Infraestrutura nas instalações elétricas e o Smart grid Eng. J. Juarez Guerra Agosto de 2010.
SMART GRID: IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE REDE INTELIGENTE NO...
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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Engenharia Elétrica
PAMELA TOBIAS FRARE
SMART GRID: IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE REDE INTELIGENTE NO BRASI L
Campinas 2011
PAMELA TOBIAS FRARE – R.A. 004200700400
SMART GRID: IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE REDE INTELIGENTE NO BRASI L
Monografia apresentada ao Curso de Engenharia Elétrica da Universidade São Francisco, como requisito à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. D.r Geraldo Peres Caixeta
Campinas
2011
PAMELA TOBIAS FRARE
SMART GRID: IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE REDE INTELIGENTE NO BRASI L
Monografia aprovada pelo Curso de Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade São Francisco, como requisito à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Elétrica. Data de aprovação: ___/___/___
Banca Examinadora:
____________________________________________________________ Prof. D.r Geraldo Peres Caixeta (Orientador) Universidade São Francisco
____________________________________________________________ Prof. Sérgio Tadeu Sínico Filho (Examinador) Universidade São Francisco
____________________________________________________________ Eng. M.e Paulo Eduardo dos Reis Cardoso (Examinador) Agência Nacional de Telecomunicações
À Deus, por tudo o que me proporciona na vida.
Aos meus pais, irmão e ao meu namorado, pelo carinho, incentivo e apoio em todos os
momentos da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Geraldo Peres Caixeta, meu orientador, que colaborou com muita
presteza nesta monografia e por me servir de exemplo profissional.
Aos demais professores da engenharia elétrica e computação, os meus
agradecimentos pelos ensinamentos e conversas que foram muito importantes para o meu
crescimento pessoal e profissional, em especial aos professores João Hermes Clerici, Luiz
Carlos de Freitas Junior, Natache do Socorro Dias Arrifano Sassim, Sérgio Tadeu Sínico
Filho e William César Mariano.
Aos meus queridos amigos de sala, especialmente Sara Iorio E. Simões, Elvis
Henrique Esturrari, Anderson Borges, Lincoln Ferreira, Luiz Renato Menossi e Eduardo
Ludolf, com quem dividi momentos de muita alegria dentro e fora da universidade, nos
estudos, nas comemorações e nas viagens.
Aos meus amigos Maria de Fátima N. C. Rosolem, Paulo Eduardo dos Reis Cardoso,
Raul Fernando Beck, Valdir Assis e Vitor Torquato Ariolli pelo incentivo e colaboração
durante a minha vida acadêmica e profissional.
Ao meu namorado Daniel, pelo carinho, apoio, compreensão e companheirismo.
Finalmente gostaria de agradecer à minha família, especialmente aos meus pais
Rogério e Zuleica, e ao meu namorado, pela paciência e amor em todos os momentos,
principalmente nos de ausência.
"No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não
existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem feita, ou não faz."
Ayrton Senna
RESUMO O consumo de energia elétrica está aumentando rapidamente, pois os benefícios proporcionados pela eletricidade tornaram os usuários cada vez mais dependentes de seu uso e consequentemente mais exigentes, porém o setor elétrico possui uma configuração muito antiga, ocasionando falhas de energia cada vez mais frequentes e insatisfação dos clientes, além de causar prejuízos às concessionárias de energia e empresas privadas. Portanto o conceito Smart Grid promete revolucionar o setor elétrico, pois está baseado na melhoria de eficiência operacional, envolvimento do consumidor, novos modelos de tarifação, padrões de consumo, uso eficiente de energia elétrica, integração de energia renovável como solar e eólica, micro redes, questões ambientais, entre outros aspectos. A aplicação do Smart Grid em empresas de energia elétrica vem crescendo significativamente nos últimos anos, sendo que diversos projetos e estudos estão sendo conduzidos por empresas e institutos ao redor do mundo. Este trabalho apresenta as disposições atuais do setor elétrico brasileiro, o conceito Smart Grid e a sua implantação. Aborda a situação atual enfrentada pela sociedade, as preocupações com meio ambiente, quais os benefícios e oportunidades que a implantação da nova rede pode proporcionar, as informações necessárias para que a transformação da rede elétrica aconteça e apresenta os cenários dos projetos piloto desenvolvidos no Brasil, bem como informações de investimentos, normas, incentivos e parcerias. Palavras-chave: interoperabilidade. rede de distribuição de energia elétrica. rede
inteligente. setor elétrico. smart grid.
ABSTRACT
The electricity consumption is increasing rapidly, because the benefits provided by electricity made users increasingly dependent on its use and therefore more demanding. However, the electricity sector has an old configuration, causing frequent blackouts and customer dissatisfaction, as well as causing damage to electric utilities and private companies. So the Smart Grid concept promises to revolutionize the energy sector because it is based on improving operational efficiency, consumer involvement, new pricing models, consumption patterns, efficient use of electricity, integration of renewable energy such as solar and wind power, micro networks, environmental issues, among others. The application of Smart Grid in electric utilities has increased significantly in recent years, several projects and studies are being conducted by companies and institutes around the world. This paper presents the current provisions of the Brazilian electric sector, the Smart Grid concept and its deployment. It discusses the current situation faced by society, the concerns with the environment, what benefits and opportunities that the deployment of the new network can provide, the necessary information for the transformation of the electrical grid and presents the sceneries of pilot projects that are being developed in Brazil, as well as information of investments, standards, incentives and partnerships.
Keywords: interoperability. distribution network of electric power. intelligent network.
electricity sector. smart grid.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
3G – Third Generation
ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica
AMI – Advanced Metering Infrastructure
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
APTEL - Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de
Telecomunicações
BAN - Building Area Network
BPL - Broadband Power Line
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais
CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
COPEL – Companhia Paranaense de Energia
CPFL - Companhia Paulista de Força e Luz
CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
CSMA-CA - Carrier sense multiple access with collision avoidance
DCF - Dual Carrier Frequency
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
GD – Geração Distribuída
GPRS - General Packet Radio Service
GSM - Global System for Mobile Communications
HAN - Home Area Network
IAN - Industrial Area Network.
IEEE - Institute of Electrical and Electronic Engineers
INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética
INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IP - Internet Protocol
ISM - Industrial, Scientific and Medical
ITU-T - International Telecommunication Union -Telecommunication Standardization Sector
MME - Ministério de Minas e Energia
NAN - Neighborhood Area Network.
NIST - National Institute of Standards and Technology
ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico
PLC - Power Line Communication
PROTEC - Sociedade Brasileira Pró-inovação Tecnológica
QoS - Qualidade de Serviço
RF – Radio Frequency
SCADA - Supervisory Control And Data Acquisition
SIN - Sistema Interligado Nacional
SMGS - Serviço Móvel Global por Satélite
SS - Spread Spectrum
TCP - Transmission Control Protocol
UDP – User Datagram Protocol
USF - Universidade São Francisco
VE – Veículo Elétrico
WAN - Wide Area Networks
WiMAX - Worldwide Interoperability for Microwave Access
WLAN - Wireless Local Area Network
WMAN - Wireless Metropolitan Area Networks
WPAN – Wireless Personal Area Networks
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
2. SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL ......................................................... 12
2.1. Características do Sistema Elétrico ...................................................................................................... 12
2.1.1. Geração de Energia Elétrica ........................................................................................................ 13
2.1.2. Rede de Transmissão .................................................................................................................. 14
2.1.3. Redes de Distribuição .................................................................................................................. 14
2.1.4. Comercialização .......................................................................................................................... 14
2.2. Estrutura Organizacional do Setor Elétrico Brasileiro ........................................................................... 14
2.3. Desafios para o segmento de Energia Elétrica .................................................................................... 17
3. CONCEITO SMART GRID ........................................................................................... 18
3.1. Segurança da Informação .................................................................................................................... 20
3.2. Redes de Telecomunicações e Tecnologias para Smart Grid .............................................................. 21
3.2.1. Redes de Telecomunicações para Smart Grid ............................................................................ 21
3.2.2. Tecnologias de Redes de Comunicação de Dados ..................................................................... 25
3.3. Geração Distribuída.............................................................................................................................. 31
3.3.1. Benefícios da GD em Smart Grid ................................................................................................ 32
3.4. Energia Sustentável ............................................................................................................................. 32
3.4.1. Recursos Energéticos Renováveis e Sustentáveis ...................................................................... 33
3.4.2. Veículos Elétricos e a Eficiência Energética ................................................................................ 40
3.4.3. Casas Inteligentes ....................................................................................................................... 41
4. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA SMART GRID NO BRASIL .......................................... 43
4.1. Primeiros Passos para Implantação ..................................................................................................... 44
4.1.1. Medidor Analógico x Medidor Digital ........................................................................................... 45
4.1.2. Estudos e Projetos de P&D ......................................................................................................... 46
4.1.3. Futuras Possibilidades ................................................................................................................. 47
4.2. Investimentos ....................................................................................................................................... 47
4.3. Parcerias e Incentivos .......................................................................................................................... 51
4.3.1. Atuação Regulatória .................................................................................................................... 53
4.4. Projetos Piloto de Smart Grid ............................................................................................................... 54
4.4.1. Projetos Piloto de Smart Grid em parceria com o CPqD ............................................................. 56
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................... 59
11
1. INTRODUÇÃO
Atualmente o sistema elétrico brasileiro possui uma configuração arcaica, que pouco
evoluiu desde os seus primórdios. É de conhecimento geral que as atividades que precisam
de energia elétrica estão aumentando a cada dia, exigindo mais segurança e maior
eficiência do setor elétrico.
Por estes motivos, é uma excelente oportunidade para criar um novo sistema com
soluções inovadoras que atendam às necessidades dos consumidores e empresas de
energia do século XXI. Para tanto, é importante incluir tecnologias e aplicações inovadoras à
rede de energia elétrica, preservando os investimentos já realizados.
Essa evolução pode se tornar realidade com a implantação do Smart Grid, que
devido à interconexão dos sistemas deverá transformar o sistema elétrico numa rede
moderna, na qual haverá tráfego bidirecional de informações, disponibilidade da rede para
atender as aplicações das concessionárias de energia elétrica, interoperabilidade dos
equipamentos de comunicação, além das soluções em eficiência energética, visando
garantir que todos os consumidores continuem tendo acesso à energia com qualidade cada
vez maior, sem agressões ao meio ambiente, tudo isso devido ao aumento da confiabilidade
e da eficiência do processo de distribuição de energia.
Um dos desafios enfrentados no Brasil é implantar o sistema Smart Grid por meio de
soluções economicamente viáveis. E como solução para superar este desafio, as empresas
e institutos de pesquisas estão investindo em estudos e no desenvolvimento de diversos
dispositivos como medidores eletrônicos, sensores, controladores e micro processadores
combinados com a infraestrutura já existente.
Uma série de projetos piloto estão sendo desenvolvidos ao redor do mundo, sendo
que cada um visa atender a objetivos específicos.
O objetivo deste trabalho é apresentar uma visão panorâmica da Implantação do
Sistema de Rede Inteligente no Brasil, para tanto o trabalho foi dividido em três capítulos:
Sistema de Energia Elétrica no Brasil , que apresentará as características atuais, a
estrutura organizacional, os problemas enfrentados e os desafios para o segmento;
Conceito Smart Grid, apresentando os benefícios com a geração distribuída, energia
sustentável e as tecnologias para redes de comunicação de dados; e Implantação do
Sistema Smart Grid no Brasil , que apresentará de maneira geral os esforços realizados
pela sociedade, empresas privadas, institutos de pesquisas e órgãos reguladores, para
definir padrões e implantar o novo sistema, bem como os projetos pilotos desenvolvidos no
Brasil.
12
2. SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL
Na história da sociedade, a energia elétrica sempre ocupou lugar de destaque, tendo
em vista a qualidade de vida e a quantidade dos serviços relacionados à energia elétrica.
Em termos de suprimento energético, a eletricidade se tornou uma das formas mais
convenientes, passando a ser recurso indispensável e estratégico para o desenvolvimento
socioeconômico.
A eletricidade apresenta dificuldade de armazenamento em termos econômicos,
variações em tempo real na demanda, falhas randômicas na geração, transmissão e
distribuição. Há necessidade de atender as restrições físicas para operação confiável e
segura da rede.
