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FACULDADE DE CIÊNCIAS DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO
SÍNDROMA METABÓLICA
E ALTERAÇÕES DE ESTILO DE VIDA
(Terapêutica Nutricional)
EMA ROUPA 2003/2004
<5M - <QS I Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
SÍNDROME METABÓLICA E ALTERAÇÕES DE ESTILO DE VIDA
(Terapêutica Nutricional)
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
INDICE
Lista de Abreviaturas 3
Resumo 5
Introdução 8
Desenvolvimento do Tema 9
Enquadramento Histórico da Síndroma Metabólica 9
Critérios Clínicos para o Diagnóstico da Síndroma Metabólica 10
Patogénese da Síndroma Metabólica 12
Prevalência da Síndroma Metabólica 15
Consequências Cardiovasculares da Síndroma Metabólica 17
O que é a Insulinorresistência? 19
Factores Envolvidos na Insulinorresistência 21
Obesidade e Insulinorresistência 22
Identificar e Diagnosticar Indivíduos em Risco 25
Avaliar o Risco do Doente 26
Estratégias de Tratamento para a Síndroma Metabólica 28
Alterações Terapêuticas de Estilo de Vida 31
Composição da Dieta e Insulinorresistência 34
Efeitos da Composição da Dieta na Síndroma Metabólica e nos seus
Diferentes Componentes 36
Composição de uma "Dieta Óptima" para a Síndroma Metabólica 40
Actividade Física e Síndroma Metabólica 42
Prevenção e Terapêutica da Síndroma Metabólica 44
Perspectivas Futuras 46
Análise Crítica 48
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• Conclusões 50
• Bibliografia 52
• Anexos
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LISTA DE ABREVIATURAS
SM: Síndroma Metabólica
HDL: Lipoproteínas de alta densidade
DCV: Doença cardiovascular
IR: Insulinorresistência
IG: índice Glicémico
NCEP ATPIII: National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III
VCT: Valor calórico total
EUA: Estados Unidos da América
VLDL: Lipoproteínas de muito baixa densidade
HTA: Hipertensão arterial
PAI-1 : Inibidor do activador do plasminogénio
DMT2: Diabetes Mellitus tipo 2
SOP: Síndroma do Ovário Poliquístico
OMS: Organização Mundial de Saúde
TA: Tensão arterial
TAS: Tensão arterial sistólica
TAD: Tensão arterial diastólica
IMC: índice de massa corporal
EGIR: Grupo Europeu de Insulinorresistência
AACE: American Association of Clinical Endocrinologists
NEFA: Ácidos gordos não esterificados
PCR: Proteína C-reactiva
IL-6: lnterleucina-6
NHANES III: Third National Health and Nutrition Survey
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LDL: Lipoproteínas de baixa densidade
4S: Scandinavian Simvastatin Survival Study
AVC: Acidente vascular cerebral
Apo B: Apolipoproteína B
LPL: Lipoproteina lipase
AHA: American Heart Association
ADA: American Dietetic Association
HbAiC: Hemoglobina AiC
GPJ: Glicose plasmática em jejum
ISRS: Inibidores selectivos da recaptação de Serotonina
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RESUMO
A designação Síndroma Metabólica (SM) refere-se a um cluster de
desordens metabólicas que incluí elevados níveis de glicose em jejum,
dislipidemia (hipertrigliceridemia e baixos níveis de lipoproteínas de alta
densidade (HDL), hipertensão e obesidade, apesar de também se poder
desenvolver em indivíduos não obesos.(1, 32, 57, 65, 66, 68)
A SM rapidamente alcançou o tabaco, que até à data tem sido o factor de
risco* número um de Doença Cardiovascular (DCV) na população Americana.(2,
3,32)
A Insulinoresistência (IR), caracterizada por resistência à acção da insulina
por parte das células do organismo e consequente hiperinsulinemia (excesso de
produção de insulina por parte das células B do pâncreas numa tentativa de
normalizar a glicose sanguínea) é considerada por muitos investigadores o
principal factor desencadeante da SM.(1, 67)
A IR, apesar de passar desapercebida é uma anomalia muito comum, hoje
em dia, aproximadamente 60 a 70 milhões de Americanos são insulinorresistentes
e 47 milhões têm mesmo SM.(1, 32, 67)
O início ou aumento da prática de actividade física, a redução da ingestão
calórica e a redução do peso corporal são factores que tem impacto positivo tanto
na IR como na hiperinsulinemia.(l)
Planear correctamente os alimentos a conjugar a uma refeição também é
um factor importante. A combinação de proteína, gordura e hidratos de carbono
durante as diferentes refeições ou snacks permite um melhor controlo dos níveis
de glicose sanguínea e uma menor libertação de insulina do que a verificada
* Factor de risco: é um conceito moderno que articula o conceito clássico de causa directa de doença com conceitos mais
recentes: o da probabilidade, da precisão, e do prognostico. Pode ser definido como elemento mensurável da cadeia de causas de uma doença e um indicador seguro, significativo e independente do risco futuro.
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quando se consomem apenas, refeições ou snacks constituídos principalmente
por hidratos de carbono.(1)
Escolher alimentos que forneçam glicose às células a uma taxa constante
resulta numa libertação de insulina moderada que pode prevenir a IR. O índice
Glicémico (IG) é o parâmetro mais utilizado para medir a taxa a que os alimentos
libertam glicose para o sangue, este parâmetro mede o efeito que quantidades
equivalentes de hidratos de carbono presentes em diferentes alimentos têm sobre
a glicose sanguínea.(1)
Em geral alimentos ricos em fibras solúveis (fibras que formam gel) e com
um baixo IG (p.e.: feijões, vegetais, frutos inteiros, cereais, etc.) são os eleitos
para indivíduos com problemas a nível do controle da glicemia e da insulina,
produzida e utilizada pelo organismo.(l)
O National Cholesterol Education Program - Adult Treatment Panel III
(NCEP ATPIII) referiu que a SM deve ser indicada como uma situação que
necessita de intervenções de alteração de estilo de vida eficazes. Estas
intervenções para serem efectivas devem incluir alterações tanto na dieta como
na prática de actividade física, assim como o uso judicioso (sempre que seja
necessário) de agentes farmacológicos para cada componente desta síndroma
que são, nada mais, nada menos que factores de risco individuais que no seu
conjunto formam um só.(2)
O aumento da prática de actividade física e a diminuição da ingestão
calórica, através da redução das porções de alimentos ingeridas são medidas
úteis que podem melhorar todos os componentes da SM, mesmo na ausência de
perda de peso imediata, no entanto, está provado que reduções de peso, mesmo
pouco significativas são o que mais contribuí para melhorar a SM.(2)
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Alterações específicas na dieta devem ser efectuadas e direccionadas de
forma apropriada para os diferentes componentes da SM mas como norma geral,
a mesma deve incluir: redução da ingestão de gordura saturada, redução da
ingestão de sal e redução da ingestão de hidratos de carbono de elevado IG.(2)
A dieta para ser benéfica para a maioria dos pacientes com SM deve incluir
frutos, vegetais, leguminosas secas, cereais, gordura insaturada (mono e
polinsaturada) e produtos lácteos com baixo teor de gordura nas quantidades
adequadas.(2)
Um plano alimentar para a SM deve ter aproximadamente 15% do valor
calórico total (VCT) de proteínas, 30-40% do VCT de gordura e 45-55% do VCT
de hidratos de carbono.(1,4)
Os profissionais de saúde (Médicos, Nutricionistas, Dietistas, etc.) devem
ser efectivos na ajuda prestada aos pacientes alertando-os para a necessidade de
modificarem o seu estilo de vida quando são identificados factores de risco para
DCV no seu quadro clínico. Indicar intervenções apropriadas a cada caso,
acompanhar os doentes durante o seu tratamento e identificar as possíveis
barreiras que podem impedir a progressão do mesmo são funções que estes
profissionais devem exercer com o máximo rigor, pois só assim se conseguirá
atingir os objectivos de tratamento pré-estabelecidos.(2)
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INTRODUÇÃO
A SM é caracterizada por um conjunto de distúrbios metabólicos e afecta
particularmente pessoas obesas, podendo também ocorrer em pessoas não
obesas. Surge normalmente na idade adulta e é uma condição clinica com uma
prevalência muito elevada nos Estados Unidos da América (EUA).(5)
A IR é uma das suas principais características. Esta anomalia juntamente
com a hiperinsulinemia são características comuns dos indivíduos com diabetes,
mas não se restringem apenas aos mesmos, estando presentes numa proporção
substancial da população aparentemente saudável.(5)
A alimentação desempenha um papel importante no controle da IR e da
hiperinsulinemia. A redução da ingestão de calorias, a prática de exercício físico
e a diminuição do peso corporal são factores que têm impacto positivo sobre a
acção da insulina, logo devem ser tidos em conta quando se pretende a sua
regulação.(5)
A SM para além de estar associada à IR e outras anormalidades
fisiológicas (ver anexo 1) é um importante factor de risco para DCV. Como é uma
das principais causas de morte entre obesos, diabéticos e outros subgrupos da
população identificar pessoas com esta síndroma pode ser um estimulo útil para
melhorar as intervenções terapêuticas que conduzem à redução das
consequências que a mesma tem para a saúde.(6)
Esta monografia tem como objectivo reunir informação actualizada sobre a
SM dando mais relevância à importância da alimentação e actividade física tanto
na sua prevenção, como no seu tratamento.
