Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

12
IMPRESSO ESPECIAL CONTRATO N o 9912233178 ECT/DR/RS FUNDAÇÃO PRODEO DE COMUNICAÇÃO CORREIOS Porto Alegre, 16 a 31 de outubro de 2010 Ano XVI - Edição N o 572 - R$ 1,50 NESTA EDIÇÃO Voz do PASTOR Nosso portal já está na web. Acesse e deixe sua opinião e sugestões. www.jornalsolidario.com.br A Mãe de Jesus Cristo Página 2 Educação e Psicologia Família e Sociedade Página 5 Educar traz para nós, pais, muitos de- safios, principalmente hoje em dia onde a gama e a rapidez de informações são mui- to grandes. Página 3 O único tesouro que le- vamos conosco para a eternidade é o bem que praticamos nesta vida”. Ao assumirem seus cargos em 1º de janeiro de 2011, os novos senadores, deputados es- taduais e federais, os novos governadores e quem vier a ser o presidente do País, terão muito trabalho para tentar cumprir parcialmente o que prometeram durante suas campanhas eleitorais. E o eleitor tem papel primordial nessa tarefa, porque detém o direito e o dever de cobrar daqueles a quem delegou poder de representá-lo. Páginas 6 e 7 Beatificação de Madre Bárbara Irmã Gentila Richetti, postuladora da causa de canonização de Ma- dre Bárbara Maix, já está em Porto Alegre. A religiosa veio para acompanhar de perto os encaminhamentos finais para a celebração da beatificação, inédita na capital gaúcha, dia 6 de novembro, no Gigan- tinho. Madre Bárbara é fundadora das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e viveu 14 anos em Porto Alegre. Austríaca, veio ao Brasil onde fundou, em 1849, a Congregação, mantene- dora de várias escolas no RS, entre elas o Colégio N. Sa da Glória, em Porto Alegre, e o Colé- gio Madre Bárbara, em Lajeado. Página 11 Eleições 2010 Volta à realidade após as promessas de campanha Seminário Católico- Luterano: propostas de ações comuns de aproximação maior Contracapa Se não receber o Solidário, reclame (tel. 3221.5041 ou solidario@por- toweb.com.br). É serviço terceirizado. Imagens: Divulgação

description

Jornal Solidário

Transcript of Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

Page 1: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

IMPRESSO ESPECIALCONTRATO No 9912233178

ECT/DR/RSFUNDAÇÃO PRODEODE COMUNICAÇÃO

CORREIOS

Porto Alegre, 16 a 31 de outubro de 2010 Ano XVI - Edição No 572 - R$ 1,50

NESTA EDIÇÃO

Voz doPASTOR

Nosso portal já está na web. Acesse

e deixe sua opinião e sugestões.www.jornalsolidario.com.br

A Mãe de Jesus Cristo

Página 2

Educação e Psicologia

Família e Sociedade

Página 5

Educar traz para nós, pais, muitos de-safios, principalmente hoje em dia onde a gama e a rapidez de informações são mui-to grandes.

Página 3

“O único tesouro que le-vamos conosco para a eternidade é o bem que praticamos nesta vida”.

Ao assumirem seus cargos em 1º de janeiro de 2011, os novos senadores, deputados es-taduais e federais, os novos governadores e quem vier a ser o presidente do País, terão

muito trabalho para tentar cumprir parcialmente o que prometeram durante suas campanhas eleitorais. E o eleitor tem papel primordial nessa tarefa, porque detém o direito e o dever de

cobrar daqueles a quem delegou poder de representá-lo.Páginas 6 e 7

Beatificação de Madre Bárbara

Irmã Gentila Richetti, postuladora da causa de

canonização de Ma-dre Bárbara Maix, já está em Porto Alegre. A religiosa veio para

acompanhar de perto os encaminhamentos finais

para a celebração da beatificação, inédita na capital gaúcha, dia 6 de novembro, no Gigan-tinho. Madre Bárbara é fundadora das Irmãs do Imaculado Coração

de Maria e viveu 14 anos em Porto Alegre.

Austríaca, veio ao Brasil onde fundou, em 1849, a Congregação, mantene-

dora de várias escolas no RS, entre elas o Colégio

N. Sa da Glória, em Porto Alegre, e o Colé-gio Madre Bárbara, em

Lajeado. Página 11

Eleições 2010Volta à realidade após as promessas de campanha

Seminário Católico-Luterano: propostas de

ações comuns de aproximação maior

Contracapa

Se não receber o Solidário,

reclame (tel. 3221.5041 [email protected]).

É serviço terceirizado.

Imagens: Divulgação

Page 2: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010A RTIGOS 2

Fundação Pro Deo de Comunicação

Conselho DeliberativoPresidente: José Ernesto

Flesch ChavesVice-presidente: Agenor Casaril

CNPJ: 74871807/0001-36

Voluntários Diretoria Executiva

Diretor Executivo: Jorge La Rosa Vice-Diretor: Martha d’Azevedo

Diretores Adjuntos: Carmelita Marroni Abruzzi, José Edson Knob e

Ir. Erinida GhellerSecretário: Elói Luiz ClaroTesoureiro: Décio Abruzzi

Assistente Eclesiástico: Pe.Attílio Hartmann sj

RedaçãoJorn. Luiz Carlos Vaz - Reg. 2255 DRT/RS

Jorn. Adriano Eli - Reg. 3355 DRT/RSCristiano Varisco - Estagiário de Jornalismo

Revisão Nicolau Waquil, Ronald Forster

e Pedro M. Schneider (voluntários)Administração

Elisabete Lopes de Souza e Norma Regina Franco LopesImpressão

Gazeta do Sul

Rua Duque de Caxias, 805 Centro – CEP 90010-282

Porto Alegre/RSFone: (51) 3221.5041 – E-mail:

[email protected]

Conceitos emitidos por nossos colaboradores são de sua inteira responsabilidade,

não expressando necessariamente a opinião deste jornal.

Conselho Editorial Presidente: Carlos AdamattiMembros: Paulo Vellinho,

Luiz Osvaldo Leite, Renita Allgayer e Beatriz Adamatti Diretor-Editor

Attílio Hartmann - Reg. 8608 DRT/RSEditora Adjunta

Martha d’Azevedo

Voz doPASTOR

Dom Dadeus GringsArcebispo Metropolitano

de Porto Alegre

A mãe de Jesus Cristo EDITORIAL

reflexões de um eleitor indignAdo

“Seria injusto se todos os políticos fos-sem jogados na vala comum da corrup-

ção”.

No Rio Grande do Sul, cuja população gira em torno de dez milhões de habitantes,

anualmente participam mais de dois milhões de fiéis em procissões ma-rianas de cunho diocesano, nas 18 dioceses do Estado. Isto representa 20% de toda a população. Basta citar as mais concorridas: Navegantes, em Porto Alegre, Medianeira, em Santa Maria, Caravaggio, em Farroupilha, Nossa Senhora de Fátima, em Erechim, e Nossa Senhora Conquistadora, em Uruguaiana. O mes-mo fenômeno se registra no Brasil inteiro, tendo como símbolo o Santuário de Aparecida; e se alastra por todo o mundo com as peregrinações aos mais famosos santuá-rios marianos em praticamente todos os paises do mundo.

Partimos desta constatação para referir uma espécie de plebiscito mundial da devoção a Maria, a mãe de Jesus. E isto não é de hoje. Faz parte da história da Igreja. Va-mos, por isso, à fonte. Encontramos, em S. Lucas, a pro-fecia que lhe garante autenticidade: “De agora em diante todas as gerações me proclamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). Nosso povo é fiel à Bíblia. Cumpre o que ali se diz de Maria, cujo primeiro elogio veio do arcanjo Gabriel, que a proclamou “cheia de Graça” e nos garante que o Senhor está com ela (Lc 1,28). Podemos, pois, recorrer a este reservatório de graças e ali encontrar Deus.

Nossa fé não nos cumula de verdades, por assim dizer abstratas. Leva-nos concretamente ao encontro salvífico de pessoas. Em primeiro lugar, com as pessoas divinas, do Pai, que reconhecemos como Criador, do Filho, que acolhemos como Redentor, do Espírito Santo, que nos foi enviado como Santificador e Consolador. Mas logo nos damos conta de que não estamos a sós diante da majestade infinita de Deus. Ele mesmo, por

seu Filho, com a força do Espírito Santo, nos tornou sua família. Congregando-nos de todos os povos, ao longo da história, constituiu-nos membros de sua Igreja. Somos muitos irmãos, todos um em Cristo. Fé é convivência. Por isso, quem crê nunca está sozinho.

Na convivência eclesial, por provi-dência divina, que remonta ao Testamento

da Cruz, recebemos uma mãe. É aquela mesma que gerou Jesus Cristo e o acompanhou na sua infância, adolescência, juventude e esteve aos pés de sua cruz, onde recebeu o grande legado da Igreja. Jesus lhe confiou, na pessoa do discípulo amado, toda a Igreja e cada um de seus fieis, remidos por seu sangue (cf Jo 19,26). Não somos órfãos de mãe, em nossa fé. Ela vela por nós para nos garantir, com a proclamação de Isabel, que também nós somos felizes na medida de nossa fé: “Feliz tu que creste” (Lc 1,45).

Os católicos testemunham não só a verdade da Sagra-da Escritura, unindo-se ao coro de todas as gerações, para proclamar Maria feliz, mas também atestam a importância dela em sua vida particular. A própria Igreja não cessa de engrandecê-la, através da liturgia e da formação de seus fieis, mostrando-lhes a importância desta devoção, tanto para a sua fé autêntica quanto para a integral vivência do Evangelho. Quem experimenta a proteção de Maria jamais duvida dela.

Todos os dias a saúda com o anjo, nos primórdios da revelação cristã: “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco” e lhe pede “Rogai por nós, agora e na hora de nossa morte”. Ter a mãe junto de si, em cada momento, proporciona paz, segurança, alegria. É a Mãe de Jesus. Ela no-lo mostra presente e nos exorta a fazer sua vontade (cf Jo 2,5). Unimo-nos a Jesus, nosso Salvador, no amor que Ele tem para com seu Pai, que o gera desde a eternidade, e para com sua mãe, a sempre Virgem Maria.

Frei BettoEscritor

Miro a propaganda eleitoral na TV, ouço-a no rádio. E me pergunto: em que galáxia habito? Fico a me perguntar se o desfile mórbido de

candidatos difere muito da apresentação dos gladiadores prestes a disputar o direito à vida no Coliseu de Roma.

