Sobpressão # 22

12
Aeromodelismo parece brin- cadeira, mas é um hobby levado a sério por seus praticantes, que investem tempo e dinheiro na modalidade. Fôlego Página 1 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA MARÇO/ABRIL DE 2010 ANO 7 N° 22 SOBPRESSÃO Consciência sobre duas rodas No Centro de Fortaleza, é possível encontrar grandes quantidades de lixo acumulado nas ruas e calçadas. São, ao todo, 140 toneladas di- árias. Saiba quais ações estão sendo propostas para solucionar esse problema. Sobpressão Página 4 A partir de junho, 350 mil crianças de todo o Estado serão imunizadas gra- tuitamente com a vacina Pneumocócica 10-valente, que combate meningites e pneumonias. Sobpressão Página 3 Deixar o carro em casa e pegar a bicicleta para se locomover por Fortaleza é uma iniciativa que muitas pessoas da cidade deci- diram incorporar. Elas são inte- grantes do grupo “Bicicletada”, movimento que apóia a cultu- ra da bicicleta como meio de transporte preferencial. Todos os meses, com saída da Praça da Gentilândia, no bairro Benca, elas ganham as ruas divulgan- do o movimento e chamando atenção por onde passam. Essa prática, que começou nos EUA, em 1990, com o nome de Criti- cal Mass, já sensibilizou várias pessoas no Brasil e no mundo. Os participantes reivindicam, por meio de uma política de conscientização, melhores con- dições de mobilidade para os ciclistas e veem a bicicleta como algo que pode trazer benefícios para a saúde, trânsito e meio ambiente. Sobpressão Páginas 6 e 7 O contato direto com o pú- blico, por meio da internet, e o download de músicas gratuitas garantem popula- ridade às bandas indepen- dentes. O Sobpressão con- versou com músicos que apresentam seus trabalhos por meio de redes sociais, como o MySpace, com o objetivo de entender esse processo de divulgação. Para os menos modernos, a “novidade” é a volta do vi- nil. Sobpressão Páginas 10 e 11 Bandas independentes ganham a web Acupuntura, homeopatia e exa- me de catarata, que antes eram tratamentos exclusivos da saú- de humana, são hoje oferecidos para os animais de estimação. Com cirurgias que custam até R$ 1.200, o cuidado com os bichinhos cou mais especiali- zado, trazendo benefícios iné- ditos. Mesmo assim, prossio- nais da saúde animal atentam para as diferenças entre zelo e exagero. Sobpressão Página 5 Veterinária Novos serviços aos animais A renovação da literatura cearense Muay Thai atrai homens e mulheres Defesa pessoal Escritores Ciberativismo Novas mídias Irregularidades Você já se distraiu com o ex- cesso de placas nas ruas? A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) começou a remoção daquelas que estão em situação irregular e causam poluição vi- sual. Apesar de a ação ter come- çado em 2009, ainda é possível encontrar práticas em desacor- do com as normas municipais nos princi- pais pontos de comércio da cidade. Saiba quais são as pena- lidades apli- cáveis àqueles que descumprirem a lei e os transtor- nos causados à população. Sobpressão Página 5 O ciberativismo, hoje, possibi- lita a mobilização de milhares de pessoas pela internet. Do computador, utilizando redes sociais, é possível divulgar ma- nifestações e causas políticas e sociais. Esse meio permite a quebra de barreiras geográ- cas e torna viáveis movimenta- ções de caráter mundial. Com o aumento do uso da internet, a prática vem ganhando força no Brasil. Sobpressão Páginas 12 Uma nova geração de escrito- res cearenses se destaca com autenticidade e traços varia- dos. Conheça os autores que representam esse momento, como está a cena literária do Ceará e o diferencial do estilo de escrita local. Veja também as dicas do escritor Pedro Sal- gueiro para começar a vida literária, além de sua crônica, produzida especialmente para esta edição. Sobpressão Páginas 8 e 9 Manifestações em um click Combate à poluição visual A arte marcial é uma modalida- de de luta proveniente da Tai- lândia e muito utilizada para defesa pessoal. Os adeptos têm como ob- jetivo o nocaute e não a obtenção de pontos. Utilizam-se, além dos mem- bros do corpo, as articulações, como joelhos e cotovelos, para aplicar golpes. Conheça mais sobre a arte marcial que invadiu as academias. Fôlego Páginas 4 e 5 modelismo parece brin- deira, mas é um hobby levado a sério por seus praticantes, que investem tempo e dinheiro na modalidade. Fôlego Página 1 junho, 350 mil crianças o serão imunizadas gra- a vacina Pneumocócica e combate meningit pressão Página 3 010 ANO 7 22 Aeromod cadeir a ca ingites e a 3 A r e li te r E Uma res ce auten dos. C repres como Ceará de es as dic gueiro literár produ esta e ida- Tai- a defesa omo ob- tenção de dos mem- ções, como icar golpes. marcial que Páginas 4 e 5 a is nci- tos cio de. ais na- pli- ueles que irem a ranstor- dos à o. gina 5 FOTO: ÉRIKA NEVES ILUSTRAÇÃO: ITAMAR NUNES FOTO: DIVULGAÇÃO A praça da Gentilândia é onde se concentram os integrantes do “Bicicletada” , em Fortaleza. No local, a marca do movimento foi es- tampada na areia, para conscientizar sobre a importância da bicicleta como meio de transporte preferencial FOTO: WALESKA SANTIAGO FOTO: FABIANE DE PAULA

description

Jornal laboratório do curso de jornalismo da Universidade de Fortaleza

Transcript of Sobpressão # 22

Page 1: Sobpressão # 22

Aeromodelismo parece brin-cadeira, mas é um hobby levado a sério por seus praticantes, que investem tempo e dinheiro na modalidade. Fôlego Página 1

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA MARÇO/ABRIL DE 2010 ANO 7 N° 22

SOBPRESSÃOConsciência sobre duas rodas

No Centro de Fortaleza, é possível encontrar grandes quantidades de lixo acumulado nas ruas e calçadas. São, ao todo, 140 toneladas di-árias. Saiba quais ações estão sendo propostas para solucionar esse problema. Sobpressão Página 4

A partir de junho, 350 mil crianças de todo o Estado serão imunizadas gra-tuitamente com a vacina Pneumocócica 10-valente, que combate meningites e pneumonias. Sobpressão Página 3

Deixar o carro em casa e pegar a bicicleta para se locomover por Fortaleza é uma iniciativa que muitas pessoas da cidade deci-diram incorporar. Elas são inte-grantes do grupo “Bicicletada”, movimento que apóia a cultu-ra da bicicleta como meio de transporte preferencial. Todos os meses, com saída da Praça da Gentilândia, no bairro Benfi ca, elas ganham as ruas divulgan-do o movimento e chamando

atenção por onde passam. Essa prática, que começou nos EUA, em 1990, com o nome de Criti-cal Mass, já sensibilizou várias pessoas no Brasil e no mundo. Os participantes reivindicam, por meio de uma política de conscientização, melhores con-dições de mobilidade para os ciclistas e veem a bicicleta como algo que pode trazer benefícios para a saúde, trânsito e meio ambiente. Sobpressão Páginas 6 e 7

O contato direto com o pú-blico, por meio da internet, e o download de músicas gratuitas garantem popula-ridade às bandas indepen-dentes. O Sobpressão con-versou com músicos que apresentam seus trabalhos por meio de redes sociais, como o MySpace, com o objetivo de entender esse processo de divulgação. Para os menos modernos, a “novidade” é a volta do vi-nil. Sobpressão Páginas 10 e 11

Bandas independentes ganham a web

Acupuntura, homeopatia e exa-me de catarata, que antes eram tratamentos exclusivos da saú-de humana, são hoje oferecidos para os animais de estimação. Com cirurgias que custam até R$ 1.200, o cuidado com os bichinhos fi cou mais especiali-zado, trazendo benefícios iné-ditos. Mesmo assim, profi ssio-nais da saúde animal atentam para as diferenças entre zelo e exagero. Sobpressão Página 5

Veterinária

Novos serviços aos animais

A renovação da literatura cearense

Muay Thaiatrai homens e mulheres

Defesa pessoal Escritores Ciberativismo

Novas mídiasIrregularidades

Você já se distraiu com o ex-cesso de placas nas ruas? A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam) começou a remoção daquelas que estão em situação irregular e causam poluição vi-sual. Apesar de a ação ter come-çado em 2009, ainda é possível encontrar práticas em desacor-do com as normas municipais nos princi-pais pontos de comércio da cidade. Saiba quais são as pena-lidades apli-cáveis àqueles que descumprirem a lei e os transtor-nos causados à população.Sobpressão Página 5

O ciberativismo, hoje, possibi-lita a mobilização de milhares de pessoas pela internet. Do computador, utilizando redes sociais, é possível divulgar ma-nifestações e causas políticas e sociais. Esse meio permite a quebra de barreiras geográfi -cas e torna viáveis movimenta-ções de caráter mundial. Com o aumento do uso da internet, a prática vem ganhando força no Brasil. Sobpressão Páginas 12

Uma nova geração de escrito-res cearenses se destaca com autenticidade e traços varia-dos. Conheça os autores que representam esse momento, como está a cena literária do Ceará e o diferencial do estilo de escrita local. Veja também as dicas do escritor Pedro Sal-gueiro para começar a vida literária, além de sua crônica, produzida especialmente para esta edição. Sobpressão Páginas 8 e 9

Manifestações em um click

Combate à poluição visual

A arte marcial é uma modalida-de de luta proveniente da Tai-lândia e muito utilizada para defesa pessoal. Os adeptos têm como ob-jetivo o nocaute e não a obtenção de pontos. Utilizam-se, além dos mem-bros do corpo, as articulações, como joelhos e cotovelos, para aplicar golpes. Conheça mais sobre a arte marcial que invadiu as academias. Fôlego Páginas 4 e 5

modelismo parece brin-deira, mas é um hobby levado

a sério por seus praticantes, queinvestem tempo e dinheiro namodalidade. Fôlego Página 1

junho, 350 mil crianças o serão imunizadas gra- a vacina Pneumocócica

e combate meningitpressão Página 3

010 ANO 7 N° 22

Aeromodcadeira

ca ingites e

a 3

A reliter

E

Uma res ceautendos. CreprescomoCearáde esas dicgueiroliterárproduesta e

ida-Tai-

a defesa omo ob-tenção de dos mem-ções, como icar golpes.

marcial que Páginas 4 e 5

aisnci-tosciode.aisna-pli-ueles queirem a ranstor-dos à

o.gina 5

FOTO: ÉRIKA NEVES

ILUSTRAÇÃO: ITAMAR NUNES

FOTO: DIVULGAÇÃO

A praça da Gentilândia é onde se concentram os integrantes do “Bicicletada” , em Fortaleza. No local, a marca do movimento foi es-tampada na areia, para conscientizar sobre a importância da bicicleta como meio de transporte preferencial FOTO: WALESKA SANTIAGO

FOTO

: FA

BIA

NE

DE

PAU

LA

Page 2: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO/ ABRIL DE 20102

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) Fundação Edson Queiroz - Diretora do Centro de Ciências Humanas: Profª Erotilde Honório - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Eduardo Freire - Disciplina: Projeto Experimental em Jornalismo Impresso (semestre 2010.1) - Reportagem: Aline Veras, Antero Neto, Celma Prata, Edilene Castelo Branco, Fernanda Feitosa, Leonardo Capibaribe, Renata Wirtzbiki, Raone Saraiva, Samuell Monteiro, Thays Lavor, Thereza Cristina - Projeto gráfi co: Prof. Eduardo Freire - Arte fi nal: Aldeci Tomaz - Professores orientadores: Antonio Simões, Eduardo Freire - Coordenação de Fotografi a - Júlio Alcântara - Revisão: Profa. Solange Maria Morais Teles - Conselho Editorial: Antonio Simões, Eduardo Freire, Alejandro Sepulveda, Jocélio Leal - Supervisão gráfi ca: Francisco Roberto - Impressão: Gráfi ca Unifor - Tiragem: 500 exemplares - Equipe do Laboratório de Jornalismo (Labjor) - Estagiário de Produção Gráfi ca: Luiza Machado - Estagiários de Redação: Camila Marcelo, Gabriela Ribeiro, Geovana Rodrigues, João Paulo Freitas, Maria Falcão, Suiani Sales, Thamyres Heros, Viviane Sobral, Wolney Batista.

A manhã daquele domingo era chuvosa. A jovem, de cabelos lisos e pele morena, saiu de casa, correndo, à procura de ajuda para a fi lha de seis meses. Ao passo que gritava por socorro, alguns vizinhos riam, como uma plateia de circo. Outros fi cavam perplexos, parecen-do não acreditar no que viam.

