SOLOMON, Robert. Emoções, Self e Consciência (in Fiéis Às Nossas Emoções)

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^pítuloxix Em o ç õ e s , se l f   e consciênci a

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ndição de seres humanos adultos, reflexivos e dotados de linguagem,

rern()S apenas emoções. Temos pensamentos sobre nossas emoções e no-

fla°emoções sobre nossas emoções. Nós as aprovamos ou desaprovamos. Fi

amos orgulhosos ou embaraçados com elas. Podemos ficar com raiva de nós

mesmos por termos uma determinada emoção (digamos, ficar com ciúme) ou

por ficarmos emotivos quando havíamos decidido não ficar. Mesmo antes

de desenvolver plenamente nossas habilidades linguístico-reflexivas, antes de

f o r m a r pensamentos sobre nossas emoções ou avaliá-las, aprendemos a reco

nhecer que as temos. Nós as mencionamos, até publicamente: “ Você está me

deixando com muita raiva!” , “ Eu te odeio!” e “ Eu te amo.” Porém, mesmo

quando não agimos assim, geralmente as identificamos para nós mesmos.Sabemos que estamos embaraçados. Sabemos estar tomados de admiração,

quer apliquemos ou não aos nossos sentimentos os rótulos explícitos.

Animais e crianças não fazem isso. Nem mesmo têm essa capacidade re

flexiva mínima. Para nós, no entanto, ela se tornou parte essencial da nossa

vida emocional. Nossas emoções e experiência emocional incluem, de modo

característico, nossos pensamentos sobre nossas emoções e nossas emoçõessobre nossas emoções. É por isso que nossas emoções se tornam tão centrais

para a ética, não só porque já trazem dentro de si estimativas e avalia

ções ou porque nosso comportamento emocional tende a ter consequências

eticamente significativas, mas porque estamos continuamente estimando e 

avaliando nossas respostas emocionais. Como os estoicos ensinaram, anos

atrás, nossas paixões podem começar com “ primeiros movimentos” primitivos, mas só se manifestam inteiramente quando as “ afirmamos” ou “ ne

gamos” . E o que afirmamos e negamos não é apenas a emoção. É a emoção

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.O i* "’ ‘ »OlOMON

. | próp rio »'tf   m ostra OU d fn u n t' ‘> Mwn, ,como umi rcflr«Jo * ^ fnvergDOhado porque e « i com

^ «"  r. D* v* m" d°'   comG rimido ou covarde. Uma mulher o rg u l^ ’ 

r r r Z U    com ra.va do supervisor que a vmha m o end o e * ,

* ’ , T m u d . a c o n a p í J o “ ra * pas“ " ’ do pe«,„o toman do” -An.es mesmo d , ap rend e, a anah4at »,»e«umoi

b i c õ e s como profundamente ,nd,ca.,vaS do npo de p e« oa ^

Z Z 2   « K>n,am „Ao longo deste livro, nao disse muita coisa sobre o self, ou autoconj.

ciência, pelo menos não muito diretamente. E, no entanto, o self  e o senso

deself  permeiam virtualmente rudo sobre o que falei, desde as emoções ma«

•básicas" ate nossos mais complexos julgamentos emocionais e engaiamen-

tos no mundo. Não significa que todas as emoções sejam sobre o self , nem

que todas seiam de algum modo autoconscientes. Muitas de nossas emo

ções são a respeito de outras pessoas ou de uma situação, e nossas emoções

podem ser alrruistas, totalmente voltadas para os outros e podem engaiat-

-se em tarefas que não envolvem interesse próprio. Como veremos, existe

uma importanrc diferença entre as emoções autoconscientes e as que não o

são. O self , porém, está implícito ou é conivente em praticamente qualquer

emoção humana, mesmo as que são essencialmente síndromes fisiológicas

ou programas de afeto. Desse modo, o neuropsiquiatra António Damásio

especula que existem protótipos de self  e autoconsciência em todos os setes

vivos. Ao longo deste livro, vimos o self  aparecer repetidamente, não só nasemoções obviamente autodirigidas, como vergonha, embaraço e orgulho —

em que o self é claramente o foco — , mas também na raiva, em que nãoc

o foco. No entanto, a raiva diz respeito a uma ofensa ao self  e, portanto,

envolve necessariamente um senso do s?/^ofendido ou frustrado. Alemdii-

so, como vimos, a raiva frequentemente envolve estratégias para resgatar j

autoesrima nas quais o self  desempenha um papel magistral (“como juu*

|úri ). Da mesma forma, o self  está profundamente envolvido no amor,

mo 0 foco sendo o ser amado, uma vez que, segundo minha análise,0 jnu

ruturado como um com partilhar de selves: portanto, nesse sentiJl1,t

"t( d ° ' Ur LOm ° Se^ ' °  ^Ue’ msist0 enfaticamente, não significa ih;fr 11mor c amor a si mesmo” Amor-próprio não é amor

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|y)ri,nio hC  ,o l^,s ',s emoções envolvem o st*//, não significa que

