SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO DE ESPÉCIES … Regyna Ribeiro Santos... · A Lei n. 9985, de 18 de...
Transcript of SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO DE ESPÉCIES … Regyna Ribeiro Santos... · A Lei n. 9985, de 18 de...
YANE REGYNA RIBEIRO SANTOS
SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO DE ESPÉCIES ARBÓREAS PIONEIRAS
UTILIZADAS NA APA MORRO DO URUBU, ARACAJU – SE, PARA FINS DE
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
SÃO CRISTOVÃO - SE
2016
YANE REGYNA RIBEIRO SANTOS
SOBREVIVÊNCIA E CRESCIMENTO DE ESPÉCIES ARBÓREAS PIONEIRAS
UTILIZADAS NA APA MORRO DO URUBU, ARACAJU – SE, PARA FINS DE
RECUPERAÇÃO AMBIENTAL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Departamento de Ecologia Bacharelado,
Universidade Federal de Sergipe, como requisito
parcial para obtenção do título de Ecóloga.
SÃO CRISTOVÃO - SE
2016
AGRADECIMENTOS
A Deus, na sua infinita bondade, que me proporcionou momentos inesquecíveis ao
longo desta caminhada, que sempre me guiou mostrando os melhores caminhos a seguir de
acordo com meus valores e princípios.
À minha mãe Maria da Saúde, a meu pai Pedro e irmãs Yara e Isabela, por todo amor,
carinho e compreensão, e por estarem sempre ao meu lado me apoiando, me dando forças e me
ajudando a enfrentar os desafios da vida.
A todos os meus familiares avós, tias, primos e primas por toda preocupação e incentivo.
A meu amigo e companheiro Yuri Sá, por estar sempre ao meu lado me incentivando e
me dando força, nos piores e melhores momentos dessa jornada.
Aos meus colegas de curso que dividiram comigo momentos de aprendizagem,
angústias, sonhos e alegrias, em especial ao meu amigo Weverton Souza.
Ao meu orientador, Professor Dr. Robério Anastácio Ferreira pela orientação e
oportunidade de trabalho em campo. Aos meus amigos de campo, Jéssica, Bruno, Dráuzio e
Alisson, pelo companheirismo.
Agradeço também à professora Dra. Anabel Aparecida de Mello e ao Professor Dr.
Alexandre de Siqueira Pinto pela participação na minha banca examinadora.
A Semear e a Sergas pela oportunidade de estágio.
OBRIGADA A TODOS!
SUMÁRIO
LISTA DE TABELA..................................................................................................................i
LISTA DE FIGURAS...............................................................................................................ii
RESUMO..................................................................................................................................iii
1. Introdução ...................................................................................................................... 9
2. Referencial teórico ....................................................................................................... 10
2.1. Área degradada ........................................................................................................ 10
2.2. Recuperação Ambiental .......................................................................................... 10
3. Material e Métodos ...................................................................................................... 13
3.1. Área de estudo .......................................................................................................... 13
3.2. Produção de mudas .................................................................................................. 14
3.3. Seleção de espécies florestais para recuperação ambiental e para uso
paisagístico ........................................................................................................................... 14
3.4. Escolha das espécies para avaliação da sobrevivência e crescimento ................. 15
3.5. Plantio ....................................................................................................................... 16
3.6. Monitoramento e Avaliações ................................................................................... 18
4. Resultados e Discussão ................................................................................................ 19
4.1. Sobrevivência ........................................................................................................... 19
4.2. Altura ........................................................................................................................ 21
4.3. Diâmetro do colo ...................................................................................................... 23
5. Considerações finais .................................................................................................... 24
6. Referências ................................................................................................................... 25
i
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Relação de mudas plantadas no Projeto de Recuperação Ambiental e Arborização
Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu – Aracaju/SE....................................15
TABELA 2 - Relação das espécies selecionadas para avaliação do índice de sobrevivência e
crescimento, no período do 18o ao 22o mês de idade, do Projeto de Recuperação Ambiental e
Arborização Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu – Aracaju/SE...........................16
TABELA 3 - Índice de sobrevivência ao 22o mês de Anadenanthera macrocarpa, Guazuma
ulmifolia e Enterolobium contortisiliquum, na APA Morro do Urubu, Aracaju - SE, 2016. (N:
número de indivíduos, N final: número de indivíduos no 22o mês de idade)..............................20
TABELA 4 - Taxa de crescimento relativo em altura das espécies Anadenanthera macrocarpa,
Guazuma ulmifolia e Enterolobium contortisiliquum, após o 22o mês de idade. (H0 – altura 18o
mês, H1 – altura final e TCR – taxa de crescimento relativo). APA Morro do Urubu,
Aracaju/SE................................................................................................................................22
TABELA 5 - Taxa de crescimento relativo em diâmetro do colo das espécies Anadenanthera
macrocarpa, Guazuma ulmifolia e Enterolobium contortisiliquum, após o 22o mês de idade.
(DC0 – diâmetro do colo 18o mês, DC1– diâmetro do colo final e TCR – taxa de crescimento
relativo). APA Morro do Urubu, Aracaju/SE.............................................................................24
ii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Localização da Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu, no município de
Aracaju - SE..............................................................................................................................14
FIGURA 2 – Placa indicativa do Projeto de Recuperação Ambiental e Arborização Urbana na
Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu – Aracaju/SE...........................................................16
FIGURA 3 – Espécies Anadenanthera macrocarpa (A), Guazuma ulmifolia (B) e
Enterolobium contortisiliquum (C) do Projeto de Recuperação Ambiental e Arborização
Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu, Aracaju/SE, selecionadas para a
avaliação de sobrevivência e crescimento..................................................................................17
FIGURA 4 – Avaliação do diâmetro do colo utilizando paquímetro manual (0,05mm) e altura
total com o auxílio de régua graduada, APA Morro do Urubu, Aracaju – SE, 2016...................19
FIGURA 5 – Lixo comum e hospitalar encontrado na área de implantação do Projeto de
Recuperação Ambiental e Arborização Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do
Urubu, Aracaju/SE....................................................................................................................21
FIGURA 6 – Precipitação e altura média mensal de A. macrocarpa, G. ulmifolia e E.