Todos estavam acostumados com algumas atitudes estranhas da pobre mãe, mas, agora, achavam que ela estava indo longe demais.

— Nossa... Uma moça tão linda, agindo assim?— Pois é. E o pior é que a mãe dela nem está em casa...A mulher olhava forte nos olhos de cada um, esperando que

alguém socorresse Marina, como era o nome da menina. Era inútil. Nenhuma comoção.

Enfi m, uma ambulância chegou. Não se sabe quem pegou o tele-fone para pedir ajuda. Os enfermeiros a colocaram dentro do veícu-lo. Eles não entraram na casa da mulher, nem olharam. Certamente, quem chamou a ambulância aproveitou para explicar aos enfermei-ros o estado da jovem, que foi levada ao hospital.

No hospital, mais calma, ela ouvia palavras de um médico. Só ou-via, não escutava. A mãe dela, que já estava no hospital, disse:

— Alice, aceite. Ela morreu. Não há o que fazer.Com lágrimas nos olhos, ela respondeu:— Mamãe... ela morreu porque ninguém ajudou. Me trouxeram,

mas deixaram minha fi lha em casa.— Pelo amor de Deus! Até quando você vai viver iludida? Marina

já está morta há seis meses e... você sabe disso.Alice ouvia a mãe, mas não aceitava a morte da fi lha. No dia

seguinte, elas pegaram um táxi e foram para casa. Aparentemente tudo estava bem. O dia era de sol e cheio de vida. No portão, Alice ainda pensava na fi lha. Em sua frente, viu uma garotinha passar na calçada. Não resistiu. Quis trazer a fi lha de volta, tirá-la de seu pensa-mento e torná-la real de novo. De repente, pegou o objeto que esta-va na mão da menina e deu um sorriso de felicidade. Daquele dia em diante, aquela boneca seria a fi lha de Alice.

Estudante do 7º semestre de Jornalismo

Crônica

Amor de mãe

Raone Saraiva

Seremos os próximos dinossaurosEditorial

Chamado de “profeta do diálogo” pelo jornal israelense Haaretz, o presidente Lula vem tentando manter relações com líderes de diver-sos países, inclusive de opiniões políticas geralmente divergentes. Na primeira viagem ofi cial de um chefe de Estado brasileiro ao Oriente Médio (Israel, Territórios Palestinos e Jordânia), nosso presidente quer realizar um milagre que nem Bill Clinton, George Bush e Nicolas Sarkozy (os mais recentes) conseguiram fazer: uma negociação con-creta entre palestinos e israelenses, e posteriormente o Irã.

Deste modo, o presidente Lula começa a entrar num jogo pe-rigoso em que relacionamentos diplomáticos são marcados por incoerências e apoios à ditaduras e regimes assassinos em nome do diálogo. Sendo assim, vamos comemorar com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, a inexistência do Holocausto. Com o presi-dente do Sudão, Omar al-Bashir, em homenagem às 300 mil pessoas que foram assassinadas em Darfur. Também com Than Shwe, nú-mero um no regime militar da Bismânia, instaurado no poder desde 1962 desempenhando um excelente trabalho no projeto de abusos contra os direitos humanos. Organizemos a campanha “Soltem Ra-dovan Karadzic!” . O ex-líder sérvio que, de tão generoso, passou boa parte da vida se dedicando às pessoas, tirando 8 mil vidas na Bósnia.

Presidente Lula, sejamos coerentes com o que falamos pelo mundo afora. O senhor se orgulha dizendo que o Brasil é um país democrático, onde pode-se ser o que quiser. Então, não sejamos pragmáticos, sejamos corretos com as pessoas, respeitando os di-reitos humanos e sendo intransigentes com regimes autoritários e assassinos. Deve-se exigir justiça e mudança que benefi cie todos os povos. Não vamos mais ser cúmplices e condescendentes com os inimigos da liberdade e da democracia.

Estudante do 7º semestre de Jornalismo

Artigo

(In) Coerências

Aline Veras

Sugestões, comentários e críticas: [email protected]

Mais peças e menos espaço livre no tabuleiro de xadrez do Centro de Fortaleza. Dezenas de carros enfileirados congestionam o trânsito. Centenas de pessoas trafegam rua abaixo, rua acima. Em meio ao caos, o lixo, presente entre e em quase todas as esquinas. Na agitação, uma voz anuncia: “denuncia, moça! É pra fotografar e denunciar”. São vozes, pessoas, retratos, vidas, realidades, movimento. É o Centro. Pulsante. Que tal o coração da cidade? FOTO: WALESKA SANTIAGO

Qualidade de vida é o “sonho de consumo” da atualidade. Isso envolve, segundo a Or-ganização Mundial de Saúde (OMS), aspectos como saúde física e mental, independência econômica, relacionamentos afetivos, crenças e meio am-biente. É do equilíbrio deste último – meio ambiente – que vai depender todo o resto.

A relação do homem com o meio ambiente tem sido tema de estudos e de reflexão em todo o mundo. Estamos dian-te de sérios problemas cau-sados pelo desequilíbrio am-biental, como a intensificação do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global e por catástrofes como enchen-tes, terremotos etc.

O único acordo interna-cional para a redução de emissões de gases do efeito estufa – Protocolo de Kyoto, de 1997 – e as convenções como o Acordo de Copenha-gue, de dezembro de 2009, têm encontrado dificuldades em avançar nas negociações, devido ao desacordo entre países pobres e ricos. Estes últimos alegam que o atendi-mento às exigências atrapa-

lharia o seu desenvolvimento econômico.

A quem responsabilizar pelo excesso de gases, como o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio ou os hidrocarbo-netos (usados para a produção de plásticos e combustíveis), lançados na atmosfera e cau-sadores do efeito estufa?

Os setores industriais e de transportes lideram esse ranking, de onde se pode concluir que as nações mais desenvolvidas do planeta, a exemplo dos EUA, são as que mais poluem, embora países em desenvolvimento, como o Brasil, também tenham sua responsabilidade no processo.

A reflexão sobre essas questões está levando pesso-as comuns, no mundo intei-ro, a adotar medidas simples, mas que podem ser bastante eficazes. Elas estão se mobi-lizando, por exemplo, para incentivar o retorno aos “veí-culos de propulsão humana”, uma denominação complexa para a nossa descomplicada bicicleta. Tentam conscien-tizar os motoristas de carros de que as ruas foram feitas para todos.

O movimento começou nos anos 1990, na Califór-nia, EUA, e ficou conhecido mundialmente como Critical Mass (Massa Crítica).

Aqui no Brasil, chegou em 2002 com o nome de Bicicleta-da. Ele não tem líderes e seus integrantes se reúnem uma vez por mês para pedalar pelas vias urbanas, fazendo mani-festações, cujo slogan é: “Um carro a menos”. O Bicicletada se espalhou rapidamente por várias cidades do País, entre as quais Fortaleza.

Através desses movimentos civis, percebemos que é pos-sível, sim, fazermos a nossa parte para controlar e limitar, por exemplo, a contaminação do ar resultante das emissões dos “automotores” (carros, ônibus, caminhões, tratores, motocicletas, entre outros).

Ações coletivas como a “Bicicletada” podem ajudar a salvar o planeta e seus habi-tantes, entre eles os seres hu-manos. Há milhões de anos, fenômenos climáticos leva-ram à extinção dos dinossau-ros. Se não tomarmos medi-das severas agora, poderemos ser os próximos da fila.

Fotolegenda

O coração da cidade

Page 3: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO / ABRIL DE 2010 3

Entrará ofi cialmente no progra-ma de imunização a Pneumocóci-ca 10-valente, que protege contra a bactéria pneumococo, causadora de meningites e pneumonias

No Ceará, as imunizações da Pneumocócica 10-valente estão previstas para o mês de junho, juntamente com a 1ª Etapa da Campanha de Vacinação contra Poliomielite. Aproximadamen-te 350 mil crianças serão bene-fi ciadas com essa introdução na rotina de imunizações do Gover-no. O Estado espera diminuir as internações e a mortalidade por meningite e pneumonia.

De acordo com a coordena-dora das campanhas de vacina-ção da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), Mércia Jucá, a vacina “já está disponível, tam-bém, no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais, situado no Albert Sabin, para pacientes especiais, de qualquer idade, portadores de patologias, como cardiopatias, pneumopa-tias, nefropatias, hepatopatias graves, entre outras”.

Mércia Jucá explicou que a vacina será inicialmente desti-nada a crianças de até dois anos. Em 2011, a vacina permanecerá no Calendário Básico Brasilei-ro para as crianças menores de um ano. Elas serão atendidas aos dois, quatro e seis meses, e receberão um reforço preferen-cialmente entre 12 e 15 meses, após a última vacinação. Já os de sete a 11 meses irão rece-ber duas doses da vacina, com um espaço de dois meses entre elas. “Somente as crianças de um a dois anos é que receberão a dose única e sem necessidade de um reforço posterior”, expli-cou a médica.

EconomiaSegundo estimativas da Or-

ganização Mundial de Saúde (OMS), as doenças pneumocóci-cas têm causado mais de um mi-lhão de óbitos por ano em todo o mundo, e as crianças com me-nos de cinco anos são as maiores vítimas. Em Fortaleza, segundo dados da Secretaria de Saúde do Município, só no ano passa-do foram registrados 306 casos de meningite e 1.529 de pneu-monia. De acordo com dados

da Coordenadoria de Controle, Avaliação e Auditoria da Sesa, somente com internações por pneumonia em 2009, o Estado gastou R$ 129.399,11.

O infectologista e diretor do Hospital São José (HSJ), Anas-tácio Queiroz, informou que pelo menos um paciente por semana chega ao local com meningite.

“Esta é uma doença que tem que ser combatida, pois apresenta um alto grau de complicação. A pneumonia também deve ser tratada com atenção, apesar de ser mais comum”, esclareceu.

Para a população mais ca-rente, a chegada da vacina tam-bém é bastante representativa, pois só era encontrada no setor privado e cada dose custava em

média R$ 210,00. A doméstica Marlyneide Alves, 43, recebeu com bastante alegria a notícia da introdução da 10-valente no Programa Nacional de Imu-nizações (PNI). “Tenho três fi lhos. Se não fosse a ajuda da minha patroa, não teria con-dições de dar a vacina a eles. Não pretendo engravidar nova-mente, porém minha sobrinha está gestante, sei a importância dessa vacina na vida dela e do bebê”, declarou.

Anastácio Queiroz destacou também que “a vacina só é co-locada para a população após serem testadas de uma manei-ra efi ciente. Também é pensa-do se não produz tantos efeitos colaterais e a relação custo-benefício”. O diretor do HSJ informa que o governo deve conscientizar as famílias para se vacinarem. “Uma sociedade esclarecida, onde a medicina é preventiva, é resultado de um imunização completa”.(Colaborou Thamyres Heros)

A imunização, que antes só era encontrada no setor privado por R$ 210, representa economia superior a cem mil reais por internações FOTO: FABIIANE DE PAULA

Vacina benef iciará 350 mil no CE

Vacinas inclusas no Programa Nacional de Imunizações (PNI)

Antimeningocócica - Me-

ningite e pneumonia

BCG - Tuberculose

DT - Difteria e Tétano

DTP - Difteria, Tétano e Co-

queluche

DTP+HIB - Difteria, Tétano,

Coqueluche e infecções por

Haemophilus infl uenzae tipoB

Febre amarela

Hepatite B

Infl uenza - Gripe

Pneumocócica - Meningi-

tes bacterianas, Pneumonias,

Sinusite, infl amação no ouvido e

bacteremia

Poliomielite

Rotavírus

Tríplice viral - Caxumba,

rubéola e sarampo

Vacina HIB - Infecções por

Haemophilus infl uenzae tipo B

Rede Pública

Mércia Jucá

A vacina já está disponível no Albert Sabin para pacientes portadores de patolo-gias, como cardiopa-tias, entre outras

Despesas individuais chegam a R$ 9,5 mil

Saiba mais

9,5 mil reais é o valor do tratamento de meningite em hospitais particulares.

8 mil reais cada caso de meningite pneumocócica com sequelas ao paciente na rede pública.

1.219 reais são gastos para cada episódio registrado de pneumonia no setor privado.

603 reais é o custo de internação por pneumonia no SUS.

55% dos pacientes acometidos por meningite correm risco de ter sequelas graves.

Fonte: PAE Brasil (Pneumococo - Avaliação Econômica)

Médica da Secretaria de Saúde do Estado

As doenças pneumocócicas invasivas causam uma alta morbi-mortalidade (impacto das doenças e dos óbitos que incidem em uma população) em crianças, principalmente em menores de 5 anos. Por este fato, a referida vacina foi escolhi-da entre tantas outras para ser implementada dentro no Programa Nacional de Imunizações – PNI. Espera-se que sejam evitadas muitas mortes em crianças por doenças como meningite, sepse entre outras. Além disso, espera-se que sejam também reduzidos os números gerais de casos dessas doenças, assim como os atendimentos médicos e as hospitalizações.

