Sociologia da educação
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Revista Linhas. Florianpolis, v. 15, n. 29, p. 232-250, jul./dez. 2014. p.232
e-ISSN 1984-723
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Os herdeiros: uma das principais teses da sociologia francesa da educao Resumo Os herdeiros (1964) figura, passados mais de 50 anos, como essencial consolidao dos estudos sociolgicos da educao. Explicitar algumas das razes para retomar esta obra num outro momento histrico, num outro espao geogrfico, num outro contexto cultural o objetivo deste artigo. Nossa inspirao vem do fato de se tratar de uma obra que permanece contempornea graas s questes que discute e que, no caso brasileiro, pode contribuir para a reflexo crtica das polticas educacionais mais recentes. Ao pr em xeque a retrica da democratizao da educao, ao vincular educao e cultura, desigualdades sociais e desigualdades escolares por meio de algumas teses, Os herdeiros apresenta uma fora crtica incontornvel compreenso das instituies de ensino, podendo ser lida como um apelo ao engajamento dos intelectuais nas grandes causas sociais e educacionais, alm de se constituir uma contribuio importante para os definidores das polticas para a educao nacional.
Palavras-chave: Democratizao da educao; Educao e cultura; Desigualdades sociais; Desigualdades escolares; Polticas educacionais.
Ione Ribeiro Valle
Doutora em Cincias da Educao pela Universidade
Ren Descartes Paris V Sorbonne Frana [email protected]
Para citar este artigo: VALLE, Ione Ribeiro. Os herdeiros: uma das principais teses da sociologia francesa da educao. Revista Linhas. Florianpolis, v. 15, n. 29, p. 232-250, jul./dez. 2014. DOI: 10.5965/1984723815292014232 http://dx.doi.org/10.5965/1984723815292014232
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Ione Ribeiro Valle Os herdeiros: uma das principais teses da sociologia francesa da educao
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The Inheritors: one of the main theses of the French sociology of Education Abstract The Inheritors (1964) remains, after more that 50 years, essential to the construction of the sociological studies in education. The aim of this article is to explain the reasons to retake the work in another historical moment, in another geographic space, in another cultural context. We draw our inspiration from the fact that it is a work that is still contemporary due to the questions it discusses and that, in the Brazilian context, to a critical reflection of the most recent educational policies. By showing the inconsistency of the rhetoric of democratization of education, by linking together education and cultural, social inequalities and school inequalities by means of certain theses, The Inheritors presents an inescapable to the understanding of the school institutions, and can be read as an appeal to the commitment of the intellectuals in big social causes, besides the fact that it constitutes an important contribution to those who define policies for the national education.
Keywords: Democratization of education; Education and culture; Social inequalities; School inequalities; Educational policies.
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Introduo
Se o universo escolar evoca por mais de uma forma o universo do jogo,
campo de aplicao de regras que somente valem quando se aceita jogar, espao e tempo limitados, delimitados, arrancados do mundo real no qual pesam os determinismos, porque, mais do que outro jogo, ele
prope ou impe aos jogadores a tentao de prender-se no jogo levando a crer que coloca todo seu ser em jogo.
Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron (1964)
Hoje, como h meio sculo, Os herdeiros (1964) aparece como uma referncia
essencial compreenso das desigualdades escolares; hoje, tanto quanto h 50 anos,
aposta-se no ideal meritocrtico porque se acredita que so os dons e a performance
escolar que possibilitam a cada um melhorar sua situao social; hoje, mais do que h
meio sculo, apesar da paisagem educacional ter se modificado consideravelmente, esta
obra figura como leitura imprescindvel quando se trata de desvelar lgicas de
reproduo social, historicamente dissimuladas pelo poder simblico exercido pela
escola.
Estas seriam algumas das razes para ler Os herdeiros num outro momento
histrico, num outro espao geogrfico, num outro contexto cultural. Estas tambm
foram as principais motivaes para a traduo de mais esta obra de Pierre Bourdieu,
elaborada em parceria com Jean-Claude Passeron. No se trata, evidentemente, de uma
motivao ditirmbica ou de uma deciso obcecada pela abordagem multifacetada e
polmica que caracteriza a obra. O que nos inspira , sobretudo, o desejo de conhecer
uma espcie de libido sciendi o fio de ligao entre as obras dedicadas especificamente
educao: Os herdeiros sendo a primeira obra deste qudruplo, seguida de A reproduo
(publicada na Frana em 1970 e lanada no Brasil em 1975, num momento crtico da
ditadura militar), de Homo academicus (publicada na Frana em 1984 e lanada no Brasil
em 2011 pela Editora da UFSC) e de A nobreza de estado (publicada na Frana em 1989 e
que ainda no foi traduzida para o portugus).
