Sobre o Brincar - Linguagem Da Infância, Língua Do Infantil

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    Introduo

    O brincar em suas vrias formas presentificado na cultura

    corporal de movimento acompanha o desenvolvimento da

    civilizao humana desde seus primrdios. Em Homo Ludens,

    Huizinga (1980) argumenta que o jogo puro e simples o

    princpio vital de toda a civilizao, uma funo da vida.

    So antigos os indcios de existncia de brinquedos e

    brincadeiras criados e vivenciados pelo homem nas mais

    diferentes culturas. Vasconcelos (2006) apresenta alguns

    exemplos: o Museu Britnico, em Londres, possui em seu

    acervo brinquedos com mais de cinco mil anos, pertencentes civilizao egpcia e, no Brasil, as cavernas de So

    Raimundo Nonato no Piau, guardam figuras gravadas que

    representam brinquedos e possveis brincadeiras que

    envolviam crianas e adultos, datados de dez mil anos. Diante

    da incontestvel histria, cabe concluir que o brincar

    acompanha o trajeto da humanidade demonstrando que o

    homem brincar e joga independente de seu tempo (MELLES

    DE OLIVEIRA apud VASCONCELOS, 2006, p. 58).

    Quem nunca brincou quando criana? Difcil encontrar

    algum que responda negativamente essa pergunta. Jogos e

    brincadeiras (esconde-esconde, pular corda, pega-pega,

    futebol, brincar de casinha, entre outras) so atividades que

    permeiam o cotidiano de crianas, adolescentes e adultos:

    quem no se lembra das brincadeiras da infncia ou dos jogos

    da adolescncia. Quando adultos nada mais fazemos do que

    trocar as brincadeiras da infncia por outras atividades,

    coerentes com essa nova realidade como os esportes, mas que

    preservam na essncia seu carter ldico.

    O encanto e o temor do homem pelo brincar se estende

    aos vrios campos da atividade humana. Dentre eles, um dos

    mais importantes e mais controversos o campo da

    Educao. A relao entre o brincar e a educao,

    particularmente da criana pequena, marcada

    essencialmente pelos olhares dirigidos criana, ou melhor,

    infncia. Infncia e brincar esto colados: as brincadeiras, os

    jogos so atividades naturais, prprias da infncia, ou seja, o

    brincar um comportamento natural da criana. Da a idia

    de que o brincar se constitui num espao aprendizagem e

    Motriz, Rio Claro, v.12 n.2 p.125-132, mai./ago. 2006

    O brincar: linguagem da infncia, lngua do infantil

    Fernando Donizete AlvesAline Sommerhalder

    Faculdade de Cincias e Letras - UNESP Araraquara SP Brasil

    Resumo: O presente artigo trata do brincar infantil e sua relao com a educao escolar, discutido luz da teoria

    psicanaltica. Teve como objetivo discutir o brincar como uma linguagem prpria da criana e, portanto, essencial paraseu desenvolvimento. Atualmente, os profissionais da educao reconhecem o brincar como uma atividade quefavorece a aprendizagem e o desenvolvimento da criana. Porm, a prtica educativa demonstra que no tem sidoexplorada a dimenso criativa do brincar, que a sua essncia. O brincar associado educao da criana na escoladeve possibilitar espaos concretos de criao e descoberta, elementos fundamentais para a aprendizagem.

    Palavras-chave:Brincar infantil. Educao Escolar. Criatividade. Aprendizagem.

    Playing: language of the childhood

    Abstract: The subject of the present article is playing of the child and his/her relationship with the school education,discussed with base in the psychoanalytic theory. It had as objective discusses playing as an own language of the childand, therefore, essential for his/her development. Nowadays, the professionals of the education recognize playing as anactivity that favors the learning and the child's development. However, the educational practice demonstrates that thecreative dimension has not been explored of playing, that it is his/her essence. The associate to play to the child'seducation in the school it should make possible concrete spaces of creation and discovery, fundamental elements forthe learning.

    Key Words: Play. School education. Creativity. Learning.

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    desenvolvimento infantis. E, como conseqncia, sua

    associao educao.