A prevalência destas doenças é muito semelhante em todas as áreas geográfi cas do planeta, e aqui no Ceará também se espera uma grande redução no impacto das infecções pneumocócicas, como aconteceu em todos os outros locais em que uma vacina semelhante foi introduzida na vacinação universal da população.

É importante salientar que Inicialmente não existem contra-indicações à vacina, e que todas as crianças devem receber estas dosagens. A prevenção é primor-dialmente contra doenças invasivas (meningite, sepse, etc.). Porém, não sabemos ainda qual o impacto que a vacina vai ter sobre as doenças não invasivas como pneumonia, otite, amigdalite, etc.

Médico e integrante da Sociedade Brasileira de Imunizações

Opinião

Prevenção é focada nas doenças invasivas

João Claudio Jacó

Fonte: Site do Ministério da Saúde

Thays Lavor

Centro de Referência de Imuno-biológicos Especiais (CRIE) Hospital Albert SabinRua Tertuliano Sales, 544Vila União - Tel: 3488.9662

Serviço

Page 4: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO/ ABRIL DE 20104

Opções alternativas em prática

Fortaleza é a quinta maior ci-dade do Brasil e, como todo grande centro urbano, produz uma grande quantidade de lixo. Cerca de três mil toneladas são geradas por dia, de acordo com a Ecofor, concessionária res-ponsável pela Gestão de Resí-duos Sólidos. Um dos locais que mais apresentam esse proble-ma é o Centro. Nem é preciso andar muito, basta mesmo dar uma “voltinha” pelo bairro para constatar que a maior presença é do lixo. E ele está, infelizmen-te, por todo lado.

A quantidade recolhida dia-riamente no Centro da capital assusta: são 140 toneladas. Mas por quê? E de quem é a culpa por tanto lixo? Para conhecer a situação e tentar solucionar es-sas questões, a Secretaria Exe-cutiva Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor), a Empresa Municipal de Limpeza e Urba-nização (Emlurb) e a Ecofor elaboraram um diagnóstico so-bre o lixo recolhido do Centro.

Para facilitar a organiza-ção das equipes de varrição e também o deslocamento dos caminhões coletores, o Centro da cidade é divido em dois pó-

Por que tanto lixo no Centro?

“Rebolar no mato”: em meio aos pedestres, a sujeira compõe o cenário no Centro da cidade FOTO: WALESKA SANTIAGO

los, segundo a Secretaria e os órgãos responsáveis pela lim-peza. A coleta é realizada em todos os estabelecimentos, in-dependentemente do volume a ser coletado.

É preciso lembrar que o Centro de Fortaleza é um bair-ro domiciliar. E que a coleta de lixo das casas também entra na conta de tudo que é recolhido todos os dias. A coleta domici-liar é realizada com uma estra-tégia diferente: ocorre à noite, começa às 19h e só para às 3 da madrugada, vai de segunda-feira à sábado.

Mesmo com o uso de ca-minhões para o lixo dito mais pesado, os garis atuam intensa-mente: são quase 24 horas nas ruas. Ao todo, 115 trabalham de segunda a sábado. E só na área do Centrão ainda existem 680 lixeiras e 120 papeleiras fi xadas nos passeios e nas praças.

Os números chamam re-almente atenção, seja pela quantidade de lixo ou pelo aparato que é usado para a retirada da sujeira das ruas. Mesmo assim, o estudo apon-tou falhas em vários setores. Não há cadastro dos grandes geradores de resíduo no Mu-nicípio, como estabelecimen-tos comerciais e indústrias.

A partir do diagnóstico reali-zado, a administração munici-pal compôs um plano de ações para solucionar as diversas problemáticas. O documento foi disponibilizado pela titular da Sercefor, Luiza Perdigão, ao

Sobpressão. O plano aponta os objetivos e metas gerais, além de propostas com vertentes ins-titucionais, operacionais e de educação ambiental.

Com prazos intitulados como “urgentes” estão, por exemplo, a ação de disciplinar a comerciali-zação do coco e do milho verde. O plano indica, ainda, que orça-mentos e índices serão construí-dos no decorrer da defi nição das ações prioritárias, “em consenso com os agentes executores”.

Cid Alves, presidente do Sindicato do Comércio Varejis-ta e Lojista de Fortaleza (Sin-

dilojas), aponta que é função do Poder Executivo organizar ações mais efetivas no intuito de reduzir o acúmulo de lixo no Centro. “A prefeitura deve-ria buscar parcerias com sin-dicatos e lojistas e fazer uma fi scalização mais intensa”.

ConscientizaçãoO diretor do Departamen-

to de Limpeza Urbana da Emlurb, César Marques, indi-ca o descaso da população com a cidade como um dos fatores principais para a realidade de-corrente não só no Centro. “É

o antigo e famoso ‘rebolar no mato’. As pessoas precisam de consciência. Não percebem que jogar lixo nas ruas só pre-judica a elas próprias. O alto preço é a própria população quem paga”, alerta.

Para a dona de casa Maria do Socorro, a população reclama, mas não faz nada para coope-rar. “É comum ver pessoas joga-rem papéis e resto de comida no chão. Isso é uma grande falta de educação”, adverte.

Uma maneira encontrada para resolver a problemática do lixo é a reciclagem. O reaproveita-mento de materiais orgânicos e inorgânicos ajuda ao meio am-biente. Afi nal, muitos deles le-vam anos para se decompor.

Algumas empresas tentam conscientizar a população para os benefícios da reciclagem. A Coelce, há três anos, possui o projeto Ecoelce, em que a po-pulação, ao se cadastrar, pode trocar seu lixo reciclável por bônus na conta de energia. Esse projeto abrange todo o estado do Ceará e possui pontos de ar-recadação disponíveis na capi-tal e no interior. A dona de casa Maria Gorete Costa é uma das adeptas desse projeto desde o início. Hoje, ela quita a fatura de luz todo mês só com as arre-cadações de lixo.

César Marques, diretor da Emlurb, reforça a importância em se investir em campanhas para a reciclagem, projetos de incentivo para o economizar, reutilizar e reciclar. “Esses pro-jetos acabam infl uindo, nem que seja uma infl uência míni-ma, na educação das pessoas, e isso já é bom passo”, afi rma.

Mas no Centro, as lixeiras separadoras de resíduos ainda são pouco comuns. O que é fa-cilmente perceptível são os ca-tadores, pessoas que acham no lixo a oportunidade de garantir uma renda familiar.

Maria Iraci Teixeira, 50 anos, é coordenadora e representante da Associação de Catadores So-lidários do Jangurussu (Asca-jan). Lá, são 70 cadastrados que atuam em várias área da cida-de, como Messejana, Paranga-ba, Aldeota e também no Cen-tro. Maria Iraci informa que, diariamente, são acumuladas entre três ou quatro toneladas, entre coletas e doações.

O presidente do Sindlojas, Cid Alves, aponta uma ques-tão negativa referente aos ca-tadores: “Eles abrem sacos à procura de material reciclável e acabam deixando pelo chão o restante do material que não é aproveitado por eles”.

A Prefeitura, no seu plano de ações para solucionar questões sobre o lixo, pretende convidar entidades, como os catadores, para apresentação do Plano, coleta de sugestões e esclareci-mentos sobre a necessidade de parceria do poder público com a sociedade civil.

Catadores coletam para própria sobrevivência FOTO: WALESKA SANTIAGO

Conheça as principais ruas onde esse acúmulo de sujeira é gritante:

Rua Senador Pompeu - Galeria Pedro JorgeRua Senador Pompeu - Galeria Professor BrandãoAv. Tristão Gonçalves - Beco da PoeiraRua Senador Pompeu - Shopping CameloRua 24 de Maio - Shopping Center MaioAv. Tristão Gonçalves - Igreja UniversalAv. Tristão Gonçalves - FórumRua Manuelito Moreira - Celigráfi caRua General Sampaio - Shopping CentralAv. Alberto Nepomuceno - Mercado CentralRua Gen. Clarindo de Queiroz - Mercado São SebastiãoRua José Avelino - FeirãoToda a área de Concentração - Comércio ambulanteÀrea do Centrão - Restaurantes e lanchonetes

Saiba mais...

14 pontos mais sujos

Também existem resíduos na rua Padre Mororó, perto do Mercado São Sebastião FOTO: WALESKA SANTIAGO

Antero Neto e Fernanda Feitosa

Colaboraram João Paulo Freitas,

Maria Falcão, Thamyres Heros

Colaborou Suiani Sales

Todos os dias, 140 toneladas de lixo são retiradas e todo mês R$ 400 mil investidos em limpeza. Mas por que a presença do lixo no Centro de Fortaleza é tão alarmante?

Fonte: Estudo realizado pela Sercefor, Emlurb e Ecofor

Page 5: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO / ABRIL DE 2010 5

Os avanços da medicina veterinária

Ter um animal de estimação é o sonho de muitas pessoas, mas essa iniciativa requer zelo e res-ponsabilidade. Levá-lo todo ano para ser vacinado não é o bas-tante. Desde o nascimento até a velhice do animal é preciso um acompanhamento rigoroso. Por isso a medicina veterinária vem se especializando para propor-cionar uma melhor qualidade de vida.

Várias especialidades, como pediatria, geriatria, oftalmolo-gia, fi sioterapia e odontologia, são oferecidas aos bichos de estimação. Ao adquirir um fi -lhote, ele deve ser acompanha-do rigorosamente. O objetivo é detectar alguma doença genéti-ca e observar as fases do desen-volvimento motor do animal. O mesmo acontece com a velhice. O cachorro, depois dos dez anos, e o gato, depois dos doze anos, devem ser acompanhados com maior frequência. Vários exa-

mes são realizados para garantir uma melhor qualidade de vida, como raio x, eletrocardiograma e hemograma.

Exames sofi sticadosPode até parecer que todos

esses cuidados não passem de um exagero. “Existe uma linha muito tênue entre o zelo e o exa-gero. Nós estamos preocupados com a saúde do animal. Não é adequado levar um animal a um clínico geral. O ideal é levá-lo a um especialista específi co para o tipo de problema apresentado”, explica a médica veterinária An-drea Melo, que cuida de animais há doze anos e possui uma clíni-ca em Fortaleza.

Atualmente, o animal pode realizar exames como o ultras-som, seja para uma gravidez de uma gata ou cadela, seja para diagnosticar algum tipo de do-ença em machos ou fêmeas. Mas o procedimento mais sofi sticado atualmente é a cirurgia de cata-rata. Com equipamentos avança-dos e de última geração, a cirur-gia tem um custo de R$1.200. O valor elevado se deve ao fato do tipo de aparelhagem usado, que custa cerca de R$ 250.000.

AcupunturaOutra opção existente no

tratamento animal é a acupun-tura. Na busca por um equilí-brio da energia vital do animal (QI), essa técnica infl uencia no cérebro, sistema nervoso, lo-comotor, cardiovascular e na bioquímica do corpo. O médi-co veterinário Vicente Menezes atua nesta área há quinze anos e conta que a maioria dos seus pacientes são animais que real-mente possuem algum proble-ma músculo-esquelético. “Não

Centro de Cuidado ao Animal - Oftamologia, pediatria, geriatria, dentista, fisoterapia e reabilitação - Tel: 3295.4895Vicente Menezes (médico veterinário) - Acupuntura , homeopatia e fa-bricação de cadeira de rodas - Tel: 3227-4070 Clínica VetMed - Realiza exames de ultrassom e funciona em sistema de plantão 24 horas - 3257-5597

Serviço

Reabilitação: a cadela Vida experimenta sua cadeira de rodas FOTO: THEREZA CRISTINA

Em 2009, o órgão municipal reti-rou 541 placas publicitárias irregula-res em Fortaleza, 72 delas somente na Avenida Bezerra de Menezes. Em 2010, a ação na cidade continua

Dá-se o nome de poluição vi-sual ao excesso de elementos ligados à comunicação visu-al (cartazes, banners, totens, placas, etc) colocados em ambientes urbanos, especial-mente em centros comerciais e de serviços. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), desde abril de 2009, realiza diversas operações especiais nos principais bairros de For-taleza. Todos os dias, equipes da Semam retiram engenhos publicitários irregulares.

A poluição visual se en-caixa na Lei 6.938/81, como a “degradação da qualidade ambiental, resultante de ati-vidades que, direta ou indire-tamente, [...] afetam as condi-ções estéticas e/ou sanitárias do meio ambiente”.