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As duas primeiras obras (Os herdeiros e A reproduo) so fruto de uma parceria
de mais de uma dcada entre Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron. Uma parceria que
teve altos e baixos e que foi sintetizada por Passeron na seguinte frase: Com Bourdieu,
contra Bourdieu. Esta frase, segundo ele, define com preciso a influncia que Bourdieu
teve sobre sua trajetria de socilogo e de cientista social. Ela expressa tambm a
contribuio de Bourdieu sobre todos os que trabalharam com ele ou entraram em
contato com sua imaginao sociolgica.
nesta imaginao sociolgica, inscrita numa tradio cientfica que foi ao
mesmo tempo reativada e subvertida, que buscamos os elementos que vo orientar
nossa reflexo neste momento. Ou seja, s tem sentido ler Os herdeiros meio sculo
depois se considerarmos que se trata de uma obra que marca a mudana na trajetria da
sociologia da educao, cincia que nos anos 1960 ainda se encontrava em seu estado
embrionrio. Sabemos que o pensamento contemporneo est enraizado nos
conhecimentos que antecederam o nosso tempo, ou, mais precisamente, no pensamento
clssico. Nele encontramos as lentes que ajudam a compreender grande parte das
questes que continuam desafiando pesquisadores e administradores da educao.
Como se pode perceber uma das razes para ler Os herdeiros deve-se ao fato de
se tratar de uma obra clssica. Para caracteriz-la como tal, apoiamo-nos na definio
apresentada por talo Calvino (escritor italiano, 1923-1985, nascido em Cuba) na obra
Porque ler os clssicos? (1981)1. Para Calvino (1993, p.7-8), dizem-se clssicos aqueles
livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem
uma riqueza no menor para quem se reserva a sorte de l-los pela primeira vez nas
melhores condies de apreci-los
Uma segunda razo para ler Os herdeiros sua contemporaneidade. Vivemos
num mundo marcado por crises polticas, pela queda de alguns muros e edificao de
outros, por rupturas epistemolgicas, pela reafirmao de doutrinas fundamentalistas
que colocaram em xeque os grandes ideais que animaram at muito recentemente a
chamada era moderna. Todavia, apesar dos inmeros avatares que tm atingido as
1 Disponvel em , acesso em 09.03.2014.
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ltimas dcadas, a Escola e, mais recentemente, a Universidade permanecem alvo das
mais veementes demandas sociais. Embora as crticas sejam crescentes e cada vez mais
contundentes, estas instituies continuam sendo consideradas como uma possibilidade,
talvez a nica, de conquista da justia social num mundo dominado pelas mltiplas cores
das injustias.
No Brasil, medida que vivenciamos importantes mudanas econmicas, sociais,
polticas e culturais, por longas dcadas reivindicadas, percebemos que o acesso Escola
e a ampliao das oportunidades de formao superior, fruto de polticas educacionais
voltadas democratizao da educao, em nenhum momento foram postos em dvida.
Ao contrrio, o que vemos a passagem da escolarizao como obrigao (referimo-nos
clssica obrigatoriedade escolar que remonta ao sculo XIX2) para a escolarizao como
direito.
Vale lembrar que numa sociedade democrtica os cidados so juridicamente
iguais e, portanto, cada um potencialmente candidato s posies sociais e
profissionais, indiferentemente de suas caractersticas pessoais e das suas condies de
nascimento. E nessa dinmica de distribuio que a educao escolar permanece sendo
considerada como uma instituio promotora da justia, pois cabe a ela preparar os
indivduos, segundo seus dons e mritos, para a ocupao dessas posies.
No entanto, sabemos que por meio das polticas de escolarizao que as
desigualdades sociais tm se convertido em desigualdades escolares. E, apesar da
literatura sociolgica mais recente revelar o alto grau de legitimidade da instituio
escolar no que tange fundamentalmente promoo de desigualdades justas, constata-
se sistematicamente que as posies sociais de maior prestgio so desigualmente
distribudas, altamente hierarquizadas e valorizadas.
