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Sociedade da Informao, Tecnologias de Informao e Comunicao e o movimento de dados abertos

Cssio Ricardo Fares Riedo - UNICAMP

Joyce Wassen - UNICAMP

Marta Fernandes Garcia - UNICAMP

Grupo de Trabalho Comunicao e Tecnologia

Agncia Financiadora: CNPq

Resumo

A Sociedade da Informao ou do Conhecimento surgiu no final do sculo XX, a partir do processo de globalizao mundial. Trata-se de um cenrio caracterizado, sobretudo, pela acelerao dos processos de produo e de disseminao da informao e do conhecimento. Um elevado nmero de atividades produtivas, sob uso intenso das novas Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC), imps transformaes radicais no modo de produo em decorrncia de mudanas fsicas e espao-temporais, tanto nas relaes econmicas quanto sociais. Novos desafios se apresentaram sociedade, como, por exemplo, a possibilidade de produo colaborativa do conhecimento e do acesso aberto informao. A idia de "abertura" emergiu em vrias reas como atributo dominante dos principais desenvolvimentos no atual tecido econmico e social, comeando com a interconexo de sistemas abertos; passando para o movimento de software livre; chegando a criao de patentes abertas e de revistas cientficas on-line e abertas; alm da educao aberta e da abordagem designada por Recursos Educacionais Abertos. Este texto, fundamentado em reviso bibliogrfica, se prope a refletir sobre as transformaes ocorridas nas relaes sociais e no modo de produo de bens intelectuais. As polticas de governo sobre educao e divulgao da cincia, diante do redimensionamento da produo do conhecimento, ganharam importncia no apenas pelo processo mundial de reforma no conceito e nas funes da universidade como tambm devido necessidade de formao de um profissional-cidado que, possuidor dos fundamentos bsicos de uma educao cientfica, capaz de continuar aprendendo por toda a vida e participando ativamente de sua comunidade.Palavras-chave: Sociedade da Informao. Tecnologias de Informao e Comunicao. Movimento de Dados Abertos.

IntroduoO atual sistema produtivo no se baseia mais primordialmente na produo de bens, mas na produo e uso intensivo dos conhecimentos (BERNHEIM; CHAU, 2008), originando o que est sendo chamado de Sociedade da Informao ou do Conhecimento. Takahashi (2000) indica que surgiram novas formas de organizao e de produo em escala mundial causando uma redefinio na insero dos pases no sistema econmico mundial e mesmo na sociedade internacional. Para Litto (2006), passou-se de uma cultura de escassez, dentro da qual as coisas realmente boas, como ouro, diamantes, inteligncia e acesso ao conhecimento, sempre vinham em quantidades pequenas, disponveis apenas para os mais ricos ou os estudiosos; para uma cultura de abundncia, na qual a sociedade rica em objetos e manifestaes culturais, tcnicas e cientficas, suportadas por informao e conhecimento, e que o ato de disponibilizar amplamente acesso a um acervo complexo e dinmico , alm de uma questo de justia, uma garantia maior de que as grandes decises no futuro sero tomadas segundo uma compreenso coletiva bem informada.Segundo Santos e Carvalho (2009), foi a Terceira Revoluo Industrial que abriu o caminho para o nascimento da Sociedade da Informao, com um papel central da cincia e da tecnologia em seu desenvolvimento, pois muitos de seus elementos fundamentais foram resultados cientficos e avanos tcnicos que se tornaram possveis por meio do compartilhamento do resultado de pesquisas cientficas. Benkler (2006) afirma que informao, conhecimento e cultura so centrais para a liberdade e para o desenvolvimento humano, sendo que as mudanas nas tecnologias, na organizao econmica, e nas prticas sociais de produo criaram novas oportunidades para criar e trocar informaes, conhecimento e cultura. A descentralizao radical de inteligncia em redes de comunicaes e a centralidade de informaes, conhecimentos, culturas e idias enquanto atividades econmicas esto levando a economia da informao a um novo estgio como dimenso da liberdade individual, como plataforma para melhor participao democrtica, como meio para promover uma cultura mais crtica e auto-reflexiva, como um mecanismo para alcanar melhorias no desenvolvimento humano em todos os lugares.