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DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Enquadramento Histórico da Síndroma Metabólica
A SM é constituída por um conjunto de anormalidades metabólicas (ver
anexo 1) das quais se destaca, por ser mais relevante a IR.(7)
Na Europa Vague, Crepaldi e Halpen foram os responsáveis pelas
primeiras referências que surgiram sobre a SM. Em 1967 Crepaldi observou pela
primeira vez que a obesidade, a dislipidemia, a diabetes e a hipertensão ocorriam
simultaneamente em muitas pessoas.(7, 8)
No final da década de 1970, um grupo de investigadores alemães
denominou esta situação como SM. Desde esta data, a SM tem sido descrita de
diversas maneiras e vários são os termos usados para a descrever: SM,
Síndroma da IR, Síndroma X, Diabesidade, Quarteto da Morte, Síndroma
Dismetabólica, Síndroma Plurimetabólica, Síndroma do Caos, Síndroma do
Mundo Novo, entre outros.(7,8)
O termo Síndroma da IR surgiu devido a uma possível relação causal
entre esta anomalia e o aparecimento da síndroma, no entanto, nem todos os
doentes com SM são insulinorresistentes.(8)
Partindo de outra escola de pensamentos, que defende que a obesidade
induz a diabetes nestes doentes, embora a diabetes não esteja presente em
todos os casos, Diabesidade foi outra das denominações que surgiu. (8)
Em 1988, Reaven descreveu a SM como Síndroma X, constituída por IR,
intolerância à glicose, hiperinsulinemia, aumento das lipoproteínas de muito baixa
densidade (VLDL), redução das HDL e hipertensão arterial (HTA). Mais tarde
(1992), Bjorntorp associou a obesidade visceral, Reaven (1993) acrescentou a
hiperuricemia e alterações do inibidor do activador do plasminogénio (PAI-1) e
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Groop ainda em 1993 referiu outro elemento a juntar ao cluster inicial, a
microalbuminuria.(7)
A SM foi tendo várias designações de acordo com a vertente que o autor
desejava realçar, mas a terminologia actual é sem sombra de dúvida a mais
apropriada, pois para além de ser a mais conhecida é a que descreve melhor as
suas características.(8)
As anormalidades metabólicas associadas à SM são factores de risco para
DCV. A IR, uma das suas principais anormalidades também pode ser um factor
predisponente para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus Tipo 2 (DMT2), assim
a SM apresenta-se como uma situação que predispõe tanto para DCV como a
DMT2.(7, 43)
Os doentes com SM também podem ser portadores de outras patologias às
quais são mais susceptíveis, Síndroma do Ovário Poliquístico (SOP), Esteatose
Hepática, Litíase Biliar, Asma, Perturbações do Sono e algumas formas de
Cancro são os exemplos mais relevantes.(7, 43, 45)
Critérios Clínicos para o Diagnóstico da Síndroma Metabólica
Como as definições da SM são muito variadas, os critérios clínicos para o
seu diagnóstico também são muito diversos e variam consoante o responsável
pela sua elaboração.(7)
A Organização Mundial de Saúde (OMS) (ver anexo 2) apresenta os
seguintes critérios:
• IR e/ou alteração da regulação da glicose (glicemia em jejum £ 110 mg/dl
e/ou glicemia às 2h pós-sobrecarga > 140 mg/dl). Com dois ou mais dos
seguintes critérios:
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• Aumento da tensão arterial (TA) (tensão arterial sistólica (TAS) > 140
mmHg e/ou tensão arterial diastólica (TAD) £ 90 mmHg);
• Hipertrigliceridemia, HDL baixa (triglicerídeos plasmáticos > 150 mg/dl e/ou
HDL colesterol < 35 mg/dl para os homem ou < 39 mg/dl para as
mulheres);
• Obesidade central (quociente de perímetros cintura/anca > 0,9 para os
homens ou > 0,85 para as mulheres e/ou índice de Massa Corporal (IMC) >
30 Kg/m2);
• Microalbuminuria (excreção urinária de albumina > 20 mg/minuto ou
quociente albumina/creatina > 30 mg/Kg).(7)
Os critérios do Grupo Europeu de Insulinorresistência (EGIR):
• Hiperinsulinemia e presença de dois ou mais dos seguintes critérios:
• Hiperglicémia (glicemia em jejum > 110 mg/dl);
• HTA (TASs 140 mmHg e/ou TAD > 90 mmHg), e/ou com tratamento para
aHTA;
• Dislipidémia (triglicerídeos > 180 mg/dl e/ou HDL colesterol < 40 mg/dl)
e/ou tratamento para a dislipidémia;
• Obesidade central (perímetro da cinturas 94 cm para o homem, £ 80 cm
para a mulher).(7)
Os critérios da NCEP ATPIII (ver anexo 3) consideram a presença de três
ou mais dos seguintes componentes:
• Glicemia em jejum s 110 mg/dl;
• TA > 130/85 mmHg;
• Triglicerídeos s 150 mgHg;
• HDL < 40 mg/dl nos homens e < 50 mg/dl nas mulheres;
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• Obesidade abdominal (perímetro da cintura > 102 cm nos homens, > 88 cm
nas mulheres; alguns homens com perímetro da cintura > 94 cm podem
desenvolver factores de risco metabólico devido a predisposição genética
para IR, podendo beneficiar de intervenções semelhantes no estilo de vida
às recomendadas para os homens com perímetro da cintura > 102 cm).
Actualmente os critérios da NCEP ATPIII (ver anexo 3) parecem ser os
mais simples para definir a SM.(7, 9)
A American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) também
propôs critérios clínicos de diagnóstico (ver anexo 4).(7)
Os critérios de diagnóstico da OMS para a SM são os mais complexos,
pois têm em conta a microalbuminuria, o nível de insulina plasmática e o IMC.
Devido à falta de standartização e à pouca viabilidade dos exames realizados
para obtenção da microalbuminuria e insulina plasmática na Ásia, assim como
em diversos locais com menos meios de análise, os critérios da NCEP ATPIII
são os mais utilizados, pois são obtidos com mais facilidade.(IO)
Patogénese da Síndroma Metabólica
A SM está associada a três potenciais situações etiológicas:
• Obesidade;
• Resistência à insulina;
• Factores independentes que podem ser mediadores específicos da SM
(moléculas de origem hepática, vascular e imunológica); outros factores
como o envelhecimento, o estado pró-inflamatório e alterações
hormonais têm sido apontadas como possíveis contribuidores para o
SM.(7)
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Obesidade e Distribuição do Tecido Adiposo:
A obesidade, hoje conhecida como uma doença "epidémica" é
considerada pelo NCEP ATPIII como a principal responsável pelo aumento da
prevalência da SM; de facto contribui para a HTA, diminuição do HDL,
aumento do colesterol e hiperglicémia; factores que estão associados com um
maior risco cardiovascular.(7, 40, 41, 62, 65, 66)
A deposição exagerada de gordura a nível abdominal correlaciona-se
particularmente com factores de risco metabólicos; nas situações de excesso
de tecido adiposo são libertados vários produtos como ácidos gordos não
estérificados (NEFA), citoquinas, PAI-1, entre outros, que podem estimular
estes factores de risco.(7, 40, 41, 62, 64, 66)
A obesidade está associada a níveis diminuídos de adiponectina, uma
proteína hidrofílica produzida pelos adipócitos e que parece ter um efeito
metabólico protector e propriedades anti-inflamatórias. Os níveis plasmáticos
de adiponectina diminuem precocemente com o aumento da obesidade o que
leva a pensar na importância da prevenção e tratamento precoce da doença;
por outro lado, os dados de um estudo realizado em 2003, permitem afirmar
que os níveis baixos da concentração plasmática e da expressão da
adiponectina podem ser encarados como um marcador de risco aumentado,
quer metabólico quer inflamatório.(7, 38, 40, 41)
O NCEP ATPIII define a SM como sendo um conjunto de complicações
metabólicas da obesidade.(7)
A associação inversa entre níveis diminuídos de adiponectina e
concentrações aumentadas de proteína C reactiva (PCR) e interleucina-6 (IL-
6) vem de encontro ao conhecimento das acções anti-inflamatórias e
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protectoras dos vasos, atribuídas à adiponectina. Estes resultados vêm
contribuir para esclarecer a forte ligação entre obesidade, sobretudo visceral, e
factores de risco cardiovasculares.(7, 38, 40, 41, 66)
Um estudo recente demonstrou que os níveis de PCR, estão
positivamente relacionados com a gravidade do SM e que níveis £ 3 mg/l
estão mesmo associados a risco significativamente aumentado de eventos
cardiovasculares.(8)
Insulinorresistência:
Para alguns autores a IR tem, em termos de patogénese, maior
importância do que a obesidade; eles defendem que a IR e/ou
hiperinsulinemia podem provocar directamente outros factores de risco
metabólicos. A IR agrava-se com o aumento da massa gorda, e a maior parte
dos indivíduos com obesidade (IMC £ 30) (ver anexo 5) fêm hiperinsulinemia
pós-prandial e baixa sensibilidade à insulina.(7, 57, 58)
Factores Independentes:
Cada factor de risco da SM está regulado por factores genéticos e
adquiridos o que implica variabilidade na expressão dos factores de risco.
Como exemplo, temos o metabolismo das lipoproteínas, o qual é modulado
por variação genética, o que pode implicar alterações da expressão das
dislipidemias. O mesmo pode acontecer com a regulação da TA.(7, 63)
A idade avançada está relacionada com a patogénese desta síndroma,
pois como se sabe, a prevalência da SM aumenta com a idade. Factores
endócrinos também podem estar associados a anomalias na distribuição da
gordura corporal e consequente aparecimento da SM.(7, 60, 63)
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A SM é uma patologia associada a múltiplos factores de risco, os quais
devem ser devidamente identificados, logo é sempre bom ter em mente que a
SM é factor preditivo de DCV, DMT2 e que pode mesmo progredir para a
morte.(7, 8, 11)
Como se pode concluir a patogénese da SM ainda não está totalmente
definida. (2)
Prevalência da Síndroma Metabólica
A prevalência da SM varia segundo a definição usada e a população
estudada.(2, 60)
O Third National Health and Nutrition Survey (NHANES III), num estudo
realizado entre 1988-1994, utilizou os critérios do NCEP ATPIII para avaliar a
prevalência da SM numa amostra representativa da população dos EUA
(cerca de 9000 adultos americanos), mostrando que 24% da população
americana adulta apresentava SM. Este número, que corresponde a
aproximadamente 47 milhões de pessoas (1 em cada 5 pessoas apresenta
esta condição) tem vindo a aumentar com o aumento da população, com o
aumento da prevalência de obesidade (1991 « 12%; 2000 « 19,8%; aumento
de cerca de 50%), com o aumento da diabetes (1990 ~ 4,9%; 2000« 7,3%;
aumento de cerca de 50%) e com o aumento da esperança média de vida.(6,
8,11,12)
O NHANES III também demonstrou que a prevalência da SM aumenta
com a idade; 7% foi a prevalência observada em pessoas com idades entre os
20-29 anos e 44%, a observada em pessoas com idades entre os 60-69
anos.(8)
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O aumento da prevalência da SM parece determinado a continuar,
tendência que é reforçada pelo desenvolvimento desta síndroma em
indivíduos cada vez mais jovens e pela crescente ocidentalização, facto que é
preocupante.(8,12, 26)
As características da SM e o impacto metabólico que a mesma provoca
também varia entre grupos étnicos/raciais, o que reforça o papel da genética
no seu desenvolvimento.(8, 25, 34)
Segundo o NHANES III a prevalência foi mais elevada entre hispânicos
(32%), seguidos por brancos (24%), afroamericanos (22%) e outros (20%).
Também houve uma pequena diferença global na prevalência entre homens e
mulheres (24 e 23%, respectivamente).(8, 25, 34, 60)
O estudo ATTICA realizado na Grécia demonstrou que a prevalência da
SM numa amostra representativa da população Grega foi significativamente
mais baixa (« 19,9%) do que a prevaência da SM apresentada pelo NHANES
III realizado nos EUA. Estes resultados são particularmente atribuídos à
adopção da dieta mediterrânea (cerca de 40%) por parte da maioria da
população Grega, pois este tipo de dieta parece ter benefícios significativos
sobreoSM.(12)
Também foi observada uma prevalência de SM significativamente mais
elevada nos homens do que nas mulheres (25% vs. 15%) facto que não tinha
sido observado anteriormente, pois no NHANES a prevalência da SM foi
similar entre homens e mulheres (24% vs. 23%). Estas observações podem
ser atribuída há elevada prevalência da obesidade nos homens Gregos,
quando comparada com a prevalência da obesidade nas mulheres, que é
significativamente mais baixa.(12)
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O número de indivíduos com SM aumentou muito nos últimos anos,
devido não só às alterações do pool de genes, mas também à interacção entre
os diferentes genótipos e os novos factores ambientais, tais como maior
disponibilidade de alimentos com alto teor calórico e um estilo de vida cada
vez mais sedentário.(8)
A influência dos factores ambientais é mais notável entre populações
migrantes que passaram por um alto processo de urbanização e menos
evidente em comunidades rurais que sempre se mantiveram próximas do seu
estilo de vida tradicional.(8)
Consequências Cardiovasculares da Síndroma Metabólica
A crescente prevalência da SM têm implicações importantes na saúde.