,m io J'1'* cxpl'*- me, a respeito do self.  Às vezes isso é contestado,

iiitif* vfrcuios, p<los que insistem (de um jeito ou outro) em que todas asautoiciitrad.is. Intretanto, se e em que sentido as emoções

tni/ih' ('nvo'vrm () st‘lf   é uma questão mais sutil. Assim, na raiva

0ifl( cs tá compli tamente envo lvido, mas não é o oh)eto nem o foco de

(0(mi<toc'a’ e na in‘l,KnaV';>‘>rnoral o self   pode não estar, absolutamente,

fni rviili'"1111' apenas a transgressão e o transgressor. O self, porém, como

yni juiz apontando o dedo, está claramente presente mesmo que não seja o

hKofi aparentemente, nem esteia cm cena. Se sinto orgulho do meu irmão,I emoção e bem explicitamente sobre meu irmão, mas, como David Hume

 jssmalou no Iralado sobre a natureza humana, meu orgulho só faz sentido

na medida cm que percebo meu self   em conexão com meu irmão. Assim

também na fé, no assombro e na admiração pode ser que o importante para

icmoçào da pessoa seja .1  relativa insignificância do seu self-, porém, tam-

brmassim, o s<*//est.i envolvido, não importando quão intensamente o foco

possa estar no objeto da emoção (Deus, o herói da pessoa ou um indivíduo

exemplar). No medo, existe a questão premente sobre o que a pessoa deve

ria fazer, assim como de que modo pode ser prejudicada, e apesar disso o

loco do medo esta no perigo, e não no self, em si, da pessoa.

Mencionei acima que existem teóricos que têm insistido (de alguma for

ma) em que todas as emoções são autocentradas. Mea culpa. No início do

•»eu trabalho sobre emoções, arrisquei a hipótese empírica muito geral de<|iic a estratégia final de todas as emoções era a maximização (ou manu-

f,i\ão) da autoestima. (Com isso desejava aperfeiçoar a sugestão anterior

* Sartrc de que todas as emoções eram uma forma de "comportamento

* I«H ’ , tentativas de proteger a reputação no confronto com um mundo

Recuei dessa hipótese excessivamente ousada que, hoje, vejo que

*•> todas as etnocõe» demasiadamente auto.meressadas e talvez até nar-

■»**. Passe, também a ahom.nar a noção de -autoestima” devido ao uso'"‘Wrimmado feno por educadores e gurus p»co-pop  No entanto, ainda

"“ "*nho o que considero ser um .»**< central: todas as emoçoes dos

humanos, virtualmente por definição P»r ’* * «U menos autoc e...... entes, São e„ga,amentos do self  no mundo, Por

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 JOlOMON

.|, f ,se * l f , mcsm° qU’,fUJ ° ° UKO 7 tal djS «"»Oçò,M>- , inltr, d.reção, para o bem-estar de uma outra . J

r ........" ' " ll " V ; MIfM cm que se esta at, vãmente enga,ado. H o * *

,M,á IV ‘,S‘ P ,‘ i ’s emoções diferentes de ,ulgamentos intefec, **.

....

•■»“ ' *"'t \.UlOS~.  Enquanto estrategas, estão preocupada* e'$• .......... i,:'7 Z m  o bem-estar do «-//(sendo sobrevivênca a cond,^

Mnndo. a dramática escratégia da ra.va não é tanto ex c ^

gU minha hipótese anterior, fundamentalmente p0rque

l,*„o rciDnhn-cr que somos pessoalmente motivados em nossas emoções

„ »o nu benelic10 próprio, mas cm benefício de outros. Às vezes podem0s

.

.......  ••ahnoMdos“, desde que isso signifique subm issão  total do se//; e nào

MU awM'iwia Isso não torna as emoções nem um pouco menos pessoais, o

portm. pode estar envolv ido de maneiras diferentes. Pode estar subme

tido .! uma v a usa maior ou, no amor, ser expansivo. Pode envolver e incluir

outros selvo i' ate íundir-se com eles. Podemos ficar com raiva e, prm.

ci|>alnicnte, moralmente indignados — tanto no interesse de outros como

no nosso. Podemos tanto vincar outias pessoas como nos vingar. Sentimos

simpatia r empana por outros quando nos mesmos nada temos em jogoou

em tisfo. Poitanto, enquanto o se//esta envolvido em praticamente toda

cimvio. isso não significa que todas as emoções se|am autocentradas ou

cgoútav O que. porem, também emerge dessas considerações é a compre

ensão de que nas emoções o self   não e uma substância única, como sugeriu

IVscartes em sua clássica reflexão sobre o self.

I mbora ao menos implícito em todas as emoções, o self,  no entanto,1 ' 011-1 " ^ "'paiincias muito diferentes em nossas diversas emoções.

'I . I iunit. apesar de negar o self  cartesiano, argumenta que ideias

I 'i' * ta mo causam orgulho quanto são aquilo sobre o qual éo

2 * ,rJtJ dc ,de,JS diferentes. A causa, diz ele, é o que fizemos

>:rral Unia \' U masa segunda ideia é sobre o se//’de modomais

Descartes do  ^ ^ ‘n,doMcn,os J c°ncepção excessivamente abstrata dc jhms quc f |t. _ / , 1U Uina C0,Sd pensante” , e procuremos os vários pJ'

-->•// M r 1 Mlí 1n*lar na:* diferentes emoções, verificamos que 0

dc 11111,1 J S*io em andamento, o agente de uma ação

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^  un, „ , ,|r al*iinru calmnid.ule, a parte ofendida, o heneficiár.o de

r ,ruHen,c MP«ct‘idor, o agente ou a vinma (ou am-

# ou o ofendido (ou ambos) e, sem dúvida, pode estar

',f , , u l , s n," ' r 'r',,>. «»rn outras pessoas. Esses vários selves 

,, *' u lf  M,,p encontramos na vergonha e no embaraço é o

.«.» q>" vfmo' m   ,UVI> ° s,,,f   no amor, se funde com outro é o« irii.u na triMc/.i on ate no luto, mesmo quando o luto se segue ao

