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SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Fontes de Informação Sociológica
João António Brojo Ferrão Marques Gonçalves Nº20040577
“SOCIEDADE DA
INFORMAÇÃO”
"É possível enganar algumas pessoas durante todo o
tempo e todas as pessoas durante algum tempo, mas é
impossível enganar todas as pessoas durante todo o
tempo"
(Abraham Lincoln apud José Manuel Barata-Feyo)
“Toda a arte da guerra tem por base o logro”
(Sun Tzu apud Vladimir Volkoff)
“Toda a arte do político é fazer crer”
(Maquiavel apud Vladimir Volkoff)
“Digam-lhes o que eles querem ouvir”
(Lenine apud Vladimir Volkoff)
“Uma meia verdade é a pior das mentiras em
informação”
José Manuel Barata-Feyo
Índice INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................1 1. DESENVOLVIMENTO.........................................................................................................................3
1.1 SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO ...........................................................................................................3 1.2. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, E EM ESPECIAL A INTERNET, COMO FACTOR DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO E CULTURAL.................................................................6 1.3. O PODER DA IMAGEM, DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL, INTERNET E TELEVISÃO COMO MEIO DE MANIPULAÇÃO E DESINFORMAÇÃO. .............................................................................8
1.3.1. O poder da imagem..............................................................................................................8 1.3.2. Meios de comunicação social, Internet e televisão, como meio de manipulação e desinformação....................................................................................................11
1.4. A TELEVISÃO E OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL COMO ARMAS DO PODER ....................17 2. MÉTODO DE PESQUISA.................................................................................................................20 3. AVALIAÇÃO DE UMA PÁGINA DA INTERNET......................................................................23 4. FICHA DE LEITURA .........................................................................................................................25 5.CONCLUSÃO ..........................................................................................................................................28 6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................................30 ANEXOS
Anexo I – Página da Internet avaliada
Anexo II – Capitulo “um caso exemplar” do livro, Pequena história da
desinformação: do cavalo de Tróia à Internet de Vladimir Volkoff (2000)
Anexo III – Estatísticas do INE sobre a Internet em Portugal
Anexo IV – Publicidade censurada pela MTV, em formato digital.
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Introdução
Este trabalho realiza-se no âmbito da cadeira de fontes de informação
sociológica e tem como tema a sociedade da informação. Antes de mais,
é necessário referir a complexidade do estudo deste tema. Por diversas
razões, entre as quais a sua definição e a sua abrangência. No que toca
à primeira, é necessário encarar a sociedade da informação como uma
sociedade em que a informação e a tecnologia são supostamente
globalizadas por motivos que serão referidos neste trabalho. A
dificuldade que a abrangência deste tema levanta prende-se com o facto
de que muito do que hoje vivemos se relaciona com as novas
tecnologias, ou seja, com o facto de vivermos na sociedade da
informação.
Neste trabalho abordarei o tema segundo três dimensões, subdividindo
as mesmas, sabendo, no entanto, que muito fica por dizer no que toca a
este assunto. Tentarei ser objectivo no tratamento destas dimensões,
quanto a mim as mais importantes, devido ao seu carácter ético e
problemático – e aqui reside o motivo da selecção destas.
Posto isto, iniciarei o estudo com a abordagem à dimensão eticamente
menos problemática. Passarei, de seguida, ao estudo de uma dimensão
de importância capital na medida em que alerta para o lado negro da
informação e sua difusão. Acabarei, então, o estudo com a abordagem
da terceira dimensão, a relação entre as duas primeiras, e a sua ligação.
Seguindo a mesma ordem, as respectivas dimensões terão como
problemática: a Internet e as tecnologias da informação como factor de
desenvolvimento económico, e as estatísticas de uso de Internet e de
computador, sob uma questão de fundo: será o uso da Internet
globalizado? Posteriormente irei abordar o poder da imagem e os meios
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de comunicação social, Internet e televisão, como meio de manipulação
e desinformação. Por último, abordarei a relação existente entre os dois
temas anteriores em que encararei a televisão e os meios de
comunicação social como armas do poder, seja ele político, económico,
ou religioso. No entanto, não distinguirei muito os poderes, pretendo
sim observá-los como um todo, podendo referir um ou outro em
particular para o seu imperialismo cultural, e/ou económico, e/ou
político.
De seguida, comentarei o meu processo de pesquisa e leitura,
esclarecendo acerca da forma como seleccionei os sub temas estudados.
Posteriormente, apresentarei a ficha de leitura do capítulo de um livro
escolhido, que se revelou útil pelo alerta que dá acerca de uma
dimensão estudada. Farei também a avaliação de uma página da
Internet e terminarei este trabalho com uma conclusão, que será uma
breve reflexão sumária do que tratei.
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1. Desenvolvimento
1.1 Sociedade da informação
Computadores, Internet, telemóveis, telefone, relações à distância,
crescente globalização das relações...O que é isto? Em termos gerais,
são apenas exemplos de características da sociedade da informação.
Sociedade da informação é um termo muito abrangente e complexo. No
entanto, neste estudo refiro-me a esta como sociedade em que, devido
às tecnologias da informação e comunicação, a informação, o
conhecimento, a desinformação, e a manipulação, diria mesmo, todos
os factos sociais são, supostamente, globalizados. Supostamente, na
medida em que a imagem que nos vendem é essa. Contudo, sabemos
que muitos ficam de fora desta realidade. Outro factor a ter em conta
neste conceito é o termo “cultura de massas”, pois como refere João
Paulo Moreira, “ (…) Todos somos seus consumidores mais ou menos
activos (…) “ (1984: 9), e quanto mais desenvolvida tecnologicamente a
sociedade, mais propícia é, a uma cultura de massas,” (…) depende da
tecnologia disponível e acompanha o desenvolvimento tecnológico (…)”
(Moreira,1984:12), e como veremos mais à frente, a ideia de cultura de
massas é tema central na sociedade actual.
Inerente ao conceito de sociedade da informação está o de tecnologias
da informação e comunicação (TIC). Apesar de não aprofundar este
conceito devo referir que é através destas que a sociedade da
informação se processa, nomeadamente mediante os computadores e as
telecomunicações.