contortisiliquum, no período do 18o ao 22o de idade. APA Morro do Urubu, Aracaju – SE,
2016...........................................................................................................................................22
FIGURA 7 – Precipitação e diâmetro do colo médio mensal de A. macrocarpa, G. ulmifolia e
E. contortisiliquum, no período do 18o ao 22o de idade..............................................................23
iii
RESUMO
Com o alto índice de supressão da vegetação nativa em Aracaju/SE, torna-se perceptível um
significativo quadro de degradação ambiental, ocasionando a fragmentação de ecossistemas
florestais. Assim, surge a necessidade da recuperação dessas áreas, visando o resgate da
biodiversidade local. Neste sentido, este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o
crescimento e a sobrevivência de três espécies florestais pioneiras utilizadas no Projeto de
recuperação ambiental e arborização urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu,
Aracaju/SE. O plantio das mudas foi realizado em cova, com espaçamento de 3 m x 3 m,
totalizando 1.111 mudas por hectare, alternando-se espécies de crescimento rápido e
crescimento lento, levando-se em consideração a dinâmica de sucessão quanto aos grupos
ecológicos das espécies selecionadas. Destas, foram escolhidas 3 espécies pioneiras, totalizando
96 mudas, para a avaliação de crescimento e sobrevivência. Foram tomadas medidas de altura
(H) e diâmetro do colo (DC) durante o período do 18o ao 22o mês após o plantio, onde foram
também contabilizados os indivíduos sobreviventes e a taxa de crescimento relativo (TCR). A
espécie que apresentou melhor índice de sobrevivência foi Guazuma ulmifolia (100%), seguida
de Enterolobium contortisiliquum (92,59%) e Anadenanthera. macrocarpa (78,26%). Na
avaliação das características de crescimento, em campo, observou-se que A. macrocarpa
(280,42 cm) apresentou maior desenvolvimento em altura, seguida de E. contortisiliquum
(268,80 cm) e G. ulmifolia (236,4 cm). Observou-se maior diâmetro do colo para E.
contortisiliquum (4,88 cm) em comparação à G. ulmifolia (4,32 cm) e A. macrocarpa (3,44
cm). Em relação à TCR para altura e diâmetro do colo, as espécies que apresentaram maiores
valores foram: G. ulmifolia (36,32%) e A. macrocarpa (61,50%), respectivamente. As espécies
obtiveram, no período avaliado, altas taxas de sobrevivência, confirmando sua importância para
recuperação de áreas degradadas.
Palavras – Chave: Supressão da vegetação, degradação ambiental, fragmentação de
ecossistemas.
9
1. Introdução
Historicamente, a paisagem natural tem sido amplamente modificada pela ação humana,
causando a sua destruição e fragmentação. O Brasil apesar de ser considerado o país que possui
maior biodiversidade do planeta, possui milhões de hectares de áreas degradadas. Estas áreas
são originadas, principalmente por atividades agropecuárias, ocupação urbana e a retirada de
lenha, tornando-se necessário a realização de estudos que norteiem estratégias para a sua
proteção.
Em Sergipe, particularmente, no município de Aracaju, a situação não é diferente. O
município possui o último remanescente florestal de Mata Atlântica (Área de Proteção
Ambiental Morro do Urubu) (Matos 2010), e apesar disso são intensos os processos de
degradação ambiental, promovidos por ações antrópicas das comunidades do entorno, o que
compromete a qualidade da paisagem e a sua função ambiental urbana.
A recuperação de áreas degradadas envolve múltiplos conhecimentos que visam à
reconstituição da estrutura do ecossistema, próximo das características do ambiente original
(Kageyama & Gandara 2004). A importância de se realizar ações visando à recuperação na
Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu está relacionada à necessidade de se resgatar a
biodiversidade local, reduzir os focos de erosão, manter a flora e fauna nativas e melhorar o
aspecto paisagístico, além do resgate da valoração ecológica da área, cultural e social das
populações humanas do entorno e dos frequentadores do Parque da Cidade.
Segundo Amaral (2010), a recuperação de áreas degradadas deve ser realizada para que
o ambiente possa restabelecer suas condições naturais, vindo a atingir o equilíbrio e à
sustentabilidade necessária. De acordo com Martins (2001), o sucesso da implantação e
formação de florestas de proteção pode estar diretamente relacionado aos fatores edáficos e
climáticos, à ecologia das espécies, onde as mesmas devem ocorrer naturalmente na região, ao
modelo de recuperação florestal, ao monitoramento e à avaliação.
O modelo de sucessão ecológica é essencial para o sucesso dos projetos de recuperação,
pois assemelha-se ao que ocorre naturalmente. Através de monitoramento e avaliação das
espécies utilizadas no modelo sucessional, notam-se melhores resultados de sobrevivência e
crescimento (Martins 2001).
Neste sentindo, este trabalho realizado com o objetivo de avaliar o crescimento e a
sobrevivência de três espécies florestais pioneiras utilizadas no Projeto de recuperação
ambiental e arborização urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu, Aracaju/SE.
10
2. Referencial teórico
2.1.Área degradada
São consideradas áreas degradadas extensões naturais que perderam a capacidade de
recuperação natural após sofrerem distúrbios. A degradação é um processo induzido pelo
homem ou por acidente natural que diminui a atual e futura capacidade produtiva do
ecossistema (Moreira 2004).
O conceito de degradação associa-se aos efeitos ambientais considerados negativos ou
adversos e que decorrem principalmente de atividades humanas, e raramente aplica-se a efeitos
gerados por processos naturais (Bitar 1997).
Um ecossistema é classificado como degradado, quando perde sua capacidade de
resiliência, ou seja, capacidade de se recuperar de flutuações internas provocadas por distúrbios
naturais ou antrópicos (Martins 2001, Quoos 2009). Segundo Rezende (2006), estes distúrbios
podem ocorrer de forma natural ou por atividades antrópicas. A capacidade de se recuperar após
o distúrbio, pode não ocorrer ou ser bastante lento (Carpanezzi et al. 1990).
A recuperação de áreas degradadas é consequência do uso incorreto da paisagem por
todo o país, sendo apenas uma alternativa limitada de remediar um dano que poderia ter sido
evitado (Rodrigues e Gandolfi 2004).