Paulo César Moraes, ana-lista dos processos de licencia-mento da Semam, cita que a cidade possui diversos pontos críticos, como por exemplo: as vias comerciais da Aldeota,

Remoção de placa publicitária na aveni-da Bezerra de Menezes por uma equipe da Semam FOTO: SAMUELL MONTEIRO

Antes e depois: placas retiradas na Washington Soares facilitaram a passagem de pedestres FOTOS: DIVULGAÇÃO

Avenida Bezerra de Menezes, Montese, Messejana e outros. “Onde existem núcleos comer-ciais, há uma grande geração de poluição visual”, aponta.

O que também se observa na cidade é a transformação da paisagem urbana, como pontua o engenheiro civil Hermínio França Júnior: “Tal-vez a consequência mais fu-nesta da poluição visual seja a descaracterização do conjunto e valor arquitetônico, especial-mente observada no Centro e nos bairros históricos”.

A Semam disponibilizou imagens registrando a mudan-ça da via pública com a retirada de placas, como mostradas aci-ma. Entramos em contato com o estabelecimento Dário Cabe-leireiros, mas a funcionária que nos atendeu negou qualquer tipo de irregularidade. Para esse tipo de ação, a Semam se

baseia no Código de Obras e Posturas do Município.

“Nosso princípio é mais educacional. Fazemos uma comunicação preliminar com o dono do estabelecimento e damos um prazo dentro dos princípios legais, que varia de 15 a 30 dias, dependendo do tamanho do equipamento. Caso não tire, nós vamos lá e fazemos a remoção. Aí são co-brados os custos da remoção, que gira em torno de R$ 1.500 ou até mais, dependendo do tipo de engenho retirado”, destaca Paulo César.

O comerciante Raimundo Neto de Souza cita que, em al-guns momentos, se vê obriga-

do a sair da calçada para des-viar de propagandas gigantes. “Não moro perto da Bezerra de Menezes, mas costumo andar bastante por essa região. Essas placas não incomodavam tan-to, mas agora vejo placas enor-mes, uma atrás da outra, que, além de ocupar o espaço da gente, poluem nossa cidade”.

“A poluição visual degrada os centros urbanos pela fal-ta de harmonia de anúncios, logotipos e propagandas que concorrem pela atenção do espectador”, observa a co-ordenadora da Comissão de Combate à Poluição Visual da Semam, Maria Luiza Távora de Holanda.

DENUNCIE!É possível denunciar as placas irregulares ligando para o Fala Fortaleza - 0800.285.0880

Serviço

Semam combate a poluição visual

A Veterinária vem acompanhando os avanços da medicina tradicional humana. Com novos tratamentos e exames, os animais possuem uma qualidade de vida melhor

atendo animais que não estejam com problema. Se algum dono trouxer um cão ou gato somen-te por vaidade ou porque a acu-puntura está na moda, não irei atender”, afi rma.

O tratamento é recomenda-do para animais que sofreram quedas, atropelamentos ou nas-ceram com problemas na coor-denação motora. Geralmente os gatos são mais trabalhosos de lidar, para aplicar as agulhas do tratamento. Já os cachor-ros são mais fáceis, pois alguns dormem na sessão que dura em média trinta minutos.

É necessário no mínimo dez aplicações para que o animal responda ao tratamento. Se o animal apresentar qualquer dor novamente, ele terá que fazer novas sessões para que a dor não volte. “Quando uma pessoa tem problema de hérnia de disco, às vezes as dores voltam, às vezes não. Com o animal é o mesmo”, aponta Vicente Menezes.

Porém, não há tratamento

quando o animal sofre alguma fratura da coluna esquelética.

Pacientes que sofreram algum dano irreversível terão que usar uma cadeira de rodas feita sob medida. A cadelinha Vida tem um problema na coluna devido a um atropelamento. Sua pro-prietária já a havia levado para a acupuntura, mas não obteve o resultado esperado. “Agora estou feliz. Ela terá uma ótima qualidade de vida”, acredita a proprietária Alice Soares.

Andrea Melo

Existe uma linha muito tênue entre o zelo e o exagero.Nós estamos preocupados com a saúde do animal.

Médica Veterinária

Samuell Monteiro

Thereza Cristina

Page 6: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO/ ABRIL DE 20106

As obras do Plano de Transpor-te Urbano de Fortaleza (Trans-for), lançadas em maio de 2008 pela prefeita Luizianne Lins, têm o objetivo de aperfeiçoar o tráfego de veículos na Capital e reduzir os congestionamentos em diversos pontos da cidade. Uma das obras é a interligação de ciclovias aos terminais de ônibus, com a construção de estacionamentos de bicicletas (bicicletários), algo que pro-mete revolucionar a vida de quem utiliza a bicicleta como meio de transporte.

Segundo a assessoria de imprensa do Transfor, 2 km de ciclovias já foram entre-gues na Avenida Mister Hull. Outras estão em execução nas avenidas Bezerra de Menezes e Humberto Monte. Ainda de acordo com a assessoria, serão implantados, ao todo, 30 km de ciclovias na Capital.

Os locais que serão dotados

de ciclovias foram seleciona-dos a partir de pesquisas, com o objetivo de construir uma rede integrada de mobilidade. A infraestrutura a ser constru-ída irá interligar as ciclovias que já existem e dar acesso aos terminais do Antônio Bezerra, Papicu, Siqueira e Paranga-ba (terminais integrantes dos projetos de implantação dos corredores de transporte pú-blico do Transfor).

O programa pretende, ain-

da, incentivar o uso das ciclo-vias. Para Daniel Lustosa, en-genheiro civil e coordenador do Transfor, o sistema cicloviá-rio de Fortaleza será um passo para uma melhor qualidade de vida dos cidadãos. “A ciclovia é importante, pois atende um antigo pleito da população e estimula a prática segura des-se meio de transporte, não po-luente, saudável e econômico”, explica.

De acordo com a assessoria, as obras do Plano Cicloviário serão precedidas de um Pro-grama de Educação Ambiental. “As obras do Transfor contam com um conjunto de ações e instrumentos que vêm conver-gir para uma mobilidade equi-librada e sustentável em nosso município, explorando nossos potenciais climáticos, geográ-fi cos, dentre outras caracteri-zações”, ressalta. A previsão do Transfor é de que 40% das no-vas ciclovias sejam entreguem até o fi nal de 2010.

Eles trocaram o carro pela bicicleta Movimentos civis de ciclistas

contribuem para a melhoria do trânsito nas cidades . Preocupação com o meio ambiente e busca pela qualidade de vida são prioridades

Integrantes do movimento “Bicicletada” em mais uma manifestação em prol do uso desse veículo como meio preferencial de transporte. O encontro acontece na Praça da Gentilândia, em Fortaleza FOTOS: WALESKA SANTIAGO

Obras do Transfor na Bezerra de Menezes

Celma Prata

Em tempos de preocupação com o meio ambiente – só se fala atualmente em gases po-luentes e efeito estufa –, a so-lução para esses males, pelo menos no que diz respeito ao trânsito, parece caminhar a fa-vor de um veículo de duas ro-das, a nossa velha e conhecida bicicleta. Não polui, não ocupa muito espaço no trânsito caó-tico dos grandes centros urba-nos como Fortaleza e, como se não bastasse, ainda mantém a

boa forma física do ciclista.Esse retorno aos hábitos do

passado vem se fortalecendo aos poucos, apesar da farra da indústria automobilística com seus recordes crescentes de vendas. Movimentos mundiais fazem o contraponto e procu-ram incentivar o uso do veículo não motorizado de duas rodas.

A ideia surgiu nos anos 1990, na Califórnia, Estados Unidos, e fi cou conhecida mundialmente como Critical Mass (Massa Crítica). Trata-se de um movimento sem líderes, cujos integrantes se reúnem na última sexta-feira de cada mês para uma manifestação pelas ruas, com o objetivo de sensibilizar e conscientizar a população para o respeito aos usuários de bicicletas, assim como para a aceitação desse

veículo como meio principal de transporte.

A versão brasileira da ini-ciativa norte-americana é a “Bicicletada”, iniciada em 2002 e logo se espalhando por várias cidades do país, entre as quais Fortaleza. Aqui os ati-vistas se reúnem mensalmen-te, no fi nal do dia, na Praça da Gentilândia, no bairro Ben-fi ca, para percorrer a cidade com suas faixas e reivindica-ções, chamando a atenção por onde passam.

Consciência cidadãUm de seus mais ativos

participantes, Thiago Holan-da, 26, engenheiro de pesca, fala com entusiasmo sobre as mudanças em sua vida após a adesão ao movimento. “A Bicicletada me motiva a lutar

pela melhoria do trânsito não só para mim, mas para tantas outras pessoas que utilizam a bicicleta diariamente como único meio de transporte”. E complementa: “Usar bicicleta é uma ação sustentável, ecoló-gica e saudável”.

Mas será que Fortaleza está preparada para receber, com segurança, essa “massa crí-tica” em suas ruas? Segundo os dados do site da Autarquia Municipal de Trânsito, Servi-ços Públicos e de Cidadania (AMC), a quinta maior cidade do país em população possui a maior extensão em ciclovias do Nordeste, cerca de 70 km. O ativista Thiago, porém, faz um alerta: “Infelizmente, as nossas ciclovias e ciclofaixas não são adequadas para que os ciclistas se sintam seguros.

Isso faz aumentar o número de acidentes”.

O desafogamento do trân-sito na capital cearense e sua consequente melhoria am-biental passam por providên-cias que visem à segurança dos ciclistas. A solução pode estar no Plano de Transporte Urbano da Prefeitura de For-taleza (Transfor), que prevê a construção de ciclovias interli-gadas aos terminais de ônibus e de estacionamentos de bici-cletas, obras em andamento desde 2008.

Um caminho a ser construído

Bicicletada Fortaleza (CE)Toda última sexta-feira do mêsConcentração: 18h, na Praça da Gentilândia, BenficaSaída às ruas: 19h

Serviço

Raone Saraiva

Enquete

Não. Porque não temos uma malha viária que viabilize o trânsito de bicicletas com segu-rança. O risco de assalto é grande, o clima da cidade é muito quente e seria muito descon-fortável para transportar tudo que preciso.Patrícia Colares, executiva

Não. Pela falta de segurança e infraestrutura da cidade, por não termos ciclovias, e pela cultura do povo, que não respeita ainda este meio de transporte não poluente.

Telmária Sampaio, gerente fi nanceira

Sim. Se tivéssemos ciclovias, educação de trânsito, segurança, clima favorável...Rodrigo Bitar, empresário

Sim e não. Pensando em saúde, sim. Mas na falta de estrutura na cidade, como seguran-ça e ciclovias, prefi ro andar no meu carro. Infelizmente a realidade é esta. Adilene Domingues, supervisora de marketing

Você deixaria o automóvel pela bike?

FO

TO: FA

BIAN

E DE P

AU

LA

Page 7: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO / ABRIL DE 2010 7

Janayde adotou o veículo como meio de locomoção em seu cotidiano FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Entrevista

“Ela é divertida, barata e não polui”

Pedalar em Fortaleza, e acredi-to que na maioria das capitais brasileiras, pode signifi car voltar para casa sem seus pertences, incluída a própria bike, ou nem mesmo voltar.

Felizmente não é assim em todos os lugares do mundo. Esta-va em Paris e resolvi encarar um passeio de bicicleta pela “Cidade Luz”. A prefeitura disponibiliza, para moradores e turistas, bicicle-tas que podem ser alugadas (grátis na primeira meia hora; 1

euro na segunda) em vários pon-tos da cidade e devolvidas em outros tantos, de acordo com a sua conveniência. Você só precisa de um cartão de crédito.

Vesti o uniforme de ciclista em férias: bermuda, camiseta, tênis e boné e parti para a esta-ção mais próxima do meu hotel. Caminhei somente uma quadra e me deparei com um monte de vélos (bicicletas) – daí o nome do projeto “Vélib”, ou seja, vélo + liberté – novinhas em folha me esperando. Tudo parecia simples. Após algumas tentativas na máquina, consegui destravar a “minha bike”. Agora era por minha própria conta e risco.

Risco, que risco? Logo enten-di que o perigo de ser atropelada era inexistente. Pedalei pelo

bairro, percorri as largas avenidas com ciclofai-

xas. Ônibus e carros guardavam uma distância segura. Basta manter-se próximo ao

meio fi o e obede-cer aos sinais de

trânsito. Estava me sentindo a própria ativista ambiental,

dando a minha contribuição ci-dadã para melhorar a atmosfera do planeta.

Resolvi entrar nas ruazinhas secundárias para acessar o cais do Rio Sena. E agora? Como vai caber um carro e uma bicicleta numa via tão estreita e sem ciclofaixas? Nem precisa delas! Em Paris as ciclofaixas são imaginárias, estão na consciência dos motoristas. Eu achava que estava “atrapalhando o trânsito”, como se diz aqui no Brasil, e fi quei um pouco nervosa, mas não teve nenhuma buzina ou xingamento de motoristas que vinham atrás de mim.