A energia elétrica proporciona aos cidadãos maior conforto, comodidade, bem-estar,
praticidade, produtividade e desenvolvimento, o que torna a sociedade moderna cada vez
mais dependente de seu fornecimento e mais susceptível às falhas do sistema elétrico.
Portanto a dependência dos usuários se transforma em exigências por melhor
qualidade de serviço e do produto.
2.1. Características do Sistema Elétrico
O sistema elétrico brasileiro possui características muito particulares, sua matriz
energética é baseada principalmente em energias renováveis. A interconexão dos sistemas
no território brasileiro foi o caminho natural encontrado para se obter um melhor
balanceamento e manter a segurança da oferta de energia que quando indisponível em uma
região, é compensada por outra região momentaneamente mais favorecida. Porém quanto
mais pontos de interconexão, mais complexidade no gerenciamento do sistema.
O setor elétrico mundial tem passado por um amplo processo de reestruturação
organizacional, onde os sistemas elétricos são tipicamente divididos em segmentos como
geração, transmissão, distribuição e comercialização. A Figura 1 apresenta a estrutura atual
do setor elétrico brasileiro:
13
Fonte: Retirado do artigo “Rede Inteligente: por que, como, quem, quando, onde?”, disponível
no site www.redeinteligente.com
FIGURA 1 – Estrutura Atual do Setor Elétrico Brasileiro
O sistema atual de energia elétrica tem fluxo unidirecional e a energia é despachada
e controlada por centros de despacho.
2.1.1. Geração de Energia Elétrica
No Brasil a geração hidrelétrica é predominante devido às suas dimensões
continentais e a grande quantidade de bacias hidrográficas, que podem ser de dois tipos
básicos:
i. Usinas com Reservatórios de Acumulação
Geram a energia a partir da água acumulada em grandes reservatórios. O
reservatório regula a vazão de forma a equilibrar a geração em todas as usinas. Os grandes
reservatórios permitem o acúmulo de água em quantidade suficiente para que a geração de
energia elétrica esteja garantida, mesmo que chova em pouca quantidade.
ii. Usinas a Fio d’Água
Geram energia com o fluxo de água do rio, não acumulando ou acumulando pouca
água e distribuem-se ao longo do rio.
14
As grandes usinas geradoras ficam localizadas em lugares distantes dos centros
consumidores, como cidades e indústrias. Portanto, é necessário um Sistema de
Transmissão, que realize a interligação entre as usinas e os consumidores para que a
energia elétrica possa ser usada.
2.1.2. Rede de Transmissão
A rede de transmissão é um sistema interligado que possibilita os centros de
consumo serem atendidos por diferentes usinas e que a energia elétrica seja desviada e
conduzida ao destino desejado.
No Brasil, este sistema foi construído de tal forma que além desta ligação existem
também diversas usinas ligadas a outras, e vários centros consumidores ligados a diferentes
usinas.
A segurança é fundamental para as redes de transmissão, qualquer falta neste nível
pode levar a descontinuidade de suprimento para um grande número de consumidores. A
energia elétrica é permanentemente monitorada e gerenciada por um centro de controle.
2.1.3. Redes de Distribuição
As redes de distribuição alimentam consumidores industriais de médio e pequeno
porte, consumidores comerciais, consumidores de serviços e consumidores residenciais.
2.1.4. Comercialização
A oferta da energia elétrica aos seus usuários é realizada pela prestação de serviço
público concedido para exploração à entidade privada ou governamental. As empresas que
prestam serviço público de energia elétrica o fazem por meio da concessão ou permissão
outorgadas pelo poder público.
2.2. Estrutura Organizacional do Setor Elétrico Bra sileiro
O setor elétrico brasileiro passou por um processo de reestruturação, que se deu
com a criação de um novo marco regulatório, a desestatização das empresas do setor
elétrico, e a abertura do mercado de energia elétrica.
Para gerenciar o novo modelo do setor elétrico, o Governo Federal criou a estrutura
organizacional apresentada na Figura 2:
15
Fonte: Retirado do site www.ccee.org.br
FIGURA2– Estrutura organizacional e os agentes do setor elétrico brasileiro.
Segue definição da estrutura organizacional conforme disponibilizado no site da
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE, 2004):
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) - Órgão de assessoramento da
Presidência da República para formulação de políticas nacionais e diretrizes de energia,
visando, dentre outros, o aproveitamento natural dos recursos energéticos do país, a revisão
periódica da matriz energética, a definição de diretrizes para programas específicos e
assegurar o fornecimento nacional de energia elétrica (CCEE, 2004).
Ministério de Minas e Energia (MME) - Encarregado de formulação, do
planejamento e da implementação de ações do Governo Federal no âmbito da política
energética nacional. O MME detém o poder concedente (CCEE, 2004).
Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) - Constituído no âmbito do
MME e sob sua coordenação direta, o CMSE é responsável pelo monitoramento das
condições de abastecimento do sistema e pela indicação das medidas a serem tomadas
para correção dos problemas em todo o território (CCEE, 2004).
16
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) - Empresa pública federal responsável
pela condução de estudos e pesquisas estratégicos no setor elétrico, incluindo as indústrias
de energia elétrica, petróleo, gás natural, carvão mineral e fontes energéticas renováveis.
Os estudos e pesquisas desenvolvidos pela EPE subsidiam a formulação da política
energética pelo MME (CCEE, 2004).
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) - Autarquia especial vinculada ao
MME, com finalidade de regular e fiscalizar, a produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia, em conformidade com as políticas e diretrizes do Governo
Federal. A ANEEL detém os poderes regulador e fiscalizador (CCEE, 2004).
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) - Tem como objetivo principal,
atender os requisitos de carga, otimizar custos e garantir a confiabilidade do sistema,
definindo ainda, as condições de acesso à malha de transmissão em alta-tensão do país.
(CCEE, 2004).
Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE ) - Pessoa jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos, sob regulação e fiscalização da ANEEL, com finalidade
de viabilizar a comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional – SIN.
Administra os contratos de compra e venda de energia elétrica, sua contabilização e
liquidação. A CCEE é responsável pela operação comercial do sistema (CCEE, 2004).
A comercialização de energia elétrica é atualmente realizada em dois ambientes
diferentes:
i. Ambiente de Contratação Livre (ACL)
Destinado ao atendimento de consumidores livres por meio de contratos bilaterais
firmados com produtores independentes de energia, agentes comercializadores ou
geradores estatais. Estes últimos só podem fazer suas ofertas por meio de leilões públicos.
ii. Ambiente de Contratação Regulada (ACR)
Destinado ao atendimento de consumidores cativos por meio das distribuidoras,
sendo estas supridas por geradores estatais ou independentes que vendem energia em
leilões públicos anuais.
17
2.3. Desafios para o segmento de Energia Elétrica
Encontrar fontes geradoras de energia limpa e lidar com o crescimento da demanda
de energia elétrica não serão os únicos desafios da sociedade, no futuro será preciso
aumentar também a confiabilidade dos sistemas de distribuição e transmissão de energia
elétrica.
O que foi projetado para atender as necessidades do século XX não conseguirá
suprir a demanda do século XXI, onde o consumo de energia elétrica cresce a taxas sempre
mais elevadas que o próprio PIB do país.
O desenvolvimento atual do modelo nacional de mercado de energia elétrica é
baseado em fluxo unidirecional de energia e por razões tecnológicas e econômicas, o
mercado está baseado em tarifas fixas e limitações de informações em tempo real sobre
gerenciamento de carga.
Atualmente a maioria dos usuários da rede de energia elétrica são receptores
passivos sem nenhuma participação no gerenciamento da operação da rede.
Por esses motivos, há uma proposta mundial para a criação de uma rede inteligente,
a fim de melhorar o consumo de energia, que irá proporcionar eficiência operacional, novas
fontes de energia, menor emissão de carbono, tarifas compatíveis e maior participação do
consumidor na rede. Porém, haverá a necessidade de se buscar soluções para os novos
problemas que surgirão em decorrência de sua aplicação, um deles é a segurança da
informação, que é o alicerce do Smart Grid. E estas são somente algumas questões que se
apresentam como desafios a serem vencidos.
18
3. CONCEITO SMART GRID
O Smart Grid pode ser entendido como uma mudança da infraestrutura de energia
para transformar a operação da rede de energia elétrica de controle centralizado para uma
rede menos centralizada e mais interativa com o consumidor.
As principais funcionalidades do Smart Grid são:
• Rede auto-recuperável: auto responde a falhas e defeitos.
• Segurança contra ameaças físicas e cibernéticas: melhor contenção de defeitos e
respostas a falhas provocadas por efeitos naturais ou pessoas.
• “Plug-and-Play”: interfaces padronizadas e abertas permitirão conectar pequenos
geradores residenciais (célula combustível, painel solar, etc.) na rede.
• Melhor controle sobre o consumo pelos clientes: por meio de conexão a sistemas
de gerenciamento de energia em edifícios e casas inteligentes.
O Departamento de Energia do governo americano (Department of Energy – EUA)
(2008) propôs o agrupamento das tecnologias aplicáveis ao Smart Grid em 5 vetores:
• Comunicação: Arquitetura aberta e com resposta em tempo real para conectar
componentes e elementos da rede a fim de realizar uma comunicação
bidirecional.
• Sensores e Medidores: Para gerar respostas mais rápidas e precisas e permitir
gerenciamento pelo lado da demanda e precificação variável no tempo.
• Componentes: Agregar funcionalidades à rede de supercondutividade,
armazenamento de energia, eletrônica de potência e técnicas de diagnóstico.
• Controle: Para viabilizar o diagnóstico rápido e soluções precisas para qualquer
evento.
• Suporte à decisão e interfaces avançadas: Para ampliar a capacidade de decisão
humana e permitir uma visão ampliada das condições de operação.
O National Institute of Standards and Technology (NIST) (2010) vem desenvolvendo
uma arquitetura para Smart Grid que envolve toda a rede elétrica. Esta arquitetura é
apresentada na Figura 3.
19
Fonte: Retirado do documento Framework and Roadmap for Smart Grid Interoperability Standards, Release 1.0
FIGURA 3 – Arquitetura Smart Grid
Esse conceito promete capacitar a infraestrutura elétrica de controles e sensores a
fim de identificar problemas no momento em que ocorrem. Com a implantação de um
sistema, será possível identificá-los e consertá-los antes de haver uma interrupção de
energia, além de direcionar a energia para rotas alternativas, no caso de falhas em trechos
da rede, pois ao invés da dependência de grandes usinas de energia que abastecem a rede
toda, poderá ao longo do caminho, usar pequenas usinas, abrindo mais espaço para energia
eólica, solar e hidroelétrica. Essa flexibilidade facilitará também o uso variado da energia,
como para o abastecimento de veículos híbridos, movidos a gasolina e baterias.
Atualmente as tarifas diferenciadas por horário estão disponíveis somente para os
clientes de média e alta tensão, mas com a implantação do novo sistema será possível a
extensão para os clientes de baixa tensão, como residências, empresas e indústrias de
pequeno porte, colaborando para reduzir os custos e consequentemente as emissões de
carbono. Pois hoje o consumidor está acostumado a pagar um preço fixo pela eletricidade
que consome e o custo da mesma muda todo o tempo, podendo variar por um fator de 10
vezes dentro do mesmo dia. E com a tarifação diferenciada, haverá um incentivo para
economizar energia no horário de pico e também para vender o excesso disponível em
momentos de pouca demanda.
20
Atualmente a medição é realizada uma vez por mês, com a ida de um leiturista na
casa do consumidor, que recebe a conta no final do mês. Com o uso dos medidores
inteligentes, não haverá necessidade da distribuidora mandar um funcionário ler o medidor
uma vez por mês e o cliente poderá ter acesso ao seu medidor em qualquer momento,
podendo acompanhar o consumo e até gerenciar os gastos. Esse controle poderá ser feito
pela internet, em um portal específico da empresa, ou por um display interligado ao medidor
eletrônico. O mais importante dos benefícios, é que a medição eletrônica irá acabar com as
fraudes (gatos), problema que drena 15% da energia fornecida, segundo dados da
concessionária Light.
Espera-se também a possibilidade de programação do horário para que os
equipamentos elétricos passem a funcionar automaticamente. Será possível programar uma
máquina de lavar roupa para que passe a funcionar de madrugada e até mesmo recarregar
um carro elétrico, proporcionando economia de custos para o consumidor e evitando a
sobrecarga do sistema elétrico.