De acordo com Lima (2004), o desmatamento é a principal causa da degradação
ambiental, ocasionada principalmente pela agricultura e por obras de engenharia, como
estradas, edifícios e barragens. Segundo Noffs et al. (2000), as principais consequências dessa
degradação são o empobrecimento do solo, assoreamento de rios e reservatórios e entulhamento
de depressões e várzeas, acumulando assim o material carreado, tendo como resultado a
destruição dos ecossistemas de áreas úmidas, de áreas agrícolas, aumento das cheias, da
propagação de doenças, etc.
2.2.Recuperação Ambiental
De acordo com a Lei 9.985 de 2000, artigo 2o, inciso XIII, recuperação é a restituição
de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada,
que pode ser diferente da sua condição original (Brasil 2000).
Rodrigues et al. (2012), definem recuperação de áreas degradadas como um conjunto
de ações que visam proporcionar o restabelecimento de condições de equilíbrio e
sustentabilidade em um sistema natural.
A recuperação de áreas degradadas tem como objetivo recuperar e dar funcionalidade
ecológica ao ecossistema, formando uma floresta mais próxima possível da original (Kageyama
11
& Gandara 2004). Dessa forma, a recuperação ambiental não se tem restringido apenas ao
plantio de árvores, e sim no estudo comportamental e ecológico das espécies florestais (Durigan
& Silveira 1999).
As Unidades de Conservação representam uma das melhores estratégias de proteção do
patrimônio natural. Nestas áreas, a fauna e a flora são conservadas assim como os processos
ecológicos dos ecossistemas, garantindo a manutenção do estoque da biodiversidade (IBAMA
2003).
A Lei n. 9985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), define as Unidades de Conservação como um espaço territorial e seus
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituído pelo poder público, com objetivos de conservação e limites definidos,
sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção
(BRASIL 2000)
Entre os objetivos do SNUC, destacam-se:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no
território nacional e nas águas jurisdicionais; III - contribuir para a preservação e a
restauração da diversidade de ecossistemas naturais; e IX - recuperar ou restaurar
ecossistemas degradados.
Considerando os objetivos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e sua
função e importância para toda a sociedade, o objetivo final da recuperação de áreas degradadas
nas Unidades de Conservação deve ser o de restaurar os ecossistemas o mais próximo possível
das suas condições originais (Sessegolo 2005).
Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000), Área de
Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a
qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos
proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a
sustentabilidade dos uso do recursos naturais.
Na busca de atingir o principal objetivo da recuperação ambiental, podem ser
empregados vários modelos, que dependem de ambiente para ambiente. Existem dois modelos
de recuperação de áreas degradadas, os quais podem ser agrupados em simples e complexos
(Martins 2001). No modelo simples são utilizadas espécies apenas para proteção inicial do solo;
já no modelo complexo procura-se através de conhecimentos ecológicos, buscar a recuperação
12
das funções ecológicas utilizando-se modelos como: reflorestamento homogêneo, ilhas
vegetativas, plantio ao acaso, regeneração natural e sucessional.
A combinação de espécies de diferentes grupos sucessionais é de bastante importância,
pois as florestas são formadas por meio do processos que ocorre após distúrbio, onde há grupos
de espécies que são adaptados a uma condição de maior luminosidade, colonizando as áreas
abertas, crescendo rapidamente e fornecendo o sombreamento necessário para o
estabelecimento de espécies mais tardias na sucessão (Martins 2001).
Dessa forma, Swaine & Whitmore (1998), definem grupos ecológicos para espécies
arbóreas de florestas tropicas em duas categorias: espécies pioneiras e climácicas. As espécies
pioneiras possuem rápido crescimento, germinam e se desenvolvem em condições de bastante
luminosidade, fornecendo o sombreamento e produção precoce de sementes pequenas,
normalmente com dormência, as quais são predominantemente dispersadas por animais
(Martinez-Ramos 1985). Já as espécies climácicas possuem crescimento lento, germinam e se
desenvolvem com pouca luminosidade, produzem sementes grandes, normalmente sem
dormência, além de copa mais densa e compacta, devido às condições de sombreamento
(Macedo 1993).
Os modelos sucessionais são os que normalmente geram os melhores resultados em
termos de sobrevivência e de crescimento das mudas e na proteção dos fatores edáficos e
hídricos (Martins 2001). Estes modelos sucessionais são: plantio em linha com duas espécies,
plantio em linha com várias espécies, plantio em quincôncio, plantio em módulos e plantio
adensado. Para se obter sucesso em trabalhos de recuperação/restauração ambiental a escolha
das espécies utilizadas é de fundamental importância.
Os principais fatores limitantes para o sucesso da recuperação, em geral, são a escolha
das espécies, a qualidade das mudas e as características do ambiente, como: umidade,
temperatura do ar, luminosidade e características físico-químicas do solo (Fonseca & Ribeiro
1998). Segundo Mundim (2004), a escolha das espécies deve ser fundamentada em diversas
informações, tais como levantamentos florísticos e fitossociológicos da área, experiências em
viveiros ou casa de vegetação, levantamento bibliográfico de experiências parecidas de
recuperação, estudos sobre regeneração natural em locais degradados e a ecologia das espécies.
Segundo Lorenzi (2008) as espécies pioneiras Guazuma ulmifolia, Anadenanthera
macrocarpa e Enterolobium contortisiliquum são consideradas importantes na recuperação de
áreas degradadas, pois apresentam crescimento rápido, como foi evidenciado por Pereira et al.
(2012), na avaliação do índice de sobrevivência e crescimento de espécies arbóreas utilizadas
em recuperação de áreas degradadas, onde observou-se que as espécies Guazuma ulmifolia e a
13
Mimosa caesalpineafolia foram as espécies que conseguiram o maior índice de sobrevivência.
A Anadenanthera macrocarpa e a Ochroma pyramidalis apresentaram o maior crescimento em
altura.
Além de apresentarem crescimento rápido, as espécies pioneiras mudam as condições
ambientais, tais como disponibilidade de luz, umidade, calor, ventos e nutrientes, possibilitando
assim o estabelecimento de espécies climácicas (Duarte & Bueno 2006).
