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VIVIAN MASCELLA STRESS, SINTOMAS DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NA MIGRÂNEA E CEFALEIA TENSIONAL PUC - CAMPINAS 2011

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VIVIAN MASCELLA

STRESS, SINTOMAS DE ANSIEDADE E

DEPRESSÃO NA

MIGRÂNEA E CEFALEIA TENSIONAL

PUC - CAMPINAS

2011

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VIVIAN MASCELLA

STRESS, SINTOMAS DE ANSIEDADE E

DEPRESSÃO NA

MIGRÂNEA E CEFALEIA TENSIONAL

PUC - CAMPINAS

2011

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós – Graduação Stricto Sensu em

Psicologia do Centro de Ciências da

Vida - PUC- Campinas, como requisito

para obtenção do título de Mestre em

Psicologia como Profissão e Ciência.

Orientadora: Profa. Dra. Marilda

Emmanuel Novaes Lipp

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Ficha Catalográfica Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas e

Informação - SBI - PUC-Campinas – Processos Técnicos

t152.43 Mascella, Vivian. M395s Stress, sintomas de ansiedade e depressão na migrânea e cefaléia tensional / Vivian Mascella. - Campinas: PUC – Campinas, 2011. 65p.

Orientadora: Marilda Emmanuel Novaes Lipp. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de Ciências da Vida, Pós-Graduação em Psicologia.

Inclui bibliografia.

1. Stress (Psicologia). 2. Ansiedade. 3. Dor de cabeça. 4. Depres- são mental. I. Lipp, Marilda Emmanuel Novaes. II. Pontifícia Universi- dade Católica de Campinas. Centro de Ciências da Vida. Pós-Gradua- ção em Psicologia. III. Título. 18. ed. CDD – t152.43

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Dedico este trabalho à minha querida

mãe que me ensinou a ter coragem e

sabedoria para enfrentar as dificuldades

da vida. Tenho certeza que onde estiver,

estará muito orgulhosa. Um grande

abraço mãe! Saudades...

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“A vida não é uma pergunta a ser respondida.

É um mistério encantador a ser vivido”.

Buda

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora Professora Doutora Marilda Emmanuel Novaes Lipp por

acreditar em meu trabalho, pelo seu incentivo, sabedoria e grande contribuição.

Ao meu marido Sidnei, por seu amor, apoio e compreensão em todos os

momentos.

Ao meu pai, por me ensinar a ser determinada, e meus familiares, principalmente

minha irmã, amiga e parceira Valeriana e minha querida sobrinha Paula, pelo afeto

incondicional e bons momentos que me proporcionam.

A todos os meus inesquecíveis e queridos companheiros de curso, pelo apoio e

acolhimento que me deram quando eu tanto precisei, em especial, Greici, Andréa,

Andréia, Claudiane, Luiz Ricardo, Maristela, Ana Paula, Joseane, Louis e Tamye.

A Dra. Nadia Vieira Moreira e ao Dr. Luiz Carlos Beda, com quem tenho a honra

de trabalhar, enriquecendo minha vida profissional e pessoal com seus

conhecimentos e experiências, e sempre colaborando em muitos sentidos.

As minhas colegas de trabalho, pelo estímulo, amizade, carinho e reconhecimento

do meu esforço, particularmente a: Fabíola, Jeane, Rosangela, Adriana, Heven,

Ana, Yolanda e Rochele.

A minha querida amiga Lucimeire, pela presença acolhedora sempre que

necessário. E para Bruna, pela sua disposição em ouvir e compreender.

A CAPES pelo auxilio financeiro.

As participantes, que voluntariamente colaboraram com essa pesquisa.

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SUMÁRIO

Índice de Tabelas ix

Índice de Figuras x

Índice de Anexos xi

Resumo xii

Abstract xiv

Apresentação xvi

Introdução 1

Migrânea 2

Cefaleias do tipo tensional 6

Depressão 8

Ansiedade 10

Stress 13

Aspectos biológicos do stress 15

Fontes de stress 16

Classificações do stress 18

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Fases do stress 18

Stress e dor 20

Objetivos 23

Objetivo geral 23

Objetivos específicos 23

Método 24

Participantes 24

Critérios de exclusão 24

Material 24

Local 28

Pessoal 28

Procedimento 28

Resultados 30

Discussão 46

Considerações Finais 52

Referências 54

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Distribuição das participantes com Cefaleia do tipo

tensional e Migrânea de acordo com a idade 31

Tabela 2- Distribuição das participantes, quanto ao estado civil 31

Tabela 3- Distribuição das participantes, quanto à profissão 32

Tabela 4- Distribuição dos fatores desencadeadores de 36

dor de cabeça na Cefaleia do tipo tensional

Tabela 5- Distribuição dos fatores desencadeadores de 36

dor de cabeça na Migrânea

Tabela 6- Presença de stress na Cefaleia tipo tensional e na 37

Migrânea

Tabela 7- Sintomas físicos mais frequentes na Cefaleia do 38

tipo tensional

Tabela 8- Sintomas físicos mais frequentes na Migrânea 39

Tabela 9- Sintomas psicológicos mais frequentes na 39

Cefaleia do tipo tensional

Tabela 10- Sintomas psicológicos mais frequentes na Migrânea 40

Tabela 11- Descrição das categorias e suas respectivas 43

Porcentagens das respostas à questão - Como você se

sente quanto a sofrer deCTT e Migrânea?

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Distribuição das participantes, quanto aos tipos de cefaleias 33

Figura 2- Prejuízo no ambiente de trabalho 34

Figura 3- Prejuízo nas atividades de lazer 35

Figura 4- Fases do stress na Cefaleia do tipo tensional e Migrânea 37

Figura 5- Predominância dos sintomas na Cefaleia do tipo tensional 38

e Migrânea

Figura 6- Níveis de depressão na Cefaleia do tipo tensional e 41

Migrânea

Figura 7- Níveis de ansiedade na Cefaleia tipo do tensional e 42

Migrânea

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para as 62

participantes

Anexo B- Roteiro de entrevista 64

Anexo C- Aprovação do Comitê de Ética 65

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RESUMO

MASCELLA, Vivian. (2011). Stress, sintomas de ansiedade e depressão na

Migrânea e Cefaleia tensional. Dissertação (Mestrado em Psicologia como

Profissão e Ciência) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Centro de

Ciências da Vida, Programa de Pós- Graduação em Psicologia, Campinas. pp.

xvii+65.

A presente pesquisa teve como objetivo avaliar stress, ansiedade e depressão em

mulheres com Migrânea e mulheres com Cefaleia do Tipo Tensional. As

participantes foram 31 mulheres, sendo que 16 apresentavam Migrânea e 15

apresentavam Cefaleia tipo tensional, na faixa etária de 18 a 72 anos. As

participantes foram encaminhadas após o diagnóstico dos médicos e atendidas

numa clínica de Neurologia e Neurocirurgia no interior do Estado de São Paulo.

Para a coleta dos dados, foi utilizado um roteiro de entrevista semiestruturada,

Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL), Escala de

Ansiedade de Beck (BAI), Escala de Depressão de Beck (BDI). A análise dos

dados foi quantitativa e qualitativa. As respostas dadas ao ISSL, BAI e BDI foram

avaliadas de acordo com as tabelas e normas de seus manuais, e as respostas

abertas foram submetidas à análise de conteúdo de Bardin. Os resultados

revelaram que 100% das mulheres com Migrânea apresentavam stress, sendo

que 50% estavam em fase de resistência e 43,75% se encontravam em fase de

quase-exaustão. Enquanto que 66,67% das mulheres com Cefaleia tipo tensional

apresentavam stress, sendo que 53,33% estavam em fase de resistência e 6,67%

em fase de quase-exaustão. No que se refere à ansiedade 31,25% das mulheres

com Migrânea estavam num nível moderado, enquanto que 60% das mulheres

com Cefaleia tipo tensional apresentavam um nível mínimo. Com relação à

depressão, 37,50% das mulheres com Migrânea estavam em níveis moderados, e

53,33% das mulheres com Cefaleia tipo tensional apresentavam níveis mínimos

de ansiedade. Verifica-se que as mulheres com Migrânea apresentam níveis mais

graves de stress, ansiedade e depressão do que mulheres com Cefaleia tipo

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tensional. É relevante destacar que, embora a amostra da pesquisa seja reduzida,

os resultados encontrados são semelhantes aos de outros estudos, e confirma a

necessidade de elaboração de um tratamento psicológico adequado para

mulheres que sofrem com Migrânea e Cefaleia tipo tensional, visando à promoção

da saúde e melhora da qualidade de vida.

Palavras - chave: ansiedade, cefaleia tipo tensional, depressão, migrânea, stress.

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ABSTRACT

MASCELLA, Vivian. (2011) Impact of stress, symptoms of anxiety, and depression

on Migraine and Tension-type Headache. Dissertation ( Master´s Degree on

Psychology as Career and Science)- Pontifícia Universidade Católica de

Campinas, Life Sciences Center , Psychology Post Graduate Program, Campinas.

Pp. xvii+65.

The current research sought to evaluate stress, anxiety and depression in women

whith Migraine and women whith Tension-type Headache. A total of 31 women

participated in the research .Sixteen out of 31 women suffered from Migraine and

15 out of 31 women showed Tension-type Headache. All the participants were

between 18 to 72 years old. After being diagnosed by doctors, the participants

were attended at a neurology and brain surgery clinic located in the interior of the

State of São Paulo.

A Semi-Structured Interview Form, Lipp Inventory of Stress Symptoms for Adults

(LISS), Beck Anxiety Scale (BAS), and Beck Depression Scale (BDS) were used to

collect data.The analysis of the data was both quantitative and qualitative. For

LISS, BAS, and BDS, the answers were evaluated according to the charts and to

the norms of their manuals. For the open answers of Interview form, the analysis

of contend was made according to Bardin.The results revealed that 100% of the

women who had Migraine showed stress; 50% of them were in a resistant period

and 43,75% were in a nearly-exhausted period. 66,67% of the women who had

Tension-type headache showed stress; 53,33% of them were in a resistant period

and 6,67% in a nearly-exhausted period. Concerning anxiety, 31,25% of the

women who had Migraine revealed a moderate level, while 60% of the women

who had Tension-type Headache showed a minimum level. Concerning

depression, 37,50% of the women who had Migraine showed moderate

depression, and 53,33% of the women who had Tension-type Headache showed

minimum levels of anxiety. It was observed that women who had Migraine showed

more serious levels of stress, anxiety and depression than women who had

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Tension-type Headache. It is relevant to note that, although the survey sample is

decreased, the results found are similar to other studies, and confirms the need to

develop a psychological treatment suitable for women who suffer from Migraine

and tension-type Headache, aiming to promote health and improves the quality of

life.

Keywords: migraine, tension-type headache, stress, anxiety, depression.

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APRESENTAÇÃO

Desde o início da civilização existem relatos sobre o sofrimento físico do ser

humano causado por determinadas doenças. As supostas explicações para essas

dores incluíam desde punição divina até feitiçaria. Dividia-se o Homem entre corpo

e alma/ mente. Com o passar dos anos e a evolução dos estudos na medicina e

em outras áreas, a visão do homem passou a ser encarada como um ser

biopsicossocial, fugindo-se à dicotomia entre mente e corpo. Nos consultórios

médicos e centros de saúde, os aspectos psíquicos e emocionais são

considerados tanto quanto os sintomas físicos. Porém, estudos que aprofundam

essa relação entre doenças e características psíquicas ainda são escassos dentro

da comunidade científica. Por exemplo, em uma pesquisa no banco de dados do

Pubmed, utilizando as palavras-chave indicadoras de estados emocionais, como

stress, ansiedade, depressão, e a condição física cefaleia, são apresentados

somente 129 estudos publicados no período de 1965 a 2011, o que mostra a

necessidade de mais pesquisas nesta área.

