SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

31
SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista

Transcript of SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Page 1: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA:

Minas setecentista

Page 2: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Portugal:1ª política manufatureira (1683 - 1703) tem limites classe dominante ainda é clero e nobreza política conjuntural1703 Tratado de MethuenPerda de várias colônias na África e na ÍndiaBrasil :

- crise da produção de açúcar - concorrência antilhana - limites das forças produtivas

Page 3: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Solução:encontrar outro produto na única colônia que não sofria contestações ð Brasil

Mineração:desde o início da colonização cláusula buscar metal precioso

Page 4: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Os paulistas e a busca de metais e pedras preciosas

1674: Fernão Dias Pais a pedido de D. Afonso VI encontra turmalinas ð conhecimento do sertão.1693: Antônio Rodrigues Arzão mesma rota de Fernão Dias Pais ouro em MG1698: Antônio Dias de Oliveira ouro em Ouro Preto.1700: Borba Gato Sabará.1719: Pascoal de Morais Cabral Cuiabá.1722: Bartolomeu Bueno da Silva (Anhangüera) Goiás.

uso dos rios monções expedições de abastecimento das regiões

mineradoras nova atividade dos paulistas.

Page 5: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Periodização I. 1693-96 / 1709crise de abastecimento:

- grande contigente populacional sem nenhuma infra-estrutura;- período de grandes fomes crise de 1701/02 parte-se para o plantio de roçado nos caminhos que levam a MG, mas a fome continua na pobreza ð grande inflação;penetração da Metrópole aproveita das tensões sociais para mostrar um forte aparato administrativo, fiscal e militar.

Page 6: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

fixação da população em MG 3 grandes focos: - Rio das Mortes S. João Del Rey - Ribeirão do Carmo Ouro Preto / Mariana - Rio das Velhas Sabará

principal tensão social Emboabas - envolve vários níveis de conflito - síntese das contradições sociais da região

presentes desde o início da mineração: 1. propriedade: emboabas x paulistas 2. poder local 3. dominação

Page 7: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

- envolve:• Coroa • Pecuaristas • Mineradores• Comerciantes • Habitantes

MG, S.P, R.J. mesma capitania/província fim da guerra dos emboabas separação:- MG/ S.P. capitania de S.P. e Minas do Ouro administração própria e nova

- RJ 

Page 8: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

II. 1709 / 1720Após a Guerra dos Emboabas preocupação da metrópole integração administrativa da região das minas poder local: separação das capitanias + controle e ordenação da população:

- concentração populacional cidades repressão é mais fácil

- urbanização mais convivência maior conscientização "do que seria viver em colônias"

- áreas de ebulição social.

Page 9: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

penetração metropolitana através da tributação: - 1709: quinto por bateia por cada escravo que

trabalhasse nas Minas deveria ser pago uma determinada quantia, perfazendo a quantia correspondente ao quinto

- quinto quando o ouro deixava a capitania, totalizando 30 arrobas (quinto fixo) rei não concorda

- retorna o quinto por bateia Levante do Morro Vermelho

- retorna o quinto fixo em 30 arrobas - 1718: Câmaras Municipais 25 arrobas +

cobrança de direitos sobre a entrada de gado, escravo e qualquer carga

Page 10: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

07/1719 Conde de Assumar (governador da capitania) anuncia o funcionamento da Casa de Fundição para 1720 quintar o ouro no processo de produção de barras com carimbo proibição de circulação de outro em qualquer outra forma.28 e 29/06/1720 levante em Vila Rica Felipe dos Santos (tropeiro) + principais senhores de lavras da capitania levante das oligarquias locais contra o quinto medo dos rumos do movimento por conta da participação popular 14/07/1720 Assumar retoma a Vila prisão e morte de Felipe dos Santos + queima do Morro de Pascoal da Silva (comerciante e minerador – Morro da Queimada)

Page 11: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Resultado da rebelião separação de S.P. e MG criação da capitania de MG mais um momento de centraliza centralização do poder em MG.III. 1720 / 1770 Apogeu

(1733 / 1748) Laura de Mello e Souza (Vergueiro)

Page 12: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Características da mineraçãoespecialização.mão de obra escrava.tecnologia rudimentar.baixo capital fixo.grande contingente populacional homens livres.economia itinerante. penetração da metrópole.grande número de alforrias.

