cenário futuro em constante modificação.

A questão VII aborda a utilização de sistemas para a tomada de decisão de forma

abrangente, através da indagação: Fazendo uma pergunta bem ampla você acredita que o ERP

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ajuda a “encurtar” caminhos de decisão? De que forma? Quais os riscos relacionados a esses

atalhos?

A finalidade desta questão é permitir que os entrevistados coloquem sua opinião

sobre a colaboração de sistemas integrados de gestão como ferramentas de apoio ao processo

decisório.

O entrevistado 4 exalta os resultados colhidos com a utilização destes sistemas e

afirma que a utilização de sistemas como um atalho para decisões, ainda que menos

estruturadas, não oferecem risco à organização.

O ERP consegue, pelo fato de ser uma ferramenta estruturada, com base no processo

que a companhia conseguiu desenhar, ela vai estruturar essas informações em um

cenário de coleta, que se você tentar apenas de forma sem olhar estatisticamente, não

conseguiria perceber de verdade. Então ele ajuda no tocar do dia a dia da

companhia, mas isso tudo são informações que depois quando se consegue botar de

forma estatística, vai te ajudar a atenuar o comportamentos do passado [...]. Um

gestor experiente consegue perceber a nuance daquilo que ele está enxergando. E aí

realmente, se se trata de gestor que conhece o mercado, qual área atua, a ferramenta

por si só não vai trazer qualquer risco desse conceito. Ele consegue olhar para a

ferramenta, consegue olhar para o resultado, consegue olhar para o número e

interpretar aquilo de forma assertiva. (ENTREVISTADO 4, 2016).

Em resumo, os entrevistados chegaram ao consenso de que sistemas integrados de

gestão são indispensáveis para o processo decisório. São efetivos nos processos de tomada de

decisões estruturadas, programas, uma vez que possuem alta capacidade de armazenamento

de informações operacionais de forma segura e coerente, possibilitando a integração entre as

áreas. Destacam ainda que, para as decisões menos estruturadas, existe também relevância na

utilização de sistemas integrados de gestão, de modo a fornecer dados históricos que

permitam o cruzamento de dados e a projeção de informações, válidas à análise situacional

para uma posterior tomada de decisão.

4.2 ANÁLISE DE DADOS SOBRE APLICAÇÕES SITUACIONAIS DE ASPECTOS

COGNITIVOS

Os entrevistados expostos a situações relacionadas aos vieses cognitivos de

comportamento e interpretação de cenáriospuderamverificar que as situações apresentadas

estavam relacionadas aos vieses de heurísticas cognitivas.

Ao responder “sim”, os entrevistados concordavam totalmente, permitindo-nos a

interpretação de que são, naquelas situações, influenciados por vieses ao interpretar o cenário.

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Ao responderem “não”, os entrevistados discordavam totalmente, permitindo a interpretação

de que, para análise daquele cenário, não eram influenciados por vieses.

Analisando a resposta dos gestores diante de situações cuja interpretação indica a

influência por vieses, diante de situações que remetem à Heurística da Disponibilidade dos

dados, 13 respostas indicavam a influência de tais vieses, enquanto apenas 2 respostas não

indicavam tais influências.

Em situações que indicavam a influência de vieses relacionados à Heurística da

Representatividade da amostra, o impacto foi menos discrepante –13 respostas concordavam

com a influência de vieses, enquanto 12 não concordavam.

A influência de vieses relacionados à Heurística da Ancoragem e ajustes de

resultados foi maior– apenas 1 resposta não concordava com a influência destes vieses,

enquanto as outras 9 concordavam.

A influência de heurísticas mais abrangentes representadas pelos vieses de

“armadilha da confirmação”, “previsão retrospectiva (hindsight) e a maldição do

conhecimento”obteve7 respostas dadas pelos gestores indicando concordar com a influência

de tais vieses, enquanto 3 não indicavam tal influência.

A análise citada das respostas dos gestores para o relacionamento entre as

situações e as heurísticas cognitivas propostas por Bazerman (2004) evidencia que os gestores

sofrem influências de vieses ao efetuar a leitura ou a interpretação de cenários. Apresentam,

portanto, uma tendência à confirmação levantada durante os estudos relacionados aos limites

da racionalidade de Simon (1955). Indivíduos tendem a interpretar cenários

e,consequentemente,a tomar decisões pautadas por associações pressupostas, e não

necessariamente por dados racionais, segundo os estudosbaseados nos sistemas integrados de

gestão.

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5 CONCLUSÃO

A motivação inicial para o desenvolvimento deste trabalho aconteceu a partir da

experiência da autora no processo de implantação de sistemas integrados de gestão. Ao longo

de seus oito anos de atuação em consultoria para implantação de sistemas ERPs, observou

que, apesar dos altos investimentos em tecnologia para a implantação de um sistema único

para a gestão dos negócios, após meses de implantação, as empresas contratantes voltavam a

contatar a equipe de consultoria para o desenvolvimento de customizações no sistema. Outro

ponto observado é o de que as empresas contratadas não utilizavam as informações

diretamente extraídas pelos ERPs,sendo necessários ajustes ou auxílio de outra ferramenta.