Esse tema despertou o meu interesse, pela minha experiência pessoal

quanto a sofrer com dores de cabeça e saber o quanto pode ser prejudicial ao dia

a dia e à qualidade de vida. Minha aprovação no processo seletivo para o

mestrado, na PUC de Campinas, com a Dra. Marilda Emmanuel Novaes Lipp, foi a

oportunidade de concretizar o desejo de investigar as características emocionais

desta população.

O presente estudo procurou pesquisar a influência do stress, ansiedade e

depressão em mulheres adultas diagnosticadas com Migrânea ou com Cefaleia do

tipo tensional. No decorrer da introdução teórica abordou-se primeiramente a

Migrânea e a Cefaleia do tipo tensional (definição, prevalência, principais fatores),

para depois descrever outros aspectos como a depressão, ansiedade, stress que

também fazem parte do estudo. Para cada uma destas variáveis foram realizadas

pesquisas bibliográficas, com a finalidade de identificar dados relevantes

referentes ao tema e contextualizar o presente trabalho. Após a contextualização

teórica, são descritos os objetivos, o método abrangendo a caracterização da

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amostra estudada, os critérios de inclusão e exclusão, os instrumentos utilizados e

todo o procedimento realizado. Em seguida, são descritos os resultados obtidos e

posteriormente, a discussão.

Na discussão propôs-se explicar os resultados alcançados com base na

literatura científica atualizada. Apresentam-se também as considerações finais do

estudo, as referências bibliográficas e os anexos dos materiais utilizados nesta

pesquisa.

É importante ressaltar que a ciência se constrói por intermédio de diversos

estudos, conhecimentos e experimentos. O intuito desta pesquisa foi contribuir de

forma simples nesta construção, para que junto a outros trabalhos, possa

colaborar para a continuidade de outras pesquisas na área; para a elaboração de

intervenções eficientes, para a formação das práticas de caráter preventivo, que

tenham como objetivo a promoção de saúde e a melhora da qualidade de vida

dessa população em específico.

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INTRODUÇÃO

Atualmente a cefaleia é uma das queixas mais frequentes na prática

médica, sendo considerada um grande problema de saúde pública. Estima-se que

mais da metade da população apresente algum tipo de cefaleia em determinada

fase da vida, e em grande parte, de forma crônica (Nobre, 2006). Cefaleia é

sintoma frequentemente encontrado na prática clínica. Rassmussen, na

Dinamarca, encontrou prevalência de cefaleia na prática clínica entre 93 e 96% ao

longo da vida dos pacientes (Rassmussen, 1994 apud Bigal & Fernandes, Moraes,

Bordini & Speciali., 2000).

Aceita como um sintoma psicofisiológico, a cefaleia muitas vezes tem sido

considerada como preocupante, já que pode levar à redução e ao prejuízo nas

capacidades do indivíduo. O conceito de diminuição das capacidades proposto

pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (2001) designa qualquer restrição ou

falta de capacidade para realizar uma atividade de modo considerado normal para

o ser humano, intervindo no livre desempenho das atividades de vida diária de

uma pessoa, desde aquelas relacionadas à atuação profissional – como perda de

dias de trabalho, evitar realizar atividades físicas, atividades de lazer e convívio

social, até alterações no estado de humor. (Bosco, 2006).

Em um estudo feito pela OMS (2001), em atendimento primário, a cefaleia

aparece como a segunda queixa mais comum de dor, perdendo somente para a

lombalgia. A maioria das cefaleias é de causa primária, ou seja, tanto a doença

como o sintoma, não existe nenhuma outra doença da qual poderia ser uma

condição secundária. Segundo os critérios de classificação internacional das

cefaleias da Sociedade Internacional de Cefaleias (2004), cefaleias primárias são

aquelas que acontecem pela primeira vez sem ter uma relação temporal com outro

transtorno que é reconhecido como uma causa de cefaleia. Entre elas, as mais

corriqueiras são a Migrânea ou enxaqueca, as Cefaleias do tipo tensional, as

Cefaleias em salvas e as demais cefaleias primárias menos prevalentes

(Krymchantowski, 2008). Segundo uma pesquisa sobre o impacto global das

doenças, realizada pela Organização Mundial da Saúde, a Migrânea aumenta com

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o passar dos anos de vida, estando a doença entre as 20 mais incapacitantes do

ser humano (Murray & Lopez, 1997 citado por Krymchantowski, 2008).

Migrânea

Das inúmeras modalidades clínica das dores de cabeça, a Migrânea é uma

das mais frequentes (Silva, 2003). O impacto da Migrânea para o indivíduo não se

restringe somente à crise de dor de cabeça, pois há evidências que tende a ter

pior qualidade de vida em comparação a indivíduos que sofrem com outros tipos

de cefaleia (Krymchantowski, 2008).

Segundo a OMS (2001), a Migrânea tem sido o tipo de cefaleia mais

estudada, mesmo sendo a menos comum. Normalmente começa na puberdade, e

afeta um grande grupo entre os 35 a 45 anos, mas também pode afetar crianças e

adolescentes. Estudos realizados na Europa e na América do Norte revelam que a

cada ano, 6% a 8% dos homens e 15% a 18% das mulheres sofrem com

Migrânea. Sua maior frequência entre as mulheres, de duas a três vezes mais do

que nos homens, deve-se a fatores hormonais.

A Migrânea pode ser dividida em dois subtipos principais: com e sem aura.

A Migrânea sem aura é uma síndrome clínica caracterizada por cefaleia com

características específicas e sintomas associados. A Migrânea com aura é

primariamente caracterizada pelos sintomas neurológicos focais que normalmente

precedem ou, às vezes, acompanham a cefaleia (Bosco, 2006).

Migrânea é uma forma de cefaleia primária, caracterizada por crises

recorrentes de cefaleia, com frequência, duração e intensidades variáveis, sendo

mais frequentemente hemicraniana, mas também holocraniana, bifrontal ou

bitemporal. Em geral tem característica pulsátil, e pode vir antecedida ou não de

aura – que são fenômenos que podem durar de alguns minutos até uma hora ou

mais, sendo normalmente visuais e mais raramente somato- sensitivos (Bosco,

2006). Segundo Krymchantowski (2008), a aura é definida como um sintoma

inequivocamente provocado no encéfalo ou no tronco cerebral que antecede,

acompanha ou segue a crise de cefaleia da Migrânea.

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A Migrânea pode vir associada a distúrbios sensitivos, motores, distúrbios

gastrointestinais (náuseas, vômitos e anorexia), apatia ou irritabilidade, e ser

desencadeada por uma série de fatores tais como alimentos, bebidas alcoólicas,

trauma, exercício físico, ruído, claridade, odores, redução de sono noturno e stress

(Bosco, 2006). Segundo Topczewski (2002), diversos estudos mostram incidência

aumentada da Migrânea em parentes próximos, como pais, irmãos, avós e tios; há

menções de vários autores mostrando essa coincidência em 50 a 90% dos casos.

De acordo com Krymchantowski (2008), uma meta-análise de 24 estudos

de prevalência, publicados antes de 1994, apontou que Migrânea era mais comum

em mulheres, e que o auge de prevalência ficava entre 35 e 55 anos, tanto no

sexo feminino quanto no sexo masculino. Uma segunda meta-análise, que incluiu

apenas estudos que utilizaram os critérios diagnósticos indicados pela Sociedade

Internacional de Cefaleia (SIC), comprovou que Migrânea é mais prevalente em

mulheres e que o pico de prevalência se dá entre a terceira e quarta décadas de

vida. A prevalência da Migrânea não é uniforme ao redor do mundo. Parece ser

maior na América do Norte, na América do Sul e na Europa Ocidental,

intermediária na África e menor na Ásia.

O stress emocional é um dos principais fatores desencadeantes da

Migrânea como também está relacionado com a duração e piora das crises. O

começo da Migrânea pode ser precipitado por acontecimentos estressantes de

maior intensidade, mas também com pequenos aborrecimentos do dia a dia

(Galego, 2006).

A qualidade de vida dos indivíduos que sofrem com Migrânea está

comprometida, por vários motivos: (1) estas pessoas têm maior incidência de

dores no corpo, limitação física e consideram-se com menor saúde mental. A

Migrânea prejudica mais a qualidade de vida que a osteoartrite, diabetes,

hipertensão e lombalgia e de acordo com Bigal et al (2000) é tão incapacitante

quanto a depressão; (2) há comprometimento de suas vidas profissionais, devido

a maior número de faltas e menor atividade laborativa, secundárias à dor ou aos

sintomas associados; (3) a vida social, familiar e escolar dos pacientes é

comprometida. Esses fatores representam impacto físico, mental e social para os

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indivíduos que sofrem com Migrânea, bem como implicam em altos custos para a

sociedade (Bigal et al 2000).

Em uma pesquisa realizada no Ambulatório de Cefaleias do Serviço de

Neurologia do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), no período de março

de 1998 a setembro de 1999, verificou-se que o stress foi o desencadeante mais

citado, respondendo pelo surgimento de crises de Migrânea em 76% dos

pacientes (Ierusalimschy & Moreira Filho, 2002).

A Sociedade Internacional de Cefaleias (2004) preconiza os seguintes

critérios diagnósticos para Migrânea sem aura a seguir:

A- Pelo menos 5 crises preenchendo os critérios de B a D

B- Cefaleia durando de 4 a 72 horas (sem tratamento ou com tratamento

ineficaz)

C- A cefaleia preenche ao menos 2 das seguintes características:

1- localização unilateral

2- caráter pulsátil

3- intensidade moderada ou forte

4- exacerbada por ou levando o indivíduo a evitar atividades físicas

rotineiras (por exemplo: caminhar ou subir escadas)

D- Durante a cefaleia, pelo menos 1 dos seguintes:

1- náusea e / ou vômitos

2- fotofobia e fonofobia

E- Não atribuída a outro transtorno

A Sociedade Internacional de Cefaleias (2004) preconiza como critérios

diagnósticos para Migrânea com aura:

A- Pelo menos duas crises preenchendo o critério B

B- Aura de Migrânea preenchendo os critérios B e C para uma das

subformas 1.2.1 a 1.2.6.(1.2.1 Aura típica com cefaleia migranosa, 1.2.2 Aura

típica com cefaleia não migranosa, 1.2.3 Aura típica sem cefaleia, 1.2.4 Migrânea

hemiplégica familiar (MHF), 1.2.5 Migrânea hemiplégica esporádica, 1.2.6.

Migrânea do tipo basilar.

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C- não atribuída a outro transtorno

De acordo com a Sociedade Internacional de Cefaleias (2004) para todas

as cefaleias primárias o item “não atribuída a outro transtorno” significa que a

história e os exames físico e neurológico não sugerem nenhum transtorno dentre

os listados nos grupos de cinco a doze (5. Cefaleia atribuída a trauma cefálico ou

cervical, 6. Cefaleia atribuída à doença vascular craniana ou cervical, 7. Cefaleia

atribuída a transtorno intracraniano não-vascular, 8. Cefaleia atribuída a uma

substância ou a sua retirada, 9. Cefaleias atribuídas à infecção, 10. Cefaleia

atribuída a transtorno da homeostase, 11.Cefaleia ou dor facial atribuída a

transtorno do crânio, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, seios da face, dentes, boca

ou outras estruturas faciais ou cranianas, 12. Cefaleia atribuída a transtorno

psiquiátrico), ou a história e /ou os exames físico e / ou neurológico sugerem tal

transtorno, mas este é excluído através de investigação apropriada, ou tal

transtorno está presente, mas as crises não ocorrem pela primeira vez em estreita

relação temporal com o transtorno.