Claro que incontáveis aparelhos de TV e rádio des-ligados no horário eleitoral significam um recado óbvio: reforma política já! Como não virá imediatamente, tudo indica que, de novo, a partir de 2011, veremos a nossa representação política – nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado – integrada por figuras respeitáveis, competentes, éticas, ombro a ombro com o besteirol: políticos eleitos, não pelo que represen-tam como promotores do bem comum, e sim pela fama na mídia, no esporte, na esbórnia, na exuberância das nádegas e no escracho geral.

Pobre Brasil! A culpa é de quem? Do eleitor? Discordo. A culpa é dos partidos que aceitam filiações irresponsáveis, funcionam como legenda de aluguel, abrem as portas aos arrecadadores de votos, meros candidatos-iscas para robustecer a bancada partidária no Poder Legislativo. Não importa se o eleito não fala lé com cré. Importa é ter amealhado votos em quantidade.

O Brasil precisa, sim, urgentemente, de uma reforma de seu sistema político. Não basta mudar as regras do jogo. Faz-se necessário modificar a atual cultura política, fundada no compadrio e nepotismo (como pode uma ministra incorporar familiares na máquina do governo?),

no tráfico de influências, no uso dos recursos do Estado para benefício próprio.

Quem se faz representar em nosso poder legislativo? A elite, o agronegócio, os lobbies de armas e bebidas alcoólicas, da devastação da Amazônia e da abertura irres-ponsável do país ao capital estrangeiro. Esta é a minoria da população, poderosa, mas minoria.

Introduzir uma nova cultura política é criar mecanis-mos de controle civil do poder público, de modo a inibir a corrupção, punir os que agem ao arrepio das leis e combater tudo isso que, na estrutura socioeconômica brasileira, favorece e fortalece diferentes formas de desigualdades.

A revogabilidade de mandatos, mormente em casos de corrupção comprovada, deveria figurar como princípio pétreo em nosso sistema político. Por que permitir que uma mesma pessoa possa, indefinidamente, candidatar-se, perpetuando-se na política? Para avançar rumo à democra-cia participativa, o Brasil precisa reformular seu sistema de comunicação, de modo a possibilitar o acesso dos setores populares à livre expressão; promover plebiscitos e consultas populares; adotar o financiamento público de campanhas eleitorais; criar mecanismos de controle social das políticas econômicas e do orçamento. Por que não há representação sindical na direção do Banco Central?

Como falar em democracia se, em plena campanha presidencial, apenas quatro candidatos têm direito a par-ticipar dos debates na TV? E os demais?

A aprovação da Ficha Limpa demonstra que a socie-dade civil organizada e mobilizada pode mais do que ela mesma crê. Autoridade é o povo, de quem os políticos são meros servidores. (www.freibetto.org)

Democracia fortaleciDa

O Solidário se posiciona, sim, quando se fala em política. E afirma que a boa política não se faz apenas e somente em ano eleitoral, mas é uma missão de todo cidadão em

todo o tempo. É missão dos eleitos para algum cargo público e é missão dos eleitores que os elegeram e, mesmo, os que sufra-garam candidatos que não se elegeram. Dos eleitos, para que realizem o que prometeram em suas campanhas; dos eleitores, tomando a peito a missão de cobrar as promessas de campanha. Um dos grandes equívocos de grande parte dos brasileiros é fazer das eleições apenas um marco ou um evento, mais ou menos forte ou mais ou menos significativo, que acontece de tempos em tempos. E que cai no ostracismo, no esquecimento, passado o evento como tal. Ter consciência política significa ser político todo o ano, toda a vida. Isso dá por suposto que políticos somos todos: alguns, que se dispõe a servir ao bem co-mum, no espaço político-partidário, em funções e cargos para os quais foram eleitos; outros, milhões, que assumem a missão cida-dã de fazer com que o bem comum aconteça de fato, colaborando para que o país seja mais justo, honesto, solidário, um país de todos e para todos os brasileiros.

Dentro deste contexto e reflexão, é inconcebível e profundamente lamentável que sejam eleitos candidatos absolutamente despreparados para determinado cargo público. O voto de protesto contra os maus políticos e a má política certamente não passa pelo voto dado a humoristas e jogadores de futebol, casos mais explíci-tos deste voto alienado e inconsequente das recentes eleições. Um país que se quer dar o respeito não pode dar-se a este tipo indigno de manifestação da sua inconformidade com a política que é praticada no país por uma parte dos políticos. E nunca é demais repetir: apenas uma parte. Seria injusto e igualmente lamentável se todos os políticos fossem jogados na vala comum da irresponsabilidade, da corrupção, do nepotismo, do uso do poder público para seu próprio benefício.

Criar uma consciência política é uma urgente necessidade para que os eleitores não se deixem enganar por discursos empolados, cheios de promessas que tais candidatos sabem de antemão que não podem cumprir. E a criação de uma consci-ência política passa pela educação política, a educação cidadã.

O que não deixa de ser alvissareiro e merecedor de justa satisfação para quem quer um Brasil mais justo e honesto, par-ticipativo e solidário, é sentir que, nestas eleições, houve um real fortalecimento da democracia. E é nossa esperança de que, para o segundo turno das eleições para os cargos ainda não de-finidos, os candidatos deixem de fazer promessas e apresentem projetos e programas reais e factíveis para suas gestões. O que queremos é um Brasil socialmente mais justo, economicamente mais solidário, humanamente mais digno. Um Brasil de todos os brasileiros e brasileiras (leia a ótima análise de Carlos Gadea na página 7 desta edição em entrevista exclusiva ao Solidário).

111 milhões de brasileiros foram às urnas no dia 3 de outubro. Quantos realmente sabem que seu voto gera conse-quências? Que, ao cumprir o dever do voto, assumem a missão de cobrar dos que receberam seu voto? Como poderão exigir dos eleitos – deputados estaduais e federais, senadores, gover-nadores e presidente – o cumprimento de promessas feitas nas campanhas? Algumas respostas e diretrizes, nesta edição do Solidário (página 6).

Na contracapa, nosso leitor tem duas notas sobre o mesmo tema: ecumenismo. Depois de 45 anos da conclusão do Concilio Ecumênico Vaticano II (1965), a caminhada para a unidade dos cristãos ainda encontra resistências e muitas incompreensões. ([email protected])

Page 3: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010 FAMÍLIA &SOCIEDADE 3

Educar traz para nós, pais, mui-tos desafios, principalmente hoje em dia onde a gama e a rapidez de informações são muito grandes. Por isto, para mim, um dos maiores desafios, além dos limites que temos que dar diariamente, é o de poder olhar para minha família e saber o que realmente queremos para nós. E isto implica tentar sair do sistema, deixar de pensar com a massa e com a mídia e fazer contato com os nossos reais desejos e necessidades.

Vários episódios vividos com meus filhos me fizeram pensar o que eles precisam e o que realmente é

Deonira L. Viganó La Rosa

Cenários e tendências do século 21

>Triunfo do individualismo> Espírito crítico, mas falta de cria-tividade> Geração da afetividade e rela-cionamentos solitários e descom-

Sociedade pós-moderna Conhecer, analisar e entender para poder avaliar o impacto sobre

a família hodierna. Cada item merece um estudopromissados> Troca: sociedade manual/indus-trial para sociedade do conheci-mento/informação> Geração de velocidade> Realidade virtual. > Substituição do humano pela máquina> Aumento dos dilemas éticos> Atenuação de fronteiras. Com-

pressão espaço-temporal> Crescente processo paradoxal de secularização e misticismo> Ampliação da liderança da mu-lher> Processo de urbanização em convulsão> Aumento de doenças ocupacio-nais e urbanas> Aumento do número de idosos

Marisa de Menezes MarquesEspecialista em terapia de família e casal

Bom, nem todas as mulheres pensaram em ser mães quando se tornaram mães. Eu, por exemplo, não me tornei mãe quando quis, e esta busca por um filho

me trouxe vários questionamentos. Para que eu queria me tornar mãe? Era realmente um desejo meu ou um dever

familiar e social? E para o filho, qual o propósito de colocar alguém no mundo? Foi uma longa caminhada...

Mas descobri em mim um desejo sincero de me tornar mãe e estar comprometida não só em conseguir um filho, mas criá-lo e educá-lo para ser também comprometido com o

mundo e com ele mesmo. Tornei-me então mãe de Matheus, hoje com nove anos, meu filho biológico e mãe de Maria

Gabriela, com cinco anos, minha filha adotiva. Duas formas genuinas de se tornar mãe e igualmente legítimas.

saudável para nós. Percebo que eles têm coisas com que nunca brincaram e continuam pedindo mais coisas. Minha filha me pede brinquedos que ela vê na TV e que ela nem sabe o que é, mas quer pelo apelo do ma-rketing. Crianças são alvos fáceis, mas nós, adultos temos que estar atentos, identificar nossas culpas por ausências e negligências para não cairmos nesta estória ilusória de felicidade e plenitude quando adquirimos “aqueles produtos” anunciados. Se não ficarmos atentos, nos mataremos de tanto trabalhar, seremos ausentes, estressados, não

estreitaremos nossos vínculos e afetos tão importantes para o desen-volvimento e relacionamento do ser humano... e para quê? Consumir, consumir, consumir?

Quando me tornei mãe, eu assumi para mim, para a família e a socie-dade, a missão de criar um cidadão. Uma pessoa responsável por si e pelo seu meio (familiar social e ambien-tal). Como isto poderia ser diferente? Mesmo que pareça ideologia o que estou falando, o que eu poderia que-rer de melhor para os meus filhos do que um mundo mais justo para todos?

Converso tudo o que é possível com meus filhos. Eles sempre sabem por que estou agindo daquela forma e o que estou pensando. É bastante difícil administrar, hoje em dia, situa-ções em que nossos filhos nos pedem objetos ou brinquedos que eles “pre-cisam adquirir”, pois fazem parte dos materiais de consumo do momento, caracterizando nos grupos sociais uma forma de aceitação, inclusão, pertencimento e isto para a criança

e o adolescente é muito importante.Mas, em muitos casos, trata-se

também de uma inversão total de valores: se não cuidarmos, os gastos poderão poderão ficar insustentá-veis, com consequências graves para todos. Sempre faço menção ao social e à sociedade quando penso em criação e no meu papel. Acho impossível pensar em como cuidar dos meus filhos e não cuidar do meio onde eles vivem e viverão. Claro que isto não é papel só meu. É de todos nós. É preciso que se crie essa consciência já.