Para Carvalho e Kaniski (2000), tanto a revoluo industrial quanto a informacional contribuiram para a maximizao do trabalho e para a ampliao da comunicao entre os homens, contudo pouco alteraram as relaes de poder existentes no interior dos processos sociais e de produo. Segundo Snchez Gamboa (1997), as informaes sempre so carregadas de estilos de vida, viso de mundo, ideologias, valores, contravalores e seus contedos esto sempre direcionados por interesses humanos, geralmente em proveito dos grupos que as controlam. Contudo, a revoluo informacional seria ainda incompleta por ter alterado pouco as relaes de poder no mbito da sociedade, nas formas de organizao social e mesmo nas relaes de propriedade, apesar das transformaes provocadas nos meios de produo, uma vez que continuou beneficiando os grupos privilegiados da sociedade que controlam os processos produtivos e que se apropriam das inovaes cientfico-tecnolgicas para acumular maior poder na medida em que concentram os benefcios econmicos resultantes do desenvolvimento cientfico-tecnolgico.

A metodologia usada para essa pesquisa, de carter eminentemente terico, fundamentada principalmente em reviso bibliogrfica, buscando relacionar temas sobre a Sociedade da Informao, modos de produo, dimenses espao-temporais e TIC.Tecnologias da Informao e da Comunicao (TIC)Segundo Assmann (2000), as tecnologias tradicionais serviam como instrumentos para aumentar o alcance dos sentidos (brao, viso, movimento etc.) enquanto que as novas tecnologias ampliaram o potencial cognitivo do ser humano, fazendo com que as Tecnologias da Informao e da Comunicao (TIC) tenham se transformado em elemento constituinte, e mesmo instituinte, da forma de ver e organizar o mundo. A participao da populao ser possvel pelo compartilhamento e expanso das bases do conhecimento humano, bem como a aplicao na educao, na sade e na cincia. Para Benkler (2006), foi a mudana na tecnologia que possibilitou a transformao do compartilhamento e do intercmbio social no ncleo de produo de bens em vrios setores, como o da computao, da informao, da cultura, da educao e das comunicaes. Segundo Carvalho e Kaniski (2000), o avano das TIC trouxe e ainda trar profundas alteraes para a pesquisa e para a transmisso de conhecimentos, tornando-os a principal fora de produo da sociedade.Os documentos da Cpula Mundial sobre a Sociedade da Informao (2014) apontam que as TIC possuem um enorme potencial para expandir o acesso educao de qualidade, para ampliar a alfabetizao e o ensino primrio universal, alm de facilitar o prprio processo de aprendizagem, lanando assim as bases para o estabelecimento de uma Sociedade da Informao totalmente inclusiva e orientada ao desenvolvimento e de uma economia do conhecimento que respeite a diversidade cultural e lingustica. Borges (2000) ressalta que a informao sempre foi o insumo bsico do desenvolvimento e as TIC interferiram no ciclo informativo, tanto do ponto de vista dos processos, das atividades, da gesto e dos custos., Para Litto (2006), o desenvolvimento ser mais rpido, mais democrtico e mais seguro quando a utilizao da informao e do conhecimento tornar-se matria-prima para todas as tomadas de decises e para assegurar a qualidade de vida de todos. Contudo Lyotard (1986) ressalta que o antigo princpio segundo o qual a aquisio do saber indissolvel da formao do esprito, e mesmo da pessoa, cair cada vez mais em desusoEntretanto, para Assman (2000) e Santos e Carvalho (2009), a Sociedade da Informao ainda est em fase de constituio, impulsionada pela utilizao de tecnologias de armazenamento e transmisso de dados e informao de baixo custo, onde o ideal gerar e criar um complexo de relaes focado na informao, tendo como pano de fundo a criao de polticas pblicas que possam contribuir para a diminuio da excluso de milhares de pessoas que no possuem acesso s TIC por meio da valorizao da produo, distribuio e assimilao de contedos que possam ter impacto no dia-a-dia do cidado, se preocupando com a questo da excluso, agora no mais social, mas tambm digital. Para que a Sociedade da Informao alcance um desenvolvimento sustentvel, deve ser reforada a capacidade nacional na pesquisa e desenvolvimento em TIC. A aplicaes das TIC so potencialmente importantes para as operaes e servios governamentais, a assistncia mdica e informaes de sade, a educao e a capacitao, o emprego, a gerao de empregos, os negcios, a agricultura, os transportes, a proteo do meio ambiente