Aura típica com cefaleia migranosa, de acordo com a Sociedade

Internacional de Cefaleias (2004):

Descrição:

Aura típica consistindo em sintomas visuais e /ou sensitivos e /ou da fala. A

evolução gradual, a duração menor do que uma hora, uma mistura de

características positivas e negativas e a completa reversibilidade caracterizam a

aura, que se associa a uma cefaleia que preenche os critérios para:

A. Pelo menos 2 crises preenchendo os critérios de B a D

B. Aura consistindo em pelo menos um dos seguintes, mas sem nenhuma

paresia:

1. Sintomas visuais completamente reversíveis, incluindo características

positivas (por exemplo, luzes tremulantes, manchas ou linhas) e/ou características

negativas (por exemplo, perda de visão)

2. Sintomas sensitivos completamente reversíveis, incluindo características

positivas e /ou características negativas

3. Disfasia completamente reversível

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C. Pelo menos dois dos seguintes:

1. Sintomas visuais homônimos e / ou sintomas sensitivos unilaterais

2. Pelo menos um sintoma de aura desenvolve-se gradualmente em ≥ 5

minutos e /ou diferentes sintomas de aura ocorrem em sucessão em ≥ 5 minutos

3. Cada sintoma dura ≥ 5 minutos e ≤ 60 minutos

D. Cefaleia preenchendo os critérios de B a D para Migrânea sem aura e

começa durante a aura ou a sucede com intervalo de até 60 minutos

E. Não atribuída a outro transtorno

Outro tipo de cefaleia muito frequente na população são as Cefaleias do

tipo tensional, um tipo de cefaleia primária, menos estudadas que a Migrânea,

pelo fato de o paciente não recorrer tanto ao médico, pois consegue manter suas

atividades rotineiras, com menor impacto no dia a dia (Krymchantowski, 2008).

Cefaleias do tipo Tensional

As Cefaleias do tipo tensional (CTT) são as mais comuns nos seres

humanos, porém os pacientes com CTT normalmente não procuram ajuda

médica, utilizando por conta própria a automedicação de inúmeros fármacos

inadequados e até contraindicados para a finalidade. Esse fato torna a CTT uma

cefaleia de pouca prevalência em consultórios e centros especializados

(Krymchantowski, 2008).

De acordo com a OMS (2001), a CTT é o tipo de cefaleia mais frequente e

segundo os países desenvolvidos, afeta dois terços dos homens e mais de 80%

das mulheres. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleias (2004) a CTT é um

tipo de cefaleia primária, com diagnóstico clínico. Geralmente a dor é

caracterizada como uma sensação de aperto, pressão ou peso envolvendo a

cabeça como uma faixa ou capacete. A localização é bilateral, sendo a região

occipital predominante, mas também pode afetar as regiões frontal e apical. Tem

intensidade leve a moderada, não impedindo as atividades de vida diária.

Normalmente não há sintomas associados, como náusea e osmofobia e vômito.

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De acordo com Silva (2003), a CTT predomina no sexo feminino, a

proporção mulher / homem é de 3,11: 1. O início comum situa-se entre os 20 e 40

anos, o histórico familiar é pouco mencionado entre os pacientes e a forma

episódica é mais frequente do que a crônica.

O stress está relacionado com a manifestação e manutenção da CTT.

Galego (2006) verificou stress em 90% dos pacientes com Cefaleia Crônica Diária,

e destes pacientes com stress, em 94 % apresentavam o predomínio de sintomas

psicológicos (Galego 2006). Um estudo realizado no Ambulatório de Cefaleias do

Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), do período

de março de 1999 a março de 2000, verificou que dentre os pacientes com

Cefaleia do Tipo Tensional Episódica, 60% apresentavam ansiedade e 32%

apresentavam sintomas depressivos. Foi concluído que depressão e ansiedade

são comorbidades importantes em indivíduos com Cefaleia do Tipo Tensional, e

negligenciá-las pode contribuir para a falência no tratamento sintomático ou

profilático, levando para uma má qualidade de vida às pessoas (Matta & Moreira

Filho, 2003).

A Sociedade Internacional de Cefaleias (2004) classifica a CTT em quatro

modos: Cefaleia do tipo tensional episódica infrequente, Cefaleia do tipo tensional

episódica frequente, Cefaleia do tipo tensional crônica e Provável cefaleia do tipo

tensional. A seguir são apresentados os critérios diagnósticos da Cefaleia do tipo

tensional episódica frequente:

Critérios para diagnóstico para Cefaleia do Tipo Tensional episódica

frequente:

A- Pelo menos 10 crises que ocorrem em ≥ 1 dia, porém < 15 dias por mês

durante pelo menos três meses (≥ 12 dias e < 180 dias por ano) preenchendo os

critérios de B a D

B- Cefaleia durando de 30 minutos a sete dias

C- A cefaleia tem pelo menos duas das seguintes características:

1- localização bilateral

2- caráter em pressão /aperto (não pulsátil)

3- intensidade fraca ou moderada

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4- não é agravada por atividade física rotineira como caminhar ou subir

escadas

D- Ambos os seguintes:

1- ausência de náusea ou vômito (anorexia pode ocorrer)

2- fotofobia ou fonofobia (apenas uma delas pode estar presente)

E- Não atribuída a outro transtorno

Em vários estudos clínicos e epidemiológicos, duas comorbidades são

notadamente focalizadas entre indivíduos com Cefaleia do tipo tensional:

depressão e ansiedade. Estas condições são mais frequentes e graves entre os

indivíduos que sofrem com cefaleia do que na população geral (Matta & Moreira

Filho, 2003).

Segundo Solomon e Fraccaro (1991), componentes emocionais podem ter

um papel nas cefaleias tensionais; no entanto, a dor seguramente não é

imaginária, ela envolve reais mudanças no corpo. As mudanças no corpo referem-

se a contraturas nos músculos da cabeça, do pescoço e da face. Outra teoria

apontada pelos autores é a das causas emocionais conscientes e inconscientes.

O stress excessivo pode causar contraturas musculares. Observa que muito

provavelmente os aspectos emocionais e bioquímicos operam em conjunto.

Considera-se normalmente que as pessoas que sofrem de Cefaleia tensional

crônica apresentam inabilidade para relaxar.

Depressão

Diversos estudos demonstram o enorme sofrimento que os indivíduos

vítimas da depressão suportam e que impõem aos seus familiares. Além disso, é

comprovado o significativo prejuízo causado à sociedade como um todo, em

virtude da disfuncionalidade parcial e/ou até mesmo total ocasionada pela

depressão (Wainer, Pergher & Piccoloto, 2003). De 50% a 60% dos pacientes com

depressão não são diagnosticados, pois queixas associadas tendo como causa a

fadiga, a perda de peso, a cefaleia, as alterações gastrointestinais, as dores e

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alterações do sono, frequentemente, ganham maior atenção do médico não

especialista (Angelotti & Dotto, 2005).

De acordo com relatório da OMS (2001), a depressão é mais comum no

sexo feminino, estimando-se uma prevalência do Episódio Depressivo em 1,9% no

sexo masculino e 3,2% no feminino. Embora a depressão possa afetar as pessoas

em qualquer fase da vida, a incidência é mais alta nas idades médias. Porém, há

crescente reconhecimento da depressão durante a adolescência e no início da

vida adulta (Ballone, 2007).

A depressão é uma das dimensões afetivas e é um importante fator de

comorbidade com os quadros dolorosos. Sessenta por cento das pessoas com

depressão relatam sintomas dolorosos e duas vezes mais condições dolorosas

crônicas. Pacientes com dor crônica e deprimidos descrevem maior intensidade

dolorosa, menor habilidade de controle de suas vidas, maior uso de estratégias

passivas e evitam estratégias de enfrentamento e mais comportamentos dolorosos

(Andrade & Laganá de Andrade, 2005).

Há indicativos de associação entre a exposição a eventos estressantes de

vida e depressão. Brown e colaboradores (1987), em uma revisão de dez estudos

populacionais com mulheres que sofrem com depressão, concluíram que em

média 83% dos casos apresentavam eventos de vida estressantes precedentes ao

surgimento do quadro depressivo, porém nem todos os sujeitos expostos

desenvolveram psicopatologia, o que remete para a questão da vulnerabilidade

individual (Margis, Picon, Cosner & Silveira, 2003).

Segundo o Manual estatístico de transtornos mentais, 4º edição, da

Associação Psiquiátrica Americana (DSM- IV) (2000), para identificar os

transtornos depressivos, os profissionais devem levar em consideração os

seguintes critérios:

Humor deprimido na maior parte do tempo;

Interesse diminuído ou perda de prazer na realização das atividades de

rotina (anedonia);

Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;

Indecisão ou diminuição da capacidade de pensar e concentrar-se;

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Fadiga ou falta de energia;

Insônia ou sono excessivo;

Agitação ou lentidão de movimentos;

Perda ou ganho significativo de peso;

Idéias recorrentes de morte ou suicídio.

Os transtornos depressivos são classificados em três grupos, de acordo

com o número de itens a seguir detectados:

Depressão Menor: dois a quatro sintomas por duas ou mais semanas,

incluindo humor deprimido ou anedônia;

Distimia: três ou quatro sintomas, incluindo humor deprimido, durante dois

anos, no mínimo;

Depressão maior: cinco ou mais sintomas por duas semanas ou mais,

incluindo humor deprimido ou anedônia.

Ansiedade

Ansiedade é uma experiência humana universal, dentro do espectro da

normalidade, e proximamente associada à vivência de medo e de outros estados

emocionais similares. Como todo estado emocional, a ansiedade é um sinal,

preparando o indivíduo para o que poderá acontecer dado certo contexto

ambiental específico. Do ponto de vista biológico, é um estado de funcionamento

cerebral, ligado a percepção de contextos ambientais potencialmente temíveis,

que possibilita a identificação do perigo e o grau da ameaça (potencial, distante ou

iminente) e elicia ações comportamentais específicas de enfrentamento (Mello,

Bernik & Lotufo Neto, 2001).

De acordo com Andrade e Gorenstein (1998) a ansiedade é um estado

emocional com elementos psicológicos e fisiológicos, que faz parte do espectro

normal das experiências humanas, sendo motivadora do desempenho. Ela passa

a ser patológica quando é desproporcional à situação que a desencadeia, ou

quando não existe um objeto específico ao qual se direcione.

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A ansiedade apresenta-se sobre várias facetas, indo de “normal” à parte de

transtornos psiquiátricos, ou ser parte de diferentes quadros nosológicos. Pode ser

branda ou intensa, sucinta ou prolongada levando a danos sociais, de percepção e

aprendizagem. É considerada doença quando excede aspectos adaptativos,

prejudicando o desempenho de funções e se apresenta sob forma de queixa, com

sinais e sintomas diminuindo o repertório funcional. Nesse contexto, encontram-se

os seguintes transtornos da ansiedade: pânico, fobias, transtorno obsessivo-

compulsivo, ansiedade generalizada e outros (Dratcu & Lader, 1993).