Além de uma escolha correta e adequada das espécies, necessário se faz também que as
áreas recém plantadas sejam avaliadas e monitoradas, de modo a se reduzir ou minimizar os
fatores de pressão às espécies plantadas. Ou ainda, avaliar periodicamente o desenvolvimento
e a funcionamento destas áreas em termos de abordagem ecológica.
O monitoramento e avaliação das espécies utilizadas na recuperação de áreas
degradadas é de fundamental importância para verificar se a área atingiu o estado pré-definido
(Sorreano 2002).
A avaliação e monitoramento de florestas implantadas são fundamentais para o
melhoramento das técnicas de restauração, especialmente em ecossistemas tropicais e
subtropicais, onde a grande diversidade e complexidade das interações entre organismos
representam o grande desafio da restauração (Souza & Batista 2004).
As principais atividades de monitoramento após a fase de implantação, segundo Rezende
(2006) são: capinas, controle de formigas cortadeiras, adubação de cobertura, reparo de cercas
e reforma de aceiros. Estas ações darão condições para que a natureza se encarregue da
continuidade do processo de recuperação (Rezende 2006).
Para avaliação de crescimento de mudas é utilizado os parâmetros morfológicos, como a
altura da parte aérea (H) e o diâmetro do colo (DC). A altura da parte aérea é medida do colo
das plantas até a gema apical, em centímetros (PAIVA 2000), sendo considerada também como
um dos mais importantes parâmetros para estimar o crescimento no campo (REIS et al. 1991).
O diâmetro do coleto é facilmente mensurável e por ser obtido sem a destruição da planta, é
considerado por muitos pesquisadores, como um dos mais importantes parâmetros para estimar
a sobrevivência de mudas de diferentes espécies florestais, (CARNEIRO 1976; REIS et al.
1991; FONSECA 2000).
3. Material e Métodos
3.1.Área de estudo
A Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu está localizada na zona Norte do de
Aracaju, limitando-se ao Norte com o Rio do Sal, ao Leste com o Rio Sergipe e, ao Sul e Oeste
14
com áreas urbanas do município (Silva 2004) (Figura 1). Caracteriza-se pelo último
remanescente de Mata Atlântica do perímetro da capital sergipana, com uma área de 213,87ha,
sendo o seu perímetro de 8.135,28m (Matos 2010).
A APA foi estabelecida por meio do decreto estadual 13.713 de 15 de junho de 1993 e,
posteriormente, a estrutura administrativa foi alterada pelo decreto estadual 15.505, de 14 de
julho de 1995. Dentro desta área, está inserido o Parque Estadual Rollemberg Leite (Pinto
2008).
Figura 1. Localização da Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu, no município de
Aracaju - SE. Fonte: Chagas (2008).
3.2.Produção de mudas
As mudas destinadas para a realização deste projeto foram produzidas e fornecidas pelo
Viveiro Florestal, Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Sergipe,
como parte do Convênio estabelecido entre a SEMARH/UFS/DCF.
3.3.Seleção de espécies florestais para recuperação ambiental e para uso paisagístico
As espécies utilizadas na recuperação ambiental na APA Morro do Urubu foram indicadas
com base na abundância na região, ocorrência natural na Mata Atlântica sergipana e por
15
apresentarem potencial para esta finalidade, de acordo com análises de vegetação já realizadas
na APA ou em áreas adjacentes (Tabela 1).
Tabela 1. Relação de mudas plantadas no Projeto de Recuperação Ambiental e Arborização
Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu – Aracaju/SE.
No Nome Popular Nome Científico
1 Angelim Andira fraxinifolia Benth.
2 Angico Anadenanthera macrocarpa (Benth). Bren.
3 Aroeira Schinus terebinthifolius Raddi.
4 Biriba Eschweilera ovata (Cambess.) Miers
5 Cajá Spondias mombin L.
6 Canafístula Cassia grandis L.f
7 Craibeira Tabebuia aurea (Silva Manso) S. Moore
8 Embaúba Cecropia pachystachya Trécul.
9 Falso-ingá Lonchocarpus sericeus (Poir) D.C.
10 Ipê-amarelo Tabebuia serratifolia
11 Jatobá Hymenaea courbaril (Hayne) Y.T.Lee & Langenh.
12 Jatobá-mirim Hymenaea stilbocarpa Mart. ex Haynevar. var.
stilbocarpa
13 Jenipapo Genipa americana L.
14 Juazeiro Ziziphus joazeiro Mart.
15 Mulungu Erythrina velutina Willd.
16 Mutamba Guazuma ulmifolia Lam.
17 Paineira Chorisia glaziovii St. Hilaire
18 Pau-brasil Caesalpinia echinata Lam.
19 Pau-pombo Tapirira guianensis Aubl.
20 Saboneteira Sapindus saponaria L.
21 Sapucaia Lecythis cf. pisonis Cambess
22 Sucupira Bowdichia virgilioides fo. virgilioides
23 Tamboril Enterolobium contortisiliquum Vell. Morong.
3.4.Escolha das espécies para avaliação da sobrevivência e crescimento
Foram sorteadas três espécies pioneiras (Tabela 2) do Projeto de Recuperação Ambiental
e Arborização Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu – Aracaju/SE,
implementado em maio de 2014 (Figura 2).
Foram escolhidas espécies pioneiras por apresentarem um importante papel ecológico de
alterar as condições da comunidade de modo e facilitar o estabelecimento de espécies de
estádios sucessionais subsequentes. Além de oferecer vantagens para a germinação das
sementes e desenvolvimento das plântulas, amenizando a variação da temperatura,
disponibilizando melhores condições de luz, umidade e nutrientes.
16
Tabela 2. Relação das espécies selecionadas para avaliação do índice de sobrevivência e
crescimento, no período do 18o ao 22o mês de idade, do Projeto de Recuperação Ambiental e
Arborização Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do Urubu – Aracaju/SE.
N° Nome
Popular
Nome Científico Família Grupo
Ecológico
Quantidade
1 Angico -
vermelho
Anadenanthera
macrocarpa (Benth).
Bren.
Fabaceae-
Mimosoideae
Pioneira 46
2 Mutamba Guazuma ulmifolia Lam. Malvaceae Pioneira 23
3 Tamboril Enterolobium
contortisiliquum Vell.