e a gesto dos recursos naturais, a preveno de desastres e a vida cultural, assim como para promover a erradicao da pobreza.Santos e Carvalho (2009) ressaltam a importncia do acesso e uso da informao, por meio das TIC, para qualquer cidado possa realmente fazer parte da Sociedade da Informao, no bastando estar conectado se no conhecer a potencialidade do sistema para utiliz-lo estrategicamente. Segundo Carvalho e Kaniski (2000), o processo revolucionrio das TIC permitir a acelerao da integrao entre os usurios e as fontes de informao, o que permitir e reforar o desenvolvimento de cidados. Entretanto, ser preciso ter uma slida base educacional e cultural.Para Borges (2000), o mundo virtual, possibilitado e promovido pelas TIC, promoveu profundas transformaes sociais, principalmente nas concepes de espao e tempo. A distncia e o tempo entre a fonte de informao e o seu destinatrio perderam importncia; as pessoas no precisam mais se deslocar porque so os dados que surgem aparentemente do nada em todo e qualquer lugar. A distncia, a noo de territrio, de domnio e de espera foram reduzidas: vive-se o aqui e o agora. O virtual problematiza e reinventa o mundo por meio da utilizao de novos espaos e de velocidades e dimenses anteriormente inconcebveis, levando tambm a passagem do interior ao exterior, e do exterior ao interior, anulando limites e compartilhando tudo. Do ponto de vista econmico, a informao e o conhecimento tornaram-se bens primordiais, com caractersticas prprias e diferenciadas dos outros bens, pois o seu uso no faz com que acabem ou sejam consumidos. O uso da virtualizao, cada vez mais presente no nosso cotidiano, amplia as potencialidades humanas, criando novas relaes, novos conhecimentos, novas maneiras de aprender e de pensar.Segundo Barbosa (1986), se por um lado, o avano e a cotidianizao das TIC impem srias reflexes sobre questes ticas, deontolgicas, jurdico-polticas, de soberania, culturais e poltico-sociais; por outro, o impacto sobre a cincia revela os interesses e finalidades prticas dessa ao fortalecer-se como recurso gerador de riqueza, onde a fonte de todas as fontes a informao e, ainda que cada vez mais a educao, o conhecimento e a comunicao tornem-se essenciais para o bem-estar humano, para a superao de desigualdades e mesmo para a criao de empregos qualificados, a cincia, assim como qualquer modalidade de conhecimento, nada mais seria do que um modo de organizar, estocar e distribuir as informaes. Lyotard (1986) aponta que a relao entre fornecedores e usurios do conhecimento e o prprio conhecimento tende a assumir a forma que os produtores e os consumidores de mercadorias tm com estas ltimas, ou seja, a forma valor. Assim sendo, o saber ser produzido para ser vendido e ser consumido para ser valorizado como uma nova produo.Em uma tentativa de sntese, Borges (2000) caracteriza a sociedade da informao e do conhecimento pelo saber como fator econmico, onde as TIC revolucionam a noo de valor agregado informao, a qual torna-se produto e bem comercial e a probabilidade de se encontrar respostas inovadoras a situaes crticas ampliada como nunca antes na histria da humanidade. Apesar da grande alavanca do desenvolvimento da humanidade ser realmente o homem, as TIC criaram novos mercados, servios, empregos e empresas, transformando o mundo em uma grande sociedade, globalizada e globalizante. Contudo o homem, no comando dessas mudanas, como o nico ser dotado de vontade, inteligncia e conhecimento capaz de compreender os desafios e definir os passos que direcionaro seu prprio futuro, continua o mesmo, ntegro em sua individualidade, em suas aspiraes, na defesa de seus direitos, na busca da felicidade e de realizaes.O intercmbio e o fortalecimento do conhecimento global podem ser voltados para o desenvolvimento e aprimorados por meio da remoo das barreiras ao acesso equitativo informao para a realizao de atividades econmicas, sociais, polticas, de sade, culturais, educacionais e cientficas, facilitando o acesso informao em domnio pblico. essencial promover a produo e a acessibilidade em diversos idiomas e formatos de todo o contedo educacional, cientifico, cultural ou recreativo. Instituies educacionais, cientficas e culturais devem ser apoiadas em sua funo provimento de acesso aberto e de desenvolvimento e preservao de contedos diversos e variados, inclusive em formatos digitais, com a finalidade de apoiar a educao informal e formal, a pesquisa e a inovao.