A ansiedade é um sentimento difuso de medo, diante de algo desconhecido

e para o qual também não se tem uma resposta precisa. Quando se tem medo de

algum evento, foge-se dele. Assim, a ansiedade, o medo e o stress estão

relacionados entre si. Epstein citado por Biaggio (2000) define a ansiedade como

um estado desagradável de excitação difusa que se segue à percepção de uma

ameaça. Segundo este autor, a ansiedade é provocada por três condições

básicas: a superestimulação (excitação exagerada provocada por qualquer

estímulo), a incongruência cognitiva (isto é, as coisas não fazem sentido), e a não

disponibilidade de respostas (ou seja, a pessoa não sabe o que fazer).

Segundo Schinohara e Nardi (2001) o Transtorno de Ansiedade

Generalizada é o transtorno de ansiedade mais corriqueiro na prática médica

geral, sendo que o sexo feminino é mais acometido do que o sexo masculino em

uma proporção de 2:1. O Transtorno de Ansiedade Generalizada é um transtorno

crônico de ansiedade, caracterizado por preocupações imaginárias ou excessivas,

com múltiplos sintomas somáticos. Essa ansiedade patológica crônica não é

limitada a uma situação ambiental ou a um objeto específico. O sentimento de

nervosismo é acompanhado de muitas queixas somáticas, como tremores, tensão

muscular, sudorese excessiva, sensação de cabeça leve, palpitações, tonturas e

desconforto digestivo.

De acordo com o Manual estatístico de transtornos mentais, 4º edição, da

Associação Psiquiátrica Americana (DSM- IV) (2000), para identificar o Transtorno

de Ansiedade Generalizada, os profissionais devem levar em consideração os

seguintes critérios:

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Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo

na maioria dos dias por pelo menos 6 meses, com diversos eventos ou

atividades (tais como desempenho escolar ou profissional).

O indivíduo considera difícil controlar a preocupação.

A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos

seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na

maioria dos dias nos últimos 6 meses).

(1) Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele;

(2) Cansaço fácil;

(3) Dificuldade de concentração, lapsos de memória;

(4) Irritação;

(5) Tensão muscular;

(6) Distúrbio do sono (insônia inicial ou intermediária, sono agitado,

insuficiente).

O foco da ansiedade ou preocupação não é restrita às características

de outro transtorno mental.

A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento

clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou

ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma

substância (droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica

geral.

A ansiedade está associada ao acréscimo da percepção da dor e com os

fatores que aumentam e complicam o risco da saúde física, prolongando a

experiência dolorosa. A resposta emocional básica do indivíduo à dor, na medida

em que ela significa um evento ameaçador, é a da ansiedade aguda e todas as

reações fisiológicas que a seguem (Angelotti & Dotto, 2005).

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Stress

O stress não é um aspecto recente da vida, é o produto da influência mútua

entre o indivíduo e o meio em que vive. De acordo com Andrade e Laganá de

Andrade (2005) o homem atual parece viver de modo a facilitar a criação de um

ambiente estressante, as tensões do dia a dia refletem sua dificuldade de adaptar-

se com rapidez satisfatória às mudanças que ele próprio está acarretando em seu

meio ambiente e em seu modo de viver.

De acordo Doron e Parot (2001), stress é uma noção tomada da física, e

que indica a pressão excessiva sofrida por um material. Em biologia, esta noção

designa, ao mesmo tempo, as agressões exercidas sobre o organismo (os

agentes estressantes) e a reação do organismo às reações.

O termo stress foi utilizado pela primeira vez na área médica por Hans

Selye em 1926, para apontar um conjunto de reações não específicas que

observou em seus pacientes com várias patologias. Em 1936, Selye definiu a

reação do stress como uma síndrome geral de adaptação e em 1974 ele redefiniu

stress como uma resposta não especifica do corpo a qualquer exigência. Segundo

Lipp e Malagris (2001):

[...] Stress é definido como uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos, causadas pelas alterações psicofisiológicas, que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite, amedronte, excite, confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz. (p.279).

A resposta do stress deve ser entendida como sendo um processo e não

como uma reação estática e independente, pois no momento em que ela se inicia

um longo processo bioquímico se instala. De acordo com Lipp e Malagris (2001):

[...] Independentemente do que causa a tensão, o início se manifesta de modo bastante parecido em todas as pessoas, com o surgimento de taquicardia, sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca e a sensação de estar em alerta. Só quando o processo está mais adiantado é que as diferenças se revelam de acordo com a herança genética do indivíduo combinada com pontos de enfraquecimento desenvolvidos no decorrer da vida. (p.279).

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O stress pode ou não levar a um desgaste geral do organismo dependendo

da sua intensidade, do tempo de duração, da vulnerabilidade do indivíduo e da

habilidade de manejá-lo. O desgaste ocorre de modo mais acentuado, quando a

homeostase interna do organismo é perturbada por períodos longos ou de modo

muito agudo. A importância do equilíbrio interno foi inicialmente destacada pelo

fisiologista Bernard em 1879, que enfatizou o conceito de que o ambiente interno

de um organismo necessita ser mantido em equilíbrio independentemente do que

ocorre no ambiente externo. Mais tarde Cannon (1939), também fisiologista,

sugeriu o termo homeostase para definir o equilíbrio que o organismo

automaticamente procura manter a fim de preservar a sua existência (Lipp &

Malagris, 2001).

O conceito de homeostase é necessário para o estudo do stress, uma vez

que a principal ação do stress é justamente a quebra do equilíbrio interno que

ocorre devido à ação exacerbada do Sistema Nervoso Simpático e a

desaceleração do Sistema Nervoso Parassimpático em momentos de tensão. A

aceleração do organismo, por meio da ação grandiosa de determinadas funções é,

muitas vezes, de enorme valor para a preservação da vida, uma vez que leva o

organismo a um estado de prontidão, de alerta, a fim de que possa lidar com

situações em que tenha que atuar contra o perigo. Esta reação, quando

adequada, deve ser vista como uma defesa automática do corpo (Lipp & Malagris,

2001).

O problema ocorre, no entanto, quando a prontidão fisiológica não é

necessária ou quando é excessiva, como, por exemplo, quando tensão muscular

ocorre durante uma reunião ou em momentos de stress interpessoal, quando não

haveria necessidade de tal função. O que faz funcionar este processo que leva a

mudanças tão sérias no funcionamento do organismo é o que Selye designou de

estressor, para diferenciar a reação do stress e do estímulo que inicia esta reação

(Lipp & Malagris, 2001).

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Aspectos biológicos do stress

Em 1929, o fisiologista Walter Cannon descreveu a forma como o

organismo reage às situações de emergência. Interessou-se pelas reações

fisiológicas de pessoas e animais, como resposta a situações de vivência de

perigo. Estas reações foram chamadas de respostas de ataque ou fuga (fight-or-

flight), porque preparam o organismo para encarar a ameaça ou desencadear a

fuga (Cannon, 1929). Nas respostas de ataque ou fuga, a percepção do perigo

leva o Sistema Nervoso Simpático a estimular o Sistema Endócrino,

nomeadamente as glândulas supra-renais, para secretarem substancias como a

adrenalina ou epinefrina que levam à estimulação geral do organismo e

potencializam suas capacidades. Cannon (1939) referiu que esta estimulação do

organismo pode ter simultaneamente efeitos positivos ou negativos. A resposta de

ataque ou fuga é adaptativa, porque mobiliza o organismo a responder

rapidamente às situações de perigo, mas o estado de elevada estimulação

orgânica pode ser nocivo e prejudicial à saúde se for prolongado (Santos &

Castro, 1998).

Em 1936, Hans Selye foi à física buscar o termo stress e apresentou o

conceito de resposta generalizada à agressão ou ameaça, tendo como finalidade

a sobrevivência do organismo agredido ou ameaçado. Segundo o autor uma

agressão ou estressor de qualquer natureza, física, psicológica, ou outra, induz o

organismo a desenvolver a resposta do stress, provoca uma reação de alarme,

mobilizando energias para sobrevivência. Se a pessoa não pode lutar ou fugir do

agressor ou ameaça, ela necessita se adaptar à situação a fim de preservar sua

sobrevivência. Hans Selye estudou as consequências que produzem no

organismo quando este é submetido a grandes quantidades de stress.

Com este objetivo, submeteu animais de laboratório a uma variedade de

agentes estressores, como Raio X, grandes variações térmicas, injeções de

insulina e exercício, por um longo período de tempo. Observou também pessoas

que, por motivo de doenças, se encontravam sob a influência de stress

prolongado. Com o decorrer desta investigação, descobriu que a resposta de fuga

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ou luta era apenas a primeira reação, numa sequência de outras reações que o

organismo produz quando o stress é constante e duradouro. Selye denominou

esta sucessão de reações fisiológicas de Síndrome de Adaptação Geral (Santos &

Castro, 1998).

De acordo com Andrade e Laganá de Andrade (2005), as vias

neurofisiológicas implicadas nas reações do stress incluem o córtex cerebral, o

sistema límbico, a medula, o córtex da supra renal e o sistema nervoso autônomo

(simpático e parassimpático). Como consequência, há alterações das funções

motora, secretora, de irrigação e imunomoduladora, que podem favorecer a

ocorrência de disfunções ou doenças como angina, arritmias, espasmos

coronários e hipertensão arterial; cefaleia tensional e cefaleia enxaquecosa; asma

brônquica; síndrome de tensão pré-menstrual; síndrome do cólon irritável entre

outros.

Fontes de stress

Tudo o que gera stress é chamado de estressor ou fonte de stress. Existem

diversos tipos de estressores e muitas vezes o que estressa uma pessoa não

estressa outra. Para facilitar a identificação do que está criando stress, dividem-se

os estressores em duas categorias: fontes externas e internas. Porém, também

existem estímulos que são essencialmente estressantes, como o frio, a fome e a

dor. Esses estressores são chamados por Everly (1989) de biogênicos, pois não

dependem tanto de interpretação e atuam no desenvolvimento do stress

automaticamente (Lipp & Malagris, 2001).

As fontes externas são constituídas de tudo aquilo que ocorre na vida e que

vem de fora do organismo: profissão, falta de dinheiro, brigas, assaltos, perdas,

falecimentos. Tudo o que exija do organismo uma maior adaptação pode dar

origem ao stress. Pela definição, compreende-se que não são somente os

acontecimentos negativos criam o stress. Determinados eventos, mesmo que

tragam muita felicidade, podem também exigir uma adaptação grande e, por isso,

se tornam fontes de stress. As fontes internas se referem ao modo de ser, crenças

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e valores, modo de agir. O indivíduo muitas vezes não consegue perceber que

certos modos de pensar e analisar o mundo podem estar lhe criando stress (Lipp

& Malagris, 2001). Muitas vezes, a maneira como se imagina ou interpreta uma

situação não é de acordo com a realidade, portanto, o que seria um estressor

temporário, acaba se tornando um estressor permanente, pois a pessoa imagina

determinada situação como sendo muito perigosa, algo que na realidade não é.

Dessa maneira, o organismo não consegue restabelecer a homeostase,

permanecendo num estado de stress constante, consequentemente diminuindo

sua resistência a doenças e prejudicando a qualidade de vida. Segundo Lipp,

Malagris e Novais (2007):

[...] É surpreendente verificar, o que mais cria stress emocional, é justamente o nosso modo de ser e pensar. Existem pessoas que aprenderam desde criança a pensar de modo estressante e carregam dentro de si uma verdadeira fábrica de stress. O stress que vem de dentro pode ser pior do que o gerado pelos estressores externos porque acompanha a pessoa a cada minuto do dia e em tudo o que ela faz. (p.36).

