16/09/2015 RaIz®

INDIVÍDUOS EM CONEXÃO: A CADEIA DE RELAÇÕES USUÁRIOS-

CELULARES E SEU PAPEL NA GESTÃO DAS VIDAS E GERAÇÃO DE VALOR

Claudia Sciré Pesquisadora Independente - RaIz

16/09/2015 RaIz®

Entender a vida em conexão e

algumas de suas consquências,

levando em consideração as

práticas de uso e consumo de telefones celulares no contexto

no qual eles se tornam os objetos por excelência de conexão da

atualidade.

O quê?

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Como?

O celular e suas práticas de uso emergem como

uma lente a partir da qual é possível analisar determinados

fenômenos e não a causa dos mesmos.

Fenômenos

em relação

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A noção de cadeia sociotécnica

Humanos Objetos

Emaranhado de atores, objetos, práticas, discursos e

suas relações ao longo de distintas temporalidades.

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MERCADO

USUÁRIOS

PRODUTORES

INOVAÇÕES

DISCURSOS

SABERES

EVENTOS

APROPRIAÇÕES

Relações de força

Agenciamentos

A cadeia sociotécnica

Tempo processos construção social

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Domesticação

Uso mais disseminado;

“Apego”; Indispensabilidade

Tempo processos construção social

Inovações tecnológicas

Smart phone

Propostas do mercado

Conectividade

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Vida em conexão:

Inserção da vida na cadeia sociotécnica da

conectividade

Realização de novas funções e tarefas

Transmissão e compartilhamento de dados

Aceleração e controle dos tempos

Intensifica o trânsito de relações entre os elementos da cadeia;

Gera novos fios;

Permite o incremento da cadeia

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O que circula na cadeia

ELEMENTOS RACIONAIS

ELEMENTOS EMOCIONAIS

Microcoordenação do cotidiano Resolução de problemas Informações profissionais

Afetos Memórias; Lembranças; Manutenção constante de relações via circulação de arquivos

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A imprescindibilidade é funcional e simbólica.

E se alimenta da informação que

colocamos em fluxo.

Os usuários possuem um relacionamento emocional com seus telefones e sentem-se ligados a eles. (...) isto porque os celulares não são apenas uma extensão da presença do dono, mas também propiciam a presença virtual daqueles ligados à nós. (Lasen, 2004, p. 1, tradução nossa).

Repositório de emoções

+ Amplificador da

circulação de conteúdos

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Estar em conexão: colocar dados no fluxo

INFORMAÇÃO CONHECIMENTO VALOR

Entrada, saída e o trânsito nos diversos sistemas informatizados compostos por ambientes e serviços:

Cadastro/ Login

Likes (redes sociais)

Check ins

Tecnologias de rastreamento: Cookies/ webbeacons

“Toda ação deixa um rastro potencialmente recuperável”.

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• Serviços de auxílio na execução e no controle de

atividades cotidianas;

• visam medir, categorizar, armazenar práticas e hábitos cotidianos de forma a auxiliar numa gestão mais eficiente da vida.

Práticas de uso: aplicativos

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Cultura da gestão de si: controle estrito da vida: fazer o tempo render da melhor maneira possível, de modo a poder executar a maior quantidade de atividades possíveis, vigiar os hábitos e se forçar a ter hábitos tidos como saudáveis, de forma a prolongar o tempo de vida; controlar as finanças, para que se consiga obter sucesso na aquisição dos próximos bens materiais e assim por diante...

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Aplicativos de geolocalização - Foursquare

Locais visitados; Preferências/ gostos; Compartilhamento de

informações e avaliações sobre locais;

Cruzamento com preferências/gostos de amigos (conexões da rede)

Sugestões de locais nas proximidades

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Aplicativos de finanças - Expensify

sincronização dos gastos do cartão de crédito e contas bancárias

Categorização de gastos Emissão de boletins

financeiros

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Aplicativos de saúde – Sleep Cycle

Monitoramento das horas de sono;

cria gráficos com padrões de sono para mostrar quando o usuário dorme melhor

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Aplicativos de saúde - Noom

Ajuda o usuário a perder peso;

Traça um plano de consumo de calorias de acordo com o peso que o usuário quer alcançar e propõe uma série de tarefas a serem realizadas;

Contabiliza calorias

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Aplicativos de gestão de hábitos cotidianos - Daytum

Coleta e categoriza atividades diárias Cafés tomados Distâcias percorridas Séries assistidas

Gera boletins e gráficos que podem ser compartilhados nas redes sociais

Monitoramento Informação

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Monitoramento Informação

Sugestão de práticas

Categorização

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Consequências

Cria-se um campo de circulação no qual os fluxos destas informações

viajam não apenas pela rede que liga usuários a seus aparelhos, mas se

apoiam e se expandem pelas infovias da conexão à web.