A educao continuada, a educao de adultos, a reciclagem profissional, a aprendizagem ao longo da vida, a educao a distncia e outros servios especiais, tais como telemedicina, podem ter uma contribuio essencial para a empregabilidade e para ajudar as pessoas a se beneficiarem das novas oportunidades oferecidas tanto para os empregos tradicionais, como tambm para novas profisses. De acordo com Assmann (2000), as TIC no substituiro os professores, nem diminuiro o esforo disciplinado do estudo, mas ajudaro a intensificar o pensamento complexo, interativo e transversal, criando novas chances para a sensibilidade solidria no interior das prprias formas do conhecimento. Segundo Hargreaves (2004), a Organizao para e Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) projetou possveis cenrios para a escola diante da sociedade do conhecimento, sendo uma reinventada na forma de organizao de aprendizagem dirigida, que enfatiza a aprendizagem; e outra com pontos focais em redes de relacionamentos comunitrios mais amplos, desenvolvendo o capital social dos estudantes e Ihes possibilitando viver bem e trabalhar produtivamente.A utilizao das TIC em todas as etapas da educao, formao e desenvolvimento de recursos humanos pode e deve ser promovida considerando as necessidades especiais das pessoas com deficincia e de grupos desfavorecidos e vulnerveis. Segundo Straub (2006), no atual universo de mudana disruptiva, a inovao da aprendizagem torna-se essencial e seu foco deve se afastar de habilidades e competncias pr-definidos para permitir a aquisio dinmica de conhecimento mais produtivo. mais do que fundamental promover a popularizao da cincia na Sociedade da Informao uma vez que essa assume um papel crucial na produo de informao e conhecimento, na educao e na formao, estimulando tambm o estabelecimento de parcerias, cooperao e intercmbio entre as diferentes instituies culturais. Iniciativas de publicao eletrnica e o acesso aberto devem ser promovidas para tornar a informao cientfica acessvel e disponvel, alm de tambm incentivar o uso da tecnologia entre pares para compartilhar o conhecimento cientfico e promover a coleta, a divulgao e a preservao de longo prazo, sistemtica e eficiente de dados digitais cientficos essenciais, como, por exemplo, os dados demogrficos e meteorolgicos. Molloy (2011) enfatiza que cincia construda sobre dados, passando pela coleta, pela anlise, pela publicao, pela reanlise, pela crtica e mesmo pela reutilizao. No entanto, o atual sistema de publicao cientfica trabalha com restries de acesso aos dados cientficos e s publicaes. Alm disso, h uma relutncia cultural para publicar dados abertamente, seja por temor dos pesquisadores perderem o controle sobre seu uso sela pela falta de incentivo ou de crdito para faz-lo.O uso eficaz de informao e dos dados cientficos coletados, conforme o mais apropriado para a conduo de pesquisas cientficas, s ser possvel com princpios e padres para