Cada componente da SM é um factor de risco estabelecido para DCV e a
presença de múltiplos componentes confere um risco ainda mais elevado, pois
a soma do risco associado a cada componente é muito maior do que o risco
conferido apenas por um deles.(8, 33, 46)
Um sub-estudo do ensaio Botnia que envolveu mais de 4000 indivíduos
adultos, Finlandeses e Suecos, demonstrou que os que tinham SM definida
segundo os critérios da OMS de 1999, apresentavam um risco para doença
coronária três vezes maior, do que os que não tinham. A probabilidade destes
mesmos indivíduos terem sofrido um acidente vascular cerebral ou um enfarte
do miocárdio também foi maior do que naqueles que não apresentavam SM.
Além do mais, a presença da SM também esteve associada a um aumento
significativo da mortalidade por causas cardiovasculares (12% vs. 2% para os
que não tinham a síndroma).(3, 33, 46)
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O mesmo estudo também revelou que a IR, a dislipidemia, e a HTA que
fazem parte dos componentes que caracterizam a SM são factores de risco
significativos para doença coronária, constituindo a dislipidemia o factor de
risco mais elevado. A IR e a dislipidemia revelaram-se também factores de
risco significativos para enfarte do miocárdio embora, neste caso, a resistência
à insulina constituísse a maior ameaça.(8)
Os níveis elevados de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) fazem
parte do perfil dislipidémico associado ao risco de doença coronária, mas a
atenção dada aos baixos níveis de HDL é cada vez maior.(8, 46)
O estudo de Framingham revelou que ao contrário do LDL, o HDL está
inversamente relacionado com o risco de doença coronária e o follow-up a
longo prazo dos doentes deste estudo proporcionou evidências que sugerem
que o efeito protector do HDL tem pelo menos influência na determinação dos
resultados da doença coronária, sendo este facto apoiado por muitos outros
estudos.(8, 27)
No Scandinavian Simvastatin Survival Study (4S), os indivíduos com
baixos níveis de HDL (< 1,0 mmol/L), com níveis elevados de triglicéridos (>
1,8 mmol/L) e níveis elevados de LDL (grupo da tríade lipídica) tinham maior
probabilidade de apresentar outros componentes da SM e uma maior
incidência de eventos coronários do que os indivíduos apenas com níveis de
LDL elevados.(8)
Como foi referido anteriormente não só o colesterol importa quando se
trata de DCV. A IR também está fortemente relacionada com o elevado risco
de DCV.(8, 33)
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O Strong Heart Study referiu recentemente que os doentes com IR
tinham um risco de doença coronária 10 vezes maior, nos 10 anos
consecutivos do que os que não tinham. O estudo de Verona indica que o
risco de doença coronária associado à IR é semelhante ao associado a
hábitos tabágicos.(8)
A IR aumenta o risco de DCV, pois tem efeitos directos tanto no
coração como nos vasos sanguíneos. Está também relacionada com os
elevados níveis de marcadores para a inflamação vascular, como a PCR, que
mostraram prever o risco de DCV.(8)
A DCV associada à SM causa claramente aos indivíduos que dela
padecem dor e sofrimento substanciais, o que resulta numa pior qualidade de
vida.(8)
A morte prematura pode mesmo ser uma perspectiva a enfrentar.(8)
O custo de tratar os componentes da SM e a DCV associada impõe um
fardo substancial nos recursos dos serviços de saúde - em 2002, o custo total
(directo e indirecto) da doença coronária e do acidente vascular cerebral
(AVC) nos EUA foi estimado em 329,2 biliões de dólares, logo é imperativo
identificar doentes em risco de desenvolver SM através de um diagnóstico
completo para avaliar o risco global da situação tratando-a assim, de forma
eficaz.(8)
O que é a Insulinorresistência?
A insulina é uma hormona produzida nos "Ilhéus de Langerhans", uma
pequeno grupo de células que faz parte do conjunto de células que constituem
o pâncreas; é libertada no sangue e é conduzida a todas as partes do
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organismo, onde desempenha inúmeras funções. Muitas das suas acções
recaem directamente sobre o metabolismo dos hidratos de carbono, gorduras
e proteínas, mas também é muito importante na regulação das funções
inerentes às próprias células como o seu crescimento e desenvolvimento.(13)
O conceito de IR ou diminuição da sensibilidade à insulina surgiu pela
primeira vez em 1939 e foi da responsabilidade de Himsworth quando tentava
definir porque havia uma resposta glicémica deficiente, à insulina exógena,
num grupo de obesos que estudava.(14)
A IR é uma situação em que não há uma resposta biológica adequada à
quantidade normal de insulina produzida pelo organismo, ou seja, a
sensibilidade à acção da insulina encontra-se diminuída particularmente nos
tecidos alvo, como é o caso do músculo esquelético e tecido adiposo. Esta
situação pode levar a um aumento da libertação de insulina por parte do
pâncreas -hiperinsulinemia- para contrariar a IR e manter os níveis de glicose
no sangue dentro dos valores normais.(15, 16, 17, 58)
Por outras palavras pode então dizer-se que a IR é a resistência que as
células põe à acção da insulina. Como é esta que permite a entrada da glicose
nas células, quando a sua acção não é bem executada, a glicose não entra
nas células e fica em excesso no sangue. Como o pâncreas reage ao excesso
de glicose no sangue, com a produção de mais insulina, esta acaba também
por ficar em excesso no sangue, o que provoca a hiperinsulinemia. Tudo isto
surge como uma tentativa de manter a homeostasia da glicose sanguínea.(18)
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 21
Factores Envolvidos na Insulinorresistência
Várias condições estão claramente associadas à diminuição da
sensibilidade à insulina. Existe uma correlação negativa entre a massa gorda
corporal, a concentração de insulina em jejum ou pós-prandial e a
sensibilidade total que um organismo tem à insulina, que normalmente está
diminuída na maioria dos indivíduos obesos.(19, 57, 58)
A obesidade abdominal está associada à IR de uma forma muito
especial, tal como os baixos níveis de actividade física, factores genéticos e
factores dietéticos.(19, 57, 58)
Quanto aos baixos níveis de actividade física existe uma ampla
evidência que a sensibilidade à insulina aumenta em proporção, com o
melhoramento da capacidade aeróbia e que indivíduos com baixos níveis de
actividade física tem uma sensibilidade total à insulina muito baixa e um
elevado risco cardiovascular. Em indivíduos saudáveis a acção da insulina
atinge melhores resultados através da prática de actividade física.(19)
Existe uma variação interindividual considerável, na sensibilidade à
insulina entre indivíduos saudáveis mesmo quando o peso e os níveis de
actividade física são tidos em consideração. Muitos autores consideram que
aproximadamente 25% da "população normal" tem IR. Os factores genéticos
são os grandes responsáveis por todas estas variações.(19, 57, 58)
Dietas que fornecem grandes quantidades de hidratos de carbono de
elevado IG estão normalmente associadas a IR e baixos níveis de HDL, em
contraste com as que fornecem grandes quantidades de hidratos de carbono
de baixo IG e fibras que estão associadas a um aumento da sensibilidade à
insulina.(19)
Ema Roupa 2003/2004
22 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Os baixos níveis de actividade física e as dietas contendo uma elevada
porção energética sobre a forma de gordura estão claramente associadas com
o excesso de peso. Os factores genéticos provavelmente apenas contribuem
para uma porção substancial da gordura corporal. Para reforçar, a obesidade é
uma das características centrais da SM e está significativamente associada à
IR.(19)
Obesidade e Insulinorresistência
A obesidade, com distribuição do tecido adiposo em excesso no
compartimento abdominal/visceral é particularmente deletéria para o
desenvolvimento de DCV. A acumulação de gordura neste território,
corresponde à acumulação de um tecido adiposo de elevado turn-over
metabólico, o que resulta na libertação directa dos ácidos gordos livres para a
corrente sanguínea, sendo este um dos mecanismos de IR e de
hiperinsulinemia.(20, 28, 38)
A sensibilidade à insulina, sobretudo ao nível do músculo, o principal
órgão insulinodependente em termos metabólicos permite discriminar os
sujeitos com menor sensibilidade à insulina, convencionalmente designados
de insulinorresistentes, dos indivíduos que não o são. Estes sujeitos mantêm a
euglicemia, à custa de uma hiperinsulinemia e a diabetes só surge quando as
células B deixam de ser capazes de realizar uma resposta compensadora.(20)
As principais causas/consequências da IR estão resumidas no anexo
6.(20)
Está hoje bem confirmado que a distribuição anatómica da adiposidade,
nomeadamente a acumulação de gordura na região abdominal, é mais
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 23
importante do que a quantidade de tecido adiposo total para as alterações
dislipidémicas que surgem no doente obeso. O aparecimento de DCV está
fortemente relacionado com o índice cintura/anca (>1 no homem e > 0,8 na
mulher).(21, 28, 38,44)
O perfil lipídico do obeso caracteriza-se habitualmente por: aumento
dos triglicerídeos, aumento das VLDL, diminuição do HDL, aumento do LDL,
aumento do colesterol total e aumento das Apolipoproteínas B (ApoB).(21, 38,
69)
A obesidade central é um exemplo clássico de situação em que ocorre
IR, mas a sua etiologia, provavelmente multifactorial, não está ainda
totalmente esclarecida.(21, 38, 69)
O efeito anti-lipolítico da insulina nas células adiposas viscerais é
insulino-resistente e contribui para expor o fígado a altas concentrações de
ácidos gordos livres o que favorece a síntese hepática de triglicerídeos e
secreção de colesterol VLDL.(21, 38, 44)
A lipoproteína lipase (LPL) é a enzima-chave no catabolismo das
lipoproteínas ricas em triglicerídeos e é sensível à insulina. O estado de IR que
caracteriza a obesidade visceral está associado a uma reduzida actividade de
LPL. Esta actividade diminuída da LPL no músculo esquelético parece estar
envolvida no estado de hipertrigliceridemia que surge nestes doentes através
de um catabolismo mais lento de lipoproteínas ricas em triglicerídeos,
resultando numa produção reduzida de partículas HDL.(21, 38, 44, 69)
Finalmente como a insulina aumenta a actividade dos receptores de
LDL, é possível que este processo também se torne IR, levando a uma
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24 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
diminuição do número de receptores de LDL nos doentes com gordura visceral
aumentada.(21, 38, 44, 69)
Uma outra lipase que está alterada na obesidade é a lipase hepática.