Motivos para aderir o Smart Grid variam pelo mundo: Na Europa, a principal meta é a
busca pela otimização das fontes de geração; nos Estados Unidos, procura-se a
confiabilidade do fornecimento; e no Brasil, busca-se a redução das perdas comerciais,
focada no combate às fraudes.
3.1. Segurança da Informação
A rede elétrica está sendo modernizada e não se pode ter uma rede inteligente, sem
segurança, pois o Smart Grid usa chips em todos os seus pontos (da usina aos medidores
inteligentes nas residências e edifício) e todos esses pontos precisam ser mantidos de forma
segura, pois um ataque à rede elétrica pode simplesmente paralisar todo um país.
Com um mundo cada vez mais interconectado, um vírus de software pode afetar a
operação de redes integradas de energia elétrica e causar blackouts que afetem a economia
de um país, bem como o bem estar dos cidadãos.
Muitos dos problemas de segurança que estão surgindo atualmente são
assustadores, portanto é necessário rever a segurança, de uma engenharia de segurança
mais generalizada, auditorias de código fonte, todo o tipo de trabalho de segurança tem de
se aplicar a esses medidores, assim como eles se aplicam a todo o restante de serviços de
informação. É necessário mais segurança na construção das iniciativas e tecnologias Smart
Grid, a implantação dessas redes resultam em redes de controle que são mais integradas,
levando a uma maior vulnerabilidade a ataques cibernéticos.
21
Um dos elementos para a adoção de maior segurança para redes inteligentes são
normas de Smart Grid interoperáveis, por esse motivo o governo dos Estados Unidos
nomeou o National Institute of Standards and Technology (NIST) para desenvolver normas
para a interoperabilidade entre diferentes sistemas e fornecedores no mercado. Para os
padrões de segurança estabelecidos no Brasil, são citadas as normas: NBR ISO/IEC 27001,
NBR ISO/IEC 27002 e NBR ISO/IEC 27005.
Nesse sentido os investimentos totais em tecnologia dessas atualizações críticas
deverão crescer em ritmo acelerado nos próximos anos em nível mundial.
3.2. Redes de Telecomunicações e Tecnologias para S mart Grid
Diversas tecnologias são aplicadas na implantação da arquitetura Smart Grid, sendo
que as redes de telecomunicações são fundamentais para o sucesso das redes inteligentes.
Para as empresas de distribuição de energia elétrica as aplicações de automação,
medição eletrônica e troca de informações com consumidores são as que vêm ganhando
força nos últimos anos. Para que estas aplicações possam ser implantadas em larga escala,
o desenvolvimento das redes de telecomunicações tem sido um dos principais pontos de
atenção das empresas.
Esta etapa do trabalho apresenta as principais tecnologias de redes de
telecomunicações que podem ser utilizadas em Smart Grid.
3.2.1. Redes de Telecomunicações para Smart Grid
As redes elétricas para Smart Grid vêm sendo propostas com base em arquiteturas
de comunicação que possam proporcionar o tráfego dos serviços básicos de medição
eletrônica gerenciada, além de outros serviços agregados unidirecionais ou bidirecionais,
incluindo balanços energéticos, gestão de consumo, gestão de perdas, detecção de faltas,
corte / religamento, dentre outros. Para cada um destes serviços, ou para um conjunto
deles, tornam-se determinantes alguns requisitos técnicos associados às redes, interfaces e
protocolos de comunicação que serão utilizados integrando os nós da rede, incluindo
medidores residenciais, medidores industriais, transformadores, alimentadores e
subestações de distribuição. Pois, o conceito de Smart Grid também surgiu da visão de
interligação de fontes distribuídas de energia através de uma rede única, capaz de
administrar este processo de geração e consumo distribuídos de energia. Esta visão pode
ser analisada na norma IEEE Std1547 0 (2003).
22
Em linhas gerais, para qualquer das visões de Smart Grid, uma questão que envolve
uma rede de comunicação se refere aos meios físicos e, posteriormente, aos protocolos de
comunicação sobre cada um destes meios.
A visão do IEEE para arquitetura de comunicação fim-a-fim do sistema Smart Grid
baseia-se em 3 camadas estruturais, conforme Figura 4. São elas:
- Camada de segurança da rede de comunicação;
- Camada de gerenciamento da rede de comunicação;
- Camada física do sistema elétrico.
Fonte: Retirado do documento Framework and Roadmap for Smart Grid Interoperability Standards, Release 1.0
FIGURA 4 – Arquitetura de comunicação fim-a-fim do sistema Smart Grid
A Figura 5 apresenta um mapeamento dos protocolos padrões e as tecnologias de
rede de telecomunicações aplicáveis à arquitetura Smart Grid, nas três diferentes partes da
camada de comunicação:
1. HAN: Home Area Network / BAN: Building Area Network / IAN: Industrial Area
Network.
2. NAN: Neighborhood Area Network.
3. WAN: Wide Area Network.
23
Fonte: Retirado do documento Framework and Roadmap for Smart Grid Interoperability Standards, Release 1.0
FIGURA 5 – Mapeamento dos protocolos padrões e as tecnologias de rede do sistema
Smart Grid
Os requisitos dos sistemas de comunicação, tanto aplicáveis na rede pública ou
privada, são necessários para garantir a comunicação sem interrupções, com total
segurança. Para isto, são descritos a seguir os requisitos necessários para as redes de
comunicação.
a. QoS– Qualidade de Serviço
Este requisito é descrito como um recurso que pode ser configurado numa rede de
protocolo padrão TCP/IP. Consta da configuração de níveis de prioridade dos dados
trafegados nos roteadores da rede.
Assim, pode-se priorizar os pacotes vindos dos medidores eletrônicos, e as
informações de medidas têm prioridade sobre as demais informações na rede. No conceito
Smart Grid, a comunicação nas redes será feita de maneira bidirecional, onde a rede
suportará aplicações utilizando diversas larguras de banda, diferentes atrasos e taxas de
perdas.
b. Sincronismo
A utilização da comunicação em rede chegou até os dispositivos industriais, de
automação, de energia elétrica e telecomunicações, onde o relacionamento de tempo entre
24
dispositivos interligados é muito importante. Os dispositivos são utilizados para medição e
controle dos sistemas industriais e/ou elétricos por meio de sistemas computadorizados,
controladores, atuadores e sensores. Sendo assim, os aspectos de controle de tempo em
comandos de abertura e fechamento de válvulas, chaves, etc. podem ser considerados
críticos.
A norma IEEE-1588-2002 – Standard for a Precision Clock Synchronization Protocol
for Networked Measurement and Control Systems – foi criada para prover requisitos de
tempo para os diversos sistemas de controle industriais em rede.
c. Gerenciamento
Este requisito é fundamental para o ambiente pré-Smart Grid, mas é indispensável
no futuro ambiente Smart Grid. O sistema de gerência é responsável pela administração dos
dispositivos da rede, detectando e isolando falhas na rede e/ou equipamentos. Permite fazer
a configuração dos equipamentos envolvidos, além de analisar e verificar o desempenho da
rede de comunicação e administrar a segurança desta rede.
Atualmente, o sistema SCADA exerce o papel de supervisório da rede. No futuro
ambiente Smart Grid, é recomendável, com base na norma ITU-T M.3010 (Principle for a
Telecommunications Management Network), ter um sistema de gerenciamento, que
disponibilize na rede serviços com as seguintes funcionalidades:
• Administração: executar a contabilidade dos ativos envolvidos;
• Configuração: executar a configuração lógica dos equipamentos da rede;
• Falhas: executar a detecção, localização, etc. das falhas da rede e seus
dispositivos;
• Desempenho: executar a análise de parâmetros de qualidade da rede;
• Segurança: administrar os acessos dos dispositivos da rede e de
administradores.
d. Segurança
O assunto “segurança” permeia as camadas organizacionais, de informação e
técnicas, assim como seus relacionamentos entre si. Para isto, existem padrões
estabelecidos no mercado para atendimento destas camadas. Para se mapear as
necessidades de controle da segurança, é necessária a realização de um levantamento dos
elementos que compõem a medição eletrônica nas diversas camadas, a identificação e a
análise das ameaças que estão presentes, e a verificação de suas vulnerabilidades. Existe
atualmente um padrão em que está sendo recomendado para o ambiente Smart Grid, que é
o FIPS PUB 199 – Standards for Security Categorization of Federal and Information
Systems.
25
3.2.2. Tecnologias de Redes de Comunicação de Dados
Entre as tecnologias de comunicação de dados apresentadas na Figura 5, seguem
descrições das mais prováveis de serem aplicadas no cenário brasileiro.
a. WiMAX
O padrão IEEE 802.16, especifica uma interface sem fio para redes metropolitanas
(WMAN). Foi atribuído a este padrão, o nome WiMAX (World Wide Interoperability for
Microwave Access / Interoperabilidade Mundial para Acesso de Microondas). O termo
WiMAX foi criado por um grupo de indústrias conhecido como WiMAX Forum cujo objetivo é
promover a compatibilidade e interoperabilidade entre equipamentos baseados no padrão
IEEE 802.16. Este padrão é similar ao padrão Wi-Fi (IEEE 802.11), que já é bastante
difundido, porém agrega conhecimentos e recursos mais recentes, visando um melhor
desempenho de comunicação. Este padrão foi desenvolvido visando aplicações fixas,
nômades, portáteis e móveis. O WiMAX tem um modelo de funcionamento parecido com as
redes celulares: uma única estação atende vários clientes em um raio amplo, tipicamente de
10 km, mas que pode chegar até 20 km. Estas estações são interligadas formando uma
rede. A Tabela 1 apresenta as coberturas típicas por banda de frequência.
26
TABELA 1 – Coberturas típicas por banda de freqüência
Faixa de
Frequência Características
2,5 GHz
Frequência licenciada. Esta é a melhor frequência disponível para WiMAX no Brasil. É
a mais baixa, portanto tem-se os melhores alcances, exigindo uma melhor quantidade
de Estações Radio Base para cobrir uma determinada área. Hoje está em poder das
empresas de MMDS.
Alcance com Linha de Visada (LOS) = 18 – 20 Km
Alcance sem Linha de Visada (NLOS) = 9 – 10 Km
3,5 GHz
Frequência licenciada. Esta é a frequência disponível para WiMAX no Brasil, utilizada
pelas operadoras e prestadoras de serviço de telecomunicações.
Alcance com Linha de Visada (LOS) = 12 – 14 Km
Alcance sem Linha de Visada (NLOS) = 6 – 7 Km
5,8 GHz
Frequência NÃO-licenciada. Esta é a frequência LIVRE disponível para WiMAX no
Brasil, podendo ser utilizada por qualquer empresa prestadora de serviços. Por ser não
licenciada, existe a possibilidade de interferências e congestionamento de frequências
em áreas de grande densidade. É importante, pois não exige gastos com a aquisição
de licenças, o que pode viabilizar o plano de negócio de muitas áreas no Brasil.
Alcance com Linha de Visada (LOS) = 7 – 8 Km
Alcance sem Linha de Visada (NLOS) = 3 – 4 Km
10,5 GHz
Frequência licenciada. Não existem ainda equipamentos de WiMAX para cobertura
desta frequência. O principal motivo é a necessidade de microcélulas, pois o poder de
cobertura em grandes distâncias nesta frequência é baixo.
Futuramente poderá se tornar uma alternativa, quando houver um esgotamento de
banda em frequências mais baixas e uma proliferação do conceito de WiMAX.
Fonte: Adaptado do documento Framework and Roadmap for Smart Grid Interoperability Standards, Release 1.0
b. Wi-Fi
Uma WLAN (Wireless Local Area Network) é uma rede local “sem fio” padronizada
pelo IEEE 802.11. É conhecida também pelo nome de Wi-Fi, abreviatura de Wireless Fidelity
(fidelidade “sem fio”).
Por meio do uso de rádio é que as WLANs estabelecem a comunicação entre os
computadores e dispositivos da rede, podendo existir várias conexões em um mesmo
ambiente sem que uma interfira na outra, basta que as redes operem em frequências
diferentes.
27
A sua grande utilização está na substituição de cabos ou no complemento de redes
locais internas de escritórios e residências. Também utilizada em redes públicas de acesso
à Internet, onde o nome Wi-Fi é mais conhecido.
