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  • 8/19/2019 Spiegel - Revisando o Passado

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    REVISANDO O PASSADO E REVISITANDO O PRESENTE: como a mudança acontece nahistoriografia

    GABRE!!E "# S$iege

    Resumo

    Este artigo in%estiga as di%ersas forças &ue $odem a'udar a e($icar o fen)meno historiogr*fico emcurso de re%is+o# Ee toma como $onto de $artida a com$reens+o de "iche de ,erteau da escrita dahist-ria como um $rocesso &ue consiste em uma inst*%e e em constante mutaç+o com reaç+otrianguada entre um ugar .o recrutamento/ um meio/ uma $rofiss+o0/ procedimentos analíticos .adisci$ina0/ e a construç+o de um te(to .ou discurso0# Para de ,erteau/ a re%is+o 1 o $r12re&uisitoforma $ara escre%er a hist-ria $or&ue a $r-$ria dist3ncia entre o $assado e o $resente e(igeino%aç+o cont4nua sim$esmente $ara $rodu5ir os o6'etos de conhecimento hist-rico/ &ue n+o t7me(ist7ncia a1m da identificaç+o do historiador dees#

     

    A nature5a es$ec4fica da re%is+o num dadomomento 1 determinada $eas es$ecificidades do $rocesso como um todo/ isto 1/ $eas

    caracter4sticas do ugar/ o $rocedimento/ e te(to e sua configuraç+o reaciona contem$or3nea#

    Tomando o aumento do 8ing94stico2turn8 da historiografia como um e(em$o do $rocesso dere%is+o hist-rica em seu significado mais am$o $oss4%e/ o artigo $rocura desco6rir as $oss4%eis8causas8 $ara esse retorno# Ee começa com uma an*ise das ra45es $sico-gicas do $-s2estruturaismo como uma res$osta ao oocausto e suas conse&97ncias/ e ent+o começa a e($orar as $oss4%eis transformaç;es econ)micas e sociais no mundo do $-s2guerra &ue $oderia ser res$ons*%e $ea sua rece$ç+o/ tanto na Euro$a/ mas tam61m/ mais contraintuiti%amente/ nosEstados

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    O &ue/ ent+o/ moti%a a in%estigaç+o atua do conceito de re%is+o da hist-ria/ seu $ersonagem/significado/ fre&u7ncia e acançar Afina de contas/ re%is+o/ no seu sentido mais an-dina dere%is+o de erro/ tem sido o cerne de toda a $r*tica historiogr*fica desde o surgimento do $ositi%ismoran@eano e do historicismo#

     

    ,omo 1 sa6ido/ o historicismo c*ssico do in4cio do s1cuo =I= surgiuem o$osiç+o ? iuminaç+o das crenças fios-ficas &ue o com$ortamento humano e desen%o%imentoo6edeceriam eis o6ser%*%eis e uni%ersais de desen%o%imento a $artir do &ua a sua %erdade

     $oderiam ser dedu5idas# 

    Tomando sua $osiç+o contra am6os a metaf4sica da fiosofia doIuminismo e do $ositi%ismo socio-gico de $ensadores como ,omte/ &ue simiarmente acredita%amno car*ter ei2como do com$ortamento humano/ historicistas insistiram &ue as $essoas humanas eos e%entos de%em ser entendidos em reaç+o a n+o metaf4sico $rinc4$ios e(tra2tem$orais ou eisnaturais/ mas a sua e(ist7ncia hist-rica $articuar#

     

    In%estigaç+o hist-rica/ $ortanto/ de%e ser dirigido $ara descre%er a $articuaridade do com$ortamento humano $assado/ a $r-$ria e($ic*%e emtermos de uma com$reens+o da nature5a tota de um determinado $er4odo hist-rico/ no entantodefinido#

    >riedrich "einec@e/ em sua o6ra c*ssica sobre Die Entstehung des Historismus .C0/ %iu aess7ncia do historicismo como a 8su6stituiç+o de um $rocesso de indi%iduai5aç+o o6ser%aç+o $ara

    uma %is+o generai5ante das forças humanas na hist-ria#8 istoricismo/ assim/ com6inou um focoso6re o distinti%o da indi%iduaidade dos fen)menos hist-ricos com uma a$reciaç+o &ue essaindi%iduaidade de am6os condicionados $or e somente $oderiam ser entendidas em termos de umasucess+o de e%entos e 8reguaridades8# Essas reguaridades/ no entanto/ foram hist-ricas/ n+o a ei2i@e/ e/ $ortanto/ necess*rio um m1todo de $ergunta distinta da &ue rege as ci7ncias naturais/ umm1todo ada$tado/ mehor/ $ara as 8ci7ncias humanas8# Ine%ita%emente/ isso significa%a &ue a 6uscaou no%o conhecimento dessas $articuaridades era a tarefa centra do historiador# ,om$etando oesto&ue de conhecimento so6re a hist-ria e correç+o de erro esta%a no nFceo do &ue fe5 hist-riauma 8ci7ncia8 no s1cuo =I=/ marcando a um e ao mesmo tem$o o $rogresso do conhecimento e do

     $rogresso da sociedade# 

    Re%is+o $eri-dica do registro hist-rico foi o norma/ su6$roduto de taati%idade

     

    Era tanto es$erado e acohido e/ em grande medida/ 'ustificada a em$resa como ta# 

    Parater certe5a/ temos nos distanciado muito tem$o/ '* &ue desde o e(erc4cio desse 8sonho no6re8 deuma 6ase $ositi%ista de in%estigaç+o hist-rica &ue/ como Peter No%ic@ foi t+o ha6imentedemonstrado o6'eti%o/ '* n+o 1 com$artihada $ea maioria dos historiadores/ $or mais &ueres$eitem e insistam na 6ase em$4rica $ara toda a in%estigaç+o hist-rica#

     

     No entanto/ na medida em&ue continuamos a acreditar na funç+o documenta da $es&uisa hist-rica/ 8re%is+o8 &uase $arece ser uma categoria ana4tica %ae a $ena e($orar#