    No objetivo desse artigo o aprofundamento nos

    aspectos histricos dessa relao brincar/educao. Portanto,

    nossa discusso se limitar ao perodo moderno, mais

    propriamente ao sculo XX e inicio de sculo XXI. De

    qualquer forma, cabe ressaltar que na educao da

    Antiguidade, aprender e brincar misturavam-se naturalmente

    e eram elementos que no se dissociavam. Desse modo, a

    brincadeira e o jogo eram comumente reconhecidos como

    elementos/instrumentos de educao-formao da criana

    (OLIVEIRA, 2006). A educao antiga pode-se dizer, era um

    trabalho artesanal, muito diferente de hoje, inicio do sculo

    XXI.

    A revoluo industrial, a descoberta da infncia, o

    surgimento da psicologia da criana, cujas origens se

    encontram no sculo XVIII e XIX, so as referncias que

    nortearam a compreenso do brincar, suas possibilidades

    educativas e sua insero no contexto escolar ao longo do

    sculo XX. Acrescenta-se a esses, mais recentemente, o

    processo de informatizao. Todas as formas de organizao

    social, cada cultura e em cada poca, consagram maneiras

    prprias de concretiz-lo (SANTIN, 1987).

    Atualmente, jogos e brincadeiras tradicionais, folclore, a

    construo de brinquedos, crianas brincando em espaos

    pblicos, so experincias ldicas cada vez mais vivas apenas

    em nossas memrias. Por isso, concordamos com as palavras

    de Mrech (1998, p.171) que ecoam como alerta: h um novo

    [...] nos jogos infantis que precisa ser resgatado pelos

    educadores e pesquisadores infantis. Um novo que sempre

    existiu.

    preciso romper com a concepo de que o brincar uma

    atividade que serve apenas como diverso. Neste caminho,

    Schwartz (1998) aponta que o brincar considerado uma

    atividade muito sria para a criana. Para ela, os trabalhos de

    reflexo e criao so elementos constantes no brincar. Desta

    forma, concordamos com as palavras de Winnicott (1985,

    p.163) quando afirma que brincar [...] a prova mais

    evidente e constante da capacidade criadora [...].A criana quando brinca criar um mundo prprio, um

    mundo de fantasias, levado muito a srio, em que pode

    reorganizar as coisas para uma nova forma que lhe agrade,

    investindo nele grande quantidade de emoo (FREUD,

    1996). O brincar uma experincia estruturante para a

    criana, ou seja, as experincias vividas nos jogos,

    brincadeiras, contos de fadas so fundamentais para o

    desenvolvimento psquico da criana. A escola se torna um

    dos espaos mais importantes de resgate da cultura ldica

    infantil. Nas linhas que seguem, aprofundaremos essas idias

    inicialmente apresentadas.

    A lngua da infncia

    Brincar. Essa palavra tem um sentido bem conhecido de

    todos ns, especialmente quando criana. Ela representa a

    possibilidade de imaginarmos ser quem no somos, de

    estarmos em lugares e planetas diferentes, o prazer de

    satisfazer o desejo mesmo que de forma ilusria, de viver o

    suspense do inesperado, de viver a loucura sem ser louco, dedivertir-se.

    Assim, brincar entrar num estado de faz-de-conta. Em

    outras palavras, [...] uma mudana de perspectiva, da lgica

    [...] para a esfera teatral ou representativa, onde as coisas so

    aceitas pelo que so vivenciadas, e a lgica a do faz-de-

    conta, do como se(CAMPBELL, 1992, p.31). Como nos

    diz Bacha (2003, p. 168) brincar , tambm, encarnar

    personagens diferentes.

    Partindo desta idia, Santa Roza (1997) aponta que a

    essncia do brincar no material, ela ultrapassa os limites da

    realidade fsica. Esta autora vai mais adiante, quando diz que

    o brincar se baseia na manipulao de imagens, imaginao

    no sentido original do termo, tendo por funo a

    representao da realidade. E acrescenta: A imaginao criauma realidade fictcia, sem a qual, todavia, no se poderia

    viver (SANTA ROZA, 1993, p.28). Entretanto, Santa Roza

    (1997, p. 80) nos diz que brincar uma atividade consciente,

    sendo que a criana no perde o sentido da realidade. A

    criana sabe que se trata de algo imaginado, de pura fico,

    ela no alucina.

