Sois Deuses - VISIONVOX · O pai ainda vai ao trabalho com ele, cuidando do velho carro como se...

Sois Deuses

Para uso não comercial 1

Annalee Skarin

PRECE DE DEDICAÇÃO

Esta obra é dedicada à glória de Deus, para que Seu nome reine majestoso sobre a terra para todo o

sempre.

É dedicada aos puros de coração, aos humildes e modestos, aos combalidos e sofredores, aos

instruídos e grandes, e a todos os que buscam a verdade, desejam viver na probidade e querem conhecer

Deus.

Senhor Deus Todo-Poderoso, em nome de Seu Adorado Filho, Jesus Cristo, permita que esta obra

traga luz ao mundo, e paz aos corações dos homens. Que a visão divina aqui contida seja revelada àqueles

que cumprem a lei de “pedir” para conhecer a Verdade. E que Suas promessas sejam cumpridas para todos

os que atingirem a visão e começarem a aplicá-la na vida; que Seu nome seja conhecido e que Seu poder se

manifeste nas vidas humanas.

Assim seja – Amém

“Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses”. – Salmos, 81:1

“Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamou deuses

àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada). Aquele a quem o Pai

santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas; porque disse: Sou Filho de Deus.” – João, 10:34-36

Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus – o mesmo Espírito testifica

com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também,

herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo.” – Aos Romanos, 8:14, 16, 17

“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal

para que te lembres dele? E o filho do homem para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os

anjos, e de gloria e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo

puseste debaixo de seus pés.” – Salmos 8:3-6

“E quando receberdes estas coisas exorto-vos a perguntar a Deus, o Pai Eterno, em nome de Jesus Cristo, se

não são verdadeiras; se perguntardes com sinceridade no coração e fé em Cristo, Ele vos mostrará a verdade,

pelo poder do Espírito Santo”. “E pelo poder do Espírito Santo, conhecereis a verdade de todas as coisas.” –

Moroni, 10:4-5

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ÍNDICE

I. Até que ponto nossas realidades são reais? 002

II. Você possui uma alma? 006

III. Homem, conhece teu lugar 008

IV. Fé é uma palavra ou um poder? 012

V. O poder da Visão 016

VI. O Caminho da Glória 020

VII. O poder atômico da alma 026

VIII. Como os pensamentos são plantados, e o que eles geram 031

IX. Buscai e encontrareis 036

X. O depósito de conhecimento eterno 042

XI. Reside em mim, e eu residirei em ti 045

XII. O poder e a majestade de Deus Todo-Poderoso 050

XIII. O poder da transmutação 061

XIV. A substância dos elementos eternos 064

XV. Os três grandes testes 071

XVI. Amor, a glória do Universo 076

XVII. E não haverá mais morte 080

XVIII. O verdadeiro padrão de cada vida individual 087

XIX. Em nome de Jesus Cristo 092

XX. Óleo para as lâmpadas de Israel 098

XXI. Sois Deuses 105

XXII. O Cordeiro e o Livro da Vida 117

XXIII. As chaves do poder 121

XXIV. A Nova e Eterna Aliança 133

XXV. Trabalhai, não pela comida que perece 138

XXVI. O selo 144

Capítulo I

ATÉ QUE PONTO NOSSAS REALIDADES SÃO REAIS?

Você tem, no fundo da alma, anseios que lutam para se libertar e o seu coração fala mais alto que a

mente? Se você deseja, anseia, espera, pensa, sente e aspira, então há algo escondido em seu íntimo que

precisa ser encarado.

Hoje eu gostaria de bater à porta de seu tabernáculo terreno, o corpo que você construiu, e convidá-

lo a conhecer a si mesmo – e, a partir de então, você será eternamente livre.

Para fazer isso, primeiro é necessário comparar as realidades do homem com as coisas que ele

considera reais.

O que causa maior sofrimento: uma perna quebrada ou um coração partido? O coração partido deixa

cicatrizes que não se curam. O sofrimento pode ser tão intenso que muitas pessoas morrem por causa disso.

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E, no entanto, não podemos ver esse tipo de ferimento, nem tocá-lo ou sequer descrevê-lo. Mas será que a

perna quebrada é mais real simplesmente por ser algo tangível? Os que já sofreram do mal do coração

partido não pensam assim, embora tal sofrimento jamais tenha sido visto nem tocado.

Examinemos essas realidades tangíveis que tanto preocupam o homem. As coisas mais reais em

nossas vidas são comida, roupa, transporte e abrigo. Falemos sobre uma de cada vez, aplicando-lhes um

teste de durabilidade.

O que você comeu no jantar duas semanas atrás? A refeição foi importante, mas provavelmente você

não se lembra de um único ingrediente que tenha ingerido, a não ser, é claro, que tenha sido uma ocasião

importante, com convidados; ou uma festa ou ainda, por um motivo ou por outro, uma refeição deficitária. A

substância mais importante da vida, aquela para a qual trabalhamos incessantemente, é a mais esquecida. As

milhares de refeições consumidas por cada pessoa são as coisas menos importantes em nossa memória, uma

vez digeridas, a menos que estejamos com muita fome ou sejamos glutões. Claro que sempre desejamos

novas refeições, mas todas se juntarão às outras em um passado distante e esquecido – realidades que se

tornam sonhos vagos de lembranças intangíveis.

As roupas duram mais que os alimentos; e são igualmente vitais. Gostamos de nos vestir bem, assim

como de nos alimentar. Gastamos dinheiro e nos esforçamos para vestir nossos corpos com trajes elegantes.

Mas o que aconteceu com todas as roupas que usamos no passado? O marido compra à mulher o vestido

fantástico pelo qual ela se apaixonou – e depois a elogia. Agora, ela está tão feliz com o presente que reza

para que um incêndio não destrua a casa e o vestido junto. No momento, o vestido é a coisa mais importante

na vida da mulher. Ela adora passar os dedos sobre o material fino; um ou dois anos mais tarde, porém, olha

para o “trapo” velho e declara que jamais sairia na rua com aquilo. Preferiria ficar em casa a ser vista pelas

amigas naquela coisa – o vestido chique tornou-se um objeto repugnante e detestável. Não tem mais glória.

Vai acabar no incinerador ou na lata de lixo, entre outros elementos mortos e esquecidos.

Que tal considerarmos o carro, agora? Sem dúvida, é uma invenção prática. Nos dias de hoje, é um

dos itens mais indispensáveis em termos de praticabilidade. A pintura é esmaltada ou perolizada. Suas partes

mais macias são os assentos reforçados com aço e os pneus de borracha. É algo tão real que se torna a

alegria da família, desde o pai até o bebê de colo. É o bem mais precioso na vida de todos. E, enquanto todos

passeiam no veículo, suas cabeças sobem às nuvens. Mas dali a um ano, essa maravilha de aço e ferro

começa a demonstrar sinais de desgaste. Em dez anos, vira um “calhambeque” e a família, envergonhada,

recusa-se a usá-lo. O pai ainda vai ao trabalho com ele, cuidando do velho carro como se fosse um filho,

embora nada o fará durar para sempre. Um dia irá para o ferro-velho e ninguém lamentará a ausência dele.

Essa coisa prática, feita de elementos refinados e de extrema qualidade, morre.

O próximo item essencial na vida do homem é a sua moradia. Ele é capaz de trabalhar e economizar

todo dia só para adquirir a casa de seus sonhos. Mas independente de onde a comprar ou construir, um dia o

bairro fica desvalorizado e a casa se torna antiquada. Muitas mansões do passado são verdadeiros casebres,

hoje.

O antigo palácio do Governador Mexicano, Pico, ainda existe na Rua Principal Norte, em Los

Angeles. Com um pouco de imaginação, pode-se ver a glória que existia no lugar e imaginar com que

orgulho aquele monumento foi erigido, para durar várias gerações – um verdadeiro tributo à beleza e à

magnificência. O esplendor, porém, acabou. A antiga grandiosidade do prédio debocha hoje das coisas

frágeis e perecíveis feitas pela mão do homem. É como uma mulher, outrora bonita, hoje curvada, mal

cuidada, usando roupas imundas. O antigo palácio foi convertido em uma loja de roupas de segunda mão.

Como vemos, essas coisas às quais o homem se apega na vida são efêmeras, transitórias. E se

pensarmos profundamente no assunto, deparamo-nos com a pergunta: até que ponto nossas realidades são

reais?

Onde está a criança que você foi um dia? A criança que era você? Ela existiu, sem dúvida; mas onde

está agora? Foi embora e nunca mais voltará – o “você” de hoje irá embora também, e uma pessoa mais

velha estará em seu corpo, usando o seu nome.

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A melhor descrição das coisas tangíveis da terra foi àquela feita por um senhor negro, citando uma

de suas frases preferidas da Bíblia: “E tudo passou”. A guerra, a fome, a tempestade vieram – e passaram.

Mas a vida continuou.

Todas as coisas são transitórias? Tudo o que é substancial, prático e necessário não passa de um

sonho em uma visão noturna? Será que nada na vida é duradouro?

O que causa mais sofrimento: uma perna quebrada ou um coração partido? Uma dor é física, a outra

é mental. Será que as coisas que não vemos nem tocamos são mais importantes e duradouras que os objetos

tangíveis, vistos por nossos olhos?

Não podemos ver a eletricidade. Nem tocá-la. A eletricidade é uma forma de energia; mas quem

pode descrevê-la? Quem pode visualizá-la? Qual é a fonte do suprimento eterno de força pulsante da

eletricidade? De onde vem? Quem a inventou? Como foi criada? E por quê? Ninguém seria tolo a ponto de

negar a existência da eletricidade apenas porque não a vê; afinal de contas, é possível “ver” seus efeitos.

Graças a ela, nossas casas são iluminadas, limpas e aquecidas. Seu poder nos serve de inúmeras maneiras.

Ela é um servo mais leal, confiável e obediente que o gênio da lâmpada de Aladim. Nossos olhos, porém,

jamais a enxergaram. Até o relâmpago é uma forma de eletricidade em ação; mas nenhuma pessoa pode tê-lo

em mãos e dizer: “Está aqui. Vejam, o relâmpago é meu!”

O vento também não pode ser visto nem tocado; e, no entanto, até as crianças sabem que ele existe.

Ninguém sabe de onde vem ou onde morre. Os olhos não enxergam o berço do vento. Não é possível

armazená-lo para uso posterior. As folhas que se agitam demonstram sua presença, as árvores se curvam e

murmuram com sua melodia; e às vezes, ele é capaz de levantar a própria terra, lançando aos céus toneladas

de poeira. As milhares de toneladas de terra levantadas por cada tufão ou furacão assustariam o homem, se

fossem computadas. De onde vem essa fonte ilimitada de energia? Verifique o relógio de luz em sua casa

quando o ventilador estiver ligado por muito tempo, e confira a quantidade de quilowatts usada para criar a

menor brisa. Até os animais no fundo do mar sentem o furioso impacto do vento, e lutam para se segurar. Se

puder, meça os ventos contrários do planeta e a energia eterna que os mantém. Sim, o vento é uma realidade

inegável, embora os olhos humanos não o vejam. Já na época do grande historiador Heródoto, as pessoas

acreditavam que era o vento que jogava o sol pelo céu através do equador, determinando as quatro estações.

Deixe sua mente sentir a magnificência de uma tempestade, o poder das nuvens. Uma nuvem de

tempestade flutuando esplendorosa acima da terra pode liberar 300.000 toneladas de água em pouquíssimo

tempo. De onde veio a energia para levantar tanta umidade? Quem já viu ou mediu essa fonte de energia

indescritível?

E agora, eu pergunto, o que é o pensamento? Alguém já viu os pensamentos de uma pessoa –

aquelas coisas evasivas, transitórias, intangíveis? Não. Não se pode ver um pensamento, assim como não se

pode agarrar a luz do sol; mas é possível ver os resultados dos pensamentos. Todos os prédios, automóveis e

demais inventos foram concebidos e construídos pelo pensamento humano.

O ódio, indescritível e destrutivo, é uma realidade, um poder, uma força capaz de arrasar pessoas e

nações. Embora possa destruir um mundo inteiro, é invisível. É uma influência sutil, intangível, cujo mero

sopro causa guerras, destruição e morte. Você já se deparou com alguém que o odiasse tanto a ponto de

enviar vibrações que o fizesse quase se desequilibrar, deixando-o irritado, afetando seu sistema nervoso e,

fazendo com que você quisesse revidar com toda a força? Talvez você tenha apelado para a agressão física;

talvez tenha apenas atacado verbalmente – talvez tenha controlado o ataque – de qualquer forma,

compreende o que eu digo.

O amor, por outro lado, traz vida e glória e saúde e felicidade. É a força mais poderosa existente. É a

substância que fixa e fortalece a alma, um cimento mais resistente que qualquer argamassa produzida pela

genialidade do homem. É eterno, pois a morte não pode destruí-lo. Mesmo depois de a morte levar um ente

querido, e de seu corpo ter apodrecido na sepultura, o amor continua vivo. É o amor que une as famílias,

igrejas, comunidades, estados e países. Sem ele, não há unidade nem força. E, no entanto, essa poderosa

força nunca foi vista nem tocada pelo homem. Negar a existência do amor seria tão ridículo quanto negar a

própria existência. Vemos o amor em ação quando um homem enfrenta dificuldades e faz sacrifícios para

sustentar mulher e filhos; na glória da maternidade, com toda a dor do parto – seguida de anos de dedicação;

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no namoro; e até na hora da morte. Mas o amor em si, essa gloriosa substância etérea, não pode ser descrito

nem medido. Os olhos humanos não o enxergam.

Assim como o amor, a música também é um elemento da alma. Quem pode negar a existência da

música? De onde ela vem e para onde vai, quando pára de tocar? O que acontece com aqueles acordes

maravilhosos que tanto nos envolvem, que fazem o próprio universo estremecer em êxtase? Alguém pode

negar a música, depois de sentir suas vibrações na alma? Mas é possível tocá-la ou olhar para ela? Ninguém

jamais viu as notas musicais flutuando no ar, mas negá-las seria absurdo, principalmente quando podemos

reproduzi-las com um pequeno instrumento, nos quatro cantos do mundo, em poucos segundos. Até uma

pessoa surda pode apreciar os acordes da música celestial, ainda que não com os ouvidos. Através do toque

sensível dos dedos, ela pode sentir as vibrações por todo o corpo. Helen Keller estremecia com os acordes

de jazz; mas o que realmente adorava era a música dos mestres.

Será que o nosso mundo físico não é real? A realidade de hoje desaparece amanhã. Será que há em

nosso íntimo uma existência espiritual que é a parte essencial do homem, mais real que seu corpo, já que

este sofre tantas mudanças do nascimento à morte? Será que este mundo de nossos conceitos mortais é o

reino da “escuridão externa” e toda a humanidade está absorta nela? É possível que nossas mentes mortais,

regidas pelos cinco sentidos imprecisos, nos tenham iludido? Estamos condenados à “escuridão externa” por

causa de nossos conceitos físicos e da forma condicionada de pensamento? Vivemos, por acaso, em um

mundo de sonhos obscuros e transitórios, aparentemente reais, porém, ilusórios? Seremos, talvez, os

fantasmas de nossa própria grandiosidade, as imagens obscuras de nossa realidade divina, a qual mantemos

presa no self mortal?

É certo negar o espírito porque não o vemos? Será a alma representada em todos os atos e

pensamentos? O grande químico que reside dentro de cada homem, com o dom de transformar os alimentos

ingeridos em sangue, ossos, músculos, tutano, visão, cabelo, unhas, tudo enfim, pode perfeitamente ser a

alma, não pode? Será o poder da alma que mantém o homem vivo no frio do Alasca ou no calor escaldante

do Saara?

Serão pensamentos a conversão da alma?

Perguntas idiotas? Embora o espírito do homem não possa ser visto, é certo não acreditar nele? Se

negarmos aquilo que os olhos não vêem, não acreditaremos em eletricidade, vento, ódio, amor e melodia.

Negaremos a existência da alegria, da felicidade ou da angústia. Teremos de duvidar do pensamento, dos

ideais, das esperanças e aspirações. Na verdade, se o homem duvidar da existência dessas coisas, não

acreditará que ele próprio é real.

O fato de você não ver Deus prova que Ele não existe? Mas, por acaso, não vemos o Senhor

atuando? Ele está presente nas tempestades? Será possível que “os céus manifestam a glória de Deus e o

firmamento anuncia a obra das suas mãos”? [Salmos, 19:1] Toda folha, toda flor, todo canto de um pássaro,

todo raio de sol, toda nuvem e brisa; tudo é manifestação do poder e inteligência de Deus. A própria

existência do homem é uma demonstração do trabalho de Deus. Por acaso, todos os bilhões de átomos ativos

e vivos que compõem a matéria não recebem inteligência e energia de Deus? Não será a própria energia a

maior prova de uma inteligência e poder tão superiores aos mortais que nos é impossível compreender, a

menos que busquemos a compreensão com humildade? Só quando abrirmos nossas mentes finitas para o

poder do infinito poderemos entender os milagres da natureza que nos cerca e os mistérios indescritíveis da

energia e luz eternas, do nascimento e da morte, da vida e da eternidade, do poder e da glória.

Qual o homem que, viajando pelo deserto ou perdido em uma selva ou estrada abandonada, visse

uma habitação, não perceberia que outro ser humano esteve lá antes? A própria construção não revelaria

essa verdade? Se os escombros de uma casa indicam que alguém a erigiu, certamente o sol, a lua, as estrelas,

os mundos, a grama, as estações, as nuvens e a chuva devem provar a existência de um construtor ou

criador. Nenhuma casa se constrói sozinha. Nenhum mundo se forma do nada. O sistema circulatório eterno

da corrente sangüínea da terra, a pulsação das artérias do planeta, a água interminável dos rios geradores de

vida, que são as veias de nosso mundo, dão sinal de uma inteligência criativa em ação. A própria energia que

bombeia o suprimento de fontes de água, que se converte em córregos, riachos, rios e oceanos é um mistério

insolúvel para o homem.

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Estamos tão apegados ao ambiente prático, substancial, que não reconhecemos o valor daquilo que é

invisível? Será que subestimamos tanto as coisas que chegamos à cegueira espiritual – temos olhos que não

enxergam, ouvidos que não escutam e mentes que não pensam? Quem sabe se a realidade não é justamente

tudo aquilo que parece irreal... Existe mais poder em um grão de areia ou pingo d‟água liberados para o

poder atômico (ou invisível) que na partícula tangível? É possível que a energia espiritual liberada no

interior do homem mova montanhas, ressuscite os mortos e cures os doentes? Se o poder espiritual de um

grão de areia é tão forte, talvez a energia espiritual contida no homem tenha a mesma potência, quando

liberada.

“Embora o homem se defina como ser pensante,

Poucos são os que usam a prerrogativa da mente.

Menos ainda os que julgam sabiamente a minoria que pensa!

E quantos jamais pensam, embora afirmem pensar.” – Jane Taylor

Capítulo II

VOCÊ POSSUI UMA ALMA?

Foram seus pais que o trouxeram ao mundo? A sua existência começou com o seu nascimento? Ou

você possui uma alma eterna, além do corpo físico de carne e osso que seus pais lhe fizeram?

Se você fosse realmente uma criação de seus pais, não acha que eles saberiam como seu ser

“funciona”? Se algo desse errado nesse estranho mecanismo humano, eles certamente saberiam consertar. Se

eu construísse um carro, poderia consertar qualquer peça que quebrasse, já que a invenção seria minha. Sem

dúvida, seria de capaz de desmontar o carro e montá-lo novamente com perfeição. E se algo estivesse

irremediavelmente quebrado, substituiria a peça. Por que, então, esses pais não curam um corpo ferido ou

machucado? Simplesmente porque nada sabem sobre ele. Até o nascimento da criança, não podem saber seu

sexo.1 Examinam exteriormente o feto e dizem que está tudo normal, mas quem pode saber sobre o interior?

Os órgãos podem estar trocados, as fibras funcionando ao contrário, o coração no lado direito, o estômago

invertido, e mil outras irregularidades, mas os pais sabem disso? E se soubessem, poderiam tomar alguma

providência? A dádiva da criação é estendida plenamente ao casal? Ou será que pai e mãe são apenas co-

criadores ao lado do grande Deus das almas? Se os pais puderem criar uma criança e dar-lhe vida, sem ajuda

superior, não serão mais humanos e sim, deuses.

Em cada alma que vem à terra existe um conhecimento de química superior ao de qualquer cientista.

Suponha que lhe dessem uma bandeja de comida, incluindo: sopa, salada, batatas, molho, legumes,

carne e sobremesa – e lhe pedissem para construir um corpo. Imagine o seu espanto se lhe dissessem para

escolher a quantidade certa de cada coisa para o tutano, ossos, sangue, unhas, cabelo, cor dos olhos, fígado,

pele, nervos e energia. Mas saiba que dentro de você existe esse conhecimento. De onde veio – de seus pais?

Como o pequeno bebê, recém-nascido, bebe o leite e começa a desenvolver unhas, cílios, cabelos, ossos

maiores e um corpo mais robusto? Esse crescimento, sem dúvida, vem de dentro. Ninguém o ensina. Tal

conhecimento não é hereditário porque nenhum pai ou mãe, desde a origem do mundo, jamais dispôs dessas

informações para passar adiante. Diga que é o instinto. Mas o que é instinto? De onde ele vem? Como até o

menor inseto possui esse dom esplêndido de saber?

Aliás, o que são os palpites? Você já teve vários. Toda pessoa tem. Mas o que são, realmente?

Todo indivíduo que já tenha testemunhado nascimento ou morte, e usado o cérebro para raciocinar,

não nega a existência da alma. Quando nasce, o minúsculo bebê é apenas uma porção de carne inerte; de

repente, estende os bracinhos, abre a boca, e todo músculo e fibra de seu corpo refletem a vida. Um choro de

1 n. do trad.: este livro foi escrito em 1952!

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vitória enche o ar, à medida que o bebê respira o sopro da vida e se torna uma alma viva. Esse é o milagre de

nossa existência.

No momento da morte, o poder vital, vivo, que pensa e sente, deixa o corpo. O que era? Para onde

foi? Você pode até dizer que morreu com o corpo. Como isso é possível? O corpo ainda existe em sua

realidade mortal e tangível – nenhuma célula desapareceu. O que não está mais lá é o poder vivo de respirar

e sentir, cheio de inteligência, energia e ação – o grande, intangível e dinâmico poder de pensar – a alma do

ser. Sim, só a parte intangível do ser foi embora. Mas essa é a verdadeira realidade do homem. Sem a alma,

o que seríamos além de um monte de carne sem vida, deteriorando lentamente? Esse poder e essa realidade

da existência, porém, têm sido desacreditados, ignorados e vergonhosamente negligenciados.

Essa coisa magnífica que é o homem. De onde ele veio? Para onde vai? “Ó Deus, que é o homem

mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do

que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.” (Salmos, 8:4-5)

Essa gloriosa estrutura do homem, como funciona? Existe algo mais perfeito que o corpo humano,

capaz de se reconstruir e se curar? Vocês, cientistas e inventores, podem criar um homem e dar-lhe o sopro

da vida, o dom de pensar, sentir e agir? São capazes de criar algo com o poder e o conhecimento de se auto-

regenerar e curar as próprias feridas? Pode inventar um sistema de aquecimento e refrigeração tão perfeito

quanto aquele que existe no homem humilde e mortal? Seus grandes refrigeradores são automáticos,

inquebráveis, eficientes, mas... são perfeitos? Não é verdade que seus pequenos motores são acelerados na

corrente elétrica, queimando energia vinda da principal fonte de força, funcionando por quinze ou vinte

minutes para regular a temperatura e, então, desligando-se por mais dez ou quinze minutos? Pois o controle

de temperatura do ser humano não precisar ser desligado. Nos ventos gelados do Alasca ou no sol escaldante

do Saara, a temperatura do homem é naturalmente regulada. Ora, de onde veio esse plano perfeito de

equilíbrio entre frio e quente em um pequeno corpo de carne e osso?

Dentre todos os animais, só o homem tem o conhecimento e o poder para se vestir. Os corpos dos

outros animais são cobertos de pêlo, escamas ou penas; e cada uma dessas criaturas desafortunadas é

obrigada a usar a mesma cobertura a vida toda, exceto pela troca de pêlo, células, escamas ou casca. O ser

humano pode mudar de roupa à vontade, do algodão para a seda, do linho para o veludo. Pode banhar-se,

vestir-se, raciocinar, construir, demolir, explorar ou DESEJAR.

O homem é a única criação animal capaz de andar ereto continuamente. Seu equilíbrio é perfeito.

Ele pode dançar, apoiar-se nas pontas dos pés, gingar para frente e para trás, rodopiar, curvar-se e pular. Que

outra criatura do tamanho do homem poderia ter o mesmo equilíbrio sobre uma fundação tão pequena

quanto os pés humanos? A menor brisa a faria cair. O homem pode segurar-se contra o impacto do vento.

Pode escalar uma montanha. E mais: com botas especiais, pode descer até as entranhas da terra e agarrar-se

ao chão, ganhando um terço a mais de seu peso na superfície. O que é esse poder no homem; essa

VONTADE que lhe permite atravessar madeira ou couro, ou até metal e ainda agarrar-se à terra? Quem

pode explicar isso? E com toda essa graça e equilíbrio, ritmo e movimento, no momento em que o homem

morre, seus membros se tornam inertes e nenhuma força na terra é capaz de revitalizar a carne. O que

acontece com o calor, a vida, o brilho dos olhos, a respiração, a energia, os desejos, o poder de amar, de

pensar e sentir? Ó homem, subestimado pelo tolos... homem, a maravilha dos sábios.

A ciência nos diz que qualquer coisa que o ser humano possa imaginar, pode criar. Telefones, casas,

arranha-céus, pontes, maravilhas elétricas, carros, aviões, rádios, televisão, força atômica, sapatos, roupas ou

móveis são produtos dos sonhos humanos convertidos em realidade. Tudo o que o homem concebe é

possível. Esse é um fato inegável, embora muita coisa ainda não tenha sido criada. Mas com o tempo, será.

Só há uma coisa que o homem ainda não consegue imaginar. Só há uma coisa que você,

individualmente, não é capaz de visualizar. E essa coisa é: VOCÊ MORTO! Talvez você discorde, mas

consegue se imaginar morto? É possível imaginar-se inexistente? Experimente. Veja a si próprio estendido

em um sofá, cama, ou caixão, com as mãos cruzadas sobre o peito, os olhos fechados, sem respirar, o corpo

inerte e frio. Você pode imaginar seus amigos e familiares chorando, o ambiente cheio de flores, a procissão

do funeral, a sepultura. É simples imaginar esse corpo morto porque é uma coisa possível. Mas onde você

está? Está lá assistindo a tudo, sentindo, pensando, analisando? Sim, com certeza. Agora experimente outro

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ângulo. Coloque-se na posição do cadáver, com as mãos cruzadas sobre o peito e os olhos fechados. É mais

fácil? Não. Pois você ainda está vivo, pensando. A única coisa que o homem não consegue imaginar é a si

mesmo completamente morto. Imaginar-se sem pensar, sentir, viver é absolutamente impossível. Visualizar

seu cadáver é fácil. Sem dúvida. Mas jamais conseguirá ver o „VOCÊ‟ eterno, que habita esse corpo,

inexistente.

Analisemos agora o „VOCÊ‟ espiritual. Deveremos começar pelo físico. Seus pés. Analise-os. Pense

neles. Sinta-os. Mexa os artelhos. Tenha plena consciência dos pés. São uma parte de você, mas não são

VOCÊ. Se fossem cortados, você ainda existiria. Agora, pense nas pernas, que também lhe pertencem, mas

não são VOCÊS. Suba para os intestinos, rins, estômago, fígado, coração, pulmões – é possível examinar

cada órgão como se fosse um móvel em uma sala; a vida terrena necessita dos órgãos, como a casa precisa

dos móveis, mas não são VOCÊS. Analise agora a garganta, os ouvidos, os olhos, as ligações complexas

com o cérebro; tudo isso é parte de você, mas não é VOCÊ. Se tiver conhecimentos de anatomia, analise

também o cérebro, aquela matéria cinzenta, física e tangível, e sinta que pode acariciá-lo com seus dedos

espirituais. Descobrirá que nem o cérebro é VOCÊ.

Não fica fácil agora conhecer a alma? Os sábios mestres orientais afirmam que “Aquilo que você

procura deve ser primeiramente encontrado em você mesmo”. A carne não é o verdadeiro homem, o cérebro

físico não é a inteligência geradora de vida. Não é preciso tirar o espírito do corpo e tocá-lo para saber que

existe; assim como não é preciso enfiar os dedos desajeitados no crânio para comprovar que o cérebro está

lá.

A maioria das pessoas, porém, constrói suas casas de barro com os elementos da terra, e as faz

sólidas e compactas demais, esquecendo-se de deixar janelas para a alma olhar para fora, e ela se torna

prisioneira na escuridão do ser físico. A palavra “personalidade” deriva do termo grego “persona”, que

significa máscara. Para a maior parte das pessoas, a máscara se tornou a realidade – a própria pessoa. O

indivíduo por trás permanece enterrado. Abra as janelas ou, se não as construiu, reforme a casa. Faça

aberturas e deixe a luz entrar – e a visão virá e as alegrias eternas de valor duradouro começarão a preencher

sua vida. O corpo físico só percebe as substâncias terrenas, tangíveis e perecíveis das quais é composto – o

ser espiritual detecta a glória infinita de luz e esperança, ideais e felicidade, amor e consideração. Conhece

aquilo que supera a deterioração; lida com os elementos eternos e indestrutíveis de energia, poder e luz

eternos. Lida com a substância da realidade, da própria existência. É eterno.

Capítulo III

HOMEM, CONHECE TEU LUGAR

Se seus pais terrestres não lhe deram a vida, então deve ter havido alguma força superior

responsável. Certamente, você não se formou do nada. Se tivesse criado a si mesmo, saberia como manter-se

sempre saudável, teria o dom de nunca envelhecer, seus ombros não se curvariam, nem a visão enfraqueceria

nem os cabelos ficariam grisalhos. Se você tivesse criado todas as partes intrincadas de si próprio, saberia

como cuidar delas. Mas não fez isso, porque não tem o conhecimento necessário, assim como seus pais

também não tinham. Pelo menos, não com a mente física. Se não criou a si mesmo, nem foram os seus pais

os autores, então alguma inteligência maior deve ter sido responsável pelo milagre de sua vida.

“E o pó volte à terra, como o era (o pequeno corpo de barro, feito de elementos terrestres), e o

espírito volte a Deus, que o deu.” (Eclesiastes, 12:7)

João, o Bem-Aventurado, acrescenta: “Ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, (até) o

Filho do homem, que está no céu.” [João, 3:13] Em outras palavras, até o Filho do homem teve de descer à

terra para subir ao céu – e NENHUM HOMEM jamais voltará à terra antes de residir no céu.

Jó, em meio à dor e ao desespero das provações que sofria, ergueu a voz a Deus e amaldiçoou o dia

em que nasceu. “E Jó, falando, disse: Pereça o dia em que nasci, e a noite em que se disse: Foi concebido

um homem! Converta-se aquele dia em trevas; e Deus, lá de cima, não tenha cuidado dele, nem resplandeça

Sois Deuses


sobre ele a luz. Contaminem-no as trevas e a sombra da morte; habitem sobre ele nuvens; negros vapores do

dia o espantem! A escuridão tome aquela noite, e não se goze entre os dias do ano, e não entre no número

dos meses! Ah! Que solitária seja aquela noite, e suave música não entre nela! Amaldiçoem-na aqueles que

amaldiçoam o dia, que estão prontos para fazer correr o seu pranto. Escureçam-se as estrelas do seu

crepúsculo; que espera a luz, e não venha, e não veja as pestanas dos olhos da alva! Porquanto não fechou as

portas do ventre, nem escondeu dos meus olhos a canseira.” [Jó, 3:2-10] E isso é apenas uma parte. Há um

capítulo inteiro no Livro de Jó sobre as lamentações por ter nascido neste mundo. Todos nós já tivemos

momentos assim na vida, amaldiçoando o dia em que nascemos, revoltados por estarmos aqui.

Eis o que Deus respondeu a Jó, e a todos nós: “Agora cinge os teus lombos, como homem; e

perguntar-te-ei, e tu responde-me. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber se tens

inteligência – quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus

rejubilavam? (Jó, 38:3-7) Na verdade, foi isso o que Deus disse: pare de choramingar e seja homem.

Esqueceu-se de como queria que eu viesse à terra? Não é um de meus filhos? Não estava entre eles quando

eu fundava a terra? Não se alegrou com os outros pelo privilégio de ter nascido neste mundo e ganhar um

corpo de carne e osso, de aprender a distinguir o bem do mal e lidar com a realidade tangível, de escolher

entre o certo e o errado, de comprovar as próprias palavras? Na verdade, Deus estava repreendendo Jó por

ter amaldiçoado o dia em que nasceu. E também o lembrava de seu interesse em vir à terra.

Deus sempre orienta seus filhos para que “cinjam os ombros, como homens”. Seus filhos devem ser

autoconfiantes, não devem se queixar nem ser fracos. Ele guiou os filhos de Israel durante quarenta anos em

um dos lugares mais desolados da terra. Por quê? Porque, como viviam se lamentando, tiveram de

desenvolver autoconfiança e fé em Deus.

Em nossos dias, novamente Ele guiou – ou dirigiu – seus filhos nobres de outras nações a esta nova

terra, para construir, conquistar, realizar – mas principalmente para se tornar HOMENS‟ – homens de visão,

coragem e força. Homens que podiam se unir para a democracia, verdade, bondade e honra. No Palácio do

Governo da Califórnia estão escritas estas palavras: “Tragam-nos homens que eqüivalham às nossas

montanhas”. Desde o começo de seu progresso, o clamor da América tem sido esse convite para que os

grandes e nobres participem da herança da liberdade, e que dêem sua força para a terra onde moram, seja ela

uma vila, um povoado ou município.

Deus deseja um povo pioneiro nestes três campos: físico, científico e espiritual. Ele quer que a

humanidade compreenda o propósito de sua existência, mas que também se livre do medo – que marche

olhando para a luz, sem hesitar nem reclamar. Quer que seus filhos aprendam a ser humilde e rezem,

tornando-se pessoas notáveis. Nenhum homem é maior que sua humildade. Deus quer que seus filhos

pratiquem a fé para realizar as coisas além do poder humano.

“Aquele que for grato por tudo o que receber se tornará glorioso; e as coisas deste mundo lhe serão

dadas e multiplicadas por cem, e mais.”

Não é suficiente viver apenas porque se está vivo. Não é suficiente levantar-se de manhã, tomar

café, fazer as obrigações do dia, almoçar, completar as tarefas, jantar e descansar – todos os dias,

rotineiramente, por mais atribulada que seja a vida. Quem vive assim desperdiça a vida. Por trás das

atividades necessárias ao conforto diário, deve haver um anseio, um desejo, um progresso da mente e da

alma; do contrário, não somos melhores que os animais.

Todo homem deve viver porque tem uma responsabilidade sobre os ombros. Muitos dizem: “este

mundo me deve uma boa vida”. Isso não é verdade. O mundo não nos deve nada. Saqueamos a terra,

destruímos seus recursos, roubamos suas jóias, despimo-la, sugamos a própria vida do planeta, quebramos

seu coração e ainda praguejamos contra ele. Nenhum homem tem o direito de viver na terra sem contribuir

com algo de valor em troca – edifícios – pontes – estradas – arte – música ou compreensão e bondade, pois

todos os homens foram criados para ser mensageiros de luz e agraciados com um lindo destino.

Mais uma vez, em Jeremias 1:5, Deus disse a seu filho (Jeremias), quando este se achava jovem

demais para assumir a responsabilidade de ser um profeta de Israel: “Antes que te formasse no ventre te

conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta.”

Sois Deuses


Paulo disse: “Em esperança da vida eterna, a qual Deus, que não pode mentir, prometeu antes dos

tempos dos séculos.” Isso é um testemunho de que ele, juntamente com todos os outros Santos, tiveram a

promessa da vida eterna antes do começo do mundo. ( Tito, 1:2)

Quando falou aos hebreus, Paulo fez esta surpreendente revelação: “E além do mais, se a nossos

pais de carne e osso prestamos reverência, não haveríamos muito antes de nos sujeitar ao pai dos espíritos e

viver?”

Essas palavras nos fazem entender que nossos pais terrenos foram responsáveis apenas pelo corpo

físico, mas nossa parte espiritual, que é a luz e a vida do homem, foi criada por Deus. Aliás, é bem possível

que, antes de ganharmos um corpo nesta terra, tenhamos estudado química na escola do Criador Onisciente.

Talvez alguns não tenham estudado com afinco; e essa seria a razão de vermos na terra pessoas doentes ou

com o corpo deformado. Seja como for, os médicos estão descobrindo que as doenças se originam com

maior freqüência na alma que no corpo. O que chamam de “mente” é, na realidade, a inteligência operante,

ou espírito.

“E como ele fez a maior das estrelas, assim ele fez dois espíritos, sendo um mais inteligente que o

outro; e ainda que um seja mais inteligente que o outro, nenhum dos dois conheceu o início; existiram antes

e não conhecerão o fim; existirão depois, pois são eternos”.

“E o Senhor me disse: Esses dois fatos existem: que há dois espíritos, sendo um mais inteligente que

o outro; e haverá outro mais inteligente que eles; eu sou o Senhor teu Deus, e sou mais inteligente que

todos”.

“O Senhor teu Deus enviou Seu anjo para libertar-te das mãos do sacerdote de Elkena”.

“Eu habito entre todos; e agora, eis que desço para libertar-te do trabalho que minhas mãos

realizaram; e minha sabedoria supera a todas elas, pois reino no céu, acima da terra, em sabedoria e

prudência, sobre todas as inteligências que teus olhos têm visto desde o princípio; e no princípio, desci entre

o meio de todas as inteligências que viste”.

“E agora o Senhor mostrou a mim, Abraão, as inteligências que se organizaram antes do início do

mundo; e entre elas, estavam as grandes e nobres”;

“E Deus viu que essas almas eram boas, e que se destacavam, e ele disse: Dessas almas, farei

governantes – os meus governantes; pois ele se colocou entre aqueles que eram espíritos, e viu que eram

bons, e disse a mim: Abraão, tu és um destes; FOSTE ESCOLHIDO ANTES DO NASCIMENTO.” (O texto

acima pertence aos escritos de Abraão e foi encontrado em uma tumba egípcia; o título era “A Pérola do

Grande Preço”.)

Nas escrituras, Cristo é chamado de o Cordeiro sacrificado na fundação do mundo. Todos os que

compreendem a missão de Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo, sabem que Ele já era o símbolo da lei dos

sacrifícios séculos antes de Sua vinda. E com alguma pesquisa, descobre-se que a promessa do Seu sacrifício

pelos erros e transgressões do homem fora compreendida e aceita desde os primórdios da terra, o que

confirma que era uma promessa feita a todos os seres que viessem à terra, mesmo antes de suas fundações.

“Os que habitam na terra, cujos nomes não estão escritos no livro da vida (do Cordeiro) DESDE A

FUNDAÇÃO DO MUNDO, se admirarão.” (Apoc, 17:8). Se nossos nomes estavam escritos no Livro da

Vida desde a fundação da terra, ou antes, de sua construção, certamente já existíamos naquela época.

E como testemunhamos a construção da terra, talvez até auxiliando na elaboração das flores,

árvores, montanhas, rios e gritando de alegria por participar do evento, então certamente havia por trás de

tudo um propósito maravilhoso e eterno. E Deus disse: “Eis a minha obra e a minha glória: conceder ao

homem imortalidade e vida eterna.” Como é a obra e a glória de Deus, então também é nossa, pois seria

impossível realizá-la sem nossa cooperação. Devemos compreender a vida e o seu propósito. Devemos

compreender nossa posição no grande esquema das coisas. Precisamos entender plenamente o grande drama

das eras que precederam nossa estada neste mundo, assumindo nosso papel neste estágio de existência e

executando-o com honra. É preciso que compreendamos tudo o que se passará na terra até que a Probidade

tome conta. Como interpretaremos nosso papel no palco da vida se não conhecermos o grande plano? E a

vida deve ser um progresso eterno, não uma existência insípida, estagnada e enfadonha.

Sois Deuses


O progresso do indivíduo depende da força de seus desejos íntimos. E esses desejos dependem de

sua visão e compreensão, o poder de busca da alma. Algumas pessoas sufocam esse grito pulsante da alma

com a bebida e a vida desregrada. Outras mergulham nos livros de ficção e no cinema, ou na companhia de

pessoas barulhentas e escandalosas. Alguns indivíduos preferem jogar cartas. Há várias maneiras de aplacar

o anseio de libertar a consciência; porém, o caminho do progresso e da conquista é dar vazão ao grito

interior da alma – o grito que permite ao homem alcançar seu destino e cumprir o propósito para o qual foi

criado. Com a coragem de escutar e a força para seguir em frente, o homem se elevará acima do comum e do

medíocre, encontrando um lugar de honra no mundo dos homens. Em outras palavras, encontrará sua

verdadeira vocação e a guardará, para uso pessoal e para o bem de todo o mundo. Nenhum homem é capaz

de cumprir plenamente seu destino divino sem elevar também o mundo a um posto superior de progresso.

Essa vocação, ou esse chamado, de cada indivíduo não se encontra na aparência externa. Ninguém a

encontra com blefes ou faz-de-conta. Só se chega a ela através de forte desejo, compreensão e profunda

humildade; às vezes com muita tristeza e dor. “Esse, pois, é o sacrifício exigido de ti: um espírito

arrependido e um coração partido.” Na mais profunda dor e agonia, o homem sempre se aproxima de Deus;

a menos que o sofrimento tenha sido causado por uma grande ofensa. Quando o coração do homem se parte

e sua alma padece de lágrimas, ele recorre imediatamente a Deus. O solo da alma talvez precise ser regado

com lágrimas, para ficar fértil. Segundo os textos apócrifos do Novo Testamento, o “coração partido” é

oferecido como uma “fenda ou coração aberto” – aberto no sentido de preparado para a instrução.

Algumas pessoas se ressentem de tantas provações e tristezas, fechando as portas da oportunidade;

e, justamente por isso, não se glorificam pela experiência que deveria lhes proporcionar a maior bênção da

vida. Toda tristeza abre a porta do progresso, do crescimento da alma e de um poder maior. Quanto mais

profundas forem as tristezas do homem, maiores serão as suas conquistas.

Pior é a situação do homem que nunca provou da tristeza nem sofreu provações que o forçassem a

apelar para Deus se não quisesse ser destruído; mais afortunado é aquele que aprendeu o significado das

lágrimas. Não existem muros intransponíveis na vida, pois todo obstáculo pode se tornar um sinalizador no

caminho do progresso. Podemos deixar que um fio de palha bloqueie nosso caminho ou fazer de uma

montanha uma escadaria que conduza às alturas.


dadas e multiplicadas por cem, e mais.” “Todas as coisas” não significa apenas as coisas boas. Também

estão incluídas as lágrimas, tristezas, dificuldades, decepções, se forem necessárias até aprendermos a

obediência.

Quando Cristo foi traído por Judas, não se ressentiu nem o acusou, ou aos de sua natureza.

Simplesmente ergueu a cabeça e disse “Agora o Filho do homem está glorificado”.

Às vezes, nossas bênçãos vêm disfarçadas de coisas vis e imundas; e nós, protestando aos berros,

recusamos o presente. Mas tudo o que nos acontece pode ser glorificado e bendito. O presente embrulhado

em papel imundo contém uma bênção de verdadeiras pérolas.

As tristezas não devem deixar o homem amargurado ou irado – desde que sejam usadas como passos

para o progresso. Toda decepção pode ajudar o homem a purificar a alma, moldar o caráter e ganhar força.

Nunca são as nossas provações que nos dizimam, mas sim nossa inabilidade em aceitá-las. Quando

deixarmos de lado a rebeldia, a raiva e a autopiedade, receberemos as chaves de um poder tão dinâmico que

seremos capazes de elevar um mundo, e as dificuldades se dissolverão em um piscar de olhos; o toque de

nossos dedos será o toque de mestre, os pensamentos de nossas mentes cantarão uma música poderosa de

glória absoluta – e não haverá mais tristezas.

“E se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança

em rosto, e ser-lhe-á dada.” (Tiago, 1:5) A maior parte das pessoas acha que tal citação se aplica somente

aos tempos passados, mas devemos nos lembrar que nenhuma passagem da Bíblia tem uma interpretação

específica. No texto original em grego, a citação é a seguinte: “Se a algum de vós faltar sabedoria, peça-a a

Deus, que com ela vos agraciará liberalmente e não vos censurará; mas que o pedido seja com fé, sem

hesitação...” Essa tradução deixa claro que todos os humildes, aqueles que não fingem saber tudo, podem

recorrer a Deus e receber sabedoria abundante. A sabedoria é oferecida a quem pedir – sabedoria para

Sois Deuses


cumprir o destino – para viver honrosamente – para tornar o mundo melhor só porque vivemos nele e

desejamos alcançar nosso fabuloso destino. “Adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis,

adquire o conhecimento.” [Prov., 4:7]

Há um padrão glorioso para a vida de cada homem, perfeito e individual. Não existem duas pessoas

iguais, nem duas plantas idênticas. Podem pertencer à mesma espécie, mas são muito diferentes uma da

outra. Nem duas folhas são iguais na mesma planta; nem duas tempestades de neve; nem duas impressões

digitais. Não há duas vidas idênticas, mas toda vida contém um padrão divino de desenvolvimento, um

destino fabuloso e sagrado, rico em progressos e honras. Quando a vida se torna um fardo impossível de

carregar, quando todas as condições são sórdidas e horrendas, quando o ato de viver em si é pesaroso, há um

sinal claro de que o contato com o divino foi perdido.

Os criminosos perderam esse contato, e tentam se tornar grandes roubando a riqueza das pessoas ou

cometendo outros crimes. Não conseguem. Grandiosidade não é algo que se possa roubar; tem de ser

conquistada, merecida ou vivida. A pessoa cresce na grandiosidade. Obter riquezas não é suficiente, pois, a

menos que o verdadeiro padrão seja seguido na vida, tudo será apenas uma experiência artificial, sem o

menor significado.

Se você não sente alegria – se a canção de êxtase não é tocada em sua alma, então você perdeu o

contato com seu padrão de existência, e a luz está sumindo enquanto as trevas o cercam. Quando você for

verdadeiro ao padrão de seu ser, aquele self profundo interior se desenvolverá em perfeição, feliz,

naturalmente belo, como a árvore que cresce completa e majestosa. Ninguém pode impedi-lo de alcançar seu

destino, se seguir esse padrão. Ninguém viverá sua vida, pois só você tem as chaves de suas gloriosas

realizações.

Assim é o destino gravado na alma de todo homem que vem à terra. Ninguém é desprovido do

caminho individual de plena expressão e conquista gloriosa.

Capítulo IV

FÉ É UMA PALAVRA OU UM PODER?

A palavra “fé” sempre me fascinou, desde a infância. Minha mente viajava nela e no poder que

contém. Acreditava sinceramente que um dia os cientistas canalizariam a fé, como se faz hoje com a

eletricidade, e o homem poderia apertar um botão e usufruir seus poderes indescritíveis – de mover

montanhas, curar os doentes, devolver aos cegos a visão, ressuscitar os mortos, fazer os paralíticos andar,

pois assim é a fé; e aquele que alega tê-la, sem, no entanto possuir o poder, não passa de um mentiroso e não

agrada a Deus. “Sem fé, não se pode agradar a Deus.” E estes sinais seguirão aos que crerem: “Em meu

nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa

mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão.” (Marcos, 16: 17-18).

“Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude.” (I Cor., 4:20) Cristo prometeu

que aqueles que acreditassem no nome Dele realizariam as obras que Ele realizou, e até maiores. A palavra

“fé” tornou-se sem sentido, embora todas as igrejas a usem como um dos princípios fundamentais de sua

crença, e milhares de pessoas afirmem viver em fé – o reino delas, porém, só consiste em palavras, e não

virtude. Fé não é apenas uma palavra; é uma virtude, ou um PODER. Aquele que tem fé, tem poder.

“Pois, meus bem-aventurados filhos, acaso cessaram os milagres porque Cristo subiu aos céus e está

sentado à direita de Deus, pedindo do Pai os direitos de misericórdia que tem sobre os filhos dos homens?”.

“E porque Ele assim fez, meus filhos, acaso acabaram os milagres? Pois em verdade, vos digo: não;

tampouco pararam os anjos de ministrar aos filhos dos homens”.

“Pois eles são sujeitos ao Senhor, e devem ministrar segundo o Seu comando, mostrando-se àqueles

que têm fé e mente firme em toda forma de santidade”.

“Ou será que os anjos pararam de aparecer aos filhos dos homens? Ou Ele lhes retirou o poder do

Espírito Santo? Ou não haverá, enquanto existir a terra, nenhum homem que possa ser salvo?”.

Sois Deuses


“Pois em verdade, eu vos digo: não; é através da FÉ que os milagres acontecem; e é através da FÉ

que os anjos aparecem e ministram aos filhos dos homens; E SE TAIS COISAS CESSAREM, AI DOS

FILHOS DOS HOMENS, POIS SERÁ POR CAUSA DE SUA FALTA DE FÉ, E TUDO SERÁ EM VÃO.”

(Moroni 7:27, 29-30, 36-37)

Todas as igrejas, todo sacerdócio, todas as formas e obras terão sido em vão, a menos que este

grande poder de fé entre em ação e manifeste as poderosas obras de Deus, pois o “o reino Dele não consiste

em palavras, mas em poder.”

Um líder religioso que conheci, que alegava ser um verdadeiro seguidor de Jesus Cristo, falou em

uma conferência em Nova York sobre a visita que fez à colônia de leprosos nas Ilhas do Mar do Sul. Ele se

gabava de sua coragem por ter andado nos corredores da humilde capela da colônia; e até os anjos se

curvaram de vergonha ao ouvir tal homem. Minha alma pediu desculpas a Deus pela cegueira daquele

ministro, pois na verdade ele era mais cego que os leprosos, ainda que segurasse a Bíblia e citasse passagens

que não compreendia de fato.

Aquele homem, que alegava ser uma testemunha especial de Jesus Cristo, lia uma passagem das

escrituras e antes de chegar à quarta palavra, as pobres almas perturbadas, cujos corpos apodreciam

lentamente, despregando-se dos ossos, começavam a entoar junto com o líder. Ele precisava ler as

escrituras. Seus seguidores sabiam disso. Por mais que se gabasse da visita e de sua coragem por conviver

com aquelas pessoas, suas palavras provavam que tudo fora em vão. Se ele fosse realmente um embaixador

de Jesus Cristo, com o poder da vocação, ou se ao menos acreditasse no NOME em Cristo, teria curado os

leprosos, pois essa foi uma das obras que Cristo realizou, assim como realizaram também todos os que

creram em Seu Nome. Aqueles que se vangloriam de sua vocação quando, na verdade, só têm um punhado

de palavras vazias e nenhum poder, devem se envergonhar, pois “caminham nas trevas em pleno meio-dia”.

Durante os anos da Depressão, meu interesse pela fé amadureceu. O sofrimento que via em todo

lugar dizia-me claramente que o mundo caminhava na escuridão. A crença no materialismo provara-se fútil,

pois as dívidas aumentavam, os títulos perdiam o valor e o mundo mergulhava na lama, na miséria e no

medo.

Eu observava a agonia das pessoas à minha volta e sabia que algo precisava ser feito, mas o quê?

Primeiro, desejei que tivesse dinheiro para dar a quem necessitava – muito dinheiro: não só para as

necessidades básicas, mas para socorrer os desafortunados que chegavam a passar fome. A pobreza e a

amargura invadiam os lares. E com a falta de esperança, vinham as doenças. Essas condições pareciam não

ter fim. As famílias mergulhavam no desespero, e eu queria distribuir-lhes riquezas ilimitadas. O desejo foi

se intensificando à medida que trabalhava com o intuito de aliviar o sofrimento.

Vi homens fortes ceder à angústia, impotentes diante da dor de seus entes queridos, incapazes de

fazer algo por eles, com o espírito combalido e sem luz na vida. Vi mulheres perder o controle e morrer. Vi

crianças pequenas com o rostinho amargurado e sem esperança no coração. Comecei a sentir a dor de todas

as pessoas e o fardo era pesado demais, pois minha alma chorava de compaixão.

Um dia, quando visitava um lar de indigentes e crianças doentes, a dor foi tão forte que achei que

meu coração ia explodir. Um homem, cuja expressão era de puro desespero, virou-se para mim e disse: “O

que você faria se tivesse apenas uma casca de pão para comer?” Sua alma me revelava que ele tinha passado

por isso, talvez dividindo um pedaço de pão com as pobres crianças. Tentei esconder as lágrimas antes de

responder, e finalmente disse, do fundo do coração: “Acho que dividiria com alguém que precisasse tanto ou

mais do que eu, e não me preocuparia mais.”

Ele pareceu surpreso. Continuou me olhando por algum tempo, sorriu ao ver minha sinceridade e

disse: “Acredito em você. Mas isso ajudaria?”

“Pelo menos aliviaria o peso da responsabilidade”, respondi.

Aquelas palavras pareceram aliviá-lo também. Mas não era suficiente. Eu precisava fazer mais – dar

mais. “Por que não tenho dinheiro?”, pensei. “Por que não posso tê-lo? Eu o usaria para ajudar os outros.

Essas pessoas precisam de tanta coisa... Quantas delas estão passando por necessidades sérias!” Minha

mente parecia tomada pelo desespero de tentar ajudar todos. E naquele momento de desespero, ouvi uma

Sois Deuses


voz ao meu lado. Era tão forte e clara que me virei. Não havia ninguém ali; pelo menos ninguém visível.

Mas eu não tinha dúvidas de ter ouvido estas palavras: “Cristo nunca deu dinheiro”.

“É verdade!”, pensei. “É verdade! Ele nunca deu dinheiro, e, no entanto fez mais pela raça humana

que qualquer outro ser vindo a este mundo. O que Ele fez para ajudar tanto?” Esses pensamentos corriam

soltos em minha mente.

A resposta foi tão clara que não podia haver dúvida: “Ele deu vida, coragem, esperança e FÉ.”

Naquele momento inesquecível, eu sabia que não era de caridade e esmolas que as pessoas

precisavam, mas sim da certeza de que podem recorrer a Deus com seus problemas e, quaisquer que sejam

suas necessidades, Ele as suprirá. A humanidade perdeu a fé – fé em si mesma, no próximo e na bondade do

Deus Todo-Poderoso – “E Ele nada pode fazer pela América, por causa da descrença.” O texto original diz

“por Israel”, mas foi escrito antes da descoberta da América...

A partir daquele momento, meu destino e minha vocação tornaram-se uma realidade, clara e

perfeita. Eu deveria converter a palavra “fé” em algo tangível nas vidas dos homens. Mas sabia que seria

cruel entrar nas casas cheias de tristeza e dizer: “Vocês não estariam nestas condições, se tivessem fé.”

Além de cruel, seria pior que um tapa no rosto, por mais verdadeiras que fossem as palavras.

Eles precisavam de fé, mas não apenas da palavra. Precisavam de fé como uma realidade definida e

tangível. Peça a qualquer ser humano que “pratique a grande e poderosa fé”, como descrevem as escrituras,

e verá reações de absoluta surpresa. Fé é mais que uma palavra; é um princípio de existência, de progresso,

de conquista – o princípio da própria vida. Percebi que era mais que um termo vago descrevendo um

princípio intangível, e minha obrigação era dar-lhe vida e significado. Antes, porém, eu deveria compreendê-

la, segurá-la em minhas mãos, senti-la; e só depois, transmiti-la a um mundo temeroso. Minha missão era

ensinar a humanidade a usar um poder maior que o da eletricidade. Já não podia esperar que os cientistas a

canalizassem, pois minha alma havia despertado para um chamado mais alto que o som do trovão. O véu da

eternidade se abrira e eu me ajoelhava aos pés do Todo-Poderoso, que me ungia de luz divina. Naquele

momento compreendi os corações dos homens, senti a pulsação do mundo e descobri qual era a grande

necessidade.

Quando soube que precisava transformar aquela pequena palavra “fé” em uma realidade mais

palpável e forte que o aço e entregá-la aos homens em uma forma tangível, ergui a cabeça, totalmente

confiante. Sabia que fé era algo de poder e luz. Tinha de se manifestar como instrumento para curar as

feridas, iluminar as trevas, acabar com a tristeza e suprir as necessidades dos famintos. Essa fé tinha de fazer

parte da vida de cada homem, e não simplesmente ser dada como caridade.

Nos dois anos seguintes, a busca continuou. Era uma busca intangível – tão intangível que não

consigo explicá-la, exceto pelo fato de que tudo em minha mente e em minha alma parecia se concentrar no

desejo de compreensão. Esperava que uma palavra, frase ou pensamento se implantasse em minha densa

mente, deixando o significado claro a ponto de compartilhar com o mundo. Não sabia que estava solicitando

um conhecimento tão profundo quanto a eternidade e imenso como o universo. Não tinha idéia de que

aprenderia não só o significado daquela palavra poderosíssima e preciosa, mas também de um sistema de

desenvolvimento contido no coração humano. Não percebi que, além do conhecimento, eu estava pedindo

para conhecer as coisas fantásticas e maravilhosas que o conhecimento permite realizar. Agora que

compreendo, curvo-me deslumbrada perante a maravilha. E, humildemente, peço que você continue orando,

enquanto lê e estuda o restante deste trabalho. Aquele que não trabalha com o desejo de obter todas as

bênçãos que lhe são permitidas, e com a mente aberta, perde a própria luz. Aquele que trabalha com

reverência e com uma verdadeira prece no coração, receberá mais – ganhará o grande poder da fé, em sua

plena glória, e saberá como usá-lo.

Olhando para o passado, maravilho-me com minha confiança quanto ao resultado da busca. A partir

do momento em que aceitei a responsabilidade, sabia que cedo ou tarde compreenderia a fé e a colocaria nas

mãos dos homens.

O desejo parecia subir como um chama das profundezas de meu coração, que foi se intensificando

com o tempo. À medida que surgiam mais e mais necessidades urgentes de conhecimento, meu coração

parecia se converter no próprio desejo, tornando-se um ritmo pulsante na alma. Quando minha busca

Sois Deuses


chegava ao fim, era como se uma petição chamejante jorrasse incessantemente do fundo de meu ser,

encontrando expressão na frase: “Amado Pai, tenho de fazer isso, pois esse é o meu destino.” Minha mente

lógica, mortal, interpretava o anseio da alma; mas o pedido, ou desejo, já havia se tornado maior do que eu –

pelo menos muito maior que meu eu consciente.

O sofrimento dos homens atingia as próprias fibras de meu coração; eu desejava com todo o fogo da

alma remover-lhes os fardos, para que pudessem ser livres. Com prazer, teria ficado cega para que os cegos

voltassem a enxergar. Teria dado minhas pernas para que os deficientes andassem. Teria deixado que

malhassem meu corpo para poupar a dor do próximo. Teria suportado qualquer tipo de dor para libertar um

ser humano da angústia e do medo.

Certa vez, uma amiga teve paralisia infantil e, de alguma forma, arrastou-se até minha casa e se

agarrou a meus pés, chorando de desespero. Eu soube, naquele momento, que meu pedido seria concedido,

ainda que me custasse a vida – ou talvez mais: a própria alma. Minha prece tornou-se uma chama que subia

até o Altíssimo: “Amado Senhor, para ajudar, posso ceder meu tempo, meus talentos, minha força e energia,

meu corpo e minha alma – ficarei cega, se necessário – e o Senhor pode tirar-me os braços, as pernas, a

própria mente, se com isso ajudar a humanidade a sair dessa poça de lama e sofrimento e descobrir a luz.”

Assim rezei, e fui sincera em cada palavra. Ainda sou. A mesma prece existirá sempre em mim, enquanto eu

estiver viva, sentir e pensar.

A mera alegria de dar anula a dor de qualquer sacrifício. Eu poderia dar tudo que tivesse – exceto é

claro, minha alma. Até hoje, tremo só de pensar nisso. Nada jamais foi tão importante para mim quanto a

alma. Não tenho grandes talentos ou dons, mas tenho minha alma, que é a minha única dádiva. Muitos e

muitos meses depois de terminada a intensa busca, quando meu trabalho já estava pronto para ser liberado,

passei longas noites de inverno ajoelhada sozinha sobre a neve nos degraus de um templo, implorando para

que minha alma fosse poupada, se possível – mas sabia que se esse fosse o preço, eu pagaria. Noite após

noite, minhas lágrimas se misturavam à neve, enquanto minha alma implorava ao Senhor – e finalmente veio

a paz – e eu sabia que, mesmo que minha alma fosse parar nas trevas exteriores, ou em algum mundo

esquecido e devastado, valeria a pena se o sacrifício ajudasse outras pessoas a conhecer a luz fantástica e

gloriosa que meus olhos haviam contemplado. E veio também a coragem – coragem para enviar luz contra

todos os poderes da terra; coragem para ficar sozinha no mundo; coragem para acender uma luz acima das

trevas e gritar para que todos os homens erguessem a cabeça e contemplassem a luz – a luz de Deus – e se

curassem.

Meu amor aumentou e parecia expandir até os confins da terra; e continuar mais além no universo,

atingindo algum outro mundo, tocando uma melodia entre as estrelas. Meu amor se tornou tão grande que eu

só podia me rejubilar, ainda que tivesse de viver sozinha na escuridão profunda da noite eterna, pois ele – o

amor – iluminaria meu caminho, ardendo como uma chama eterna de glória que jamais diminui. Meu amor

pelos homens e por Deus era tão grande que repercutiria pelo firmamento e sua melodia seria captada pelos

ouvidos Dele – e eu seria chamada para adorar a Seus pés e reverenciar para sempre nos reinos da luz eterna.

Assim cresceu meu conhecimento da luz; e do amor, que é a fundação da luz, e se expandiu para englobar

um mundo, curar suas feridas e perdoar seus pecados.

O preço da verdade é sempre o mais alto exigido daqueles que a trazem, pois desde o início da

criação, os homens vêm tentando prender Deus em uma camisa de força ortodoxa. Trazer um raio de luz a

este mundo sempre exigiu um preço alto de sacrifícios e lágrimas que não pode ser medido pelos padrões

terrestres, pois só a eternidade pode compreender. Toda igreja e todo credo estão confinados a seus próprios

padrões ortodoxos de estagnação. Sempre foi assim. Antigamente, quando qualquer verdade era assimilada

pelas pessoas e finalmente aceita como ortodoxa, ou final, Deus enviava outro profeta para dar testemunhos

de mais verdades. E todos eles eram perseguidos, rejeitados e, na maioria das vezes, executados – e então,

lentamente, as verdades que lhes haviam custado a vida eram aceitas e tornavam-se ortodoxas e seladas.

Finalmente veio Cristo, e Ele também pagou o preço por trazer a verdade ao mundo. E a Luz que

trouxe, com o tempo, também se tornou ortodoxa de acordo com a compreensão limitada da mente humana.

Milhares de pessoas deram a vida para romper o véu de escuridão e dar ao homem o direito de

pensar, alcançar – sentir e viver; mas infelizmente sua visão também virou doutrina ortodoxa que glorifica o

Sois Deuses


passado e bloqueia o poder de Deus no presente, obstruindo o caminho da luz para os vivos, silenciando a

voz do Todo-Poderoso e selando as mentes dos homens.

Grupos e credos tendem a se tornar ortodoxos ou estáticos em suas filosofias, e se fecham

estagnados, sem a possibilidade de progredir. A vida é um processo dinâmico de avanço – e não uma

existência estática. A vida não é deterioração.

O poder de Deus é tão grande hoje quanto era na época em que disse: “Haja luz. E houve luz”.[Gên,

1:3] É tão grande quanto nos dias de Moisés, quando o pó virou praga, as cinzas borbulharam e o Mar

Vermelho se dividiu, sob o comando de um homem inspirado por Deus. O poder de Deus é tão grande hoje

quanto no tempo em que Jesus curava os leprosos, devolvia a visão aos cegos, fazia os paralíticos andar e

ressuscitava os mortos, na época em que pronunciou a frase: “Lázaro, levanta-te!” O poder de Deus não

morreu com os Apóstolos de Jesus Cristo. Ainda espera para despertar no coração de todo homem que abrir

a alma para recebê-lo e a mente para compreendê-lo.

Já é chegado o dia em que todo indivíduo deve acordar do torpor de passividade, do marasmo

ortodoxo das regras aceitas e dos regulamentos da vida e ser um pioneiro nos novos campos de progresso

espiritual – sim, novos e inexplorados reinos do espírito. O maior mistério da vida deve ser explorado: a

própria Vida. O por quê e o como da vida – a glória – a magnificência e o poder. O homem aprenderá a

dignidade de viver – de ser. Enxergará seu sublime propósito.

Comparadas a essa missão – a busca pela alma do homem e o poder dela, e a descoberta de seu

próprio padrão de vida, guardado dentro de si mesmo – as pesquisas atômicas parecem insignificantes. Os

bombardeiros, tanques e navios de guerra, submarinos, aeronaves ultra-sônicas; tudo na terra, enfim, perde a

importância. Na verdadeira busca, o homem descobre que é uma criação sublime e encontra o padrão de seu

destino divino. O homem vislumbrará um universo de luz e glória indescritíveis. Conhecerá seu lugar e

caminhará majestoso, tendo finalmente aprendido o significado dessas palavras ditas séculos e séculos atrás:

“A ti é concedido o aval dos céus; o Consolador; a paz da glória imortal; a verdade de todas as coisas;

aquela que sabe todas as coisas; aquela que anima todas as coisas, e dá a todas as coisas a vida, e tem poder;

segundo a sabedoria, misericórdia, verdade, justiça e julgamento.” E saberá que essas fantásticas glórias

guardadas em sua alma devem ser trazidas à tona e usadas.

O homem “conhecerá a verdade – e a verdade o libertará”, se souber usá-la e vivê-la. Estamos

realmente iniciando uma nova era – uma era de luz pura e brilhante, na qual abandonaremos todas as idéias

retrógradas e tétricas. Ó, homem, fique comigo no limiar da luz e testemunhe seu esplendor – saiba que você

mesmo é a porta para ela.

Capítulo V

O PODER DA VISÃO

Tentarei agora esmiuçar o grande princípio da “FÉ”, conforme me foi revelado depois de dois anos

de constante oração e busca. A revelação me foi feita com um poder tão dinâmico, quando eu menos

esperava, que a luz me elevou do chão; meus pés pareciam não tocar o solo por vários dias. Eu estava lendo

um livro, quando meus olhos se detiveram nas seguintes palavras: “Há uma lei irrevogável no céu, feita

antes da fundação do mundo, de onde derivam todas as bênçãos: Quando obtemos qualquer bênção de Deus,

é porque cumprimos essa lei.”

Essas frases foram as chaves que me abriram a porta do grande depósito de conhecimento eterno,

poder de criação e lei de realização. Já as tinha lido várias vezes antes, mas nunca tais palavras haviam

tocado minha alma com o fogo divino da luz e do conhecimento divinos.

Sempre pensara que havia muitas leis; uma para a saúde, outra para a riqueza, outra para a

felicidade, e assim por diante.

Foi quando o princípio da fé e o modo de usá-lo se mostraram a mim, que descobri que existe

“UMA” lei; só UMA, de onde derivam todas as bênçãos. Para explicar completamente a lei, será necessário

Sois Deuses


começarmos pela própria fundação. Antes de ter torres que apontem para o céu, todo edifício precisa se unir

à terra.

E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo

a sua espécie, cuja semente e seja nela sobre a terra. E assim foi.

“E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja

semente está nela conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom.” (Gên, 1:11-12).

E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.

“E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: FRUTIFICAI E MULTIPLICAI-VOS, e enchei a terra, e

sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move

sobre a terra.” [Gên, 1:27-28]

A lei de produção é o plantio da semente, a espera do crescimento e desenvolvimento e a colheita do

fruto maduro. Essa é a verdadeira produção das plantas, dos animais e da humanidade.

Se, depois de plantar e cultivar um certo tipo de sementes, o fazendeiro mudar de idéia e plantar

grãos de outra espécie, e depois de outra ainda, a colheita será um grande emaranhado de nada. E ele será

“como o mar bravo, que se não pode aquietar, e cujas águas lançam de si lama e lodo. Os ímpios, diz o meu

Deus, não têm paz.” [Isaías, 57:20] Se o agricultor planta, mas não cultiva nem rega e deixa as ervas

daninhas tomar conta, a produção será pobre e escassa.

“Há uma lei irrevogável no céu, feita antes da fundação do mundo, de onde derivam todas as

bênçãos.” A lei é: que todas as coisas produzam segundo sua espécie – que essa produção siga o plantio;

dessa lei fazem parte o crescimento e a colheita. Esse princípio de produção é a lei da natureza. E mais! É a

lei eterna de Deus, irrevogável, imutável.

Chega de falarmos da fundação da terra. Iremos agora a patamares mais altos e aprenderemos o

significado superior da lei.

O jardim mais sutil é aquele que se encontra a alma do homem. Lá o solo é fértil, capaz de produzir

qualquer coisa, qualquer poder, qualquer conquista. O homem só precisa preparar o solo. OS

PENSAMENTOS SÃO AS SEMENTES. São coisas vivas e essenciais que gerarão a própria espécie – em

quantidade bem maior que as pequenas sementes plantadas, ou pensamentos liberados. O desejo é o calor

que germina a semente e lhe dá poder de brotar.

Atesto que pensamentos são reais,

Têm corpos, fôlego e asas,

E o lugar para onde os dirigimos

É preenchido com o bem ou o mal.

Aquele a quem chamamos de pensamento secreto

Chega rapidamente ao local mais remoto da terra,

Deixando suas bênçãos ou tristezas

Como rastos de sua passagem.

Construímos o futuro, de pensamento em pensamento,

Para o bem ou para o mal, ainda que não saibamos.

E assim foi criado o universo.

Pensamento é o mesmo que destino;

Escolha, portanto, seu destino e espere,

Pois amor gera amor, e ódio gera ódio.

– ELLA WHEELER WILCOX

E ainda:

Nunca sabemos o que um pensamento pode fazer

Trazendo ódio ou amor;

Pois os pensamentos SÃO reais, e suas asas

Sois Deuses


São mais rápidas que as da pomba da paz.

Seguem a lei do universo,

Cada coisa criando sua espécie,

E apressam-se para nos trazer de volta

Aquilo que geramos de nossa mente.

O grande trunfo do homem, a sua superioridade sobre os animais, é a “imaginação” – o poder de

visualizar. Ele visualiza uma casa, e empenha-se em construí-la. Por isso, os homens vivem em casas.

O homem viu a imagem de uma “carruagem sem cavalos” – plantou na mente a semente (ou

pensamento) e, depois de algum tempo, colheu a realidade. Para nós, o primeiro carro pareceria uma coisa

tosca e feia – mas era a maravilha da época, correspondendo perfeitamente às expectativas do criador. Será

que o homem podia prever quantos milhões de carros aquela semente geraria? Outros homens fizeram

experiências e plantaram mais sementes, e carros cada vez mais sofisticados foram surgindo.

Mais tarde, enquanto descansava aos pés de uma colina verdejante, o homem pôs-se a observar os

pássaros ascendendo aos céus e veio-lhe à mente a promessa das escrituras: “E dominai sobre as aves do

céu.” [Gên, 1:28] Percebeu, então, que não sabia voar. Mas para “dominar sobre as aves”, seria necessário

voar acima delas. O homem plantou a semente, cultivou-a, cuidou bem dela; e logo foi capaz de superar os

pássaros.

O homem está sempre visualizando coisas maiores, e coisas maiores têm sido produzidas. Rádio,

televisão, energia atômica – qualquer coisa concebida pode ser criada. Maiores maravilhas mecânicas.

Maiores conveniências. Maior conforto. E até guerras piores e mais violentas, se a semente for plantada.

Mas a maior semente de todas ainda não foi plantada na mente do homem; ou, se foi, a dúvida e o

medo (ervas daninhas) a sufocaram. E a maior semente é o pensamento de que o homem pode atingir

qualquer altura.

Nenhuma pessoa vive sem sonhar. Algumas seguem os sonhos, e se tornam os grandes sucessos

deste mundo. Muitas, porém, desanimam ou não cuidam bem da plantação, deixando que as ervas daninhas

destruam a glória do sonho.

“O homem é o que pensa.” Ou para sermos mais exatos: “O homem se torna o que pensa.”

Quando uma pedra cai em uma lagoa, envia ondas que se expandem em círculos cada vez maiores,

chegando à margem. Ao olho humano, as ondas terminam ali. Mas não é o que acontece, realmente. Depois

que essas vibrações atingem a margem, elas ricocheteiam, assentam-se no fundo e voltam ao ponto de

partida. Em outras palavras, as ondas se alastram para todos os lados da pequena pedra que as provocou. O

mesmo processo ocorre com os pensamentos de uma pessoa.

“Quem semeia ventos, colhe tempestades”; “O que homem semear, isso também ceifará” [Gál, 6:7];

“Julgai e sereis julgado” – isso é uma lei – A LEI da produção. Plantamos as sementes e elas gerarão a

própria espécie, que a nós retornará. Essa é a lei estabelecida antes da fundação do mundo. É a única lei que

produzirá qualquer coisa, seja grãos, invenções, abundância, perfeição individual. Primeiro, vem o plantio.

Depois, o homem deve remover as ervas daninhas (medo e dúvida), sabendo que a lei não falha. É preciso

cultivar o que foi plantado. De resto, o homem não deve interferir, ciente de que só Deus fará a semente

crescer. Mas precisa se lembrar de que a lei é irrevogável. Não pode errar. A semente, uma vez plantada, irá

germinar.

A mente é o maior poder do mundo – mais forte que qualquer tipo de máquina – “Pois pode a

invenção dizer do criador, que não a compreende, ou que não a inventou?” Uma locomotiva solta, sem o

condutor, acabará se destruindo e causando perigosos acidentes. O mesmo aconteceria com o carro, ou com

qualquer outra maravilha mecânica operada por si mesma. E isso se aplica de modo especial à mente

humana, já que é mais poderosa que qualquer força terrestre.

Somos julgados por nossos pensamentos ociosos. De que outra forma seríamos julgados? Um

poderoso trem descarrilado, rumando para a própria destruição – um campo semeado de ervas daninhas, cuja

produção destruirá o agricultor.

Sois Deuses


“Sonha nobremente e teus sonhos serão teus profetas, e te trarão lucros”. “Profetas” porque preverão

seu futuro; e os “lucros” serão os benefícios que você colherá.

Cristo se empenhou ao máximo para explicar aos homens que a mente era o poder que os governava.

“Ouvistes de outras épocas, Não matarás; e quem matar será julgado; pois eu vos digo: quem guardar ira do

irmão sem motivo será julgado.” Ira – um pensamento cultivado na mente que, se crescer, gerará discórdia,

ódio, violência.

E ainda: “Ouviste de outras épocas, Não cobiçarás a mulher do próximo; pois eu vos digo: quem

olhar para a mulher do próximo com desejo, cobiça-a no coração e será julgado.” Tal homem plantou a

semente do pecado no coração (ou na mente), e segundo a lei de que tudo gera a própria espécie, a colheita

será amarga.

“E Jesus disse: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá

– e há de passar.” [Mat, 17:20] Por que a referência ao grão de mostarda? A semente de mostarda representa

“A menor de todas as sementes. Mas quando cresce, é a maior das plantas e se torna uma árvore, e os

pássaros se aninham em seus galhos.” Mais uma vez, a referência ao plantio, cultivo e crescimento.

Em verdade, vos digo: aquele que disser ao monte Levante-a e caminha para o mar, sem dúvida no

coração e acreditando que assim há de acontecer, verá realizar-se o que pedir.

“E eu vos digo: se desejardes em oração, Acreditai, pois assim recebereis.”

A lei é verdadeira e eterna. Qualquer coisa que o homem deseje, se plantar a semente, remover o

medo e a dúvida (ervas daninhas) e cultivar conseguirá.

Mesmo que as sementes sejam do mal, elas germinarão – mas assim como os campos de papoula,

que são cultivados por ganância, o fruto delas acabará destruindo o plantador.

Na Índia antiga, o povo costumava se reunir de madrugada e erguer os braços, implorando:

Não deixa que ninguém, mesmo os que Te veneram, te afaste de nós! Mesmo que estejas longe, vem

e rejubila-te conosco! Ou se estiveres aqui, ouve-nos!

Aqueles que a Ti oram, se reúnem próximo a Tua libação, como moscas ao redor do mel. Os

adoradores ansiosos por riquezas, colocam os desejos em Indra, como nós colocamos os pés em uma

carruagem.

“Desejosos de riqueza, a Ele chamo – Ele que segura com o braço o trovão, e que dá – como um

filho chama o pai.”

Isto é apenas um trecho da oração, mas dirige-se exclusivamente à riqueza – riqueza que exceda as

riquezas de todas as outras nações. E as sementes foram plantadas, cresceram e foram colhidas. A Índia é o

país mais rico da terra. Possui jóias fabulosas; cavernas cheias de tesouros; ouro guardado em cofres

subterrâneos; jóias que brilham em todos os templos e imagens. Jóias, especiarias, seda – riquezas que

Colombo procurava quando descobriu a América. Com as sementes da riqueza, a Índia semeou também

ganância e egoísmo, que cresceram e tornaram o país um dos mais pobres do mundo, apesar de toda a sua

riqueza; pois são poucos os que desfrutam tantos bens, enquanto a maioria da população não tem nada. Há

mais pobreza, fome e desolação no paraíso da riqueza do que em qualquer outra nação – é a colheita da

ganância.