Os sistemas integrados de gestão, enquanto principal ferramenta operacional e

consequentemente fonte de informação gerencial, poderiam, ao contrário do entendido pelas

teorias clássicas econômicas para a tomada de decisão, conter elementos cognitivos, tornando

a extração de dados mais próxima da realidade dos usuários responsáveis para análise dos

dados.Dessa forma, o desenvolvimento do produto seria mais assertivo em prol do

atendimento de necessidades das empresas contratantes, evitando o volume de customizações

e a utilização de ferramentas acessórias e, consequentemente, potencializando o uso da

inteligência de negócio da consultoria para a interpretação dos dados e o desenho de cenários

estratégicos mais ágeis e eficazes, de modo a colaborar para que essas empresas se tornem

ainda mais competitivas e economicamente sustentáveis.

Analisando o histórico de publicações relacionadas ao assunto, a autora verificou

que havia diversos estudos relacionados à utilização de sistemas integrados de gestão em

processos de tomada de decisão e tantos outrosrelacionados a aspectos cognitivos aplicados

ao processo de tomada de decisão. Porém, a literatura da utilização de ERPs em processos

decisórios baseados em modelos cognitivos ainda era escasso. Desta inquietação surgiu a

necessidade de ir a campo e compreender como gestores que utilizavam o ERP Totvs12 da

empresa Totvs S/A tomavam suas decisões, bem como a forma que utilizavam o sistema, de

modo a minimizar eventuais diferenças provenientes do desenvolvimento do produto utilizado

nas organizações estudadas.

Através do estudo o problema de pesquisa apresentado foi objetado, mostrando a

visão dos gestores sobre a possibilidade dos ERP’s utilizados pelas organizações, para tomada

de decisão, diminuírem ou não os vieses de decisão decorrentes do uso de heurísticas.

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Ao longo dos estudos, foi observado,por meio das cinco instituições estudadas,

que, para a utilização adequada dos sistemas, foi necessária a realização de alguma adequação

para o atendimento de necessidades específicas da organização. Tais modificações justificam-

se pela diversidade de ramos de atividade estudados. Um fator comum presente em todas as

instituições foi o desenvolvimento de relatórios para a extração de suas informações. Esta

necessidade reflete a particularidade das organizações ao analisarem seus dados. Indo ao

encontro de aspectos cognitivos, das 12 situações colocadas pelos gestores que indicavam a

influência de vieses que geram um total de 60 respostas, 42 delas concordavam com a

sentença, de modo a indicar a influência de vieses durante a análise. Ao considerar apenas as

3 situações relacionados à Heurística da Disponibilidade da informação, do total de 15

respostas, 13 indicaram concordância, ou seja, influência de vieses. Nas questões qualitativas,

os entrevistados afirmaram que apenas as decisões financeiras não sofrem este tipo de

influência.

Quanto à decisão relacionada às finanças, a influência de vieses apresentou-se

menos importante.Os entrevistados destacaram que decisões dessa natureza são pautadas em

informações e indicadores objetivos, o que minimiza a influência de fatores cognitivos

eventualmente presentes na visão dos gestores. Logo, os sistemas são ferramentas importantes

para decisões dessa natureza, já que possuem a capacidade de centralizar e mensurar

informações importantes para a sustentação da decisão a ser tomada.

Ao pesquisar decisões relacionadas à operação das organizações, os sistemas

apresentaram-se menos utilizados quando comparados com a influência de aspectos

cognitivos. Um ponto considerado por todos os entrevistados foi a presença de fatoresnão

financeiros, bem como a influência de emoções ao analisarem dados necessários para a

tomada de decisões operacionais. Decisões dessa natureza tendem a ser estratégicas, não

visando aapenas fatores objetivos. Estão relacionadas à experiência do gestor, que relaciona

os dados apresentados pelo sistema a fatos vivenciados pela organização,conduzindo às

informações necessárias para pautar as decisões.

Decisões relacionadas ao planejamento estratégico contêm pouca influência dos

sistemas integrados de gestão. Estas respostas, já previstas no desenvolvimento dos estudos

relatados nos capítulos destinados aos sistemas de informação, evidenciam que sistemas

integrados de gestão colaboram para decisões estruturadas.Logo, quanto mais subjetiva for a

decisão a ser tomada, menos contarão com o apoio de sistemas integrados.

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Desta forma, conclui-se através dos estudos que, ainda que seja uma importante

ferramenta para o processo decisório, os sistemas integrados de gestão não contêm elementos

que facilitam a visualização e a interpretação dos dados aos gestores, expondo as decisões aos

aspectos cognitivos. Com os achados apresentados através dos estudo, sugere-se que as

empresas desenvolvedoras de sistemas busquem soluções para que as consultas e os relatórios

gerados pelo sistema considerem aspectos das heurísticas de Disponibilidade,

Recuperabilidade e Ancoragem, de modo a minimizar erros de subjetividade ao analisar dados

para a tomada de decisão.Logo, a contribuição deixada para a empresa Totvs,foco da

pesquisa, é que estude a viabilidade para o desenvolvimento de seu produto de modo a

proporcionar a diminuição da influência de heurísticas e vieses cognitivos sofrida por seus

gestores por meio de uma navegação em consultas ou emissão de relatórios mais intuitiva.

A sugestão para o desenvolvimento de pesquisas futuras é de estender esta

pesquisa a clientes que utilizem outros sistemas de informação gerencial para apoio ao

processo decisório, como o BI- Business Inteligence, ferramenta desenhada e ofertada para

colaborar com a tomada de decisão estratégica. Seria interessante identificar, para estes

sistemas, quais são as suas fragilidades no apoio à decisão quando esta envolve os aspectos

afetivos previstos no modelo bidimensional para decisão ou quando esta se apoie no uso de

heurísticas que podem gerar os vieses de decisão.

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