Como consequência da evolução das tecnologias da informação e da
comunicação (TIC), todos os níveis e esferas da sociedade da informação
estão a modificar-se. E como é referido no site da UMIC (Agência para a
sociedade do conhecimento),
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(…) é uma sociedade onde a componente da informação e do conhecimento desempenha um papel nuclear em todos os tipos de actividade humana,(…) induzindo novas formas de organização da economia e da sociedade. (UMIC, 2003)
Apesar destas modificações serem vistas com naturalidade pelo senso
comum e de, na generalidade serem também vistas como positivas, não
nos podemos iludir: há, de facto, uma face negra que se esconde atrás
de tanta evolução, e como refere David Lyon,
(…) a visão optimista dos benefícios sociais das novas tecnologias constitui um factor de distracção, que nos poderá levar a passar ao lado de questões cruciais relacionadas com o modo como as tecnologias da informação são desenvolvidas e aplicadas. (1992: xi)
Estas transformações ocorrem a todos os níveis sendo o emprego um
dos mais afectados, situação onde a mão-de-obra é mais reduzida como
nos deparamos no exemplo dado por David Lyon, ”Os robots das
fábricas de automóveis executam tarefas que antes requeriam força e
destreza humana” (1992: 75). Por conseguinte, deparamo-nos com a
crescente substituição do homem pelas tecnologias da informação. E se,
por um lado, se encurtam distâncias, se processam dados de forma
cada vez mais rápida, também não deixa de ser verdade que a
privacidade e as relações pessoais se perdem.
Em constante e profunda mudança não há esfera social que deixe de
ser afectada pelas TIC, mas a verdade é que em nada se extinguiram as
desigualdades, até porque quem detém o poder das TIC são as forças
estatais e multinacionais, o que faz sugerir “(…)que as mudanças
poderão ser mais de grau do que de qualidade.” (Lyon, 1992: 9) Este
processo de transformação na sociedade da informação parece, de facto,
inelutável. É evidente que as desigualdades sociais são cada vez mais,
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mais vincadas e mais profundas. O individualismo é cada vez mais
claro. Curiosamente, hoje em dia a vida privada é alvo de cobiça
televisiva e estatal, quer através de reality shows, ou mediante escutas
telefónicas. Um outro factor que demonstra este carácter inelutável da
sociedade da informação prende-se com a elevada dependência que
muitos demonstram em relação ao telemóvel, à televisão, ou ao
computador. É importante referir que o individuo não é um robot, e
toma processo activo nestas transformações que se desenrolam em
constante interacção e segundo o binómio Tecnologias-Sociedade, como
refere Lyon,
A mudança social está indubitavelmente relacionada com a inovação tecnológica; porém, os eventuais desfechos dessa inovação resultarão não de meros ”impactes tecnológicos”, mas sim de uma subtil e complexa inter penetração entre tecnologia e sociedade. (1992: 46)
Antes de prosseguir com o tema, gostaria de referir o que deveria ser a
sociedade da informação, e que não é. A sociedade da informação,
deveria ser uma sociedade em que, como diz a UNESCO no seu site,
Que a ampla difusão da cultura e a educação da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis para a dignidade do homem e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir com espírito colaborativo. (Observatório da sociedade da informação, 2005)
De seguida tratarei as tecnologias da informação e comunicação, e em
especial a Internet, como factor de desenvolvimento económico e
cultural. Em segundo lugar, abordarei o poder da imagem, dos meios de
comunicação social, Internet e televisão como meio de manipulação e
desinformação. E por último, irei referir-me à televisão e aos meios de
comunicação social como armas do poder.
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1.2. As tecnologias da informação e comunicação, e em especial a
Internet, como factor de desenvolvimento económico e cultural.
Na sociedade de hoje, pautada pelas TIC, o desenvolvimento económico
e cultural depende destas. Devido às TIC, a rapidez de execução de
tarefas é crescente, as pessoas podem comunicar à distância, bem como
adquirir conhecimentos, tudo isto de forma facilitada. O peso que as
TIC têm na sociedade da informação é enorme e, segundo dados do site
do programa ligar Portugal (programa integrado no plano tecnológico do
governo), a importância económica da sociedade da informação a nível
da união europeia (UE), é “cerca de 8% do PIB da EU, que contribui com
40% para o crescimento da produtividade europeia, e emprega
actualmente 6% da população activa”. (Ligar Portugal, 2005)
Julgo que estas observações não espantam ninguém, pois já são mais
que vendidas. Quero, neste ponto, fazer umas observações
relativamente à forma como se trata o tema das TIC, e mais
especificamente da Internet. Em relação a isto, é caricato quando se fala
na sociedade da informação ou nas TIC. No vocabulário usado surgem,
primordialmente, conceitos como crescimento, emprego, ou mesmo
economia. Palavras que se referem ao desenvolvimento económico e não
cultural, ou que promovem o livre e globalizado acesso às TIC. Estas,
quando referidas, surgem em segundo plano e, se reparamos nos
objectivos da iniciativa Ligar Portugal, deparamo-nos com uma
secundarização desse assunto. Em cinco objectivos definidos por essa
iniciativa, apenas um diz respeito à evolução cultural da sociedade
portuguesa, não se mencionando sequer objectivos no campo da
generalização do acesso às TIC. Isto, quando esta mesma iniciativa
reconhece a importância de tais tecnologias para o combate à info-
exclusão que, escusado será dizer, existe aos olhos de todos. Em
relação a este combate, é também curioso mencionar a posição do novo
quadro estratégico da Comissão Europeia. Quadro que engloba as
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medidas políticas para a sociedade da informação. Os seus objectivos
são, sem dúvida, bons para o combate à info-exclusão. Refiro apenas
um que julgo ser o mais importante, “colocar todos os cidadãos, todas
as famílias e escolas, todas as empresas e todos os órgãos da
administração publica na era digital e em linha” (...). Convém analisar o
porquê de tais objectivos devido à incoerência existente entre causas
dos objectivos e os mesmos, como aliás se pode verificar no site da
Comissão Europeia, “No entanto, tendo em conta a rapidez da evolução
das tecnologias e dos mercados, deve ser desde já lançada uma
iniciativa política para além do calendário actual” (União Europeia,
2006). Ou seja, fazer render o que já se desenvolveu, e ter ganhos
económicos.