    Se tomarmos 8re%is+o8 $ara se referir a uma mudança mais $rofunda da nature5a da $r*ticahist-rica e as suas 6ases conceituais/ sem/ ao mesmo tem$o/ sistemati5ar o termo em seu uso atuatriste como o 8re%isionismo8 do oocausto/ em seguida/ as $oss4%eis ra5;es $ara um e(ame de seu

    significado tornar2se mais inteig4%e# 

    O &ue constitui 8re%is+o8 neste sentido mais am$o 

    O e&uede ati%idades de%e ter ugar $ara se &uaificar como re%is+o Ser* &ue ocorrem naturamente como $arte dos $rocessos normais im$icou em fa5er hist-ria ou 1 estimuado $or mudanças e(tensas em $adr;es de recrutamento sociais $ara a $rofiss+o &ue o mandato no%as arenas e formas dein%estigaç+o $ara desco6rir as ra45es hist-ricas das atuais $reocu$aç;es/ se'a socia ouinteectua

     

    H forçado em cima de historiadores de fora $or desen%o%imentos em outras disci$inasou no mundo maior em &ue %i%em/ ou &ue ocorre como resutado de interior/ mudanças

     $sico-gicas dentro historiadores indi%iduais cu'o tra6aho/ $or causa de sua e(ce7ncia e car*cter con%incente/ acança e(em$ar estado e gera imitaç+o generai5ada

     

    ,omo n+o ter a necessidade $rofunda da re%is+o a ser $ara se &uaificar como uma 8mudança de $aradigma8/ $ara usar aterminoogia de uhn a$icada a $r*ticas cient4ficas/ incuindo a historiografia

     

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    re%ota generai5ada contra as imitaç;es im$ostas $eas normas $erce6idas disci$inares econceituais de rotina/ se'am eas &uais forem

    Estas s+o agumas das $erguntas &ue surgem a $artir do sentido am$iado de 8re%is+o8 &ue sea$ro(ima do imiar de uma mudança de $aradigma/ e &ua&uer um &ue tenha %i%ido as Ftimas&uatro d1cadas de mudança na $r*(is historiogr*ficas $ode a$reciar a necessidade de in%estigar 

    como ta transformaç+o $rofunda na nature5a e com$reens+o do tra6aho hist-rico/ tanto na $r*ticacomo na teoria/ $oderia ter ocorrido# 

    O moti%o $ara fa572o agora/ eu acho/ 1 &ue n-s todossentimos &ue essa mudança $rofunda/ &ue te%e %ariadamente ugar so6 a 6andeira da 8%iradaing94stica8/ 8$-s2estruturaismo8/ ou 8$-s2modernismo8/ tem o seu curso/ for'ado o &ue &uer &ueatera a disci$ina 1 susce$t4%e de a6sor%er 2 en&uanto re'eita um nFmero significati%o de outros 2 e1 efeti%amente aca6ada#

     

    Se esta mudança ascendeu/ como aguns historiadores t7m afirmado/ a uma8crise e$istemo-gica8 na hist-ria $ermanece uma &uest+o em a6erto/ mas ningu1m $ode du%idar de&ue se trata%a de uma re%is+o go6a das maneiras &ue os historiadores com$reenderam a nature5ado seu esforço/ a t1cnica e ferramentas conceituais &ue 'ugam con%enientes $ara a $es&uisahist-rica e da escrita/ e seu $ro$-sito e significado da o6ra assim $rodu5ida#  

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    istoriografia tende a $ro%ar &ue o oca de sua $roduç+o $ode engo6ar o $assado: 1 um $rocedimento estranho &ue $ostua a morte/ uma &ue6ra em todos os ugares reiterado no discurso/e &ue ainda nega $erda a$ro$riando2se com o $resente o $ri%i1gio de reca$ituar o $assado comouma forma do conhecimento#

     

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    ,omo uma o$eraç+o do $resente so6re o $assado/ a1m disso/ a escrita hist-rica 1 sem$re afetada $or determinismos de %*rios ti$os/ uma %e5 &ue de$ende necessariamente 8do ugar onde ea ocorreem uma sociedade e 1 es$ecificado# # #  $or um $ro6ema/ m1todos e uma funç+o &ue 1 a sua

     $r-$ria# 8Q De fato/ $re%endo a hist-ria como uma o$eraç+o/ de ,erteau argumenta/ 1 e&ui%aentea com$reend72a como8 a reaç+o entre um ugar .a recrutamento/ um meio/ uma $rofiss+o etc# 0/

     procedimentos analíticos .a disci$ina0 e a construç+o de um te(to# 8 Esta reaç+o trianguar entre

    ugar/ $rocedimento/ e te(to .ou $roduç+o0 significa &ue as fontes das determinaç;es &ue %+o $ara aconstruç+o da hist-ria s+o heterog7neos e $ossuem um nFmero de restriç;es &ue deimitam aati%idade indi%iduais dos historiadores/ fora da &ua ees n+o $odem o$erar#

     

    Se %isto como um $roduto de formaç+o discursi%a dos historiadores ? a >oucaut/ seu enrai5amento socia em umtem$o e ugar/ ou os $rotocoos de $r*tica $rofissiona/ em determinado momento/ o &ue isso sugere1 &ue uma %erdadeira re%is+o do ti$o re$resentado $ea %irada ing94stica na historiografia dasFtimas d1cadas 1/ em $rinc4$io/ e(traordinariamente dif4ci de acançar/ uma %e5 &ue os im$usos

     $or tr*s de ta re%is+o de%e surgir a $artir e estar em conson3ncia com as necessidades e dese'os &ues+o %ariadamente socia/ $rofissiona/ $essoa e na ins$iraç+o#  A$enas/ ta%e5/ &uando a mudançaocorre em todos os tr7s dom4nios 1 $ro%*%e &ue uma transformaç+o nas condiç;es sist7micasdentro da &ua a o$eraç+o hist-rica ocorre 2 a 8mudança de $aradigma8 no sentido de uhn 2

    ocorrer*#

    Tudo isso sugere &ue a escrita da hist-ria n+o $ode ser inteiramente di%orciada do $schoog dehistoriadores indi%iduais/ &ua&uer &ue se'a o grau em &ue a $sicoogia 1 modada $eo inteectua.eia ideoogica0 correntes do mundo &ue ha6itam ou 1 canai5ada atra%1s de a%enidas

     $rofissionais de e($ress+o# 

    Se reconhecermos &ue a hist-ria 1 o $roduto de imagens mentaiscontem$or3neas do $assado ausente &ue carregam dentro de si forte im$rints 2 ideo-gica e ou