Comparo muitas vezes o papel de mãe a uma profissão: somos apaixonados por ela, adoramos o que fazemos apesar de trabalharmos muito. Com dedicação, afinco, bom senso e muito amor seremos capa-zes de ajudar na construção de um cidadão bem estruturado e capaz de lidar bem com a própria vida.

Quem faz o mundo é o homem e quem o cria somos nós. Assim, teremos cumprido nossa tarefa.

Desafios de ser mãeno século XXI

Sarah Brucker/sxc.hu

Page 4: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010O PINIÃO 4

Antônio AllgayerAdvogado

Einstein disse certa vez: “A divisão entre pas-sado, presente e futuro é ilusória, se bem que duradoura”. Segundo ele, o tempo não é o que

parece ser. Não flui numa direção única e o futuro está imerso no presente e no passado. Newton acre-ditava na possibilidade de se conhecer o futuro com antecipação.

Assim sendo, o ontem, o hoje e o amanhã se fundem numa mesma realidade.

Se tão preclaros homens de ciência o afirmam, somos induzidos a abordar a complexa temática da premonição. O dicionário de Aurélio a define como sensação ou advertência antecipada do que irá acon-tecer. Como exemplo cabe mencionar o vaticínio dos profetas, oráculos de vária procedência, o significado do sonho de um faraó egípcio relativo ao advento de sete vacas gordas e de sete magras, decifrado por José. E muito mais...!

Faço menção em livro recém-publicado da existência de um Código Secreto na Bíblia, ou seja, de uma Bíblia no interior da Bíblia. Para afastar qualquer suspeita de estar fantasiando, esclareço que a existência do Código, descoberto pelo sábio matemático israelense Dr.Rips, tem o aval dos três maiores matemáticos do mundo e de cientistas das universidades de Harvard, Yale e Jerusalém. Todos eles asseguram que o Código existe e revela, com a antecedência de três mil anos, fatos do nosso tempo, como a morte dos irmãos Kennedy, a ida do homem à Lua, o holocausto, a guerra do Golfo, o lançamento

Anderson CavalcanteAdministrador de empresas

Muitos pais acabam usando o Dia das Crianças para aplicar a “lei da compensação” com seus filhos, tornando o dia um prato cheio

de possibilidades para o comércio. Não tem nenhum problema dar o vigésimo quinto

carrinho para seu filho ou a trigésima terceira boneca para sua filha, se você brinca efetivamente com eles e seus brinquedos. Quando falo brincar, quero dizer aproveitar de verdade o presente, ou seja, sentar ao lado do seu filho e criar estradas no universo da imaginação para o carrinho passear; comer a papinha que ela faz para a boneca e sujar a roupa de tanto empurrar o carrinho de bebê pelos corredores da casa.

A maioria dos pais trabalha muitas horas por dia, saem cedo de casa, antes de o filho acordar e, quando retornam, a criança já dormiu, o que gera um sentimento de culpa que tende a tomar conta desse pai, dessa mãe. Com o objetivo de compensar a ausência, muitos compram o objeto de desejo do pequeno, nessa data e em todas as outras, sem per-ceber que a verdadeira vontade deles é ter a presença dos pais mais intensa quando chegam do trabalho, para brincar ou simplesmente perguntar com real interesse como foi o seu dia e estar disposto para ouvir a resposta.

Construir um vínculo com seu filho é o que reforça uma relação com significado e confiança. Capaz de gerar uma recompensa em beijos e afetos impagáveis. Porém, essa intimidade não se constrói baseado na quantidade de horas que você passa ao lado dos pequenos ou quem quer que seja, mas o que vai fortalecer a relação é a intensidade do momento que estão vivendo juntos. Comece comprometendo-se com você e use toda sua criatividade para criar momentos preciosos e intensos com as pessoas que ama. Não leve celular ou qualquer outro aparelho que possa lhe tirar a atenção das pessoas que realmente importam para você.

Um olhar para a frente e para trásda bomba atômica em Hiroxima. .

Mas o episódio que melhor ilustra a autentici-dade do Código foi a predição da morte de Jitzhac Rabin, primeiro ministro de Israel e Prêmio Nobel da Paz. Por duas vezes fora ele advertido de sua morte iminente em Tel Aviv, às mãos de um assassino, cujo nome, assim como o lugar e a data do infausto acontecimento aparece mencionado no Código.

Infelizmente não vingaram duas tentativas de evitar que tal acontecesse, pois Rabin, prostrado com tiros nas costas, se negara a dar fé na premonição (in “Der Bibel Code”, livro de autoria de Michael Drosnin, impresso em Munich no ano de 2002, um best seller, já naquele tempo em 7ª edição, pág. 33).

Os cristãos não sabemos em detalhe o que nos aguarda na eternidade. Todavia, mercê da revelação, sabemos o suficiente para sermos fiéis, aqui e agora, ao projeto divino que diz respeito à humanidade.

A noção da indivisibilidade do passado, presente e futuro, a que se refere Einstein, permite-nos avaliar a sustentabilidade de uma nova corrente de Teologia, a qual admite acontecer de imediato o que tradicio-nalmente se denominava juízo final. O julgamento derradeiro de todo ser humano se efetuaria logo após a sua morte corporal. Assim sendo, ao morrer de logo ingressaríamos na intemporalidade de Deus.

Por enquanto, sobra-nos vida para apreciar as maravilhas da natureza, que levaram o vate Francisco de Assis a compor, nas montanhas da Úmbria, o hino do irmão Sol, em louvor ao Criador do Universo.

O nosso Deus é um Deus de alegria e de amor. Quem ama conhece a Deus, porquanto Deus é amor (1 Jo 4, 8).

Um presente especial para o seU filhoPegue um dia de sol e curta ao máximo esse

momento, saboreie cada gargalhada, cada gesto de felicidade que essa simples brincadeira pode propor-cionar. Seu filho pode não se lembrar do primeiro brinquedo que ganhou e certamente não se lembra do último, mas o banho de mangueira será lembrado por toda sua vida. Como dizia o poeta, “as coisas que realmente importam na vida duram somente o tempo necessário para se tornarem inesquecíveis”.

Pense nisso em todas as datas que unem as famí-lias, como um grande amigo fez. Ele resolveu inovar na data de aniversário de seu filho, pois estava cansa-do da tradicional festa no buffet infantil, onde todos os afazeres e detalhes são terceirizados e o tempo de duração desta data tão importante é estipulado pela empresa. Então, ele reuniu a esposa e o filho e propôs um acampamento. A criança poderia convidar todos os amiguinhos para passar a tarde inteira brincando e, no final do dia, cada um montaria a sua cabana, barraca ou até mesmo espalhariam colchões pela sala para que todos pudessem dormir juntos. Com cria-tividade e custo zero foi possível curtir e participar muito mais ativamente da festa, tendo a oportunidade de dormir no meio da criançada e acordar com o olhar do seu filho sentindo orgulho do pai que tem. Isso sem falar do benefício de saber ainda mais o perfil dos amigos do seu filho.

Alguns pais podem pensar que curtir piquenique, ver por do sol, tomar banho de mangueira, parece uma atividade de preguiçoso, que é muito mais fácil e rápido comprar um brinquedo na primeira loja que entrar e tudo estará resolvido. Mas esse pai está deixando de herança para o seu filho o sentimento de angústia.

A vida passa muito rápido para não curtirmos com as pessoas que amamos tudo aquilo que real-mente importa. Então, não perca mais tempo, curta as coisas boas da vida e presenteie o seu filho com a atenção e carinho que ele merece, e no final sentirá que o maior presenteado foi você! (www.anderson-cavalcante.com.br)

A cAndidAturA tiriricAProf. J.VasconcelosAdvogado e filósofo*

“Não sei o que faz um deputado fede-ral. Depois eu lhe conto. Vou dar nomes a bois, sobrenomes a vacas

e apelidos a bezerros. Para deputado, vote no abestado. Vote em Tiririca, pior do que tá, não fica. Essa véia ainda dá um caldo."

Assim se expressava ao público em sua campanha eleitoral o senhor Francisco Everardo Oliveira Silva, quando ainda candidato a uma vaga no Congresso Nacional. E agora, eleito com um milhão e 300 mil votos.

Os analistas vêm realizando vários comen-tários a respeito. Julgam se tratar de um voto de protesto. Mas não definem bem que tipo de protesto estaria sendo feito.

Esse tipo de conduta surge em quase todas as eleições brasileiras. Na legislatura federal passada, foi eleito ao Congresso um indivíduo com larga margem que aparecia gritando: "Meu nome é Enéas ". Diria que o protesto não é tão simples. Não é apenas um mero protesto contra os escândalos dos parlamentares. É mais do que isso.

Muitos cidadãos sabem que eleição se traduz num processo em que são forçados a assinar um cheque em branco para os políticos usarem-no no valor que acrescentam, a bel prazer, e no que mais lhes interessar fazer.

O sistema de eleições na Representação Política é arcaico e antidemocrático. O povo vai às urnas simplesmente para escolher os que já estão escolhidos. Apenas sacramentam uma decisão tomada pelos marechais dos par-tidos políticos. Se alguns dos escolhidos não obtiverem votos suficientes para classificá-los como encaixados nas vagas, isto é um simples problema aritmético.

Indivíduos, que geralmente são listados nas legendas partidárias, não o foram por apresenta-rem qualidades nobres em defesa da sociedade. São designados pelos partidos atendendo a outros requisitos, tal como notoriedade pública e recursos econômicos. Em consequência, os indivíduos listados são aqueles que, por sua fama ou recursos econômicos, possam trazer votos aos respectivos partidos. Por consequência, são contemplados os comediantes, cantores, joga-dores de futebol, apresentadores de TV e gente com recursos disponíveis para essas finalidades.

Ficam excluidos os cidadãos comuns que não dispõem desses requisitos, os quais podem ser professores, jornalistas, publicitários, médi-cos, advogados, engenheiros, operários, presta-dores de serviço e assim por diante, não obstante muitos desses sejam personagens exemplares em estudos, pesquisas, humanitarismo, ideias e projetos.

A doutrina da democracia pura rejeita, por-tanto, a eleição por considerá-la, dessa forma, um processo primitivo e que não é democráti-co. Montesquieu já alertara que a eleição é um processo aristocrático. Hoje, com a televisão e radio, passou a ser visceralmente oligárquico e de nível criticável.