Desejoso de viajar pelo mundo, Colombo estava mais interessado em provar que a terra era redonda

que encontrar as riqueza da nação Hindu. Ele plantou essa crença no coração até a idéia lhe dominar a alma;

e simplesmente tinha de prová-la. Foram dezoito anos de decepções e amargura, e a semente deve ter sido

regada com lágrimas; mas a colheita foi melhor do que Colombo sequer podia imaginar – maior que a Índia

e todas as suas riquezas. Ele descobriu novos mundos, onde a liberdade nasceria para os oprimidos de todas

as nações. Seu desejo ardente construiu um caminho pelo mar que os corajosos de toda parte podiam

atravessar e descobrir novas formas de pensamento, encontrando uma nova vida.

“O homem se torna àquilo que ele vislumbra.” Isso se aplica também aos animais. Estes, porém,

enxergam com os olhos físicos; enquanto o homem tem o poder de ver com os olhos mentais ou espirituais.

Jacó seguiu essa lei científica com o rebanho de Labão, seu sogro, que várias vezes tentara enganá-lo com o

pagamento. Jacó colocou varas listradas nas gamelas de água onde as ovelhas bebiam; e as crias nasciam

com listras semelhantes às das varas. Se Labão alterasse o pagamento de Jacó, o que acontecia com

Sois Deuses


freqüência, este removia as varas, e os cordeiros morenos, que pareciam estar desaparecendo,

multiplicavam-se novamente.

Jó, fartamente citado por sua paciência, é um exemplo de humildade e tolerância, mas devemos

encarar a verdade. Jó admite ter plantado as sementes de suas desgraças com estas palavras: “Porque o que

eu temia me veio, e o que receava me aconteceu.” (Jó, 3:25)

Quando preparamos nossa mente, sem medo ou preocupação, para grandes coisas, as grandes coisas

nos são dadas. O poder de governar o ambiente e construir com perfeição está em nossas mãos. É o poder do

pensamento, que é o poder da Divindade.

Capítulo VI

O CAMINHO DA GLÓRIA

Quando era criança, minha filha teve uma doença estranha, que passava e voltava dali a algumas

semanas. Era uma condição que a deixava inconsciente, aparentemente sem vida, ardendo em febre. Para

impedir que tivesse convulsões, precisávamos colocar gelo ao redor da cabeça e bolsas de água quente nos

pés. Nenhum médico ou especialista conseguia ajudá-la. A super-confiança que demonstravam no começo

cedia lugar à admissão da derrota, e me diziam que a doença seria fatal.

Um dia, porém, um homem que conhecia a minha busca pela fé, e minha crença sincera no poder e

no direito de qualquer homem de usá-la, disse: “Se tem tanta fé e acredita nisso, por que você mesma não

cura sua filha?”

Era um desafio e tanto. Ergui a cabeça e, olhando para ele com ironia, disse: “Muito bem! Vou curá-

la! Você tem uma posição de destaque em sua igreja, eu não tenho posição alguma – mas Deus escutará

minhas preces.”

A partir daquele momento, havia uma prece constante em meu coração para que minha filha se

curasse – se ainda tinha de viver. Parecia muito trágico desperdiçar uma vida com tanto sofrimento; por isso,

eu rezava para que, se ela tivesse de morrer, que fosse sem tanta agonia. Por dois anos, essa prece ocupou

meu coração. E eu sabia que seria atendida.

Então, certa noite ela foi acometida por um surto mais longo que os outros, e percebi que estava

morrendo. Ajoelhei-me ao lado da cama e senti que meu coração ia explodir. Havia pedido ao Senhor que a

levasse, se assim fosse Sua vontade, mas naquele momento, a tragédia de perdê-la não me deixava ver mais

nada. Por um instante, hesitei e, tomada de pânico, agarrei-me a ela. Sentia que não poderia viver sem olhar

para aquele narizinho gracioso, aquelas sardas tão engraçadinhas, os cabelos ruivos que se espalhavam pelo

travesseiro.

O corpo dela estremeceu longamente. Ela enrijeceu – e, de repente, soltou-se. Eu a tomei nos

braços, apertando-a contra o peito. As lágrimas escorriam-me dos olhos e respingavam no rostinho dela. A

agonia de minha alma era profunda demais para expressar o que eu estava sentindo: não podia deixá-la

partir.

De repente, percebi que estava pensando em mim mesma, e não na pequena criança em meus braços

– e uma visão maior me veio. Naquele momento, rezei de verdade, e as palavras secaram as lágrimas com

fogo: “Amado Deus, esta criança é Sua primeiro – e depois, minha. Se a quiser – leve-a – eu a amo demais!

Mas tudo que eu tenho Lhe pertence.” Estava sendo sincera. Independente do resultado. Se eu morresse de

tristeza, então seria também a minha hora.

Olhei para ela uma última vez e senti que queria ficar a sós com minha filha, em silêncio absoluto,

em nossa última comunhão juntas, antes de chamar alguém. Foi uma luta enxugar as lágrimas para enxergar

alguma coisa, mas quando consegui, senti-me tomada de gratidão e assombro. Minha filha dormia em paz,

sem febre. Aquilo nunca havia acontecido antes; quando ela se recuperava, o processo era tão lento que os

dias viravam semanas, e logo a doença voltava.

Sois Deuses


Quando percebi que sua saúde estava perfeita, senti o que Abraão deve ter sentido quando Isaque foi

poupado. Minhas lágrimas de tristeza se converteram em lágrimas de gratidão, e eu a coloquei

delicadamente no berço. O quarto parecia iluminado por um brilho mais forte que aquele de minha luz

enfraquecida. Olhando para cima, tive a impressão de não ver o teto, e sim a cúpula aberta do céu. E então,

tão perto que até me assustou, o véu do paraíso se abriu, como as cortinas de um palco – e Ele estava lá –

com toda a glória, majestade e poder da eternidade estampados em Seu semblante – o Salvador do Mundo.

Seu sorriso era capaz de aquecer todo o universo – um sorriso impossível de descrever; tão cheio de

amor, que me admirei pelas pedras não derretem – um amor que se estendia até os cantos mais obscuros da

terra – iluminando o Mundo – trazendo paz, calma e descanso.

Enquanto minha alma Lhe prestava reverência, Ele falou. Amor e ternura saíam de lábios

majestosos e divinos – mas eu fitava-o nos olhos – olhos que tudo sabiam, que penetravam a alma e a faziam

pulsar com uma devoção que parecia derreter os ossos.

“Estou ansioso para distribuir meus presentes entre meus filhos aqui, tão logo estejam preparados

para recebê-los”, Ele disse, com toda candura.

Por um instante, vislumbrei os presentes a que se referia: saúde, força, vitalidade, sabedoria,

compreensão, majestade, vida eterna, poder de governar não somente a terra, mas toda a eternidade. Essas

coisas superiores, Ele as tem nas mãos, e com paciência e amor infinitos, aguarda o momento de distribuí-

las. Não precisa haver pobreza, nem dor ou lágrimas.

Eu não podia compreender plenamente a magnitude do que estava vendo – eu, que durante tantos

anos de amargura, acreditara que a humanidade devia sofrer – que a dor era a herança dos homens neste

“vale de lágrimas”.

“Não viemos aqui para sofrer?” A pergunta saiu de meus lábios, revelando minha surpresa.

Ele sorriu amigavelmente e se afastou, deixando no ar estas palavras, à medida que as cortinas se

fechavam: “Até eu aprendi obediência, através das coisas que sofri – depois que se aprende obediência, não

há necessidade de sofrimento.”

Sentei-me, tentando entender o significado de bênçãos tão grandes, e de uma felicidade e poder

completos, mas minha mente não ia adiante. De repente, tive a visão de uma criança recebendo um colar de

pérolas tão valioso, que parecia orvalho dissolvendo ao toque. Com a mão suja, a criança agarrou o precioso

objeto e saiu arrastando-o pelo chão. Horrorizada, vi quando ela parou em frente a uma espécie de balcão

cheio de colares de contas, jogou as pérolas no chão e berrou que queria um colar de vidro vermelho.

Só então, compreendi plenamente o que tinha visto. Alegria, paz, glória – tudo isso poderia ser

nosso. Sabedoria e conhecimento, majestade e poder – essas pérolas valiosíssimas seriam nossas, se

soubéssemos pedir e apreciar o presente – mas nós as jogamos fora, porque preferimos um colar de contas

vermelho. Buscamos as coisas vazias do mundo. Escolhemos a sujeira da terra e deixamos de lado a luz de

Deus, com toda sua glória indescritível.

Minha filha ficou totalmente e permanentemente curada. Cerca de duas semanas mais tarde, ela

entrou em meu quarto, feliz e radiante, dizendo: “Lembra-se daquelas mulheres bonitas que queriam me

levar ao Pai Celestial...”

Virei-me assustada, mas percebi que ela não estava brincando, e esperava que eu entendesse.

“Que mulheres?”, perguntei.

Impaciente, ela respondeu: “Aquelas que vieram aqui na noite em que adoeci.”

“Mas... como eram elas?”, insisti.

“Ah, eram lindas!”

“E como estavam vestidas?”, perguntei.

Por um instante, ela pareceu intrigada com alguma coisa, e finalmente disse: “Acho que usavam

camisolas brancas.” Ela jamais vira uma camisola, por isso não tinha certeza.

“E o que aconteceu depois?”, investiguei, prendendo a respiração ao perceber que ela estava um

pouco impaciente, pois achava que eu sabia de tudo.

“Elas começaram a me levar em direção à luz. Era tão brilhante – e iam me levar ao Pai Celestial –

mas aí você começou a rezar – e me trouxeram de volta.”

Sois Deuses


Essa é a primeira coisa da qual conversamos quando ficamos separadas por algum tempo, minha

filha e eu. Nunca vi o que ela viu; nem ela testemunhou minha visão. Mas para nós duas, essas experiências

são mais reais que qualquer outra coisa em nossas vidas.

Hoje minha filha é casada e tem dois filhos. Nasceram quase sem a menor dor. O ano passado, ela

fez um exame médico completo. Os médicos perguntaram-lhe sobre a tuberculose que tivera quando criança.

Surpresa, ela respondeu: “Nunca tive tuberculose!” Então, ela se lembrou que, às vezes, à noite, tínhamos de

esfregar óleo de cânfora para que ela pudesse dormir. Mas os raios-X mostravam cicatrizes nos pulmões,

indicando que a doença fora grave, embora nunca mais ela tivesse tossido depois daquela noite inesquecível

e não tenha até hoje o menor traço de tuberculose. É muito estranho que os especialistas não tivessem

suspeitado de tuberculose, além de alguma outra doença estranha, que quase lhe tirou a vida.

Até hoje, a saúde de minha filha tem estado perfeita. Ela é um testemunho vivo do poder de Deus, e

de Seu grande amor e bondade e disposição de atender aos pedidos de Seus filhos. E eu sei que nada é

impossível, e que Deus vive – que “Ele é um Deus de milagres”, se assim permitirmos. É a humanidade que

restringe o poder de Deus.

O poder de alcançar as coisas superiores reside dentro de cada homem. Os pensamentos do homem

são as sementes que ele planta. Seus pensamentos e desejos serão a colheita. Nada é impossível para aqueles

que desenvolvem a visão e a seguem, sem hesitar. Por trás de cada conquista, cada ato, cada realização está

o desejo – ou pensamento que chegou ao ponto de fertilidade, ou desenvolvimento – e pensamentos são

sementes.

A maior dádiva concedida por Deus ao homem – a lei da produção – é justamente aquela que tem

sido mais tripudiada e mal usada – as pérolas são pisoteadas, enquanto se cobiça as contas baratas. Que lei

tem sido mais desrespeitada que a gloriosa lei do plantio de sementes humanas – o dom de ser co-criador ao

lado de Deus – esse legado do Senhor, que é a produção da própria espécie, ou o humilde privilégio de ser

pai e mãe dos filhos de Deus Todo-Poderoso?

Essa lei celestial perfeita, em poder de almas maldosas, tem gerado os piores crimes, miséria e

destruição, mergulhando a humanidade no sofrimento. A destruição sempre vem às nações que se tornam

moralmente impossíveis. Assim como a responsabilidade sagrada não é compreendida, também o plantio de

sementes puras e perfeitas em nossos corações vem sendo tripudiado e ignorado. Não percebemos que

somos os filhos e filhas de Deus, com todos os atributos de Deus, e que temos de cultivar e desenvolver

essas virtudes, plantando as sementes de glória e sucesso em nossas almas férteis.

Visualize aquilo que você deseja ser e cultive a idéia em sua mente, sem interromper. Não se deixe

invadir por dúvida e medo, que são ervas daninhas que podem destruir sua colheita. Cuide de sua plantação.

Acredite e receberá. Essa é A LEI – a imutável e eterna lei de Deus. Não há várias leis – há apenas uma – a

lei de que tudo produz sua própria espécie. O cumprimento da lei é o plantio – o cultivo – a espera – e a

colheita. A lei se aplica a grãos, estoques ou pensamentos plantados na alma do indivíduo. É a única lei

eterna.

Cientes disso sabemos que não é apenas um sinal de fraqueza permitir que a dúvida e o medo nos

dominem – é maldade. Compreendendo isso, e sabendo que a lei é eterna e não erra, plantamos aquela

gloriosa semente da fé e temos certeza de que ela gerará – cem vezes mais. Novas glórias aparecerão e os

céus se aproximarão.

O homem cria segundo seu poder de visualização. Quanto mais avançada for uma civilização, maior

será seu poder de visualizar. A imaginação é um dom de Deus. É o poder da mente de “projetar” no reino

espiritual as sementes do desejo. O homem moderno já visualizou coisas fantásticas – e as criou. Como o

africano que habita as selvas não desenvolveu esse poder de visualizar, ainda é um ser subdesenvolvido. E,

na verdade, um africano, que nada conhece do mundo além de sua choupana, ficaria mais espantado com as

maravilhas e a magnificência de uma grande cidade da Europa ou América do que nós ficaríamos com o

progresso de outros mundos, mais avançados que o nosso – ainda que a diferença fosse dramática. Só o

poder da visualização nos prepara para o céu.

Sois Deuses


A palavra “céu”, no sentido de “paraíso” deriva do termo grego “Oranus”, que significa “expansão”.

“O reino dos céus está em ti” significa que o poder de alcançar o céu, ou expandir – desenvolver – crescer –

existe em cada homem.

Quando o homem começa a visualizar a imensidão e a grandeza das coisas que o aguardam nesta

vida, e a lei da produção, nada lhe é impossível. Quando perceber que é, na verdade, um filho de Deus –

literalmente – e quando não duvidar nem temer a visão, o homem se tornará como Deus. As palavras do

Salvador serão cumpridas em toda majestade e poder: “Em verdade, vos digo que aquele que crê em mim

também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que essas; porque eu vou para meu Pai. E tudo

quanto pedirdes em meu nome eu o farei.” (João, 14:12-13) Todas as coisas se sujeitarão a ele – ele entrará

no reino que é sua herança. Tal homem terá poder e domínio. Será, contudo, um domínio de amor e não de

ódio, ou ganância e destruição.

Forme a visão daquilo que desejar, fixe-a na mente e no coração – cultive-a – cuide dela – pois

assim é a lei de produção de todas as coisas. Se quiser uma bênção, você terá de cumprir a lei. “Àquele que

tem, será dado; daquele que não tem, até o pouco lhe será tirado.” Isso é óbvio! Um plantou e produziu – o

outro se apegou ao pouco que tinha, com medo de plantar e perder; e o pouco morreu em suas mãos.

Visualize a si próprio perfeito em corpo, mente e alma. Reze, pedindo ao Pai que o ajude a obter a

safra perfeita. E então, espere – ou acredite – e zele pela plantação, removendo as ervas daninhas, dando

poder às sementes plantadas. É a lei, e é irrevogável. O próprio Deus não pode revogá-la, pois foi

estabelecida antes da fundação da terra por um Deus que não mente; e a promessa era de que seria a lei de

produção de todas as coisas.

“Sem visão, a humanidade perece.” Existe maior verdade? Um país morre, se seus líderes não

tiverem visão e inteligência. Uma igreja se torna uma instituição vazia, de dogmas sem sentido, se os líderes

religiosos não tiverem visão, ou revelação contínua, ou contato direto com Deus. E o que é pior: qualquer

pessoa sem visão também morre. As ervas daninhas automaticamente crescerão em torno de seus

pensamentos inúteis e o solo enfraquecerá até parar de produzir – ela ficará senil e finalmente morrerá.

Podemos enganar nossos amigos, podemos quase enganar a nós mesmos quanto a nossos

pensamentos secretos e indesejáveis – mas a safra será real, pois dentro de cada um de nós estão plantadas

as sementes de nossos pensamentos e o registro de nossas vidas – o livro da vida, que um dia será lido.

“Sem visão (das coisas superiores), a humanidade perece.”

Até a doença provará que não passa de uma colheita de ervas daninhas plantadas na mente – não só

a doença, como também a pobreza, a tristeza, e mesmo a morte. Quando aprendermos a lei e trabalharmos

com ela, ficando cada dia mais parecidos com Deus, seremos como flores de cujos brotos se revela a vida.

Viveremos em harmonia com nossa alma. Não haverá mais tristeza nem doença, e quando chegarmos à

idade das árvores, a grande perfeição nos virá em toda sua glória ressuscitada. O homem “mudará em um

piscar de olhos, da mortalidade para a imortalidade”.

Marden, em “Every Man a King” [Todo homem um rei] diz: “O homem futuro será mestre de seus

pensamentos, funcionando como um imã e atraindo somente as coisas que acrescentem à sua prosperidade e

aumente sua felicidade. Será capaz de manter o corpo em perfeita harmonia, nutrindo pensamentos de saúde

e sabendo como excluir aqueles de doença. O homem futuro estará sempre alegre, pois só terá pensamentos

de felicidade; não permitirá que nuvens de preocupação ou ansiedade, ou que a melancolia e a escuridão do

ciúme e da inveja, invadam-lhe a mente. Ele jamais lamentará, mas sempre se regozijará.”

“Todos pecamos, e nos afastamos da glória de Deus.” Nenhum de nós vislumbrou a realidade da lei

e, por isso, nos afastamos. No entanto, já foi dito – ah, quantas vezes! – que os homens devem ser perfeitos

como o Pai nos Céus é perfeito; e Deus jamais ordenou a seus filhos que fizessem algo impossível – tudo é

possível, desde que haja o desejo. “Farei as coisas que o Senhor me ordenou; pois sei que nenhum

mandamento passou o Senhor a seus filhos, sem lhes preparar o caminho para cumprir.” Mas nenhum dos

mandamentos parece fácil. Na verdade, todos são impossíveis enquanto não estivermos dispostos a vivê-los;

quando colocarmos a mão no arado e preparar o caminho, seremos capazes de realizar tudo o que Ele nos

pede. O desejo ou a visão devem vir a nós e, se os seguirmos com todo o nosso poder, nossa capacidade de

completar a tarefa será aperfeiçoada com a ajuda do Todo-Poderoso.

Sois Deuses


Falhamos em captar a visão. Chegamos a ponto de cultivar ervas daninhas. Não só toleramos nossas

fraquezas, mas, às vezes, ainda as glorificamos. A primeira tendência criminal é a “auto-justificativa”. Todo

criminoso, do seu ponto de vista, tem motivos para cometer atrocidades. Acha que estava certo. O mundo é

que estava e está errado. Só as pessoas fortes podem seguir a lei superior – pessoas dispostas a encarar seus

traços desprezíveis e eliminá-los.

Devemos nos esforçar para captar a visão gloriosa da perfeição, e não aceitar nada menos que isso:

perfeição. Procure a visão. Retenha-a na mente. Tenha fé e ela virá, pois é a lei irrevogável. Como Ele

mesmo disse: “Obedece-me, e a ti me comprometo; do contrário, não terás minha promessa”.

Ninguém pensaria em dar um tapa no rosto de uma pessoa, ou chutar com violência um transeunte,

para depois justificar-se, dizendo: “Não posso controlar minha mão” ou “Sinto muito, mas meus pés não se

comportam”. Quem fizesse isso seria um completo imbecil. E, no entanto, afirmamos não poder controlar a

mente. Deixamo-la vagar ao léu, permitindo que crie as maiores fantasias. Na verdade, podemos controlá-la

tão bem quanto qualquer outra parte do corpo.

Você já ficou perdido em meditação abstrata até alguém se aproximar e dizer: “Dou um centavo por

seus pensamentos”? E respondeu, sem prestar atenção: “Não estava pensando em nada...” Sem dúvida, isso é

apenas um desculpa, pois é impossível deixar a mente vazia por mais de um ou dois segundos; e a verdade é

que, se você revelasse seus pensamentos, poderia ser colocado em uma camisa de força. A próxima vez que

isso acontecer, siga os pensamentos de volta a ponto de partida, através do labirinto de conexões esdrúxulas,

e compreenderá o que quero dizer. O devaneio pode ter começado enquanto você observava um pássaro no

parapeito da janela, fazendo-o lembrar da infância, quando tentava colocar sal na cauda dos pássaros para

ficar com eles. Daí, você se recorda ter falhado, caído no chão e sujado a roupa. Sua mãe lhe deu uma

bronca na frente de um vizinho, que, aliás, era o “chato” do quarteirão e vivia implicando cada vez que você

queria brincar no pomar dele. Pensando em pomar e árvores, seus pensamentos vão até um período de férias

nas montanhas, anos mais tarde – e então, você começou a pensar nas recentes férias do Presidente – e a

partir daí, sua mente começou a analisar questões da política contemporânea. Como vê, a partir do pássaro

na janela, seus pensamentos chegaram aos pontos positivos ou negativos da atual política. Mas dava para

explicar ao amigo que lhe ofereceu um centavo a intrincada rota mental? Sendo as ligações tão complicadas,

é impossível descrevê-las. Exceto para si próprio. Faça isso sempre que entrar nesse tipo de devaneio. Logo

você reconhecerá que seus pensamentos foram desperdiçados e, sem dúvida, não valeram nem um centavo.

Quando fizer isso, começará a entender que desperdiçou energias da mente e da alma.

Um relaxamento mental não é um crime, desde que aconteça ocasionalmente; mas as pessoas que

jamais mantêm os pensamentos sob controle, que nunca pensam construtivamente, que não semeiam,

portanto não colhem nada além das ervas daninhas que se desenvolvem da mente ociosa, enganam a si

próprias. A menos que a vida nos pague com riquezas e valores por todo dia vivido, as moedas de ouro de

nosso tempo se extinguem – e terminaremos nossos dias sem nada que tenha valido a pena.

Pensar é plantar, cultivar, conquistar. Teremos de trabalhar exaustivamente; e o tempo necessário

para atingirmos a perfeição dependerá das condições do solo e do cuidado que ele receber. O fator de

controle, porém, será a intensidade do desejo. Isso deve ficar bem claro: não haverá safra a menos que a

semente seja plantada e cultivada, e que seu crescimento seja aguardado com paciência. Mas se

trabalharmos com compreensão, esperarmos com fé, nossos poderes aumentarão cem vezes e os elementos

obedecerão à nossa voz: os doentes ficarão bons; os cegos enxergarão; os paralíticos andarão; os répteis

venenosos e as feras perderão a animosidade. Todas as coisas foram colocadas nas mãos do homem – ele

pode se elevar ao estado de divindade ou descer abaixo dos animais.

No primeiro capítulo do Livro de Tiago, vemos que o apóstolo tentava ensinar essa lei maravilhosa:

“Tiago, servo de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, às dozes tribos que andam dispersas, saúde.

“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações: sabendo que a prova da vossa

fé obra a paciência. Tenha, porém a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem

faltar em coisa alguma. E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá

liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o que

duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma para outra parte. Não pense

Sois Deuses


tal homem que receberá do Senhor alguma coisa.” (Claro que não, pois em vez de cumprir, quebrou a lei, e

plantou tantas coisas que nenhuma vingou; por isso, não receberá nada.)

E mais tarde, nos versículos 13 e 14:

“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e

a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência (ou

pensamentos). Depois, havendo a concupiscência concebida, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo

consumado (ou produzido), gera a morte.”

As seguintes citações são do pequeno livro de James Allen, As a Man Thinketh [O homem que

pensa]:

“Aquele que conquistou a dúvida e o medo, conquistou o fracasso. Todos os seus pensamentos são

imbuídos de poder, e todas as dificuldades são enfrentadas e superadas. Seus propósitos são plantados

periodicamente, desabrocham e produzem frutos que não caem ao chão prematuramente.”

“Afastar a ociosidade e a fraqueza, pensando com propósito, é pertencer aos fortes – reconhecer que

o fracasso é um dos caminhos da realização. Aqueles que aproveitam todas as condições e pensam com

força, se arriscam sem medo e conseguem tudo.”

“O homem se deixa afetar pelas circunstâncias porque acredita que não tem domínio sobre as

condições externas; mas quando perceber que ele próprio é um poder criativo e que pode ordenar ao solo

oculto e à semente de seu ser que se sobrepujem às circunstâncias, o homem se tornará o legítimo senhor de

si mesmo.”

A grande falha da humanidade nos dias de hoje é a maneira de pensar. A raça humana parou de

pensar. Duas ou três mentes pensam por toda a humanidade. A pior escravidão é a mental. É melhor ser um

escravo espancado e servir do que tornar-se escravo mental, sem pensar em nada além daquilo que os líderes

ordenam.

Homens da terra elevem a mente para pensar, pois ela é a conexão entre seus corpos físicos e suas

almas – é a conexão entre suas vidas e Deus – é o poder que pode glorificá-los. É o poder da criação – o

dom da Divindade.

Todo indivíduo é dono do próprio destino, pois é ele quem semeia e colhe. Sua vida pode ser feliz,

próspera e agradável ou pode não ter nada de precioso, conforme a natureza dos pensamentos cultivados.

“Figos não crescem em cardos.” “Pelos frutos, os conhecereis.” Sem dúvida! Tudo produz a própria espécie,

e os frutos são o produto do plantio. Enquanto um homem será um jardim fértil de glória, outro se tornará

uma terra seca, improdutiva e imunda. Todo homem é o construtor de si mesmo, pois o destino não escolhe

seus favoritos; todo aquele que recorrer a Deus será fortalecido e reconhecido, pois Deus não tem

preferências. A linhagem de uma pessoa pode ser a mais humilde no mundo, as oportunidades de um

cidadão podem ser as menores possíveis – como no caso de Abraham Lincoln; mas com o poder do

pensamento vem o dom de o homem se visualizar livre de qualquer condição. Alguns indivíduos podem não

ter visão ou sabedoria suficientes, mas essas também serão concedidas aos filhos que pedirem e acreditarem.

Às vezes, as pessoas tentam mentir a si próprias, fingindo que se livraram de uma situação difícil;

mas mentira gera mentira, e o refúgio de mentiras acumuladas pode destruir um ser humano.

Algumas crianças são tão influenciadas pelos pensamentos negativos e medos dos pais, que suas

vidas – e suas mentes – só desenvolvem sementes de fracasso, desde a infância. Para elas, a tarefa é mais

difícil – mas não impossível. Se abrirem o coração e a mente para entender, e então seguir a visão, suas

vidas se tornarão uma glória de conquistas divinas. O vasto e glorioso caminho da luz se abre para ser

galgado por todos os filhos da vida que desejarem realmente “ver”.

O pensamento do homem não deve ser deturpado nem desviado por desperdícios. O cérebro deve

ficar mais ágil e aguçado; por isso, qualquer coisa que roube o homem dessa fabulosa dádiva, o poder de

pensar com clareza, deve ser totalmente evitada.

As terríveis ervas daninhas que se espalharam sobre a terra por causa da ofensa de Adão, são as

dúvidas e os temores na mente do homem. Essas são as piores ervas daninhas. Crescerão até a terra se

redimir – e a redenção está próxima. As ervas parasitas serão arrancadas de nossa mente e superadas, e

assim a terra voltará a produzir em abundância.

Sois Deuses


Amanhã haverá uma raça de pensadores sobre a terra – homens que conhecem e compreendem o

poder do pensamento, e o usam de forma construtiva e gloriosa. Aqueles que se recusarem a desenvolver e

controlar a mente ficarão para trás; ou, como acontece hoje em dia, serão destruídos e aniquilados porque

negam os poderes que lhes foram conferidos por Deus.

O poder de controlar a mente existe em todo indivíduo. As pessoas que se deixam guiar pelas idéias

dos outros podem progredir, mas a maior obra de todas é a canalização da própria mente. Só o pensamento

original gera a total colheita da recompensa. Os indivíduos que usam a mente para fins gananciosos

perecerão junto com suas sementes, pois a ganância e o egoísmo se alastrarão como uma selva e nela eles se

perderão, sem enxergar nada.

O mundo do futuro será habitado por homens santos e sábios. Você, do presente, capaz de

compreender a glória de suas possibilidades, será um dos líderes da nova terra. Você saberá que o poder do

amor é maior que do ódio e que a glória e a realização existem para todas as almas humanas. Terá grande

poder e majestade, e ajudará a redimir um mundo abatido de homens assustados, que sempre andaram às

cegas, perdidos no desespero. Vocês, grandes homens do futuro: que o poder, o domínio e a glória sejam

seus para sempre. Primeiramente, aprenderão a governar a si próprios; depois, através do poder de Deus,

terão maior sabedoria e amor para orientar cidades, nações e homens. Caminharão como nenhum outro

homem caminhou sobre esta terra marcada de lágrimas, exceto O Único, e se tornarão como Ele, Filhos de

Deus.

Capítulo VII

O PODER ATÔMICO DA ALMA

Nesta terra, espera-se que as crianças se desenvolvam e cresçam à altura dos pais. Esse é um dos

principais propósitos da vida. É absolutamente necessário neste reino de conquistas mortais. Às vezes,

porém, os pais gostariam que seus filhos jamais crescessem, o que é uma atitude absurda e egoísta. Ninguém

pode realmente gostar de ver o filho parado no tempo, sem se desenvolver, só pelo prazer de tê-lo sempre

sob controle. Viemos a este mundo para crescer e viver nossas próprias vidas; ser donos dos próprios

pensamentos.

Mas permanecemos crianças, mentalmente. A educação não é maturidade mental. Nem o

aprendizado, nem a sofisticação, nem o orgulho, nem as conquistas materiais. Maturidade mental é o

desenvolvimento pleno e o uso sábio do poder da mente – e da alma. Sem dúvida, os inventores, artistas,

músicos, construtores e outros conseguem se concentrar e fazer uso de uma boa dose de poder, mas o

controle definitivo do pensamento jamais recebeu a atenção necessária para levar a alma à condição de

Divindade – o poder pleno de realização.

Os sistemas educacionais de hoje afastam as pessoas do verdadeiro processo de pensamento. Temos

boas notas na escola quando conseguimos decorar pensamentos, livros e estudos de outros homens.

Despejam-nos conhecimentos que somos forçados a memorizar – conhecimentos ou fatos que

provavelmente serão obsoletos em poucos anos.

O homem pode até se tornar uma enciclopédia viva de fatos, ainda que morto e inerte como um livro

na estante. Inteligência significa viver, sentir, alcançar, ter entusiasmo sempre. O verdadeiro raciocínio não

permite que uma pessoa se torne um fóssil de conhecimento estagnado, mas a incentiva no contínuo milagre

do progresso. Maturidade mental é a descoberta do caminho que conduz às profundas e ocultas

possibilidades da mente humana, e mostra seu valor real, abrindo as portas do desenvolvimento completo.

Até hoje tem havido um período de preparação entre a morte e a ressurreição, no qual tenta-se

atingir esse estágio de maturidade. Mas agora vislumbramos um novo dia – o dia em que o homem será

“mudado em um piscar de olhos de mortal para imortal”, e essa lei de controle do pensamento deve

funcionar neste plano para prepará-lo para o Milênio, pois não haverá período de morte até completar-se a

maturidade. Isso terá de ser feito aqui na terra.

Sois Deuses


Essa lei de controle do pensamento pode parecer difícil a princípio, talvez em alguns casos

impossível, dependendo do nível estressante de vida. Mas se a observarmos com maior atenção, veremos

que é a tarefa mais prática e compensadora que podemos realizar.

É muito fácil descobrir que a maior parte de nossa vida é dedicada a resgatar lembranças aleatórias

do passado, colhendo uma flor aqui e outra ali no jardim dos sonhos. Mas essas flores têm pouco valor, a

menos que as usemos por algum motivo especial, que enriqueça o presente através de uma glória do

passado. Lembranças colhidas a esmo, porém, murcham ao toque e são novamente esquecidas; quando isso

acontece, passamos para outras lembranças e o processo se repete. Viramos continuamente as páginas do

passado, mas não podemos trazê-lo de volta. Se criarmos esse hábito, corremos o risco de perder a glória do

presente e, talvez, até do futuro. É verdade que o futuro pertence ao Senhor. Não podemos pedir que seja

antecipado. Só o presente é nosso, para ser glorificado, abençoado e enviado ao amanhã, coroado pelo toque

de nossas mãos. Se perdermos o presente, se não o valorizarmos, glorificando-o com o próprio fôlego e com

a força de nossos pensamentos, perderemos também o futuro. Viva cada momento como desejaria que fosse

o futuro, e o futuro realizará seus desejos. Deixe de lado as lembranças e enriqueça cada momento presente

com desejo intenso, visão e uma profunda veneração.

Pior do que viver de lembranças é habitar um mundo de fantasias. Somos crianças, mentalmente

imaturas. É hora de crescermos como raça, de abrir as portas do futuro, glorificando cada momento no

presente. Assim, com a cabeça erguida, voltando o rosto para a luz e compreendendo corajosamente com a

alma, encontraremos nosso formidável destino. É o futuro de toda a humanidade. Nosso pensamento deve se

tornar um propósito: sermos como o Pai Celestial, pois todo pai deseja que seu filho conquiste tanto quanto

ele; ou mais, se não for perverso e invejoso. Observar como os filhos crescem e ficam maduros é uma

alegria contínua na vida de quem é pai ou mãe de verdade.

Se deixarmos a preocupação tomar conta da mente, ela será como um velho disco com defeito,

enroscado na agulha da vitrola, repetindo incessantemente o mesmo sulco, os mesmos sons e acordes,

provocando irritação – discórdia – confusão – pavor – medo – doença e, às vezes, até insanidade. Virando e

virando diariamente, noites em claro, nenhuma resposta, nenhuma solução. Quando aprendemos a controlar

o pensamento, é fácil pesar as questões com calma, analisando a dificuldade, estudando os aspectos

aparentemente insolúveis. Desligamos a velha vitrola, relaxamos a mente e conseguimos dormir em paz,

confiantes de que a solução aparecerá. Se, após examinarmos o problema de todos os ângulos, ordenarmos à

mente que relaxe, a dificuldade passará para o subconsciente que, por sua vez, tem acesso aos reinos da Luz

Divina e recebe as respostas. A coisa mais surpreendente é a facilidade com que o problema é

completamente resolvido através desse processo. O que parecia impossível já não é mais. Quando isso se

torna um hábito, aprendemos a eliminar todo o medo – e medo é escuridão. A escuridão deve ser eliminada

– e o homem “estará livre das trevas, e será inundado de luz e compreenderá todas as coisas”.

Este é um novo dia, um dia de glória, de progresso mental e espiritual. Este é o momento de se

preparar para o dia de Deus na terra. É o nosso dia, também – o dia em que sairemos das sombras do

passado e iluminaremos o futuro através dos desejos espirituais do presente.

O propósito do controle de pensamento é proporcionar poder e glória a todo indivíduo criado como

filho de Deus, o Altíssimo.

A pessoa que se estuda mais profundamente o controle de pensamento descobre que tal prática é a

chave do progresso e da felicidade. A existência, mesmo na glória Celestial, não valeria a pena se fôssemos

eternamente escravos de nossos pensamentos ociosos e erráticos, que percorrem o cérebro

desesperadamente, como ratos presos em uma gaiola. Não podemos ser escravos de nosso temperamento e

das explosões emocionais, que consomem noventa porcento de nossa força cerebral. Quando ficamos

alegres, a felicidade logo acaba, pois aprendemos que o que é bom, provavelmente não dura até amanhã, ou

depois de amanhã. Poucas horas são suficientes para levar o espírito ao desespero. Quase todo momento,

algo imprevisível pode acontecer.

Se essas condições continuassem para sempre em nossas mentes – os pensamentos nos governando,

em vez de serem governados –, a vida seria algo terrível, sórdido, sem o menor sentido.

Sois Deuses


Assim como alguém aprende a ser músico, treinando tantas e tantas horas, é possível também

controlar os próprios pensamentos, desde que se treine o suficiente. O desejo e a vontade de praticar produz

resultados surpreendentes.

A princípio, parece impossível controlar todo e qualquer pensamento errático. Eles agem como

crianças marotas, que riem, gritam, fazem chacota e não se deixam agarrar. Tamanho controle mental exige

meses e meses de trabalho. Isso não é necessário. Há o jeito difícil, que consiste em virar o cérebro pelo

avesso para compreender a estrutura e o funcionamento dos pensamentos, o que eles fazem e como podem

ser controlados. Esse processo exige, primeiramente, que o indivíduo corra atrás de cada pensamento até

encurralá-lo e quase arrancá-lo do cérebro, no sentido físico da palavra. Isso tudo leva uma hora ou mais. É

o tempo de expulsar o pequeno pensamento irritante, e correr o risco de tê-lo de volta no primeiro descuido.

O jeito fácil é encher a mente com a visão desejada, oração, esperança e amor, não deixando lugar

para mais nada. Isso será explicado melhor mais tarde.

Os pensamentos podem ser coisinhas tão inofensivas e delicadas, correndo de um lado para outro na

mente. Mas tente expulsá-los, e verá como se tornam demônios ferozes, lutando pela sobrevivência. Não

existe um pensamento único e fixo, pois toda entidade está de mãos dadas com amigos, que por sua vez dão

as mãos a outros amigos e parentes. Não há fim. Eles se juntam e tomam posse do lugar, como se criassem

raízes. Você nunca terá de enfrentar apenas um pensamento. Eles são uma legião. E por mais inofensivos

que pareçam, viram exércitos poderosos, se alguém tentar subjugá-los. Lutam, esperneiam, gritam, fazem de

tudo para permanecer no posto. No começo, é necessário pegar um por um, como se fossem entidades

físicas, e arremessá-los para fora da mente, fechando em seguida a porta da consciência. E, quando você

abrir uma fresta para expulsar um colega ou amigo do primeiro pensamento, eis que ele volta correndo para

dentro.

Esse método exige grande paciência, mas é um treinamento maravilhoso. É um procedimento

interessante para quem tem tempo e energia. Como processo educativo, revela o incrível fato de os

pensamentos serem entidades vivas e vitais, cada qual com sua personalidade, assim como as pessoas. Para

completar o treinamento, o indivíduo deve passar horas, dias, semanas e meses consciente de seu processo

mental; e, depois de algum tempo, o subconsciente começa a auxiliar – à menor indicação de um

pensamento tentando entrar, há um sinal de alerta da consciência mais profunda. Assim, antes de se voltar a

atenção para o intruso, ele foge e fecha a porta. Se formos curiosos para abrir uma pequena fresta só para ver

que pequeno pensamento está lá fora, ele considera o ato um convite e entra correndo, trazendo amigos e

parentes. Mas a mente, estando treinada, só precisa dar uma única ordem para que todos saiam e não voltem.

O valor da supraconsciência ou parte espiritual do cérebro é inestimável nesse trabalho. É aquela

parte do ser humano que nunca dorme nem relaxa. É a parte da mente que, uma vez tendo aprendido a

datilografar, é capaz de manipular qualquer teclado sem ajuda do consciente; aprende a dirigir um carro sem

pensar ou a tocar um instrumento sem ter de procurar pelas notas. É a parte da mente que nos dá proficiência

em qualquer área. O treinamento da supraconsciência é absolutamente necessário no processo de controle

dos pensamentos. O preparo exige esforços concentrados do subconsciente e da supraconsciência para que

trabalhem juntos, permitindo que o indivíduo evolua da mediocridade para o estado de mestre da situação.

O resultado desse treinamento é surpreendente. Em vez de se sentir congestionado, exausto e

atordoado, o cérebro fica alerta a praticamente tudo, sem se preocupar com nada. Há uma calma e controles

fantásticos, e uma sensação de alegria e glória superior a tudo o que se possa imaginar. Não surgem mais os

pensamentos conflitantes e a confiança gerada por esse trabalho continuará para sempre, a mente

controlando o nosso destino, pois o raciocínio certo não deixa espaço para desarmonia, ódio ou confusão.

Mentes assim treinadas ficarão um dia tão puras que Cristo poderá revelar Sua mente e vontade aos filhos

dos homens, em contato direto.

“Aquieta-te e saibas que sou Deus.”

Poucas pessoas já fizeram isso, mas o método é tão prático quanto respirar ou alimentar-se. Algumas

chegaram a esse ponto por absoluta necessidade, já que suas tristezas haviam deixado confusão, terror e

medo grandes demais para suportar; ou quando as preocupações e os problemas terrenos pareciam sufocá-

las. E, então, por algum momento, essas pessoas se ajoelharam e, com o poder da inteligência, ordenaram

Sois Deuses


aos elementos perturbadores, ou pensamentos e nervos, que “SE AQUIETASSEM!” Logo sentiram a paz e a

glória de ter todos os átomos agitados e todas as células do corpo se acalmarem. Os nervos em frangalhos

entraram em sintonia perfeita com o universo – e, pelo menos por alguns minutos, souberam que Deus é

Deus. Que Ele está bem próximo. Que é possível falar e Ele escutará.

Essa é uma experiência maravilhosa, e todo homem é convidado por Deus a tentá-la. Mais adiante,

haverá um capítulo explicando o modo de conduzi-la.

É possível não apenas converter o caos em calma ocasionalmente, mas também atingir esse ponto de

poder o tempo todo – realmente viver nele – ou viver Nele e em Seu amor e paz, deixando os terríveis

problemas da confusão externa se dissolver em paz e alegria de realização. “Olhai para mim em vossos

pensamentos; não duvidai e não temei.” (D & C, 6:36)

“Em verdade, disse o Senhor: o dia virá em que toda alma que abandonar os pecados e me procurar,

e chamar meu nome, e obedecer a minha voz, e seguir meus mandamentos, verá minha face e saberá quem

sou.” (D & C, 93:1)

“Mas o dia chegará em que me vereis e sabereis quem sou; pois o véu da escuridão será rompido, e

aquele que não estiver nesse dia purificado não se rejubilará.” (Ibid., 38:8)

Essa promessa de saber que Deus é Deus não é vazia. Será uma realidade palpável no momento em

que estivermos preparados para receber as promessas que Ele fez.

“Aproximai-vos de mim e eu me aproximarei de vós; buscai-me com fé e me encontrareis; se

pedirdes, recebereis e se baterdes à porta, ela será aberta.” (Ibid.,88:63)

“Buscai-me e me encontrareis.”

“E esta é a vida eterna, conhecer-te, o único Deus verdadeiro e vivo e a Jesus Cristo, por Ti

enviado.”

O desejo é a chama que realiza tudo. Intensifique seus desejos – intensifique-os até queimarem

como fogo dentro de você, até a chama alcançar a eternidade e coletar do universo o material necessário

para realizá-los. O desejo intenso molda o padrão nos reinos espirituais e coleta substância material para

preenchê-lo, convertendo-o em uma realidade tangível. Os meros “gostos” raramente se realizam. Apenas

querer não é suficiente. Mas o desejo intenso tem o poder da própria realização, assim como a semente tem

o poder de gerar o produto perfeito de sua existência. O tempo de realização baseia-se principalmente no

grau de intensidade. Se o desejo preencher a alma, se for tão intenso que as outras coisas não mais

importam, se for testado com paciência, tolerância e sinceridade, então ele será realizado. Os desejos se

realizam quando penetram toda célula e fibra do ser. Se você desejar uma coisa com tamanha intensidade, e

for algo justo, obterá.

O tempo para a realização de um desejo dependerá da natureza dele. Dois legumes da mesma

espécie não amadurecem ao mesmo tempo, ainda que tenham sido plantados juntos. Duas flores não

desabrocham no mesmo ritmo. Duas pessoas não desejam com a mesma intensidade. Não há dois desejos

que tenham o mesmo valor. Alguns são atendidos quase instantaneamente – outros exigem mais tempo para

atingir a perfeição. Mas para aqueles que entram em contato com o Espírito, o tempo não existe.

Se o homem desejar o controle de seus pensamentos mais do que a própria vida, sabendo que assim

controlará seu destino, então será fácil e valerá a pena viver.

A casca dura da castanha é facilmente quebrada quando a substância macia em seu interior, a força

dinâmica de energia viva, iluminada pelo desejo, começa a se desenvolver, ou deseja se expandir. Por isso,

tudo o que nos prende, seja uma barreira aparentemente intransponível ou um muro sólido, cairá diante da

intensidade dos desejos da alma.

A energia atômica da alma pode ser liberada através do desejo intenso e sincero e da prece contínua.

NADA É IMPOSSÍVEL! Só precisamos conhecer as leis de Deus, compreender o poder da fé e exercê-lo,

além de ter a visão que conduz ao desejo. “EXERCER” significa “treinar com o uso; praticar; empregar

ativamente; sujeitar a treinos; fazer esforço físico ou mental; desenvolver física ou mentalmente; trabalhar.”

Através das definições do dicionário, percebemos que o “exercício” da fé (ou exercer o poder da fé) tem

sido negligenciado ou mal interpretado.

Sois Deuses


Essa energia atômica da alma é gerada na mente do homem. Ela tem a chave do progresso e do

poder eterno. Se um grão de areia ou poeira e um pingo d‟água possuem esse poder indescritível quando

retornados à fonte original de energia, que dizer então do imenso poder armazenado na mente ou na alma do

ser humano! Pense nas realizações magníficas quando o poder for usado com plena compreensão, e

compare-as aos passos lerdos do passado, quando ainda não havia o conhecimento adequado.

A fé inclui o conhecimento e o poder de usar a energia espiritual da criação para realizar os desejos

justos – e para executar as obras de Deus. Todo espírito ou energia é uma forma de matéria refinada, a qual

os sentidos humanos não conseguem captar. E toda matéria é espírito, energia ou luz.

A tarefa de nossos cientistas é medir a massa, ou o átomo, e devolvê-la rápida e eficazmente ao

lugar de onde veio. É maravilhoso poder liberar a energia espiritual na matéria. O próprio poder dessa

liberação é prova da energia dinâmica contida até nos materiais inanimados da terra.

Se esse poder é tão grande até no reino mineral, que é a forma mais baixa de existência, tente

compreender como ele se manifesta na forma mais alta de vida – o homem.

O trabalho do futuro é muito maior que as tarefas dos cientistas da atualidade. O trabalho do futuro

consiste em pegar a energia espiritual e medi-la, através dos grandes princípios da Fé, e dar-lhe forma

tangível – “Pois a fé é a substância das coisas desejadas”, etc. “Substância” significa material, que nesse

caso é a “evidência das coisas invisíveis”, portanto, a energia espiritual. Compreendendo, ou acreditando

nessa grande força espiritual, o homem consegue dar às “coisas desejadas” uma forma tangível. ISSO É FÉ.

Qualquer coisa sem esse poder não é admissível para Deus. A fé é o poder de Deus na vida do homem. É o

trabalho dos cientistas, revertido. Ou melhor: o trabalho deles é o reverso do grande plano de criação de

Deus. É a vontade Dele que os homens se apossem dessa energia dinâmica e de Sua luz e, com ela, criem –

não destruam.

A fé é essa grande e dinâmica energia espiritual, dirigida pela inteligência e pelos desejos da mente

humana. A mente tem o poder de alcançar essa força de criação, à medida que a compreensão do homem se

abre. E a abertura da compreensão é “acreditar”: é o que as escrituras mencionam em relação à fé. A

“crença” mencionada é a crença no grande poder Espiritual e a fé em seu exercício. O poder deve ser

compreendido em toda a sua glória, se tiver de ser usado livremente pelo homem. E só poderá ser usado com

amor e humildade, pois é o poder de Deus em ação – um poder superior a qualquer força conhecida. A

própria “bomba de hidrogênio” seria insignificante em comparação. Pois toda força se baseia em um único

poder do Senhor – o poder da fé. Foi graças à fé que a bomba atômica, a bomba de hidrogênio e todas as

outras invenções foram produzidas.

Quando o homem compreender esse princípio dinâmico, saberá que a palavra “FÉ” tem sido

esquecida e seu significado se perdeu na vida individual de cada homem. Só a usam para produções

mecânicas. Só a usam para suplementar uma era mecânica, cheia de frustrações, pois o homem é diminuído

por suas próprias obras, em vez de assumir seu lugar de poder em um reino superior de realização divina.

Sim, o homem se sente mais fraco e trêmulo do que antes. Há mais hospitais, mais problemas mentais, mais

infelicidade e insegurança – cada vez mais desastres – mais mortes – mais suicídios – mais amargura – mais

medo.

Quando o homem se tornar plenamente consciente do princípio dinâmico da “FÉ”, sabendo o que é,

será fácil restaurar a carne do corpo de um leproso, a visão de um cego, a audição de um surdo, os membros

defeituosos do aleijado, ou qualquer outra obra de Deus, em nome de Seu Adorado Filho, Jesus Cristo, como

insistem as escrituras. Sim, será simples realizar as obras que Cristo realizou – e realizar OBRAS AINDA

MAIORES, conforme Ele prometeu – pois todo o poder existe no princípio vivo e ativo da fé.

Se usar essa força ou princípio poderoso para dar forma tangível à substância invisível dos

elementos eternos, glorificando a Deus e cumprindo suas necessidades pessoais, o homem não precisará de

quilômetros de terra, acres de terreno, prédios e mais prédios, milhões de dólares em maquinaria. Só

precisará de um coração puro ardendo de inspiração e um amor profundo e perfeito, além da visão para ver e

saber. E o saber positivo só chega através da prece sincera e humilde – não da prece dos lábios, mas aquela

que vem do fundo do coração. Quando compreender esse grande poder – ou energia espiritual que compõe

toda substância, será a coisa mais natural do mundo manter esse legado divino e iniciar as obras de Deus,

Sois Deuses


“Pois o que é do Pai, é também vosso”, inclusive poder, “E o reino não consiste em palavra, mas em virtude

(ou poder).”

Os cientistas descobriram que o átomo é composto de pura energia. Se prosseguirem com as

pesquisas, descobrirão também que energia é luz, e luz é espírito. Saberão que essa energia espiritual é

colocada em movimento pela mente humana, e é a “fé”, a grande dádiva dinâmica de Deus. É o poder de

Deus através do qual os mundos foram feitos. É um princípio de criação duradoura e de glória que Deus

deseja que o homem use – não em sentido reverso, mas em toda a sua potência criativa. Quando o homem

usar essa força gloriosa e poderosa de criação, nada lhe será impossível. Sem ela, não pode agradar a Deus.

Nem poderá se salvar, pois, como afirmam as escrituras, a vida terá sido desperdiçada. A fé para ressuscitar

os mortos, mover montanhas, superar todo o mal e dor ainda dorme na semente do plano divino, esperando

que o homem a manifeste para a eterna glória de Deus e benefício do ser humano.

Quando aprender a usar o controle de pensamento – o pensamento que elimina o medo, supera o

ódio, a desarmonia e a confusão, o homem encontrará naturalmente seu caminho até as coisas superiores,

assim como a flor se ergue para receber a luz do sol, como a árvore cresce a partir da semente, e o plantio

gera a colheita.

Os pensamentos são para a mente o que o alimento é para o corpo. Um corpo mal alimentado e

subnutrido não sobrevive. A mente negligenciada também não. Uma dieta desequilibrada ou insuficiente

provoca doenças. Flacidez muscular, espinhas, problemas na pele, escorbuto, excesso de peso, reumatismo e

outros males físicos costumam ter ligação com hábitos alimentares errados. Um regime rigoroso também

pode ser prejudicial. Um corpo que só recebe alimentos sem nutrientes torna-se fraco. A mente que se

alimenta de pensamentos errados ou negativos fica negativa, também. Se, por outro lado, a mente só receber

pensamento sensuais, o corpo também é afetado e se torna um instrumento de vergonha e depravação, em

vez de um templo de luz. Uma dieta de alimentos puros é necessária à boa saúde, mas se a mente não

receber uma boa alimentação, o corpo também sentirá os efeitos. A mente que se encher de pensamentos

agressivos, discriminatórios, mórbidos, invejosos ou desonestos prejudicará o corpo e acabará destruindo-o .

A alma é glorificada ou destruída pelos pensamentos. “Pois o homem é aquilo que pensa.” Você é os seus

pensamentos. Eles são você. Você é nobre, medíocre ou mau, dependendo de sua forma de pensar. O homem

cria ou destrói a si mesmo. Só ele é o próprio construtor ou destruidor.

Só a glória e a luz e alegria podem chegar ao homem que parou de “semear os dentes do dragão” e

começou a cultivar o poder das próprias possibilidades. Aquele que planta amor e paz colhe a realização de

uma vida perfeita, cheia de luz. À medida que percorrer a estrada do pensamento divino, esse indivíduo se

elevará além de suas condições presentes, como o avião superou o carro de bois.

Nessa grande obra de controle de pensamento, logo aprenderemos que não é necessário observar

cada pensamento individual, mas sim o calibre do raciocínio. Quando cada pensamento agressivo, temeroso

ou maldoso for substituído por pensamentos de beleza, alegria, perfeição e êxtase interior, teremos

conquistado completamente as trevas e seremos inundados de Luz, compreendendo todas as coisas.

Capítulo VIII

COMO OS PENSAMENTOS SÃO PLANTADOS, E O QUE ELES GERAM

É verdade que os pensamentos são sementes. Cada um deles é uma entidade viva e vibrante, mas

nem todos são plantados ou germinam; assim como nem todo grão de trigo germina. As sementes só crescem

se forem plantadas.

Os grãos só se desenvolvem se forem semeados. Na terra, eles germinam, rompem a casca externa,

coletam elementos de força e poder de realização, os quais residem na visão de si próprios, e então se

multiplicam.

Da mesma forma, os pensamentos só produzem se forem plantados. E o plantio é feito quando o

homem se apega aos pensamentos com intensidade profunda até caírem no campo das emoções. Isso se

Sois Deuses


chama concepção. Você já deve ter ouvido a expressão “ele concebeu a idéia”. É um fato comprovado.

Quando o pensamento e a emoção se juntam, o pensamento se manifesta. Quando se liga ao sentimento, ou à

emoção, o pensamento se torna uma vibração viva, gerada com poder, expandindo para a vida e assumindo

uma estatura real, assim como os ramos de trigo crescem, se as condições de desenvolvimento forem ideais.

Um pensamento precisa ser abrigado por uma emoção, tal como medo ou desejo intenso, para

encontrar suporte na essência vibrante da vida e, então, ser liberado para as forças da criação. O ponto em

que pensamento e emoção se encontram é também o local onde a vibração é liberada, E VIBRAÇÃO É

VIDA. Assim, a força vital é gerada no pensamento ou semente e cresce, seja ela boa ou má.

O ponto de vibração é o centro de vida em cada ser humano. Quando esse centro e o consciente se

unem em completo entendimento, o corpo e o espírito se juntam no poder de “uma única entidade”, e o

mortal e o espiritual se unem completamente – a semente material, ou pensamento, é liberada no campo das

emoções, ou fonte de vida, para produzir e crescer. A palavra “pai” tinha como significado original “causa

primeira” ou “primeiro agente”. Assim, a mente é o primeiro agente, ou a causa, e tem o poder de plantar as

sementes do pensamento nas emoções, que são a “mãe” ou o lado feminino – o lado que contém tudo o que é

necessário para desenvolver as sementes. Por isso, o grande princípio criativo de Deus Todo-Poderoso é

completo em todo filho da terra. Sim, “o que é do Pai, é também vosso”. Esse é o poder completo da

imaginação – o poder de “projetar” para o reino espiritual a semente viva do pensamento para que ela gere e

se multiplique em realidade tangível.

A grande chave mágica que eu esperava que os cientistas inventassem já nos pertence. É o ponto em

que o pensamento contata as emoções. No ponto central, onde a inteligência toca o ponto interior do

sentimento, a fonte eterna de poder é liberada. Essa é a chave mágica ou o contato com a Fé ilimitada. É o

contato com TODO o poder – a própria chave da criação. E cada homem já a possui em seu interior.

Nenhum cientista é capaz de aperfeiçoá-la, pois já é perfeita. Sempre foi nossa e sempre será.

Sim, tudo o que é do Pai é também nosso – o poder de criar e manifestar – cada pensamento

produzindo sua espécie, cada semente gerando sua espécie – assim é a lei. Um poder ilimitado reside na

alma do homem, e Deus não tem preferência por esse ou aquele indivíduo.

Por isso, o Primeiro e grande mandamento foi dado com as seguintes palavras de poder: “Amarás o

Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.” [Mat, 22:37] Se

esse mandamento fosse cumprido no íntimo de cada indivíduo, com amor puro, altruísta, compreensivo e

dedicado ao Altíssimo, nada seria impossível em sua vida. Essa é verdadeiramente a maior de todas as leis, o

mais perfeito dos mandamentos, e o mais benéfico ao homem. Contém poder e realização.

Já que o poder de criação, de manifestar qualquer condição de felicidade, dor, glória ou morte existe

no íntimo do homem, é necessário compreender o que esse privilégio contém, e qual é nossa

responsabilidade para com ele. A própria existência do poder indica por que os pensamentos deprimentes

devem ser “superados”, pois eles se conectam imediatamente com as emoções, por isso crescem rápido e

forte como ervas daninhas – uma safra de destruição, ou no mínimo de dor, tristeza e amargura.

Qualquer pensamento negativo desabrocha imediatamente. Por quê? Porque nossas emoções são

treinadas para abrigar medo, ódio, ciúme, desarmonia e confusão. Essas emoções são como as ervas

daninhas, e se desenvolvem com a mesma rapidez destrutiva. Arrasam completamente a colheita de

esperança, corroendo o poder, contaminando o corpo e a mente, assim como as ervas daninhas acabam com

a fertilidade do solo. Nas asas do vento, essas ervas são levadas e se multiplicam, causando as mágoas e os

tormentos da vida mortal.

Isso é uma verdade eterna, imutável e positiva, assim como é a lei do pôr do sol e da aurora, da

semeadura e da colheita, da vida e do crescimento.

Essa lei perfeita de produção gerará alegria, paz, felicidade, abundância, saúde e vitalidade com a

mesma rapidez que as safras negativas de doença, pobreza, depressão e morte. “Há uma lei irrevogável no

céu, feita antes da fundação do mundo, de onde derivam todas as bênçãos: Quando obtemos qualquer bênção

de Deus, é porque cumprimos essa lei.” Muitas pessoas cumprem a lei sem saber; por isso recebem as

bênçãos da vida. Outras, porém, quebram-na sem perceber, e sofrem as conseqüências. A lei é exata,

infalível, eterna.

Sois Deuses


Compreender e trabalhar com essa lei é poder indescritível. É uma lei que pertence aos filhos de

Deus Todo-Poderoso, pois somos herdeiros do reino de Deus.

Nós mesmos criamos todas as condições na terra. Se cultivarmos o hábito de celebrar, estaremos

preparando o solo para qualquer colheita. Expulsar o medo e o desespero é uma maneira de cumprir a lei de

fé e segurar aquela substância intangível da qual todas as coisas são formadas. Enviar amor e bondade dos

pensamentos proporciona uma safra de absoluta glória. Mesmo que não tenhamos intensas ambições, mas

apenas desejos de viver em paz, com segurança temporal e mental, isso só será garantido quando todas as

vibrações liberadas estiverem em sintonia com as grandes leis do universo, que sempre são de paz. Qualquer

vibração contrária desrespeita as leis superiores da criação e geram discórdia e confusão na vida. Para que a

existência valha a pena, é preciso entender esses grandes poderes e essa lei de produção – essa lei alcança os

elementos intangíveis e dá forma tangível aos desejos de nossos corações glorificados, ou a nossos medos e

preocupações multiplicados.

As promessas de Deus nunca falham – a lei é irrevogável. É eterna. Não pode errar. É poder além da

compreensão do homem – é o próprio poder e a lei da criação. Portanto, podemos agradecer a Deus pelas

coisas que desejamos através da prece, e se acreditarmos, elas nos serão concedidas. Assim aprendemos a

“caminhar com Ele” no poder e na majestade da criação, glorificando a luz, superando as trevas, o

desespero, o medo, a confusão e, finalmente, a morte.

“E aquele que pedir em Espírito, receberá em Espírito.”

Aquele que pede em Espírito, pede segundo a vontade de Deus, por isso lhe será concedido.

E em verdade, vos digo, todas as coisas devem ser feitas em nome de Cristo, tudo o que pedirdes em

Espírito (para garantir a perfeita luz e a concepção).

“E deveis agradecer a Deus no Espírito pelas bênçãos alcançadas.”

A verdadeira gratidão é a música da alma. É a luz do sol da produção perfeita. Proporciona luz e

energia ao solo da alma.

“Havendo feito tudo, ficai firmes!” (Ef., 6:13)

O presente contém o futuro, assim como as bolotas do carvalho contêm a árvore e a semente contém

a flor. Os pensamentos e desejos de hoje são as realidades de amanhã. Daí o mandamento: “Não pensa no

amanhã”. Hoje é o dia do plantio. Viva o dia de hoje perfeito em todos os pensamentos, com gratidão na

alma; e o amanhã se descortinará tão maravilhoso quanto este dia.

Cultive a alegria do êxtase e sua vida será inundada de luz. Viva cada momento plenamente, cheio

de antecipação divina, vibrando com a música interior de devoção e felicidade, e o mundo colocará tesouros

a seus pés – e o céu lhe mostrará a glória. Esses reinos superiores de luz são a verdadeira herança do

homem.

A regra dos “Alcoólicos Anônimos” é viver cada dia com esse pensamento: “Ficarei sóbrio hoje.”

Eles afirmam que toda pessoa pode ficar sem beber um dia inteiro – por isso, concentram-se no dia. E o

“dia” é sempre no presente – estendendo-se em semanas, meses e, finalmente, a conquista da felicidade.

A lei da perfeição é a mesma coisa, mas exige maiores cuidados. A lei é: “Neste momento, enviarei

amor, luz e alegria pela glória de Deus e pelo bem dos homens.” Qualquer pessoa pode cumprir essa lei

durante uma hora, por mais impossível que a vida lhe pareça. Após a primeira hora, a segunda é fácil – e

depois a terceira – e logo as horas viram dias – os dias semanas – as semanas meses – e os meses viram uma

vida de realização gloriosa.

Arranque as ervas daninhas plantadas em você – por seus pais, ascendentes, amigos ou por si

próprio. Nunca mais deixe que pensamentos perturbadores se alimentem da força de sua alma. E mais

importante ainda: jamais, enquanto você existir, use o poder de criação para plantar sementes que destruam

sua vida, felicidade e paz, ou a dos outros.

Agora será necessário abordarmos sucintamente a questão do hipnotismo para revelarmos os

fantásticos e ocultos poderes mentais. Por muito tempo, o assunto foi considerado ridículo e interpretado

como farsa. Hoje em dia, porém, após extensas pesquisas científicas e estudos de psicologia, provou-se que

o hipnotismo é um poder real e, às vezes, muito perigoso, pois tem sido usado para destruir a fibra moral do

homem, alterar suas características pessoais e fazê-lo agir contra a própria vontade.

Sois Deuses


Foi publicado em uma revista um artigo intitulado “Hipnose”, escrito pelo Doutor G. H. Estabrooks,

diretor do departamento de psicologia da Universidade Colgate. Ele foi um pioneiro no desenvolvimento do

hipnotismo para usos bélicos e escreveu vários livros sobre o tema.

A psicologia moderna alterou o antigo conceito sobre hipnotismo, provando que é uma realidade – e

uma arma mortal.

A velha crença de que ninguém pode ser hipnotizado contra a vontade caiu por terra. Se a pessoa for

pega desprevenida e em estado de total relaxamento, ou se estiver muito cansada para perceber o que está

acontecendo, pode entrar em transe hipnótico. Também é falsa a idéia de que ninguém faz algo hipnotizado

do qual seria incapaz em estado normal. É um fato comprovado que o indivíduo pode não apenas agir

contrariamente a seus padrões morais quando está hipnotizado, como também obedecer às sugestões depois

do transe; ou seja, em estado consciente. Isso é conseguido, trabalhando-se no nível das emoções através do

pensamento e da reação.

Quebrar os tabus da mente e do caráter, há tanto tempo implantados na vida de uma pessoa, é um

processo demorado, porém, possível. Às vezes muitos tratamentos são necessários, nos quais o hipnotizador

desce aos reinos produtivos do subconsciente, aquelas regiões indecifráveis onde todas as experiências do

passado estão arquivadas e todas as reações a eventos vividos são armazenadas – na verdade, ele precisa

encontrar a própria fonte de emoções. Recebendo novos pensamentos e reações, o paciente gradualmente

responde ao tratamento hipnótico e, depois de acordado, obedece e cumpre as sugestões feitas durante o

transe – chegando a ponto de trair o país ou assassinar seu melhor amigo.

Os pensamentos plantados no fundo do subconsciente de uma criança fazem parte dela, assim como

as mãos e os pés. Se uma pessoa cuidar de uma criança até os oito anos de idade e plantar idéias nas fibras

de seu ser, será praticamente impossível arrancá-las mais tarde, sejam elas boas ou más. Se forem boas, não

precisam ser arrancadas. Se forem más, o único modo de removê-las é através de um lento processo de

aprendizado de lógica comprovada, que gradualmente toma o lugar dos conceitos errados. Será um processo

doloroso, a menos que a pessoa aprenda a pensar. Para a mente adulta, já condicionada desde a infância a

um determinado tipo de raciocínio, é necessário que o próprio indivíduo “abra” a cabeça para permitir a

entrada de mais verdades. Uma pessoa de idade avançada, então, achará a tarefa quase impossível. Por isso

Cristo disse: “Deita-se vinho novo em odres novos.” [Mat., 9:17] Se o vinho novo for colocado em odres

velhos, ou pessoas idosas, cujas mentes condicionadas não absorvem as grandes verdades, tanto os odres

quanto o vinho se perderão.

A única maneira possível de crescer na verdade total é destrancar a porta – escancarar a porta do

coração e da alma para que a verdade eterna entre e preencha o consciente. A verdade pertence a todos – é a

herança dos homens. Nasceu com eles – mas a mente consciente bloqueou o caminho da verdade com idéias

parcialmente verdadeiras. Toda a humanidade tem sido parcialmente hipnotizada pelas meias verdades

negativas, vagas, obscuras plantadas na mente, com freqüência na infância. Temos uma memória coletiva de

“tabus”, enquanto nossos poderes latentes permanecem subdesenvolvidos. Vivemos inteiramente na

superfície; mas no nosso interior há o poder de mover montanhas. Desde a infância somos hipnotizados a

uma condição medíocre, com habilidades inferiores. Prosseguimos em nossa marcha tétrica, reclamando,

rastejando em meio a condições sórdidas de vida, conquistando pouco. Vimos nos auto-hipnotizando e

nossas vidas se tornaram ortodoxas, manchadas e indignas, pois continuamos no caminho da doença,

tristeza, decepção e dificuldades insuperáveis. As próprias conquistas mecânicas expõem nossa falta de

progresso. Nossos cérebros estão abarrotados de conhecimento, mas nossos poderes pessoais ainda se

encontram no mesmo nível de nossos antepassados. Somos impotentes e dependemos da força de nossas

invenções. Enquanto o homem não tiver a visão plena de suas possibilidades, continuará a caminhar na

negra estrada da deterioração – até o túmulo.

Não foi isso que Cristo trouxe: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.” [João,

10:10] “Todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá.” [João, 11:26]

É hora de abandonarmos nossas mortalhas e nos livramos do auto-hipnotismo. Vamos abrir a

cabeça, destrancar a mente e marchar para a vida – vida sempre presente, interminável, gloriosa, eterna. E só

há um modo de essa nova luz encontrar um lugar no coração e na mente dos homens: através da completa

Sois Deuses


humildade ao Divino Espírito do Todo-Poderoso. Assim os homens serão “renovados”, como afirmou

Cristo. Só assim aceitarão completamente a luz.

Nada é impossível para a mente que se abre ao Espírito Dele. E toda a Verdade será revelada

àqueles que se colocarem na condição humilde de uma criança em fase de aprendizado. As mentes fechadas,

convencidas de sua posição e conhecimento, não compreendem nem uma mínima parte da verdade.

Insanidade, morbidez, complexos de inferioridade e muitas outras trágicas condições mentais, têm

sido totalmente induzidas pela auto-hipnose, ou por pensamentos de medo, injustiça, ódio, desconfiança,

desarmonia, ciúme e confusão. É muito mais fácil o homem se auto-hipnotizar do que ser hipnotizado por

outra pessoa. A maioria de nós se auto-hipnotiza em um ou mais pontos de personalidade, caráter e

idiossincrasias. Quando compreendermos esse poder de auto-hipnose, será fácil erradicarmos todos os erros,

fraquezas e pecados. Não precisaremos mais de psiquiatras, pois usaremos livremente o dom do raciocínio

que nos foi concedido por Deus.

Na edição de setembro de 1948 da revista Science Digest havia um artigo intitulado “A ação do

tempo retardada pelo hipnotismo”.

O tempo pode ser retardado para que tarefas difíceis sejam completadas mentalmente em poucos

segundos.

“Isso é feito através de sugestão usada em transe hipnótico, explica o Dr. Linn F. Cooper, médico da

Universidade de Georgetown, no boletim do Centro Médico em Washington.”

Uma jovem da Universidade de Georgetown foi hipnotizada pelo Dr. Cooper, que lhe pediu que

contasse os brotos de algodão em um canteiro perto da casa dela. Ela contou e, disse, mais tarde, que

imaginava ter levado oitenta minutos. Disse que procedeu com a maior cautela, olhando embaixo de cada

folha para não se esquecer de nenhum broto. Executou a tarefa com calma, sem pressa. Quando voltou à

consciência, afirmou ter contado 862 brotos. A soma foi verificada. No tempo real, a moça ficou em transe

durante apenas três segundos. É absolutamente impossível para uma pessoa consciente contar até 826 em

três segundos, ainda mais se tiver de caminhar entre uma plantação e contar mudas ou brotos.

Essa experiência prova que há uma parte de nossa mente interior que tem contato direto com os

reinos onde o espaço e o tempo não existem.

Essa informação sobre hipnotismo foi incluída em nosso trabalho por um motivo específico. Se

existe tal poder em nosso interior, então temos o direito de usá-lo. E, se é possível que um soldado ou oficial

seja capturado por tropas inimigas e tenha pensamentos plantados no subconsciente, que se manifestarão

mesmo depois de terminado o transe, então também é possível plantarmos pensamentos em nós mesmos.

Esse direito divino nos pertence; pertence a cada indivíduo que tenha mente. Hipnotismo é uma prática

perversa, qualquer que seja o motivo. Ninguém tem o direito de usar o consciente para plantar sementes de

pensamentos nas emoções de outra pessoa. Esse sistema só pode ser classificado de estupro mental.

Se cada ser humano compreendesse o poder da própria mente, a força criativa de sua alma, e o

grande poder do amor de Deus a ponto de usar tais forças contidas em seu íntimo para o bem e a glória de

um mundo; para o progresso, compreensão e perfeição, deixando entrar a luz de Deus, ninguém poderia

invadir-lhe a mente, ou as emoções, nem violar seus direitos divinos. Se compreender o próprio poder e usá-

lo, o homem será sempre dono de si mesmo e de toda condição.

Quando começamos a entender os grandes poderes contidos em nossa mente e a usá-los para a

felicidade e progresso não só de nós mesmos, mas de toda a raça humana, ninguém poderá nos transformar

em marionetes ou traidores, pois estaremos caminhando na luz e teremos total controle de cada recesso da

mente, de cada faculdade e atributo de nosso ser. Nossa mente interior será aberta; aquelas cavernas

subterrâneas se abrirão para a luz do Espírito Santo de Deus, para o Seu amor; e ninguém conseguirá invadir

nosso território. Esses reinos sagrados em nosso íntimo serão governados somente por nós – e aquilo que

plantarmos em harmonia com a lei se manifestará multiplicado por cem, e glorificará nossas vidas.

A mente é como um icebergue: noventa porcento dela fica submerso. Só um porcento de nossa

capacidade mental se manifesta no consciente; mas todo o poder da mente nos pertence; devemos

compreendê-lo, usá-lo e com ele ser feliz.

Sois Deuses


Abaixo segue uma passagem do texto apócrifo do Novo Testamento, II Clemente V: 1. Clemente foi

discípulo de Pedro, e depois tornou-se Bispo de Roma. Clemens Alexaundrius o considerava um apóstolo,

compartilhando da opinião de outros historiadores antigos.

Um fragmento

...Pois o próprio Senhor, quando lhe perguntou uma certa pessoa em que tempos viria o reino,

respondeu: Quando dois se tornarem um, e o que estiver fora se igualar ao que estiver dentro; quando

homem e mulher se unirem, e não houver mais homem nem mulher.”

Há uma verificação desse trecho no Oriente, que afirma serem essas palavras um testemunho de

Cristo que Seu Reino viria quando o lado exterior do homem se tornasse como o interior, o espírito tomando

conta – assim se manifestaria o reino. Quando o consciente e a mente interior do poder emocional e

espiritual de criação se unirem em completo entendimento, o ponto ideal será alcançado: onde todas as

coisas são possíveis.

Capítulo IX

BUSCAI E ENCONTRAREIS [Mat., 7:7]

Um dos mais belos relatos sobre o desenvolvimento da fé é oferecido nos escritos apócrifos de

Hermas, do Novo Testamento. Não se sabe exatamente quem era Hermas, exceto que foi um grego

convertido ao Cristianismo. Viveu nos primeiros anos da Igreja Cristã, e talvez seja o mesmo Hermas

mencionado em Aos Romanos 16:14, por Paulo. Se assim for, então ele era um bispo de Filipas.

“Quando acabara de rezar em minha casa, sentado em meu leito, chegou à minha presença um

homem com olhar reverente, trajando vestes brancas, como um pastor de ovelhas.” (Hermas, 1:1)

“O pastor, o anjo da penitência, ordenou-me que escrevesse.” (II Hermas, 1:10)

E novamente, ele me disse: remove de ti toda dúvida, quando pedires qualquer coisa ao Senhor,

dizendo: como poderei pedir algo do Senhor e receber, sabendo que pequei contra Ele?

Não pensa assim; fala ao Senhor com todo o teu coração e pede sem hesitar; e conhecerás a

misericórdia do Senhor; verás como Ele não te ignorará, mas atenderá o pedido de tua alma.

Pois Deus não é como os homens, rancoroso das injúrias que lhe impuseram; mas Ele perdoa as

injúrias e tem compaixão pelas criaturas.

Por isso, purifica teu coração das visões deste mundo; e observa os mandamentos de Deus que ti

deixei; e receberás todas as coisas boas que pedires; e nenhum de teus pedidos será ignorado, se pedires ao

Senhor sem duvidar.

Todavia, os que não forem assim, nada receberão do que pedirem. Pois os que são cheios de fé

pedem todas as coisas com confiança, e recebem do Senhor porque pediram sem duvidar – mas aquele que

duvida não viverá em Deus, a menos que se arrependa.

“Por isso, purifica teu coração da dúvida, e te investe de fé; e confia em Deus; e receberás tudo o

que pedires. Se porém pedires algo e não receberes (imediatamente), ainda assim não duvida que o pedido

de tua alma será atendido.

Pois é possível que não recebas no momento (imediatamente) por causa de tua provação, ou por

algum pecado que tenhas cometido. Mas não deves deixar de pedir, e receberás. Se deixares de pedir,

poderás queixar-te de ti mesmo, e não de Deus, caso não recebas o que desejaste.

“Pára e pensa na dúvida, como é cruel e perniciosa; e como afasta tantos da fé, que antes eram fiéis

e firmes. Essa dúvida é a filha do Demônio, e maltrata os servos de Deus.

Despreza-a, portanto, e terá domínio sobre ela em toda ocasião. Investe-te de fé poderosa e firme,

POIS A FÉ PROMETE TODAS AS COISAS, E APERFEIÇOA TODAS AS COISAS. Mas a dúvida não

deixa acreditar, e nada permite obter.

Sois Deuses


“Vês, portanto diz o anjo, que a fé vem do alto, de Deus, e tem grande poder. Mas a dúvida é um

espírito da terra e procede do Demônio, e não tem força”.

“Portanto, guarda a virtude da fé e abandona a dúvida, que não tem virtude; e viverás em Deus. E

todos os que assim o fizerem, viverão em Deus.” (II Hermas, Capítulo 9).

Essas palavras de Hermas corroboram os ensinamentos do Salvador do mundo, quando Este dizia

através de parábolas que é necessário pedir continuamente – não apenas uma vez, nem uma vez por semana

ou por ano – mas se algo vale a pena, deve-se repetir o pedido a Deus constantemente, desenvolvendo a fé

de que a graça será concedida. Mesmo Deus não pode realizar grandes obras sem a fé do homem. Cristo não

pôde realizar obras em Nazaré por causa da descrença do povo. O ato de pedir incessantemente desenvolve a

fé. A fé cresce com o pedido.

