Slidesteatrogrego

87
ESTUDOS HELÊNICOS O Teatro, a Tragédia e o Tragediógrafo Estudos sobre o drama grego clássico e do drama euripidiano Brian Gordon Lutalo Kibuuka www.briankibuuka.com.br

Transcript of Slidesteatrogrego

Page 1: Slidesteatrogrego

ESTUDOS HELÊNICOS

O Teatro, a Tragédia e o TragediógrafoEstudos sobre o drama grego clássico e do drama

euripidiano

Brian Gordon Lutalo Kibuukawww.briankibuuka.com.br

Page 2: Slidesteatrogrego

Programa do Curso

Page 3: Slidesteatrogrego

Introdução• Questões teóricas• Metodologia• Referências Bibliográficas• Delimitação

O Teatro• Origem do Teatro e das Representações

Teatrais• A descrição do teatro grego• Espaço de encenação e espaço cívico• As festas cívicas

• Biografia• Tragédias de Eurípides• Características do drama

euripidiano

O Tragediógrafo: Eurípides

• A origem da tragédia• Descrição formal do drama trágico• Atores, diretores, coro, corifeu• Financiamento da apresentação

teatral• Concurso teatral• Os tragediógrafos

A Tragédia

Page 4: Slidesteatrogrego

Estudos Clássicos

Estudos Clássicos são estudos da

Linguagem Literatura História Arte

E outros aspectos do Mundo Mediterrâneo. Nosso enfoque neste curso está na investigação do

teatro grego clássico.

Page 5: Slidesteatrogrego

O que um classicista estuda?

ArqueologiaO arqueólogo que é classicista investiga as civilizações a partir

dos restos deixados, para compreender sua cultura e organização social.

História da ArteA arte e arquitetura grega e romana nos influenciam até hoje.• Vasos• Afrescos• Esculturas

Civilização e HistóriaClassicistas usam a arqueologia, a literatura e a história para

compreender a história e cultura do Mundo Antigo.

FilosofiaAs raízes da filosofia Ocidental estão no estudo das obras clássicas.

Page 6: Slidesteatrogrego

Questões Teóricas

Page 7: Slidesteatrogrego

Lendo um texto trágico como documento: princípios metodológicosTexto Literário / Histórico• O texto literário/narrativo é um

“paradigma da distância na comunicação” (RICOEUR, Du texte à l'action, 1986, p. 114)

• “a narrativa literária e a histórica pressupõem uma ordenação do real e a busca da coerência…”

• “Esta coerência fictiva depende de uma possibilidade de construção de sentido articulada no momento da escritura do texto, mas que deverá ser reconstruída pelo leitor.” (LEENHARDT & PESAVENTO, Discurso Histórico e Narrativa Literária, 1998, p. 12)

Texto trágico• Encenado preponderantemente em

festejos cívicos atenienses.• Tragediógrafo: educador da pólis• Liberdade para cidadãos e tragediógrafos

• ninguém é impedido de “conhecer ou ver qualquer coisa... a não ser que isso constitua uma ajuda ao inimigo” (Th. 2.39.1)

• espaço público de educação cívica de forma tal “que toda a pólis fosse um exemplo de educação para a Grécia” (Th. 2.44.1)

• Interferência das tragédias nas questões de interesse dos cidadãos.

• Estímulo financeiro para todos frequentarem o teatro (EASTERLING, The Cambridge Companion to Greek Tragedy, 1997; GOLDHILL, ‘Civic ideology and the problem of difference’, 2000; CARTER, ‘Was Attic tragedy democratic?’, 2004)

Page 8: Slidesteatrogrego

Pólis-teatral e representação dramática

• Atenas, o estado (pólis) teatral:• GEERTZ, Negara: the Theater State in Nineteenth-Century Bali. New York,

1980.• cultura de Atenas: uma cultura da performance (REHM, Greek Tragic

Theatre, 1992; CSAPO, E. & SLATER, J., The Context of Ancient Drama, 1995)

• Representação dramática: • está imbuída de idealidades e mentalidades • está imbuída de rupturas e continuidades • pressupõe um drama e uma audiência julgadora• apresenta “debates, contradições e questionamentos… pela abstração”

(WILLIAMS, Tragédia moderna, 2002, p. 36)• está situada “entre o lugar e o não-lugar, uma localização parasitária, que vive

da própria impossibilidade de se estabilizar” (MAINGUENEAU, O contexto da obra literária, 2001, p. 28). Tal lugar é artístico, mas também político.