Cruzei por vários ciclistas, caras de terno, meninas de saia, pessoas indo e voltando do trabalho ou passeio. Pensei comigo: liberdade é isso, é poder decidir a melhor forma de ir e vir, sem prejudicar ninguém. Espero um dia poder fazer o mesmo na minha bela Fortaleza. Ao fi nal de uma hora, devolvi a bicicleta em outra estação, dei baixa no meu cartão, e fui visitar um museu ali pertinho. Celma Prata Estudante de Jornalismo da Unifor

(7o semestre)

Artigo

O nome “massa crítica” surgiu a partir do documentário “Re-turn of the Scorcher” (1992), do norte-americano Ted Whi-te, sobre os movimentos que utilizam a bicicleta ao redor do mundo. “Scorchers” (gíria inglesa para “velozes”) era como os ciclistas eram cha-mados nos anos 1890, antes de os automóveis tomarem as ruas. Uma das cenas do do-cumentário fi lmadas na China mostra como os ciclistas da-quele país se organizam para atravessar ruas sem sinais de trânsito: um ciclista espera ou-tros chegarem até formarem um número sufi ciente, como uma barreira, para forçar os carros a pararem.

Saiba mais...

Massa crítica (Critical Mass)

1. Pedalar; 2. Divulgar, estimular, promo-

ver e criar condições favorá-veis para o uso da bicicleta como meio de transporte;

3. Integrar os ciclistas da cida-de e valorizar a cultura da bicicleta;

4. Conscientizar os usuários dos meios de transporte motorizados da importân-cia da bicicleta para aliviar os congestionamentos.

Objetivos

“Bicicletada”

Trânsito engarrafado, ar poluído, demonstrações de estresse e barulho por todo lado. Esse é o cenário das grandes cidades bra-sileiras nos horários mais concorridos. O tema mobilidade urbana – termo em moda nos últimos anos – fi gura entre as principais pautas das grandes cidades: não faltam matérias na imprensa que abordem o assunto, nem promessas milagrosas de candida-tos às prefeituras. A tecla “investimento em transporte público” é sempre batida por especialistas da área. O que por vezes não é mencionado – ou se o é, não se faz com a contundência necessá-ria – é a necessidade da dura restrição ao uso do carro. Um sim-ples exercício demonstra o porquê dessa necessidade: peguemos 120 pessoas e transportemo-las em maneiras distintas: carros e ônibus. Segundo pesquisas, a ocupação média de um carro em dias úteis é de 1,5 pessoas por veículo, ou seja, são necessários 80 carros, ou mais de dois quarteirões de congestionamento e polui-ção. Enquanto isso, apenas dois ônibus, lado a lado, transportam essa mesma quantidade de pessoas. Isso sem mencionar que os 80 carros precisam ser estacionados, o que resulta na ocupação de boa parte do escasso espaço público da cidade, para bens particulares. Não fi ca difícil notar que é preciso parar de utilizar dinheiro público para obras que benefi ciem apenas o transpor-te particular. Para exemplifi car, não é preciso ir muito longe: no cruzamento da Av. José Bastos com Rua Pe. Cícero, no bairro Ben-fi ca, está sendo construído um viaduto que liga um semáforo a outro – ou seja, já irá nascer congestionado - pelo custo de R$11 milhões, mesmo dinheiro necessário para fazer 2 km de via exclu-siva para transporte público, incluindo os custos com os ônibus. Para uma mobilidade humana, portanto, a necessidade de incisi-vas políticas de restrição ao uso do automóvel é um imperativo.

Mestrando em Engenharia de Transporte, utiliza a bicicleta como meio de locomoção e participa ativamente da Bicicletada.

Contato: [email protected]

Opinião

Mobilidade urbanaversus automotores

Gustavo Pinheiro Lessa Parente

Tem gente na contramãoEm meio ao trânsito caótico da nossa capital, não é preciso ser nenhum especialista para perce-ber que, além de carros, o núme-ro de motos que circulam pelas ruas é bastante signifi cativo. Se em Fortaleza é assim, esse nú-mero é muito maior no interior do Estado. Muita gente, que an-tes tinha a bicicleta como princi-pal meio de transporte, decidiu trocá-la pela moto.

Os últimos dados do Depar-tamento Estadual de Trânsito (Detran) mostram que, do total de 1.392.788 de veículos moto-rizados no Estado, mais da me-tade são motos (53,95%).

O que há é um crescimento desproporcional da frota. Se-gundo o Detran, das 87.368 novas motos implantadas no Estado em 2009, 66.535 circu-lam no interior. Se comparado a 2008 (69.178), houve um au-mento de 26,29%. Em Itapipo-ca, por exemplo, para cada carro existem cerca de três motos. Se-gundo Pacielly Teixeira, gerente administrativo de uma conces-sionária de motos da cidade, as pessoas optam por esse tipo de transporte por causa da relação

custo-benefício. “Com um valor que a pessoa compraria um car-ro usado, ela compra uma moto nova, e a economia em relação à manutenção é muito maior”, explica.

No município de Paracuru, muitas pessoas já trocaram a bicicleta pela moto. “Núme-ros eu não tenho, falo pelo que vejo. Nos feriadões, por exem-plo, a gente percebe claramen-te que o número de motos au-mentou muito nas estradas”, indica Luciano Ferreira, solda-do da Polícia Rodoviária Esta-dual na cidade.

Entre os moradores que fi ze-ram essa troca está Raimundo Nonato Feijó, trabalhador ru-ral. Ele afi rma que a moto é um meio de ganhar tempo no seu dia-a-dia. “A moto é mais ligei-ra. Agora vou mais rápido lá de casa pro meu emprego e posso também viajar pra longe”.

Vários fatores levam alguém a possuir uma moto. Um deles é a facilidade na hora da compra, pois o fi nanciamento em várias parcelas é um atrativo.

Raone Saraiva

Sobpressão: Na condição de ciclista, como defi ne o trânsito de Fortaleza?Janayde Gonçalves: Nervoso, quente, frenético, como em todo grande centro urbano. Mas o pior de tudo é que prioriza os veículos automotores, desde a sinalização à delimitação de espaços. SP: Por que prefere usar a bicicleta em vez de um carro confortável e seguro?JG: A bicicleta é um meio de transporte ecológico, não polui e utiliza muito menos matéria-pri-ma que o carro; é perfeitamente condicionada a transportar uma pessoa, ou até duas, é barata, logo, acessível a todos; e não ocupa muito espaço, acabando com engarrafamentos; além de ser divertida e não agressiva. SP: Fortaleza é uma cidade adequa-da para esse meio de transporte?

JG: Sim, pois é uma cidade plana, com vias organizadas e de fácil entrada e retorno. Porém, ainda fal-tam programas de educação para o trânsito, com foco no respeito aos pedestres e ciclistas. Faltam ci-clofaixas, ciclovias, sinalização. Não se prioriza ou incentiva a bicicleta porque os carros geram lucro, com estacionamentos, por exemplo. SP: A partir da sua experiência, quando o motorista do carro assume o papel de ciclista, ele toma consciência dos riscos que impõe às pessoas?JG: Depois de viver a experiência de pedalar nas ruas da cidade, o motorista não é mais o mes-mo. Ele percebe as diferenças e fragilidades e preserva a vida. Principalmente se pensar que aquela pessoa sobre duas rodas poderia ser um fi lho, um amigo, um parente.

Celma Prata

A professora de Jornalismo da Unifor Janayde Gonçalves deci-diu deixar o carro na garagem e usa a bicicleta para se loco-mover. Aqui ela explica porque tomou essa decisão

Liberdade é poder decidir

passeio de bicicleta pela Cidade Luz”. A prefeitura disponibiliza, para moradores e turistas, bicicle-tas que podem ser alugadas(grátis na primeira meia hora; 1

Caminhei somente e me deparei com uvélos (bicicletas) – ddo projeto “Vélib”, o+ liberté – novinhasme esperando. Tudosimples. Após algumna máquina, consega “minha bike”. Agorminha própria cont

Risco, que risco?di que o perigo de sera inexistente. Ped

bairro, percorravenidas c

xas. Ônibguardavadistânciamanter-se

meio fi ocer ao

trânmepa

O número de motos nas ruas é crescente em todo o Estado FOTO: FABIANE DE PAULA

Fonte: Site Planeta Sustentável

Fonte: http://www.bicicletada.org/

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Page 8: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO/ ABRIL DE 20108

O escritor e professor de Histó-ria da Arte Luciano Maia, mes-tre em Literatura pela Universi-dade Federal do Ceará (UFC), publicou seu primeiro livro em 1982. Sete anos depois, entrou para a Academia Cearense de Letras. Sobre a literatura cea-rense, o acadêmico afi rma que ela apresenta componentes bastante especiais, “pois have-ria uma maneira de abordar a realidade e de transfi gurá-la. Podemos observar um pouco de cearensidade, como existe a mineiridade ou mineirice, ou as poesias gauchescas”, afi rma. Ele explica que não signifi ca que

o leitor, diante do texto, possa afi rmar que se trata de um au-tor cearense, mas que existe uma maneira peculiar de tra-balhar a ideia. “Não vou dizer uma palavra ou uma frase, há uma ideia que deixa transpare-cer essa ligação muito profunda com as coisas da nossa terra, como o problema climático, a aridez. Isso se refl ete nos textos e é recorrente”, explica.

Quanto ao futuro da literatu-ra, professor Luciano o conside-ra incerto. “No Brasil, os escrito-res são rapidamente esquecidos, poucos se salvaram do esqueci-mento. Sou da geração de 1982,

uma turma grande que começou a publicar nos anos 80. Alguns conseguiram publicar no exte-rior, mas só o tempo irá dizer se algum de nós fi cará na memória das pessoas”, refl ete.

Membro da Academia Cea-rense de Letras e mestre em Lite-ratura pela UFC, Batista de Lima considera difícil pensar em uma literatura eminentemente local, pois esta sofre com os processos de globalização, das novas tecno-logias e das facilidades da edição. Outra preocupação do professor é em relação a criarmos o hábito da leitura nas crianças, pois, se-gundo ele, se quisermos leitores

no futuro, temos que começar a produzi-los agora.

Outro aspecto lembrado pelo acadêmico é que alguns professores de nossas escolas têm mais aproximação com autores de fora do que com es-critores locais.

Disse ainda que a literatura cearense precisa de leitores com fome de leitura, pois livros já te-mos. Luciano Maia, por exem-plo, que escreve desde menino, já contava entre 1982 e 1999 com mais de doze livros publi-cados e traduzidos em alguns países como Estados Unidos, Argentina e Romênia.

Professores explicam as peculiaridades da nossa literatura

Batista de Lima acredita ser difícil pensar em uma literatura eminentemente local

Ser escritor em começo de car-reira não é nada fácil e tudo se torna mais complicado quando se quer exercer a profi ssão no Ceará. Sabe por quê? Não, não é por ser difícil publicar ou ha-ver ausência de incentivos. O motivo é que muita gente fi ca intimidada com a qualidade da literatura cearense, com seus grandes escritores, grupos lite-rários e pioneirismos.

Para a nova geração de es-critores do Estado, manter a qualidade não é uma missão simples. Tércia Montenegro, Pedro Salgueiro, Raimundo Netto, Ruy Vasconcelos e Car-mélia Aragão são exemplos que podem se orgulhar por faze-rem parte dessa nova geração que está cumprindo bem essa tarefa. A professora de Língua Portuguesa da Universidade de Fortaleza (Unifor) e mestre em Literatura pela Universida-

de Federal do Ceará (UFC), Aíla Sampaio, aponta que os escri-tores cearenses da atualidade retratam temas mais universais do que regionalistas e que essa tendência deve fi car por muitas gerações. “A literatura cearense hoje é muito efervescente, mas desligada de raízes. Não é uma literatura que se diga propria-mente cearense por ter carac-terísticas do Ceará. É cearense porque foi produzida aqui e por gente nascida aqui, mas os tra-ços são todos nacionais e uni-versais de um modo geral”, ex-plica a professora, que também não vê infl uência marcante dos mais antigos escritores na gera-ção atual.

Porém, dos novos escritores, Aíla Sampaio, que mantém um blog exclusivamente sobre lite-ratura cearense, percebe com mais traços regionalistas o con-tista e cronista Pedro Salgueiro, devido ao forte tom crítico se-melhante ao Adolfo Caminha. Ela reforça que Fortaleza está muito diferente, mas que Adol-fo Caminha já trazia a cidade em “A Normalista” com uma crítica à sociedade cearense do fi nal do século 19. “E isso tem muito a ver, por exemplo, com a crítica que o Pedro Salgueiro faz hoje

da ‘loirinha desmiolada’, como ele chama Fortaleza. Mas não acho que seja uma infl uência proposital, direta”, afi rma. Aíla reconhece o talento e origina-lidade desses escritores. Para ela, acharam seu próprio jeito de dizer o que pensam, sonham e querem.