     $o4tico e $arece im$ro%*%e &ue &ua&uer historiador &ue ho'e n+o concordar com isso/ seen&uadrada em termos de discurso/ $osiç+o socia/ ou aguma outra forma de do historiador confecç+o 2 ent+o $arece e&ui%ocado $ara negar a marca de forças $sico-gicas indi%iduais nacodificaç+o e decodificaç+o dessas normas e discursos sociamente gerados/ em6ora o grau em &uecada moti%aç+o .ou o &ue costuma%a cair so6 o ru6ricas de consci7ncia e intencionaidade0 o$era8i%remente8 continua su'eita ? de6ate#U

    Eu afirmo essa crença nas ra45es $s4&uicas da $r*tica do historiador com $ena consci7ncia do fatode &ue um dos $rinc4$ios fundadores do $-s2estruturaismo aardeia a 8morte do autor8 e su6stitui oantigo conceito humanista do indi%4duo 8su'eito8/ ou o indi%4duo tout court, com a noç+o de ferrofundido mae*%e e em constante mudança 8$osiç;es de su'eito8/ constitu4da $or e dentro dodiscurso/ uma caracter4stica de c3m6io $-s2estruturaista de $rofundidade .$sicoogia/ $ortanto/

     $rofundidade0 $ara as reaç;es es$aciais .ou 8$osiç;es80# C "as este a$agamento do indi%4duocomo su'eito 2 centrado como $si&ue/ como agente e/ como hist-rico 2 int1r$rete sem$re me $areceu

    ser o as$ecto mais $ro6em*tico da cr4tica $-s2estruturaista do chamado assunto humanista# 

    O &uetende a se $erder na concentraç+o do $-s2estruturaismo na constituiç+o discursi%a do su'eito era&ua&uer senso de aç+o socia/ de homens e muheres &ue utam com as conting7ncias ecom$e(idades de suas %idas em termos de o destino &ue a hist-ria os tratas/ e das maneiras em &uetransformam os mundos &ue herdam e $assam $ara futuras geraç;es# LK

     N+o 1 de sur$reender/ ent+o/ &ue os de6ates atuais so6re o $-s2estruturaismo e ingu4stica2turn dahistoriografia est+o na mira da noç+o de nature5a inguisticamente constru4da de su6'eti%idade/ umas$ecto de um entendimento re%isto da categoria $rinci$a do discurso &ue enfati5a menos anature5a estrutura da suas construç;es ing94sticas do &ue a $ragm*tica da sua utii5aç+o#

     

    Assim/ a $r*tica e o significado tem sido $eo menos $arciamente desaco$ado do funcionamento im$essoa

    de regimes discursi%os e 'untou2se ?s intenç;es dos agentes ati%os humanos incor$orados emmundos sociais# Ao in%1s de ser go%ernado $or c-digos semi-ticos im$essoais/ atores/ tantohist-ricos $assados e $resentes/ agora s+o %istos como en%o%idos em fe(ionando os com$onentes

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    semi-ticos .sinais0 &ue modam sua com$reens+o da reaidade/ de modo a criar uma e($eri7ncia de&ue o mundo em termos de uma situaciona socioogia do significado/ ou o &ue $oderia ser chamado de uma sem3ntica#L socia Esta mudança de foco da semi-tica $ara a sem3ntica/ a $artir de determinados estruturas semi-ticas $ara a inter$retaç+o indi%idua e socia dos sinais/ em suma/da cutura como discurso ? cutura como $r*tica e desem$enho/ im$ica uma recu$eraç+o dohist-rico como um ator intenciona .se n+o totamente sef2conscious0 agente/ e/ $ortanto/ cooca em

     $rimeiro $ano/ uma %e5 mais &uest;es de moti%aç+o indi%idua e 6eha%ior#LL

    Tudo isso me tra5/ finamente/ a uma consideraç+o das $oss4%eis causas $ara o surgimento dahistoriografia 8ing94stico2turn8 no 3m6ito do &ue 1 mais geramente denominado 8$-s2modernismo8/ e sua crescente aceitaç+o $rofissiona no $er4odo $raticamente co6ertos $or NasFtimas &uatro d1cadas/ com su6s4dios feitos $ara diferentes graus de sua $enetraç+o ao ongo dotem$o em diferentes dom4nios da $es&uisa L hist-rica

    Este n+o 1 o ugar $ara ensaiar as caracter4sticas de am6os a %irada ingu4stica na escrita hist-rica ou $-s2modernismo de forma mais gera/ entendida a&ui como o fen)meno a6rangente dentro do &uaas mudanças na historiografia ocorreram# At1 agora/ e certamente entre os eitores de ist-ria e

    Teoria 2 1 dif4ci imaginar &ue um senso comum de &ue &ueremos di5er com esses termos n+oe(iste/ at1 mesmo como consider*%e desacordo $ersiste so6re o seu significado e utiidade $ara ahistoriografia# A1m disso/ na medida em &ue essa %irada na $r*tica historiogr*fica 1 %isto a&uia$enas como e(em$ar/ como um e(em$o de um $rocesso de re%is+o &ue est* em curso no tra6ahoa &ue hist-rico !a,a$ra em seu i%ro mais recente chama de 8hist-ria em tr3nsito8 L a e(ataeementos &ue com$;em a ingu4stica sua %e5/ o $-s2estruturaismo/ $-s2modernismo e s+o ta%e5menos im$ortantes do &ue o fato de a $rofunda mudança na conce$ç+o e fa5endo da hist-ria &ueees im$4cita#

    */ com certe5a $ouco consenso/ so6re os moti%os e as causas &ue est+o $or tr*s dessesfen)menos#

     

    Ta%e5 a a%aiaç+o mais negati%a das fontes do $-s2modernismo e cachet &ue $re%aecena academia %em do tra6aho coeti%o de oce A$$e6/ !nn unt/ e "argaret aco6/&ue/ ao contar a verdade sobre a história, $rocamam &ue

    Em nossa o$ini+o/ os $-s2modernistas s+o inteectuais $rofundamente desiudidos &ue denunciamen masse mar(ismo e do humanismo i6era/ o comunismo e o ca$itaismo/ e todas as e($ectati%asde i6ertaç+o#

     

    Ees insistem &ue todas as ideoogias reinantes s+o fundamentamente a mesma/ $or&ue essas ideoogias s+o mo%idas $eo dese'o de disci$inar de controar a $o$uaç+o em nomeda ci7ncia e da %erdade#

     