Com certeza, a sociedade tem de resolver esse assunto no sentido de trazer aos cidadãos realmente processos democráticos, abolindo com esses falsos dispositivos de manipulação e exploração de que se servem todos esses regimes denominados de "democracia representativa". (http://www.democraciapura.com.br)

*O prof. Vasconcelos é autor do livro "Democracia Pura"

Page 5: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010 EDUCAÇÃO &PSICOLOGIA 5

PÓS-GRADUAÇÃO PUCRSCursos de Especialização

Conhecimento para você chegar mais alto.

www.pucrs.br/pos

Pais ausentes/ filhos abandonados

Além dos conflitos, há sofrimento que de-corre não dos desencontros, mas da ausência de encontros. Refiro-me a pais ausentes da vida dos filhos, e o sentimento de abandono que deles se apossa.

Pais podem estar preocupados em prover as necessidades do lar, propiciar escolaridade aos filhos, vestuário, saúde e recreação: vão ao trabalho, lutam e se sacrificam pela prole. Do ponto de vista de observador externo, são exemplares. Infelizmente, contudo, estão ausen-tes da vida dos jovens, não dialogam com eles, não têm tempo para ouvi-los, não consideram suas críticas: em uma palavra, não convivem, ainda que vivam sob o mesmo teto. Resultado: filhos se sentem abandonados, não-amados, deixados ao léu; falta-lhes afeto. Por estarem fragilizados, tornam-se vulneráveis; a tristeza, a depressão e as drogas estão a rondar-lhes os passos.

Os pais trabalham O fato de pai e mãe trabalharem ou não

fora de casa não é fator decisivo. Um dos genitores ou ambos podem estar por longo tempo físico em casa, mas não entrar em conversa mais franca e íntima com o filho. Ignoram seus sentimentos, não lhes dão opor-tunidade para falar de suas preocupações, não têm tempo para ouvir suas queixas, inclusive a respeito da educação que estão recebendo, ou do tratamento que lhe dispensam. Há pais que trabalham fora e que, ao chegar em casa, cansados, preferem ver TV ou ler jornal. E os filhos? Quando serão acolhidos?

A questão crucial no relacionamento

A questão crucial no relacio-namento pais-filhos é a qualidade, o que não exclui a necessidade de tempo físico. Os fins-de-semana são excelentes oportunidades para uma convivência mais demora-da que pode facilitar a abertura de coração e diálogo franco; há também os encontros mais curtos durante a semana, quando todos estão atarefados: é preciso que os pais, ainda que cansados, sejam acolhedores e encontrem tempo para ouvir o filho.

Pais ausentes, pais presentesJorge La Rosa

Professor universitário, Terapeuta de Casal e Família

A educação é processo no qual a família tem papel insubstituível, o relacionamento pais-filhos é de importância jamais sobrevalorizada. Sofrimentos decorrem de desencontros entre indivíduos, seja no lar, na escola, no mundo do traba-lho. Mágoas e ressentimentos estão aí para atestar feridas deixadas por relações conflituosas, difíceis de cicatrizar.

ValoresO grande objetivo da educação é a

transmissão de valores: os pais querem que seus filhos sejam honestos, since-ros, leais, comprometidos, respeitosos, amigos... A lista é interminável, mas não a maneira de incorporá-los: será pela convivência, quando os filhos observarem esses valores vividos pelos pais no dia-a-dia. E, também, quando os pais explicitarem, pelo diálogo, os valores da família, dos quais não se pode abdicar e que dão sentido à vida e a tornam digna e significativa.

Os pais, então, estarão cumprindo sua missão. E benditos sejam!([email protected])

Gabriella Fabbri

Page 6: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010TEMA EM FOCO 6

“Nesta eleição a despolitização da cidadania foi

notória.”

Solidário - Parece que o eleitor brasileiro, em geral, encerra sua participação na vida política do País com o cumprimento do dever do voto no dia das eleições. Seria por mero desinteresse, falta de formação ou desilusão mesmo?

Prof. Carlos Gadea - Pareceria, sim, que culminado o processo eleitoral, o eleitorado bra-sileiro também encerrasse a sua participação na vida política. Nesta eleição, particularmente, a despolitização da cidadania foi notória, produto do esvaziamento da política, algo que não depen-de do sistema político e a sua eventual crise. A crise é da própria política, traduzível no receio dos candidatos de falar sobre idéias, projetos políticos e até da maneira concreta de pensar o país além das pequenas questões de gestão e administração pública. Virada em questão de “gestão” e não de espaço reflexivo e de confrontos maduros de ideias, a política é interpretada como o terreno das simples promessas eleitorais do momento, como um mero jogo estratégico de atores desvinculados dos anseios e interesses cotidianos dos cidadãos. Assim, a ampla cidadania não parece compreen-der o que de fato seria a democracia, o que seriam seus direitos e deveres, a própria importância do processo eleitoral. Nisso há, obviamente, uma falta de formação cívica da cidadania. Infeliz-mente, o “voto” parece ter perdido a “aura” que nos vincula aos destinos coletivos de uma nação.

S. - Passadas as eleições, qual deverá/deve-ria ser a atitude/participação dos eleitores no processo político do país?

Prof.Gadea - Prestar mais atenção ao órgão legislativo do exercício da política. No Brasil, existe uma tendência a observar bem de perto o que fazem os governos, na esfera adminis-trativa que for, e deixa a um lado a qualidade política do seu parlamen-to. Foi visível como para estas eleições, a ênfase na análise do que pensam e dizem os can-didatos a senadores e deputados foi inexistente; ou seja, ninguém reparou demasiado nesses candidatos, algo que, certamente, é produto do próprio formato da lei eleitoral e a sua propaganda na TV. Não pode ser considerado sério que numa democracia moderna a escolha de candidatos se dê, praticamente, a partir das propagandas errá-ticas e velozes dos candidatos mais diversos. A cidadania deve revalorizar o espaço da política, deve redefinir seus contornos, deve compreender que a sua cotidianidade está estreitamente ligada a ela. Seu eixo é o fortalecimento da democracia

“A política deveria se impor à lógica das acusações televisivas”É o que idealiza Carlos A Gadea, doutor em Sociologia Política e professor do Programa de Pós-graduação em Ciências

Sociais da Unisinos. Carlos Gadea concedeu entrevista para o Solidário, analisando o costume dos candidatos a car-gos eletivos no Brasil de prometer mundos e fundos durante suas campanhas eleitorais.

e suas instituições, o respeito aos direitos, da expressão das idéias. Para isso, a política deve se impor à lógica das acusações televisivas, ao espírito pequeno em que as fofocas ganham cena e formatam o discurso político; deve se impor à mera luta pelo voto, algo que gera a evidente desconfiança da cidadania.

Promessa não é mais dívidaS - Por que os candidatos a cargos políticos

no Brasil prometem tanto durante a campa-nha? Não sabem que não conseguirão cumprir ou ainda tentam iludir o eleitor desavisado?

Prof. Gadea - Não creio que exista a tentativa por iludir ao eleitorado. Os candidatos são cul-pados em parte de todo este processo; a respon-sabilidade transcende os seus próprios “bicos”. Os políticos também parecem estar sem forças e

submersos na mesma pasmaceira de todos. Por aí se anda falando que se trata de uma nova forma de fazer política, em que as promessas imediatas por melhoras econômicas da população mais pobre têm ganhado força. É possível observar como os candidatos exploram esse lado “sensível”, esforçando-se em se apresentar com um passado “sofrido” e “pobre”, apelando a uma identificação quase populista do eleitorado a sua imagem na política. Os “pobres” estão em cena como prota-gonistas hiperreais desta nova política: ausentes, mas materializados nas promessas ilimitadas dos candidatos. Falar para os necessitados se tornou uma maneira cool de se afastar de compromissos maiores, como se tudo se tratasse de uma virada ética em que ser/parecer ou se apresentar como pobre outorgasse ao candidato a humanidade necessária para ser eleito.

O próprio candidato não acredita que alguém

acredita no que promete S - O eleitor medianamente consciente ain-

da acredita em promessas políticas?Prof. Gadea - Existe um estado de indiferença

geral perante isso, ou um estado de simulação permanente. Ninguém acredita nas promessas, e o próprio candidato tampouco acredita que alguém esteja acreditando no que ele promete. Todos sabem que estão simulando. O problema é que todos sabem que a política tal qual se apresenta não tem mais nada a oferecer, além disso. A crise da política radica nisso: na consciência que se tem do seu esvaziamento. O que restou é uma política que parece ter ingressado na lógica clientelista dos novos discursos sobre a gestão pública e o empreendedorismo empresarial responsável. Grande ironia.

S - Que mecanismos existem e que meca-nismos deveriam existir no Brasil para cobrar promessas e realizar um controle efetivo e eficaz das atividades dos homens públicos e dos políticos no exercício do cargo?

Prof. Gadea - Não existem no mundo me-canismos de controle ou fiscalização sobre as eventuais promessas eleitorais. Construir um arcabouço legal para isso é impensável. A demo-cracia não se exerce com este tipo de soluções. A cidadania tem que se comprometer mais e participar mais da política, levá-la mais a sério. Mas, fundamentalmente, não deve exigir dos candidatos e políticos aquilo que não faz por conta própria. Exercer a cidadania começa com nós mesmos, e só assim teremos uma sociedade política amadurecida para poder exigir justiça e construí-la entre todos.

Carlos Gadea

Page 7: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010 AÇÃO SOLIDÁRIA 7

Sem mecanismosPara o DJ e produtor de televisão Claudinho Pereira

(foto), “não é possível cobrar promessas porque não existem mecanismos. Esse papel poderia ser feito por alguma mídia totalmente im-parcial e, sob todos os aspec-tos, descomprometida, o que é uma utopia no Brasil. Não adianta fazerem promessas (os candidatos) e depois não cumprirem. Deveriam (os políticos) sempre terem em mente uma frase usada por Brizola em rodas de ami-gos: ‘A democracia é a arte e a ciência de administrar o circo através da jaula do macaco’.

Direitos do eleitor: cobrança de promessas dos eleitos

O exercício do voto não encerra ao apertar o ‘entra’ no teclado da urna eletrônica

Quantos dos 111 milhões de brasileiros que foram às urnas em 3 de outubro último sabem que sua atitude gerou con-sequências? Que, ao delegar poder, continuam, contudo, com o direito de cobrar dos que receberam seu voto. E que cumprir esse direito é um dever cívico? Quantos ainda acreditam na política e nos políticos? E como poderão exi-

gir de seus eleitos – deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente – cumprimento de promessas feitas nas campanhas?

Segundo o site do Tribunal Supe-rior Eleitoral – http://divulgacao.tse.gov.br/ – o eleitorado brasileiro é formado por 135.804.433 eleitores, dos quais 24.605.145 se abstiveram de votar em 3 de outubro. Dos 111.188.759 que foram às urnas, 3.479.155 votaram em branco e 6.123.858 anularam o voto, sobrando 101.585.646 (91,36 %) de votos válidos. Os dois candidatos – Dilma Roussef e José Serra – que vão ao segundo turno, obtive-ram respectivamente 47.649.079 (46,91 %) e 33.130.514 (32,61 %) de votos.