O padrão inicial 802.11 de 1999 foi aperfeiçoado, estando definidas atualmente as
seguintes alternativas:
TABELA 2 – Alternativas do padrão 802.11
Padrão Frequências Técnica de
modulação Taxa de dados
802.11b
2400-2483,5 MHz
DSSS
Até 11Mbit/s
802.11g 2400-2483,5 MHz DSSS, OFDM Até 54Mbit/s
802.11a
5150-5350 MHz
5470-5725 MHz
5725-5850 MHz
OFDM Até 54Mbit/s
Fonte: Adaptado do documento Framework and Roadmap for Smart Grid Interoperability Standards, Release 1.0
c. GPRS / 3G
A utilização da rede celular é uma das formas mais utilizadas para transmissão de
dados sem fio. Por todo lado existem quiosques de serviço, máquinas de cartão de crédito,
radares e veículos comunicando-se pela rede de telefonia celular.
As duas formas mais utilizadas para transmissão de dados nessa rede são GPRS e
3G, sendo a última uma evolução da primeira. A tecnologia GPRS está presente em todos
os lugares que possuem cobertura GSM. Já a tecnologia 3G necessita instalação de novos
equipamentos e apenas uma parte da malha de estações está apta a trabalhar com a nova
tecnologia.
Embora GPRS e 3G difiram na técnica de acesso o resultado final é o mesmo,
ambas as tecnologias trocam dados utilizando a rede TCP/IP, podendo comunicar-se com
qualquer outro dispositivo conectado a Internet. A principal diferença, sob o ponto de vista
do usuário, está na velocidade de conexão. Enquanto o GPRS opera até 60 kbit/s a
tecnologia 3G é capaz de superar 1Mb/s.
Ao contrário da tarifação de voz, que é cobrada por minutos, a transmissão de dados
é cobrada por pacotes, que geralmente possuem um tamanho máximo de 1000 bytes. Desta
forma os dispositivos podem permanecer sempre conectados a um custo muito baixo.
28
d. ZigBee
Desenvolvida originalmente para aplicações domésticas (ex: Casa Inteligente), a
interface ZigBee segue o padrão IEEE-802.15.4 e provê recursos de comunicação “sem fio”
com baixo custo numa rede de baixa capacidade e curtas distâncias (WPAN – Wireless
Personal Área Network). Organizados numa aliança, os fabricantes e interessados neste
padrão de comunicação vem focando suas atenções também para as redes voltadas para
gestão de energia e, por este motivo, diversos fabricantes de medidores eletrônicos já
investiram em interfaces ZigBee e obtiveram certificação de alguns modelos de
equipamentos com este recurso As principais características da interface ZigBee pelo IEEE
802.15.4 são:
• Taxas de 250 kbps (2.4 GHz), 40 kbps (915 MHz) e 20 kbps (868 MHz);
• Dois modos de endereçamento: 16-bit short and 64-bit IEEE addressing. Permite
até 18.450.000 trilhões de dispositivos (c/ endereço IEEE de 64 bits) e até 65.535
redes;
• Suporte a dispositivos de latência crítica tais como joysticks por meio de slot de
tempo opcional garantido;
• Canal de acesso CSMA-CA;
• Restabelecimento automático da rede pelo elemento coordenador;
• Protocolo completo de sinais para estabelecimento de chamadas e confiabilidade
de transferência de dados (fullhandshake) deixando os elementos em estado
“pronto para receber” ou “pronto para transmitir”;
• Gerência de energia para assegurar baixo consumo;
• 16 canais em 2.4 GHz [2.405 a 2.480 GHz] (ISM), 10 canais em 915 MHz [902 a
928 MHz] e 01 canal em 868 MHz. Entretanto, os canais em 915 MHz e 868 MHz
não são aplicáveis à América do Sul, diferentemente dos canais em 2.4 GHz que
são atribuídos mundialmente;
• Alcance típico de 50 m (entre 5 e 500m dependendo do ambiente).
e. Rádios
Para o transporte de dados, existem outros sistemas de menor porte, que não tem
uma padronização global e que, portanto, dependem do fornecedor escolhido.
A seguir, serão descritos resumidamente um sistema rádio VHF e módulos de
comunicação serial na faixa de 900 MHz.
29
i. Rádio VHF
O sistema de rádio VHF (150 a 174 MHz) ainda é muito utilizado pelas operadoras
de energia elétrica, pois além da própria operadora ter o controle da sua rede, permite a
transmissão em locais onde outros sistemas de comunicação “sem fio” ainda não estão
disponíveis.
Estes sistemas são formados por rádios e consoles de despacho instalados em
viaturas e estações repetidoras funcionando com canais formados por um par de
frequências, sendo uma para transmissão e outra para recepção.
O sistema funciona com um centro de comutação eletrônica de sinais ao qual todos
os consoles de despacho e repetidoras de VHF estão conectados. Desta forma, todos os
consoles de despacho acessam qualquer repetidora de VHF, e qualquer sinal de rádio
proveniente de uma repetidora é recebido em qualquer console de despacho.
ii. Módulo rádio 900 MHz
Outro tipo de rádio que está tendo uma grande difusão, devido ao baixo custo, e
utilização em faixa ISM. São módulos de RF com interface serial, descritos a seguir.
São utilizados normalmente em conjunto com sensores e dispositivos de
monitoração, pois estes possuem comunicação via interface serial RS-232. Estes tipos de
módulos permitem uma fácil interligação com os mesmos e operam tipicamente em taxas
máximas de até 115 kbps, dependendo da marca ou modelo, que é mais do que suficiente
para as taxas que irão trafegar no sistema de monitoração.
f. Satélite
O nome técnico para o serviço de comunicação via satélite é Serviço Móvel Global
por Satélite – SMGS, que é definido pela ANATEL da seguinte forma:
O SMGS é o serviço móvel por satélite, que tem como principais características
utilizar sistemas de satélites com área de cobertura abrangendo todo ou grande parte do
globo terrestre e oferecer diversas aplicações de telecomunicações.
No Brasil, existem algumas empresas que disponibilizam o serviço de dados via
satélite e apenas uma que disponibiliza voz.
A principal vantagem da comunicação via satélite é a garantia de cobertura total. A
maior desvantagem é o preço.
g. BPL (Broadband over Power Line)
A tecnologia BPL transforma a rede de distribuição elétrica em uma rede de
comunicação pela superposição de um sinal de informação de baixa energia ao sinal de
corrente alternada de alta potência.
30
Com o propósito de assegurar a coexistência correta e a separação entre os 2
sistemas, a faixa de frequência utilizada para comunicação é de 1,6 a 30 MHz para
aplicações banda larga.
A tecnologia BPL é adequada tanto às redes de baixa tensão aérea quanto às redes
de distribuição subterrânea.
Atualmente, um sistema BPL utiliza predominantemente frequência na faixa de 10 a
30 MHz, que tem sido usada por décadas pelos operadores de rádio amador, pelos
difusores internacionais de ondas curtas e por uma variedade de sistemas de comunicação
(militar, aeronáutico, etc.).
As linhas aéreas de energia elétrica não são blindadas e atuam como “antenas” para
os sinais que elas transmitem.
h. PLC (Power Line Communications)
São utilizadas tecnologias em sistemas de comunicação baseados em Power Line
Communications:
i. EIA-709 (LonWorks)
O padrão LonWorks utiliza modulação do tipo Binary Phase Shift Keying (BPSK) e a
tecnologia Dual Carrier Frequency (DCF). A DCF permite escolher a melhor frequência
portadora a fim de melhorar a eficiência do sistema. A frequência portadora é dividida em
duas bandas, banda A e C, seguindo as regulamentações européias (EN-50065-1). Na
banda A, existem duas portadoras, 75 kHz e 86 kHz, enquanto na banda C as portadoras
são 115 kHz e 132 kHz. De acordo com a norma EM-50065-1, a banda A é designada às
empresas de energia e suas licenciadas, as bandas B e C para uso de consumidores.
ii. CEBus (EIA/ANSI-600)
A tecnologia CEBus utiliza modulação do tipo Spread Spectrum (SS), que consiste
de um método de modulação, onde o sinal transmitido ocupa uma largura de banda
consideravelmente maior que o mínimo necessário para a transmissão da informação. Visto
seu uso em frequência larga, o SS apresenta boa imunidade em ambientes ruidosos
tornando-se apropriado para utilização nesse tipo de ambiente, como é o caso das linhas de
distribuição de energia elétrica. Por exemplo, impedâncias ou atenuações em faixas
estreitas do espectro afetam apenas uma pequena porção do sinal transmitido, assim o
restante desse sinal tem informação suficiente para que o dado transmitido seja recuperado
adequadamente.
31
iii. X-10
O Sistema X-10 é um sistema tradicionalmente utilizado para telecomando e teles
supervisão por meio de linhas de energia elétrica, estando em operação por cerca de duas
décadas. Este sistema utiliza uma portadora de 120 kHz que é chaveada no instante em que
a tensão de frequência industrial passa por zero, onde a presença da portadora por pelo
menos 1ms representa o Bit 1 e a ausência da portadora representa o Bit 0.
O protocolo de transmissão estabelece a sequência 1110 para o início de uma
transmissão. Para corrigir eventuais erros de transmissão, o protocolo trabalha com
redundância, ou seja, cada transmissão é realizada duas vezes. Portanto, considerando a
frequência industrial brasileira e a redundância do protocolo X-10, a taxa líquida de
transmissão é 60 bps.
3.3. Geração Distribuída
A Geração Distribuída (GD) diz respeito à geração elétrica em pequena escala para
consumidores integrados ou isolados, localizados próximo ao ponto de consumo final. Isto
envolve os segmentos industriais, comerciais e residenciais.
A GD possui unidades geradoras, que além de suprir a energia local, possuem
condições próprias para desempenhar um papel importante para o conjunto do Sistema
Interligado, pois aumentam as reservas de potência junto às cargas e reduzem os riscos de
instabilidade, aumentando a confiabilidade do suprimento. E inclui geradores que usam
como fonte de energia resíduos combustíveis de processo, geradores de emergência,
geradores para operação no horário de ponta, painéis fotovoltaicos, pequenas centrais
hidrelétricas, etc.
A GD tem vantagem sobre a geração central, pois economiza investimentos em
transmissão e reduz as perdas nestes sistemas, melhorando a estabilidade do serviço de
energia elétrica.
Com a GD, torna-se possível obter maior eficiência energética. Para isso, o INEE
(Instituto Nacional de Eficiência Energética) tem trabalhado para derrubar eventuais
imperfeições do mercado que dificultam o desenvolvimento desta forma de geração elétrica.
Pode-se afirmar que a Geração Distribuída complementa e melhora o Sistema
baseado na Geração Centralizada.
32
3.3.1. Benefícios da GD em Smart Grid
A procura por serviços e tecnologias mais eficientes com impactos ambientais
reduzidos, seja no processo de geração, transmissão ou distribuição de energia elétrica,
associada aos investimentos necessários para o aumento da capacidade instalada no setor
elétrico brasileiro, tem colocado a geração distribuída como alternativa às tradicionais
soluções, seja para instalação local ou para integração regional.
Portanto, duas tendências estão formando a base para uma possível introdução a
geração descentralizada: a reestruturação do setor energético e a necessidade do aumento
de capacidade do sistema. E o Smart Grid é a solução para o futuro da distribuição, porque
reúne os avanços tecnológicos nas áreas de tecnologia de informação ao mundo da
energia, em favor das melhores práticas em termos econômicos e ambientais, e no conceito
de geração distribuída, as empresas e até consumidores produzirão energia, utilizando-se
de geradores ou painéis solares e conseguirão fornecer eletricidade ao sistema. Isso
principalmente porque possibilita um aproveitamento mais adequado da infraestrutura
existente e estimula a eficiência energética.
A tecnologia vai além de mudanças na distribuição, abrangendo também os sistemas
de geração e transmissão. Prevê o uso de sistemas de geração de energia local em
pequena escala e de gerenciamento do consumo. Os sistemas de microgeração envolvem o
uso de pequenos geradores a gás, energia solar e até mesmo pequenas turbinas eólicas
para abastecer residências, condomínios ou empresas, garantindo o fornecimento de
eletricidade. Simultaneamente, a energia excedente produzida pode ser fornecida ao
restante da rede, a preços de mercado.
