STAKEHOLDERS - karl-Heinz Hofmann (Setembro/Outubro - 2013)

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Karl-Heinz Hofmann Diretor de Engenharia da Outotec STAKEHOLDERS O período 2013-2014 marca o “Ano da Alemanha no Brasil”. Há mais de oito anos no país, o alemão Karl-Heinz Hofmann fala sobre a estreita ligação entre os dois países, sobre as oportunidades e desafios para os jovens profissionais e sobre a carreira de mais de 40 anos na Outotec, fornecedora global de soluções de processamento mineral, metais, tecnologias e de serviços para as indústrias de mineração, metais básicos e metalúrgica. Publicação TRANSAEX | Venda Proibida Distribuição Dirigida TSX NEWS

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Karl-Heinz Hofmann Diretor de Engenharia da Outotec

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Karl-Heinz HofmannDiretor de Engenharia

da Outotec

STAKEHOLDERSO período 2013-2014 marca o “Ano da Alemanha no Brasil”. Há mais de oito anos no país, o alemão Karl-Heinz Hofmann fala sobre a estreita ligação entre os dois países, sobre as oportunidades e desafios para os jovens profissionais e sobre a carreira de mais de 40 anos na Outotec, fornecedora global de soluções de processamento mineral, metais, tecnologias e de serviços para as indústrias de mineração, metais básicos e metalúrgica.

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Atenciosamente,Paulo Eduardo Pinto

DIRETOR CORPORATIVO

Em maio de 2013 tiveram início as comemorações do ano da Ale-manha no Brasil. A estreita e longa relação entre os dois países é fa-cilmente exempli�cada pela forte presença de empresas como Allianz, Bayer, BMW, Mercedes-Benz, Siemens e Volkswagen no nosso dia a dia. Para falar um pouco mais sobre essa bem-sucedida parceria, conver-samos com o alemão Karl-Heinz Hofmann, diretor da Outotec que há oito anos atua no Brasil. Tenha uma ótima leitura!

DEPOIMENTOS

“Hoje, os novos diferenciais do mercado para as empresas são questões como sustentabilidade, responsabilidade social, tecnologia, inovação, compromisso

com a transparência junto a todos os públicos, além da capacidade de manter com os seus colaboradores uma relação leal e sincera.”

Delson de Miranda Tolentino - À época Conselheiro da Broadspan Capital e consultor de empresas, atualmente Diretor da Construtora

Mendes Júnior STAKEHOLDERS - Junho 2011

“Acreditamos que o mercado de celulose cresce de um milhão a um milhão e meio de toneladas por ano. Isso signi�ca que, a cada dois anos, a demanda

exige um investimento do porte da Eldorado. Nosso desa�o é acompanhar esse crescimento com competitividade e sustentabilidade.”

José Carlos Grubisich - Presidente da Eldorado Brasil Celulose e Papel STAKEHOLDERS - Agosto 2013

MATRIZ: Rua Alagoas , 1000 - Conj 1001 Funcionários - Belo Horizonte / MG - 30130-160Tel: (31) 3232.4252 - www.transaex.com.br

PUBLICAÇÃO TRANSAEX • TSX NEWSOUTUBRO/2013| Venda Proibida

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• O período 2013-2014 marca o Ano da Alemanha no Brasil e o lema da campanha é “Quando ideias se en-contram”. Brasil e Alemanha são de fatos parceiros estratégicos?

Existe, sem dúvida uma grande cone-xão entre a Alemanha e o Brasil. Atu-almente, os dois países estão unidos numa parceria para tentar moldar o futuro. A Alemanha configura-se como um país rico em ideias, e o Brasil um parceiro criativo. A Alemanha depen-de muito de países como o Brasil, que possuem recursos naturais em abun-dância e fornece a eles a tecnologia necessária para transformar esses re-cursos em produto final. Então, acho que é uma parceria interessante.

• Muito se fala que os profissionais – especialmente os mais jovens – não constroem carreiras tão longas numa mesma empresa como em décadas passadas. Por estar há mais de 40 anos na Outotec, como o senhor enxerga essa percepção?

E como as empresas podem investir para reter talentos por mais tempo?

Os jovens que encontramos na área de engenharia são muito bons. O pro-blema é que a maior parte deles não tem tanta perspectiva. É preciso ofe-recer uma identificação para esses jovens, fazê-los passar por várias áreas. Na Outotec, selecionamos alunos que ainda estão na universidade e que têm potencial para trabalhar aqui. Sempre temos estagiários muito bons. Esses en-genheiros jovens querem viajar para unidades em outros países, participar das obras, conhecer os equipamentos. Aqui no Brasil, vários clientes permitem a nossa entrada em suas obras. É impor-tante haver uma espécie de “mentor”, que cuide desses jovens, que mostre os caminhos. Eles querem aprender e temos a preocupação de dar o treina-mento, dar uma perspectiva. E o resul-tado desse plano de treinamento é re-ceber bons funcionários que são muito ligados à empresa. Sou extremamente contra o modelo norte-americano hire

and fire (contratar e demitir), que hoje já é quase internacional.

• E o que falta nos jovens daqui?

Hoje em dia crescemos muito no domí-nio de tecnologias e isso é algo muito natural para os mais jovens. Entretanto, queremos jovens que também tenham conhecimentos básicos, como em quí-mica e física, e não baseiem sua atua-ção somente no mundo virtual. O domí-nio de línguas é outro fator importante. Todo mundo fala inglês. É a língua que se fala na nossa empresa, por exemplo. Mas, no Brasil, sem português você não sobrevive, pois o país ainda não tem muito domínio de uma segunda língua. Esse é um grande desafio para os jovens daqui: diversificar, falar outras línguas.