Outro aspecto referente ao combate à info-exclusão é a elitização do
acesso à Internet, quer no site da Comissão Europeia, quer no site da
iniciativa Ligar Portugal. Começo por referir a intenção da primeira, que
é tornar a
Internet rápida para investigadores e estudantes. No que respeita aos investigadores e estudantes, o objectivo europeu é garantir o acesso à Internet a todas as pessoas envolvidas no ensino e na investigação. (União Europeia, 2006)
Já a iniciativa Ligar Portugal reconhece o grupo social com mais
dificuldade e com menor taxa de acesso á Internet, como se pode ler no
site,
Baixa taxa de penetração da Internet relativamente à média Europeia, particularmente associadas a níveis de info-exclusão significativos na população com mais de 25 anos e com níveis de instrução inferiores ao 9º ano de escolaridade, os quais representam cerca de 5 milhões de portugueses entre os 25 e os 74 anos. (Ligar Portugal, 2005)
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Apesar disto, ocorre uma elitização no que toca ao acesso à Internet.
Segundo o mesmo site, “Facilitar a utilização de computadores em casa
por estudantes, designadamente através dos seguintes mecanismos
(…)”, mecanismos estes que, através de uma série de facilidades de
acesso à Internet, só comprovam a elitização referida. O escalão etário
que mais utiliza o computador e a Internet em Portugal é, assim, aquele
que mais se quer beneficiar1.
1.3. O poder da imagem, dos meios de comunicação social, Internet
e televisão como meio de manipulação e desinformação.
Neste ponto serão focados alguns dos lados negros da sociedade da
informação, mais influentes em todas as esferas desta mesma
sociedade. Por inacreditável que pareça, esta é a nossa realidade e não
apenas a que nos vendem.
1.3.1. O poder da imagem
Por vários motivos, a imagem tem-se imposto à imprensa escrita. Mais
instantânea e com mais impacto público que a escrita, a imagem é hoje
a preferência de uma sociedade cada vez mais acomodada, sem vontade
de raciocínio, nem tempo para se informar, como refere José Manuel
Barata-Feyo ao afirmar que: ”A imagem é a facilidade: ela encoraja a
preguiça, a passividade” (1996: 34). E a imprensa escrita? É remetida
para segunda escolha, e um mero auxiliar da imagem. Notável exemplo
do poder e influência da imagem na opinião pública, é a publicidade
censurada pela MTV. Que demonstra a falta de importância que se da a
certas causas, como a pobreza, ou a sida. Em prol de outra que não
1 Tabelas estatísticas encontram-se no Anexo III.
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deixando de ser importante (o ataque terrorista sobre as torres gémeas),
relega para segundo plano questões porventura mais graves2.
Outro aspecto relevante é o facto de o tratamento da imagem (vídeo, ou
fotografia) ser feito para fins de espectáculo, já que uma imagem para
ser informação tem de ser tratada para fins de voyerismo do
telespectador, sendo inúmeros os meios para manipular a imagem. Dou
apenas dois exemplos, de Barata-Feyo, de falsos directos. Que são bem
exemplificativos do que é um falso directo.
“Patrick poivre d’Arvor interroga doutamente o ministro iraquiano dos
Negócios Estrangeiros “em directo, com a pequeníssima ideia de que as
perguntas foram gravadas depois da entrevista.” (1996: 49).
Melhor que as minhas palavras continuam a ser as de Barata-Feyo: ”As
imagens da maré negra do Golfo eram, na maioria dos casos, as de
precedentes catástrofes (…)” (1996: 49), ou seja, imagens passadas, são
por vezes, utilizadas para relatar acontecimentos actuais. Já que me
refiro a catástrofes, curioso notar a mediocridade do meio televisivo e
informativo no geral (imprensa escrita, por exemplo), uma vez que
alguns países só têm direito a uma aparição nestes em caso de tragédia
ou por algo que possa proporcionar espectáculo informativo, havendo
inúmeros exemplos, desde tsunamis, a quedas de aviões. Isto levanta
dois problemas: um é o estado dos meios de comunicação social que
veremos mais à frente, e o outro, que me refiro agora, diz respeito ao
poder da imagem, e ao voyerismo que esta proporciona. Como exemplos
deste “prazer” da observação temos as tragédias e os talk-shows, que
para além de sexo e sangue são também portadores de cenas
fervilhantes que matam os vícios de um público cada vez menos
exigente, como é o caso do programa “fiel ou infiel”, que ilustra bem o
que acabei de referir.
2 A publicidade encontra-se no Anexo IV, em formato digital.
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O estado actual da televisão deve-se, em grande parte, à pouca
independência económica das várias estações televisivas em relação ao
poder económico. Aliás, cada vez mais a televisão e a informação são
pautadas por estes, sendo assim transformados em bens de consumo.
Como consequência disto, “(…)a corrida à audiência banaliza o trabalho
do jornalista e transforma-o em vendilhão do espectáculo” (Barata-Feyo,
1996:177). Outro exemplo desta dependência é o facto de cada vez mais
as estações televisivas dependerem da publicidade na medida em que
grande parte das suas receitas provêm daí. Logo, multinacionais têm a
televisão ao seu serviço, bombardeando a mesma de forma a permitir e
a banalizar o consumismo.
Apesar dos aspectos negativos, é de realçar a crescente importância da
difusão da informação na sociedade de hoje que contribui, quando boa,
para uma melhor informação da opinião pública. Um exemplo que
ilustra bem esta importância é o peso que a televisão teve na revolta
estudantil chinesa (Barata-Feyo, 1996: 213). Os estudantes, através
dela, difundiram as suas opiniões e argumentos, informando e
alertando o público para certas realidades. De qualquer forma, é
fundamental ter em conta a objectividade da imagem: mesmo quando
bem tratada, a informação nunca consegue ser imagem fiel da
realidade, na medida em que é sempre influenciada pelas ideologias de
quem a faz.
Antes de terminar o estudo deste ponto devo referir que a opinião
pública é muito vulnerável a todo o tipo de imagens, como diz Vladimir
Volkoff, “A opinião pública é uma criança grande e age quase da mesma
forma com a ajuda, como no teatro, de um ponto. O desinformador”
(2000:136). É importante, por isso, quebrar o ritmo a que desenvolve a
imagem como instrumento de manipulação porque “(…) nunca como até
agora a imagem fez rimar informação com manipulação” (Barata-Feyo,
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1996:12). Esta quebra assume uma importância capital quando
sabemos que todas as culturas se formam e transformam sobre grande
influência da televisão e, quanto mais jovem for a geração, maior
impacto tem a televisão nas suas mentalidades, como refere Barata-
Feyo, “os gostos, usos e costumes e até as linguagens são
condicionadas pelo pequeno ecrã, a estrutura das próprias
mentalidades, sobretudo das novas gerações”. (1996:11).