    Desta forma, brincar um imaginrio construindo um

    todo inseparvel, pois [...] aquele que brinca est [...]

    articulado com os materiais, com o espao e o tempo, com as

    circunstncias e com tudo o que diz respeito ao ato ldico [...]

    tudo tem vida, fala e possui vontade (SANTIN, 1994,

    p.163). Nesse cenrio, a criana est na posio de sujeito

    falante, o que permite que ela coloque em cena seu corpo,

    representando papis, ao mesmo tempo em que investiga este

    mundo do adulto.

    Criana e brincadeira fazem, sem dvida, uma

    combinao perfeita. difcil pensarmos em uma criana que

    no goste de brincar, de se deixar envolver pela imaginao,

    pela fantasia, vivendo personagens dos mais variados tipos

    bombeiros, mdicos, super-heris, viajantes de outros

    mundos, guerreiros interestrelares, pai e me, etc

    inventando, criando tal como o Professor Pardal. Por isso,

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    Freud (1996) nos diz que a ocupao mais preferida e

    intensiva da criana o brincar.

    De fato, a infncia um tempo para brincar. um espao

    em que a criana pode experimentar, descobrir, criar e recriar

    experincias e saberes sobre si prpria e sobre o mundo que a

    cerca. Levin (1997) entende o ato de brincar como um

    espelho simblico, e no apenas imaginrio, a partir do qual

    possvel transformar o pequeno em grande, o grande em

    pequeno, a criana em adulto, o adulto em criana, os pais em

    crianas e as crianas em pais, o traumtico em dramtico, o

    sofrimento corporal em cena de fico, etc. Assim sendo,

    conclui Levin (1997, p. 255): o prprio da infncia o ato

    ldico como espelho que ata o real, o imaginrio e o

    simblico na infncia.

    Constantemente ouvimos questionamentos de professores,

    pais, alunos de graduao, sobre o contedo dito violento

    e/ou agressivo das brincadeiras das crianas como, por

    exemplo, o uso de armas de brinquedo. Quem nunca brincou

    de Polcia e Ladro quando criana? Nem por isso nos

    transformamos em ladres e/ou policiais quando adultos. O

    espao imaginrio criado pela brincadeira permite criana

    simbolizar e, conseqentemente compreender, as experincias

    vividas na realidade. Ela brinca com o poder, com a vida e

    com a morte, com o proibido, com o medo etc. A criana

    brinca de ser grande, bisbilhotando e interrogando o mundoadulto na tentativa de fabricar um saber sobre o desejo que

    anima os mais velhos.

    Brincando de como se a criana amarra passado,

    presente e futuro na tentativa de dar sentido s experincias

    vividas na realidade, ou seja, ao brincar a criana inventa e

    constri um cenrio onde faz circular seu desejo e d sentido

    s experincias vividas por ela. Esse processo de criao

    envolve a experincia que a criana tem de si, a qual co-

    determinada pelo inconsciente1. Desse modo, Lajonquire

    (1999, p. 39) diz que passado, presente e futuro so

    entrelaados no brincar da seguinte forma: o futuro do vir a

    ser, o passado o era-se e o presente do agora brinco. A

    criana brinca no presente daquilo que j era no adulto.

    Portanto, a criana no brinca de ser criana, mas de vir a

    ser aquilo que ela no . Deste modo, Santa Roza (1997)

    aponta para o brincar como um primeiro devaneio que pe o

    desejo em movimento. Nesta conjugao de tempos, uma

    histria contada. As peas deste quebra-cabea convergem

    1Mezan (2002), aponta que viver uma experincia significa ser afetado por

    alguma coisa, pessoa ou situao. Essa vivncia perfeitamente perceptvel

    para o sujeito, ou seja, consciente. Contudo, isso no que dizer que o

    sujeito saiba de todos os aspectos que a envolvem e nem q ue ele esteja imune

    s facetas inconscientes de sua ao ou de sua reao.

    para o enigma de saber sobre si, que anima o desejo do

    sujeito.