QualidadeCom três livros de contos

já publicados e partindo para o terceiro livro infantil, Tércia Montenegro destaca a admi-ração e companheirismo que existe entre os autores já con-sagrados e a nova safra de es-critores que ainda lutam para publicar seus primeiros livros. Para Tércia, essa boa relação só é possível por um motivo: “O pré-requisito é a qualidade. Se fossem medíocres, triviais, não haveria como ignorar isso, então, naturalmente, nós não teríamos tanta simpatia e aco-lhimento”, ressalta.

Para Tércia, o artista, não apenas o escritor, não pode fi -car esperando incentivos de instituições como o governo e entidades literárias - deve criar em qualquer circunstância. A divulgação do trabalho e o apoio servem para facilitar esse

processo, mas não são as únicas possibilidades de viabilização da obra. A escritora também critica os que fi cam propagan-do notícias de que o povo bra-sileiro é alienado, não lê e não compra livros. “Eu não sou pes-simista em relação ao futuro dos livros no Brasil porque eu consigo enxergar os pontos po-sitivos, consigo ver um público leitor e incentivos do Governo”.

Geração inquieta Outro grande representante

da nova literatura cearense é Pedro Salgueiro. Autor de uma vasta produção literária, que inclui contos e crônicas (algu-mas publicadas semanalmente no jornal O Povo), conta que se tornou escritor quase sem querer. “Fui sentindo vontade de escrever umas bobagens e sempre mostrava para alguns amigos, que quase sempre gos-tavam e incentivavam a con-tinuar. Com o tempo, me vi com um calhamaço de contos escritos à mão”, recorda. Sob a orientação de um amigo, sub-meteu uma produção a um con-curso de literatura na cidade. “Fui participando e ganhando alguns. Os concursos me ajuda-ram muito, pois me levaram a

uma organização dos trabalhos e uma maior acuidade nas cor-reções”, relembra o escritor de “Dos valores do inimigo”.

Ratifi cando a opinião da co-lega Tércia Montenegro, Pedro Salgueiro considera sua gera-ção muito talentosa, trabalha-dora, inquieta, desejosa em manter diálogo com os que já escreviam e com os que come-çam agora. Não seria uma ge-ração fechada e nem arrogante em relação às outras.

Para os que estão se aventu-rando no mundo das palavras e da imaginação, Pedro Salgueiro aconselha: “os escritores devem fazer literatura, divulgar suas obras, editar seus sites, suas re-vistas literárias, independente-mente de ter apoio ou não. Só o fato de eles continuarem, feito Quixotes contra os moinhos de vento, remando contra as ma-rés, já demonstra suas forças”. Particularmente, não acha que o Estado deva subsidiar escri-tores e obras, pois deveria, na verdade, oferecer uma educa-ção boa para formar leitores, cidadãos cultos. “Se o Estado conseguisse ao menos dar uma educação digna, já estaria aju-dando por demais a literatura e os escritores”.

Literatura cearense é composta por movimentos pioneiros e escritores consagrados. Manter a qualidade e inovar são os maiores desafi os da nova safra de autores FOTO: FABIANE DE PAULA

Aline Veras e Edilene Castelo Branco

A atual cena literária no Ceará

FO

TO: FA

BIAN

E DE P

AULA

Nova geração de escritores ce-arenses surge com temas, estilos e linguagens universais mostrando que é possível manter uma litera-tura de qualidade no Ceará

Page 9: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO / ABRIL DE 2010 9

No passado, muitos dos mo-vimentos e grupos literários surgidos no Ceará produziam revistas para a divulgação dos trabalhos de escritores cearenses. Na atualidade, já existem editoras cearenses. A Fundação Demócrito Rocha, do Grupo de Comunicação O Povo, atualmente publica apenas obras de autores do Estado.

Para Regina Fiúza, coor-denadora de Marketing da Fundação, a difi culdade em promover os livros no Ceará é grande porque o público em geral desconhece os nossos

autores. Nossa equipe entre-vistou alguns alunos do curso de Letras da UFC, e a maioria desconhecia a nova geração de escritores cearenses. Eles ale-gam que as publicações desses autores não são acessíveis.

Segundo Regina, não existe uma política para expansão e acesso às publicações. “Exis-te uma expansão na prática da leitura, mas não se pode dizer que há um boom de lei-tura. Aqui no Ceará, os livros circulam pouco, o mercado é mínimo. Existe um grande trabalho para se fazer ainda”, explica.

A Fundação pretende ex-pandir o catálogo (possui 300 títulos) para publicar escri-tores de todo o país. “É claro que vamos continuar dando oportunidade para os nossos autores. Mas não existe esse negócio de literatura cearen-se como se fosse um marco. O que existe é literatura e texto bom, não importa se é per-nambucano, brasiliense”.

Para alavancar o mercado de publicações e a prática da leitura, Regina indica que a leitura precisa ser encarada como um prazer, como uma prática social transformado-

ra. “Existem coisas simples que podem ser feitas, como ler bons livros de autores ce-arenses na escola. Fora do Es-tado, existem forças de mer-cado que são imperiosas, mas nós temos algumas referên-cias nacionais: José de Alen-car, Rachel de Queiroz, Ana Miranda, Patativa do Assaré”.

Ela aponta os concursos lite-rários promovidos anualmen-te pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult) e pela Academia Cearense de Letras como importantes para a literatura, incentivo e surgi-mento de novos escritores.

Estudantes desconhecem autores locais

Saiba mais...

Os Oiteiros: O início da literatura cearense ocorre com Os Oi-

teiros, grupo atuante na segunda década do século 19. Princi-

pais representantes são Costa Barros e Pacheco Espinosa.

Clube Literário: Teve início em 1886 e não durou mais de

dois anos. O jornal que servia como veículo de publicação de

obras do grupo era A Quinzena. O clube não teve tanta reper-

cussão no Brasil, mas foi importante por ter sido pioneiro na

tentativa de acabar com os padrões românticos na literatura

cearense, além de ter sido o primeiro grupo a tentar introdu-

zir o Realismo no Ceará, o que só acontecerá com a Padaria

Espiritual em 1892. Foram membros do clube os escritores

Antônio Sales, Juvenal Galeno, Oliveira Paiva, Farias Brito, Ro-

dolfo Teófi lo, entre outros. Alguns membros, posteriormente,

fundariam a Padaria Espiritual.

Padaria Espiritual: Teve início em maio de 1892 e seu princi-

pal fundador foi Antônio Sales. Participaram também Adolfo

Caminha, Rodolfo Teófi lo, Lívio Barreto, entre outros. Foi a

mais original agremiação literária do Ceará. O deboche, a iro-

nia e a defesa da cultura regional eram característicos do gru-

po. Criou um Programa de Instalação com 48 “leis” que são

marcadas pelo humor, originalidade e irreverência de seus

autores. A Padaria signifi cou o rompimento da dependência

da cultura estrangeira e da superfi cialidade na literatura. Ela

serve como introdução defi nitiva do Realismo no Ceará e

também do Simbolismo. Divergências internas impediram a

continuação do grupo, que durou seis anos.

Academia Cearense de Letras: É a entidade literária máxima

do Estado do Ceará. A ACL é a mais antiga das Academias de

Letras existentes no Brasil, fundada em 15 de agosto de 1894

por 28 intelectuais cearenses, três anos antes da Academia

Brasileira de Letras. O Ceará ocupava então importante papel

dentro do movimento literário nacional. Ao contrário do que

dizem, a entidade não tinha inspiração nas academias fran-

cesas. O modelo tomado foi o da Academia das Ciências de

Lisboa, fundada à época do Iluminismo. Foi só em 1922, com

uma reorganização promovida por Justiniano de Serpa, que

a entidade passou a ter 40 lugares e que foram instituídos os

patronos.

Literatura de Cordel: Tem destaque nas letras cearenses

desenvolvendo-se expressivamente em Juazeiro do Norte,

desde as primeiras décadas do século XX. Em Fortaleza, a

Literatura de Cordel surgiu no período da Oligarquia de No-

gueira Accioly, período esse em que circularam alguns folhe-

tos destratando a fi gura do governador cearense. Patativa do

Assaré é um dos maiores destaques nesse tipo de literatura.

Grupo Clã: Idealizado por Fran Martins, o grupo surgiu em

1943. Reuniu, no Ceará, os escritores da chamada Geração 45

do Modernismo. Inicialmente, o grupo chamava-se Clube de

Literatura e Arte. Só depois veio a denominação de Clube de

Literatura e Arte Moderna (CLAM, hoje Clã). Vários livros, rea-

lizados individualmente ou em conjunto, foram publicados,

assim como a revista do Grupo que pode ter todos os seus

números encontrados na biblioteca da Academia Cearense

de Letras. Pelo número de publicações da revista (29), pode-

mos afi rmar que este foi o grupo de maior produção literária

do Ceará.. Seus fundadores e principais representantes foram:

Aluísio Medeiros, Antônio Girão Barroso, Antônio Martins

Filho, Artur Eduardo Benevides, Braga Montenegro, Eduardo

Campos, Fran Martins e outros.

Revista O Saco: Em 1976, um grupo de escritores, entre eles

Manoel Raposo, Jackson Sampaio, Nilton Maciel e Carlos

Emílio Correia Lima, criou O Saco, “revista mensal de cultura”.

A partir do número 5 tornou-se “uma revista nordestina de

cultura”. A revista apareceu como novidade, não somente no

Ceará, mas no Brasil. O nome Saco tinha um sentido amplo

ou um sentido de amplitude. No entanto, não se tratava de

um movimento ou de um grupo com ideias de movimento

literário. A pretensão era uma só: editar uma revista. Nada de

bairrismos, regionalismo, nacionalismo. Um saco onde cou-

besse tudo ou quase tudo, todas as manifestações culturais

e artísticas. Apesar do sucesso que a revista fez, não durou

muito tempo.

Grupo Siriará de Literatura: Dois anos depois do fecha-

mento de O Saco surgiu o “Grupo Siriará”. No dia 14 de julho

de 1979 publicou-se o “Manifesto Siriará”. Siriará foi um grito

contra muita coisa. Era um grito a favor da democracia,

entendendo-se como tal a prática dos direitos nacionais e

regionais, individuais e de classe. Assinaram o Manifesto os

seguintes escritores: Adriano Spínola, Airton Monte, Floriano

Martins, Lydia Teles e vários outros autores cearenses.

Fontes: Professor Luiz Danilo Rodrigues, graduado do curso

de Letras Português – Inglês na UFC; A Padaria Espiritual no

Ceará e sua contribuição à Literatura Cearense, Márcia Olivei-

ra (Blog Letras e Arte); Jornal de Poesia; Blog Literatura Cea-

rense de Gustavo César Cabral; Blog Literatura sem Fronteiras

de Nilto Maciel; Rascunho, O jornal de literatura do Brasil.

Principais movimentos e grupos literários do Ceará:I – ARACELI SEM AMOR

Que chance terá Araceli de ser feliz nascendo no Barroso II?, ínfi ma, quase nenhuma, sem escola, sem pais (ou país) presentes, será devorada inevitavelmente por algum vizinho, irmão, tio ou primo... Que chance terá Araceli de atravessar impunemente a BR-116 sem ser atropelada?, pouca, praticamente zero, encontrará um motorista zeloso que a deixará no segundo posto de Horizonte, devidamente paga... Que chance terá Araceli de pegar onda na Iracema de todos os sóis?, alguma se conseguir deslumbrar a Avenida Raimundo Girão sentido Mucuripe-Centro, onde avistará a sombra alta do moço de dedos verdes que apenas seguiu o aceno do taxista solícito... Que medo terá a Araceli de fi car sozinha em plena Zé Bastos bem quase duas da madruga?, apenas de perder o último trem pra Vila das Flores... Que chance terá Araceli de voltar da Europa?, de ser somente a menina meio distraída com sua bela e fi na voz. “Que Deus guarde todos nós!!” *** Céus, Araceli!, o que viram em ti, pequenina, que nem te deixa-ram brincar?! *** Vixe, Araceli!, o que tiraram de ti, meninota, que nem te deixaram vencer?! *** Ah, Araceli!, o que fi zeram contigo, menina, que nem te deixaram crescer?! II – SEM CHANCE Um dia desses do ano da graça de 2009 um belo e jovem italiano desceu do hotel em direção à praia, já vinha muito bem informa-do de local e hora em que deveria agir, quem procurar, que táxi pegar, a que motel se dirigir; já fi zera isso em outras ocasiões, seu primo - colega de fábrica - vizinho de prédio lhe passara a dica. Rápido passou no caixa-rápido. Rápido se dirigiu às meninas, seis magricelas que desde criança esperavam por ele. Rápido deu o sinal combinado pro taxista solícito. Rápido, seis menininhas en-traram no táxi. Só não contavam (todos eles, SIM, TODOS ELES) que desta vez alguns repórteres da maior rede de televisão do país, escondidos, fi lmavam tudo. Só não contavam que apareceriam educados guardiões da lei pra tirar das garras do jovem gringo as nossas (nossas, SIM, NOSSAS!) sonsas meninas. Só não contavam que aquele dia era um (sim, UM, SÓ UM!) mísero dia em que todo o país fi ngia se importar com todas (todas, SIM, TODAS!) nossas fi lhas.

