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Sobre Delírios e Alucinações

Ilma A Goulart de Souza Britto1

Universidade Católica de Goiás

1Endereço: Rua 53 n.º 206, Jardim Goiás, Goiânia-GO. Email: - Telefax: 62 [email protected]

Resumo

Abstract

O presente artigo tem como objetivo apresentar uma discussão sobre delírios e alucinações vistosaqui como classes de comportamentos-problema. Delírios e alucinações são analisados sob oenfoque de uma ciência natural, com base nas contribuições da teoria do comportamento verbal deSkinner (1957) e da teoria de linguagem de Staats (1996). Para ilustrar a interpretaçãocomportamental para aquelas classes de comportamentos verbais, foram utilizadas cenas do filmeUma Mente Brilhante. O filme apresenta a história verídica de um homem diagnosticado comoesquizofrênico paranóico. Termos como delírio e alucinação são freqüentemente associados aconceitos mentalistas como explicações ativas do comportamento. O comportamento é explicadopelo conceito, de forma circular. É proposto que em vez de conceitos mentais, são oscomportamentos estranhos, fora do comum, que devem se tornar objetos de estudo.

Palavras chaves: Delírios; alucinações; comportamento verbal; análise do comportamento.

The present paper has the objective of presenting a discussion about delirium and hallucinationsseen here as classes of problem behaviors. Delirium and hallucination are analysed under a naturalscience point of view, based on the contributions of Skinner's (1957) theory of verbal behavior andStaats (1996) language theory. Scenes of the movie A Beautiful Mind were used to illustrate thebehavioral interpretation of such class of verbal behaviors. The motion picture presents the truestory of a man diagnosed as paranoid schizophrenia. Delirium and hallucination are wordsfrequently associated with mentalistic concepts as active explanations of behavior. The behavior isexplained by the concept, in a circular way. It is proposed that instead of mental concepts, it is thestrange, out of the ordinary behaviors that should become object of study.

Key Words: Delusion; hallucination; verbal behavior; behavioral analysis.

ISSN 1517-5545

2004, Vol. VI, nº 1, 061-071

Revista Brasileira deTerapia Comportamentale Cognitiva

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About Delusion and Hallucinations

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Ilma A Goulart de Souza Britto

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O presente estudo tem como objetivo buscaruma compreensão, dentro da análise docomportamento, para duas classes decomportamentos complexos: delírios ealucinações. Em sistemas psiquiátricos declassificação e diagnósticos, estes compor-tamentos são descritos na definição doTranstorno Psicótico, especialmente naEsquizofrenia. O objetivo proposto requeruma rápida apresentação da Teoria deLinguagem de Staats (1996) bem como dealguns fragmentos do livro ComportamentoVerbal de Skinner (1957/1978), entre outros.Os comportamentos complexos de umapessoa diagnosticada como esquizofrênicatem-se tornado uma barreira para a vida nacomunidade. Os membros da família ficamconfusos, inseguros e temerosos frente aodesafio de tentar mudar tais padrões decomportamento. A pessoa diagnosticadacomo psicótica evidencia uma forte indi-ferença em suas respostas emocionais,tornando-se cada vez mais ausente doconvívio familiar e posteriormente doconvívio social.As formulações diagnósticas tradicionaisenvolvendo atividades mentais têm-seconstituído em um obstáculo para acompreensão adequada do comportamentohumano complexo. De acordo com Staats eStaats (1963/1973), o comportamentohumano complexo parece envolver alinguagem de uma maneira tão predominanteque é necessário estudar como o compor-tamento verbal se desenvolve e funciona. Ocomportamento verbal do esquizofrênico,como qualquer outro comportamento, émodelado e mantido por certas contingênciasde reforço.Desse modo, para compreender a Esquizo-frenia seria necessário observar os compor-tamentos estranhos ou 'bizarros' do indivíduodiagnosticado, com ênfase na função econteúdo de suas verbalizações. A fala'psicótica' é, na maioria das vezes, incoerente einadequada. Quando um esquizofrênico estádelirando, ele se comporta como se ' ou

