Sócrates

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Sócrates Sócrates e a função da filosofia moral ocidental

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Sócrates. Sócrates e a função da filosofia moral ocidental. Sócrates nasceu em Atenas em 470 a.C. e morreu em 399 a.C. condenado por impiedade ( acusado de não crer nos deuses e corromper os jovens.). - PowerPoint PPT Presentation

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Sócrates

Sócrates e a função da filosofia moral ocidental

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• Sócrates nasceu em Atenas em 470 a.C. e morreu em 399 a.C. condenado por impiedade ( acusado de não crer nos deuses e corromper os jovens.).

• Houve duas fases na vida de Sócrates que têm sua raiz no momento histórico em que este viveu. Próximo dos físicos, sua juventude e primeira maturidade transcorreram em uma sociedade separada daquela em que cresceram Platão e Xenofonte. Aristófanes caracterizava Sócrates baseando-se na última fase de sua vida.

• Sócrates não escreveu nada, considerando que sua mensagem era transmissível pela oralidade e através do diálogo.Foram seus discípulos que fixaram por escrito uma série de doutrinas a ele atribuídas.(Doutrinas que muitas vezes não concordam entre si e até contradizem-se.)

• Platão idealizava Sócrates e o fazia de porta-voz.• Portanto é difícil dizer o que é efetivamente de Sócrates e o que representa

repensamentos e elaborações de Platão.• Xenofonte o reduz, impõe traços que o limitam á banalidade.• Aristóteles não obteve contato direto com Sócrates.• Os socráticos, fundadores das escola menores, apresentam apenas um aspecto

parcial de Sócrates.• Portanto não é muito possível estudá-lo baseando-se através das confusas fontes,

mas sim analisando a perspectiva do antes e depois de Sócrates.

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• No momento em que Sócrates atuou em Atenas podemos observar que a literatura em geral, e particularmente a filosófica, registra uma série de novidades de alcance bastante considerável.

• No período helenístico a literatura pós Sócrates permaneceu como aquisição irreversível, e se tornou ponto de referência.

• Período Helenístico:Se estende da conquista de Alexandre(331-332 a.C. ) até a dominação romana(31 a.C.).Época de viva curiosidade intelectual encorajada pelo mecenato dos reis:Museu de Alexandria,Biblioteca de Pérgamo .Astrônomos, físicos médicos multiplicaram as descobertas e publicaram tratados transmitidos pela ciência árabe ao mundo medieval ocidental.além disso, Nesta época foi recolhida e recopiada a totalidade de produção literária da Grécia Antiga.

• Por isso é creditado á Sócrates as doutrinas que a cultura recebeu neste momento em que ele esteve em Atenas.

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O homem e sua Psyqué• De acordo com Sócrates o homem é sua alma, e a sua alma é o eu consciente; ou

seja, a consciência e a personalidade intelectual e moral.• “ O homem é aquilo que se serve de corpo”• Corpo = instrumento • Homem = sujeito • Homem = Psyqué • Psyqué = alma • Alma = inteligência• Portanto; “ A alma nos ordena conhecer aquele que nos adverte: Conhece-te a ti

mesmo.”• Com isso Sócrates criou a tradição moral intelectual da qual Europa sempre viveu

desde então.

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O novo significado de Virtude e o novo quadro de valores

• Virtude = Areté• Virtude é a atividade ou modo de ser que aperfeiçoa cada coisa, fazendo o que deve

ser .Ex: a virtude do cão é a de ser um bom guardião.• Portanto a virtude do homem é aquilo que faz com que a alma seja tal como a sua

natureza determina que seja, isto é boa e perfeita.• Segundo Sócrates, esse elemento é a ciência, ou o conhecimento.• O vício é a privação do conhecimento, ou seja, ignorância.• Opera uma revolução no tradicional quadro de valores.• Os valores tradicionais em si mesmos não têm valor.Só se tornam valores ou não se

forem usados como o conhecimento exige ou seja, em função da lama e de sua Areté.

• Valores ligados ás coisas exteriores, como riqueza, fama, beleza, etc., dirigidos pela ignorância revelam-se maiores e mais capazes de servir a má direção.Mas, se governados pelo juízo e pela ciência ou conhecimento, são bens maiores; em si mesmos, nem um nem outro têm valor.

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Os paradoxos da ética socrática• O intelectualismo Socrático influenciou todo o pensamento dos gregos ao ponto de

se tornarem comum, na época clássica e helenística.• Antes de Sócrates os sofistas tendiam a ser mestres da virtude , consideravam as

diversas virtudes como uma pluralidade, viam essas diversas virtudes como coisas fundadas nos hábitos , no costume, e nas convenções aceitas pela sociedade.