    Certo dia uma criana chegou a brinquedoteca de uma

    escola particular da cidade de Rio Claro2 como fazia

    praticamente todos os dias no perodo da tarde e foi logo

    brincar. Resolveu brincar de mdico e para tanto, convidou

    uma outra criana. Ela era a mdica e sua colega a paciente. A

    mdica recebe a paciente, examina e dispara: vamos fazer

    uma tomografia. Pediu que sua paciente se deitasse no cho

    apoiando sua cabea com um travesseiro simulando o

    aparelho de tomografia. Terminado o exame, pediu a paciente

    que aguardasse o resultado. O interessante dessa brincadeira

    que a criana que representou o papel de mdico havia

    realizado, no perodo da manh, um exame de tomografia. Ela

    transferiu para o campo do imaginrio uma situao vivida na

    realidade. A possibilidade de simbolizar as experincias

    permite a criana acalmar a angstia do no-saber, explorar o

    desconhecido, testar os limites.

    Segundo Levin (2001, p. 128)

    O desejo inconsciente da criana aparecedisfarado no como se da cena, e assim ela podebrincar, por exemplo, com a morte, a doena, aorganicidade, a violncia, a sexualidade, o nascimento,a angstia, o sofrimento, etc. Tudo isso possvelporque, como dizem as crianas, mentirinha (a est

    mascarada).

    Brincar de fato divertido, gostoso, prazeroso como

    aponta o Dicionrio Aurlio (FERREIRA, 2004) ao definir o

    termo brincar, em primeiro plano, como diverso: recrear-se,

    distrair-se, divertir-se infantilmente, entreter-se em jogos de

    criana. Mas no s isso. Alm da alegria e do contentamento

    que lhe so peculiares, o brincar cercado de incertezas e

    dvidas. Alias, esse um dos seus encantos. Neste no-

    saber, neste desconhecimento do que vai acontecer, sentir,

    fazer, construir, produzir, imaginar, fantasiar, que se

    encontra a essncia das produes cnicas da criana

    (LEVIN, 2001, p. 15). Neste espao estruturante que a

    criana pode construir suas verses e representaes sobre o

    que acontece com ela e com as coisas. um quebra-cabea

    como diz Friedmann (1996).

    Por outro lado, h quem pense diferente. Estamos falando

    do adulto. De modo geral, para o adulto o brincar representa

    uma futilidade, uma atividade no-sria, light, sem valor.

    Nesse sentido, muito comum nos deparamos no dia-a-dia

    2 Os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental podiam freqentar a

    brinquedoteca da escola todos os dias em horrio contrrio ao horrio de

    aula. As crianas da educao infantil freqentavam a brinquedoteca

    acompanhadas pela professora.

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    com frases do tipo estava s brincando, para de brincar e

    vamos trabalhar, agora hora de estudar e no de brincar.

    O exigente mundo moderno, contemporneo para alguns,

    guiado pela implacvel esteira da produo, agora

    globalizada, do consumismo, da informao e da

    informatizao, da especializao, contribui para a morte do

    esprito ldico, para a morte do artista. No h tempo nem

    interesse pela apreciao do sabor do saber prazer, dor,

    frustrao, angstia, criao. O imediatismo tomou conta de

    nossas vidas. Na moda do fastfood e do prato feito muitas

    vezes no h espao para o banquete, como aponta Bacha

    (2002, 2003).

    Vejamos um exemplo: pouco tempo atrs veiculava na TV

    uma propaganda cujo objetivo era valorizar a importncia da

    internet para a vida das pessoas e, consequentemente vender o

    produto em questo (provedor de internet). At a, nada de

    mais, a internet uma conquista importante. A questo a

    imagem veiculada pela propaganda: uma sala de aula, um

    grupo de alunos e a professora. Ela pede aos alunos que

    entreguem um trabalho sobre Pitgoras. Um a um, os alunos

    entregam o referido trabalho - visualmente bonito, bem

    organizado, e tudo mais at que um dos alunos

    caracterizado como homem das cavernas entrega seu

    trabalho talhado em uma pedra, representando um trabalho

    realizado a mo. Por que sofrer? Com a internet tudo ficamais fcil, num piscar de olhos ou num clicar do mouseseu

    trabalho est pronto. a troca do saber pela informao, da

    criao pela reproduo, a satisfao imediata da

    necessidade.