estímulos que não estão presentes'.Tais atos são problemas do comportamentohumano e devem ser investigados por umaciência comportamental. Ao se referir ao 'verna ausência da coisa vista' Skinner(1974/1982) sugere que esta é uma expe-riência familiar a quase todos os indivíduos.Skinner (1953/1976, 1957/1978) ressaltou aimportância de estudar as relações funcionaisrelevantes para a ocorrência de eventos nabusca das variáveis das quais são funções.Há evidências na literatura de que tais classessão compostas de comportamentos desenvo-lvidos e mantidos pelo reforçamento social(Staats & Staats, 1963/1973; Ayllon &Haughton, 1964). Pessoas diagnosticadascomo esquizofrênicas podem aprender falasmais adaptadas quando expostas acontingências ambientais programadas paraessa finalidade. No estudo realizado porBritto, Rodrigues, Oliveira & Ribeiro (2004),foram utilizados princípios da Análise Apli-cada do Comportamento para mudarverbalizações delirantes de um participantedo sexo masculino, de 49 anos, diagnosticadocomo esquizofrênico desde os 20 anos deidade.A intervenção foi realizada em duas classes derespostas: (a) falas delirantes que incluíamverbalizações com conteúdos alucinatóriostais como “O diabo não me deixa sorrir” e (b)'falas adaptadas' que incluíam verbalizaçõessem conteúdo alucinatório. Para registro efidedignidade dos dados, todas as sessõesforam filmadas.Os procedimentos de Reforçamento Positivo eExtinção foram utilizados pelas auxiliares depesquisa em sessões de uma hora de duraçãoduas vezes por semana. As 'falas adaptadas'foram seguidas de um sinal de aprovação quetinha o potencial de funcionar como umreforçador social. Para as 'falas delirantes', asauxiliares de pesquisa agiam como seestivessem interessadas em alguma outracoisa, e, às vezes afastava-se do participante,em um procedimento de Extinção. O controleexperimental foi obtido por meio de umvisse

ouvisse

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Delineamento de Reversão do tipo ABAB-B.Durante as sessões da fase de Linha de Base I,as 'falas delirantes' e 'falas adaptadas' ocorre-ram mais ou menos com a mesma freqüência.Nas sessões da Intervenção I quando as 'falasadaptadas' foram seguidas de um potencialreforçador e as 'falas delirantes' ignoradas,houve uma acentuada mudança no compor-tamento verbal do participante. As 'falasadaptadas' ocorreram com uma freqüênciabem maior que na fase de Linha de Base I e as'falas delirantes' diminuíram em suas ocorrên-cias. Durante o processo de reversão, Linha deBase II, ambas as classes de respostas retorna-ram aos níveis da Linha de Base I. Quando osprocedimentos usados na Intervenção I foramreintroduzidos nas fases de Intervenção II eapós uma pausa de trinta dias, também naIntervenção III, constataram-se mudançasmais importantes nas freqüências das duasclasses de comportamento verbal: as 'falasadaptadas' reforçadas ocorreram o dobro dafreqüência da Linha de Base I e o compor-tamento verbal delirante não reforçado quasedesapareceu. Os dados do estudo sugeremque o comportamento verbal da pessoadiagnosticada como esquizofrênica pode sercontrolado pelo reforço social combinado comextinção.Assim, como um comportamento sob controlede contingências pode passar para o controlede auto-regras (Matos, 2001), é possível afir-mar que eventos privados podem, dadascertas condições, ficar sob controle decontingências públicas.Anderson, Hawkins, Freeman & Scotti (2000)sugerem que os eventos privados podem serconceitualizados dentro de uma estruturaanalítico-comportamental como EstímulosEspecificadores de Contingências (EEC) quesão estímulos também chamados de regras,estímulos que afetam a função de outrosestímulos. De acordo com Anderson et. al.(2000), “um EEC deve descrever a relaçãoentre o estímulo antecedente, o comporta-mento e as conseqüências; entre o estímuloantecedente e o comportamento; entre o

comportamento e as conseqüências ou entredois ou mais estímulos” (p. 8).Há evidências de que os indivíduos formulamregras e agem de acordo com estas regras,mesmo que em certas circunstâncias estasregras não sejam compatíveis com ascontingências de fato presentes. O indivíduoresponde ao que ele diz para ele mesmo, isto é,tende a agir sob controle de estímulos verbais(Matos, 2001; Skinner, 1957/1978).Para Skinner, o indivíduo é entendido comoum sistema unitário, um organismo como umtodo, que aprendeu um repertório ao serexposto às contingências de reforçamento.Assim, a proposta skinneriana é estudar todae qualquer atividade comportamental. Aquiloque uma pessoa sente ou observa intros-pectivamente são as condições de seu própriocorpo. O imperativo é substituir o que a mentefaz por aquilo que a pessoa faz, uma vez queos processos mentais deveriam ser mais bemcompreendidos pelas atividades desen-volvidas pelas pessoas nas suas diferentesrelações ambientais (Skinner, 1974/1982,1989/1991).Skinner (1957/1978) afirma que ao anali-sarmos o comportamento verbal, por extensãoestaremos analisando também o pensar.Assim, pensar é comportamento, é açãoindependentemente de sua acessibilidade.Para Skinner (1957/1978):

“Pensamento é apenas comportamentoverbal ou não, encoberto ou aberto. Nãose trata de nenhum processo misteriosoresponsável pelo comportamento, masdo próprio comportamento em toda acomplexidade de suas relações decontrole, relativas tanto ao homem que secomporta como ao meio em que ele vive.Os conceitos e métodos que surgiram daanálise do comportamento, verbal ou deoutro tipo, são mais apropriados para oestudo daquilo que chamamos de mentehumana. (...) O pensamento não é umacausa mística ou precursora da ação, ouum ritual inacessível, mas a própria açãosujeita a análise com os conceitos e as

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técnicas das ciências naturais e, emúltima análise, a ser explicado emtermos das variáveis de controle” (p.534).