• Sócrates tenta submeter a vida humana e os seus valores ao domínio da razão.• Natureza do Homem – alma = razão – virtudes – Virtudes aperfeiçoam a natureza

do Homem. – virtudes aperfeiçoam a razão.• Portanto as virtudes são formas de ciência e conhecimento que aperfeiçoam a

alma,a razão.• O Homem procura sempre o seu bem.O mal é involuntário.Vítima da ignorância.• O Conhecimento é condição necessária e suficiente para se fazer o bem.• “Ninguém peca voluntariamente: quem faz o mal , faz por ignorância do bem.”

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A descoberta Socrática do conceito de liberdade

• O autodomínio é o domínio de sua racionalidade sobre sua própria animalidade.Ou seja;quando a alma é dona, senhora do corpo e dos instintos ligados á ele.

• A mais significativa manifestação da psyqué humana da razão se dá no autodomínio.

• A razão, (alma) tendo o domínio sobre o físico, ou seja, o homem tendo autodomínio, ele é livre.

• Ligado ao conceito de liberdade está o conceito de autarguia, ou seja, autonomia.Um ser autônomo é o que mais se aproxima do estado divino. Deus não tem necessidade de nada.O verdadeiro homem livre, e conseguinte autônomo é o que sabe se aproximar desse estado,em que tem necessidade de apenas muito pouco.Basta a razão para que se viva feliz.

• “Somente o sábio, que esmagou os monstros selvagens das paixões que lhe agitam o peito, é verdadeiramente suficiente a si mesmo: ele se aproxima ao máximo da divindade, do ser que não tem necessidade de nada.” (W. Jaeger).

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A revolução da não violência• Sócrates foi condenado á morte ao ser julgado por não acreditar nos

deuses da cidade e de corromper os jovens.De fato ele acreditava num ser superior e ensinava a quem se dispusesse ,as suas doutrinas.

• A verdadeira arma de que o homem se dispõe é a razão e decorrente desta a persuasão.Se o homem não consegue atingir seus objetivos com isto, ele deve se conformar pois a violência é uma coisa ímpia.

• Xenofonte escreve:” Preferiu morrer permanecendo fiel ás leis do que viver violando-as.”

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A Teologia socrática• Sócrates desligou a concepção dos pressupostos próprios desses filósofos

(sobretudo de Diógenes), “des-fisicizando-a” e deslocando-a para um plano afastado o mais possível dos pressupostos próprios da “filosofia da natureza” anterior.

• Aquilo que não é simples obra do acaso, sendo constituído para alcançar um objetivo e um fim, pressupõe uma inteligência que o produziu por razões evidentes.

• O homem é obra de uma inteligência que idealizou expressamente essa constituição. Essa inteligência não pode ser vista.

• Nossa alma (=inteligência) não pode ser vista e, mesmo assim, ninguém ousa afirmar que, pelo fato de a alma (=inteligência) não ser vista, também não existe e que nós fazemos por acaso tudo o que fazemos.

• Com base nos privilégios que o homem tem em relação a todos os outros seres, o artífice divino cuidou do homem de modo inteiramente particular.

• O mundo e o homem são constituídos de tal forma (ordem, finalidade) que só uma causa adequada (ordenadora, finalidade) pode explicá-los. E, como então poderíamos pretender que nós, homens, nos assenhoreássemos de toda a inteligência que existe, não podendo haver nenhuma outra inteligência fora de nós? É evidente a incongruência lógica dessa pretensão.

• Deus é a inteligência. É providência, porém, que se ocupa com o mundo e os homens em geral, como também do homem virtuoso em particular, não com o homem individualmente.

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O “daimonion” socrático• Para Sócrates, os princípios filosóficos extraem sua validade do logos e

não da revelação divina.

• O daimonion socrático era “voz divina” que lhe vetava determinadas coisas. Ele não ordenava, mas vetava.

• O daimonion não tem nada a ver com o campo das verdades filosóficas.

• O daimonion não deve ser relacionado com o pensamento e a filosofia de Sócrates: ele próprio manteve as duas coisas distintas e separadas — e o mesmo deve fazer o intérprete.

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O método dialético de Sócrates e sua finalidade

• Despojar a alma da ilusão do saber.

• As finalidades do método socrático são fundamentalmente de natureza ética e educativa e apenas secundária e mediatamente de natureza lógica e gnosiológica. Dialogar com Sócrates levava a “exame da alma” e a prestação de contas da própria vida, ou seja, a “exame moral”.