     Nenhuma forma de i6ertaç+o $ode esca$ar desses $ar3metros de controe#

    De muitas maneiras/ em seguida/ o $-s2modernismo 1 uma %is+o ir)nica/ ta%e5 at1 mesmo

    deses$erada do mundo/ &ue/ nas suas formas e(tremas/ oferece um $a$e $e&ueno $ara a hist-riacomo anteriormente @noMn#LQ

    Personagem interessante em seu foco no indi%4duo/ ideoogicamente condicionado da&ueesdefendendo o $-s2modernismo/ a $assagem n+o nos e%a muito onge $ara com$reender as ra45es dadesius+o &ue/ os autores %eem/ ent+o a a6ordagem $-s2modernista das cores $ara o mundo e $ara ahist-ria#  Nem es$ecifica o ugar a $artir do &ua uma $erce$ç+o t+o ir)nica $oderia ter sidogerada#

     

    Se concordarmos com a de ,erteau de &ue o oca de $roduç+o da hist-ria/ incuindo no &ueos discursos noç+o %igentes/ 6em como as condiç;es sociais &ue os discursos am6os constroem e%i%em dentro/ ent+o temos de $rocurar em outro ugar uma e($icaç+o $ara emerg7ncia do recursodo $-s2modernismo#

    Gostaria de começar com o &ue chamei e outros argumentaram &ue s+o as ra45es $s4&uicas do $-s2estruturaismo e da desconstruç+o de Derrida em $articuar .&ue eu considero ter sido a articuaç+o

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     6*sico dos $rinc4$ios L mais im$ortantes do $-s2estruturaismo0 Podemos egitimamente ter/ creioeu/ a marca da desconstruç+o .e/ $ortanto/ do $-s2estruturaismo0 1 um no%o e $rofundamentecontradit-rio reaç+o entre inguagem e reaidade/ contra2intuiti%o no sentido de &ue o entendimentoda desconstruç+o dessa reaç+o inter$;e tantas camadas de mediaç+o de fato/ $rofere $ouco/ mas amediaç+o/ isto 1 dei(ado fechado dentro de um mundo ing94stico &ue '* n+o tem uma com$ra emreaidade#

     

    A1m disso/ a desconstruç+o $ro$;e uma insta6iidade inerente ao nFceo da inguagem

    &ue cooca a determinaç+o do significado em Ftima an*ise/ a1m de nosso acance/ $ara cada te(to/no sentido am$o &ue a desconstruç+o entende esse termo/ fundadores/ em Ftima inst3ncia/ $or sua $r-$ria indeterminaç+o/ seus a$oria/ o 8im$asse a1m de toda a transaç+o $oss4%e 8/ como Derridadefine2o8/ &ue est* conectado com a muti$icidade de significados incor$orados dentro dasinguaridade de inscriç+o te(tua# 8L A desesta6ii5aç+o $s4&uica $rodu5ida $or uma ta

     $ro6emati5aç+o da reaç+o entre a res et verba, 'untamente com a descentrai5aç+o do inguagem e/ $ortanto/ forçosamente/ de &uem 1 o autor e autori5*2a/ sugere &ue a desconstruç+o n+o s-re$resenta uma ru$tura na tradiç+o da fiosofia ocidenta e da hist-ria/ mas uma res$osta $s4&uica aessas tradiç;es &ue 1 em si fundada em ru$tura#LU

    H minha con%icç+o &ue Derrida fe5 uma fus+o a&u4mica de fiosofia com uma $sicoogia

     $rofundamente marcada $eo oocausto marcado $eo/ mas n+o fa5 $arte do seu dom4nio dee($eriencia em &ue as figuras do oocausto como a origem ausente &ue o $r-$rio Derrida fe5muito $ara teori5ar#

     

    Este 1 argumentar &ue/ %i%endo em um momento so6recarregado com aconsci7ncia inesca$*%e do oocausto/ Derrida surgiu na hist-ria da fiosofia como um te-rico do8'ogo8 ingu4stico/ e aega &ue a articuaç+o de 8'ogar8 1 fundamenta $ara esse $rocesso deachemi5ation &ue fa5 a escrita 8de$ois de AuschMit58 .na famosa frase de AdornoLC0 $oss4%e#

     

    Defato/ em uma forma atamente desocada/ 1 $recisamente este o $onto de cr4tica do &ue ee chama de8tem*tica estruturaista de imediatismo &ue6rado8 de Derrida de $artida:

    Esta tem*tica estruturaista de imediatismo &ue6rado 1/ $ortanto/ o triste, negati%o/ nost*gico/cu$ado/ ado rousseauniana do $ensamento de 'ogo cu'o ado outro seria a afirmação niet5schiana/&ue 1 a afirmaç+o cheia de aegria do 'ogo do mundo e da inoc7ncia do de%ir/ a afirmaç+o de ummundo de signos sem cu$a/ sem %erdade e sem origem/ &ue 1 oferecido a uma inter$retaç+oati%a#

     

    Esta afirmaç+o/ ent+o/ determina o n+o centro sen+o como $erda do centro# K

    Para Derrida/ o reconhecimento do 8estruturaidade de estrutura8 1 sin)nimo de 8momento &uando ainguagem in%adiu a $ro6em*tica uni%ersa/ o momento em &ue/ na aus7ncia de um centro ouorigem/ tudo se tornou discurso#8

    Derrida $ertencia tanto $eo nascimento e $ea identificaç+o de auto2consciente de &ue 8segundageraç+o8 do mundo $-s2oocausto em cu'o $si&ue foi indee%emente inscrito um e%ento em &ue

    n+o $artici$ou/ mas &ue constitui/ no entanto/ a narrati%a su6'acente da %ida dos mem6rosL deesera/ antes de tudo/ um mundo de si7ncio/ um 8si7ncio8/ como $sic-ogo franc7s Nadine >resco nosdi5 em sua 6rihante e%ocaç+o do $schoog da segunda geraç+o 8/8 &ue tragou o $assado/ todo o

     $assado 8# Os $ais destas crianças

    transmitiram a$enas a ferida $ara seus fihos/ a &uem a mem-ria tinha sido recusada e &ue cresceuno mundo com$acto do indi54%e/ em meio a adainhas de si7ncio#

     