Esta tem um papel diferente da LPL no catabolismo das lipoproteínas e a sua
afinidade para grandes lipoproteínas ricas em triglicerídeos parece ser menor
que a da LPL. Por isso, a lipase hepática actua nas lipoproteínas pequenas
mas ricas em triglicerídeos que são abundantes na obesidade visceral,
elevando a concentração destas LDL ditas "pequenas e densas" e diminuindo
os níveis de HDL. O aumento destas LDL densas constitui um risco acrescido
deDCV.(21,38, 69)
A taxa plasmática de colesterol pode aumentar com a obesidade, mas
em geral não tanto como os níveis de triglicerídeos. Os níveis elevados de
colesterol que surgem nos indivíduos obesos são devido, em parte, ao
aumento da produção de lipoproteínas ricas em colesterol, que resulta da
disponibilidade aumentada de ácidos gordos no fígado. No entanto, é
importante referir que os níveis plasmáticos de colesterol total em indivíduos
com obesidade visceral estão muitas vezes dentro dos valores considerados
normais.(21,38, 69)
Hoje é bem conhecida a associação entre colesterol total aumentado e
DCV e pensa-se que o aumento dos triglicerídeos também seja um factor
independente para o risco de DCV.(21, 38, 44)
A perda de peso, ainda que relativamente limitada (da ordem dos 5 a
10%) pode condicionar uma reversão das perturbações lipídicas e, como tal,
deverá ser a principal estratégia terapêutica para melhorar o perfil lipídico do
obeso dislipidémico.(21, 38)
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 25
Identificar/Diagnosticar Indivíduos em Risco
Para identificar indivíduos em risco de desenvolver DMT2, SM e DCV é
importante ter em consideração a história dos doentes (familiar e clínica)
dando especial atenção ao estilo de vida (sedentário ou activo) e procedendo
à observação física de determinados factos como a gordura abdominal ou
visceral, que mais do que a gordura subcutânea tem mostrado estar
relacionada com o risco aumentado de doença coronária.(2, 8)
Perguntas sobre alterações de peso anteriores ou recentes, a descrição
pormenorizada e concisa da dieta e da prática de actividade física (incluindo
número de horas dispendidas com actividades profissionais, extra-
profissionais e horas de repouso) são dados importantes e que devem ser
recolhidos. (2)
Em termos de alimentação o técnico de saúde (Nutricionista/Dietista)
poderá estimar melhor a prontidão dos pacientes para a alterarem, se
recolherem dados sobre os alimentos tipicamente ingeridos, esforços
realizados para diminuir a quantidade de alimentos ingerida, em especial, a de
gordura ou qualquer outra modificação específica dos hábitos alimentares.(2)
O peso, altura e pressão arterial dos pacientes devem ser parâmetros
sempre medidos, assim como o IMC e a circunferência da cintura, pois este
último parâmetro está intimamente relacionado com o risco cardiovascular, até
mais do que a razão perímetro da cintura/anca.(2)
Na identificação de indivíduos em risco também é necessário fazer uma
avaliação clínica, onde devem ser consideradas algumas características
bioquímicas (ver anexo 7).(8)
Ema Roupa 2003/2004
26 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Uma vez obtida a informação destas avaliações, podem aplicar-se os
critérios da OMS ou do NCEP ATPIII para obter um diagnóstico mais
específico. (8)
A American Heart Association (AHA) recomenda a medição dos níveis
de PCR para a estratificação do risco em pacientes com elevada tendência
para DCV. Os níveis de ácido úrico e a função hepática também devem ser
parâmetros a ter em conta.(2)
Avaliar o Risco do Doente
A intensidade necessária da terapêutica para redução do risco é
determinada pelo risco absoluto de DCV do indivíduo.(8)
Após realizado o diagnóstico, o passo seguinte é a avaliação do grau de
risco do doente. Esta avaliação do risco deve incluir a medição dos níveis de
LDL (ver anexo 8). Categorias de risco semelhantes foram propostas por
outros grupos, por exemplo o European Diabetes Policy Group recomenda um
nível-alvo de LDL < 3,0 mmol/l, enquanto que 3,0-4,0 mmol/l corresponde a
"em risco", e > 4,0 mmol/l é considerado "risco elevado".(8)
O NCEP ATPIII também reconhece a importância da SM na avaliação
do risco de DCV, tendo-a como alvo terapêutico para a redução de risco. Por
definição os doentes com SM terão três ou mais factores de risco, pelo que a
pontuação de risco de Framingham garante a avaliação destes riscos
adicionais.(8)
A pontuação de risco de Framingham, atribui pontos a doentes segundo
a sua idade, nível de colesterol total, de HDL, de TA (incluindo o uso de anti-
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 27
hipertensores) e hábitos tabágicos. A soma destes pontos é usada para
calcular o risco total aos 10 anos.(8, 27)
Os doentes são distribuídos por três categorias de risco: < 10%, 10-
20%, > 20%. A maioria dos doentes com SM encontram-se na 2a categoria
(10-20%), isto quer dizer que 10 a 20 em cada 100 destes indivíduos irá ter um
evento coronário (ou um evento recorrente) nos próximos 10 anos. Estes
doentes deverão atingir níveis de LDL < 130 mg/dl (3,4 mmol/l) com alterações
terapêuticas ao estilo de vida iniciadas e mantidas durante 3 meses. As
alterações ao estilo de vida podem ter impacto nos factores de risco lipídicos e
não-lipídicos.(8, 27)
Se no final deste período os níveis de LDL estiverem abaixo dos 130
mg/dl (3,4 mmol/l) o doente pode continuar apenas com alterações
terapêuticas do estilo de vida. No entanto, se os níveis de LDL continuarem
elevados deve ser considerada a instituição terapêutica para diminuir o LDL
bem como outros tratamentos para controlar os restantes aspectos da
dislipidémia, e quaisquer factores de risco não-lipídicos presentes, como a
hiperglicémia e a hipertensão.(8, 27)
Alguns doentes com SM podem ter uma pontuação de Framingham >
20%. Como são doentes de risco elevado o ponto de corte do LDL é mais
baixo < 100 mg/dl (2,6 mmol/L), podendo as alterações do estilo de vida e a
terapêutica para diminuir o LDL serem instituídas simultaneamente para atingir
este objectivo, também pode ter logo início, os tratamentos de outros factores
de risco lipídicos ou não lipídicos.(8, 27)
Se os níveis de LDL continuarem acima dos 100 mg/dl (2,6 mmol/l),
estes regimes de tratamento devem continuar, no entanto, se os níveis
Ema Roupa 2003/2004
28 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
descerem abaixo deste valor, pode não ser necessária outra terapêutica para
diminuir o LDL.(8, 27)
Nas recomendações para tratamentos da hiperglicémia do European
Diabetes Policy Group, os doentes com hemoglobina A1c (HbA1c) s 6,5% e
glicose plasmática em jejum (GPJ) £ 6,0 mmol/l são categorizados como "em
baixo risco" de eventos cardiovasculares, enquanto que os doentes com níveis
acima de 6,5% e 6,0 mmol/l são categorizados como "em risco de eventos
arteriais" e os doentes com níveis acima de 7,5% e 7,0 mmol/l como, "em risco
de eventos microvasculares". Da mesma forma, a American Diabetic
Association (ADA) recomendou níveis-alvo de glicemia < 7,0% para HbA1c e
90-130mg/dl (5,0-7,2 mmol/l) para GPJ.(8)
Tanto a TAS como a TAD estão relacionadas com o risco
cardiovascular. Assim, as recomendações da British Hypertension Society é
de que o tratamento deve ser iniciado se a TAS for igual ou superior a 160 ou
se a TAD for igual ou superior a 100. O grupo European Diabetes Policy e a
ADA, no entanto, estabeleceram níveis-alvo de TA de 140/85 mmHg e 130/80
mmHg, respectivamente. Além disso, a ADA nota que não há um valor de
patamar para TA, e o risco continua a diminuir mesmo nos valores normais.(8)
Estratégias de Tratamento para a Síndroma Metabólica
Até há data ainda não foi publicado qualquer estudo que tenha tido
como objectivo principal saber qual o tratamento específico para a SM, como
tal o mais sensato é fazer-se a manutenção de cada um dos seus
componentes de forma individualizada para evitar a sua progressão para
patamares mais graves.(4, 29)
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 29
O tratamento da SM tem como objectivos primordiais aumentar a
sensibilidade à insulina e corrigir e/ou prevenir anormalidades metabólicas e
cardiovasculares que podem surgir.(4)
Como em qualquer outra doença também no tratamento da SM devem
estar presentes as metas a atingir (ver anexo 7), apesar de nem sempre isso
ser possível.(11, 29)
O tratamento da SM deve começar pelo combate à obesidade e ao
sedentarismo, pois a maioria dos doentes com esta síndroma tem excesso de
peso ou obesidade, logo o tratamento dietético deverá focar-se inicialmente na
perda de peso (ver anexo 9). Esta medida é útil "per si" para melhorar a
sensibilidade à insulina e assim exercer efeitos benéficos sobre todos os
outros factores que caracterizam esta síndroma. Sem uma intervenção nestes
dois factores considerados desencadeantes dos diferentes componentes da
SM não é possível obter resultados, no entanto, todos os componentes da SM
devem ter intervenções de tratamento adequadas, sendo assim necessário
uma terapêutica integrada.(4,11, 29)
Não é necessário atingir um peso corporal ideal para melhorar o perfil
dos doentes com SM, em muitos casos reduções de 5-10% do peso corporal
são suficientes para induzir efeitos clinicamente relevantes (ver anexo 10) de
entre os quais se destaca a melhoria da glicemia de jejum, da HbAic, da TAS,
da TAD e do perfil lipídico.(4, 11)
De facto, em muitos estudos, o melhoramento da sensibilidade à
insulina devido à redução de peso ronda os 30-60%, o que é um valor muito
mais elevado do que aquele que se obtém com drogas para aumentar a
sensibilidade à insulina.(4)
Ema Roupa 2003/2004
30 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Os efeitos benéficos da redução de peso são usualmente preservados
enquanto o peso perdido não é recuperado. Programas de intervenção para
perda de peso, têm demonstrado sucessos de mais ou menos 2 anos a nível
dos tratamentos, mas como muitos ainda estão em progressão é necessário
fazer follow-up's mais longos para se obter resultados mais credíveis, pois
todos os resultados obtidos até agora ainda não estão totalmente
confirmados.(4)
A IR diminui com a diminuição da obesidade visceral, com o aumento
da actividade física, e com o combate ao stress, ansiedade e depressão.(11,
29)
Usualmente nenhuma manobra terapêutica para melhorar a IR teve
efeitos benéficos sobre as anormalidades metabólicas e cardiovasculares com
ela relacionadas. Em contraste, muitos factores dietéticos que não têm
influência sobre a sensibilidade à insulina são úteis para melhorar um ou mais
componentes da SM.(4)
A dieta para tratar indivíduos nestas condições para além dos critérios
gerais para toda a população saudável tem de ter critérios específicos para
cada anormalidade, em particular.(4)
A modificação do estilo de vida baseada numa alimentação equilibrada,
hipocalórica e hipolipídica, com níveis moderados de hidratos de carbono e
proteínas e, um programa de actividade física (encorajar o aumento da
actividade física no trabalho e na vida do dia a dia é essencial) adequado são
factores essenciais para a diminuição do peso corporal (ver anexo 11).(11)
Como por vezes é muito difícil modificar o estilo de vida, principalmente
no que diz respeito à alimentação, a utilização de fármacos anti-obesidade
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 31
pode ser útil. Os ansiolíticos e/ou antidepressivos (inibidores selectivos da
recaptação da serotonina - ISRS) também podem ser úteis para o tratamento
do stress, ansiedade e depressão para além da psicoterapia. Também podem
ser utilizados fármacos para melhorar a sensibilidade à insulina, apesar desta
medida ainda não estar aprovada como indicação terapêutica.(11)
Quando tudo o que foi descrito anteriormente não resulta é necessário
utilizar fármacos específicos para cada componente da SM numa tentativa de
se atingir as metas preconizadas para o seu tratamento.(11)
Agentes de modificação dos lípidos, agentes anti-hiperglicémicos e