Page 9: Slidesteatrogrego

O Teatro

Page 10: Slidesteatrogrego

Theátron – lugar de ver

Page 11: Slidesteatrogrego

Diázōma – “cintura”

Page 12: Slidesteatrogrego

Kerkís - assento

Page 13: Slidesteatrogrego

Prohedría – banco da frente

Page 14: Slidesteatrogrego

Orchḗstra – lugar da dança

Page 15: Slidesteatrogrego

Skenḗ - tenda Proskḗnion – frente da tenda

Logeîon – região da skenḗ onde os atores falam

Page 16: Slidesteatrogrego

Thýrōma – porta com batenteEpískēnos – frente da tenda

Page 17: Slidesteatrogrego

Párodos – caminho ou entrada

Page 19: Slidesteatrogrego

Teatro de Dioniso - Atenas

• Era um anfiteatro• Com capacidade para 20,000 espectadores• Localizado na acrópole

Page 20: Slidesteatrogrego

Layout dos teatros gregos

Page 21: Slidesteatrogrego

Os Festivais Teatrais

Page 22: Slidesteatrogrego

Dionisíacas Rurais

As Dionisíacas Rurais eram

celebradas em honra a Dioniso

nos campos. Vários démoi celebravam

esta festa em diferentes datas, mas todas no

mesmo ano agrícola

durante o fim do período de chuvas, entre dezembro e

janeiro, poucas semanas antes

das Leneias

Leneias

As Leneias era festivais de verão, que

ocorriam entre janeiro e fevereiro.

Dionisíacas UrbanasAs Dionisíacas Urbanas ou Grandes Dionisíacas eram um

festival de primavera celebrado anualmente entre o fim de março e o começo de abril. Dioniso era honrado como patrono

local

Os Festivais Teatrais

Page 23: Slidesteatrogrego

Festivais/Competições

• Dionisíacas• Um festival religioso de Atenas em honra a Dioniso• Por volta de 530 a.C. as tragédias passaram a ser

encenadas• Por volta de 478 a.C, as comédias também passaram a ser

encenadas

Page 24: Slidesteatrogrego

Leneias (Λήναια)• Era um festival Ateniense dedicado ao deus Dioniso• Celebrada durante o inverno, por volta do mês Gamēliṓn [Γαμηλιών,

antigamente chamado de Ληναιών] (janeiro-fevereiro). Consistia, em sacrifícios e em concursos dramáticos de tragédias e de comédias

• As Leneias eram limitadas aos cidadãos atenienses• Durante o festival das Leneias, eram apresentadas peças de teatro e

comédias, era um empreendimento público, organizado pelos magistrados mais importantes da cidade

• Os festejos terminavam em uma assembleia em que todos os cidadãos podiam participar

• Na assembleia, eram avaliados: o desempenho dos organizadores e de todos os concorrentes.

• O festival decorria nos moldes da prática política e democracia Ateniense.