    Assim tambm com boa parte dos brinquedos que esto

    disposio das crianas atualmente. O brinquedo artesanal

    sucumbiu com a revoluo industrial. Os pinquios j quase

    no existem mais. O brinquedo que ganhava vida nas mos do

    arteso uma raridade. Segundo Jerusalinsky (1994, p. 21),

    na nossa sociedade industrial [...] no se fazem mais espadas

    de madeira ou carrinhos de lomba. No se fazem mais

    bonequinhos de madeira, no se fazem mais os improvisados

    bonecos de pano. Tampouco a bola feita com meia [...]. O

    brinquedo passa a ser produzido em srie, todos iguais.

    O brinquedo tambm sucumbiu tecnologia. Eles fazem

    de tudo: choram, falam, fazem xixi, andam, realizam vrios

    movimentos etc. Designer moderno, fashion, tecnologia de

    ponta que encanta os olhares consumistas de todas as idades.

    No entanto, Benjamin (1984, p. 70) adverte: [...] quanto

    mais atraentes forem os brinquedos, mais distantes estaro de

    seu valor como instrumentos de brincar; quando

    ilimitadamente a imitao anuncia-se neles, tanto mais

    desviam-se da brincadeira viva. criana s resta

    reproduzir. O exerccio de criar, recriar, montar, desmontar,

    cede lugar reproduo. Quanto mais incrementado for o

    brinquedo mais ele torna a criana ou o brincante prisioneiro.

    Quanto mais simples ele for maior a possibilidade de

    imaginar e de criar. Por exemplo, quem nunca se imaginou

    dirigindo um carro ou um caminho em suas brincadeiras

    usando apenas o prprio corpo. O corpo o nosso primeiro e

    mais verstil brinquedo.

    Para brincar, a criana pode ou no utilizar um objeto

    simblico. Segundo Leif e Brunelle (1978) este objeto

    simblico o brinquedo. O brinquedo estimula a

    representao, a expresso de imagens que evocam aspectos

    da realidade, oferecendo criana um substituto de objetos

    reais. Como lembra Bomtempo (1997), ele o parceiro da

    criana na brincadeira.

    Winnicott (1975) afirma que alm das significaes e

    sentidos, o brinquedo tambm um objeto transicional, isto ,

    ele se encontra no meio caminho entre a chamada realidade

    concreta e a realidade psquica da criana.

    Entretanto, Santa Roza (1993) mostra que no brincar,

    observa-se um divrcio entre o brinquedo e o uso que a

    criana faz dele. Ela lembra Henriot (apud Santa Roza, 1993)

    considera que a brincadeira pode ser estimulada pela forma

    ou pelo material do brinquedo, mas que, no entanto, no se

    constitui a uma predeterminao. Para esta autora, o

    essencial no tem relao com o objeto, que serve apenas

    como um mediador entre a realidade e a imaginao. O

    interessante o valor simblico que ele representa.

    Benjamin (1984) tambm acredita na independncia do

    brincar em relao ao brinquedo. Ele defende que contedo

    ideacional do brinquedo jamais determina a brincadeira, pois

    ao contrrio, ela que orienta o uso dos objetos. Assim, por

    exemplo, um cabo de vassoura, em alguns momentos, pode

    ser o cavalinho de pau, em outros pode ser a lana, tudo

    depende da imaginao da criana. Desta forma, podemos

    citar Oliveira (1989, p. 58) que nos diz: a riqueza dos

    brinquedos decorre de sua capacidade de instigar a

    imaginao infantil. E, no como muitos acreditam, da

    possibilidade de imitao dos gestos [...].Um pedao de madeira, um cabo de vassoura, latinhas de

    refrigerante, enfim, qualquer objeto pode se tornar um

    brinquedo cuja funo dar suporte brincadeira e ao jogo.

    Contudo, ressalta Freitas (2004, p. 160) os pais modernos

    no se arriscam a construir brinquedos com latas, mas

    engajam-se nas tarefas de comprar e entregar aos seus filhos

    os brinquedos a serem consumados em uma faixa etria

    especfica e de modo j prescrito. Esse distanciamento do

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    adulto do universo ldico infantil inquietante, pois at

    parece que ele nunca foi criana! Que nunca brincou de

    esconde-esconde, pega-pega, soltar pipa e tantas outras

    brincadeiras e jogos da infncia!