1.3.2. Meios de comunicação social, Internet e televisão, como
meio de manipulação e desinformação.
Com o advento da imagem surgiram novas formas para manipular as
mentes. Para além dos casos que já referi, os falsos directos, ou a
utilização de imagens de acontecimentos passados fazendo passá-las
por actuais, também hoje se utilizam as imagens subliminares. Julgo
que, melhor que a minha explicação, o exemplo seguinte esclarece o
significado de imagem subliminar,
O subliminar clássico é representado pela famosa 25ª imagem por segundo introduzida num filme e que passa tão rapidamente que o olho não a pode comunicar à consciência, mas pensa-se que atinge directamente o inconsciente. (Vladimir Volkoff, 2000:163).
Mas não só com a imagem se pratica este tipo de técnica, o som
também é alvo desta prática. As mais variadas mensagens são
introduzidas numa mensagem auditiva, contudo, através das suas
variadas técnicas de tratamento de som, passam despercebidas ao
ouvido, ficando retidas no nosso inconsciente como refere Vladimir
Volkoff, “É mais ou menos como se o nosso inconsciente ouvisse os
sons dos apitos para cães sem que a nossa consciência se desse conta”.
(2000:163).
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A imagem é, sem dúvida influente, assim como a forma como se filtram
as imagens a passar na televisão. Sem querer ser simplista, e aplicar
exclusivamente culpas à televisão, é curioso verificar o elevado nível de
criminalidade nos EUA, que tem na sua televisão a mais violenta do
mundo (Barata-Feyo, 1996).
Antes de prosseguir com o tema, devo esclarecer acerca do conceito de
“desinformação”. Como refere Vladimir Volkoff, trata-se de uma
“Técnica que permite fornecer a terceiros informações erróneas que os
conduzem a cometer actos colectivos ou a difundirem juízos desejados
pelo informador” (2000: 23), ou ainda segundo o mesmo autor desta vez
um pouco mais específico, “A desinformação é uma manipulação da
opinião pública para fins políticos através de informação trabalhada por
processos ocultos” (2000: 23). Posto isto, mais facilmente se entenderão
alguns exemplos que apresentarei.
A manipulação de mentes através da televisão é por demais
escandalosa, e de ético, nada tem. O caso de Timisoara é alarmante na
medida em que,
Foi montada uma operação de desinformação para fazer o mundo crer terem sido descobertas valas comuns em Timisoara. De facto, tinham-se apenas fotografado cadáveres numa morgue e a mistificação foi mal sucedida. (Vladimir Volkoff, 2000:195)
… e ainda bem.
Este tipo de manipulação oculta a ditadura da desinformação ou
manipulação. Oculta porque, sendo aceite pela generalidade dos
indivíduos, tende a afirmar-se caso a verdadeira informação se extinga.
Deixo então uma pergunta para reflexão: “E se, de repente, os
jornalistas se passassem com armas e bagagens, para o outro lado, o
lado dos dirigentes?” (Barata-Feyo, 1996: 78). Um facto curioso
relativamente a esta questão e ao tratamento da imagem, é o facto de
cada vez mais o apresentador da informação ser escolhido consoante a
sua imagem e a forma como transmite a informação.
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Outro dado curioso e imperceptível ao público é a própria programação
dos telejornais. Ao contrário de outros tempos, hoje os telejornais optam
por iniciar a sua emissão transmitindo as notícias com mais impacto e
não necessariamente as mais importantes. (Barata-Feyo, 1996:147).
Actualmente, o impacto visual e a aparência são, sem sombra de
dúvidas, motivo de escolha nos mais variados campos. Um desses
campos é a política, em que a ligação desta com a televisão é de
dependência mútua. Tendo isto em conta, é curiosa a existência de
“conselheiros de imagem” (Barata-Feyo, 2000:122) para os políticos.
Qualquer político que se apresente em televisão tem hoje a “obrigação”
de cuidar da aparência e “extinguir” os seus tiques. Deixo alguns
exemplos apresentados por Barata-Feyo, “(…) tem o queixo para dentro
e os dentes saídos (…)” (1996:122), diz respeito ao senhor François
Miterrand, ou “(…) o olhar triste(…)” (1996:122), neste caso trata-se de
Leotard, ou ainda “(…) ar de quem está a dormir em pé(…)”(1996:122),
referindo-se a Barre. O caricato destes exemplos não está em si
mesmos, mas antes na sua resolução. Para ultrapassarem estes
“defeitos”, muitos políticos recorrem à cirurgia plástica (Barata-Feyo,
1996:122).
Outro aspecto relevante em relação ao poder da imagem é a forma como
se discrimina a informação a transmitir, bem como a importância a dar.
Este facto não pode ser ignorado sob pena de nos deixarmos manipular
pelos manipuladores. Como refere Barata-Feyo, ”O impacto da imagem
é tal que um acontecimento deve «passar na televisão para existir» ”
(1996: 53). O mesmo autor prossegue com dois exemplos,
(…) a fome no Sudão provocou duzentos e cinquenta mil mortos em 1988; no ano seguinte, trezentos estudantes foram massacrados em Lumumbashi (Zaire). Dois dramas que se produziram no meio de uma indiferença geral. A ausência de imagens nos telejornais transformou-os em “não acontecimentos”. (1996: 53).
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Todas estas manipulações por parte dos meios de comunicação social
são extremamente perigosas e influentes na opinião pública. Na
verdade, muitas das justificações de certas opiniões são um simples “é
verdade porque li”, ou “é verdade porque vi”. Será que um “é verdade
porque presenciei” é credível nos dias que correm? Fica levantada a
questão para reflexão.