Um tipo muito comum de estressor interno é a chamada “síndrome da

pressa”. As pessoas que têm esta característica sentem-se constantemente

apressadas, fazem muitas coisas ao mesmo tempo e são facilmente irritáveis.

Utilizam expressões como “tempo é dinheiro”, “não gosto de perder tempo”,

porque acreditam que é perder tempo conversar com os amigos ou simplesmente

apreciar por alguns minutos a natureza. Do lado positivo, são muito dinâmicas e,

em geral, são bem sucedidas profissionalmente, mas suas vidas afetiva e familiar

sofrem desvantagens, pois a pressa não permite o cultivo de relações que não

estejam diretamente envolvidas nas metas especificas a serem conquistadas. Os

cardiologistas americanos, Friedman e Rosenman (1974), chamaram esse

conjunto de comportamentos de “Padrão Tipo A de Comportamento”, que é o

oposto do padrão que eles identificaram como Tipo B, classificado pela ausência

da pressa. O “Padrão Tipo A de comportamento” não é considerado uma doença,

porém, estudos comprovam que a pessoa com este padrão de comportamento é

mais vulnerável a enfartes e úlceras, bem como a desenvolver outras doenças em

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consequência do enfraquecimento de algum órgão de choque em seu organismo,

seja na área física e/ou psicológica, entre outros.

Ainda não se sabe a origem desse padrão de comportamento, mas o mais

provável é que Tipo A seja produto da interação da predisposição genética com

práticas parentais que desde cedo na vida da criança, valorizam a realização

acima de tudo (Lipp, Malagris & Novais, 2007).

Classificações do Stress

O stress pode ser classificado de vários modos de acordo com sua

intensidade, como, por exemplo, positivo, negativo e ideal. Até certo ponto, o

stress pode ser benéfico, ou seja, positivo. Isto, em geral, ocorre na sua fase

inicial, a fase de alerta, quando o organismo produz adrenalina que lhe dá ânimo,

vigor e energia. Em função da adrenalina, o indivíduo pode passar por períodos

em que dormir e descansar passa a não ter tanta importância. É a fase da

produtividade e do bem estar. Porém, não se consegue ficar em alerta por muito

tempo, pois o stress se torna excessivo quando dura demais. Neste caso, é

denominado stress negativo que ocorre quando se ultrapassa os limites e esgota a

capacidade de adaptação. O organismo fica debilitado de nutrientes e a energia

mental fica reduzida. A produtividade e a capacidade de trabalho ficam

prejudicadas. A qualidade de vida sofre danos e posteriormente, o indivíduo pode

adoecer. O ideal é quando se aprende a manejar o stress, ou seja, quando se

consegue permanecer na fase de alerta, por períodos de tempo limitados, e se

propicia meios do organismo se reequilibrar, pois sem uma recuperação da

homeostase interna o stress se torna excessivo e, portanto negativo (Lipp, 2000).

Fases do Stress

A Síndrome de Adaptação Geral, descrita por Selye (1952), consiste em

três fases: alarme ou alerta, resistência e exaustão. A seguir estão descritas estas

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três fases e outra descoberta por Lipp (2000), a fase de quase exaustão, que

transforma o modelo trifásico de Selye em um modelo quadrifásico.

A fase de alerta é quando a pessoa se confronta inicialmente com um

estressor, uma reação de alerta se instala e o organismo se prepara para o que

Cannon (1939) chamou de “luta ou fuga”. Se o estressor tem pequena duração,

esta fase termina dentro de algumas horas após a eliminação da adrenalina e a

recuperação da homeostase. Não há dano maior para o organismo. É nesta fase

que a produtividade aumenta, aumentando também a motivação, o entusiasmo e a

energia que esse estágio do stress produz. O estado de alerta, no entanto, não

pode ser mantido por muito tempo (Lipp & Malagris, 2001).

Se esse estressor durar por muito tempo ou for de grande intensidade,

passará para fase de resistência, onde o organismo por meio de sua ação

reparadora tenta restabelecer o equilíbrio interno. Nesta fase, o indivíduo

automaticamente utiliza toda a energia adaptativa para se reequilibrar. Quando o

consegue, os sintomas iniciais desaparecem e se tem a impressão de estar

melhor. Se forem utilizadas técnicas de controle do stress ou se o estressor é

eliminado, pode-se voltar ao normal, sem sequelas (Lipp & Malagris, 2001).

Porém, se o indivíduo permanece nessa fase por um período muito longo, o

organismo se aproxima da fase de quase exaustão.

Na fase de quase exaustão a tensão excede o limite do gerenciável, a

resistência física e emocional começam se quebrar, ainda há momentos em que

se consegue pensar lucidamente, tomar decisões, rir de piadas e trabalhar, porém

tudo isto é feito com esforço e estes momentos de funcionamento normal se

intercalam com momentos de total desconforto. Há muita ansiedade nesta fase. O

indivíduo experimenta uma “gangorra emocional”. O cortisol é produzido em

grande quantidade e começa ter efeito o negativo de destruir as defesas

imunológicas. Doenças começam a surgir (Lipp, 2000). Quando o estressor

perdura mais ainda, ou quando outros estressores ocorrem simultaneamente, o

processo do stress evolui para a fase de exaustão que é a pior fase do stress.

Na fase de exaustão, as doenças ocorrem com muita frequência, tanto na

área psicológica, em forma de depressão, ansiedade aguda, inabilidade de tomar

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decisões, vontade de fugir de tudo, autodúvida, irritabilidade, como na área física,

na forma de hipertensão arterial, ulceras gástricas, retração de gengivas, psoríase,

vitiligo e até diabetes. Naturalmente, o stress não é o elemento patogênico dessas

doenças, ele leva a um enfraquecimento do organismo de tal modo que aquelas

patologias programadas geneticamente se manifestam devido ao estado de

exaustão presente. A doença que surge depende de uma série de fatores, como

etnia, idade, constituição genética, acidentes ou doenças do passado, alimentação

e condição física, no geral (Lipp & Malagris, 2001).

Stress e dor

O pensamento é um dos fatores psicológicos que influenciam a dor, e

frequentemente, é uma fonte causadora de stress (Merskey citado por Angelotti,

2008). Os sujeitos mais vulneráveis encaram com dificuldade os acontecimentos

que podem desenvolver a resposta da dor e, muitas vezes, o stress ocorre em

conjunto com a dor crônica. Tanto o stress como a dor estão entre os fatores que

mais aborrecem, debilitam e invalidam o ser humano para o cumprimento do

trabalho, para o viver de qualidade e usufruto da felicidade (Lipp, 2005). Estudos

em animais e humanos saudáveis mostram que o stress pode aumentar a

sensibilidade à dor, e afeta o processamento da dor em todo o Sistema Nervoso

Central (Cathcart, Winefield, Lushington & Rolan, 2010).

Existem dois modos particulares de associação ente dor e stress, pois estes

dois fenômenos estão muitas vezes intimamente ligados. O stress pode ser

consequência da dor, ou seja, fontes de tensão e stress pode ser a consequência

da percepção da dor, seja ela aguda, difusa ou crônica. E o stress como fator

desencadeante ou cooperador para a etiologia da dor crônica. A hipersensibilidade

do sistema límbico indicado por Everly (1989) como sendo responsável por uma

maior vulnerabilidade ao stress emocional talvez colaborar para a etiologia da dor

crônica através do sistema cognitivo e emocional e seu processamento no sistema

límbico, envolvendo amígdalas e o hipocampo. Todo evento mental é capaz de

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21

produzir um correspondente químico no cérebro e, assim sendo, as emoções são

capazes de produzir reações psicofisiológicas marcantes (Lipp, 2005).

O stress pode agravar a intensidade da dor e esta, por sua vez, pode gerar

stress. Por exemplo, Lehrer e Murphy (1991) encontraram em pacientes que

sofrem de cefaleia crônica estímulos de calor na região frontal do cérebro, devido

ao stress ocasionado pela reação dolorosa (Angelotti, 2001).

Arena e Blanchard (1996) debatem o mecanismo vascular da cefaleia

através de dois fatores causais na cadeia de acontecimentos que culminam com a

vasodilatação: o stress psicossocial, que pode resultar na sensibilidade alimentar

ou alérgica, e o papel da exacerbação do stress, que parece mais tônico do que

paliativo (Angelotti & Dotto, 2005).

Estudiosos como Guidetti e Galli (1998) e Karwautz, Wober-Bingol e Wober

(1993) têm assinalado para a importância de modelos patogênicos da cefaleia que

levem em consideração o complexo envolvimento de aspectos orgânicos,

psicológicos e psicossociais, tanto na predisposição quanto na deflagração das

crises e manutenção do problema. Evidentemente, vários estudos têm enfocado a

relação entre CTT e também Migrânea com fatores psicológicos, mas não existem

modelos definitivos sobre essa relação (Bosco, 2006).

Leistad e colaboradores. (2006), estudando pacientes com Cefaleia do tipo

tensional, verificou que, em resposta ao stress induzido por uma tarefa mental de

uma hora de duração, o aumento da dor como resposta foi generalizado, mesmo

após a tarefa ter sido cessada. Os autores concluíram que o stress aumentou e

agravou a dor de cabeça.

Fichtel e Larsson (2002) expõem que os sintomas decorrentes do stress

podem relacionar-se à cefaleia e outras comorbidades, valorizando também o

manejo do stress como tratamento não farmacológico importante, visto que o

stress, pode constituir-se em possível fator de risco para o agravamento da

cefaleia, pode cooperar para o desenvolvimento de problemas emocionais.

Embora existam alguns trabalhos visando entender a relação entre fatores

emocionais e a CTT ou a Migrânea, a literatura ainda é incipiente, necessitando-se

de mais atenção a um problema que afeta um número significativo de pessoas e

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que, para muitas, é até incapacitante. O presente trabalho avaliou a presença de

stress, sintomas de ansiedade e depressão em mulheres com Migrânea e

mulheres com CTT, enfatizando os aspectos psicológicos dessas patologias a fim

de poder contribuir para um plano terapêutico que propicie o desenvolvimento de

uma melhor qualidade de vida.

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OBJETIVOS

Objetivo geral

Comparar níveis de stress, sintomas de ansiedade e depressão de

mulheres com Migranêa com / sem aura com os de mulheres com Cefaleia

do Tipo Tensional episódica.

Objetivos específicos

Verificar se existe diferença da gravidade das fases do stress entre

mulheres com Migranêa com / sem aura e mulheres com CTT.

Verificar se existe diferença da gravidade dos níveis de ansiedade entre

mulheres com Migranêa com / sem aura e mulheres com CTT.

Verificar se existe diferença da gravidade dos níveis de depressão entre

mulheres com Migranêa com / sem aura e mulheres com CTT.

Verificar os sentimentos apresentados frente ao sofrer de CTT e Migrânea.

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MÉTODO

Participantes

Participaram do estudo 31 mulheres divididas em dois grupos de acordo

com os seguintes critérios de inclusão:

Grupo 1: 16 mulheres com idade mínima de 18 anos, com diagnóstico de

Migrânea, de acordo com os critérios diagnósticos da Sociedade Internacional de

Cefaleia.

Grupo 2: 15 mulheres com idade mínima de 18 anos, com diagnóstico de Cefaleia

do tipo tensional episódica frequente, de acordo com os critérios diagnósticos da

Sociedade Internacional de Cefaleia.