Do ponto de vista funcional, o comporta-mento verbal, é função de contingênciasculturais. O comportamento verbal doesquizofrênico deve ser investigado paradeixar de ser considerado oculto e misterioso.Para estudar a fala delirante com significadosalucinatórios de um indivíduo diagnosticadocomo esquizofrênico, temos que investigarsua história e registrar o que ele diz, observar oque ele faz, o que ele vê, ouve e toca, a quemele se dirige, quem o escuta, como fala, comque gestos e expressões faciais. Identificar emque circunstancias cada um desses eventosocorre ou não ocorre. Em outras palavras,para o entendimento dos fatores quecontribuem para a ocorrência de comporta-mentos problema, é necessária uma avaliaçãofuncional que inclua não só a observaçãocomo também a manipulação de variáveisimportantes.Skinner (1957/1978) afirma que tanto ocomportamento encoberto ou privado quantoo aberto ou público sempre é executado pelomesmo aparato muscular. Em vez de falarmosem delírios e alucinações, que são inferidos docomportamento manifesto da pessoa diagnos-ticada como esquizofrênica, poderíamos falarem estímulos e respostas privados queincluem eventos tais como falar para simesmo, ouvir e responder a si mesmo. Essasocorrências privadas de compor-tamentosverbais referem-se a imagens visuais eauditivas, ao responder emocional, aestimulação fisiológica, respostas sensoriaisprivadas entre outras. Quais são as condiçõesrelevantes para a ocorrência dessas percep-ções privadas ou dos aspectos privados doresponder emocional? De quais variáveis sãofunção? Assim, ao analisarmos os compor-tamentos privados de uma pessoa rotulada deesquizofrênica, buscamos um conjuntoplausível de circunstâncias apropriadas à

compreensão e, principalmente, à modifi-cação daqueles comportamentos.Ao se referir às propriedades de um estímulopresente quando uma resposta verbal foireforçada, Skinner (1957/1978) afirma queesse estímulo adquire certos controles sobreessa resposta e que esse controle continua a serexercido quando a propriedade aparece emoutras combinações. Esta ampliação docontrole é útil, uma vez que cada estímulocompartilha propriedades com muitos outrose, assim, pode controlar uma variedade derespostas. Se o processo de extensão não severificasse, seria o caos.Skinner (1974/1982) alerta para as dificul-dades em estudar o pensar devido àcomplexidade do assunto. Afirma que asgrandes realizações dos cientistas, matemá-ticos, compositores ou artistas não são maisbem entendidas porque homens que sedestacaram nestes campos foram levados pelomentalismo a dar, erroneamente, informesinúteis de suas atividades. Afirma, também,que por mais deficiente que possa ser umaexplicação comportamental, devemoslembrar que o mentalismo nada explica.A teoria de Staats (1996) explica o compor-tamento humano complexo pelas inter-relações entre condicionamento clássico eoperante. Sugere, por exemplo, que o estímuloque envolve a eliciação de uma respostaemocional tem três funções. 1) - Um estímuloreforçador define-se como um estímulo queelicia uma resposta emocional. 2) - O estímuloque elicia uma resposta emocional positiva,reforça o comportamento ao qual se segue, eatuará, desse modo, como reforçadorpositivo. Quanto mais forte a respostaemocional, mais forte a função reforçadora. Omesmo princípio se aplica do lado negativo:há também estímulo que elicia uma respostaemocional negativa. Esse estímulo atuarácomo reforçador negativo e enfraquecerá ocomportamento. 3) - O mesmo estímulofunciona também como estímulo diretivo,(função discriminativa) - se positivo atrairácomportamentos de aproximação e, no caso