É fundamental sublinhar um aspecto: não nos desresponsabilizemos da
nossa culpa enquanto consumidores, pois somos nós que deixamos que
a manipulação tenha sucesso. De facto, a característica de um bom
consumidor de informação, seja ela escrita, auditiva, ou em imagem, é
duvidar, interpretar e reflectir acerca do que consome: “Qual a regra de
ouro de um bom leitor, auditor ou telespectador? A dúvida metódica”
(Barata-Feyo, 1996:64). É importante atender a esta característica, na
medida em que a opinião pública é o principal juiz da comunicação
social. Comunicação social que, muitas vezes, quando interessada,
trata de manipular, controlar, ou mesmo calar. É, portanto, difícil haver
quem tenha capacidade para julgar esta, pois, quem quer que se
proponha a essa tarefa, depende sempre deles, sendo por isso difícil a
concretização desse trabalho. É então legítimo, lançar uma dúvida:
apesar de ser considerado o quarto poder, a comunicação social terá
capacidade para controlar os outros três, sabendo da sua influência
sobre estes e assim ser considerado o primeiro poder?
Centro agora o tema na comunicação social e no modo como o
jornalismo, e o jornalista se comportam perante a mais variada
informação. Na sociedade da informação há uma coexistência de dois
tipos de jornalismo: um que designa a profissão e que se traduz no
tratamento da informação de uma forma imparcial, ou o mais imparcial
possível, e com intentos informativos, e o outro tipo, o dito jornalismo
nocivo, que trata a informação ou factos com o intuito de manipular
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mentes, para os mais diversos fins. Na sociedade de hoje, o jornalismo
adopta uma atitude de ocultação e mentira que se traduz na
transmissão de “verdades incompletas ou meias verdades”, ferramenta
perfeita da manipulação. Como refere Barata-Feyo “(…) a parte de
mentira ganha crédito apoiando-se na parte da verdade”. (1996:14).
Todo este trabalho de ocultação deve-se a uma falta de profissionalismo
devido à luta desenfreada pela audiência. Empolgado pelo espectáculo,
o jornalista é, por vezes, um instrumento dos governos, o caso da
Guerra do Golfo (1991) é exemplo disso, algo que irei abordar
oportunamente.
O binómio Governo – Meios de comunicação social traduz-se, muitas
vezes, numa relação de benefício mútuo. Relativamente aos segundos, a
sua motivação prende-se com o dinheiro por este ser, “(…)alavanca do
poder, de promoção social, como forma de ostentação” (Barata-Feyo,
1996:14).
Sem qualquer tipo de restrição, o jornalista serve quem lhe pisca o olho
e consoante os seus intentos, como se pode perceber na analogia de
Barata-Feyo, “E a todos serve (…), o que importa é o dinheiro (…) nós,
jornalistas somos como as putas. Não queremos ser mais, mas também
não aceitamos ser menos” (1996:16).
Em relação à opiniões do jornalista, ou de quem as fornece, por mais
imparcial que seja, nunca é a mais objectiva. Como refere o Le Monde,
”(…) Que jornalista, que escritor, quando divulga ao público as suas
análises ou reflexões não é, voluntariamente ou contra a sua vontade,
um agente influenciador?” (apud Barata-Feyo,1996: 95).
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Convém referir que os jornalistas não são os únicos responsáveis pelo
fenómeno da manipulação e desinformação. Também estes por vezes
são manipulados através das informações que lhes fornecem. Um dos
exemplos mais mediáticos é a Guerra do Golfo (1991). As informações
escolhidas a dedo, aliadas à falta de imagens causaram um grande
incómodo aos próprios jornalistas. Segundo uma sondagem realizada,
75% dos jornalistas julgaram que o “jornalismo espectáculo” reinou e
53% temeram pela sua credibilidade junto da opinião pública. Como
referi anteriormente, é necessário reforçar a ideia de que nem toda a
manipulação é obra do jornalismo: segundo a mesma sondagem, 81%
dos jornalistas afirmaram que foram manipulados pelas fontes militares
aliadas, e 61% dos jornalistas relata que as forças iraquianas o fizeram
(Barata-Feyo, 1996: 33-34). Por conseguinte, não devemos atribuir a
culpa somente aos jornalistas, na medida em que é um facto que toda a
informação transmitida aos média é fornecida com determinados
interesses e, assim, manipulada.
Há ainda outro campo onde a desinformação e manipulação são cada
vez mais preponderantes. A arte da desinformação está também patente
na arte de guerrear, onde cada vez mais se faz o jogo psicológico. Assim,
proferir palavras que incitam o medo e desencorajar as tropas inimigas
é cada vez mais importante. Como refere Muchielli, “O importante não é
a vida real, mas aquilo em que as pessoas acreditam” (apud Vladimir
Volkoff, 2000:13) afirmando que, “Encontrar as palavras que produzem
efeitos é mais importante do que os dados objectivos” (apud Vladimir
Volkoff, 2000:13). Darei agora dois exemplos representativos da guerra
psicológica: “Desacreditar tudo o que há de bom no país inimigo”
(Vladimir Volkoff, 2000: 39), e “Semeiem a discórdia e os conflitos entre
cidadãos do país inimigo” (Vladimir Volkoff, 2000: 39).
Para desinformar são necessários três agentes: o informador que tem a
tarefa de lançar a “notícia”; o canal de comunicação que tem como
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missão transmiti-la; e por último, o informado que constitui o alvo das
“notícias”. Consequentemente é preciso reter que, “a informação nunca
tem 100% de verdade. Erros infiltram-se por todos lados, mesmo
quando nenhum elemento da cadeia de informação (…) tem intenção”,
sendo crucial o facto de nunca existir objectividade em informação
(Vladimir Volkoff, 2000:13). Para terminar este ponto é, portanto,
legítimo concluir que “não há informação, sem manipulação” (Barata-
Feyo, 1996:114).
1.4. A televisão e os meios de comunicação social como armas do
poder
Como já foi referido, os meios de comunicação social e a Internet são
agentes manipuladores ao serviço dos mais variados poderes. Cabe aqui
lançar o alerta de que há uma estreita ligação entre jornalistas e
poderes ou poderosos, pelas mais diversas razões, facto bem evidente
na afirmação de Stéphanie Denis, editorialista do diário Quotidien de
Paris, referindo-se ao poder e à televisão. “ (…) Entendem-se por meias
palavras e servem-se tanto quanto podem (…), em vez de ser uma
máquina de informar, a televisão é uma máquina de dominar” (apud
Barata-Feyo, 1996:172).
