Solfejo: Características e focos de aprendizagem

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ANPPOM – Décimo Quinto Congresso/2005 385 CARACTERÍSTICAS E FOCOS DE APRENDIZAGEM DE DIVERSOS SISTEMAS DE SOLFEJO Ricardo Dourado Freire [email protected] Departamento de Música da Universidade de Brasília Resumo Apresentação de diversos sistemas de solfejo e sua caracterização quanto ao processo histórico e foco de aprendizagem. Análise dos elementos que estruturam os sistemas de solfejo fixo, solfejo móvel e solfejo por relações intervalares a partir das relações entre Macroestrutura e Microestrutura. Palavras-chave: Teoria Musical, Sistemas de Solfejo, Aprendizagem Musical. O solfejo está presente em várias culturas do mundo, tanto na Europa quanto na Ásia. Culturas milenares associam uma seqüência de sílabas a determinadas alturas específicas ou seqüências de sons. A metodologia de associar sons a sílabas funciona como ferramenta no processo de transmissão oral da música, no ensino e como auxílio no processo de me- morização de trechos musicais. De acordo com HUGHES (1980), o solfejo não deve ser confundido com um sistema de notação, pois trata-se de um método de reconhecimento auditivo e não de reconhecimento visual. Na Grécia antiga, os escritos de Aristides Quintilianus apresentam os nomes das altu- ras dos tetracordes vinculados a sílabas (ti-ta-te-to). Na China, no séc. II D.C. , o sistema de modos pentatônicos usava sílabas (Kung, shang, chüeh, chih, yü) para estabelecer um sistema relativo. Indicações de sistemas silábicos na representação de alturas musicais es- tão presentes também na Coréia, Japão, Vietnã, Indonésia e Índia. (SADIE, 1980b) O primeiro teórico a propor o uso de um sistema de solmização amplamente aceito foi Guido D’Arezzo no séc. XI. O monge italiano associou as primeiras sílabas do Hino a São João Batista às notas que iniciavam cada verso formando os seis primeiros sons da escala maior diatônica. As sílabas Ut, Ré, Mi, Fá, Sol e Lá passaram a servir como referenciais para os sons a serem cantados. “O princípio mais importante do sistema de Guido e dos seus sucessores é o da mobilidade, ou seja, da relatividade das sílabas, com respeito às fre- quências sonoras fixas (GOLDENBERG, 2000, 4).” Desta maneira, poderiam ser formados

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    CARACTERSTICAS E FOCOS DE APRENDIZAGEM DE DIVERSOS

    SISTEMAS DE SOLFEJO

    Ricardo Dourado Freire [email protected]

    Departamento de Msica da Universidade de Braslia

    Resumo

    Apresentao de diversos sistemas de solfejo e sua caracterizao quanto ao processo histrico e foco de aprendizagem. Anlise dos elementos que estruturam os sistemas de solfejo fixo, solfejo mvel e solfejo por relaes intervalares a partir das relaes entre Macroestrutura e Microestrutura.

    Palavras-chave: Teoria Musical, Sistemas de Solfejo, Aprendizagem Musical.

    O solfejo est presente em vrias culturas do mundo, tanto na Europa quanto na sia. Culturas milenares associam uma seqncia de slabas a determinadas alturas especficas ou seqncias de sons. A metodologia de associar sons a slabas funciona como ferramenta no processo de transmisso oral da msica, no ensino e como auxlio no processo de me-morizao de trechos musicais. De acordo com HUGHES (1980), o solfejo no deve ser confundido com um sistema de notao, pois trata-se de um mtodo de reconhecimento auditivo e no de reconhecimento visual.

    Na Grcia antiga, os escritos de Aristides Quintilianus apresentam os nomes das altu-ras dos tetracordes vinculados a slabas (ti-ta-te-to). Na China, no sc. II D.C. , o sistema de modos pentatnicos usava slabas (Kung, shang, cheh, chih, y) para estabelecer um sistema relativo. Indicaes de sistemas silbicos na representao de alturas musicais es-to presentes tambm na Coria, Japo, Vietn, Indonsia e ndia. (SADIE, 1980b)

    O primeiro terico a propor o uso de um sistema de solmizao amplamente aceito foi Guido DArezzo no sc. XI. O monge italiano associou as primeiras slabas do Hino a So Joo Batista s notas que iniciavam cada verso formando os seis primeiros sons da escala maior diatnica. As slabas Ut, R, Mi, F, Sol e L passaram a servir como referenciais para os sons a serem cantados. O princpio mais importante do sistema de Guido e dos seus sucessores o da mobilidade, ou seja, da relatividade das slabas, com respeito s fre-quncias sonoras fixas (GOLDENBERG, 2000, 4). Desta maneira, poderiam ser formados

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    trs conjuntos de hexacordes principais, baseados nas notas C, F e G, que apresentavam a seqncia diatnica maior (tom-tom-semiton-tom-tom). Por volta do ano 1600, a slaba si foi adicionada para completar a escala diatnica e, no mesmo perodo, tericos italianos substituram ut por d, embora ut continue a ser usado na Frana at os dias atuais.