No caso brasileiro, cada vez mais o prolongamento dos estudos e a obteno de
diplomas que permitem o acesso a essas posies posto em perspectiva, como
mostram as lutas pela escolarizao, da educao infantil ao ensino superior. O diploma
aparece, portanto, como emblema da justia social e como dispositivo a ser
2 Sobre a obrigatoriedade escolar no Brasil ver Vidal, S e Silva (2013).
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disponibilizado a todos porque ele a expresso mais legtima do mrito (individual).
Com isso, como lembra Franois Dubet (2009, p. 21), se atribui escola a carga
esmagadora de ser a nica instituio capaz de distribuir legitimamente os indivduos em
posies desiguais.
Como se pode ver, a contemporaneidade de Os herdeiros est no fato de revelar
as contradies entre o que se promete e o que se realiza quando se trata de pr em
prtica dois princpios (igualdade e meritocracia) fundantes das polticas educacionais.
Estamos nos referindo, portanto, a finalidades-chave, retomadas e ressignificadas pelas
diferentes polticas educacionais que atravessaram o sculo XX. Estes mesmos princpios
esto na agenda das polticas para a educao do novo milnio e justificam projetos,
programas e diversificadas aes governamentais. Vale ressaltar que a igualdade de
acesso permanece associada a uma grande confiana na escola emancipadora e
libertadora.
De um continente a outro
Ao pr a nu a vinculao direta e mecnica entre desigualdades sociais e
desigualdades escolares, a obra Os herdeiros atira pimenta nos olhos dos legisladores e
administradores da educao francesa da dcada de 1960. Desde ento, muitas
mudanas foram introduzidas no sistema de ensino daquele pas; reformas se sucederam
como reao ao fracasso comprovado das polticas de democratizao da educao
denunciado em Os herdeiros.
O que vemos hoje? Uma Frana que, passados 50 anos, foi elevando a barra de
acesso aos nveis escolares (a meta hoje formar 50% da populao no nvel superior),
sem, contudo, democratizar verdadeiramente a educao escolar. Os estudos continuam
mostrando que os herdeiros so maioria nas posies escolares de prestgio, que os
herdeiros ainda ocupam o que h de mais primoroso no sistema francs de educao,
seja nos colgios, nos liceus, nas universidades ou nas grandes escolas; que os
herdeiros continuam vivendo seu destino como vocao.
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E para ns brasileiros qual poderia ser a importncia de Os herdeiros? Ela est no
fato de termos um sistema de ensino, da educao infantil educao superior, marcado
por desigualdades que se cruzam e se multiplicam, impedindo dessa maneira de se
vislumbrar, mesmo ao longo prazo, um processo de escolarizao o menos injusto
possvel. Nosso sistema de ensino se caracteriza por um fosso profundo entre os
princpios que regem a educao nacional a igualdade de oportunidades sendo o
princpio norteador e as desigualdades da oferta. Ainda temos 8,5% de analfabetos (com
diferenas regionais que variam de 4,4% no Sul do Brasil a 17,4% no Nordeste)3.
Embora possamos comemorar a quase massificao do ensino fundamental,
estamos longe de oferecer a educao bsica s novas geraes: 50% das crianas de 0 a 5
anos esto fora da educao infantil; 50% dos jovens de 15 a 19 anos no frequentam o
ensino mdio4. A realidade no ensino superior ainda mais gritante apesar do aumento
de quase 150% do nmero de instituies de ensino superior entre 1998 e 2008: menos de
10% destas instituies so universidades; menos de 7% so pblicas5.
Tradies, dilogos, racionalidade pedaggica
O que encontramos em Os herdeiros? Gostaria de destacar ao menos quatro
dimenses, que mostram o esprito do tempo, expresso no modo de fazer sociologia
dos dois pensadores. Primeiramente a fora crtica, reunindo a crtica (fruto da posio
cientfica exercida no campo profissional) e a crtica da crtica (fruto de suas posies
polticas). Uma crtica bem elaborada, empiricamente bem sustentada e produzida no
quadro de um trabalho coletivo e interdisciplinar; nico capaz de escapar do efeito de
gueto ao qual se expem os pesquisadores enclausurados em seus mundos acadmicos
3 Cf.: Mapa Brasil. Disponvel: http://www.achetudoeregiao.com.br/ATR2/mapa_brasil.htm. Acesso em 10.10.2013. 4 Cf. : Ministrio da Educao. Censo escolar. Disponvel: http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/resumos_tecnicos/resumo_tecnico_censo_educacao_basica_2012.pdf . Acesso em 10.10.2013. 5Cf.: BRASIL. IBGE. Evoluo da Educao Superior/1991-2007. Disponvel: . Acesso em 10.10.2013; BRASIL. IBGE. Sinopses Estatsticas da Educao Superior, 2008. Disponvel: . Acesso em 10.10.2013.