A informação é manejada pelos poderosos já que existem países
exportadores de televisão como os EUA, Inglaterra e França, e países
maioritariamente importadores, que é o caso de Portugal. O perigo que
daqui advém traduz-se na colonização cultural através dos média e da
televisão, na medida em que a informação que circula é a de quem a
controla e transmite consoante os seus interesses (Barata-Feyo 1996:
265). Por outro lado, quem controla as tecnologias da informação
controla os seus conteúdos. Não será por acaso que quem gere a
Internet são os Estados Unidos da América aliado ao facto de terem
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defendido a continuidade da sua gerência na cimeira da ONU, em
Tunes, em Novembro de 2005, contra a vontade de países como a China
ou o Irão. (Público, 2005)
Deste modo, a luta é desigual, sendo as mensagens difundidas e
transmitidas em prol dos mais influentes, enquanto que aos restantes
basta apenas receberem e assimilarem as mensagens e, assim,
transformarem-se.
Dou agora dois curtos exemplos de dois génios da manipulação que
operaram em prol das suas nações, ou seja, de dois poderes durante o
período que precedeu a segunda Guerra Mundial. Goebbels manipulou
em prol da sua Alemanha nazi, e Delmer pela sua Grã-Bretanha.
Muitos foram os meios utilizados: enquanto o primeiro produziu falsos
manuscritos de Nostradamus, o segundo publicou uma revista de
astrologia onde editava horóscopos negros para os importantes chefes
da Alemanha nazi (Vladimir Volkoff, 2000: 71).
Este aspecto da sociedade da informação é, de facto, preocupante, e a
isso se deve a ênfase que lhe dou. São escandalosas as formas que se
utilizam para levar avante os mais variados fins. Como refere Volkoff, os
manuais escolares foram e continuam a ser uma ferramenta da
desinformação, e exemplifica com os manuais de história francesa,
depois da terceira e quarta repúblicas,
Por volta 1984, manuais de ciências humanas, utilizados no último ano de ensino secundário mostravam “a vida no URSS” e “ a vida nos EUA” sob a forma de duas fotografias em duas páginas opostas: a primeira apresentava um grupo de estudantes de ambos os sexos, rindo e empurrando-se à saída de uma universidade, a outra, negros famélicos na soleira de um casebre. (2000:145)
Outro exemplo enunciado pelo mesmo autor é o dicionário de sinónimos
Larousse, em 1977. Não abordarei esta questão de forma exaustiva mas
Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
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é importante referir que, segundo este dicionário, o vocábulo “Aderir”
significava: “Ele adere ao partido socialista” (2000:151), e que
“Arregimentar” era explicitado da seguinte forma: “Ele deixou-se
arregimentar por um grupo de extrema-direita” (2000: 151).
Os poderes manipulam as mentes tanto pela desinformação, como pela
ocultação de verdades. Um caso extremamente grave, e ilustrativo do
que refiro, é Fallujah, cidade situada no Iraque e alvo dos momentos
mais tensos do conflito, entre USA e Iraque. Como se sabe, a invasão
dos americanos foi justificada pela existência de armas de destruição
maciça no Iraque. Sabe-se, contudo, que essas armas nunca foram
encontradas. O que não se sabe, e aqui reside a ocultação de
informação, é o facto das tropas americanas usarem essas mesmas
armas sobre as tropas iraquianas e civis. Segundo um jovem fuzileiro
americano, foram usadas bombas de fósforo branco. Adianta ainda que
bombas napalm foram utilizadas pelas tropas americanas. Estes dados
foram difundidos no documentário que foi, também ele, ocultado. É
necessário estar alerta para estes casos de mentira e ocultação e para
as pressões existentes, de vários quadrantes do poder, sobre os média.
Caso contrário, qual a razão da existência da expressão “liberdade de
expressão”?
Em suma, não retirando culpa dos jornalistas por exercerem a profissão
que exercem, estes devem estar atentos para não caírem nas malhas
dos poderosos. Não podemos esquecer que, apesar de tudo, estes são
apenas um dos meios de transmissão da desinformação e ferramenta de
manipulação. De facto, os verdadeiros responsáveis são os interessados
em desinformar, e esses podem constituir desde estados, a religiões,
etc. Por conseguinte, é necessário uma consciencialização das mentes,
tanto do alvo (opinião pública), como dos meios ou veículos de
transmissão (meios de comunicação social, ou Internet). Na verdade, só
se manipula e desinforma se houver meios para tal, e se o alvo é
ignorante, ou simplesmente não quer ver.
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2. Método de pesquisa
Devido ao tema em questão, no meu método de pesquisa tentei
restringir a minha leitura a livros que considerei credíveis. Sabendo do
imenso ruído que iria obter na Internet, os sites em que baseio a minha
leitura são seleccionados devido à fiabilidade reconhecida da sua
informação. Assim, optei por portais como a Comissão Europeia, a
ONU, UNESCO, o site da iniciativa Ligar Portugal e o site do INE. Nestes
portais obtive informação útil na secção “sociedade da informação”.
Como referi, a minha pesquisa na Internet foi reduzida devido ao ruído
que iria encontrar: pesquisando no Google pela expressão “sociedade da
informação” obtive 2.230.000 para todas as línguas e restringindo a
pesquisa a sites de Portugal, o resultado foi de 1.310.000.
O meu procedimento foi, primeiramente, pensar sobre o tema. Subdividi
o tema em: a educação na sociedade da informação; Distribuição e
acessibilidade da informação; Meios de dispersão da informação;
Informação e a segregação social; Informação para uma cultura global
ou para uma globalidade de culturas; a Internet e as tecnologias da
informação como factor de desenvolvimento económico; o poder da
imagem e os meios de comunicação social, Internet e televisão, como
meios de manipulação e desinformação; a televisão e os meios de
comunicação social como armas do poder, seja ele político, económico,
ou religioso.
Desde logo surgiram dois aspectos que me despertaram interesse e que
acabei por abordar no trabalho. Um dos temas foi “A manipulação da
informação na sociedade da informação”. Por este motivo, recorri a um
amigo licenciado em Ciências da Informação que me recomendou um
Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
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livro relacionado com o tema. O livro indicado foi um livro de José
Manuel Barata-Feyo que tem como titulo “Informação manipulação”,
livro esse que acabou por ser uma das bases do meu trabalho. A
fiabilidade do livro foi comprovada pelo professor da cadeira, o Dr.