    No decorrer da renascena, a partir da presena das alteraes (musica ficta) e com o uso de outros centros tonais, alguns tericos propuseram sistemas de solfejo prprios que caram em desuso. O uso de slabas diferentes do sistema DArezzo e escalas baseadas em sete notas foram estruturados em sistemas por Ramos de Pereia (publicado em 1482), Humbert Waelrant (1517-98), Daniel Hitzler (1576-1635) e Carl Graun (1704-59). (RAN-DEL, 1986)

    Sistemas de Solfejo Modernos Os modelos de solfejo presentes na cultura ocidental tiveram forte influncia da meto-

    dologia original de solmizao do padre Guido DArezzo. O princpio da mobilidade foi utilizado como parmetro principal na organizao dos sistemas de solfejo mvel. As sla-bas Guidonianas serviram de base para a nomenclatura musical na Frana durante o sc. XVII e o sistema de relaes intervalares foi desenvolvido no sc. XX. (Tabela 1)

    Tabela 1

    O sistema de solfejo D-fixo foi estabelecido no sc XVIII, no perodo de formao do Conservatrio de Paris, quando os msicos franceses passaram a designar as notas indi-cadas anteriormente pelas letras com as slabas usadas por DArezzo. Esta prtica musical se disseminou pelos pases de lngua romnica, que serviram de parmetro para a educao musical no Brasil e Amrica Espanhola. Neste sistema as slabas so cantadas de acordo com as notas designadas na partitura sem indicaes silbicas para as alteraes (susteni-

    SISTEMAS DE SOLFEJO FIXO SISTEMAS DE SOLFEJO M-VEL

    SISTEMA DE RELA-ES INTERVALARES

    D fixo Letras alfabticas Solfejo por intervalos Tonwort (Carl Eitz) Bogeanu

    D mvel Nmeros

    Solfejo por intervalos

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    dos ou bemis), cada nota est vinculada aos parmetros fixos da afinao, tendo como referncia a afinao da nota l, como por exemplo L=440 hz nas prticas modernas.

    O uso de letras alfabticas representar as freqncias sonoras e designar notas musi-cais remonta ao tratado Dialogus de Musica, publicado no Sc. X, de autor desconhecido. Este sistema foi utilizado principalmente na teoria e pedagogia musical durante o perodo medieval e renascena. Na Inglaterra e EUA o sistema foi adotado com a seqncia alfab-tica de A, B, C, D, E, F, G, sendo A=440Hz, representando a escala maior. Na Alemanha, o sistema de letras tambm adotado sendo que B representa a nota Sib, enquanto H re-

    presenta a nota Si. No sistema alemo existem designaes especficas para as alteraes, sendo acrescentado no final das letras is para designar sustenidos, es para bemis, isis para dobrados sustenidos e eses para dobrado bemis. (Tabela 2)

    Tabela 2

    Um sistema silbico organizado a partir de critrios racionais foi criado pelo matem-tico e professor de msica alemo Carl Eitz. Em 1892, Eitz estabelece as bases Tonwort: um sistema de solfejo no qual estavam especificadas slabas distintas para cada nota diat-nica, cromtica e enarmnica da escala no temperada. (Tabela 3)

    Tabela 3

    Sistema Alemo de Letras Alfabticas (CDE-Notenbezeichnungen) ] hisis Cisis Disis esis fisis gisis aisis a

    cis dis fis gis ais His Nota C D E F G A H C b

    des es ges as B deses Eses Fes geses ases beses ces

    Sistema Tonwort de Carl Eitz ] Bo Tu Ga sa le fi no bo a

    ro mu pa de ki

    Nota Bi (D) To Gu Su la Fe ni Bi (D) b

    ri mo pu da ke Be Ti Go so lu fa ne be

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    De acordo com PHLEPS (2004), no perodo entre 1917 e 1930, a partir das idias de Carl Eitz, foram criados na Alemanha vrios sistemas de solfejo baseados na relao espe-cfica entre slabas de solfejo e sua notao musical. Podem ser citados, entre outros os sistemas de Wilhelm Amende (1917), A. Bayer (1924), Max Freymuth (1926), Adalbert Hmel (1918), Robert Hvker (1926, Lateno-Reihe) , Wilhelm Schaun (1926), Anton S-chiegg (1923), Hermann Thiessen (1926-27) , Heinrich Werl (1930, Sistema absoluto de relao nota-slaba do fontico Grundlage), Adolf Winkelhake (1929).