facilitar o desenvolvimento colaborativo, com plataformas interoperacionais e de software livre e de cdigo aberto, de maneira que reflitam as possibilidades dos diferentes modelos de software, em especial para a educao, cincia e programas de incluso digital. A prpria maneira como a cincia trata os dados tambm est se modificando. So necessrias prticas instituicionais que fomentem a colaborao, o compartilhamento e o livre acesso informao nas diversas fases da produo, ensino e difuso cientfica e funo da universidade promover o livre acesso ao conhecimento e cultura, pois quanto mais partilhada, mais a cincia cresce e se aperfeioa.O movimento de aberturaStraub (2008) afirma que a idia de "abertura" emerge como atributo dominante dos principais desenvolvimentos no atual tecido econmico e social. Segundo Gurstein (2011), o movimento por dados abertos na rea de acesso informao pblica relativamente novo, mas muito significativo, e potencialmente uma fora poderosa e emergente. A ideia subjacente que os dados pblicos, coletados direta ou indiretamente, devem estar disponveis em forma eletrnica e acessveis via internet. Janssen, Charalabidis e Zuiderwijk (2012) apontam que a disponibilidade de dados abertos tem crescido significativamente, pois cada vez mais considerado que os dados abertos tornam-se indispensveis para o desenvolvimento de polticas pblicas e de prestao de servios, podendo ser fornecidos por organizaes pblicas e privadas, mas geralmente financiado com dinheiro pblico. Segundo Wiley e Gurrell (2009), o movimento de contedo aberto foi uma tentativa de aplicar o modelo de software livre para materiais educativos e outros contedos, incluindo a investigao erudita, msica, literatura e arte.Huijboom e Van den Broek (2011) afirmam que os "dados abertos" esto sendo colocados na agenda poltica e administrativa e cada vez mais governos de todo o mundo esto tendo de se adaptar definio e uso de "dados abertos" como estratgia para aumentar a transparncia, a participao e a eficincia do governo As principais motivaes para a publicao dos dados so o aumento do controle democrtico e da participao poltica, o incentivo para inovar produtos e o reforo na aplicao das leis. Num enfoque social, Bessa, Nery e Terci (2003) ressaltam que o ritmo de difuso das TIC mostra potencialidades inditas para a abertura e ampliao dos canais de participao nas sociedades democrticas e para o aparecimento dos novos direitos, alm da importncia na criao de novos produtos e da revitalizao de mercados tradicionais em bases tecnolgicas renovadas, como nas reas de telemedicina, de educao a distncia e de ao do Estado, por intermdio do governo eletrnico. Entretanto, uma barreira crucial para a implementao dos dados abertos so as culturas fechadas internas aos governos, causadas por um medo de divulgao a respeito de possveis falhas de governo diante de dados que podem ser usados politicamente para questionar a administrao pblica.