Paulo Peixoto. Dediquei-me à leitura deste e obtive esclarecimentos e
informações sobre os dois temas anteriormente referidos. No livro vinha
referenciada a instituição UNESCO e a ONU, pelo que aproveitei e
pesquisei na Internet (no Google), e entrei nos sites oficiais destes, onde
encontrei informação útil e fiável.
Posteriormente à leitura do livro, através da biblioteca on-line da
Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, pesquisei sobre o
tema. Utilizei como descritores de pesquisa: Sociedade da informação;
Tecnologia da informação; Internet; Desinformação; Desinformação-
Jornalismo; Informação Manipulação.
Após essa pesquisa, encontrei dois livros que me pareceram adequados
ao trabalho, que se intitulam: “Pequena história da desinformação: Do
cavalo de Tróia à Internet” (Vladimir Volkoff, 2000), e “Sociedade da
informação” (David Lyon, 1992). O primeiro acabou por ser, juntamente
com o livro de José Manuel Barata-Feyo, a base do meu trabalho. A
fiabilidade da informação e a qualidade do livro, também não
mereceram a minha desconfiança, na medida em que, para além deste
estar disponível numa biblioteca universitária, o autor tem obras
anteriores acerca o mesmo tema, parecendo-me que revela um
conhecimento considerável acerca no assunto.
Relativamente a livros julguei não necessitar ler mais, já que obtinha
informação de qualidade e suficiente para abordar os temas
seleccionados. Assim, orientei a minha pesquisa para outro tipo de
fontes e, como possuo várias revistas críticas de Ciências Sociais,
Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
22
pesquisei para tentar obter informação útil ao tema, encontrando a
revista nº13, que contém um artigo de João Paulo Moreira, que tem
como título, “Problemas da cultura de massas”. Posteriormente, após a
leitura de alguns jornais, encontrei uma notícia no Público do dia 17 de
Novembro de 2005 acerca de outro ponto que me interessava. A notícia
referia-se à cimeira da ONU em Tunes sobre a sociedade da informação,
e em particular sobre a gerência da Internet.
Com fontes definidas, optei por ir ao site do Instituto Nacional de
Estatísticas (INE) para confirmar um aspecto referido no site da
iniciativa Ligar Portugal.
Com a leitura finalizada e o trabalho em construção, tive a
oportunidade de, por acaso, visualizar um documentário com o título,
“Fallujah- O massacre oculto”. Após ter visualizado o documentário,
considerei que se enquadrava nos temas tratados e utilizei-o como fonte
de informação.
Acabei por utilizar o site da cadeira no qual o trabalho se insere, para
me auxiliar nas citações e referências bibliográficas. (Peixoto, 2005)
Em suma, recorri a um método de pesquisa simples e pouco exaustivo.
Devido à abundância de informação, dediquei-me a fontes de
informação que sabia serem fiáveis e credíveis. Por outro lado, não
considerei relevante proceder a uma pesquisa mais intensa na medida
em que considerei que a informação obtida acabou por satisfazer e
concretizar os objectivos do meu trabalho. Julgo que, apesar de
simples, a pesquisa foi satisfatória, permitindo-me realizar um trabalho,
quanto a mim, interessante.
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3. Avaliação de uma página da Internet
O site por mim escolhido para avaliar é da UMIC, agência para a
sociedade do conhecimento, do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, que esta disponível em:
<http://www.umic.pt/UMIC/>
A página foi escolhida devido à qualidade comprovada por vários
factores. A fiabilidade e a credibilidade do site e da sua informação são
incontestáveis, já que se trata de um site oficial de uma agência
governamental, mais concretamente do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior. Outro aspecto que garante a qualidade do
site é a grande variedade da informação disponível. Entre esta, destaco
o programa Ligar Portugal, disponibilizado no site, e que acabou por ser
por mim utilizado como fonte de informação. Neste site são ainda
disponibilizadas várias notícias sobre a sociedade da informação, as
novas tecnologias, e projectos nesta área. Em suma, notícias sobre
diversos campos da sociedade da informação, semanalmente
actualizadas.
A UMIC informa acerca da sua identidade, da legislação neste campo,
entre outros aspectos, e possui uma secção referente à sociedade da
informação. Outro aspecto positivo do site são os links recomendados,
entre eles destaco o site do observatório da sociedade da informação,
onde obtive ligação ao da UMIC, que agora avalio. O site do observatório
da sociedade da informação está disponível em:
< http://www.osic.umic.pt/ >
A credibilidade do site da UMIC não merece, portanto, contestação na
medida em que através do Google foi possível identificar 929 links com
ligação a este site. Há 27 páginas similares a esta e 360 contêm o termo
UMIC. A apresentação do site é boa e atractiva. Um dos aspectos
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negativos foi a dificuldade que tive em regressar à página inicial após
ter entrado num dos campos disponíveis. Por outro lado, para obter
informação mais aprofundada tem se efectuar login.
Em jeito de conclusão, considero que é um site de grande qualidade,
ainda que a escolha do site a avaliar tenha sido difícil, já que há
diversos sites de qualidade que se debruçam sobre este assunto.
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4. Ficha de leitura
O título do capítulo escolhido é “Um caso exemplar”, sendo o seu autor
Vladimir Volkoff. Este autor tem grande experiência e conhecimento
acerca do tema em causa, tendo precedentemente publicado mais obras
sobre o tema em causa. Vladimir Volkoff é francês, de descendência
russa e licenciado em literatura Clássica na Sorbonne. O livro onde se
encontra inserido o capítulo tem como local de edição Lisboa, a editora
é a Editorial Noticias, e a data de edição é Outubro de 2000. O livro
encontra-se disponível na biblioteca da Faculdade de Economia da
Universidade de Coimbra, e tem como cota 316.7 VOL. O capítulo situa-
se da página 197 até à página 221, e a sua leitura reporta-se a 4 de
Janeiro de 2006.
Neste capítulo é relatado um caso perfeito de desinformação e
manipulação da opinião pública. Também as etapas de uma operação
de desinformação são descritas ao pormenor e sempre exemplificadas.
O caso descrito é historicamente marcante e trata da guerra da Bósnia.