Morong.
Fabaceae-
Mimosoideae
Pioneira 27
Total 96
Figura 2. Placa indicativa do Projeto de Recuperação Ambiental e Arborização Urbana na Área
de Proteção Ambiental Morro do Urubu – Aracaju/SE.
3.5.Plantio
As mudas do projeto de Recuperação Ambiental e Arborização Urbana na Área de
Proteção Ambiental Morro do Urubu, Aracaju/SE, foram plantadas com orientação da equipe
técnica responsável (coordenador técnico e análise de vegetação) em covas medindo
30x30x30cm, na estação chuvosa (maio a julho de 2014), para assegurar melhor
desenvolvimento inicial e maior sobrevivência destas após o plantio no campo. As mudas foram
plantadas com espaçamento de 3m x 3m, totalizando 1.111 mudas por hectare, alternando-se
17
espécies de crescimento rápido e crescimento lento, levando-se em consideração a dinâmica de
sucessão quanto aos grupos ecológicos das espécies selecionadas. Neste trabalho foram
escolhidas 3 espécies pioneiras, totalizando 96 mudas, para a avaliação de crescimento e
sobrevivência (Figura 3).
Figura 3. Espécies Anadenanthera macrocarpa (A), Guazuma ulmifolia (B) e Enterolobium
contortisiliquum (C) do Projeto de Recuperação Ambiental e Arborização Urbana na Área de
Proteção Ambiental Morro do Urubu, Aracaju/SE, selecionadas para a avaliação de
sobrevivência e crescimento.
Previamente ao plantio, foi realizado o combate às formigas (por meio de iscas granuladas
ou formulação em pó) e às plantas invasoras na área (por meio de capina manual). O
monitoramento quanto à presença de formigas foi realizado a cada 3 meses e, quando
necessário, foi realizado o combate imediatamente. Para impedir a competição das plantas
invasoras com as mudas plantadas realizou-se um coroamento, com um raio de 50 cm no
entorno das mudas. Para isto, foram realizadas capinas manuais para proteção das mudas. Estas
operações foram realizadas em intervalos de três meses.
Para a fertilização das mudas foram recomendados dois tipos de adubação: a) adubação
inicial com superfosfato simples ou triplo para promover um melhor desenvolvimento inicial e
b) adubação de cobertura, realizada 45 dias após o plantio, empregando-se uma formulação de
A B C
18
NPK, cuja finalidade é assegurar o status nutricional das mudas para um completo e satisfatório
estabelecimento e crescimento inicial. Para esta operação, empregou-se uma adubação padrão
utilizando-se 200g de adubo por muda, tanto na adubação inicial quanto em cobertura.
3.6.Monitoramento e Avaliações
Foi realizado o monitoramento periódico das áreas implantadas com o objetivo de
impedir o arranquio de mudas pelos visitantes, queimadas, competição das mudas com as
plantas invasoras, perdas de mudas por formigas cortadeiras, entrada de animais domésticos e
novas ações antrópicas.
Foi avaliada a sobrevivência das mudas, por meio de contagem direta, assim como as
características de crescimento (altura da parte aérea (H), diâmetro do colo (DC) e taxa de
crescimento relativo (TCR)), realizadas mensalmente do 18o ao 22o mês após o plantio
(Novembro/2015 a Março/2016). Para medir o diâmetro do colo utilizou-se paquímetro manual
(0,05mm) de precisão e a altura total foi obtida com o auxílio de régua graduada (Figura 4). A
TCR foi obtida por meio da diferença entre a altura final e inicial dividindo pela altura inicial
vezes 100.
Foi obtido por meio do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a precipitação
média mensal do município de Aracaju/Se, durante o período de avaliação de crescimento das
mudas (Novembro/2015 a Março/2016).
Com base nas avaliações, foram confeccionadas curvas de crescimento das espécies através
do software gráfico Origin 8 (OriginLab, Northampton, MA).
19
Figura 4. Avaliação do diâmetro do colo utilizando paquímetro manual (0,05mm) e altura total
com o auxílio de régua graduada, APA Morro do Urubu, Aracaju – SE, 2016.
4. Resultados e Discussão
4.1.Sobrevivência
O número total de indivíduos por espécie, número de indivíduos vivos no 22o mês de
idade e a taxa de sobrevivência observada são apresentados na Tabela 3.
Segundo Duboc & Guerrini (2007), espécies que possuem baixa sobrevivência são
aquelas que apresentam valores menor ou igual a 60%, média sobrevivência as que apresentam
valores entre 61 e 80% e espécies acima de 81% apresentam alta sobrevivência.
Como pode ser verificado, de modo geral todas as espécies apresentaram índice de
sobrevivência alto. Este fato demonstra que as espécies pioneiras avaliadas apresentaram uma
boa adaptação às condições dos locais de plantio.
20
Tabela 3. Índice de sobrevivência ao 22o mês de Anadenanthera macrocarpa, Guazuma
ulmifolia e Enterolobium contortisiliquum, na APA Morro do Urubu, Aracaju - SE, 2016. (N0:
número de indivíduos, N1: número de indivíduos no 22o mês de idade).
Espécies N0 N1 Sobrevivência (%)
Anadenanthera macrocarpa 46 36 78,26
Guazuma ulmifolia 23 23 100,00
Enterolobium contortisiliquum 27 25 92,59
A maior sobrevivência, aos 22 meses de idade, foi registrada para a espécie mutamba
(G. ulmifolia) com 100%. O alto índice de sobrevivência obtido para mutamba neste trabalho,
também foi observado no trabalho de avaliação inicial da recuperação de mata ciliar em
nascentes (Alvarenga 2004), onde a mesma espécie apresentou 100% de sobrevivência. Foi
também evidenciado um índice de sobrevivência superior a 90% no trabalho de Moreira (2002)
com manejo do solo e recomposição vegetação em uma área de degradada pela extração de
bauxita em Poços de Caldas-MG, e no trabalho realizado por Pereira et al. (2012) com a
avaliação do índice de sobrevivência e crescimento de espécies arbóreas utilizadas na
recuperação de áreas degradadas em Uberlândia-MG.