As promessas dos candidatos a presidente no

segundo turnoDilma e Serra – que disputarão o segundo

turno em 31 de outubro próximo – prometem transformar o país em novo éden, se eleitos. Ali-mentam sonhos, que provavelmente não passarão de sonhos.

Entre dezenas de outras promessas, Serra promete combater a sonegação e não aumentar os impostos. Promete pagar um salário mínimo de R$ 600,00. Não explicou como fará para que esse aumento não recaia diretamente no aumento do custo de vida e talvez uma nova espiral inflacionária pelos reflexos diretos em toda a economia.

Dilma, entre dezenas de outras promessas, também acena com a construção de milhares de escolas técnicas profissionalizantes. Não detalhou como materializará essa promessa, de onde terá dinheiro para construir infra-estrutura, instala-ções e, principalmente, como arranjará e pagará o corpo docente.

A campanha, até aqui, não deu muito espaço à apresentação de propostas. Foi mais marcada por ataques entre os candidatos e demonizações veiculadas por mídias alternativas. Espera-se que nessa nova campanha apareçam mais claramente os projetos de cada um. Fique-se, pois, atento.

Em programa de rádio gaúcha, o governador eleito do Estado, Tarso Genro, prometeu reabrir as 250 escolas fechadas pela atual administração, além de qualificar o ensino médio e a formação continuada. Prometeu construir mais hospitais regionais e unidades de pronto atendimento. A qualificação do ensino também implica pagar o piso nacional aos professores estaduais, que, segundo o Ministério da Educação, deveria ter como piso o valor de R$ 1.024,67. Isso implica em impacto de mais de dois bilhões de reais, segundo estimativas. Também prometeu abrir concurso público para mais 1.400professores e disponibilizar mais 50 mil vagas no ensino mé-dio, o que significa um aumento de mais de 170 milhões em despesas. Atualmente, a Secretaria Estadual de Educação projeta a abertura de 3.582 vagas para o ano que vem.

Água e esgoto em todo o Estado

Certamente, o índice de desenvolvimento de uma sociedade tem como principal parâmetro sua infra-estrutura de saneamento, isto é, água e esgoto. Mais da metade do Rio Grande do Sul não conta com esses dois serviços. O governador eleito projeta encerrar seu mandato com os ser-viços disponibilizados. Custo estimado: R$ 15 bilhões. De onde virá o dinheiro, uma vez que toda a arrecadação anual via ICM do Estado é praticamente esse montante?

Tudo fica como estáÉ o que pensa a jornalista Hilda Haubert,

(foto), jornalista com atuação em rede sul brasileira de televisão. As eleições atuais – fe-deral e estadual – subs-tancialmente em nada influenciarão em seu dia a dia. “Eles – os políti-cos – prometem e nada cumprem. E tudo fica como está. E não temos mecanismos de controle

confiáveis. Quem comanda nosso cotidiano são os mecanismos econômicos e aí o interesse é outro.”

As promessas do governador gaúcho

Tarso Genro

Dilma Roussef José Serrablog.planalto.gov.br

A Tribuna do Mato Grosso www.edgarlisboa.com

Page 8: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010SABER VIVER 8

Visa e Mastercard

JOSY M. WERLANG ZANETTE

Técnicas variadasAtendemos convênios

CRP-07/15.236Avaliação psicológica

Dicas deNUTRIÇÃO

Dr. Varo Duarte Médico nutrólogo e endocrinologista

Alimentos funcionAis iVMuitas coisas mais poderia registrar sobre a proteína. Você poderá encontrar em nossos livros Alimentos fun-

cionais e coma de tudo sem comer tudo, da Editora Artes e Ofícios, informações mais completas.

Perdoe-nos o convencimento, mas se você possuir estes nossos livros, cujo custo é bastante acessível, poderá ter uma orientação para uma vida com mais saúde, e conseguir uma maior longevidade. Poderá orientar também seus filhos, parentes e amigos sobre uma alimentação correta.

Porém, estou me oferecendo, sem nenhum gasto adicional, para, como voluntário, realizar palestras para grupos específicos, sobre uma alimentação normal. Basta telefonar para minha casa (fone 51.32243545) e deixar uma mensagem em minha secretária eletrônica que poderemos combinar estas palestras.

Para encerrar este assunto proteína, vou reproduzir mais alguns ensinamentos do professor Eugênio.

Salientamos o crescimento, mas devemos relembrar outras necessidades. Falaremos da puberdade, hoje rela-cionada como adolescência. Nós precisamos de um grama De proteínas, por dia, Por quilograma de peso. Não sei se você sabia. Se pesa quarenta quilos, Você deve receber Quarenta gramas da mesma Por dia. Deu pra entender? Mas há uma outra exigência, Que achamos essencial: A metade deve ser De proteína animal. Mas nós precisamos mais, Das de boa qualidade,Na fase do crescimento Que se chama puberdade.Também na primeira infância O crescimento é elevado;Por isso devemos ter Suprimento reforçado. Precisam um pouco mais, Às vezes de cem por cento .As mamães de bebês novos, Em fase de aleitamento. E durante a gravidez, quando a criança se forma,Devemos dobrar a taxa De proteínas - é norma.

A cebola é uma das três hortaliças mais consumidas no Brasil, junto à batata e ao to-mate. Forte, picante ou doce, é cultivada na alimentação desde os tempos pré-históricos. Há registros que mencionam o ali-mento no Egito, em 3200 a.C. O legume fortalece o sistema imunológico e tem ação antio-xidante ao desinfetar e depurar o sangue, eliminando as toxinas. Contém poucas calorias, forma-da basicamente por água, car-boidratos e diversos minerais, pode contribuir para a prevenção de certos tipos de câncer. Rica em fibras, vitaminas C e com-plexo B, evita a formação de coágulos e contribui na redução da pressão arterial. Indicado para problemas respiratórios, redução do colesterol, infecções, enfermidades do estômago e pri-são de ventre. Ótimo diurético, também auxilia no tratamento das cordas vocais, previne a tosse (ideal para o preparo de xarope), abre o apetite e regu-lariza as funções do estômago. Acondicione a cebola em saco plástico fechado na geladeira, ou em temperatura ambiente, local ventilado, sem luz direta. Use sempre hortaliças frescas, verifique sua consistência, uni-formidade e o brilho da casca. Cuidado com dietas abruptas, alergias ou em casos já confir-mados de gastrite e ulcerações. Respeite o ritmo de seu organis-mo, consulte um profissional e aproveite os benefícios que a cebola oferece.

Outros benefícios:Ajuda no tratamento de

furúnculos; Previne a tosse; Combate o reumatismo; Combate a dor de dente; Dermatoses; Combate a doença de chagas; É indicada para abrir o apetite; Regulariza enfermidades do

estômago; Ótima contra prisão-de-

ventre; Inchaços de qualquer na-

tureza. Comer cebola crua deixa

aquela lembrança na boca, mas tem um jeito de diminuir o incô-modo. Corte em rodelas e colo-que a cebola em água fervente.

Sempre que a gente corta a cebola sai um líquido, o ácido sulfênico, com aspecto leitoso. É ele que causa o ardido na boca e faz a gente lacrimejar. As cebolas mais picantes são as roxas, e também por isso, as mais resistentes.

Para diminuir a choradeira ao cortar, aconselha-se a des-cascar e manter inteira a parte de trás da cebola para ela não desmontar. Em seguida, corte em cruz pra facilitar a saída dos ácidos e lave em água corrente.

Coma mais peixeUma pesquisa recente da Universidade de Illinois, EUA,

mostrou que o peixe também é muito importante na refeição das crianças, pois os bebês precisam de muito ômega-3 para o desen-volvimento do sistema nervoso e dos olhos, principalmente ao mudarem da dieta do leite materno às primeiras comidas sólidas. Quando as preferências alimentares começam a se desenvolver, por volta dos cinco anos de idade, os pais devem incentivar seus filhos a experimentarem peixes e frutos do mar desde cedo, a fim de já contribuir para uma boa alimentação saudável decorrente ao longo da vida. Os peixes são ricos em ácidos graxos, ômega-3, cálcio e vitamina D, além de substâncias que colaboram para o bom desenvolvimento cerebral e em vários tecidos nervosos dos bebês, especialmente os prematuros. Além disso, o alimento ajuda a prevenir doenças coronarianas.

Saiba por que é bom comer cebola

Page 9: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010 ESPAÇO LIVRE 9

Pe. Attílio Hartmann - 16/10Adelhardt N. Mueller - 20/10

Waldair G. Kulczynski - 21/10

Martha Alves D´AzevedoComissão Comunicação Sem Fronteiras

melhor remédioRIR É O

Ao assinante leitor

Você, assinante leitor, é o sujeito de nosso trabalho e dedicação para oferecer-lhe um jornal de conteúdo que possa ajudá-lo e a

seus familiares na caminhada rumo à casa do Pai. Jornais, companhias jornalísticas existem muitos que visam justamente seus lucros; So-lidário - O Jornal da Família visa unicamente seu bem espiritual, e trabalha na construção de um mundo mais humano e cristão, com

menos contrastes sociais, menos violência e mais paz.

Continue nos apoiando para que possamos levar avante esta obra; ao receber o boleto

bancário, renove a assinatura, faça este gesto de boa vontade.

A Direção

LIVRARIA PADRE REUSAdquira o lançamento da nova edição de cantos e orações do

Apostolado da Oração, Cantos e Orações.Também está disponível o Catecismo do Apostolado da Oração

Rua Duque de Caxias, 805 - 90010-282 Porto Alegre/RS Fone: (51)3224-0250 - Fax: (51)[email protected]

Livro da Família e Familienkalender já à venda

D ia 5 de agosto último, 33 mineiros chilenos ficaram presos em uma mina de ouro e cobre em Copiapó, na região de Atacama, após um desmoronamento. A

principio, não havia detalhes sobre o local onde estavam os mineiros, nem ao menos, se estavam vivos. As autoridades acreditavam que eles haviam alcançado um refúgio no fundo da mina. O presidente Sebastián Piñera pediu ajuda interna-cional, principalmente ao Peru, Estados Unidos, Canadá e Austrália, países que têm muita experiência nesta área.