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negativo, comportamentos de fuga ou esqui-va.Staats (1996) afirma que a vantagem do estudode laboratório é a simplicidade. Um estímulosimples representa o meio ambiente, umaresposta simples representa o comportamentoe utiliza um organismo simples, cujo ambientefoi controlado. Assim, foi possível estabelecerprincípios elementares sem a interferência decondições não controladas. Contudo, sugere oautor, a situação simples de laboratório éartificial, distante das situações da vidahumana. Tornam-se necessárias então, pontesentre o laboratório e os fenômenos complexos.Um primeiro passo para o avanço dosprincípios elementares do condicionamento ésimplesmente estendê-los para além dascondições específicas nas quais foramestabelecidos. Por exemplo, é necessário mos-trar que o condicionamento clássico e operan-te é aplicável a vários estímulos, a váriasrespostas e às várias espécies, incluindo oshumanos (Staats, 1996).Os condicionamentos de ordem superior,clássico e operante, proporcionam aoshumanos uma extraordinária capacidadepara aprender respostas emocionais emotoras perante uma variedade de estímulos.Palavras, entretanto, não são estímulosincondicionados determinados biologica-mente.Esta é uma forma de aprendizagem vicária,que não depende da ocorrência de estímulosbiológicos. O condicionamento clássico seestende muito além do uso de estímulosincondicionados com base biológica. Ocondicionamento clássico de uma respostaemocional confere as três funções ao novoestímulo. Assim, “o condicionamento emocio-nal vicário, tem lugar onipresentemente atra-vés da linguagem, afetando o que constituiuma recompensa ou uma punição tantoquanto atua como incentivos positivos ounegativos para os humanos” (Staats, 1996,p.77).De acordo com Staats (1996), nesta inter-relação, o indivíduo pode aprender combi-

nações complexas de estímulos e respostas, devez que o comportamento humano complexoimplica conjuntos complexos de estímulos ehierarquias complexas de respostas queproduzem as diferenças individuais. Essemecanismo é denominado de hierarquia deresposta. As seqüências de respostas oucadeias podem constituir diferentes tipos derespostas aprendidas via condicionamentoclássico e operante: “um estímulo podeprovocar uma resposta de imagem, cujoestímulo provoca uma resposta emocional,cujo estímulo por sua vez, provoca umaresposta verbal, cujo estímulo provoca umaresposta motora” (p.79)Sabe-se que é difícil a análise de cadeiascomplexas de comportamento. Ao seestabelecer uma definição comportamentalpara os elos encobertos, deve-se tratá-loscomo processos de estímulos e respostas e nãocomo construtos hipotéticos, que fariam amediação entre o ambiente e o indivíduo.Staats (1996 p. 80) afirma, que “a aprendi-zagem humana complexa é caracteristica-mente acumulativa e de natureza hierárqui-ca Quando uma criança aprende os nomesde objetos, pessoas e eventos, este repertóriode linguagem é a base para que a criançaaprenda a nomear objetos novos ou pro-priedades desses objetos. Assim, a criançaaprende a contar, depois a fazer operaçõesnuméricas. Estes e outros repertórios, numprocesso acumulativo e hierarquizado, porsua vez, seriam básicos para a aprendizagemda álgebra, que é um requisito para aprendermatemática mais avançada, requisito paraaprender física.As condições de aprendizagem não sãoseparadas das condições ambientais. Osconceitos seriam aprendidos pelos indivíduosao longo do seu desenvolvimento através dascondições de aprendizagem cotidiana deonde se adquirem os repertórios comporta-mentais básicos.Do exposto, pode-se afirmar que os com-portamentos complexos são resultados dosprocessos de aprendizagem. Ser um cientista,

”.

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um matemático, um músico ou mesmo umesquizofrênico implica toda essa aprendi-zagem acumulativa-hierarquizada dosrepertórios comportamentais.

Ao tratar dos níveis e alcance da aprendi-zagem humana, Staats (1996) inclui, em suateoria, o estudo de vários repertórioscomplexos de comportamento pelos quais oshumanos adquiriram uma aprendizagemacumulativa-hierarquizada. Esta tarefatambém exige a análise dos princípios deacordo com os quais os repertórios exercemsua influência no comportamento posterior eaprendizagem. Estes elementos nos dão adefinição de repertórios básicos decomportamento(BBR).Os três repertórios, Repertório Lingüís-t ico/Cognit ivo, Repertório Emocio-nal/Motivacional e Repertório Sensó-rio/Motor são, de acordo com Staats (1996),muito complexos. Tais repertórios deter-minam a habilidade do indivíduo paraaprender, para experimentar e para com-portar-se em situações que se encontram aolongo da vida. Os comportamentoscomplexos, por exemplo, podem ser avaliadospor meio dos déficits nos repertórioscomportamentais, os quais reúnem oscomportamentos que, por sua ausência,prejudicam a adaptação da pessoa em seuambiente social; também, os comportamentosinadequados que, com sua presença,prejudicam a adaptação. A falta de interesse,de objetivos, de ambição ou mesmo aindiferença nas respostas emocionaisencontradas em pessoas com o diagnostico deesquizofrenia são analisadas como déficits noRepertório Emocional/Motivacional.A teoria de Staats (1996) propõe que osconceitos dos repertórios básicos decomportamento emergiram, em boa parte, nocontexto do estudo da linguagem. A teoriaindica que a linguagem do indivíduo é um