Page 25: Slidesteatrogrego

Dionisíaca Rurais (τὰ κατ΄ἄγρούς Διονύσια)• Descrita vividamente por Aristófanes em Acarnenses

(247-249), gives us a vivid description of the procession• Ocorria em dezembro (Poseideṓn [Ποσειδεών], sexto

mês no calendário ático)• Muitas pessoas frequentavam a festa• Era realizada uma procissão contendo

• Mulheres, com flores e pão• Homens, com vinho e água• Um falo• Um bode• Panela para cozinhar o bode

• A festa durava seis dias, nos quais eram feitas procissões, entoadas canções, eram feitas danças e festas

Page 26: Slidesteatrogrego

Dionisíacas Urbanas (τὰ ἐν άστει Διονύσια / τὰ μεγάλα Διονύσια)

• Festival urbano• Estabelecido no sexto século a.C.• Ocorria três meses depois das Dionisíacas Rurais, entre março

e abril (Elaphēboliṓn [Ἐλαφηϐολιών ], nono mês do calendário ático)

• O festival durava 5 dias• A festa ocorria no final do inverno, numa época frutífera• O teatro de Dioniso era democrático por natureza: todos os

cidadãos eram convidados a participar do festival e até mesmo os prisioneiros eram libertos nesta ocasião

• O desfile do falo terminava com a condução da efígie do “deus” até o teatro para que esse fosse celebrado.

Page 27: Slidesteatrogrego

• Segundo a tradição, o festival foi estabelecido após a anexação de Eleutéria, uma cidade na fronteira entre a Ática e a Beócia

• Os cidadãos da cidade de Eleutéria escolheram fazer parte da Ática

• Os cidadãos de Eleutéria levaram a Atenas uma estátua de Dioniso, que foi inicialmente rejeitada

• Dioniso puniu os atenienses com uma praga que afetou a genitália masculina, curada após a aceitação, pelos atenienes, do culto a Dioniso

• A adesão ao culto a Dioniso e a cura eram recordados todos os anos pela procissão de cidadãos carregando na procissão um falo.

Mais sobre o festival dionisíaco

Page 28: Slidesteatrogrego

Modalidades do Drama Grego

Page 29: Slidesteatrogrego

Performances nos Festivais Teatrais

Ditirambos

Tragédias

Comédias

Dramas satíricos

Page 30: Slidesteatrogrego

DitirambosDescrição Competições entre grupos cantando

ditirambos eram uma parte importante dos festivais

Cada tribo apresenta dois coros: um de homens, outro de meninos, cada um sob a liderança de um chorēgós

O chorēgós vencedor recebe uma estátua que seria erguida às suas próprias custas sobre um monumento público para comemorar a vitória de seu grupo

Page 31: Slidesteatrogrego

Drama Satírico

Derivado, como a tragédia, do ditirambo, e mais antigo que esta

• Das danças mais antigas em honra a Dioniso este drama reteve a imitação dos sátiros

• As suas feições finais são atribuídas a Pratinas, concorrente de Ésquilo nos festivais

Como a tragédia, é um jogo entre o coro e os

protagonistas.

• O drama satírico é uma espécie de tragicomédia

• “é um drama que diverte” (Demetrius, Sobre o estilo, 169).

O único drama satírico supérstite

• é Ciclope, atribuído a Eurípides

• O coro era composto de sátiros.

• Nas grandes Dionisíacas, o drama satírico era a quarta peça de uma tetralogia

Page 32: Slidesteatrogrego

ComédiaO

rigem

Quando a tragédia já havia passado o pico do seu desenvolvimento, floresceu na comédia ática. Ele também tem suas raízes nos festivais dionisíacos.Fazendo uso do riso amargo e zombaria, a comédia tece críticas tanto à vida pública e quanto à privada.

O te

rmo

“com

édia

A palavra "comédia" originalmente significava "Κῶμος cantado"Era uma espécie de festa brincalhona e alegre, um carnaval.O coro usava fantasias absurdas e permanecia vestido sem máscaras. As comédias foram inicialmente encenadas nas Leneias.

Os

prim

eiro

s co

med

iógr

afos

A comédia teve sua primeira evolução artística com Epicarmo de Siracusa, qe viveu no tempo do rei Hierão.Epicarmo colocou em cena estereótipos, como o camponês e o parasita. Encenou o banquete suntuoso, com atores vestidos de forma grotescaAté o ano 487 a.C., as representações foram feitas por amadores. Depois, a comédia se tornou uma categoria oficial dos concursos dramáticos.