“Em verdade, vos digo que aquele que acreditar em Cristo, e Dele não duvidar, pedirá ao Pai em

nome de Cristo, e lhe será concedido; e a promessa é para todos os filhos, até os confins da terra. E àquele

que em meu nome acreditar, confirmarei todas as minhas palavras, até os confins da terra.”

Fé é um pedido da alma, que bate à porta do trono de Deus, os portais do céu. “Pedi, e dar-se-vos-á;

buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e,

ao que bate, se abre.” [Mat., 7:7-8] Nenhuma promessa contida nas escrituras é maior que essa. Ninguém

será rejeitado. Pedir, buscar, bater à porta – assim é o plantio do desejo nos reinos que o manifestarão, pois

assim é a Lei.

“E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer. Dizendo:

Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia nem respeitava o homem. Havia também naquela

mesma cidade uma certa viúva, e ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. E por

algum tempo não quis; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,

todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune

muito.” (Luc., 18:1-5)

“Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser:

Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho

que apresentar-lhe. Se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os

meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar. Digo-vos que, ainda que se não

levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo

o que houver mister.” (Luc., 11:5-8)

É absolutamente necessário começar a exercer fé grande e poderosa para escapar das coisas que

estão para chegar à terra.

As escrituras afirmam repetidamente que Cristo voltará em “um dia de perversidade e vingança” –

ou no dia em que as nações e os povos estiverem buscando vingança. Quando o ódio dominar os corações

humanos. Já vimos um dia de vingança e retaliação instigado pelos líderes de todos os países que

participaram da Segunda Guerra Mundial. Vemos agora a mesma vingança erguer a cabeça nas atrocidades e

crimes de guerra.

Contudo, apesar da perversidade desse dia, está previsto que haverá pessoas purificadas e prontas

para se encontrar com o Redentor do mundo. Um anjo, informando Daniel das coisas que ocorreriam no fim

dos tempos, disse: “Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão

impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.” (Dan., 12:10)

E novamente, falando sobre os eleitos nos últimos dias: “Pois eles ouvirão minha voz, e me verão, e

não adormecerão, e se regozijarão no dia de minha vinda; pois serão purificados, como eu sou puro.” Isso se

refere especificamente a pessoas que se regozijarão no dia em que Cristo chegar – porque já estarão

purificadas.

Há uma passagem muito importante que gostaria de mencionar aqui, que explica a obra e o

ministério do primeiro Consolador, conforme prometido por Cristo aos Santos, no décimo quarto capítulo de

São João. Há também a promessa de um segundo Consolador, ou o próprio Senhor Jesus Cristo, visitando

aqueles que devem ser purificados. “O outro Consolador de que falam as escrituras é uma figura de grande

interesse, e talvez compreendido por poucos desta geração. Quando uma pessoa tem fé em Cristo,

Sois Deuses


arrepende-se e é batizada para a remissão dos pecados e recebe o Espírito Santo (pela impostação das mãos),

que é o primeiro Consolador, ela deve continuar humilde perante Deus, ansiando por probidade e vivendo de

acordo com cada palavra de Deus; e o Senhor logo lhe dirá: “Filho/a, serás exaltado/a .” Quando o Senhor

testar essa pessoa e comprovar que está disposta a servir somente a Ele em qualquer circunstância, então ela

confirmará o chamado e a escolha, e será seu privilégio receber o segundo Consolador, o qual o Senhor

prometeu aos Santos, como afirma o testemunho de São João, no 14o. capítulo, versículos 12 a 27.

“O que é esse Consolador? Nada mais nada menos que o próprio Senhor Jesus Cristo: é a soma e a

substância de toda a matéria; quando o homem encontrar o último Consolador, será atendido pela pessoa de

Jesus Cristo, ou o verá de tempos em tempos. Cristo fará o Pai manifestar-se no homem, e ambos residirão

nele; as visões dos céus lhe serão mostradas, e o próprio Senhor será seu mestre. O homem terá um

conhecimento perfeito dos mistérios do Reino de Deus; e esse é o estado ao qual chegaram os antigos

Santos, quando tiveram as visões gloriosas – Isaías, Ezequiel, João na Ilha de Patmos, São Paulo nos três

céus, e todos os Santos que tiveram comunhão com a assembléia geral e a Igreja do Primogênito.”

(Ensinamentos de Joseph Smith; pp. 149-151).

E ainda: E, se voltardes o olhar para minha glória, vossos corpos se encherão de Luz, e não haverá

mais trevas em vós; e o corpo que se enche de Luz compreende todas as coisas. Por isso, santificai-vos, de

modo que vossas mentes se voltem para Deus, e o dia virá em que podereis vê-lo; pois Ele revelará Seu

rosto, e será de Sua maneira, em Seu tempo e segundo a Sua vontade.

“Lembrai da grande e última promessa que vos fiz; afastai de vós os pensamentos ociosos e o

excesso de riso.” (D & C , 88:67-69)

“Mas o dia chegará em que me vereis e sabereis quem sou; pois o véu da escuridão será rompido, e

aquele que não estiver nesse dia purificado não se rejubilará.” (Ibid., 38:8)

A caridade é o puro amor de Cristo e dura para sempre; quem dela tiver no último dia, estará bem.

“Portanto, meus bem-aventurados filhos, rezai ao Pai com toda a energia do coração, para poderdes

receber esse amor que ele concede a todos os verdadeiros seguidores de Seu Filho, Jesus Cristo; para vos

tornardes os filhos de Deus; pois quando Ele aparecer, sereis como Ele. Nós o veremos como Ele é, para que

sejamos purificados como ele é puro.” (Moroni 7:47-49)

Pois quando rasgardes o véu de vosso lamentável estado de perversidade, aspereza do coração e

cegueira das mentes, então as coisas maravilhosas, da fundação do mundo” serão reveladas e cumpridas.

Quando chamardes pelo Pai em meu nome, com o coração partido e o espírito arrependido, sabereis que o

Pai se lembra da promessa feita a vossos Pais, Ó casa de Israel.” (Eter 4:15)

Muitas pessoas se deixam levar pela idéia errônea de que não precisamos fazer nada além de

sentarmos inativos e acreditarmos, e a graça nos salvará. Seremos salvos pela graça, sim; mas somente

depois de termos feito tudo o que estiver ao nosso alcance para nos aperfeiçoarmos e glorificarmos a Deus

em todo pensamento, ato e palavra. É possível crescermos de graça em graça, ou avançarmos de um ponto a

outro, superior, até ficarmos completamente envolvidos no amor e na luz de nosso Criador.

Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.

Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras: mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te

mostrarei a minha fé pelas minhas obras.

Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem.

“Mas, ó homem vão, queres tu saber se a fé sem as obras é morta?” (Tiago, 2:17-20).

Essas palavras deveriam ser marcadas no coração e na mente de todo ser humano, pois acreditar

somente de nada serve; os próprios demônios acreditam. A graça só é alcançada quando o homem tem fome

de conhecimento e tenta saciá-lo com toda a força da alma e da mente, em estudo contínuo, abrindo-se para

o Todo-Poderoso, para a verdade completa, não apenas fiapos dela. É assim que se cresce de glória em

glória. Feito tudo isso, a graça de Deus será alcançada e o homem só viverá na verdade.

Esse avanço, ou crescimento de graça em graça, ou purificação, não é uma conquista instantânea. É

um processo que exige preparo.

“Consideramos que Deus criou o homem com uma mente aberta à instrução e uma faculdade que

pode ser ampliada em proporção à atenção e ao esforço dedicados à luz transmitida dos céus ao intelecto.

Sois Deuses


Quanto mais o homem se aproxima da perfeição, mais claras são suas visões e maior é o seu prazer, até ele

superar todos os males da vida e perder todo o desejo de pecar. E, assim como seus ancestrais, o homem

chega a um ponto de fé em que é envolto no poder e na glória de seu Criador, sendo chamado para atuar ao

lado Dele. Mas consideramos que ninguém atinge tais condições de um momento para outro. O homem deve

ser instruído nas leis e no governo daquele reino aos poucos, até sua mente ser capaz de compreender pelo

menos uma parte da probidade, justiça, igualdade e consistência do reino.”

“Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, tal homem é

perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.” (Tiago, 3:2)

“Aquele que oferece sacrifício de louvor me glorificará; e àquele que bem ordena o seu caminho eu

mostrarei a salvação de Deus.” (Salmos, 50:23)

Refrear a língua é algo que se consegue através do controle da mente, do desejo correto do coração e

da força da vontade. Gradualmente, à medida que percorre a trilha das grandes realizações, o homem cresce

de graça em graça e é salvo pela graça, ou verdade de Deus – mas somente quando viver cada verdade

compreendida.

“Olhai para mim em todo pensamento; não duvidai e não tremei.”

Cristo repetiu várias vezes a seus seguidores que eles “seriam julgados por seus pensamentos

ociosos.” Não seremos condenados pelos pensamentos usados em nosso trabalho, mas sim por aqueles

pensamentos erráticos que nos ocupam a mente em momentos vazios e nos roubam poder. Eles nos roubam

energia de orar, de focalizar a mente para a conquista de objetivos justos e de completar nossas tarefas

terrenas honrosamente.

Há muitas outras passagens nas escrituras repletas de promessa e instrução sobre o tema, mas não as

citarei aqui. Você que procura as encontrará – e Deus iluminará sua alma.

Portanto, ai daquele que se conforta no Sião!

Ai daquele que clama: Tudo vai bem!

Sim, ai daquele que segue os preceitos dos homens e nega o poder de Deus, e a dádiva do Espírito

Santo!

Sim, ai daquele que diz: Recebemos e de nada mais precisamos!

E por fim, ai daqueles que tremem e se iram por causa da verdade de Deus! Pois aquele que se

constrói sobre rocha, recebe-a com alegria; e aquele que se constrói sobre fundações de areia, treme com

medo de cair.

Ai daquele que diz: Recebemos a palavra de Deus, e não precisamos mais das palavras de Deus,

pois já temos o suficiente!

“Pois assim disse o Senhor Deus: Darei aos filhos dos homens linha por linha, preceito por preceito,

um pouco aqui e um pouco acolá; e abençoados sejam os que seguirem meus preceitos e ouvirem meus

conselhos, pois receberão sabedoria; pois àquele que tem, será dado; daquele que não tem, até o pouco lhe

será tirado.” (II Nephi 29: 24-30)

E contemplai, pois, esta é a sabedoria; quem a ler, compreenderá e também a receberá;

“Pois àquele que a receber será dado em mais abundância e mais poder.” (D & C, 71:5-6)

“Pois meu reino não consiste em palavras, mas em virtude.” Se o homem deseja poder para realizar

as obras que Cristo realizou, provando assim, que acredita Nele – sim, então receberá o poder de realizar

obras maiores, pois estará abrindo o coração para receber cada vez mais verdades até se inundar de luz e

compreender todas as coisas. Essa é a “Graça” prometida por Deus Todo-Poderoso.

Sempre há a promessa de luz incessante e conhecimento: “Nós acreditamos em tudo o que Deus

revelou. Acreditamos em tudo o que ele revela agora. Acreditamos que Ele revelará coisas fantásticas e

importantes do reino de Deus.” Este livro foi escrito apenas para apontar as coisas que Deus já revelou. Não

há aqui nenhuma revelação nova. Se as coisas já reveladas ainda não são aceitas nem compreendidas, como

revelar algo novo?

Na gloriosa passagem conhecida como “Palavra de Sabedoria”, vemos as seguintes promessas: “E

todos os Santos que se lembrarem de seguir essas palavras e caminharem em obediência aos mandamentos,

encontrarão sabedoria e os grandes tesouros secretos do conhecimento.” Isso significa que qualquer pessoa

Sois Deuses


que procure a justiça e a probidade encontrará sabedoria e os grandes tesouros do conhecimento; mesmo o

conhecimento que não é deste mundo. Ninguém é impedido por Deus de pedir, buscar e bater à porta.

“O Espírito da Revelação é ligado a essas bênçãos. Uma pessoa pode se beneficiar muito ao notar a

presença inicial do Espírito de Revelação; por exemplo, quando você sente a pura inteligência fluir em seu

ser, pode ter idéias súbitas e, ao notá-las, permite que se realizem no mesmo dia, ou em breve. As que lhe

forem apresentadas pelo Espírito de Deus se concretizarão, e você crescerá no princípio da revelação, até

tornar-se perfeito em Cristo Jesus.” (Joseph Smith)

Para distinguir a verdade do erro, é necessário viver em humildade e em oração, tendo o Espírito

Santo como companheiro constante, pois é pura maldade rejeitar a verdade e a luz para seguir os

ensinamentos errôneos dos apóstatas. O Espírito de Cristo ilumina todo homem que vêm ao mundo; e se o

homem julgar a verdade segundo o Espírito de Cristo que reside em seu íntimo, não errará.

“Em verdade, assim vos falou o Senhor com respeito aos apócrifos: muito há ali de verdade, a maior

parte do qual traduzido corretamente. Há também muito que não é verdade e não passa de especulação nas

mãos do homem. Em verdade, vos digo, não é necessário traduzir os apócrifos. Portanto, quem os ler, que os

compreenda, pois o Espírito manifesta a verdade, e quem se deixa iluminar pelo Espírito obtém Dele

benefícios; e quem por Ele não se deixa iluminar, não se beneficia.” (D & C, 91)

“Sem a revelação direta do céu, é impossível para qualquer pessoa compreender plenamente o plano

da salvação. Freqüentemente nos dizem que os oráculos vivos devem ficar na Igreja para que o Reino de

Deus se estabeleça e prospere na terra. Pois eu darei outra versão. Afirmo que os oráculos vivos de Deus, do

Espírito de revelação, devem estar em cada indivíduo, para que ele conheça o plano da salvação e

permaneça no caminho que o conduz à presença de Deus.” (Brigham Young, o grande Colonizador do

Ocidente)

“Eu duvido que qualquer governo deste mundo tenha constituições e leis perfeitas, e não acredito

que haja uma única revelação completa entre as que Deus fez à Igreja. As revelações de Deus contêm

doutrinas e princípios corretos; mas é impossível que os pobres, fracos, destituídos, queixosos e pecadores

recebam uma revelação plena. Deus tem de nos falar de uma maneira que entendamos.” (Ibid)

“E nenhum homem recebe a plenitude, a menos que siga os mandamentos. Aquele que segue os

mandamentos recebe verdade e luz, até ser glorificado na verdade e saber todas as coisas.” (D & C 93:27-

28)

Deus, na verdade, revelou mais do que a mente do homem é capaz de compreender. É só através da

humildade perante o Todo-Poderoso em forte oração que nossa alma e compreensão se abrem para Seus

grandes ensinamentos – e só através da vivência, faremos dos ensinamentos parte de nossa vida. E quem

negará que Jesus Cristo realizou inúmeros milagres? E muitos milagres foram realizados pelas mãos dos

apóstolos.

E se havia milagres então, por que Deus deixou de ser o Deus de milagres, se Ele é para sempre o

Ser imutável? Pois em verdade, vos digo, Ele não mudou; pois se mudasse não mais seria Deus; e Ele não

deixa de ser Deus, e é um Deus de milagres.

Pois eis que Ele parou de realizar os milagres entre os filhos do homem, porque estes se guiam pela

falta de fé, e abandonam o caminho justo, e não conhecem o Deus em quem devem confiar.

“Em verdade, vos digo: aquele que acreditar em Cristo, e Dele não duvidar, pedirá ao Pai em nome

de Cristo e lhe será concedido; e a promessa é para todos os filhos, até os confins da terra.”

Não há restrições para o poder de Deus. Nenhum ser humano ou anjo tem monopólio sobre a

probidade; nenhum ser humano, por mais pobre, fraco ou humilde que seja, é barrado. Deus não é apenas o

Deus dos poderosos, ricos e bem posicionados. Ele é o Deus dos ricos e dos pobres, dos livres e dos

subjugados, dos humildes, dos sábios e dos fracos – de todos os que se voltam para Ele e recebem a glória

em suas vidas.

“Buscai-me e me encontrareis.” Esse é o convite a todo ser humano, e ninguém será rejeitado, do

canto mais obscuro da África ao lugar mais requintado da Rússia. Se você buscar Deus com devoção, o

encontrará. E Ele não o repreenderá por seus erros passados, não o desprezará; mas o receberá com a música

do universo, feliz por você ter encontrado o caminho de “casa”.

Sois Deuses


A condenação só vem para aquele que acredita possuir toda a luz e conhecimento que Deus tem a

oferecer e, portanto, fecha a mente para mais verdades. Para tal indivíduo o progresso é interrompido e ele

está condenado. E a condenação é como uma barragem que segura o rio, não deixando as águas fluírem

livremente. A condenação é uma barreira construída pela crença insuficiente, que impede a entrada de mais

verdades e maior conhecimento. A verdadeira herança do homem é “saber toda a verdade”.2

A dádiva do Espírito Santo conduz à verdade Total, mas quando o homem chega a esse ponto,

adquire também poder, amor e bondade totais, e prossegue em humilde devoção até realizar obras maiores

de modo que ninguém duvide de sua autoridade – pois não será uma autoridade de palavras, e sim de virtude

(ou poder). Ele servirá a todos, com ternura e compaixão, tentando trazer seus irmãos ao seu nível de

progresso.

Se uma pessoa consegue contatar esse poder, todas as outras também conseguem, pois Deus não tem

preferência por um ou outro indivíduo. “Aquele que a mim vier, será aceito.” A única maneira de alguém ser

aprovado por Deus é através de um senso de probidade especial, não de “auto-probibade”. Só o que se exige

para essa forma de contato divino é “um espírito arrependido e um coração partido (ou aberto)”, segundo os

apócrifos do Novo Testamento. Essa abertura do coração dá maior sentido a tudo. O homem, nessa

condição, sabe que deve se livrar do orgulho e da idolatria e assumir a atitude superior de quem é

especialmente ungido por Deus. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque,

aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre.” [Mat., 7:7-8] “Buscai-me e me

encontrareis.” Essas promessas são para todos os filhos da terra. “E quantas vezes eu vos teria abrigado,

como uma galinha abriga sua prole sob as asas, mas vós não mo deixeis.”

Graciosa e gloriosa raça humana saiba disso: “Nenhuma profecia (ou promessa) tem interpretação

específica.” Nada é grande demais para pedir ou desejar, desde que seja para a glória de Deus e para o

benefício do homem. “Buscai as melhores recompensas.”

Você pode pedir qualquer coisa em nome Dele, se acreditar; e o pedido será atendido. Em seguida,

passará pelo teste no qual terá de provar se acredita Nele e o ama de verdade. “Aquele que me ama, seguirá

meus mandamentos.” Não apenas um mandamento, mas todos – não basta viver uma ou duas passagens das

escrituras, excluindo as outras, mas é necessário “viver toda palavra proferida pelos lábios de Deus.” E as

palavras do Senhor nunca terminam para aqueles que escutam a Sua voz. Viver o Sermão da Montanha e a

lei da penitência – amar o próximo como a si mesmo – amar a Deus com toda a força do coração, da alma e

da mente e freqüentar a igreja, cumprindo as obrigações espirituais, além das seculares. O exterior do

homem segue os ritos e rituais do credo Cristão, mas seu interior é tão impuro hoje quanto o era na época de

Cristo. Só o amor puro, perfeito e divino em Cristo e a profunda humildade podem cumprir as leis. Só assim

o homem será digno do poder superior – e estará em contato com o infinito, recebendo conhecimento

ininterrupto até ser conduzido pelo Espírito Santo de Deus à VERDADE TOTAL – e será, então, inundado

de luz, e compreenderá todas as coisas. Mas essa condição é o direito de todo homem que cumprir as leis –

aquele que continua ansiando pela probidade, não por um alto posto; aquele que busca com devoção e

aprende a amar abundantemente.

Ó gloriosa raça humana, eu agradeço ao grande Criador eterno, Pai de todos nós, meu Pai, seu Pai,

que me permitiu vir a este belo mundo e ser uma humilde viajante ao lado de vocês, caminhando pela

estrada de luz. Alegra-me saber que o humilde limpador de ruas ou a empregada doméstica mal vestida são

tão importantes para Ele quanto um monarca; talvez até mais importantes, se tiverem maior dignidade.

Glorifico-me no amor Dele, que é tão perfeito e envolvente e não exclui ninguém por causa dos caprichos

daqueles que só crêem em si mesmos. Ninguém é excluído desse amor grande e poderoso, exceto aquele que

exclui a si próprio, recusando-se a “limpar o interior do cálice” e permanecendo cego, na condição impura

de orgulho material. Pois, na verdade, é o interior do homem que precisa ser limpo: seu modo de pensar,

2 n. do trad.: a autora faz um trocadilho aqui, brincando com as palavras „damn‟ (condenação/condenar) e „dam‟

(represa ou barragem), que se perde em português

Sois Deuses


seus sentimentos e seu jeito de ser. Aquele que purifica seu interior encontrará o exterior limpo e perfeito, e

contemplará o glorioso lírio que se desenvolve do broto verde e aparentemente sem vida.

Para aquele que busca essa purificação interior, nada é impossível. Minha alma se regozija

continuamente por haver tantos humildes que jamais são esquecidos. Ninguém é tão insignificante que não

possa ser notado. Ninguém é tão miserável e destituído que não encontre ajuda e poder para superar

qualquer dificuldade. Só é preciso pedir.

Ó Senhor Deus Todo-Poderoso, eu me glorifico no Senhor com todas as fibras de meu ser, com toda

força e inteligência que possuo. Meu coração se dissolve em gratidão diante de Teu amor infinito – um amor

que tudo sabe – um amor que chega ao coração do homem para curar, abençoar e perdoar – e envolver – um

amor tão grande que pode limpar a alma da escuridão, se ela se livrar do orgulho e se abrir para a Tua

ternura e compaixão. Sim, deixa Teu “Espírito cobrir a terra, como as águas cobrem o mar.” Deixa Teus

filhos mais humildes, das estradas e becos da terra, conhecer-te e participar do banquete do casamento

sagrado. Deixa os fracos e aleijados, os pobres e os cegos, os humildes e pequenos chegar à Tua presença e

saudar Teu Santo Nome para sempre. Deixa aqueles que beberam do cálice da amargura encontrar alento em

Tua misericórdia, que tudo perdoa. Sim, deixa toda a terra se alegrar! Deixa os orgulhosos e petulantes

sentir a humilhação, para que possam encontrar-te e conhecer-te na hora do desespero. Reúne-os e livra-os

do mal da arrogância. Perdoa Senhor, aqueles que fecharam as portas de luz para os que neles confiaram e

imitaram suas vaidades; e perdoa aqueles que elogiaram os arrogantes por seu poder terreno. Sim, abre Teus

braços para todos os que a Ti recorrerem no desespero; para todos os que “pedirem, buscarem e baterem à

porta”. Sim, deixa os humildes e todos os que Te amam verdadeiramente ser exaltados para sempre em Tua

visão – e deixa todos os reinos de falsidade – instituições, negócios, nações, igrejas – perecer rapidamente.

Acaba, Senhor, com o domínio do falso – e deixa Teu Amado Filho, Jesus Cristo, reinar; Ele, que tem o

direito de reinar – assim seja – Amém.

Capítulo X

O DEPÓSITO DE CONHECIMENTO ETERNO

A mente do homem é mais poderosa que qualquer máquina ou instrumento por ele concebido, já que

foi ela que os imaginou e criou. Quando conseguirmos dominar os pensamentos ociosos, conflitantes,

maldosos e focalizar a atenção – sem hesitar – em qualquer assunto, seremos capazes de abrir o grande

depósito de Verdade eterna.

Todo inventor bem sucedido, todo cientista que descobriu novos fatos, todo líder religioso

inspirado, todo músico que trouxe ao mundo novas melodias – todos esses indivíduos, enfim, usufruíram a

fonte ilimitada de conhecimento eterno.

Um homem com uma idéia vaga, intangível apega-se a ela até se tornar um desejo ardente liberado

no campo das emoções, onde será concebido. Se as dúvidas não o destruírem, o desejo se realizará, pois a

vida de tal indivíduo se concentrará em converter a concepção ainda no reino espiritual em realidade

palpável. Após tê-la concebido, o homem trabalhará meses ou até anos a fio, aperfeiçoando-a e dando-lhe

um corpo material para glorificar a alma. À medida que trabalha, sua confiança aumenta, ou pelo menos seu

desejo se intensifica. A invenção pode não funcionar no começo, mas o homem tem a certeza interior de

que funcionará – e a sensação exata de que DEVE FUNCIONAR! A idéia se torna uma obsessão martelando

na mente. “O que está faltando?” “Isso funcionaria?” “Aquilo funcionaria?” “Como pode ser completada?”

“Como?” Como?” “COMO?” Perguntas que buscam respostas, incessantemente. Perguntas que batem à

porta, exigindo o nascimento completo da criança mental. “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei,

e abrir-se-vos-á.” Às vezes, o último detalhe da perfeição é fugidio – o toque que dará o sopro de vida à

criança mental, fazendo-a mover-se e andar.

Se o inventor desanimar e desistir, outra pessoa terá a honra de ser o pai ou a mãe da criança

prodígio. Mas se continuar, por maiores que sejam as dificuldades, encontrará a resposta. Ela virá talvez no

Sois Deuses


momento em que menos espera. Mas virá, isso é certo; e será como uma revelação súbita. Com paciência e

persistência, o inventor abriu o depósito do conhecimento eterno para o benefício do mundo todo. Essas

fantásticas “crianças” inventadas por grandes pensadores passam a ser propriedade da raça humana.

Toda invenção surge dessa maneira; toda melodia, toda grande verdade, todo novo conhecimento.

Nenhuma informação jamais foi revelada à humanidade sem a intensa busca de alguém cuja mente não se

cala. Todas as verdades nos foram reveladas através da mente de uma pessoa que estava disposta a passar

dias buscando, anos alcançando e meses batendo à porta. Com centenas de mentes estudando o poder

atômico, todas pesquisando, todas trabalhando, todas alcançando, o poder espiritual da terra foi colocado

nas mãos do homem mais rapidamente do que se apenas um indivíduo se dedicasse à questão – mas quando

veio a resposta – a chave do controle atômico – foi através da mente de um homem – que se dedicou com

mais afinco que os demais.

Esses homens de mentes inquietas, que buscam o conhecimento, que se recusam a se contentar com

migalhas de conhecimento revelado, são os grandes benfeitores da humanidade e, justamente por isso,

pagam o preço. Em primeiro lugar, precisam visualizar a coisa que desejam. Com o esforço de pensar, criam

o desejo. Depois, elevam-se acima da passividade tola para obter um nível de conquista superior a de seus

antecessores. Devem estar dispostos a desistir dos prazeres mundanos; pois, afastando-se das multidões,

conseguem explorar terrenos que não constam de nenhum mapa. E fazem isso sozinhos.

A verdade que o mundo não parece possuir é o conhecimento de que TODO HOMEM tem o poder e

o direito de usufruir a grande fonte de informação eterna – os arquivos da eternidade. “Pedi, e dar-se-vos-á;

buscai e encontrarei; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e, ao

que bate, se abre.” Essa passagem das escrituras não é apenas um amontoado de palavras. É algo que tem se

concretizada com maior freqüência que qualquer outra verdade. Contém mais promessas que qualquer livro

possa revelar. Para ser compreendida, deve ser usada. É uma promessa sem “se”. É uma promessa definitiva

independente de bondade, maldade, raça, cor ou credo. É única e tem o apoio da integridade de Deus.

Em cada homem há um depósito de energia. Ele deve usá-lo para buscar, procurar, desejar e

alcançar – até os céus se abrirem para agraciá-lo com seus pedidos, pois a lei de Deus é que a verdadeira

prece deve ser atendida.

Se dentro do grão de areia ou do pingo d‟água existe energia atômica ou espiritual, compreenda que

na alma do homem há um poder espiritual que transcende o de qualquer substância terrestre inanimada.

A mente tem três reinos que, de certa forma, podem ser comparados aos três níveis de glória. (I Cor.,

15:39 e II Cor., 12:2) O nível mais baixo, “Telestial” é comparável em glória à fraca luz das estrelas. É o

reino mais baixo do pensamento humano. É onde os fracassados, criminosos, proscritos e degenerados, sujos

de coração e mente residem. Os pensamentos desses homens se apegam às cinzas da existência, enquanto

eles próprios vivem em favelas, prisões e outros lugares imundos, cheios de trevas, pois nesse reino não há o

menor raio de esperança, fé ou luz – só o fracasso e seu feio rosto.

O reino seguinte é o “Terrestre”, ou aquele que se compara ao brilho da lua. É onde os honestos e

honrados e todos os que têm esperança residem. É a parte da mente onde também se realizam as conquistas

materiais. Os homens bem sucedidos nos negócios vivem nesse reino. É o reino de todo sucesso financeiro,

daqueles que são capazes de cuidar das questões materiais. Às vezes, esse reino é invadido pelos egoístas e

gananciosos, que, felizmente, acabam caindo em desgraça e sendo despejados, pois o reino terrestre pertence

àqueles que vivem segundo a Regra de Ouro, fazendo aos outros, o que desejam que lhes façam.

O próximo reino é o “Celestial”, comparável em glória ao sol. É a parte espiritual da mente do

homem, situada no alto; e nunca será invadida por saqueadores, pois nenhum ladrão pode roubá-la. Esse

reino só pode ser alcançado através da tenra devoção ao Deus Altíssimo. Pertence àqueles que “amam a

Deus com toda a força do coração, da alma e da mente.” Esse amor deve ser genuíno, espontâneo, tão belo,

compreensivo e unido à luz eterna que espanta a própria escuridão.

Quando vivemos no reino inferior da mente, recebemos pensamentos baixos. Na verdade, ficamos

associados a eles e até nos tornamos um deles. Isso contamina a mente e, sem perceber, transmitimos

pensamentos inferiores a todas as pessoas que já se encontram nesse plano de fracasso; daí o fato de sermos

Sois Deuses


julgados pelos pensamentos ociosos, se forem de baixo calibre. Lúcifer opera e transmite nesse campo, pois

é o reino dele.

O reino onde vivemos mentalmente é influenciado pela contribuição de nossos pensamentos; e o

lugar onde passamos a vida é o mesmo que herdaremos na eternidade. Esse é mais um motivo para que os

pensamentos pertençam ao indivíduo, em vez de o indivíduo ser escravo dos próprios pensamentos. “Quem

é sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda”, segundo o Livro do Apocalipse. [Apoc., 22:11] Tal

idéia se refere ao “além”, que significa “a vida além da sepultura”. A tradução mais perfeita inclui: “Quem é

feliz, seja feliz ainda e quem é infeliz, permaneça infeliz.”

A maioria das pessoas fica “triste” ocasionalmente – mas aquelas que mergulham nas regiões

inferiores vivem deprimidas e temerosas, apegam-se a mágoas e têm pena de si próprias costumam ter muita

dificuldade para galgar os degraus da escadaria que conduz às regiões superiores. Talvez tenham de erguer-

se sozinhas, puxando-se pelos próprios suspensórios. Se viverem muito tempo nos porões da mente, talvez

percam o conhecimento dos reinos superiores. Aqui, mais uma vez, notamos a necessidade de compreender

as leis superiores e os poderes do pensamento. Também vale a pena mencionarmos que a autopiedade é uma

das piores e mais prejudiciais condições da raça humana. Quem mergulha nela, perde o lugar nas regiões de

luz, pelo menos temporariamente.

A promessa positiva é: “Aquele que for grato por tudo o que receber se tornará glorioso; e as coisas

deste mundo lhe serão dadas e multiplicadas por cem, e mais.” A gratidão é a música da alma que eleva o

indivíduo à felicidade e à luz, qualquer que seja sua condição.

Hoje em dia, poucas pessoas entram no andar superior do ser e vislumbram o grande reino espiritual

de poder eterno. É o reino de alta devoção, profunda humildade, paz eterna, postura perfeita, amor infinito e

majestade. Viver permanentemente nesse reino é a conquista suprema do sucesso; é luz, alegria e poder

total.

Aos que se apegam às condições terrenas, isso pode parecer, em primeira análise, impraticável. Mas

como já demonstramos a existência temporária das coisas práticas, caba agora adentrarmos esse reino e

vislumbrarmos os valores eternos de um plano superior. Essa é a região onde o homem dá a mão ao divino.

É o reino onde ele obtém todo o poder e conhecimento – essa condição é ligada à supra-consciência, que é a

mente divina, onde se pensa corretamente e se sabe verdadeiramente; e onde o homem gradualmente se

torna imune às doenças e aos males da existência mortal – onde todas as dúvidas e medos são conquistados

– onde a luz aumenta até o homem penetrar na grande luz do pensamento divino, até amar com o amor

divino de pura compreensão e receber o dom de realizar qualquer coisa que deseje.

Preservando seu lugar nesse reino de paz e majestade perfeitas, o homem compreende plenamente o

Sermão da Montanha. Sabe que se procurar primeiro o “Reino de Deus e da justiça” todas as outras coisas

estarão incluídas, conforme Cristo explicou com estas palavras: “Trabalhai, não pela comida que perece,

mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará.” (João, 6:27) O amor

do homem, então, será perfeito, pois ele terá cumprido todas as leis e receberá todas as bênçãos. A própria

habilidade em amar traz a maior felicidade de todas. A felicidade de cada indivíduo é medida por sua

capacidade de amar. Aquele que não ama, ou não desenvolve esse dom, não tem a felicidade verdadeira,

nem é propenso a ser feliz.

Se alguém ama a Deus com toda a força da mente, então TODO pensamento, TODO desejo e

TODO objetivo devem ser consagrados a Deus. É necessário converter a mente em prece total – todo fôlego

em uma melodia de devoção – o coração em amor total – e a alma em música de compaixão, misericórdia,

entendimento e humildade.

É possível que, sem pensar direito, alguém diga: “Mas converter a mente em prece total é

fanatismo.” Será? A mente de Cristo era pura prece, amor e devoção: “Mas Jesus respondeu, e disse-lhes:

Em verdade, em verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer

ao Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o

que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis.” (João, 5:19-20). “Porque

eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de

dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o

Sois Deuses


como o Pai mo tem dito.” (João, 12:49-50) Com essa explicação, Cristo diz que o Pai pretendia mostrar-lhe

obras ainda maiores; motivo pelo qual deveria estar sempre alerta e pronto para receber. Ele nos informa

também que todos os seus pensamentos e palavras vinham diretamente do Pai. E ninguém, amigo ou inimigo

de Cristo, o chamou de fanático. Ele era o homem perfeito, vivendo a vida perfeita. E se nós afirmamos que

somos filhos de Deus, então devemos viver como Cristo. “Porque tudo quanto Ele faz, o Filho faz

igualmente.”

“Eu lhes direi quem são os verdadeiros fanáticos: aqueles que adotam falsos princípios e idéias

como fatos, e tentam estabelecer uma superestrutura sobre uma falsa fundação. Esses são os fanáticos; e por

mais fervorosos e zelosos que sejam, argumentarão sob falsas premissas até o dia do juízo final, e o

resultado será inevitavelmente falso.” (Brigham Young, o grande colonizador americano). Essa é a melhor

definição de fanatismo. O fanático é também aquele indivíduo que se glorifica de sua passagem especial

para o céu e se vangloria pelo fato de os outros serem excluídos. Pode-se detectar um fanático por suas

atitudes e métodos. O menor sinal de intolerância o revela. As pessoas fanáticas impõem suas idéias aos

outros, independente do livre arbítrio do homem; ou condenam todos à perdição eterna. O fanatismo é cruel,

tendencioso e condenável, desprovido do amor verdadeiro; e nada pode ocultar sua aspereza.

À medida que o homem aprende a amar a verdade, a luz, bondade e glória – e, naturalmente, a Deus

– seu amor se estende à toda a raça humana com um desejo de servir, abençoar e ajudar. Ele tem compaixão

pelos filhos dos homens que erram e são fracos, mas não os condena. Deseja, com grande amor e devoção,

elevá-los ao reino superior de progresso e existência; e sacrifica-se, se necessário. Aprende o que os grandes

mestres da verdade ensinaram: “Seu pensamento e seus lábios devem abandonar o poder de ferir, antes que

sua voz seja ouvida entre os Deuses.”

Quando o homem chegar ao estágio de converter a mente em música de glória e devoção, e o

coração em puro amor, terá o privilégio de “pedir qualquer coisa, que lhe será concedido.” Nesse momento,

seus pensamentos serão tão puros que não haverá desejos ou motivações egoístas, nem autopromoção, nem

ódio ou desarmonia, nem escuridão. Seu desejo será o de espalhar o nome de Deus pela terra e retirar da

lama Seus filhos e filhas, trazendo-os à luz e ao amor que gera a compreensão. É o ponto em que “não

haverá mais trevas no homem, e ele será inundado de luz – e compreenderá todas as coisas.”

Assim, o grande depósito eterno de conhecimento abre os portais e o homem pode buscar as

verdades e os tesouros – não apenas um novo invento – não só uma frase melodiosa nem um mero fato

científico – “Mas toda a verdade!” Claro que seria impossível usar toda a verdade de uma vez – mas aquilo

que for necessário para o trabalho e o progresso no sentido de elevar o homem e o mundo a um estágio

superior estará disponível, para a sua glória e satisfação. Nesse momento, o homem poderá sair do reino

físico, ou do conhecimento revelado, e entrar na quarta dimensão – pelo menos, mentalmente – e ter tudo o

que pedir.

Enquanto houver novas terras, existirá a exploração. O homem já explorou oceanos e continentes

nos dois hemisférios – mas mal começou como pioneiro espiritual. Este livro trata dos reinos que estão além

da compreensão humana. Há novos campos e possibilidades inexploradas para todo aventureiro em busca da

verdadeira liberdade. Ninguém é excluído. Não há necessidade de visto ou passaporte. Só precisamos de um

coração forte e uma alma que tenha sido tocada pelo dedo da inspiração. Com tais equipamentos, criaremos

nosso futuro nos reinos dos poderes espirituais da eternidade, inexplorados pelo homem, onde todo esforço é

um prazer e toda conquista uma glória infinita.

Capítulo XI

RESIDE EM MIM, E EU RESIDIREI EM TI

Este é um capítulo de amor, misericórdia e luz. Se você acredita em Deus Pai e em Seu Filho, Jesus

Cristo e no Espírito Santo, então deve necessariamente acreditar nas promessas das escrituras, pois Cristo

disse: “As escrituras não podem ser canceladas”, e serão cumpridas até o último pingo do “i” e o último

Sois Deuses


traço do “t”. Quando mencionou as escrituras, Cristo se referia ao Salmo 82. Se o livro dos cânticos dos

hebreus foi tão inspirado a ponto de ser considerado “escritura”, e tão sagrado que deve ser plenamente

cumprido, então as palavras do próprio Cristo são duplamente sagradas e importantes.

Nós entendemos Seus ensinamentos de fé, penitência e batismo; os cristãos, na maioria, os aceitam

com o coração, achando que seguem Suas instruções. O Sermão da Montanha, porém, é freqüentemente

ignorado. Poucas pessoas acham que ele se aplica à existência mortal; mas é justamente dela que o Sermão

trata.

“Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho por si mesmo não

pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.”

(João, 5:19)

“Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo,

porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou.” (João 5:30).

“Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento

sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a via eterna. Portanto, o

que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito.” (João, 12: 49-50)

Esses ensinamentos foram transmitidos em diferentes ocasiões durante o ministério de Cristo, sem

dúvida para preparar as pessoas para receber o último sermão de sua existência mortal. O que veremos a

seguir foi dado após a Última Ceia, nos minutos restantes de Cristo com seus amados discípulos, que sempre

o haviam acompanhado. Judas já partira e os outros onze receberam os ensinamentos mais preciosos de suas

vidas. João, ao que nos parece, foi o único que compreendeu plenamente essas últimas palavras, aplicando-

as, inclusive, na própria vida, e assim as registrou:

“Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo

de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras.

Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.

Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e

as fará maiores do que estas; porque eu vou para meu Pai.

E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.

Se me amardes, guardareis os meus mandamentos (ou estas palavras). (João, 14:10-15).

Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. (Naquele dia, quando

conhecerdes e acreditardes nessas palavras, aplicando-as literalmente conhecereis o verdadeiro significado

desses ensinamentos superiores).

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será

amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.”

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viveremos para ele, e

faremos nele morada.” (João, 14:20-21,23)

Esses ensinamentos também aparecem no Livro do Apocalipse, capítulo 3, versículo 20: “Eis que

estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e

ele comigo.” Ele está à porta da alma de todo homem, e bate, e quem ouvir Sua voz e abrir a porta terá o

privilégio de ter um convidado celestial.

Nos registros imaculados de Moisés [apócrifo], vemos uma demonstração desse contato íntimo de

Deus com o homem. É um relato lindo e claro. Enoque, o proscrito, odiado e desprezado, de fala lenta e mal

articulada, é instruído na majestade de Deus e Seu poder: “Contempla, pois, meu espírito está em ti, e todas

as tuas palavras eu justificarei; e as montanhas se moverão diante de ti, e os rios mudarão seu curso; e tu

residirás em mim, e eu em ti; portanto, anda comigo.” As grandes obras realizadas na vida de Enoque dão

testemunho da veracidade dos ensinamentos de Cristo. “E tão grande era a fé de Enoque, que ele conduziu o

povo de Deus, e seus inimigos vieram em batalha contra eles; e ele pregou a palavra do Senhor e a terra

tremeu, e as montanhas se moveram, segundo seu comando; e os rios mudaram o curso; e o rugir dos leões

foi ouvido de longe; e todas as nações temeram grandemente, tão poderosa era a palavra de Enoque, e tão

imenso era o poder da linguagem que lhe fora dada por Deus.” (Moisés, 6:34 e capítulo 7).

Sois Deuses


Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.

Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais

fruto.

Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira,

assim também vós, se não estiverdes em mim.

Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim

nada podeis fazer.

Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e

vos será feito.

“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.” (João, 15:1-2,4-

5,7-8)

Embora essas sejam as palavras mais importantes na vida de Cristo, poucas pessoas prestaram

atenção a elas; ou, se prestaram, não as seguiram literalmente. Mas, assim como o Sermão da Montanha, tais

ensinamentos devem ser obedecidos integralmente. Milhares de indivíduos afirmam acreditar na Bíblia e nos

ensinamentos de Jesus Cristo, mas negam os fatos verdadeiros neles contidos; ou pior ainda, os ignoram

completamente. Esses ensinamentos não podem ser descartados ou ignorados, assim como não se pode

duvidar da Vida do Mestre. E o mandamento é: “Viverás toda palavra proferida pelos lábios de Deus!” “Se

me amardes, guardareis meus mandamentos.” Guardar os Seus mandamentos significa vivê-los – ou pelo

menos mantê-los vivos nas câmaras do “conhecimento interior” até que sejam plenamente compreendidos.

“Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a Deus, que a todos dá liberalmente, e ser-lhe-á dada. Mas

que o pedido seja com fé, sem hesitação...” etc.

Aqueles que alegam ser cristãos e seguidores do Filho de Deus devem parar de fugir de questões que

não compreendem. Toda palavra de Jesus Cristo é uma orientação direta para a verdadeira vida, e ninguém

estará seguindo o padrão por Ele estabelecido, a menos que viva toda palavra proferida por Sua boca. Claro

que a fé é necessária porque Ele a ensinou, e também porque sem fé a vida é inútil e vazia. Claro que o

arrependimento é necessário; e arrependimento significa “reviravolta”, ou uma mudança completa de vida.

Isso só será obtido quando o homem compreender os verdadeiros ensinamentos e abdicar do antigo jeito

morto de viver, assumindo o caminho da vida. O arrependimento não pertence apenas ao pecador. Pertence

também a todos aqueles que só viveram as meias verdades e ignoraram, ou recusaram, o Evangelho

completo de Jesus Cristo. Claro que Cristo pregou que a autoridade é necessária. Mas a autoridade nas mãos

do homem que nega o poder, ou não sabe usá-lo, é inútil. Como alguém pode dizer que acredita em Cristo e

é Seu seguidor e, ao mesmo tempo, ignorar parte do que Ele ensinou sobre o caminho da vida? Não é de

admirar que as obras de Cristo estejam mortas – não é de admirar que ninguém tenha feito as obras maiores

prometidas aos que acreditam. O cristianismo moderno é um pálido esqueleto de obras mortas, disfarçado

com a gloriosa palavra “Cristianismo”.

Ou será que os anjos pararam de aparecer aos filhos dos homens? Ou Ele lhes retirou o poder do

Espírito Santo? Ou não haverá, enquanto existir a terra, nenhum homem que possa ser salvo?


que os anjos aparecem e ministram aos filhos dos homens; E se tais coisas cessarem, ai dos filhos dos

homens, pois será por causa de sua falta de fé, e tudo será em vão.” (Moroni 7:27, 29-30, 36-37)

Cristo jamais desperdiçou palavras. Certamente, no fim de Sua existência mortal, Ele não

desatinaria a falar só para ouvir a própria voz, ou para ganhar tempo. Na última hora de seu ministério entre

os mortais, Ele deu a mensagem mais amável e profunda – palavras que guardam a glória da majestade e as

chaves do poder de realizar “obras maiores” – o poder de pedir tudo e ser atendido – o poder de receber o

Segundo Consolador, ou o personagem de Jesus Cristo e o Pai, diretamente.

Depois de Cristo ter vivido todo o tempo que lhe restava, tentando explicar o verdadeiro significado

de Suas palavras “reside em mim, e eu residirei em ti”, ele deixou esses dizeres: “Ainda tenho muito que vos

dizer, mas vós não o podeis suportar agora.” (João, 16:12).

Se Cristo sozinho nada podia fazer, e se foi o Pai acima Dele que realizou as obras, como um mero

mortal pode se imaginar investido de autoridade para realizar os trabalhos de Cristo, a menos que resida na

Sois Deuses


videira? Ou viva como Cristo viveu? Sim, o homem deve viver em contato direto com a “voz plácida” de

Deus, centrada em sua alma. Deve desenvolver a audição, pois a fonte de toda a sabedoria é a “videira”.

O homem pensa com a mente e sente com o coração. Mas o centro da alma situa-se pouco abaixo do

coração, no centro do corpo. Por isso dizemos que é preciso amar a Deus com o coração, a mente e a alma.

Quando o desejo inteligente da mente física se une ao amor do coração e ao grande poder da alma, as

palavras de Cristo se realizam plenamente: “Se vós me amardes, tudo vos será concedido.” Temos de amar

com TODA a força do coração, da mente e da alma.

Quando essas forças se mesclam percebemos que no centro da alma há uma fonte de luz, que só

pode ser contatada através da QUIETUDE INTERIOR – “AQUIETA-TE e saibas que sou Deus.”

Com essa quietude vêm glória e paz de uma magnitude que o mundo exterior jamais compreenderá.

Quando o homem aprende a viver perto dessa fonte de luz, descobre que nunca mais terá fome ou sede. É

nessa fonte de luz, ou no ponto em que a força vital da vinha encontra o ramo, que a vida e o verdadeiro

conhecimento fluem livremente para o interior do homem. Aqui é plantada a semente de fé, que se

desenvolve em saber. E é daqui que todo o grande poder se manifesta, todas as obras são realizadas – não

através do intelecto humano, mas no ponto aonde a vinha encontra o ramo. Esse é o ponto em que o

indivíduo alcança a grande fé e descobre que nada é impossível, pois Deus está trabalhando através dele.

Gradualmente – sim, gradualmente, é possível residir sempre nessa fonte de alegria, majestade, glória e luz

divina – E CRISTO É A FONTE. Portanto, Ele vive em nós quando aprendemos a viver Nele, ou na Sua

fonte eterna de luz, até sermos inundados de luz e compreendermos todas as coisas.

Essa fonte de luz é a fonte das águas vivas mencionada no Livro de João, capítulo 7, versículos 37-

38: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios d‟água viva

correrão do seu ventre.” Muitos interpretaram tais dizeres como “rios d‟água viva correrão de suas bocas.”

Com as palavras, deve vir o poder de apoiá-las – “Pois meu reino não consiste em palavras, mas virtude (ou

poder).” (I Cor., 4:20-21)

Quando o homem se volta para essa fonte de luz e não mais depender de sua inteligência e poder

terreno, o trabalho se torna uma eterna alegria de realizações. Subitamente, o ponto da grande conquista é

alcançado e não há mais trevas ou medo. Estes terão desaparecido completamente, banidos como a

escuridão é banida de uma sala quando acendemos a luz. Ou como o véu da noite de dissipa quando nasce o

sol. “Pois Deus não mede o Seu amor”, mas o dá em pleno poder e glória a todos os que estiverem

preparados para recebê-lo. Esses indivíduos não serão importunados pelo caos do mundo; pois, na verdade,

confusão e medo apenas indicam a ausência de luz. Mas quando a alma se enche de luz, não há confusão.

Aquele que aprende a aquietar-se e sabe que Deus é Deus, abre a porta para que Cristo entre e ceie com ele;

e seu ser se torna um templo, nunca mais perturbado pelas trevas.

Quando o homem aprender a usufruir a grande fonte de luz divina em seu interior, onde o poder de

Deus e de Cristo o alcançam, nada mais poderá feri-lo, pois estará verdadeiramente vivendo em Cristo.

“Naquele dia sabereis que estou em vós, e vós em mim.”

Dias, semanas e até meses de constante trabalho e prática são necessários até que se chegue a esse

estado perpétuo de luz Celestial. Em momentos de quietude – quando cai a noite ou no romper da

madrugada – aprenda a se aquietar. Entregue ao Senhor seus problemas ou pesados fardos. “Vinde a mim,

todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”

[Mat., 11: 28,30] Leve, assim como leve é a luz.3 Aos poucos, o homem aprende a se recolher na quietude

desse poder dinâmico em qualquer momento do dia; e a fonte acabará envolvendo-o até ele se inundar de luz

e compreender todas as coisas. Só então nascerá do Espírito, unindo-se a Cristo, expressando as palavras

Dele, do Redentor, e não mais dos homens. Nesse instante, sua vida encontrará expressão plena; será como

3 n. do trad.: trocadilho impossível de traduzir – “light” significa tanto „luz‟ quanto „leve‟. A autora diz que a

escritura usa „light‟ como oposto a „darkness‟ (trevas). Mas no evangelho em português, não fazemos essa

associação imediatamente.

Sois Deuses


se Cristo vivesse por ele e ele vivesse pelo Messias, pois os dois terão se tornado um, com o mesmo

propósito. E o propósito é difundir luz.

É nesse ponto que o homem verdadeiramente se une a Ele – e é quando aprende a “amá-lo e guardar

Sua palavra.” (João, 14:23)

Assim percebemos que Ele é a vinha e nós os ramos – que nada podemos fazer sozinhos, mas Ele

realiza grandes e majestosas obras através de nós. É com esse poder que se realizam os milagres; e o homem

só pode realizar milagres se estiver livre de todo pecado, idolatria, orgulho e autopromoção e, como humilde

crente nos poderes de Deus, admitir que é Ele quem realiza as obras.

Quando entramos em contato com a grande fonte de luz e poder, apreciamos melhor a grande glória

de Deus, que se manifesta em toda semente, broto, flor e árvore – o poder de vida, crescimento e expressão

perfeita. A semente tem o desejo e a capacidade de perfeição para coletar as forças eternas de luz e energia e

desenvolver o maravilhoso produto nela contido. O broto ainda escuro guarda segredos eternos – a

magnificência do fruto. Essa é a expressão de Deus, manifestando-se no poder e na vida eterna. Se o fôlego

de Deus reside na semente, então na alma do homem há poderes potenciais de completar a marcha para a

divindade e cumprir a perfeição dos filhos celestes de Deus, nosso Pai – não apenas o poder de cumprir

nossa fútil mortalidade – mas a força sublime de glória e luz e conquista perfeita.

Assim, descobrimos que “A FÉ PROMETE TODAS AS COISAS E APERFEIÇOA TODAS AS

COISAS.” Sabemos que no interior dos ramos (nós) existem brotos de aspiração divina. Sozinhos, não

podemos desenvolvê-los, mas se recorrermos à Divina fonte de luz no centro da alma, ou a vinha, que é

Cristo, os brotos de nossos desejos, que serão sempre os de Deus, desabrocharão, proporcionando uma

colheita gloriosa. Realizaremos, então, “obras maiores”, porque Ele foi para o Pai, de onde envia esse poder

diretamente para nossas almas, se estivermos prontos para recebê-lo.

“Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis por ter

dito: Vou para o Pai.” (João, 14:28)

Quando um galho do pessegueiro produz um fruto particularmente grande e belo, ninguém diz ao

galho: “Nossa, você é maravilhoso. Que belo trabalho fez, produzindo um pêssego assim.” Nem o galho

espera esse tipo de elogio. Por trás do galho, está a árvore, e por trás da árvore, o fazendeiro, o solo, os

elementos; além do mais, o homem se aproveita da fruta e não do galho. No entanto, quando uma pessoa

conquista algo, quer elogios e glória. Quando aprendermos a caminhar com humildade, encontraremos a

porta de Seu Espírito Santo aberta.

O exercício da fé significa entrar em contato com o poder divino da Luz. A fé não é uma crença

vazia e inativa. É energia divina posta em movimento pela mente. Fé é Espírito. “É a substância das coisas

desejadas – a evidência das coisas invisíveis.” É a semente geradora de vida através da qual todas as coisas

se materializam.

Na página 294 da autobiografia de Parley P. Pratt, lemos o seguinte: “O Irmão Joseph, em

comunhão com o espírito, repreendeu os Anciões que não tinham o poder de cura, mas continuavam a curar

os doentes todos os dias. Disse ele: “É hora de pararem com isso. QUE OS ANCIÕES OBTENHAM O

PODER DE DEUS PARA CURAR OS DOENTES, OU QUE PAREM DE MINISTRAR A CURA SEM O

PODER.”

Sim, que os homens parem de administrar as formas de cristianismo sem o poder de realizar as obras

que Cristo realizou – E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão

novas línguas (as línguas divinas dos anjos).

“Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as

mãos sobre os enfermos, e os curarão...” etc. (Mar., 16:17-18) Terão o poder de mover as montanhas e

realizar obras ainda maiores, se acreditarem no NOME DE JESUS CRISTO, e compreenderem e seguirem o

significado dele.

Capítulo XII

Sois Deuses


O PODER E A MAJESTADE DE DEUS TODO-PODEROSO

Tudo na terra tem se movido em ritmo tão frenético, que o próprio homem ficou para trás. Novas

idéias, novos fatos, novo poder e conhecimento vêm se acumulando mais rapidamente do que a raça humana

possa usá-los e, a menos que aprenda a dosar tudo o que a cerca, acabará sendo aniquilada.

A única coisa na terra que permanece estagnada é o Cristianismo. É verdade que algumas igrejas

têm conseguido mais adeptos – mas o que os credos e as doutrinas do Mestre estão fazendo para esses

milhões de indivíduos? Por acaso, “eles se tornaram livres”? Abandonaram os fardos, perderam o medo e o

preconceito, livraram-se das trevas e da confusão? Será que chegaram a ponto de contato em que podem

provar que acreditam em Jesus Cristo e são capazes de realizar as obras que ele realizou, e ainda maiores?

Se essas pessoas não têm tal poder, não conseguem devolver a visão aos cegos nem fazer os aleijados andar,

não se livraram de todas as amarguras terrenas, então o Cristianismo não passa de uma coisa inútil na vida

de seus seguidores. Na melhor das hipóteses, é um sedativo de fraca potência.

O verdadeiro Cristianismo, ou seja, a aplicação dos ensinamentos do Filho do Deus Vivo em toda

fase (no pingo do “i” e no traço do “t”), é o poder mais dinâmico que o homem pode usufruir. É o modo de

vida perfeito. Contém o poder indescritível. É alegria, glória e felicidade completas. Não é um fardo, mas

uma obediência e devoção de glória sublime, que conduz à maior exaltação da existência – uma vida aqui na

terra de paz e poder supremos. É a magnificência que leva à divindade e dá ao homem o poder de mover

montanhas, não no sentido figurado, mas literal. Só o verdadeiro Cristianismo pode salvar o mundo – não

como é pregado hoje em dia – mas como Cristo o viveu.

Já está na hora de Seus ensinamentos saírem dos armários empoeirados do passado e se tornarem

uma realidade viva e vital do presente. A humanidade já se cansou de ouvir o que os poetas da antigüidade

disseram ou fizeram – até o que os Apóstolos de Cristo fizeram, ou os Santos, ou os próprios antepassados

do homem, embora tais relatos sirvam para ilustrar as possibilidades do ser humano. Agora, o homem

precisa saber o que sua própria força permite-lhe fazer – como pode mudar sua vida – resolver seus

problemas – falar através de seus lábios – arder em seu coração – trabalhar através de suas mãos. O homem

precisa saber o que foi feito e pode ser repetido – que é um filho de Deus como qualquer outro ser humano

que já tenha habitado este planeta. Deve visualizar suas possibilidades, pois o ouvido humano já se cansou

de ouvir a palavra do Senhor, sem ver Seus poderes em ação. “Pois o reino de Deus não consiste em

palavras, mas em poder.”

“Que os anciões obtenham o poder de Deus para curar os doentes, ou que parem de ministrar a cura

sem o poder.”

Esse poder não vem do homem, por melhor que seja a vocação ou autoridade. O poder de realizar as

obras de Deus vem somente de Deus, ou quando o homem se torna tão humilde que se entrega totalmente e

permite que o poder de Deus opere através dele. Se Cristo, que era Filho de Deus, nada podia fazer por conta

própria, então o homem não pode assumir nenhuma autoridade. Só será capaz de usar o poder de Deus se for

suficientemente humilde para entrar em contato com Ele, deixando-o agir por seu intermédio.

Para ao menos começar a ter a visão desse poder dinâmico do Todo-Poderoso, o ser humano precisa

vislumbrar a evidência do Criador do céu e da terra – e tudo que existe em ambos. Seria impossível

mencionarmos neste trabalho tudo o que as escrituras dizem a respeito do tema. Por isso, apenas farei uma

lista das passagens mais importantes no fim do capítulo – e, àquele que deseja conhecer Toda a Verdade, o

único Deus vivo e verdadeiro, e Jesus Cristo, por Ele enviado, eu recomendo um estudo minucioso das

referências, além de rezar com sinceridade até compreender todas as passagens, com a mente livre e aberta.

A verdade e o entendimento jamais penetram uma mente fechada. Nem a luz consegue penetrá-la. Só a prece

sincera – aquela que admite não saber e que é pura como a mente de uma criança – tem o poder de abrir uma

mente condicionada.

Há versículos e mais versículos que afirmam ser Deus onipresente, onipotente e onisciente; ou seja

– preenche todo o tempo e o espaço, tem poder absoluto, sabe tudo, é plenamente glorioso e tão

incrivelmente dinâmico que a mente humana precisa expandir-se para começar a compreendê-lo. Os

Sois Deuses


registros divinos da escritura mostram tão majestosa e exuberante glória, de um poder abrangente tão

incompreensível e supremo, que o homem se perde em contemplação, e é dominado por Sua beatitude.

Na língua inglesa, a palavra “fear” (medo) deriva de um antigo termo que era mais associado ao

moderno substantivo “awe” (deslumbramento) que ao adjetivo “afraid” (temeroso). Entre os anglo-saxões, o

termo se referia a algo “maravilhoso”, “de tirar o fôlego”, “deslumbrante”. Por isso, o mandamento de temer

ao Senhor não significava ter medo Dele, mas sim tentar compreender Sua magnificência inefável e

compartilhar de Seu poder – ou, em outras palavras, “tentar conhecer Deus.”4 Nos registros sobre a

criação do mundo, vislumbramos tal poder – há visão, conhecimento, confiança do verdadeiro arquiteto,

talento de artista e amor do Criador. Esses dons e poderes mesclam-se às sábias palavras: “Que se faça!” “E

assim se fez!”

Nós vemos o Senhor sobre o Monte Sinai quando a montanha treme com Sua proximidade

majestosa, irrompendo na glória ardente de Sua presença. Perdemos a fala ao ver o Mar Vermelho se dividir.

Mal podemos respirar enquanto andamos entre as paredes de água. Sim, podemos percorrer os corredores do

tempo e saber que os dedos Dele registraram os arquivos do universo – que Seus planos, ou pensamentos,

tornaram-se um mundo – que Seu fôlego trouxe vida – que Seu amor preencheu toda a existência.

Ouvimos Sua voz clamar: “Sou eu apenas Deus de perto, diz o Senhor, e não também Deus de

longe? Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o Senhor. Porventura não

encho eu os céus e a terra? diz o Senhor.” (Jer., 23:23-24).

E com Davi, podemos cantar:

Senhor, tu me sondaste, e me conheces.

Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.

Cercas o meu andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.

Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.

Tu me cercaste em volta, e puseste sobre mim a tua mão.

Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir.

Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face?

Se subir ao céu, tu aí estás, se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também.

Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,

Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Se disser: De certo que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim.

Nem ainda as trevas me escondem de ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são

para ti a mesma coisa.

Pois possuíste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe.

Eu te louvarei, porque de um modo terrível, e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas

obras, e a minha alma o sabe muito bem.

Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e entretecido como nas

profundezas da terra.

Os teu olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as

quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia.

E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles!

“Se as contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo ainda estou contigo.”

(Salmos, 139:1-18)

Se prestarmos atenção, ouviremo-lo dizer: “Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por

todos e em todos.” (Ef., 4:6)

E ouviremos o desafio: “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o

templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles

serão o meu povo.” (II Cor., 6:16)

4 n. do trad.: talvez a origem de “temer” em português seja a mesma de “fear”, ou da mesma tradução da Bíblia!

Sois Deuses


O convite inconfundível ecoa em nossos ouvidos: “Buscai e me encontrareis.” Ou “Buscai com

devoção e me encontrareis.” “Porque nele vivemos, e nos movemos e existimos.” (Atos, 17:28)

Ouvimos as doces palavras da promessa: “Aproximai-vos de mim, e eu me aproximarei de vós.”

“Reside em mim, e eu residirei em ti.”

E ao contemplarmos o próprio nome “Jeová” somos tomados de surpresa e nos maravilhamos.

Muitas vezes antes de aparecer a Moisés, Deus se anunciara a vários patriarcas com estas palavras: “Eu sou

Deus.” “Eu sou o Todo-Poderoso.” “Contempla, eu sou o Teu Deus.”

E a Moisés, Deus se apresentou da forma mais dinâmica e soberba.

E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a

sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.

E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima.

E vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés,

Moisés! E ele disse: Eis-me aqui!

E disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu estás é

terra santa.

“Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E

Moisés encobriu o seu rosto, temeu olhar para Deus.” (Êx., 3: 2-6)

Então Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?

E Deus disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: Quando

houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.

Então disse Moisés a Deus: Eis que quando vier aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos

pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?

E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU

SOU me enviou a vós.

“E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o

Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é o meu nome eternamente, e

este é meu memorial de geração em geração.” (Êx., 3:11-15).

Falou mais Deus a Moisés, e disse: Eu sou o Senhor.

“E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome

[Jeová], não lhes foi perfeitamente conhecido.” (Êx., 6: 2-3)

“Jeová” ou “Jehovah” é a versão grega da palavra hebraica “Yehveh” ou “Ehyeh”, que significa “Eu

Sou”.

Esse nome “Eu Sou” era considerado pelos israelitas um nome inefável, que não devia ser

pronunciado; eles o substituíam pelo nome sagrado, porém não proibido, Adonai, que significava O Senhor.

Mas quando Deus falou a Moisés na sarça incandescente, proclamando ser “EU SOU O QUE SOU”,

disse “Este é o meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.”

Em outras palavras, qualquer pessoa de qualquer geração que usasse a simples expressão “Eu Sou”

estaria dando testemunho da existência de Deus, pois nenhum homem poderia existir, se Deus não existisse.

Se um homem afirmasse humildemente: “Sou um limpador de ruas” ou “Sou fazendeiro”, “Sou doutor”,

“Sou rei”, estaria dando testemunho da própria existência, bem como a do Criador. Essas palavras “Eu Sou”

dão testemunho da vida. Quando o homem afirma “Eu Sou...” está declarando sua relação com Deus, e a

relação de Deus com ele.

Esse é o testemunho de Deus na existência de cada homem – o testemunho da vida.

Muitas passagens da Bíblia identificam Deus como sendo poder total, luz total, existência total,

preenchendo o céu e a terra. Outras o descrevem como um Ser individual, capaz de aparecer e falar com

Seus filhos pessoalmente. Tais aparentes contradições não devem nos perturbar. A mente do homem é

superior a todas as suas invenções. O homem é muito maior que todas as maravilhas mecânicas da era

atômica – só que não percebe isso. Deus percebe. Deus sabe o que é. Ele usa Seus poderes com plena

compreensão e total conhecimento. Por isso, Deus tem poder inefável – Ele é verdadeiramente onipresente,

onipotente e onisciente – Ele conhece e compreende todas as coisas, e opera através de Seu Espírito Santo,

Sois Deuses


tocando tudo, cheio de sabedoria e amor indescritível. Se, entretanto, seguirmos o jeito humano de pensar e

virmos Deus como uma figura sentada ao trono, rodeado de anjos, ocupado demais com as questões celestes

para se preocupar com os homens, então perdemos a visão do verdadeiro Deus – mas Ele ainda nos vê. E as

descrições não são conflitantes, exceto na visão do homem, pois este é limitado e não compreende os vastos

poderes que guarda dentro de si – tentam julgar Deus segundo seus próprios padrões restritos. O homem

viaja quase na “consciência rasteira” de seus poderes potenciais. Essa restrição não nos foi imposta por

Deus, mas por nós mesmos e, automaticamente, transferimo-la para Deus. Se parássemos de julgar tudo

segundo os padrões de nosso conceito mortal, e nos voltássemos para o Espírito interior, começaríamos a

compreender Deus, “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” [Rom.,

8:16]

É totalmente impossível para uma pessoa revelar Deus a outra. Só Deus pode fazer isso. Nenhum

livro é capaz de revelá-lo. Os livros apenas testificam Sua existência. Mas cabe a cada indivíduo encontrar

Deus através dos próprios esforços, buscando e batendo à porta. Quando Deus disse: “Buscai-me com fé e

me encontrareis”, ele não disse que teríamos de viajar a alguma esfera distante, alguma época remota ou à

imensidão do espaço. Não. Deus disse que devíamos procurá-lo no lugar onde estamos, e agora. Portanto,

trata-se de uma busca do espírito, que deve ser feita em nossos corações e almas, iluminados como são por

uma chama crescente de desejo, para que possamos “Conhecer-te, o único Deus verdadeiro e vivo e a Jesus

Cristo, por ti enviado – pois esta é a vida eterna.”

No livro de João, aprendemos que o Espírito nos conduzirá a Cristo, e Cristo nos revelará o Pai.

Portanto, o primeiro passo na busca é a preparação para sermos dignos da direção do Espírito de Deus,

compreendendo suas funções e poderes. Essa busca por Deus não começa no espaço, e sim dentro do

próprio homem.

“A terra abre suas asas, e o sol brilha de dia, e a lua brilha à noite, e também as estrelas brilham, e

abrem suas asas em glória, em meio ao poder de Deus.

Com que, pois, devo comparar esses reinos, para que compreendeis?

Pois todos são reinos, e qualquer homem que contemplar o mais ínfimo deles terá visto Deus, em

toda Sua majestade e poder.

Em verdade, vos digo, ele o viu; todavia, aquele (Cristo) que veio não foi compreendido.

A Luz brilha na escuridão (o homem), e a escuridão não a compreende. O dia, porém, virá em que

compreendereis o próprio Deus, renascerão Nele e por Ele.

“E então sabereis quem sou, e que sou a verdadeira luz que reside em vós, e que estais também em

mim, do contrário, não haveria abundância.” Por isso, devemos tentar conhecê-lo através daquela luz que

existe dentro de nós.

O texto acima também nos diz que, se contemplarmos quaisquer das maravilhas da criação, os

planetas, as estrelas, a terra, a natureza, teremos visto Deus em ação majestosa e poder – mas para

CONHECÊ-LO é preciso “COMPREENDÊ-LO”. Portanto nosso entendimento espiritual terá de expandir e

deveremos enxergar e compreender com a visão espiritual, não apenas através da mente e dos olhos mortais.

Verificamos isso no seguinte trecho: “... Quando vos livrardes da inveja e do medo, e humildemente

vos postardes diante de mim, pois não sois suficientemente humildes, o véu será rompido e vereis quem sou,

e me conhecereis – não com o pensamento carnal nem natural, mas com o pensamento espiritual.

Pois nenhum homem jamais viu Deus em carne e osso, mas apenas animado pelo Espírito de Deus.

Nem pode o homem natural residir na presença de Deus, não com a mente carnal.

“Não sois nobres para residir na presença de Deus agora, nem no ministério dos anjos; portanto,

continuai pacientes até que sejais perfeitos.” (D & C , 67: 11-13)

Com essas palavras, aprendemos que só poderemos “compreender” Deus quando estivermos

totalmente purificados, perfeitamente livres de medo, inveja, orgulho e fraqueza; pois “homem natural”

significa o ser humano com todos os traços de cegueira e idolatria, orgulho e confusão, preocupações e

escuridão. “Mente carnal” é aquela que raciocina somente no plano terrestre ou no reino material, físico. Por

isso, é necessário que elevemos nossa visão para abranger a concepção espiritual da existência. Após esta

completa purificação, segundo a promessa, o véu será rompido e o homem será animado, ou

Sois Deuses


“espiritualizado” por um conceito superior de pensamento, em harmonia com o Espírito Santo, e verá Deus,

mas não com a mente carnal ou os olhos físicos, e sim com o conhecimento pleno de seu ser, com a alma, e

com todo átomo de inteligência. Será uma compreensão completa, incluindo o dom de CONHECER Deus –

e “naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.”

A purificação completa é necessária antes que o homem receba a “plenitude do Pai”; do contrário,

seria totalmente consumido pela glória profunda que lhe invadiria o ser, pois o homem natural, impuro, não

pode residir na presença de Deus, ou sequer compreendê-lo.

E a luz, que é a força por trás de toda a criação e todas as coisas existentes, é a mesma que vos

ilumina. É a mesma luz que dá brilho a vossos olhos, que desperta vosso entendimento:

A luz que provém de Deus e ocupa a imensidão do espaço.

“A luz que está em todas as coisas, que dá a todas as coisas a vida, que é a lei que governa todas as

coisas, O PODER DE DEUS, QUE SENTA EM SEU TRONO NO SEIO DA ETERNIDADE, QUE ESTÁ

NO MEIO DE TODAS AS COISAS.” (D & C 88:6-13) Essa grande luz é explicada através destas palavras:

“Aquele que ascende às alturas e desce às profundezas, e compreende todas as coisas, e pode estar EM

TODAS AS COISAS, A LUZ DA VERDADE. A verdade que ilumina, ESTA É A LUZ DE CRISTO. Ele é

também o sol, e a luz do sol; e o poder do qual o sol foi feito” – e as estrelas, a terra, etc.

“Ele compreende todas as coisas, e todas as coisas se põem diante dele, e todas as coisas estão ao

redor dele; e ele está acima de todas as coisas e em todas as coisas, e em volta de todas as coisas; e todas

as coisas são feitas por ele e DELE; Deus, para sempre.” (Ibid., versículo 41)

Só para começarmos a compreender essa grande força de luz, que é chamada de Espírito de Cristo,

ou poder de Deus, que senta em seu trono no seio da eternidade, será necessário considerarmos os raios

cósmicos, conhecidos como “A Força Mais Poderosa da Natureza”.

“Desde que a terra foi criada, as minúsculas partículas carregadas conhecidas como raios cósmicos

do espaço sideral tem atravessado a atmosfera e penetrado na crosta rochosa do planeta. Desde o surgimento

do homem, seu corpo tem sido atravessado 20 vezes por segundo por pedaços infinitamente pequenos de

matéria.” Mas só nos últimos 40 anos,5 a ciência descobriu a existência dessa força. É o ramo mais

interessante da física moderna, levando os cientistas ao equador e aos pólos, aos picos mais altos e às

cavernas profundas da terra. Eles ainda estão maravilhados diante dessa fonte de poder e energia

inesgotáveis – mas ninguém conhece sua origem exata, nem seu propósito. Alguns a chamam de “grito de

morte do universo”.

Dizer que os raios cósmicos são “o grito de morte do universo” é um absurdo. Na verdade, eles

representam a pulsação do universo. São a força de luz e vida, enviadas, digamos, do trono de Deus, que está

no seio da eternidade. Essa força é a vida eterna que renova o solo, faz as plantas crescer, enche de vigor um

mundo e desperta a alma do homem. É uma energia inesgotável e infinita. É atividade pura, liberando

fôlego, vida e poder majestoso.

Essa grande energia cósmica é luz – “E luz é Espírito – o Espírito de Jesus Cristo”. De algum grande

sol central, no seio da eternidade, muito acima de nosso pequeno sol, esse poder se espalha pelo universo.

Pode ser chamado de força vital de toda a existência, de mundos, plantas e homens.

Essas pequenas partículas carregadas de raios cósmicos se partem quando entram em contato com a

atmosfera terrestre. Por isso não sofremos o impacto total do bombardeio da gigantesca ou “Mais Poderosa

Força do Universo”. Se um poder tão grande nos atingisse por completo, morreríamos imediatamente e tudo

se desintegraria. Ou, em outras palavras, haveria uma grande explosão atômica em todo o planeta, que

provavelmente abalaria a galáxia, pois quando a luz ou o poder dessa força cósmica se dissipasse, todas as

partículas do que existira na terra seriam atraídas de volta à grande fonte de poder da qual foram compostas.

Esses raios cósmicos colidem com os átomos da atmosfera terrestre e se partem, criando partículas

secundárias. Esse bombardeio de raios cósmicos contra a atmosfera é o maior ciclotron da natureza, ou seja,

o maior esmagador de átomos.

5 contando para trás a partir de 1952; (n. do t.)

Sois Deuses


Atualmente, os cientistas se interessam pelos raios cósmicos somente para descobrir os

componentes do átomo e o que o mantém coeso. Pesquisando por esse ângulo, eles estão colocando o carro

na frente dos bois; mas mesmo assim descobrirão uma nova verdade. Logo saberão que a força coesiva de

todo o universo é um elemento intangível, chamado de AMOR – e que todas as coisas são basicamente

compostas de energia, que é luz – e luz é Espírito.

A atmosfera da terra diminui o impacto dos raios cósmicos. Se não fosse por esse véu grosso, quase

impenetrável, de inúmeros átomos, a força dos raios seria estupenda. Talvez a melhor descrição de um

possível efeito nos tenha sido dada por João, no Livro do Apocalipse (6:14): “E o céu retirou-se como um

livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares”.6 Essa é uma das passagens

mais interessantes das escrituras, descrevendo uma época em que a atmosfera da terra, que nos protege do

impacto total dos raios cósmicos, provavelmente se dissipará. E então a grande força desses raios nos

atingirá diretamente do trono de Deus, sem nenhum véu que a segure. Em outras palavras: “O véu se

romperá.” O choque absoluto desse bombardeio de vida e luz significará morte para os ímpios. Será um

impacto tão grande que as montanhas e as ilhas mudarão de lugar; e o conhecimento e o poder de Deus serão

completamente revelados, cumprindo a escritura: “A terra será coberta pelo conhecimento do Senhor, como

as águas cobrem o mar.”

Os resultados da remoção do véu, quando o céu se enrolar como um pergaminho, trará os seguintes

resultados: Eis que o dia do Senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação e

destruir os pecadores.

“Porque as estrelas dos céus e os astros não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer,

e a lua não fará resplandecer a sua luz. (Essas afirmações podem ser verificadas em Is., 24-23; Joel, 2:10 e

3:15; Mat., 24:29; Mar., 13:24; Luc., 23:45; Apoc., 6:12 e D & C Sec. 29:14; 34:9; 45:42: 88:87 e 133:49).

E visitarei [punirei] sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e farei cessar a

arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos.

Farei que um homem seja mais precioso que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir.

“Pelo que farei estremecer os céus, e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor

dos Exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira.” (Is., 13: 9-13)

A reação seguinte não será um período de escuridão, mas de luz ofuscante, assim descrito: E haverá

em todo o monte alto, e em todo o outeiro elevado ribeiros e correntes de águas, no dia da grande matança,

quando caírem as torres.

“E será a luz da lua como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no

dia em que o Senhor ligar a quebradura do seu povo [uni-lo], e curar a chaga da sua ferida.” (Is., 30:25-26)

Lendo as passagens acima, é fácil entender o que causará o grande terremoto previsto pelos profetas

do Senhor – um terremoto tão grande que as montanhas serão rebaixadas, os muros ruirão, as ilhas e os

continentes voltarão a se unir, “como era no princípio”. Também é possível compreender como as grandes

cidades afundarão no mar. A lua sempre tem um efeito tremendo sobre o mar, e na fase da lua cheia as

marés se elevam muito, como se o próprio oceano estivesse sendo puxado para fora do leito. O mesmo

acontece em terra firme, mas o efeito não é tão aparente por causa da densidade dos hemisférios. Se a lua,

porém, ficasse tão brilhante quanto o sol, não haveria terra, mar ou muralhas que permanecessem incólumes.