Benkler (2006) aponta que o sistema de educao, do jardim de infncia at os programas de doutoramento, completamente infundido com motivaes no proprietrias, relaes sociais e formas diferenciadas de organizao, repletas de voluntarismo e aes voltadas principalmente para motivaes scio-psicolgicas em vez da apropriao pelo mercado. E a medida que novas estratgias para a produo de informao e conhecimento esto tornando disponveis para uso e constante inovao por todos em todos os lugares, a economia passa a contribuir cada vez mais intensamente para o desenvolvimento humano. Software livre e padres livres e abertos de Internet so exemplos conhecidos nos setores de tecnologia e novas formas esto sendo criadas na publicao acadmica, na disponibilizao da informao e materiais educativos, como enciclopdias em vrios idiomas e em todo o mundo, contribuindo, ainda que de forma limitada, para que muitas pessoas vivam uma vida longa e saudvel, bem-educada e materialmente adequada. Para Wiley e Gurrell (2009), apesar de jovem e com problemas prementes, o movimento pela educao aberta est crescendo em fora e maturidade, com promessas de melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas ao redor do mundo.Litto (2006) aponta o movimento de abertura em vrias reas, comeando com a interconexo de sistemas abertos, um conjunto de protocolos que garantiam que pessoas fsicas e jurdicas, com mquinas e sistemas operacionais diferentes, pudessem comunicar-se entre si; passando para o movimento de software livre, com o esforo de milhes de programadores, espalhados pelo mundo, engajados na tarefa de produzir aplicaes que podem ser copiadas, modificadas e distribudas de forma no-comercial; chegando a criao de patentes abertas (Patent Commons Project) e de revistas cientficas on-line e abertas, mesmo com avaliao dos pares. Entretanto, o que certamente afeta mais diretamente as pessoas com desejo de aprender algo, formalmente com direito a certificado ou diploma, ou mesmo informalmente enquanto conhecimento pelo valor intrnseco, foi a abordagem designada por Recursos Educacionais Abertos (REA), uma revoluo que tem potencial para mudar o tradicional e convencional sistema de educao, oferecendo mais poder ao aprendiz e exigindo mais inteligncia e criatividade do professor. Os REA representam um passo grande no processo de aproveitamento das TIC. Segundo Straub (2006), a abertura se traduz em padres abertos e em arquiteturas orientadas a servios para a aprendizagem, onde a abertura se sujeita a um processo contnuo de desenvolvimento transparente e colaborativo, no controlado por decises centralizadas, uma questo fundamental para os governos e sobre como a a infra-estrutura deve ser implementada para possibilitar o desenvolvimento da sociedade da aprendizagem para o sculo 21.Para Straub (2008), a abertura est associada aos valores da tolerncia, da liberdade individual, da aprendizagem ao longo da vida, participao, empoderamento e cooperao, em oposio aos valores do mundo fechado tpicas de comando e controle, gesto de cima para baixo, a governao centralizada e burocrtica, o excesso de regulamentao e dominncia coletivista sobre a liberdade individual.Alm do movimento de dados abertos, software livre, contedos e educao aberta, surgiu tambm uma nova forma de fazer cincia que traz desafios tanto na formao de recursos humanos altamente qualificados quanto no desenvolvimento de pesquisa bsica e aplicada na fronteira do conhecimento, cujo objetivo identificar os princpios, mtodos e tcnicas fundamentais para o gerenciamento e anlise de grandes volumes de dados heterogneos (ZIVIANI; PORTO; OGASAWARA, 2015). Apesar de Assman (2000) afirmar que o passo da informao ao conhecimento um processo relacional humano, e no mera operao tecnolgica, para Maada, Brinkhues e Freitas Jr. (2015), desenvolver capacidades para explorar as novas ondas de dados que esto sendo criados imperativo no novo ambiente informacional. Nas ltimas dcadas, esses estudos tm se concentrado mais em investigar a tecnologia do que a gesto da informao. Entretanto, no a tecnologia que fornece o maior potencial de retorno s empresas, mas a informao que est na base da competio. A capacidade de gesto da informao passou a desempenhar um papel relevante em ambientes competitivos e dinmicos. A informao vem sendo compreendida como um recurso, potencialmente estratgica, estudada por pesquisadores h pelo menos duas dcadas.Consideraes FinaisEnsinar para alm da sociedade do conhecimento significa servir-lhe de contraponto corajoso, com vistas a estimular os valores de comunidade, democracia, humanitarismo e identidade cosmopolita (HARGREAVES, 2004). Para Straub (2008), um mundo aberto um mundo de repleto de oportunidades e desafios que exige mudanas comportamentais e nas atitudes individuais e grandes ajustamentos institucionais. A combinao da implementao das TIC em um ecossistema de padres abertos poder fornecer uma base slida para permitir a inovao na aprendizagem. Esta inovao ir resultar em novos modelos pedaggicos, novos ambientes de colaborao virtual e contedo digital acessvel, os quais podero ser compartilhadas ao redor do globo.RefernciasASSMANN, H. A metamorfose do aprender na sociedade da informao. Revista Cincia da Informao, 29(2), p. 7-15, 2000BARBOSA, W. V. 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Doutora em Educao pela UNICAMP. Pesquisadora nos grupos GIEPES e LEES na UNICAMP. Mestre em Educao pela . E-mail: [email protected]

Doutoranda em Educao na UNICAMP. Pesquisadora nos grupos GIEPES e LEES na UNICAMP. Mestre em Educao pela UNICAMP. E-mail: [email protected]

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