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(BOURDIEU, 2001, p. 17). Certamente, a fora da crtica que mais nos interessa como
pesquisadores e intelectuais engajados ou como intelectual coletivo, nos termos
apresentados por Bourdieu6. A dimenso crtica aparece claramente na concluso de Os
herdeiros, quando os autores assinalam que no suficiente constatar que a cultura
escolar uma cultura de classe e tudo fazer para que ela permanea assim, agindo como
se ela fosse somente isso (BOURDIEU e PASSERON, 2014, p. 97).
A obra inaugura, como se pode ver, um novo jeito de fazer sociologia, porque
institui um modus operandi, retomado, de forma mais elaborada e detalhada em A
profisso de socilogo (publicada em 1968), numa parceria com Jean-Claude Passeron e
Jean-Claude Chamboredon; obra que prope uma viso de conjunto da realidade, porque
se distingue da viso intuitiva e de controle predominante, e supe um controle total do
objeto tendo como base o conjunto das informaes levantadas e no certos rituais de
purificao ideolgica (PESTAA, 2012, p. 363).
Pierre Bourdieu incorpora, como verdadeira obsesso, esse modo de fazer
sociologia e vai lapidando-o nas obras que vo se sucedendo; Meditaes pascalianas
(1997) representando sua construo terica mais elaborada graas s suas precises
epistemolgicas. Jean-Claude Passeron, por sua vez, tambm leva adiante a necessidade
de redefinir a prtica sociolgica, embora percorra outros caminhos e desenvolva de
outra maneira seu raciocnio sociolgico (obra publicada em 1991).
, portanto, na base de construo de Os herdeiros que situamos tanto o apelo
ao engajamento do intelectual nas grandes causas sociais e, neste caso, educacionais,
quanto o ideal de objetividade cientfica que deve deixar de lado as preferncias
normativas ou ideolgicas. Em Os herdeiros firma-se uma sociologia fiel sua vocao de
desnaturalizar os fenmenos humanos visando desfataliz-los; uma sociologia que
6 Inspirado no conceito de Foucault de intelectual especfico, esse modelo de engajamento pauta-se na especializao e na diviso do trabalho de expert propondo uma forma de ao coletiva fundada no acmulo de competncias num determinado domnio do conhecimento. Ao contrrio do individualismo do mundo das letras onde reina o paradigma da singularidade, esse modelo remete ao modo de funcionamento do campo cientfico pautado no trabalho em equipe e na acumulao de conhecimentos, inaugurando um modo coletivo de interveno poltica com base no trabalho cientfico (SAPIRO, 2009, p. 30).
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apreende as ferramentas cognitivas com as quais se pensa o mundo como ferramentas
de natureza profundamente social.
Uma segunda dimenso a ser destacada nesta obra o lugar atribudo empiria:
quase 40% dela dedicada apresentao dos dados levantados por meio de enquetes
visando a construo da tese central. Esses dados aparecem em tabelas e grficos que
mostram como as sociedades se estruturam, se perpetuam, se reproduzem, se
transformam. Esta dimenso analtica decorrente, evidentemente, da preocupao com
o fazer sociolgico. Em Os herdeiros, Bourdieu e Passeron inovam ao desenvolver uma
perspectiva crtica, radical, a partir de anlises quantitativas, tendo recorrido ao que havia
de mais avanado em termos estatsticos. Segundo eles, ainda que se conte com uma
disponibilidade estatstica fraca, possvel interpretar relaes estatsticas mais gerais.
Eles procuram, portanto, superar a iluso da interpretao fcil e imediata da realidade,
entendendo que esta deve ser controlada por meio da anlise estatstica, nica capaz de
permitir o estabelecimento de regularidades e a construo de totalidades estruturais.