imoff 0"-uu*° Mu t/vhr ( l yí>6) defendeu a fragmentação do self  (“ uma

(,,, ,1'iuf.nlr dt » li es  ). parte do que tinha em mente eram as compreen-

nuiiii* dll' irntes que temos de nós mesmos quando em nossas várias

|M|V.. v Portanto, falar simplesmente de “ o self " na emoção pode revelar-se

r\mn> iinnite simplista

0 t|i'< com íamos .1 perceber, do modo como penso que Hume e cer-

uMuiiti Nki/mIic perceberam, e que, de uma emoção para outra, o self  

muda mi.i toima «• ate mesmo sua natureza. Não é como se houvesse um

*. muito inrnos o que filósofos anteriores defenderam e atacaram como

mm ilm.t vois.i " que entra nas nossas emoções. Os animais podem ter um•niso iiidimcMt.ii vlt m7/, de si próprios como ameaçados e desrespeitados,

m.iv pessoas porque podem ser totalmente autoconscientes — têm uma

(líni.i muito mais atnpl.i de emoções, mesmo no nível pré-reflexivo. É alvo

»fs debates a questão sobre se animais podem ficar envergonhados, embara-

v iilov ou oipilhnsos (embora observando um shepherd alemão que acabou

 Jc «.i comportai mal, ou de fazer uma tarefa complicada, se)a difícil para

triini não pens.ir que podem), porem nas vidas humanas a existência e a im-potiaiH i.i de tais emoções são inquestionáveis. Elas são definidas em termos

do ><//. Sr ta/ sentido di/er que um cachorro da raça shepherd alemão pode

Ik.ii envergonhado, embaraçado ou orgulhoso, então também deve fazer

ttntido di/er que ele tem algum senso de self.

O que significa ter um self  (e um “ senso de self ) ' Mencionei que Damá-

Mo i siieve, de forma ousada mas especulativa, sobre uma consciência cen-

n.il r um proto self  que existe mesmo110

 nível mais rudimentar de funçãocerebral e ate nos organismos mais primitivos. Anos atrás, Lewis Thomas

( I 1* 4) argumentou que ate os organismos mais primitivos, fungos ameboi-

dcs. por exemplo, têm um senso rudimentar de self , isto c, algum senso sobre

» I f IS As NO SS A S I MO(, Ol \

3S 1

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,„,e e BKlro. No ' n'''"UO' Sfm Str «necu|.

„ õ.. conv.cvão. *"im7 man,,.^„vP»*.....' meJ„ têm al«um senndo de vulnerabilidade ( '

' *"* ’ " *   ím alB„m * d' ftSa-,N Í° “ deVt, Sal,ar P JrJ 1 -1*•*” * animJ,s que estão com medo estâo tom

L anitnais a s ** *« * ,cntam m 3W   ° ant**°"'«> P0TqucdJ IW’m °!e,to de mor«.) A questão a<l“ ' * q-e concern» (

que conceito de self, os ammais precisam te, a I™ de

* >A resposta, excessivamente cética, de que anima,s não têm coritt|.

uTe portanto conceito de se//, só desloca a questão um passo atrás, , Mndo

nos força a perguntar de que senso  de se// um animal precisa ser dotado

pJra ter emoções (em que evitamos o frequentemente superintelectual.zadoconceito de “conceito"). É, no entanto, evidente que os animais têm algum

senso de self, a partir do momento em que têm qualquer emoção que seja

(certamente, só um ceticismo ininteligível ainda o nega.)

Entretanto, ter um senso de self  não é o mesmo que ser autoconsciente.

Há grande controvérsia a respeito da discussão sobre se, e até que ponro,

animais tém autoconsciência, ou seja, um senso de si próprios como selm. 

Experimentos de observação do comportamento de chimpanzés e gorilas,

quando se viam no espelho com a testa pincelada de tinta, parecem ser ine

vitavelmente falhos se os pesquisadores considerarem que aufoconsciéncia

limita-se a autoconsciência visual. Muitos animais parecem depender muito

mais de um senso de olfato (notadamente menos importante na maioria das

interações humanas, com exceção de perfumes e encontros no elevador e no

metrô). Sem lidar, porém, com esse assunto espinhoso, podemos dizer comalguma clareza que os animais podem ter emoções e, portanto, algum senso

de ulf, mas não sabem que têm emoções e consequentemente não são auto-

conscic mes da mesma forma que os adultos humanos podem ser. Por outro

), serts humanos adultos podem tanto reconhecer suas emoções (roesm

M P jssain identificá-las equivocadamente) quanto ser autoconscif*11

P o delas. Mesmo que biólogos, como Damásio e Thomas, esteja'1«mos a estender a noção de individualidade a virtualmente todas # c°'

v>vas. <firU aCt»tralid I . ^Ue aPresentem um mecanismo interno de s o b r e v i v ê n c i a .

-‘ V na emoção humana significa muito mais do qur 1S

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f ,n ' As n o ss a s   im o c ô is

apreender tomo profundam«,,,

ajuda-nos a entender um ou.ro aspei,,, ° "V

'•  i|mtn,e malirnerpmado. De um modo g „.|, concorda.«

■, a, emoções admirem gradações. A pessoa podc Mlat

% ,a,va ou com muna. muna raiva. Pode es,ar um p „„c„ apa.xonadl*. Jidamente apaixonada, ode estar um pouco embaraçada mas pode

R e s t a r muito embaraçada, até humilhada ou-mortificada- o que, forrm. essa mlnadade  de uma emoção? O que s,6nifica ser um pouqu,.

 jhotmotivo em oposição a muno emotivo! Geralmente se considera ser a

„„ensidade de uma emoção o “ calor” de uma emoção, como se uma pessoa

 jUCestá com um pouco de raiva vá ficar um pouco agitada, mas uma pes

eta que está realmente com muita raiva, ou furiosa, vá ficar bastante ver

melha e sofrer de todos os tipos de intensificações fisiológicas (pulso e ba

timentoscardíacos acelerados, respiração difícil, suor abundante, câimbra,

itnsão muscular etc.), e tudo isso se manifestará em sentimentos intensos,

uma experiência emocional particularmente intensa. A raiva é, portanto,

considerada como mais ou menos intensa com base em “quão fortemente a

pessoa sente” .Entretanto, já sugeri que o grau de alteração fisiológica pode,uvezes, ser surpreendentemente independente da intensidade da emoção e,

portanto, assim também as sensações que acompanham aquela alteração.