Sugestão de práticas

Indicadores de

desempenho Poder

Parâmetros

externos

Controle

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Gestão privada e ao mesmo tempo pública:

Para que estes programas que permitirão ao usuário ser ajudado, orientado, informado possam ser acionados e colocados em prática, é preciso que sejam alimentados com dados e informações pessoais, incrementando, assim, o fluxo da cadeia sociotécnica que liga usuários e celulares.

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Produção de controle

Dispositivos de poder que promulgam trazer

saúde, ordem, segurança, adequação etc.,

mas igualmente engendram mecanismos

infinitesimais nos quais procedimentos de

autocontrole se instauram.

CONTROLES MODULARES: ATIVIDADES E

PRÁTICAS SUTILMENTE

DIRECIONADAS

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Produção de subjetivação com ingrediente da geração de valor

“Trata-se, em suma, de modular, aprimorar e gerir singularidades de acordo com o que é visto

e aceito enquanto potencialidade”. PROFILING

Perfil se refere menos a um conjunto de dados de uma única pessoa e a suas características intrínsecas e mais a traços que expressam relações entre indivíduos.

- Verdade ou falsidade e + performatividade

Dissolução e fragmentação de indivíduos, formas modulares.

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Produção de subjetivação com ingrediente da geração de valor

Circulação de informações e a proatividade dos usuários em determinadas sites e aplicativos, que serão, absorvidos pelas empresas enquanto insights para a geração de valor

PROSSUMPTION/ PROD-USERS

EXPLORAÇÃO DIGITAL

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Tempo da conexão direcionado para atividades que acionem a produção de valor.

Por trás da ideia de serviços colaborativos, percebe-se como os usuários, cada vez mais engajados

na produção de conteúdo destes sites e plataformas.

Tempos da vida de cada um podem ser monitorados

Disseminação de suas próprias informações, elementos que vão ser trabalhados e gerar

conhecimento.

Produção de valor

Vidas, práticas, atitudes, formas de ser-estar conectado tornam-se elementos essenciais para a

produção de valor.

Controle

Consumidor se torna o mercado e seu tempo de conexão passa a ser controlado.

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Lógica de serviços do marketing – o consumidor trabalha na relação de serviço com as empresas

co-produção criativa de valor

(Prahalad and Ramaswamy, 2000)

Usuários querem participar da criação e inovação de produtos e serviços a partir de suas

ideias e engajamentos nas redes sociais. (Tapscott, 2010).

PROSSUMPTION/ PROD-USERS

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“Trabalhar, hoje, é permanecer a maior parte do tempo

ligado ao maior número de redes possíveis e, de preferência, com uma alta dose de envolvimento. A

imagem-limite seria um mundo-on-line no qual todo o tempo de vida da pessoa é tempo de produção – não

porque ela trabalhe o tempo todo, mas porque o trabalho agora mudou de natureza. Nesse sentido, trabalhar já não

seria uma atividade com início e fim, mas sim a alimentação contínua de uma rede que, dessa maneira, usa para seus

próprios fins toda a informação que puder obter através da conexão”. (Santos e Ferreira, 2008, p. 89).

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O momento de produção confunde-se cada vez mais com o momento de consumo e que tempos de trabalho e de não trabalho já não podem ser concebidos separadamente, uma vez que a própria produção da vida e os momentos de reprodução em si constituem insumos valiosos na geração de valor.

Afetos, desejos, engajamentos dos mais diversos,

maneiras de ser, fazer e divertir-se

Reprodução da vida cotidiana

Reprodução das formas de geração de valor

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Nova dinâmica nas relações envolvendo

consumo

mercado geração de valor

controle do tempo do consumidor

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Cadeia sociotécnica pode ser considerada enquanto central no

processo de valorização de nossos dias

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Atrela-se cada vez mais a requisitos subjetivos para a gereção de valor

A participação mais ativa das

empresas na vida dos usuários

encontra terreno fértil para se

dar na própria conectividade –

via plataformas de engajamento

Se antes o tempo do lazer, das

relações privadas não era

inteiramente penetrado pela

relação mercadoria-consumidor

ou trabalhador-capitalista, hoje

“a expansão capitalista” abriu

novos territórios

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TEMPOS DA VIDA = TEMPO DE CONEXÃO

tempo de reprodução da vida se converteu em tempo de produção de valor;

forma ativa e passiva pelo simples processo de consumo do serviço de conexão.

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Há espaço para a autonomia? Gestão de si e dos tempos para si; Gestão dos tempos de conexão; Controle do que divulgar e do que não publicizar; Controle sobre quando ter acesso e ser acessado pelos outros; Resistência a ser enquadrado em perfis.

ESPAÇO QUE NÃO ESTÁ DADO, PRECISA SER INVENTADO

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Obrigada!

claudia_scire@yahoo.com.br