St. Peter’s School Ensino Ensino...

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8 Perspetivas Fevereiro 2016 Ensino St. Peter’s School Ensino internacional com rigor e excelência Logo na altura do seu início, o colégio arrancou com um currículo bilingue, com o ensino do Inglês, em regime diá- rio, a partir dos três anos de idade. Isa- bel Simão, responsável, conta-nos que, “com o tempo, este currículo foi-se adensando, nomeadamente nas línguas estrangeiras, com a introdução do Espa- nhol e do Alemão como línguas curricu- lares”. Continuando esta evolução da oferta, o St. Peter’s School veio a conquistar, mais recentemente, outro grande fator diferenciador, com a inclusão do Latim. É também uma língua curricular, que começou por ser lecionada no 2º ciclo e anos subsequentes mas que, no ano pas- sado, foi alargada ao 1º ciclo, iniciando a partir do 3º ano. Nas palavras de Isabel Simão, “o projeto do Latim está a ser muito interessante”. Acrescentando, ex- plicita que “é um projeto da Universida- de de Cambridge, que foi procurado por algumas das melhores universidades portuguesas mas que, curiosamente, a Universidade de Cambridge decidiu en- tregar ao St. Peter’s School. Isto porque, segundo Cambridge, somos a escola portuguesa que tem mais alunos a aprender Latim, com uma população de mais de 400”. Esclarecendo-nos também acerca desta opção, diz-nos que “há um grande leque de línguas neste colégio mas que, fundamentalmente, há que apostar na nossa. É preciso fazer com que estes jo- vens conheçam a etimologia da língua portuguesa, numa altura em que estão criadas todas as condições para que a língua portuguesa seja completamente assassinada. Veja-se nas redes sociais ou na linguagem das SMS’s, em que esta- mos perante um verdadeiro novo códi- go linguístico que deita por terra a nos- sa língua. Se não fizermos qualquer coi- sa que contrarie este aspeto do mundo em que eles vivem, eles vão ser uns ile- trados”. Daí surge a aposta no Latim, que é “uma ferramenta de grande utilidade para um bom domínio do Português e que, infelizmente, foi totalmente afasta- da das escolas. Eu, por exemplo, só co- mecei a perceber a gramática portugue- sa quando comecei a estudar Latim. Até aí, eu apenas decorava gramática e só a partir daí é que comecei a saber inter- pretar a gramática. É, portanto, um au- xílio para que se ultrapasse esta barrei- ra que agora existe, em que as pessoas estão a falar e a escrever mal, com erros muito graves, que refletem uma escola- ridade mal feita. Durante muitos anos, os alunos eram todos nivelados por bai- xo e iam todos passando coletivamente e estas coisas acabam por se pagar. Pe- rante tudo isto, é um papel fundamental da escola fazer o possível para que os alunos tenham um correto domínio da língua”. Voltando ao desempenho do colégio nesta matéria, diz-nos que “o St. Peter’s está muito envolvido no Latim e é já re- presentante a nível nacional. Se uma es- cola situada, por exemplo, no Porto, quiser introduzir o programa de Latim da Universidade de Cambridge, somos nós que somos contactados e que temos o papel de fornecer os respetivos ele- mentos. No fundo, funcionamos como uma delegação nacional de Cambridge para o Latim e tem havido muita procu- ra por parte de outras escolas. Contudo, há que ir com muita calma e com muito critério”. IB Programme A introdução do International Bacca- laureate Programme nesta escola era uma ambição antiga de Isabel Simão. Durante estes anos em que pretendeu aderir ao IB, sentia, contudo, que “na co- munidade não se sabia o que era o IB e, por isso, foi preciso fazer um trabalho de divulgação relativamente ao que era e sobre quais seriam as suas vantagens”. A abertura do IB veio no ano letivo de 2014/2015 e, neste momento, há duas turmas nesta escola, às quais se irá juntar uma terceira no próximo. “É mui- to bom e gratificante para o colégio ver que a mensagem passou e que os pais entenderam as vantagens de terem os filhos a frequentar o IB. O projeto em si é um projeto que motiva imenso os alu- nos, que lhes proporciona muito traba- lho mas também muita autonomia e muita responsabilidade. Eles gostam de sentir que lhes é conferida essa respon- sabilidade e os programas, de facto, são muito exigentes. Muito mais exigentes do que os do currículo nacional, inclusi- ve, significando para eles um trabalho que é muito denso mas que, por outro lado, é também muito motivador. Eles consciencializam-se de que estão na posse de uma situação fantástica, que lhes abre portas para que possam estu- dar em Singapura, em Nova Iorque ou noutro sítio qualquer pelo facto de te- rem este diploma”, explica. Continuando, fala-nos de vantagens que se verificam também para os que quiserem prosseguir estudos em Portu- gal: “Por serem mais exigentes, os pro- gramas dão-lhes uma bagagem que, em determinadas disciplinas, é suficiente para que se sintam à vontade com os conteúdos do primeiro ano da licencia- tura. Ao mesmo tempo, há também uma tendência para que algumas universida- des comecem a oferecer cursos leciona- dos em Inglês, estando alguns deles muito bem cotados a nível internacio- nal. Um aluno saído do IB está à vonta- O St. Peter’s School, em Palmela, foi fundado em 1993, preconizando um projeto educativo inovador, que aposta numa formação global e integrada e que resultou, neste último ano letivo, na quinta posição no ranking nacional do Ensino Secundário.