Sensações como as do sistema nervoso autônomo podem ser produzidas

devárias formas — em consequência do início de uma gripe, da ingestão

dt estimulantes ou suplementos vitamínicos —, mas a pessoa logo percebe

queessas sensações não são, nesses casos, sintomas de emoção. Pessoas fi-

uro enfurecidas com pequenos desapontamentos, mas por causa disso nãotoemos que sua raiva é intensa. Algumas pessoas, mesmo com muita raiva,

Nem permanecer bem “ frias” e controladas, talvez porque |á anteveiam

arrasador ato de retaliação ou vingança. Nem por isso desconsidera

Ssua raiva. Mas, então, qual é a medida para a intensidade da rai a.

Ir|a que, na maioria das vezes, a medida da intensidade da u

, ' idl de ,ía ofensa.  Esse não pode ser, no entanto, um julgame^VlJ •Se assim fosse, a raiva irracional e a “ reação exagera a ^  

^P^ensíveis, )á que a raiva seria sempre proporciona a rea  ^ ^

UlSa<mdependentemente de como essa fosse determina

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. t ~ r i controvírsias quanto * * « • -ob,e„vns.„da. ainda h*ve da ofcM> depende do «trapo causado à repu, ' '*»

«ano se a «"«■ do a|guns moralistas, da origem, da p .« # * * , *>

W " '  ° U “ “ 7 : ‘ violada etc. Entretanto, o „ligamento em quMtJo *

T > Z " » d o « M » (ou “ subjetivo’*) a respeito da seriedade d, oí, •

'“ 'T 0 la i . r o o « * » '<” « “ COm°T    ° “ *realmènte alguma ofensa. Dessa forma um insulto que causa pouco „

à reputação de uma pessoa pode, ainda assim desencadear furta * tlj %

L a r como uma questão pessoal e considera-lo suficientemente ofe„SlV0

■0 quão fortemente a pessoa sente" refere-se, em outras palavras, à |0IÇJ

e à convicção dos julgamentos componentes, nao aos seus sentimentos cor.

porais. Se uma ofensa é sennda muito pessoalmente e como muito seria,

a raiva será intensa. Por outro lado, se uma ofensa não é de modo algUmlevada a sério, talvez porque o ofensor seja um velho adversário de quem*

esperam tais comentários, ou talvez porque seja um impertinente, ou apenas um bêbado desconhecido, então a raiva será menos intensa. Em outras

palavras, a medida de intensidade da raiva é o senso de vulnerabilidade e de

dano ao self  da pessoa. Dizendo de outro modo, a medida de intensidade é

um julgamento ético — quão importante é a questão na vida da pessoa — enão uma amplitude fisiológica.

Naturalmente, os sintomas fisiológicos da raiva geralmente serão pro

porcionais à estimativa de vulnerabilidade do self  e de dano a ele, mas não

são esses sintomas fisiológicos que indicam a intensidade da raiva. 0 mes

mo é verdade em relação à intensidade de outras emoções. Sensações como

medo e estar com medo aumentam na proporção em que aumenta o sensode perigo e vulnerabilidade. (Por exemplo, a intensidade do medo vicário,

enquanto se assiste a um filme, requer um tratamento especial. A pessoa

teria de incluir a estimativa de perigo e vulnerabilidade dentro do campo

de abrangência da sua “suspensão voluntária da incredulidade” .) 0 amoré

mais intenso quanto mais o self  de uma pessoa se sente envolvido e próximo

, ^ ao 5e   outr° . Os sentimentos (sensações) de amor tamt mmten daed.17 n S 0 S , COm al&um bom senso ina <luerer ^  *menos na inrp * jCnascom base na intensidade do sentimento, muito

nsidade dos sintomas fis.ol6g.cos. Logo após t« feito

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m áè .M <•" » r « « « . o . sentimento* memuráve,. da n.

s(.r nrni.mo*. mas , .nlriuidide d, crr.(Nâo, cm outras Dal P<>

d ' **' Pode es».»r no * u aUKc ° ^

^   .......... ................... —   .....

com O grau n „ que a p .,soa "a Ic a etn lm iJ1 p ^ . ( / ™

 jjuportánci* b

. Levar em termos pessoa.» refere se não só aos ]ulgamentos aval.at,-

,osna emoção, mas tambein a autoconsciência reflexiva ou ao que mu.tos

lf0r,cos inam referir se como consciência de “ segunda ordem”, consci-

 jncia da consciência (da em oção). Portanto, a fim de compreender o(s)

papcl(éis) central(is) do self  na estrutura das nossas emoções, é necessário

explorar a vastíssima questão da consciência. O que significa, para uma(moção, ser consciente?