agentes anti-hipertensores têm demonstrado ter efeitos benéficos no
tratamento de factores de risco cardiovascular, ou mesmo na própria DCV.(11)
Alterações Terapêuticas de Estilo de Vida
A interferência dos profissionais de saúde deverá focar-se na educação
dos doentes e na educação social. Os mesmos são treinados para prestar
cuidados individuais, mas a sua actividade nesta área deverá estender-se e
influenciar a política de saúde a criar programas nacionais, regionais e
comunitários de alterações terapêuticas de estilo de vida.(3)
São necessárias estratégias populacionais para melhorar a saúde e a
colaboração e envolvimento dos governos, produção agrícola, indústria
alimentar, escolas, media e, logicamente, todo o pessoal de saúde é
importante.(3)
Todas as técnicas usadas são lícitas desde que se atinjam os objectivos
pretendidos. As mesmas passam certamente pela educação individual e
Ema Roupa 2003/2004
32 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
social, utilizando todos os meios possíveis desde a persuasão no
Hospital/Consultório ao esclarecimento nos meios de comunicação social.(3)
Quatro factores principais interferem na motivação dos doentes para
mudarem o seu estilo de vida: (1) Inerentes à própria prescrição:
complexidade, duração, efeitos secundários e custos; (2) Características do
profissional: saber ouvir, comunicar, características do programa apresentado,
tal como a eficácia e a acessibilidade; (3) Contexto social: trabalho, família,
amigos, etc.; (4) Características do doente: condição médica, outras doenças,
personalidade. (3)
Quarenta por cento dos doentes com SM ou DCV estão deprimidos
interferindo esta situação em qualquer tentativa de educação.(3)
A mudança dum comportamento passa por 5 fases que temos de ter
presentes quando pretendemos alterar ou interferir num estilo de vida: pré-
contemplação: sentir a necessidade de mudar; contemplação: desejo de
mudar, examinar prós e contras; preparação: elaborar um plano estratégico
baseado em toda a informação disponível; acção: implementação do plano;
manutenção: avaliar e aperfeiçoar a iniciativa.(3)
Todos os conhecimentos teóricos mas também o engenho e a arte
devem servir o objectivo principal que será alterar alguns estilos de vida
sobretudo na área da alimentação, exercício físico e tabagismo. Não devemos
assumir que as pessoas que não mudam são não motivadas ou resistentes e
que uma aproximação baseada na confrontação e medo muda
comportamentos. (3)
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 33
A alimentação necessita antes de mais dum consenso clínico para ser
definida como "alimentação saudável" e encarada como profilaxia para várias
doenças, entre as quais a SM.(3)
O plano alimentar deve ser personalizado levando em linha de conta os
gostos, horários e hábitos de cada um.(3)
Negociar com cada doente os objectivos evitando fundamentalismos e
evitando sobretudo passar por cima de certas questões pelo desgaste de
tempo que implica é essencial.(3)
Em relação à actividade física, área em que talvez o doente coloque
mais obstáculos, é preciso elucidá-lo da sua importância terapêutica.(3)
Com uma actividade física regular durante 3 a 6 meses é possível
diminuir os níveis de triglicerídeos, aumentar os níveis de HDL, melhorar a
tolerância à glicose, a sensibilidade à insulina, os factores de coagulação, o
perfil psicológico, a TA, e criar ambiente propício a deixar de fumar.(3)
A proposta dum programa de exercício ao qual o doente se sinta
adaptado tanto a nível de possibilidades como necessidades motivará
certamente o mesmo para o seu cumprimento.(3)
Como regra básica, para elaborar um programa de actividade física
correcto devemos efectuar a todos os doentes, principalmente os de risco
(mais de 35 anos, DCV precoce ou história familiar de DCV) uma prova de
esforço para achar a sua frequência cardíaca máxima. Posteriormente,
durante a pratica do mesmo, o doente apenas deverá alcançar 60 a 70 % da
sua frequência máxima. Um programa de exercício terapêutico deve ser
realizado pelo menos 4 a 5 vezes por semana e deve incluir 30 a 40 minutos
Ema Roupa 2003/2004
34 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
de exercício aeróbio. O consumo de energia deve ser em média de 150
Kcal/dia.(3)
As alterações de estilo de vida dos pacientes com SM têm como
principal objectivo normalizar o peso corporal como tal, limitar os níveis de
gordura, principalmente a saturada (< 7-10% de calorias totais) e colesterol (<
200-300 mg/dia) e aumentar a prática de actividade física, são factores
essenciais.(3, 22)
A AHA e o NCEP ATPIII propõem uma dieta escalonada em 2 fases
visando diminuir as gorduras saturadas, colesterol e o número total de
calorias. Se os objectivos propostos para as LDL não forem atingidos com a
etapa 1 deverá passar-se à etapa 2 para a qual é indispensável o nutricionista
(ver anexo 12).(22)
Quando necessário também se deve aconselhar os doentes a pararem
de fumar e a reduzi a ingestão de álcool. Para facilitar as alterações, o
acompanhamento dos doentes por um Nutricionista ou Dietista qualificados é
importante. (8)
Quando bem sucedidas as alterações ao estilo de vida trazem muitos
benefícios, no entanto, números insuficientes de doentes conseguem uma
redução adequada do risco apenas com alterações ao estilo de vida.(3)
Composição da Dieta e insulinorresistência
A sensibilidade à insulina pode ser influenciada não só pela ingestão
energética total, mas também pela composição da dieta. A este respeito, os
efeitos específicos da qualidade da gordura ingerida são de grande interesse.
Existem fortes evidencias, demonstradas através de experiências realizadas
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 35
com animais, de que a gordura saturada pode conduzir a IR. Nos homens as
evidências para estes efeitos são menos específicas: uma ingestão elevada de
gordura saturada está de facto associada a IR, mas os estudos de intervenção
nesta área ainda são muito pouco conclusivos.(4, 36, 37)
A relação entre a ingestão total de gordura e a sensibilidade à insulina
também já foi avaliada de forma moderada em diversos estudos que
demonstraram que a gordura ingerida está correlacionada de forma negativa
com a sensibilidade à insulina, no entanto, quando o total de gordura ingerida
aumenta de 20 para 40 % não são observados efeitos notórios na
sensibilidade à insulina, só em modificações mais pronunciadas, como ocorreu
no Estudo Chen, de 0 para 55%, é que se verificam alterações consistentes.(4,
36, 37)
A redução da ingestão de gordura e o aumento do consumo de
alimentos ricos em hidratos de carbono de baixo IG contribuem para aumentar
ligeiramente a sensibilidade à insulina.(4, 36, 37)
Um estudo realizado com 162 indivíduos saudáveis, aos quais foram
administradas dietas ricas em gordura saturada ou monoinsaturada durante 3
meses demonstrou que: a dieta rica em gordura monoinsaturada melhora
significativamente a sensibilidade à insulina quando comparada com a dieta
rica em gordura saturada. Contudo, este efeito benéfico da gordura
monoinsaturada desaparece quando os indivíduos têm uma ingestão de
gordura que excede os 38% do valor calórico total.(4)
Existem poucos componentes da dieta, para além da gordura que
demonstram influenciar a sensibilidade à insulina e, para muitos deles a
evidência disponível é muito inconclusiva (ver anexo 14).(4)
Ema Roupa 2003/2004
36 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Existem muitas indicações que confirmam que o álcool pode ser
benéfico se for consumido dentro das quantidades tidas como aceitáveis, mas
também pode ser nefasto quando ingerido em quantidades que ultrapassam
as 30 g/dia. Também foi referido que uma quantidade elevada de sal pode
prejudicar a sensibilidade à insulina.(4)
O efeito dos alimentos ricos em fibra e/ou de baixo IG sobre a
sensibilidade à insulina ainda sâo particularmente controversos. Existem fortes
evidencias de que estes alimentos têm efeitos benéficos sobre os níveis de
glicose plasmática, mas os seus efeitos sobre a sensibilidade à insulina ainda
não estão totalmente esclarecidos. Assim pode dizer-se que alimentos ricos
em fibra e com baixo IG podem ter efeitos benéficos na sensibilidade à
insulina, mas isto, não está totalmente garantido.(4, 36, 37)
Também não existem informações suficientes sobre o efeito dos
micronutrientes, particularmente vitaminas C, E e antioxidantes sobre esta
síndroma. (4)
Efeitos da Composição da Dieta na Síndroma Metabólica e nos seus
Diferentes Componentes
Para além da sensibilidade à insulina a composição da dieta pode
influenciar cada um dos componentes da SM. Entre os diversos componentes
da dieta, os hidratos de carbono são os mais bem estudados.(4)
Os hidratos de carbono representam o maior precursor de glicose para
o sangue, obviamente quando a quantidade de hidratos de carbono da dieta
aumentada, os níveis de glicose sanguínea também aumentam,
principalmente no período pós-prandial. A concentração de glicose no plasma
Ema Roupa 2003/2004
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 37
representa um importante factor para o controlo da libertação de insulina, logo
quantidades elevadas de hidratos de carbono na dieta levam
consequentemente ao aumento dos níveis de insulina no plasma. O efeito de
uma dieta rica em hidratos de carbono será mais ou menos pronunciado sobre
os níveis de glicose/insulina no sangue, conforme a capacidade secretora do
pâncreas endócrino e o tipo de hidratos de carbono consumidos.(4, 30, 31,49)
Como o metabolismo das gorduras e dos hidratos de carbono está
fortemente correlacionado qualquer alteração no metabolismo dos hidratos de
carbono também irá influenciar o metabolismo da gordura, aumentando os
triglicérideos plasmáticos e possivelmente diminuindo a concentração de HDL
no plasma, isto parece estar claramente demonstrado em diversos estudos de
meta-análise onde são comparados os efeitos das dietas ricas em hidratos de
carbono com os efeitos das dietas ricas em gorduras monoinsaturadas.(4, 50)
A fibrinólise também parece ser afectada por uma dieta rica em hidratos
de carbono, pois este tipo de dieta está associada ao aumento de PAI-1 no
sangue.(4, 30, 31)
Muitos dos componentes da SM são afectados pelos hidratos de
carbono presentes na dieta, os mesmos provocam perturbações abruptas no
metabolismo principalmente quando o organismo se encontra no estado de
jejum.(4, 30, 31,49)
Todos os efeitos nefastos provenientes de uma dieta rica em hidratos
de carbono podem ser minimizados se os mesmos proporcionarem uma boa
digestão e uma absorção lenta. No entanto, existem diversas propriedades
nos alimentos que podem dificultar a sua digestão e acelerar a sua
absorção.(4, 48, 49)
Ema Roupa 2003/2004
38 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
A juntar aos hidratos de carbono, também outros constituintes dos
alimentos são conhecidos por influenciarem os componentes da SM e os
factores de risco cardiovascular (ver anexo 15).(4,48)
Uma ingestão excessiva de álcool, mais de 30 g/dia pode aumentar
tanto os níveis de triglicerídeos no sangue como os da TA. Uma ingestão
elevada de sal também contribui para aumentar a TA. Em contraste ácidos
gordos OJ-3 presentes na gordura do peixe podem reduzir os triglicerídeos
plasmáticos, no entanto, os seus benefícios sobre a TA ainda são muito
controversos.(4, 35, 47, 48, 49, 50)
Os sais de potássio presentes nos vegetais, legumes e frutos podem
também contribuir para reduzir a TA, enquanto as gorduras saturadas podem
aumentá-la.(4, 51)
Os indivíduos com SM são excessivamente propensos a ter DCV, logo
quando se define uma dieta considerada óptima para estes indivíduos temos
de ter em conta que é necessário reduzir os níveis de colesterol o mais
possível, particularmente o LDL. Como tal é necessário diminuir a quantidade
de ácidos gordos saturados da dieta, tanto para melhorar a sensibilidade à
insulina como para diminuir a quantidade de LDL no sangue. A ingestão de