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8 Perspetivas Fevereiro 2016

Ensino St. Peter’s School

Ensino internacional com rigor e excelência

Logo na altura do seu início, o colégio

arrancou com um currículo bilingue,

com o ensino do Inglês, em regime diá-

rio, a partir dos três anos de idade. Isa-

bel Simão, responsável, conta-nos que,

“com o tempo, este currículo foi-se

adensando, nomeadamente nas línguas

estrangeiras, com a introdução do Espa-

nhol e do Alemão como línguas curricu-

lares”.

Continuando esta evolução da oferta,

o St. Peter’s School veio a conquistar,

mais recentemente, outro grande fator

diferenciador, com a inclusão do Latim.

É também uma língua curricular, que

começou por ser lecionada no 2º ciclo e

anos subsequentes mas que, no ano pas-

sado, foi alargada ao 1º ciclo, iniciando a

partir do 3º ano. Nas palavras de Isabel

Simão, “o projeto do Latim está a ser

muito interessante”. Acrescentando, ex-

plicita que “é um projeto da Universida-

de de Cambridge, que foi procurado por

algumas das melhores universidades

portuguesas mas que, curiosamente, a

Universidade de Cambridge decidiu en-

tregar ao St. Peter’s School. Isto porque,

segundo Cambridge, somos a escola

portuguesa que tem mais alunos a

aprender Latim, com uma população de

mais de 400”.

Esclarecendo-nos também acerca

desta opção, diz-nos que “há um grande

leque de línguas neste colégio mas que,

fundamentalmente, há que apostar na

nossa. É preciso fazer com que estes jo-

vens conheçam a etimologia da língua

portuguesa, numa altura em que estão

criadas todas as condições para que a

língua portuguesa seja completamente

assassinada. Veja-se nas redes sociais ou

na linguagem das SMS’s, em que esta-

mos perante um verdadeiro novo códi-

go linguístico que deita por terra a nos-

sa língua. Se não fizermos qualquer coi-

sa que contrarie este aspeto do mundo

em que eles vivem, eles vão ser uns ile-

trados”.