Hj um sentido mínimo em que todas as emoções são conscientes, isto

é.registram nossas sensibilidades e dão origem ao que se pode, de modo

muito geral, chamar de “ sentimentos” , quer os notemos, quer não, quer

prestemos atenção a eles ou não. Alem disso, caracterizamos emoções como

engajamentos no mundo e, portanto, podemos dizer que para que qualquercriatura tenha uma emoção, ela precisa engajar-se no mundo, ao menos per

cebendo o mundo e tendo alguma participação e algum papel no que acon

tece nele. Desse modo, minimalistas como Jeremy Benthan declararam que,

mesmo que animais não pensem, eles sentem e, portanto, têm interesses. (Pe

dras, ao contrário, não têm interesses.) Na medida em que as emoções en-

v°lvem percepções ou têm algo em comum com elas, podemos chamá-las de

romimamente conscientes caso envolvam ver; ouvir, sentir o gosto ou sentir,P°r exemplo, a carícia delicada de alguém ou uma leve dor na panturrilha.

CSsas forem muito fracas, podem estar abaixo do limiar de sensação e não

* conscientes e, portanto, não contar absolutamente como sentimentos

*lirt'm, se estiverem acima do limiar de sensação — e este c °P 0j cm

' «o precisam ser noradas ou que se lide com e la , Desse modo, podem

conscientes em um certo sentido mas nao em outro. ^ ^ ^ m  m exemplo conhecido, na psicologia, e a pdrece, de forma

^ u,fia imagem surge tão rapidamente que o su| quando,

8Uríla, percebê-la (e, se indagado, negará que o

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, «

allium** pergunta» relevante., f.cará ev,denfe

m « * ,,* . «* '•‘ ' " ’ .o u v,u a imagem. Assim também à» ve* , v

iTrf-li"fn«f'ríff,"rr‘ " mJS mais tarde, parecemo. lem b rarm o .^c o i - * « "á°  J \ nrZ mpor  e x e m p l o , por Robert Za.onc, da U n .v e ,^I» Fo. demflnSt " ; cZ õ rs s u b l i m i n a r e s podem afetar nossa*

d f n o l p re fe re n c e por ideogramas chines« - que, em ^

Por exemplo,no* P jncxprcsslvOS - aumenta simplesmente com ba* ^

aKMl Z b l ^ « , rcptnd* e familiaridade ou em ass«,açà„ ,

" POSI como  um rosto feliz) (1»»0). O trabalho de Za,onc

P0SI" rrovérs,a especialmente devido a um prolongado debate o*, „

S T d a avaliação" Richard Lazarus. No entanto o que emergiu « , U(,

" ,   ____ é geralm ente consenso fo i a ide ia de que ha diferentes „ í,Bl *

consciência, alguns dos quais envolvem reconhecimento (dos próprio* esta-

dos mentais) e outros nao.Considerem o exemplo de Dan Dennett do que ele chama rollmg 

consciousness,' quando alguém dirige por uma estrada conhecida enquanto

absorto em uma interessante conversa (1991). Entretanto, a pessoa percebe,

abruptamente, que está dirigindo quando algo desagradável acontece que

demandesua total atenção (um carro aparece, subitamente, de uma estradalateral ou um pneu estoura e o carro desvia-se para a esquerda). Não é que,

antes, omotorista não estivesse prestando atenção — ele não saiu da estrada

nem bateu em outro carro —, mas estava dirigindo no que expressivamente

chamamos de “piloto automático” . No entanto, quando agora ele presta

atenção na direção, não é como se, de repente, estivesse fazendo uma coisa

diferente. Nem está simplesmente fazendo o que fazia antes. Do mesmomodo, quando temos uma emoção e tomamos consciência dela, não é que

agora estejamos sentindo outra coisa, mas não estamos simplesmente sen

tindo o que sentíamos antes. Uma das possíveis diferenças é que o self  agora

está em foco, enquanto antes não estava. (É por isso que Jean-Paul Sartre

que o self  só aparece na consciência reflexiva, mas que as emoções, ema, nao são reflexivas.)

no pr mej Cm in.V0Car ateuma teoria da consciência, podemos dizer quc*

deve (nor H fentl- ° ’ Slmplesmente registrar as sensações, algum sentimento,íao) ser um a,o consciente (às vezes chamado de “consci*

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A* -05SA» tMoç0f^

ic prinncira ordem"), mas ru» deman senndo* —

uber <*"' * tem Um determina<*o estado mental - **” * "C «  ou as emoções precisam ser conscientes ir o ó ^ Z ^  **

C * * ** dc “ Bunda ord' m' ’-N° que «í . c ú r ^ r como; c„mo um senso de «l/deve ser possível em um nivel de c o ^ c ^ T ^,„vo iquer se,a ou nao em fungos amebo,desi. A u to c o n ^ . p j™

: ^ forma estranha de * refenr a uma vanedade de opos de consíLc*

rtnociona I que podem ou nao ser possivers em uns poucos ammais que nãoa linguagem (embora fosse relativamente rarol, mas é generalado na

„noção humana adulta. De fato, emoções autoconscientes podem não só

fxigir o uso da linguagem, mas o domínio de uma linguagem bem sofisticada. qUe inclua (minimamente) um vocabulário de emoções e de self  e uma forma

ic “siruar” as emoções em nossa psicologia e em nossas «das.

 Jean-Paul Sartre fez uma distinção entre consciência “pré-reflexiva1*t-reflexiva", para diferenciar dois tipos de consciência: inicialmente, domundo,e, em segundo lugar, de nós mesmos. (“Primeira e segunda ordem"éusado no trabalho mais recente dos psicólogos Mareei e Lambie; outro

■modo de fazer a distinção é: consciência “ fenomenal" trrsus “de acesso",finta pelo cientista cognitivo Ned Block.) Entretanto, Sartre percebe, imediatamente, que sua distinção entre consciência pré-reflexiva e autoconsciência

reflexivaé simples demais e torna, então, o quadro consideravelmente mais

ambíguoao insistir em que, embora o “eu” , o se/f. apareça apenas no nívelreflexivo da consciência, uma espécie de versão do cogito cartesiano {“eu 

penso” ) deve aparecer mesmo no nível pré-reflexivo. Ele descre\e, como

“toepisódio típico de consciência pré-reflexiva, a experiência de bonde a

*r alcançado,” claramente sem um “eu” (em oposição ao reflexivo “tenho

dtPegar aquele bonde” ). É, no entanto, bem evidente que o “eu" esta im

plícitono primeiro caso, mesmo que não seja pensado ou percebido^

Portanto, precisamos distinguir, ainda, entre autoconsciência

«“-.eentre d,feren.es npos ou -níveis'de auroconscréncra.