Após uma semana de medo, expectativas e incertezas, as equipes de resgate não sabiam se os trabalhadores estavam vivos, pois não recebiam nenhum sinal. Fora da mina de San José, em Copiapó, trabalhadores carregam a estátua de San Lourenço, padroeiro dos mineiros, na missa pela vida dos 33 homens soterrados. Falha na sonda aumenta o drama em que vivem as famílias dos mineiros. “Está nas mãos de Deus”. Com estas palavras, o presidente Piñera resumiu o sentimento que tomou conta dos familiares e das pessoas que trabalhavam no resgate há duas semanas.

O “milagre” pelo qual todo o Chile rezava fervorosamente há 17 dias, se realizou. Palavras escritas em vermelho, em um papel amarrotado, que emergiu das profundezas da terra preso a uma das perfuratrizes, que procuravam o local onde se encontravam os 33 mineiros soterrados desde o dia 5 em uma mina no norte do país. “Estamos bien em el refugio los 33”, foi a mensagem recebida do fundo da terra. “Hoje, o Chile inteiro está feliz, cheio de emoção”, comemorou o presidente.

Mario Gómez, 63 anos, o mais velho entre os trabalhado-res presos no subterrâneo, em mensagem à esposa, afirmou: “Querida Lilá, estou bem, graças a Deus. Deus é grande, vamos sair daqui, com a ajuda do meu Deus”. Para manter os trabalhadores em bom estado de saúde até o resgate pre-visto para perto do Natal, foi iniciada a operação para enviar alimentos, água e remédios ao grupo isolado a 700 metros de profundidade, em um ambiente inóspito e sem luz, sob uma temperatura de 33º C.

Conservar o ritmo do sono, alimentar a esperança, manter a coesão do grupo, tudo em espaço limitado são alguns dos desafios a enfrentar. Presos e isolados a 700 metros abaixo da superfície, 33 mineiros, barbudos, abatidos e sem camisa enviaram em um vídeo, uma mensagem de força, organização e até de bom humor. “Nós planejamos, fazemos assembléias aqui todos os dias, para que todas as decisões sejam baseadas nas idéias dos 33”, declararam eles. Ao final do vídeo, os homens cantaram o hino chileno e gritaram de braços dados: “Longa vida ao Chile. Longa vida aos mineiros”. E nós, podemos acrescentar: “Amém”. ([email protected]).

Lição de força

"eu gosto de brincar"Carmelita Marroni Abruzzi

Professora universitária e jornalista

Um menino de 10 anos, à repórter da TV, sobre o que mais gostou na festa do "Dia da Criança":– Eu gostei de brincar!

E o de 11 anos: "A melhor coisa de ser criança é brincar".O brinquedo faz parte de nossa vida desde a infância. Há um lado lúdico em

nós, adultos: gostamos de jogar e brincar.Há jogos e brinquedos adequados a cada faixa de idade. O brinquedo tem im-

portante papel no desenvolvimento infantil. Piaget, o grande educador suíço, nos alerta para as etapas do desenvolvimento

infantil e diz que não se podem queimar etapas nesse processo. E acentua: cada criança tem seu ritmo próprio de amadurecimento e pode levar tempos diferentes para passar à etapa seguinte. E brinquedos auxiliam nessa evolução.

Às vezes, os pais colocam os filhos muito cedo na escola e os iniciam em estudos para os quais não têm maturidade. Cedo, os jovens chegam à universidade e a cursos que exigem uma capacidade de abstração que eles não possuem. E muitos fracassos escolares se explicam por essa razão.

Além disso, dados do IBGE revelam que significativa porcentagem dos adultos e crianças no Brasil estão acima do peso ideal e Porto Alegre é a capital que tem o maior número de alunos obesos na 8ª série do ensino fundamental.

Entre as causas, estão a alimentação inadequada e o sedentarismo, pois as crian-ças ocupam muito tempo com a TV, o computador e videogame, daí a necessidade de se estimular a prática de esportes, exercícios físicos e brincadeiras que levem as crianças e adolescentes a se movimentarem; famílias, escolas e instituições devem propor essas atividades.

As crianças precisam correr, brincar em parques, subir em árvores, praticar esportes apropriados para sua idade. Elas sentem falta de tudo isso. Há dias, vi uma criança, num shopping, pulando amarelinha nos quadrados do piso!

Através do brinquedo, a criança se socializa, imita a vida em grupo. Às vezes, a mesma criança assume diferentes papéis. E nessa área há algum preconceito. As meninas podem brincar com carrinhos e os meninos com bonecas; a dinâmica da vida familiar mudou: mulheres dirigem carros, homens, assumem os filhos, trocam as fraldas dos bebês; ambos têm suas atividades profissionais e se revezam e isto é saudável para todos.

Os interesses da crianças também mudaram.Rubem Alves, professor, escritor e psicanalista, ao responder se a infância tinha

acabado, diz que as crianças de hoje brincam com brinquedos diferentes:– Minha neta brinca com o celular de um jeito que eu não sei brincar... elas

não deixaram de brincar.... para elas, esses objetos tecnológicos misteriosos são brinquedos.

Desde os objetos feitos com tampinhas, galhos, pedaços de madeira, pedras e folhas secas até os celulares e os sofisticados videogames, o brinquedo sempre esteve presente na vida das crianças. Os adultos precisam saber da necessidade que a criança tem de brincar, e oportunizar momentos de lazer, não saturando seu tempo com atividades obrigatórias. Ela necessita de tempo livre para se expressar. Mas é preciso acompanhar essas atividades e orientá-las, para que se constituam em um sadio fator de crescimento. ([email protected])

Boletim

Assim que o garoto chega da escola, o pai o interpela:– Quero ver o teu boletim!– Infelizmente não vai dar!– Como assim, não vai dar?!– É que eu emprestei para um amigo... Ele queria dar um susto no pai dele...

Gêmeos

A mãe de Joãozinho volta do hospital onde teve gêmeos e é recebida em casa pelo guri: – Mamãe, mamãe! Eu contei para a professora que tive um irmãozinho e ela me liberou das últimas três horas de aula!– E por que você não contou que eram dois irmãozinhos? - perguntou a mãe.– Eu não sou trouxa, mãe! O outro irmãozinho eu reservei pra semana que vem!

Presente

O garotinho, feliz da vida, telefona para o avô:– Vô, aquela bateria que o senhor me deu foi o melhor presente que eu já ganhei até hoje! Por causa dela, todo dia eu ganho um sorve-te e um chocolate do vizinho! Só para não tocar!!!

Page 10: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010

SolidárioLITÚRGICO

2000 anos de

TURBULÊNCIASPARTE XII

IGREJA &CCOMUNIDADE 10

SolidáriaCATEQUESE

Perseguições voltam a molestar igreja

Mal havia conquistado a liberdade, a Igreja voltou a sofrer o sabor amargo das perseguições. O sobri-

nho de Constantino, Juliano, seu sucessor no Império Romano, esqueceu a educação cristã, ficando apaixonado pela cultura pagã, em Atenas, onde finalizou seus estu-dos. Ao assumir o governo em Roma, fez de tudo para implantar o paganismo. Começou pela adoração ao “deus-sol”. Por essa ra-zão, ficou chamado de Juliano “Apóstata”. Queria acabar com o Cristianismo, porém, sem adotar os métodos violentos de fa-zer mártires. Assim, iniciou afastando os cristãos dos cargos públicos do Império, proibiu a catequese e obrigou os cristãos a frequentarem escolas pagãs. Fechou, ainda, templos cristãos e apoiou o donatismo. Por um desses desígnios de Deus, que sempre acompanha a sua Igreja, Juliano foi im-perador apenas dois anos, morrendo em campo de batalha, na Pérsia, no ano 363. Desta maneira, novamente livre, a Igreja podia pregar o Evangelho sem contestações e crescer. Foi nesta época que surgiram as famosas sedes patriarcais da cristandade: Antioquia, Jerusalém, Alexandria e Cons-tantinopla. No ano 391, Teodósio proibiu o culto pagão, passando o cristianismo a ser “Religião oficial do Império”. Segundo os historiadores, começou nesta época também a surgir a palavra “pagão”, que vem de “pa-gus” (vila, bairro), para onde se refugiavam os seguidores para cultuar seus deuses, às escondidas.

Curiosamente, neste século IV, um pa-gão veio a ser bispo e grande santo, doutor da Igreja – Santo Ambrósio. Nasceu em 340, em Tréves, filho de um prefeito ro-mano da Gália. Estudou Leis em Roma, exercendo a advocacia em Milão. Devido à sua inteligência, eloquência e habilidade, o imperador o mandou apaziguar os cristãos, divididos entre arianos e católicos, fiéis ao Papa. Estes seguiam as definições do Con-cílio de Nicéia sobre a divindade de Cristo, enquanto os arianos as rejeitavam. Com a morte do bispo de Milão, em meio a esses conflitos, a questão era quem devia ser seu sucessor, favorável aos arianos ou ao Papa? Ambrósio fez um discurso tão inspirado, que imediatamente todos o aclamaram: “Ambrósio, bispo de Milão”. Não estava batizado. Era um simples catecúmeno. Em 374, porém, foi batizado e imediatamente ordenado padre e bispo. Transformou-se no grande Doutor da Igreja, defensor da fé. Impunha limites aos próprios imperadores, sendo dele a famosa frase: “Os imperadores estão na Igreja, e não acima da Igreja”. Para provar isso, impôs uma penitência ao Im-perador Teodósio, por ter sido responsável pela morte de sete mil pessoas numa revolta popular na Tessalônica. Por causa disso, o impediu de entrar na Igreja de Milão. Só oito meses depois, levantou a penitência pública. Ambrósio também exerceu im-portante papel na conversão de Agostinho. (CA/Pesquisa).

eucaristia: ceia da vida Partilhada

Deonira L. Viganó La Rosa

O drama da fome no Brasil tem sua ori-gem na má distribuição da renda e das riquezas. Enquanto há concentração

das riquezas nas mãos de poucos, vemos a grande maioria da população na pobreza e na miséria.

O que tem este assunto a ver com a Eucaristia? Ora, a Eucaristia é uma ceia onde todos ao redor de uma mesa querem partilhar o pão, não querendo que ninguém seja excluído.

A eficácia de uma Eucaristia se mede principalmente por sua capacidade de supe-rar as diferenças econômico-sociais dos que dela participam e de todos os demais que se encontrem nas mesmas circunstâncias. Se alguém comunga, deve ser elemento de comunhão no grupo em que vive.

Numa palavra: Uma comunidade cristã em estado de “celebração eucarística” deverá estar ativamente comprometida com todo autêntico processo de libertação humana.