Por fim, a instalação de geradores mais próximos dos centros de carga reduz custos
com transmissão e aumenta a segurança do abastecimento.
3.4. Energia Sustentável
O desenvolvimento econômico baseado na queima de combustíveis fósseis está
contribuindo cada vez mais para a mudança climática, pois a utilização destes resulta na
emissão de gases de efeito estufa, tais como o gás carbônico e o metano. Portanto devem-
se considerar todas as oportunidades para gerar energia a partir de recursos sustentáveis
ou renováveis.
Os desafios da energia sustentável são sociais, tecnológicos, econômicos, políticos e
globais.
33
O sucesso da energia sustentável depende das nações trabalharem juntas para
assegurar que os recursos financeiros necessários, capacidade técnica e vontade política
sejam direcionados para acelerar a implementação de tecnologias mais limpas e eficientes
nas economias mundiais.
O conceito de sustentabilidade energética abrange a necessidade de garantir uma
oferta adequada de energia para atender as necessidades futuras, evitando mudanças
climáticas catastróficas, estendendo os serviços básicos de energia aos mais de 2 bilhões
de pessoas em todo o mundo que atualmente não têm acesso às modernas formas de
energia e reduzindo os riscos à segurança e os conflitos geopolíticos que de outra forma
possam surgir devido a uma competição crescente por recursos energéticos irregularmente
distribuídos.
Portanto o Smart Grid é uma iniciativa sustentável para o planeta, pois oferece
ofertas ecológicas, visão futura sobre custos e opções de uso e controle, gerando uma
redução significativa do uso da energia, além de ser economicamente atrativo para os
consumidores, que poderão customizar o serviço de acordo com a sua necessidade de uso,
e para as distribuidoras, que buscam redução de perdas.
3.4.1. Recursos Energéticos Renováveis e Sustentáve is
As fontes renováveis de energia – biomassa, eólica, solar, hidrelétrica, geotérmica e
oceânica – contribuem muito para satisfazer as necessidades energéticas da sociedade,
ajudam a promover o avanço de importantes metas de sustentabilidade e também são
desejáveis por várias razões:
• Benefícios ambientais e de saúde pública – Na maioria dos casos, as modernas
tecnologias de energia renovável geram emissões muito mais baixas, e gases de efeito
estufa e de poluentes atmosféricos convencionais, em comparação com as alternativas de
combustível fóssil. Outros benefícios podem envolver necessidades menores no uso de
água e tratamento de resíduos.
• Benefícios de segurança energética – Recursos renováveis reduzem a exposição à
escassez de oferta e à variabilidade dos preços nos mercados de combustíveis
convencionais, também oferecem um meio para muitos países diversificarem os seus
suprimentos de combustível e para reduzir a dependência das fontes estrangeiras de
energia, incluindo a dependência do petróleo importado.
• Desenvolvimento e benefícios econômicos – O fato de muitas tecnologias
renováveis poderem ser implantadas gradativamente, em aplicações isoladas de pequena
escala, faz com que sejam adequadas para os contextos dos países em desenvolvimento,
em que existe uma necessidade urgente de estender o acesso aos serviços de energia nas
34
zonas rurais, além disso, uma maior dependência dos recursos renováveis nacionais pode
reduzir a transferência de pagamentos por energia importada e estimular a criação de
empregos.
A seguir uma breve descrição das fontes renováveis de energia mais utilizadas pelo
mundo, segundo Walisiewicz (2008).
i. Biomassa
A energia da biomassa é obtida durante a transformação de produtos de
origem animal e vegetal para a produção de energia. Na transformação de resíduos
orgânicos é possível obter biocombustíveis, como o biogás, o bioálcool e o biodiesel. A
formação de biomassa a partir de energia solar é realizada pelo processo denominado
fotossíntese. Por meio da fotossíntese, plantas que contêm clorofila transformam o dióxido
de carbono e a água mineral, produtos sem valor energético, em materiais orgânicos com
alto teor energético e, por sua vez, servem de alimento para os outros seres vivos. A
biomassa, por meio destes processos, armazena a curto prazo a energia solar sob a forma
de hidrocarbonetos. A energia armazenada no processo fotossintético pode ser
posteriormente transformada em calor a partir de plantas, liberando novamente o dióxido de
carbono e a água armazenados. Esse calor pode ser usado para mover motores a explosão
ou esquentar água para gerar vapor e mover uma turbina, gerando energia elétrica.
Fonte: Retirado de www.apenergiasrenovaveis.wordpress.com
FIGURA 6 – Esquema de produção de biomassa
35
ii. Energia Fotovoltaica
A energia fotovoltaica é fornecida de painéis contendo células fotovoltaicas ou
solares que sob a incidência do sol geram energia elétrica. A energia gerada pelos painéis é
armazenada em bancos de bateria, para que seja usada em período de baixa radiação e
durante a noite.
Fonte: Retirado de http://camieea.wordpress.com
FIGURA 7 – Painel Fotovoltaico
A conversão direta de energia solar em energia elétrica é realizada nas células
solares pelo efeito fotovoltaico, que consiste na geração de uma diferença de potencial
elétrico provocada pela radiação. O efeito fotovoltaico ocorre quando fótons (energia que o
sol carrega) incidem sobre átomos (no caso átomos de silício), provocando a emissão de
elétrons, gerando corrente elétrica. Este processo não depende da quantidade de calor, pelo
contrário, o rendimento da célula solar cai quando sua temperatura aumenta.
O uso de painéis fotovoltaicos para conversão de energia solar em elétrica é viável
para pequenas instalações, em regiões remotas ou de difícil acesso. É muito utilizada para a
alimentação de dispositivos eletrônicos existentes em foguetes, satélites e astronaves.
No Brasil já é usado, em uma escala significativa, o coletor solar que utiliza a energia
solar para aquecer a água e não para gerar energia elétrica.
iii. Energia Eólica
A energia eólica é uma das fontes mais amigáveis de energia renovável para o meio
ambiente. A energia eólica é a energia obtida pela ação do vento, ou seja, por meio da
utilização da energia cinética gerada pelas correntes aéreas.
36
A energia eólica tem sido utilizada desde a antiguidade para mover os barcos
movidos por velas ou operação de máquinas para movimentação das suas fábricas de pás.
É uma espécie de energia verde. Essa energia também vem do Sol, que aquece a
superfície da Terra de forma não homogênea, gerando locais de baixa pressão e locais de
alta pressão, fazendo com que o ar se mova gerando ventos. Não causa prejuízos ao meio
ambiente.
A conversão de energia é realizada por um aerogerador que consiste num gerador
elétrico acoplado a um eixo que gira pela incidência do vento nas pás da turbina.
A turbina eólica é formada essencialmente por um conjunto de duas ou três pás, com
perfis aerodinâmicos eficientes, impulsionadas por forças predominantemente de
sustentação, acionando geradores que operam a velocidade variável, para garantir uma alta
eficiência de conversão.
A instalação de turbinas eólicas tem interesse em locais em que a velocidade média
anual dos ventos seja superior a 3,6 m/s.
O Brasil produz e exporta equipamentos para usinas eólicas, mas elas ainda são
pouco usadas. E se destacam as Usinas do Camelinho em Minas Gerais, de Mucuripe e da
Prainha no Ceará, e a de Fernando de Noronha em Pernambuco.
Fonte: Retirado de http://www.portalmidia.net
FIGURA 8 – Vista de campo com equipamentos eólicos
iv. Energia Geotérmica
A energia geotérmica é a energia do interior da Terra. A geotermia consiste no
aproveitamento de águas quentes e vapores para a produção de eletricidade e calor.
Parte do calor interno da Terra (5.000 °C) chega à crosta terrestre. Em algumas
áreas do planeta, próximas à superfície, as águas subterrâneas podem atingir temperaturas
37
de ebulição, e, dessa forma, servir para impulsionar turbinas para eletricidade ou
aquecimento. A energia geotérmica é aquela que pode ser obtida pelo homem a partir do
calor dentro da terra. O calor dentro da terra ocorre devido a vários fatores, entre eles o
gradiente geotérmico e o calor radiogênico.
Fonte: Retirado de http://www.brasilescola.com
FIGURA 9 – Esquema de Funcionamento de uma central geotérmica
v. Energia Hidrelétrica
A energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica pelo aproveitamento do
potencial hidráulico de um rio. Para que esse processo seja realizado é necessária a
construção de usinas em rios que possuam elevado volume de água e que apresentem
desníveis em seu curso.
A força da água em movimento é conhecida como energia potencial, essa água
passa por tubulações da usina com muita força e velocidade, realizando a movimentação
das turbinas. Nesse processo, ocorre a transformação de energia potencial (energia da
água) em energia mecânica (movimento das turbinas). As turbinas em movimento estão
conectadas a um gerador, que é responsável pela transformação da energia mecânica em
energia elétrica.
Normalmente as usinas hidrelétricas são construídas em locais distantes dos centros
consumidores, esse fato eleva os valores do transporte de energia, que é transmitida por
fios até as cidades.
A eficiência energética das hidrelétricas é muito alta, em torno de 95%. O
investimento inicial e os custos de manutenção são elevados, porém, o custo do
combustível é nulo, a água.
38
Fonte: Retirado de http://pt.wikipedia.org
FIGURA 10 – Esquema de funcionamento de uma usina hidrelétrica
Atualmente, as usinas hidrelétricas são responsáveis por aproximadamente 18% da
produção de energia elétrica no mundo. Esses dados só não são maiores pelo fato de
poucos países apresentarem as condições naturais para a instalação de usinas
hidrelétricas. As nações que possuem grande potencial hidráulico são os Estados Unidos,
Canadá, Brasil, Rússia e China. No Brasil, mais de 95% da energia elétrica produzida é
proveniente de usinas hidrelétricas.
Apesar de ser uma fonte de energia renovável e não emitir poluentes, a energia
hidrelétrica não está isenta de impactos ambientais e sociais. A inundação de áreas para a
construção de barragens gera problemas de realocação das populações ribeirinhas,
comunidades indígenas e pequenos agricultores. Os principais impactos ambientais
ocasionados pelo represamento da água para a formação de imensos lagos artificiais são:
destruição de extensas áreas de vegetação natural, matas ciliares, o desmoronamento das
margens, o assoreamento do leito dos rios, prejuízos à fauna e à flora locais, alterações no
regime hidráulico dos rios, possibilidades da transmissão de doenças, como
esquistossomose e malária, extinção de algumas espécies de peixes.
39
Fonte: Retirado de http://www.itaipu.gov.br/
FIGURA 11 – Itaipu (maior hidrelétrica do mundo)
vi. Energia oceânica
A energia oceânica é obtida de modo semelhante ao da energia hidrelétrica.
Constrói-se uma barragem, formando-se um reservatório junto ao mar. Quando a
maré é alta, a água enche o reservatório, passando através da turbina e produzindo energia
elétrica, e na maré baixa o reservatório é esvaziado e água que sai do reservatório, passa
novamente através da turbina, em sentido contrário, produzindo energia elétrica. Este tipo
de fonte é também usado no Japão e Inglaterra. No Brasil temos grande amplitude de
marés, mas a topografia do litoral inviabiliza economicamente a construção de reservatórios.
Fonte: Retirado de http://renovacaoenergetica.com
FIGURA 12 – Esquema de funcionamento da energia oceânica
40
3.4.2. Veículos Elétricos e a Eficiência Energética
Veículos elétricos (VE) são aqueles acionados por pelo menos um motor elétrico.
Como há dezenas de milhões de veículos convencionais circulando no país, o VE pode
reduzir consideravelmente desperdícios evitáveis de combustíveis.
No início do século XX, circulavam muitos veículos elétricos a bateria, mas o
aperfeiçoamento dos motores de combustão interna tornaram este o acionador padrão. A
pequena capacidade de armazenamento das baterias, seu peso e o tempo elevado para
carga limitaram o uso dos veículos elétricos ao atendimento de necessidades específicas
como o transporte em áreas restritas.
Porém, no final do século houve um renascimento dos VE estimulado inicialmente
por incentivos governamentais e normas que restringem emissões poluentes. Embora o
número de VE ainda seja pequeno (300 mil a 400 mil de quatro rodas), o estágio de
experiências já se encontra ultrapassado e as vendas crescem rapidamente pelas seguintes
vantagens: alta eficiência energética que proporciona custos operacionais inferiores aos
convencionais e elevado conforto, ou seja, baixo ruído e ausência de vibrações.