Os próprios continentes seriam agitados como um pedaço de pano, e o oceano seria arremessado contra as

bordas do solo e todas as grandes cidades ficariam submersas, já que foram construídas sobre rios, lagos ou

mares. E o sol, por sua vez, se brilhasse sete vezes mais forte que o brilho de sete dias juntos, deixaria um

único dia quarenta e nove vezes mais claro. Sem dúvida, os ímpios erguerão a voz para amaldiçoar Deus, e

morrer – e cinco em cada seis Pagãos que se reúnem em Jerusalém com os russos para guerrear, morrerão no

campo de batalha – pois Deus conquistará os russos.

Os relatos acima nos dizem o que acontecerá quando o Senhor arregaçar as mangas e mostrar Seu

poder de salvar um mundo da destruição total. O grande choque contra a terra provocada pelos raios

cósmicos (e cósmico significa grande), quando a grande luz for liberada em sua plenitude sobre o planeta,

6 n. do t.: na Bíblia americana, a palavra para „livro‟ é “scroll” – pergaminho

Sois Deuses


destruirá os ímpios. Aqueles que conhecerem Deus e compreenderem Sua justiça terão o poder de escapar

do fim imposto a um mundo que marcha para a própria destruição, ou que será aniquilado pela ira do Todo-

Poderoso por causa da malignidade dos ímpios.

Se tal descrição faz Deus parecer injusto ou terrível, não é o que pretendo mostrar aqui. Deus terá de

intervir para salvar o mundo, pois este estará explodindo com as bombas feitas pelo homem, que podem

desviar o planeta de sua órbita e varrer a atmosfera. No momento em que a raça humana estiver para ser

destruída, Deus terá de intervir, com amor infinito, para salvar aqueles que não desistiram da busca, que ao

menos tentaram cumprir as leis da Regra de Ouro. Para aqueles que cumprirem as leis de amar ao Senhor

Deus com toda a força do coração, da mente e da alma, a experiência não será desoladora.

E comereis abundantemente e ficareis satisfeitos, e louvareis o nome do Senhor vosso Deus, que

procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo não será mais envergonhado.

E vós sabereis que eu estou no meio de Israel, e que eu sou o Senhor vosso Deus, e ninguém mais; e

o meu povo não será envergonhado para sempre.

E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas

profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões.

E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito.

E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumo.

O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.

“E há de se que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Joel, 2:26-32)

A promessa é de qualquer pessoa que se encontre na terra nesse momento de destruição, e invoque o

nome de Deus, será salva. Isso pode ser verificado em Atos, 2:21 e Aos Romanos, 10:13.

Depois virá a grande paz pela qual os homens têm dado a vida por mais de duas gerações. “E irão

muitas nações, e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine

os seus caminhos, e nós andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor de

Jerusalém. E julgará entre muitos povos, e castigará poderosas nações até mui longe, e converterão as suas

espadas em enxadas, e as suas lanças em foices; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem

aprenderão mais a guerra.” (Miq., 4:2-3) Essa escritura é confirmada em Isaías, capítulo 11, e nos três

últimos capítulos do Livro do Apocalipse.

O grande dia está próximo – o grande dia de Deus Todo-Poderoso. Quando os exércitos da Rússia

alcançarem o Irã e o vale ao norte de Jerusalém, o vale de Jeosafá saberá que o resto está por vir. Saberá

que logo o grande e poderoso Espírito de Deus cobrirá a terra em sua plenitude, sem a barreira da atmosfera

para segurá-lo.

O fluxo infindável da energia liberada pelos raios cósmicos seria realmente o “grito de morte do

universo” se fosse despejado no universo sem retorno da energia ou do poder dispersados. Mas o processo

da respiração consiste em inalar o sopro da vida e novamente exalar. Assim é o processo dos raios cósmicos.

É um ciclo de inalação e exalação da energia eterna da vida. Pode, na verdade, ser comparado com o sistema

circulatório do corpo humano – o eterno retorno do sangue à fonte para ser purificado e mais uma vez

bombeado por todo o corpo. Isso é vida, eterna e infindável. Assim é a energia geradora de vida fluindo

continuamente de volta à grande fonte. É enviada e retorna. Toda prece oferecida – todo esforço, por menor

que seja, para se realizar algo digno – toda melodia liberada – toda vibração de amor de um coração humano

– todo sacrifício – toda centelha de coragem exercida – toda tempestade, vento e lágrima – toda dor de

angústia – tudo coleta energia e a libera de volta à fonte eterna da vida. Sim, dos altares de sofrimento da

humanidade, a energia retorna. O preço de cada nascimento é pago em dor e agonia. Os cientistas ainda não

se deram conta dessa energia eterna circulante, fluindo sem cessar, nem dos grandes poderes contidos nos

desejos justos do coração humano.

No princípio, essa gloriosa fonte de luz, vida e energia, através da qual e pela qual os mundos são e

foram criados, era chamada de “Cristo”, que significa “ungido de luz”. Era o Verbo. E o VERBO era a luz e

a vida dos mundos, e dos homens – e se fez carne – e é a essência da verdadeira luz – a luz de Deus. Por

isso, é verdade que “Nele vivemos e nos movemos e existimos.” E “por Ele e Dele somos constituídos” ou,

em outras palavras, existimos. E assim concluímos que não somos apenas feitos por ELE, mas também

Sois Deuses


DELE, como atestam as escrituras, pois somos feitos – ou compostos – basicamente dessa própria foça de

luz – a energia eterna – a fonte de toda a vida. Estamos imersos nela. Somos compostos dela, mas não a

compreendemos. É a “luz que brilha na escuridão, e a escuridão não a reconhece.” Não a entendemos mais

do que os peixes entendem a água.

Essa luz também é conhecida pelo título de Espírito Santo de Deus. E quando nos tornamos cientes

dela, sabendo não apenas que nos cerca, mas está em nós e nos atravessa, podemos atraí-la com poder e

inteligência ampliados. Quando paramos de ignorá-la, ela se torna uma fonte de poder divino em nosso

interior. Podemos nos banhar em sua luz; não apenas refrescar a pele do corpo, mas renovar toda célula e

partícula de nosso ser. Quando a contatamos com a consciência, estabelecemos uma conexão imediata com a

mente e a vontade de Deus Todo-Poderoso.

Sentiremos Seu poder fluindo em nós. Quando aprendermos a amar e reverenciar esse Espírito

Santo, seu amor nos envolverá completamente e nenhum mal poderá nos atingir.

“E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a

plenitude de Deus.” (Ef., 3:19)

Há um escrito indiano que descreve o Espírito Santo de Deus como o “Todo Eu Espírito de Deus”.

Quando recebemos essa completa dádiva de glória e luz, não precisamos absorver ou usar somente um

pouco da luz cósmica para nos mantermos vivos; podemos, através da compreensão, contatar em sua

plenitude este “Todo Eu Espírito” que preenche o espaço, traz todo o conhecimento e é o perfeito amor e a

luz de Cristo, pois em seus reinos não há tempo nem espaço. “É sempre presente.” Através desse glorioso

veículo de Espírito, o homem pode entrar em contato direto com Deus – e a própria luz e poder e

inteligência de Deus passam a residir nele. Ele se torna um em Deus. E gradualmente, à medida que se

purifica e coleta mais dessa fonte de luz envolvente, começa a compreender Deus plenamente, “sendo

animado Nele e por Ele.”

O Espírito Santo de Deus é o dom mais sagrado que o homem pode receber, pois em sua plenitude

há luz – E, se voltardes o olhar para minha glória, vossos corpos se encherão de Luz, e não haverá mais

trevas em vós; e o corpo que se enche de Luz compreende todas as coisas (mesmo Deus). Por isso,

santificai-vos, de modo que vossas mentes se voltem para Deus, e o dia virá em que podereis vê-lo; pois ele

revelará Seu rosto, e será de Sua maneira, em Seu tempo e segundo a Sua vontade.

“Lembrai da grande e última promessa que vos fiz; afastai de vós os pensamentos ociosos e o

excesso de riso.” (D & C , 88:67-69)

O Espírito Santo de Deus contém tudo o que a alma do homem pode desejar – sabedoria, luz, vida

abundante e eterna, compreensão, paz, alegria, felicidade e abundância – pois todas as coisas serão

concedidas àquele que já possui muito. É um amor tão doce e envolvente que não pode haver mais discórdia,

medo ou confusão. É a perfeição completa de vida e poder. Sempre esteve conosco, cercando-nos, batendo à

porta de nosso intelecto, tentando entrar; mas nunca abrimos a mente para recebê-lo. “Eis que estou à porta,

e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.”

“É o Espírito que ilumina todo homem que vem ao mundo.” Ilumina todo homem de acordo com sua

atenção, empenho e reverência. É conhecido como a grande e gloriosa dádiva do Espírito Santo quando o

homem abre a mente e o coração, através de grande desejo, amor perfeito e obediência verdadeira, para

recebê-lo plenamente. Só assim, o homem obterá tudo o que o Espírito pode conceder.

Quase todas as pessoas são inspiradas, ocasionalmente. Às vezes chegam a um ponto alto de

inspiração – e depois ficam sozinhas novamente, na escuridão. Isso é causado pela falta de compreensão das

leis do Espírito. O Espírito Santo é mais puro que qualquer substância que o homem possa conceber. É luz

pura – é a própria essência do amor perfeito – é o poder divino de Deus Todo-Poderoso – é ternura,

compaixão e misericórdia; por isso, qualquer pensamento de discórdia, egoísmo, idolatria, orgulho,

pretensão, ciúme ou raiva não o deixa entrar em nossa consciência. Os benefícios são eliminados de nossos

corpos, e estes começam a ficar flácido, velho – e acabam morrendo – e é assim que arrastamos a vida,

incapazes de entender onde erramos.

Com a compreensão plena, isso não precisa acontecer; o Espírito de Deus não faltará em nossas

vidas. Esse grande Espírito Santo está sempre ao nosso redor, ocupando todo o espaço, envolvendo-nos em

Sois Deuses


seu amor divino, tentando entrar em nossa consciência – pois é o único lugar de onde ele é excluído.

“Aproximai-vos de mim, e eu me aproximarei de vós.” É um estado de percepção. Quando nos tornamos

conscientes dele, ou percebemos sua presença, começamos a sentir sua grande força espiritual e

compreender sua glória. Para conseguirmos isso, devemos elevar os pensamentos, fazer deles uma melodia,

respirar uma música de devoção gloriosa. Esse processo bane as trevas e nos permite regozijar nas bênçãos

do Espírito Santo de Deus, recebendo-o em todo seu poder e plenitude. Ele preparará nossas mentes e nossos

corações para receber a revelação total de Jesus Cristo – e Ele, por Sua vez, nos revelará o Pai, e

compreenderemos Deus. Nosso progresso até a divindade é, portanto, um procedimento baseado

inteiramente em nossos desejos de conhecer e compreender. Todo o poder do céu e da terra pode ser nosso,

se acreditarmos e seguirmos a crença até sua realização completa.

“Compreender” Deus não será mais uma tarefa impossível. Na verdade, não será difícil sequer

começar a compreendê-lo, já que o homem inventou o rádio e a televisão. Uma pessoa pode transmitir

mensagens que ecoam instantaneamente por toda a terra. Qualquer aparelho sintonizado pode captar suas

palavras ou músicas e sentir as vibrações de seus pensamentos. Com a televisão, pode-se até ver o rosto do

transmissor. Se o homem é capaz de criar essas maravilhas, sob inspiração de Deus, maravilhas que já

começamos a “subestimar”, certamente Deus, que tudo sabe e é mais poderoso que o homem, e tão

divinamente perfeito na percepção plena de TODOS os Seus poderes, é capaz de muito mais.

É um fato óbvio que Deus pode guiar o universo e, ao mesmo tempo, saber sobre a queda de um

pardal. Diz-se que tudo pertence a Ele. Acho que o mais certo é dizer que Ele pertence a todas as coisas – ao

pardal, pois o criou e deu-lhe vida – ao mundo que formou – ao homem que fez à Sua imagem e semelhança,

com todos os Seus atributos. Deus pertence a todas as coisas com tanta ternura, amor infinito, anseio e

paciência, que todo sofrimento pode ser curado instantaneamente se o orgulhoso homem assim o permitir e

não mais tentar controlar tudo através de sua cegueira humana. Deus, através do Espírito de Seu poder pode

contatar todo o espaço. Pode ouvir o sussurro de uma criança, o choro de uma viúva, a prece dos justos, e

pode guiar o destino dos homens, pois o Espírito tudo preenche – e Nele não há espaço nem tempo – é

sempre presente, um contato imediato do trono de Deus com os reinos mais remotos do universo. Nenhum

mundo foi por Ele criado e esquecido – nenhum homem pode se afastar totalmente Dele. E ainda assim, com

tanto amor e poder imensuráveis, Deus jamais tenta se impor a homem algum. Sua atitude é sempre

“aproximai-vos de mim, e eu me aproximarei de vós.” “Buscai-me e me encontrareis.”

Deus jamais se impõe a nenhum de Seus filhos. Faz, isso sim, um convite: “Vinde a mim e vos darei

descanso.” E as palavras: “E quantas vezes eu vos teria abrigado, como uma galinha abriga sua prole sob as

asas, mas vós não mo deixeis.” “Buscai-me e me encontrareis, pois todo aquele que busca, encontra.” “Pedi

e recebereis conhecimento e sabedoria, e amor e verdade e poder, ou qualquer coisa que seja o desejo

ardente de vossos corações.” “Àquele que bate, a porta do Reino dos Céus será aberta.” “Porque, aquele que

pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre. E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe

pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus,

sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhos

pedirem?” [Mat., 7:7-11] E a tais dizeres, que se acrescente: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria,

peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada. Peça-a, porém, com fé,

não duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma

para outra parte.”

“Sim, em ciúme ele [o homem] cede ao Espírito que em nós habita.” (Tiago, 4:5-6 texto original em

grego)

Quando aprendermos a “pedir em espírito”, ou liberar nossos desejos nessa grande substância do

Espírito, estaremos cumprindo a lei e o desejo de Deus, e pedindo de acordo com Sua vontade – pois a lei

tem de ser cumprida.

Toda pessoa que aprende a amar a Deus sabe e sente que o divino amor do Pai a envolve. Conhece

proteção, segurança, paz e poder que nada na terra é capaz de proporcionar. E a cada pessoa que buscar

Deus com devoção, chegará o grande momento de saber – pois a eterna lei de Deus é que a oração sincera e

contínua seja atendida. O ato contínuo de pedir purificará a alma e a preparará para receber o que quiser.

Sois Deuses


Sim, a todo aquele que bater à porta (ou véu) do santuário interior de Deus, ou reino Celestial, esta lhe será

aberta. Esta é a promessa do Todo-Poderoso a todos os filhos da terra – “TODOS OS QUE PEDIREM,

RECEBERÃO.” Quando Deus for finalmente encontrado, e o homem o conhecer, saberá, maravilhado, que

ele próprio faz parte da glória e do poder do Todo-Poderoso, e assumirá seu lugar com Deus, onde nada lhe

será impossível.

Deus não pode ser monopolizado. Ele pertence igualmente a todos os filhos da terra. Nenhum

indivíduo ou grupo tem monopólio sobre o Senhor. Ele atenderá ao clamor de todo homem que peça ajuda,

sabedoria, conhecimento e compreensão – sim, Ele continuará a despejar conhecimento sobre todo aquele

que busca a Verdade, até o depósito de conhecimento se abrir totalmente e o homem se encher de luz e

compreender todas as coisas – até o homem acreditar, pedir, bater e buscar.

Está chegando a hora em que a humanidade não aceitará mais os ensinadores que só transmitem

palavras, que tentam pavimentar o caminho que conduz a Deus com suas próprias personalidades. Esses

homens serão empurrados para o lado, pois nem entram nem deixam os outros entrar. Todo homem tem o

direito e o poder de encontrar Deus, de ser dirigido por Ele, caminhar com Ele, conhecer Sua mente e

vontade – pois Deus pertence a todos. Ele não pode ser monopolizado, embora com o passar das eras,

milhares de pessoas tenham sido sacrificadas por aqueles que alegavam possuir um monopólio sagrado.

Todas as obras do homem têm sido erradas, tentando converter, instruir, purificar ou aperfeiçoar os

outros – nunca a si mesmo. Primeiro, o trabalho de Deus deve ser aperfeiçoado em cada homem, antes que

este possa auxiliar na salvação do próximo. Após ter removido a imperfeição de seu próprio ser, o homem

verá claramente que é capaz de remover a névoa que encobre a visão de seus irmãos para que eles também

vejam a luz. Luz e contato direto com Deus são a herança direta de todo homem – e ninguém tem o direito

de guiar os outros, se não tiver ele próprio o poder do contato – “Pois o reino de Deus não consiste em

palavras, mas em virtude (ou poder)” – poder para realizar as obras de Deus, curar os doentes, abrir os olhos

dos cegos, devolver a audição aos surdos, fazer os aleijados andar – todas as obras, enfim, que Cristo

realizou – e obras ainda maiores. Busque Deus – encontre-o, e esse poder será seu. Ele espera pelo

momento de agraciá-lo, quando sua alma estiver humilde, quando seu coração e sua mente estiverem

completamente purificados, “pois nenhum homem pode realizar milagres em nome de Jesus Cristo até que

esteja purificado e limpo de todo pecado.” Para esse, nada é impossível.

O próprio Deus é poder, amor e luz totais. Quando encontrá-lo, você também terá essas dádivas,

pois será como Ele, “Pois tudo o que é do Pai, é também vosso.” Você já tem acesso a todo esse poder

inefável. Tudo o que é do Pai já é seu – faça bom uso. “Conhece a verdade e a verdade te libertará” de toda a

escuridão e necessidade.

Portanto, em Sua grande e poderosa majestade, em Seu humilde e doce amor, em Sua compaixão e

paciência infinitas, Deus espera que você se volte para Ele e receba literalmente tudo o que Lhe pertence, e

se torne como Ele, bom, caridoso, humilde, misericordioso, e finalmente se inunde da luz do saber e poder

majestosos. Essas grandes bênçãos só podem ser alcançadas se você pedir, buscar e desejar. Qualquer

presente não desejado não é devidamente apreciado, não traz alegria e é considerado algo de somenos

importância. Para que os presentes Dele sejam usados, precisam antes ser compreendidos, apreciados e

desejados com reverência grande e sagrada.

Coloque-se por um momento acima do tumulto do dia-a-dia e sinta o grande e abrangente amor de

Deus envolvê-lo. Não é necessário tentar alcançá-lo por chamadas a longa distância, ou através de um santo

ou símbolo qualquer. Aliás, os homens perderam o contato por causa desses métodos. Eles colocam Deus

em um lugar na infinidade, alguma esfera distante e inacessível, e então, tentam chegar a Ele. Pare de tentar

enviar suas preces através da eternidade, com a força do intelecto. Em vez disso, “aquiete-se” e sussurre

gentilmente no pequeno microfone dentro de seu coração. Diga as palavras delicadamente, mas com

firmeza, do mesmo modo como conversa com o subconsciente tentando imprimir alguma idéia lá – e

finalmente acredite. Abra a alma para sentir o grande amor de Deus penetrar-lhe o ser, cada fibra e tecido.

Regozije-se nesse amor, pois a onisciência, o poder e as forças do Senhor estão se tornando ativas em sua

vida – observe como seus desejos serão realizados, se você continuar rezando e agradecendo, glorificando o

Senhor a cada fôlego e com cada pensamento. Cristo tentou ensinar que Deus pertence a todos – a você – a

Sois Deuses


seus seguidores, mostrando claramente que nem Ele tinha monopólio sobre os favores do Pai. Por isso, disse

repetidas vezes: “A meu Deus e vosso Deus” – “A meu Pai e vosso Pai”. Tal afirmação é tão verdadeira hoje

quanto o era naquela época, pois, por mais abatido e machucado que você esteja, por pior que tenham sido

seus erros e mais rebelde que seja sua mente, por mais lenta que seja a sua compreensão – Ele ainda é seu

Pai – e, no momento em que você se voltar para Ele, Ele se voltará para você – para puxá-lo mais perto – e

os céus rejubilarão e os anjos cantarão.

Assim, esse grande e poderoso Deus, esse nosso Pai celestial, cujo poder se estende pelas fronteiras

infinitas do espaço, Que nos ama com um amor além de nossa compreensão, Que é todo-poderoso e tudo

sabe, torna-se um Deus pessoal a todo homem que o buscar com devoção – como se manifestou

pessoalmente a Abraão, e o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó – por isso Ele é meu Deus, e seu Deus. A

própria reverência e o afinco exercidos no aprendizado do uso de nosso pequeno aparelho transmissor e

receptor, o próprio desenvolvimento da candura no coração ao cumprir a função verdadeira,

automaticamente purificará qualquer pessoa que começar a usá-lo. “E Cristo ordenou à multidão, e também

a seus discípulos, que cessassem de rezar. E ordenou-lhes que não cessassem de rezar em seus corações.”

Sim, “buscai-me com devoção e me encontrareis.” Segundo a definição do dicionário, devoção – ou

afinco – significa: “aplicação constante, perseverante; procedimento com cautela e constante esforço.”

“Buscai-me e me encontrareis” significa buscá-lo logo no começo do dia, antes que você se levante da cama.

“Aquieta-te” significa sussurrar delicadamente em seu pequeno “microfone” as necessidades para o dia,

agradecer a Deus por escutar. Quando agimos assim, ele faz mais por nós do que simplesmente escutar.

Logo, você compreenderá o significado de “Eu sou, Deus”. Quando rezar dessa maneira, aprenderá a

libertar a mente física das preocupações e dos temores, e deixará que Ele lhe prepare um dia de glória – e

você aprenderá a caminhar com Ele.

Em Atos, 17:26-28, Paulo nos dá a seguinte informação: E de um só fez toda a geração dos homens,

para habitar sobre a toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua

habitação.

Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe

de cada um de nós.

“PORQUE NELE VIVEMOS, E NOS MOVEMOS, E EXISTIMOS.”

O texto original em grego não usa a palavra “tateando”, mas sim “sentindo [Deus]”. Portanto, o

conhecimento de Deus vem primeiro como uma “sensação”, que pode ser expandida em conhecimento

positivo e “Vós conhecereis Deus.” Sim, “Aquieta-te e saiba que Eu sou, Deus.”

“Aquele que vem a mim, eu não o expulsarei”, disse Cristo, por mais sujo, pecador, pobre ou

miserável que seja o indivíduo. Ninguém que o procure com o coração aberto será rejeitado. Ninguém será

condenado. E se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não

lança em rosto.” Esse é o padrão perfeito. Primeiramente, é preciso pedir – não necessariamente sabedoria.

Pode ser o desejo sincero de seu coração, qualquer que seja. Talvez um pedido de cura para a desolação de

sua alma – um alívio da dor ou da tristeza, da pobreza ou estupidez, ou da fraqueza humana. Depois, a

promessa terá validade para sempre: se você pedir, Ele nunca lhe negará, nem o condenará ou ignorará. É

tão mais fácil alcançar Deus que qualquer autoridade ou governo terreno.

Ó vinde confins da terra, e Ele os protegerá sob Suas asas, como a galinha protege a sua prole, das

grandes tempestades que cobrem a face da terra.”

“E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem

quiser, tome de graça da água da vida.” (Apoc., 17:22)

NOTAS:

Aqui seguem algumas referências da Bíblia que proclamam Deus como o Ser divino de luz majestosa e

poder.

Jer. 23:23-24; Ef. 4-6; João 15:4,5,7 e 10 e D & C 50:43-45 a quem tiver acesso aos apócrifos. Ainda em

Gál 2:20; Fil 4:4-7 & 9; I Cor. 3:16-17; II Cor. 6:16; João 4:22-24; Atos 17:27-28; Col 1:12-17; I João 3:1-3;

João 4:15-18; e João 4:14.

Sois Deuses


Em seguida, as referências que o proclamam como ser pessoal que apareceu a vários homens na terra:

Gênesis, onde Adão recebe instruções detalhadas em várias ocasiões, e o relato de como ele se escondeu

depois da transgressão – etc. Ver II. Pedro 3:8; Gên. 5:22, 24; Gên. 12:1 e 7; Gên. 13; 14-17; Gên. Capítulo

17; Gên. 32:30; Gên. 35:9-13; Êx. Capítulos 3 a 14 contêm relatos sobre contatos diretos entre Deus e

Moisés. Êx. 24:9-17; Êx. 33:9-11 e 18-20; Mar. 14:62; Luc. 22:69; Heb. 1:1; Atos 7:48-60; Col. 3:1; Apoc.

1: 13-15; e Ef. 3:10.

Agora, para aqueles que tiverem acesso aos maravilhosos relatos conhecidos como Doutrina e Convenções

(Doctrine and Covenants), recomendo esta lista para orações: Sec. 63:23; Sec. 67: 10-13; Sec. 88:6-13; Sec.

88:6-13; também os versículos 40-41, 45-50, 67-69; Sec. 93:1-37; Sec. 84:44-47; Sec. 76:24-25; Sec. 19:16;

e Sec. 76:14.

Capítulo XIII

O PODER DA TRANSMUTAÇÃO

“Aquele que agradecer por todas as coisas, se tornará glorioso; e as coisas dessa terra lhe serão

dadas, multiplicadas por cem, e mais.” (D & C 78:19)

Os antigos químicos eram homens de grande coragem e compreensão espiritual. À medida que suas

almas buscavam a luz por trás da escuridão e dos dogmas ortodoxos da idade das trevas, eles adquiriam

conhecimento e compreensão. Se tivessem revelado as grandes verdades descobertas em suas gloriosas

pesquisas, teriam pago o preço com a própria vida. Eles sabiam que o mundo não estava pronto naquela

época para o conhecimento que haviam adquirido após anos de busca e oração. Tais verdades eram sagradas

demais para serem expostas ao homem comum, de mentes gananciosas, que poderia usá-las para a

destruição. Esses alquimistas, fiéis à confiança que lhes fora depositada, fizeram segredo de suas

descobertas, deixando apenas breves indicações do poder que possuíam.

Roger Bacon, um dos primeiros alquimistas, foi totalmente rejeitado e acusado pelas autoridades da

igreja de herege, ou de ter feito um pacto com o demônio. Ele desejou o conhecimento simplesmente para

trazer benefícios ao mundo. Por causa da cegueira dos líderes religiosos, seu trabalho nunca foi exposto.

Todos os seus livros, suas preciosas obras de uma vida dedicada à pesquisa, foram confiscados e queimados

em praça pública.

A única informação que sobreviveu aos ataques do tempo e à zombaria dos cínicos foi a de que os

alquimistas sabiam transmutar chumbo em ouro. Eles próprios, porém, jamais se gabaram disso, insistindo

apenas que tinham a capacidade de transmutar elementos ou condições grosseiras em uma qualidade

espiritual superior.

Os segredos dos alquimistas, por causa do mundo das trevas em que viviam, foram cuidadosamente

guardados, mas algumas revelações chegaram à atualidade, dando-nos uma breve visão de seu

conhecimento. A imagem da transmutação dos metais básicos em ouro simbolizava a salvação do homem –

a transformação de sua alma em ouro espiritual, que só seria obtida eliminando-se todo o mal e permitindo o

desenvolvimento do bem, pela graça de Deus. Era um símbolo de salvação ou transmutação espiritual

descrita como NOVO Nascimento, ou a “união com o Divino”.

Cada homem deveria encontrar os próprios segredos, embora Cristo demarcasse o caminho. “Buscai

primeiro o reino de Deus, e todas as coisas vos serão acrescentadas.”(Inclusive as necessidades temporais.)

“Trabalhai, não pela comida que perece”, etc.

A verdadeira lei da alquimia é esta: toda condição de vida pode ser transmutada em glória e tornar-

se divinamente bela. Se aceitarmos e abençoarmos tudo, agradecermos a Deus “por todas as coisas”,

poderemos transmutar as experiências amargas e as condições indesejáveis através dessa perfeita lei da

Sois Deuses


ciência, que é a química, em amabilidade espiritual, e receber ainda o dom de transmutar nossos desejos

espirituais e sonhos em realidade tangível.

Assim o ouro é obtido do chumbo, a beleza da feiúra, a alegria da tristeza, a luz da escuridão. Essas

leis infalíveis da química são a JUSTIÇA ou as leis perfeitas de Deus. “O homem é salvo assim que obtém o

conhecimento.” À medida que o conhecimento e a compreensão aumentam, o homem é salvo de todas as

condições destrutivas e tétricas do nível material de existência.

Essa lei da química nunca falha. Ou deveríamos dizer lei da “alquimia”, que significa toda a

química? “Toda a química” inclui as leis espirituais de mudança e transformação, bem como as leis

materiais e os elementos. Essa “química” é o poder de Deus em ação. É a ciência mais exata e positiva.

Certos procedimentos sempre geram os mesmos resultados. As leis da química são eternas, imutáveis. Desde

o início da existência, e por toda a eternidade, H2O foi e sempre será a fórmula da água. Toda fórmula

testada e comprovada em uma época permanecerá válida para sempre.

As leis de “toda a química”, que também incluem a substância espiritual e os elementos, são uma

combinação perfeita, de resultados tão positivos como a fórmula H2O, que inclui duas substâncias que não

podem ser manipuladas ou vistas, mas que, combinadas, produzem um elemento tangível, absolutamente

essencial à vida. Por isso, as leis da química espiritual de toda a existência são tão perfeitas quanto as leis

químicas usadas em um laboratório construído e equipado pelo homem. São as leis eternas de Deus sendo

usadas para transmutar qualquer condição, elemento, solidão, dor, sofrimento ou tragédia.

Quando aplicamos a lei de “toda a química”, a estrada da vida se torna um caminho de luz e, em

nossa alma, a eterna canção de êxtase nunca morre. A fonte de luz nos envolve com sua melodia e graça e

não experimentamos mais tristeza ou desespero na vida.

Quando o indivíduo começa a aplicar as leis da química divina, descobre uma alegria que jamais

imaginou possível. Este êxtase da alma será dele permanentemente, se aprender a guardar seu lugar nos

reinos da luz – ou se permanecer ciente do Espírito de Deus, mantendo-se em sintonia com Ele. No começo,

é difícil. É um trabalho que exige um teste constante de atenção, um esforço para concentrar os pensamentos

no desejo dos mais altos objetivos da existência e perfeição. É preciso aprender a fazer uso constante do

rádio mais refinado da vida – o contato espiritual na própria alma – o microfone divino no coração, até

desenvolvermos “ouvidos para escutar” e “olhos para ver”. É uma experiência divina e maravilhosa estar no

reino do pensamento ou vibração espiritual superior, principalmente após o primeiro contato com esse reino.

Cada vez que o indivíduo assim desenvolvido regressar aos reinos de luz, mais real será a experiência, e as

lembranças amarguradas no coração dos momentos em que estava sozinho o farão sentir que a escuridão é

mais intensa. É possível entrar e sair do reino de luz inúmeras vezes, sem, no entanto, compreender

plenamente o poder da luz e do Espírito de Deus. Mas uma coisa é eternamente certa: a luz de Sua justiça

estará sempre lá para o nosso usufruto – ou o poder através do qual podemos usufruir Sua luz. Afastamo-nos

da luz por causa de um ou outro erro, por nossa falta de humildade, egoísmo ou qualquer outro sentimento

que entristeça o Espírito do Senhor, pois Ele não pode tolerar a presença do pecado – e Pecado é qualquer

pensamento, ato, palavra ou vibração fora de sintonia com as leis celestiais de paz, amor e luz. Quando nos

apegamos à luz, descobrimos que ela afasta as trevas. O amor destrói o ódio, a desarmonia e o medo. A paz

dissipa a confusão. Por isso, quando atraímos a luz, todo o mal é derrotado.

A lei da química funciona rápida e completamente. Não há meias medidas nem especulação. As leis

de “toda a química” são igualmente certas: quando o homem volta os pensamentos para Deus, sente-se

imediatamente envolvido pela luz, que altera as condições ao seu redor. É perigoso ascender aos reinos da

luz e, depois, abandoná-los. O novo elemento de espiritualidade que toca o âmago do ser pode intensificar as

trevas e a confusão, se for rejeitado.

A lei de “toda a química” ou “química Espiritual” é para os nobres, aqueles com desejos profundos

e visão avançada. É para aqueles que desejam superar todas as coisas, que amam ao Senhor e o próximo

como a si mesmos. Mas a lei é também para aqueles ainda não desenvolveram o dom do amor, que ainda

não entraram na estrada de luz; pois ela traz força e poder a quem está determinado a crescer. Ela

desenvolve visão naqueles que ainda não enxergam, coragem no coração dos que falharam, esperança no

seio dos desesperados, e poder na alma dos fracos. Luz e glória existem para todo filho da terra. Assim,

Sois Deuses


quando o indivíduo distila os males da vida, as tristezas e lágrimas, com uma prece, uma mensagem de amor

e calma no pequeno rádio interno, acrescentando uma canção de saudação e glória, começa a grande

transmutação de condições sórdidas em alegria e paz.

É uma experiência gloriosa aprender que o reino de luz, paz, glória e conquista está sempre lá,

esperando que entremos e assumamos nosso lugar. É tão possível recebermos essas bênçãos superiores

quanto um certificado da faculdade, e a satisfação também é a mesma. Quando conhecermos e

compreendermos o poder divino que se manifesta em nossas vidas diariamente, quando o apreciarmos e

trabalharmos com ele saberemos que os grandes dons e poderes que Cristo está ansioso para nos conceder,

já nos pertencem. E então compreenderemos verdadeiramente o sentido destas palavras: “Aquieta-te e saibas

que eu sou Deus.” E “Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em

sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.” “Estes são meus presentes (saúde, felicidade, alegria, paz,

abundância e poder não só para governar a terra, mas para alcançar a eternidade), que estou ansioso para

distribuir entre meus filhos aqui, tão logo estejam preparados para recebê-los.”

Essas são as Suas palavras, e esse é o poder de realização contido no íntimo de cada homem mortal

que deseje aplicar as leis da “química espiritual” e, em humilde adoração, girar as chaves do universo e abrir

os reinos de luz.

Esse poder de luz é o que as pessoas pedem inconscientemente, e sem total compreensão, quando

rezam o Pai Nosso. “Venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu.”

Quando o indivíduo encontra esse reino, pode trazê-lo para a terra, a partir do reino interior do Espírito, e

manifestá-lo em todas as condições externas de sua vida, vivendo sempre nele; e a vontade de Deus se

cumpre através dele, como se cumpriu através de Jesus Cristo.

Essa lei da “química espiritual” é a lei de transmutar todas as condições, vibrações e trevas em

beleza, música e luz. O homem deve aprender a língua dos anjos, ou “falar novas línguas”. Deve falar com a

alma e não através dos lábios, ou mesmo da mente. Aquele que fala com os lábios nada diz. Aquele que fala

com a mente vazia só faz aumentar a confusão e a discórdia. O que fala com a mente rica enobrece as

mentes dos outros homens. Quem fala com o coração ganha a confiança da humanidade. Mas aquele que

fala com a alma cura as feridas do mundo e alimenta as almas famintas dos homens. Consegue enxugar as

lágrimas de angústia e dor. Traz luz porque carrega a luz.

A linguagem da alma é sagrada e bela. Não pode ferir nem magoar. Só traz o bem da glória, pois é a

língua das esferas eternas e dos deuses. É o dom do Espírito, conhecido como “novas línguas”.

“Lembrai-vos, então, quando vos disse que, após receberdes o Espírito Santo, poderíeis falar a

língua dos anjos? E agora, como falaríeis a língua dos anjos, se não fosse pelo Espírito Santo? Os anjos

falam pelo poder do Espírito Santo.”(II Nephi, 32:2).

O mundo está cheio de faladores estagnados que só fazem cansar as mentes, corações e almas de

seus ouvintes. Também está cheio daqueles indivíduos que adoram despejar nos outros sua sabedoria

mundana, numa tentativa de glorificar a si próprios. Mas são tão poucos aqueles que possuem alimento

espiritual, distilado na própria alma, pronto para ser enviado às almas famintas dos homens! Aprenda a

reconhecer a linguagem usada pelos oradores e saberá em quem confiar e quem é enviado por Deus; pois

esses falam com a voz dos anjos – a voz da alma, que lhes é dada pelo poder do Espírito Santo. Essa língua

está esquecida há muito tempo, exceto por algumas poucas pessoas nesta terra. É uma língua de compaixão,

amor doce e misericordiosa, tão puro que pode curar um mundo e envolvê-lo de luz. É uma língua capaz de

subir como uma chama e repreender aqueles que recusam a luz de Deus; esse atributo, porém, só deve ser

usado sob o comando expresso de Deus, e ainda assim o poder do amor deve aumentar dez vezes, quando

usado com esse propósito. Aprenda a proferir somente as palavras que vieram das profundezas de sua alma.

O poder de Deus vem com essa língua, ou linguagem. Jamais é desperdiçado.

Quando o homem realmente aprender a língua dos anjos, descobrirá que pode andar e falar com

Deus, e assegurar sua posição nos reinos de luz. Eliminará de sua alma todo o medo e as trevas.

Desenvolverá o dom majestoso de rezar por aqueles que o agridem. Saberá que a prece dos lábios nada

significa, e que a verdadeira oração – até pelos inimigos – deve vir do fundo da alma e do amor que

preenche seu ser. Assim, qualquer condição de desarmonia, ódio ou confusão pode ser transmutada em paz.

Sois Deuses


A vida se torna uma melodia de saudação, glória e devoções eternas. Cada fôlego é uma canção, pois “Se

alguém não tropeça em palavra, tal homem é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo.”

(Tiago, 3:2)

Há anos, o homem se ressente do fato de ser “escravo assalariado”. Os trabalhadores das estradas

dão testemunho dessa rebeldia. Os milhares e milhares de homens que se desgastam diariamente na labuta

(que esgota a própria alma), expressam seus protestos mais claramente através do desânimo do que com

palavras. São realmente escravos surrados. Quando as chaves do entendimento são colocadas em suas mãos,

porém, eles erguem a cabeça e enxergam mais longe, agradecendo a Deus, tornando-se verdadeiramente

“gratos por todas as coisas”, sentindo a alma despertar em canção e livrar-se dos grilhões. Já não precisam

mais se escravizar. São os mestres, agora. Mestres dos elementos que manuseiam. Mestres do próprio

trabalho e, se continuarem assim, logo se elevarão a um serviço superior, e as coisas desta terra lhes serão

concedidas, multiplicadas por cem, e mais.

Com a língua dos anjos e as chaves da transmutação, o homem viaja pela estrada da vida eterna. É o

poder e o reino onde a grandeza de Deus pode novamente assumir uma vida – um templo – um mundo.

Podemos abraçar cada dia com mais presteza; devemos abençoá-lo, glorificando a Deus por permitir

que o vivamos, em vez de deixar que o dia nos sugue, como ocorre com freqüência. E então, abençoando o

dia, nós o encerramos em glória e o dedicamos ao Pai, glorificando-o para sempre. E quando a noite chega

com suas sombras prateadas, enviamos o dia à eternidade, como uma luz glorificada, pois nossas vidas o

tocaram, nossas almas o acariciaram e nós o vivemos. Esse é o nosso poder: transmutar cada dia na glória de

Deus – e assim toda condição da vida será convertida também em glória e nós seremos filhos da luz.

Quando a mente se torna um amortecedor, ou transformador, e converte todo pensamento em beleza

e amor a Deus, abençoando toda condição, transmutando palavras e pensamentos conflitantes em luz, o

homem sabe que está pronto para as coisas superiores. Esse grande poder de transmutação plena só será

nosso quando aprendermos a viver na luz do Espírito de Deus.

Pois Deus disse que um homem, sendo mau, não pode fazer o bem; pois, se faz uma oferenda ou

reza ao Senhor sem a real intenção, nada lucrará.

“E da mesma forma, recebe tal homem o mal, se não rezar com real intenção; sim, é verdade que

nada lucrará, pois Deus dele nada recebeu.” Moroni 7:6 & 9.

O poder de transmutar é o contato com o centro da alma, através do coração. Somente esse método

garante o aperfeiçoamento. É o ponto de concepção e realização.

Capítulo XIV

A SUBSTÂNCIA DOS ELEMENTOS ETERNOS

Já que as coisas tangíveis às quais nos apegamos são apenas sombras passageiras, ou vibrações,

conforme a ciência as classifica, então devemos dar outro passo.

Neste mundo, ou estágio de existência, vivemos por símbolos. Usamos símbolos escritos ou orais

para expressar todo tipo de pensamento ou sentimento e para identificar pessoas e objetos. As palavras são

apenas símbolos. Os nomes, também. O nosso alfabeto é uma coleção de pequenos símbolos que podem ser

organizados em palavras – e as palavras em frases – as frases em pensamentos – e os pensamentos em

conhecimento. A Deus cabe o título de posse do “A” e do “Z” do alfabeto, ou o “Alfa e Ômega” , que inclui

todas as outras letras intermediárias e pode expressar ou conter todo o conhecimento.

Os símbolos apenas representam as coisas, mas não são a verdadeira realidade. O dinheiro é

considerado o fator mais importante na vida porque representa poder e segurança. Por si só, o dinheiro não

tem o menor valor, embora com ele, seja possível comprarmos conforto e os artigos de luxo da terra.

Algumas pessoas se esqueceram do verdadeiro significado por trás do símbolo, a bênção de abundância

como dádiva de Deus, e passaram a adorar o próprio símbolo. Assim, o ídolo tornou-se o deus, recebendo

Sois Deuses


todos os tributos. As pessoas gananciosas, medíocres e ignorantes que detêm o símbolo, são exaltadas e

elogiadas pelas massas de invejosos, e passam a acreditar em sua própria importância e ostentação vulgar.

Esses símbolos terrenos perdem a importância diariamente, à medida que a ciência vai descobrindo

que todos os materiais, toda substância, todos os sólidos, todas as coisas, enfim, são apenas vibrações de luz

expressas num plano material ou talvez simbólico. Há tanta diferença entre o símbolo e a realidade quanto

entre as letras do alfabeto e os grandes pensamentos que podem ser organizados em forma tangível por elas.

Assim, parece que nos apegamos aos blocos de construir com que brincávamos na infância como símbolos

da existência, em vez de entrarmos no terreno da realidade.

No próximo estágio de existência, não poderemos mais usar símbolos, mas teremos de lidar com a

substância real e eterna da própria vibração. As vibrações de luz e amor serão os elementos eternos de nossa

existência – e por trás de todas as vibrações está a força do pensamento ou a inteligência que as originou.

Quando chegarmos a ponto de não mais lidarmos com símbolos, mas sim com a substância eterna de

pensamento e vibração, cada pessoa será avaliada não pelo que possui ou sabe, tampouco por quem ela é,

mas pelo QUE É. Cada pessoa descobrirá que é a personificação de todos os pensamentos e vibrações que

criou e emitiu na vida.

Mesmo neste plano, as vibrações têm um papel mais importante na nossa vida do que a ciência

consegue medir. Pensamentos maldosos e conflitantes produzem pressão alta, causam derrames e até a

própria morte. O ódio acumulado em um indivíduo pode gerar toda espécie de doença e, com o tempo,

destruir-lhe a vida. Algumas pessoas cavam a própria cova com a língua, ou com seus pensamentos de raiva,

inveja, crítica, desarmonia, autopiedade e descontentamento. Quem se deixa dominar por pensamentos

negativos acaba desenvolvendo problemas e males físicos, envelhece mais rápido e seus traços perdem a

beleza. Asma, problemas cardíacos, distúrbios do fígado, câncer ou quaisquer outros desconfortos físicos

costumam ser provocados por temperamentos inadequados e uso negativo da palavra. Daí o conselho de

Cristo àqueles que curou: “Segue teu caminho e não peques mais, para que uma coisa pior te não suceda.”

Pessoas cruéis e dominadoras, desprovidas de amor e compreensão, carregam um fardo muito

pesado.

Pensamentos alegres e estimulantes produzem um ritmo vibrante, musical, que mantém o estado

físico equilibrado, pois, do ponto de vista verdadeiramente espiritual e científico, o corpo é vibração ou

Espírito. “Pois o homem é espírito. Os elementos são eternos, e espírito e elemento, inseparavelmente

ligados, recebem uma plenitude de louvor. Os elementos são o tabernáculo de Deus; sim, o homem é o

tabernáculo de Deus, o próprio templo; e quando o templo for deflagrado, Deus o destruirá.” (D & C, 93:33-

35)

O cimento pode ser moldado na forma desejada; a pedra pode ser esculpida; mas o homem deve ser

formado, lentamente, pensamento a pensamento, palavra por palavra, ato por ato. O próprio homem é o livro

da vida, pois nele estão contidos os registros de todos os seus pensamentos e atos – ele é ao mesmo tempo o

registro e o autor.

Vibração é a substância real, eterna, da existência. Aqueles que criaram vibrações contínuas de

maldade e desarmonia através de pensamentos e palavras automaticamente herdam reinos escuros de

vibração inferior, a menos que se voltem para a luz e comecem a vivê-la e usá-la para a própria

transformação e progresso. Por trás da vibração sempre há o poder do pensamento que a liberou ou criou.

Daí a grande necessidade de compreender e usar com afinco a força dinâmica da criação, que está

armazenada em nossas mentes e almas, pois não somos nem mais nem menos que os pensamentos e as

vibrações que emitimos para o universo.

Essas eram as coisas fantásticas a que Cristo se referia quando mostrou os presentes que estava

ansioso para distribuir entre os habitantes da terra, tão logo estivessem preparados para recebê-los; saúde,

felicidade, riqueza, prosperidade e não apenas poder para governar a terra, mas para alcançar o universo e

trabalhar nos reinos de glória e domínio.

A menor e mais amorosa criança, cujo coração está cheio de fé, será mais importante que os maiores

estudiosos, cientistas, artistas, inventores ou governantes, que gananciosamente se apegam à glória pessoal à

custa do sacrifício de outras pessoas, e que, por serem egoístas ou cruéis, distribuem vibrações de

Sois Deuses


desarmonia. Daí a importância de adorar a “Deus com toda a força da mente e da alma, e amar o próximo

como a si mesmo” e de “perdoar os inimigos”. Estes conselhos contêm as chaves de glória, domínio, luz e

vida e se estendem para além da terra até os terrenos espirituais de vibração, guardando o próprio poder da

realidade e da criação.

Faz parte da natureza humana desejar que os outros sejam perfeitos, enquanto nós mesmos não o

somos, e aceitamos ou ignoramos as próprias faltas, seguindo o caminho da autopromoção. Sim, essa é a

natureza humana. Mas ela pode ser conquistada e glorificada, como simboliza a esfinge do Egito. Esse

antigo monumento existe desde os primeiros estágios da história do mundo, indicando que a inteligência do

homem pode dominar seus instintos e paixões animais e que ele, coroado de divindade, supera e sobrevive a

tudo, elevando-se acima das tempestades, triunfante para sempre. Nenhum símbolo terreno pode ter mais

significado que essa mensagem eterna, que supera as areias do tempo e testifica o poder existente no

homem.

É nosso direito e privilégio, e está dentro de nossas possibilidades, ficar acima das vibrações mortais

terrenas, dos instintos animais e das transgressões, se herdarmos tudo o que o Pai tem para nós, que inclui

saúde, felicidade, paz, alegria, progresso, conquista e glória. E isso não se refere somente à eternidade.

Temos esse direito aqui e agora, acima das areias do tempo, mas em nossa esfera terrestre.

A autopromoção é sempre errada. É crítica. É idolatria pura. Não é cristã. É cruel. E certamente não

tem lugar nos reinos superiores do pensamento. Para se autopromover ou acreditar somente em sua própria

justiça, um indivíduo deve se considerar superior ao próximo, em posição de julgá-lo e condená-lo por suas

fraquezas.

Acusação é uma empreitada perigosa. No Livro do Apocalipse (12:10), deparamo-nos com essas

assustadoras informações: E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora chegada está a salvação, e a

força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derribado,

o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite.” Compreendemos, com esses dizeres, que Lúcifer

foi expulso do céu porque não via a bondade de seus irmãos, mas somente suas fraquezas. Depois de um

certo tempo, ele se tornou todo o mal que via nos outros, e teve de ser expulso, caindo na terra.

No texto original em grego, vemos que a palavra “diabo” é traduzida como acusador.

Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo acusador.

Então o acusador o transportou à cidade santa, e o colocou sobre o pináculo do templo.

Novamente o transportou o acusador a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do

mundo, e a glória deles.

“...Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o acusador o deixou e todos os anjos o

serviram.” (Mat., 4:1,5,8,9,10 3 11)7 No Evangelho segundo Lucas, capítulo 14, versículos 2, 3, 5, 6, 8,

13, a palavra “acusador” também é usada, em vez de “diabo”.

“E os que estão junto do caminho, estes são os que ouvem; depois vem o acusador [diabo], e tira-

lhes do coração a palavra.” (Luc., 8:12)

“Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é o acusador [diabo].” (João,

8:44)

Se em nossos corações há o poder de acusar, condenar ou diminuir o próximo, então também somos

acusadores e perderemos o caminho da divina luz e misericórdia, assim como aconteceu com Lúcifer. Se

expressarmos nossos pensamentos críticos em palavras, então o pecado será duas vezes maior.

E há ainda aqueles que enganam o próximo para obter dinheiro e montar uma apresentação diante de

Deus, mostrando como fazem grandes donativos, sentando-se nos locais de destaque dos templos e igrejas.

Isso não passa de pilhéria. “Pois Deus disse que um homem, sendo mau, não pode fazer o bem; pois, se faz

uma oferenda ou reza ao Senhor sem a real intenção, nada lucrará.” (Moroni 7:6) Também há pessoas que

dão ótimos sermões, mas são incapazes de vivê-los. Algumas obrigam seus empregados a trabalhar no

7 n. do t.: no evangelho em português, o texto é exatamente o mesmo, trocando-se „acusador‟ por „diabo‟

Sois Deuses


domingo, para que elas mesmas possam freqüentar a igreja e orar, sentadas no banco da frente. Tais

procedimentos são uma zombaria de Deus, e completamente inaceitáveis.

A devoção dos mais humildes analfabetos, fracos e pobres trabalhadores que dão duro nas fábricas

ou nos campos é uma glória muito maior para Deus que as oferendas hipócritas daqueles que se vangloriam

da própria importância.

Para ser o maior, o indivíduo deve servir a todos – não em ações hipócritas, mas em amor,

misericórdia, compaixão, ternura da alma e humildade no coração. Deve ser realmente o “guardião de seu

irmão”, com um amor que transcende o “self”.

Aquele que é o escolhido de Deus e enviado é ao mesmo tempo o maior e o menor de todos os

servos.

Ele, que possui todas as coisas; pois todas as coisas se sujeitarão a ele, tanto no céu quanto na terra,

a Vida e a Luz; o Espírito e o Poder, enviados pela vontade do Pai, através de Jesus Cristo, Seu Filho.

Mas nenhum homem possui todas as coisas, se não estiver livre de todo pecado.

“E se estiverdes livres de todo pecado, e pedirdes em nome de Jesus, ser-vos-á concedido.” (D & C

50:26-29). Só aqueles que cumprirem essas leis e receberem tais poderes serão realmente grandes – e ainda

se sentirão pequenos, e se tornarão humildes.

Apresento a seguir uma lista de leis não escritas, que devemos compreender para melhorar a terra e

criar vibrações que glorifiquem o mundo. Nunca foram escritas porque nenhuma cidade, estado ou país as

obedeceu, exceto a cidade de Enoque que, de tão perfeita, foi levada da terra. Só através da aplicação das

leis superiores, o homem poderá se livrar da amarga safra de desarmonia, ganância e egoísmo, semeada há

muito tempo na terra. Essas leis profundas devem fazer parte de nossa vida – as leis do Evangelho de Jesus

Cristo – não como são ensinadas – mas como Ele as viveu.

Há indivíduos que sabem viver a vida dos outros: de seus filhos, pais, irmãos e irmãs, vizinhos e

conhecidos; de todos, enfim, menos as deles próprias. Às vezes, dominar outra pessoa é uma forma pior de

tirar-lhe a vida que cometer um assassinato. O corpo pode ser preservado, mas a mente e o poder de VIVER,

progredir e SER podem ser destruídos e submersos em uma condição pior que a morte. Sim, há muitas

coisas piores que a morte – perder o direito de pensar e viver segundo os ditames da alma é uma delas. Os

filhos de Deus, cheios de luz, amor, compreensão e ternura jamais impõem suas opiniões sobre os outros.

Esse é o comportamento de Lúcifer. Ele queria que vivêssemos segundo suas normas, antes de virmos à terra

e agora. Mas Lúcifer será destruído com os outros ditadores da consciência humana, que aprisionam as

mentes dos homens.

Mais almas foram destruídas que salvas pelas boas intenções de indivíduos dominadores, que se

acham no direito de viver a vida dos outros e, impondo sua vontade, acabam por dominá-las completamente.

A vida é sagrada – é o direito de SER, de viver, de aprender com dificuldade, se necessário, desde que se

adquira experiência. A palavra inglesa “freedom” [liberdade], deriva dos termos anglo-saxãos “free doom” –

fatalidade livre. Sim, até a fatalidade livre é o direito do homem, se ele a desejar. Conselho é um serviço

barato – forçar conselhos através da vontade dominadora é um dos serviços mais prejudiciais que se pode

prestar a uma pessoa. Só o amor verdadeiro e altruísta tem valor real; o amor que identifica a necessidade

dos outros e sabe supri-la.

Tantos lares foram destruídos por parentes, pais e amigos bem intencionados que se atreveram a

assumir uma das obrigações mais sagradas de Deus.

Toda pessoa nesta terra tem o direito de viver a própria vida, sem a menor restrição, desde que não

desrespeite o espaço e os direitos da outra. Todos os homens nascem livres e têm direitos iguais. Quem

restringe o direito do próximo terá de prestar contas por uso indevido de autoridade.

“Que tua luz brilhe diante dos homens para que todos vejam tuas boas obras e glorifiquem teu Pai

no Céu.” Deixar a própria luz brilhar é, sem dúvida, uma boa sugestão, mas não significa jogá-la no rosto

das outras pessoas, cegando-as com suas opiniões. O método da força é sempre errado e desprovido de luz,

pois só o amor é capaz de construir a verdade em uma estrutura gloriosa que irradia uma luz vista e desejada

por todos. Qualquer um que irradie tal luz não precisa se esforçar para dá-la – o mundo virá atrás dela,

voluntariamente. Os maiores sermões já pregados nunca constituíram de palavras – foram aqueles de divino

Sois Deuses


amor, demonstrados em atos de bondade, uma glória ardente de alegria emanando da alma do homem, um

amigável tapa no ombro do irmão, um sorriso ou aperto de mão, um pensamento gentil.

Aqueles que enriquecem graças ao trabalho do próximo condenam a si próprios à eterna escravidão,

pois terão de reembolsar tudo; e não se livrarão da dívida enquanto não tiverem pago até o último centavo

por serviços forçados. Toda pessoa que trabalha em uma empresa ou indústria tem direito à participação dos

lucros, pois, com seu suor, ajuda o negócio a prosperar. Todo indivíduo ou grupo de acionistas que

enriquecer à custa da exploração dos empregados viverá para lamentar o fato. Virá o dia em que suas

riquezas serão atiradas às rochas e devoradas pelas intempéries, e os exploradores terão de pagar por seus

crimes. E ainda que as próprias rochas os soterrassem, somente suas vidas mortais seriam consumidas, pois

as dívidas permaneceriam. No plano de vibração intensificada superior, eles terão de enfrentar as vibrações

que emanaram através do egoísmo, da ganância e de inúmeros procedimentos desonestos. Os motivos

sórdidos por trás de seus atos são vibrações que continuarão vivas por toda a eternidade, a menos que o

arrependimento seja suficientemente intenso para que a pessoa se lembre delas – para transmutá-las, e anular

as transgressões cometidas. Esse poder é a lei e o dom que nos foi dado por Cristo – o poder do

arrependimento, que significada “lembrar-se”. É um poder inefável, mas de nada serve àquele que pensa que

basta dizer “acredito em Jesus Cristo”. É preciso viver como Cristo viveu. O arrependimento é a

“lembrança” das vibrações que emanamos em egoísmo e erro, e o desejo ardente de corrigir os erros. É a

dádiva de Cristo ao mundo, a todo ser humano que o desejar – o poder de anular nossos pecados e erros. A

lei é perfeita – através dela superamos os pecados; pois, por vermelhos que sejam como a escarlata, podem

tornar-se brancos como a neve. [mencionado em Isa., 1:18] Ele nos deu a lei – mas precisamos usá-la.

O fato certo é que teremos de conviver com as vibrações que criamos – assim, habitaremos o céu ou

o inferno, dependendo de nossas obras. Não só viveremos com elas, mas também nos tornaremos as próprias

vibrações – o cimento pode ser moldado, o aço e o ferro derretidos, a pedra esculpida – mas o homem é

formado de pensamento em pensamento, de ato em ato. É o arquiteto da própria alma.

Tanto o capital quanto o trabalho vêm liberando contínuas vibrações de desarmonia e confusão

sobre os habitantes deste mundo e piorando as dificuldades do dia-a-dia, tornando impossível qualquer

acordo. Essa grande questão de felicidade, segurança e da própria existência humana não pode ser resolvida

com greves por parte dos trabalhadores nem através da ganância dos empresários, que aumentam os preços

dos produtos para cumprir as exigências da força de trabalho. Com o aumento dos preços, surgem novas

exigências de remuneração. Esse círculo vicioso destruirá a cultura e a civilização de nossa era, a menos que

desenvolvamos a visão para enxergar entre as trevas e eliminar o egoísmo, a ganância, o preconceito e o

ódio, compreendendo o que temos feito do mundo.

Todo homem que contribui tempo e energia a qualquer tipo de trabalho tem direito a felicidade e

segurança, independente de quão humilde seja sua tarefa. Se o homem colabora, então tem o direito de ter

suas necessidades supridas e não viver em carência e medo. Tem o direito à participação dos lucros de seu

trabalho, não em “bônus” de Natal, mas em todos os lucros obtidos pela empresa.

Se tal organização e respeito existissem, toda pessoa trabalharia com muito mais prazer. Sentiria que

faz parte de um grupo, e as vibrações de congenialidade e cooperação começariam a liberar as próprias

bênçãos do céu. O dono de tal estabelecimento seria realmente o “maior”, pois sua grandeza constituiria em

“servir a todos”, ou em ser “o guardião de seu irmão”. Esse é o único modo pelo qual um homem pode ser

superior aos outros: servindo a todos. Os grandes receberiam o respeito e o amor de todos os indivíduos, em

vez de serem odiados e invejados ou vistos com desconfiança. Seus lucros nos negócios, aliás, seriam

maiores, acrescidos de toda felicidade e satisfação que a vida pode proporcionar. Assim se estabeleceria

uma irmandade universal de compreensão e boa vontade.

Há algumas indústrias e empresas assim. Essas sempre terão sucesso. Tal regra era obedecida na

Cidade de Enoque “onde não havia pobres”. Ninguém era infeliz. Todos possuíam riquezas, felicidade e

segurança; e todos se amavam e confiavam uns nos outros. As vibrações emanadas por seres humanos

trabalhando sob esse sistema podem glorificar uma comunidade e um povo – e se forem suficientemente

expandidas – um mundo.

Sois Deuses


Essa lei de cooperação é um mandamento não escrito – mas se não for cumprida, a profecia de

Orson Pratt a respeito da Inglaterra logo se realizará: “Os pobres se revoltarão contra os ricos, que terão suas

mansões e depósitos saqueados, e perderão suas mercadorias, seus tesouros em ouro e prata. E então, os

senhores, os nobres e os mercadores da terra, de suas altas posições, serão forçados a sentar-se sobre a

poeira e chorar pela miséria que lhes acometerá.” Orson Pratt previu isso cem anos atrás, na Inglaterra, e, a

menos que haja arrependimento, Deus será testemunha da concretização dessas palavras em toda cidade,

país, empresa e indústria que não se redimir, colaborando para a justiça e a compreensão.

O espírito de compreensão e cooperação entre capital e trabalho é o oposto do Comunismo. Não

trata de escravizar o povo para exaltar uns poucos, ou a nação, ou montar uma super-governo à custa da

submissão do indivíduo. A verdadeira lei de Deus para uma congregação, estabelecimento ou país é permitir

a glorificação do indivíduo, não de um grupo seleto de líderes, nem da igreja, nem da nação, mas de todo

membro humilde da sociedade. Nenhuma igreja ou nação é maior que seus membros. Congregações que

usam os fiéis para glorificar a própria igreja, empresas que se aproveitam dos empregados para aumentar os

negócios ou enriquecer os donos, e nações que escravizam o povo para manter em pé um governo,

perecerão. As vibrações emanadas por tais procedimentos só trarão infelicidade, calamidades e ruína total.

A única maneira de uma nação se tornar a maior do mundo é servindo à toda a raça humana,

proporcionando felicidade e segurança a todos, sem a barreira política egoísta. Da mesma forma, uma igreja

só será a melhor se trouxer amor, luz, glória e poder às vidas de seus membros, auxiliando cada um deles a

atingir a plena manifestação e tornar-se perfeito. E um homem só será grande quando se tornar “o maior

servo da raça humana”. Dar mais amor, compreensão, bondade, confiança e satisfação – essa é a única

maneira de nos tornarmos os maiores na terra. Cristo cumpriu essa lei perfeita e foi o maior.

Assim, a única grandeza possível para uma pessoa, igreja, empresa ou nação é a capacidade e o

trabalho de elevar os filhos e as filhas de Deus a um patamar superior de felicidade, compreensão e

progresso. Essa é a única obra verdadeiramente duradoura. Só ela cumpre todas as leis e promessas. “Eis a

minha obra e a minha glória: conceder ao homem imortalidade e vida eterna.” Participar dessa obra é a única

forma de alcançar a “grandeza”. Cristo fez mais pela raça humana que qualquer outro ser desde o início do

mundo. E por todas as gerações o bem que Ele semeou continuará a dar frutos. E o mesmo acontece com

todo homem verdadeiramente grande: “sua obra o acompanha”. Eleve o próximo e você estará ajudando a

transportar o mundo inteiro a um patamar superior de existência.

Outra lei não escrita é aquela que restringe a “difamação” ou os ataques da “língua ferina” contra o

próximo por pessoas que só desejam adular o próprio ego super-inflado. Aquele que se alimenta das

fraquezas ou falhas que imagina em seu irmão é um “acusador”, ou o próprio diabo. Talvez o seja sem saber.

Talvez esteja apenas buscando seu lugar ao sol – mas tenta ser grande sem compreender as leis de

“grandeza”; e o não cumprimento delas gera dor e decepção.

Não importa o que uma pessoa faz ou sabe, quem ela é ou o que possui – só o que importa é O QUE

ELA É. E ela é as vibrações de todos os pensamentos e emoções liberados para a eternidade.

Aquele que rouba um centavo do irmão pode estar vendendo a alma pelo mesmo centavo. Pode,

além disso, vender a alma do irmão, também; pois gerará nele pensamentos de raiva e ódio, propícios às

vibrações de confusão, cujos danos mal podemos prever.

Os médicos que enriquecem graças ao sofrimento da humanidade, da dor física do próximo,

perecerão com seus lucros. Advogados que engordam os bolsos graças ao desentendimento e às injustiças da

humanidade não terão ninguém que os defenda.

Homens em busca de ouro, fama ou os lábios de uma mulher aos quais não têm direito, ou a pior de

todas as luxúrias – poder sobre os outros homens, criam um horror incessante de remorsos, a menos que se

arrependam e superem tais fraquezas, pois pertencem ao reino mais baixo de existência e não podem entrar

nos campos de luz. Vemos, portanto, que o homem pode ser o criador das trevas e da confusão, ou de glória

e luz.

O deboche dos justos é, na verdade, mais perverso que as ofensas do pecador. O deboche fere o

coração como uma espada, e pode matar a alma. É uma arma mortal que só as pessoas sem visão e

entendimento usam. É mais fatal que a picada de uma cascavel. Sim, um sorriso de deboche não passa de

Sois Deuses


uma expressão facial – mas por trás dele estão as vibrações mais perigosas que um veneno, extremamente

prejudiciais à alma. Quem ama verdadeiramente o próximo não debocha. O amor é o autêntico bálsamo; é o

fluido doce da cura de luz eterna. Sim, aquele que ama seu irmão prefere morrer a deixar escapar um sorriso

maldoso, de deboche.

Essas leis superiores devem ser compreendidas e vividas por aqueles que desejam sobreviver aos

próximos dias – que querem receber o Redentor do mundo, quando Ele chegar em Sua glória. São as leis do

milênio. Se aplicá-las em sua vida, você pode ter certeza de que estará pronto para o maior evento desta terra

– “Pois quando Ele aparecer, seremos como Ele.” Se acha que não consegue viver essas leis, mas deseja

estar presente no grande dia glorioso que virá, deixe o desejo crescer no coração, e logo terá a realização

dele. Este não é um livro para se ler – ele é escrito segundo a inspiração do Todo-Poderoso – e deve ser

vivido. Viva essas leis e você colherá as conseqüências das vibrações emanadas.

Por trás de cada condição há uma vibração, e por trás dela estão os pensamentos das pessoas,

comunidades, países ou de um mundo. Os pensamentos egoístas e perversos de homens e nações causam

guerras, terremotos, desastres, pobreza e infelicidade. Deus não provoca calamidades. Os homens, sim. O

homem, que foi criado à imagem e semelhança de Deus, e que recebeu o grande dom do pensamento, é

capaz de criar qualquer coisa, qualquer condição. E cabe ao homem trazer a nova condição de luz e glória,

começando a compreender seus poderes mentais. As vibrações e os pensamentos que as enviam são as

realidades eternas. E logo estaremos lidando inteiramente com elas.

É possível sintonizar as vibrações superiores de fé do reino de glória celestial e manter os

pensamentos nesse nível vibratório de glória e luz. Quando o indivíduo aprende a guardar seu lugar nesse

reino ou “no raio” dessas vibrações gloriosas, aprende também a fortalecer as vibrações de luz e

espiritualidade que compõem o próprio reino de Deus Todo-Poderoso. Assim, não só tem o poder de auxiliar

no equilíbrio e glorificação deste mundo, mas também de alcançar os reinos da eternidade, deixando sua

marca e influência enquanto ainda é um humilde homem mortal. Pensamentos e vibrações, anseios e desejos

são as verdadeiras realidades. Amor e ódio são fatores tão além da compreensão humana, que tremeríamos

de medo perante a idéia da discórdia, se a entendêssemos corretamente. Pensamentos misturados a emoções

são os criadores das vibrações, que, por sua vez, geram as condições. Controle o pensamento e somente

emoções gloriosas serão emanadas de seu ser; os elementos e todas as condições terrenas se prostrarão a

seus pés e obedecerão ao seu comando.

O valor eterno está mais presente na vibração que acompanha a ação, do que nesta propriamente

dita. Aqueles propósitos obscuros, desconhecidos, ocultos em nosso íntimo, devem ser observados,

verificados e controlados. Somente através de uma auto-análise contínua podemos progredir na trilha da

perfeição. Quando chegamos ao ponto em que sabemos tudo e não mais precisamos aprender coisa alguma,

nosso destino está selado e o progresso se interrompe. Para aqueles que se imaginam nessa condição, os

tesouros do depósito eterno de conhecimento permanecem inacessíveis. Para os que mantêm a mente, o

coração e a alma abertos, no entanto, mais e mais luz entrará, e um poder maior será parte normal de sua

existência, como são a fala e a respiração. Só as mentes e corações humildes e abertos podem contatar a

Luz. E Luz é a perfeição completa de todas as vibrações.

Talvez nos surpreendamos pela descoberta de termos sempre mentido para nós mesmos e aprendido

a acreditar nas mentiras. Mas não podemos mentir para Deus. Perante Ele, apresentaremos as vibrações

completas de nossos pensamentos e motivações, nossos desejos e esperanças, ou nossas paixões degeneradas

ocultas. Será o nosso livro da vida.

Ficaremos surpresos ao descobrir que não importa o que tenhamos feito, ou como o fizemos; nem o

que possuímos em termos de dinheiro, talento, conhecimento, fama ou poder, nem quem somos – só o que

importa é O QUE somos.

O maior tributo que podemos prestar a Deus, ou as melhores vibrações que podemos enviar de

dentro de nós, é a oferta de uma chama ascendente de amor e devoção, “Pois as orações dos santos são como

incenso diante do Senhor.” (Apoc., 5:8 e 8:3). O incenso deve ser aceso antes de liberar a essência. A alma e

o coração do homem devem ser acesas por amor, desejo ou um sentimento profundo, liberados como

Sois Deuses


incenso diante do Senhor. A oração dos lábios não significa nada, não envia vibração alguma e é

desperdiçada.

É o amor que governa os reinos da luz eterna. O amor é a vibração mais poderosa que o coração

humano pode liberar. É aliado da alegria, da felicidade e da luz. – por isso, amar a Deus e ao próximo faz

cumprir as leis e obedecer aos mandamentos. O ato de amar elimina o medo; dissipa o ódio, a inveja, o

orgulho e o preconceito. O amor conquista as trevas, a ignorância, a desarmonia e a doença, e detém as

chaves da felicidade eterna aqui e para sempre.

Aprenda a controlar as vibrações, controlando os pensamentos, e você terá as chaves da vida eterna

nas mãos. A eterna energia que permeia toda a matéria, o poder da existência nos átomos, com suas

moléculas e elétrons em todas as substâncias terrestres, nada mais são que vibrações condensadas ao ponto

de uma tangibilidade mortal pesada e lenta. Controle as vibrações e logo poderá controlar a substância e a

energia material liberada – ou seja, as chaves da vida eterna, pois energia é vida. Vida, luz, amor e energia

são os elementos eternos e as vibrações criadas pela mente.

Todo pensamento enviado é uma vibração incessante percorrendo o universo para trazer-nos de

volta aquilo que enviamos. Podemos controlar as vibrações por nós emanadas – e assim, controlaremos

nosso destino.

A ciência e a religião podem finalmente dar as mãos e adentrar juntas o reino espiritual do progresso

eterno e da felicidade. Uma atinge o conhecimento superior através da completa compreensão dos elementos

materiais que se convertem em luz, energia e vibração, através de estudos e investigações; a outra progride

através da busca direta pelo espiritual, pois matéria e espírito são um só, expressados em graus diferentes de

intensidade e vibração.

Capítulo XV

OS TRÊS GRANDES TESTES

A estrada que devemos percorrer para alcançar as alturas é cheia de provações e superação. Na

subida, teremos três grandes testes – como aconteceu com Jesus – o teste de poder – o teste de probidade – e

o teste de riqueza. Talvez não venham nessa ordem, mas certamente existirão. Em algum lugar na subida,

todo homem terá de passar por eles. Alguns nascem ricos, em vez de receber esse teste como final. Mas ele

estará lá, em algum momento da jornada para a luz. O homem poderá passar ileso pelo teste, como foi o caso

de Jesus, ou poderá mergulhar completamente nele, como o jovem rico.

O teste de poder virá quando o homem tiver a sensação e o conhecimento do poder que lhe foi

concedido e, assim como Moisés, desafiar a rocha a jorrar água e assumir a glória. Talvez receba o poder de

curar com as mãos e sinta a força do Todo-Poderoso fluir através de si e emergir pelas pontas dos dedos, e

então guardará com orgulho a lembrança e dirá que o crédito é dele. O homem pode ter um grande talento e

ser destruído por sua própria vaidade. Pode ter o dom da fala e usá-lo, sem a orientação de Deus, para

divulgar suas crenças e idéias, ou para dominar as mentes dos outros homens. Há mil maneiras de testar a

habilidade e a dignidade de uma pessoa em lidar com o poder. Mas você pode ter certeza de que, se

percorrer a estrada, fará o teste. Se não for aprovado, seu progresso será interrompido e você permanecerá

naquele estágio, pelo menos por algum tempo. Nenhum homem pode ir mais longe do que sua força e visão

lhe permitam. Enquanto se prepara, ele mesmo calcula a distância que vai percorrer.

O ministério de Jesus atesta a grandeza de Sua conquista dessa tendência humana para usar o poder

erroneamente. Em todo ato de Sua vida, Ele humildemente atribuiu a Deus toda a glória por suas obras.

Mesmo para o próprio alívio ou satisfação, Jesus se recusou a usar o poder que sabia existir Nele. E como

Ele não usou o poder para transformar pedras em pão, os anjos vieram em Seu auxílio – e lhe concederam

maior poder – o poder de transformar a água em vinho, multiplicar por mil peixes e pães, restaurar ossos

quebrados e carne fraca, devolver a visão aos cegos e a vida aos mortos.

Sois Deuses


O teste de probidade também virá a todo indivíduo que queira cumprir as leis de justiça. Haverá um

momento em sua vida em que ele desejará demonstrar o poder de sua grande bondade para que todos vejam

seu lugar de destaque na glória de Deus. Só o grande amor e a perfeita humildade elevam o homem acima do

ponto em que se julga ao menos um pouco superior aos outros viajantes. Tendo chegado longe em sua

jornada, o homem quererá que o mundo reconheça suas conquistas e sua magnanimidade, e se deixará

dominar pela crença errônea de que tem um dom especial, ou um monopólio sobre os favores divinos e a

atenção de Deus. Poderá se autoglorificar nas alturas de sua posição, no alto de um pedestal, e desejar que

seu poder encha de inveja àqueles que mal começaram a escalada às alturas. Assim, ele usará sua vocação de

forma errada, tentando deslumbrar as mentes dos homens para ser notado, desviando-os de Deus. Todos os

que agirem assim, impedindo o contato direto das pessoas com Deus, terão falhado e ficarão para trás,

enquanto os humildes retardatários passarão à frente; pois eles terão trocado a visão de Deus pela de si

próprios.

O outro teste, o de fama, aprendizado, riqueza e bens materiais, estará no poder de todo homem que

subir às alturas – e terá de escolher, como fez o jovem rico que procurou Jesus à noite, entre um reino

terreno ou o reino que não é deste mundo – o reino do céu, onde toda riqueza e poder lhe serão concedidos.

E esse reino do céu não significa necessariamente um lugar após a morte – é o reino no interior do homem –

e é o homem quem deve encontrá-lo. Poucos passam nesse teste; porém, imaginam-se recompensados por

serem justos e satisfazem-se com posses materiais, bens terrenos, honras e talentos, não percebendo que o

único ouro verdadeiro é comprado somente Dele – o ouro que foi testado no fogo, ou na fornalha da vida –

ouro tão puro que é o próprio homem, emergindo imaculado dos testes no percurso – aprovado pelos anjos e

merecedor de descanso – ou da paz que está além dos poderes terrenos e da confusão.

Na língua original, “homem” significa “servidor” ou “guardião”. Qualquer indivíduo que possua

algo nesta terra não é dono de nada, mas apenas o guardião. É o guardião dos próprios talentos. É o guardião

dos dólares que falsamente afirma serem seus. E um dia será julgado pela forma como administra a tutela de

todos esses bens. No próximo estágio de existência, entraremos no reino de posse, se formos aprovados

pelos anjos no teste da vida. Nesta vida, porém, ninguém é dono de nada. “Pois a terra, e tudo o que nela

existe, pertence ao Senhor.” Nenhum homem pode exigir uma mínima partícula. Se o fizer, a morte o levará

de mãos vazias ao grande além. O homem que se regozija de sua conta bancária, suas caixas-fortes

abarrotadas, enquanto seu irmão nada tem, é um mau guardião e terá de prestar contas. Aceitou de bom

grado a missão de governar o reino terreno – mas falhou perante o reino que não é deste mundo, pois

preferiu ser o dono de terras, casas, propriedades, dólares. Não sendo um guardião fiel de poucas coisas, não

terá a permissão de administrar coisas maiores.

Esta é a maior advertência a respeito dos testes:

Muitos são os chamados, poucos os escolhidos. E por que não são escolhidos?

Porque seus corações são dominados pelas coisas deste mundo, e aspiram às honras dos homens, e

não aprendem esta lição.

Que os direitos do sacerdócio são inseparáveis dos poderes do céu, e que os poderes do céu não

podem ser controlados nem manuseados somente pelos princípios da justiça.

Que podem ser-nos concedidos, é verdade; mas quando ocultamos nossos pecados, gratificamos

nosso orgulho ou vã ambição, exercemos domínio sobre as almas dos filhos dos homens, em qualquer grau

de injustiça, os céus se retiram; o Espírito do Senhor sofre; e quando o céu se retira, Amém ao sacerdócio ou

à autoridade do homem.

Antes que se dê conta, está sozinho, lutando contra os espinhos, perseguindo os santos, vociferando

contra Deus.

Aprendemos por experiência que é da natureza e disposição de quase todo homem, assim que

adquire ou imagina adquirir certa autoridade, imediatamente exercer domínio injusto.

“Por isso, muitos são os chamados, poucos os escolhidos.” (D & C 121:34-40)

Esses três testes especiais aplicados a todo indivíduo na jornada às alturas podem ocorrer em

qualquer momento da existência mortal. Ele pode nascer rico, ou enriquecer mais tarde, graças a esforços

Sois Deuses


legítimos – e pode ficar sufocado na riqueza ou ser promovido a um nível superior de realização, conforme

seus desejos e sua visão.

O teste de riqueza pode apenas ser uma oportunidade de obtê-la à custa dos melhores instintos do

homem. A riqueza pode ser oferecida pelo preço da integridade, ou da própria alma. Esse teste de riqueza

não significa necessariamente que todos os que seguem pela grande estrada de luz até os reinos superiores

serão ricos, pois, assim como Jesus, podem passar direto por ele. Mas a oportunidade de obter riquezas virá,

justamente para testar o poder da vontade de cada um.