Page 33: Slidesteatrogrego

ComédiaO

rigem

Quando a tragédia já havia passado o pico do seu desenvolvimento, floresceu na comédia ática. Ele também tem suas raízes nos festivais dionisíacos.Fazendo uso do riso amargo e zombaria, a comédia tece críticas tanto à vida pública e quanto à privada.

O te

rmo

“com

édia

A palavra "comédia" originalmente significava "Κῶμος cantado"Era uma espécie de festa brincalhona e alegre, um carnaval.O coro usava fantasias absurdas e permanecia vestido sem máscaras. As comédias foram inicialmente encenadas nas Leneias.

Os

prim

eiro

s co

med

iógr

afos

A comédia teve sua primeira evolução artística com Epicarmo de Siracusa, qe viveu no tempo do rei Hierão.Epicarmo colocou em cena estereótipos, como o camponês e o parasita. Encenou o banquete suntuoso, com atores vestidos de forma grotescaAté o ano 487 a.C., as representações foram feitas por amadores. Depois, a comédia se tornou uma categoria oficial dos concursos dramáticos.

Page 34: Slidesteatrogrego

Comédia

Cratino• Contemporâneo de Péricles. • Passou à posteridade como o verdadeiro fundador da comédia ática antiga. • Os poucos comentários a seu respeito mostram-lhe como crítico político,

mas também como um homem simpático e jovial.• Com 90 anos, em 423, venceu Nuvens de Aristófanes no concurso trágico,

a nona de suas vitórias.

Eupolis• Foi o crítico mais impiedoso da situação política e dos sofistas de seu

tempo.• Sua produção coincide com a de seu rival de Aristófanes, seu amigo - mas

depois, ambos romperam. • Eupolis morreu na batalha naval do Helesponto.

Page 35: Slidesteatrogrego

Aristófanes

O mais brilhante dos dramaturgos cômicos gregos do seu tempo.

Viveu entre 450 e 385 a.C.

Ateniense, nascido aos pés da Acrópole, no demo de Cidateneo, ridicularizou as deformidades e loucuras da vida política.

O elemento vital de sua comédia foi a oposição vigilante à política da época.

Page 36: Slidesteatrogrego

A tragédia

Page 37: Slidesteatrogrego

A origem da tragédia

Page 38: Slidesteatrogrego

Transição do Ditirambo para a Tragédia

Os ditirambos são cantados por um coro grego de até

50 homens ou meninos dançando

em formação circular

Os ditirambos normalmente estão

relacionados a algum incidente na vida de

Dionísio

O líder do coro mais tarde se torna o

protagonista, com intercâmbios líricos entre ele e o coro –

nasce a tragédia

Page 39: Slidesteatrogrego

Criador do GêneroTrágico

(tradição)

Téspis

cantor de ditirambos

introdutor de um novo estilo

um cantor – várias personagens

personagens diferentes

com máscaras diferentes

Page 40: Slidesteatrogrego

Criador do GêneroTrágico

(tradição)

Téspis

cantor de ditirambos

introdutor de um novo estilo

um cantor – várias personagens

personagens diferentes

com máscaras diferentes

Page 41: Slidesteatrogrego

Criador do GêneroTrágico

(tradição)

Na Poética de Aristóteles, temos:

uma visão teleológica da tragédia

os ditirambos, cantos em honra do deus

Dioniso, são apontados como o

ponto de partida da “evolução”

o ditirambo passou por transformações até seu acabamento

final

Poét., IV,1449a10-20

Page 42: Slidesteatrogrego

As primeiras tragédias

Temas

Histórias de deuses e heróis

Objetivo

Explorar os problemas humanos

Cosmovisão

Universo governado pelo destinoDestino em interação com a humana de tomar decisões