colesterol também deve ser reduzida, pois influência as concentrações de LDL
e de uma forma mais generalizada, o risco de DCV.(4, 30, 31)
O IG é uma ferramenta muito útil para medir a taxa a que os alimentos
fornecem glicose ao organismo e que vai provocar a estimulação da libertação
da insulina. Este índice mede o efeito que quantidades equivalentes de
hidratos de carbono de diferentes alimentos têm sobre a glicose sanguínea
classificando-os em alimentos de absorção rápida (com elevado IG) ou lenta
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Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 39
(com baixo IG) com base num alimento de referência, o pão branco. Alguns
alimentos ricos em hidratos de carbono fazem com que os níveis de glicose
sanguínea aumentem muito rapidamente; enquanto que outros permitem que
o organismo se mantenha constante em relação à libertação de insulina, o que
faz com que os níveis de açúcar no sangue sejam controlados de forma mais
eficaz.(4, 5)
Os factores que influenciam o IG de um alimento são: o tipo de fibras
presentes no alimento (p.e.: os alimentos com fibras solúveis, que formam gel,
tais como os feijões, possuem um baixo IG); a forma como o alimento é
consumido (p.e.: cereais de pequeno almoço com arroz possuem um IG mais
elevado do que arroz cozido); a presença de gordura no alimento; a forma de
açúcar presente no alimento (p.e.: a frutose provoca um aumento na glicose
sanguínea menos pronunciado do que a sacarose ou a glicose); o efeito da
proteína e da gordura consumidas com o alimento rico em hidratos de carbono
e a estrutura do amido presente no alimento (p.e.: alimentos com maior teor de
amilose possuem um IG mais baixo).(5)
A vantagem do IG é permitir-nos prever os efeitos fisiológicos dos
alimentos melhor do que qualquer outro parâmetro de análise física ou
química.(4)
Está actualmente provado que os efeitos nefastos de uma dieta rica em
hidratos de carbono sobre a glicose e insulina plasmáticas, triglicerídeos, HDL,
fibrinólise, entre outros apenas ocorrem quando são consumidas grandes
quantidades de hidratos de carbono com um elevado IG no entanto, esses
mesmos efeitos são atenuados ou abolidos quando a dieta passa a ser
constituída por alimentos ricos em fibra e com um baixo IG.(4)
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40 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
O conteúdo de fibras dos alimentos certamente contribui para atrasar a
digestão dos hidratos de carbono, mas este não é o único factor alimentar que
tem este efeito. Apesar dos alimentos com elevado teor de fibras serem muitas
vezes classificados como alimentos de baixo IG, ainda existem algumas
discrepâncias. É o caso do arroz e das massas alimentícias, que não são
particularmente ricos em fibras, mas tem baixo IG.(4)
Em geral os alimentos ricos em hidratos de carbono complexos e com
elevado teor de fibra são os preferidos para um plano alimentar a ser instituído
a indivíduos que apresentem SM. A combinação de diferentes alimentos a
cada refeição também é importante para controlar os níveis de glicose no
sangue e deve ser tida em contra. A combinação de proteínas, gorduras e
hidratos de carbono de baixo IG pode levar a um melhor controlo dos níveis de
glicose sanguínea e a uma menor libertação de insulina pelo organismo do
que refeições constituídas apenas por hidratos de carbono.(5)
Composição de uma Dieta "Óptima" para a Síndroma Metabólica
Actualmente não existe uma dieta especifica para pacientes com SM
logo, para os Nutricionistas/Dietistas é mais fácil fornecer conselhos
alimentares direccionados para as alterações metabólicas que os pacientes
apresentam. (4)
Antes da elaboração de uma dieta para indivíduos com SM, tal como
para qualquer outra patologia é muito importante ter em conta os hábitos
alimentares de cada um e os objectivos do tratamento, pois fomece-nos uma
maior flexibilidade de trabalho e uma maior adesão por parte dos doentes em
cumprirem as directrizes que lhe são fornecidas.(4)
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Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 41
Uma dieta para a SM deve ter dois princípios básicos: baixa quantidade
de gordura saturada e quantidades elevadas de vegetais, legumes, frutas e
outros alimentos ricos em hidratos de carbono com baixo IG. A dieta deve ter
também duas outras características adicionais muito importantes: baixo
conteúdo de sal e ingestão limitada de álcool.(5, 47)
Quando se elabora um plano alimentar para doentes com SM há que ter
em conta que o mesmo apresenta um fornecimento de micronutrientes seguro
e adequado e que esta ajustado em termos calóricos para o indivíduo ao qual
se destina. A proporção de macronutrientes que deve ser utilizada está ainda
em debate, pois não se tem a total certeza qual produz os efeitos mais
desejados.(2, 47, 48)
É muito importante que os pacientes tenham um consumo calórico total
inferior ao gasto calórico, pois a redução de peso melhora significativamente a
SM e, como tal, deve ser uma das primeiras preocupações a ter.(2, 48)
A ingestão de proteínas para indivíduos com SM deve ser similar à da
restante população em geral, cerca de 15% do VCT mas neste caso é
importante dar mais ênfase às proteínas do peixe a às de origem vegetal a
ingestão de gordura deve estar entre os 30-40% do VCT e a de hidratos de
carbono entre os 45-55% do VCT.(4, 52, 53, 54)
Uma ingestão excessiva de hidratos de carbono ou gorduras pode ter
efeitos nefastos no metabolismo (aumento dos triglicerídeos no sangue e
diminuição do HDL), logo o melhor é indicar sempre aos pacientes os limites
superiores de consumo embora possam ser permitidas por vezes, algumas
tolerâncias.(4, 55)
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42 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
As variações permitidas para hidratos de carbono e gorduras permitem
não só atingir os valores de uma dieta dita normal como também atingir os
objectivos específicos de cada indivíduo em tratamento.(4, 55)
No caso de excesso de peso, reduzir o conteúdo de gordura da dieta
pode não ser suficiente para atingir os objectivos pretendidos, logo pode ser
necessário reduzir o total de energia ingerida , o que implica reduzir todos os
alimentos com elevada densidade calórica, como por exemplo bebidas
alcoólicas e açucaradas ou doces.(4, 52, 56)
Actividade Física e Síndroma Metabólica
O sedentarismo é sem duvida um factor de risco directo e indirecto de
DCV.(9, 23, 24)
Desde o início dos anos 80 que muitos estudos realizados têm sugerido
que a morbilidade e mortalidade relacionada com a DCV estão inversamente
relacionadas com o status de actividade física de cada indivíduo visto que,
sessões de duração moderada a elevada de actividade física podem reduzir a
TA, glicose e triglicerídeos sanguíneos, aumentar os níveis de HDL e
proporcionar o controlo de peso independentemente do IMC de cada
indivíduo. Pode afirmar-se então que a actividade física melhora assim, todos
os componentes clínicos e bioquímicos que constituem a SM e, como tal
reduz a sua prevalência a nível populacional.(12, 23, 56, 59)
O músculo esquelético é o tecido do organismo mais sensível à
insulina, sendo o seu bom funcionamento um escudo contra a IR. O impacto
positivo que a actividade física tem sobre a IR é evidente durante 24 a 48
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horas, após a prática da mesma e desaparece em aproximadamente três a
cinco dias se a regularidade não for mantida.(2, 23, 56)
O início ou manutenção da prática de actividade física deve fazer parte
dos vários esforços dos indivíduos que têm como objectivo reverter os efeitos
menos bons da IR, logo todos os pacientes com SM devem ser encorajados a
praticar actividade física para melhorarem a sua condição física.(2)
Quando pessoas sedentárias começam a incorporar no seu estilo de
vida actividade física de intensidade moderada, benefícios notórios na sua
condição física são observados.(2, 56, 59)
Os profissionais de saúde têm também a função de ajudar os pacientes
a encontrarem uma actividade física dentro das suas capacidades e que possa
ser mantida durante um longo período de tempo. (2)
A combinação de exercícios aeróbios e de resistência é uma das
melhores para se obter os resultados pretendidos na prevenção e/ou
tratamento da SM, mas qualquer tipo de actividade física é melhor do que
nenhuma.(23, 59)
As caminhadas ou o jogging praticado de uma forma suave durante 30
minutos a uma hora por dia produzem significantes perdas de gordura visceral
tanto nos homens, como nas mulheres mesmo quando não existe uma
restrição calórica significativa, logo é a actividade física preferencial para quem
tem SM.(2, 59)
Os resultados obtidos através do estudo ATTICA realizado na Grécia,
revelaram que a pratica leve a moderada de actividade física de forma
descontraída (gastando < 7Kcal/mín.) está associada com uma considerável
redução das consequências da SM enquanto, que actividade física intensa
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44 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
praticada de forma regular está associada com uma diminuição acentuada de
todos os componentes da mesma.(12)
Com tudo isto pode concluir-se que é muito importante adoptar níveis
de actividade física moderados a elevados, assim como uma alimentação
saudável para reduzir a prevalência desta síndroma a nível mundial.(12)
Prevenção e Terapêutica da Síndroma Metabólica
Como a obesidade e a IR têm um papel central na patogénese da SM,
todas as estratégias que sejam utilizadas para melhora-las parecem ser
efectivas na sua prevenção e terapêutica.(19,42)
O controlo dos factores como: excesso de peso e obesidade, promoção
da actividade física, alterações na dieta e a farmacoterapia é essencial.(19,
42)
Prevenção do Excesso de Peso/Redução da Obesidade
Nos pacientes com excesso de peso ou obesidade, restrições
moderadas de energia ou dietas com baixo conteúdo de gordura, assim como
estratégias de modificação de estilo de vida podem ser medidas benéficas na
redução do peso corporal. Drogas supressoras do apetite ou inibidores da
digestão e absorção de lípidos podem ser utilizadas para auxiliar a perda de
peso, quando a mesma se torna renitente apenas com os métodos
tradicionais.(19, 61)
Em casos mais graves de obesidade e apenas quando todos os outros
métodos de redução de peso foram ineficazes a cirurgia de redução gástrica
ou o by-pass gástrico são hipóteses de solução a serem consideradas.(19)
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Promoção da Actividade Física
A manutenção de um nível de actividade física moderado a elevado
e/ou a limitação de actividades sedentárias, principalmente nas crianças é um
dos pontos de interesse na prevenção ou tratamento da SM.(19)
É importante fazer uma promoção correcta da actividade física, pois
existe uma associação positiva entre a pratica da mesma e a redução da
gordura corporal e da IR.(12)
Alterações da Dieta
Quanto á dieta e como já foi referido anteriormente, existem muitas
alterações que podem ser feitas e que melhoram não só a IR, mas também
todos os outros componentes da SM.(12)
Farmacoterapia
Vários fármacos (anti-obesidade, modificadores dos lípidos sanguíneos,
anti-hiperglicémicos e anti-hipertensores) poder ser utilizados para melhorar os
componentes do SM obtendo-se assim um melhor controlo global do
mesmo.(12)
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46 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
Perspectivas Futuras
Existem fortes evidencias de que os factores genéticos tem um papel
muito importante nas variações interindividuais de sensibilidade à insulina. As
alterações genéticas e as interacções do ambiente com o genoma são o que
mais contribuí para o desenvolvimento desta síndroma. Elucidações sobre as
modificações que existem no background genético dos pacientes com SM são
esperadas para melhorar os nossos conhecimentos sobre a sua patogénese.