Page 13: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

PropriedadeData: 66 m2 = 30 braças braça = 2,2 m21 escravo = 5,5 m2 12 escravos = 1 data

1ª descobridor divisões 2ª Fazenda real leiloada

3ª descobridor demais distribuídas entre os pretendentes conforme o número de escravos reforço da concentração de riqueza distribuição já está pré-determinada enquadra-se perfeitamente no escravismo colonial (mesmo quem tem um escravo recebe terra)

Page 14: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Tributação1 arroba = 15 quilos1718 Câmaras Municipais = 25 arrobas 1720-25 Câmaras Municipais = 37 arrobas 1725-35 Casas de Fundição = 1/51735-55 Capitação por escravo 1755... Casas de Fundição 100 arrobas (excessos valiam por um ano – houve excesso até 1762)1763 100 arrobas + derrama (diferença)Vários outros tributos: dízimo, subsídio voluntáio, subsídio literário, direitos de entradas e passagens pesada rede fiscal pobreza e desclassificação social.

Page 15: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

grande número de alforrias capitação escravos detém a tecnologia da metalurgia a acumulação é gasta com o abastecimento.

Page 16: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Distrito DiamantinoDescoberta de diamantes na bacia do Rio Jequitinhonha primeira década do XVIII

eram usados pela população como pedras para

marcar pontos no jogo de cartas desconheciam seu valor

Governador D. Lourenço de Almeida aproveitou essa ignorância para acumular grande tesouro antes que a Coroa ficasse sabendo da descoberta1730 = promulgação do primeiro regimento para os diamantes gemas = propriedade real

Page 17: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Tributação = capitação 5 mil réis por escravo em seguida é elevada para 40 mil réisExportação apenas em navios portugueses frete = 1% do valor da gemaGrande oferta (legal + contrabando) = queda do preço nas praças européias suspensão da exploração entre 1734 e 17391739 = retomada da exploração de diamantes regime de contratação = venda do direito de minerar diamantes e cobrar certos impostos dura até 1771 = seis contratosContratadores normalmente reinóis mais famosos: Felisberto Caldeira Brant (1748-1751) e João Fernandes de Oliveira (1761-1771 / amante de Chica da Silva)

Page 18: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Contratadores podiam minerar na área demarcada com até seiscentos escravos capitação de 230 mil réis maioria eram escravos de aluguel

na prática = muito mais escravos1745 = Coroa proíbe a livre entrada na região do Tijuco + nova demarcação do Distrito Diamantino1771 Marquês de Pombal (primeiro ministro português) cria o monopólio real dos diamantes = criação da Real Intendência dos Diamantes + Livro da Capa Verde (sistematização da legislação = regulamento)

Page 19: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Discussão historiográfica = Distrito Diamantino foi um lugar que sofreu a máxima repressão por parte da Coroa?

Versão tradicional Estado dentro do Estadomundo totalmente diferenciado dentro da colôniapopulação aterrorizada = fechamento territorial

Page 20: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Versão mais atual (baseada em pesquisa documental) = região não diferenciada:

Livro da Capa Verde = sistematização da legislação existente (e dispersa) na área aurífera

Repressão não indiscriminada = dirigida a garimpeiros, escravos e negros

Elite gozava de privilégios, não sendo molestada pelas autoridades

Intendentes não tinham total autonomia frente aos Governadores da Província tensão constante entre os níveis de autoridade Coroa cobrava atuação dos governadores no Tijuco.