repertório básico de comportamento bastantecomplexo. É importante porque ajuda a deter-minar as experiências do indivíduo, aaprendizagem e o comportamento. Se umacriança aprende mais lentamente é possíveldescrever o seguinte encadeamento: quantomenos a performance for avançada, menosreforço; quanto menos reforço, menos semantêm os comportamentos de aprendi-zagem; quanto menos aprendizagem, menosreforço e assim, sucessivamente.Staats apresenta análises teóricas e empíricassobre a linguagem. Tal como Skinner nãoapresenta a linguagem como algo de naturezadiferente dos outros fenômenos psicológicos,mas aprendida e mantida como qualqueroutro comportamento. Todavia, Skinner(1957/1978) descreveu uma análise funcionaldo comportamento verbal e não uma teoria decomportamento de linguagem como apresen-tou Staats (1996).Para Skinner, tal como escreveram Córdova eMedeiros (2003 p. 173) “as palavras controlamo comportamento por si só, enquantoestímulo, independente de seu referente.Conseqüentemente, as respostas que aspalavras evocam no ouvinte são o seusignificado”. A palavra é um estímulo quecontrola o comportamento do ouvinte, aomesmo tempo em que é uma resposta emitidapelo falante e controlada por outras variáveis.O presente estudo não tem como objetivoapresentar de maneira mais completa a teoriade linguagem Staats (1996). Analisa algunssub-repertórios de linguagem para acompreensão dos modos pelos quais aspalavras produziriam emoções.Como as palavras, estímulos visuais eauditivos, passam a adquirir função emocio-nal? Se emparelharmos a palavra 'não' comum castigo a um animal doméstico, porexemplo, um gato, esse animal responderáapropriadamente à palavra 'não'. As palavrastêm funções emocionais por meio docondicionamento clássico. Os humanospodem experimentar respostas emocionaiscom o . Deste modo,

Repertórios comportamentais

Basic Behavioral Repertoire

repertório verbal-emocional

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os humanos, com um grande repertório depalavras emocionais positivas e negativas,podem experimentar vicariamente respostasemocionais extremamente variadas por meioda linguagem. Podem-se experimentaremoções às palavras habilmente colocadaspor um poeta, escritor ou novelistas.Do mesmo modo, as respostas emocionaispodem ser autoprovocadas com a autolin-guagem. Os humanos aprendem umrepertório verbal-emocional que contribui nadeterminação de sua experiência e apren-dizagem emocional. Assim, de acordo comStaats (1996) ainda que os princípios docondicionamento clássico operem na lingua-gem, o processo não é simples. A experiênciahumana é complexa, como são as suasconseqüências.Também para Skinner (1957/1978), asrespostas emocionais são evocadas pelosestímulos verbais. O comportamento verbalamplia os poderes sensoriais do ouvinte. Umfato importante do comportamento verbal éque falante e ouvinte podem ser a mesmapessoa. Como falante e ouvinte, o indivíduopode evocar nele mesmo, emoções e imagens.Ao analisar as propriedades emocionais daspalavras, Staats (1996) lida com os fenômenoscomportamentais internos. O auto-reforça-mento envolve a autolinguagem, circuns-tância na qual as palavras eliciam uma res-posta emocional. Outras funções das palavrasemocionais, de acordo com a presenteterminologia, são reforçar e direcionar(função discriminativa) o comportamento.Uma pessoa em cuja história de vida houve apa lavra 'abor to ' condic ionada poremparelhamento com a palavra 'assassinato'poderá atuar negativamente contra as clínicasque o praticam.Além da função produtora de emoções, Staats(1996) considera que qualquer estímuloexterno ao qual o organismo é sensível estáeliciando no organismo uma .Os estímulos ambientais eliciam sensações, ourespostas sensoriais. Tais respostas sensoriaispodem ser condicionadas em forma de

imagens, que se condicionam às palavras, aum grande número de palavras. Comoexemplo, a palavra provoca uma imagemporque a palavra foi emparelhada com casas.O mesmo pode ocorrer para uma variedadede palavras: , entre tantasoutras. Uma vez aprendidas, tais palavras sãoinstrumentos para produção de imagens. O

é importante porqueproporciona a base para novas aprendizagense pode afetar também o comportamento.Assim, os humanos, pela exposição àlinguagem, podem ter experiências sensoriaisimagens.Além dos nomes que produzem imagenscompletas do objeto, Staats (1996) afirma, queos adjetivos e os advérbios eliciam imagensenvolvendo apenas parte dos objetos oueventos; por exemplo, a palavra “elicia uma imagem de “ ” porque apalavra foi emparelhada com eventosdiferentes que têm em comum as mesmascaracterísticas estimulativas, a de ser branco.Uma vez aprendida, a palavra podecombinar-se com outras palavras que eliciamrespostas de imagens diferentes, cujoresultado será uma combinação de imagens.Skinner (1953/1976) propôs que as respostassensoriais podem ser eliciadas por estímulosneutros com base no condicionamentopavloviano:

“Pode-se ver ou ouvir 'estímulos que nãoestejam presentes' nos padrões do reflexocondicionado: vemos X, não apenasquando X está presente, mas quandoqualquer estímulo que freqüentementeacompanha X for apresentado. A sinetaque anuncia o jantar não só nos faz ficarcom água na boca, mas nos faz ver oalimento também” (p. 154).