Daí surge a aposta no Latim, que é

“uma ferramenta de grande utilidade

para um bom domínio do Português e

que, infelizmente, foi totalmente afasta-

da das escolas. Eu, por exemplo, só co-

mecei a perceber a gramática portugue-

sa quando comecei a estudar Latim. Até

aí, eu apenas decorava gramática e só a

partir daí é que comecei a saber inter-

pretar a gramática. É, portanto, um au-

xílio para que se ultrapasse esta barrei-

ra que agora existe, em que as pessoas

estão a falar e a escrever mal, com erros

muito graves, que refletem uma escola-

ridade mal feita. Durante muitos anos,

os alunos eram todos nivelados por bai-

xo e iam todos passando coletivamente

e estas coisas acabam por se pagar. Pe-

rante tudo isto, é um papel fundamental

da escola fazer o possível para que os

alunos tenham um correto domínio da

língua”.

Voltando ao desempenho do colégio

nesta matéria, diz-nos que “o St. Peter’s

está muito envolvido no Latim e é já re-

presentante a nível nacional. Se uma es-

cola situada, por exemplo, no Porto,

quiser introduzir o programa de Latim

da Universidade de Cambridge, somos

nós que somos contactados e que temos

o papel de fornecer os respetivos ele-

mentos. No fundo, funcionamos como

uma delegação nacional de Cambridge

para o Latim e tem havido muita procu-

ra por parte de outras escolas. Contudo,

há que ir com muita calma e com muito

critério”.

IB ProgrammeA introdução do International Bacca-

laureate Programme nesta escola era

uma ambição antiga de Isabel Simão.

Durante estes anos em que pretendeu

aderir ao IB, sentia, contudo, que “na co-

munidade não se sabia o que era o IB e,

por isso, foi preciso fazer um trabalho de

divulgação relativamente ao que era e

sobre quais seriam as suas vantagens”.

A abertura do IB veio no ano letivo

de 2014/2015 e, neste momento, há

duas turmas nesta escola, às quais se irá

juntar uma terceira no próximo. “É mui-

to bom e gratificante para o colégio ver

que a mensagem passou e que os pais

entenderam as vantagens de terem os

filhos a frequentar o IB. O projeto em si

é um projeto que motiva imenso os alu-

nos, que lhes proporciona muito traba-

lho mas também muita autonomia e

muita responsabilidade. Eles gostam de

sentir que lhes é conferida essa respon-

sabilidade e os programas, de facto, são

muito exigentes. Muito mais exigentes

do que os do currículo nacional, inclusi-

ve, significando para eles um trabalho

que é muito denso mas que, por outro

lado, é também muito motivador. Eles

consciencializam-se de que estão na

posse de uma situação fantástica, que

lhes abre portas para que possam estu-

dar em Singapura, em Nova Iorque ou

noutro sítio qualquer pelo facto de te-

rem este diploma”, explica.

Continuando, fala-nos de vantagens

que se verificam também para os que

quiserem prosseguir estudos em Portu-

gal: “Por serem mais exigentes, os pro-

gramas dão-lhes uma bagagem que, em

determinadas disciplinas, é suficiente

para que se sintam à vontade com os

conteúdos do primeiro ano da licencia-

tura. Ao mesmo tempo, há também uma

tendência para que algumas universida-

des comecem a oferecer cursos leciona-

dos em Inglês, estando alguns deles

muito bem cotados a nível internacio-

nal. Um aluno saído do IB está à vonta-

O St. Peter’s School, em Palmela, foi fundado em 1993, preconizando um projeto educativo inovador, que aposta numa formação global e integrada e que resultou, neste último ano letivo, na quinta posição no ranking nacional do Ensino Secundário.

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Fevereiro 2016 Perspetivas 9

St. Peter’s School

de num curso desses, que, posterior-

mente, dá-lhe grandes vantagens em

termos de empregabilidade. Eles vão

tendo noção disso e, portanto, estamos a

ter uma adesão muito positiva, com pais

que já estão a acautelar a inscrição dos

filhos para o ano letivo seguinte”.

Uma escola humanistaParalelamente ao esforço que é diri-

gido ao aproveitamento escolar, o St.