    Encontrarmos com uma criana ou grupo de crianas

    brincando bastante comum considerando que essa sua

    ocupao favorita e mais intensa, como ressalta Freud (1996).

    Contudo, dificilmente veremos um grupo de adultos

    brincando de casinha ou de pega-pega, por exemplo. Ao

    crescerem as pessoas param de brincar, pois se espera delas

    que no brinquem mais e, sim, que atuem num mundo real

    (FREUD, 1996). Suas aes, atitudes e comportamentos

    precisam ser socialmente aceitos e brincar coisa de criana.

    Portanto, os adultos j no brincam mais, agora eles

    devaneiam, pintam, escrevem romances, poesias e tantas

    outras atividades que substituem o prazer que tinham no

    brincar quando crianas.

    Isso no significa que o adulto no possa se envolver com

    as brincadeiras das crianas. O (re)encontro com o brincar

    inevitvel principalmente para aqueles que assumem a funo

    de pai, me e professor. Mas por que o adulto se mantm a

    margem das brincadeiras infantis? Normalmente, seu

    envolvimento com o brincar infantil se resume na observao,

    na proposta de uma ou outra brincadeira s crianas e/ou

    disponibilizando materiais e brinquedos a elas. So poucos osmomentos em que podemos observar um adulto, sejam os

    pais ou o professor, brincando com a(s) criana(s). A recusa

    em brincar com as crianas talvez resida no medo de se

    infantilizar. Segundo Freud (1996) o adulto se envergonha de

    suas fantasias por serem infantis e proibidas.

    Um tempo atrs, uma professora de ensino bsico, no

    intervalo de um curso de extenso que ministrvamos,

    contava espantada a postura de uma colega sua. Dizia ela

    que observava sua colega brincando com seus alunos de

    bandeiro. Num determinado momento do jogo, sua

    colega parou a atividade para modificar as regras. A

    equipe em que ela estava jogando perdia o jogo. Para seu

    espanto, as regras foram modificadas para favorecer a

    equipe em que ela jogava, pois estava perdendo. Essa

    situao faz lembrar daquela criana que a dona da bola:

    se estiver perdendo ela acaba com a brincadeira levando a

    bola embora. A criana ou o aluno ocupa em nosso

    inconsciente uma posio infantil (BACHA, 2005).

    Cabe, neste momento, uma diferenciao: h a criana

    da psicanlise e a da cronologia. A criana da cronologia

    se desenvolve desde seu nascimento, em que a infncia

    uma fase pelo qual o indivduo deve passar para chegar

    vida adulta (biolgico). J a criana da psicanlise

    atemporal. A infncia, ou o infantil, em psicanlise, da

    ordem do inconsciente, o prprio inconsciente. Existe,

    portanto, um infantil no psiquismo que irredutvel a

    qualquer dimenso cronolgica e evolutiva (BIRMAN,

    1997). O brincar est associado, pelas tramas do

    inconsciente, criana de modo que o adulto, quando

    brinca, (re)vive sua prpria infncia.

    Como j apontamos anteriormente nesse texto, no

    brincar, passado, presente e futuro se entrelaam: alguma

    situao no presente faz despertar no sujeito um desejo

    que, por sua vez, est ligado a lembranas de uma

    experincia anterior, geralmente da infncia, criando uma

    situao referente ao futuro que representa a realizao do

    desejo. E, ao contrrio do mito da infncia feliz,

    Emerique (2003, p. 15) diz que todos ns guardamos nas

    lembranas, e tambm no inconsciente, marcas de

    sofrimento, frustraes, castigos, angstias dos anos

    iniciais de vida.

    Por isso, Levin (2001, p. 16) nos diz que nem todos

    esto dispostos a correr o risco de entrar em cena com a

    criana, de deixar-se inquietar e impressionar por ela e

    suportar a deriva, o no-saber dos labirintos da infncia.

    Ao contrrio, muitas vezes o adulto busca refgio em

    teorias e tcnicas que lhe garantam o ilusrio controle dasituao para no penetrar nesse espao ficcional, mgico

    e cnico produzido pela criana. Mas a criana, em seu

    territrio, desarmnica e no se encaixa em nenhuma

    forma, tcnica ou estgio prefixado, conclui esse autor.