    O &ue os na5istas ha%iamani&uiado mais e indi%4duos acima era a $r-$ria ess7ncia de um mundo/ uma cutura/ uma hist-ria/um modo de %ida# # # # A %ida era agora o traço/ modado $ea morte# # # # O $assado foi totamente&ueimados no centro de suas %idas#

    Ees sentem2se 8'udeus de$ortados de significado/ as suas autori5aç;es de resid7ncia retirada/e($usa de um $ara4so $erdido/ a6oida em uma morte $or sua %e5 disso%ida/ sedissi$ou#

     

    de$ortado de um eu &ue de%eria ter sido a de outro# 

    A morte 1 a$enas uma &uest+o

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    de substituição. 8Q De seus $ais/ esta geraç+o rece6eu a$enas/ nas $aa%ras de Eri@a A$fe6aum8/un en h1ritage formes dJaus7ncias 8.um egado na forma de aus7ncias0 # igado ? noç+o deaus7ncia na o6ra de escritores franceses da segunda geraç+o/ como Een Beas demonstrou/ s+oe%ocaç;es de %a5io/ fata/ %a5io/ diferença/ e a6ismo re$etido#

     

    "Absente mémoire a,"  nos romancesde enri Rac5moM 1 "la mémoire trouée"! esca%ado/ fragmentado/ &ue6rado#

    Ta%e5 o mais im$ressionante de tudo na o6ra desses escritores 1 o sentido da com$eta inade&uaç+oda inguagem# 

    8O mundo de AuschMit58/ na famosa o6ser%aç+o de George Steiner/ 8reside nodiscurso fora como ee se encontra fora da ra5+o#8 U O idioma 8de$ois de AuschMit58 1 ainguagem em uma condiç+o de diminuiç+o gra%e e dec4nio/ e ningu1m argumentou com maisforça do &ue Steiner a corru$ç+o de fato a ru4na 2 da inguagem como um resutado da 6estiaidade

     $o4tica do nosso era#C E/ no entanto/ $ara a&uees &ue %7m de$ois/ n+o h* nada a1m dainguagem#

     

    ,omo o $rotagonista do romance de Eie Wiese #uinto $ilho, afirma: 8Nascidode$ois da guerra eu aguentei os seus efeitos# Eu sofro de um e%ento &ue eu nem se&uer e($erimentei#

     

    A $artir de um $assado &ue fe5 hist-ria tremer/ eu me manti%e a$enas nas $aa%ras# 8K Tanto $ara a&uees &ue so6re%i%eram e $ara a&uees &ue %ieram de$ois/ o oocausto $arece e(ceder a ca$acidade de re$resentaç+o da inguagem e/ $ortanto/ $ara ançar sus$eitas so6re

    a ca$acidade das $aa%ras $ara transmitir a reaidade# E $ara a segunda geraç+o/ a &uest+o n+o 1ainda a faar/ mas/ mais $rofundamente/ se a $essoa tem o direito de faar/ uma desegitimaç+o do eufaar isso/ %irou2se $ara fora/ interroga a autoridade/ o $ri%i1gio/ de todo o discurso#

     

    O &ue/ caro/ 1 $recisamente o &ue Derrida e a desconstruç+o fa5 no ata&ue ao ogocentrismo#

    A1m disso/ o 8modeo de AuschMit58/ ean2>rançois !otard concui/ designa uma e($eri7ncia deinguagem &ue tra5 discurso es$ecuati%o a um im$asse# Este Ftimo n+o $ode mais ser $erseguido8Jde$ois de AuschMit5J#8 L Assim/ intimamente igada com a $araisia da 4ngua 1 a morte dametaf4sica 2 si/ ta%e5/ a$enas o sina desocados da morte de Deusem "%&nivers concentrationnaire. 8O &ue o oocausto for'ado/ de acordo com Steiner/ foi8 asa4da de Deus a $artir da inguagem# 8 No $oema de Pau ,ean  salmo, 'eus est( apostrofavacomo" )o ne "." )o ne evidencia a poeira dos mortos. "" 'epois de Ausch*it+ "presença

    metafísica tornouse, como a escrita em si, um termo rature sous/ so6 a$agamento#

     N+o 1 dif4ci %er os $araeos entre essa $sicoogia da 8segunda geraç+o8 e os $rinc4$ios 6*sicos do $-s2estruturaismo .e ou $-s2modernismo0: o sentimento da %ida como um traço/ assom6rada $or uma $resença ausente seu senso de indeterminaç+o uma crença na indecidi6iidade fina dainguagem .seus a$oria/ no sentido de Derrida0 as a6ordagens transgressi%as $ara conhecimento eautoridade e/ ta%e5 mais $oderosa/ a con%icç+o do/ car*ter auto2refe(i%a/ em Ftima an*iseintransiti%o da inguagem/ &ue $arece ter $erdido seu $oder $ara re$resentar &ua&uer coisa fora desi/ $ortanto/ ter $erdido sua ca$acidade/ finamente/ $ara significar# Em seu $rofundo com$romisso

    com um entendimento fraturado/ fragmentado/ e infinitamente adiada/ da4 desocadas/ da inguageme das .im0 $ossi6iidades de sentido/ as aç;es $-s2estruturaismo com a 8segunda geraç+o8 aangFstia de 6eatedness/ as cicatri5es de uma ferida n+o cicatri5ada de ausente mem-ria/ e o egadode si7ncio#

    Se/ como argumentei/ a desconstruç+o/ o $-s2estruturaismo/ e agumas %ariedades de $-s2modernismo em seus im$usos $s4&uicos $romugam uma fiosofia de ru$tura e desocamento/ um

     $articuarmente agudo $ara a 8segunda geraç+o8 do mundo $-s2guerra/ em seguida/ a &uest+o torna2se $or isso &ue ressoou de forma $oderosamente $ara a geraç+o &ue chegou ? maturidade nos anosde CK e CK/ n+o s- na Euro$a/ mas ainda mais am$amente nos Estados# "em6ros# ,omoDerrida $r-$rio reconheceu/

    Desde o in4cio .C0 / e(istia uma certa americani5aç+o de uma certa desconstruç+o# Por americani5aç+o &uero di5er uma certa a$ro$riaç+o/ a domesticaç+o/ uma institucionai5aç+o/