Critérios de exclusão: Diagnóstico prévio de transtorno mental.

Material

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os participantes (Anexo A):

O Termo Livre de Consentimento utilizado contém explicações sobre a

natureza da pesquisa. Informa também que a participação é voluntária, podendo

haver recusa na participação, ou mesmo a desistência em participar da pesquisa

em qualquer fase, sem penalidades ou prejuízo ao participante. Garante

esclarecimentos pela pesquisadora, antes e durante o desenvolvimento da

pesquisa, e uma devolutiva dos resultados da pesquisa poderá ser realizada a

quem desejar. Assegura sigilo e privacidade. Cada participante assinou o termo,

concordando em participar voluntariamente da pesquisa. O Termo foi elaborado

de acordo com as normas estabelecidas pela Resolução 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde (CNS) e do Conselho Federal de Psicologia (CFP) de

dezembro de 2000.

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Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp – ISSL:

O Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp foi validado e

padronizado por Lipp e Guevara em 1994 e publicado pela Casa do Psicólogo

(Lipp, 2000). Esse instrumento propõe identificar a sintomatologia que o indivíduo

apresenta, avaliando se este possui sintomas de stress, em qual a fase se

encontra, conforme o modelo quadrifásico do stress de Lipp (alerta, resistência,

quase-exaustão e exaustão), e qual tipo de sintoma é predominante (físico ou

psicológico).

O instrumento é composto de 53 itens, sendo 34 referentes a condições

físicas e 19 de natureza psicológica, divididos em três partes. A primeira parte

indica sintomas experimentados nas últimas 24 horas, sendo doze sintomas

físicos e três psicológicos. A segunda parte indica sintomas experimentados na

última semana, sendo dez sintomas físicos e cinco psicológicos. A terceira parte

inclui sintomas experimentados no último mês, sendo doze sintomas físicos e

onze psicológicos.

A avaliação das respostas é feita através do uso de tabelas do próprio

manual do ISSL, as quais transformam os dados brutos em porcentagens. Na

validação e padronização do ISSL, o Manual mostra que, para a análise de

confiabilidade, foi empregada a estatística de Alfa de Cronbach, uma medida que

estima a confiabilidade do instrumento, com variação entre zero e um. O

coeficiente será zero, caso haja somente erros de medida no instrumento (os itens

não são relacionados com o total da escala); e terá o valor de um se todos os itens

que fazem parte do instrumento forem consistentes. Aplicando a análise de

confiabilidade nesse instrumento, foi obtido o Coeficiente Alfa de 0,912. Portanto,

os itens refletem um alto valor para o conceito intencional, que é medir o nível de

stress.

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Escala de Ansiedade de Beck – BAI:

A Escala de Ansiedade de Beck (Cunha, 2001) foi criada no Center for

Cognitive Therapy (CCT) da Universidade da Pennsylvania, na Philadelphia,

Estados Unidos. A escala é indicada para indivíduos entre 17 e 80 anos de idade.

O BAI (Cunha, 2001) é uma escala de auto relato, que mede a intensidade

dos sintomas de ansiedade e foi criado por Beck, Epstein, Brown e Steer, em

1988. Foi criado originalmente para a população psiquiátrica. A versão em

português do BAI (Cunha, 2001) foi traduzida levando em consideração a

equivalência idiomática das expressões utilizadas e contou com juízes para

chegar a uma formulação consensual e foi testada em um grupo bilíngue, tanto na

versão em inglês como em português.

Para os estudos iniciais do BAI foi utilizada uma amostra de 160 pacientes

ambulatoriais, com diagnostico misto. A seguir, foi selecionada uma amostra de

pacientes ambulatoriais, com diagnóstico de transtorno de ansiedade. O BAI

envolve itens que são representativos de ansiedade e ao mesmo tempo impede

incluir sintomas compartilhados com quadros depressivos. Estudos demonstram

que o BAI está relacionado não só significativa, mas também substancialmente,

com outras medidas aceitas de ansiedade auto- relatada e clinicamente

analisadas.

Com a versão brasileira, foram desenvolvidos estudos para estimar a

correlação entre o BAI e o IDATE (Spielberger, Biaggio & Natalício, 1979),

verificando-se que apresenta a relação significante com A –Traço (r = 0,78;

p<0,001) e com A- Estado ( r = 0,76;<0,001).

Escala de Depressão de Beck- BDI:

Proposta por Beck em 1993 e validada para o Brasil por Cunha e publicada

pela Casa do Psicólogo (Cunha, 2001). Mede as manifestações clínicas da

depressão, sendo composto por 21 categorias de sintomas e atitudes.

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A validação desta escala para a população brasileira aconteceu inicialmente

em 1992. Em 1993 fez-se coleta de dados em pacientes psiquiátricos (Cunha,

2001). Em um estudo sobre suas propriedades psicométricas, verificou-se que o

instrumento apresentou consistência interna de 0,81 na amostra total; para sub-

amostra masculina de 0,76 e para feminina 0,83. Os padrões são similares ao de

outros países: não foram encontradas diferenças clínicas significativas. A

adequação da versão brasileira do instrumento para o uso em clínica foi

comprovada no estudo de validade discriminante, no qual foram obtidas diferenças

significantes entre pacientes deprimidos e ansiosos clinicamente diagnosticados

(Andrade & Gorestein, 1998).

Roteiro de Entrevista (Anexo B):

O roteiro de entrevista utilizado foi elaborado, especificamente, para esta

pesquisa e foi composto pelos seguintes itens:

Dados de identificação (iniciais do nome, idade, estado civil e profissão);

Questões fechadas com o objetivo de conhecer a relação entre a dor de

cabeça e a vida de cada participante. As questões versavam sobre: se

existia antecedente familiar para Migrânea ou CTT, o quanto a dor de

cabeça prejudicava as atividades laborais e de lazer, se os participantes

tinham a percepção do que parecia desencadear a crise de dor de cabeça,

e em caso positivo, pedia-se que indicassem o possível fator

desencadeante em uma lista pré-elaborada que incluía as seguintes

opções: alguns tipos de alimentos, situações estressantes, privação de

sono, jejum prolongado e outros.

Uma questão aberta foi feita às participantes, com o objetivo de averiguar

qual o sentimento quanto a sofrer de Migrânea ou CTT.

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Local

O estudo foi conduzido em uma clínica de Neurologia e Neurocirurgia no

interior do Estado de São Paulo. Neste local as participantes foram encaminhadas

por médicos neurologistas para participar da pesquisa, pacientes que se

enquadravam nos critérios de inclusão.

Pessoal

Além da pesquisadora, auxiliaram neste estudo:

O neurocirurgião Dr. Luiz Carlos Beda e a neurologista Dra. Nadia Vieira

Moreira, com quem a autora trabalha há três anos no consultório. A

função destes médicos no estudo foi encaminhar as pacientes, avalia-

las e darem o diagnóstico clínico de Cefaleia tipo tensional episódica

frequente ou Migrânea sem aura ou Migrânea com aura típica com

cefaleia migranosa.

Dois Juízes, sendo um aluno do curso de Mestrado e outro do curso de

doutorado, ambos da PUC-Campinas. Estes juízes colaboraram na

formação das categorias e na análise do conteúdo.

Procedimento

Após ter a aprovação do Comitê de Ética (Anexo C, nº. 993/10), foi

solicitado à equipe da clínica o encaminhamento de mulheres adultas com o

diagnóstico de Migrânea sem aura ou Migrânea com aura típica com cefaleia

migranosa e Cefaleia do tipo tensional episódica frequente para a realização

desse estudo. A pesquisadora permanecia numa sala na própria clínica. Coube

assim, aos médicos, o diagnóstico de Migrânea sem aura ou Migrânea com aura

típica com cefaleia migranosa e Cefaleia do tipo tensional episódica frequente

previamente ao encaminhamento.

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Todas as pacientes que aceitaram participar deste estudo assinaram o

termo de consentimento livre e esclarecido e foram submetidas à avaliação

psicológica constituída pela entrevista e pelos testes ISSL, BDI e BAI. A entrevista

e a aplicação dos testes foram realizadas individualmente com cada participante e

teve aproximadamente duração de 30 minutos dependendo da dificuldade

apresentada por cada paciente.

Ao final, a pesquisadora agradecia a disponibilidade e a participação da

paciente, e ficava combinada uma devolutiva dos resultados do ISSL, BAI, BDI,

em outro momento, quando retornassem a clínica.

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RESULTADOS

Método de análise dos resultados

Para descrever o perfil da amostra segundo as variáveis em estudo foram

feitas tabelas de frequência das variáveis categóricas (ansiedade, depressão,

stress,...), com valores de frequência absoluta (n) e percentual (%), e estatísticas

descritivas da variável contínua (idade), com valores de média, desvio padrão,

valores mínimo e máximo, mediana.

Para comparação das variáveis categóricas entre os grupos foi utilizado o

teste exato de Fisher, na presença de valores esperados menores que 5. Para

comparar a variável contínua entre os dois grupos foi utilizado o teste de Mann-

Whitney.

O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5% (p <

0,05).

Os dados dos testes aplicados: ISSL, BAI e BDI foram computados com

base nas tabelas de cada manual.

Análise descritiva da amostra

A distribuição da amostra em relação à faixa etária foi de 29,03% entre 30 a

39 anos e 25, 81% entre 40 a 49 anos. A mediana de idade das participantes foi

de 38 anos com desvio padrão de 13,49, sendo idade mínima de 18 anos e

máxima de 72 anos. A Tabela 1 mostra as médias de idade na CTT. Pode-se

verificar que havia mais participantes (40%) abaixo de 30 anos de idade. Já dentre

as que sofriam de Migrânea, como pode ser visto na Tabela 1, a faixa etária

prevalente (37,5%) era a de 40-49 anos.

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Tabela 1 - Distribuição das participantes com Cefaleia do tipo tensional e Migrânea

de acordo com a idade

Idade Tensional Migrânea

n % n %

Até 30 6 40,00 3 18,75

30 – 39 5 33,33 4 25,00

40 – 49 2 13,33 6 37,50

≥ 50 2 13,33 3 18,75

Quanto ao estado civil, de acordo com os dados demonstrados na Tabela 2,

observou-se um predomínio da condição de casada no total da amostra.

Tabela 2 - Distribuição das participantes, quanto ao estado civil

Estado Civil n %

Casada 14 45,16

Divorciada 5 16,13

Solteira 11 35,48

Viúva 1 3,23

Quanto à profissão atual constatou-se que houve uma variedade desde

donas de casa até administradora, como pode ser vista na Tabela 3.

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Tabela 3- Distribuição das participantes, quanto à profissão

Profissão n %

Administradora 1 3,23

Advogada 2 6,45

Aposentada 2 6,45

Aux. de produção 1 3,23

Aux. administrativa 3 9,68

Aux. de cozinha 1 3,23

Cirurgiã dentista 2 6,45

Do lar 3 9,68

Educadora física 1 3,23

Empregada doméstica 4 12,90

Esteticista 1 3,23

Estudante 2 6,45

Instrumentadora cirúrgica 1 3,23

Médica 1 3,23

Professora 1 3,23

Secretaria 1 3,23

Serviços gerais 1 3,23

Vendedora 3 9,68

No que se refere ao tipo de cefaleia verificou-se que 48, 39% da amostra

era de Cefaleia do tipo tensional episódica frequente (CTT), 22,58% de Migrânea

com aura típica com cefaleia migranosa (MCA) e 29,03% de Migrânea sem aura

(MSA), conforme ilustra a Figura 1.