Vale lembrar que, poca, esse tipo de anlise era identificado com as prticas
funcionalistas, era definido como de orientao positivista e, portanto, denunciado pelo
ser carter alienador e dissimulador dos modos de dominao de classe. o esforo de
superao da dicotomia objetivismo/subjetivismo, de reviso de posicionamentos
decorrentes de uma sociologia espontnea que, muitas vezes, se confunde com uma
sociologia erudita, que comeam a ser experimentados nesta obra, passando a dar o tom
ao conjunto de estudos desenvolvidos pelos autores, pelos que com eles trabalharam e,
mesmo, por aqueles que deles divergem.
A terceira dimenso que queremos enfatizar diz respeito ao carter propositivo
de Os herdeiros. A obra no se distingue pelo pessimismo, amplamente denunciado
poucos anos mais tarde, ao contrrio, ela contempla uma aposta na pedagogia desde que
efetivada com base nos fundamentos sociolgicos. Ao mostrar o carter irreal de todas
as reformas pautadas exclusivamente na psicologia, os autores evocam a chamada
pedagogia racional, fazendo referncia necessria racionalizao da pedagogia.
Trata-se de uma pedagogia fundada numa sociologia das desigualdades culturais, [que]
sem dvida contribuiria para reduzir as desigualdades diante da escola e da cultura, mas
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somente poderia se concretizar se fossem oferecidas todas as condies de uma
democratizao real do recrutamento dos mestres e dos alunos (BOURDIEU e
PASSERON, 2014, p. 101). Esta concepo atravessa o texto e, embora tenha permanecido
inacabada, abre uma perspectiva de transformao possvel, em ruptura tanto com um
funcionalismo fechado quanto com as iluses filosfico-poltico-pedaggicas de uma
esquerda erudita (GEAY, 2012, p. 99).
A ltima dimenso refere-se gnese das principais categorias de anlise, ou de
tipos ideais, construdos por Pierre Bourdieu e objeto de constantes reformulaes nas
suas obras subsequentes (A distino, 1979; O senso prtico, 1980; culminado com suas
Meditaes pascalianas, 1997), a saber: capital, campo, habitus, distino, violncia
simblica. Mas, neste momento, gostaria de destacar a originalidade de algumas das suas
teses sociolgicas, as quais se tornaram centrais no campo dos estudos sociolgicos da
educao. Evidentemente, no se trata de teses independentes, uma vez que s tm
sentido no quadro do pensamento relacional.
Referimo-nos primeiramente herana cultural; categoria de anlise que d
sustentao ao tipo ideal elaborado para Os herdeiros. Esta tese foi acolhida na poca por
sua originalidade ao mostrar que os fatores sociais de desigualdade perante a escola so
bem mais complexos que os simples fatores de desigualdade social. nesta tese que so
lanadas as bases para a elaborao da noo de capital cultural, o que vai ocorrer por
meio da anlise de variveis relacionadas boa vontade cultural, devoo cultura,
incitao cultural, ortodoxia cultural. Estas noes esto relacionadas s virtudes
reconhecidas e valorizadas, ao diletantismo dos estudantes, noo de vanguarda
poltica e esttica, s ideias de familiaridade e desenvoltura na relao com a vida
universitria. Nesta tese explorada a conivncia do herdeiro com o mundo escolar em
razo da sua origem burguesa e culta, o que lhe permite dominar e mobilizar os
cdigos culturais e escolares adquiridos na famlia e na socializao escolar de base. Essa
constatao confirmada pelos ritos de iniciao, redefinidos em obras posteriores como
ritos de instituio, tais como: O que falar quer dizer; a economia das trocas lingusticas
(1982) e A dominao masculina (1998), por exemplo.
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Uma segunda tese que merece destaque a vinculao direta entre
desigualdades sociais e desigualdades escolares. Observe-se que estamos falando de
desigualdades sociais e no apenas de desigualdades econmicas. Esta tese, construda a
partir da anlise das condies sociais de origem dos estudantes universitrios,
mobilizados para a edificao do tipo ideal herdeiro, coloca em evidncia
a ao direta dos hbitos culturais e das disposies herdadas do meio de origem [sublinhando que as mesmas so redobradas] pelo efeito multiplicador das orientaes iniciais (tambm produzidas pelos determinismos primrios), as quais desencadeiam a ao de determinismos induzidos ainda mais eficazes quando se exprimem na lgica propriamente escolar, sob a forma de sanes que consagram as desigualdades sociais sob a aparncia de ignor-las. (BOURDIEU e PASSERON, 2014, p. 30)
Como se pode ver, esta tese apresenta uma crtica contundente do princpio
meritocrtico, um dos principais pilares dos sistemas modernos de ensino, explicitando
suas iluses e hipocrisias. Dom, mrito, vocao (que permanecem hipotticos), assim
como os demais dispositivos facilitadores do acesso escola (como as bolsas de estudo,
por exemplo), nada mais so que mecanismos de legitimao dos privilgios dos bem-
nascidos.