E. contortisiliquum apresentou sobrevivência de 92,59%, semelhante ao encontrado por
Poester (2012) em um trabalho de reflorestamento de mata ciliar, no município de Maquiné-
RS. Aos 240 dias de plantio, o autor encontrou um índice de sobrevivência de 96,3%.
A. macrocarpa apresentou um índice de 78,6%, semelhante ao observado por Silva &
Barbosa (2000), numa área de Caatinga, em Alagoinha-PE, onde a mesma espécie apresentou
um índice de 73,3% de sobrevivência. A mortalidade encontrada em A. macrocarpa (21,4%),
pode ter sido influenciado pela presença de lixo comum e hospitalar em uma área do plantio,
pois todas as seis mudas plantadas nessa área morreram (Figura 5).
21
Figura 5. Lixo comum e hospitalar encontrado na área de implantação do Projeto de
Recuperação Ambiental e Arborização Urbana na Área de Proteção Ambiental Morro do
Urubu, Aracaju/SE.
4.2.Altura
Os valores médios referentes às alturas das espécies e a precipitação do 18o ao 22o mês
de idade podem ser observados na figura 6. As espécies A. macrocarpa (280,42 cm) e E.
contortisiliquum (268,80 cm) apresentaram maiores médias, evidenciando maior
desenvolvimento em altura, quando comparadas à G. ulmifolia (236,4 cm). É possível observar
que após o 20o mês de idade houve um maior incremento de altura, isso está relacionado ao
aumento da disponibilidade de água no solo para as plantas devido a maior precipitação (78
mm) no 20o mês.
Segundo Lorenzi (2008), A. macrocarpa, destaca-se entre as espécies da flora
brasileira, por apresentarem maior crescimento em altura e largura da copa, sendo assim usadas
constantemente em programas de recomposição florestal.
Pereira et al. (2012) verificaram que dentre as 11 espécies arbóreas utilizadas na
recuperação ambiental de uma área de voçoroca em Uberlândia-MG, as espécies que
apresentaram maior altura média foram Albizia lebbek, Ochroma pyramidalis e Anadenanthera
macrocarpa com valores superiores a 100 cm.
22
Essa característica de crescimento rápido em leguminosas é devido, principalmente,
pela capacidade de fixar nitrogênio livre do ar, através da simbiose com bactérias do gênero
Rhizobium (Poggiani et al. 1981).
18 19 20 21 22
170
180
190
200
210
220
230
240
250
260
270
280
290 A. macrocarpa
G. ulmifolia
E. contortisiliquum
Idade (Meses)
Alt
ura
(cm
)
10
20
30
40
50
60
70
80
Precipitação
Pre
cip
ita
ção
(m
m)
Figura 6. Precipitação e altura média mensal de A. macrocarpa, G. ulmifolia e E.
contortisiliquum, no período do 18o ao 22o de idade. APA Morro do Urubu, Aracaju – SE, 2016.
De acordo com os resultados obtidos para a TCR de altura (Tabela 4), observou-se que
G. ulmifolia apresentou maior valor de 36,32%, expressando maior incremento da altura em
relação a E. contortisiliquum (30,63%) e A. macrocarpa (30,08%).
Tabela 4. Taxa de crescimento relativo em altura das espécies Anadenanthera macrocarpa,
Guazuma ulmifolia e Enterolobium contortisiliquum, após o 22o mês de idade. (H0 – altura 18o
mês, H1 – altura final e TCR – taxa de crescimento relativo). APA Morro do Urubu, Aracaju/SE.
Espécie Altura Total (cm)
H0 H1 TCR%
Anadenanthera macrocarpa 215,57 280,42 30,08
Guazuma ulmifolia 173,48 236,5 36,32
Enterolobium contortisiliquum 202,78 268,8 30,63
23
4.3.Diâmetro do colo
Para esta característica foram obtidas respostas diferenciadas quanto ao diâmetro do
colo (Figura 7). A espécie E. contortisiliquum apresentou um maior valor para essa variável
(4,88 cm) em comparação com G. ulmifolia (4,32 cm) e A. macrocarpa (3,44 cm). Observa-se
que após o 20o mês de idade houve um maior incremento do diâmetro do colo, isso está
relacionado ao aumento da disponibilidade de água no solo para as plantas devido a maior
precipitação (78 mm) no 20o mês.
Fazendo-se análise comparativa com o trabalho de reflorestamento de mata ciliar
realizado por Poester (2012), pode-se observar que dentre 16 espécies analisadas o E.
contortisiliquum apresentou maior diâmetro do colo.
Para McTague & Tinus (1996), o diâmetro de colo é a medida morfológica que melhor
ajusta-se aos modelos de predição da sobrevivência após o plantio, ou seja, há uma forte
correlação entre o diâmetro do colo e a porcentagem de sobrevivência. Isso pode ser observado
para E. contortisiliquum e G. ulmifolia, que apresentaram maior diâmetro do colo (4,88 e 4,32
cm) e maior sobrevivência (92,59 e 100%), respectivamente.
18 19 20 21 22
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5P
reci
pit
açã
o (
mm
)
Diâ
met
ro d
o c
olo
(cm
)
Idade (Meses)
A. macrocarpa
G. ulmifolia
E. contortisiliquum
10
20
30
40
50
60
70
80
Precipitação
Figura 7. Precipitação e diâmetro do colo médio mensal de A. macrocarpa, G. ulmifolia e E.
contortisiliquum, no período do 18o ao 22o de idade.
Nas taxas de crescimento relativo do diâmetro do colo (Tabela 5), A. macrocarpa
apresentou maior porcentagem (61,5%), seguida de E. contortisiliquum (46,1 %) e G. ulmifolia
24
(38,9%) respectivamente. A A. macrocarpa ao ultrapassar os estágios iniciais de
estabelecimento tem seu crescimento acelerado, em relação às demais.
Tabela 5. Taxa de crescimento relativo em diâmetro do colo das espécies Anadenanthera
macrocarpa, Guazuma ulmifolia e Enterolobium contortisiliquum, após o 22o mês de idade.
(DC0 – diâmetro do colo 18o mês, DC1– diâmetro do colo final e TCR – taxa de crescimento
relativo). APA Morro do Urubu, Aracaju/SE.