    A demanda por teorias, mtodos e tcnicas que expliquem

    tudo e digam o que fazer muito comum quanto se trata da

    educao escolarizada. No que diz respeito ao brincar,

    embora os educadores afirmem sua importncia para o

    desenvolvimento e aprendizagem da criana, sua presena na

    escola uma iluso de tica, uma miragem aos olhos de quem

    atravessa um escaldante deserto. Em resumo, na escola, de

    modo geral, a criana (e o professor) faz-de-conta que brinca

    tamanha a amarrao a qual ele submetido. O espao do

    brincar na escola normalmente se resume ao horrio do

    recreio. Na prtica pedaggica alguns momentos so

    dedicados ao brincar, na maioria das vezes desarticulada das

    atividades de ensino e aprendizagem. um momento de

    descanso, de divertimento permitido s crianas depois da

    rdua tarefa de estudar. Por que no articular o brincar com os

    saberes escolares?

    O reconhecimento do valor educativo do brincar de

    domnio pblico desde Rousseau (1999). No nenhum

  • 7/24/2019 Sobre o Brincar - Linguagem Da Infncia, Lngua Do Infantil

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    F. D. Alves & A. Sommerhalder

    Motriz, Rio Claro, v.12, n.2, p.125-132, mai./ago. 2006130

    segredo o papel do brincar no desenvolvimento e

    aprendizagem da criana. Esse o discurso dos educadores.

    Mas quando olhamos a prtica pedaggica propriamente dita

    notamos sua desarticulao com esse discurso principalmente

    quando se trata de acolher as construes elaboradas pelas

    crianas em suas brincadeiras. Alm da marginalizao do

    brincar das atividades pedaggicas como citado acima,

    emprega-se um tipo de atividade comumente denominado de

    jogo didtico ou educativo como mecanismo facilitador da

    aprendizagem.

    Podemos dizer que se trata de um engodo, uma forma de

    seduzir as crianas tal como propunha Erasmo (1466-1536).

    Para Erasmo (apud Brougre, 2003)o brincar um meio, um

    suporte para seduzir as crianas, para traz-las e mant-las

    motivadas para o estudo. A proposta enganar a criana

    para faz-la trabalhar, sem que se d conta realmente disso

    [...] o trabalho deve se assemelhar, de maneira subjetiva, ao

    jogo, porm no se trata de um jogo, s guarda sua aparncia

    (BROUGRE, 2003, p. 55). Embora a criana acredite que

    esteja brincando, trata-se de uma atividade totalmente

    dirigida, controlada, direcionada para um determinado

    propsito educativo. uma excelente estratgia de se

    transmitir s crianas as informaes desejadas,

    considerando-se o interesse que elas demonstram pela

    atividade ldica. Sua explorao puramente tcnica

    (mecnica) e tem que garantir a transmisso de contedos

    pr-estabelecidos pelo professor.

    Com isso, na dimenso da prtica pedaggica o brincar

    perde sua essncia, marcada pela imaginao, pela fantasia,

    pela criatividade, ao ser totalmente controlado pela vontade

    do professor de dominar seu contedo e resultado. Portanto,

    podemos pressupor que o brincar vivenciado na escola perde

    sua identidade, sua ludicidade.

    Muitas vezes, os adultos atribuem sentidos e significaes

    prvias ao brincar e ao brinquedo da criana como sendo os

    verdadeiros sentidos e significados das brincadeiras e jogos

    infantis. Conseqentemente, ao invs do adulto (pais e

    educadores principalmente) buscar descobrir como cada

    criana brinca, de que tipo de brinquedos e jogos ela gosta,

    etc, emergem, em seu lugar, as respostas prvias que as

    diferentes teorias apresentam como sendo o brincar da criana

    ou as elaboraes que os adultos fizeram a respeito delas

    (MRECH, 1998).

    Como lembra Rodulfo (1990), para utilizar um brinquedo,

    deve-se poder desmont-lo, suj-lo, ou seja, preciso

    conhec-lo, desvendar seus segredos. O brincante tambm

    experimenta essa tarefa constante de construo e

    reconstruo da realidade interna e externa. Os jogos e

    brincadeiras produzidos pelas crianas so momentos em que

    elas podem exercitar as relaes entre prazer e realidade,

    entre consciente e inconsciente (LEVISKY, 2002).