Os testes podem ser literalmente chamados de OS ANJOS, pelos quais o homem deve passar antes

de atingir a maior de todas as glórias. Não são os símbolos que contam no progresso do homem – o que

conta é a maneira como ele cumpre as leis superiores de justiça e probidade aos quais pertencem os

símbolos. Ele obedecerá à lei e à convenção de dar tudo o que possui – tempo, talento, bens materiais, a

própria vida, se necessário – pela “busca do reino dos céus” e sua justiça – ou a justiça de suas leis perfeitas,

aplicadas à vida? Tentará fazer com que o reino dos céus se manifeste na terra através de sua devoção?

Estará disposto a abdicar de todos os desejos carnais, purificando o corpo e preparando-se para “Conhecer

Deus?” Pois a justiça do reino dos céus é o “uso correto” das leis de perfeição na própria vida do homem.

Para cumprir essas leis superiores, ele não poderá mais difamar os escolhidos do Senhor – e todo filho

agraciado com o precioso dom da VIDA deve ser incluído. Não só os lábios devem parar de proferir o mal,

mas devem ser controlados pelo amor da mente e do coração.

Esses testes são realmente os anjos disfarçados, experimentando as almas dos homens. Aparecerão

em algum ponto da jornada. O homem os verá em algum posto na estrada da luz eterna e terá a chance de

testar as fibras de sua alma, seu amor pela pureza, seu desejo de justiça; pois essas são as realidades por trás

dos símbolos – através elas, o homem será julgado.

Se for digno e passar nos testes de probidade (ou justiça) das verdadeiras leis da luz e do céu,

preparados pelos anjos, nada lhe será impossível, pois terá a permissão de receber o Segundo Consolador e

contemplar a face de Deus – e entrar no reino dos céus – conhecer toda a Verdade – receber toda a luz,

inundar-se dela – não só na eternidade – MAS NESTA VIDA. Essa é a promessa do Segundo Consolador,

como vemos no décimo quarto capítulo de João. É a promessa de Jesus Cristo. É a promessa do Evangelho

em sua plenitude. É a própria vida e o poder do serviço sagrado do templo. Ela se aplica a todos os que se

prezam às bênçãos nesta vida. E àqueles que já passaram pelo estágio da mortalidade, serão dados tais

presentes. Mas para todos, sem exceção, o momento é AGORA. O momento do amor perfeito. O momento

de alcançar a luz. O momento de se preparar para o encontro com Deus. Agora – “pois ele revelará Seu

rosto, e será de Sua maneira, em Seu tempo e segundo a Sua vontade.”

“Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da

vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.” (Tiago, 1:12)

Em verdade, em verdade, vos digo: a escuridão cobrirá a terra, e as trevas invadirão as mentes

humanas, e TODA a carne se corromperá diante de mim.

Pois, a vingança virá rapidamente sobre os habitantes da terra; um dia de fúria, de fogo, de

desolação, tristeza, luto e lamentação; e como o rodamoinho, ela virá sobre a face da terra, assim disse o

Senhor.

E em minha morada, ela começará; e de minha morada, ela se espalhará, assim disse o Senhor.

“Primeiro, entre aqueles de vós, disse o Senhor, que professam conhecer meu nome, mas blasfemam

contra mim no seio de minha morada, disse o Senhor.” (D & C 112:23-26)

Esse poder de contemplar Deus é o propósito do Sacerdócio de Melchizedek. O poder e a autoridade

do Sacerdócio de Melchizedek é guardar as chaves de todas as bênçãos espirituais da igreja.

“Ter o privilégio de receber os mistérios do reino dos céus, ver o reino dos céus se abrir, entrar em

comunhão com a assembléia geral do Primogênito, e usufruir a comunhão e presença de Deus Pai e de Jesus,

o Mediador da Nova Aliança.” (Ibid., Sec. 107: 18-19) Quem deseja o poder e o sacerdócio para si próprio e

para a posteridade deve cumprir as leis, e não apenas participar de seu simbolismo. Deve passar nos testes –

ou ser aprovado pelos anjos. Não é um teste de conhecimento sobre símbolos. É um teste da alma, que

determinará se o indivíduo cumpriu as convenções de justiça e probidade – e não será aplicado depois da

Sois Deuses


morte. Os testes e os anjos podem estar em qualquer ponto na estrada da vida. Em qualquer momento.

Talvez uma pessoa se depare com eles a um quarteirão de casa; outra na capela ou na vizinhança – outra na

propriedade de um irmão. Eles existem nas encruzilhadas da vida, e nós não os reconhecemos por causa de

nosso orgulho e ganância ou de nossos desejos mundanos.

Nem todos chegam aos três grandes testes. Muitos pegam um atalho ou têm o caminho bloqueado,

digamos, pelos anjos, antes de encontrar o local do teste. São realmente os três maiores testes – e poucos

passam, pois são poucos os que suportam conhecer verdadeiramente Deus.

Quando o véu do conceito mortal é “rompido” ou rasgado, depois que o homem “cumpre a justiça” e

segue as convenções, abandonando o condicionamento aos símbolos; quando já “limpou o interior do cálice

(si mesmo), assim como o exterior”, então está preparado para receber a “plenitude do Pai.” Perceberá que

ele próprio é o templo do Deus vivo. Saberá e compreenderá como são reais os anjos com quem teve de

lutar. Não estará mais envolvido pelo véu do sono profundo, e conhecerá a maior das alegrias, a perfeição

completa que só pode ser alcançada ainda no corpo. (D & C 93:32:35)

Joseph Smith disse: “Irmãos, juro por Deus que gostaria de dizer-lhes quem sou! Juro por Deus que

gostaria de contar-lhes tudo o que sei! Mas vocês chamariam de blasfêmia e desejariam tirar-me a vida!” (A

vida de Heber C. Kimball, p. 333) Essa declaração é mais verdadeira hoje do que 120 anos atrás, quando ele

se dirigia a um grupo de homens altamente espiritualizados. Cristo tentou dizer as mesmas coisas enquanto

dava as últimas instruções aos apóstolos: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar

agora.” (João, 16:12). Nenhum homem pode revelar essas coisas superiores a outro. Cristo teria revelado, se

fosse possível e se os seus escolhidos estivessem preparados para receber tão grande luz; mas ninguém é

capaz de revelar isso a outro ser humano. Cada homem deve viver as leis, aplicar as lições e passar pelo teste

– sendo refinado e purificado como o ouro. Por isso, não se pode revelar as coisas maravilhosas que existem

atrás do véu – cada indivíduo deve descobri-las por conta própria. Alguém pode guiá-lo até a porta, mas ele

deve entrar sozinho, quando estiver completamente purificado e pronto para tal glória.

Nenhuma lei, poder ou conhecimento glorificará qualquer pessoa ou grupo, a menos que vivam as

leis e cumpram a justiça. “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de

modo nenhum entrareis no reino dos céus.” (Mat., 5:20)

“E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.”

(Tiago, 1:22)

Como não são os símbolos, e sim os princípios da Verdade por trás deles, que importam, devemos

abandonar os brinquedos da infância e entrar na realidade, vivendo no sentido verdadeiro e profundo. É

possível deixar todos os símbolos e cumprir as leis em apenas dois passos progressivos e dinâmicos.

O grande poder inefável do Evangelho de Jesus Cristo está naqueles trechos ainda não provados

nem vividos de Seus ensinamentos. E a plenitude de Seu Evangelho engloba toda palavra por Ele dita, não

apenas as frases que selecionamos para nossa conveniência, que cabem em nossa compreensão. O

Evangelho de Jesus Cristo engloba toda promessa que Ele fez e o poder de cumpri-las. É o Sermão da

Montanha, cumprido LITERALMENTE. É o exercício do amor e do perdão. Rezar pelos inimigos; dar não

apenas quando pedirem, mas voluntariamente; e dar em dobro. O Evangelho de Jesus Cristo significa

literalmente: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.” Ele inclui

os dos maiores e mais dinâmicos mandamentos: “Amarás ao Senhor com toda a força de teu coração, de tua

mente e de tua alma”, literalmente. Faça isso.

O Evangelho é “ama o próximo como a ti mesmo”; e já que ambos os mandamentos têm sido

enfatizados inúmeras vezes neste texto, estamos apenas reforçando a imagem. A glória do Evangelho de

Jesus está naqueles momentos ainda não provados, que revelarão o poder total de Suas promessas na vida do

homem. São esses momentos que limpam o interior do cálice – e o interior deve ser purificado, se o homem

pretende realizar as obras que Ele realizou.

(Novo Testamento (apócrifo), Testamento de Naphtali 1:24-27)

Sol, lua e estrelas não alteram sua ordem; portanto, não altereis também vós a lei de Deus na

desordem de vossas coisas.

Sois Deuses


Os idólatras se perderam, renegaram o Senhor e alteraram a ordem das coisas, obedeceram a

adornos e pedras, espíritos de ilusão.

Mas vós não sereis assim, meus filhos, reconhecendo no firmamento, na terra, e no mar, e em todas

as coisas da criação, O SENHOR QUE FEZ TODAS AS COISAS, para que vos não torneis como Sodoma,

que alterou a ordem da natureza.

Quando o Senhor testar o homem e comprovar que está disposto a servir somente a Ele em qualquer

circunstância, então ele confirmará o chamado e a escolha, e será seu privilégio receber o segundo

Consolador, o qual o Senhor prometeu aos Santos, como afirma o testemunho de São João.”

Os testes não devem ser encarados como um fardo ou perigo; assim como os testes escolares não

visam retardar o andamento do aluno. Testes são meramente instrumentos para medir o progresso. A

aprovação indica um estágio superior de desenvolvimento. Quem não passa deve ficar para trás.

Daqueles que se satisfazem com as notas baixas e medíocres da mortalidade, pouco é exigido. Para

os que têm sede e fome de justiça e conhecimento divino, porém, a busca interior pela Verdade continua, e

as lições se tornam mais difíceis e os testes mais rigorosos. Aqueles que só se satisfazem com a VERDADE

TOTAL devem ser aprovados em tudo. Mas se sua compreensão for profunda, seus corações puros, suas

mentes firmes e serenas, nem sequer sentirão que fazem um teste.

Os testes são uma oportunidade para aqueles que estão avançados em probidade, não um empecilho

para quem caminha. Toda Palavra de Deus se torna música, e não uma ordem contra a qual se deve rebelar.

Toda decepção, todo contratempo, toda circunstância vexatória, toda tentação controlada e toda fraqueza

superada tornam-se oportunidades e glórias perfeitamente compreendidas. A cada lei cumprida, é adicionada

uma bênção de força. Toda Palavra de Deus que se torna carne, ou parte integrante das próprias fibras do

indivíduo, é poder.

Este mundo tem todo tipo de alma, desde as que têm notas mais baixas até as que alcançam as mais

altas; e aquelas que se consideram as melhores costumam estar por baixo, e sua classe geralmente é a mais

fraca. Para a classificação de almas não há padrões materiais. Riqueza, educação, honrarias mundanas e

fama não têm o menor valor. O homem, porém, será julgado de acordo com suas qualidades internas – os

méritos de fé em Deus, amor e devoção, nível de compaixão, misericórdia, humildade e poder de perdoar,

disposição para aprender e desejo de obedecer as leis superiores da Probidade.

Para a alma daquele que realmente deseja cumprir TODAS as leis da probidade e “viver toda

Palavra de Deus”, disposto a obedecer ao comando de “ser perfeito como o Pai no céu é perfeito”, nenhum

teste é duro demais. Com os olhos “voltados para a glória de Deus”, tal indivíduo transcenderá todas as leis

temporais, superará os poderes do inferno e, com o auxílio dos anjos, romperá o véu para vislumbrar a face

de Deus e conhecer TODA A VERDADE, que o libertará, cumprindo a lei e a promessa. Glória a Deus por

homens assim, pois nenhum poder na terra pode impedi-los; nem demônios, nem mortais, nem anjos podem

barrar seu caminho.

Blasfêmia, diria? Deus não quer que o homem seja perfeito nesta esfera de progresso? O mesmo

disseram aqueles que crucificaram Cristo. Ele foi rejeitado por tentar ensinar os “Mistérios da Divindade”,

aquelas leis de perfeição interior.

“Sim, quem pode suportar o teste de conhecer Deus?”

A promessa é e sempre foi a de que quando o homem superar os males de sua vida e se purificar

através das convenções secretas da alma, contemplará Deus. O véu de escuridão que deve ser rasgado é a

dureza do coração, a cegueira da mente que gera um estado de descrença, fechando as portas dos céus. (Eter,

4:12-16)

“E esta é a vida eterna, conhecer-te, o único Deus verdadeiro e vivo e a Jesus Cristo, por ti enviado.” “E em

minha morada, ela começará; primeiro, entre aqueles de vós, disse o Senhor, que professam conhecer meu

nome, mas blasfemam contra mim no seio de minha morada, disse o Senhor.” (D & C 112:23-26)

Segundo as escrituras, foi prometido que aqueles que cumprissem as leis de probidade deveriam

compreender os grandes mistérios da divindade. Para isso, no entanto, é preciso que sejam endeusados. Os

mistérios da divindade contêm o dom de compreensão total, que permite o uso de todo e qualquer poder

divino.

Sois Deuses


No Sermão da Montanha, isso é verificado. “Buscai primeiro o reino de Deus e de Sua justiça”, etc.

Todo indivíduo pode compreender que Deus é perfeito, divino e todo-poderoso. Mas buscar a Sua justiça

significa incorporá-la definitivamente na vida – amar como Deus ama, pensar como Ele pensa, servir com

tamanha compaixão e ternura a ponto de se unir literalmente a Ele, em amor e bondade. Só então todas as

coisas serão ao homem concedidas.

Sim, “sede perfeitos, como o Pai no céu é perfeito.”

Capítulo XVI

AMOR, A GLÓRIA DO UNIVERSO

Poucos compreendem os Dois Grandes e abrangentes Mandamentos: “Ama o Senhor teu Deus, com

toda a força do coração, da alma e da mente – ama o próximo como a ti mesmo.” O primeiro já foi discutido

neste trabalho; por isso, agora trataremos do segundo, dando-lhe a importância merecida.

Aprenda a amar. Deixe o amor vibrar de suas mãos. Que seus dedos cantem com ele. Deixe toda

fibra de seu ser ampliá-lo e sua alma aperfeiçoá-lo. Que o amor seja emanado de todo o seu ser, curando,

abençoando e iluminando todos com quem entrar em contato, seja em pensamento ou em encontro pessoal.

Não deixe a raiva dominar-lhe o coração. Nunca guarde ressentimentos. Esqueça as ofensas. Não se apegue

a discórdias e não deixe que elas se apeguem a você.

Com esse grande amor, vem o dom perfeito e o privilégio do perdão. É mais belo que as palavras

possam descrever, pois contém a própria glória de Deus. Leia atenciosamente o Sermão da Montanha nos

capítulos cinco, seis e sete do Evangelho segundo Mateus. No fim do capítulo cinco há a sugestão de que

amemos os inimigos, rezemos para aqueles que nos desprezam e perseguem – em outras palavras, que

pensemos amor, demos amor e vivamos amor; que estejamos dispostos a percorrer aquele quilômetro extra –

“...que sejais perfeitos, como vosso Pai no céu é perfeito.” Sim, esteja disposto a servir, com amor profundo

e eterno e, tão certo como você está vivo, deverá se tornar um dos grandes e nobres da terra.

Se esse Sermão da Montanha parece grande demais, então reze e estude-o com freqüência. Comece

a vivê-lo e conhecerá a doutrina; saberá se as palavras são vazias ou se Cristo estava entregando ao homem

verdades de poder e glória eternos. Esses ensinamentos são princípios vivos, cheios do poder e da glória do

Todo-Poderoso. São as leis daqueles que desejam se tornar “Santos”, que significa “seres sagrados”.

Nenhuma igreja pode fazer de alguém um santo. Só o próprio indivíduo pode se tornar santo, se obedecer às

leis de Deus; se viver as gloriosas leis de perfeição, transformando-as na própria vida.

No começo, o Sermão da Montanha pode parecer algo terrivelmente difícil, ou até impossível de

viver, ou dar a impressão de que não vale a pena o esforço de devolver ódio com amor. É muito mais fácil

amarmos nossos ressentimentos e fraquezas que nossos inimigos. É sempre mais fácil nos apegarmos a

nossas falhas humanas que perdoar os erros do próximo; mas quando perdoamos, cancelamos todos os

nossos defeitos de caráter, além de curarmos o inimigo. Quando a alma se abrir para compreender o poder

divino contido nos ensinamentos, o homem se rejubilará na glória majestosa desses privilégios perfeitos,

pois provará a si mesmo que é realmente um privilégio e uma glória perdoar. Essa é a cauterização completa

de uma úlcera até então incurável na alma e, por mais doloroso que seja o processo, a cura agora virá, total e

gloriosa.

Você se sentirá glorificado ao perceber que é capaz de perdoar pecados. Você também pode

participar da obra do Salvador, pois tem condições de realizar as mesmas obras e assumir os erros e pecados

do mundo, anulando-os, abrindo o caminho para que o amor, a luz e o poder de Deus fluam através de seu

ser, abençoando, curando e iluminando. “Em verdade, vos digo que aquele que crê em mim também fará as

obras que eu faço, e as fará maiores do que essas; porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em

meu nome eu o farei.” (João, 14:12-13) Sua maior obra foi o poder curativo de Sua compaixão e

misericórdia – a ternura de Seu perdão. Para perdoar e curar, Ele precisava do poder no próprio coração;

Sois Deuses


perdoar e curar sempre estiveram associados, pois Ele dizia com mais freqüência “Que teus pecados sejam

perdoados” do que “recupera-te”.

Aquele que transcende as vibrações conflitantes do ódio e da desarmonia “sobrepuja-se”, e recebe

todo o poder. Tal indivíduo caminhará majestoso sobre a terra, realizando obras maiores, pois elas

acontecerão automaticamente.

Se não acredita, tente. Viva essas leis e conhecerá o poder por si mesmo, sem a necessidade de outro

professor além de Deus; pois você se unirá a Ele.

Quando um indivíduo se apega a essas leis de amor e perdão, logo descobre que elas são fáceis e

constituem uma glória eterna em sua alma. Quando começar a compreender e a realizar obras de amor,

perceberá que cada palavra de discórdia e condição adversa é um privilégio e uma oportunidade para

transmutar algo em glória. Esses obstáculos não serão mais uma barreira intransponível, mas sim degraus

que conduzem à luz. Imbuído desse conhecimento superior, o indivíduo compreende o valor destas palavras:

“Aquele que for grato por tudo, se tornará glorioso.” Através da compreensão, ele cumpre a lei com um

poder que o eleva acima de qualquer dificuldade. Logo se sentirá aquecido por luz e amor – e quando menos

esperar, esses dons estarão sendo emitidos de seu ser, e todas as promessas das escrituras começarão a se

realizar.

E agora, falo a todos os confins da terra – que se um dia, o poder e a dádiva de Deus abandonar o

homem será por causa de sua falta de fé.

“E ai dos filhos do homem, se disso padecerem, pois não há um dentre vós que faça o bem. E se

houver um que faça o bem, então ele trabalhará movido pela mão e pelo poder de Deus.” (Moroni, 10: 24-

25)

Só com esse poder divino de amor aliado à fé, poderá o homem fazer o bem. Esse amor perfeito

pode corrigir todos os erros. Pode curar e restaurar. Pode abençoar e glorificar e anular todas as falhas suas e

do próximo. É possível até desenvolver o dom de enviar luz e amor ao passado obscuro e distante, para curar

as ofensas e as mágoas já cometidas – envolvendo-as de amor, pureza e luz curativa. Assim, mesmo a

escuridão do passado pode ser transmutada em luz para a glória de Deus. O amor pode curar toda injúria,

passada ou atual, e envolver o indivíduo em uma chama gloriosa de luz, transformando o futuro em uma

adorável melodia.

À medida que aperfeiçoamos esse poder de amor e perdão, percebemos que é possível assumir os

pecados do mundo. Isso é feito quando aceitamos as mágoas e erros dos outros, sem amargura ou retaliação

– as injúrias se dissolvem imediatamente através do amor e do perdão; são esquecidas e anuladas. Esse

poder é o bálsamo que cura qualquer úlcera cancerosa da alma e do coração, tanto em nós mesmos quanto

naqueles que ainda não conhecem a lei.

Os acusadores de Jó não recuperaram o favor de Deus, enquanto o próprio Jó não rezou por eles,

conforme instruído pelo Senhor.

“Eu escolherei aqueles que vou perdoar, Mas vós deveis perdoar a todos os homens.” Com toda a

glória das escrituras, é uma vergonha que sejamos tão cegos a ponto de guardarmos nossos próprios

pecados; pois, de acordo com o Pai Nosso, não seremos perdoados de nossas ofensas, a menos que

perdoemos a quem nos tem ofendido. Essa é a chave do perdão, e aqueles a quem Deus escolhe não

perdoar, são os que não perdoam.

Geralmente, o verdadeiro significado das escrituras está por trás das palavras. O grande significado

do segundo mandamento se perdeu:

“Amarás o próximo como a ti mesmo.” Muitas pessoas nem sequer amam a si mesmas. Perderam

todo o amor, respeito e consideração por elas próprias, geralmente por razões até válidas. Quando um

homem “se desvaloriza”, e não tem mais fé em si, em seus irmãos ou em Deus, está bem perto do fundo.

Para quem se encontra nessa condição, amar o próximo não significa nada, se a expressão “como a si

mesmo” for interpretada literalmente. Mas por trás dessas simples palavras, há uma lei de absoluta glória.

Se você ama o próximo como a si mesmo, então ama o seu self interior, divino. Amará o próximo

com a alma, ignorando as fraquezas e erros dele. Deverá amá-lo literalmente, como se fosse seu SELF

verdadeiro – e como se você fosse ele. Há um eu divino em cada homem, e é esse “eu” que deve se

Sois Deuses


manifestar e amar a alma divina do próximo. O homem que realiza esse feito cumpre todas as leis, segue os

mandamentos, manifesta a divindade em seu íntimo e planta a visão na alma do próximo. Se quer ser

perfeito, veja seu irmão como perfeito. Veja-o com o divino poder de criação que ele também possui, já que

é filho de Deus. Olhe para dentro de sua alma, além da capa da mortalidade, e veja a centelha Divina da vida

eterna; assim, será capaz de despertá-la e manifestá-la. Esse é o maior serviço que pode ser prestado à raça

humana. É a dádiva divina que ajuda a curar um mundo e envolvê-lo de luz.

Quando é posto em prática, esse grande amor divino, cheio de compreensão, une você ao próximo,

como Cristo persistentemente nos ensinou. Esse amor cura, abençoa, ilumina e envolve, dissipando

totalmente as trevas. O amor divino tem de perdoar, e no ato do perdão, ele é a força do Todo-Poderoso.

Os ímpios, que não consideram esse amor, que resistem a ele e à grande luz, destruirão a si próprios,

pois lutam contra a luz de Deus, o amor puro e altruísta de Cristo, que a todos quer envolver de glória. Mas

poucas pessoas na terra recusam terminantemente o amor verdadeiro, pois até os piores criminosos reagem

ao amor e desejam ser envolvido por seus raios de calor penetrante, estando dispostos a abrir a alma e o

coração. O amor é a varinha mágica, a grande dádiva e a força mais poderosa que o homem pode utilizar. É

o presente divino.

Muito tempo antes que o sol ou a lua fossem visíveis na terra, quando Deus começou Sua obra de

criação conforme a concebera em Sua mente, Ele disse: “Haja luz; e houve luz.” [Gên., 1:3] Aquela luz era o

amor e a glória de Deus, que concebeu um mundo e encheu todos os seus átomos de luz e desejo de

expandir: “Luz é vida.” (Compare Gênesis, Capítulo 1:34, com os versículos 14-15. Veja também Moisés

2:23 e versículos 14-15.)

Em cada indivíduo está contida essa centelha de luz, ou de vida e amor, esperando pelo momento de

se manifestar através da compreensão ou comando de cada indivíduo, à medida que assumir seu lugar nos

reinos superiores do progresso divino. Ela realiza todo desejo, executa toda tarefa e glorifica um mundo.

Assim é o poder do amor, e assim é a capacidade do homem de manifestá-lo.

Não basta não odiar nem desgostar ou retaliar. Sob certas circunstâncias, tal procedimento pode ser

muito negativo. O amor deve ser transmitido com poder ciente e objetivo certo. Deve ser transmitido como o

músico transmite sua melodia. Simplesmente evitar a desarmonia não faz de ninguém um músico. Para ser

músico, é preciso transmitir melodia; e para alguém se tornar mestre da música, deve praticar por muito

tempo. Um mestre do dom divino do amor precisa praticar, pois ele será ao mesmo tempo o instrumento e o

músico; a melodia divina é tocada de seu próprio ser, primeiramente em seu íntimo, e depois, no coração dos

outros homens. E o amor é o tema do universo. Cante essa música e jamais desafinará. É a melodia do céu.

Compreendendo essa grande e perfeita dádiva de amor, o homem desenvolve o uso da mente, do

coração e da alma e o transmite em um único poder. O controle mental, então, já não é mais uma luta árdua

para eliminar os pensamentos indesejáveis, e sim um hábito de só guardar pensamentos de amor. Quando um

músico tenta tocar uma obra-prima, geralmente comete um erro – e insiste repetidamente na mesma peça, até

acertar. O mesmo ocorre no exercício da melodia do divino amor de Cristo. Se, por um instante, os

pensamentos divagarem e surgir a confusão, é fácil permanecer em silêncio por alguns minutos e intensificar

as vibrações de amor, transmitindo-as em forma de poder e luz a todos os cantos da terra, dissipando

totalmente a escuridão. Logo, a melodia se torna glória perfeita, sem desafinação, pois o homem terá se

tornado o grande mestre da mais maravilhosa harmonia de toda a existência. O amor é a melodia que vibra

por todo o universo, em perfeita sintonia com ele. Envia música às estrelas. É a luz que alcança os recessos

mais sombrios do coração humano – e às vezes, o coração e a mente do homem são mais negros que os

confins da terra. O amor é necessário na vida de todo indivíduo, assim como o sol, a água e o alimento. Sem

amor, a vida é feia e destorcida.

Transmita o amor e veja como o mundo faminto reage. Envie-o em forma de luz, enquanto trabalha,

caminha pelas ruas, aguarda em meio a uma multidão, ou se senta quieto na igreja – envie-o de toda fibra e

célula de seu corpo – um “amor puro e sincero” – um amor sentido no pequeno músculo do coração. Ame

com tal intensidade e sua estrada da vida será uma trilha de divina luz, e você caminhará ao lado de Deus.

Esse grande amor se eleva automaticamente acima do ego, do orgulho, de todo o egoísmo, discórdia,

medo e confusão. É uma perfeição que transcende as fraquezas, ignorando-as completamente. Elas são

Sois Deuses


deixadas para trás. Esse é o amor que se mescla aos desejos sagrados do céu e escancara os portais do

depósito de conhecimento eterno; e toda a fraqueza, escuridão e ignorância são dissolvidas, como o orvalho

é dissolvido pelos primeiros raios de sol.

Assim, o homem aprenderá que, ao exaltar seu irmão, estará exaltando a si próprio. Perdoando o

próximo, ele será perdoado. Saberá que no princípio estava ao lado de Deus, “O Espírito da Verdade”; e

terá a certeza de que o amor é uma realidade mais linda que todas as florestas juntas e maior que todas as

riquezas. O amor é o colar de pérolas que pertence a todo homem que o desejar. É a maior de todas as

dádivas. Quem usa essa jóia sabe que seu irmão também é “O Espírito da Verdade” – e compreende que

através do amor tenro e compreensivo, pode devolver-lhe a visão. Talvez não em palavras – mas o amor

planta a própria glória. O homem saberá que ele e seu irmão, sob a luz e o amor divinos, podem se UNIR na

glória do Todo-Poderoso.

Esse amor é perfeição total. É música, glória, vida e luz; e com ele, ninguém tentará subir à custa do

sacrifício do irmão, pois o homem que ama verdadeiramente tem uma reverência especial por toda a

humanidade e é profundamente humilde. Com essa atitude, encontra seu lugar a serviço da glória do Pai,

ajudando a trazer a imortalidade e a vida eterna aos outros homens. Nenhum credo ou dogma pode glorificá-

lo ou exaltá-lo, a menos que tenha cumprido o Primeiro e o Segundo Mandamentos do amor eterno e

perfeito. Essa é a Palavra de Deus – e a Palavra, ou Verbo, deve se tornar carne – nossa carne – pois temos

de nos transformar na própria essência do amor.

Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade, seria como o metal

que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que

tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse caridade, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o

meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria.

A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade,

não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

A caridade nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão;

havendo ciência, desaparecerá;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

MAS QUANDO VIER O QUE É PERFEITO, ENTÃO O QUE O É EM PARTE SERÁ

ANIQUILADO.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo

que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em

parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três, mas a maior destas é a

caridade.” (I Cor., 13:1-13)

Portanto, fé, esperança e caridade são as únicas condições duradouras. Todo o resto falha. Só essas

três são eternas.

Não há uma palavra na língua inglesa grande o suficiente para transmitir o significado completo do

antigo termo anglo-saxão “Caridade”. Naquela época, essa palavra não se referia a esmolas, como

traduzimos para o inglês [ou português!] moderno. “Caridade” significava amor, acrescido de compaixão,

bondade e entendimento, além da disposição do indivíduo para doar-se em serviço.

Essa definição aparece em Moroni, Capítulo 7, versículos 47 e 48:“A caridade é o puro amor de

Cristo e dura para sempre; quem dela tiver no último dia, estará bem.

Portanto, meus bem-aventurados filhos, rezai ao Pai com toda a energia do coração, para poderdes

receber esse amor que ele concede a todos os verdadeiros seguidores de Seu Filho, Jesus Cristo; para vos

Sois Deuses


tornardes os filhos de Deus; pois quando Ele aparecer, sereis como Ele. Nós o veremos como Ele é, para

que sejamos purificados como ele é puro. Amém.”

Ninguém ficará fanático ou desequilibrado, se possuir esse grande amor. Ele é o perfeito equilíbrio

entre mente, corpo e alma. Renova as fontes do coração, o poder da alma, o vigor da mente, a vida das

células e dos tecidos. Quem transmitir conscientemente a luz de glória viva para o benefício do mundo

nunca perderá o juízo. Essa luz cura e restaura todas as coisas. Só essa jóia possui as chaves de toda luz e

glória. É a melodia celestial que todo homem deve tocar em sua própria alma, antes de cumprir o grande

destino que Deus lhe preparou.

Nenhum ser humano é tão baixo, miserável ou destituído que não possa aperfeiçoar esse dom divino

– e receber todas as dádivas. As lições não custam nada, e o próprio homem é o instrumento. Quando

compreender tudo o que esse maravilhoso presente contém, ele vislumbrará a grandeza dos céus. Saberá que

o amor é mais precioso que a luz do sol ou que o colorido das flores; mais belo que o canto dos pássaros ou

os riachos que correm das montanhas; mais poderoso que os oceanos e mais soberbo que os montes, pois é

vida. É luz. É a perfeição eterna, indestrutível e gloriosa da existência. Vale mais que qualquer jóia ou

riqueza. É o poder do céu colocado nas mãos do homem – a divina sinfonia da eternidade.

Todo pensamento carrega a própria vibração, assim como cada tecla do piano tem o próprio tom. A

vibração enviada por cada homem deve primeiro atravessar seu corpo, já que o corpo é o instrumento e nele

está gravado o registro eterno da divina melodia ou da eterna discórdia por ele geradas. Como a vibração é a

realidade, ou a substância eterna da existência, o próprio homem é o criador. Ele cria toda condição na terra

– boa ou ruim. De certa forma, o homem cria a si próprio – seus registros de glória eterna, um mestre de

todas as condições, toda harmonia, perfeição e sucesso, ou um emaranhado de trevas, confusão e fracasso.

“Homem, conhece a ti mesmo, pois dentro de ti oculta-se o tesouro dos tesouros.” E “Homem, com tudo o

que adquires, adquire também o entendimento.” Homem, réplica do Divino, criador de teu céu ou inferno,

teu sucesso ou fracasso! Ó, homem glorioso, filho de Deus, vem e assume teu direito inato, pois ele te

aguarda aqui e agora!

“E conhecer todo o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda

a plenitude de Deus.” (Ef., 3:19)

Capítulo XVII

E NÃO HAVERÁ MAIS MORTE

Se os capítulos anteriores despertaram-lhe novos e surpreendentes pensamentos, apresento agora,

humildemente, este capítulo dinâmico, pedindo-lhe que o receba, leia e estude com uma prece no coração.

Posto-me deslumbrada perante a obra da qual Deus me encarregou. E a Deus cabe o mérito pelas

maravilhosas, incríveis e sublimes verdades que estes escritos reportam. Muito foi escrito entre lágrimas –

tudo foi escrito em prece. Não me considero a autora desta obra. Apenas curvo-me agradecida pelo fato de

tão glorioso conhecimento ter chegado até mim nesta época, e que meus dedos tenham o privilégio de

retratar este trabalho, e minha mente, de registrá-lo.

Nos escritos apócrifos do Novo Testamento (Nicodemos, 18:12-13), encontramos a história do anjo

da morte condenando Lúcifer por ter crucificado o Filho de Deus – há vários capítulos que narram a morte

de Cristo e Sua entrada no inferno para libertar os prisioneiros, mas citarei apenas dois versículos: Ó,

Satanás, Príncipe do Mal, autor da morte, e fonte de todo o orgulho, deverias antes descobrir sobre os crimes

de Jesus de Nazaré, e terias descoberto que Ele de nada era culpado que valesse Sua morte.

“Por que te atreveste, sem razão ou justiça, a crucificá-lo, trazendo às nossas regiões uma pessoa

inocente e justa, perdendo assim todos os pecadores, ímpios e injustos do mundo?”

Tais dizeres sugerem que a morte não tem direito sobre aqueles que pecam. Essa idéia é verificada

nos antigos escritos caldeus dos hebreus, antes da união com o Egito, jamais incluídos em nossas escrituras:

Sois Deuses


“Sobre aqueles que superam as próprias fraquezas e abolem todo o pecado de suas vidas, a morte não tem

direito.” (Rabino Bendovan, guardião dos registros levitas).

Essa doutrina foi verificada na Cidade de Enoque. Uma grande multidão, trabalhando unida pela

perfeição, vivendo em amor e altruísmo, e servindo a Deus com o coração, a mente e a alma, não se sujeitou

à morte. Toda a cidade foi levada ao céu. Esse grande evento não contraria a lei, mas a confirma. Posso

acrescentar ainda que aquelas pessoas viveram numa época em que a maldade na terra era maior que em

qualquer outro período da história, exceto os dias de hoje.

Segundo Josefo, Moisés foi levado aos céus sem conhecer a morte. Elias, também. João, o Bem-

aventurado, também não provou da morte.

Dos antigos registros da América, daqueles que construíram uma civilização de beleza e

magnificência superiores à nossa, vêm mais histórias que comprovam o fato de que a morte é desnecessária,

se o homem superar todo o pecado. Alma, o jovem, foi levado aos céus sem morrer. (Alma, 45:18)

Em III Nephi, 1:3 e 2:9, há o relato de um homem chamado Nephi (ou Néfi) que foi agraciado com o

poder de superar a morte. “Eis que o poder de Deus estava com ele, e não puderam levá-lo à prisão, pois foi

arrebatado pelo Espírito e retirado do meio dos outros. E sucedeu-se que [Néfi] subiu em Espírito, de

multidão em multidão, declarando a palavra de Deus.” (Heleman, 10: 16-17)

As últimas palavras do profeta Eter foram uma sugestão de que ele pode ter sido trasladado. Eter

não conhecia o relato bíblico de Moisés ou de Elias porque seu povo viera ao continente americano na época

da Torre de Babel, muito antes dos outros dois profetas. Também não conhecia a história de Alma e de Néfi,

pois vivera quatrocentos ou quinhentos anos antes deles. Portanto, já que ele compreendia a lei superior, esta

deve ter-lhe sido revelada por Deus, que quis prepará-lo para a mudança.

Há ainda o relato dos “Três Nefitas”, que tinham a permissão de andar pela terra sem serem tocados

pela morte. Algumas pessoas de nossa geração entraram em contato com um ou mais deles, comprovando

sua existência registrada nos escritos antigos.

Com isso, são oito (nove, se incluirmos Eter) indivíduos identificados por nome, que se livraram da

morte graças à probidade de suas vidas. A eles devemos acrescentar a cidade inteira de Enoque, e os justos

que foram poupados, quando a cidade se elevou até baixarem as enchentes. Quantos mais se incluem nesse

grupo, nós não sabemos. Não importa. O número exato de quantos receberam o poder de superar a morte

não é revelado. Pode ser uma legião.

Segundo os apócrifos do Novo Testamento, há uma mulher chamada Teckla, convertida por Paulo,

que foi trasladada graças à probidade e justiça de sua vida – e, a partir desses registros antigos, parece que

os santos do início da igreja cristã estavam bastante familiarizados com esse poder, o qual chamavam de

“translação”.

Vemos no Novo Testamento, que João, o Bem-aventurado, não foi o único seguidor de Cristo que

recebeu o poder: “Em verdade, vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem

que vejam chegado o reino de Deus com poder.” (Mar., 9:1) E como Cristo ainda chegou em todo o Seu

poder, tais pessoas escaparam da morte.

Não é importante que saibamos quantos têm esse privilégio. O que importa realmente é: a lei se

aplica a nós? “O último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” E então, se superarmos todas as

fraquezas, os conflitos, as confusões, o medo, o ódio e a escuridão, será possível escaparmos da morte. E

escapando da morte, poderemos ir ao céu ou permanecer nesta terra, de acordo com a vontade de Deus ou o

desejo de cada um. “Consideramos que Deus criou o homem com uma mente aberta à instrução e uma

faculdade que pode ser ampliada em proporção à atenção e ao esforço dedicados à luz transmitida dos céus

ao intelecto. Quanto mais o homem se aproxima da perfeição, mais claras são suas visões e maior é o seu

prazer, até ele superar todos os males da vida e perder todo o desejo de pecar. E, assim como seus ancestrais,

o homem chega a um ponto de fé no qual é envolto no poder e na glória de seu Criador, sendo chamado para

atuar ao lado Dele.” (Joseph Smith)

Novamente teremos de recorrer aos ensinamentos de Jesus Cristo, a autoridade infalível para

qualquer doutrina.

Sois Deuses


“Em verdade, em verdade, vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.”

(João, 8:51) Ou, de acordo com a perfeita tradução grega: “Na verdade, vos digo que, todo aquele que seguir

minha palavra, não verá a morte até o fim dos tempos (ou do mundo).” Imediatamente, Cristo foi desafiado

pela multidão com estas palavras: “Agora conhecemos que tens demônio. Morreu Abraão e [morreram] os

profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará da morte. És tu maior do que o nosso

pai Abraão, que morreu?” [João, 8:52-53] Em resposta aos rebeldes, Cristo não tentou explicar a lei sagrada.

Apenas justificou Suas palavras, dizendo: “Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão

existisse, eu sou.” [João, 8:58] Ainda assim, a multidão furiosa tentou apedrejá-lo.

“Todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?” (João, 11:25) Cristo não estava

falando da vida após a morte. Não falava tampouco da ressurreição. Estava se dirigindo à Marta, a respeito

de Lázaro, que já estava enterrado, mas sobre quem a morte parecia não ter direito. A viagem de Lázaro para

o outro lado fora um sinal e um testemunho para o povo. E você pode ter certeza de que Lázaro jamais

experimentou a morte novamente.

O Capítulo 6 de João contém mais informações sobre o tema do que qualquer outro capítulo das

escrituras: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.” [versículo 47]

Tais dizeres também são da tradução original grega, e se referem ao fim de uma era ou de um mundo.

Eu sou o pão da vida.

“Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.” [João 6: 48-49]

Esse discurso foi necessário porque a multidão alegava que seus ancestrais haviam recebido maná

de Deus, e Cristo advertiu que, embora tivessem comido o maná, todos morreram. Aqueles antigos hebreus

sob a liderança de Moisés tiveram a morte espiritual – por isso, ao mencionar a vida eterna prometida, Ele

não se referia simplesmente à vida após a morte, pois isso todos já tinham. De acordo com os relatos de

Pedro, mesmo os desobedientes na época de Noé tinham vida após a morte. Cristo, porém, pregou durante

três dias e três noites, enquanto Seu corpo jazia na tumba. Essa afirmação é verificada em Nicodemos, 18.

“Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra (como morreram seus

ancestrais que dependiam do maná).” [João, 6:50]

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se algum comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que

eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” [João, 6:51] Recomendo um estudo meditativo de

todo o capítulo, pois nele Cristo promete que todos os que participarem do sacramento receberão a dádiva,

se Nele acreditarem. E Ele disse, também: “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as

palavras que eu vos disse são espírito e vida.” (João, 6:63) Em outras palavras, ele diz que o sacramento é

meramente um símbolo do significado mais profundo. Ele está tentando ensinar que não é do sacramento

que aproveitaremos, mas do Espírito de Cristo, que deve ser desejado e recebido para sermos vivificados.

João realmente compreendeu o significado das palavras de Cristo. E, de acordo com os registro bíblicos,

outras pessoas devem ter compreendido, também.

Examinemos agora as convenções do sacramento e as promessas que fazem dele algo extremamente

importante. Quando alguém participa do sacramento, está declarando que SEMPRE se lembrará do Filho de

Deus, Jesus Cristo. Para se lembrar SEMPRE Dele, o indivíduo deve ter total controle do pensamento; sua

mente deve estar em estado de prece constante. É preciso viver toda lei dada pelo Mestre e tornar o Sermão

da Montanha parte da vida, como o ar e a alimentação. Se participarmos do sacramento sem essa convicção,

seremos mentirosos perante Deus. Muitos estão doentes e até pereceram porque não tentaram compreender e

viver de acordo com essa convenção. Quando recebemos o corpo e o sangue de Jesus Cristo, cumprindo

nossa parte da convenção, compartilhamos dos emblemas espirituais da vida eterna – como Cristo tinha

vida, também nos dará o poder de termos vida. Assim, teremos o poder Dele sobre nós, e Seu Espírito estará

sempre conosco, tornando nossa vida gloriosa, orientada para a justiça, verdade, paz e progresso. Saberemos

o que dizer e quando dizer. Seremos capazes de realizar as obras que Ele realizou, e até “obras maiores”.

Essa é a promessa. Se compreendermos o grande privilégio de seguir as convenções por nós mesmos

criadas, não só seremos sempre auxiliados pelo espírito Dele, mas também não precisaremos morrer. Essa é

a promessa positiva, feita no Capítulo 6 do Livro de João; a não ser, é claro, que sejamos chamados para

ceder a própria vida, selando nosso destino e glorificando o Senhor.

Sois Deuses


No sacramento, também nos comprometemos a assumir o Nome de Jesus Cristo. Isso será explicado

mais tarde. Mas se não compreendermos logo as grandes verdades por trás dos símbolos, continuaremos

vivendo em nossos nichos de amargura, e pereceremos na terra.

“Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando

de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da

imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.” (João, 6:1-2) Em outras palavras, os

primeiros princípios do Evangelho, conforme Cristo os ensinou, são o leite. Fé, arrependimento e batismo, e

a imposição das mãos para a Dádiva do Espírito Santo fazem parte de Seus ensinamentos e são tão

importantes quando amor, perdão e perfeição – na verdade, são os elementos demarcadores. Uma vez

cumpridos, porém, não dão ao indivíduo o direito de se sentir absolutamente seguro, achando que já fez sua

parte. A partir desse ponto, é preciso continuar em busca da perfeição, cumprindo as leis superiores. A

própria dádiva do Espírito Santo é conduzir o homem à verdade total – assim como o Sacerdócio de

Melchizedek pretende revelar os mistérios do reino dos céus e a face de Deus. Por isso, a menos que o

homem atinja a perfeição através das grandes dádivas do Evangelho, “tudo será em vão”.

Quando Néfi se despediu de seu povo, advertiu a todos que se arrependessem e fossem batizados,

para que as promessas fossem cumpridas. Em seu discurso, ele lamenta a ignorância, a falta de fé e a

perversidade das pessoas – e conclui: “E agora, meus amados irmãos, quando tiverdes entrado no caminho

estreito e reto, perguntar-vos-ia se vossa parte está feita? Eis que vos digo, não; pois não teríeis chegado tão

longe, não fosse pela mão de Cristo, com fé inabalável Nele, contando somente com Seus méritos, pois só

Ele tem o poder de salvar. Portanto, devemos prosseguir persistentes em Cristo – ALIMENTANDO-NOS

DA PALAVRA DE CRISTO.” (Alimentar-se, aqui, significa compartilhar, digerir e estudar. A única

maneira de digerir os ensinamentos de Cristo é permitir que se tornem parte de nosso ser, como os alimentos

passam a fazer parte de nosso organismo.) Néfi continua, explicando que se os homens obedecessem às

primeiras palavras de Cristo, poderiam falar a língua dos anjos, pois os anjos falam através do poder do

Espírito Santo. Ele diz: “SE NÃO ENTENDEIS, É PORQUE ESQUECESTES DE PERGUNTAR E

BATER À PORTA, POIS SE ESCUTÁSSEIS AO ESPÍRITO QUE ENSINA O HOMEM A REZAR,

SABERÍEIS QUE DEVEIS REZAR: pois o espírito mau ensina que não se deve rezar.” (II Nephi, Capítulos

31 e 32)

Quando o homem consegue transformar todo fôlego em uma prece de saudação, glória e júbilo,

descobre que vive em Cristo – e terá “tudo o que pedir”.

Todo atributo de Deus Pai existe em estágio embrionário em cada um de seus filhos da terra.

Sabendo que os presentes de Deus serão dados àqueles que realmente acreditam, todo filho e filha de Deus

deve desejar o dom da profecia. Paulo disse que pediria a Deus que todo homem pudesse profetizar. E a

promessa é de que o Espírito do Senhor cobrirá a terra como as águas cobrem o mar, e nossos filhos e filhas

profetizarão. Ninguém que tenha sobre si o poder de Deus permanecerá calado, ou inativo – o próprio poder

exige atividade que glorifique o Senhor continuamente – para que Seu nome seja conhecido e espalhado

pela terra.

É impossível para alguém subir tão alto, se estiver buscando o poder de Deus apenas para se encher

de glória e superar os irmãos. Uma pessoa que busca a luz e o poder com esse objetivo não está preparada, e

será consumida por eles. Só a profunda humildade, o amor perfeito e um desejo ardente de glorificar Deus

pode concretizar a visão superior.

Quando Amon, filho do rei Mosías, completou sua missão com os Lamanitas, que haviam sido

convertidos aos milhares à crença em Deus, graças às suas pregações e de seus irmãos, disse: “Sim, aquele

que se arrepende e pratica a fé e realiza boas obras, e REZA CONTINUAMENTE, recebe a graça de

conhecer os mistérios de Deus; sim, a ele serão reveladas coisas nunca antes reveladas; sim, e ele terá o

poder de conduzir milhares de almas ao arrependimento.”

Paulo alertou os santos de sua época que aceitassem todas as grandes dádivas. Para aceitar uma

dádiva, é preciso compreendê-la e desejá-la – não basta procurar, mas é preciso concentrar-se até a própria

dádiva se realizar no indivíduo, ou até sua fé tornar-se suficientemente forte para recebê-la.

Deixai o mesmo pensamento em vós que estava em Cristo Jesus:

Sois Deuses


“Que, estando na forma de Deus, sabia não ser roubo ser igual a Deus.”

Junto com o grande poder de Deus, concedido quando do cumprimento das leis superiores e do amor

perfeito, está o poder de residir em Cristo, unir-se a Ele e ao Pai, que são um – deixar-se instruir e guiar por

Ele, para que todas as conquistas sejam feitas Nele e através Dele, e para que nada dê errado em nossas

vidas. Esse grande amor tem domínio sobre a morte, exceto para aqueles que voluntariamente dão a vida

como mártires, para a glória do Pai e do Filho.

“Quem não ama a seu irmão, permanece na morte.” (I João, 3:14)

“O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna.” (Rom., 6:23)

“Acreditamos que os homens serão punidos por seus pecados, e não pelos crimes de Adão.” Se isso

for verdade, e eu acredito que seja, nenhum homem morre por causa dos erros de Adão, que o levou à morte.

Os homens morrem por seus próprios pecados. Adão trouxe o pecado ao mundo; e com o pecado veio a

morte – o pecado cometido por cada indivíduo, porque todos nós compartilhamos do pecado. Mas os

pecados que nos conduzem à morte são nossos, e não de Adão.

Quando superarmos o pecado, superaremos também a morte, o último inimigo.

“Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.” (Apoc.,

2:7)

“Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do espírito é vida e paz.” (Rom., 8:6)

“Eis que vos digo um mistério: na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos

transformados...” (I Cor., 15:51)

“Mas cada um morrerá pela sua iniqüidade.” (Jer., 31:30)

“Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” (I Cor., 15:26)

“Portanto, eles assim se comprometeram, e com seu juramento, trouxeram a si próprios morte e

danação.” (Moisés, 6:29)

“Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, o inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é

o pecado, e a força do pecado é a lei.” (I Cor., 15:55-56)

“Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque o Deus o trasladara:

visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus. Ora, sem fé é impossível

agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e que é o

galardoador dos que o buscam.” (Heb., 11:5-6)

A morte decididamente será banida no decorrer do milênio, pois toda promessa nos diz que não

haverá mais morte – que os seres mortais serão modificados “num piscar de olhos, da mortalidade para a

imortalidade”, quando chegarem à idade de uma árvore. As árvores têm várias idades, desde alguns anos até

séculos; portanto, a mudança nos homens também será variada, pois dependerá de como cada um se

preparou até aquele momento. A preparação começa a qualquer instante, quando o indivíduo compreende a

lei ou tem a visão dela.

Nós também temos o direito às bênçãos maiores. Deus não tem preferência por uma ou outra pessoa.

Não é roubo desejar o privilégio de ser chamado. Tampouco é uma pretensão exagerada. Não é um desejo

egoísta. É um convite eterno a todos os que viverem as leis superiores.

“Pois aquilo que é de Deus convida e incita a fazer o bem incessantemente; portanto, tudo o que

convida e incita a fazer o bem, e a amar a Deus, e a servir ao Senhor, é inspirado por Deus.” (Moroni, 7:13)

“E, certo como Cristo viveu entre nós, disse a nossos pais estas palavras: Tudo aquilo que pedirdes

ao Pai, se for bom e o pedirdes com fé, vos será concedido.” (Ibid., versículo 26)

Não há necessidade de pedirmos as coisas já existentes, mas devemos pedir aquilo que ainda não

recebemos.

Quando um homem aceita plenamente a idéia de servir ao Senhor, dedicando todo o tempo, talento,

força, energia da mente, do corpo e da alma, o espírito do Senhor prova-lhe que, se continuar assim, terá o

privilégio de servir sob total orientação e inspiração de Deus. Depois que o Espírito de Deus der testemunho

à alma do homem dessa grande promessa, ela se torna preciosa e real em seu coração, menos estranha, alías,

que a própria idéia da morte. Mesmo a doutrina da ressurreição é mais difícil de entender, embora seja

Sois Deuses


perfeita em poder, misericórdia e compreensão. Lúcifer é o autor da morte e, se expulsarmos seus poderes

de pecado e sombra, a morte não terá direito algum sobre nós; assim, o último inimigo será aniquilado.

“Vem a mim, ó casa de Israel, e em ti se manifestarão as coisas maravilhosas que o Pai te reservou,

da fundação do mundo; e a qual não desfrutas por causa da falta de fé. Pois quando rasgares o véu de teu

lamentável estado de perversidade, aspereza de coração e cegueira da mente, então as coisas maravilhosas,

da fundação do mundo, serão reveladas e cumpridas.” (Eter, 4:13-15) Em outras palavras, quando

superarmos a maldade de nossas vidas, a aspereza de nossos corações e a cegueira de nossas mentes, e nos

livrarmos, enfim, de todo o pecado, receberemos bênçãos maravilhosas e inefáveis, tais como o mundo

jamais conheceu – bênçãos que têm estado ocultas “desde a fundação do mundo.”

Talvez eu possa explicar melhor essa idéia da seguinte maneira: quando o homem aprender a dirigir

a mente para a constante prece de amor e devoção; quando seu coração se tornar uma melodia contínua de

saudação e glória e sua mente atingir o grande depósito de Verdade Eterna, ou a quarta dimensão, por

questão de lógica, após ter permanecido tanto tempo nessa condição, seu corpo gradualmente se encherá de

luz e entrará no mesmo reino.

“Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o outro; estando duas moendo no moinho,

será levada uma, e deixada outra.” [Mat., 24:40-41] Podemos concluir, com isso, que será necessário

vivermos as leis superiores de obediência ou glória para que possamos escapar do julgamento final da

consumação de terremotos, bombardeios e destruição de países.

A alma do homem contém a energia atômica e o poder de aceitar todas as grandes dádivas e bênçãos

de Deus. Esse poder só pode ser usado com grande humildade, desejo dinâmico e amor verdadeiro, e quando

a mente estiver treinada para obedecer, em prece contínua de devoção e glória. “Sem visão, a humanidade

perece.” Até hoje, os homens morrem porque não têm essa visão.

A exigência feita de nossos ancestrais pioneiros era um desafio às suas forças físicas e morais – de

nós se exige força mental e espiritual. Temos de despertar mentalmente – pensar – sentir – ver – e,

finalmente, VIVER. E só quem pagou o preço, sabe. O preço é viver as leis da probidade, abrindo a mente e

a alma para sentir – através da prece humilde, sincera, e da busca por mais justiça. “E se viverdes as leis,

sabereis se são de Deus, ou se falo palavras vazias.” Essa afirmação é tão verdadeira agora, quanto na época

de Cristo.

Você me pergunta como posso escrever e saber de coisas que não são convencionais? Sei porque

Deus me instruiu, antes de eu vir à terra. Ele foi meu mestre – e explicou-me a morte – e as leis pelas quais

ela pode ser superada. E mais uma vez, em vida, foi-me permitido verificar; e foi-me dado o dom dos “Três

Nefitas”, para que eu possa, segundo a orientação do Espírito do Todo-Poderoso, servir à humanidade e

trazer luz ao mundo. E a mesma promessa foi feita a você. Será cumprida, se acreditar nela; se pedir, buscar

e bater à porta.

E havia entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.

Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabí, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus:

porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.

Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não

pode ver o reino de Deus.

Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar

no ventre de sua mãe, e nascer?

Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele não nascer da água e do Espírito, não

pode entrar no reino de Deus.

O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.

Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.

“O VENTO ASSOPRA ONDE QUER, E OUVES A SUA VOZ, MAS NÃO SABES DONDE

VEM, NEM PARA ONDE VAI; ASSIM É TODO AQUELE QUE É NASCIDO DO ESPÍRITO.” (João,

3:1-8)

Sois Deuses


Não são minhas palavras, mas de Jesus Cristo; e a tradução está correta. O sentido é exatamente

esse. Qualquer pessoa que nasça do Espírito poderá ir e vir sem que ninguém saiba de onde ou para onde. E

o próprio Cristo provou a veracidade de tais palavras inúmeras vezes em Sua vida.

“E o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se havia retirado, em razão de naquele lugar

haver grande multidão.” (João 5:13)

Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis. Mas se as faço, e não credes em mim, crede nas

obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele.

“Procuravam pois prendê-lo outra vez, mas ele escapou-se de suas mãos, e retirou-se outra vez para

além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente batizado; e ali ficou.” (João, 10: 37-40)

“Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus; e,

retirando-se, escondeu-se deles.

“E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam Nele.” (João 12: 36-37)

E disse: Em verdade vos digo que nenhum profeta é bem recebido na sua pátria.

Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando o céu se cerrou

por três anos e seis meses, de sorte que em toda a terra houve grande fome;

“E a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidon, a uma mulher viúva.” (e pagã)

E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão

Naamã, o sírio (também pagão).

E todos, na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira.

E, levantando-se, o expulsaram da cidade, e o levaram até ao cume do monte em que a cidade deles

estava edificada, para dali o precipitarem.

Ele, porém, passando pelo meio deles, retirou-se.” (Luc., 4:24-30)

E disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.

“Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo

meio deles, e assim se retirou.” (João 8: 58-59)

Após ter alimentado as cinco mil pessoas: “Recolheram-nos pois, e encheram doze cestos de

pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido. Vendo pois aqueles homens o

milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo

pois Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte.” (João

6:13-15)

Mais tarde, na mesma noite, Jesus se juntou aos apóstolos, caminhando sobre o mar da Galiléia.

A “vara de ferro” [Apoc., 12:5] à qual devemos nos apegar é a “palavra de Deus”, e ela nos

permitirá compartilhar do amor de Deus, ou do fruto da árvore da vida. “Que jorra no coração dos filhos dos

homens; e é, portanto, o bem mais desejável, e o mais benéfico à alma.” (I Nephi, 11:22-23)

“E eis que a vara de ferro que vi e que meu pai também vira, era a palavra de Deus, que conduz à

fonte de águas vivas, ou à árvore da vida, que são uma representação do amor de Deus; e vi também que a

árvore da vida era uma representação do amor de Deus.” (Ibid., versículo 25)

Tais informações são claras e belas. Entendemos que, se desejarmos provar do fruto da árvore da

vida, que é o puro amor de Deus, devemos segurar com firmeza a “vara de ferro”, que é a palavra de Deus.

A palavra de Deus, conforme nos chega dos profetas, é um registro contínuo de promessas. Isso se

aplica a todos os ensinamentos de Jesus Cristo. Os Quatro Evangelhos também trazem inúmeras promessas

dinâmicas, as quais não somos capazes de entender – mas se nos apegarmos a elas, acreditando e tentando

cumpri-las, seremos conduzidos ao amor perfeito e teremos permissão de provar do fruto da árvore da vida,

localizada no meio do paraíso de Deus, e não precisaremos morrer.

Isso é verificado no Livro do Apocalipse (2:7): “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da

vida, que está no meio do paraíso de Deus.”

Portanto, se buscarmos com afinco o reino de Deus e sua justiça, acreditando nas promessas,

receberemos todas as coisas, ou tudo nos será concedido. Já nos foi dito que o reino do céu está dentro de

nós. Agora, aprendemos que o fruto da árvore da vida, que representa o amor de Deus, jorra em nossos

Sois Deuses


corações. Se isso for verdade, então o poder de nos atermos a essa dádiva de vida eterna também deve estar

dentro de nós.

Voltemos ao Gênesis, onde estudaremos o episódio da expulsão de Adão e Eva do paraíso: “Para

que [Adão] não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida e viva eternamente [em pecado]... pôs

[Deus] querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o

caminho da árvore da vida.” (Capítulo 3, versículos 22 e 24).

O portal do jardim se fechou e o homem se viu forçado a ganhar o pão com o suor de seu rosto, em

um mundo triste e solitário, isolado da presença de Deus. Os querubins colocaram-lhe um véu sobre a

consciência, e a espada inflamada que guarda o caminho da árvore da vida é a dor flamejante de nossos

conceitos físicos e mortais. Essas fraquezas da carne barram nosso caminho à árvore, com mais força do que

uma legião de anjos.

Por causa de seu padrão de pensamento errôneo, mortal, Adão não pôde provar do fruto da árvore da

vida, pois se o fizesse, viveria para sempre em pecado. Nós também não compartilharemos do fruto, pois a

mesma coisa pode nos suceder. Quando tivermos superado nossos pecados, provaremos do fruto da árvore

da vida, que é o grande e perfeito amor de Deus a nós concedido em toda a sua plenitude e poder, e a morte

não poderá nos levar.

De acordo com as escrituras, o pecado é a causa da morte. Pecado é todo pensamento, sentimento ou

vibração que não esteja em harmonia com o verdadeiro padrão de vida do homem, ou com a divina melodia

de amor e paz perfeitos do universo.

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou,

tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” (João, 5: 24) Essas leis e

poderes superiores são as dádivas de Cristo. São os presentes que Ele queria distribuir a Seu povo – as

bênçãos que nos aguardam, ainda hoje. Pertencem a você, se acreditar nelas – se agarrar a “vara de ferro”, a

palavra de Suas promessas. Não apenas se lembre, mas saiba que nada é impossível para aquele que

acredita. E saiba também que àquele que alcança e pede nada será recusado. A resposta Dele aos Três

Nefitas foi: “Mais abençoados sois, pois jamais conhecerão a morte; mas viverão para contemplar os feitos

do Pai sobre os filhos dos homens, até todas as coisas serem cumpridas de acordo com a vontade do Pai,

quando, então, virei em minha glória com os poderes dos céus.” Ele lhes disse claramente que eram mais

abençoados, porque haviam desejado Dele algo tão grande. Quanto maior for a visão de um homem, maiores

serão seus desejos.

A maior obra de Cristo foi ter rompido os grilhões da morte. Essa também pode ser nossa maior

obra, pois se acreditarmos nas palavras Dele, realizaremos tudo o que Ele realizou. Ele nada fará em nosso

lugar. Apenas mostra o caminho. Cabe a nós trabalhar.

“Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e

as fará maiores do que estas; porque eu vou para meu Pai.” (João, 14:12)

Assim, deixo-o, leitor, com este capítulo, pedindo-lhe que o estude e ore com toda a força do

coração, pois somente quando o Espírito de Deus o envolver, você conhecerá a grande verdade e receberá

suas bênçãos.

Capítulo XVIII

O VERDADEIRO PADRÃO DE CADA VIDA INDIVIDUAL

Luz é vida, e vida é inteligência, ou Espírito. É energia. É movimento e atividade – e é o poder de

Deus. Da luz e pela luz todas as coisas foram criadas – o universo – as estrelas – os mundos – e a

humanidade.

“... A luz da verdade”.

A verdade que ilumina, ESTA É A LUZ DE CRISTO. Ele é também o sol, e a luz do sol; e o poder

do qual o sol foi feito.

Sois Deuses


Ele também é a lua, e é a luz da lua, e o poder do qual a lua foi feita;

Ele também é a luz das estrelas, e o poder do qual foram feitas;

E também a terra, e o poder do qual foi feita;

Esta é a Luz de Cristo que te ilumina; que, através dele, abre teus olhos; e é a mesma luz que

desperta em ti o entendimento.


“A luz que está em todas as coisas, que a todas as coisas dá vida, que todas as coisas governa, O

PODER DE DEUS, que está sentado em Seu trono, no seio da eternidade, no meio de todas as coisas.”

A lei através da qual todas as coisas são governadas, que está no meio de todas as coisas, ou no

centro de todas as coisas, é uma das explicações mais notáveis já oferecida. A lei que governa o homem é a

sua consciência, bem no meio ou no centro de seu ser. É absolutamente verdade que “A Luz brilha na

escuridão, e a escuridão não a compreende. O dia, porém, virá que compreendereis o próprio Deus,

renascereis Nele e por Ele.” Ou escutaremos e compreenderemos a voz de Deus, que virá das profundezas de

nossa alma.

Eis o estado do homem, e eis o destino do homem; porque aquilo que era do princípio se manifesta

claramente a ele; mas ele não recebe a luz.

“E todo homem cujo espírito não recebe a luz está condenado.” (D & C 93,31-32)

Esse Espírito está no homem desde o início dos tempos, e se manifesta claramente a ele, é a voz da

consciência que sussurra do meio de seu ser. Aqueles que rejeitarem essa luz serão condenados, pois nada os

guiará, e terão de tatear na escuridão para cumprir seu verdadeiro padrão de vida.

Certa vez, perguntei a um grupo de jovens o que era arrependimento. Uma moça muito bonita me

disse: “É aquela sensação incômoda de que você fez uma coisa errada.”‟

Creio que foi a definição mais correta que já ouvi. O arrependimento é realmente uma sensação

incômoda; mas apesar disso, é belo, desde que compreendido, pois é o único guia verdadeiro da vida.

Quando prestamos atenção ao Espírito de Cristo, ouvindo suas repreensões e deixando os fogos purificarem

o resultado do erro, tornamo-nos limpos e fiéis ao nosso padrão de vida. Essa voz é nosso único guia. Por

isso, ninguém pode viver a vida de outra pessoa – e não há duas vidas iguais, com a mesma missão e o

mesmo destino. Cada pessoa deve ter a visão e a coragem de viver sua vida, independente do que “os

vizinhos possam dizer”, ou do que qualquer um, aliás, pense. Deve ser orientada de “dentro” para cumprir

seu glorioso destino. A voz da consciência nem sempre desaprova ou repreende. Ela também elogia e

congratula, pois é a voz divina em nosso íntimo – a voz de Deus. Contém nosso verdadeiro padrão de vida,

revelado dia após dia, em cada momento vivido. Essa voz faz o homem sair da mediocridade, assim como

ajuda a semente a germinar. Só ela pode fazer a flor de realização brotar na vida de cada ser humano.

Ninguém nasce sem ela. Ninguém é tão pequeno, insignificante e desprovido de talento que não possa

cumprir o padrão de sua existência individual, se entrar em contato com aquela “voz mansa e delicada”

interior [mencionado em I. Reis, 19:12]. Essa voz é a Palavra de Deus que conduz à vida abundante, perfeita

e livre.

Só quando o homem viver segundo a orientação infalível dessa luz-guia, será sincero consigo

mesmo e com Deus. Essa voz é o “Espírito da Verdade” falando através dele. Ela não faz falsos elogios. Não

condena sem motivo. É uma amiga de confiança e que tudo sabe.

Todos os dias de minha vida, pessoas gentis e bem intencionadas dão-me conselhos sobre como

viver. São criaturas boas, que desejam me ajudar a viver da maneira que elas consideram certa, e eu as amo

por isso; e seus conselhos são perfeitos para a vida delas – e para o que fariam se estivessem em meu lugar.

Mas não estão; por isso, suas sugestões não me servem. Na verdade, só escureceriam minha vida. Só a

minha voz interior pode guiar-me em minha missão de vida – e só a sua voz pode guiá-lo e fazer que se

cumpra o seu destino, seja ele qual for.

Todo grande homem seguiu a orientação da voz interior; do contrário não teria obtido sucesso.

Abraham Lincoln, sem oportunidades ou apoio de amigos, seguiu a voz interior, cumpriu seu destino com

honra e governou a América em um de seus períodos mais cruciais.

Sois Deuses


O padrão completo de sua vida, em todo o poder divino de realização, está contido nesse centro de

sabedoria e conhecimento, assim como a vida da flor está contida na semente. Só você tem contato com o

seu padrão de vida – e só você pode manter esse contato. Ninguém fará isso em seu lugar. Nem você fará

para outra pessoa. Cada ser humano deve aprender a seguir seu verdadeiro padrão, se pretende alcançar a

dignidade da realização completa.

Se você deseja dar conselhos, confortar ou ajudar as pessoas, então ensine a encontrar Deus – ensine

a escutar a voz interior da alma. Esse é o melhor serviço que se pode prestar a alguém: ensinar a “aquietar-

se” e conhecer Deus.

A mesma voz “incômoda” da consciência que faz você se sentir “o pior ser da terra” também lhe dá

um amigável tapa no ombro, quando seus atos são nobres, esplêndidos ou altruístas. A aprovação da

consciência é como uma gloriosa melodia, tocada sempre que uma tarefa é completada. Ela nunca

superestima. Simplesmente sabe e existe. É o Espírito da Verdade, ou da “Luz que ilumina todo homem da

terra.” É a melhor amiga de qualquer pessoa. Preste atenção a ela, e nunca falhará em coisa alguma. Jamais

se sentirá abandonado e sozinho enquanto escutar a voz interior, ou a Palavra de Deus plantada no fundo de

sua alma. Suas conquistas se multiplicarão, se você se agarrar à “vara de ferro”. Assim é que se escala os

degraus do destino – seu grande destino – pois dentro de cada ser humano há uma semente de glória,

aguardando para se manifestar. Somente através da orientação dessa voz, você subirá de graça em graça a

patamares superiores de progresso.

Não há glória sem esforço, nem salvação sem preço. E para alcançar a luz, é preciso aprender a

caminhar nela. “Aqueles que rejeitarem essa luz, serão condenados.”

Escutar a voz não rouba o livre arbítrio de ninguém, pois é a disposição em obedecê-la ou não que

faz da vida um sucesso ou um fracasso. Todo homem tem o direito à “fatalidade livre”. Seu livre arbítrio

permite-lhe escolher entre viver o padrão verdadeiro de sua vida ou continuar com os mesmos erros. Se

preferir a gloriosa voz interior, que tudo sabe e compreende, estará acima do estado mental de tatear às

cegas, sem nada entender, instável e temperamental. Estará sempre em contato com a supraconsciência; e

com a compreensão adquirida e o contato fortalecido, descobrirá que a voz não fala apenas depois do ato,

mas também antes, impedindo ações precipitadas ou palavras erradas. Assim, todos os erros podem ser

eliminados. Dois antigos estudiosos gregos diziam que mal começavam a dizer a coisa errada, eram

impedidos ou alertados. E porque seguiram o alerta, suas obras permaneceram vivas ao longo dos séculos.

A gloriosa voz da aprovação que dá um tapa amigável nas costas, enchendo o ser de uma “sensação

boa” interior, não é a voz do ego, com seus altos brados de auto-importância e vaidade. O ego pertence ao

consciente; é material e mortal. A gloriosa voz da consciência vem da alma. É o Espírito de Cristo, que

nasce em cada homem. É a voz de Deus que Cristo seguiu com amor e gratidão. É a videira que nos fornece

a vida abundante, a força e o poder; pois, de nós mesmos, nada temos de valor. Só quando residirmos na

videira, nossas vidas e obras terão glória. (João, 15)

O nosso problema, na maior parte do tempo, é que quando temos a “sensação boa” a respeito de

algo que fizemos, desejamos mantê-la, contando a todos sobre o ato – e como foi feito -, aumentando os

detalhes de bondade na narrativa. Esse é um erro grave, pois a sensação é a voz de Deus nas câmaras

secretas de nossa alma. É a voz sagrada que alcança cada um de nós, individualmente, à medida que

adentramos o Caminho Sagrado, nosso aposento, ou alma interior, e rezamos para Deus. Essa aprovação

interior é uma experiência individual e sagrada, a qual não deve ser mencionada publicamente; do contrário,

a única recompensa será o elogio insignificante do mundo. Se dermos mais valor a esse tipo de aprovação

(ou elogio) que às recompensas dadas pelo Pai, teremos algo infinitamente menor que a direção de amor. E

só ela nos conduz à escalada da verdadeira conquista, graças ao poder de Deus Todo-Poderoso. Todo

homem que se vangloria, deixa de receber as grandes honras do Pai dos céus.

Se compreendermos como funciona essa lei de Deus em nossas vidas, compreenderemos também

porque não é certo dizer à mão esquerda o que a direita está fazendo, pois isso só nos garante a recompensa

material, privando-nos do direito ao presente maior – a recompensa prometida pelo Pai. O próprio ato de

contar sobre a boa ação indica orgulho e estabelece perspectivas falsas. Tal método nos faz perder o contato

Sois Deuses


com a voz interior, que contém o nosso verdadeiro padrão de vida. Aos poucos, as vozes lisonjeiras dos

homens tornam-se nosso objetivo primordial, e a verdadeira grandeza é sacrificada sobre o altar da vaidade.

Cristo jamais se gabou de suas boas obras – mas porque seguiu a voz interior, foi recompensado

generosamente: dois mil anos de devoção de um mundo inteiro.

Só a aprovação da voz interior é importante. As opiniões externas não contam; pois o padrão

glorioso, pleno, da vida de cada pessoa reside naquela diminuta semente de todo o conhecimento, bem

guardada no fundo da alma. Tal padrão só se manifestará se a semente germinar e se sua planta for

glorificada pelo desenvolvimento de cada broto. Se o homem deseja entrar em cadência com a marcha

gloriosa de todo o universo, precisa escutar a voz da consciência, ou a “voz mansa e delicada” interior – a

voz de luz que bate-lhe à porta da consciência, esperando pelo momento de entrar. Essa é a luz que desde o

início se fez evidente – e que o homem rejeitou. Siga a voz interior e você terá uma vida honrada e realizada:

esse é um fato tão certo e garantido quanto o crescimento da flor ou do carvalho a partir da semente, ou do

pássaro a partir do ovo.

Saiba com toda a força do coração e da alma que Ele o aprova e que seu caminho será de grande

honra, ainda que o conduza ao calabouço – ainda que perca a vida, novamente a encontrará, pois tudo lhe

será concedido e suas obras serão como sinais de luz, indicando aos outros o caminho acima da

mediocridade e da vida banal.

É preciso muita coragem para enfrentar o mundo e cumprir o verdadeiro destino; poucos, na

verdade, atrevem-se a viver em plena liberdade, na perfeição das orientações de Deus. Mas àquele que

compreende o caminho de seu destino é dada coragem, que o envolve como uma armadura brilhante. São as

Joanas D‟Arc, os Colombos, os Fernandos de Magalhães, Roger Bacons e Patrick Henrys, sempre dispostos

a dar a própria vida por aquilo que sentiam ser verdadeiro, que podem realmente ser chamados de os

“grandes” do planeta.

O falecido Robert Henri, grande artista de nobre alma, disse: “Todo gênio se destaca das massas

porque encontra expressão para a sua grandeza: a grandeza está em todo lugar, em todo homem, em toda

criança. O que nossa civilização tem feito é sufocar a grandeza – tememos aquelas pessoas que vivem de

maneira simples e bela – e depois as condenamos. Só as aceitamos se forem suficientemente fortes para

sobreviver à condenação... A grande revolução mundial que deverá trazer igualdade, paz e liberdade será

uma manifestação espiritual em cada indivíduo. Nossa educação nos tornou cegos ao fato de que o mistério

da natureza existe em cada homem. Quando formos mais sábios, não tentaremos nos moldar (ou deixar que

outros nos moldem), mas deixaremos nossa ignorância de lado – bem afastada – e observaremos nosso

desenvolvimento. Aprenderemos de nós mesmos.”

Em outras palavras, aprenderemos a viver segundo o padrão que existe em cada um de nós,

individualmente – eu, de acordo com o meu padrão; você, de acordo com o seu. Pararemos de tentar

encaixar todos no mesmo molde. Respeitaremos o trabalho e a vocação do outro, e seremos respeitados por

seguirmos nosso verdadeiro padrão de vida, atentos à voz interior, que tudo sabe e só ama.

Aprenda a escutar essa voz, ame-a. Ela é a sensação de “tatear por Deus”, mencionada em Atos

17:27. Agradeça-lhe pelas repreensões. Peça-lhe desculpas por seus erros, e prometa-lhe que tentará

melhorar – e cumpra a promessa. Logo, você se glorificará na proximidade surpreendente desse contato

divino. Até os pensamentos e vibrações conflitantes são percebidos por essa voz interior, já que ela tudo

sabe, está sempre presente e conhece todos os sentimentos do indivíduo. Essa luz ou Espírito de Cristo é a

realidade interna de cada um.

“A ti é concedido o aval dos céus; o Consolador; a paz da glória imortal; a verdade de todas as

coisas; aquela que sabe todas as coisas; aquela que anima todas as coisas, e dá a todas as coisas a vida, e tem

poder; segundo a sabedoria, misericórdia, verdade, justiça e julgamento.” (Moisés, 6:61)

Porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perfeição, e muitos são os que entram

por ela.

“E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.”

(Mat., 7:13-14)

“Vim, para que tivessem vida – e vida mais abundante.”

Sois Deuses


Essa vida abundante para cada homem é o aprendizado de como viver com a luz e o poder do

contato divino com o Espírito de Cristo, que reside em nosso interior. Peça a essa voz da consciência, “a voz

mansa e delicada”, que o ajude e lhe dê compreensão. Quando estiver próxima a tempestade, a voz o

abrigará e legiões atenderão ao seu pedido. Regozije-se quando sentir a aprovação da voz, e deixe-se tomar

de prazer pela “sensação boa” de glória que faz formigar os dedos e todas as fibras de seu ser, com aquela

divina satisfação interior. Aprenda a segui-la até o trono de suas câmaras internas – e ela lhe mostrará o

Cristo – e Ele revelará a você o Pai, como repete insistentemente São João.

“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atento, como a uma luz que

alumia em lugar escuro, até que o que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.”

(II. Pedro, 1:19)

Ame essa voz interior. Saúde-a. Honre-a, e ela se tornará uma glória constante em sua vida. Recuse-

se a ouvi-la e sua alma será aprisionada nas trevas; sua vida só conhecerá fracassos.

Dois garotos roubam um saquinho de bolas de gude. Ambos ouvem uma “bronca” interior. Um deles

presta atenção e permite que a sensação “incômoda” limpe-lhe a alma. Pode ter certeza de que esse jamais

roubará novamente. O outro, no entanto, não aceita o sermão da consciência, endurece o coração, fecha a

mente e alegra-se por não ser descoberto. Mais tarde, talvez roube novamente – uma faca – uma bolsa – um

carro – qualquer coisa que possa levar. Esse é o destino dos criminosos – a estrada que desvia do verdadeiro

padrão de vida interior. Pois esta é “A Luz que se manifesta desde o início dos tempos, e que o homem

rejeitou, e por isso está condenado.” A pior condenação é ser privado desse princípio de sabedoria, amor,

orientação. É o mais pesado e negro dos fardos. Ninguém se torna criminoso através de um único ato.