Espécie Diâmetro do colo (cm)
DC0 DC1 TCR%
Anadenanthera macrocarpa 2,13 3,44 61,5
Guazuma ulmifolia 3,11 4,32 38,9
Enterolobium contortisiliquum 3,34 4,88 46,1
5. Considerações finais
As espécies obtiveram, no período avaliado, altas taxas de crescimento e sobrevivência,
confirmando sua importância para recuperação de áreas degradadas. Além disso, por serem
espécies facilitadoras ao se desenvolverem promovem o sombreamento da superfície, o
acúmulo de matéria orgânica no solo, beneficiando o aumento de umidade e favorecendo a
formação de agregados de outras espécies ao seu redor, acelerando, assim, o processo de
sucessão primária.
Este estudo deve ser continuado, tomando-se medidas periódicas e por um período de
tempo a fim de impedir o arranquio de mudas pelos visitantes, queimadas, competição das
mudas com as plantas invasoras, perdas de mudas por formigas cortadeiras, entrada de animais
domésticos e novas ações antrópicas, além de verificar o comportamento das espécies e
assegurar a sua sobrevivência.
25
6. Referências
I. AMARAL, L. A. 2010. Recuperação de áreas degradadas via semeadura direta de
Espécies florestais nativas. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) –
Núcleo de Engenharia Florestal, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Universidade Federal de Sergipe. p.52.
II. ALVARENGA, A. P. 2004. Avaliação inicial da recuperação de mata ciliar em
nascentes. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
p.175.
III. BITAR, O. Y. 1997. Avaliação da recuperação de áreas degradadas por mineração
na região metropolitana de São Paulo. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo/Departamento de Engenharia de Minas. p.185.
IV. BRASIL. 2000. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o,
incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br. Acesso em 25/04/2016.
V. CARNEIRO, J. G. A. 1976. Determinação padrão de qualidade de mudas de Pinus
taeda L. para plantio definitivo. 70p. [Tese (Mestrado em Ciências Florestais)] -
Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
VI. CARPANEZZI, A. A.; COSTA, L. G. S.; KAGEYAMA, P. Y.; CASTRO, C. F. A.
1990. Espécies pioneiras para recuperação de áreas degradadas: a observação de
laboratórios naturais. In: Congresso Florestal Brasileiro. Anais...São Paulo:
Sociedade Brasileira de Silvicultura. v.3. p.216-221.
VII. CHAGAS, D.C.O. 2008. Indicadores de qualidade ambiental como subsídio ao
planejamento da Área de Proteção do Morro do Urubu (Aracaju, SE). Dissertação
de Mestrado, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE. p.119.
VIII. DUARTE, R. M. R.; BUENO, M. S. G. 2006. Fundamentos ecológicos aplicados à
RAD para matas ciliares do interior paulista. In: BARBOSA, L. M. (Coord.).
Manual para recuperação de áreas degradadas do Estado de São Paulo: Matas ciliares
do interior paulista. São Paulo: Instituto de Botânica. p. 30-41.
IX. DUBOC, E.; GUERRINI, I. A. 2007. Crescimento inicial e sobrevivência de espécies
florestais de matas de galeria no domínio do Cerrado em resposta à fertilização.
Energia na Agricultura, Botucatu, v.22, n.1, p. 42-60.
X. DURIGAN, G.; SILVEIRA, E. R. 1999. Recomposição da mata ciliar em domínio
de cerrado, Assis, SP. Scientia Forestalis, n. 56, p. 135-144.
26
XI. FONSECA, C.E.L; RIBEIRO, J.F. 1998. Produção de mudas e crescimento inicial
de espécies arbóreas. In: Ribeiro, J. F. (ed.). Cerrado matas de galeria. Planaltina:
EMBRAPA-CPAC. p.121-133.
XII. FONSECA, E. P. 2000. Padrão de qualidade de mudas de Trema mícrantha (L.)
Blume., Cedrela fissilis Vell. e Aspidosperma polyneuron Muil Arg. Produzidas sob
diferentes períodos de sombreamento.113p. 2000. [Tese (Doutorado em
Agronomia)]- Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal, UEP.
XIII. IBAMA. 2003. Plano de Manejo da Estação Ecológica de Tamoios - Fase 1, Encarte
2- Contexto Federal. Disponível em:
http://www.icmbio.gov.br/esectamoios/images/stories/plano_de_manejo/Encarte_2.pd
f. Acesso em 23/11/2015.
XIV. INMET. 2016. Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em:
http://www.inmet.gov.br/. Acesso em 16/04/2016.
XV. KAGEYAMA, P.; GANDARA, F. B. 2004. Recuperação de áreas ciliares. in: (R.R.
Rodrigues, H. F. Leitão-Filho, eds.). Edusp/Fapesp, São Paulo. Matas Ciliares:
Conservação e Recuperação, 2 ed. 1. reimpr. p.249-269.
XVI. LIMA, P. C. F. 2004. Áreas Degradadas: Métodos de Recuperação no Semi-árido
Brasileiro. In: XXVII REUNIÃO NORDESTINA DE BOTÂNICA, Petrolina. P. 1-10.
XVII. LORENZI, H. 2008. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de
plantas arbóreas nativas do Brasil. Editora Plantarum, Nova Odessa/SP. 5 ed.v.1,
p.384.
XVIII. MACEDO, A. C. 1993. Revegetação Matas Ciliares e de Proteção Ambiental.
Governo do Estado de São Paulo. Fundação Florestal. São Paulo. p.1-24
XIX. MARTINS, S. V. 2001. Recuperação de matas ciliares. Viçosa-MG: Ed. Aprenda
Fácil. p.1-220.
XX. MARTINEZ-RAMOS, M. C. 1985. Ciclos vitals de los arboles tropicales y
regeneración natural de las selvas altas perennifolias. In: GOMEZ-POMPA, A.;
AMO, S.R. (Ed). Investigaciones sobre a regeneracion de selva altas en Vera Cruz,
México. México: Editorial Alhambra Mexicana. p. 191-199.
XXI. MATOS, A.A. 2010. Gestão e percepção ambiental: a Área de Proteção Ambiental
Morro do Urubu – Aracaju – SE. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e
Meio Ambiente.Universidade Federal de Sergipe. São Cristovão/SE. p.167.