A terceira tese que pode ser extrada do conjunto das anlises de Os herdeiros diz
respeito s mltiplas faces das desigualdades (de classe, de sexo, de oportunidades, de
dom, de privilgio cultural, de chances de acesso ao ensino superior). Os autores
observam uma ligao estreita entre morfologia social e categorias cognitivas por meio
dos mecanismos de seleo, que nada mais so que dispositivos legitimadores dessa
mquina de reproduo: L-se nas chances de acesso ao ensino superior o resultado de
uma seleo que, ao longo de todo o percurso escolar, exerce-se com um rigor muito
desigual segundo a origem social dos sujeitos; na verdade, para as classes mais
desfavorecidas, trata-se puramente e simplesmente de eliminao (BOURDIEU e
PASSERON, 2014, p. 16). Anuncia-se aqui o efeito cascata das desigualdades, o qual seria
retomado mais tarde por meio da noo de indiferena s diferenas, desenvolvido
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principalmente em A reproduo. Esta tese explica e justifica a escolha escolar, a
docilidade escolar, particularmente no caso das mulheres.
Uma quarta tese a ser destacada na obra Os herdeiros refere-se noo de
cultura universal vista como arbitrrio cultural. Os percursos individuais so determinados
pela proximidade que existe entre a cultura de classe de um aluno e a cultura de classe
legitimada e transmitida pela escola. Os autores observam que h correspondncia e
continuidade entre o arbitrrio escolar e o habitus de classe, pois Crer que so dadas a
todos oportunidades iguais de acesso ao ensino mais elevado e cultura [...] ficar no
meio do caminho na anlise dos obstculos e ignorar que as aptides medidas pelo
critrio escolar apresentam grande afinidade com os hbitos culturais de uma classe e as
exigncias do sistema de ensino (BOURDIEU e PASSERON, 2014, p. 39). Desta maneira, a
fico de uma competio entre iguais se torna credvel uma vez que os muito
desiguais ficam fora do jogo escolar. Esse mecanismo alm de criar condies de
trabalho harmoniosas leva os herdeiros a atriburem a causa das injustias escolares
unicamente s injustias sociais, a pouca ambio do povo e, sobretudo, s diferenas de
dons (DUBET, 2002, p. 134-135). O que esta perspectiva coloca em evidncia a forte
tenso entre igualdade e mrito, relativamente neutralizada pelas polticas de
democratizao da educao.
A quinta tese levantada para esta reflexo a mais polmica da obra de
Bourdieu. Estamos nos referindo tese da reproduo, formulada em Os herdeiros por
meio da meno aos determinismos sociais, ao ethos de classe e da competio, s
vantagens e desvantagens cumulativas, ascenso pela escola, vontade de
diferenciao, ao sucesso escolar como sinal de eleio, s diferenas de privilgios, ao
destino social, ao futuro objetivo, ao princpio e funo da seleo. Esta tese tambm se
evidencia no fenmeno de autosseleo, nas profecias autorrealizadoras e nos
argumentos mobilizados para trabalhar a varivel precocidade. Os autores assinalam que
a cultura da elite to prxima da cultura da escola que a criana originria de um meio pequeno-burgus (e a fortiori campons ou operrio) s pode adquirir laboriosamente o que dado ao filho da classe culta, o estilo, o gosto, o esprito, enfim, esses saberes e esse saber-viver que so naturais a uma classe, porque so a
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cultura dessa classe. Para uns, a aprendizagem da cultura da elite uma conquista, pela qual se paga caro; para outros, uma herana que compreende ao mesmo tempo a facilidade e as tentaes da facilidade. (BOURDIEU e PASSERON, 2014, p. 41-42)
A ltima tese a ser evocada neste momento est relacionada singularidade do
mundo escolar. Esta tese fruto do deslocamento do olhar do socilogo para o interior
da escola, ou do mundo universitrio em particular, por meio da anlise das expectativas
professorais, dos critrios de julgamento professoral, do carisma professoral, da devoo
escolar, da relegao num curso, da repetncia, da resignao, da medida do sucesso
escolar, do zelo escolar. Esses fatores presentes na dinmica interna da escola e dos
processos e mecanismos pedaggicos so analisados e somente podem ser analisados
na relao com a dinmica que move o sistema de ensino, ou seja, na relao de foras