A escolha deste caso por parte do autor, deve-se à perfeição da
operação, que contém os traços perfeitos de um trabalho de
desinformação, “(…)onde estão reunidos todos os elementos de uma
operação exemplar” (Vladimir Volkoff, 2000:197). É esclarecida a forma
como os sérvios foram crucificados pela opinião pública, bem como
pelos governos de muitos estados, sendo demonstrados os métodos
utilizados para o efeito, sempre bem exemplificados. É referida pelo
autor a agência Ruder Finn como grande agente desta operação de
manipulação. Destaco uma intervenção de James Harff, director da
Ruder Finn, incluída neste capítulo,
Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
26
O nosso trabalho, diz James Harff, consiste em disseminar informação (…) A rapidez é um factor essencial. Mal uma informação seja considerada boa para nós devemos imediatamente instalá-la na opinião pública (…) (2000:199)
É referida ainda a importância que tem a ignorância da opinião pública,
como facilitador da difusão da desinformação em geral e neste caso em
particular. Tal facto está patente na seguinte afirmação: ”Apesar das
fífias, o público aceitava esta sinfonia maniqueísta” (Vladimir Volkoff,
2000: 221).
O autor termina o capítulo referindo as falhas que esta operação de
desinformação teve, porque “Apesar de admiravelmente orquestrada, a
brilhante operação de desinformação Bósnia não deixou de ter várias
fífias” (Vladimir Volkoff, 2000: 219).
Os conceitos-chave utilizados são diversos, sendo os mais sonantes:
Desinformação; Cliente; Dinheiro; Manipulação de massas;
Retransmissor; Tratamento do tema; e, A guerra pela imagem. Dois
autores são referidos neste capítulo por Vladimir Volkoff: Bulatovic e,
com mais ênfase, Jacques Merlino.
O autor reforça a sua opinião recorrendo à descrição de casos verídicos,
servindo-se de exemplos destes para justificar as suas afirmações. A
linguagem utilizada é fortemente emocional, com o objectivo de tocar o
leitor, assim como os casos exemplificados. Dou alguns exemplos
referidos por Vladimir Volkoff,
O terror quotidiano (…) Violações com particular bestialidade (…) Terrível confissão de atrocidades cometidas por um jovem sérvio (…) Uma pedra no coração, uma criança no ventre, (…) (2000: 217).
Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
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Serve-se ainda dos próprios agentes manipuladores para a sua
argumentação, através de algumas afirmações destes. Alia, portanto, na
sua argumentação, uma linguagem que toca a sensibilidade do leitor,
com a exemplificação de casos também eles sensíveis.
Vladimir Volkoff tem como objectivos: demonstrar as etapas de
execução de uma operação de desinformação, assim como os seus
intervenientes; tentar alertar o leitor para o lado negro da informação,
bem como chocar para o sensibilizar na matéria descrita e, por último,
tentar atacar os poderosos, ou quem tem o poder de manipular.
Julgo que todos os objectivos são cumpridos exemplarmente. A forma
como descreve a operação de desinformação é elucidativa, as formas
encontradas para sensibilizar o leitor são adequadas, alertando-o para o
que trata. Por último, é de referir a forma como implícita e
explicitamente ataca o poder que é, quanto a mim, executada na
perfeição.
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Conclusão
Concluo o texto com uma breve reflexão acerca do trabalho e
essencialmente do tema. Em relação ao trabalho e execução deste,
devo referir que a minha dificuldade foi em conseguir organizar
algumas ideias retiradas da leitura executada, e em seleccionar a
informação a reter.
Em relação ao tema em si, julgo que após a leitura deste, a reflexão
não deve ser apenas minha. Este trabalho foi realizado no âmbito
da cadeira de Fontes de informação sociológica sendo, portanto,
obrigatório para a avaliação da cadeira. No entanto, muitos temas
poderiam ter sido abordados, mas entre os disponíveis este foi o
que mais interesse e importância me despertou. Considero ainda
que a reflexão acerca do tema deve ser também do leitor, pois a
forma e os temas que tratei foi nesse sentido.
Em suma, a sociedade da informação não é o que nos vendem, não
apenas as novas tecnologias, não é o facto de se poder falar à
distância. A sociedade da informação não é apenas possuir um
computador, ter acesso à Internet, ouvir música de todo o mundo e
partilhar o conhecimento com este. Tudo isto e muito mais é
indiscutivelmente positivo e benéfico. A minha visão sobre este
tema retratada no trabalho não é apenas parte da minha
motivação moral. É, essencialmente, mostrar que a sociedade da
informação não é o mundo das mil maravilhas e que há interesses
em possuir e usufruir dos benefícios, mais do que se devia.
Procurei mostrar que há consequências graves em usufruir destes
benefícios, na medida em que se acentuam desigualdades e se
sofrem manipulações.
Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
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Para terminar, sugiro algumas questões relevantes: valerá a pena
tantas pessoas, tantos grupos sociais, sofrerem as consequências
da sociedade da informação para uma minoria usufruir dos
benefícios desta? Viveremos mesmo na sociedade da informação?
Não será antes da manipulação? Ou talvez na sociedade da
desinformação? Após ter abordado esta temática, considero que
vivemos mais na sociedade da manipulação e da desinformação do
que na sociedade da informação. Espero, com este trabalho, ter
proporcionado uma interessante leitura e realizado uma adequada
abordagem ao tema escolhido.
Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
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Referências Bibliográficas
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Quixote
INE (2005), “Sociedade da informação e do conhecimento”. Página
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<http://www.ine.pt/prodserv/quadros/quadro.asp>
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30 de Dezembro de 2005, disponível em,
<Http://www.ligarportugal.pt/>
Lyon, David (1992), A sociedade da informação. Oeiras: Celta Editora
Moreira, João Paulo (1984), “Problemas da cultura de massas”. Revista
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Fontes de Informação Sociológica Sociedade da Informação
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Peixoto, Paulo (2005), “Como citar”. Página consultada em 23 de
Janeiro de 2006, disponível em,
<http://www4.fe.uc.pt/fontes/citar.htm>
Público (2005), “Estados Unidos vão continuar a gerir a Internet”, 17 de
Novembro, pp.27.
UMIC (2003), “Sociedade da informação”. Página consultada em 23 de
Dezembro de 2005, disponível em,
<Http://www.umic.pt/UMIC/SociedadedaInformacao/>
União Europeia – Comissão Europeia (2006), “Sociedade da
informação”. Página consultada em 23 de Dezembro de 2005, disponível
em,
<Http://europa.eu.int/pol/infso/index_pt.htm>
Volkoff, Vladimir (2000), Pequena história da desinformação: do cavalo
de Tróia à Internet. Lisboa: Editorial Notícias