"aoPara confundir uma questão que pode t e r pareci o c^ra, ^aprec'armos como nossas vidas emocionais são tom pu lado por

^'consciência, mesmo antes que cheguemos ao  a exCessiva-Und Freud. Quero sugerir que a distmçao de dois n,e,s

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é afk m a a u   " •“ r ,s il,no s,(" uspda lln«ua«cm • > ** ** **.|(t 1( f| (i||| J (. I(.(1 ,Kts>,>.. rxpr.in.ci.. “ bruta" ou linguisticameo*>,lo

processada. Nossa linguagem (ou, ni.iis precisamente, os conccitos que temoi

porque usamos linguagem) permeia todas as nossas experiências, ate as mais

incipiente* e inarticuladas. (A expericncia lim itt seria algo coino dor puf]

ou sensaçao pura, mas, ainda .issim, pricisamos nos indagar se a cxpcriên-

cia seria .1 mesma caso não a reconhecêssemos como dor ou como o tipo dc

sensação que era.) Assim, podemos calcular o que é raiva para um cachorro,

um pássaro ou um macaco? Em certo sentido, certamente sim. Porem, cm

outro sentido, mais profundo, provavelmente não. A mesma pergunta pode

ser reiterada em relação a pessoas de outra cultura ou (só para gerar confu

são) pessoas do outro gênero. Essa e uma questão que vem nos perseguindo

di sde o mino do livro: nossas emoções são, em certa medida, tanto moldada*

quanto definidas pela linguagem (e as metáforas) com a qual as identificamos

e descrevemos? A resposta é: “ em certa medida, sim ” . Nossa linguagem, ou

perspectiva, molda e define “ em certa m edida" não só nossas emoçõesesped-ficas, mas também a forma geral de nossas vidas emocionais.

 Jsso significa que nossas emoções )á são saturadas de reflexão e auto

consciência e não podem ser compreendidas de nenhum modo pré-refle^

vo . Creio que podemos ver, aqui, por que Sartre ficou tão agitado dunIC

sua rt|Vindicação de que existe uma consciência pré-reflexiva bem P‘ir^

d »consciência reflexiva e por que seu ensaio inicial sobre as emoç^'^‘I '1' pK sumia essa distinção (e insistia que todas as emoções rJ,n ^

Xl>1■), foi insatisfatório. Conforme insistiu Merleau-Ponty, trâ° cXI

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Ai  âmculado» e a autoconsciência e a reflexão nodrm * quate

'<um " !Ujln“ n" * min,uiamcrue Z « Z Z ! \  ' “porém, em um contexto estcnco. nj p e a « * „ amo,

ressentimento profundos, os conce.tos constitutive* de no.,

^K.ona.s podem ser totalmente pensados, profundamente re flex .v^ -

tfjramente autoconscientes. Tal reflexão e autoconsciência serão decisivasnessas emoções. Nosso senso de amor romântico é uma emoçio totalmente

reflexiva. As pessoas estao apaixonadas, celebram o conceito de amor e têm

total noção quando estão apaixonadas. (Ê bem sabido que, às vezes, ho-

mtnse mulheres descobrem que estão apaixonados, mas o ponto critico

i que o seu amor só é completamente concretizado a partir do momento em

que identificam que estão apaixonados.) A noção de um amor puramente

pré-reflexivo produziria pouco mais do que atração animal e algum sensode apego afetuoso. Importante? Sim, talvez até “ básico” , mas dificilmente

ob|eto de literatura, poesia e música.

Tudo isso levanta sérios desafios à distinção excessivamente simples en

tre dois tipos ou “ níveis” de consciência. Em primeiro lugar, a distinção em

si é inaplicável a emoções humanas adultas, na medida em que todas as

emoções sâo, em certa medida, reflexivas. Em segundo lugar, porém, creio

que a própria ideia de dois níveis de consciência é pobre. No domínio das

emoções reflexivas e autoconscientes existem muitas discriminações dite-

tentes que podem e precisam ser feitas. Geralmente, distinguimos entre uma

Pessoa que está consciente, ou seja, ocupando-se de seus assuntos e afazeres,

e alguém que se torna autoconsciente, isto é, que está vivamente ciente

c°mo seu comportamento (ou aparência, ou modos) pode aparece p

®a“ alguém. Ou a pessoa pode exammar minuciosamente seus sentimentoP° r exemplo, questionando se são ou não justificados em uma ^

‘"Hão. (“Tenho realmente motivos para estar com ciúme só po q

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. r )   f bem   . .........." ' lKUém’ M lvr/ M,rM„

^ MlUU,r ° l n J o nerWW.men.c c ficando embaraçadoenrub^ndo. g ^ Jfcni,ã(, par., isv». você ».ca rralmen.e rrnh, f

Quando um «m* ^ em(H>k) torn, se inteiramente a u i« « * *

çjido. nJ nKC 1 ' ^ esses dois sentidos de “ autocomu.icnte".)

n z x z - 1"1'' pd°,m" m n° ,n*ws J 'Z i m   ficou “ autoconsciente"* « ig n .fi« J. / r , que fuou mcn,H ^