externas ao mundo escolar que determinam a transformao do capital herdado em
capital escolar, reafirmando, assim, as fronteiras sociais. Observe-se, por exemplo, o caso
da dissertao: ela vista como pretexto para julgar homens, ou, ao menos, o homem
universitrio (BOURDIEU e PASSERON, 2014, p. 65). Esta reflexo foi retomada em
seguida, em 1966, num artigo de Bourdieu publicado na revista Actes de la recherche en
sciences sociales, intitulado A escola conservadora, cujo objetivo foi analisar as
desigualdades diante da escola e da cultura. Mas seu aprofundamento se daria em A
reproduo (1970) apresentada a tese da violncia simblica, que se d na
convergncia entre ao pedaggica, autoridade pedaggica, trabalho pedaggico e
sistema de ensino. Por violncia simblica se entende essa violncia doce, invisvel,
desconhecida como tal, tanto escolhida quanto submetida, como a confiana, a
obrigao, a fidelidade pessoal, a hospitalidade, a doao, a dvida, o reconhecimento, a
piedade. Enfim, todas as virtudes que honram a moral do honrado e que se impem como
o modo de dominao mais econmico por estar mais conforme com a economia do
sistema (BOURDIEU, 1980, p. 219).
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Dessacralizando a escola e a universidade
Enfim, a leitura de Os herdeiros permite perceber a instituio escolar a partir de
outras lentes. Esta obra interessa, portanto, a ns pesquisadores, aos formadores dos
novos quadros do magistrio e aos definidores e administradores das polticas para a
educao nacional. Vemo-nos e sentimo-nos engajados na superao do atraso em
termos do direito educao, dos recm-nascidos aos adultos que, no caso brasileiro,
foram sendo deixados margem de um sistema de ensino, que, como se viu, cresceu de
maneira considervel.
Ao dirigirmos um olhar crtico sobre as polticas educacionais, buscamos na
tradio sociolgica parmetros de compreenso. Esta cincia sempre atribuiu um lugar
central instituio escolar no que concerne ao seu papel na produo e reproduo das
sociedades. Tudo comea com o lugar atribudo educao na obra de mile Durkheim
na virada do sculo XX. Ao menos uma de suas obras merece destaque nesta nossa
reflexo, no apenas porque focou a educao escolar associando fins e meios, mas,
sobretudo, porque teve grande importncia na arquitetura do sistema educacional
brasileiro. Refiro-me principalmente obra Educao e sociologia (DURKHEIM, 1978),
traduzida por Loureno Filho e publicada no Brasil em 1928
Com o passar do tempo e com o desenvolvimento e consolidao dos sistemas
de ensino, o alvo passou a ser os fins da educao escolar, particularmente no que
concerne s funes de integrao e regulao social vislumbradas por Durkheim e
postas em prtica pelas polticas educacionais que se propuseram a promover a coeso e
a ordem. O que se observou desde ento foi o descompasso entre a massificao da
educao e a distribuio das posies sociais e profissionais. Ou, dizendo de outra
maneira, a igualdade de oportunidades escolares no tornou a sociedade mais
meritocrtica, pois as posies de prestgio foram mantidas nas mos dos herdeiros.
Alm disso, o desenvolvimento das condies da igualdade de oportunidades acentuou a
competio entre as famlias, entre as reas e cursos, entre os diversos segmentos dos
sistemas educacionais. Diante desse quadro, permanece pertinente a interrogao sobre
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a responsabilidade da instituio escolar na produo e reproduo das desigualdades
sociais.
Motivadas por diversas construes tericas, mas tambm pelo carter militante
de algumas das teorias sociolgicas, as abordagens mais recentes procuraram articular
diferentes nveis de anlise, do mais macro ao mais micro. Elas vm completar as anlises
de Bourdieu e Passeron que privilegiaram as desigualdades decorrentes da distncia
entre as culturas familiares e as culturas escolares.
Os socilogos, particularmente na Frana, vm desenvolvendo uma quantidade
considervel de anlises empricas, tornando essa rea da sociologia um campo
particularmente produtivo. Esses estudos tm fundamentado as abordagens crticas da
educao brasileira, principalmente aps a abertura do regime poltico. Alm disso, eles
tm sido apropriados, nem sempre com o rigor necessrio, pelos setores produtores das
polticas educacionais para o nosso pas.