    O sistema de Eitz apresenta uma restruturao total dos conhecimentos musicais pr-vios, neste caso,o excesso de fatores novos, dissociados das prticas pedaggicas no per-mite o encadeamento de elementos musicais anteriores, sendo necessrio a formulao de uma nova estrutura de conhecimentos musicais. Devido as dificuldades de implementao, esta proposta foi abandonada na Prssia entre 1914 e 1925. (SADIE, 1980a)

    Seguindo a perspectiva fontica de Eitz, o romeno Costantin Bugeanu, estabeleceu um sistema no qual existe uma coerncia entre as consoantes, que seguem o modelo Guidonia-no, e as vogais so alteradas de acordo com a alterao especfica. (Tabela 4)

    Tabela 4

    O sistema de Bugeanu apresenta fatores semelhantes ao sistema de Eitz. O excesso de informaes dificulta a aprendizagem ao seguir um padro racional e no uma perspectiva musical do processo de aprendizagem. A substituio de algumas notas da escala Guidoni-

    ana, como associao da slaba D representando D ou L representando a nota L#, j traz em si um fator que dificulta seu uso por pessoas que esto em contato com a nomen-clatura tradicional.

    Sistema de Constantin Bugeanu de Solfejo (35 slabas) ]

    di ro Mu fu ga le Si a

    de ri mo Fo Gu la Se Nota Da (d) Re Mi Fi Go Lu Sa Da (d) b

    ra me f Gi Lo su du Ru ma fa ge li so do

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    Na Inglaterra, na primeira metade do sc. XIX, Sarah Glover adaptou o sistema de solfejo de Guido DArezzo e estabeleceu que as slabas do solfejo iriam indicar as funes tonais de uma escala maior e no as alturas especficas das notas. O princpio do sistema entitulado Tnica Sol-Fa (Inglaterra) e posteriormente Tonika-Do (Alemanha) o caracter mvel das slabas de solfejo, sendo que todas as tonalidades devem ser cantadas utilizando D como tnica. Desta maneira, uma melodia escrita em F Maior dever ser cantada u-sando as slabas da escala maior sendo que a nota f ser representada pela slaba d (tni-ca), o sol pelo mi (Supertnica), o l pelo mi (mediante), e assim sucessivamente, sempre mantendo as relaes entre as funes tonais.

    O sistema de Sarah Glover inclua, tambm, o uso de slabas especficas para cada al-terao, uma notao especfica utilizando letras e ritmos sem o uso da pauta, e o uso de sinais manuais (manosolfa) para auxiliar na aprendizagem em grupo. John Curwen, minis-tro anglicano, que desejava popularizar a leitura musical nas congregaes, tornou-se cle-bre ao organizar um movimento de canto coral na Inglaterra utilizando a metodologia de Sarah Glover, sendo muitas vezes confundido como autor da Tnica Sol-fa. Posteriormen-te, o sistema D-mvel foi adaptado pelo educador musical Zltan Kodaly, sendo difundi-da em todo mundo associado metodologia Kodaly.

    O sistema de solfejo com D mvel estabelece slabas especficas para as alteraes cromticas sendo que os sustenidos sero representados pela adio da vogal i, substituin-do as vogais da escala de DArezzo. No sistema utilizado nos EUA, os bemis so repre-sentados com a adio da vogal e no substituindo as vogais da escala, sendo excesso a slaba Rb, que ser pronunciada R. (Tabela 5) Alm do modelo americano, existem al-gumas variaes na utilizao das vogais descendentes nas prticas adotadas na Alemanha e Hungria.

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    Tabela 5

    O sistema por nmeros partilha dos mesmos princpios do solfejo mvel ao selecionar os nmeros que devem ser cantados de acordo com a funo tonal. Neste caso a tnica ser sempre 1, a subdomintante ser 4, a dominante 5 e os demais nmeros correspondero s respectivas funes em qualquer tonalidade maior, menor ou nos diferentes modos eclesi-ticos.(MED, 1981). Na performance musical deve-se estabelecer a nota que atuar como tnica nos trechos desejados e cantar os graus plenos, sem indicaes especficas para sus-tenidos ou bemis.

    O sistema de solfejo por intervalos baseia-se na fixao de intervalos especficos e na anlise de seqncias de intervalos para a posterior execuo musical. Os intervalos so internalizados por meio de associao com intervalos previamente cantados. Neste caso, o foco a relao entre cada grupo de duas notas e torna-se essencial o domnio de conhe-cimentos teoria musical bsica e anlise de notas, tonalidades para a performance do solfe-jo. O sistema por intervalos torna-se extremamente racional pois desconsidera as relaes de contexto musical, sendo baseado apenas nas relaes absolutas entre intervalos. Alm disso, a anlise de intervalos faz-se impossvel de ser utilizada em situaes de performan-ces reais, uma vez que o tempo de processamento da anlise racional de um intervalo, sua projeo musical e a realizao dentro de uma pea so de realizao complexas em pero-dos de tempo extremamente exguos.