O mais importante para o Smart Grid, é que os VE também podem produzir efeitos
consideráveis no sistema elétrico interligado do Brasil. O INEE tem trabalhado este tema no
âmbito da geração distribuída e promete um papel extremamente positivo para redução de
perdas de transmissão e distribuição no setor elétrico.
A penetração dos VE no mercado acontecerá com espontaneidade, na medida em
que os consumidores perceberem claramente suas vantagens junto ao Smart Grid.
Os veículos elétricos podem ser classificados em cinco famílias:
i. VE a bateria – VEB
A energia é fornecida por um conjunto de baterias que são recarregadas na rede
elétrica. Muitos modelos de VEB, estão disponíveis em diversos países e são fabricados
tanto por indústrias tradicionais como novas.
ii. VE híbrido – VEH
A energia é fornecida por um gerador a bordo que é acionado por um m.c.i. (motor
de combustão interna). Estes veículos também usam sistemas de bateria e capacitores para
acumular energia elétrica, permitindo que o m.c.i. só opere nas condições ótimas ou fique
desligado. Destacam-se dois tipos básicos de VEH: o VEH “serial” onde as rodas são
acionadas apenas pelos motores elétricos e o VEH “paralelo” onde as rodas podem ser
acionadas pelo m.c.i. em paralelo com o motor elétrico. Recentemente surgiu o conceito de
veículos “plug in”, isto é, veículos que podem ser ligados à rede elétrica para carga de
41
baterias e dispõem de motor/gerador a bordo para carga das baterias, extensão da
autonomia e/ou adição de potência em ladeiras e arrancadas mais fortes.
iii. VE de célula a combustível – VECC
É suprido por células a combustível, equipamento eletroquímico que transforma a
energia do hidrogênio diretamente em eletricidade. Esta tecnologia é objeto de muita
pesquisa na atualidade e diversos fabricantes apostam nela como o futuro dos veículos. O
hidrogênio será distribuído diretamente ou produzido a partir do metano, metanol ou etanol.
O VECC também usa a bordo importantes sistemas de acumulação de energia, sejam
baterias ou capacitores.
iv. VE ligado a rede ou trólebus
A energia é fornecida pela rede elétrica. Trata-se do tipo mais presente no Brasil.
Porém, devido ao alto custo da rede e dificuldades de trânsito, não há previsão de
expansão.
v. VE Solar – VES
A energia é fornecida por placas fotovoltaicas (FV). Restrito ao ambiente das
universidades que trabalham com as FV é pouco provável que o VES venha a se
transformar em um veículo de uso prático pelas restrições de tamanho dos veículos que
limitam a dimensão dos painéis e consequentemente sua potência.
3.4.3. Casas Inteligentes
Com a implantação do Smart Grid e o auxílio das fontes de energia renováveis, as
casas poderão produzir sua própria eletricidade, utilizando-se da microgeração interna de
energia, e serão equipadas com aparelhos inteligentes, que irão se comunicar com a rede
elétrica por meio de um medidor inteligente. Esse sistema oferece uma variedade de
possíveis novos serviços e funcionalidades extras aos eletrodomésticos. Como exemplo, os
novos aparelhos que não necessitam de alimentação contínua, tais como geladeiras,
freezers, máquinas de lavar ou notebooks, podem ser ajustados automaticamente
para interromper a utilização de eletricidade da rede por diferentes períodos de tempo, de
acordo com a demanda e a oferta em todo o sistema elétrico.
Quando uma casa produz sua própria eletricidade, a energia é gerada por painéis
solares fotovoltaicos (PV) ou por uma turbina eólica de pequena escala e os aparelhos
podem ser programados para executar e aproveitar esta geração de baixa emissão de
42
carbono no local. Quando o excesso de eletricidade está sendo produzido será possível
vendê-lo para a concessionária e colocar a energia excedente de volta à rede.
Os medidores inteligentes irão facilitar a medição das exportações de energia.
Também poderá ser possível integrar a recarga de veículos elétricos para sincronizar
com a microgeração na própria casa, ou garantir que ele ocorra durante períodos de tarifa
baixa.
As conexões entre um medidor de casa inteligente e celulares ou a internet podem
potencialmente também oferecer ainda mais conveniência. Por exemplo, os consumidores
podem ser capazes de alterar remotamente o tempo de aquecimento ou resfriamento do
sistema ambiente.
43
4. IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA SMART GRID NO BRASIL
A aposta nas redes inteligentes está crescendo e incentivando os agentes ao redor
do mundo. No Brasil, o conceito ganhou destaque desde 2008 e se tornou um dos tópicos
mais comentados no segmento.
A implantação do Smart Grid envolve uma mudança profunda no modelo de
negócios atual do setor elétrico, o que representa um grande desafio para um segmento que
pouco mudou.
A rede inteligente precisa de muito investimento em tecnologia da informação. A
parte mais discutida é a troca dos medidores analógicos por medidores eletrônicos, com
eles poderemos ter novas tarifas, novos parâmetros de qualidade do serviço, controle de
cargas e outras funcionalidades, como a comunicação de dados pela linha elétrica. As
apostas estão nas novas soluções, como a geração distribuída, veículos elétricos e
compartilhamento da telemedição.
De acordo com Boccuzzi (2009), o investimento tem girado em torno de US$ 250 a
US$ 450 por cliente na Europa e nos Estados Unidos, onde o Smart Grid se apresenta mais
acelerado. No Brasil, acredita-se que os investimentos ficarão em US$ 150 por cliente.
Destaca Boccuzzi (2009): “As distribuidoras poderão fornecer planos de tarifa, como as
empresas de telefonia, para os consumidores baseados no perfil de consumo. Além disso,
as empresas poderão controlar o consumo dos equipamentos dos clientes”.
“Nos próximos anos, mesmo equipamentos domésticos, como refrigeradores e
condicionadores de ar, terão endereços de IP e poderão ser monitorados e controlados
pela Smart Grid“, prevê O’Farrell (2009).
Segundo Tiepolo (2009), “A discussão sobre Smart Grid é importante, pois os
desafios para a implantação são muitos e o Brasil, apesar de partir atrás dos países mais
desenvolvidos, é visto como um dos líderes na América Latina, por isso, o interesse de
gigantes como IBM e Silver Spring e a mobilização dos agentes, principalmente de
distribuição”.
A Figura 13 apresenta a visão do sistema elétrico atual e como será o cenário do
sistema elétrico após a implantação do Smart Grid.
44
Fonte: Retirado do documento “Integração de Tecnologias e Setores: Para melhor desempenho dos negócios e
benefício dos consumidores”
FIGURA 13 – Sistema elétrico atual e após implantação do Smart Grid
4.1. Primeiros Passos para Implantação
Para se ter uma rede inteligente, é necessário alterar o sistema que leva energia até
a casa do usuário por um sistema Smart Grid.
O ponto crucial dessa nova rede é o medidor inteligente. Com o uso de
microprocessadores e memória, os medidores eletrônicos trazem a idéia de tempo real para
a distribuição e uso de energia. O intuito é se conectar à internet para transmitir dados, ou
poder se comunicar eletronicamente com um sistema central via linha de energia (powerline
communication – PLC) ou talvez outra rede eletrônica, como celular, aproximando a ligação
entre clientes e concessionárias. Isso significa que a companhia de energia poderá
instantaneamente saber quanto de eletricidade o usuário estará consumindo, permitindo o
balanço das cargas e o aumento da eficiência da rede. Quedas poderão ser diagnosticadas
de forma automática e a área atingida será reduzida, já que será possível controlar o fluxo
da energia. Permitirá também que a empresa gere a fatura de energia sem que um leiturista
precise ir até a casa do usuário.
Além disso, com a medição inteligente é possível saber quanto cada aparelho
consome mensalmente. Por meio de um servidor contratado pela concessionária, o usuário
poderá acompanhar diariamente o gasto dos seus equipamentos eletrônicos.
45
A seguir uma breve descrição do que um medidor junto a uma rede inteligente
poderão proporcionar:
i. Para a empresa de energia:
• Gerenciamento do pico de carga;
• Controle preciso sobre dispositivos de gerenciamento de carga para oferecer
programas superiores de resposta da demanda;
• Trabalharão em conjunto com tecnologias de armazenamento distribuído de
energia e de energias renováveis, permitindo que as empresas despachem
geração limpa e eficiente de energia pela rede elétrica durante períodos de pico;
• Será possível diferenciar tarifas conforme o horário.
ii. Para o usuário final:
• Oportunidades de economia de energia para usuários comerciais e industriais;
• Vantagem para programar o uso de cargas não essenciais para horários fora de
pico, economizando energia e cortando custos;
• Possibilidade de gerenciar os gastos mensais, programando os eletrodomésticos
para funcionar somente nos horários em que a energia for mais barata;
• Com um medidor e uma rede inteligente, o usuário poderá acompanhar
instantaneamente o consumo da sua casa, por meio de um site disponibilizado
pelo servidor da concessionária de energia.
4.1.1. Medidor Analógico x Medidor Digital
i. Medidor analógico (eletromecânico):
É utilizado para medir a energia ativa, ou seja, aquela que pode ser transformada em
outras formas de energia, como a energia do movimento ou a do calor. Nesse modelo, a
energia reativa que faz motores funcionarem, como o de um refrigerador, não é cobrada de
consumidores residenciais e, assim, o controle da distribuidora sobre o que é consumido é
menor.
ii. Medidor digital (eletrônico):
Sua estrutura possui um microprocessador. Assim, é possível adicionar novas
funcionalidades, sempre em tempo real. O novo medidor usa avanços da tecnologia da
informação e das telecomunicações e controla o fluxo de energia reativa também nos
domicílios. Entretanto, o objetivo das companhias não é cobrar, mas poder ter um
46
planejamento mais adequado da rede para evitar possíveis quedas e evitar os desvios de
energia (gatos), que atualmente causam muito prejuízo para as concessionárias de energia.
Fonte: Retirado de www.nansen.com.br Fonte: Retirado de www.ge.com
FIGURA 14: Medidor analógico FIGURA 15: Medidor digital
Atualmente o Brasil possui 65 milhões de unidades consumidoras. Trocar os
medidores eletromecânicos, que são muito confiáveis e têm uma vida útil longa, por um
novo sistema exige uma série de padrões de operação e funcionalidade. Portanto faz-se
necessário a homologação pelos órgãos reguladores, como o Inmetro.
A ANEEL realizou consulta pública sobre o tema de medição eletrônica buscando
subsídios para elaboração de resolução específica para o tema. Até o momento, nada está
definido quanto a quais funcionalidades os medidores inteligentes deverão ter
obrigatoriamente, mas algumas empresas de energia no Brasil já estão realizando a
substituição dos velhos medidores eletromecânicos por medidores eletrônicos.
A partir do fim das discussões entre governo e as empresas do setor elétrico, a troca
de aparelhos analógicos por eletrônicos será obrigatória e as empresas terão um prazo de
18 meses, após a aprovação do projeto pela primeira fase da consulta pública, para
começar a utilizar aparelhos digitais. A partir de então, os instrumentos modernizados
devem ser instalados em novas ligações ou na substituição de medidores quebrados.
4.1.2. Estudos e Projetos de P&D
Segundo matéria divulgada pela Sociedade Brasileira Pró-inovação Tecnológica,
PROTEC (2011), os projetos de P&D das empresas estão começando com o
desenvolvimento da medição eletrônica e da telemedição. Algumas concessionárias de
energia, como a Light, por exemplo, estão desenvolvendo seu medidor inteligente. “Hoje os
medidores têm alguma inteligência, pois já se comunicam remotamente com o centro de
47
controle da distribuidora, conseguimos cortar medidores remotamente, mas o que a Aneel
está querendo é a substituição por um sistema mais inteligente do que existe hoje. Esse
medidor que estamos desenvolvendo é compatível com todas as funcionalidades que a
Aneel solicita para a substituição massiva dos medidores”, afirmou Fábio Toledo, assessor
da diretoria de projetos da Light.
As concessionárias também investigarão inovações em Smart Grid com a
perspectiva da chegada dos veículos elétricos e híbridos ao Brasil. Também irão estudar
tecnologias em Smart Grid já antevendo a ampliação do uso da energia solar e a
possibilidade de os clientes que têm painéis fotovoltaicos poderem vender a energia que
não consumirem para a rede.