27
XXII. McTAGUE, J. P.; TINUS, R. W. 1996. The Effects of Seedling Quality and Forest Site
Weather on Field Survival of Ponderosa Pine. Tree Planter's Notes, V. 47, n°.1, p. 16-
23.
XXIII. MOREIRA, P. R.2004. Manejo do solo e recomposição da vegetação com vistas a
recuperação de áreas degradadas pela extração de bauxita, Poços de Caldas, MG.
Tese de doutorado em Ciências Biológicas.Instituto de Biociências da Universidade
Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, Rio Claro – SP. p.154.
XXIV. MOREIRA, M. A. 2002.Modelos de plantio de florestas mistas para recomposição
de mata ciliar. 99 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) - Universidade
Federal de Lavras, Lavras, MG.
XXV. MUNDIM, T. G. 2004. Avaliação de espécies nativas usadas na revegetação de
áreas degradadas no Cerrado. Monografia. Brasília: UnB, 2004. p.100.
XXVI. NOFFS, P. S.; GALLI, L. F.; GONÇALVES, J. C. 2000. Recuperação de áreas
degradadas da Mata Atlântica. São Paulo: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera
da Mata Atlântica. Caderno nº. 3. 2 ed. p.48.
XXVII. PAIVA, H. N. 2000 Toxidez de Cd, Ni, Pb, e Zn em mudas de cedro (Cedrela fissilis
Vell.) e ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standl.), 283p. [Tese (Doutorado
em Agronomia/Fitotecnia)]. Universidade Federal de Lavras UFLA, Lavras.
XXVIII. PEREIRA, J. S.; ABREU, C. F. N. R.; JUNIOR, R. A. P.; RODRIGUES, S. C. 2012.
Avaliação do índice de sobrevivência e crescimento de espécies arbóreas utilizadas na
recuperação de área degradada. REVISTA GEONORTE, Edição Especial, v.1, n.4,
p.138 – 148.
XXIX. PINTO, J. B. 2008. Possiblidades de Desenvolvimento do ecoturismo na Área de
Proteção Ambiental Morro do Urubu (Aracaju/Se). Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente). Universidade Federal de Sergipe, São
Cristóvão/SE. p.128.
XXX. POESTER, G. C. 2012. Crescimento inicial e sobrevivência de espécies florestais
nativas em reflorestamento de mata ciliar, no Município de Maquiné, RS. Trabalho
de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biologicas). Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Porto Alegre/RS. p.22.
XXXI. POGGIANI, F.; SIMÕES, J. W.; MENDES-FILHO, J. M. A.; MORAIS, A. L. 1981.
Utilização de Espécies Florestais de Rápido Crescimento na Recuperação de Áreas
Degradadas. Piracicaba: ESALQ, Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais,
Departamento de Silvicultura. Série Técnica 2(4): p.1-25.
28
XXXII. QUOOS, R. D. 2009. Sistemas agroflorestais: ferramentas da biodiversidade para
uma agricultura sustentável. In: SALIO, F. D.; KUBO, R. R. (orgs.). Agricultura e
Sustentabilidade, Universidade Federal Do Rio Grande Do Sul. P.97-115.
XXXIII. REIS, M. G. F., REIS, G. G. REGAZZI, A. J.; LELES, P. S. S. 1991. Crescimento e
forma de fuste de mudas de jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra Fr. Aliem) sob
diferentes níveis de sombreamento e tempo de cobertura. R. Árvore, v.15, n.1, p.23-34.
XXXIV. REZENDE, A. M. S. 2006. Recuperação de vegetação ciliar: estabelecimento de
Espécies florestais em diferentes municípios de Sergipe. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Engenharia Florestal). Universidade Federal de Sergipe. São
Cristóvão/SE. p.55.
XXXV. RODRIGUES R. R.; GANDOLFI S. 2004. Conceitos, Tendências e Ações para a
Recuperação de Florestas Ciliares in: (R.R. Rodrigues, H. F. Leitão-Filho, eds.).
Edusp/Fapesp, São Paulo. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação, 2 ed. 1. reimpr
p.235-247.
XXXVI. RODRIGUES, W. N.; MARTINS, L. D.; PEREIRA, D. P.; TOMAZ, M. A. 2012.
Recuperação de áreas degradadas. In: MARTINS, L. D.; HANNAS, T. R.;
VENTURA, R. C. M. O.; ALVIM-HANNAS, A. K. F.; MENDONCA, J. A.; FUCIO,
L. H.; LONGO, L. B. F.; LAMAS, L. P. A.; SILVA, L. B.; FURTADO, L. B.; COSTA,
M. O.; SILVA, R. C. S. (Org.). Atualidades em desenvolvimento sustentável.
Manhuaçú: FACIG, p. 21-35.
XXXVII. SESSEGOLO, G. C. 2005. Recuperações de Áreas Degradadas em Unidades de
Conservação. In: IAP. Unidades de Conservação: Ações para a Valorização da
Biodiversidade. Governo do Paraná, p. 25-33.
XXXVIII. SILVA, K.C.T. 2004. O urbano, o rural e o ambiental nas transformações do Bairro
Porto Dantas, no norte da cidade de Aracaju - SE. Dissertação - Mestrado em
Geografia. Universidade Federal de Sergipe, São Cristovão/SE. p.134.
XXXIX. SILVA, L. M. B.; BARBOSA, D. C. A. 2000. Crescimento e sobrevivência de
Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan (Leguminosae), em uma área de
Caatinga, Alagoinha, PE. Acta Botânica Brasilica, v.14, n.3, p.251-261.
XL. SORREANO, M.C.M. 2002. Avaliação de aspectos da dinâmica de florestas
restauradas, com diferentes idades. Dissertação de Mestrado em Recursos Florestais.
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo,
Piracicaba/SP. p.154.
29
XLI. SOUZA, F.M. & BATISTA, J.L.F. 2004. Restoration of seasonal semideciduos forest
in Brasil: influence of age and restoratio design on forest structure. Forest Ecology
and Management, v.191, p.185-200.
XLII. SWAINE, M.D.; WHITMORE, T.C. 1998. On the definition of ecological species
groups in tropical rain forests. Vegetatio, Dordrecht, v.75, p.81-86.