Recurso temático

grandezadesastre

Page 43: Slidesteatrogrego

Dramaturgos• Ator e dramaturgo• 534? A.C.Téspis• Criador do diálogo• 515-455 a.C.Ésquilo• Introdutor do terceiro ator• 495-405 a.C.Sófocles• “mais trágico dos trágicos” (Arist., Poet., 1453a29-30)• 485-406 a.C. Eurípides• Comediógrafo• 448-380 a.C.Aristófanes• Principal autor da comédia nova, comédia de costumes• 342-291 a.C. Menandro

Page 44: Slidesteatrogrego

A preparação do drama

Page 45: Slidesteatrogrego

Atividades de pré-produção teatral

Escrever a música,

atendendo às

demandas formais do

drama

Entregar o poema/música aos

atores/membros do

coro

Verificar se o chorēgós

executa corretamente as suas

funções

Ensaiar, ensaiar,

reescrever, ensaiar, ensaiar

Aguardar até que o processo

de seleção dos juízes

chegue

Participar do

proagṓn

Page 46: Slidesteatrogrego

As tragédias e os festivais: cronologia

Início das Dionisíacas

Eventos que ocorrem antes

da apresentação das peças

Apresentação das peças

Julgamento das peças

Festa do elenco e início da nova produção teatral

Page 47: Slidesteatrogrego

A teoria da tragédia

Page 48: Slidesteatrogrego

Definição de Tragédia: Aristóteles

Page 49: Slidesteatrogrego

Teoria da Tragédia: AristótelesPoética de Aristóteles• visão teleológica da tragédia• os ditirambos, cantos em honra do deus Dioniso, são apontados como o ponto de

partida da “evolução” do gênero• O gênero passou por transformações até seu acabamento final (Poét., IV,1449a10-

20)

Inovações: número de atores• Segundo o tratado poético, Ésquilo foi responsável pela introdução do segundo

ator• Com o tempo, foi diminuindo a importância do coro• Com a introdução de personagens em cena, a tragédia passa a ter o predomínio do

diálogo das personagens entre si e delas com o coro

Sófocles• é o responsável por colocar três atores em cena• É o responsável pela ênfase ao aspecto cênico nas peças

Page 50: Slidesteatrogrego

Características do drama trágico

Pouca ação encenada

Enredo familiar

Pedagógico

Eixo temático: conflito entre o indivíduo e o universo

Destino trágico provocado pelo crime contra a sociedade ou contra os deuses

Castigo, com o propósito de equilibrar a balança da justiça

Page 51: Slidesteatrogrego

Convenções do Teatro Grego

Principais Convenções

As peças eram encenadas

durante o dia

Os atores usando

conjuntos mínimos e

poucos adereços.

Atores eram todos do sexo

masculino.

Eram usadas máscaras, perucas e

botas de salto alto para aumentar

visibilidade e adicionar

formalidade à caracterização

Devido à intenção

religiosa e estilo,

nenhuma violência era

mostra no palco.

Recurso dramático: um

mensageiro vem ao palco

e fala ao público sobre as mortes e

assassinatos.

Page 52: Slidesteatrogrego

Partes Quantitativas da Tragédia(Poét. XII, 1452b15)

Prólogo

Episódio

Êxodo Coral• párodo• estásimo

Page 53: Slidesteatrogrego

Ordem narrativa da tragédia

Prólogo

apresentação do tema da peça• um ator

(monólogo)• mais de um

ator (em monólogo)

• mais de um ator (em diálogo)

Párodo

primeira ode

Episódios

partes da peça com

cenas

Estásimos

entrecortam os episódios

com a atuação do

coro

Êxodo

• a saída do coro

• com a diminuição do elemento coral, passou a ser a última cena depois do último estásimo