Sob a ótica de Staats (1996), a sensação não éapenas um processo sensorial; é um processode resposta que produz um processo sensorialcom características estimulantes internas, quepor sua vez produz um estímulo interno. Avantagem de nomear as sensações como

resposta sensorial

casa

livro, cachorro, papai

repertório verbal-imagem

branco”brancura

branco

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respostas é dizer que elas são aprendidas, quese pode condicionar um organismo a ter umaresposta sensorial.Como conseqüência do condicionamento,uma resposta sensorial pode ser provocadapor um estímulo diferente do estímulo quesimplesmente provoca a sensação. Essasensação aprendida, que ocorre na ausênciade um estimulo sensorial, pode ser nomeadacom terminologia simples: imagem. Umaimagem é, então, um estímulo interno. Sobcertas circunstâncias, uma imagem pode sernomeada de alucinação.Uma alucinação pode ser definida como umaresposta sensorial, isto é, ver ou ouvirprivadamente com os 'olhos do imaginar',dependendo da história anterior; não napresença do estímulo público, e falar a alguémque 'de fato' está vendo.Assim, uma alucinação pode ser consideradacomo uma resposta sensorial que foicondicionada a qualquer estímulo e que podeser provocada por esse estímulo. Devido àresposta, e aos eventos estimuladoresenvolvidos na resposta sensorial condicio-nada serem internos e inacessíveis àobservação direta, os estudos envolvemmanipulações que produzem o condicio-namento. A evidência do condicionamento é amudança no comportamento do sujeito. Asrespostas sensoriais, com característicasestimuladoras, evocam imagens - e essas sãoaprendidas via condicionamento clássico(Staats 1996).A complexidade e as controvérsias relativas aestas questões podem ser elucidadas, deacordo com Staats (1996), da seguintemaneira: em primeiro lugar, dar ao eventocognitivo - - uma definição comporta-mental é declarar que tal evento atua deacordo com os princípios comportamentais.Em segundo lugar, deve-se demonstrar omodo como os princípios comportamentais,via imagens, podem afetar outros compor-tamentos. Terceiro, as respostas sensoriaispodem ser condicionadas. E, respostassensoriais condicionadas têm propriedades

estimuladoras - - por meio das quaisoutras respostas podem ser condicionadas.Em face destas considerações, tanto os estímu-los públicos quanto os privados podemcontrolar a resposta 'ver na ausência doobjeto'. Contudo, se uma pessoa relata veruma imagem, então a pessoa vê na ausênciados estímulos públicos, mas na presença dosestímulos privados. Ver ou ouvir, necessa-riamente não exigirá a presença dos estímulospúblicos. Se o relato verbal da pessoa sobre'ver na ausência da coisa vista' foi condi-cionado pelo ambiente, então a pessoaresponderá, mais provavelmente, sob ocontrole daqueles estímulos privados.De acordo com Staats (1996) as palavraspodem ser utilizadas para eliciar o compor-tamento de outra pessoa. O

consiste em palavras que eliciam umaresposta motora específica no indivíduo.Aprendemos um grande número de unidadesverbais motoras novas, a partir das unidadesverbais motoras aprendidas, via condicio-namento operante de ordem superior. Partedo repertório verbal-motor envolve aprendi-zagem para responder de forma motora nãoapenas aos , mas também aos

e . O verbodetermina qual resposta será dada. Oadvérbio determina variações na resposta, porexemplo, rapidez ou lentidão. O substantivodetermina para qual estímulo a resposta serádada, e o adjetivo proporciona umaespecificação adicional ao estímulo. Ainstrução “pressione rapidamente o botãovermelho” irá determinar a resposta par-ticular, a forma da resposta e o objetoestimular particular para o qual a respostaserá dada.Por outro lado, quanto mais rico for orepertório verbal-motor de um indivíduo,mais finamente ele poderá direcionar seucomportamento. Falar para si mesmo, isto é,autolinguagem, pode também produziremoções e imagens via repertórios verbal-emocional e verbal-imagem.A linguagem tem múltiplas funções.