Nenhum homem se torna santo porque cometeu somente um ato de bondade. Mas todo ato é um passo na

estrada do destino.

Plante um pensamento e colha um ato...

Plante um ato e colha um hábito...

Plante um hábito e colha um caráter...

Plante um caráter e colha um destino.

Quando a consciência é marcada com ferro em brasa e a voz interior é silenciada, o homem “não

tem esperança – e aquele que não tem esperança deve se desesperar – pois o desespero vem da iniqüidade.”

(Moroni, 10:22) E a iniqüidade é o pecado da perda de contato com a voz interior – é todo pensamento,

sentimento ou vibração fora de sintonia com o verdadeiro padrão da existência divina de cada indivíduo.

Há um caminho – e há caminhos – e O CAMINHO.

E o homem sábio segue pelo caminho sábio,

E o homem obscuro segue pelo obscuro...

E, no meio deles, nos terrenos enevoados,

O resto vagueia, sem destino.

Mas para cada homem que vai

Há um caminho sábio e outro obscuro...

E todo homem decide

O caminho que sua alma deve seguir.

É absolutamente certo que “não somos o que pensamos ser – somos apenas o que pensamos.” Se

pensarmos de acordo com o ritmo e o padrão de nossa melodia de vida, não haverá fracasso, medo ou

escuridão. Só teremos luz infinita, glória, alegria e felicidade.

E Cristo a nossos pais disse: Se tiverdes fé, podereis fazer todas as coisas que me são expedientes.


homem, será por causa de sua falta de fé.

E ai dos filhos do homem, se disso padecerem, pois não há um dentre vós que faça o bem. E se

houver um que faça o bem, então ele trabalhará movido pela mão e pelo poder de Deus.

“E ai daqueles assim condenados, pois morrerão em pecado, e não poderão entrar no reino de Deus;

e falo segundo as palavras de Cristo; e minhas palavras são verdadeiras.” – “Se não tiverdes caridade

Sois Deuses


(amor), não sereis salvos no reino de Deus; como não sereis salvos no reino de Deus, se não tiverdes fé; e se

não tiverdes esperança.” (Moroni, 10:22-26,21)

A desesperança de que fala esse texto apócrifo, gerada pela iniqüidade, é uma condição que se abate

sobre aquele que perde o contato com seu padrão de desenvolvimento e realização perfeitos – quando não

ouve o sussurro de aprovação, a orientação sábia – e tem de tatear em meio as trevas e a lama. Quem segue o

guia infalível não conhece a escuridão, nem o desespero, nem a desesperança. Mas aquele que ignora,

abandona ou cala o guia através de suas transgressões ou da aspereza do coração está verdadeiramente

condenado; sua vida é apenas uma exibição medíocre e chata, internamente frustrada, tornando-se uma

experiência de fracasso em vez de alegria crescente e glória infinita.

Essa voz interior deve ser identificada com a voz da fé, que logo se converte em “saber”, se for

devidamente seguida. “Pois a fé promete todas as coisas – e cumpre todas coisas.”

No começo, essa gloriosa força de fé ou luz, através da qual os mundos foram e são criados, e que é

a luz e o poder que neles residem, e também a luz no íntimo do homem, era chamada de “Cristo”; e essa é a

Palavra magnífica e gloriosa de poder. É também “O Pai interior”, a quem Cristo humildemente dava

crédito e honra. Tal luz é o único guia da vida perfeita e gloriosa.

Àqueles que insistem em liberdade irrestrita para viver como lhes aprouver, sem sugestão de fonte

alguma, eu diria, se fosse verdade: que privilégio! Todo homem tem o direito de escolher a “fatalidade livre”

[free doom] [freedom = liberdade]. Mas desta expressão, deve-se eliminar o termo “livre”. Não existe

fatalidade livre, ou gratuita. O preço da fatalidade é o mais alto de todos. É o preço do auto-respeito, da

força e paz de espírito, da alegria, das realizações gloriosas e, finalmente, o mais alto de todos – da própria

alma. “E de que valeria ao homem ganhar o mundo inteiro, se perdesse a alma?”

Sim, a fatalidade é cara demais. E o que se ganha em troca? Qual é o valor dessa falsa “liberdade”?

As cinzas do remorso – a borra no fundo da xícara – a amargura sem ternura. Fracasso e arrependimento.

Trevas, miséria e morte.

Somente quando aprendermos a seguir o guia infalível dentro de nossa alma – aquela “voz mansa e

delicada” de amor e ternura, conhecimento e poder, que é concedida a todo homem da terra, poderemos

cumprir com honra o nosso destino.



poder; segundo a sabedoria, misericórdia, verdade, justiça e julgamento.”

Capítulo XIX

EM NOME DE JESUS CRISTO

Nosso grande e glorioso Irmão mais velho, Jesus Cristo, o Primogênito dos filhos espirituais de

nosso Pai, o mais perfeito, amável e nobre porque seguiu em cada pensamento, ato ou palavra a voz do

Cristo, ou luz, ou inteligência interior. Ele cumpriu todas as leis da perfeição, em todas as coisas. Por essa

razão, foi escolhido – antes mesmo da fundação do mundo – como o Redentor, ou mestre orientador. O

exemplo a ser seguido. “Ele foi o Cordeiro sacrificado da fundação do mundo.” O único indivíduo que

jamais cometeu pecado – que em nenhum momento perdeu o contato com o Seu verdadeiro padrão de vida.

Ninguém jamais a Ele se igualou em bondade, amor, humildade e perfeição. Nenhum elogio ou

homenagem a Ele são suficientes. Seu altruísmo, amor, compreensão e misericórdia contêm luz plenamente

glorificada – ou o “Espírito da Verdade” – o próprio “Espírito de Cristo”, do qual todas as coisas são

compostas, inclusive nós mesmos; e Ele será para sempre a personificação dessa luz – o símbolo eterno –

símbolo de luz.

“Cristo” significa “ungido”. A tradução do termo grego “Christos” é dada a Jesus por ter Ele sido

“ungido” com o Espírito Santo – e por causa de Sua vocação divina. Ele foi ungido antes da fundação do

Sois Deuses


mundo – e a unção se confirmou na carne, logo após Seu batismo. Foi depois de cumprir essa lei final de

probidade que Ele recebeu a “plenitude do Pai”, ou a plenitude do poder e da luz de Deus.

Tendo seguido a voz interior de graça em graça, ou de instrução a instrução, até cumprir todas as

leis e obedecer a todos os mandamentos, Ele recebeu a plenitude de luz e todo o poder do céu e da terra.

Seu trabalho e sua missão não era tirar-nos o livre arbítrio e exaltar-nos à glória, desde que

simplesmente afirmássemos acreditar Nele ou saber que Ele existe e que é o Filho de Deus. Tal idéia é

absurda – mas muita gente acredita nisso. Sua missão era nos mostrar como o poder da luz interior funciona,

e como podemos receber o mesmo dom e realizar as mesmas obras que Ele realizou, até maiores, se

seguirmos o padrão que nos foi por Ele legado.

Pergunte a qualquer cristão na terra se acredita em Jesus Cristo, e ele certamente dirá que sim. Peça-

lhe que prove, e não conseguirá. “Se pedirdes alguma coisa em MEU NOME, eu o farei.” Tal afirmação

seria falsa? Sua promessa ou palavra seria um erro ou uma mentira, quando declarou: “Em verdade, vos digo

que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que essas; porque eu vou

para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. E

tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei” [João, 14: 12-14] ? São as mais sinceras promessas já feitas.

Quem falhou foi o homem, pois não compreendeu nem acreditou no PODER DO NOME.

O nome “Jesus” é a forma grega de “Josué” ou, segundo o hebraico antigo, “Jehshua” ou

“Yehshua”. O significado literal de “Jah” ou “Yah” é “Eu serei”. E “shua” significa “poderoso”. Portanto,

Jesus é uma promessa: “Serei poderoso.” E a palavra “Cristo” significa “ungido” ou “ungido de luz” – o

que completa a promessa e o poder do nome. “Serei poderoso quando for ungido de luz.” Ou, se traduzirmos

literalmente: “Serei poderoso quando eu estiver ungido de luz.” Você acredita nesse nome? Alguma vez

acreditou? Algum homem compreende ou acredita no poderoso nome de Jesus Cristo? Se acredita, então faz

cumprir o nome em si próprio, e é capaz de realizar as obras que Cristo realizou. Mas a humanidade, de

modo geral, não compreende ainda o significado e, exatamente por isso, não recebeu os poderes. Acredita

que o grande Personagem que simboliza a realização do poder é Aquele que deverá elevar o homem à glória,

sem o menor esforço por parte do homem; ninguém sabe que cada indivíduo deve fazer cumprir o NOME

em sua vida e seguir aquela voz de luz, com fé e devoção, até eliminar todas as fraquezas e erros – e até ser

“ungido de luz”.

É através desse “Cristo” ou dessa “Luz” que os mundos são criados, a maioria dos quais muito mais

velha que nossa pequena terra. A terra é um dos planetas mais jovens. É o bebê das esferas, em termos de

comparação. Porém, pouco antes de sua fundação, Jesus Cristo, o ser que carrega o NOME, foi escolhido

como Redentor do planeta; o guia, o Grande Pastor, o Salvador, Aquele que mostraria o caminho a todos os

que o seguissem. O Pastor não carrega as ovelhas ao pasto. Elas devem caminhar com as próprias pernas –

seguindo o Pastor. Ele foi escolhido antes da fundação da terra para essa missão e propósito; e, por isso, o

débito de amor e gratidão do mundo para com Ele nunca será completamente pago. Mas essa grande “Luz da

Verdade” ou “Espírito da Verdade” ou “luz de Cristo” da qual fazemos parte desde o início (e não há início

nem fim) já existia antes daquela época. Pois nós também estávamos com Deus antes de iniciadas as obras

da criação, “O Espírito da Verdade”. Isso será explicado melhor no próximo capítulo.

Essa luz de vida, ou centelha do Divino Espírito de Cristo, é a fonte original de nossa existência. A

centelha divina geralmente fica aprisionada na mortalidade, em vez de apenas revestir-se dela. O corpo é o

reino proporcionado ao espírito, para que este possa cumprir as leis de progresso e avanço. Esse legado

mortal é um presente maravilhoso, que deve ser glorificado pelo Espírito, assim como o Espírito deve ser

glorificado pela carne. Os dois, inseparáveis, podem receber uma plenitude de júbilo – ou a plenitude do Pai

– ou poder e luz.

Esse destino só poderá ser completado em toda a glória quando deixarmos a voz do Espírito dirigir o

“externo”, residindo no “interno”. Ou, como verificamos nos apócrifos: “Pois o próprio Senhor, quando lhe

perguntou uma certa pessoa em que tempos viria o reino, respondeu: Quando dois se tornarem um, e o que

estiver fora se igualar ao que estiver dentro.” O reino de Deus, ou dos céus, será revelado a todo homem que

viver as leis desse reino interior, ou que seguir a voz do Cristo, a voz interior.

Sois Deuses


Toda pessoa que escutar a voz interior em todos os momentos, que obedecer às suas instruções de

amor e ternura até cumprir as gloriosas leis de justiça e probidade, terá o grande privilégio de ver Jesus

Cristo em pessoa, ocasionalmente – e Ele lhe revelará o Pai.

Jesus Cristo escolheu a crucificação para provar que Sua Luz é capaz de realizar todas as coisas – e

dá vida eterna, ou É vida eterna – infinita, indestrutível. E, tendo cumprido todas as leis de justiça e

probidade, e glorificado a luz em Seu interior, Ele provou que tinha poder sobre a morte – que podia dar a

própria vida e recuperá-la, se assim desejasse.

“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim,

mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la.” (João, 10: 17-18)

“Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo.”

(João, 5: 26)

Portanto, Ele dá a todos os Seus filhos ter vida em si mesmos, que nasçam verdadeiramente do

Espírito, desde que sigam o padrão e cumpram todas as leis.

Nascer do Espírito significa ser batizado em nome de Jesus Cristo, ou ser ungido de luz. Plenamente

consciente, o indivíduo percebe que “nele vivemos, e nos movemos e existimos.” [Atos, 17:28] Quando

compreendemos plenamente o significado de Seu Nome, e acreditamos verdadeiramente nele, começamos a

perceber que somos capazes de realizar as obras que Ele realizou – e até maiores. Sim, “serei poderoso

quando for ungido de luz” ou do “Espírito”. Assumimos o nome, com todo o seu poder. Quando

acreditarmos no Nome de Jesus Cristo e o concretizarmos em nosso íntimo, nossas vidas não serão mais

estéreis e improdutivas, mas se desenvolverão no pleno cumprimento de todas as promessas feitas – e o

padrão divino em nós se manifestará em toda a sua glória.

Somente a voz da “Luz interior” nos conduz ao total cumprimento das promessas.

O nome “Jesus Cristo” é a grande palavra-chave de poder. Aprenda o poder desse Nome – o único

capaz de salvar a humanidade de seus pecados e fraquezas. Use o Nome. Pense-o. Ame-o. Expanda-o.

Caminhe com Cristo em Luz. De que outra forma a seguinte promessa poderia ser cumprida? “Porque todos

os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus – O mesmo Espírito testifica com o nosso

espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus

e co-herdeiros de Cristo.” (Rom., 8:14, 16, 17) E se somos “co-herdeiros”, então devemos ser iguais a Ele,

fazendo cumprir o Seu Nome em nossas vidas, como Ele fez.

Só quando seguirmos nosso verdadeiro padrão individual de vida, teremos a chance de desfrutar a

perfeição completa interior. A voz da multidão, os elogios do mundo e o desejo de riqueza e fama costumam

nos afastar de nosso verdadeiro destino. Mas o desespero ou o fracasso jamais nos abalarão, se formos fiéis

a nosso padrão individual, assim como não abalaram Jesus. Cada provação (inclusive a crucificação) foi um

passo rumo à grande vitória final sobre a morte – a vitória que aguardam todos os que se “sobrepujam”.

“Quem tem o filho, tem a vida; quem não tem o filho de Deus, não tem a vida.” (I João, 5:12)

“Quando aparecer o Ungido, que é a nossa vida, também vós com Ele aparecereis em glória.”

“Deixais o mesmo pensamento em vós que estava em Cristo Jesus: que, estando na forma de Deus,

sabia não ser roubo ser igual a Deus.”

“A Luz brilha na escuridão, e a escuridão não a compreende. O dia, porém, virá em que

compreendereis o próprio Deus, renascerão Nele e por Ele.”

“Eis, que o que ouvis é a voz de quem chora no deserto (no deserto, porque não podem vê-lo).

Minha voz, que é Espírito; meu Espírito é Verdade; a Verdade existe e não tem fim; e se residirdes nela,

abundareis.” (D & C 88:66)

“Pois nenhum homem jamais viu Deus em carne e osso, mas apenas animado pelo Espírito de

Deus.” (Ibid., 67:11)




A definição do dicionário para o verbo “animar” é a seguinte: “reviver; dar força a; aumentar a

velocidade de; estimular (tr. direto) – tornar-se vivo; mover-se mais rapidamente (int.).” É exatamente a

Sois Deuses


condição da voz interior. A voz da consciência que nos estimula e aprova nossos atos. A voz de Cristo – a

própria Luz de Deus que está no MEIO de todas as coisas. O poder que desperta, estimula e glorifica nossas

vidas.

Portanto, ser animado pelo Espírito de Deus significa ter as vibrações aumentadas do ritmo lento e

mortal ao Espiritual, despertando para receber a unção de luz. Esse aumento de vibrações será o poder que

nos preparará para compreender Deus – e receber a plenitude de Sua alegria e poder. Essa força animadora

pode nos transformar de mortais em seres imortais, sobre quem a morte não terá o menor direito, a menos

que, assim como Cristo, nós a instiguemos. Esse poder vem de dentro, e é a fonte de toda inspiração, pois é a

divina luz e a vida de Cristo, o próprio poder de Deus permeando nosso ser, à medida que nos preparamos

para recebê-lo. Ela nos foi concedida, mas devemos compreendê-la e manifestá-la conscientemente,

conhecendo também as leis que regem nossas vidas. Só assim podemos PROVAR que acreditamos no nome

de Cristo e o concretizamos em nossas vidas.

E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava

as penhas diante da face do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto,

também o Senhor não estava no terremoto.

E depois do terremoto um fogo, porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma

voz mansa e delicada.

“E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e foi para fora, e pôs-se à

entrada da caverna.” (I. Reis, 19: 11-13) Assim é o poder de Deus e Seu modo de falar através da voz mansa

e delicada.

Lemos inúmeras vezes nas Escrituras que somos os templos do Deus vivo, ou vivente. Talvez seja

importante darmos uma breve descrição do Santo dos Santos no templo de Jerusalém à época do ministério

de Cristo. “O Santo dos Santos no templo de Herodes mantinha a forma e as dimensões do Oráculo do

Templo de Salomão. Era, portanto, um cubo de vinte cúbitos em cada medida principal. Entre ele e o Lugar

Sagrado escorria um véu duplo do mais fino material, delicadamente bordado. O véu exterior se abria na

extremidade norte, e o interior na extremidade sul, de modo que o Sacerdote pudesse entrar na hora

determinada uma vez por ano e caminhar entre os véus sem expor o Santo dos Santos. Essa câmara secreta

ficava vazia, exceto por uma grande pedra sobre a qual o sacerdote borrifava o sangue do sacrifício no Dia

do Perdão. Essa pedra ocupava o local da Arca e seu Trono de Misericórdia.” Esse local, porém, fora

anteriormente ocupado pela Arca e pelos escritos ou Testamentos do Senhor nela contidos. Tudo

desapareceu na época do cativeiro babilônico: 589 a.C. O Santo dos Santos era o aposento ou câmara

sagrada do templo onde a voz do Senhor era ouvida quando Ele tinha mensagens para o povo. Foi lá que

Zacarias recebeu o anúncio do nascimento de seu filho, João, o precursor de Cristo. Era o local onde as leis

do Senhor costumavam ser guardadas; as leis escritas por Seus próprios dedos, na época de Moisés. (The

House of the Lord [A casa do Senhor], de Talmedge, p.59)

O texto acima nos dá uma boa idéia de como é o santuário interno de Deus. É interessante notarmos

que nesse local as leis do Senhor eram guardadas – e que a entrada só era permitida a uma pessoa no templo

– e somente no Dia do Perdão.

Somos os templos do Deus Vivo, e em cada um de nós vive o Santo dos Santos, o Oráculo, ou o

lugar onde Deus nos contata nas profundezas de nossa alma. É o lugar onde estão registradas Suas leis; onde

a voz da consciência habita – a “Luz da Verdade”. Quando nos aquietarmos e formos suficientemente

humildes para escutar a voz, e tivermos a coragem de segui-la o tempo todo, ela nos será perfeitamente

audível, guiando nossos atos e palavras para que, assim como Jesus, nada digamos que não nos seja passado

pelo Pai, e que nada façamos que não seja por Ele orientado. Pronunciaremos apenas as Suas palavras, pois

o Seu lugar Sagrado em nossas almas guarda nosso verdadeiro padrão ou lei de vida. Há um padrão

completo e individual para cada ser humano. Não existem duas pessoas que se desenvolvam do mesmo jeito

– não existem duas missões iguais nem duas obras idênticas a se realizar; tampouco as estradas percorridas

são exatamente as mesmas. Não posso viver segundo o seu padrão, nem você segundo o meu. Cada qual

deve seguir o seu padrão até o completo cumprimento glorioso – sendo, finalmente, “ungido” de luz e

alcançando total compreensão.

Sois Deuses


“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós.”

(Gál., 4:19)

“...Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o

veremos – (e como nós somos).

“E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.” (I João,

3: 2-4)

Cristo jamais purifica homem algum. Cada homem deve purificar-se a si próprio, seguindo a luz

crística de sua consciência, aprendendo a postar-se diante de Deus, rejubilando-se em uma consciência

limpa, aperfeiçoada, como o “Espírito da Verdade”. Portanto, ser salvo pela graça significa ser salvo pela

obediência às instruções contínuas, passadas por Deus diariamente, através da Videira – ou voz interior.

Essa voz é verdadeiramente a “Palavra de Deus” – e aqueles que a recebem “são deuses”.

Não é necessário que o homem se justifique com palavras por qualquer coisa que faça, boa ou ruim.

Uma ação errada não pode ser justificada. Já as ações certas serão justificadas por Deus e evidenciadas

perante o mundo todo.

Se, assim como eu, você gostaria de saber como seriam os ensinamentos de Jesus em forma escrita,

creio que apreciará os “Odes de Salomão”, texto apócrifo do Novo Testamento. Os odes não foram escritos

pelo Rei Salomão, mas por um pagão convertido no primeiro século do cristianismo, cujo nome permanece

um mistério. “Todos ficarão surpresos se me virem. Pois venho de outra raça.” (41:8).

“Esses escritos contêm as palavras mais belas e inspiradas do mundo. Chegaram ao nosso

conhecimento através de um único texto antigo escrito em sírio, que é obviamente uma tradução do grego.

Há muitas controvérsias a respeito dos Odes. E os estudiosos ainda não chegaram a uma conclusão sobre o

que são realmente, exceto que possuem uma beleza singular e um alto valor espiritual.” Todos concordam,

porém, que nada semelhante jamais fora escrito, quer no Velho quer no Novo Testamento. Os odes oram

compostos por uma pessoa que acreditava no Nome de Jesus Cristo e concretizou o Nome em sua vida.

Citarei aqui alguns:

Ode 12:7-13

Pois assim como é a Palavra do Senhor, também é o fim dela: pois ela é a luz e a alvorada do

pensamento;

E através dela, os mundos conversaram uns com os outros; e na Palavra havia aqueles que

permaneceram em silêncio;

E dela veio o amor e a harmonia; e trocaram entre si o que tinham; e foram penetrados pela Palavra:

Eles conheciam Aquele que os criou, porque viviam em harmonia; pois a boca do Altíssimo lhes

falava; e sua explicação era através dela:

Pois a morada da PALAVRA é o homem; e sua verdade é o amor.

“Abençoados sejam aqueles que por este meio compreenderam tudo e conheceram o Senhor em Sua

Verdade.”

Ode 13

Eis, que o Senhor é nosso espelho; abre teus olhos e contempla-os Nele; e compreende a feição de

teu rosto;

E saúda o Espírito do Senhor: e limpa a imundície de teu rosto: e ama a santidade do Senhor, e

veste-te dela:

“E põe-te imaculado em toda ocasião perante Ele.”

Ode 15: 8-11

Assumi a honestidade através Dele; e afastei a corrupção por Sua graça.

A morte foi destruída diante de meus olhos; e o Inferno foi banido a meu comando;

Há vida imortal na terra do Senhor,

E é concedida aos Seus fiéis, e os que Nele depositam confiança com ela serão agraciados.

Sois Deuses


Ode 17:7-10

“E Aquele que me conhecia e me criou é o Altíssimo em Sua perfeição. E glorificou-me com Sua

ternura, e elevou-me os pensamentos à altura de Sua verdade. E de lá, mostrou-me o caminho de Seus

preceitos e quanto a mim, abri as portas antes fechadas. E parti em pedaços as grades de ferro; mas o ferro

derreteu e dissolveu diante de mim. Nada parecia a mim fechado, pois EU ERA A PORTA DE TUDO.”

Ode 21:2-4

E eu afastei as trevas e me vesti de luz,

E minha alma recebeu um corpo livre de amargura, aflição ou dor.

E me fortalecia cada vez mais o pensamento no Senhor, e em Sua imaculada probidade.

Ode 26:10-12

Ou quem pode repousar no Altíssimo e, através de Seus lábios, falar?

Quem pode interpretar as maravilhas do Senhor?

Pois aquele que as pudesse interpretar se dissolveria e se tornaria o objeto interpretado.

Ode 30

Bebei da água da fonte viva do Senhor, pois ela vos está aberta;

Vinde todos os que têm sede, e aplacai a seca; e descansai na fonte do Senhor.

Pois ela é fresca e pura e dá descanso à alma. Mais doces são suas águas que o mel;

E nem o mel das abelhas a elas se compara;

Pois a fonte jorra dos lábios do Senhor e do coração do Senhor vem o seu nome.

E ela veio infinita e invisível; e até que se estabelecesse em seu MEIO, eles não a notaram.

Abençoados sejam aqueles que beberam dessa fonte e encontraram descanso.

Ode 36

Eu descansei no Espírito do Senhor; e o Espírito me elevou às alturas;

E me colocou de pé, à altura do Senhor, diante de Sua perfeição e de Sua glória, enquanto eu o

saudava pela composição de Suas canções.

“O Espírito me conduziu até a face do Senhor; e, embora um filho do homem, fui chamado de

iluminado, o Filho de Deus:” (Recebi a unção de Luz ou de Cristo.)

Enquanto reverenciava entre os que reverenciam, grande eu fui entre os grandes.

Pois à grandeza do Altíssimo, Ele também me fez; e me UNGIU de Sua perfeição:

E me tornei um de Seus próximos; e minha boca se abriu como uma nuvem de orvalho:

E meu coração jorrou, como um rio de justiça abundante.

“E meu acesso a Ele foi em paz; e fui investido pelo Espírito de Sua autoridade.” (ou por ter

cumprido suas leis).

Ode 41:11-17

E a palavra Dele nos acompanha por todo o nosso caminho.

O Salvador que dá vida e não rejeita nossas almas;

O homem que se fez humilde e foi exaltado pela probidade do Senhor.

O Filho do Altíssimo se mostrou na perfeição de Seu Pai.

E a Luz desceu da PALAVRA, que antes dos tempos Nele residia.

O Messias é um; e era conhecido antes da fundação do mundo,

“PARA QUE PUDESSE SALVAR AS ALMAS PARA SEMPRE, ATRAVÉS DA VERDADE DE

SEU NOME.”

Ninguém poderia escrever essas mensagens de glória divina, a menos que tivesse cumprido todas

elas em sua vida, e se não desejasse ajudar os outros homens a fazer o mesmo.

E a Palavra do Senhor é Verdade, e o que é verdade é luz; e o que é luz é Espírito, o Espírito de

Jesus Cristo. Esse é o Espírito que nos conduzirá à verdade total. Ele nos conduzirá até Deus, hoje como

Sois Deuses


antigamente. Ele contém as leis da perfeição e é a lei de Jesus Cristo. É o próprio nome de Jesus Cristo,

concretizando-se na vida de cada homem.

“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” Falhamos e fomos destituídos de Sua

glória. Mas Ele não quer que permaneçamos nessa condição. Nosso destino é obter “todo o poder do céu e

da terra, como Cristo [obteve].” (Rom., 3:23; D & C 50:26-29).

A glória do Senhor será também nossa quanto concretizarmos o NOME de Jesus Cristo em nossas

vidas; e só faremos isso, se acreditarmos no Nome. E nossa glória será a glória Dele, pois esta é “a minha

obra e a minha glória: conceder ao homem imortalidade e vida eterna.” Acredite nesse nome e provará que

acredita em Suas palavras, e no poder de Seu Nome, e no poder de Deus Todo-Poderoso, e nas promessas de

Seu Filho Jesus Cristo, pois será capaz de realizar as obras que Ele realizou, e até obras maiores.

Essa unção sagrada de Luz deveria ser o maior e mais intenso desejo de todo homem. Só pode ser

alcançada quando ele estiver preparado através da santificação de sua vida em justiça. Mas, tão certo quanto

o rio desemboca no mar e a abelha encontra a flor, todo aquele que desejar com fé e se purificar de todo o

pecado, que “PEDIR”, receberá a unção. Esse é o mais sublime dos presentes que Deus aguarda

ansiosamente para dar a Seus filhos. É a dádiva divina, e aquele que a pedir continuamente se preparará para

recebê-la – e a terá. Aquele que enxergar essa dádiva aprenderá a cumprir todas as leis de probidade,

recebendo inclusive a autoridade direta de Deus para batizar em NOME de Seu Amado Filho Jesus Cristo.

Tal indivíduo será conduzido à verdade total, ainda que habite as entranhas da terra, ou que se oculte no

coração de uma selva africana – “Porque, aquele que pede, recebe; e o que busca, encontra; e, ao que bate,

se abre.” Esse é o verdadeiro legado do homem. É a maior de todas as dádivas de Deus.

Essa unção de luz não consiste em histeria, gritos, gemidos e demais escândalos. É uma unção de

majestade divina, de dignidade e poder supremos, tais como Cristo portou. É o poder e a luz de Deus em

toda a sua glória envolvente e inefável.

Essa é a completa abertura das portas do reino de Deus interior, onde todas as coisas são reveladas –

e todo o poder é concedido. É o poder pleno do Nome de Jesus Cristo concretizado no homem – “Pois

quando fores ungido de Luz, serás poderoso.”

Assim seja, em nome de Jesus Cristo, Amém.

Capítulo XX

ÓLEO PARA AS LÂMPADAS DE ISRAEL

A estrada de luz é o caminho de alegria, glória divina, êxtase e prazer. Para percorrê-la até se

inundar de luz, ou ser “Ungido de luz”, o viajante deve deixar a escuridão para trás. Não pode se dominar

pelo desespero ou pela tristeza. A porta do céu é o amor, mas a chave da porta é êxtase ou alegria em plena

glória abundante Espiritual de poder melodioso. E essa música de alegria não pode morrer, nem por um

instante, pois ela é o contato com o Espírito de Deus. Amor, êxtase e o glorioso espírito de antecipação são a

própria essência e Espírito do poder de Deus. E esse poder é a glória melodiosa em ação. É o poder

triunfante que leva à conquista – “pois tudo promete, e tudo cumpre”.

“E, se voltardes o olhar para minha glória, vossos corpos se encherão de Luz, e não haverá mais

trevas em vós; e o corpo que se enche de Luz compreende todas as coisas. Por isso, santificai-vos, de modo

que vossas mentes se voltem para Deus, e o dia virá em que podereis vê-lo; pois Ele revelará Seu rosto, e

será de Sua maneira, em Seu tempo e segundo a Sua vontade. “Lembrai da grande e última promessa que

vos fiz; afastai de vós os pensamentos ociosos.” (D & C , 88:67-69) Voltar os olhos para a glória de Deus

significa ver a alegria de Sua glória, contemplar Sua luz, e afastar as trevas.

“O amor perfeito elimina todo o medo.” Assim supera-se a mortalidade, pois medo, tristeza e

desespero são coisas terrenas e pertencem às TREVAS. As trevas só poderão ser eliminadas quando

mantivermos os olhos abertos e a mente fixa na luz – ou os ouvidos direcionados para a alegria da voz

interior. Esse é o êxtase do Espírito, que derrete as portas de bronze e as grades de ferro, ou qualquer outro

Sois Deuses


obstáculo no caminho. A grande alegria nada tem a ver com o hilário, absurdo ou cômico, mas é uma bela

canção que ecoa na alma, trazendo promessas e realizações. Essa alegria (ou fé de ação) bane as trevas, ou

as “supera”. Ninguém pode fazer isso por nós. Temos que banir as trevas sozinhos. Nós mesmos haveremos

de “superá-las”. Precisamos nos apegar à grande luz e atraí-la com amor e constante atenção.

1. Afasta de ti toda a tristeza, pois ela é a irmã da dúvida e da raiva. Como, senhor, disse eu (ao

anjo), é ela irmã desses dois? Pois tristeza, raiva e dúvida parecem coisas muito diferentes.

2. E ele respondeu: Não tens inteligência, que não compreendes? Pois a tristeza é o mais malévolo

dos estados e o pior dos servos de Deus: ela destrói o espírito do homem, e atormenta o Espírito Santo;...

3. ... Ouve, disse ele, e entende. Aqueles que nunca procuraram a verdade, nem se perguntaram

sobre a majestade de Deus, mas simplesmente acreditaram, se envolvem tão somente com os assuntos do

mundo.

13. Mas aqueles que temem o Senhor, e buscam a verdade a respeito de Deus, voltando todos os

pensamentos para o Senhor, apreendem o que lhes é dito, e o compreendem, pois trazem em si o amor do

Senhor.

14. Pois onde reside o Espírito do Senhor, há muita compreensão. Portanto, junta-te ao Senhor, e

compreenderás todas as coisas.

15. Aprende agora, Ó homem ignorante! Como a tristeza perturba o Espírito Santo. Quando um

homem em dúvida se compromete a uma coisa e não a realiza por causa de suas dúvidas, a tristeza lhe

acomete, e atormenta o Espírito Santo.

18. Afasta de ti, portanto, a tristeza, e não aflige o Espírito Santo que habita em ti, para que jamais

te abandone. Pois o Espírito do Senhor, que se faz viver na carne, não tolera tal tristeza.

19. Por isso, veste-se de animação, que sempre é boa para o Senhor, e tu também nela te rejubilarás;

pois todo homem animado prospera; e acalenta as coisas que são boas, e despreza a tristeza.

20. O homem triste, contudo, padece. Primeiro, padece porque importuna o Espírito Santo, que

habita no homem, sendo de natureza alegre. E depois, padece ainda porque ora com tristeza, e não agradece

ao Senhor por misericórdias passadas; e por isso, não obtém de Deus o que pede.

21. Pois a prece do homem triste nem sempre tem eficácia perante o altar de Deus. E eu lhe

perguntei: Senhor, por que a prece de um homem triste não tem a virtude de ser atendida no altar de Deus?

Porque, explicou-me, a tristeza permanece em seu coração.

22.Quando a prece do homem é acompanhada de tristeza, não permite que seu pedido ascenda puro

ao altar de Deus. Pois assim como o vinho misturado ao vinagre não mantém a mesma doçura, também a

tristeza misturada com o Espírito Santo não deixa a prece do homem ser igual à verdadeira prece, pura.

23. “Portanto, limpa-te de toda tristeza, que é um mal, e viverás em Deus. E todos os que se

limparem da tristeza e se mostrarem animados viverão em Deus.” (II Hermas, 10)

“Em verdade, vos digo, meus amigos, não temei, e deixai vossos corações se confortar; sim,

regozijai, e agradecei por tudo.” (D & C 98:1)

A primeira e mais importante dádiva do Consolador é dar conforto – transmitir paz, propiciar

coragem, revelar a luz – e aquele que se recusa a ser confortado rejeita a luz e o poder do Consolador. Não

há tristeza tão grande, nem condição tão perversa, nem vida tão sem esperança que a voz do Consolador não

possa aplacar, trazendo paz, se a pessoa estiver disposta a receber, em vez de apegar-se à escuridão.

Escuridão é ausência de luz. Infelicidade é uma condição onde não há alegria – e a falta de alegria e

esperança (ou fé) surge da iniqüidade. Na verdade, ela surge do fato de recusarmos o conforto – e de não

prestarmos atenção àquela voz do fundo de nossas almas.

A maior tragédia que pode abalar uma vida é a transgressão – pobreza, necessidade, desespero,

morte de um ente querido, perda – nada disso se compara à grande tragédia da transgressão. E, no entanto, a

promessa está sempre presente: “Aquele que me buscar com devoção me encontrará.” “Procurai-me e eu vos

procurarei.” “Ainda que vossos pecados sejam vermelhos como a escarlata, eles se tornarão brancos como a

neve.” [Isa., 1:18] “Há mais alegria nos céus por uma alma que a Mim retorna do que noventa e nove

pessoas justas.”

Sois Deuses


A primeira e maior eclosão de alegria é a glória nos céus pela alma de um homem que retornou à

luz.

“Aquele que não tem esperança deve se desesperar – pois o desespero vem da iniqüidade.” (Moroni,

10:22) Desespero é uma condição da mente que elimina o poder da fé, bloqueando o contato com o Divino e

com o próprio padrão individual de realização divina do homem.

“Mas os frutos do Espírito são amor, alegria, paz, bondade, fé, humildade, tolerância; contra os

quais não há lei.” Aqueles que cumprem essas leis e recebem a glória das dádivas divinas cumprem todas as

leis, pois essas são as dádivas de luz eterna – que não deixam espaço para escuridão, desarmonia, confusão e

desespero. São luz e glória e levam consigo todo o poder.

O amor é realmente a porta do grande reino dos céus; e a chave é o êxtase que se mantém em

constante contato com o Espírito de Deus Todo-Poderoso, abrindo a alma para a grande dádiva de luz

eterna.

“Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e

com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim

como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.” (Apoc., 3: 20-21) “Se alguém ouvir a minha voz”

– essa voz de Cristo é aquela voz de fé, amor, felicidade e alegria – é a voz interior de aprovação – a voz que

conduz à verdade e ao poder. Aprenda a escutar a voz de luz, e abra a porta, pois é a porta do céu ou a

realização de todas as suas grandes possibilidades – e tudo lhe será concedido.

Essa é a verdadeira “Festa de Páscoa”. No início, acreditava-se que ela só se referia à passagem do

anjo da destruição – mas era, na verdade, a celebração na qual os filhos de Israel passavam da escravidão à

liberdade, sob a direção do amor e do poder de Deus. Para Cristo, foi a Santa Ceia; mas “Páscoa” significa

passagem – no caso Dele, a passagem da morte para a vida. Quando ouvimos a voz de Cristo e abrimos as

portas de nossos corações, almas e mentes, passamos do pensamento mortal ao campo do raciocínio divino –

e Ele ceia conosco – e nós com Ele.

O próprio homem é a passagem. Ele é quem deve abrir a porta. Nenhum poder externo pode fazer

isso por ele. Ser-lhe-ia prejudicial ter a porta aberta por outro, forçando sua entrada, assim como seria

prejudicial à borboleta que outro ser lhe abrisse o casulo. Ela deve se libertar sozinha e, na luta para sair do

casulo, ganha força para voar. O mesmo acontece com o homem.

Como dizia aquele homem humilde e santo que escreveu os Odes de Salomão:




derreteu e dissolveu diante de mim. Nada parecia a mim fechado, pois EU ERA A PORTA DE TUDO.”

(17:7-10)


dadas e multiplicadas por cem, e mais.” (D & C 78:19) A gratidão é a música da alma. É a alegria liberada

em vibrações que elevam o homem aos reinos superiores da luz, tão certo quanto o rio desemboca no mar. O

mar é a eterna morada das águas – o reino da divina luz é o local de repouso do homem.

Essa grande alegria interior da alma é o poder que contata o Espírito Santo de Deus e abre os

portões do reino dos céus. É essa alegria de amor que une o coração, a mente e a alma em um poder que

cumpre imediatamente todas as outras leis. O poder desses três juntos, imbuído de amor e devoção, gira a

chave e cumpre as leis, abrindo as portas para toda luz, todo poder e perfeição.

O reino dos céus está dentro de nós, mas temos de encontrá-lo; e temos de encontrar sua justiça,

deixando a escuridão para trás, cumprindo a justiça, tomando-nos de luz e vivendo a luz.

Precisamos abrir a porta. Temos de sintonizar nossos próprios rádios – aprendendo a escutar – e

compreender estas palavras: “Aquieta-te e saibas que sou Deus.” Devemos aprender a comungar com Deus

– essa é a Comunhão Sagrada, cujo símbolo é a Santa Ceia. E se não encontrarmos essa comunhão sagrada,

de nada adiantará participarmos do sacramento. A Comunhão é o “maná oculto”, o partilhar das “Águas da

Vida”, das quais o sacramento é o único símbolo externo. Essa é a Comunhão Sagrada, o partilhar do corpo

Sois Deuses


e do sangue de Cristo – “O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos

disse são espírito e vida.” (João, 6:63)

Nós mesmos teremos que abrir nossa compreensão, sendo humildes, voltando o consciente, tão

carregado de experiências e conhecimento de mortalidade, para o poder da mente Espiritual, sintonizada

com toda a Verdade, e que não erra, não traz desarmonia e é o próprio reino de luz. Devemos desejar a luz e

tentar tocá-la com mãos limpas e corações puros. Quando nos agarrarmos a essa luz com plena

compreensão, perceberemos que a escuridão foi banida e a luz tomou conta de nosso ser. Não se pode entrar

no reino de luz enquanto a mente ainda estiver apegada a mágoas, dores e medos – e o amor dessa luz, e o

amor de Deus eliminará todos os medos. Foi isso que Cristo prometeu quando disse: “Vinde a mim, todos os

que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Porque meu jugo é suave e o meu fardo é LEVE

[“light”= leve/luz].” [Mat., 11: 28,30]

Com essa compreensão, é possível atravessar a porta de nós mesmos, como fez o autor dos Odes de

Salomão, e entrar no reino do céu, e todas as coisas nos serão concedidas, e compreenderemos todas as

coisas.

“...Pois o próprio Senhor, quando lhe perguntou uma certa pessoa em que tempos viria o reino,

respondeu: Quando dois se tornarem um, e o que estiver fora se igualar ao que estiver dentro...” (II.

Clemente, 5:1, texto apócrifo do Novo Testamento)

“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele

o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e

também o meu novo nome.” (Apoc., 3:12) Só essa superação deixará a luz em nós brilhar, de modo que

“aqueles que virem nossas obras possam glorificar nosso Pai no céu.” “Pois quem faz as obras é o Pai.”

Enquanto o homem lutar para realizar obras e assumir o crédito, não haverá glorificação de Deus. Se uma

pessoa pode manifestar a luz, as outras também podem e, conseqüentemente, todas glorificarão o Senhor – o

que um homem faz, todos fazem – “Pois meu reino não consiste em palavras, mas em virtude.” Essa é a

única maneira de glorificar Deus: diminuindo o “self” perante Ele, para que Seu Espírito Santo tome conta, e

permitindo-lhe realizar Suas obras através de nós. E isso não se aplica a um homem, mas a todos. Palavras e

discursos nada significam; só o poder ativo de Deus Todo-Poderoso tem o direito de falar – o poder que

afasta as trevas, a tristeza, o desespero, a raiva e o medo – o poder que é luz – luz eterna, emitida da própria

alma do homem. Essa é a unção de luz.

Tal efeito não ocorre instantaneamente, sem preparação; do contrário a própria luz do Espírito nos

consumiria. Devemos purificar a mente, o corpo e a alma através do raciocínio divino para, só então, nos

tornarmos templos de Deus, radiantes de luz, tendo recebido a Sua plenitude.

Daí a importância das palavras: “Buscai primeiro o reino de Deus e de Sua justiça e todas as coisas

vos serão acrescentadas.” Essa busca traz a justiça (ou probidade) às nossas vidas, incorporando-a a toda

fibra de nosso ser, assim como aconteceu com Cristo. Assim é o crescimento de graça em graça, permitindo,

primeiramente, a entrada de uma pequena luz em nossa consciência, e levando-nos a vivê-la; depois

deixando a luz penetrar nossas vidas mais abundantemente. E linha por linha, preceito por preceito,

aprenderemos a escutar a voz da “Verdade Total”, que nos é enviada dos reinos da luz eterna – e assim

alcançaremos a perfeição plena. Portanto, é possível recebermos a plenitude do Pai, que significa ter todo

atributo, glória, poder e característica do Pai; tudo o que é do Pai pode se concretizar em nós, até sermos

tomados da plenitude perfeita. (D & C 93:17, 20, 26-28)

Talvez possamos explicar melhor dessa maneira. Antes que a bela flor se mostre, cada pétala deve

estar completa em seus mínimos detalhes. A cor deve estar definida, o perfume destilado, a textura pronta –

a glória plena de sua perfeição deve existir no broto ainda verde. Os homens são como brotos nunca abertos

– nasceram, mas uma visão incompleta impediu seu desenvolvimento. Nossa verdadeira herança é a

divindade e, somente quando a desenvolvermos a partir de nosso íntimo, trazendo à tona as qualidades

embrionárias de nosso Pai Celestial e Divino, plantadas em nosso ser desde o princípio, nossas vidas

corresponderão ao título de “Filhos de Deus”.

Quando alcançarmos a luz, sempre cientes do perfeito padrão de nosso destino divino, poderemos

nos “sobrepujar” e receber a “Unção de Luz” e “ser poderosos”. Esse é o Óleo para as Lâmpadas do mundo

Sois Deuses


– o único óleo capaz de iluminar a alma até que ele esteja preparada para a chegada do Esposo – aqueles que

não viverem nessa luz serão lançados às trevas e chorarão, e gemerão, e rangerão os dentes.


servos.

Ele, que possui todas as coisas; pois todas as coisas se sujeitarão a ele, tanto no céu quanto na

terra, a Vida e a Luz; o Espírito e o Poder, enviados pela vontade do Pai, através de Jesus Cristo, Seu

Filho.



50:26-29)

As Chaves? “Regozija-te no Senhor sempre, e novamente eu digo, Regozija-te!” (D & C 98:1)

Este livro expõe o padrão completo da realização da Divindade existente em cada filho de Deus.

Você, que deseja as chaves de luz e glória, deve cumprir essas leis – e somente quando orar, buscar,

procurar e assumir as leis divinas com toda a força da alma, conhecerá a verdade e o poder eternos.

Novamente, eu digo: este não é um livro para ser lido – aqui está o padrão de vida – a Vida abundante que

só pode ser compreendida quando experimentada. Se você está cansado dos farelos de vida, da existência

medíocre que já se tornou um fardo pesado demais para carregar, então apanhe essa flâmula chamejante de

luz eterna e abra as portas de sua alma para a glória plena da luz de Deus. Só depende de sua fé e de seu

desejo.

Há muito o mundo se vangloria de luz, ainda que tenha as mãos vazias. Muitas pessoas exalam

escuridão, professando-a como luz. Os cegos têm liderado outros cegos, e todos estão caindo nas valas.

“Enche tuas lâmpadas de óleo, Israel! Deixa tua luz brilhar para o novo dia; aí vem o Esposo, sai-lhe ao

encontro.” [ref. a Mat., 25: 3-6]

Essa manifestação de luz é um processo lento interior e, a princípio, quase imperceptível. No

começo, é apenas uma leve sensação – a mesma que a semente experimenta na terra fofa, quando inicia seu

desenvolvimento. Depois, o ambiente físico começa a ficar mais harmonizado – e se desenvolve com

firmeza e perfeição – e a luz brilha mais forte, com maior clareza e mais prazer, até expandir em plena

glória.

A última fase do desenvolvimento pode ocorrer em um instante – “A Unção de Luz”; mas a

preparação total terá de ser completada minuciosamente, passo a passo. É a percepção constante de sua

manifestação que permite o seu desenvolvimento. Precisamos viver para a luz, todo momento, todo fôlego,

todo pensamento. Com o tempo, a crença se converte em fé, e a fé se converte em saber.

Esse desenvolvimento de luz é a glória inefável. É a vida eterna. É poder, luz, amor e perfeição. É a

plenitude do Pai, a glória e o poder de Deus, a Luz do mundo. Pertence a todos os homens. Ninguém tem

monopólio sobre a luz de Deus, pois cada homem que vem a este mundo é iluminado pelo Espírito Santo.

Mas a luz só pode se manifestar se o homem quiser, se acreditar nela e viver para ela. Esse poder pertence a

todo ser humano, assim como o poder de dar frutos pertence a toda árvore frutífera. Quando aprendermos a

confiar completa e implicitamente no Espírito de Luz, ou Cristo, interior, que é a verdadeira vinha,

permitiremos a manifestação do padrão divino e perfeito de glória e conquista que existe dentro de nós. O

homem é um ramo (ou uma porta), através do qual o próprio poder da vida se manifesta. Somente quando

reconhecer esse poder de luz em si, como Cristo o fez, conseguirá realizar as obras do Pai. Assim, à medida

que manifestar o Cristo – ou a “unção de luz” de seu interior, colocando a coroa de divindade na própria

cabeça – o homem evoluirá do reino mortal para o reino de Deus. O ramo se desenvolve em uma videira,

gerando vida e luz para sempre.

“A plenitude do Pai” é o poder de Deus ativo e manifesto nas obras do indivíduo – quando o poder

do Pai o preenche totalmente. É a ordenação de Deus, o Nascimento do Espírito, a Unção de Luz. O homem

externo é apenas o templo – o Pai em seu interior é quem ocupa o templo.

Essa busca pela luz – ou pela própria alma do homem – é também a busca por Deus; que, por sua

vez, é a procura da vida eterna. “E esta é a vida eterna, conhecer-te, o único Deus verdadeiro e vivo e a Jesus

Cristo, por Ti enviado.” Essa é uma missão que glorifica o homem, pois à medida que sua compreensão

Sois Deuses


aumenta e ele abre o coração e a alma, começa a se transformar no objeto interpretado. Por isso, a maior

obra de Deus é não tentar salvar as almas dos homens antes que cada um encontre o trono da própria alma, a

luz da sabedoria interna – a voz do Espírito do Senhor, e comece a desenvolver seu verdadeiro padrão de

vida e glória. Aquele que não tiver esse contato direto com o Todo-Poderoso caminha às cegas e não pode

conduzir ninguém à suprema luz divina de Deus. “Primeiro, obterás o poder.”

O homem que adentrar os compartimentos secretos de sua alma para encontrar – ou contatar – Deus,

será generosamente recompensado. Sua vida adquirirá beleza e perfeição, e os tesouros de seu poder oculto

serão ativados para glorificar-lhe a vida – glorificando também o Senhor. Assim, o homem aprenderá a

“caminhar com Deus”, como o Grande caminhou.

Será purificado pela mais sagradas de todas as missões; e quando tiver chegado ao centro de luz em

sua alma, o Filho a ele se revelará – revelando-lhe, também, o Pai – e ele compreenderá todas as coisas –

mesmo Deus – e receberá a plenitude do Pai, e será “ungido de luz” – será o “escolhido de Deus, enviado

com os poderes do céu e da terra” – “para realizar as obras de Deus.”

A voz das escrituras nos alerta para o fato de que os ímpios serão lançados às trevas; mas nossas

mentes apenas tremem e ignoram o aviso – enquanto vivemos na escuridão exterior – na escuridão de nosso

pensamento físico, mortal. Tateamos às cegas através de nossa percepção mortal, prendemo-nos às

condições terrenas, deixamo-nos dominar pela carne – somos arremessados de um lado para outro por

tempestades mentais de dor, orgulho, medo, preocupação, vaidade, idolatria, confusão, raiva, egoísmo,

ganância e ciúme. Escuridão exterior? Sim, a escuridão da carne, que continuará sendo nossa morada, a

menos que estejamos dispostos a voltar à casa do Pai, e partilhar do calor e da luz que lá nos aguardam.

“O reino dos céus está em ti”, Filho do homem – quanto tempo durará a jornada, desde a escuridão

exterior até o glorioso reino de paz e luz, dependerá só de você – e de seu desejo de aceitar e cumprir a lei

de glória. Dependerá da visão em seu coração, pois a “fé promete todas as coisas, e cumpre todas as coisas.”

Como é a sua fé, assim será você.

Segundo as profecias do Todo-Poderoso, os Santos devem se preparar, como a noiva que se enfeita

para o noivo, antes de receber o Filho do Deus Vivo.

“Porventura, esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a esposa dos seus cendais?” (Jer., 2: 32)

“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me vestiu de

vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça, como um noivo qu esse adorna com atavios, e como

noiva que se enfeita com as suas jóias.” (Isa., 61:10)

“... E, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus.” (Isa., 62:5)

“E os resgatados do Senhor voltarão, e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna haverá sobre as suas

cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido.” (Isa., 35:10)

“Tu, anunciador de boas novas a Sião, sobe tu a um monte alto (a montanha Espiritual da

compreensão). Tu, anunciador de boas novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não

temas, e diz às cidades de Judá: Eis o vosso Deus.” (Isa., 40:9)

Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-a dos teus vestidos formosos, ó Jerusalém,

cidade santa; porque nunca mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo.

Sacode o pó, levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém; solta-te das ataduras de teu pescoço, ó cativa filha

de Sião.

“Porque assim diz o Senhor: Por nada fostes vendidos; também sem dinheiro sereis resgatados.”

(Isa., 52:1-3)

“E virá um Redentor a Sião e aos que se desviarem da transgressão em Jacó, diz o Senhor.” (Isa.,

59:20)

Os redimidos são aqueles que se arrependeram de suas transgressões, que se sobrepujaram graças à

fé nas promessas do Todo-Poderoso, através do amor que têm pelo Senhor seu Deus.

O vestido da noiva é o traje de justiça, e as jóias são as dádivas do Espírito. A primeira dessas

dádivas é a paz – a paz que Cristo trouxe – a grande paz que só pode ser obtida por aqueles que aprenderam

a “se aquietar”. Aquietar-se não é ficar em estado de torpor apático, absolutamente inútil. Significa, isso

sim, assumir uma condição de silêncio na qual a mente hesitante e aflita aprende a se acalmar e escutar. É

Sois Deuses


essa quietude, ou placidez da alma que permite ouvir a voz do Espírito de Deus Todo-Poderoso – a quietude

na qual o ego externo é esquecido – a calma que permite SABER que Deus é Deus e que o homem pode se

unir a Ele.

Sim, a primeira dádiva desse glorioso contato é a jóia da paz divina – “A paz que gera a

compreensão.” Essa é uma das valiosas jóias do Todo-Poderoso. É ela que nos eleva da mortalidade para o

estado de filho de Deus – príncipes e princesas da Casa Real do Pai. É uma das graças de Deus; um presente

que deve ser aceito e usado o tempo todo, cujo valor real não pode ser esquecido. É a chave do depósito

onde se encontram os outros presentes, graças e poderes. Aceite a dádiva indescritível de paz divina e use-a

para sempre, como um adorno de glória – a “Paz que gera a compreensão.”

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso

coração, nem se atemorize.” (João, 14:27) Essa saudação de paz tem sido a saudação dos Mensageiros

Celestes desde tempos imemoriais. E é o presente de Deus para o mundo – e para cada homem que esteja

disposto a abandonar seus conflitos e aceitá-lo. A paz, Ele não a deu como o mundo dá. Ele a deu como se

fosse uma jóia, não para ser vista por seu esplendor externo – mas pelo brilho interior – um presente que se

oculta dentro da alma de cada homem, e que deve se tornar ativo, à medida que nos voltemos para Cristo e

encontremos o contato divino através de nosso amor ao Deus Todo-Poderoso.

Essa grande e gloriosa dádiva que é a paz da alma, da mente e da vida é a primeira jóia recebida e

usada por cada indivíduo que se prepara para receber o Noivo. As outras jóias virão em seguida – as jóias do

Espírito – amor, bondade, misericórdia, compaixão, compreensão, alegria, sabedoria e o poder de perdoar.

Essas são as jóias do Espírito, que toda pessoa deve usar antes de se encontrar com o Noivo. Só elas

glorificarão o Sião. “Os Puros de Coração.” Todo indivíduo será por elas glorificado, seja ele fazendeiro,

profeta ou rei. Tais jóias, incorporadas à vida e ao ser de cada um, são a glorificação da Noiva. São usadas

na alma; e o corpo recebe a glória, e é exaltado por sua pureza, beleza e perfeição. Ninguém pode participar

da celebração dos justos, exceto os justos – os que amam profundamente, com sinceridade e exatidão, sem

fingimento – os que são coroados com a jóia da paz e vestidos com o manto da misericórdia e compreensão.

Esses presentes do Espírito não podem ser dados aos egocêntricos, orgulhosos, prepotentes ou rebeldes.

“E ali haverá um alto caminho, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará

por ele, mas será para aqueles: os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.” (Isa., 35:8)

Os imundos jamais passarão pelo Caminho; ainda que ele esteja tão claramente marcado, que nem

mesmo os loucos e as crianças errariam. Esse é o registro de Deus, escrito de maneira que até uma criança

compreenda, e aquele que se constrói de rocha o segue com alegria – glória ao Deus Altíssimo para sempre

– Amém.

ODE DE SALOMÃO 23

(“A referência ao documento selado que Deus enviou é um dos grandes mistérios da coletânea.”) E

agora o mistério é revelado, pois este escrito é o documento – e à medida que você ler as palavras deste ode,

reze para que possa compreendê-las.

A alegria é dos santos! E quem poderá dela usufruir, senão eles próprios?

A graça é dos eleitos! E quem poderá dela usufruir, senão os que já a possuem desde o início?

Caminhai com o conhecimento do Altíssimo sem rancor: à Sua exultação e à perfeição de Seu

conhecimento.

E Seu pensamento era [claro] como uma missiva; Sua vontade desceu das alturas, e foi enviada

como uma flecha violentamente disparada de seu arco:

E muitas mãos se precipitaram sobre a missiva, para apanhá-la e ler seu conteúdo:

E eis que a missiva lhes escapou das mãos, e todos ficaram temerosos dela e do selo que a lacrava.

Porque não lhes foi permitido romper o lacre: pois o poder do selo era maior do que eles.

Mas aqueles que a viram foram atrás da missiva a fim de descobrir onde ela pararia, e quem a leria,

e quem ouviria as palavras.

Mas uma roda a interpelou e passou-lhe por cima:

E nela havia um sinal do Reino e da Autoridade:

Sois Deuses


E tudo o que tentava mover a roda, ela triturava e cortava:

E logo surgiu uma multidão de adversários, e puseram pontes sobre rios e atravessaram e dizimaram

florestas e construíram um grande caminho.

E a cabeça foi aos pés, pois aos pés rodou a roda, e o sinal que ela portava.

A missiva era um comando, pois incluía todos os distritos;

E foi visto em sua cabeça, a cabeça que foi revelada, o Filho da Verdade do Pai Altíssimo,

E Ele herdou e tomou posse de tudo. O pensamento de muitos foi reduzido a nada.

E todos os apóstatas correram e fugiram. E aqueles que perseguiam e se iravam tornaram-se

extintos.

E a missiva era volumosa, inteiramente escrita pelos dedos de Deus;

“E o nome do Pai estava nela, e do Filho e do Espírito Santo, para reinar para todo o sempre.

Aleluia!”

PREFÁCIO DO PRÓXIMO CAPÍTULO

“Porque o Senhor se levantará como no monte de Perazim, e se irará, como no vale de Gibeão, para

fazer a sua obra, a sua estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato.” (Isa., 28:21)

Desejo preparar meus apóstolos para que podem minha videira pela última vez, PARA QUE EU

POSSA EXECUTAR MEU ESTRANHO ATO, E QUE POSSA DESPEJAR MEU ESPÍRITO SOBRE

TODA A CARNE.

Mas, em verdade vos digo que muitos são chamados, mas poucos são escolhidos.

“E aqueles que não são escolhidos cometeram pecado tão grande que caminham nas trevas em pleno

meio-dia.” (D & C 95: 4-6)

“O que vos digo deve assim ser feito, e nenhum homem terá desculpa;

Os sábios e os governantes podem ouvir e saber aquilo a que jamais deram consideração;

“Que eu possa executar meu ato, meu estranho ato, e fazer minha obra, minha estranha obra, e que

os homens possam discernir entre o justo e o injusto, disse vosso Deus.” (D & C 101:95).

Capítulo XXI

SOIS DEUSES O conhecimento é para os fortes

Este capítulo é realmente só para os fortes. É para aqueles que são capazes de seguir a visão e

cumpri-la em suas vidas. Contém o conhecimento da verdade “como era, como é e como será”, e a chave

para usar esse conhecimento, que libera o homem dos grilhões terrestres de dor e lágrimas, do peso das

próprias crenças e opiniões errôneas, preparando-o para compartilhar da Luz da Verdade Eterna. Nele estão

contidos os mistérios do poder da “divindade”. Portanto, se você tem medo da Verdade, não leia este

capítulo; pois, se jogá-lo fora e tripudiá-lo, será julgado por isso.

“A muitos é concedido o dom de conhecer os mistérios de Deus; mas estes são passados sob a

condição severa de que não sejam divulgados somente segundo a porção da palavra que Ele concede aos

filhos dos homens, mas também segundo a atenção e devoção que Seus filhos lhe dedicam.

E, portanto aquele que endurece o coração, recebe porção menor da palavra; e aquele que não fecha

o coração, recebe porção maior de Sua palavra, até que lhe seja concedido conhecer os mistérios de Deus, e

conhecê-los plenamente.

“E àqueles que endurecem o coração é dada uma porção menor da palavra até que nada saibam dos

mistérios, e sejam capturados pelo diabo, e por sua vontade conduzidos à destruição. Isso é o que se entende

por correntes do inferno.” (Alma, 12:9-11)

Sois Deuses


As correntes do inferno são os grilhões de uma mente fechada – uma mente que não deixa entrar a

luz – uma “mente endurecida” e um coração que perdeu o poder de se ajoelhar humildemente diante do

Senhor para conhecer a verdade, preferindo julgar segundo seus preceitos.

“Em verdade, disse o Senhor: E toda alma que abandonar os pecados e a mim vier, e chamar meu

Nome, e obedecer a minha voz, e seguir meus mandamentos, verá meu rosto e saberá quem sou; e que sou a

Luz verdadeira que ilumina todo homem que vem ao mundo: e que sou o Pai, e o Pai em mim, e que o Pai e

eu somos um – porque o Pai me concedeu Sua Plenitude, e porque em mim, o Filho, o tabernáculo se torna

carne.”

Eu estava no mundo e de meu Pai recebi, e Suas obras se faziam evidentes.

E João deu testemunho da plenitude de minha glória, e eis o testemunho revelador de João.

E ele afirmou: Eu presenciei Sua glória, pois Ele estava no princípio, antes da fundação do mundo:

Portanto, no princípio era o Verbo; pois Ele era o Verbo, o Mensageiro da salvação.

“A luz e o Redentor do mundo: “O Espírito da Verdade, que veio ao mundo porque o mundo foi

feito por Ele, e Nele estava a vida do homem e a luz do homem.

Os mundos foram feitos por Ele; os homens foram por Ele feitos; todas as coisas foram por Ele,

através Dele e Dele feitas;

E Eu, João, dou testemunho que presenciei Sua glória, a glória do Primogênito, cheio de graça e

verdade, do Espírito da Verdade, que veio e se tornou carne e andou entre nós. E eu, João, vi que Ele não

recebeu a plenitude a princípio, mas recebeu, sim, graça após graça. E Ele recebeu graça após graça, até

receber a plenitude.

E, PORTANTO FOI CHAMADO DE FILHO DE DEUS, PORQUE NÃO RECEBEU A

PLENITUDE A PRINCÍPIO.

E eu, João, dou testemunho que Ele recebeu a plenitude da glória do Pai.

E ELE RECEBEU TODO O PODER DO CÉU E DA TERRA, E A GLÓRIA DO PAI ESTAVA

COM ELE, POIS O PAI RESIDIA NELE.

Falo agora para que compreendeis como adorar e a quem adorar; procurai o Pai em meu Nome e,

logo, recebereis de Sua Plenitude.

Se seguirdes meus mandamentos, recebereis de sua plenitude, e sereis glorificados em mim, pois eu

vivo no Pai.

E agora, em verdade, vos digo: eu estava no princípio com o Pai, e sou o Primogênito.

VÓS TAMBÉM ESTIVERDES NO PRINCÍPIO COM O PAI: AQUELE QUE É ESPÍRITO, O

ESPÍRITO DA VERDADE.

E verdade é um conhecimento das coisas como são, como foram e como serão.

O ESPÍRITO DA VERDADE É O ESPÍRITO DE DEUS. EU SOU O ESPÍRITO DA VERDADE. E

João deu testemunho sobre mim, dizendo: Ele recebeu a plenitude da verdade, sim, de toda a verdade.

E nenhum homem recebe a plenitude, a menos que siga os mandamentos.

“Aquele que segue os mandamentos recebe verdade e luz, até ser glorificado na verdade e saber

todas as coisas.” (D & C sec. 93)

Os escritos acima revelam claramente o conhecimento de que, no princípio, o homem também

estava com Deus, o glorioso Espírito da Verdade que era Cristo. Revelam que, assim como Cristo, o homem

pode crescer de graça em graça a uma plenitude de alegria e perfeição – que, no princípio, o Espírito da

Verdade era chamado de “Cristo” ou de “Verbo”, e todo homem dele compartilhava, ou era o próprio

Espírito, já que Cristo, ou o Espírito da Verdade, vive no homem. Constatamos isso em Atos, 17:28:

“Porque nele vivemos, e nos movemos e existimos.” Assim compreendemos o significado das palavras

“somos feitos Dele”.

Aquele que ascende às alturas e desce às profundezas, e compreende todas as coisas, e pode estar

em todas as coisas, a Luz da Verdade. A verdade que ilumina. Esta é a Luz de Cristo. Ele é também o sol, e

a luz do sol; e o poder do qual o sol foi feito.

Ele também é a lua, e é a luz da lua, e o poder do qual a lua foi feita;

Ele também é a luz das estrelas, e o poder do qual foram feitas;

Sois Deuses


E também a terra, e o poder do qual foi feita;




A luz que está em todas as coisas, que a todas as coisas dá vida, que todas as coisas governa, O

PODER DE DEUS, QUE ESTÁ SENTADO EM SEU TRONO, NO SEIO DA ETERNIDADE, NO MEIO

DE TODAS AS COISAS.”

“Ele compreende todas as coisas, e todas as coisas se põem diante dele, e todas as coisas estão ao

redor dele; e ele está acima de todas as coisas e em todas as coisas, e em volta de todas as coisas; e todas

as coisas são feitas por ele e DELE; Deus, para sempre.” (Ibid., versículo 41)






Em verdade, vos digo, ele o viu; todavia, Aquele que veio não foi compreendido.

A Luz brilha na escuridão, e a escuridão não a compreende. O dia, porém, virá que compreendereis

o próprio Deus, renascerão Nele e por Ele.


mim, do contrário, não haveria abundância.” (Ibid., 88:45-50)

Quando abrirmos a mente para essas verdades importantes e dinâmicas, que só podem ser reveladas

pelo Espírito de Deus, compreenderemos a própria glória da Verdade, e receberemos o conhecimento da

Verdade como era – e como é. Fomos “O ESPÍRITO DA VERDADE” NO PRINCÍPIO, COMO CRISTO

FOI O “ESPÍRITO DA VERDADE.” Sim, fazíamos parte do Divino Espírito e Poder de Deus. Nossa missão

nesta vida é manifestar esse Espírito ou luz, permitindo aos outros homens ver as obras que glorificarão

Deus, agindo por nosso intermédio.

“Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós.”

(Gal, 4:19)

E todo homem cujo espírito não recebe a luz está condenado.

Pois o homem é Espírito.

Pois o homem é espírito. Os elementos são eternos, e espírito e elemento, inseparavelmente ligados,

recebem uma plenitude de louvor.

E, separado, o homem não pode receber a plenitude de louvor.

“Os elementos são o tabernáculo de Deus; sim, o homem é o tabernáculo de Deus, o próprio templo;

e quando o templo for deflagrado, Deus o destruirá.” (D & C, 93:33-35) (V. também II Cor., 6:16)

Esse é o conhecimento da verdade como ela é – o conhecimento de que o homem pode se tornar o

próprio Espírito da Verdade que era no princípio, e crescer de graça em graça, receber a plenitude da glória

de Deus, ou todo poder do céu e da terra. Mas isso deve ser feito ainda enquanto o homem for carne – como

aconteceu com Cristo. Ele é nosso Redentor e marcou o caminho exato para seguirmos, e determinou o

padrão perfeito para sermos como Ele – e realizar obras ainda maiores, conforme prometido em João, 14:12:

“Na verdade, vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do

que estas.”

As seguintes referências provam que tal perfeição é esperada dos filhos de Deus – nesta vida.

“Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda em minha presença e sê perfeito.” (Gên., 17:1)

“Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque eu sou

santo.” (Lev., 11:44)

“Perfeitos serás, como o Senhor teu Deus.” (Deut., 18:13)

“Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mat., 5:48)

Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça

que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo;

Sois Deuses


Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa

ignorância;

Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de

viver;

“Porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (I Pedro, 1:13-16)

“E em verdade vos digo que é vosso privilégio, e a promessa que vos faço [que] quando vos

livrardes da inveja e do medo, e humildemente vos postardes diante de mim, pois não sois suficientemente

humildes, o véu será rompido e vereis quem sou, e me conhecereis – não com o pensamento carnal nem

natural, mas com o pensamento espiritual.




continuai pacientes até que sejais perfeitos.” (D & C , 67: 11-13)

Aquele que é o escolhido de Deus e enviado, é ao mesmo tempo o maior e o menor de todos os

servos.

“ELE, QUE POSSUI TODAS AS COISAS; POIS TODAS AS COISAS SE SUJEITARÃO A ELE,

A VIDA E A LUZ; O ESPÍRITO E O PODER, ENVIADOS PELA VONTADE DO PAI, ATRAVÉS DE

JESUS CRISTO, SEU FILHO.” (Comparar com a missão e o Poder de Cristo, mencionados na Sec. 93:17)

MAS NENHUM HOMEM POSSUI TODAS AS COISAS, SE NÃO ESTIVER LIVRE DE TODO

PECADO.


50:26-29). De acordo com os dizeres acima, nenhum homem é escolhido por Deus enquanto não estiver

purificado e limpo de todo pecado – pois ninguém possuirá todos os poderes maravilhosos e dinâmicos do

Todo-Poderoso enquanto não superar o pecado. Certamente, de nada serve o batismo para o homem que

continua vivendo em orgulho, arrogância, petulância, e que não cumpre as leis perfeitas de amor e perdão,

não apenas em palavras hipócritas, mas no âmago de sua alma. Só aquele que ama a Deus e ao próximo com

toda a força do coração, da alma e da mente cumpre as leis da perfeição.

“E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a

plenitude de Deus.” (Ef., 3:19) Essa é a chave que permitirá ao homem receber a “plenitude de Deus”, como

Cristo a recebeu.

“E QUALQUER QUE NELE TEM ESTA ESPERANÇA, PURIFICA-SE A SI MESMO, COMO

TAMBÉM ELE É PURO.” (I João, 3:3)

Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.

“Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro,

para que não façais o que quereis.

MAS, SE SOIS GUARDADOS PELO ESPÍRITO, NÃO ESTAIS DEBAIXO DA LEI.

Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia,

Idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias.

Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos

declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.

“Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé,

mansidão, temperança.”(Gal., 5:16-23)

Tais passagens nos informam sobre as coisas que devem ser eliminadas e os traços humanos que

devem ser aperfeiçoados. Geralmente, quando uma pessoa lê a lista de “não” acima, mantém os olhos

fechados e a mente entorpecida, acreditando que é apenas uma apresentação generalizada, pois ninguém

poderia ter todas as falhas mencionadas. Na verdade, trata-se de CADA UMA DESSAS FALHAS.

Obviamente, o fardo seria pesado demais para o indivíduo que cometesse TODAS essas faltas. E poucos são

os mortais que não carregam pelo menos uma dentre tantas fraquezas. O texto original grego inclui aquelas

pequenas fraquezas que subestimamos, pelo menos em nós mesmos. Toda falta e toda fraqueza devem ser

eliminadas, assim como a escuridão é expulsa quando acendemos uma luz. Quando o homem caminha para

Sois Deuses


o nobre destino de perfeição, descobre o fato maravilhoso de que, ao encher a alma de luz, amor e bondade,

automaticamente eliminará suas fraquezas. Para superá-las, deve ser honesto. Deve primeiramente examinar

sua alma sem hipocrisia e estar disposto a enxergar os próprios defeitos; depois, com humildade e sincera

devoção ao Altíssimo, deve banir as trevas e mirar a luz. Apegar-se às fraquezas, sofrendo por causa delas,

não é o caminho da glória. O caminho da luz é olhar fixamente para ela e para a perfeição do Todo-

Poderoso, sabendo que tal perfeição pertence também aos Seus filhos e que, quando a luz penetra a alma, a

escuridão é dissipada. Esse é o verdadeiro uso da fé. Aquele que agir assim, acreditando no poder de Deus,

imbuído de luz e bondade, jamais será impedido por poder algum dos céus ou da terra de alcançar seu

objetivo.

Como vimos, as escrituras mostram claramente quais são os requisitos e qual é a condição do

homem – o “conhecimento das coisas como elas são.”

Agora, prossigamos com os textos sagrados a respeito da luz e da verdade, ou do Espírito da

Verdade, que existe em cada homem que vem ao mundo, sendo liberado tão logo ele obedeça às leis.


coisas; aquela que sabe todas as coisas; aquela que anima todas as coisas, e dá a todas as coisas a vida, e

tem poder; segundo a sabedoria, misericórdia, verdade, justiça e julgamento.” (Moisés, 6:61)

“E lhes dei o conhecimento no dia em que os criei...” (Moisés, 7:32)

“Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem à mente deu o entendimento?” (Jó, 38:36)

A luz e a verdade plantadas no coração e na alma do homem desde o início dos tempos, são o

Espírito da Verdade, o qual o homem já era antes de se investir de forma espiritual e ganhar uma

personalidade imbuída de consciência.

“Os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, indagando que [PESSOA] OU QUE

TEMPO o Espírito de Cristo, que estava neles (bem antes de Sua vinda à terra), indicava, anteriormente

testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.” [adaptado de I

Pedro, 1:10-11]




A luz que está em todas as coisas, que a todas as coisas dá vida, que todas as coisas governa, o poder

de Deus, que está sentado em Seu trono, no seio da eternidade, no meio de todas as coisas.”

A Luz brilha na escuridão (o homem), e a escuridão (ou mente mortal) não a compreende. O dia,

porém, virá em que compreendereis o próprio Deus, renascerão Nele e por Ele. E então sabereis quem sou, e

que sou a verdadeira luz que reside em vós, e que estais também em mim, do contrário, não haveria

abundância.”

Eis a promessa feita aos Três Nefitas, que deveriam caminhar pela terra até Cristo chegar em plena

glória: “E por essa razão, tereis PLENITUDE DE GOZO: E SENTAREIS NO REINO DE MEU PAI: SIM,

VOSSO GOZO SERÁ PLENO, COMO O PAI ME DEU PLENITUDE DE GOZO: E SEREIS COMO EU

SOU, E EU SOU COMO O PAI, E O PAI E EU SOMOS UM.” (III Nephi, 28:9-10) Essa foi a promessa

definitiva, e como aqueles três homens acreditaram e tiveram a visão, e graças à fé a visão se concretizou,

tornaram-se como Cristo, e Ele era como o Pai. Em outras palavras, os Nefitas seriam como o Pai – ou

deuses.

“Àquele que seguir meus mandamentos, revelar-lhe-ei os mistérios do reino, e o mesmo lhe

sucederá como rios de água viva correndo de seu ventre, jorrando até a vida eterna.”(D & C 63:23 e João

7:38)

“Pois vivereis segundo cada palavra proferida pelo Senhor.


Jesus Cristo.

“É o Espírito que ilumina todo homem que vem ao mundo, e que escuta a voz do Espírito.

“E todo aquele que escuta a voz do Espírito vai para Deus, que é o Pai.” (D & C 84:47 – Ver

também João, 6:37, 39-40 e versículo 65, e João 10:27-30)

Sois Deuses


Esse é o registro das coisas como elas são, pois no íntimo do homem reside o Espírito de luz que,

como um sinaleiro, aguarda para conduzi-lo à Verdade e à vida perfeita, como Deus designou.

Dos antigos nos vem esta bela lembrança: “Se o homem perder a luz, que a procure dentro da

própria alma e a faça brilhar novamente, pois lá ela está e sempre esteve.”

Falemos agora sobre o “conhecimento das coisas como serão”. Elas serão, ou se manifestarão,

quando o homem abrir os olhos espirituais para ver e o coração para entender.

Cristo foi enviado como o precursor da perfeição. Ele foi o padrão, o modelo, o ideal e o guia. E,

assim como Ele aperfeiçoou a Si próprio nesta vida, nós também teremos de nos aperfeiçoar – NESTA

VIDA. Devemos nos esforçar para ser como Deus nesta terra, como Cristo fez, através do pensamento e dos

atos. Daí o mandamento: “Pensa como Deus – Ama como Deus – Vive como Deus.” Ou, em outras palavras,

“Vive segundo cada palavra proferida por Deus.” O indivíduo que tenta viver cada palavra de Deus torna-se

aquela Palavra – “E a Palavra do Senhor é Verdade, e o que é verdade é luz; e o que é luz é Espírito, o

Espírito de Jesus Cristo.” Portanto, a Palavra do Senhor é o Espírito de Jesus Cristo, e se aplicarmos Suas

palavras em nossas vidas, ou se seguirmos “aquela voz mansa e delicada” interior até que se torne parte de

nosso ser, nossa fonte de luz e direção na vida, o Verbo (ou a palavra) se fará carne. Quando a voz interior

se tornar uma parte viva de cada fibra e célula de nosso corpo, este será exaltado pelas vibrações pulsantes

do pensamento divino – e nós seremos como Ele.

Esse é o padrão deixado por Cristo. É o padrão verdadeiro, e ninguém alcançará a perfeição através

de outra porta. Daí as palavras: “Reto é o portão e estreito o caminho, e poucos são os que o encontram.”

Mas o dia se aproxima em que os sobreviventes o encontrarão, e viverão de forma correta.

Ouvi, ó céus, e prestai atenção, ó terra, e rejubilai, ó habitantes dela, pois o Senhor é Deus, e além

Dele não há outro Salvador.

Grande á a sabedoria, miraculosos são Seus modos, e a extensão de Seus feitos não pode o homem

conceber.

Seu propósito não falha, e ninguém pode superá-lo.

De eternidade a eternidade, Ele é o mesmo e Seus anos não titubeiam.

“Pois assim falou o Senhor – Eu, o Senhor, sou misericordioso e generoso para com aqueles que me

temem, e regozijo-me em honrar aqueles que me servem em justiça até o fim.” Esse “fim” não significa o

fim de uma vida mortal, como muitos imaginam. Significa o fim das provações – “E o homem será testado

em todas as coisas. Quando o Senhor comprovar que tal pessoa está disposta a servir somente a Ele em

qualquer circunstância, então confirmar-se-lhe-á o chamado e a escolha, e será seu privilégio conhecer o

Senhor em pessoa, de tempos em tempos.” (Joseph Smith – também D & C e I Pedro 1:13-16)

“Pois o homem é espírito. Os elementos são eternos, e espírito e elemento, inseparavelmente

ligados, recebem uma plenitude de louvor. E, separado, o homem não pode receber a plenitude de louvor.”

