TE

HA

11-P

2 ©

Por

to E

dito

ra

A arte, linguagem da alma

De futuro, a arte deixa o domínio do que se reproduz ou do que se mede; ela aborda o domínio do quese sugere, pois assume como tarefa manifestar o que há de mais íntimo, de mais sentido num ser. […] Atéentão, pensava-se sobretudo em trazer à presença o mundo exterior, físico, e a inteligência humanaencarregada de o explicar e de o organizar. […] Doravante, a oposição marca-se entre o que se vai chamar[…] o «mundo objetivo» e o «mundo subjetivo»; o primeiro deriva da ciência, o segundo da poesia e da arte,que assumem como missão explorá-lo e exprimi-lo […].

O artista, como o poeta, é o homem em quem o «sentimento», dotado de um valor excecional, mereceser revelado aos outros para sua emoção e enriquecimento. […] A natureza não é, pois, um modelo masum pretexto. Eis porque o romântico fugirá ao contacto demasiado dominador da realidade; eis porque eletentará a evasão do seu círculo, evocando não mais o mundo familiar, mas os mundos longínquos, que seesfumam na fuga para o espaço e o exotismo, a miragem oriental ou a do passado e da história, no claro--escuro da Idade Média. O artista busca menos um espetáculo para copiar do que uma miragem um poucovaga, indecisa, dócil às suas ordens; verdade e imaginação unem-se até não mais poder distinguir--se uma da outra.

René Huyghe, 1967 – Sens et Destin de l’Art, Paris, Flammarion, vol. 2

Saberes a mobilizar

Saber Saber-fazer

– Identificar características do Romantismo e da pintura

romântica

– Relacionar o Romantismo com a ideologia liberal

– Pesquisar informação relevante, organizando-a segundo

critérios de pertinência

– Analisar fontes: textos e pinturas

– Comparar diferentes perspetivas

– Comunicar com o apoio das TIC

5

10

Situação-problemaFazer uma apresentação em PowerPoint sobre «A expressão da sensibilidade na pintura romântica»

Documentaçãodoc

A

A pintura segundo Ingres

Desenhem muito antes de sonhar em pintar. Quando se constrói sobre sólidas fundações, dorme-setranquilo […].

Tenham sempre um caderno no bolso e anotem em traços rápidos a lápis os objetos que vos impressio-nem, se não tiverem tempo para os indicar inteiramente. Mas se tiverem o vagar para fazer um desenhomais preciso, apoderem-se do modelo com amor, idealizem-no e reproduzam-no sob todas as formas, demodo a pô-lo na vossa cabeça, e aí incrustá-lo como vossa propriedade.

A cor adiciona ornatos à pintura; mas é apenas a dama de companhia, pois apenas torna mais aprazí-

5

doc

B

Resolução de situações-problema

veis as verdadeiras perfeições da arte. Não há exemplo de um grandedesenhador que não tenha tido o colorido que convinha exatamente àscaracterísticas do seu desenho. Aos olhos de muitos Rafael não coloriu;não coloriu como Rubens ou Van Dyck: na verdade, creio bem, fugiriadeles! Rubens e Van Dyck podem agradar ao olhar mas enganam; são deuma má escola colorista, da escola da mentira. Ticiano, eis a verdadeiracor, eis a natureza sem exagero, sem brilho forçado! Na perfeição.

Nada de cor muito viva; é anti-histórica. Insistam mais no cinzento doque no vivo, se não puderem ser equilibrados, se não puderem achar otom exato. As partes essenciais do colorido não estão no conjunto dasmassas claras ou escuras do quadro; estão antes na distinção particulardo tom de cada objeto. Por exemplo, pôr um belo e brilhante linho brancosobre um corpo moreno, azeitonado, e sobretudo, tornar distinta uma coráurea num corpo frio, uma cor acidental daquela das figuras coloridaspelas suas tintas locais. […]

Notas do pintor Ingres (1788-1867),em G. Legrand, 2000 – A arte romântica, Lisboa, Ed. 70

A pintura segundo Delacroix

Os pintores que não são coloristas fazem ilu-minuras em vez de pinturas. A pintura, propria-mente dita, a menos que não se queira fazer umcamafeu, comporta a ideia da cor como uma dasbases necessárias, bem como o claro-escuro e aproporção e a perspetiva. A proporção aplica-setanto à escultura como à pintura; a perspetivadetermina o contorno; o claro-escuro dá o relevoatravés da disposição das sombras e dos tons cla-ros em relação com o fundo; a cor dá aparência devida, etc.