imagem

imagem

repertório verbal-motor

verbossubstantivos, adjetivos advérbios

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Evidenciam-se sentimentos ou desejos atravésda linguagem. Esse repertório, sob a formadas autofalas, é a base para raciocinar, tomardecisões, planejar, etc.; isto é, esse repertóriopode ser a base para várias habilidadesencobertas do indivíduo. Staats (1996) afirmaque as palavras afetam o comportamento doindivíduo, se este aprendeu previamente osrepertórios de linguagem. O indivíduo podeexperimentar emoções e imagens relaciona-das às palavras e, estas, por sua vez, podemafetar o comportamento manifesto.Outros repertórios para Staats (1996) são os

repertórios da fala - - - quecapacitam o indivíduo a responder verbal-mente aos estímulos internos e externos aosquais experimenta. O indivíduo pode rotularo que se vê, se ouve, se prova, se cheira, o quese sente por meio do tato, etc.. O indivíduopode também rotular as experiências internasdesignadas como consciência ou emoçõesprivadamente experienciadas, imagens ourespostas sensoriais condicionadas, falasprivadas, etc.. O autor apresenta, ainda, umateoria para a aquisição da fala, além dorepertório verbal de imitação e repertórioverbal de associação entre outros.

Para ilustrar a interpretação não-mentalistade delírios e alucinações, foram selecionadospara análise, alguns trechos do filme UmaMente Brilhante. O filme é o relato da históriade John Forbes Nash Jr., matemático ganha-dor do Prêmio Nobel, em outubro de 1994,cujo nome se encontra nos anais da RealAcademia de Ciências da Suécia e emcompêndios de matemática e economia. Aos30 anos de idade, foi diagnosticado, porpsiquiatras, como esquizofrênico paranóico(Nasar, 2002).O DSM-IV-TR (Associação Americana dePsiquiatria [APA], 2002) diz que a carac-terística essencial da Esquizofrenia TipoParanóide “é a presença de delírios e alucina-

ções auditivas proeminentes no contexto deuma relativa preservação do funcionamentocognitivo e do afeto”. Os delírios são perse-cutórios ou grandiosos e as alucinações sãotipicamente relacionadas ao conteúdo dotema delirante.O DSM-IV-TR define os delírios como crençaserrôneas, envolvendo a interpretaçãoequivocada de percepções ou experiências. Osdelírios persecutórios são os mais comuns.Neles, o indivíduo acredita estar sendoatormentado, perseguido, enganado, ridicu-larizado ou espionado.As alucinações podem ocorrer em qualquermodalidade sensorial, mas as alucinaçõesauditivas são as mais comuns. São experi-mentadas como vozes conhecidas ouestranhas e percebidas como distintas dopensamento da própria pessoa (DSM-IV-TR).O personagem principal do filme apresentavadelírios, alucinações e comportamentosestranhos. Abandonou, por vários anos, amatemática e a profissão de professor,dedicando-se à numerologia. Foi hospita-lizado contra a sua vontade e submetido atratamento com medicamentos, eletrocho-ques e coma insulínico (Nasar, 2002). Com-portava-se de maneira estranha em relaçãoaos colegas, tanto na faculdade como noambiente de trabalho, inclusive em suasrelações afetivas.As cenas do filme mostram que Nashdescrevia que muitos estímulos verbaistextuais, por exemplo, frases em revistas oujornais, datas, padrões numéricos ou textospublicados revelavam 'dicas' secretas,conspirações políticas ou significados ocultos,mas visíveis apenas a ele. O controle exercidopor aqueles eventos era de tal magnitude queNash falava ter cósmico. Verbalizoutambém, ter encontrado uma solução para omaior dos problemas não solucionados damatemática pura, a hipótese de Riemann.Nash não tinha amigos e apresentava umrepertório verbal-emocional incompatívelcom a função de conquistar uma namorada.Princeton era um ambiente competitivo. Nash

verbal rotulação

insight

Análise de cenas do filme Uma Mente Bri-lhante

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Ilma A Goulart de Souza Britto