Uma caracterização mais cuidada dos possíveis sub-tipos da síndroma irá
permitir procurar e desenvolver estratégias específicas para a realização de
uma dieta direccionada especialmente para estes pacientes.(12, 39)
Entre muitos factores relacionados com hábitos de vida que podem
influenciar o risco cardiovascular, o efeito benéfico da actividade física e de
uma dieta com baixa quantidade de gordura saturada tem vindo a ser
enfatizado.(12)
Resultados de um estudo sugerem a hipótese de que a adopção da
dieta tipicamente mediterrânea está associada com baixa tendência para ter
SM. Este tipo de dieta tem baixo conteúdo de gordura saturada, elevado
conteúdo de gordura monoinsaturada, proveniente principalmente do azeite
(razão de gordura monoinsaturada/saturada muito elevada), elevado conteúdo
de hidratos de carbono complexos (provenientes dos legumes, cereais não
refinados) e elevado teor de fibras (dos legumes e frutas) que contribuem para
a redução do colesterol e da TA, tendo um papel protector contra a DCV.(12,
19)
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Contudo, ainda são necessários muito mais estudos para saber qual o
resultado que advêm da associação entre a actividade física e a adopção da
dieta mediterrânea com o desenvolvimento da SM.(12,19)
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ANÁLISE CRITICA
A SM é um problema da sociedade actual e encontra-se em franca
expansão. Só muito recentemente começou a ser dada mais importância a
esta síndroma, pois os profissionais de saúde consideram que a mesma tem
consequências graves para a saúde. É um factor de risco para DCV e pode
mesmo levar à morte, quem dela padece.
Alterações no padrão genético das diferentes populações, combinadas
com o estilo de vida actual, onde reina o sedentarismo e a alimentação
desequilibrada foram, e são consideradas o "motor de arranque" para o
surgimento e desenvolvimento desta epidemia.
Actuar de imediato e de forma eficaz é necessário para travar a
tendência crescente que este problema tende em manter, pois a proporção de
crianças e jovens que o apresentam é, na realidade preocupante.
Alterações de estilo de vida são sem dúvida necessárias para "atacar"
este problema e as mesmas passam obrigatoriamente pelo aumento da
pratica de actividade física e consequente diminuição, das actividades
sedentárias (ver televisão, jogar computador, etc.), principalmente nas
crianças e nos jovens adultos; por alterações na alimentação, pois recorre-se
com muita frequência a alimentos de elevada densidade energética, que
acabam por nos fornecer muitas calorias e pouco mais do que isso; outras
medidas devem ser tomadas, como por exemplo o recurso a fármacos ou
outro tipo de tratamentos mais específicos, quando os objectivos não são de
todo atingidos apenas com as alterações referidas.
Está provado que reduções, mesmo pouco significativas do peso
corporal melhoram bastante os componentes desta síndroma e, como quase
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Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto 49
todos os indivíduos que dela sofrem tem excesso de peso ou são mesmo
obesos, talvez iniciar uma dieta adequada aos seus problemas de saúde e
estilo e vida, seja um bom ponto de partida.
Como a redução do peso corporal é conseguida com mais sucesso
quando há um aumento da utilização das calorias ingeridas e armazenadas,
iniciar ou aumentar a pratica de actividade física é imprescindível.
Num plano alimentar elaborado para um indivíduo com SM nenhum
grupo de alimentos (da roda ou da pirâmide alimentar) deve ser omitido, mas o
consumo de alimentos ricos em hidratos de carbono com baixo IG e fibras,
principalmente fibras solúveis (cereais, leguminosas secas, legumes, vegetais,
frutas etc.) deve ser enfatizado. As proteínas devem ser obtidas através do
consumo de peixe, carnes magras, produtos lácteos de baixo teor de gordura
ou de fontes de proteínas vegetais como é o caso da soja. O consumo de
gordura, principalmente de gordura saturada, deve ser restringido ao máximo,
logo deve evitar-se o consumo de carnes gordas e seus derivados, gorduras
de origem animal (manteiga, banha, etc.) e produtos prontos a comer.
Há que ter cuidado com alimentos que fornecem hidratos de carbono de
elevado IG (doces, bolos, outras guloseimas, refrigerantes, etc.).
A ingestão de sal e a de bebidas alcoólicas também deve ser reduzida.
Aprender a 1er os rótulos dos produtos alimentares é muito importante
não só para pessoas com SM, mas também para a população em geral, pois
permite detectar nutrimentos indeseiados, excesso de gordura saturada, sal,
açúcar e outros condimentos que muitos desses alimentos contêm.
Existem duas "ordens de comando" cruciais para prevenirmos e
tratarmos a SM: comer melhor e mexer mais!!!
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50 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
CONCLUSÕES Embora a expressão SM exista há mais de 30 anos, só recentemente
foi proposta a sua relevância como factor de risco de DCV, surgindo assim a
necessidade de identificar pessoas com esta síndroma.(8)
Os critérios propostos pelas diferentes entidades (OMS, NCEP ATPIII,
etc.) proporcionaram aos técnicos de saúde um meio útil para identificação e
diagnóstico dos doentes, mas são ainda necessários mais estudos para
avaliar a verdadeira importância da SM.(8)
Assim que o diagnóstico é efectuado (ver anexo 13) uma intervenção
adequada e apropriada para melhorar o prognóstico dos doentes deve ser
realizada.(8)
Os programas de intervenção terapêutica deverão ter como objectivo
tratar todas as perturbações metabólicas envolvidas na SM, logo os doentes
devem ser regularmente vistos para garantir que todos os alvos terapêuticos
são atingidos. Optimizar a terapêutica é um objectivo futuro, para assim
maximizar todos os benefícios, incluindo os conseguidos através das
alterações de estilo de vida e fármacos.(8)
Está completamente estabelecido que a redução de peso é uma arma
poderosa para o tratamento da SM.(4)
Com base nas informações já disponíveis, sabe-se que a dieta para o
tratamento da SM deve ser limitada em gordura saturada devido aos
conhecidos efeitos desfavoráveis que a mesma tem sobre a sensibilidade à
insulina, TA e lípidos plasmáticos.(4)
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Os alimentos ricos em hidratos de carbono com elevado IG também
devem ser restringidos devido aos efeitos negativos que têm sobre os
componentes da SM.(4)
Alimentos ricos em fibra e com baixo IG devem ser preferencialmente
usados mas com limitações específicas. Quantidades moderadas de gordura
monoinsaturada podem ser permitidas desde que não induzam deteriorações
no metabolismo. Se a dieta tem estas características, poucas quantidades de
sal e o consumo de bebidas alcoólicas é moderado pode não ser necessário
diminuir drasticamente o seu valor calórico para melhorar a protecção
cardiovascular.(4)
Como Vz a 1>4 da população ocidental tem uma dieta com mais de 40%
de gordura o objectivo de não ultrapassar este limite é mais razoável do que
tentar fazer reduções drásticas no consumo da mesma, que à partida irá
desencorajar os doentes porque não conseguem cumpri-la e os técnicos de
saúde porque não vêm os seus doentes obterem os resultados pretendidos.
As dietas com quantidades de gordura a rondarem os 35-40% podem ser
seguras tanto do ponto de vista biológico como do ponto de vista clínico se a
gordura saturada for ingerida em quantidades muito reduzidas (< 7-10% do
VCT).(4)
Enquanto não existir uma dieta com evidência científica para tratar a
SM e todas as medidas para a melhorar forem pouco efectivas os doentes que
dela padecem vão continuar a utilizar múltiplos fármacos que não tratam a
doença, mas apenas mascaram os sintomas da mesma.(4)
Ema Roupa 2003/2004
52 Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto
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ANEXOS
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ANEXOS
Componentes da Síndroma Metabólica
Componentes Centrais Outros Componentes
Gordura abdominal Microalbuminuria
Dislipidemia (incluindo aumento dos
triglicerídeos e LDL, diminuição do HDL
plasmáticos)
Estado de procuagulação (incluindo níveis
elevados de PAI-1, de factor Von Willebrand,
de fibrinogénio e de factor VII)
Hipertensão Marcadores da inflamação (incluindo níveis
elevados de PCR e IL-6)
Hiperglicemia Anormalidades vasculares
Hiperinsulinemia IR
Intolerância à glicose Hiperuricemia
Anexo 1: Componentes da Síndroma Metabólica. Fonte: 6.
Presença de IR (DMT2, glicose em jejum diminuída, tolerância diminuída à glicose ou o
mais elevado quartil do modelo homeostático de avaliação da IR) mais qualquer um dos
seguintes:
• Tratamento anti-hipertensivo e/ou TA elevada (â 140 mmHg sistólica e >90 mmHg
diastólica)
• Triglicerídeos plasmáticos elevados (> 1,7 mmol/l) e/ou LDL (< 0,9 mmol/l em
homens e < 1,0 mmol/l em mulheres)
• IMC elevado (> 30 Kg/m2) e/ou rácio cintura/anca (> 0,9 em homens e > 0,85 em
mulheres)
• Microalbuminuria (índice de secreção de albumina urinária à 20 ug/min.)