Tal idéia foi interpretada erroneamente como uma referência à ressurreição. Mas na mesma seção, há uma

explicação minuciosa sobre como Cristo recebeu a plenitude nesta vida, e que o homem também pode

recebê-la – NESTA VIDA.

Grande será sua recompensa e eterna sua glória.

E a eles revelarei todos os mistérios, sim, todos os mistérios ocultos de meu reino desde há muito, e

de eras ainda por vir, e lhes farei conhecer o prazer de minha vontade a respeito de todas as coisas que a meu

reino pertencem.

Sim, os milagres da eternidade eles conhecerão, e as coisas ainda por vir eu lhes mostrarei, e as

coisas de muitas gerações.

“E SUA SABEDORIA SERÁ GRANDE, E SUA COMPREENSÃO ALCANÇARÁ O CÉU, E

DIANTE DELES, A SABEDORIA DOS SÁBIOS PERECERÁ, E A COMPREENSÃO DOS PRUDENTES

SE REDUZIRÁ A NADA.” (Este verso esclarece definitivamente que as promessas Dele são para esta

vida.).

Sois Deuses


Pois, pelo meu Espírito, eu os iluminarei; e pelo meu poder, eu lhes revelarei os segredos de minha

vontade – sim, aquelas coisas que o olho não vê, que o ouvido não ouve, e que ainda não entraram no

coração do homem.” (D & C 76:6-10)

Há muitas coisas indescritíveis Que só podem ser vistas e compreendidas pelo poder do Espírito

Santo, o qual Deus concede ÀQUELES QUE O AMAM E SE PURIFICAM DIANTE DELE.

A ESTES ELE CONCEDE O PRIVILÉGIO DE VER E CONHECER POR SI MESMOS.

“QUE ATRAVÉS DO PODER E DA MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO, AINDA EM ESTADO

CARNAL, ELES PODEM ASSUMIR A PRESENÇA DO PAI NO MUNDO DE GLÓRIA.” (D & C

76:116-118)

“Deus está na congregação dos poderosos; julga no meio dos deuses.” (Salmos, 82:1)

“Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamou

deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), Aquele a quem o

Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas; porque disse: Sou o Filho de Deus?” Pois como a

escritura não pode ser anulada, tem de ser cumprida, pois “A palavra não voltará para [Deus] vazia” e “Ele é

o Deus da Verdade e não pode mentir.” (João, 10:34-36; Isa., 55:11)

E novamente: “Não está escrito na vossa lei: Sois deuses? Se a lei chamou deuses àqueles a quem a

palavra de Deus foi dirigida...”, etc. – Essa “palavra de Deus” não se aplica somente às escrituras. Há

centenas de igrejas e templos cristãos na terra, que usam a Bíblia e a chamam de “Palavra de Deus”, mas

pregam e vivem doutrinas negras, regidas por princípios falsos, sem luz. Milhões de indivíduos na terra

professam o cristianismo, dizem ter compreendido as escrituras, mas são ímpios, cegos e fanáticos;

caminham nas trevas e nunca seriam considerados “deuses”. Os únicos hipócritas na terra são os religiosos

que escondem a maldade por trás da “palavra de Deus”, ou da Bíblia e de suas igrejas.

“A Palavra de Deus” a que Cristo se refere não está apenas nas escrituras. Ela se aplica a todas as

pessoas que aprenderam a viver do próprio centro de suas almas – que aprenderam a escutar a “voz mansa e

delicada do Espírito”, e já não falam palavra alguma exceto as que vêm Dele – e permitem que Ele faça Suas

obras por seu intermédio, como Cristo fez. Para tais pessoas, a “Palavra de Deus” é uma fonte viva de águas,

uma dádiva de glória contínua, instrução constante, que conduz à verdade total. À medida que desenvolvem

os ouvidos para ouvir e os olhos para ver, como vemos repetidas vezes recomendado no Livro do

Apocalipse, recebem orientação constante de Deus; e, por isso, a Sua palavra reside nelas – e a Palavra de

Deus é a Verdade, e a Verdade é a Luz, e a Luz é Espírito – o Espírito de Jesus Cristo. Portanto, aqueles que

recebem o Espírito de Jesus Cristo, ou Espírito da Verdade, são chamados deuses. Assim, é fácil

compreendermos que a “Palavra de Deus” não é apenas a inspiração de um homem, que escreveu algo

muitos anos atrás. A Palavra de Deus é o contato vivo de cada homem com o Pai – AQUI E AGORA. Os

que têm esse contato são deuses. E, assim como Cristo recebeu a plenitude do Pai, crescendo de glória em

glória, o homem também tem a capacidade de desenvolver-se da mesma maneira até a voz interior se tornar

audível e uma fonte contínua de luz e glória viva. Homens assim desenvolvidos são chamados de “deuses”

porque a eles chega continuamente a Palavra de Deus, uma fonte viva de luz; e eles falam em “novas

línguas” ou com a “voz dos anjos”. São eles que recebem o poder do Perdão – e vão se juntar ao Pai, em Sua

morada Celestial.

Sem a revelação direta do céu, é impossível para qualquer pessoa compreender plenamente o plano

da salvação. Freqüentemente nos dizem que os oráculos vivos devem ficar na Igreja para que o Reino de

Deus se estabeleça e prospere na terra. Pois eu darei outra versão. Afirmo que os oráculos vivos de Deus, do

Espírito de revelação, devem estar em cada indivíduo, para que ele conheça o plano da salvação e

permaneça no caminho que o conduz à presença de Deus.” (Brigham Young)

Ó Senhor, confiei em Ti, e em Ti confiarei para sempre. Não depositarei minha confiança no braço

de carne; pois sei que amaldiçoado é aquele que deposita sua confiança no braço de carne. Sim, amaldiçoado

é aquele que deposita sua confiança no homem ou faz da carne seu braço.” (II Nephi 4:34)

“E Ele recebeu graça após graça, até receber a plenitude. E PORTANTO FOI CHAMADO DE

FILHO DE DEUS, PORQUE NÃO RECEBEU A PLENITUDE A PRINCÍPIO.”

Sois Deuses


“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. O mesmo Espírito

testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros

também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo.” (Rom., 8:14, 16, 17)

Se somos “co-herdeiros de Cristo”, então devemos ser iguais a Ele, desde que compreendamos a

verdade e a tornemos parte de nossas vidas.

Esse é “o conhecimento da Verdade que está por vir” – ou da verdade que será. Cada grau de glória

é meramente um estado de consciência na mente de cada indivíduo, desde aqueles que vivem na imundície

da sarjeta e das favelas até os que caminham por uma estrada de luz. A glória celestial é um estado de

consciência ou percepção e de entendimento. A herança do homem é recorrer ao Pai e exigir seu direito à

divindade. Erguendo os olhos para a perfeição, não poderá mais seguir pelos velhos caminhos dos sentidos

mortais, da fraqueza e do pecado. Com o coração e os olhos abertos, compreenderá o poder da palavra de

Deus em sua vida, e começará a viver a palavra, tornando-se a própria coisa que sua visão permite-lhe

contemplar. Assim será, conforme a visão e os desejos justos de cada homem, pois o Espírito de Deus

testifica ao espírito do homem que isso é possível, se ele “pedir, buscar e bater”. “Aquele que crê nestas

coisas que tenho falado, eu o visitarei com meu Espírito, e ele saberá e dará testemunho. Pois, graças ao meu

Espírito, ele saberá que tais coisas são verdadeiras; pois levam o homem a fazer o bem.” (Eter, 4:11)

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.”

Assim, cumpre-se a promessa gloriosa na vida de cada homem: “Conhece a verdade e a verdade te

libertará.” Para conhecer a verdade, o homem deve ser humilde, estar disposto a aprender e também a

desaprender, pois, freqüentemente, terá de abandonar crenças errôneas que acumulou através de

ensinamentos falsos ou por falta total de compreensão.

Quando buscar com toda a força da alma, o homem chegará àquela Verdade que o libertará – e “a

Verdade é o conhecimento das coisas como são, como foram e como serão”, e qualquer coisa que não se

encaixe nisso é a manifestação do espírito perverso, que mente desde o princípio. Portanto, a única grande

verdade é o conhecimento completo. É a verdade abrangente, através da qual o homem sabe tudo e se inunda

de luz e espírito, capaz, finalmente, de exigir sua herança divina. Todas as outras verdades são apenas partes

da grande Verdade; são pedaços incompletos, ou melhor, sinaleiros para orientar o viajante no caminho da

Verdade. Só essa Verdade dá ao homem a visão para se libertar – das trevas, do medo, da dúvida, do

orgulho, do ódio, da desarmonia, das preocupações e fraquezas, pois todos esses itens são fatais para o

progresso da alma. São o contrário da fé; não conduzem à glória. Só a verdade liberta o homem de qualquer

fraqueza mortal capaz de destruir a alma. E “ele será verdadeiramente livre.”

“Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o

que é em parte será aniquilado. – Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a

face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” (I Cor., 13:9-10, 12)

A visão completa, o entendimento total, o poder pleno, com toda luz, alegria e conhecimento

aguardam todo homem que “pedir, buscar e bater.” O destino do homem não é errar pela terra, acumular um

fracasso depois do outro, carregar um fardo mais pesado que o outro, viver em amargura. O homem foi

criado para ser o portador de luz e glória – para manifestar poder, formosura e paz.

Esse é o significado das palavras de Cristo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos

(e todo homem mortal vive oprimido – a mortalidade oprime, é um fardo de cegueira, tristeza e falta de

compreensão), e eu vos aliviarei. Porque meu jugo (amor) é suave e o meu fardo é LEVE” – leve como a luz

gloriosa que bane as trevas, ou os fardos humanos O homem deve se unir novamente ao Espírito da Verdade

ou de LUZ. Esta é a mensagem: “Vinde a mim, ó mortais, lutando sob vossos fardos de erros, mágoas,

pecados, falta de visão, medo, dor e preocupação, e retornai à LUZ. Compartilhai comigo a glória que era

vossa antes da criação do mundo.”

Mesmo aqueles que acreditam possuir tudo, são assim descritos nas escrituras: “Como dizes: Rico

sou, e estou enriquecendo, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e

cego, e nu;

“Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos

brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio,

Sois Deuses


para que vejas.” (Apoc., 3:17-18). E, por mais que acredite servir com devoção, aquele que não aprendeu a

viver com a alma nem fez o contato pessoal com o Pai, terá a vida carregada de fardos e amargura e

destituição – pois ele é pobre, desgraçado, miserável e nu.

“A glória de Deus é inteligência.” E, de acordo com o texto apócrifo Doutrina & Convenções

(Doctrine and Covenants), Sec. 93:29: “O homem também estava no princípio com Deus, Inteligência, ou

Espírito da Verdade; não foi criado nem feito, nem precisa ser.”

Portanto, éramos a glória de Deus, o próprio Espírito de inteligência anterior à criação do mundo.

Essa idéia condiz com as seguintes palavras: “Eis a minha obra e a minha glória: conceder ao

homem imortalidade e vida eterna.” Por isso, a Glória de Deus é o homem, exaltado. No princípio, éramos

o próprio Espírito de Inteligência ou Verdade; e agora a glória de Deus deve novamente nos tornar deuses,

ou deificados, desde que compreendamos e cooperemos.

A glória de Deus é inteligência, ou em outras palavras, luz e verdade.

Luz e verdade exilam o mal.

No princípio, o espírito de todo homem era inocente e Deus, tendo redimido o homem de sua queda,

tornou-o, em estado infantil, de novo inocente.

E o perverso, através da desobediência, vem e tira a luz e a verdade dos filhos do homem, por causa

das tradições de seus pais.” (D & C 93:36-39)

Voltando mais uma vez à 88a. seção dos versículos 6 a 13 do texto D & C:

“Aquele que ascende às alturas e desce às profundezas, e compreende todas as coisas, e pode estar

em todas as coisas, a Luz da Verdade. A verdade que ilumina. Esta é a Luz de Cristo. Ele é também o sol, e

a luz do sol; e o poder do qual o sol foi feito...” O texto prossegue explicando que essa luz de Cristo, ou Luz

da Verdade, ou Espírito da Verdade está na lua e nas estrelas e na luz e poder dos quais os corpos celestes

são feitos, que é também a luz que existe em nós...


“A luz que está em todas as coisas, que a todas as coisas dá vida, que todas as coisas governa, o

poder de Deus, que está sentado em Seu trono, no seio da eternidade, no meio de todas as coisas.”

Essa é uma explicação clara que o Espírito de Cristo, ou Espírito da Verdade, ou Luz da Verdade,

como você preferir chamar, é o PODER DE DEUS, emanando diretamente do Deus vivo e verdadeiro.

Portanto, todo homem é um testemunho vivo do poder de Deus, pois todo homem existia no princípio. E

será para sempre esse testemunho, se abrir a mente e o coração para compreender.

Quando o homem enxerga a glória dessas verdades, o véu da eternidade se recolhe e ele não padece

mais da consciência racial de medo, tristeza e cegueira, mas renasce livre, dono de uma visão clara.

“Conhece a verdade, e a verdade te libertará”, se souberes usá-la e vivê-la.

A verdade é a substância da qual a eternidade é composta. Toda pequena verdade, ou diminuta

porção dela, pertence ao todo. Aquele que constrói sobre a verdade, constrói para a eternidade. Aquele que

só fala a verdade terá suas palavras gravadas em glória para sempre. Conheça a verdade e seja livre – livre

das agruras e provações terrenas. Viva a verdade e se tornará a Verdade.

Grande será a queda daquele que constrói uma estrutura falsa sobre fundações falsas. Aquele que

resiste à verdade será dizimado, pois se debate contra a muralha indestrutível da eternidade, que não pode

ser alterada pelos pensamentos errôneos do homem. Contra as crenças erradas do mundo, ou até de todo o

universo, a verdade perdurará. E, como a verdade é luz, e luz é Espírito, o grande reino do espírito se eleva

em esplendor acima da idolatria, falsidade, estreiteza de visão e conceitos – a única glória para o homem é

unir-se ao todo, ou à verdade total; e isso só pode ser feito através do contato com o Espírito de Deus no

centro da alma – até que a própria Palavra reveladora o conduza à verdade – e que a palavra de Deus o leve

à perfeição para que ele também possa usufruir sua herança divina.

Quando o homem supera a escuridão terrena e abandona todo o mal, a inteligência, ou luz

novamente cresce em seu interior, e ele retorna à condição de glória em que vivia com Deus antes da criação

do mundo – assim como aconteceu com Cristo, nosso Irmão mais velho. Ao voltar-se para Cristo, o Espírito

da Verdade, o homem novamente se une a Ele, e se livra dos fardos da mortalidade, voltando a ser Luz.

Sois Deuses


Nesse ponto, ele recebe todo o poder do céu e da terra, e nada mais lhe é impossível, pois glorificou

sua herança e tornou-se um deus – um verdadeiro filho do Senhor Divino. (Ver D & C 50:26-29; também

Sec. 93:17.)

Essas são as coisas maravilhosas que permanecem ocultas desde a fundação do mundo, que se

perderam por causa da perversidade, da aspereza nos corações dos homens e da cegueira de suas mentes,

conforme constatamos nos escritos de Eter, o antigo historiador.

Você pergunta: “O homem que afirma estar sem pecado é um mentiroso; nele não está a verdade – o

que significa isso, então?” Tal afirmação é exata, pois se qualquer homem estivesse sem pecado, seria a

última pessoa a declarar tal coisa. Pois Cristo foi o único que viveu verdadeiramente sem pecado. “Todos

pecamos”, mas é possível superar os pecados e fraquezas. Quando isso é conseguido, entretanto, a

humildade e o amor desenvolvidos na pessoa fecham-lhe os lábios contra tal tipo de autopromoção. O

indivíduo que supera o pecado torna-se aquilo descrito nos Odes de Salomão, a respeito de Cristo: “E a Sua

Palavra está conosco em todo o caminho; O Salvador que dá vida e não rejeita as nossas almas; O homem

que se fez humilde e foi exaltado por Sua justiça.” A verdadeira justiça ou probidade não deixa o homem

orgulhoso, e sim humilde. A autopromoção exorta o orgulho pessoal – mas a verdadeira probidade

aperfeiçoa o amor e a devoção até o homem se tornar consciente da perfeição em si, pois vendo a bondade e

a glória de Deus, ele compreende como será incompleto sem o divino poder de Deus.

Nenhum homem é perfeito antes de superar muitas fraquezas humanas – e deve perceber, com toda a

força do coração, que, sem a ajuda do Todo-Poderoso, sem a constante orientação do “Pai interior”, a “voz

mansa e delicada”, não conseguirá isso. Um homem assim aperfeiçoado não se gabaria de sua bondade, pois

saberia que o próprio ato de gabar-se é uma transgressão tão grave quanto roubar, mentir, odiar, gerar

confusão ou cometer qualquer outro pecado da carne. Como Cristo, ele diria; “Porque dizes que sou bom?

Deus é bom.” O hábito de se autopromover perante o próximo deve ser quebrado por um amor reverente e

uma humildade profunda – isso é perfeição.

Estar sem pecado é uma condição que exige humildade divina da alma. Você diria: “Mas nenhum

homem é perfeito.” Isso é verdade, pois quando o homem atinge a perfeição, não é mais um mero mortal,

mas foi trasladado a um plano superior. E tal condição é o direito de todo homem que mantiver a visão – e

viver de acordo com ela.

Adiantai-vos, filhos de luz, e com visão clara, exigi vossa herança, glorificando vosso Pai para

sempre. “Deixai o mesmo pensamento em vós que estava em Cristo Jesus, que, estando na forma de Deus,

sabia não ser roubo ser igual a Deus.”

E quando o “Nome inefável de Deus”, que os antigos conheciam, mas que foi esquecido por causa

da perversidade, for novamente trazido à nossa compreensão, saberemos que essas coisas são verdadeiras.

Você saberá o que é verdade se “pedir”, pois todo aquele que pede, receberá. “E se algum de vós

tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.”

Eis a oração pura e perfeita do Sacramento de Jesus Cristo: Ó Deus, Pai Eterno, nós Te pedimos, em

nome de Teu Filho, Jesus Cristo, que abençoes e santifiques este pão para as almas de todos os que dele

provem, para que se lembrem do corpo de Teu Filho, e que sejam Tuas testemunhas, Ó Deus, Pai eterno, E

QUE QUEIRAM VIVER O NOME DE TEU FILHO, e Dele se lembrem sempre, e que sigam Seus

mandamentos, para que tenham sempre o Seu Espírito com eles – AMÉM.

Eis, que Jesus Cristo é o nome dado pelo Pai, e nenhum outro nome salva.

“Portanto, TODOS OS HOMENS DEVEM VIVER O NOME QUE LHES É DADO PELO PAI,

POIS POR TAL NOME SERÃO CHAMADOS NO ÚLTIMO DIA.” (D & C 18:23-24)

Toda mulher que assume o sobrenome do marido passa a ser conhecida por tal nome. E o mesmo

acontece com todos os que assumem o nome de Cristo. Ele é o Esposo. Os Santos, os Seres Sagrados, ou

aqueles que se purificaram diante do Senhor são, segundo as escrituras, como a noiva. No casamento, dois

tornam-se UM – e a esposa, ou a que foi Consagrada, é conhecida pelo nome do Marido. Qualquer pessoa

que assuma outro nome, torna-se esse nome. E a palavra “Cristo” significa “Ungido”. Quando o homem se

torna “Ungido de luz”, volta para a Luz, ou recebe a plenitude – assim, recebe o nome de “Cristo”.

Sois Deuses


Na infância, as crianças são chamadas pelo primeiro nome; mas quando crescem e se tornam

adultas, passam a ser conhecidas pelo nome do pai.

Segundo o apócrifo de Moisés (1:34), “Adão” significa “muitos”. O nome “Cristo” inclui todos os

que entram e recebem a luz – pois significa “O ESPÍRITO DA VERDADE”, e todos fomos esse Espírito

antes da criação do mundo. Poderemos ser o Espírito da Verdade novamente, se abrirmos o coração e a

mente e partilharmos da unção, que é nossa por direito, recebendo a Sua plenitude e cumprindo as leis da

probidade. Mais uma vez, citando III Nephi 28:10:

E por essa razão, tereis plenitude de gozo: e sentareis no reino de meu pai: sim, vosso gozo será

pleno, como o pai me deu plenitude de gozo: e sereis como eu sou, e eu sou como o pai, e o pai e eu somos

um.”

Se esses três homens podem ser como Cristo e Deus, o Pai, então todos os homens também podem,

desde que cumpram as leis de probidade e perfeição.

Todo filho que tem o pai como ídolo, sabendo que é importante, sábio, eficiente, poderoso e

perfeito, sem, no entanto, tentar ser como ele, jamais chegará a lugar algum. Deus deve ser o ideal de todo o

homem, não o ídolo. “Sede perfeitos, como vosso Pai é perfeito.” Portanto, para se tornar um deus, o homem

deve viver a vida e exigir seu direito de nascença. “Sim, tudo o que é do Pai é também vosso.” Não só na

eternidade, mas assim que estiver preparado para aceitar a glória de sua herança.

Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se

tornarão brancos com a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã –

ÀQUELE QUE VENCER.” (Isa., 1:18)

“Vencer”, tão freqüentemente mencionado nas escrituras, é algo que deve ser feito nesta terra e

ainda em estado carnal. Essa é a chave que a humanidade perdeu, deixando-se envolver pelo véu escuro da

noite; e o homem dorme sob o fardo de suas fraquezas e de sua cegueira. Só há um passo entre a

mediocridade e o poder dos gênios. Há mais um passo entre a genialidade e a Santidade, ou a condição

daquele que “superou (ou venceu) todas as coisas.” Todos são passos conscientes, o último dos quais sendo

dado quando todos os medos e as trevas ficarem para trás, quando o homem entrar espontaneamente na luz,

renascer do Espírito, não em palavras, mas no Poder de Deus Todo-Poderoso. Esses passos de progresso só

poderão ser dados, se o homem aprender a escutar a Luz do Espírito em seu interior.

Sim, as chaves de nossa experiência. Que tipo de experiência? “Para verificar se obedeceremos a

todos os mandamentos do Senhor.” Só receberemos todas as bênçãos do Senhor, se estivermos devidamente

preparados. Se tal glória e tamanho poder fossem-nos concedidos antes de termos superado as fraquezas,

seríamos completamente destruídos. Poderíamos destruir o mundo. Tal força só pode ser concedida àqueles

que foram testados em todas as coisas, tendo provado que são dignos de uma obrigação e um privilégio tão

sagrados. É um poder que extingue toda a amargura, os medos, as trevas, todo o mal e infelicidade; e tal

poder é guiado pela vontade do Todo-Poderoso. Deus jamais dá uma ordem que seja impossível de cumprir.

A estrada de realização pode exigir sacrifícios e grandes esforços, mas é uma trilha de glória, luz, satisfação

e poder eternos, sem igual na terra. É saúde. É felicidade. É juventude eterna. É serviço. É luz, e domínio, e

conquista, e plenitude de gozo.

De escritos antigos, e em linguagem tão simples que até as crianças compreendem, vem esta

mensagem: “Por sua vontade, o homem deixará o reino mortal e evoluirá até o Reino de Deus.”

Deixo uma prece especial para que Deus lhe ilumine a alma e lhe permita compreender com os

olhos e o coração, e que possa caminhar com Ele – e unir-se a Ele – como deus – pois a escritura não pode

ser anulada. E se você receber a Palavra de Deus – e vivê-la até que o Verbo se faça carne – então será um

deus.

Sim, sois deuses.

Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há

muitos deuses e muitos senhores),

“Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor,

Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele.” (I Cor., 8:5-6 – original em grego)

Sois Deuses


“Irmãos, juro por Deus que gostaria de dizer-lhes quem sou! Juro por Deus que gostaria de contar-

lhes tudo o que sei! Mas vocês chamariam de blasfêmia e desejariam tirar-me a vida!” (Joseph Smith)

E agora, desejo acrescentar: “Juro por Deus que gostaria de dizer-lhes quem vocês são – e o que são

– pois é a isso que Joseph Smith se refere. E juro por Deus que gostaria de dizer-lhes o que eu sei, mas vocês

chamariam de blasfêmia.”

“Quando o pensamento e os lábios perderem o poder de ferir, a voz do homem será ouvida entre os

Deuses.” A voz do homem não será ouvida entre os sábios enquanto ele próprio não se tornar um sábio. Não

será ouvida entre os doutores enquanto ele não se tornar um doutor. Não será ouvida entre os cientistas

enquanto ele não se tornar um cientista. A voz do homem não será ouvida entre os Deuses até que toda

vibração, pensamento e palavra estejam envolvidos em amor e tenham perdido o poder de ferir – a ele será

aberta a porta – e ele descobrirá a verdade por si próprio.

Nossos olhos só poderão se voltar para a glória do Senhor quando nossos pensamentos (ou nossa

visão mental) nela se fixarem até que a perfeição encha nossas vidas. E então, “nasceremos do Espírito”, ou

seremos “ungidos de Luz”, os “escolhidos do Pai”; e receberemos “Sua plenitude”.

Ó filho do homem, as “portas de pérola” estão abertas para ti, a visão de divindade e glória é tua por

direito. Não é através da morte que se passa pelas “portas de pérola”. A entrada é feita através da vida e do

amor. A entrada pelas “portas de pérola” é um estado superior de consciência; um estado no qual as

fraquezas são abandonadas. A chave é o amor – sincero, altruísta, doce, misericordioso, crístico, que sabe

perdoar e é cheio de compreensão divina. Esse amor não pertence a um só indivíduo, mas inclui toda a raça

humana, os fracos, humildes e perdidos. Só o amor cumpre todas as leis e segue todos os mandamentos. É a

melodia perfeita que se mescla para sempre com o coro celestial de sinfonias de saudação eterna. O amor é a

melodia do céu vibrando através do universo, tocando uma sinfonia de glória eterna sobre as estrelas. O

amor é o nome de Deus, “Pois Deus é amor”, e Seu nome é “Infinito” e “Eterno” e “Todo-Poderoso”. O

amor é a única essência perfeita, capaz de redimir o homem, pois ainda que este tenha o poder e a fé de

mover montanhas e ressuscitar os mortos, e ainda que dê tudo o que tem aos pobres, e seu corpo seja

cremado, se não tiver amor, de nada valerão seus esforços; pois nada faz sentido sem o dom do puro amor de

Cristo.

O amor é o céu – e o “céu está em você”, filho do homem, e deve se desenvolver como a semente de

mostarda, e tomar conta de seu ser como o levedo. “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça (e

manifestai-a em vossas vidas), e todas as coisas vos serão acrescentadas.” O amor dura para sempre. As

“portas de pérola” são apenas símbolos de amor e luz perfeitos. O amor é mais belo que as pérolas e mais

eterno que as pedras preciosas. AMOR É LUZ. É glória e perfeição.

À medida que o homem desenvolve o dom do amor à perfeição total – assim como o músico

aprimora a sua arte – e se torna a própria essência do amor, descobre que “é a porta de tudo.” Aprende que

os portais do reino dos céus são, na verdade, os mesmos de seu coração aberto à luz e à bondade. Nesse

ponto, ele se torna o próprio objeto que tenta interpretar. “Ou quem pode repousar no Altíssimo e, através de

Seus lábios, falar? Quem pode interpretar as maravilhas do Senhor? Pois aquele que as pudesse interpretar

se dissolveria e se tornaria o objeto interpretado.”

Sim, o amor é o poder coesivo do Universo. É ele que une nações, comunidades, famílias, amigos,

substância e átomos. Mantém coeso os tecidos do corpo, impedindo que os músculos afrouxem e

envelheçam. Impede a carne de desintegrar. Aperfeiçoa o corpo e a alma. Amor! Sem fronteiras e infinitos

são a vibração e o poder perfeitos da vida eterna. Tal é o poder de Deus plasmado em forma humana – ou

Seu templo sagrado. Abra o coração, a alma e a mente para amar o Espírito de Deus e deixá-lo habitar em

você, transladando-o da morte para a vida. Nenhum morador ou inquilino responsável deixa a casa que o

abriga cair aos pedaços. Deixe, portanto, a Luz de Deus e o amor divino tomar seu ser e sinta o poder

perfeito renovar-lhe a vida. Acumule essa luz e esse amor – e você se tornará amor e luz – e será a porta de

tudo.

Ó, filho do homem, evolua do reino mortal para o reino de Deus, passando pelos portais do amor

perfeito, pois o amor é a porta, e o céu é a sua herança – aqui e agora.

Sois Deuses


Nos antigos escritos de Eter, encontramos estas magníficas palavras: Vinde a mim, Ó pagãos, e eu

vos mostrarei as coisas maiores, o conhecimento que permanece oculto por causa da falta de fé.

“Vem a mim, ó casa de Israel, e em ti se manifestarão as coisas maravilhosas que o Pai te reservou,

da fundação do mundo; e a qual não desfrutas por causa da falta de fé. Pois quando rasgares o véu de teu

lamentável estado de perversidade, aspereza de coração e cegueira da mente, então as coisas maravilhosas,

da fundação do mundo, serão reveladas e cumpridas – sim, quando pedires ao Pai em meu nome, com o

coração partido e o espírito arrependido...”

O texto acima deixa claro que o véu que nos impede o acesso às bênçãos superiores é a descrença,

ou falta de fé. Afirma também que a descrença tem forçado o mundo a permanecer em um lamentável estado

de perversidade – aspereza do coração – cegueira da mente.

Isso fica mais evidente quando estudamos com atenção as palavras de outro profeta antigo – “E o

anjo disse: Sabes tu o significado da árvore vista por teu pai? E eu lhe respondi, dizendo: Sim, é o amor de

Deus que jorra nos corações dos filhos dos homens; e é, portanto o bem mais desejável. E ele me falou,

dizendo: Sim, é o mais benéfico à alma. “E eis que a vara de ferro que vi e que meu pai também vira, era a

palavra de Deus, que conduz à fonte de águas vivas, ou à árvore da vida, que são uma representação do amor

de Deus; e vi também que a árvore da vida era uma representação do amor de Deus.” ( I Nephi, 11:21-23 e

25)

Sem dúvida, a aspereza de nossos corações não tem permitido que o amor divino de Deus neles jorre

abundantemente. Quando abrirmos nossos corações para a mais preciosa de todas as dádivas, as coisas

maravilhosas e inefáveis, que permanecem ocultas desde a fundação do mundo, nos serão reveladas em toda

a sua glória. O véu que nos impede o acesso ao Fruto da Árvore da Vida é a nossa falta de fé – e o amor

perfeito de Deus, que pode jorrar livremente em nossos corações, é o Fruto dessa Árvore.

Amados, amemo-nos uns aos outros; porque a caridade é de Deus; e qualquer que ama é nascido de

Deus e conhece a Deus.

“Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é caridade.”

“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é caridade; e quem está em caridade

está em Deus, e Deus nele.” (I João, 4:7-8 e 16)

Capítulo XXII

O CORDEIRO E O LIVRO DA VIDA

“E todos os Santos que se lembrarem de seguir a Palavra de Sabedoria e caminharem em obediência

aos mandamentos, encontrarão sabedoria e os grandes tesouros secretos do conhecimento.”

Os tesouros secretos do conhecimento são os tesouros sagrados e gloriosos da verdade, ocultos entre

passagens e versículos irrelevantes das escrituras.

Examinemos, por exemplo, I Nephi 11:22-25, em resposta à pergunta do anjo: Sabes tu o significado

da árvore vista por teu pai?”

“E eu lhe respondi, dizendo: Sim, é o amor de Deus que jorra nos corações dos filhos dos homens; e

é portanto o bem mais desejável.

E ele me falou, dizendo: Sim, é o mais benéfico à alma.”

Os versículos acima dizem que a dádiva mais preciosa, benéfica e desejável de Deus é o Seu amor,

jorrando nos corações dos filhos dos homens, quando estes se preparam para receber esse presente divino.

Em seguida, a verdade completa é velada ou escondida pelo próximo versículo, que quebra o sentido

total de uma revelação surpreendente.

A passagem que oculta a verdade é bela, mas completamente irrelevante ao tema da árvore e seus

frutos.

Este é o versículo que desvia a atenção do tema a ser revelado: E depois de ter dito essas palavras, o

anjo me disse; Olha! E eu olhei, e vi o Filho de Deus entre os filhos dos homens; e vi muitos cair aos Seus

Sois Deuses


pés e venerá-lo.” Embora lindo e significativo, este versículo desvia totalmente do tema e do sentido da

árvore; por isso, é necessário remover o véu e, com a visão clara, retornar à idéia da árvore e de seu fruto

glorioso.

“E eis que a vara de ferro que vi e que meu pai também vira, era a palavra de Deus, que conduz à

fonte de águas vivas, ou à árvore da vida, que são uma representação do amor de Deus; e vi também que a

árvore da vida era uma representação do amor de Deus.”

O último versículo completa a descrição do fruto da árvore, que é o mais precioso de todos, e

explica que é o fruto da árvore da vida, e é o puro amor de Deus jorrando livremente nos corações dos filhos

dos homens. A árvore da vida se localiza “no meio do Paraíso de Deus.” E, mais uma vez, “O reino do céu

está em ti.” Então, o Paraíso também está, bem como a Árvore da Vida – cujo fruto é o amor divino,

maravilhoso e perfeito de Deus, que floresce no coração do homem, quando este o compreende e se agarra à

vara de ferro. E a vara de ferro é a vontade de Deus.

Agora, analisemos por um instante o que é exatamente a palavra de Deus. A palavra de Deus é um

registro quase completo de promessas, desde bênçãos individuais até as maiores revelações já feitas sob os

auspícios do Espírito de Deus Todo-Poderoso. Há também alertas quanto aos motivos de tais promessas não

serem cumpridas, mas o tema principal sempre é a promessa, em si. E Deus quer que o homem cumpra as

leis para que as promessas, ou bênçãos sejam concedidas. A palavra de Deus é um registro de promessas tão

maravilhosas, dinâmicas e gloriosas que é quase impossível para a mente do homem compreendê-las

integralmente – promessas de que todos os que acreditarem em Jesus Cristo terão o poder de realizar as

obras que Ele realizou, e obras ainda maiores – a promessa de que o homem é capaz de mover montanhas,

como fez Enoque – a promessa de que todos os que acreditaram e foram batizados em Seu Nome, até nos

confins da terra, serão seguidos por estes sinais: poder de expulsar demônios, dom de falar novas línguas (ou

comunicar-se através do poder do Espírito Santo), capacidade de pegar em serpentes sem ser molestados,

tomar veneno e não sofrer dano algum, curar os doentes através do toque das mãos, devolver a visão aos

cegos, recuperar os paralíticos e curar todo tipo de doença, e realizar milagres em Seu nome. Essas

promessas são a palavra de Deus, mas quem seguiu a Palavra até o ponto de ser agraciado com esse poder?

Quem realmente crê? As pessoas acreditam na história, nos escritos antigos, mas não na palavra de Sua

promessa, pois duvidam dos próprios poderes. “Meu Reino não consiste em palavras, mas em virtude (ou

poder).” A humanidade não crê nem segue a palavra de Suas promessas; e só quando o fizer, o poder de

Deus será concretizado. Quando Suas promessas são acreditadas e cumpridas, é possível provar do fruto da

árvore da vida, que representa o puro amor de Deus.

Nos magníficos escritos que se seguem, há pensamentos ocultos que devem ser decifrados. Atente

para a seqüência e o número dos versículos:

16. E eu, João, dou testemunho que Ele recebeu a plenitude da glória do Pai.

17. E ele recebeu todo o poder do céu e da terra, e a glória do pai estava com Ele, pois o Pai

residia Nele.

19. Falo agora para que compreendeis como adorar e a quem adorar; procurai o Pai em meu Nome e,

logo, recebereis de Sua Plenitude.

20. Se seguirdes meus mandamentos, recebereis de sua plenitude, e sereis glorificados em mim, pois

eu vivo no Pai.

21. E agora, em verdade, vos digo: eu estava no princípio com o Pai, e sou o Primogênito.

23. Vós também estiverdes no princípio com o pai: aquele que é espírito, o Espírito da Verdade.

26. “O Espírito da Verdade é o Espírito de Deus. Eu sou o Espírito da Verdade.. E João deu

testemunho sobre mim, dizendo: Ele recebeu a plenitude da verdade, sim, de toda a verdade.

27. E nenhum homem recebe a plenitude, a menos que siga os mandamentos.

28. “Aquele que segue os mandamentos recebe verdade e luz, até ser glorificado na verdade e saber

todas as coisas.” (D & C sec. 93)

29. “O homem também estava no princípio com Deus, Inteligência, ou Espírito da Verdade; não foi

criado nem feito, nem precisa ser.” (D & C Seção 93)

Sois Deuses


Esse é o plano seguido por Cristo – e o nosso padrão é exatamente o mesmo. Observe no versículo

17, a menção ao fato de ter Ele recebido todo o poder do céu e da terra. Na Seção 50:24-29, a mesma

promessa é feita a todo homem que se purifique e abandone as trevas e o pecado:

Aquilo que é de Deus é luz; e aquele que receber luz e continuar em Deus, receberá mais luz;

E, novamente, em verdade vos digo que podereis conhecer a verdade e banir as trevas de vós.


servos.

Ele, que possui todas as coisas; POIS TODAS AS COISAS SE SUJEITARÃO A ELE, TANTO NO

CÉU QUANTO NA TERRA, A VIDA E A LUZ; O ESPÍRITO E O PODER, ENVIADOS PELA

VONTADE DO PAI, ATRAVÉS DE JESUS CRISTO, SEU FILHO.

“Mas nenhum homem possui todas as coisas, se não estiver livre de todo pecado.”

Estude todas as escrituras dessa forma, com humildade no coração, prece sincera, em nome de Jesus

Cristo, buscando somente a verdade, desejando somente glorificar Deus; e, se for honesto, se for realmente

humilde, rezando para conhecer a verdade, o véu será removido diante de seus olhos. E quanto encontrar a

verdade e seus grandes tesouros ocultos, venere, adore, preste reverência, ame e agradeça incessantemente –

e viva cada palavra que lhe for revelada pelo Espírito de Deus. Guarde bem tal conhecimento, e jamais tente

enfiá-lo à força na mente dos outros, a menos que seja guiado pelo Espírito de Deus.

Este livro foi escrito sob a orientação do Todo-Poderoso com o único objetivo de abrir os Livros

sagrados da escritura aos olhos daqueles que buscam. O propósito desta obra é revelar os tesouros ocultos

que, na verdade, já foram revelados – para deixar claras as promessas dinâmicas de Deus e expor alguns dos

segredos àqueles que seguem os mandamentos e a Palavra de Sabedoria, e a todos os que amam a verdade.

Os rebeldes, orgulhosos e de mentalidade perversa não conseguirão entender, muito menos seguir essas

grandes verdades, pois somente com humildade, amor perfeito e prece constante, pode alguém conhecer a

Verdade e usá-la.

Só há duas maneiras de o leitor descobrir se estas palavras são VERDADEIRAS: a primeira é rezar,

pedindo a Deus, o Pai Eterno, em nome de Jesus Cristo, que lhe permita saber. A segunda é viver essas leis

superiores de amor, perdão, reverência, devoção e glória melodiosa, como Cristo admoestou: “E se viverdes

as leis, sabereis se são de Deus, ou se falo palavras vazias.”

No Livro do Apocalipse (20:12), lemos: “E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do

trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas

que estavam nos livros, segundo as suas obras.”

Os Livros se abriram. Esta obra, composta segundo a vontade e poder de Deus, tem como objetivo

abrir os Livros. Seus grandes tesouros secretos de conhecimento estão se abrindo para aqueles que desejam

recebê-lo – o conhecimento de como limpar o interior do cálice, ou o coração, a alma e a mente do homem.

Os rituais, as funções e as exigências de todas as igrejas e templos são meramente a limpeza exterior. O

interior só pode ser limpo pelo homem que “viver cada palavra proferida por Deus.”

A purificação divina do interior do cálice é feita com o amor de Cristo que Deus faz jorrar nos

corações dos filhos dos homens, quando estes cumprem a lei. “É o puro amor de Cristo, que o Pai concede a

todos os verdadeiros seguidores de Seu Filho, Jesus, depois de rezarem com a energia do coração.”

(Moroni, 7:47-48). Ser um verdadeiro seguidor significa viver literalmente como Ele viveu – trabalhar como

Ele trabalhou – fazer o que Ele fez – amar como Ele amou – perdoar, como Ele perdoou – e acreditar, como

Ele acreditou.

E os livros foram abertos, e de agora em diante cada homem poderá julgar a si mesmo – Sim, “e que

os homens possam discernir entre o justo e o injusto, disse vosso Deus.”

Sim, os Livros foram abertos e o conhecimento neles contido será revelado a todo indivíduo que o

desejar e estiver preparado para recebê-lo: o conhecimento necessário para abrir o Livro da Vida. Os Livros

das escrituras sagradas foram abertos com o único propósito de preparar o povo para o grande e glorioso

Livro da Vida.

Se você estudar atenciosamente o Capítulo 20 do Livro do Apocalipse dirá que a afirmação acima é

falsa; que os Livros devem ser abertos depois do fim do milênio e que o julgamento virá após os mil anos de

Sois Deuses


paz. É verdade que o grande julgamento, quando os homens se colocarão diante do trono de Deus para ser

julgados de acordo com suas obras, acontecerá no fim desse período. Os Livros, porém, devem ser abertos

no começo do período. Essa grande verdade se perdeu em meio a tantas traduções. Mas você enxergará a

verdade contida nos escritos, se rezar com sinceridade e estiver disposto a buscar a Luz de Cristo em seu

interior, o dom que lhe permitirá julgar com sabedoria. Reze para que consiga compreender essas coisas.

Reze para compreender o significado dos Livros e o grande e glorioso Livro da Vida, que é você.

Sim, esse Livro da Vida está dentro de cada ser humano – e o próprio homem deve abri-lo, o que só

pode ocorrer após a abertura dos outros Livros, que revelam como fazer isso e manifestam na vida do

indivíduo o amor e a perfeição capazes de superar a morte. Com o conhecimento das leis da perfeição, e as

leis contidas nos Livros, o Livro da Vida pode ser aberto nos corações dos filhos dos homens – e aqueles

que o fizerem não precisaram morrer nem ser julgados.

Cada homem deve abrir o Livro da Vida sozinho. Quem falhar, morrerá – e quem morrer passará

pelo julgamento de Deus Todo-Poderoso, pois será julgado segundo as coisas escritas nos Livros – as coisas

que se recusou a viver após a abertura deles.




Pois esse aval é o Livro da Vida; mas de que lhe valerá, se você não o abrir e ler seu valioso

conteúdo? Dentro de você está a verdade de todas as coisas, mas se condená-la, não poderá usar o poder de

Deus, vivo em seu íntimo. Sim, toda a verdade, todo conhecimento, poder e o dom da vida eterna são o seu

aval.

Homem, você é o Livro da Vida, e terá de abrir o livro sozinho. Se não o fizer, agora que os outros

Livros já foram abertos, revelando-lhe o conhecimento, terá de morrer; e se morrer, será julgado, pois os

Livros estão abertos e eles são a Palavra de Deus que conduz à Árvore da Vida – o amor de Deus que jorra

nos corações dos homens.

Dizemos que aqueles que falham “são arrebatados pela morte, e pelo inferno... e todos os que

forem arrebatados devem se postar diante do trono de Deus, e ser julgados de acordo com suas obras.” Tal

afirmação deixa bem claro que os homens arrebatados pela morte serão julgados por Deus.

Em seguida, os escritos nos dizem quem receberá o julgamento e a grande condenação!

Portanto, ai daquele que se conforta no Sião!

Ai daquele que clama: Tudo vai bem!

Sim, ai daquele que segue os preceitos dos homens e nega o poder de Deus, e a dádiva do Espírito

Santo!

Sim, ai daquele que diz: Recebemos e de nada mais precisamos!

E por fim, ai daqueles que tremem e se iram por causa da verdade de Deus! Pois aquele que se

constrói sobre rocha, recebe-a com alegria; e aquele que se constrói sobre fundações de areia, treme com

medo de cair.

Ai daquele que diz: Recebemos a palavra de Deus, e não precisamos mais das palavras de Deus,

pois já temos o suficiente!

Pois assim disse o Senhor Deus: Darei aos filhos dos homens linha por linha, preceito por preceito,

um pouco aqui e um pouco acolá; e abençoados sejam os que seguirem meus preceitos e ouvirem meus

conselhos, pois receberão sabedoria; pois àquele que tem, será dado; daquele que não tem, até o pouco lhe

será tirado.

“Ai daquele que deposita sua confiança na carne, ou que segue os preceitos do homem, a menos que

tais preceitos sejam ditados pelo poder do Espírito Santo.” (II Nephi, 28:23-31. Ver também Isa., Cap. 28)

“Àquele que recebe, dar-lhe-ei mais.” “Mais” será dado àqueles que não fecham a mente contra a

Verdade revelada pelo poder de Deus, conforme revelado nos seguintes versículos:

“Pois eis a sabedoria; aquele que a ler e compreender, receberá em abundância, também o poder!”

(D & C 71:5-6)

Sois Deuses


Sim, receberá o poder de abrir o Livro da Vida. Pois os Livros foram abertos e o conhecimento

liberado para o acesso a um plano superior de vida; sim, vida além da morte, cumprindo as leis da

probidade.

Sim, a partir de agora, você será julgado de acordo com as grandes e maravilhosas verdades escritas

nos Livros – os Livros das escrituras que já estão abertos – os Livros que revelam as chaves do Livro da

Vida.

Abra esse Livro. Abra-o, pois é seu! O lacre está em seu coração! Abra o coração para receber o

amor pleno de Deus! Abra o coração, a mente e a alma para o Espírito da Verdade, o Espírito de Deus Todo-

Poderoso e Seu grande e indescritível amor, a Luz de Cristo – e você terá poder não apenas para abrir o

Divino Livro da Vida, mas também para lê-lo e cumpri-lo – e todo o conhecimento do céu e da terra será seu

– e todo o poder.

Converse sempre com Deus, através daquele glorioso instrumento de amor: seu coração. Aprenda a

dizer cada palavra através do glorioso microfone da perfeição. Pense com ele – e logo estará caminhando

com Deus – e suas palavras serão as Dele – e seus pensamentos serão Dele – e seu poder será o Dele,

inundando-lhe o ser com o Espírito do Todo-Poderoso, preenchendo-o de Sua plenitude.

Estas chaves foram colocadas em suas mãos para que você não falhe: Amor perfeito! Profunda

humildade! Prece constante – de saudação eterna e glória! São as chaves que guardam o poder da luz e que

não deixam entrar a escuridão. Use-as! Venere! Reverencie! Adore e ame com toda a força de seu ser, e suas

preces se elevarão em uma chama gloriosa de poder infinito.

Sim, use essas chaves e o Livro da Vida lhe será aberto, revelando tudo o que contém – pois ele é

você! Sim, o aval da própria Vida. Homem, desperte! E saiba agora e para sempre que você é o sagrado

Livro da Vida, e ninguém pode abri-lo para você. Abra o Livro e viva para sempre – Sim, abra a alma e leia

os escritos nela; abra a mente e compreenda a força da alma, e a glória do Espírito de Deus; abra o coração

para o grande fluxo de Seu amor eterno. Remova o lacre, pois você é o Livro da Vida. Você é a glória de

Deus.

Capítulo XXIII

AS CHAVES DO PODER

Você diz que não compreende tudo o que está escrito neste livro? Pois então, peça explicações,

“pois todo aquele que pedir, receberá.”

Eis, irmãos, que vos é dado o dom de julgar e discernir entre o bem e o mal, e encontrar a verdade

sem a dúvida, assim como o dia é diferente da noite escura.

Eis que o Espírito de Cristo vive em todo homem, para que possa discernir entre o bem e o mal; e eu

vos mostro como julgar, pois tudo o que convida e incita a fazer o bem incessantemente é inspirado por

Deus.

“Todavia tudo o que convida e incita a fazer o mal, e a desacreditar de Cristo, e negá-lo, e não servir

a Deus, é do diabo; pois é dessa forma que trabalha o diabo, e incita o homem a não fazer o bem, e incitam o

homem a não fazer o bem seus anjos e todos os que se sujeitam a ele.

E agora, irmãos, que compreendeis como julgar segundo a luz de Cristo, não julgueis erroneamente,

pois assim como julgareis, sereis julgados. (O significado dessas palavras é perfeito, pois aqueles que

rejeitarem ou condenarem a verdade, estarão se mostrando indignos e despreparados para recebê-la,

interrompendo o curso do próprio progresso.)

“Portanto, irmãos, imploro-vos: buscai com devoção a luz de Cristo e distingui o bem do mal;

apegai-vos às coisas boas e não as condeneis, e certamente sereis filhos de Deus.” (Moroni, 7:15-19)

Paulo, dirigindo-se aos tessalonicences, lhes deu a seguinte admoestação: “PROVAI TODAS AS

COISAS, e apegai-vos às boas.” Ele não disse: Contestai todas as coisas. As pessoas que se empenham em

Sois Deuses


contestar tudo o que lhe dizem caminham para as trevas. Há um velho provérbio Hindu que diz: “Existem

aqueles que fazem; aqueles que não fazem; e aqueles que desfazem!”

A Luz de Cristo que reside em todo homem é o guia pessoal, o diretor e o salvador. O homem só é

salvo quando aprende a obedecer à Luz interior.

É a luz que vos ilumina. É a mesma luz que dá brilho a vossos olhos, que desperta vosso

entendimento.


“A luz que está em todas as coisas, que a todas as coisas dá vida, que todas as coisas governa, o

poder de Deus, que está sentado em Seu trono, no seio da eternidade, no meio de todas as coisas.” (D & C

88:6-13)

A Luz brilha na escuridão e a escuridão não a compreende. O dia, porém, virá em que


E então sabereis quem sou, e que sou a verdadeira luz que reside em vós, e que estais também em

mim, do contrário, não haveria abundância.” (Ibid., versículos 49-50)

“Aqueles que rejeitarem essa luz, serão condenados”, pois estarão rejeitando a Luz de Cristo, sua

própria luz e glória.

Só os indivíduos que escutam a Luz de Cristo em seu interior são os “verdadeiros seguidores de

Jesus Cristo”, pois esse poder vem Dele. Só o homem que dá atenção à Luz em sua alma é o verdadeiro

devoto. É assim que o homem assume o Nome de Jesus Cristo. É assim que recebe a “Unção de Luz” e a

“Plenitude do Pai.” A luz, então, se faz carne, pois torna-se parte de toda célula e tecido de seu ser.

“Aqueles que rejeitarem essa luz, serão condenados.”

“E a Palavra do Senhor é Verdade, e o que é verdade é luz; e o que é luz é Espírito, o Espírito de

Jesus Cristo. “É o Espírito que ilumina todo homem que vem ao mundo, e que escuta a voz do Espírito. “E

todo aquele que escuta a voz do Espírito vai para Deus, que é o Pai.” (D & C. 84: 45-47)

“Eu sou a Luz verdadeira que ilumina todo homem que vem ao mundo.” (Ibid., 93:2)

Essa Luz, que é concedida a todo homem da terra, é o aval do Senhor, ou o Livro da Vida. “Como o

Pai tem vida, assim também tem vida o Filho.” E a todos os filhos de Deus é dado esse poder, desde que

abram o coração, a alma e – o mais difícil – a mente trancafiada, e sigam a Luz de Cristo que lhes é

concedida; e desde que não julguem erroneamente. Poderão “ouvir a palavra de Deus” nos momentos em

que dela mais precisarem; e “Caminharão com Deus.” “E chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus

foi dirigida.”

O Livro da Vida só pode ser aberto quando o coração estiver preparado para receber o grande amor

de Deus, que jorra nos corações dos filhos dos homens – a amor perfeito, o amor crístico divino, que é cheio

de compaixão, misericórdia e perdão. O Livro da Vida só pode ser aberto, quando o homem abrir a própria

alma para o Espírito do Todo-Poderoso, pois o aval dos céus foi-lhe concedido e oculta-se, como uma

semente enterrada, no centro da alma. O Livro da Vida só poderá ser aberto quando o homem aprender

conscientemente do Espírito, e não dos outros homens. O intelecto humano não conhecerá a grande Luz do

SABER enquanto ele não se tornar ciente da Luz de Cristo que lhe foi concedida, e habita o fundo de sua

alma. Só quando a mente for dominada pelo próprio homem, treinada para perceber e compreender o grande

poder contido na alma e seu divino contato com Deus Todo-Poderoso, e desenvolver a habilidade de afastar

o raciocínio mortal e aceitar o conhecimento divino, o homem poderá manifestar a Luz de Cristo e usar os

poderes dela. Aqueles que dependem do próprio intelecto, de um alto “Q.I”, de uma profunda educação

religiosa, não conseguem alcançar a grande Luz do saber, a menos que deixem de lado o físico e o

aprendizado mortal. Aqueles que contam com sua altamente treinada mente religiosa ou científica são os que

mais se afastam da Verdade. Estão “sempre aprendendo, mas jamais chegam ao conhecimento da Verdade.”

Em primeiro lugar, é preciso desenvolver a capacidade de acreditar. É preciso acreditar em Deus,

quando Ele diz que concedeu a Luz de Cristo a todo homem da terra. Devemos, em princípio, usar o

intelecto para compreender a Luz de Cristo que foi concedida ao homem, para que ele pudesse discernir o

bem do mal e gradualmente chegar à Verdade. Devemos entender, finalmente, que seremos condenados se

não usarmos a luz e o poder nela contido.

Sois Deuses


Após acreditarmos que essa Luz e poder existem, e após desejarmos a luz, esperando que seus

poderes se manifestem plenamente, chegaremos à fase de saber que ela existe.

Essa Luz, que reside no interior do homem, é facilmente desenvolvida sob a direção de Deus para

discernirmos o bem do mal. Quando em dúvida sobre um assunto, ou qualquer espécie de informação, peça

ao Pai, em Nome de Jesus Cristo, que lhe mostre a verdade através da Luz de Cristo que existe em você. E,

então, confie no Espírito da Verdade em seu íntimo, ou na Luz de Cristo, e aceite a resposta. Esse exercício

o ajudará a desenvolver o poder da Luz.

Com a prática, comece a usá-la para seus problemas – nas grandes questões da vida – e também nas

atividades rotineiras. Aprenda a viver na Luz o tempo todo. Ame-a! Glorifique Deus por ter-lhe dado um

presente tão valioso, pois ele contém toda a paz, todo o conhecimento e todo o poder; sim, é o próprio dom

da vida. Use-o. É e sempre foi seu. A humanidade tem lutado sob os fardos das fraquezas humanas, da

tristeza, das dificuldades, das trevas e da condenação porque rejeitou A LUZ.

Quando mais você usar a grande e gloriosa Luz de Cristo que lhe foi concedida, maior será o poder

dela em sua vida. Essa é a Luz de Cristo em todo homem que aceitar o presente. É a Luz do Próprio Cristo,

usada da forma como nos dias em que Ele realizou grandes e maravilhosas obras. Essa é a única maneira de

usar o poder de Deus Todo-Poderoso e cumprir Suas promessas, pois a luz é a chave do poder.

Volte-se para a Luz de Cristo que lhe foi concedida. Recorra a ela em todas as circunstâncias da

vida e descanse com a segurança de que o Pai fará as obras necessárias para glorificar Seu nome e cumprir

Suas promessas. Esse é o único modo de realizar as obras que Cristo realizou – e outras ainda maiores.

Volte-se para a Luz interior e resolva toda situação difícil, e comece a se glorificar no poder dela. A

Luz é o presente de Deus, através de Seu Amado Filho, Jesus Cristo, a todo homem que o desejar e usar. É

puro poder! Puro saber! Pura paz! Pura alegria! É glória como o homem jamais sonhou, nem jamais

concebeu com seu intelecto mortal. Essa dádiva não é do intelecto, mas de Deus, e está escondida como uma

jóia no fundo da alma humana – é a pedra preciosa enterrada no campo, e quando o homem a encontrar,

venderá tudo o que possui para obtê-la.

Essa grande dádiva só se manifestará como um poder legítimo dentro do homem, quando o intelecto

mortal se sujeitar ao Espírito de Deus. Só pode ser verdadeiramente desfrutada quando o homem tiver fé e

aceitar as coisas que seus sentidos mortais não lhe permitem ver, ouvir, cheirar ou provar, e que sua mente

não lhe possibilite analisar. É a dádiva além de qualquer conceito humano – a dádiva de glória, poder, luz e

conquista. Nenhum dinheiro pode comprá-la, pois é dada gratuitamente. É o contato com Deus que permite

ao homem caminhar livre de seus efêmeros conhecimentos, que o liberta da compreensão limitada. Por mais

que um homem acredite saber, seu aprendizado é insignificante aos olhos do Senhor. É impossível comparar

o conhecimento acumulado na mente humana ao Poder Que Tudo Sabe contido na Luz de Cristo, que é o

dom mais precioso do homem.

Quanto mais o homem se voltar para a Luz interior, pedindo ajuda, informação, orientação, maior

será o poder dela. Gradualmente, ela se manifestará em sua plenitude e o indivíduo será “Ungido de Luz”.

Essa Unção Sagrada não vem ao homem do exterior, como muitos imaginam – ela vem de dentro dele

mesmo. E é o próprio homem quem deve dar-lhe impulso. Quando a luz for manifestada pela fé, pelo cultivo

e desenvolvimento, e pelo uso intenso, inundará o homem e ele compreenderá todas as coisas, pois estará

vivendo no Espírito da Verdade e será livre – livre dos grilhões da terra.

E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O

reino de Deus não vem com aparência exterior.

“Nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.” (Luc., 17:20-

21)

Porque o reino de Deus não consiste em palavras, mas em virtude.” (I. Cor., 4:20)

E dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei?

É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta; e cresceu, e fez-

se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.

E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?

Sois Deuses


“É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até

que tudo levedou.” (Luc., 13:18-21)

A descrição acima do Reino de Deus é perfeita. É a minúscula semente de Luz – a Luz de Cristo,

concedida a todo homem da terra – que não germinará a menos que seja cultivada, apreciada e amada.

É também como o levedo, que deve se desenvolver de dentro do homem, até preencher toda célula e

fibra de seu ser.

“Em verdade vos digo, que aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança pequena,

jamais nele entrará.”

Esse reino dos céus é o reino interior, finalmente iluminado pela Luz de Cristo. É o Livro da Vida. É

o poder de glória – o presente de Deus que permanece adormecido no corpo mortal de todo indivíduo do

planeta terra.

“Sim, em ciúme ele cede ao Espírito que em nós habita.” (Tiago 4:5-6 – tradução do original grego)

A grande Luz de Cristo só pode ser desenvolvida por aqueles que estejam dispostos a manter imerso

o pequeno ego. Esse é o self prepotente, orgulhoso, arrogante, que carrega todo o pecado. Sim, o self é o

pecado. É o orgulho que deve ser conquistado. O homem que se livrar desse pequeno e medíocre traço

mortal, encontrará a própria alma. Aquele, porém, que lhe dá mais do que a importância merecida, perde a

alma. É o ego, ou melhor, seu self físico e mortal, que quer bajulação, toda a honra e toda a glória. Deseja o

crédito por seus atos, acima de qualquer coisa. Faz tudo pensando nas possíveis recompensas. Chega a

usurpar a honra alheia em sua ganância para se destacar. Esse “self” é o acusador dos irmãos. Ele “diminui”

a vida e o trabalho das outras pessoas, ao mesmo tempo em que tenta divulgar a própria importância.

A divina e gloriosa Luz de Cristo, no fundo da alma humana, só deseja glorificar Deus e envolver o

homem de Luz e amor, desde que aceite suas orientações.

O homem pode, portanto, ser um escravo do ego/self mortal, ou um verdadeiro portador de Luz no

reino do Divino. Pois aquele que perde o self encontra a Luz de Cristo, a identidade de sua alma. E aquele

que encontra a Luz e a glorifica torna-se a Luz. Ela se torna uma parte viva de todas as células e fibras de

seu ser.

Aprenda a ignorar a mente mortal, com seus falsos julgamentos e conhecimento restrito e saiba que

“Todo aprendizado do mundo é insignificante diante do Senhor.” Siga a Luz interior, que é o redentor

individual, o dom de Deus, e ela o conduzirá à Verdade total. Aquele que rejeita o presente do Filho, a luz,

está condenado, pois selou o próprio destino e “se colocará diante do trono de Deus, para ser julgado de

acordo as obras que realizou ainda na carne.”

A mente física do homem, por mais treinada e brilhante que seja, não tem a capacidade de medir as

evidências Espirituais. Nenhum crédito, certificado ou honraria pode proporcionar esse dom ao homem. Só a

Luz de Cristo, no interior da alma humana, tem esse poder. Só a Luz de Cristo, a “Rocha de Revelação” no

íntimo do homem, pode revelar a Verdade Espiritual.

Pedro deixa as seguintes informações a respeito desse dom maravilhoso: Porque não vos fizemos

saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós

mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica

glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E ouvimos

esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo.

“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz

que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.” (II

Pedro, 1:16-19) Com isso, Pedro explica que o testemunho da luz interior é mais certo que aquele dos

sentidos. Eles tinham visto Cristo ascender. Tinham ouvido a voz de Deus reconhecer Cristo. Contudo,

maior que a visão e a audição foi o testemunho da Luz, que penetrou os recessos negros de seus corações; e

se prestassem atenção, seriam tomados por ela.

Essa Luz de Cristo é o único instrumento capaz de discernir o bem do mal. Portanto, qualquer

homem que julgue segundo sua inteligência e opinião inferiores, estará cometendo um erro; pois a mente

mortal não tem o poder, a menos que seja iluminada através do divino contato com a própria “Luz de Cristo”

Sois Deuses


– “O Espírito da Verdade.” Por isso, “andará errado na visão e tropeçará no juízo, cuspindo as verdades não

digeridas, deflagrando a festa do Senhor.” [adaptado de Isa. 28]

Só quando o homem for suficientemente humilde e rezar com sinceridade e devoção, poderá

conhecer a Verdade. Pois cada Verdade é revelada pela Luz de Cristo interior, e seguida de outra, desde que

devidamente aceita. Esse é o dom de crescer de glória em glória até a “Plenitude do Pai”. Essa é a lei de

Cristo – a lei do progresso eterno – da vida eterna – da condenação – “Amaldiçoado é aquele que deposita

sua confiança no braço de carne. Sim, amaldiçoado é aquele que deposita sua confiança no homem ou faz da

carne seu braço.” Sim, amaldiçoado é aquele que confia no homem e não no Espírito de Cristo, que Deus

concedeu a todo homem, para que possa discernir entre a verdade e o erro. O glorioso poder de Deus só se

tornará ativo nesta terra e na vida dos homens, quando eles começarem a seguir a Luz. E nenhum homem

tem o direito de ocupar o lugar da Luz na vida de outro ser humano, usurpando o poder de Deus. Cada

homem tem o direito de caminhar na Luz de Deus, em contato direto com Ele.

Do Diário dos Discursos, Volume 1, página 312, extraímos esta revelação: Essas glórias são

chamadas Telestial, Terrestre e Celestial, a mais alta das três; e são as mansões ou moradas no reino do Pai.

Os homens e mulheres que nada sabem sobre o poder de Deus e a influência do Espírito Santo, mas deixam-

se guiar por outros indivíduos, depositando neles toda a sua confiança, jamais entrarão no reino Celestial

nem serão coroados; jamais se tornarão Deuses. Não são capazes de cuidar de si próprios, precisam sempre

que alguém lhes diga o que fazer, como crianças. Não têm controle de suas vidas, mas deixam que amigos

ou parentes os controlem. Não podem se tornar deuses, nem ser coroados de glória, imortalidade e vida

eterna. Jamais empunharão o cetro de poder e majestade no reino Celestial. Quem o fará, então? Os

corajosos e inspirados com a verdadeira independência do céu, os que servem a Deus com prazer, não se

deixando influenciar por outras pessoas.” Todo homem deve aprender a pensar por si próprio – buscar

sozinho – e, acima de tudo, desenvolver o próprio contato com o Deus Todo-Poderoso através da Luz de

Cristo, que lhe foi concedida.

Sim, só quando o homem viver na Luz e souber que a Luz nele também vive, poderá CONHECER a

Verdade – a Verdade que o libertará! Será redimido de suas fraquezas e pecados, purificado pelo poder de

Cristo em seu interior, e a luz crescerá em sua alma até que ele seja “Ungido de Luz” – e receberá todo o

poder do céu e da terra.

“Aquilo que é de Deus é luz; e aquele que receber luz e continuar em Deus, receberá mais luz; e a

luz ficará mais brilhante até o dia perfeito (ou até o dia em que a estrela brilhar em seu coração – ou até que

a plenitude seja alcançada).


Aquele que é o escolhido de Deus e enviado, é ao mesmo tempo o maior e o menor de todos os

servos.

Ele, que possui todas as coisas; pois todas as coisas se sujeitarão a ele, tanto no céu quanto na terra,

A VIDA E A LUZ; O ESPÍRITO E O PODER, enviados pela vontade do Pai, através de Jesus Cristo, Seu

Filho.

“Mas nenhum homem possui todas as coisas, se não estiver livre de todo pecado.” (D & C 50:24-28)

Essa purificação e limpeza só podem ser proporcionadas pelo poder de Jesus Cristo, ou a Luz que reside no

íntimo de cada homem, à medida que ele aprende a segui-la e glorificá-la. O homem deve aprender sozinho a

seguir a Luz que o conduzirá à Verdade. Deve viver a Vida como Cristo viveu. “Cristo é o caminho, a

Verdade e a Luz; e aquele que Nele confia, não falhará.”

Essa Luz de Cristo que Deus concede a todo homem para que saiba julgar, é a “Rocha de

Revelação” de que fala a Escritura. É a rocha sobre a qual o homem deve construir, e da qual jamais ruirá,

conforme lhe é prometido – e se construir sobre essa rocha, e desenvolver a luz, aceitará tais coisas com

prazer. Se, porém, não construir sobre a rocha de revelação contida em seu íntimo, vociferará contra elas,

“Pois treme com medo de cair.” (II Nephi, 28:26-29) Só através dessa Luz e poder de Cristo, o indivíduo

pode compreender e cumprir essas leis superiores.

“E o Pai e eu somos um. E eu estou no Pai e o Pai está em mim; e se me receberdes, estareis em mim

e eu em vós.”

Sois Deuses


“Eis que estou em vosso meio, e sou o bom pastor, e a pedra de Israel. Aquele que constrói sobre

essa rocha jamais cairá.” (D & C 50:43-44). Sim, e “As Portas do Inferno não prevalecerão.”

Sim, essa luz de Cristo, concedida a todo homem da terra, é mais do que a “Rocha de Revelação”

que permite distinguir entre o bem e o mal; entre o certo e o errado em todos os aspectos da vida, para que o

homem aprenda a julgar. Ela é também “a pedra fundamental que foi rejeitada pelos construtores.” Todo

indivíduo que construiu o próprio corpo tem rejeitado essa Luz. Há pouquíssimas exceções. E a pedra

fundamental, no entanto, a coroa de glória da existência humana, jamais foi colocada no homem como o

grande selo de Deus Todo-Poderoso – o selo do poder e da sabedoria. Essa gloriosa luz, plantada como uma

semente na alma do homem, a Luz de Cristo, deve ser manifestada através do desejo, do cultivo e da fé, até

se desenvolver em uma grande planta que domina o consciente do homem. E então a pedra fundamental se

torna a cabeça. Esse é o grande selo, ou a grande marca de Deus no homem (plantada no pensamento dos

Santos, como vemos no Livro do Apocalipse, 7:3; 9:4; 14:1) antes que Suas obras sejam consumadas na

terra.

Há séculos o homem tem esperado que Deus finalmente lhe marque a testa, sem perceber que ele

mesmo deve manifestar a marca, acreditando e desejando. Ele próprio deve produzir a marca, ou percebê-la

conscientemente. O homem é o construtor – foi ele quem rejeitou a pedra fundamental que deveria se tornar

a cabeça – a coroa de luz e glória – o próprio selo de Deus.

Quando o homem recebe a Luz de Cristo na consciência, ou a deixa se manifestar até se tornar um

verdadeiro seguidor de Jesus Cristo, através desse poder na alma, é finalmente “Ungido de Luz” – pois

somente quando compreender e manifestar esse grande poder em seu interior, receberá a “Unção” e será

poderoso. Então, receberá aquele nome de glória, e No Nome, fará tudo o que Cristo fez. Sim, e mais.

“Tomai para vós o NOME de Cristo, pois é o único que verdadeiramente salva.” Sim, o homem receberá a

“Plenitude do Pai” quando tiver assumido o nome e unir-se a Ele e a Cristo e a toda humanidade, percebendo

que a luz que se manifestou em sua vida existe em todo ser humano. E, então, o aval dos céus que existe nele

será revelado – sim, os conteúdos do Livro da Vida – e o último inimigo – a morte – será conquistado.


coisas; aquela que sabe todas as coisas; aquela que anima todas as coisas, e dá a todas as coisas a vida, e

tem poder; segundo a sabedoria, misericórdia, verdade, justiça e julgamento.” (Moisés, 6:61) Leia com

atenção a passagem acima. Não com os olhos, mas com a mente e a alma, e incuta-a em toda fibra e célula

de seu ser. Pode esse aval dos céus, que a todas as coisas dá vida e todas as coisas anima – e que é mais forte

do que tudo – ser outra coisa além do próprio poder de Deus, que permanece adormecido em você? Esse

poder lhe foi concedido. Mas de que servirá, se não for manifestado e usado? Ele é seu. Use-o.

Como essa Luz e esse poder se manifestam? Muito simples. Primeiro, você precisa acreditar que

existem, porque Deus assim afirmou. Em seguida, quando pensar no que viveu até agora, lembre-se de

momentos de emergência em que você foi orientado para a segurança, momentos de grande inspiração e

insight; e perceberá que foi a Luz que guiou seus passos, nessas ocasiões. Se abrir a mente e a alma para

entender e apreciar esse dom maravilhoso, agradecendo a Deus por Sua ajuda no passado – e deixar que a

Luz penetre sua mente fechada, notará o poder da Luz cada vez com maior intensidade na vida diária.

Aprenda a usá-lo para discernir entre a verdade e o erro – aprenda a confiar implicitamente, abandonando a

compreensão mundana. Aos poucos, você começará a sentir a própria glória e o poder da existência em seu

íntimo. E, à medida que reverenciar e agradecer a Deus pela Luz, ela se tornará cada vez mais evidente em

suas atividades rotineiras, até você conseguir caminhar em verdadeira segurança, como caminhou Cristo.

A percepção da “Luz de Cristo” interior é o contato com Deus. Mantenha viva essa percepção e

jamais caminhará sozinho. Ela é a união com o Todo-Poderoso. É o cumprimento da ordem: “Aquieta-te e

saibas que sou Deus.” A percepção consciente é a derrota do pequeno ego/self mortal. É ouvir

verdadeiramente a voz do Espírito dando testemunho a todo átomo de seu ser que Deus existe. E o mais

importante: o consciente deve manter-se atento, até se unir gradualmente ao poder da alma, à medida que

esta se glorifica no Espírito de Deus. A percepção é o ato de “escutar”, o regozijo da alma, impossível de

descrever. É o contato divino e sábio que traz a “paz que gera a compreensão”, ou que existe além dos

conceitos mortais de pensamento. A percepção cada vez maior da “Luz de Cristo” interior torna-se parte da

Sois Deuses


existência do indivíduo e a mente física dela se apossa, convertendo-a em conhecimento. E conhecimento é

poder. Assim, o intelecto mortal pode se unir ao Espírito.

“Fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.” (I Cor., 6:20)

“Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está

longe de cada um de nós. Porque nele vivemos, e nos movemos e existimos.” (Atos 17:27-28) O texto

original grego não usa os termos “tatear” e “achar”. A frase é simplesmente: “se o sentissem.” Portanto,

percepção é “sentir” o Senhor – a quietude da mente e a vigília da alma que revelarão todo o poder e a glória

de Deus.

Aqueles que alegam ser altamente espiritualizados, mas jamais sentiram a gloriosa “Luz de Cristo”

dentro de si, e julgam tudo de acordo com o intelecto mortal, não desfrutam a Luz, ainda que falem com

sinceridade. Nunca conhecerão Deus, pois não aprenderam a “se aquietar” para que a alma escute a voz de

saber, poder e verdade – a própria voz de Deus.

Perceba a “Luz de Cristo” em seu interior; e o poder de Deus se manifestará em sua vida – “Não em

palavras, mas em virtude (ou poder).” E “aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará

maiores do que essas.”

E Cristo a nossos pais disse: Se tiverdes fé, podereis fazer todas as coisas que me são expedientes.


homem, será por causa de sua falta de fé.

E ai dos filhos do homem, se disso padecerem, pois não há um dentre vós que faça o bem. E se

houver um que faça o bem, então ele trabalhará movido pela mão e pelo poder de Deus.

“E ai daqueles assim condenados, pois morrerão em pecado, e não poderão entrar no reino de Deus;

e falo segundo as palavras de Cristo; e minhas palavras são verdadeiras.” (Moroni, 10:22-26)

E quem negará que Jesus Cristo realizou inúmeros milagres? E muitos milagres foram realizados

pelas mãos dos apóstolos.

E se havia milagres então, por que Deus deixou de ser o Deus de milagres, se Ele é para sempre o

Ser imutável? Pois em verdade, vos digo, Ele não mudou; pois se mudasse não mais seria Deus; e Ele não

deixa de ser Deus, e é um Deus de milagres.

Pois eis que Ele parou de realizar os milagres entre os filhos do homem, porque estes se guiam pela

falta de fé, e abandonam o caminho justo, e não conhecem o Deus em quem devem confiar.

“Em verdade, vos digo: aquele que acreditar em Cristo, e Dele não duvidar, pedirá ao Pai em nome

de Cristo e lhe será concedido; e a promessa é para todos os filhos, até os confins da terra.” (Mormon, 9:17-

20 – um profeta que viveu no ano 400 a . C.)

E Cristo disse: Se tiverdes fé, podereis fazer todas as coisas que me são expedientes.

... E agora, meus amados irmãos, se aquilo que vos disse é verdade, e Deus vos mostrará, com poder

e glória no último dia, que é verdade, terão cessado os dias dos milagres?



“Pois em verdade, eu vos digo: não; é através da fé que os milagres acontecem; e é através da fé que

os anjos aparecem e ministram aos filhos dos homens; e se tais coisas cessarem, ai dos filhos dos homens,

pois será por causa de sua falta de fé, E TUDO SERÁ EM VÃO.” (Moroni, 7:33; 35-37)

Sim, A Luz brilha na escuridão e a escuridão não a compreende. O dia, porém, virá em que


E então sabereis quem sou, e que sou a verdadeira luz que reside em vós, e que estais também em

mim, do contrário, não haveria abundância (ou existência).” (D & C 88:49-50)

Em plena percepção da “Luz de Cristo” em seu interior, o homem sabe que, enquanto estiver ciente

dela, estará vivendo na Luz e no poder de Cristo, e a Luz e o poder de Cristo nele vivem. É o poder

adormecido, que só desperta em momentos de emergência. É um poder que dá força sobre-humana ao corpo

e à mente e habilidade a quem quer que manipule sua fonte ilimitada. Os gênios usam esse poder. Mas todo

homem o possui. Ele se manifesta conforme a fé, as necessidades e os desejos de cada um.

Sois Deuses


Quando a escuridão, o medo e a dúvida forem eliminados da mente, o homem terá encontrado a Luz.

Essa grande Luz não entra na mente perturbada por amarguras e confusão. Elimine as trevas de seus

pensamentos e caminhará para sempre na Luz, pois o pequeno ego/self mortal terá sido substituído pelo self

divino da alma – “A Luz de Cristo que é concedida a todo homem da terra” – a dádiva de Cristo a todos os

homens.

Este trabalho não contém sequer o começo das grandes verdades oferecidas ao homem, quando ele

abrir a porta – “Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua

casa, e com ele cearei, e ele comigo.” Ele bate à porta da consciência de todo homem mortal, tentando entrar

em sua vida e fazer parte de sua rotina.




derreteu e dissolveu diante de mim. Nada parecia a mim fechado, pois eu era a porta de tudo.” (Odes de

Salomão 17:7-10) Abra a porta, que é a sua mente lacrada, e caminhará com Deus em glória eterna.

Sim, esta é uma obra humilde, que revela simplesmente onde está a grande porta de Luz, e como

pode ser aberta – a porta do reino dos céus – o poder da “Luz de Cristo” que Deus concedeu a todo homem

da terra. Mas cada homem deve abrir a porta sozinho e entrar no grande reino de Luz de que fala este livro.

A partir daqui, ninguém pode levá-lo, nem você pode levar outra pessoa. Prove que a porta está lá, entre e

inunde-se de luz. Ela o aguarda! Abra e entre! Só você pode fazer isso; e só quando seguir a Luz de Cristo,

ou Espírito da Verdade, que lhe foi concedida.