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era hostilizado e ridicularizado pelos pares edesse modo respondia a eles. Ambicioso,procurava desenvolver sua independênciaintelectual e mostrava-se atento aos proble-mas cotidianos não resolvidos. Buscava-ospor toda parte, inclusive no movimento dospássaros, e desenvolvia fórmulas nasvidraças. Observou e descreveu sua idéiaoriginal das relações de interdependênciaentre os fenômenos.É possível afirmar que Nash fazia verbaliza-ções descritivas dos eventos por ele expe-rienciados e, efetivamente era controlado poreles. Assim, Nash agia de acordo com as auto-regras, mesmo que as circunstâncias fossemdesfavoráveis ao seu comportamento. Emseus monólogos alucinatórios compor-tava-secomo falante e ouvinte, respondendo a simesmo. Agia sob forte influência dosestímulos verbais privados, dos processossensoriais que produziam nele imagensvisuais e imagens auditivas que afetavam seucomportamento. Qualquer evento queenvolvesse sons, barulhos ou pessoasestranhas, eliciava intensas respostasemocionais negativas que direcionavam suasrespostas de esquivas ou fugas.Nash 'via e ouvia' pessoas imaginárias que oacompanhavam em situações especiais eexerciam funções diferenciadas em sua vida.Um “amigo” e a “sobrinha do amigo” eramaltamente reforçadores. Apareciam em suavida em momentos críticos, quando precisavade amigos. Outra imagem era um “agente”especial que o mantinha informado dasconspirações, dando-lhe 'dicas' ou instruções.O “agente” tinha função reforçadora e, àsvezes, função coercitiva e/ou punitiva.Em um momento dramático do filme, Nashenfrenta suas próprias imagens visuais eauditivas numa tentativa de expulsá-las desua vida ou pelo menos neutralizar suainfluência. Havia aprendido com Alicia - suaesposa - a discriminar seus estados internos e aconfrontá-los com as contingências públicasàs quais era exposto.É possível falar de Esquizofrenia não como'transtorno mental' ou como 'doença'. Se aEsquizofrenia afetasse o cérebro, então elaseria uma doença cerebral, não mental. Até a

presente data, não existe um fator etiológicoque a explique. Mesmo através de exames deúltima geração, que registram imagens docérebro, os resultados permanecem incon-clusivos (Britto, 1999).Os comportamentos estranhos, fora docomum, são os que se tornam objeto de estudoquando se analisa o comportamento dapessoa diagnosticada como esquizofrênica. Ocomportamento é discrepante, com causas tãoenigmáticas que é fácil (ou simplista) postularprincípios mentalistas ou orgânicos paraexplicá-lo.Skinner (1953/1976 p.32) afirma que ocomportamento humano é um dos objetosmais difíceis dentre os que foram alvo dosmétodos de ciência: “é um objeto de estudopelo menos tão difícil quanto à química dosmateriais orgânicos ou a estrutura do átomo”.Para aprofundar a compreensão do compor-tamento humano complexo, deve-se prepararpara o caráter rigoroso que a ciência requer.Observa-se que a inferência de um termo

mentalista sugere uma pseudocausa. Oscomportamentos estranhos não são explica-dos de fato, suas causas são apenas inferidas.Classes de comportamento podem serdescritas pelo termo delírio. A pessoadescreve que está sendo perseguida,espionada ou ridicularizada. Tambémdescreve, como Nash, que certos gestos, letrasde músicas, comentários e passagens delivros, jornais, são dirigidos especificamente aela.Assim, termos como delírio e alucinaçãoacabam sendo tomados como explicaçõesativas do comportamento, de vez que ocomportamento é explicado pelo conceito. Acircularidade destas explicações se tornaevidente quando se pergunta: “como vocêsabe que esta pessoa é esquizofrênica?”. Aresposta: “porque ela delira”. E, por que eladelira? Nova resposta simplista e circular:“porque ela é esquizofrênica”.Com relação à Esquizofrenia, quehaja uma determinação biológica, ainda queprovas nunca tenham sido apresentadas.Staats (1996) afirma que se há uma deter-minação biológica num transtorno compor-tamental, então, a biologia exerce seus efeitos

acredita-se

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Sobre Delírios e Alucinações

Referências

Recebido em: 09/03/04Primeira decisão editorial em:14/06/04

Versão final em: 19/06/04Aceito em:21/06/04

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Mentais

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Poder Saber X Doença Mental

Avaliação Funcional deDelírios e Alucinações

Sobre Comportamento e Cognição: ahistória e os avanços, a seleção por conseqüência em ação, Vol. 11

. Revista Brasileira de TerapiaComportamental e Cognitiva 3 (2),

Uma Mente BrilhanteCiência e Comportamento Humano

Comportamento Verbal

Sobre o Behaviorismo

Questões Recentes na Análise do Comportamento

Behavior and Personality: Psychological Behaviorism

Comportamento Humano Complexo

através da via comportamental, de vez que é ocomportamento do indivíduo que estátranstornado. Skinner previu, ainda nadécada de trinta, que variáveis ambientaisproduzem efeitos fisiológicos que podem serinferidos do comportamento.O objetivo principal deste estudo foi discutir eestimular a pesquisa sobre delírios e aluci-nações, dentro de uma perspectiva da análisedo comportamento e do behaviorismo de

Staats. Para que os analistas de compor-tamento investiguem e teorizem mais sobredelírios e alucinações, é necessária uma maiorcompreensão das conseqüências dessescomportamentos complexos para a pessoa epara a comunidade.Acredita-se que, com esse artigo, foi possívelobedecer a uma regra da curiosidade cien-tífica, que é a de abrir ou reabrir questões maisdo que fechá-las.