Anexo 2: Definição da OMS (1999) para a Síndroma Metabólica. Fonte: 8.
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Factor Critérios
1 Perímetro da cintura: > 88 cm na mulher, >
102 no homem
2 HDL < 40 mg/dl no homem, < 50 mg/dl na
mulher
3 Triglicerídeos, jejum > 150 mg/dl
4 TA > 130/85 mm Hg
5 Glicemia em jejum à 110 mg/dl
Anexo 3: Critérios de diagnóstico da NCEP ATPIII para a Síndroma Metabólica. Fonte: 7.
Factores de risco Cutpoits
Sobrecarga ponderal/obesidade IMC > 25 Kg/m'
Triglicerídeos elevados â 150 mg/dl
HDL baixo: homem < 40 mg/dl
mulher < 50 mg/dl
Aumento da tensão arterial > 130/85 mmHg
Glicemia às 2 h > 140 mg/dl
Glicemia em jejum Entre 110-126 mg/dl
Outros factores de risco História familiar de DMT2, ou Doença
Cardiovascular (DCV), Síndroma do Ovário
Poliquístico (SOP), vida sedentária, idade
avançada, grupos étnicos com alto risco para
DMT2 ou DCV
Anexo 4: Critérios clínicos da AACE para o diagnóstico da Síndroma Metabólica. Fonte: 7.
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Classificação IMC (Kg/m2) Risco de comorbilidades
Baixo peso <18,5 Baixo (mas risco de outros
problemas clínicos
aumentado)
Peso normal 18,5-24,9 Normal
Excesso de peso 2:25,0
Pré-obesidade 25,0-29,9 Aumentado
Obesidade de Grau 1 30,0-34,9 Moderado
Obesidade de Grau II 35,0-39,9 Grave
Obesidade de Grau III >40,0 Muito grave
Anexo 5: Classificação do peso corporal dos adultos de acordo com o Indice de Massa Corpora . Adaptado de: 48.
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Consequências da Insulinoresistência *
1. História familiar P
2. Diabetes gestacional P
3. Baixo peso ao nascer P
4. Obesidade (sobretudo obesidade abdominal visceral) P
5. Sedentarismo P
6. Hipercortisolismo reactivo P
7. Hiperinsulinismo com aumento dos níveis da próinsulina P
8. Insulinomas istència P
9. "Hiperglicemia, por exemplo: valores normais, mas em média de grupo superiores aos da
população sem IR
S
10. Aumento dos ácidos gordos livres S
11. Aumento dos triglicerideos e das VLDL, sobretudo em condições pós- prandeais s 12. Aumento das LOL pequenas e densas
13. Diminuição das HDL s 14. hyperuricemia s 15. HTA s 16. Aumento do co-transporte de sódio-lltio (eritrócitos) s 17. Aumento do cálcio intracelular (adipócitos, plaquetas) s 18. Redução do magnésio intracelular (eritrócitos, leucócitos, plaquetas) s 19. Microalbuminuria (independente da presença de hipertensão) s 20. Hiperhomocisteinemia??? s 21. Aumento do PAI-1 s 22. Aumento do fibrinogénio??? s 23. Hiperandrogenismo no sexo feminino s 24. Diminuição da globulina de ligação às hormonas sexuais (SHBG) s 25. Diminuição do sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEAS) s 26. Acantose nigricans s
s
s
*No SM certas alterações podem ser consideradas primárias (P), isto é causa de IR, e outras poderão ser consideradas secundárias (S), isto é consequências da IR.
Anexo 6: Causas/consequências da Insulinorresistência. Fonte: 20.
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Variável Metas Para atingir metas
Índice de massa corporal
(IMC)
Obesidade abdominal
(perímetro/cm)
Homem
Mulher
<25
< 102
<88
Dieta
Actividade física
Fármacos
LDL (mg/dl) *
Triglicéridos (mg/dl)
HDL (mg/dl)
Homem
Mulher
<100
<150
>40
>50
Fármacos (diferentes
consoante o valor
apresentado)
Tensão Arterial (mm Hg) < 130/85 Fármacos
Glicemia (mg/dl)
Jejum
2h após glicose
< 110
<140
Fármacos
*Embora a LDL elevada não faça parte da SM, uma das metas a atingir deve ser baixar o colesterol
Anexo 7: Metas a atingir no tratamento da Síndroma Metabólica. Fonte: 8.
< 100 mg/dl (2,6 mmol/L) Óptimo
100-126 mg/dl (2,6-3,3 mmol/L) Perto ou acima do óptimo
130-159 mg/dl (3,4-4,1 mmol/L) Elevado borderline
160-189 mg/dl (4,1^,9 mmol/L) Elevado
s 190 mg/dl (4,9 mmol/L) Muito elevado
Anexo 8: Classificação do NCEP ATPIII para LDL Fonte: 8.
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ANORMALIDADE INTERVENÇÕES NA DIETA E ACTIVIDADE FÍSICA
CONSELHOS PRÁTICOS
Gordura Abdominal Redução de peso corporal
Aumentar a actividade física
Reduzir as porções de alimentos ingeridas para diminuir a ingestão calórica 30' diários de exercício físico de intensidade leve a moderada
Hipertrigliceridemia Redução do peso corporal
Aumentar a actividade física
Aumentar o consumo de alimentos com baixo indice glicémico
Reduzir o total de hidratos de carbono ingeridos
Aumentar o consumo de ácidos gordos w-3 Diminuir o consumo de álcool
Reduzir as porções de alimentos ingeridas para diminuir a ingestão calórica 30' diários de exercício físico de intensidade leve a moderada Substituir os hidratos de carbono refinados (pão branco, massas, batatas, etc.) por legumes, leguminosas, cereais e gorduras monoinsaturadas (azeite, óleo de canola, nozes, etc.) Substituir os refrigerantes e sumos açucarados por água, sumos naturais ou bebidas light Comer peixe mais de uma vez por semana Limitar o consumo de álcool. Não mais de 2 bebidas alcoólicas para os homens e uma para as mulheres.
Baixos níveis de HDL Redução de peso corporal
Aumentar a actividade física
Redução da ingestão de gordura saturada
Redução da ingestão de sal
Aumentar o consumo de frutas e vegetais Aumentar o consumo de produtos lácteos com baixo teor de gordura (magros) Limitar o consumo de álcool
Reduzir as porções de alimentos ingeridas para diminuir a ingestão calórica 30' diários de exercício físico de intensidade leve a moderada Escolher produtos lácteos magros e diminuir o consumo de carnes vermelhas, manteiga, produtos lácteos gordos, etc. Consumir no máximo 2,4 g/dia de sódio ou usar no máximo 6 g/dia de sal para cozinhar, usando mais ervas para cozinhar. Consumir mais de 5 porções de frutos e/ou vegetais por dia. Consumir pelo menos 3 porções de produtos lácteos magros por dia
Limitar o consumo de álcool. Não mais de 2 bebidas alcoólicas para os homens e uma para as mulheres.
Níveis elevados de glicose em jejum Redução de peso corporal
Aumentar a actividade física
Reduzir a ingestão total de hidratos de carbono; substituir os hidratos de carbono por gordura monoinsaturada
Aumentar o consumo diário de fibras (mais de 30 g/dia)
Reduzir as porções de alimentos ingeridas para diminuir a ingestão calórica 30' diários de exercício físico de intensidade leve a moderada Substituir os grãos refinados por grãos inteiros (cereais de aveia, milho, arroz integral, etc.) e gorduras monoinsaturadas (azeite, óleo de canola, nozes, etc.) Consumir frutas e legumes com fibras solúveis.
Anexo 9: Conselhos práticos para intervenções de estilo de vida em pacientes com Síndroma Metabólica. Adaptado de: 2.
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• Diminuição da glicemia em jejum
• Prevenção da diabetes
• Melhoria da hipertensão
• Melhoria do perfil lipídico
• Melhoria dos factores de risco cardiovasculares
Anexo 10: Melhorias Clínicas da Síndroma Metabólica com pequenas perdas de peso. Fonte: 11.
Componentes Recomendações Gordura Polinsaturada Até 10% do total de calorias Gordura Monoinsaturada Até 20% do total de calorias Total de gordura 25-35% do total de calorias Hidratos de carbono * 50-60% do total de calorias Fibras 20-30 g/dia Proteínas « 15% do total de calorias Colesterol < 200 mg/dia Calorias totais Balanço de energia ingerida e gasta para
manter o peso desejável/prevenir ganho de peso
*Devem derivar predominantemente de alimentos ricos em hidratos de carbono complexos incluindo grão, frutos e vegetais.
Anexo 11: Composição em nutrientes para uma terapêutica de modificação de estilo de vida. Fonte: 11.
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Etapa 1 (% das calorias
totais)
Etapa 2 (% das calorias
totais)
Gorduras Saturadas <10 <7
Gorduras Polinsaturadas <10 <10
Gorduras Momoinsaturadas 10-15 10-15
Gordura Total <30 <30
Hidratos de Carbono 50-60 50-60
Proteínas 10-20 10-20
Colesterol < 300 mg/dl < 200 mg/dl
Calorias Totais Para atingir e manter o peso
desejado
Para atingir e manter o peso
desejado
Anexo 12: Dieta escalonada em 2 fases proposta pela AHA e NCEP para diminuir as gorduras saturadas, o colesterol e o número total de calorias. Adaptado de: 3, 53.
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ANAMENESE:
História familiar (parentes de primeiro grau) da SM
Idade (homens > 45 anos e mulheres s 55 anos)
Hábitos tabágicos
Falta de actividade física
Dieta rica em calorias
Diagnóstico de DMT2
OBSERVAÇÃO: Obesidade abdominal (razão cintura/anca)
Tensão arterial elevada
AVALIAÇÃO CLÍNICA:
Níveis elevados de triglicerídeos
HDL baixo
Glicose plasmática em jejum/ IR
Microalbuminuria
Anexo 13: Factores de risco para identificar indivíduos em risco de desenvolver Síndroma Metabólica. Fonte: 8.
Dieta Sensibilidade à insulina
Gordura total Tl
Gordura saturada U
Fibras e/ou baixo IG Î?
Álcool Î
Sal i
Anexo 14 Influência da composição da dieta na sensibilidade à insulina. Fonte: 4.
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Factores de Risco Glicose/insulina plasmáticas
Componentes da dieta com: Efeitos Benéficos
Fibras e/ou hidratos de carbono de baixo IG
Efeitos Nefastos Hidratos de carbono de elevado IG
Triglicerídeos/HDL plasmáticos
Fibras e/ou hidratos de carbono de baixo IG
Ácidos gordos w-3
Hidratos de carbono de elevado IG
Álcool
TENSÃO ARTERIAL Sais de potássio
Ácidos gordos UJ-3 (?)
Cloreto de sódio
Álcool
Gordura Saturada Anexo 15: Efeitos de alguns componentes da dieta na Síndroma Metabólica e risco cardiovascu associado ao mesmo. Fonte: 4.
ar
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