• Prestar contas da própria vida era o fim específico do método dialético.

• A dialética de Sócrates coincide com o seu próprio dialogar (dia-logos), que consta de dois momentos essenciais: a “refutação” e a “maiêutica”.

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O “não saber socrático”• Ora, é precisamente quando comparado com a estatura desse saber divino

que o saber humano mostra-se em toda a sua fragilidade e pequenez, mas a própria sabedoria humana socrática revela-se um não-saber.

• Unicamente Deus é sábio. E é isso o que ele quer significar em seu oráculo: que a sabedoria do homem pouco ou nada vale.

• “Homens, é sapientíssimo dentre vós aquele que, como Sócrates, tiver reconhecido que, na verdade, a sua sabedoria não tem valor.

• Por fim, deve-se destacar o poderoso efeito irônico de benéfico abalo que o princípio do não-saber provocava nas relações com o interlocutor: acarretava o atrito do qual brotava a centelha do diálogo.

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A ironia socrática• Ironia significa simulação. Indica o jogo brincalhão, múltiplo e variado das

ficções e dos estratagemas realizados por Sócrates para levar o interlocutor a dar conta de si mesmo.

• A brincadeira está sempre em função de um objetivo sério e, portanto, é sempre metódica.

• Sócrates assumia seguidamente, eram sempre visíveis os traços da máscara essencial, a do não-saber e da ignorância. As máscaras policromáticas da ironia socrática eram variantes da máscara principal, as quais, com um hábil e multiforme jogo de dissolvências, no fim das contas sempre revelavam a principal.

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A “refutação” e a “maiêutica” socráticas

• Sócrates levava o interlocutor a reconhecer a sua própria ignorância. A refutação provocava o efeito de purificação da ignorância.

• A alma só pode alcançar a verdade “se dela estiver grávida”. O discípulo que tem a alma grávida de verdade tem necessidade de uma espécie de arte obstétrica espiritual que ajude essa verdade a vir à luz. Essa é a maiêutica socrática.

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Sócrates e a função da lógica• Sócrates pôs em movimento o processo que levaria á descoberta da

lógica,da essência platônica,e descobertas aristotélicas, mas ele próprio não a alcançou de modo reflexo e sistemático.

• Na pergunta: “O que é?”,Sócrates queria por em movimento todo o processo irônico- maiêutico, sem querer chegar a definições lógicas.

• Em conclusão Sócrates foi de um formidável engenho lógico, mas,em primeira pessoa,não chegou a elaborar uma lógica no nível técnico.Em sua dialética,encontram-se os germes de futuras descobertas lógicas importantes, mas não descobertas lógicas enquanto tais, conscientemente formuladas e tecnicamente elaboradas.

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Conclusões sobre Sócrates• O discurso de Sócrates trouxe uma série de aquisições e novidades, mas também

deixou uma série de problemas em aberto.• Seu discurso sobre a alma exigia uma série de aprofundamentos. A alma é aquilo

pelo qual nós somos bons ou maus. Mas se ela serve do corpo e o domina, isso quer dizer que é outra coisa que não o corpo”, ou seja, distingue-se dele ontologicamente. Sendo assim, o que é ela? Qual é o seu “ser”? Qual a sua diferença em relação ao corpo?

• Sócrates “desfisicializou” Deus. Ele se situa decididamente acima do horizonte dos físicos, mas o que é essa Inteligência Divina? Em que ela se distingue dos elementos físicos?

• O logos socrático não está em condições de fazer parir qualquer alma, mas apenas as almas grávidas. É uma confissão plena de múltiplas implicações, que Sócrates, porém, não sabe e não pode explicar: o logos e o instrumento dialógico que se funda inteiramente no logos não bastam para produzir ou, pelo menos, para fazer com que a verdade seja reconhecida e para fazer com que se viva na verdade. Quem fecunda a alma e a torna grávida? Sócrates não respondeu a essa pergunta.

• Sócrates poderia ser chamado de “Hermas bifronte”: por um lado, o seu não-saber parece indicar a negação da ciência, por outro parece ser uma via de acesso a uma autêntica ciência superior; por um lado, a sua mensagem pode ser lida como simples persuasão moral, por outro lado como abertura para as descobertas platônicas da metafísica; por um lado a sua dialética pode parecer sofística e erística, por outro lado como fundação da lógica científica.

• Todo o Ocidente é devedor da mensagem geral de Sócrates.