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     $rinci$amente acad7mica/ &ue ocorreu em outros ugares em outras formas tam61m/ mas a&ui .nosos Erançois ,usset sugeriu recentemente &ue o %erdadeiro destino e/ ee afirma/ a $r-$riacriaç+o de 8teoria francesa8 encontra o seu ugar e cum$rimento nos Estados States# "as/ comoeu tentarei mostrar/ n+o 1 -6%io $or &ue este 8americani5aç+o8 da desconstruç+o de%eria ter 

    ocorrido ou &ue condiç;es e(istiam &ue fa%oreceu a traduç+o de 8Teoria francesa8 a este ado doAt3ntico#

    A t4tuo de e($icaç+o/ $ode n+o ser suficiente $ara afirmar/ como eu tenho outro ugar/ &ue afigura em6em*tica do mundo $-s2moderno 1 a $essoa desocada/ ou &ue a rece$ti%idade $ara o

     $-s2estruturaismo e $-s2modernismo 1/ em $arte/ um refe(o do recrutamento recentementee($andido de 'udeus .muitos dees fihos de $ais refugiados0 em uni%ersidades americanas# Para oa$eo do $-s2modernismo/ a sua ca$acidade de ressoar em todos os am$os setores da academiaamericana/ sugere &ue de%e ha%er uma mais $rofunda/ mesmo estrutura/ ra5+o de sua ree%3ncianos Estados rança/ deonde ent+o muitos de seus eementos 6*sicos foram im$ortados# Eram $-s2estruturaismo e $-s2

    modernismo meros decretos de res$ostas $sico-gicas ao oocausto ou II Guerra "undia/ emgera/ 1 du%idoso &ue teriam acançado o ti$o de com$ra na %ida inteectua americana &ue temocorrido nas Ftimas d1cadas/ uma %e5 &ue a Am1rica/ &ue $oderia ser argumentada/ foi menosdiretamente afetada $eas atrocidades da guerraU e/ mais am$amente/ menos endi%idados ? atacutura da ,ontinenta do Iuminismo &ue foi atacada no $-s2modernismo# Se o $-s2estruturaismo e

     $-s2modernismo re$resenta/ como eu acredito/ uma res$osta $sicoogicamente desocada $ara orescado do oocausto/ a guerra/ e sua desius+o atendente com os $rinc4$ios e o6'eti%os2&ue aiuminaç+o 1 .$ara retornar ? de ,erteau0/ em uma $erce$ç+o $s4&uica de $erda / aus7ncia e/ nessesentido/ um nãolugar  2 Ent+o o &ue fa5 a sua am$a aceitaç+o nos Estados

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    redric ameson em seu pósmodernismo, ou, a lógica cultural docapitalismo tardio# QK ,omo o t4tuo sugere/ ameson argumenta &ue o $-s2modernismo como umr-tuo sociocutura/ com suas e($ress;es iter*rias/ est1ticas/ cuturais e historiogr*ficas atendente/re$resenta a 8-gica do ca$itaismo tardio#8 Por 8ca$itaismo tardio8 .aternadamente chamado de8terceira onda8 do ca$itaismo0 ameson sinai5a um modo de $-s2guerra de e($ans+o do

    ca$itaismo em uma mutinaciona/ em Ftima an*ise/ go6a/ esco$o/ &ue su6stitui o antigo8mono$-io8 est*gio do ca$itaismo associado ? idade do im$eriaismo euro$eu/ mas su6stitu4docomo esses mono$-ios .cooniais0 im$eriais foram a6andonadas a$-s a guerra/ sem/ contudo/constituir uma descontinuidade na e($ans+o do $r-$rio ca$itaismo# Por esta ra5+o ameson $referea designaç+o de 8ca$itaismo tardio8 em ordem 8$ara marcar sua continuidade com o &ue o

     $recedeu/ em contraste com a ru$tura/ ru$tura/ e mutaç+o &ue conceitos como sociedade8 $-s2industria 8dese'a su6inhar#8 Q O im$acto da o ad%ento da 8terceira onda8 ou 8ca$itaismo tardio8era/ ee afirma/ $ara 8reorgani5ar as reaç;es internacionais/ descooni5ar as co)nias e assentar as

     6ases $ara o surgimento de um no%o sistema econ)mico mundia8/ QL &ue temos reati%amente $ouco tem$o %ir a reconhecer como a economia go6a# Na %is+o de ameson/ o tra6aho ideo-gicofundamenta a ser e(ecutada $eo conceito de $-s2modernismo 8de%e continuar a ser o de coordenar 

    no%as formas de $r*tica e os h*6itos sociais e mentais# 

    com as no%as formas de $roduç+oecon)mica e organi5aç+o e%antadas $ea modificaç+o do ca$itaismo de a no%a di%is+o go6a dotra6aho 2 nos Ftimos anos# 8Q Portanto/ a tarefa do8 $-s2moderno 81

    ser %isto como a $roduç+o de $essoas $-s2modernas ca$a5es de funcionar em um mundosocioecon)mico muito $ecuiar/ de fato/ a&uee cu'a estrutura e caracter4sticas e o6'eti%os re&uisitos2 se ti%1ssemos uma 6oa conta dees/ constituiria a situaç+o a &ue o $-s2modernismo 1 uma res$ostae seria dar2nos ago um $ouco mais decisi%o do &ue a teoria#Q $-s2moderna

    H &uase desnecess*rio di5er &ue/ no entendimento mar(ista2fe(ionadas de ameson da hist-ria/ 1um $ressu$osto $ara o surgimento cutura de 8$-s2modernismo8 foi diminuindo a confiança nomar(ismo c*ssico/ cuminando em CUC/ &ue no reino da $r*tica hist-rica foi acom$anhada $or uma mudança de socia $ara a hist-ria cutura/ es$eciamente entre os historiadores so6re aes&uerda# H a&ui &ue as e($eri7ncias da geraç+o &ue chegou ? maturidade $o4tica e $rofissiona nad1cada de CK 1 crucia como uma $re$araç+o/ ta%e5 at1 mesmo uma $r12condiç+o $ara osurgimento $osterior da teoria $-s2moderna/ tanto na Euro$a e na Am1rica#

    A confirmaç+o desse $onto 6*sico %em de dois i%ros recentes $or conhecidos historiadores sociais:semi2auto6iogr*fico de Geoff Ee A 1roo2ed ine! A partir de História 1ultural para a históriada sociedade/ e Wiiam # SeMe r# de a lógica da História! social 3eoria e3ransformação Socia/ em $articuar o ca$4tuo so6re 8O Inconsciente Po4tico da ist-ria Socia#8