O escultor não começa a sua obra por um con-torno; constrói com a sua matéria uma aparênciade objeto que, grosseiro de início, tem desde ocomeço a condição essencial que é o relevo real e asolidez. Os coloristas, que são os que reúnemtodas as partes da pintura, devem estabelecer emsimultâneo e desde o princípio tudo o que é pró-prio e essencial à sua arte. Devem agrupar com acor como o escultor com a terra, o mármore ou apedra; o seu esboço, como o do escultor, deveapresentar igualmente a proporção, a perspetiva,o efeito e a cor […]

Delacroix (1798-1863), Diário, 23 de fevereiro de 1852,em G. Legrand, ob. cit.

doc

C

10

15

20

5

10

15

20

D. Ingres, Mademoiselle Rivière, óleo sobretela, 1806.

E. Delacroix, Mulheres de Argel nos seus aposentos (pormenor), óleo sobretela, 1834.

TE

HA

11-P2 ©

Porto E

ditora

Resolução de situações-problema

TE

HA

11-P

2 ©

Por

to E

dito

ra

D. C. Friedrich, Homem e mulher contemplando a Lua,óleo sobre tela, 1822

doc

DT. Géricault, Retrato de uma louca,óleo sobre tela, 1823

doc

E

Francisco A. Metrass, Só Deus, óleo sobre tela, 1856

doc

F

Resolução de situações-problema

TE

HA

11-P2 ©

Porto E

ditora

Atividades1. Leia atentamente o texto do doc. A.

1.1. Segundo o historiador e crítico de arte René Huyghe, que objetivos têm os artistas românticos? De

quem se distanciam eles?

1.2. Concorda com o título do texto? Porquê?

1.3. Em que tempos e espaços buscam, preferencialmente, os românticos a sua inspiração? Porquê?

1.4. Qual a frase do texto que melhor resume o primeiro período?

2. Leia, agora, os textos dos pintores Ingres e Delacroix e analise as respetivas obras (docs. B e C).2.1. Compare os pontos de vista de Ingres e de Delacroix sobre a arte da pintura.

Em que diferem?

2.2. Que pintores são considerados modelo para Ingres? Que outros rejeita ele? Justifique.

2.3. São as pinturas Mademoiselle Rivière e Mulheres de Argel… elucidativas das considerações tecidas

pelos respetivos autores? Justifique.

3. Tendo presente o que estudou sobre o Romantismo e as ideias expressas por R. Huyghe, a qual dos

pintores (Ingres ou Delacroix) aplicava a designação de romântico? Porquê?

4. Por que são românticas as obras de C. D. Friedrich, Géricault e F. Metrass (docs. D, E, F)? Que senti-

mentos delas emanam?

5. Participe numa visita virtual a museus europeus para analisar obras do Romantismo. Sugerem-se a

National Gallery (Londres), onde poderá apreciar Constable e Turner; o Museu do Louvre, onde se

encontram expostas muitas das telas de Delacroix e Géricault; o Museu do Prado, para observar a obra

de Goya.

Complemente a visita com a pesquisa, também na internet, sobre Pintura do Romantismo e Lista de

Pintores de Portugal.

6. Faça, com outros colegas, uma apresentação em PowerPoint sobre: «A expressão da sensibilidadena pintura romântica». Contemple os autores apresentados e outros que entender pertinentes. Não

exceda 20 slides. Para cada quadro apresentado, não esqueça a identificação da pintura, de acordo com

as regras aprendidas em Metodologia (pág. 161).

Sugere-se a exploração das seguintes rubricas temáticas:

– Estados de alma.

– O sentimento da Natureza.

– O nacionalismo.

– O fascínio do exótico e o interesse por eventos contemporâneos.

7. Termine a apresentação com o comentário ao quadro que tiver reunido as preferências do grupo (ver

Metodologia, pp. 161-162).

Resolução de situações-problema