E agora um aviso, gentil e verdadeiro. Quando começar a manifestar a Luz, não fale sobre esses

poderes, usando frases do tipo: “Eu via a Luz sendo projetada de meu corpo” ou “Toquei o aleijado e ele

voltou a andar”, “Coloquei as mãos sobre os olhos do cego e ele enxergou”. Se disser coisas assim, perderá

o poder. O poder é que deve dar testemunho de você, e não o contrário. O testemunho se manifestará através

de seus atos. “Que os outros, ao ver tuas obras, possam glorificar o Pai, que está no céu.” Sim, as obras

testificarão a si mesmas, obras como as que Cristo realizou – e até maiores, se você se mostrar digno de tal

poder. Seu trabalho dará testemunho da Luz interior, como aconteceu com Cristo. “Pois meu reino não

consiste em palavras, mas em virtude.” Cristo, após realizar um milagre, não o mencionava novamente.

Outras pessoas o faziam, e as próprias obras eram o testemunho. Por isso, Cristo não deixou nada escrito.

Ele teria quebrado a lei da “Luz de Cristo”, pois estaria se auto-promovendo. Porém, modesto e sincero, Ele

proclamou: “O Pai, que está em mim, é quem faz as obras.” Nem os seguidores de Cristo se gabavam do

poder que lhes fora investido por Deus. O próprio poder é que dava o testemunho. Quem quebra essa lei

nunca terá poder, pois estará abrindo espaço para o pequeno ego/self se exaltar, e não para Deus.

E, se voltardes o olhar para minha glória, vossos corpos se encherão de Luz, e não haverá mais

trevas em vós; e o corpo que se enche de Luz compreende todas as coisas.

“Por isso, santificai-vos, de modo que vossas mentes se voltem para Deus, e o dia virá em que

podereis vê-lo; pois Ele revelará Seu rosto, e será de Sua maneira, em Seu tempo e segundo a Sua vontade.”

“E quando receberdes essas coisas, exorto-os a questionar de Deus, o Pai Eterno, em nome de Jesus

Cristo, se não são verdadeiras; e se perguntardes com sinceridade no coração, bom intenção e FÉ EM

CRISTO, Ele manifestará a verdade em vós através do poder do Espírito Santo.

“E pelo poder do Espírito Santo, sabereis a Verdade de todas as coisas.” (Moroni, 10:4-5)

Pois Deus disse que um homem, sendo mau, não pode fazer o bem; pois, se faz uma oferenda ou

reza ao Senhor sem a real intenção, nada lucrará.

“E da mesma forma, recebe tal homem o mal, se não rezar com real intenção; sim, é verdade que

nada lucrará, pois Deus dele nada recebeu.” (Moroni 7:6 & 9)

Só Deus pode revelar a Verdade através do Espírito da Verdade ou da Luz de Cristo, que foi

concedida a todo homem, e pelo poder e o dom do Espírito Santo. E Ele só a revela àqueles que desejam

sinceramente CONHECER a Verdade. E só os que pedem com humildade e devoção, e que acreditam na

“Luz de Cristo” em seu interior, CONHECERÃO a Verdade. Aqueles que buscam a opinião dos outros

Sois Deuses


enganam a si mesmos, e não glorificam a grande dádiva de Deus que neles reside, deixando de glorificar a si

próprios.

Através da prece sincera e humilde, ou vivendo os ensinamentos, o homem pode julgar as obras de

Deus e usar a “Luz de Cristo” em seu interior. Aquele que viver literalmente os ensinamentos de Jesus

Cristo conhecerá a verdade e o poder. Esta obra tem como objetivo esclarecer aos homens que tais

ensinamentos não podem mais ser ignorados. Não há revelações novas neste livro, mas apenas o

esclarecimento das grandes revelações que já foram feitas no passado.

Não se preocupe com o fato de uma mulher ter escrito estas palavras. Deus disse: “Com as coisas

fracas e tolas confundirei os sábios.” Ele está mantendo Sua palavra. E já que foi uma mulher quem trouxe

as trevas ao mundo, outra mulher deve ajudar a remover o véu de trevas. E o véu cobre o consciente e

esconde a Luz de Cristo daqueles com pensamentos profanos e conceitos terrenos, que se regozijam em

idolatria, convencimento, luxúria, avareza, ira ou mágoa. Supere os pecados e o véu será rompido, e a glória

de Sua Luz será sua para sempre. O momento é AGORA!

“Amarás o Senhor teu Deus com todo o seu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu

pensamento. Este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como

a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas.” [Mat., 22:37-40]

Ame Deus com todo o seu coração. Concentre-se no músculo divino do amor até sentir esse

sentimento jorrar em ritmo de glória vibrante. Se fizer isso, o coração lhe revelará segredos, poderes ocultos,

abrindo-se para receber a grande dádiva “que Deus faz jorrar nos corações dos filhos dos homens” – “O

amor que ele concede a todos os verdadeiros seguidores de Seu Filho, Jesus Cristo.” Aprenda que o coração

não é apenas um órgão físico em um corpo mortal. É o microfone mais divinamente construído, e através

dele você fala com Deus e Dele ouve imediatamente. Se sussurrar, será ouvido. Se pensar, será

compreendido.

À medida que o homem aperfeiçoa esse glorioso dom do amor, aprende a falar e pensar sempre a

partir do amor, usando a língua dos anjos. Não mais tentará alcançar Deus por meios lentos e duvidosos,

pois o Senhor o ouvirá instantaneamente. O homem enxergará Sua proximidade e Seu poder.

Aprenda finalmente a “aquietar-se”, sabendo que Ele é Deus. Através do microfone divino, você não

só falará, mas também ouvirá perfeitamente, pois o coração é um aparelho transmissor e receptor. Com a

prática, você saberá que a voz do Senhor, ou Sua Palavra, nem sempre se expressa em palavras definidas.

Pode ser apenas um leve sussurro de paz. Pode ser uma vibração de confiança – um sopro de glória – uma

sensação de segurança – um pensamento inspirado – uma revelação completa e deslumbrante, a condição

perfeita para compreender e SABER a Verdade. Aprendendo a escutar e compreender, é possível viver o

princípio completo da revelação, no qual o conhecimento mortal é posto de lado e o coração e a mente se

abrem para a sabedoria divina do Todo-Poderoso. Peça Sabedoria e ela lhe será concedida – mas lembre-se:

peça com fé, sem duvidar – e só assim a receberá.

Acrescente ao amor do coração todo o amor da alma, que inclui toda célula e átomo de seu corpo e

Espírito. A expansão do amor treinará todas as células e fibras de seu ser para ganhar e guardar a Luz – a

Luz de Cristo – ou o Espírito de Deus Todo-Poderoso.

Praticando sempre a divina melodia de amor, você aprenderá que todo órgão de seu corpo foi antes

criado espiritualmente e tem, portanto, uma função espiritual. Quando os órgãos se despertam para essa

verdadeira função espiritual, o corpo não só é aperfeiçoado, mas também chega a uma vibração superior de

existência, evoluindo do conceito mortal para um reino superior ou espiritual.

Em seguida, acrescendo ao amor do coração e da alma todo o amor da mente, você começará a

sentir a verdadeira glória dessa grande lei inefável. Talvez ocorram dores de cabeça na parte superior do

cérebro, enquanto você pratica esse amor, pois as células superiores estão sendo preparadas para funcionar

no plano espiritual de devoção, reverência, veneração e amor. Essas dores são como a cãibra do alpinista,

escalando uma montanha depois de várias semanas de inatividade. Logo passarão e não devem preocupá-lo.

Amor, veneração e agradecimento são o remédio certo para eliminar para sempre as dores de cabeça.

Para adorar e amar Deus com toda a força da mente, será necessário trazer esse amor ao reino

terrestre da vida quotidiana. E assim, todas as coisas, todas as pessoas e todas as condições serão envolvidas

Sois Deuses


nesse amor glorioso de Deus e automaticamente cumprirão o Segundo Grande Mandamento, bem como a

admoestação: “Aquele que for grato por tudo o que receber se tornará glorioso; e as coisas deste mundo lhe

serão dadas e multiplicadas por cem, e mais.” Tal pessoa chegou ao lugar onde todas as coisas lhe serão

concedidas.

Há ainda mais um requisito para você amar Deus com toda a força da mente. É necessário enviar

esse amor ao campo do subconsciente, aquela região escura onde nascem os pesadelos; onde as mágoas se

escondem nas trevas do mal corrosivo; onde todo o ódio, medo, preocupação e confusão residem. Quando o

subconsciente se abre para o glorioso amor de Deus, todas as feridas são curadas, perdoadas e eliminadas;

toda a escuridão é banida e a premissa “Afastai de vós as trevas” é cumprida. Todo o mal cede lugar aos

raios purificadores do Espírito de Deus. E você se renova, pois a purificação é gloriosa e perfeita. É como se

os porões escuros e úmidos de uma casa fossem de repente expostos à luz do sol. É o poder, a alegria e a

glória como poucos seres humanos experimentaram, já que a maioria não cumpriu o mandamento

literalmente. E essa glória aguarda todos aqueles que a desejam, para que se encham de Luz.

Amar Deus com toda a força do ser é a parte mais magnífica desse glorioso mandamento. Uma

pessoa irada explode de raiva, com toda sua força. O self ataca como um dragão de destruição e mil

serpentes, cuspindo fogo, lançando vibrações flamejantes em todas as direções para ferir e matar. O self é o

dragão que todo indivíduo deve conquistar antes de receber o título de cavaleiro. É o dragão do pequeno

ego/self pessoal que vigia a caverna onde estão as preciosas jóias. Pois esse é o nosso maior inimigo, e deve

ser aniquilado. Toda vibração de raiva, ódio e desarmonia é um ferrão venenoso que precisa ser extirpado.

Quando nos zangamos, toda a força que possuímos é usada, e nos tornamos dínamos de energia,

partindo para o ataque furioso – mas quando enviamos amor, ficamos parados, esperando que se manifeste

sozinho.

Para amar Deus com toda a nossa força, devemos usar e enviar a mesma quantidade de energia que

desperdiçamos no ódio. O amor que é enviado com energia dinâmica por trás provoca os mais

surpreendentes resultados, que podem não ser visíveis no mesmo dia, nem no dia seguinte – mas serão

sentidos. O amor carregado da mesma intensidade de vibração que usaríamos para a raiva, o medo ou as

preocupações revela a magnitude de uma grandeza divina. O mundo abrirá espaço e nos deixará passar. Sim,

e fará mais ainda. Deixará o caminho limpo e decorado com rosas e ramos, e nos coroará com honras.

Sempre que um pensamento perturbador de raiva mostrar seu feio rosto, devemos aplacá-lo com

amor. O amor apaga instantaneamente as vibrações de raiva – e só ele pode aniquilar o dragão que habita o

fundo de nosso ser, vigiando a entrada da câmara dos tesouros da Verdade – as grandes jóias de poder,

compreensão, beleza, luz e perfeição – o próprio céu dentro de nós que, quando encontrado, cumpre todas as

coisas.

Quando enviamos amor com todas as vibrações poderosas de nossa força, as grandes e maravilhosas

promessas são cumpridas; “e todas as coisas se sujeitarão a ele, tanto no céu quanto na terra, a Vida e a Luz;

o Espírito e o Poder, enviados pela vontade do Pai, através de Jesus Cristo, Seu Filho.” O amor munido de

toda força dinâmica possível alcança o próprio Espírito do Todo-Poderoso – e esse Espírito se sujeita ao

homem, pois ele tem o poder de controlá-lo. Será, então, finalmente capaz de realizar as obras que Cristo

realizou – e até maiores. A porta do depósito da verdade, o reino interior, tem sido guardada e vigiada,

porque ninguém recebe seu poder inefável sem antes desenvolver o controle perfeito de seus pensamentos e

vibrações. O grande amor vibrante é o portão reto – e a Luz de Cristo é o caminho que pouquíssimos já

encontraram.

É certamente verdade que o Primeiro e Grande Mandamento cumpre todas as leis e os profetas. Se

essa lei for praticada com fé até se tornar uma glória vibrante em toda célula e fibra de nosso ser, seremos

inundados de Luz e compreenderemos todas as coisas.

O grande significado do primeiro e grande mandamento jamais foi compreendido. Por trás dele, do

Sermão da Montanha e dos ensinamentos secretos de Jesus Cristo existe todo o poder de Suas promessas.

São esses princípios ainda não vividos que guardam as chaves do caminho da vida. Cristo revelou o poder

quase incompreensível de Suas leis quando prometeu a todos os que acreditam o dom de realizar tudo o que

Ele realizou. Devemos compreender que nosso destino não é viver Suas obras, mas DAR UM PASSO A

Sois Deuses


FRENTE E FAZER TUDO O QUE ELE FEZ – e construindo em cima de Suas realizações, seremos capazes

de fazer obras ainda maiores.

Viver as obras de Cristo somente em palavras e sermões, sem a fé para cumprir Suas promessas e

realizar o que Ele realizou é um esforço inútil. Ele deu o exemplo – cabe a nós pô-lo em prática. Enquanto

não assumirmos a responsabilidade de cumprir Suas palavras e realizar Suas obras, nosso mundo

permanecerá na escuridão. “Seu reino não consiste em palavras, mas em virtude.”

A mesma verdade se aplica a todas as épocas. Se vivermos com os louros conquistados por nossos

ancestrais, sem nada acrescentar, seremos indignos da herança que nos deixaram. E seremos igualmente

indignos dos ensinamentos e do exemplo de Cristo, a menos que cumpramos Suas promessas, realizando as

obras que Ele realizou e prosseguindo para conquistas ainda maiores.

Essas conquistas só serão possíveis quando cumprirmos as leis de justiça e probidade. Portanto,

amar Deus com toda a força do coração, da alma e da mente não só nos purifica de todo o pecado, mas

também da propensão a pecar. Sim, dentro do ser humano estão as chaves de plena glória.

A emanação energética desse grande amor inefável não exige um esforço incomum por parte do

sistema nervoso. Só o que é preciso é vibrar com amor. Para isso, deve-se estar consciente dele, mantendo a

vibração viva. Sempre que sentirmos aquela vibração pulsante de puro êxtase dentro de nós, saberemos que

é a Luz de Cristo em atividade. Essa vibração é absolutamente necessária. Para mantê-la ativa, é preciso unir

o pensamento ao sentimento. Essa união é o alto ponto de contato entre pensamento e emoção, ou digamos,

Espírito, em que todo o verdadeiro poder é gerado. É o ponto que eu esperava que os cientistas, um dia,

descobrissem e aperfeiçoassem. E sei, agora, que sempre nos pertenceu. Não se chega a ele através do

estresse, mas sim da prática. Nesse ponto de alta vibração e contato está o poder criativo inerente à alma

humana. Mantenha-o carregado com a vibração de amor eterno e o universo lhe dará de bom grado todos os

seus poderes e tesouros – e você terá também as chaves de glória, e alcançará o mais alto domínio. Esse é o

poder de que Cristo nos falou, o poder que Ele prometeu a todos os que acreditassem em Suas palavras.

À medida que sentirmos a glória e o poder desse grande mandamento se manifestando em nossas

vidas, faremos uma surpreendente descoberta: o mandamento não existe para a glória do Senhor, e sim do

próprio homem. Sim, todos os mandamentos foram passados por Deus para o progresso e desenvolvimento

do ser humano. Ele é quem decide o quão rápido será o seu progresso. Cada homem controla a própria

velocidade.

Quando o mandamento é praticado com fé, revela-se como a sinfonia celestial das esferas, a melodia

do universo – e assim o homem entra no ritmo das vibrações da eternidade e sua vida se torna uma harmonia

de pura perfeição. Os problemas desaparecem, a escuridão é definitivamente banida e a luz glorificada.

Essa melodia deve ser praticada não somente hoje – mas amanhã – e depois, e sempre que houver

tempo e oportunidade. Logo ela se tornará parte da vida. O próprio homem é o músico. Deve aperfeiçoar a

melodia celestial divina e glorificar a própria alma e a vida. Além disso, ele é também o instrumento. Em

seu íntimo está gravada a canção quem ninguém pode aprender, exceto o escolhido do Senhor – ou aquele

que verdadeiramente escolheu o Senhor.

O amor é a melodia – amor sincero – gentil, cheio de compreensão, puro, que tudo perdoa e tem

compaixão, que é de Cristo e ajuda a curar um mundo. “E cantavam como um cântico novo diante do trono,

e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender aquele cântico, senão aqueles que

tinham o selo de Deus nas suas testas.” [adapt. de Apoc., 14:3 & 7:3] Aqueles que vibravam com a gloriosa

canção de amor divino; que se haviam investido da “Luz de Cristo” ou do pleno conhecimento de Deus

conscientemente – o selo de Deus. Esse amor é a própria “Luz de Cristo”, manifestando-se na vida do

homem. É o novo cântico, a melodia divina que tão poucos sabem cantar.

Esse é o único modo de um indivíduo se tornar o “verdadeiro seguidor do Filho, Jesus Cristo.” Os

demais ritos e rituais apenas limpam o exterior do cálice. O interior deve ser purificado através da devoção

perfeita, uma obediência que gera o poder de realizar todas as coisas; o amor perfeito de Deus. Assim, o

“Verdadeiro Seguidor” recebe amor crístico divino e o transmite para os corações dos filhos dos homens.

Mãos agraciadas de amor divino e vibrantes com a “Luz de Cristo” celestial, abençoam tudo o que

tocam, pois superam a escuridão e carregam luz divina, melodia de glória eterna. “Ele, que possui todas as

Sois Deuses


coisas; pois todas as coisas se sujeitarão a ele, tanto no céu quanto na terra, a Vida e a Luz; o Espírito e o

Poder, enviados pela vontade do Pai, através de Jesus Cristo, Seu Filho.”

Só esse amor, ou “Luz de Cristo”, tem o poder de salvar o mundo, redimir o homem, glorificar Deus

e trazer luz e cura à terra, pois é o próprio poder de Deus manifestado na vida do homem. E o homem tem

permissão de realizar as obras Dele através da “Luz de Cristo”. Mostra-me tua fé sem tuas obras, e eu te

mostrarei minha fé através de minha obra.”

Por isso, a canção na alma é um cântico novo de glória infinita, amor divino e perfeito, luz, poder e

paz – é realmente uma nova melodia; e só poderá cantá-la aquele que eliminar toda a escuridão de seu ser,

que se livrar de todo o pecado; pois a canção é o amor celestial puro, aperfeiçoado dentro do próprio

homem. Toda célula e fibra dela participam – seu ser se enche de amor, adoração, reverência e exaltação.

E depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro

ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma.

E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com

grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar.

Dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas

testas os servos do nosso Deus.

“E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as

tribos dos filhos de Israel.” (Apoc., 7:1-4) Essa é uma referência a somente doze mil de cada uma das dozes

tribos – tão poucos, em vista de tantos milhões.

No Capítulo 9 do Livro do Apocalipse, há uma descrição das grandes destruições que a terra sofrerá

através de aviões e tanques de guerra, e que “uma terça parte de todos os homens será dizimada, pelo fogo, e

pela fumaça e fuligem.” O versículo 4, contudo, traz as seguintes palavras: “E foi-lhes dito que não fizessem

dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas

suas testas o sinal de Deus.”

E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte de Sião, com ele cento e quarenta e quatro mil,

que em suas testas tinham escrito o nome dele e o de seu Pai.

E ouvi uma voz do céu, com a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma

voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas.

E cantavam um como cântico novo diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e

ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados

[redimidos] da terra.

“Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes são os que

seguem o Cordeiro para onde quer que vai. Estes são os que dentre os homens foram comprados como

primícias para Deus e para o Cordeiro.

“E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus.” (Apoc.,

14:1-5)

Alguns homens manifestarão a “Luz de Cristo” em seu interior até que seu consciente esteja

completamente tomado pela Luz e Glória de Deus. Eles cumprirão sua parte na Nova e Eterna Aliança, e

assumirão o Nome de Jesus Cristo. Atenderam ou atenderão ao glorioso convite: “Aproxima-te de mim, e

um me aproximarei de ti”, “Reside em mim, e eu residirei em ti.” E a nova canção será um conjunto de

vibrações de amor glorioso emanando de cada célula e fibra de seu ser, no ritmo da perfeição eterna. E só

aqueles que tiverem preenchido a mente, o coração e a alma de amor e vibrarem em adoração celestial de

reverência e regozijo serão capazes de enviar a eterna sinfonia de luz pulsante, a nova canção. O amor de

Cristo, divino e perfeito de saudação, é essa canção. A caridade é o puro amor de Cristo e dura para sempre;

quem dela tiver no último dia, estará bem. Portanto, meus bem-aventurados filhos, rezai ao Pai com toda a

energia do coração, para poderdes receber esse amor que ele concede a todos os verdadeiros seguidores de

Seu Filho, Jesus Cristo; para vos tornardes os filhos de Deus; pois quando Ele aparecer, sereis como Ele.

Nós o veremos como Ele é, para que sejamos purificados como ele é puro.” (Moroni 7:47-49)

Essa canção interior de gratidão, de êxtase na alma, é o poder da “Luz de Cristo” em ação, livrando

o homem da escuridão e enchendo-lhe o ser com a alegria da Luz. Aquele que se apegar à divina canção de

Sois Deuses


êxtase por algumas semanas, sem dela se desligar por um momento, será purificado e livre de todo o pecado.

Essa canção gloriosa é a chama purificadora do Espírito do Todo-Poderoso e, se o homem conseguir se ater

conscientemente à chama, logo estará preparado para conhecer Deus, pois será inundado de luz e

compreenderá todas as coisas. Esse é o Novo Cântico, a canção interior de Êxtase Espiritual que glorificará

Deus e o homem, a divina sinfonia de Amor eterno!

Capítulo XXIV

A NOVA E ETERNA ALIANÇA

Uma aliança é um acordo, ou pacto, entre duas ou mais pessoas ou partes. A aliança é considerada

sagrada e comprometedora – um trato de absoluta integridade.

Deus fez muitas alianças, ou convenções, com o homem, uma das quais a de que jamais seriam os

habitantes da terra novamente dizimados pela água. Toda promessa de Deus é uma aliança ou trato a ser

cumprido, desde que façamos nossa parte, ou que sejamos leais ao nosso lado do pacto, pois Suas palavras

não falham. Portanto, se as promessas de Deus não se cumprem, é porque falhamos em cumprir nossa parte,

e não porque o Senhor nos esqueceu ou se enganou. Deus não esquece e não falta com a palavra.

De todas as convenções de Deus, uma é especial e conhecida como a “Nova e Eterna Aliança”. Ela

supera todos os outros acordos feitos entre Deus e o homem. E Jesus é o mediador dessa Nova e Eterna

Aliança. (Heb., 12:24 & D & C 76-69). A escritura mencionada acima tem sido mal interpretada. Acredita a

humanidade que Jesus Cristo está diante do trono de Deus como mediador, ou “intermediário”, discutindo

sobre qual homem é digno de reconhecimento e misericórdia de acordo com seus desejos e preces, se pedir a

Deus que tenha compaixão. É verdade que Jesus é o mediador, pois em Suas mãos está a “Luz de Cristo,

concedida a todo homem da terra.” Através da Luz em nosso interior, Ele é realmente o mediador, insistindo

com cada homem para que siga a verdadeira Luz infalível de esperança. E a esperança se converte em fé, e a

fé em poder. Jesus não intercede pelo homem – mas apela para o homem, pela glória de Deus. “Eis que

estou à porta, e bato: se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e

ele comigo.”

A Nova e Eterna Aliança é o acordo de Deus com todo homem que vem ao mundo, desde que esteja

disposto a abdicar do self e seguir a Luz de Cristo, ou do Espírito, e ela o levará até Cristo, que, por sua vez,

revelará o Pai. “E o Pai e eu somos um. E estou no Pai e o Pai está em mim; e se me receberdes, estareis em

mim e eu em vós. Eis que estou em vosso meio, e sou o bom pastor, e a pedra de Israel. Aquele que constrói

sobre essa rocha jamais cairá.” (D & C 50:43-44)

Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu

Pai, essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho

dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem. E dou-lhes a vida eterna, e

nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e

ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. E eu e o Pai somos um.” (João, 10:25-30)

Depois que o homem fizer o primeiro contato com Deus, através de Jesus Cristo, o Mediador, nada

poderá afastá-lo do Filho. Aquele que faz o contato divino é marcado por Deus e habita Seu Espírito para

sempre, recebendo luz contínua, conhecimento e instrução até crescer em plena perfeição; pois essa é a

promessa, ou a grande e eterna aliança – que Ele revelará o Pai, e o véu será rompido para que o homem

CONHEÇA Deus.

A aliança garante que todo aquele que buscar Deus o encontrará. É a promessa de Deus: “Buscai-me

e me encontrareis” ou “Buscai-me com devoção (ou fé) e me encontrareis.” “Porque, aquele que pede,

recebe; e o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre.” Sim. “Aproximai-vos de mim, e eu me aproximarei

de vós.” “Reside em mim e eu residirei em ti.” “Vós sois os templos do Deus Vivo.” A aliança é válida para

sempre e é nova para aqueles que aprenderem a silenciar o ego/self e a escutar à voz orientadora da Luz, que

os guiará ao conhecimento pleno de Deus. E essa voz, que é também de justiça, ajuda o indivíduo a cumprir

Sois Deuses


as leis do reino e a aperfeiçoar a divina dádiva do amor. Aquele a quem chega a voz e obedece à palavra

infalível de Deus começa a viver seu brilhante destino: “A lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de

Deus foi dirigida.”

A busca por Deus, então, não é uma caçada ao infinito – nem uma viagem a esferas distantes ou

terras estrangeiras. Ninguém encontra Deus indo de um lugar para outro, de cidade em cidade, rua após rua,

em tudo quanto for edifício ou construção, filiando-se a uma ou outra igreja. Se alguém tentar descobrir

Deus dessa maneira, acabará se perdendo, como já aconteceu com tanta gente. A procura de Deus deve estar

dentro do próprio homem. Nas profundezas de sua alma, ele deve procurar a “Luz de Cristo” ou o

“Verdadeiro Caminho” que o levará a Deus, e esse Caminho é o desenvolvimento ou a expansão da Luz

interior, que progride de graça em graça, a dádiva de Deus concedida a todos os homens. De graça em graça,

conhecimento após conhecimento, luz cada vez maior, que conquista o self mortal e o sujeita à glória da Luz

do Espírito de Cristo. Essa é a redenção do homem, livre dos conceitos mortais e limitados da existência.

Quando o pequeno e orgulhoso ego/self, com seus caminhos escuros, tiver sido aplacado, e o homem se

livrar do medo e da confusão, apegando-se aos raios purificadores das gloriosas vibrações da Luz Viva,

todas as coisas lhe serão concedidas, até o poder de compreender Deus. Esse é o céu, ou o paraíso; e lá

viverá aquele que chegar a essa condição de paz perfeita e gloriosa do amor de Cristo.

“E em verdade, vos digo que é vosso privilégio e a promessa que vos faço, a vós que entrais para

este ministério, que quando vos livrardes da inveja e do medo, e humildemente vos postardes diante de mim,

pois não sois suficientemente humildes, o véu será rompido e vereis quem sou, e me conhecereis – não com

o pensamento carnal nem natural, mas com o pensamento espiritual.




continuai pacientes até que sejais perfeitos.”

Os escritos acima deixam claro que é impossível contemplar Deus com a mente carnal, ou natural;

nada dizem sobre os olhos. Isso significa que só se pode ver Deus com a mente Espiritual. Portanto, ver

Deus depende da compreensão – “COMPREENDERÃO ATÉ DEUS.” Verificamos tal fato no seguinte

trecho:






Em verdade, vos digo, ele o viu; todavia, aquele que veio não foi compreendido.

A Luz brilha na escuridão, e a escuridão não a compreende. O dia, porém, virá em que



mim, do contrário, não haveria abundância.”

Portanto, é verdade que “Naquele dia sabereis que estou em meu Pai, e vós estais em mim – aquele

que seguir minhas palavras, meu Pai o amará, e viremos a ele e com ele faremos nossa morada.”

Essa é a glória e o poder da Nova e Eterna Aliança – nova para todo indivíduo que a cumprir.

Eterna, porque sempre existiu e sempre existirá. Contém uma nova revelação de plena glória a todo aquele

que compartilhar de seu poder inefável e receber sua luz – é realmente uma aliança eterna, pois foi

estabelecida por Deus antes da criação do tempo, e perdurará para sempre em todos os que a aceitarem,

seguindo a Luz de Cristo até o Pai, compreendendo toda a Sua glória; e Seu poder será conhecido por todos

os que se purificarem e se livrarem do pecado. Essa é a aliança de Deus Todo-Poderoso com os homens.

“Pois Ele está no homem.” Esse é o testemunho (ver João 14:10-11 e também os versículos 20-23; II

Cor., 6:16; D & C 93:17); e a aliança contém o divino contato com Deus, o qual não pode ser quebrado – a

promessa de infinito progresso, poder ilimitado e vida eterna.

Sois Deuses


Portanto, desejo que todos os homens se arrependam, pois todos vivem em pecado, exceto aqueles

os quais reservei para mim, os homens santos que não conheceis.

“Portanto, digo-vos que a vós enviei minha eterna aliança, que existia desde o princípio.” (D & C

49:8-9)

Os homens justos que Ele reservou para Si são aqueles que superaram o pecado através da grande e

eterna aliança do contato divino e pessoal com Deus Todo-Poderoso.

“Há aqueles que se fizeram perfeitos através de Jesus, o mediador da Nova aliança, que possibilitou

a perfeita redenção.” Ou concedeu a luz que permite ao homem se unir novamente com Seu Criador.

Quando o homem começar a compreender e sentir a gloriosa Luz de Jesus Cristo, que foi concedida

a todo homem da terra, desenvolverá essa luz, aprendendo a escutar sua voz e seguir suas instruções,

prestando reverência e agradecendo continuamente.

Então, ele compreenderá as palavras de Paulo: “Meu filhinhos, por quem de novo sinto as dores de

parto, até que Cristo seja formado em vós.” (Gál., 4:19)

Compreenderá plenamente o significado destas palavras: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo,

não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual

me amou, e se entregou a si mesmo por mim.” (Gál., 2:20)

Mas antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se

havia de manifestar.

De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos

justificados.

“Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo do aio.” (Gál., 3:23-25)

“Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” (Rom., 10:4)

Talvez os dizeres acima fiquem mais claros com a citação do Livro D & C Sec. 84:19-27 e 33: E

esse grande sacerdócio administra o Evangelho e guarda os mistérios do reino, a chave do conhecimento de

Deus.

20. “Portanto, aos escolhidos, o poder da divindade se manifesta.” (Se assim não fosse, então as

palavras não teriam poder – “E tudo [seria] em vão.”)

21. E sem ter sido escolhido, e sem a autoridade do sacerdócio, o homem carnal não tem o poder da

divindade.

22. “Sem tal, nenhum homem poderá ver a face de Deus, o Pai, e viver.” (E sem cumprir essa

realidade, o chamado será em vão – pois seu propósito é ver a face de Deus – conhecer o Senhor, e Jesus

Cristo por Ele enviado, e desenvolver o dom de falar em Seu Nome e realizar as obras que Ele realizou.)

23. Isso Moisés deixou claro aos filhos de Israel no deserto, e buscou diligentemente santificar seu

povo para que contemplassem a face de Deus.

24.“Mas eles endureceram o coração e não toleraram Sua presença; portanto o Senhor, em Sua

ira, pois eles lhe despertaram a raiva (porque não se purificaram nesta vida a fim de contemplar Seu rosto),

jurou que não entrariam em Seu descanso enquanto estivessem no deserto, o descanso que é a plenitude de

sua glória.” (O significado e propósito desse sacerdócio superior é abençoar e preparar as pessoas para ver e

conhecer Deus individualmente e receber a plenitude de sua glória ainda em estado carnal.)

25. Portanto, Ele retirou Moisés de seu meio, e também o Santo Sacerdócio;

26. E o sacerdócio inferior permaneceu, aquele que guarda a chave do ministério dos anjos e o

evangelho preparatório. (Ver D & C 13)

27. “Evangelho este que trata do arrependimento e do batismo, e da remissão dos pecados, e da lei

dos mandamentos carnais, que o Senhor em Sua ira fez continuar com a casa de Arão entre os filhos de

Israel, até João.” (Só os primeiros princípios do Evangelho permanecem na terra, ou se tornam nativos

quando as pessoas enfrentam a condenação, ou a “ira de Deus”, porque se recusaram a viver segundo as leis

superiores ou assumir a Nova e Eterna aliança.)

33. “Aqueles que forem fiéis na obtenção esses dois sacerdócios de que vos falo, e expandirem seu

chamado, serão santificados pelo Espírito com a renovação de seus corpos.” E isso não se refere

Sois Deuses


simplesmente à ressurreição, pois todos os mortos, pequenos e grandes, justos e ímpios, ressuscitarão e seus

corpos sairão das tumbas.

O versículo 26 menciona o evangelho que preparará as pessoas para ver e conhecer Deus, e receber

Sua plenitude e glória.

Isso se confirma nos versículos 18 e 19 da Seção 107 de D & C:

O poder e a autoridade do Sacerdócio de Melchizedek é guardar as chaves de todas as bênçãos

espirituais da igreja -

“Ter o privilégio de receber os mistérios do reino dos céus, ver o reino dos céus se abrir, entrar em

comunhão com a assembléia geral do Primogênito, e usufruir a comunhão e presença de Deus Pai e de

Jesus, o Mediador da Nova Aliança.” Em outras palavras, o único propósito do sacerdócio Superior é

preparar as pessoas para receber o Segundo Consolador, conhecer Deus e caminhar em Sua presença; e isso

só pode ser conseguido através da obediência à direção ou à voz de Cristo, que nos orienta com a luz divina

interior.

Um povo pode rezar para sempre, pedindo que seja agraciado pelo poder do sacerdócio de

Melchizedek; porém, se não cumprir as leis desse sacerdócio, sendo fiel à sua parte da aliança e santificando

a própria alma, manifestando a Luz de Cristo em seu interior, acreditando plenamente em Deus e em Suas

promessas, “suas preces serão em vão.” Sim, “tudo será em vão.” Sim, “Não há um dentre vós que faça o

bem. E se houver um que faça o bem, então ele trabalhará movido pela mão e pelo poder de Deus.”

Somente através do contato divino poderá o homem expandir o chamado e conhecer Deus.

Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.

Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será

amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.”

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viveremos para ele, e faremos

nele morada.” (João, 14:20-23)

“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim

nada podeis fazer.”(João, 15:5-6)

Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci; e estes conheceram que tu e enviaste a mim.

E eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que me tens amado esteja

neles, e eu neles esteja.” (João, 17:25-26)

E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a

plenitude de Deus.

“Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que

pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.” (Ef., 3:19-20)

... Pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos,

E vos vestistes do novo (Cristo), que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que

o criou;

“Onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas

Cristo é tudo em todos.” (Col, 3:9-11)

“Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências.”

(Rom., 13:14)

Assim compreendemos que o verdadeiro sentido do evangelho de Jesus Cristo é que cumpramos

todas as suas leis, purificando a mente e o coração, santificando a alma e vivendo na Luz de Cristo, que é o

presente especial de Deus a todo filho da terra. Quando, através do amor, da compreensão e do desejo,

manifestarmos a Luz de Cristo, ou fizermos do Verbo carne, preenchendo toda célula e fibra de nosso ser

com essa Luz, receberemos a “Unção de Luz”. Então assumiremos o Sagrado Nome de Jesus Cristo,

cumprindo nossa parte da Nova e Eterna Aliança – que é justamente essa: assumir o Nome. Devemos ser

batizados nesse “NOME” , assim como somos batizados em água. Devemos fazer tudo em nome de Cristo, e

nos rejubilarmos no Filho para sempre.

“Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.” (Rom., 10:4)

Sois Deuses


Essa “Luz de Cristo” é, na verdade, o fim da lei e a partir desse ponto, o homem não está mais sob o

domínio da lei, mas é abundantemente livre – unido a Deus.

Nossa parte da Nova e Eterna Aliança é assumir o Nome. A parte do Pai na aliança é a promessa de

que no NOME, receberemos tudo o que pedirmos – e nesse Nome é possível cumprir todas as leis de justiça

e probidade. E a promessa do nome é: “Serei poderoso quando for ungido de luz.” Ou “serei poderoso

quando manifestar a Luz de Cristo, a partir de meu interior.”

Assim, ouvimos as palavras do Senhor explicando por que a humanidade não o contatou – deixando

de receber as grandes promessas de poder, como Cristo recebeu. Pois desviaram de minhas orientações, e

quebraram minha aliança eterna.

“Não buscam o Senhor para seguir a Sua justiça, mas cada homem prefere caminhar sozinho,

segundo a imagem de seu deus pessoal, que é a semelhança (das coisas) do mundo, e cuja substância é a de

um ídolo, cuja cera velha derreterá...” (D & C 1:16)

E as coisas fracas do mundo virão e destruirão as fortes e poderosas, e o homem não poderá

aconselhar o próximo, nem confiará no braço de carne - Mas todo homem poderá falar em nome de Deus, o

Senhor, o Salvador do mundo;

E que a fé se expanda sobre a terra;

Que a minha eterna aliança seja estabelecida:

Que a plenitude de meu evangelho seja proclamada pelos fracos e simples até os confins da terra, e

diante de reis e governos.” (D & C 1:19-23) Esta é a informação positiva de que o dia virá em que nenhum

homem precisará aconselhar o outro, pois todos terão o contato direto com Deus Pai, e não depositarão a

confiança na carne, pois a nova e eterna aliança será estabelecida – a aliança de contato que permitirá a toda

pessoa pronunciar as palavras de Deus dirigidas por Sua voz, como fez Cristo.

Pois em verdade vos digo que sou Alfa e Ômega, o princípio e o fim, a luz e a vida do mundo, uma

luz que brilha na escuridão e a escuridão não a compreende.

“Que aos meus veio, e os meus não a receberam; Mas a todos os que me receberam, concedi o

poder de realizar milagres” (e quem não puder realizá-los não recebeu o Senhor), “e de tornar-se filhos de

Deus; e aos que acreditam em meu nome, concedi o dom da vida eterna”.

E enviei minha eterna aliança ao mundo, para ser uma luz ao mundo, e o modelo para o meu povo (a

luz que todos deveriam seguir), e para que os Pagãos a procurem, e para ser uma mensageira diante de mim

e preparar o caminho.

“Por isso, vinde a ela, e com Aquele que vier, comungarei, como fazia com os homens de

antigamente, e lhe mostrarei minha forte comunhão.”(D & C 45:7-10)

Essa “Luz de Cristo”, viva em cada homem, é o poder do contato, ou o poder do sacerdócio que

Abraão recebeu. “...Depois de receberdes minha nova e eterna aliança, disse o Senhor Deus; e aquele que

não viver essa lei não poderá entrar em minha glória, mas será condenado, disse o Senhor.

“Eu sou o Senhor teu Deus, e contigo deixarei a lei de meu Santo Sacerdócio, como te foi conferido

por mim e por meu Pai, antes da criação do mundo.”

O seguinte trecho explica o que seria a aliança ou o sacerdócio: “Abraão recebeu todas as coisas

que pediu, através da revelação e dos mandamentos, por minha Palavra (e essa Palavra é o Espírito de

Jesus Cristo ou Luz de Cristo), disse o Senhor, e alcançou a exaltação e agora senta-se em seu trono.”

“Sim, eu sou o Senhor teu Deus e te deixo este mandamento – que nenhum homem chegará ao Pai

exceto através de mim ou de minha Palavra, que é a minha lei, disse o Senhor.” (D & C 132:12)

E para que os homens partilhassem das glórias que serão reveladas, o Senhor enviou a plenitude de

seu evangelho, sua eterna aliança, clara e simples – (a instrução da Luz de Cristo interior).

“Para preparar os fracos para aquelas coisas que estão por vir à terra, e para a tarefa do Senhor no

dia em que os fracos confundirem os sábios, e a nação pequena se tornar forte, e dois colocarem suas

dezenas de milhares em fuga.” (Este trecho revela o momento exato em que o poder será conferido aos

fracos – o poder de confundir os sábios entre os homens.)

Sois Deuses


E por essa razão esses mandamentos são dados: deveriam ser guardados no mundo, no dia em que

foram dados, mas AGORA devem se manifestar em toda a carne - E isso será de acordo com o pensamento e

a vontade do Senhor, que governa a carne.

E aquele que se arrepender e se santificar diante do Senhor receberá a vida eterna.

E àquele que não escutar a voz do Senhor sucederá o que foi escrito pelo Profeta Moisés; será

isolado do meio das pessoas. (D & C 133: 57-63)

Sim, “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” (Rom.,

8:14) E a menos que sejam verdadeiramente guiados pelo divino Espírito em todas as coisas, não são Seus

filhos, por mais que aleguem tal legitimidade.

“Pois vivereis segundo cada palavra proferida pelo Senhor.


Jesus Cristo.

É o Espírito que ilumina todo homem que vem ao mundo, e que escuta a voz do Espírito (que é a

Sua Palavra).

“E todo aquele que escuta a voz do Espírito vai para Deus, que é o Pai.”

“E o Pai lhe explica sobre a aliança que renovou e confirmou em vós...”

E o mundo inteiro vive em pecado, e geme na escuridão e sob as amarras do pecado.

E por isso podeis saber que aqueles estão sob as amarras do pecado não vêm a mim.

“Pois todo aquele que não vem a mim está sob as amarras do pecado.” (Todo indivíduo que é de

Deus deve se familiarizar com Sua voz divina interior, e manter-se em contato com ela, do contrário viverá

em pecado. D & C 84:44-52)

Sim, “Minhas ovelhas ouvem minha voz, e me reconhecem.”

Essa “Luz de Cristo” ou “Espírito de Cristo”, concedida a todo homem da terra, pode se manifestar

plenamente através da compreensão, da obediência e do desejo justo de cada indivíduo. E com essa

perfeição, o homem recebe a plenitude da promessa do nome de Jesus Cristo, e verdadeiramente assume esse

nome. A partir de então, qualquer coisa que peça lhe será concedida. O nome contém a eterna aliança do Pai.

E ela é eterna porque estará para sempre conosco. É nova porque cada indivíduo que a cumpre passa por

uma experiência inédita e gloriosa, de poder indescritível. Se acreditarmos nesse nome e o concretizarmos,

seremos capazes de realizar tudo o que Cristo realizou, e possuir tudo o que é do Pai. O nome de “Jesus

Cristo” contém a promessa da Aliança com todo filho da terra. O nome “Jeová” contém a realização da

promessa, uma vez que a aliança for completada.

Reze com toda a energia do coração, pedindo para compreender o que está escrito na Palavra de

Deus – “E a Palavra do Senhor é Verdade, e o que é verdade é luz; e o que é luz é Espírito, o Espírito de

Jesus Cristo.” E é o Cristo que revelará o Pai – “Para que conheceis a Verdade – e a Verdade vos libertará. E

serei verdadeiramente livres.”

E novamente, caso tenha esquecido, “Jesus Cristo” é a promessa. “Jeová” é a realização da

promessa. Essas palavras contêm glória indescritível a todo aquele que abrir os ouvidos para escutar e o

coração para entender. Essa é a aliança, ou o selo, de Deus. É a Sua promessa eterna a todo homem que

cumprir os requisitos. Foi estabelecida antes da criação do tempo. É uma aliança infinita, eterna, do Deus

Todo-Poderoso – a união do homem com Ele.

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.

Assim seja, pois Deus tem falado, e em nome de Jesus Cristo, que se cumpra a palavra de acordo

com a fé e compreensão de cada um – Amém.

Capítulo XXV

TRABALHAI, NÃO PELA COMIDA QUE PERECE [João, 6:27]

Sois Deuses


Os ensinamentos de Jesus Cristo contêm a verdadeira ciência da vida. São perfeitos em todos os

detalhes e marcam claramente o caminho do poder eterno. Aqueles ensinamentos aparentemente

impraticáveis se transformam em uma revelação de glória, quando aplicados sob a direção da “Luz de Cristo

interior”, sempre viva.

Poucos indivíduos de integridade e grande devoção compreendem plenamente a divina visão das

palavras: “Trabalhai, não pela comida que perece.” Portanto, poucos são os que seguem o Senhor em todas

as coisas, tornando-se “verdadeiros seguidores de Seu Filho, Jesus Cristo.” Mas somente aqueles que

seguirem Seus ensinamentos literalmente poderão conhecer e usar o grande e dinâmico poder que lhes

pertence.

A maior parte de nosso mundo moderno ignora completamente Sua instrução de não trabalhar pela

comida que perece. Suas palavras são desdenhadas pelos críticos, consideradas impraticáveis pelos

estudiosos, mal explicadas pelos líderes religiosos e usadas como desculpa por aqueles que se deixam

dominar pela preguiça e não gostam de trabalhar. “O Senhor providenciará”, defende-se o homem indolente,

que cruza os braços e evita qualquer tipo de responsabilidade física.

A grande visão de um padrão de vida superior ainda tem de ser comprovada de maneira prática

pelos nobres e bons, como único modo verdadeiro de viver. E aquele que assumir esse padrão de vida não

pode ter preguiça por um minuto sequer. Todos os seus pensamentos, atos e palavras devem ser aliados do

poder. Tal indivíduo deve aprender a seguir a divina Luz de Cristo interior, superando o self, e mostrando-se

disposto a servir a Deus com maior intensidade do que dedicaria a qualquer emprego, cargo, empresa ou

outra forma de trabalho terreno. Esse modo divino de vida não é para o indivíduo indolente, molóide; pois é

o caminho de devoção altruísta, que exige percepção constante, alerta da alma e do coração, um desejo

ardente e incansável, uma visão de plena glória que se converte em realidade tangível para a glória de Deus

e o benefício do homem.

A seguinte citação é tirada do texto original em grego do Evangelho segundo Mateus, 6:24:

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a

um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” Mamom é a personificação da riqueza

material.

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e

roubam;

Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não

minam nem roubam.

“Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mat., 6:19-20)

Para algumas pessoas, tais palavras têm um significado totalmente diferente daquele que Cristo quis

passar. Não é necessário viver miseravelmente, em pobreza, na esperança de uma grande recompensa em

algum reino distante. O sentido da citação acima é – literalmente – abrir o coração para o reino divino do

céu que está dentro de nós.

Preencha esse reino com seus desejos; com seu amor, misericórdia, compaixão, devoção altruísta e

sincera a Deus, o Altíssimo. Esses tesouros purificarão sua alma, aqui na terra, e você poderá entrar e viver

para sempre no verdadeiro reino do céu, caminhando em majestade e poder, realizando as obras que Cristo

realizou.

Por isso, vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo haveis de comer ou pelo que

haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o

mantimento, e o corpo mais do que o vestido?

Não andeis, pois inquietos, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos

vestiremos?

Porque todas estas coisas os gentios procuram. De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais

do todas estas coisas.

“Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e TODAS ESTAS COISAS VOS SERÃO

ACRESCENTADAS.” (Mat., 6:25-26 e versículos 31-33)

Sois Deuses


Em seguida, Cristo continuou explicando que aquele que tentar viver segundo as leis superiores não

precisará ter medo no coração, medo do amanhã; mas com absoluta confiança no poder de Deus, e fé

implícita em Suas promessas, viverá o dia de hoje sabendo que nada tem a temer.

E Ele nos alerta que nos últimos dias, os homens adorarão as obras feitas por suas mãos, em vez de

venerar Deus.

Também encontramos tal advertência em Jeremias, 25:6-7: E não andeis após deuses alheios para os

servirdes, e para vos inclinardes diante deles, nem me provoqueis à ira com a obra de vossas mãos...

“Todavia não me destes ouvidos, diz o Senhor, mas me provocastes à ira com a obra de vossas

mãos, para que vosso mal.”

E Cristo deu a ordem definitiva: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que

permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará.” (João, 6:27)

Quando a multidão perguntou como teria o poder para fazer as obras que Ele fez, ou seja, alimentar

cinco mil com praticamente nada além de uma prece de confiança, a resposta foi:

“A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” [João, 6:29]

E todo aquele que acredita no Nome de Jesus Cristo, deve também acreditar no poder de Seu Nome.

Deve crer em cada palavra que Ele disse, e em cada palavra que possa dizer através da “Luz de Cristo”, que

foi concedida a todo indivíduo que vem ao mundo. O homem que não viver cada palavra proferida pelo

Senhor falhará – e não caminhará com a própria força – mas andará às cegas.

E este é o glorioso convite do Filho de Deus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e

oprimidos, e eu vos aliviarei.” O convite é para todo homem, mulher e criança deste planeta. Se você serve

ao mundo, trabalhando com toda a sua força para viver, sustentar-se, angariar riquezas ou qualquer outro

motivo, pode chegar a Cristo e encontrar descanso. Sim, pode voltar-se para a Luz de Cristo interior e ser

orientado até a gloriosa, divina realidade de Sua proximidade e poder, descrita da seguinte forma: “O

descanso que é a plenitude de sua glória”. Pode haver promessa maior?

Sim, “Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e não tenhais cuidado da carne em suas

concupiscências.” (Rom., 13:14)

A oração do Pai Nosso também contém a verdade dessa lei: “O pão nosso de cada dia nos dai

hoje...” Através da confiança implícita no poder de Deus, a fé converte-se em saber, e o homem se torna

obediente à voz do Pai, permitindo que lhe dirija os passos em todas as coisas, até que ele próprio cresça no

poder. Aprendendo a seguir a voz divina, o homem elimina o medo, as preocupações, os ressentimentos e a

confusão. Passa a viver uma lei superior àquela seguida pelas multidões. Não mais trabalhará pela comida

que perece, mas terá o suficiente para as suas necessidades, sejam elas quais forem – na verdade, terá até

mais que o suficiente, “pois não haverá espaço grande o bastante para receber.” Não trabalhará para

acumular uma gigantesca conta bancária nem riquezas imensuráveis que podem ser destruídas num instante,

ou deixadas para trás com a morte. Aquele que tem riquezas depende de sua força na terra e negligencia

aqueles tesouros maiores, trancafiados no interior de sua alma. O que confia no poder de Deus, entretanto,

acumulará uma riqueza superior a qualquer coisa que a mente humana possa conceber. E será uma riqueza

de paz que gera a compreensão, o poder de Deus ativo em cada momento de sua vida, a força para aplacar

tempestades, sobreviver a provações e tentações, viver em majestade e luz eternas, livre das trevas, do medo,

da confusão e da ira.

Sim, “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecendo, e de nada tenho falta; e não sabes que és um

desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;

“Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos

brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio,

para que vejas.” (Apoc., 3:17-18).

E eis que, aproximando-se dele um mancebo, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei para conseguir a

vida eterna?

“E Ele disse-lhe: Por que me chamas de Bom? Não há bom senão um só, que é Deus. Se queres,

porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

Sois Deuses


Disse-lhe ele: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás

falso testemunho;

Honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Disse-lhe o mancebo: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?

“Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, e dá aos pobres, e terás um

tesouro no céu; e vem, e segue-me.

E o mancebo, ouvindo esta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.

Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no reino dos

céus.

E outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo duma agulha do que entrar um

rico no reino de Deus.” (Mat., 19:16-24 – tradução do original grego)

As palavras acima são explícitas. Se o jovem tivesse dado o último passo, teria recebido os maiores

tesouros. Ninguém abandona um defeito sem ser recompensado com uma virtude. Todo mérito de devoção e

sacrifício traz força e caráter. E essas virtudes tornam-se o próprio homem, forte, majestoso e sábio,

crescendo de graça em graça. Para receber “tudo o que o é do Pai”, o indivíduo deve dar tudo o que se

possui.

Essas leis superiores de glória servem apenas para aqueles que estiverem dispostos a vender todas as

suas posses para poder comprar o campo onde se encontra o grande tesouro secreto. Esses indivíduos devem

abandonar todos os tesouros menores e comprar a pérola mais preciosa – o reino do céu.

É preciso realmente abandonar o reino mortal para se chegar ao superior, onde todas as coisas serão

acrescentadas ao homem. E ele terá de abandonar sua natureza temporal, se quiser passar pelo portão reto,

pois é o “fundo da agulha”. E é tão difícil para um rico entrar no reino superior de poder quanto para um

camelo passar pelo fundo da agulha.

À noite, os grandes portões da cidade de Jerusalém ficavam fechados para as caravanas e só um

portão para pedestres, conhecido como “fundo da agulha”, permanecia aberto. Às vezes, um viajante

solitário, visitando cidade após cidade, podia passar por aquele portão com o camelo. Mas somente após o

animal ter a carga removida, e arrastando-se de joelhos, já que o portão não era alto. Havia, porém, mais um

detalhe: o camelo devia querer passar. Camelos são animais muito teimosos. Não são afetuosos nem fiéis ao

dono, e geralmente têm um comportamento agressivo. Ninguém podia arrastar ou empurrar um camelo por

um portão estreito, sem a sua cooperação – e só o poder de Deus podia despertar o interesse do animal.

Também nenhum homem poderá atravessar aquele portão reto e estreito, se não estiver disposto e

desejar com afinco. Deve livrar-se de suas posses, da idolatria, do self, do orgulho e dos preconceitos. Só

assim conseguirá passar pelo portão da Cidade Sagrada de Jerusalém – a cidade da luz eterna, onde não há

escuridão no ambiente nem na alma. E então compreenderá todas as coisas – a glória do céu – e não terá

mais de viver na confusão e desarmonia do mundo. Isso não significa que deva se tornar um recluso, mas

simplesmente que poderá caminhar pela terra majestoso e com poder, plenamente ciente do caminho por

onde pisa.

Sim, “Reto é o portão e estreito o caminho, e poucos são os que o encontram”, pois aqueles que

acumulam cargas mortais, devem se livrar delas.

Esse caminho reto e estreito de luz divina pertence àquele que abandona os acúmulos terrenos de

coisas e pensamentos, e troca a aparência externa efêmera pela glória dos valores eternos e permanentes. Tal

indivíduo encontrará os presentes verdadeiros, o poder mais profundo e inefável, a grande alegria, a paz que

gera a compreensão, a saúde perfeita, felicidade, luz eterna, sabedoria, conhecimento – e todas as coisas a

ele se sujeitarão, tanto no céu quanto na terra: a vida e a luz, o Espírito e o poder, enviados pela vontade do

Pai através de Jesus Cristo, o Filho, por intermédio do contato com a “Luz de Cristo interior”, que é o portão

– a porta à qual Cristo bate – a porta que o próprio homem deve abrir – e atravessar. Para isso, seus olhos

devem estar verdadeiramente voltados para a glória de Deus.

Ele ordena que não haja pregações, pois as pregações só atraem a luz do mundo, e os pastores só

esperam a recompensa e as glórias do mundo; mas não buscam o bem do Sião (os puros de coração).

Sois Deuses


Eis que o Senhor proibiu tal coisa; portanto, Ele nos passou um mandamento, que todos os homens

tenham caridade; pois a caridade é o amor, e sem caridade, os homens nada são. E se tiverem caridade, não

perecerá aquele que trabalha no Sião.

Mas o que trabalha no Sião deverá trabalhar para o Sião; e não pelo dinheiro que perece.”

E quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e

às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo que já receberam o seu

galardão.

“Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em

oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.” (Mat., 6:5-6)

A recomendação acima nos acompanha há dois mil anos, mas poucos a compreendem. Ela revela o

mandamento: “Aquieta-te e saibas que sou Deus.” Revela o conhecimento sagrado de como contatar Deus.

Entre nesse local sagrado, o santo dos santos em sua alma, o centro da “Luz de Cristo”, e feche as portas da

consciência a tudo o que for externo, aos homens, aos pensamentos e influências mortais. E permita que

Deus conheça seus desejos, não com “falatórios” inúteis, mas através de fé e devoção. “Acredite” e “saiba

que recebe”, e terá tudo o que pedir. Reverencie e agradeça, e saiba que o Pai, escutando secretamente, o

recompensará generosamente, manifestando seus pedidos em realidade tangível. É o Pai que realiza as

obras, e você não precisa se preocupar como serão realizadas. Simplesmente saiba que seus desejos não são

fúteis e não prejudicarão o próximo, uma vez realizados. Assim é a lei. Reverencie, agradeça e cumpra a lei.

Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe;

e o que busca, encontra; e, ao que bate, se abre.

“E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe

peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto

mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhos pedirem?”

Aquele que pede em Espírito, pede segundo a vontade de Deus, por isso lhe será concedido.

Se pedirmos algo a nossos pais, o pedido é feito de acordo com o poder da carne e nossa voz física.

Mas quando pedimos a Deus, é necessário que falemos através do Espírito, pois Ele é o Pai de nossos

Espíritos.

E esta á a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos

ouve.

“E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe

fizemos.” (I João, 5: 14-15)

“Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo,

purificai os corações.” (Tiago, 4:8) Isso se refere exclusivamente àqueles que servem tanto a Deus quanto ao

mundo, por causa de suas riquezas e desejos mortais.

Essa aproximação a Deus é encontrar o Senhor em Espírito; ou, através do Espírito, tentar conhecê-

lo. Para que sejam concedidos, os pedidos devem ser feitos através do Espírito, ou daquela câmara

silenciosa nas profundezas da alma, e não com gritarias em locais públicos nem com excesso de palavras. É

naquele local secreto e silencioso que a “Luz de Cristo” reside.

Se compreender essa forma de orar, o homem poderá se aproximar do Pai Celestial, e “pedir

segundo o Espírito, tendo o seu desejo concedido”, pois ele se manifestará em forma palpável – a substância

das coisas desejadas torna-se uma realidade. Se a prece for verdadeira, não importa se a oferecemos no

templo, ao lado da família, ou no silêncio de um aposento particular. O importante é que seja dirigida a Deus

e não aos ouvidos dos homens, e que venha do centro da própria alma, sem influência do mundo exterior.

Esse método perfeito abre o coração para receber a bênção do Pai de bondade e amor. Abre toda

célula do corpo para a Sua Luz. Sujeita a mente ao Espírito e cumpre o primeiro e grande mandamento. É a

purificação do self mortal, com suas fraquezas, vergonhas e falhas.

Essas bênçãos superiores só podem ser conseguidas através do divino contato com Deus. Nenhum

homem da terra é capaz de proporcionar esse contato a outro homem. Cada um deve orar, pedir, buscar e

encontrar. “Conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento (um amor que transcende a mente e

alcança os sentimentos na profundeza do ser), para que sejais cheios de toda A PLENITUDE DO PAI.”

Sois Deuses


Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos

ou pensamos, segundo o poder que em nós opera.” (Ef., 3:19-20)

Mais uma vez vemos proclamada a verdade do Sermão da Montanha, onde os pais terrestres dão

bons presentes aos filhos que pedirem; e o Pai Celestial dará presentes ainda maiores a todos os que pedirem

através do Espírito.

A Luz de Cristo, concedida a todo homem da terra, deve ser contatada, amada, desenvolvida,

reconhecida e seguida até tornar-se poder e glória eternos no homem. O amor deve ser aperfeiçoado – amor

a Deus e ao próximo – ao Seu mundo e às grandezas de Suas criações. E à medida que o homem desejar esse

amor de Cristo, puro e divino, o amor se desenvolverá nele – um amor doce, misericordioso e tão

compreensivo que ajuda a glorificar um mundo. E então o pequeno self mortal será esquecido e abandonado,

substituído pelo grande self espiritual, que faz manifestar a divindade da alma humana.

Com tal visão e amor divino, o homem finalmente entenderá a verdade das palavras de Enoque, no

texto apócrifo do Novo Testamento: “Amaldiçoado seja aquele cujos lábios proferem desprezo e calúnia

contra seu irmão, pois despreza também Deus.”

E, “Aquele que arquiteta o mal ou difama contra qualquer alma, não ganhará a justiça eterna.”

(Segredos de Enoque, LII:2 e LX:4) Tais dizeres deixam claro que qualquer pessoa ou grupo não autorizado

que execute a justiça sobre o homem perde-se em vergonhosa injustiça.

Com essas leis superiores de amor e devoção, e através da prece verdadeira, o indivíduo percorre um

caminho sagrado de divina luz – o caminho reto e estreito – de mãos dadas com Deus, crescendo de graça

em graça até se encher de luz, ou ser “Ungido de Luz”, recebendo finalmente a “Plenitude do Pai” e obtendo

tudo o que Ele possui.

Essa é uma estrada que não pode ser percorrida pelos indolentes. Ela é pavimentada com desejo

ardente, iluminada por uma grande visão e demarcada por um constante alerta da alma e da mente. É uma

estrada de progresso, onde o medíocre mortal evolui em um ser majestoso, cheio de poder e luz. É a estrada

que concretiza o nome de Jesus Cristo e confere o poder do nome; cumpre toda promessa, pois nela o

homem não trabalha pelas coisas que perecem e é capaz de usar a grande lei atômica em sua forma

verdadeira, cuja abundância supri todas as necessidades e vem diretamente da grande fonte universal de

eterna energia ou Espírito.

Assim se cumpre esta realidade:

Aquilo que é de Deus é luz; e aquele que receber luz e continuar em Deus, receberá mais luz, que

ficará mais brilhante até o dia perfeito (ou até que ele se aperfeiçoe).


Aquele que é o escolhido de Deus e enviado (ou aquele que recebe a unção de Luz), é ao mesmo

tempo o maior e o menor de todos os servos.

“Ele, que possui todas as coisas; pois todas as coisas se sujeitarão a ele, tanto no céu quanto na terra,

a vida e a luz; o Espírito e o poder, enviados pela vontade do Pai, através de Jesus Cristo, seu Filho.”



50:24-29).

Esse grande poder inefável, capaz de comandar a vida, a luz e o próprio Espírito de Deus no céu e

na terra, chegará ao homem que manifestar a “Luz de Cristo em seu interior”. É a “Unção de Luz.” É o

poder do Altíssimo em ação. É o próprio poder da criação – o poder que forma os átomos a partir da energia

original pura e os multiplica em substância tangível, pois a “Fé é a substância das coisas desejadas; a

evidência das coisas invisíveis.” Por isso, quando a fé se torna perfeita, é convertida em conhecimento, e as

coisas desejadas se transformam em realidade tangível, seja essa realidade a recuperação da vista ou da

audição, a renovação da carne e dos ossos, ou a volta da força e da compreensão.

Assim, as preces oferecidas no silêncio de seu aposento, ou alma, são atendidas imediatamente. Até

as necessidades diárias são supridas a partir desse depósito ilimitado de abundância eterna e poder dinâmico.

Qualquer coisa necessária ao bem-estar, progresso e felicidade próprios ou do próximo pode ser obtida por

aqueles que cumprem a lei. Esse é o contato que Cristo teve com o Pai. O poder que Ele usou. O poder que

Sois Deuses


Ele tentou ensinar à humanidade, proclamando sua existência e acesso a todos os que acreditassem – sim, o

poder de ressuscitar os mortos – mover montanhas – suprir as necessidades pessoais e realizar milagres.

Esse é o poder que Deus prometeu àqueles que acreditarem no nome de Jesus Cristo. O próprio poder do

nome. É o poder de Deus operando através de nós, Seus instrumentos. O poder de divino amor, luz eterna,

sabedoria e majestade na vida do homem que acreditar e seguir a crença até a perfeição máxima. É assim

que a fé se transforma em conhecimento – e conhecimento é poder. “A fé promete todas as coisas; e cumpre

todas as coisas.”

Essas grandes promessas, concretizadas na vida do homem, contêm a plenitude do Eterno Evangelho

de Jesus Cristo – “um evangelho de virtude (ou poder), não de palavras.”

Essas promessas são de Deus. São sagradas e verdadeiras. Não falham. Esse poder dinâmico

pertence àquele que não só acredita no nome de Jesus Cristo, mas que também o assume. É o poder daquele

que cumpre a Nova e Eterna Aliança; e Cristo é o mediador através da “Luz de Cristo, que é concedida a

todo homem da terra.” É o poder de Deus ativo nas vidas dos homens que vivem toda Palavra proferida pelo

Senhor, até tornarem-se eles próprios a Palavra. E Deus só fala através dos corações purificados dos

homens.

Ó gloriosos filhos, acordem, livrem-se das tétricas mortalhas da idade e vistam-se de luz eterna.

Cristo é o caminho, a Verdade e a Luz. Sigam essa Luz, que reside em suas almas, e jamais andarão às

cegas, pois caminharão ao lado de Deus. Sim, “tereis domínio sobre a terra e tudo o que nela habita”, “pois

sois feitos à semelhança de Deus.” “Tudo o que é do Pai é também vosso.” Unam-se a Ele em poder,

compreensão, amor e majestade. Esse é o verdadeiro significado das palavras: “Unir-se a Deus.”

Vinde a mim, todos os confins da terra! Vinde! E eu vos protegerei sob minhas asas, para que

escapais da ira que se abaterá sobre todas as nações. Vinde a mim e vos darei descanso; o descanso da

plenitude de minha glória. Vinde agora! Meus braços estão abertos, e minha palavra se dirige a todos os

homens! Vinde!

E nenhum homem lerá estas palavras sem conhecer a verdade através do poder do Espírito Santo, se

pedir em nome de Jesus Cristo, rezando com sinceridade no coração e o pensamento aberto. Sim, através da

Luz de Cristo que nele reside, conhecerá a verdade desta obra – e pela Luz, conhecerá a verdade de todas as

coisas.

“Assim seja.”

Capítulo XXVI

O SELO

Este livro estava pronto e fechado. E então veio-me a ordem de reabri-lo, pois a missão para a qual a

obra fora iniciada ainda não tinha sido revelada. A missão era o total entendimento e a revelação daquela

pequena palavra: FÉ – fé que move montanhas dissolve a amargura e confere ao homem poder infinito. Sim,

a promessa é de que aqueles que acreditarem terão o poder de restaurar, curar, criar e realizar todas as

coisas. E “as promessas são para todos, até os confins da terra.” E, embora o livro já estivesse escrito, esse

poder permanece inacessível. Isso não pode continuar, ou o propósito do livro será em vão, e suas revelações

não terão utilidade para o leitor, nada sendo além de um punhado de letras impressas em papel.

Por isso, veio-me a ordem de reabrir o livro e as portas do universo, deixando o grande e

deslumbrante poder da criação eterna tomar conta das últimas páginas e atingir o leitor.

“A fé é a substância das coisas desejadas” – e a substância das coisas desejadas é a grande energia

da qual tudo é composto, tudo o que existe ou pode existir no pensamento do homem, no campo tangível da

terra ou no reino intangível do espírito.

Com esse conhecimento, compreendemos que a fé é um ELEMENTO; na verdade, o maior de todos,

já que é a mãe dos elementos. É tão palpável e real quanto a radiação, o ar ou a água. É verdadeiramente a

substância-mãe ou elemento primordial do qual todas as coisas são compostas. Aos olhos mortais, a fé não é

Sois Deuses


tangível em seu estado original. Aliás, é tão intangível quanto o hidrogênio ou o oxigênio, ou vários outros

elementos descobertos recentemente. Quando, porém, o maior de todos os elementos é combinado em

proporções corretas, torna-se tão tangível aos sentidos quanto o H20 combinado na forma de água.

O maior dos elementos, essa substância ou matéria Espiritual de criação eterna, energia infinita, e

força do Todo-Poderoso pode tornar-se palpável em novas formas, ou em células e tecidos renovados de um

corpo cansado, ou em qualquer forma que a substância possa assumir através de uma simples combinação de

esperança, pensamento, desejo profundo e emoções ou sentimentos da alma. Quando o pensamento, a

emoção (ou sentimento) e a crença se unem em uma mágica combinação de força, é o poder de criação e FÉ,

ou o grande elemento primordial, espiritual, que recebe o padrão a ser seguido. Essa substância espiritual, ou

energia eterna, preenche todo o espaço, compõe toda a matéria, manifesta-se em toda vida e existência.

“E Jesus disse-lhe: Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê.” (Mar., 9:23)

Porque em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não

duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito.

“Por isso vos digo que tudo o que pedirdes, orando, crede que o receberei e tê-lo-eis.” (Mar., 11:23-

24)

Tal afirmação é tão antiga quanto a própria terra; pelo menos tão antiga quanto a Grande Pirâmide

do Egito, que revela o princípio de fé sem profanar a palavra, como nós freqüentemente o fazemos; pois

omite a palavra em si. Em vez dela, usa o termo “matéria”:

“Ó meu filho, torna-te matéria; foste antes, pois a matéria é o veículo de ser. Tornar-se é a própria

atividade do Deus, que não foi criado e tudo vê. Agraciada com o germe de se tornar (através do desejo, do

pensamento ou da forte esperança), a matéria chega ao NASCIMENTO, pois a força criativa (do

pensamento) molda-a de acordo com as formas ideais. A matéria ainda não gerada não tem forma; ela se

torna, somente quando posta em operação” – pela mente do homem.

Quando abrir a mente para compreender o significado dinâmico da grande substância ou elemento

eterno da existência, o homem perceberá como tem profanado, e até blasfemado o uso da palavra FÉ, por

causa de sua profunda ignorância.

Há séculos, os cristãos proclamam a fé como o seu dom especial, mas sempre foi em vão.

Vangloriam-se do poder da fé com belas palavras; suas obras, porém, estão mortas. “Mostra-me tua fé sem

tuas obras, e eu te mostrarei minha fé através de minha obra.” As obras têm sido interpretadas como se

fossem qualquer serviço banal, uma posição ou cargo de destaque em alguma igreja ou congregação, ou

donativos materiais. A tradução e o uso da palavra estão errados. As palavras de Tiago significam somente

uma coisa: a demonstração de fé através das OBRAS DE FÉ, com o poder dinâmico da criação e realização

dando constante testemunho, ativo na vida do homem. Sem a fé para realizar os milagres e os sinais

prometidos por Cristo àqueles que acreditassem, todas as coisas seriam em vão. Nenhuma doutrina, por mais

verdadeira ou divina, nenhuma autoridade, fórmula, ritual ou discurso podem justificar a falta desse poder

na vida do Cristão devoto. “MEU reino não consiste em palavras, mas em VIRTUDE (ou poder).”

E quando ESSE poder estiver em ação, não poderá ser comprado nem vendido. Ninguém pode

cobrar por ele e fugir da ira divina, pois o poder é de Deus e Seus presentes não podem ser comprados, nem

os benefícios que trazem. “De graças recebestes, de graça dai.” [Mat., 10:8] Aqueles que tentarem vender os

dons e os poderes de Deus perecerão na terra, e no dia do Julgamento serão chamados a prestar contas por

sua petulância em alegar que em Nome Dele fizeram milagres e obras maravilhosas. Tal convencimento lhes

custará os poderes e o direito à misericórdia de Deus – “Afastai-vos de mim, ó infelizes, pois não vos

reconheço.” É verdade que aquele que serve a Deus é digno de seu posto – Sim, do posto superior, que

fornece o total entendimento e poder. E sendo o maior, tal indivíduo deve realmente ser o melhor dos servos,

trabalhar por sua vontade, como o Filho do Deus Vivo fez. E então todas as coisas lhe serão acrescentadas, e

todos os poderes.

Esse elemento dinâmico de criação eterna sempre existiu. Sempre existirá. O homem, no entanto,

jamais o compreendeu. Alguns indivíduos tentaram desesperadamente encontrá-lo para vendê-lo, ou para

glorificar a si próprios, mas pouquíssimos perceberam que esse dom de eterna Fé pertence a todos. É o dom

divino, disponível para uso do homem. Ninguém pode monopolizar esse poder infinito de Deus Todo-

Sois Deuses


Poderoso. É um princípio tão infinito quanto a própria eternidade. Preenche o universo e é gratuito como o

ar que respiramos. É ilimitado, mas sujeita-se à mente do homem mortal.

Na verdade, já o usamos. Todo ser pensante que deseja, odeia, inveja ou espera algo usa esse

elemento, ainda que nem sempre positivamente, pois a humanidade sofre de uma ignorância cega e,

justamente por isso, encontra-se à beira da ruína. O poder tem sido usado para manifestar desejos obscuros e

depravados, sonhos de conquista, poder pessoal e vingança. O mau uso desse poder tem gerado ódio, medo,

ganância e ambição egoísta. Os resultados não podem ser outros senão dor, calamidade e, por fim, a morte.

FÉ, o grande elemento-mãe, a substância Espiritual dinâmica que enche o espaço, o tempo e compõe

todas as coisas, está sempre ao nosso redor. Estamos literalmente imersos nela, somos feitos dela e podemos

controlá-la totalmente se trabalharmos em harmonia com a lei do universo – a lei do amor – amor a Deus, ao

próximo e a todas as coisas criadas, pois essa é a substância de amor e inteligência eternos.

Quando estiver purificado e livre do todo o pecado, eliminando completamente a escuridão, cujas

vibrações destrutivas não poderão mais tocá-lo nem emitir emoções e pensamentos negativos, o homem

cumprirá a promessa quase incompreensível de Deus Todo-Poderoso: Ele, que possui todas as coisas; pois

todas as coisas se sujeitarão a ele, tanto no céu quanto na terra, a Vida e a Luz; o Espírito e o Poder,

enviados pela vontade do Pai, através de Jesus Cristo, Seu Filho.”

Esse princípio de Fé que alcança o infinito na qualidade de maior elemento ou substância Espiritual,

aguardando o momento de agir e tornar concretos os desejos e as esperanças, e de atender as preces, é o

próprio Espírito e poder sujeitos a todos aqueles que desejarem usá-los de acordo com a lei universal – para

o benefícios de todos os homens. É o grande princípio de poder ilimitado sob o qual o céu e a terra foram

fundados, e se sujeitará a todos os que se purificarem do pecado, usando a dinâmica “Luz de Cristo, que é

concedida a todo homem da terra.”

Essa divina Luz de Cristo no interior do homem, aflorada em sua perfeição infinita de completa

realização, É O AMOR – eterno e divino. É o próprio poder da vida, pois é a vida. É a Luz e a vida se

sujeitando a todos os que cumprirem as leis. E aqueles que rejeitarem essa Luz serão realmente condenados.

E ainda que tenham a fé para mover montanhas, ressuscitar os mortos, dar tudo o que possuem e ter o

próprio corpo cremado, sem esse amor, suas obras serão vazias e não passarão de símbolos. Só o amor dá

sentido ao poder e o glorifica com um propósito divino.

Combine esse divino amor crístico com o conhecimento e a compreensão do grande princípio da fé e

as chaves do universo e da vida eterna lhe serão colocadas nas mãos. Essa Luz ou Espírito de Cristo é a

Palavra Viva de Deus, dando testemunho em sua alma, falada através do coração. “A lei chamou deuses

àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida”, pois recebem as chaves de todo o poder e majestade.

E as coisas fracas do mundo virão e destruirão as fortes e poderosas, e o homem não poderá

aconselhar o próximo, nem confiará no braço de carne.

Mas todo homem poderá falar em nome de Deus, o Senhor, o Salvador do mundo;

E que a fé se expanda sobre a terra;

“Que a minha eterna aliança seja estabelecida” nas almas dos filhos dos homens, para que

encontrem o contato divino com o Senhor através da Luz de Cristo, que reside em suas almas.

Este livro foi escrito com este propósito: que o Espírito de Deus comece a jorrar sobre toda a carne,

e que o conhecimento de Deus cubra a terra como as águas cobrem o mar; que a idolatria, o orgulho, a

petulância, a arrogância e os monopólios cessem e que o poder de Deus se manifeste da vida de cada

homem.

Assuma a Luz de Cristo que veio com você ao mundo, em sua alma, e receba os poderes do

universo, pois todas as coisas se sujeitarão a você, no céu e na terra, a Luz e a Vida, o Espírito e o poder de

criação e da vida eterna. Nada lhe será impossível. Saiba isso, ó homem: o que foi realizado antes pode se

repetir agora. E coisas maiores do que as feitas no passado o aguardam, se VOCÊ assumir o inefável poder

da fé. “Tudo o que é do Pai é também vosso.” Sim, o próprio poder de criação espera pelo toque de suas

mãos e a abertura de sua mente. Adiante-se e exija o seu direito, pois Deus é o seu Senhor. “Qualquer que

ama é NASCIDO DE DEUS E CONHECE A DEUS.” (I João, 4:7; ver também Rom., 13:7 e 1, e Gál., 5:13-

14 e 18 e versículos 22-23)

Sois Deuses


Se esse poder de fé for usado para realizar os desejos pessoais e os caprichos humanos, então a

glória e os poderes maiores do Reino de Deus jamais se manifestarão. Mas buscai primeiro o reino de Deus,

e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

Este é o aval das bênçãos e dos poderes de Deus Todo-Poderoso, oferecidos à raça humana.

Sim, Acaso acabaram os milagres?




que os anjos aparecem e ministram aos filhos dos homens; e se tais coisas cessarem, ai dos filhos dos

homens, pois será por causa de sua falta de fé, e tudo será em vão.” Completamente em vão.

Sim, este é o registro das bênçãos e dos poderes de Deus Todo-Poderoso, oferecidos à raça humana,

e o Selo de Deus está sobre ele, e nada poderá destruí-lo. Aquele que erguer a mão ou a voz para destruir o

Selo destruirá a si próprio, pois assim falou Deus. E Suas palavras serão testificadas por Seu Filho através

da Luz na alma de cada homem, e através do Espírito Santo, a todos os que, com humildade e coração

aberto, pedirem para conhecer a Verdade desta obra, já que foi ditada pelo poder de Deus Todo-Poderoso,

através do nome de Seu Filho, Jesus Cristo. E, pelo poder do Espírito Santo, ela perdurará. Amém.

Sois Deuses - VISIONVOX · O pai ainda vai ao trabalho com ele, cuidando do velho carro como se...

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