    Pela riqueza de experincias vivenciadas pela criana ao

    brincar, podemos dizer que ele indispensvel como espao

    de aprendizagens. Dolto (1998) aponta que as crianas

    precisam brincar tanto quanto precisam de contatos afetivos,

    de fazer, de falar, de ouvir respostas s suas perguntas.

    Impedindo-as de mexer em tudo, o adulto priva-as de

    tornarem-se inteligentes, de adquirirem um vocabulrio.

    O encontro com o brincar exige do professor

    disponibilidade (interna) para acolher a brincadeira das

    crianas em toda sua plenitude, com toda curiosidade prpria

    da infncia colocada em jogo como uma busca inventiva e

    exploratria de um mistrio. Um desconhecimento fundador

    do saber e do conhecer infantil que instiga a criana a

    bisbilhotar mais alm (LEVIN, 2001). Esse o desafio,

    acolher as criaes expostas pelas crianas e compartilhar

    com elas essa busca por saber e conhecer. um convite para

    que cada um, sem se infantilizar, comece a observar o seu ser

    brincante, lembrando que a porta sua e s abre por dentro

    (EMERIQUE, 2003). Brincar brinca com, como lembra

    Winnicott (1975). Brincamos com mais facilidade quando a

    outra pessoa pode "e" est livre para brincar.

    Consideraes Finais

    O brincar indispensvel como aprendizagem,

    principalmente para a criana, pois potencializa a explorao

    e a construo do conhecimento. Isso um dado reconhecido

    por pesquisadores no campo da psicologia e da educao e

    profissionais que atuam na educao da criana. Assim,

    sabemos que no brincar, as respostas no esto prontas, pois

    precisam ser elaboradas a partir de cada situao que se

    apresenta, ou seja, descoberta, esprito investigativo,

    criao, recriao. No brincar est presente dimenso de

    risco, do prazer da surpresa e da curiosidade, numa aventura

    que convida constantemente o brincante a rever e a produzir.

    A escola, como espao formal de educao da criana, ao

    desenvolver o brincar no deve utiliz-lo de formadidatizada, ou seja, pr-estabelecendo o desenvolvimento da

    atividade ldica, com o propsito de transmitir contedos

    curriculares. Ao estabelecer a priorios rumos do jogo ou da

    brincadeira, o professor limita as possibilidades de criao e

    descoberta, essncia do brincar.

    A presena do brincar na escola, associado educao da

    criana deve permitir espaos concretos de criao, de busca

    pelo saber, enfim, pensar na aula como uma obra de arte em

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    Brincar: linguagem da infncia

    Motriz, Rio Claro, v.12, n.2, p.125-132, mai./ago. 2006 131

    que os artistas, professores e alunos, frente ao conhecimento

    consigam transform-lo em algo novo e oferecer isto

    apreciao de um outro.

    Nessa direo, Bacha (2003) diz que ao oferecer os

    conhecimentos criana, o professor pode permitir que ela

    costure ou abotoe junto a eles a sua histria e assim, crie

    seno uma bela, ao menos uma roupa mais confortvel do que

    uma camisa de fora adaptativa.

    Desse modo, o brincar na escola no deve ser explorado

    como um conhecimento j elaborado e sim uma linguagemque fala do prprio brincante, o que permite criana ser

    autora de sua fala e de seus atos. Portanto, o brincar pode

    abrir um espao para que a criana possa falar em nome

    prprio e de si mesma.

    Para finalizar, conclumos com o pensamento de Masetti

    (1998): o brincar o melhor espao de encontro, que no tem

    tempo definido para acontecer: depende da intensidade do

    olhar e da permisso para o jogo. Para essa autora, os

    encontros so feitos das mais diversas qumicas, s vezes,

    construdos simplesmente a partir de um olhar, ou de uma

    soma de pequenas situaes cotidianas, que mudam as

    direes de nossas vidas.

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    Endereo:Fernando Donizete AlvesR Arnaldo Victaliano, 881 Bl B6/Apto 33,Jardim Palma TravassosRibeiro Preto SP14091-220.e-mail: [email protected]

    Manuscrito recebido em 10 de outubro de 2006.

    Manuscrito aceito em 07 de novembro de 2006.