Page 54: Slidesteatrogrego

Elementos dramáticos da Tragédia Grega

A tragédia grega centra-se no reverso da fortuna - peripeteía

• Encena-se a queda do herói trágico e os eventos que levaram a essa queda.• Um dos propósitos principais da tragédia grega é ajudar o público a

aprender alguma verdade sobre a vida. • O público experimenta uma intensificação das emoções: os espectadores

veem como o herói sofre e se identificam com seus problemas.• O herói trágico passa por uma anagnórisis: a conscientização de sua

condição, uma transição da ignorância ao conhecimento.• No final do drama, o público é conduzido à catarse, a purganção e

purificação de suas emoções, tornando-se mais capaz de entender a vida.• A condição trágica é muitas vezes o resultado da hamartía do herói trágico,

ou da falha trágica, que leva à sua queda.• Um traço comumente associado à hamartía é a hýbris (excesso, desmedida).• Poética (X, 1452a12-17)

Page 55: Slidesteatrogrego

Elementos dramáticos da Tragédia Grega

Page 56: Slidesteatrogrego

Exemplo: Édipo Rei

Peça de Sófocles

Recebeu o segundo prêmio no

concurso trágico

Mito:• Maldição contra a família dos Labdácidas (Lábdaco)• Peças: Laio, Édipo e Sete contra Tebas, Édipo Rei

Laio rapta o filho do rei Pélops, Crisipo,

que se mata.

Pélops amaldiçoou Laio, decretando que se ele viesse a ter um filho, este seria seu assassino.

Este é o enredo de Sete contra

Tebas e Antígona.

Page 57: Slidesteatrogrego
Page 58: Slidesteatrogrego
Page 59: Slidesteatrogrego

O herói trágico de Aristóteles

• Status nobre.• Imperfeito.• Livre em sua vontade e, por isso, falível.• É punido pelo seu crime, cometido geralmente por ignorância.• A queda do herói conduze-o ao autoconhecimento.• A audiência ficava emocionalmente devastada com o

descenso do herói. Uma das funções da tragédia é gerar, através disso, piedade e temor.

Page 60: Slidesteatrogrego

As três unidades de Aristóteles

• Para infundir intensidade dramática, as tragédias contem, segundo Aristóteles, três unidades:

• Unidade de tempo• toda a ação ocorre em um dia, e o coro dá as informações de

background.

• Unidade de lugar• Toda a ação ocorre em um só lugar

• Unidade de assunto• A caracterização é singular, não havendo interpolação de narrativas ou

subenredos.• Poética, VI, 1450a4

Page 61: Slidesteatrogrego

Atores e coro trágicos

Page 62: Slidesteatrogrego

Atores trágicos

Contratados e pagos

pelo Estado

Concedidos aos poetas

trágicosTrês atores

protagonista

deuteragonista

tritagonista

Page 63: Slidesteatrogrego

Os atores trágicos

Page 64: Slidesteatrogrego

Atores Trágicos

• O protagonista• assumiu o papel do personagem mais

importante na peça• Deuteragonista e tritagonista

• desempenhavam um papel menor• Nunca há mais de três atores falando na

mesma cena• Todos os três atores desempenhavam múltiplos

papéis

Page 65: Slidesteatrogrego

Atores Trágicos• Os atores do sexo masculino interpretavam

papéis femininos• A encenação de papéis múltiplos, tanto

masculinos quanto femininos, erapossível devido ao uso de máscaras

• Máscaras com variações sutis também ajudavam a audiência a identificar o sexo, a idade e a posição social dos personagens

• As  principais funções de um ator eram • falar o diálogo atribuído para os seus

personagens • cantar sozinho canções• cantar com o coro ou com outros atores

Page 66: Slidesteatrogrego

O coro

Page 67: Slidesteatrogrego

O coro

Coro e atores

• A tragédia continha músicas cantadas tanto por atores quanto pelo coro

• O coro fazia movimentos e danças

Os membros do coro não eram

profissionais

• Aqueles que tinham talento para cantar e dançar eram treinados pelo poeta ou pelo diretor de cena