Que diremos de nós mesmos que às ve-zes vamos à missa diária, fazemos novenas de missas, mandamos rezar missas pelos defuntos... e permanecemos descomprome-tidos com a transformação das estruturas sócio-políticas, temos pouca ou nenhuma iniciativa frente aos nossos concidadãos sem saúde, sem leitura, sem participação social? Sequer conversamos com quem está ao nosso lado...

As palavras de Jesus são claras: “Quando deres uma festa, chama os pobres, estropia-dos, coxos e cegos, feliz serás, então, porque eles não têm com que te retribuir. Serás, porém, recompensado na ressurreição dos justos” (Lc 14, 13-14).

Não pode haver Eucaristia se não houver unidade, partilha, solidariedade, igualdade, justiça.

São Paulo chama a atenção da comuni-dade de Corinto: nela não se vivia a Ceia do Senhor, porque existiam divisões e se desprezavam os pobres (1Cor 11, 21-22).

Catequese da EucaristiaCompreender a Eucaristia como sacra-

mento da Partilha é fundamental, desde os primeiros encontros de Catequese. A Ir. Marlene Bertoldi, resume :

• Partilhar é o grande desafio eucarístico. Somos chamados a fazer o mesmo gesto que Jesus fez: tornarmo-nos pão repartido para a humanidade.

• A Eucaristia nos faz tomar consciência do grande contraste que existe entre o acú-mulo de bens nas mãos de alguns, e a fome e a falta de tudo para a maioria. Celebrando a Eucaristia, proclamamos a justiça do pão partilhado igualmente para todos.

• A Eucaristia tem um profundo sentido missionário. Jesus, doando-se totalmente, nos ensina a irmos ao encontro do outro e a nos comprometer com os pobres lutando por justiça e igualdade. Sem isso, celebrar a Eucaristia seria uma mentira.

17 de outubro – 29o Domingo do Tempo Comum (verde)

1a leitura: Livro do Livro do Êxodo (Ex) 17,8-13Salmo 120 (121) 1-2.3-4.5-6.7-8 (R/. cf 2)2a leitura: 2a Carta de S. Paulo a Timóteo (2Tm) 3,14-4,2Evangelho: Lucas (Lc) 18,1-8NB.: Para uma melhor compreensão dos comentários litúrgicos

é fundamental que se leia, antes, o respectivo texto bíblico.Comentário: A cena descrita por Lucas no Evangelho deste domingo

parece ser de hoje: uma pobre viuva, símbolo de todos os desamparados, oprimidos e injustiçados deste mundo, pede a um juiz que examine a sua causa e lhe faça justiça. O evangelista não define a causa que a viuva apre-senta, isso não é tão relevante; a mensagem está na insistência da viuva e no atendimento, de extrema má vontade, do juiz: Esta viuva já está me aborrecendo; vou atendê-la para que não venha a agredir-me (18,5). O juiz da parábola atende a viuva apenas para se ver livre dela, julga a partir da sua conveniência, da sua comodidade, com medo da agressão ou do que possam falar dele, não pela justiça da causa que ela apresenta. Se a justiça humana muitas vezes é interesseira, Deus julga sempre a partir da pessoa, de cada pessoa. E julga a partir das oportunidades ou chances que a pessoa teve ou não teve.

A lição que Jesus dá é muito clara: se até um juiz injusto se deixa “co-mover” pelos pedidos insistentes da viuva, quanto mais Deus vai atender os pedidos daqueles que Ele ama! Se a persistência da viuva alcança o seu objetivo, quanto mais a oração persistente do discípulo, diante de um Deus Pai/Mãe, que sente prazer em atender amorosamente seus filhos e filhas, será atendida: E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por Ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu lhes digo que Deus fará justiça para eles, e bem depressa (18, 7).

Em uma época de tanto desânimo, tanta falta de perspectivas, tanto desencanto com situações e pessoas, uma prece que Deus nunca deixa de atender e que repetimos sempre quando rezamos o Pai Nosso: não nos deixes cair na tentação... na tentação do desânimo, do desespero, de não acreditar na força da fé e na constante presença de Deus em nossa vida, especialmente nos momentos mais difíceis e dolorosos. Nosso Deus jamais desampara a quem põe nele a sua esperança.

24 de outubro - 30o Domingo do Tempo Comum (verde)

DIA MUNDIAL DA MISSÕES1a leitura: 2o Livro do Eclesiástico (Eclo) 35,15b–17.20-22aSalmo 33 (34) 2-3.17-18.19 e 23 (R/. 7a e 23a)2a leitura: 2a Carta de S. Paulo a Timóteo (2Tm) 4,6-8.16-18Evangelho: Lucas (Lc) 18,9-14Comentário: Lucas nos traz neste domingo dois personagens para signi-

ficar duas maneiras de rezar. Um, o fariseu, que em sua oração se vangloria de suas próprias “bondades” – eu sou o bom! - ; outro, o publicano, cuja oração é um reconhecimento do seu estado de pecado e um humilde ato de entrega a Deus. Os fariseus formavam um grupo religioso, eram tidos como os que melhor e mais fielmente cumpriam toda a lei e gozavam de enorme prestígio diante do povo no tempo de Jesus. Já os publicanos eram odiados e desprezados, principalmente porque cobravam impostos da população, impostos estes que eram enviados ao poder romano, que dominava toda a região. O fariseu, em sua oração, além de desfilar todas as suas bondades e qualidades, ainda expressa seu grande desprezo pelo publicano, um “pe-cador... um impuro”.

O publicano, em sua prece, nem se atreve a levantar os olhos para o céu; apenas bate no peito em sinal de arrependimento e repete: Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador (18, 13). De fato, ele é pecador, traidor do seu povo, sua profissão é opressora, mas ele tem consciência disso, e se joga na misericórdia de Deus, confiando que somente Deus pode perdoá-lo e convertê-lo. Lucas conclui, com a afirmação surpreendente de Jesus: este (o publicano) voltou para casa justificado e não o outro (o fariseu). Pois, quem se eleva será humilhado e quem se humilha será exaltado (18,14). O que nos torna justos, não são nossos méritos e nossas reais ou supostas “bondades” e qualidades, nem porque observamos todas as minúcias das leis e preceitos institucionais, mas a infinita gratuidade de Deus.

O texto de Lucas nos convida a um sério exame de nosso ser e agir de discípulos missionários do Senhor Jesus: até que ponto nos julgamos os bons e desprezamos pessoas que classificamos de “pecadoras”, pouco importan-tes ou até “marginais”, “sobrantes”!? É nossa oração humilde e confiante, reconhecendo-nos pecadores e acolhedores dos outros, especialmente “estes mais pequeninos”? ([email protected])

Page 11: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

16 a 31 de outubro de 2010 ESPAÇO DAARQUIDIOCESECoordenação: Pe. César Leandro Padilha

11Solicita-se enviar sugestões de matérias e informações das

paróquias. Contatos com a jornalista Cynara Baum pelo e-mail [email protected] ou fone (51)32286199. Acompanhe o

noticiário da Pascom pelo twitter.com/arquidiocesepoa

Será realizada no dia 23 de outubro a Romaria das Capelinhas que é, sem dúvida, uma manifestação religiosa que contagia milhares de pessoas. Ano após ano, cresce a participação de romeiros, tomando conta da cidade de Guaíba, das Paróquias do Vicariato e do interior do Estado. O lema deste ano é Com Maria, a Vida se Constrói na Solidariedade.

A 16ª Romaria vem sendo construída em mutirão pelas Paróquias do Vicaria-to de Guaíba, através das forças vivas da Igreja: Dom Remídio José Bohn, bispo auxiliar e vigário episcopal dos Vicariatos de Porto Alegre e Guaíba, padres, diáconos, religiosas, animadoras das Capelinhas e leigos/as. É precedida por uma preparação nas comunidades, envolvendo todas as pastorais, grupos e movimentos através do subsídio para os Grupos de Oração e Reflexão nas Famí-lias. Cada pessoa é desafiada a fazer a sua parte na preparação, nos encontros de oração, na divulgação e na participação.

Milhares de romeiros ao longo do dia 23, sairão de diversos lugares a pé, de ônibus, de carro, de bicicleta, carregan-do em seus braços as Capelinhas com a imagem de Nossa Senhora.

A Romaria terá início às 15h45min, em frente à Prefeitura Municipal de Guaíba, onde ocorrerá uma grande con-centração dos romeiros que seguirão até o Parque da Juventude, na Avenida João Pessoa, local preparado para a Missa Campal.

Após a bênção e envio dos romeiros na praça da alimentação, haverá possibi-lidade de encontrar-se ao som de cantos e de show com a participação especial do cantor Paulo Costa.

16a Romaria das Capelinhas de Nossa Senhora

Na oportunidade, será realizada uma homenagem pelos 400 anos de nasci-mento do missionário jesuíta padre João Pedro Médaille. Em suas viagens missio-nárias pela França, constatou as terríveis consequências das guerras como a fome, doenças, órfãos, viuvas, mutilados e a desunião entre as pessoas. Pe. Médaille teve a inspiração de fundar uma Congre-gação que se dedicasse às pessoas mais necessitadas. Desde o início, juntaram-se às irmãs, pessoas leigas que continuavam vivendo em suas famílias impregnando-se da mesma espiritualidade e missão. Surgem, então, pequenas comunidades no meio do povo, como fermento de unidade, dando origem à Congregação das Irmãs de São José.

Com grande expectativa, o Rio Grande do Sul e o Brasil aguardam, em novembro, a beatificação de Ma-dre Bárbara da Santíssima Trindade ou, como é mais conhecida, Bárbara Maix, fundadora da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Júbilo e alegria perpassam a Igreja, cada irmã, leigo/a e a Vida Religiosa Consagrada.

Austríaca de nascimento e brasi-leira por opção e de coração, Bárbara tem uma bonita história figurada entre as mulheres que engrandeceram o país. Sua biografia é definida pela sua firmeza, ousadia, coragem e ao mesmo tempo pela sensibilidade extrema e inteira confiança na vontade do Pai, fazendo de sua vida um constante servir a Deus, identificando o grito pela vida, surgido dos pobres de sua época, como órfãos, jovens que buscam uma vida melhor na cidade, os feridos e mutilados na guerra do Paraguai, dentre tantos outros que por ela foram ajudados.

Por toda sua doação e cultivo de uma vida cristã ímpar, o Vaticano confirmará sua santidade, declarando-a “Bem-Aventurada”. Os teólogos de Roma que analisaram todo o processo de beatificação ficaram admirados e expressaram que Bárbara "merece ser proposta como modelo de vida e virtude, para um mundo no qual os valores são tão desacreditados e tudo é provisório”.