III – Ah, Araceli, o que fi zeram de ti? Ah, Araceli, meu amor...

Pedro Salgueiro escreveu essa crônica especialmente para o Sob-pressão. O autor publicou O Peso do Morto, O Espantalho, Brincar com Armas e Inimigos, todos de contos; além de Fortaleza Voadora, de crônicas. Edita, em parceria com Jorge Pieiro, a revista Caos Portá-til: Um Almanaque de Contos.

Crônica Pedro Salgueiro

Fundação Demócrito Rocha gera opor-tunidades aos escritores cearenses FOTO: WALESKA SANTIAGO

Exemplar da revistaO Saco

Literatura de Cordel

Page 10: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO/ ABRIL DE 201010

No quesito divulgação, o MySpace é o eleito pelas ban-das como o site mais comple-to: por meio dele, os fãs têm contato com os artistas e co-nhecem pessoas que curtem o mesmo estilo musical. Exis-tem ainda recursos para co-mentar e ouvir música.

Criado em 2003, o MySpace é a segunda maior rede social do mundo, perdendo apenas para o Facebook. Devido a sua popularidade e variedade de serviços ofertados, muitas ban-das utilizam o MySpace como site ofi cial na Internet.

Seguindo a onda de se atingir lugares cada vez mais longínquos por intermédio da web, a banda cearense de power pop Joseph K, forma-da em 2004, teve a prova de que seu trabalho está sendo reconhecido não só na cena regional, mas também inter-nacionalmente. O grupo teve a oportunidade de tocar no maior evento anual de desfi-les de carros antigos chamado Woodward Dream Cruise, em Detroit, Estados Unidos.

Em maio de 2009, pelo selo independente Panela Discos, foi lançado o disco intitulado “The Full Time Rockers Club”, o primeiro álbum com letras em inglês da banda cearense.

Para o baterista da banda, Ryldney Cavalcante, a dificul-dade que se tem em se esta-belecer num mercado musi-cal autoral e independente é enorme e sem essa “mãozi-nha” da web as coisas não sai-riam do lugar.

“No começo, esses tipos de mídia ajudavam mais do que hoje, pois o número de ban-das usando desse meio era menor”, explica o baterista. Ele afirma que a internet tem total importância no traba-lho e que as músicas são to-das disponibilizadas lá: des-de exibição de videoclipes até downloads livres dos ma-teriais. “Foi com a Internet que, quando começamos a fa-zer um trabalho de um nível mais intermediário, conse-guimos nosso público”, expli-ca o baterista.

Não se assuste se um dia você for dormir como um anônimo e acordar sendo um pop star da música. O grande avanço das novas mídias sociais, como Orkut, Facebook, Twitter, You-tube e Myspace, está proporcio-nando aos artistas ferramentas rápidas e viáveis de divulgação de seus trabalhos.

Quem possui o sonho de ter sua música “na boca do povo” não precisa mais recorrer ao famoso “jabá” – aquele dinhei-ro pago às rádios e TVs para a transmissão de músicas – ou mesmo depender de um contra-to com uma grande gravadora.

É o caso da Arsenic. Surgida em 2009, em Fortaleza, a ban-da já nasceu no cenário musi-cal utilizando as redes sociais para a divulgação dos traba-lhos. Com o lançamento do EP (extended play) “Vá Bem Mais Além”, a Arsenic já tem a satis-fação de ver o público cantando suas músicas nos shows.

O vocalista Gui Ferreira dá dicas de como fazer sucesso na Internet. “É tudo um conjunto. Pra conseguir destaque, é im-portante você criar ‘uma rede de redes sociais’. Não adian-ta nada você ter um Myspace muito bom se não tem o poder da comunicação direta com o fã que o Twitter possibilita. Como também digo que não adianta nada ter um Twitter super atua-lizado se você não tem um bom Myspace com fotos, release e suas músicas no ar”, indica.

A interação direta com os fãs é outra vantagem. Essa relação se dá por meio dos fóruns e de sites como o Twitter, o Orkut e o Fa-cebook. Os dois últimos contam ainda com a possibilidade de criação de comunidades virtuais, que ajudam na divulgação. “Após os shows, sempre vem gente no Orkut da banda e no Twitter co-mentar sobre as apresentações, ou nos perguntar quando tocare-mos de novo. Sempre que possí-vel, nós respondemos”, assegura Gui Ferreira.

A banda de metal Clamus, que está completando 10 anos na cena musical underground cearense, acaba de lançar seu mais novo álbum “Frontiére”. Para o grupo, a internet é um dos principais meios para di-vulgação dos shows e nas ven-dagens de CDs.

Na prática

Para o baterista da Clamus, Clerton Holanda, a Internet oti-miza todo o processo. “Foi gra-

Graças à web, um meio de fácil, rápida e barata divulgação, bandas independentes estão conseguindo ganhar espaço junto ao público sem o apoio de grandes gravadoras

ças à Internet que nós conse-guimos divulgar nosso material nacionalmente e tocar desde o Norte do Brasil até São Paulo com o nosso primeiro álbum, passando por oito estados e 14 cidades. Como poderíamos agi-lizar isso por telefone ou cartas? O custo fi nanceiro e de tempo seria altíssimo”, analisa.

Segundo Holanda, o mundo virtual é um local democrático, “meio sem regras”. Então, há espaços para todos que queiram usufruir dele e, assim, encontra-se materiais bons e ruins.

O vocalista da Arsenic ressal-ta que a Internet é o meio mais viável para as bandas indepen-dentes. “Antigamente, era bem mais difícil pra uma banda se destacar rapidamente sem aju-da das grandes mídias como TV ou Rádio, mas hoje em dia as coisas mudaram”, acredita. Os

Sucesso musical sem “jabá”

MySpace é o favorito na internet

contatos para os shows da Arse-nic acontecem, na maioria das vezes, por e-mail.

E a vantagem não está só na facilidade de poder divulgar suas músicas pela web: os artistas da nova geração também contam com a ajuda de programas que aperfeiçoam as gravações e fa-zem um trabalho quase profi s-sional de mixagem e edição das faixas gravadas em seus CDs.

Após a conclusão da pro-dução, a Arsenic disponibiliza gratuitamente na Internet to-das as músicas gravadas.

As gravadoras

Para amenizar os impactos fi nanceiros dos downloads gra-tuitos, as principais gravadoras do país resolveram investir tam-bém na venda de música digi-tal. No entanto, a compra desse formato ainda é tímida se com-parada aos demais, como CD e DVD. Enquanto a venda de mú-sica digital representa 12%, as de CD e DVD contam com 61% e 27%, respectivamente.

Apesar disso, vem apresen-tando maior crescimento nos últimos anos. De acordo com re-latório da Associação Brasileira dos Produtores de Disco (ABPD), em 2008 a venda de música no mercado digital cresceu 79,1%; enquanto que a de CDs teve um aumento de apenas 4,9% em re-lação ao ano de 2007.

Conforme a ABPD, o fatu-ramento do Mercado Fonográ-fi co Brasileiro em 2008 foi de R$ 359,8 milhões, sendo R$ 43,5 milhões oriundos do mer-cado digital.

Leonardo Capibaribe e

Renata Wirtzbiki

79,1% Crescimento de venda de música digital

4,9% Aumento da venda de Cds, após três anos de retração

359,8 milhões de reais Fatu-ramento do Mercado Fono-gráfi co

80% do mercado é controla-do por gravadoras que inte-gram a Associação Brasileira dos Produtores de Discos

Fonte: Associação Brasileira dos

Produtores de Discos

Saiba mais...

Números da Indústria Fonográfi ca

Banda Arsenic aposta nas redes sociais para manter contato com os fãs, disponibilizar músicas gratuitamente e divulgar os trabalhos FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Banda Josep k trilha carreira internacio-nal graças ao site FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Page 11: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO / ABRIL DE 2010 11

Conheça mais sobre selo musicalO termo “selo musical” anti-gamente fazia menção às divi-sões internas das grandes gra-vadoras. Ao longo do tempo, foram nascendo selos musicais responsáveis pela produção de todo o material, livres de vín-culo com essas gravadoras. Eles não são gravadoras de fato, em geral não possuem a estrutura completa de produção, como contratação, gravação e divulga-ção de artistas no mercado. Em termos de equipe de trabalho, possuem um número menor, contando com outras empresas fonográfi cas para o processo de gravação e distribuição.

Uma defi nição que é usada pelas entidades que represen-tam os pequenos selos e gra-vadoras é que “Independentes” são as empresas - selos e grava-doras - que detém seu controle, ou seja, não estão vinculadas aos grandes grupos multina-cionais da música. A Associa-ção Brasileira de Música Inde-pendente (ABMI) defi ne seus sócios como “empresas brasi-leiras, dirigidas por brasileiros ou estrangeiros residentes no

Brasil” – basicamente, isto ex-clui as empresas multinacio-nais da música.

Como e quais são os procedi-mentos para abrir um selo mu-sical? Primeiramente, deve-se consultar um advogado e um contador especializado para que se abra uma empresa fonográfi -ca. Segundo passo é no item re-ferente ao “Objetivo Social” do contrato: deverá ser marcada a opção “Produção Fonográfi -ca”. O terceiro passo, caso você optar por vender diretamente seus discos: deverá constar no

mesmo contrato a opção “Ven-da de discos, fi tas e similares”.

Inscreva-se em uma Socie-dade de Autores para fi ns de recolhimento de seus Direitos de execução pública. No site do Escritório Central de Arre-cadação e Distribuição - ECAD (www.ecad.org.br), existe uma relação dessas sociedades para consulta. Após estar fi liado, solicite à sua sociedade o sof-tware do ISRC (Internacional Standard Recording Code) que deverá ser inserido, obrigato-riamente, nas suas gravações.

Que música digital, que nada! Muitos amantes da música estão entusiasmados com a volta do vinil ao mercado fonográfico. Em 2009, uma das maiores gravadoras do mercado, a Sony, anunciou a volta de vendas de vinis, com o lançamento da série “Meu Primeiro Disco”.

A gravadora pretende alcan-çar um público nostálgico pelo som puro do vinil e as capas e encartes que fi zeram história no mundo da música, como o álbum Da Lama ao Caos, de Chico Sciense & Nação Zumbi, que completou 15 anos. Além disso, a gravadora aponta para mais uma vantagem do vinil: ele não pode ser pirateado.

Mas não são apenas os ar-tistas antigos que estão vol-tando às suas raízes. Músicos da nova geração, que já nasce-ram artisticamente na era da música digital, também estão optando por versões em vinil de seus álbuns, como Pitty, Fernanda Takai e a banda Ca-chorro Grande.

A última fábrica de vinis da América Latina, a Polysom Brasil (localizada em Belford Roxo, no Rio de Janeiro), que estava desativada desde 2007, reabriu suas portas em 2010 para atender à demanda das gravadoras.

No Brasil, quando o velho bolachão parou de ser pro-duzido, deixou saudade para muitos. É o caso do publici-tário Felipe Portela, que pos-sui uma coleção de 180 vinis. Segundo ele, o preço de uma raridade pode ultrapassar R$ 800. “Todos os CDs que

eu tenho, procuro em vinil. Já consegui boa parte. Além do som do vinil ser melhor, ainda tem a interação, como levantar para virar o disco”, relembra Felipe.

O também publicitário Már-cio Holanda é outro que sente falta da época em que o CD e a música digital não existiam. Em sua coleção, Márcio tem desde discos do Iron Maden a um exemplar de “A Hora do Capeta”, LP de Sérgio Mallan-dro que fez sucesso nos anos 80. “Quando o cara comprava um disco, todo mundo se reu-nia para ouvir. Hoje em dia não acontece mais isso. Hoje está tudo acabado, tudo é do-wnload”, reclama.

Uma boa opção de procura por discos antigos é o site Mer-

cado Livre. Lá, pode-se encon-trar discos de bandas interna-cionais como The Beatles, Pink Floyd e Kiss, passando por clássicos da MPB como Chico Buarque, Cartola, Belchior e Jorge Ben (quando ainda não tinha o “Jor”), chegando às músicas infantis de Xuxa, An-gélica e Balão Mágico.