• Os membros do coro vestiam fantasias e máscaras

Page 68: Slidesteatrogrego

O coro• A primeira função de um coro trágico era a de

entoar um canto de entrada chamado de párodo

• Os membros do coro entoavam o párodo enquanto marchavam para a orquestra

• Quando o coro estava posicionado na orquestra, ele assumia duas funções:• diálogo com os personagens através de seu

líder, o Corifeu• cantar e dançar canções corais chamadas

stásimai

Page 69: Slidesteatrogrego

O coro trágico

• Era composto por 15-20 homens• O coro representava os cidadãos – sua dicção

é índice não só da voz do dramaturgo, mas direciona a recepção do drama

Page 70: Slidesteatrogrego

As funções do coro trágico

• Definir o tom das ações• Dar informações• Recordar eventos do passado• Interpretar e resumir os eventos encenados• Fazer perguntas• Emitir opiniões• Dar conselhos, se solicitado• É objetivo no julgamento das ações do protagonista• O coro age como um júri de anciãos ou homens sábios• Geralmente, as conclusões do coro são moralistas

Page 71: Slidesteatrogrego

As canções entoadas pelo coro• A música coral é

• altamente formal e estilizada • aumentava a emoção no decorrer do seu desempenho

• Partes:• Estrofe: a primeira parte de uma ode coral, durante o qual o Coro desloca-se da esquerda

para a direita, ou de leste a oeste• Antístrofe: a parte de uma ode coral que segue a estrofe e durante o qual o Coro executa

passos em seu retorno da direita para a esquerda ou do leste para o oeste.

• EPODOS• É a terceira parte de uma ode coral, após a estrofe e o antístrofe• Completa os movimentos do coro.

• Muitas vezes, um personagem no palco (ou personagens no palco) vai/vão dialogar com o Coro.

• O nome da música entoada no diálogo é kômmos.

Page 72: Slidesteatrogrego

Ésquilo, Eurípides e Sófocles:os três principais dramaturgos trágicos

Page 73: Slidesteatrogrego

Ésquilo

• 525 a.C./524 a.C - 456 a.C /455 a.C.

• Considerado o pai da tragédia• Expandiu o número de atores

para permitir conflito entre eles• 7 de 92 peças são supérstites• Seu drama foi influenciado pela

invasão persa da Grécia• Foi importante no tempo da

guerra: sua lápide faz menção à vitória grega em Maratona

Page 74: Slidesteatrogrego

Ésquilo

• Culpa e punição foram os temas mais frequentes

• Obras mais conhecidas: Prometeu Acorrentado e Oresteia

• 13 vezes ganhador da Cidade Dionísia

Page 75: Slidesteatrogrego

Sófocles

• Escreveu 120 peças - 7 sobreviveram• Competiu em cerca de 30 vezes e

venceu 24 concursos trágicos• Ésquilo só ganhou 14 e foi

derrotado, por vezes, por Sófocles• Sófocles influenciou o drama como

o conhecemos pela adição de um terceiro ator

• Com Sófocles, o coro tornou-se menos importante

• A caracterização em Sófocles é mais desenvolvida

Page 76: Slidesteatrogrego

Sófocles

• Temas• Homem Ideal -

religioso• Amor, harmonia e

paz• Respeito pela

democracia• Simpatia com as

fraquezas humanas

Page 77: Slidesteatrogrego

Eurípides

Um tipo diferente de tragédia?

Page 78: Slidesteatrogrego

Eurípides

• 480 a.C.-406 a.C.18-19 de suas peças sobreviveram

• Tragédia reformulado - introduziu personagens fortes e mulheres/escravos inteligentes