; -mbaraçado. de modo que, quando »içamos aut.Konsc.cu« do

nosso embaraço, tendemos, portanto, a ficar duplamente embaraçado,. ,Fjn

alemão, pelo contrário, selbst-beumsstsem  sugere algo ma.s como orgulho

ou autoconfiança.) Portanto, uma co.sa e dizer que uma emoção é auto-

consciente, no sentido de que seu objeto é o self, e outra e di/.er que ela é

autoconsciente no sentido de que a pessoa e reflexivamente consciente de

que tem aquela emoção. Portanto, no segundo caso, mesmo emoçòe» cxpli-

c.tamente autoconscientes, como vergonha, embaraço e orgulho, podem ser

ou não autoconscientes. Em outras palavras, estamos talando, aqui, sohre

um complexo sistema de discriminações, não de uma única discriminação.

Com quase qualquer emoção ou percepção, podemos fazer várias ilis-tinções entre meramente ter, registrar, notar, prestar atenção e compreender

a emoção. Podemos acrescentar a isso os diferentes níveis e tipos de com

preensão, desde compreender (emocionalmente) que “ alguma coisa ruim

parece estar acontecendo” ate compreender (emocionalmente) exatamente

o que é, como aconteceu, como apareceu, suas implicações e consequências

e seu significado mais amplo. Eis uma rápida analogia (não necessariamente

emocional): olhando de relance, sonolento, para o meu relógio digital junto

à cama, às quatro da manha, posso nem notar que horas são — embora,da-

ramente, tenha visto. (Estava bem diante dos meus olhos abertos.) Ou p»»s0

notar a hora, nada pensar a respeito e imediatamente esquecer (OU scri quí

nunca P«stei realmente atenção?). Ou posso notar a hora, nada pensar a

. * mjS ser caPaz de dizer a vocè — se você perguntasse — que

*»o. (isso pode ser considerado uma variação de percepção subliminar -

há v á Z a na0 PrCStar atençào "»Im ente. Porém aqui também pen»«!*

mente nen 'Slln<* °cs’ e nao aPenas uma.) Ou, quando olho, posso

que '™ h“ * levantar den.ro de L  horas e meia. 0» P -

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»•«.* ** « O iSA J CMOÇO,,

^ e* pãn^o porque nio vou domu, o

mr uniar Ct,m0 * qUC COnw* ° man‘« meu emort» COm**"* * , par. o «critono. Ou p o » COTÍ<„ , " " P " 1»

. * - » • « “ m > " = ■ - * * « * • » p . 0 * , ^ ^ z , : :

. d,*r ,uc « u » . c„™cOTtt do ,cmpo-, « . , ^ lfc 7 jppbcaçõe* muito diferente*.

po mesmo modo, porm os «.Ur coMoeme» de no*«» emuçôe» (ou 

^ emoções podem ser conscientes» de varias maneiras d.íeremev ou rm vjnt» 'wvm " diferentes. (Elesito em chama los -n,vei»- na med.da rm que uso sugere que sio hierarquicamente ordenados, um *auma’ do outro.) Em onu situação renva, subitamente me dou conta (isto é. reconheço) de que etou aborrecido. Estou agitado, suando, temo. Porem estava assun ames de Botai que estava perturbado, e e evidente que minha perturbaçiu emocio

nalnio  começou so quando eu a notei. No entanto, agora que noto minha 

perturbação. nio tenho certeia tobre o que esta me perturbando. Lembro- me, encão, de unu pequena dtstussio que tive com um colega quando saia fc acntório e o modo como bati a pona, e dou me conta de que devo atar zangado. Mas com o quê? Posso ou nio ser capai de identificar o aonvo, dada a brevidade e aparente banalidade daquele encontto. Entre- tanto, recordo-me de confrontações anteriores, algumas das quais claramen 

»t ofensivas. Agora, entio, compreendo minha raiva atual, nio tanto em 

• t i d o s daquele breve encontro, ma» em termo* de uma longa historia com ***U pessoa. Noto. como ti   furta antes, que o comportamento daquela P«*oa lembra, mais do que superficialmente, o do meu irmio mais velho: 

•rnigame, menosprezador, superior. Tenho, entio, de me perguntar, ag<ra, 

**«wncntc do que - e de quem - estou coro raiva. Fko me rgunU «« estou Im o com raiva ou estou af*nas na defensiva?

compreender, realmente compreendei. minháC^ ' ’ d

Ctento tnc lembrar do que meu p^a * u m c ç o a avaliar a medida qut repasso na mente o«XOOt t o àÚ m áttB L

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, ,,, que meu coles* acabar. * *«• t  fico c„m, ,„..nu‘V<o • -1 trnljtivd de compreender • « .. profundam,,,,,. ’

Desisto « m>, detalhes do encontro. Quando c , ^ '„,e ««centro ma'» • |ve„ |mas não feiras), fico ainda com ma„

pe.wr em a Mugem da situação, Estou com ra,„ ! ’

^ iX V e m io » . se. que não é bom para a mmha saúde, sen, |)U,

7 " T l i de espirito. A, fico com raiva de mim por ter ficado com r„Vj

e noTum pouco) do absurdo dessa confusa reviravolta. Começo a

Lbrr como sou uma pessoa irr.tada e sobre como e difícil, para m.m, rela.