Peter’s School é, segundo a diretora,

“uma escola que tem uma missão emi-

nentemente humanista”. Isabel Simão

sublinha que essa é, de facto, “a pedra la-

pidar da escola e que essa é uma mensa-

gem que se procura transmitir aos alu-

nos. Aqui, cada aluno tem um percetor

ou, no caso do IB, um tutor, existindo

uma aproximação muito grande que vai

no sentido de lhes prestar apoio, con-

fiança mas ao mesmo tempo valores

morais. Para além disso, também reali-

zamos assembleias com regularidade e

esses são grandes momentos em que

podemos passar a nossa cultura huma-

nista para a comunidade”.

O humanismo, aliás, está patente na

própria conduta desta direção, que

tem como tarefa o equilíbrio entre a

dimensão do colégio e a familiaridade

que procura manter com a comunida-

de letiva. Isabel Simão diz-nos que

“gosta de receber os pais e de conhe-

cer os alunos” e assume que é uma di-

retora que vê “as grelhas de testes de

todos eles, mesmo apesar de serem

mais de mil”. Declara que é um traba-

lho “muito exaustivo” mas que ela

própria precisa de “ter este nível de

contacto com a realidade”.

Obedecendo ao propósito de oferecer

uma formação verdadeiramente global,

as atividades extracurriculares também

merecem uma grande relevância, com a

disponibilização de um conjunto que ul-

trapassa as 30. Dentro da prática des-

portiva, estão incluídas modalidades co-

mo o rugby, o ténis, o futebol, o cricket,

equitação, esgrima, natação, basquete-

bol, voleibol, judo e karaté. Já a expres-

são artística também está contemplada

de uma forma abrangente, com aulas de

piano, viola, guitarra clássica, coro, can-

to individual ou teatro.

Evidentemente, isto é exigente quan-

to às condições que o colégio tem de

apresentar, podendo dizer-se que há

aqui uma verdadeira “segunda escola a

funcionar em paralelo”. A estrutura en-

volve “meios, espaços e recursos huma-

nos avantajados, pois só assim é possível

harmonizar milhares de participações

semanais. Todas estas atividades con-

tam com imensos alunos e há muitos

que podem estar inscritos, por exemplo,

no piano, no futebol e no judo em simul-

tâneo”.

Uma comunidade diversaPartilhando connosco a caracteriza-

ção que pode ser feita destes alunos, um

aspeto que ressalva é a grande quanti-

dade de discentes estrangeiros. “Para

além dos ingleses ou franceses, também

começa a haver comunidades de russos,

romenos e, sobretudo, chineses, que já

são mais de uma centena, ou seja, cerca

de uma décima parte do nosso total de

estudantes”, indica.

A área geográfica da qual vêm as

crianças e jovens que, diariamente, che-

gam ao St. Peter’s School também é de

uma abrangência assinalável, com mui-

tos que se deslocam de Lisboa, do Riba-

tejo (Samora Correia, Benavente, Coru-

che) e de diferentes zonas da Península

de Setúbal (destaque para a Costa da

Caparica ou para Sesimbra).

Por último, é quando nos fala do des-

tino que estes alunos costumam ter que

Isabel Simão se mostra especialmente

satisfeita: “São muitos os que prosse-

guem estudos no estrangeiro. A maioria

destes casos encontra-se em Inglaterra

mas temos também exemplos de alunos

em Xangai ou nos Estados Unidos, em

pontos como Nova Iorque ou Miami.

O nosso sistema de aconselhamento, em

que seguimos o modelo inglês e faze-

mos um trabalho muito exaustivo de

conversas individualizadas com cada

aluno, ajuda a que consigamos orientar

os jovens para as melhores universida-

des. Isso também se deve, claro está, ao

facto de serem alunos que normalmente

são fortes e, portanto, quando saem da-

qui acabam por ir para bons cursos, em

boas faculdades e conseguem níveis de

empregabilidade muito interessantes”,

conclui