    QQ Am6os os historiadores est+o !eft!eaning ou decaradamente mar(ista/ como 1 ameson/ masum entendimento n+o muito diferente da reaç+o entre o $-s2modernismo e ca$itaismo $ode ser %isto em Endereço $residencia de oce A$$e6 '* referido .ausente/ no entanto/ a cr4tica aoca$itaismo im$4cita nos outros tr7s autores0#

    ,omo ameson/ SeMe %7 a ascens+o da hist-ria cutura em reaç+o a mudanças fundamentais naordem econ)mica/ em es$ecia $ara transformaç;es em todo o mundo do ca$itaismo em escaamundia# No entanto/ ao contr*rio de ameson/ SeMe acredita &ue as e($eri7ncias e($4citas do8si(ties8 geraç+o &ue foram res$ons*%eis $ea $rimeira a 8%irada cutura8 e/ em seguida/ a 8%iradaingu4stica8 na escrita hist-rica de%e estar ocai5ado em uma 8ordem fordista em coa$so/ e n+o orec1m2 ordem emergente da acumuaç+o go6ai5ada/ fe(4%e 8,omo ee e($ica#:

    ,omo re6edes CK ou se'a/ os historiadores de es&uerda &ue iniciaram a $r*tica da hist-ria nad1cada de CK e CK &ue n-s $ensamos de n-s mesmos como se e%ante contra o 6o&ueio e

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    caustrof-6ico sistema de determinaç;es sociais &ue dominaram a Am1rica cor$orati%acontem$or3nea# # # # A maioria de n-s $ro%a%emente teria concordado com 9rgen a6ermas &uena sociedade contem$or3nea a $ossi6iidade da i6erdade humana foi $rogressi%amente ameaçada

     $or uma 8escaada escaa de controe t1cnico e($andido continuamente so6re a nature5a e umaadministraç+o continuamente refinada dos seres humanos e suas reaç;es entre si $or meios deorgani5aç+o socia# 8#

     

    Xuando/ aguns anos ou uma d1cada mais tarde/ se re%otaram contra as

    estrat1gias de in%estigaç+o $ositi%istas da hist-ria socia e efetuou estudos so6re a construç+ocutura do mundo socia/ acho &ue o6scuramente sentiu2nos a ser i6erando erudiç+o hist-rica# # # a $artir de um determinismo socia e econ)mico muda &ue era inca$a5 de reconhecer a criati%idadehumana# # # # Assim historiadores cuturais foram derru6ando a $orta de determinaç;es sociaisfordistas no momento em &ue esses determinismos#

     

    foram coa$sing#Q

    A1m disso/ SeMe argumenta/ a mudança de fordista ou ca$itaismo decarou2centrado.ca$itaismo mono$oista em termos de ameson0 $ara o ca$itaismo go6ai5ado .ou 8ca$itaismotardio80 do neoi6eraismo foi 8caracteri5ado em toda as ci7ncias humanas $or um gera e$ist7micaincerte5a 2 uma incerte5a &ue tem uma certa afinidade eeti%a com a ee%ada 8fe(i6iidade8 &ue 1uma das marcas da no%a ordem econ)mica go6a# 8Na hist-ria/ essa incerte5a8 assumiram a forma

    de a %irada cutura/ fertes com o $-s2estruturaismo e um fasc4nio com a micro2hist-ria esu6'eti%idade 8Q#

    Ee/ assim/ sinai5a uma mudança decisi%a da centraidade da hist-ria socia $ara &ue a hist-riacutura &ue te%e ugar/ em sua o$ini+o/ $or %ota de CUK/ um fen)meno &ue ee atri6ui ?historiadores sociais mar(istas 8a6andonar a con%icç+o de &ue8 as reaç;es de casses+o o constituti%o eemento na hist-ria dos Estados ca$itaistas industriai5ados/ dese'o a(iom*ticodo historiador socia mar(ista# 8QU ,omo Ee a$resenta/ esta $erda de confiança na casse como ofoco de causaidade hist-rica foi de%ido $rinci$amente ao seu $oder e($icati%o diminuindo $ara ahist-ria socia/ e ee certamente concordaria 2 em6ora n+o se'a uma $arte e($4cita de seu argumento2 &ue isso ocorreu como resutado de mudanças na ordem econ)mica 6rit3nica e euro$1ia# "enosam$o em esco$o/ de%ido ? sua orientaç+o auto6iogr*fica/ a $osiç+o de Ee n+o dei(a de ser com$at4%eis com os esta6eecidos $or ameson e SeMe na sua igaç+o de re%is;es na $r*ticahistoriogr*fica ?s mudanças sociais e econ)micas e suas conse&97ncias $o4ticas e ideo-gicas#

     No entanto/ uma Ftima an*ise a%aia a $recis+o dessas descriç;es de mudança econ)mica go6ano rescado da II Guerra "undia at1 o $resente/ no gera/ ees me $arecem $aus4%eis/ se um $oucodiferente fe(ionado/ contas/ es$eciamente &uando ida em sua totaidade# No entanto/ comoe($icaç;es $ara a re%is+o historiogr*fica generai5ada de &ue efetuou a %irada ing94stica Eu acho&ue ees n+o s+o t+o errados como incom$etos# Em6ora uma discuss+o mais aargada de seusargumentos nos $ermitiria traçar $araeos entre a 8fe(i6iidade8 &ue caracteri5a a no%a ordem

    econ)mica e da noç+o de desesta6ii5ados 8$osiç;es de su'eito8/ entre a e($ans+o do consumocomercia e do dom4nio da cutura/ 'untamente com uma 8no%a cutura toda a imagem ou osimuacro/ 8QC e de um sentido de enfra&uecimento da historicidade e sua reaç+o com o mundo doso6'etos/ o $ro6ema continua a es$ecificidade inteectua e fios-fica das teorias $-s2estruturaistas e

     $-s2modernas/ com sua 7nfase na aus7ncia/ fragmentaç+o/ e a $erda da certe5a metaf4sica ee$istemo-gica na crescente consci7ncia da nature5a inguisticamente mediada da $erce$ç+o/cogniç+o e imaginaç+o# Eu n+o consigo %er como as mudanças no ca$itaismo e%am a estesdesen%o%imentos/ $articuarmente a desmateriai5aç+o da hist-ria &ue 1 crucia $ara o $ensamento