Karl-Heinz Hofmann

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“Ao longo desses últimos anos, o Brasil se tornou praticamente uma ilha que não foi afetada (pela crise). Apesar dos recentes índices negativos, não acho que o Brasil vá ser afetado como a Europa. O Brasil é muito grande,

com grandes recursos naturais, coisas que não temos na Europa.”

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• Como o senhor avalia o modelo brasileiro de contratação e constru-ção de carreira?

Eu acho que o sistema é um pouco falho. Hoje em dia, todo mundo quer entrar na universidade e imediatamente ter um títu-lo importante. Os jovens de hoje se esque-cem de que é preciso ter conhecimento de todas as etapas da carreira sem pu-lar degraus. Acho que no Brasil falta um plano de carreira que faça com que os jovens comecem a profissão em sua eta-pa básica, passando por todos os níveis até conquistar a posição desejada com respaldo no conhecimento profissional.

• O senhor possui um currículo exten-so, com passagens por países como Rússia, Índia, Zimbábue, Austrália e Gabão, além, claro, de Alemanha e Brasil. O que te chamou a atenção em relação às diferenças entre as nações?

Bem, um país que me chamou muito a atenção foi a Índia. A Índia é um país muito especial com um povo muito in-teligente, que aprende as coisas rapida-mente. Mas o contraste social lá é muito forte, muito intenso. De um lado, muita pobreza; e do outro lado muita riqueza. É pobre ou rico, não existe meio termo. Outro ponto é que na Índia você preci-sa entender a cultura. É um país enorme, com um interior muito grande e pobre. Quando morei lá, no início da década de 80, os meios de comunicação eram limitadíssimos. Em Calcutá, por exemplo, você precisava solicitar e aguardar pela disponibilização de uma ligação telefôni-ca. Tinha casos de alguém te ligar às 4 horas da madrugada. O pessoal da re-cepção do hotel batia na porta e dizia “senhor, a sua ligação”. Você pegava o telefone, dizia “alô” e a ligação caía. É claro que muita coisa mudou, naquela época já haviam muitos projetos sen-do desenvolvidos. O Gabão, na África, também era um mundo particular, tudo completamente diferente, nada de infra-estrutura. Mas, enfim, se tivesse de eleger,

diria que os países que mais gostei de co-nhecer foram o Brasil e a Austrália.

• Mesmo presente em países com culturas tão diferentes, as diretrizes da Outotec são universais?

Sim, existe uma diretriz única para todos os países. A Outotec segue o mesmo pa-drão de trabalho e tecnologia em âm-bito mundial, obviamente considerando também a cultura e a estrutura social de cada país. Assim usamos as mesmas fer-ramentas em todos os escritórios, o que nos ajuda, inclusive, a reduzir custos, pois se cada país tivesse uma estrutura indivi-dual, esses custos seriam mais altos.

• A propósito, como se divide a atua-ção da empresa hoje no mundo?

Estamos divididos em três regiões para uma cobertura mundial completa. Te-mos a região das Américas, cuja matriz fica no Canadá, mas também atuamos em países como EUA, México, Argentina, Brasil, Peru e Chile. A segunda região in-clui a Europa, a Rússia e a zona arábica. E a terceira vai da Índia até a Austrália. Os nossos principais centros de tecnolo-gia estão na Alemanha, na Finlândia, no Canadá e aqui no Brasil.

• O que mais te chama atenção na cultura brasileira?

O que eu mais gosto no Brasil é do povo brasileiro. Quando cheguei aqui, não sabia falar português e fui aprendendo aos poucos. Neste processo, vi que os brasileiros são mais carismáticos que as pessoas de outros países, eles não te cri-ticam por falar errado. É um povo que te ajuda, que te aceita. Você nunca rece-be uma resposta muito áspera. Acho que é uma especialidade só do Brasil. Outros países são mais críticos, principalmente os meus vizinhos na Europa. A França, por exemplo, lá, se você não fala francês, as pessoas não te tratam tão bem, ficam de “nariz empinado”. Chega a ser engra-çado, se um alemão vê um conterrâneo

falando alemão aqui no Brasil, dificilmen-te irá até ele para conversar. Mas, se dois brasileiros se encontram na Alemanha, vira uma festa. Eu também gosto muito do clima, já me sinto “tropicalizado”.

• E algo, em especial, te incomoda no Brasil?

Tem alguns pontos negativos também. A segurança, por exemplo, é algo muito crítico e complicado. Vi isso na África do Sul, no México e, em um grau diferente, na Índia, pelo fato da religião ser muito rígida, mas infelizmente, aqui é um pro-blema muito pior do que nesses países.

• Os últimos anos foram marcados pela crise nos Estados Unidos e na Europa. Como o senhor vê o Brasil nesse cenário?

Ao longo desses últimos anos, o Brasil se tornou praticamente uma ilha que não foi afetada pela crise mundial. Só ago-ra o real vem caindo bastante. Apesar do índice negativo, não acho que o Brasil será afetado como a Europa, inclusive porque lá existe um câmbio unificado, que possui vantagens, mas que também traz desvantagens para vários países, como temos visto agora com a Grécia, a Espanha e Portugal. O Brasil é um país muito vasto, com uma enormidade de recursos naturais, situa-ções que não temos na Europa. Então, como disse, não acho que o Brasil será muito afetado pela crise.

• Agora há pouco o senhor falava sobre os jovens. O senhor sente que a crise na Europa trouxe algum efei-to negativo para esse público?

Influenciou negativamente sim. Em pa-íses como França, Espanha, Portugal e Itália, muitos jovens não têm trabalho. Na Alemanha, felizmente, a situação está um pouco melhor, jovens de outros pa-íses estão indo para lá estudar e buscar constituir a partir dali uma vida profissional.

Stakeholders

DIbIAR Karl-Heinz Hofmann