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0,%

5,%

10,%

15,%

20,%

25,%

30,%

35,%

40,%

45,%

50,%

Cefaleia Tipo Tensional Migrânea com aura Migrânea sem aura

48,39%

22,58%

29,03%

Figura 1 - Distribuição das participantes, quanto aos tipos de cefaleias

A análise dos resultados permitiu compreender melhor o que a cefaleia

representa para essas mulheres e os fatores associados à sua ontogênese.

Com relação ao antecedente familiar, 74,19% da amostra total

reconheceram que têm antecedentes familiares que sofrem com cefaleia. Na CTT

73,33% apresentam antecedentes familiares, enquanto que na Migrânea 75%

apresentam antecedentes familiares.

Quando questionadas com relação ao prejuízo da dor de cabeça no

ambiente do trabalho, 51,61% da amostra total revelaram que têm muito prejuízo.

Na CTT, 60% relataram muito prejuízo no ambiente de trabalho. Enquanto que

43,75% das participantes com Migrânea relataram impossibilidade de trabalhar,

como demonstra a Figura 2. Segundo o Teste Exato de Fisher, houve uma

diferença significativa entre os dois tipos de cefaleia (p= 0,010).

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Pouco Muito Impossibilitatrabalhar

40%

60%

0%

12,50%

43,75% 43,75%

Cefaleia tipo tensional

Migrânea

Figura 2- Prejuízo no ambiente de trabalho

No que se refere ao prejuízo nas atividades de lazer, 51,61% da amostra

total relatou muito prejuízo. Em comparação aos dois tipos de cefaleias de acordo

com o Teste Exato de Fisher houve uma diferença significativa (p= 0,013),

verificou-se que a Migrânea tem um impacto muito maior, impossibilitando realizar

as atividades de lazer, como pode ser vista na Figura 3.

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Pouco Muito Impossibilita trabalhar

26,67%

60%

13,33%

0%

43,75%

56,25%

Cefaleia tipo tensional

Migrânea

Figura 3 - Prejuízo nas atividades de lazer

Averiguou-se no estudo a percepção das participantes com relação a

possíveis desencadeadores das crises de dor de cabeça. Na amostra total,

90,32% relataram perceber o que desencadeia uma crise de dor de cabeça. A

Tabela 4 demonstra os principais fatores desencadeadores de dor de cabeça na

CTT, e na Tabela 5 são apontados os fatores desencadeadores de dor de cabeça

na Migrânea, sendo que nos dois tipos de dor de cabeça, o stress foi o

desencadeador mais mencionado pelas participantes.

No item “outros desencadeadores de dor de cabeça” foram dadas respostas

como: ficar muito tempo sem tomar água, aborrecimento, preocupação,

ansiedade, comer durante a refeição com pressa.

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Tabela 4- Distribuição dos fatores desencadeadores de dor de cabeça na Cefaleia

tipo tensional

Fator desencadeador n %

Stress 11 84,62

Jejum prolongado 5 38,46

Alimentos 4 30,77

Privação de sono 3 23,08

Outros 3 23,08

Tabela 5- Distribuição dos fatores desencadeadores de dor de cabeça na

Migrânea

Fator desencadeador n %

Stress 12 80

Alimentos 7 46,67

Privação de sono 7 46,67

Outros 7 46,67

Jejum prolongado 4 26,67

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Prevalência de Stress Encontrada de Acordo com os Resultados do ISSL

Verificou-se que 83,87% da amostra total das participantes apresentavam

stress. O Teste Exato de Fisher apontou uma diferença significativa (p= 0,018) na

frequência do stress entre Cefaleia tipo tensional e Migrânea, sendo que na

Migrânea todas as mulheres estudadas tinham stress e na CTT essa percentagem

caiu para 66,67%, como pode ser visto na Tabela 6.

Tabela 6 - Presença de stress na Cefaleia tipo tensional e na Migrânea

Tipo de cefaleia n %

Migrânea 16 100%

Cefaleia tipo tensional 10 66,67%

A Figura 4 mostra a prevalência do stress entre os dois tipos de cefaleias,

por fase, em que o Teste Exato de Fisher verificou uma diferença significativa (p=

0,011), entre CTT e Migrânea, sendo que as participantes com Migrânea se

encontram em fases mais graves do stress.

Figura 4 – Fases do stress na Cefaleia do tipo tensional e Migrânea

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A Figura 5 mostra a predominância dos tipos de sintomatologia de stress

das participantes. De acordo com o Teste Exato de Fisher houve uma diferença

significativa (p= 0,045) entre a CTT e Migrânea, sendo que no grupo das

participantes com Migrânea, a maior parte tem a presença de sintomas

psicológicos.

Figura 5- Predominância dos sintomas na Cefaleia tipo tensional e Migrânea

De acordo com as respostas das participantes ao ISSL, os sintomas

psicológicos e físicos mais apontados pelas participantes com CTT e Migrânea

são demonstrados nas Tabelas 7 e 8. O sintoma físico citado nos dois tipos de dor

de cabeça foi boca seca, e o sintoma psicológico em comum foi vontade de fugir

de tudo, como pode ser visto nas Tabelas 9 e 10.

Tabela 7 - Sintomas físicos mais frequentes na Cefaleia do tipo tensional

Sintomas n %

Boca seca 9 60

Cansaço constante 9 60

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Tabela 8- Sintomas físicos mais frequentes na Migrânea

Sintomas n %

Problemas com a memória 14 87,50

Tensão muscular 13 81,25

Sensação de desgaste físico

constante

13 81,25

Mal estar generalizado sem

causa específica

9 56,25

Mudança de apetite 8 50

Boca seca 8 50

Dificuldades sexuais 8 50

Náusea 8 50

Tabela 9 - Sintomas psicológicos mais frequentes na Cefaleia do tipo tensional

Sintomas n %

Vontade de fugir de tudo 13 86,6

Irritabilidade sem causa aparente 9 60

Hipersensibilidade emotiva 9 60

Sensibilidade emotiva excessiva 9 60

Cansaço excessivo 8 53,3

Apatia, depressão ou raiva

prolongada

8 53,3

Pensar constantemente em um só

assunto

8 53,3

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Tabela 10 - Sintomas psicológicos mais frequentes na Migrânea

Sintomas n %

Pensar constantemente em um só

assunto

14 87,50

Angustia/ ansiedade diária 14 87,50

Irritabilidade sem causa aparente 13 81,25

Vontade de fugir de tudo 13 81,25

Irritabilidade excessiva 13 81,25

Diminuição da libido 13 81,25

Cansaço excessivo 13 81,25

Vontade de fugir de tudo 13 81,25

Sensibilidade excessiva emotiva 11 68,75

Dúvida quanto a si próprio 11 68,75

Vontade súbita de iniciar novos

projetos

9 56,25

Sensação de incompetência em

todas as áreas

8 50%

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Prevalência de Depressão de Acordo com os Resultados do BDI

Verificou-se que, no geral, 48,39% estavam em um nível mínimo de

depressão. Havia mais participantes com Migrânea com nível de depressão

moderado, enquanto que mais participantes com CTT tinham depressão mínima,

como ilustra a Figura 6.

Figura 6- Níveis de depressão na Cefaleia tipo tensional e Migrânea

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Prevalência de Ansiedade de Acordo com os Resultados do BAI

No Inventário de Ansiedade de Beck foi verificado o nível de ansiedade das

participantes. O resultado total da amostra apontou que 41,94% estavam num

nível mínimo de ansiedade. A maior parte das participantes com CTT

apresentavam um nível mínimo de ansiedade, enquanto que as participantes com

Migrânea estavam distribuídas de tal forma que 6,25% estavam num nível grave

de ansiedade, como demonstra a Figura 7.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Mínimo Leve Moderado Grave

60%

33,33%

6,67%

0%

25%

37,50%

31,25%

6,25%

Cefaleia tipo tensional Migrânea

Figura 7- Níveis de ansiedade na Cefaleia tipo tensional e Migrânea

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43

Análise de conteúdo

As respostas dadas pelas participantes à questão aberta foram submetidas

à análise de conteúdo de acordo com os conceitos de Bardin (1997). Deste modo,

depois de feita uma leitura integral e detalhada das informações fornecidas por

cada respondente, os tópicos mais relevantes das verbalizações foram extraídos

das respostas. Com base nesse material, foram identificados significados em

comum, que permitiram o seu agrupamento em categorias. Algumas falas foram

transcritas, na análise dos resultados, respeitando os seus coloquialismos, a fim

de oferecer um melhor entendimento das interpretações elaboradas durante a

análise do conteúdo.

Para confirmação das categorias, os juízes receberam as verbalizações das

respondentes (sem identificação) e as categorias extraídas. Foi solicitado que

incluíssem as respostas fornecidas a questão na categoria que considerassem

apropriadas.

A seguir é apresentada a questão aberta contida no roteiro de entrevista e

as categorias identificadas quanto às respostas dadas. As porcentagens de

respostas que se enquadram em cada categoria constam na Tabela 11. Sobre os

sentimentos das participantes com CTT e Migrânea em relação ao sofrer com as

dores de cabeça, foram criadas três categorias: Sentimentos negativos,

estratégias de esquiva / fuga e angustia diante da dor.

Tabela 11- Descrição das categorias e suas respectivas porcentagens das

respostas à questão – Como você se sente quanto a sofrer de CTT e Migrânea?

Categorias n %

Sentimentos negativos 13 42

Estratégias de esquiva / fuga 12 38,7

Angústia diante da dor 6 19,3

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Sentimentos negativos

Sobre os sentimentos negativos das participantes com CTT e Migrânea em

relação ao sofrer com as dores de cabeça, foram expostos sentimentos como

raiva, ansiedade, irritação, medo, como pode ser vista nas respostas a seguir:

P7 (CTT)- “Tem horas que dá raiva, pois incomoda”.

P14 (CTT)- “Impaciente, com raiva”.

P5 (CTT)- “Fico ansiosa, você sabe que se tiver alguma coisa que foge da

sua rotina pode te prejudicar”.

P1 (Migrânae)- “Fico tensa em quando vou ter essa crise, em qualquer

momento carrego remédios aonde vou”.

P8 (Migrânea)- “Mal estar, desanimo, irritação”.

P10 (Migrânea)- “Queria achar um jeito de não ter mais, estou sempre com

medo dela vir, é bom quando não tenho”.

Estratégias de esquiva / fuga

Nessa categoria, foram selecionadas respostas que demonstraram a

impotência das respondentes frente à dor de cabeça, e também o isolamento que

se colocam quando estão com a dor, numa estratégia de fugir da dor, se isolar na

tentativa de fazer com que a dor passe, sem mencionar um sentimento. A seguir

algumas respostas que ilustram essa categoria:

P2 (CTT)- “Quando estou com dor tenho que ficar num lugar escuro,

isolada. Não posso ficar no meio de muita gente em lugar fechado”.

P13 (CTT)- “Dá vontade de ficar num quarto em silêncio, sem ser

incomodada”.

P6 (Migrânea)- “Quanto mais quieta eu fico, mais eu quero ficar, se possível

sozinha e deitada”.

P15 (Migrânea)- “A possibilidade de qualquer tipo de atividade é uma

inercia, tenho que ficar quieta num quarto escuro e fechado”.

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Angústia diante da dor

Essa categoria foi criada a partir de respostas que demonstraram tristeza,

inconformismo, inutilidade, desespero diante da dor. As respostas abaixo podem

ilustrar essa categoria:

P4 (CTT)- “Eu fico apavorada, nervosa, penso meu Deus do céu, porque

essa dor de cabeça? Eu me cuido, cuido da minha alimentação”.