Page 21: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Todo o XVIII e início do XIX = grande produção de diamantes e outroAtividades agrícolas garantiam boa parte do abastecimento da regiãoGrande atividade comercial pólo = Arraial do TijucoMaior fonte de renda = Intendência Real maior empregadora de homens livres + cerca de 5 mil escravosDecadência da Real Extração = terceira década do XIX extinção oficial em1832 extinção de fato em 1841Retorno da atividade dos garimpeiros descoberta de lavras riquíssimas Intendência não consegue impedir a atividadeEscravos são retirados dos serviços da Real Extração por falta de pagamento dos aluguéis 1841 = 1 feitor e 10 escravos!!!

Page 22: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Nas décadas de 30 e 40 do XIX os garimpeiros tiraram mais diamantes do que a Extração em 70 anos boom até 1860 entrada dos diamantes sul-africanos no mercado mundial baixa dos preçosDecadência da mineração novos padrões de vida na região diamantina centro comercial e industrial do norte de Minas

Page 23: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Formação social na mineração

extremamente estratificada 50% de terras e escravos = 1/5 da população.economia urbana.mercado interno extremamente rico.setor terciário muito maior nunca como classe autônoma.grandes fortunas mas ligadas ao comércio que à mineração.Camada dominante: grande comerciantes, fazendeiros (pecuária, alimentos), contratadores de impostos, altos funcionários reais.

Page 24: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Camada intermediária: pequeno comerciante, artesão (carpinteiros, alfaiates, sapateiros, pintores), artistas (construtores entalhadores, pintores, músicos ), minerador, vendeiro, clero secular.

cada grupo possuía sua irmandade estratificação.festas e peregrinações/romarias: congraçamento, luxo/ostentação vendas e lojas de comestíveis (tavernas): locais de encontro e lazer repressão das autoridades.

Page 25: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Desclassificação sociais biscate miséria e promiscuidade criados pelo próprio sistema maioria: mestiços e negros. Dualidade: - perigo crimes, inflação, violência - utilidade expedições, obras públicas,

prostituição

Crimes grupos /bandos

Escravos maioria da população chegando a 70% da população tentativas de levantes + quilombos.Mestiços e negros = 80% da população

Page 26: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Estratificação social rígidaHomens ricosCamada média

Desclassificados

Escravos

Page 27: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

tendência da camada média à desclassificação desclassificação cresce com a crise da mineração.sociedade polarizada tensões sociais.

Não é uma sociedade diferente adequação ao A.S.C.Características novas:

enorme controle da metrópole cidades

Page 28: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Articulação com as demais regiões

Mercado interno com grandes potencialidades em MGNE cana, aguardente, boiRS muar (transporte ) S.P abastecimento e transporte de gado B.A fumo, cana, importação (contrabando) 1763 transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro R.J importaçãoGoiás/M.T articulação com São Paulo e a região do PrataDécada de 40 criação de gado em volta das minas agropecuária mineira.

Page 29: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Crise da mineração"involução" à economia de subsistência referência: mercado externo (Celso Furtado)referência: mercado interno crise do núcleo mineratório rearticulação volta para o mercado interno M.G passa a desenvolver a agropecuária abastece: R.J (séc. XVIII) e S.P (séc. XIX).agropecuária escravista M.G (séc. XIX) = baluarte da escravidão.Sul perde a concorrência interna para M.G e se rearticula com : cereais, charque e vinho.

Page 30: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Mineração nenhum efeito produtivonenhuma acumulação

colonos pauperização / desclassificação.metrópole escoamento para a Inglaterra.

Grande área de revolta devido à grande tensão social culminação: Inconfidência Minera.

Page 31: SOCIEDADE E ECONOMIA MINERADORA: Minas setecentista.

Referências:MARTINS, Marcos Lobato. Da bateia à enxada: Minas Gerais nos séculos XVIII e XIX. Diamantina: FAFIDIA, 2000.VERGUEIRO (MELLO E SOUZA), Laura. Opulência e miséria das Minas Gerais. 2.ed. São Paulo: Brasiliense, 1983. (Tudo é história, 28).