    Sistema D-mvel usado nos EUA a

    Di Ri Fi Si Li

    Nota D R Mi F Sol L Ti D b

    R Me (Fe) Se Le Te (De)

    Tonika-Do (Alemanha) # Di Ri (m) Fi Si Li (t)

    Nota D R Mi F Sol L Ti D B R Me Se Le Te

    Mtodo Kodaly (Hungria) # Di Ri Fi Si Li

    Nota D R Mi F Sol L Ti D B R M Lo T

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    Caractersticas dos sistemas de solfejo Os sistemas de solfejo apresentados neste artigo apresentam caractersticas e focos de

    aprendizagem especficos. Cada sistema privilegia determinados aspectos na abordagem da prtica do solfejo valorizando aspectos a partir da relao entre os parmetros da altura do som (Solfejo fixo), o parmetro das funes tonais (Solfejo mvel) ou as relaes interva-lares entre duas notas.

    No sistema fixo, o foco de aprendizagem est direcionado para os parmetros absolu-tos das freqncias sonoras sendo que as slabas de solfejo representam as notas musicais indicadas na partitura. Neste caso, a microestrutura estabelecida como objetivo central, cada slaba est relacionada fixamente com uma nota musical independente do contexto musical. Cada slaba ir representar a nota que est representada na partitura e dever ser executada no instrumento. Neste caso, o processo de associao mecnica entre slaba e digitao instrumental reforado uma vez que cada slaba poder indicar qual a nota que dever ser tocada. Esta prtica muito adotada em ambientes no qual a prtica de leitura a primeira vista valorizada como elemento fundamental da performance musical para que os msicos possam ser eficientes nas prticas musicais coletivas

    Os sistemas de solfejo mvel focalizam a aprendizagem a partir da macroestrutura musical. O conhecimento do contexto harmnico elemento fundamental para estabelecer as funes de cada altura no contexto musical. As slabas ou nmeros so atribudos s notas de acordo com a anlise da escala ou modo que dever ser entoado, assim sendo faz-se necessrio conhecer o modo e a tnica do trecho musical antes da atribuio das slabas que devem cantadas. A partir da conscincia do contexto musical e o reforo das funes tonais a afinao temperada privilegiada neste processo e o conjunto musical torna-se fator essencial para o desenvolvimento da participao musical.

    No sistema por relaes intervalares o foco o detalhe terico, neste caso uma atomi-zao do conhecimento musical. Nesta situao faz-se necessrio conhecer teoria musical para desenvolver a prtica do solfejo. A anlise racional a partir da fixao de intervalos puros altamente estranha ao contexto musical. Ao analisar os sistemas de solfejo fixo e solfejo fixo a partir de uma proposta dialtica possvel identificar os elementos antagni-cos quanto a abordagem do contedo musical: Macroestrutura X Microestrutura. Uma proposta de sntese destas abordagens ser necessria para ampliar as possibilidades nas

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    prticas de solfejo no intuito de resolver problemas estruturais que afligem professores e alunos de msica. No entanto, faz-se necessrio um novo artigo para discutir as possibili-dades e fatores que promovam uma sntese sustentvel e realizvel como prtica musical.

    Referncias Bibliogrficas

    BIERHANCE, Jrg (2000). Solfge: The Next Step. Acessado no stio http://www.ars-musica.org/Bugeanu-Solfeggio.html, em novembro de 2004. (Publicado originalmente em: "Podium Notes" of the Conductors Guild, Chicago, USA, Summer/Fall 2000) GOLDEMBERG, Ricardo.(2000) Mtodos de Leitura Cantada: d fixo versus d mvel. Revista da ABEM, n. 5, pg. 5. LANDIS, Beth and Polly Carder (1990). The Kodly Approach. IN: CARDER, P. (Ed.) The Eclectic Curriculum in American Music Education. Reston-VA, MENC, 1990. Pag 57-74. PHLEPS, Thomas (2004). Die richtige Methode oder Worber Musikpdagogen sich s-treiten. Acessado no stio http://www.uni-giessen.de/~g51092/Methode.html , em novem-bro de 2004. RANDEL, Don Michael (ed.). Havard Dictionary of Music. Cambridge, Havard University Press, 1986. HUGHES, Andrew, GERSON-KIWI, Edith (1980). Solmization RAINBOW, Bernarr (1980). Eitz Method, , in: The New Grove, ed. Stanley Sadie. Lon-dres: Macmillan.