Para os ainda mais tradicio-nais, que preferem comprar o disco “pessoalmente”, em For-taleza há lojas que vendem ape-nas LPs, como a Botija Discos. Além de comprar, o cliente ain-da pode vender exemplares.

Enquete

“Só compro original. Não baixo música pela Internet, nunca baixei. Sei que o pre-ço do CD é alto às vezes mas, ainda assim, prefi ro comprá-lo a fazer download. Para mim, é uma questão de valorização do trabalho do artista. Já trabalhei com música durante quase dez anos e componho até hoje. En-tão, sei o quanto é complicado fazer uma canção de qualidade. Por isso, valorizo tanto o CD. E também tem todo o charme do encarte. Adoro sentir o cheiro de CD novo. Sou um viciado em música, por isso fi co sempre ligado nos lançamentos. Nomes como Norah Jones e Alicia Keys, por exemplo, são duas ótimas opções. “

Bruno de CastroJornalista

“Atualmente eu adquiro música sempre pela internet, em sites de com-partilhamento de arquivos. A Internet é impor-tante, porque é por meio dela que acompanho novidades, via rádios online, clipes no You-Tube e em blogs de jornalistas especializados em música. Há ainda a vantagem de poder vasculhar a discografi a de ban-das de rock clássicas. Claro que dá nostalgia daquele romantismo de juntar a mesa-da para comprar CD, de ler a resenha no jornal ansioso pelo lançamento do disco na loja e correr para comprar. Mas esse universo virtual permite am-pliar bastante o conhecimento sobre música.”

Adilson NóbregaJornalista e professor de Administração

Você faz download de música?

Banda Móveis Coloniais de Acaju

Do MP3 ao... vinil? Entrevista

Para abrir uma empresa fonográfi ca, deve-se consultar um advogado FOTO: DIVULGAÇÃO

Felipe Portela é assumidamente um fã do som dos bolachões FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Sobpressão – A banda teve iní-cio em 1998, quando a Internet ainda não era tão utilizada no Brasil como hoje. Como aconte-cia a divulgação do trabalho de vocês naquela época?

Móveis – O boca a boca sempre é o principal meio de divulgação. A gente sempre panfl etou os shows em Brasília. A banda cresceu em paralelo ao desenvolvimento da net, e sempre fomos muito ligados nisso. Desde 2003, temos todo nosso material lançado na net de graça para quem quiser baixar.

Sobpressão – E atualmente divulgação de shows e trabalhos novos acontece exclusivamente pela Internet, ou há a utilização de outros meios de comunicação?

Móveis – Procuramos usar sempre as redes sociais, nosso site, mas também usamos rádios, TVs. Tudo se soma.

Sobpressão – Quando vocês perceberam que o Móveis Coloniais de Acaju estava se tornando conhecido no cenário musical nacional?

Móveis – No primeiro show em Belém, no Festival Se Ras-

gum, todo mundo cantando as músicas, que estavam de graça no nosso site.

Sobpressão – A venda de CDs no país, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), apresentou, em 2008, um crescimento de ape-nas 4,9% em relação a 2007, após três anos de retração. Em compensação, a venda de música online atingiu um aumento de 79,1%. Como vocês avaliam os rumos que o mercado fonográfi co vem tomando?

Móveis – É um período de mudanças, mas, como já disse antes, tudo se soma. É impor-tante ter material em vinil, cd, DVD, online... Tivemos já mais de meio milhão de músicas do C_mpl_te baixadas na net, pelo projeto Álbum Virtual da Trama. Continuamos vendendo bem os discos, principalmente nos shows. Vamos lançar um DVD em abril e estamos sempre produzindo vídeos para a In-ternet. Hoje o mercado é muito dinâmico e exige inovação, o que a maior parte das grandes gravadoras ainda não aplica-ram aos seus artistas. Talvez por isso culpem o mercado e falem de crise com tanta motivação.

Banda independente em alta no cenário nacionalSurgida em 1998, em Brasília (DF), a banda de rock independente Móveis Coloniais de Acaju vem se des-tacando no cenário musical brasileiro, com sua mistura de ritmos como samba, ska, salsa e funk. O segundo álbum lançado, C_mpl_te, em 2009, foi bem recebido pela crítica e está disponível para download gratuito. Em entrevista por e-mail para o Sobpressão, a banda fala sobre a divulgação de seu trabalho.

Botija Discos Rua Ana Cartaxo, 45, Bairro de Fátima - 3277.0990

Serviço

Page 12: Sobpressão # 22

SOBPRESSÃOMARÇO/ ABRIL DE 201012

O ativismo na Internet ganha força como forma de protesto e manifes-tação popular no Brasil. Internautas se mobilizam através de redes sociais e até mensagens de texto

Como uma alternativa aos meios de comunicação de massa tradicionais, em busca de liberdade, impacto em suas ações e em defesa de seus ide-ais, a prática do ativismo atra-vés da web se tornou frequente entre os usurários da internet no Brasil. O ciberativismo, como é conhecido esse tipo de manifestação, já não é mais um termo tão incomum para os 44,5 milhões de brasileiros que o Ibope em 2008 revelou terem acesso à internet de casa ou do trabalho.

Defensores de causas polí-ticas e ambientais já utilizam constantemente essa ferra-menta para reunir colaborado-res. Inúmeras ações ganharam destaque aqui mesmo, no Ce-ará, como a “Buracos Fortale-za” e “A Hora do Planeta” (ver quadro de ações e artigo).

Para João Carlos Caribé, ci-berativista e fundador da rede social ciberativismo.ning.com, as pessoas estão começando a acreditar mais nesse ativismo da internet. Autor e colabora-dor de mais de oito blogs, para ele as pessoas começam a ver resultados práticos e estão se engajando mais nesse tipo de movimento. “Está havendo um crescimento intenso de cola-boradores, que estão apren-dendo a se defender e se reu-nir através de causas”, diz. As

ferramentas utilizadas pelos ciberativistas para atrair cola-boradores são muitas: Orkut, blogs, twitter, fóruns, SMS e outras inúmeras.

Jornalista há mais de 40 anos e colaborador do Obser-vatório da Imprensa, Carlos Castilho pensa que o cibe-rativismo ainda é incipiente no Brasil, mas acredita que o crescimento acelerado do uso da internet no país abre pers-pectivas muito amplas para iniciativas de promoção de causas sociais. “O ciberativis-mo é efi caz na medida em que

pode mobilizar um número muito grande de pessoas, já que não é limitado por fron-teiras geográfi cas”, refl ete.

Caribé rebate algumas crí-ticas que os ciberativistas re-cebem, em expressões como “ativistas de sofá” ou “ativistas preguiçosos”, por não necessa-riamente estarem nas ruas ao protestarem. Ele diz que “ser ciberativista dá muito mais tra-balho do que se imagina. É um trabalho de convencimento, de explicar a cada um o que você quer dizer. Já fi quei duas se-manas sem trabalhar só fazen-

do agitação on line”, comenta. Castilho refl ete que o ati-

vismo presencial e o cibera-tivismo não dependem mais necessariamente um do outro para existir, pois diferem em métodos e objetivos. “O fato de reunirem multidões é politica-mente muito mais convincente do que o teor dos slogans do ativismo clássico. Além disso, os ciberativismos são muito mais fl exíveis, o que faz com que os protestos sejam possí-veis mesmo em regimes alta-mente repressivos, porque a polícia não pode estar em to-

dos os lugares, mas a internet sim”, completa. Para o advogado Omar Ka-minski, que atua na área de Direito Digital e é criador do site www.internetlegal.com.br, estamos em uma época de ma-turidade da internet no Brasil. “Iniciativas como a do cibera-tivismo, que trazem discussões sobre o marco legal, sobre a reforma dos direitos autorais, apenas reforçam a importân-cia da mobilização popular, no caso pela internet”, diz. O advogado refl ete que do ponto de vista legal, o cibera-tivismo contribui ao reforçar a interpretação de direitos e garantias fundamentais dos cidadãos e comenta sobre al-gumas mudanças que podem ocorrer no país com o avanço da internet. Para ofi cializar um partido no Brasil hoje, são necessárias cerca de 400 mil assinaturas, e se a certifi cação digital da ICP-Brasil (espécie de “carteira de identidade” no mundo virtual, que permite a emissão de certifi cados digi-tais e também garantem que informações transitem pela internet com mais segurança) funcionar como se pretende, para Kaminski logo podere-mos executar tais ações e até mesmo votar on line. “Na Câ-mara dos Deputados já é pos-sível apresentar projetos de lei de iniciativa popular por meio do site [Comissão de Legisla-ção Participativa]”, afi rma.

Neste ano, acontecerão as eleições presidenciais no Brasil. O ciberativismo será importante ferramenta de co-municação entre eleitores e candidatos. Atente para este fenômeno.

As iniciativas envolvem um grande número de pessoas, já que não existem fronteiras geográfi cas FOTOMONTAGEM: WALESKA SANTIAGO

Ciberativismo democrático

As novas tecnologias propiciam ações coletivas e formas de agir que não seriam possíveis antes, amplifi cando os talentos humanos para cooperação. Com isso, atinge-se um maior número de pessoas que, em geral, não se conhecem, mas têm alguma causa em comum.

As novas formas de agregação e manifestação social descritas por Rheingold (escritor e crítico da sociedade moderna) podem ser de dois tipos: as smart mobs, que têm caráter político e são manifes-tações que utilizam a internet, por meio de blogs ou Twitter, ou as tecnologias do celular, principalmente o SMS (short message system) como forma de comunicação e mobilização. E as fl ash mobs que têm caráter lúdico, performático, artístico e não político.

Kissel, presidente da WWF, afi rma que o sucesso da Hora do Planeta foi possível devido ao forte apoio da internet, dos celulares e das mídias sociais: “O uso de novas tecnologias foi fundamental para a mobilização. A resposta da comunidade pode ser medida principalmente pelas visitas no sitio do WWF-Brasil no período da campanha, o aumento de acessos no mês de março foi de 250%, em relação ao mês anterior, atingindo 58.883 visitas somente no dia 28 de março, sendo o terceiro sitio mais visitado do mundo, dentre os sítios do WWF, neste dia. Estes dados traduzem a importância das novas tecnologias como engendradoras de um manifesto planetário e indutoras de mobilizações em tempo real. O uso da internet pelos movimentos sociais contemporâneos, como o ambientalismo e os movimentos de gênero, tem longa caminhada”.

Advogada, ambientalista e professora da Universidade de Fortaleza

Artigo

Ciberativismo e Manifestações Mundiais

Geovana Cartaxo

A Hora do Planeta ocorre desde 2007 e se caracteriza por ser uma mobilização planetária, lide-rada pela ONG WWF, divulgada e organizada, principalmente, pela internet. A mobilização consiste em apagar as luzes por uma hora em protesto contra o aquecimen-to global, pressionando os países a assumirem compromissos concretos para diminuir os gases do efeito estufa. Em 2009, tive o prazer de participar.

O @LeiSecaFortal é um perfi l do Twitter inspirado no perfi l carioca @LeiSecaRJ, que tinha a intenção inicial de, através de colaborações de seguidores, localizar blitz da cidade. A ação não tem como pro-pósito o incentivo à fuga de blitz e sim o aviso prévio para quem está bebendo ir de táxi ou carona para o seu destino. Hoje o perfi l denuncia infrações de trânsito, congestiona-mentos, buracos e colabora com o trânsito da cidade de Fortaleza.

A experiência com o #buracos-fortaleza foi muito válida porque conseguimos articular uma rede de pessoas indignadas com a situ-ação do asfalto da cidade naquele ano de inverno rigoroso. Além disso, pudemos utilizar os recursos tecnológicos disponíveis - Twitter, e-mail, Google maps, Orkut, SMS - para questionar o poder público. Particularmente fi quei muito feliz de ser um dos atores envolvidos naquela mobilização.

O movimento Mega Não (2009) protestou contra o Pro-jeto de Lei do Senador Eduardo Azeredo (PSDB), cuja propos-ta incluía a identifi cação dos usuários de internet antes de iniciarem qualquer operação que envolvesse interatividade, como envio de e-mails, con-

versas em salas de bate-papo, criação de blogs, captura de dados (como baixar músicas, fi lmes, imagens), entre outros. Mais de 150 mil pessoas assi-naram a petição on-line contra o projeto, que ganhou visibi-lidade, teve o apoio de outros deputados e foi arquivado.

Ações

Movimento envolve mais de 150 mil pessoas

Tainah SalesEstudante de Direito

Carlos NóbregaUniversitário e ciberativista

Emílio MorenoEstudante de Jornalismo e articulador

da ação Buracos Fortaleza

IMA

GEM

: DIV

ULG

ÃO

Allan Diniz e Mariana Penaforte