•r resolvo, então, fazer algo a respe.ro. (Nesse ponto, sento-me c começ0j

mcd.rar ou. pelo menos, conto até dez.) Por f im , estou totalmente consciente

da mmha raiva, mas só agora, quando já está passando.Esses diferentes níveis de reflexão ou diferentes tipos de consciência su

gerem. também, diferentes papéis para o se/f  na reflexão. Pessoas com um

alto nível de inteligência intelectual podem compreender suas emoções em

um certo sentido, mas não em outros. Pessoas com boa inteligência social

podem compreender bastante bem quais podem ser os efeitos [da emoção]

sobre outras pessoas e nas suas próprias relações, mas não compreender,

teoricamente, o que está em jogo. Pessoas dotadas de aguçada inteligência

estratégica — que podem parecer bem estúpidas quando se trata tanto do

sentimento de outras pessoas como de qualquer preocupação teórica — po

dem, entretanto, compreender muito bem o que precisam fazer, quais as

emoções estratégicas, que passos devem dar, que expressões precisam adotar

e que medidas tomar a fim de conseguir o que querem. Dessa forma, uma

pessoa com raiva pode compreender sua raiva em um sentido teórico bastante profundo. (Talvez seja um psicanalista, um neurologista ou um teonco

da emoção.) Outra pode estar ciente principalmente das repercussões da

sua rana sobre os amigos, a família e até sobre a própria percepção de ser

simpática. I ma outra pode tramar uma sofisticada vingança, v e n d o clara-

ente o qut precisa ser feito, mas pensando, apenas t a n g e n c i a l m e n t e , sobre

OS mecanismos envolvidos e m tudo isso.ios \ cr, portanto, o quão intrincadamente a reflexão sobre enuV

.gUfa as cmcKrões e se combina e se mistura com elas. Sem dúvida. P

quero ignorar o fato de que também somos capazes de reflenr '

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 j , s» w " " r " " ’-' C ,55° « P i ' « .a ra,, „ „ „ .

" " rcUVÍ° * " mSa* ' mo<4'* « a imprr,,; 1“ » 'o r»f ' „<*«•"'' * »■"“ '» « “ '•m« oposta a nossas era,* '" ! " * * *<««• •f,;U> s) somos seres racionais que podem reag.r e S' Verdade que

f je » P « * «  S,,n" >SS" " ' “ * » * «í L « , K f l«1' c “ 3 inKuagem tanto para ca ra c l “ “ pi,“ s

> « « n o $ s a s cm o (. T '   * i s s o s , R n , f , c a q u e « . « r i 0 r^ ix o n ad a ra en te (ou, era qualquer caso. a ura pa!so *

,  sobre nosso propno compor,araen.o eraocional. t  especialra “ ]

^ d. reflexão re.rospecnva sobre nossas emoções passadas e durarae „

aisodeemoçoes que perduram a longo prazo. Pensando no passado pode-

m0Sver o que dever,amos ter sentido ou deveríamos ter íe.to e dec.d.r hdargessas questões de forma diferente, no futuro. E nas torturas da ra.va,

 ja culpa ou do amor, podemos indagar: “ Por que estou com tanta raiva?” ,

•por que deveria sentir-me tão culpado? Por que a amo tanto?” e tomar

providências para examinar, explorar e, talvez, ajustar nossa emoção. Por

tanto,a reflexão realmente tem uma importante função que permite (quer

a incluamos, quer não como parte da nossa experiência emocional) que ela

questione e conteste nossas emoções e sugira vias emocionais alternativas. É

nesse sentido que podemos, às vezes, distinguir nossas emoções da reflexão e

reconhecer uma liberdade que é impensável em bebês e animais não dotados

delinguagem ou, no tocante a isso, em pessoas relativamente irreflexivas

que— pode-se dizer acertadamente — “ não estão em contato com seus

stnnmentos” .

Uma vez que tenhamos aprendido a refletir sobre nossas emoções e adotidoa prática do automonitoramento, adquirimos um profundo senso de

‘livre-arbítrio” . Como discutimos no capítulo 17, isso não significa que

 J8°ra possamos sentir qualquer coisa que quisermos. Significa, entreta

1®*podemos tomar decisões, resistir aos nossos sentimentos emerg ^ ^

^mbater nossas obsessões, mesmo que, na prática, não passe d

^ eg m ar “ não! não! não!” até o fim. No entanto, a razão ( « £ * * _ e^verdadeiramente desapaixonada e nunca está livre as pr ^ com

^Pectivas do sei f.  Nunca está, portanto, simplesmente algUmas

*' 1)JIX°es, mas, sempre, e por necessidade, aliada a, pe

M U » A i W „ . , , M o t a i j

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c iOlOMONr OBER'

que aquilo <loe clumamos razi» ' ap,.„ «modo, N i« * 1* !U® is forte delas. No entanto, com umidelas. D » ixSo, às vezes d(,sta e remodelada — que nào as

T io de ra“ o « de " „ t “ " das ne,n como totalmente desapa,.

considera nem — ‘ habil idade, de cer,» forn,a desapegada, pau,das masc o m o essenciaisa tjonarmos nossas emoçoes usan-

“ distanciarmos, « '^ " “ ' der uma das coisas que nos tornam

d„ a linguagem nos t0rnar autoconscten.es, refletir amais humanos: o ^ ^ J numenws, tomar decisões e mudar profunda-respeito e descrever no^os s ^ ^ . , (ome de nossa liberdade e

me„te nosso c o m p o r ament emoçôes. E é por .sso, nao importa ode nossa responsabilidade p ^ mecanisinos neurais das emoçoes, que

que mais possamos conhece. nossas emoções e apreciar o papel

precisamos assum.r respons extensão em que determinam

central que desempenham na nossaboa parte de quem somos.

Notas

1. Tradução livre: consciência contínua. (N. do T.) .2. Em inglês, a expressão self-conscious é empregada tanto com a con

(autoconsciente) como para significar “constrangido . (N. do T.)