4.1.3. Futuras Possibilidades
As empresas de tecnologia estudam o próximo passo. A ideia é preparar as casas
para funcionar a partir de energia gerada pelo calor do sol e pela força do vento e também
recarregar carros na garagem em horário programado.
Segundo Rodriguez (2011), “O consumidor será capaz de produzir e vender energia
a partir de seu domicílio para as concessionárias distribuidoras de energia. Será um grande
benefício tanto para o consumidor quanto para o País, que introduzirá uma maior
porcentagem de energia renovável na matriz energética. A tecnologia para implementação
da micro geração distribuída já está disponível”.
A casa inteligente seria integrada por eletrodomésticos inteligentes (programáveis),
uma estação de recarga de veículos elétricos e um centro de gerenciamento (medidores
digitais). De acordo com Rodriguez (2011), “Neste cenário avançado as residências teriam
impacto energético nulo e para isso, seriam necessários, dentro de cada casa, um sistema
de comunicação, ferramentas de gestão para geração distribuída e um painel solar ou uma
microcentral eólica”.
4.2. Investimentos
Estima-se que gastos com as tecnologias Smart Grid atinjam 200 bilhões de dólares
até 2015, baseado nos dados de um relatório de uma empresa de inteligência de mercado
de tecnologia (CONSULTORIA PIKE RESEARCH, 2009).
De acordo com o relatório, os principais motivos para a implantação do Smart Grid
destacam-se em quatro vertentes: melhorar confiabilidade e segurança, melhorar a
48
eficiência de operação e seus custos, equilibrar produção e a demanda de energia elétrica,
além de reduzir o impacto total de sistemas elétricos na mudança climática.
As dificuldades encontradas para a implantação do Smart Grid são basicamente em
relação à rede atual, que apresenta uma configuração arcaica, aos modelos ultrapassados,
à falta de padrões, e no Brasil, falta também maior incentivo governamental. Porém, as
empresas e indústrias em geral estão apostando na chegada do Smart Grid e estão
investindo fortemente em novas tecnologias, novos equipamentos, interoperabilidade, testes
em projetos piloto, entre outros.
O relatório Smart Grid Technologies, compreende as oportunidades do mercado
global para tecnologias e aplicações de rede inteligente, além de examinar modelos de
negócio de empresas de energia, fatores regulatórios, questões tecnológicas e a dinâmica
da demanda no uso final.
No Brasil, há vários avanços nessa área, muitas empresas de energia, em conjunto
com centros de pesquisas, estão realizando estudos para qualificar seus planos de
investimentos e incorporar o novo sistema.
É verdade que algumas empresas investem mais que outras, mas o objetivo final é o
mesmo e com toda essa movimentação, estima-se que em 2013 as principais empresas
brasileiras deverão investir aproximadamente 4 bilhões de reais em tecnologias de rede
inteligente, segundo informações da empresa ECOee, que teve matéria publicada no jornal
DCI (DIÁRIO DO COMÉRCIO E INDUSTRIA, 2010).
De acordo com a matéria publicada, Light, Cemig, Copel e AES Eletropaulo são as
empresas mais adiantadas neste setor, pois já investiram cerca de 95 milhões de reais em
redes inteligentes até o momento e já instalaram seus projetos piloto, que estão em testes
no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, respectivamente. Os investimentos
são direcionados à infraestrutura, incluindo a instalação de redes elétricas mais modernas,
adaptação de sistemas de transferência de energia e novas tecnologias.
O fato de a Aneel estar elaborando um projeto estratégico que propõe a criação de
um Programa Brasileiro de Redes Inteligentes é uma das principais sinalizações nesse
sentido. O programa deverá estabelecer regras, custos e benefícios sobre Smart Grid. Além
de já ter colocado em consulta pública o regulamento estabelecendo os padrões para os
medidores eletrônicos.
O que ainda precisa ser observado é o custo de implantação dos medidores
eletrônicos e de toda a rede de dados, pois a Aneel estima que cada medidor inteligente
custará entre 200 e 300 reais, além da necessidade de trocar a infraestrutura das
concessionárias, dos equipamentos da rede de distribuição de energia, das chaves,
transformadores, medidores e religadores. Em relação a estes últimos, ainda não há
estudos com previsão dos gastos efetivos.
49
Entretanto, a oportunidade de se obter mais informações e alternativas de consumo
por parte do usuário final é muito interessante. A busca por formas alternativas de produção
de energia também é uma das apostas das redes inteligentes, observando-se que diversos
tratados ambientais são discutidos anualmente.
Há ainda algumas dificuldades na produção doméstica de energia por meio de fontes
sustentáveis, pois para gerar energia solar, é necessário instalar placas solares, que
atualmente tem um custo elevado, além de demandar o uso de equipamentos (baterias)
para armazenamento da energia produzida.
A Tabela 3 apresenta os investimentos previstos em projetos de P&D no Brasil desde
2008 relacionados a Smart Grid, segundo o mapa de projetos publicado pela Aneel no III
Seminário Internacional de Smart Grid realizado em junho de 2011 no CPqD:
TABELA 3: Investimentos previstos em projetos de P&D desde 2008
Tema Qtd.de
Projetos
Qtd.de
Projetos(%)
Investi/ o
Previsto (R$)
Investi/o
Previsto(%)
Fontes alternativas de geração de
energia elétrica
77 10,24% 221.100.059,67 16,74%
Geração Termelétrica 23 3,06% 21.711.129,80 1,64%
Gestão de Bacias e Reservatórios 22 2,93% 68.237.811,23 5,17%
Meio Ambiente 50 6,65% 76.096.135,53 5,76%
Segurança 52 6,91% 63.904.844,27 4,84%
Eficiência Energética 48 6,38% 56.585.977,66 4,29%
Planejamento de Sistemas de Energia
Elétrica
64 8,51% 73.014.329,06 5,53%
Operação de Sistemas de Energia
Elétrica
81 10,77% 150.296.356,63 11,38%
Supervisão, Controle e Proteção de
Sistemas de Energia Elétrica
145 19,28% 250.695.898,00 18,99%
Qualidade e Confiabilidade dos
Serviços de Energia Elétrica
54 7,18% 117.449.428,67 8,89%
Medição, faturamento e combate a
perdas comerciais
63 8,38% 78.974.490,35 5,98%
Outro 73 9,71% 142.361.511,77 10,78%
Total 752 100% 1.320.428.042,64 100%
Fonte: Adaptado do documento “Mapa de Projetos de P&D em Redes Inteligentes realizado pela Aneel”
50
A Tabela 4 e o Gráfico 1 apresentam os investimentos previstos em projetos de
Smart Grid no Brasil, segundo o mapa de projetos publicado pela Aneel no III Seminário
Internacional de Smart Grid realizado em junho de 2011 no CPqD:
TABELA 4: Investimento previsto em projetos de Smart Grid
Tema de Pesquisa Investimen to
Previsto (R$)
Quantidade de
Projetos
Redes Inteligentes / Smart Grid 108.547.148,43 21
Telecomunicações para Smart Grid 13.408.126,20 07
Geração Distribuída 9.605.792,68 07
Medição Inteligente 7.069.437,64 07
Veículos Elétricos e Acumuladores de Energia 5.096.091,36 05
Automação da Distribuição 5.845.062,11 04
Gerenciamento Pelo Lado da Demanda 475.849,00 01
Total* 150.047.507,42 52
Fonte: Adaptado do documento “Mapa de Projetos de P&D em Redes Inteligentes realizado pela Aneel”
Fonte: Retirado do documento “Mapa de Projetos de P&D em Redes Inteligentes realizado pela Aneel” GRÁFICO 1: Investimento previsto em projetos de Smart Grid (%)
*Dados Atualizados até Maio de 2011
51
4.3. Parcerias e Incentivos
Os grandes interessados na implantação do sistema Smart Grid, são as
concessionárias de energia, devido ao fato de que a nova rede aumentará a eficiência dos
sistemas, evitará roubos de energia e também estenderá a vida útil das usinas e das
infraestruturas.
Atentos para um mercado que tem previsão de movimentar bilhões de dólares,
grandes empresas como IBM, Cisco, Landis+Gyr, Intel, GE, MicroSoft e até a Google
estão interessadas na quantidade de investimentos que serão feitos no setor de energia
pelo mundo, portanto, para que a implantação do Smart Grid aconteça, essas empresas
estão se preparando para projetar sistemas, criar equipamentos, financiar projetos, produzir
novos equipamentos e inovar.
Não somente as empresas, mas alguns países estão bem avançados neste assunto,
principalmente os EUA, após o pacote de incentivos de US$ 3,4 bilhões lançado por Barack
Obama em 2009.
No Brasil, o governo ainda não disponibilizou um fundo de incentivo específico para
esse tipo de projeto, porém as empresas distribuidoras de energia do Brasil iniciaram alguns
movimentos para tornar as redes elétricas inteligentes.
A Figura 16 apresenta o arranjo institucional de P&D em Smart Grid no Brasil,
segundo o mapa de projetos publicado pela Aneel no III Seminário Internacional de Smart
Grid realizado em junho de 2011 no CPqD:
Fonte: Retirado do documento “Mapa de Projetos de P&D em Redes Inteligentes realizado pela Aneel” FIGURA 16: Arranjo institucional de P&D
52
A Tabela 5 e o Gráfico 2 apresentam o envolvimento das Entidades Executoras de
Pesquisa no Brasil, segundo o mapa de projetos publicado pela Aneel no III Seminário
Internacional de Smart Grid realizado em junho de 2011 no CPqD:
TABELA 5: Envolvimento das Entidades Executoras de Pesquisa
Tipo de Executora Quantidade de
Executoras
Qtde. de Projetos
Envolvidos
Centros de P&D 05 23
Consultoras 06 07
Fabricantes 15 30
Institutos 08 08
Universidades 22 30
Total* 56 98
Fonte: Adaptado do documento “Mapa de Projetos de P&D em Redes Inteligentes realizado pela Aneel”
Fonte: Retirado do documento “Mapa de Projetos de P&D em Redes Inteligentes realizado pela Aneel”
GRÁFICO 2: Envolvimento das Entidades Executoras de Pesquisa
*Dados atualizados até Maio de 2011
A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) e a
Associação de Empresas Proprietárias de Infraestrutura e de Sistemas Privados de
Telecomunicações (Aptel) estão realizando, junto com institutos de pesquisa, um projeto de
P&D que deverá orientar os investimentos em inovação a serem feitos pelas empresas do
setor de energia.
Algumas empresas já estão com projetos de P&D em Smart Grid já em andamento,
como o caso da Light, da Cemig e de outras companhias como o grupo AES e a Eletrobrás.
53
O Smart Grid reduz custos das distribuidoras, ajuda o consumidor a usar melhor a
energia, economizar e otimizar a distribuição de energia de acordo com a demanda nos
diferentes períodos do dia, gerando muitos benefícios. Um dos parceiros da Abradee e da
Aptel é o CPqD, que está realizando pesquisas em Smart Grid envolvendo
telecomunicações, tecnologia da informação e interoperabilidade.
Segundo dados publicados pela Unicamp, o projeto piloto da Light em parceria com a
Cemig deverá receber R$ 35 milhões de investimentos da firma carioca e R$ 30 milhões da
empresa mineira. O valor é parte da aplicação obrigatória que todas as empresas do setor
de energia precisam fazer em atividades de P&D, como determina a Aneel (INOVAÇÃO
UNICAMP, 2011).
Mais de 200 pesquisadores deverão trabalhar no projeto ao longo de seus três anos
de execução. Além do CPqD, a empresa CAS Tecnologia, que faz sistemas de medição
eletrônica e telemedição, e o Lactec, instituto de pesquisa do Paraná, também são
parceiros. A tecnologia é totalmente nacional e atualmente está na fase de desenvolvimento
dos protótipos, indo para a industrialização. A expectativa das empresas é que o sistema
desenvolvido por eles seja mais barato do que os sistemas equivalentes já existentes em
outros mercados.
4.3.1. Atuação Regulatória
i. ANEEL
A Aneel é a favor do Smart Grid e está trabalhando para acelerar a introdução de
Rede Inteligente e suas novas tecnologias, começando pela medição eletrônica, a
exemplo da sua participação no Grupo de Trabalho em Rede Inteligente do Ministério de
Minas e Energia, como citado acima e do Projeto Estratégico de Rede Inteligente dentro
do seu Programa de P&D.