Voltando s desigualdades escolares, e ao mesmo tempo finalizando, preciso
reconhecer que a primeira desigualdade est ligada ao fato de acessar ou no Escola e
Universidade. Esse , indiscutivelmente, o primeiro passo para a concretizao da
chamada justia como equidade, apresentada por John Rawls (2002) e que se constitui
hoje numa espcie de fio orientador, ou talvez condutor, de grande parte das aes dos
nossos sistemas de ensino.
Por outro lado, no se pode esquecer que a expanso das redes de ensino uma
faca de dois gumes. Ela , ao mesmo tempo, uma reforma equalizadora e uma
contrarreforma, pois assegura aos mais favorecidos a manuteno de suas vantagens.
Esta constatao nos leva a considerar que a igualdade de oportunidades uma norma
de justia extremamente cruel porque coloca sobre os alunos e unicamente sobre os
seus ombros a responsabilidade pelos seus sucessos e pelos seus fracassos, uma vez
que a equidade da competio estaria garantida. Franois Dubet (2008) lembra que h
algo darwiniano na igualdade meritocrtica das oportunidades.
Para finalizar, gostaria de assinalar que a leitura de Os herdeiros permite sublinhar
algumas caractersticas da instituio escolar que podem servir de base para a elaborao
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de uma crtica aprofundada da Escola e da Universidade. Para tanto, retomamos alguns
elementos apresentados por Adelino Braz (2011), que podem servir de ponto de partida
para essas anlises. Segundo ele, a instituio escolar deve ser apreendida como um
instrumento de conservao porque tende a produzir e a reproduzir dispositivos que
asseguram a perpetuao do poder das classes mais favorecidas, ou a reafirmar a cultura
legtima; deve ser observada como um instrumento de dominao uma vez que favorece,
pela complexidade de seus mecanismos pedaggicos, o desconhecimento desse sistema
de reproduo social dissimulado pela ideia de eficcia, e, enfim, deve ser tratada como
um instrumento de legitimao da ordem social que se explica pelo fato de que os
agentes atribuem s estruturas objetivas da ordem escolar estruturas de apreciao
incorporadas produzidas por essas mesmas estruturas.
Todavia, preciso deixar claro que nossa inteno se distancia do pessimismo e
da desmobilizao. Ao contrrio, o que desejamos , sobretudo, apreender os contornos
da complexa teoria de Pierre Bourdieu e de seus colaboradores, suas contribuies, seus
limites, alguns de seus pontos de tenso. O que esperamos reafirmar a importncia do
trabalho investigativo porque ele permite desvelar a lgica que est por detrs das
prticas educacionais. Todo esforo est em se apropriar da sociologia como uma arma
para compreender o mundo que nos cerca, para dar um sentido quilo a que estamos
presos e, dessa maneira, assumir uma distncia reflexiva que permita orientar a ao.
Todo desafio est em se apropriar da reflexo sociolgica desencadeada por esses dois
autores para tentar compreender o quadro de injustias que caracteriza a educao
contempornea, a partir da ruptura epistemolgica introduzida pela teoria das prticas
sociais desde a dcada de 1960. O que se deve evitar evidentemente o fascnio
produzido pela profuso de conceitos e de esquemas tericos e pela fora do lxico
elaborado por Bourdieu, o qual de fcil utilizao e adaptao. Isto tem provocado
apropriaes indevidas e imitaes estreis pelos que transformam, moda antiga, seu
mestre de pesquisa em mestre de pensamento (PASSERON, 2005, p. 90).
Enfim, ler uma obra que acendeu o pavio da contestao estudantil de Maio de
1968 (PASSERON, 2005, p. 72) e que nutriu uma gerao de estudantes revolucionrios
que no deveriam ser revolucionrios (VIDAL-NAQUET, 2005, p. 95) somente se justifica
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se reconhecermos, como talo Calvino (1993, p. 9), que os clssicos so livros que
exercem uma influncia particular quando se impem como inesquecveis e tambm
quando se ocultam nas dobras da memria, mimetizando-se como inconsciente coletivo
ou individual.
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Recebido em: 14/09/2013 Aprovado em: 27/02/2014
Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Programa de Ps-Graduao em Educao PPGE
Revista Linhas Volume 15 - Nmero 29 - Ano 2014