Tão ímpar como a vida de Bárbara Maix, é o evento que a tornará Bem-Aventurada: é o primeiro a acontecer na cidade de Porto Alegre, dentro do ano do centenário da Arquidiocese Gaúcha, além do fato de que a religio-sa é a primeira mulher a viver no Rio Grande do Sul a alcançar este título da Igreja. A celebração de beatificação acontecerá no dia 6 de novembro de 2010, no Gigantinho, Porto Alegre (RS) a partir das 13h30min. Para mais informações, há disponíveis dois espa-ços na internet: O site da congregação www.icm-sec.org.br ou o blog oficial http://barbaramaix.blogspot.com/

Milagre de Bárbara Maix: Gaúcho que teve todo o corpo

queimado é curadoPara que a Igreja reconhecesse a

santidade de Bárbara Maix e a decla-rasse Bem-Aventurada, era preciso que um milagre fosse atribuído à sua intercessão, o que ocorreu no ano de 1944, sendo reconhecido pelo Vatica-no somente em 2009.

No dia 10 de julho do ano de 1944, com quatro anos de idade, num rigoroso inverno, Onorino Ecker se aquecia ao redor do fogo, com seus

Primeira Beatificação em Porto Alegre

Bárbara Maix será declarada Bem-Aventurada em novembro

irmãozinhos. Pendurada numa corren-te sobre o fogo havia uma panela com água fervendo. Um dos irmãos bateu na corrente. A água derramou, o vapor e a cinza quente vieram por cima de Onorino Ecker e ele caiu nas brasas. Diagnóstico: queimadura de II grau profundo – III grau com extensão de 40-50% em todo o corpo. Com isso, apenas a morte era uma certeza.

O menino foi colocado num len-çol, preso nas quatro pontas, em duas varas e levado a pé (15 km) para o Hospital na Vila Santa Lúcia do Piaí, próximo a Caxias do Sul, RS, Brasil. O corpo de Onorino era uma chaga só. No primeiro curativo até as unhas caí-ram. Após três dias sofreu convulsões. O médico disse que “só um milagre” o salvaria.

Irmã Dulcídia Granzotto, do Imaculado Coração de Maria, en-fermeira, juntamente com os pais e amigos, iniciaram uma novena, invocando a intercessão de Madre Maria Bárbara. A criança foi-se re-cuperando milagrosamente e já no dia 25 deste mês de julho, Onorino, perfeitamente curado, saiu do Hos-pital correndo, sem nenhuma ferida, não ficando cicatrizes.

Ao ser analisada a cura de Onori-co Ecker, pela interseção de Bárbara Maix, foi definida como "rápida, completa e duradoura. Inexplicável à luz dos conhecimentos médicos". Esse reconhecimento da Igreja é traduzido com a confirmação do olhar de amor que Deus tem por Bárbara Maix, a ponto de atender as súplicas a ela endereçadas de vida plena. Com esse milagre, e tantos outras já relatados em publicações, a Igreja a confirma como santa em vida e na eternidade.(Fonte: Assessoria de Comunicação Beatificação Bárbara Maix)

Bárbara Maix

Foi realizado de 21 a 23 de setembro, em São Leopoldo (RS), o Seminário de Estudos da Comissão de Diálogo Bilate-ral Católica-Luterana (ICAR-IECLB). O evento aconteceu na Casa das Diaconisas da Igreja Evangélica de Confissão Lute-rana no Brasil, e teve 30 participantes, entre bispos, pastores sinodais, padres e pastores.

Dentre os conteúdos e perspectivas foram discutidos três horizontes: Ecu-menismo: compreensão de ecumenismo para nossas igrejas; Eclesiologia ecu-mênica: o ecumenismo na compreensão e definição de sua natureza e missão; e Missão e testemunho comum: traduzir no

Seminário católico-luterano sobre eclesiologia ecumênica

convívio, na estima e no conhecimento mútuo a identidade ecumênica orientada pelos documentos normativos de nossas Igrejas.

Na coordenação do Seminário, o pas-tor Manfredo Ziegel, por parte da IECLB, e Dom Remídio Bohn, bispo auxiliar de Porto Alegre.

O Seminário terminou no dia 23 de setembro, com a elaboração de uma carta a todas as comunidades católicas e luteranas do Brasil, sintetizando as conclusões dos estudos e apresentando indicações sobre como fortalecer as re-lações ecumênicas entre as duas Igrejas no contexto brasileiro.

Page 12: Solidário - 2ª Quinz. OUT/10

Porto Alegre, 16 a 31 de outubro de 2010

“Estávamos muito tempo longe, nos estranhando, nos distanciando. Sentimos no coração que a religião, a nossa relação com Deus não estava mais guiada pelo Espírito Santo, mas guiada pelo mercado. Isto é, a relação nossa com Deus se tinha tornado um produto de mercado com propaganda, com concorrência, com preço. E um grupo de cristãos católicos e evangélicos pentecostais, diante da palavra de Deus e diante de uma fé mais transparente, preocuparam-se com a evangeli-zação e espontaneamente começaram-se a enuclear ao redor de algumas lideranças para rezar juntos, para fazer a escuta da palavra e alguns pequenos temas de forma-ção”, detalha Pe. Marcial Maçaneiro, da Congregação do Coração de Jesus, também chamados dehonianos, ex-assessor da CNBB para o diálogo ecumênico e recentemente nomeado para Comissão do Diálogo Internacional Católico-pentecostal.

Diálogo multilateral Padre Maçaneiro explica que o Encristos – Encon-

tro de Irmãos em Cristo - não é instituição formal que obrigue falar em nome das igrejas. “E apenas um com-promisso fraterno. Todas as igrejas – católica e pente-costais clássicas como Assembléia de Deus, Evangelho Quadrangular, Igreja da Profecia, Igreja Bíblia Aberta, Igrejas de Deus e mais duas ou três que são igrejas livres de linha pentecostal - são interlocutoras e o diálogo se

O Seminário aconteceu entre 21 e 23 de setembro último, na Casa Matriz das Diaconisas em S. Leopol-do e teve por tema ‘Por uma Eclesiologia Ecumênica’.

A iniciativa foi promoção e coordenação da Comissão de Diálogo Bilateral Católico/Luterano – Igrejas Católica Apostólica Romana e Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - e contou com a presença de 30 participantes, entre pastores, padres, bispos, pastores sinodais, um estudante de Teologia e uma representante do Movimento dos Focolares.

Ao final, foi tirado um documento, assinado, respectivamente, por Dom Remídio José Bohn, bispo auxiliar de Porto Alegre e pelo pastor sinodal Manfre-do Siegle, presidente do Sínodo Norte Catarinense, coordenadores da Comissão Bilateral de Diálogo Católico-Luterano.

Seminário Católico-Luterano: propostas de ações comuns de aproximação maior

Crença comumOs participantes expressaram seu empenho

pela unidade, através do diálogo ecumênico, essencial para as Igrejas. E, num mundo mar-cado por divisões e sectarismos, prometeram “ser instrumentos de reconciliação para os homens e as mulheres de nosso tempo, a co-meçar entre nós mesmos, católicos e luteranos. Cremos que Deus Triuno é fonte e modelo de unidade na diversidade da Igreja, renovando em nós a disposição para o encontro, o diálogo e a mútua edificação. Cremos que o Batismo nos une como membros vivos do Corpo de Cristo. Cremos que o ecumenismo é dimensão constitutiva do ser e agir de nossas Igrejas. Cremos que o ministério na Igreja é, acima de tudo, serviço de reconciliação e comunhão”.

Propostasa) Fortalecer na convivência das comunidades católicas

e luteranas a opção ecumênica que nossas Igrejas assumiram oficialmente;

b) Aprimorar nossa formação ecumênica, em vista da mis-são, nos diversos níveis de animação e organização pastoral.

c) Apoiar os organismos ecumênicos dos quais nossas Igrejas participam, assumindo com mais firmeza os seus projetos.

d) Favorecer a convivência, o conhecimento mútuo e o testemunho comum da fé entre católicos e luteranos, valori-zando a rica história de diálogo de nossas Igrejas.

e) Incrementar nossa cooperação em projetos comuns, de âmbito nacional, regional e local, como: semana de oração pela unidade dos cristãos, formação de obreiros/agentes de pastoral, cursos bíblicos, semanas teológicas comuns, inter-câmbios de professores, espiritualidade, diaconia e outros.

ENCRISTOS Início de caminhada comum católica-pentecostal no Brasil

estabelece de forma multilateral.

“Não existe no Brasil ainda uma comissão bi-lateral católica-pentecostal, mas existem núcleos de diálogo e de convivência e uma novidade para o Brasil é uma aproximação mais recente de comuni-dades novas católicas e de espiritualidade carismática com comunidades evangélicas de espiritualidade pentecostal. Já superamos um pouco o proselitismo, os ranços, as críticas mútuas. Hoje estamos num mo-mento de nos perguntar o que Deus quer fazer com as nossas igrejas para o Bem do Brasil? E a gente não precisa fazer um diálogo oficial de instituição, mas um diálogo de experiências. Participam irmãos de várias comunidades novas evangélicas (Comuni-dade Carisma, Comunidade Cristã missionária, etc. e irmãos de igrejas mais clássicas – Assembléia de Deus, Quadrangular, Menonita. Temos um grande grupo do diálogo que faz o trabalho de escuta da palavra, adoração juntos, exortação. E discutimos alguns pontos de nosso testemunho, da nossa estima, da reconciliação dos cristãos. Essa plataforma envol-ve 200 líderes do Brasil e mais ou menos 21 igrejas e comunidades livres diferentes. O Encristos pretende ser uma plataforma fraterna em que católicos de experiência carismática e pentecostais evangélicos se encontrem com tranquilidade, com fraternidade e um lugar de espiritualidade ecumênica”.

Questão de respeitabilidade“Os cristãos precisamos demonstrar na prática o que

a oração do Pai Nosso anuncia: perdoai-nos assim como nós perdoamos. É também uma questão de crédito. A so-ciedade, as pessoas, as lideranças, as cidades, se sensibi-lizam quando vem participar de encontros ecumênicos. É um sinal de Deus que o evangelho entre nós, cristãos, seja mais forte que as nossas divisões. Mas, para poder evangelizar e ter o respeito das pessoas, esse convívio pacifico tem que ficar claro para não dizerem “eles não conseguem conviver e querem propor para a sociedade um tipo de fé, de bem-aventurança, de caridade fraterna, de solidariedade, então isso é papo furado”.

Pe. Marcial Maçaneiro