     $-s2estruturaista/ em6ora na medida em &ue um caso pode ser feito $ara este argumento/ eu acho&ue ameson %em t+o $erto &uanto &ua&uer um $ara#K

    Para mim/ a e($icaç+o mais con%incente $ara o desen%o%imento do $-s2estruturaismo $eageraç+o &ue amadureceu na d1cada de CK e CK continua a ser uma com$reens+o dee como umdesocado/ res$osta $sico-gica ao oocausto e suas conse&97ncias/ ta%e5 $articuarmente suas

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    conse&97ncias/ no sentido de &ue h* Ocorreu um crescente/ e um $ouco tardia/ consci7ncia dasmaneiras em &ue feitas crença no car*ter escarecido e $rogressi%o da ci%ii5aç+o euro$eia ocidentaim$oss4%e de sustentar/ um desen%o%imento $osteriormente fortemente reforçado $eo surgimentoda teoria $-s2coonia/ &ue e($)s os as$ectos 6rutais e desumanos de em$reendimentos im$eriaiseuro$eus# 8Teoria francesa/8 afina de contas/ não  se originam na >rança entre os $ensadoresfranceses contem$ando/ e re%endo o tra6aho de fi-sofos aem+es# Por mais &ue o destino da

    8Teoria francesa8 $ode $arecer a aguns a ser os Estados oucaut/ Derrida/ !otard/ e todos os outros cu'o $ensamento e da escrita tornou2se a marcaregistrada desta %e5 re%isionista#Ees foram os $rimeiros a articuar o sentido de ru$tura/ $erda eaus7ncia/ se ee tomou a forma de Derrida desconstruç+o ou a %is+o de !otard do $-s2modernismocomo a $assagem de 8narrati%as8/ ou recusa genea-gica de >oucaut das origens eess7ncias# herdeiro inicia da ca$acidade de dar forma fios-fica $ara &ue/ no fina/ nunca $ode ter sido uma res$osta e(cusi%amente euro$eia $ara a guerra/ foi fundamenta no desen%o%imento deformuaç;es e ferramentas &ue mais tarde se tornou generai5ada no &ue n-s $ensamos como o $-s2estruturaismo e $-s2modernismo conceituais# Xue mudanças significati%as na economia e na

    sociedade .$ara n+o mencionar a desius+o com o 8im$eriaismo8 americano na guerra %ietnamita0dos Estados

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    antigos da hist-ria / mais nota%emente o o6'eti%ismo0# H interessante notar como igada ?se($eri7ncias de uma Fnica geraç+o essas transformaç;es $arecem ser# Esse fato/ $or sua %e5/ a'uda ae($icar $or &ue o $rest4gio da historiografia 8ing94stico2turn8 $arece estar em dec4nio/acom$anhado $or um crescente sentimento de insatisfaç+o com a sua conta e(cessi%amentesistem*tica da e($oraç+o da inguagem no dom4nio dos esforços humanos de todos os ti$os/ e umatentati%a e%idente $ara rea6iitar a historia L socia

    H de se es$erar &ue/ como a nossa consci7ncia da $enetraç+o do ca$itaismo go6a e seu im$actoso6re todas as formas de formaç+o socia cresce/ escrita hist-rica ser* cada %e5 mais infuenciada

     $or agendas inteectuais gerados $or este desen%o%imento e/ $ortanto/ criam no%os o6'etos dein%estigaç+o# Isto '* 1 e%idente na crescente $reocu$aç+o com as &uest;es da di*s$ora/ migraç+o eimigraç+o# H tam61m e%idente no cam$o de r*$ido desen%o%imento da hist-ria transnaciona/ comseu foco so6re o &ue >rançoise !ionnet chamou de 8cuturas minorit*rias8/ uma a6ordagem ?hist-ria &ue im$anta uma $ers$ecti%a go6a &ue enfati5a a hi6ride5 6*sica de cuturas go6ais nomundo $-s2coonia e $-s2moderno atra%1s do &ua as &uest;es de casa/ comunidade/ eadade eidentidade est+o constantemente sendo re%isadas# Ao tomar a nature5a h46rida das sociedadesgo6ais e cuturas como sua $remissa/ esse tra6aho $rocura fa5er &ue o hi6ridismo no nFceo de sua

    an*ise inteectua/ e sem dF%ida gerar* no%os $aradigmas $ara o estudo da hist-ria &ue %ai afetar n+o s- a nossa com$reens+o da e%ouç+o contem$or3nea/ mas %ai ser%ir de 6ase $ara nossasan*ises do $assado#

    Xue o cam$o de 8transnacionaismo8 de%e a$arecer como o sina desta mudança de consci7ncia/ umcam$o em $arte $romo%ido $eo mo%imento de no%os gru$os de estudiosos $ara os mem6ros da

     $rofiss+o/ muitos dees da segunda geraç+o de imigrantes fam4ias 1 &uase ines$erado e $ode ser %isto como um dos determinantes sociais dessa reorientaç+o e re%is+o na historiografiaatua# Ta%e5/ $or isso/ tam61m 1 a$ro$riado $ara in%estigar os $re'u45os $sico-gicos %i%idos no

     $rocesso de migraç+o/ o e(4io/ e mo%imento dias$-rico# Ta &uest+o $ode interrogar e $rocurar nuance/ o tom 6astante triunfaista dos tra6ahos em curso so6re transnacionaismo/ com acee6raç+o de fuide5 e hi6ridismo/ $or in%estigar o sentimento de $erda de identidade cutura &uemuitas %e5es acom$anha a $erda da $*tria/ 4ngua/ e cutura# Y u5 disto/ $ode2se $erguntar se ohi6ridismo cutura constitui um 6em em si mesmo/ ou e(istem custos ocutos ? sua e($ans+o aoongo do go6o/ tanto em termos de identidades $essoais e de $roduç+o cutura

    As res$ostas a essas $erguntas/ sem dF%ida/ %ir+o com o tem$o# Ees n+o s+o/ em &ua&uer caso/ o $onto de uma consideraç+o da nature5a e do $a$e da re%is+o da hist-ria/ e(ceto na medida em &ue/como a %irada ing94stica/ a$onta $ara a nature5a so6redeterminada de re%is+o como no fen)menohistoriogr*fico em curso/ um iguamente $sico-gico/ socia e $rofissiona em seus eementosconstituti%os#

    &niversidade 4ohns Hop2ins