Seus principais desafios são a substituição dos medidores atuais, de forma viável
(técnica e financeiramente), tarifação diferenciada para os usuários finais e regulamentação
da geração distribuída.
ii. INMETRO
O Inmetro tem como desafio a homologação de novos sistemas para Medição
Eletrônica.
54
iii. ANATEL
O desafio da Anatel é realizar a designação de uma banda de frequências dedicadas
e adequadas para as aplicações de AMI e Automação das Concessionárias de Distribuição
de Energia Elétrica no Brasil.
iv. MME
O Ministério de Minas e Energia criou um Grupo de Trabalho (GT) por meio da
portaria “ No 440, DE 15 DE ABRIL DE 2010”, para analisar e identificar ações necessárias
para subsidiar o estabelecimento de políticas públicas para a implantação de um Programa
Brasileiro de Rede Elétrica Inteligente, o “Smart Grid”.
O GT será composto por representantes do MME, da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e do Operador Nacional do Sistema (ONS). Órgãos e
entidades do setor que possam oferecer contribuições poderão ser convidados para
participar.
O programa tratará sobre:
• O estado da arte de programas do tipo “Smart Grid”, no Brasil e em outros
países;
• A proposta de adequação das regulamentações e das normas gerais dos
serviços públicos de distribuição de energia elétrica;
• A identificação de fontes de recursos para financiamento e incentivos à produção
de equipamentos no País;
• A regulamentação de novas possibilidades de atuação de acessantes no
mercado, incluindo a possibilidade de usuários operarem tanto como geradores
de energia (geração distribuída) quanto consumidores.
4.4. Projetos Piloto de Smart Grid
No exterior, existem várias empresas implantando projetos piloto em diferentes
regiões, alguns estão em desenvolvimento, na fase de testes e há também algumas cidades
que já estão funcionando com a nova rede.
Uma dessas empresas, a Xcel Energy, implantou um projeto chamado Smart Grid
City em Boulder no Colorado, EUA. Após a implantação total, o novo sistema avançado e
integrado de rede inteligente, fornecerá aos consumidores benefícios ambientais, financeiros
e operacionais (Rede Inteligente: por que, como, quem, quando, onde?, 2009).
55
Na Alemanha, na região de Karlsruhe-Suttgart, uma das áreas mais densas e
populosas do país, um projeto piloto de rede inteligente encontra-se em desenvolvimento, o
MEREGIO (Minimum Emissions Region). O objetivo do projeto é criar uma rede otimizada e
sustentável que reduzirá as emissões de CO2 a quase zero (Rede Inteligente: por que,
como, quem, quando, onde?, 2009).
Há também o projeto Málaga SmartCity, que está em desenvolvimento em Playa de
La Misericordia, na Espanha. O investimento deste projeto é de € 31 milhões e envolve onze
empresas sob a liderança da companhia energética espanhola Endesa, além de 300
clientes industriais, 900 prestadores de serviços e 11.000 famílias, sua duração está
estimada em torno de quatro anos. Fontes de energia renováveis serão ligadas à micro
redes mais próximas dos clientes, serão instalados painéis fotovoltaicos em edifícios
públicos, utilizando micro geração em alguns hotéis e instalando microssistemas eólicos na
região (Rede Inteligente: por que, como, quem, quando, onde?, 2009).
Porém o foco deste trabalho é tratar sobre a implantação do sistema Smart Grid no
Brasil, e quem está à frente com os projetos piloto são as concessionárias de energia, como
Light, Cemig, Eletropaulo, Copel, Eletrobrás, Energisa, CPFL e outras em conjunto com
associações como a Aptel, Abradee e outros representantes do setor elétrico.
Alguns testes já estão sendo realizados em algumas cidades do País, conforme
apresentados a seguir, de acordo com dados retirados da Unicamp (INOVAÇÃO UNICAMP,
2011).
A Light e a Cemig assinaram um acordo de parceria e investiram 65 milhões de reais
em projetos piloto com medidores digitais e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD) auxiliará nos projetos das companhias e no caso da Light, será
responsável por tratar de soluções para o monitoramento e supervisão da rede, além do
desenvolvimento dos softwares necessários.
Em Minas, na cidade de Sete Lagoas, os testes estão sendo realizados pela Cemig
com cerca de três mil clientes e no Rio de Janeiro, os testes estão sendo realizados pela
Light em uma das dezesseis favelas pacificadas.
Em São Paulo, a AES Eletropaulo implantou seu projeto piloto no bairro Ipiranga, e
está realizando os testes com cerca de dois mil clientes.
No Amazonas, em Parintins, a Eletrobrás iniciou outro projeto-piloto que está em
desenvolvimento.
A Copel (Companhia Paranaense de Energia), também desenvolveu um projeto
piloto de Smart Grid, que foi implantado no Paraná, na cidade da Fazenda Rio Grande. A
implantação começou com a infraestrutura e adaptação da rede para transferência de
energia. A previsão é de que em 2013, com a automatização do sistema, possam ser
56
realizados os testes com os medidores eletrônicos, localizadores e sinalizadores de falhas
de energia na rede elétrica.
O esperado pela companhia paranaense é atender cerca de cem mil clientes e
reduzir as faltas de energia de oito horas para três horas diárias ao ano.
A programação da Copel é bastante otimista e ousada, pois na Copa do Mundo de
2014, a concessionária pretende fazer de Curitiba a primeira capital brasileira com uma rede
elétrica inteligente.
4.4.1. Projetos Piloto de Smart Grid em parceria co m o CPqD
i. AES Eletropaulo – São Paulo
Como descrito anteriormente, a AES Eletropaulo implantou um projeto piloto de
Smart Grid em duas mil residências no bairro de Ipiranga, em São Paulo. O objetivo deste
projeto é realizar um acompanhamento do comportamento do sistema para preparar a
distribuidora para a regulamentação criada pela Aneel.
Neste projeto, são aplicadas funcionalidades como a automação da rede, detecção
de falhas, medição remota de energia por meio dos medidores eletrônicos e controle da
carga elétrica.
Antes de colocar o projeto em prática, houve uma estruturação que teve início em
2009, onde o projeto foi dividido em algumas etapas. Para a implantação foi necessário
integrar os sistemas sem haver quebra de eficiência na passagem de um meio para o outro,
como nas informações de um medidor para o centro de controle.
Esse projeto piloto está sendo desenvolvido em parceria com o CPqD, que é o atual
responsável pela pesquisa e desenvolvimento dos seguintes trabalhos:
• Arquitetura;
• Prova de conceito;
• Desenvolvimento de software de comunicação;
• Interoperabilidade.
ii. Light – Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro, a concessionária Light está investindo para a implantação do
sistema Smart Grid. A concessionária carioca investiu cerca de R$ 35 milhões para realizar
testes com aproximadamente mil clientes da área de concessão da Light que abrange 31
municípios, sendo que 300 clientes testarão a automatização total da rede elétrica interna.
É um projeto piloto que está sendo desenvolvido em parceria com o CPqD, o atual
responsável pela pesquisa e desenvolvimento dos seguintes trabalhos:
57
• Medidores Eletrônicos, Gateways de Telecom e Display;
• Automação Subterrânea (Algoritmos e Software de Automação);
• Automação Aérea (Algoritmos e Software de Automação);
• Interação com consumidor e IP;
• Armazenamento de energia e veículo elétrico.
iii. Cemig – Minas Gerais
Em Minas Gerais, a projeção inicial é de instalar 4,5 mil medições na cidade de Sete
Lagoas até final de 2011. Atualmente a concessionária mineira investiu cerca de R$ 30
milhões e já instalou o projeto piloto em cerca de 3 mil residências.
É um projeto piloto que está sendo desenvolvido em parceria com o CPqD, o atual
responsável pela pesquisa e desenvolvimento dos seguintes trabalhos:
• Automação de rede (algoritmos e software de automação);
• Gateways de Telecom;
• Aplicações associadas ao centro de medição;
• WEB site;
• Prova de conceito;
• Modelo funcional.
iv. Eletrobrás – Amazonas
A Eletrobrás criou um projeto piloto, que está em fase de desenvolvimento e testes
na cidade de Parintins, no Amazonas. O intuito é abordar questões como a construção de
parceria entre clientes e concessionárias, a influência efetiva das novas tecnologias nos
hábitos de consumo, as fraudes e inadimplência com maior participação do cliente.
Desenvolver tecnologias de comunicação mais apropriadas às condições ambientais
brasileiras, em especial da Região Amazônica.
Pode-se dizer que os resultados esperados giram em torno da redução de perdas e
inadimplência de forma sustentável, definição de tecnologias de comunicação, avaliação da
interoperabilidade de equipamentos e sistemas de medição, custo e benefício das diversas
funcionalidades do projeto Smart Grid, otimização do consumo de combustível nos sistemas
isolados, integração das novas tecnologias com sistemas computacionais atuais, detecção
de falhas tecnológicas e regulatórias, criação de uma rede de inovação de Smart Grid com
parceiros brasileiros e também um modelo de referencia para as empresas de distribuição
da Eletrobrás.
O projeto piloto que está sendo desenvolvido é em parceria com o CPqD, que é
responsável pela pesquisa e desenvolvimento dos seguintes trabalhos:
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• Integração de tecnologias;
• Portal e interação com o consumidor;
• Prova de conceito;
• Modelo de Referência.
v. Abrade / Aptel
As associações Abrade e Aptel em parceria com o CPqD, criaram um P&D que
abrangerá a definição de funcionalidades e requisitos para Smart Grid, com foco em
Telecom, TI e Interoperabilidade.
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5. CONCLUSÃO
Este trabalho apresentou os principais conceitos e aplicações das Smart Grids e
pode-se concluir que o grande desafio para o setor elétrico nos próximos anos será
implementar as tecnologias de smarts grids que estão sendo desenvolvidas ao redor do
mundo de acordo com as especificidades de cada país. A sua implantação se apresenta
como uma necessidade, principalmente devido a sua importante contribuição para os
objetivos de política energética (eficiência energética/econômica e meio ambiente).
Entretanto são muitas as dificuldades para esta implantação, principalmente no que
envolve a padronização e a viabilidade econômica dos investimentos.
As mudanças que serão exigidas na regulamentação serão proporcionais aos
avanços e transformações que estas redes inteligentes irão provocar no sistema elétrico. O
regulador terá um papel muito importante, pois articulará e coordenará os diferentes
interesses dos agentes envolvidos. Vale ressaltar que esta nova configuração proporciona
um grande benefício aos consumidores, que deixam de ser um agente passivo no atual
sistema para passar a ter uma posição ativa neste novo espaço.
Pelos estudos de caso dos projetos piloto foi possível perceber que cada país terá
que adotar as tecnologias que atendam as suas necessidades.
O Brasil terá que implantar soluções que visem à redução de furtos de energia (neste
contexto os medidores inteligentes terão um papel muito importante) e que melhore também
a eficiência energética, visto que por ser um país em desenvolvimento tem um elevado
potencial de crescimento da demanda de energia elétrica.
No processo de implementação das smarts grids, é fundamental a coordenação do
governo na criação de um plano bem estruturado que estimule os investimentos nessas
novas tecnologias e que principalmente forneça as garantias institucionais para aumentar a
confiança dos investidores. A vontade política é uma questão muito importante para que as
mudanças em direção às redes inteligentes aconteçam de forma rápida e eficiente.
Após o processo de modernização das redes, espera-se obter um sistema elétrico
dinâmico, bidirecional, com mais informações disponíveis de forma a aumentar a
transparência das atividades tanto para os consumidores como para os reguladores, que
melhore a qualidade e aumente quantidade de serviços ofertados ao consumidor, que este
possa usufruir de tarifas inteligentes que o estimule a mudar o seu hábito consumo, porém
para que isso ocorra será necessário a instalação de medidores inteligentes, equipamentos
para comunicação de dados, interoperabilidade e finalmente que a confiabilidade do sistema
e a segurança da informação aumentem, visto que estas são determinantes para a política
de segurança energética de um país.
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Portanto pode-se concluir que serão grandes os desafios impostos a todos os
agentes do sistema para que a implantação das redes inteligentes no país seja bem
sucedida, porém após a conclusão desta etapa espera-se que os benefícios a serem
usufruídos pela sociedade com este novo paradigma tenham valido todo o esforço requerido
durante o processo.
61
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