• Satiriza os heróis da mitologia grega

• Suas peças pareciam modernas• Centrou-se na vida interior e nos

motivos patéticos• Só ganhou quatro competições

Page 79: Slidesteatrogrego

Hécuba de Eurípides

Histórico da Pesquisa – Metodologia – Conceitos

Page 80: Slidesteatrogrego

Histórico da Pesquisa

• 2009 - Tradução e estudo do prólogo

• 2010 - Tradução e estudo do párodo

• 2011 – Tradução da tragédia inteira

Metodologia

• Tradução do corpus• Análise das imagens

políticas

Conceitos

• Trágico• Párodo• Tragédia e Política• Imagem Política na tragédia

Page 81: Slidesteatrogrego

Conceitos

Trágico – Párodo – Tragédia e Política – Imagem Política

Page 82: Slidesteatrogrego

Trágico

Párodo

Tragédia e Política

Imagem Política

Page 83: Slidesteatrogrego

Análise das Imagens Políticas

Page 84: Slidesteatrogrego

Hécuba 107-108

ἐν γὰρ Ἀχαιῶν πλήρει ξυνόδῳ λέγεται δόξαι σὴν παῖδ᾽ Ἀχιλεῖ

“Pois, na assembleia plena dos aqueus,diz-se que foi decretado tornar”

Hécuba 116-118

πολλῆς δ᾽ ἔριδος συνέπαισε κλύδων, δόξα δ᾽ ἐχώρει δίχ᾽ ἀν᾽ Ἑλλήνων

“Uma onda de grande querela chocou-se simultaneamente,e uma dupla opinião avançava sobre o exército”

Page 85: Slidesteatrogrego

Hécuba 123-125

τὼ Θησείδα δ᾽, ὄζω Ἀθηνῶν, δισσῶν μύθων ῥήτορες ἦσαν:

“dois rebentos de Atenas, eram oradores de duplos discursos, mas concordavam em uma única proposição,”

Hécuba 130-134

σπουδαὶ δὲ λόγων κατατεινομένων ἦσαν ἴσαι πως, πρὶν ὁ ποικιλόφρων κόπις ἡδυλόγος ημοχαριστὴς Λαερτιάδης πείθει στρατιὰν μὴ τὸν ἄριστον Δαναῶν πάντων“

eram, de certa maneira, semelhantes, depois que o astuto mentiroso de fala doce que agrada o povo, o Filho de Laerte, persuade o exército”

Page 86: Slidesteatrogrego

BAILLY, A. Dictionnaire Grec Français. Éd. revue par L. Séchan et P. Chantraine. Paris: Hachette, 26e éd., 1963.

 EASTERLING, E. A. Form and Performance. In: EASTERLING, E. A. The

Cambridge Companion to Greek Tragedy. Cambridge: Cambridge University Press, 1997 (2005). p. 151-177.

 FINLEY. Moses. (org) Mito memória e História. In: Uso e abuso da História.

São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 06. 

GOODWIN, W.W. A Greek Grammar. London: MacMillan, 1894. 

GREGORY, Justina. Hecuba: introduction, text, and commentary. Atlanta: American Philological Association, 1999.

 PAGE, T. E.; CAPPS, D. E.; ROSE, W. H. D. (eds.). Euripides. v. III. New

York: Putnam Son’s, 1929. 

GRUBE, G. M. A. The Drama of Euripides. Londres: Methuen & Co., 1941. p. 68-69.

 

Page 87: Slidesteatrogrego

GRUBE, G. M. A. The Drama of Euripides. Londres: Methuen & Co., 1941. p. 68-69.

 HORTA, G.N.B.P. Os gregos e seu idioma, 2 v. Rio de Janeiro: Di Giorgio, 1983

(1º tomo, 3ª ed.) e 1979 (2º tomo). 

LIDDEL, H.G. & SCOTT, R. A Greek-English Lexicon Revised and augmented by H.S. Jones and R. McKenzie. Oxford: Clarendon Press, 1940.

 MAINGUENEAU, D. O contexto da obra literária. São Paulo: Martins Fontes,

2001. p. 28. 

SANTOS, Fernando Brandão dos. Alceste, de Eurípides: o prólogo (1-76). Humanitas, v. LX, 2008. p.92.

 SEGAL, C. “O ouvinte e o espectador”. IN: VERNANT, J-P. O Homem Grego.

Lisboa: Presença, 1994. p. 195. 

SOMMESTEIN, Greek Drama and Dramatists. New York: Routledge, 2002. p. 6-7. 

VERNANT, J-P. Mito e tragédia na Grécia Antiga. São Paulo: Perspectiva, 1999. p. 10.