P9 (CTT)- “Tristeza, tenho vontade de ficar só deitada”.

P4 (Migrânea)- “Me sinto mal, porque quero trabalhar e não posso. Me sinto

inútil”.

P5 (Migrânea)- “Horrível, não consigo fazer nada, passo muito mal. Fico

triste, choro quando estou com a dor”.

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DISCUSSÃO

Este estudo avaliou os níveis de stress, sintomas de ansiedade e

depressão na CTT e na Migrânea.

No presente estudo, com relação ao tipo de cefaleia, foi verificado que

48,39% da amostra apresentavam CTT, 29,03% Migrânea sem aura e 22,58%

Migrânea com aura. De acordo com Krymchantowski (2008) a Migrânea sem aura

é o tipo mais comum, acometendo quase 90% dos pacientes. Segundo o mesmo

autor, Migrânea com aura é menos prevalente, como foi confirmado na pesquisa.

Pesquisas feitas no Brasil chegaram a resultados semelhantes (Sanvito,

Monzillo & Peres, 1996 apud Bigal et al 2000). No entanto, considera-se

classicamente a prevalência da CTT como sendo maior que a da Migrânea. Em

estudo de 1994, Rasmussen encontrou prevalência ao longo da vida de 15% para

a Migrânea e 69% para CTT (Rassmussen, 1994 apud Bigal et al 2000).

O fato de a amostra ser composta por mulheres é justificado através de

estudo, como por exemplo, de Stewart, Simon, Schechter, Lipton (1995) que

revela que a Migrânea ocorre três vezes mais em mulheres do que nos homens.

No que se diz respeito à Cefaleia tipo tensional episódica Schwartz e

colaboradores (1998), em ampla avaliação de pacientes, encontram valores muito

próximos para os dois sexos com relação à prevalência, apenas com pequena

predominância entre as mulheres (Matta & Moreira Filho, 2006). Uma das

explicações para a prevalência de mulheres na amostra é de que mulheres

procuram mais ajuda médica do que os homens e tanto a Migrânea quanto a CTT

são mais prevalentes entre as mulheres (Krymchantowski, 2008).

A faixa etária da pesquisa foi de 18 a 72 anos. Na CTT 40% da amostra

tinham entre 18 a 30 anos, (idade M= 36,13), uma população jovem, porém numa

faixa etária altamente produtiva, onde dor de cabeça é muito prejudicial. Este dado

oferece suporte para a conclusão de Vincent, Rodrigues e Oliveira 1998 apud

Matta & Moreira Filho, 2006 quanto que as cefaleias primárias predominam entre

adultos jovens, exatamente a faixa etária mais produtiva economicamente. E

segundo Schwartz e colaboradores (1998) na Cefaleia tipo tensional episódica há

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um predomínio de indivíduos entre 30 e 39 anos de idade, justamente a faixa

etária que representa a média de idade das participantes com CTT (Schwartz,

Stewart & Simon, 1998 apud Matta & Moreira Filho, 2006).

Analisando a amostra participante da pesquisa de acordo com a faixa etária

das participantes com Migrânea, verifica-se que 37,50% tinham idades entre 40 a

49 anos (idade M=39,75), resultado que se assemelha com uma meta-análise

(Krymchantowski, 2008) realizada de 24 estudos de prevalência, publicados antes

de 1994, que mostrou que Migrânea era mais comum em mulheres, e que o pico

de prevalência ficava entre 35 e 55 anos, tanto no sexo feminino quanto no

masculino. Krymchantowski, (2008) revela índices entre os 30 e 40 anos.

Verificou-se que mulheres que sofrem com Migrânea, são mais velhas do que

mulheres com TCC.

Com relação aos antecedentes familiares, ou seja, história de cefaleia

semelhante em parentes de primeiro grau, na CTT 73,33% responderam que tem

antecedentes familiares, enquanto que 75% das participantes com Migrânea

também respondem positivamente. Esse dado dá suporte à literatura em que

Topczewski (2002) aponta que diversos estudos mostram incidência aumentada

da Migrânea em parentes próximos, como pais; irmãos; avós e tios; mostrando

essa coincidência em 50 a 90% dos casos. Silva (2003) cita que na CTT o

histórico familiar é pouco mencionado entre os pacientes, contrariando os dados

encontrados na pesquisa, já que a prevalência de antecedentes familiares nas

participantes com CTT é alta (73,33%). Mas outros trabalhos têm mostrado um

significativo aumento da prevalência da CTT entre familiares próximos. Torelli e

colaboradores observam que 53% dos portadores de CTT tem histórico familiar

positiva para esta condição (Torelli, Cologno & Manzoni, 1999 apud Matta &

Moreira Filho, 2006), confirmando o resultado encontrado na amostra.

Os dados sobre o prejuízo no ambiente de trabalho e nas atividades de

lazer quando está com a crise de dor de cabeça são significativos, principalmente

na Migrânea.

No ambiente de trabalho, 60% das mulheres com CTT disseram que se

sentiam muito prejudicadas, e 43,75% das mulheres com Migrânea se sentiam

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impossibilitadas de trabalhar. Num estudo realizado por Matta e Moreira Filho

(2006) 14% dos pacientes com CTT estudados faltaram do trabalho por motivo de

dor. O impacto na qualidade de vida, bem como a diminuição das capacidades

laborativa e de lazer, provocados pela Migrânea, são fatores bem conhecidos e

amplamente descritos na literatura (Bigal et al 2000).

Em estudo de prevalência nos EUA, realizado por Lipton e Silberstein

(1994) foi avaliado o grau de diminuição das capacidades provocado pela

Migrânea: nenhum 12%; leve ou moderado, 51,3%; intenso / vai para a cama,

35,5%; não sabem 1%. Portanto, 86,8% dos pacientes pesquisados tinham

diminuição das capacidades devido à Migrânea, (Lipton & Silberstein, 1994 apud

Bigal et al 2000) com o resultado semelhante ao obtido na pesquisa.

Nas atividades de lazer, 13,33% das mulheres com CTT relataram ser

impossibilitadas de realizar suas atividades de lazer, enquanto que 56,25% das

mulheres com Migrânea relataram ser impossibilitadas de realizar suas atividades

de lazer. A amostra da Migrânea mais uma vez apresenta um dado mais grave do

que a CTT. Um estudo de Bigal et al (2000) feito no Hospital das Clínicas da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto sugere que a Migrânea representa

problema de saúde pública entre os funcionários do HC. Acarreta importante

impacto na qualidade de vida deles, o que permite inferir haver diminuição de sua

capacidade laborativa, com prejuízo econômico considerável.

Com relação aos resultados sobre os fatores desencadeadores de dor de

cabeça, o stress é o mais prevalente tanto para a CTT, 84,62% quanto para

Migrânea 80%. Num estudo sobre os principais desencadeadores na Migrânea,

Ierusalimschy e Moreira Filho (2002) o stress foi identificado em 76% da amostra

como o principal fator desencadeador de Migrânea. De acordo com uma pesquisa

realizada por Zétola, Novak, Luiz, Branco, Sato, Nita, Bubna, Prado e Werneck

(1998) 69% dos pacientes avaliados com Migrânea apontaram o stress como um

fator desencadeante para o surgimento da dor de cabeça, enquanto que dos com

CTT apenas 26,4% apontaram o stress como um fator desencadeador, o que

contraria os resultados encontrados nesta pesquisa em relação à CTT, em

concordância com os resultados da Migrânea.

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De acordo com a OMS (2001) um estudo feito sobre stress no trabalho

mostra que, uma das principais conseqüências físicas é o surgimento de dores de

cabeça nos trabalhadores. Melhado (2011) coloca que a maneira como cada

indivíduo lida com os estressores diários pode manter, precipitar ou exacerbar

cefaleias e acentuar a incapacidade relacionada a elas.

Poucos estudos pesquisaram o nível de stress em pessoas com CTT e

Migrânea. O stress esta relacionado com a manifestação e manutenção da

Cefaleia tipo tensional (Galego, 2006).

Neste estudo, 66,67% das participantes com CTT apresentavam stress,

enquanto que 100% das participantes com Migrânea apresentavam stress. Nas

participantes com CTT, 53,33% estavam em fase de resistência, 6,67% em fase

de quase exaustão e 6,67% em fase de exaustão. Das participantes com stress,

nenhuma apresentava predominância de sintomas físicos, 53,33% com sintomas

psicológicos e 13,33% com sintomas de stress físico e psicológico.

Os resultados apresentados nas participantes com Migrânea são mais

graves, como na maior parte do estudo. Com relação às fases do stress, 43,75%

em fase de quase exaustão e 6,25% em fase de exaustão. Das participantes com

stress, 6,25% estavam com predominância de sintomas físico, 81,25% sintomas

psicológicos e 12,50% com sintomas de stress físicos e psicológicos. Os

resultados das participantes com Migrânea se assemelham com o que Galego

(2006) encontrou em pacientes com Cefaleia crônica diária, onde 90% dos

pacientes apresentavam stress. Destes 2,2% estavam em fase de alerta, 36,7%

em fase de resistência, 51,1% em fase de quase exaustão e 10% em exaustão.

Dos pacientes com stress 94,5% houve o predomínio de sintomas psicológicos;

3,3% sintomas físicos e em 2,2% sintomas de stress físico e psicológico. Verifica-

se também presença de um stress excessivo em mulheres, como em outros

estudos de Lipp, Malagris e Novais (2007), Tanganelli (2000). Os dados indicam

que, na atualidade a prevalência do stress feminino tem se mostrado elevado.

Nos dois tipos de cefaleia, a predominância dos sintomas é psicológica, o

que sugere que essas participantes apresentam com frequência os sintomas de

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irritabilidade sem causa aparente, vontade de fugir de tudo, sensibilidade emotiva

excessiva, diminuição da libido, ansiedade, preocupação excessiva.

Na CTT (53,33%) e na Migrânea (50%), aproximadamente metade estava

na fase de resistência do stress, ou seja, o organismo esta atuando para impedir o

desgaste total de energia, quando se resiste aos estressores e se tenta,

inconscientemente, reestabelecer a homeostase que foi quebrada na fase de

alerta. A produtividade cai drasticamente. Caracteriza-se pela produção de

cortisol, sendo assim, o indivíduo fica mais vulnerável a vírus e bactérias (Lipp,

2000).

Na Migrânea, a outra metade da amostra estavam em fases mais negativas

do stress (43,75% em quase exaustão e 6,25% em exaustão). Na fase de quase

exaustão, a tensão excede o limite do gerenciável, a resistência física e emocional

começa a se dissolver. O indivíduo passa sentir grande instabilidade emocional,

onde pensar lucidamente, rir de piadas, tomar decisões e trabalhar é realizado

com muito esforço. O cortisol é produzido em maior quantidade e tem como

consequência o efeito negativo de destruir as defesas imunológicas, dessa forma,

doenças começam a surgir (Lipp, 2000).

No que se refere à sintomas de depressão, a maior parte das participantes

estavam com depressão mínima, 53,33% na CTT e 43,75% na Migrânea. Porém

uma parte significativa (37,50%) das participantes com Migrânea apresentam nível

moderado de depressão, o que aponta um nível mais preocupante da depressão.

Em um estudo realizado no Ambulatório de Distúrbios Afetivos do Hospital

Universitário de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, 68,9% dos pacientes

deprimidos tinham queixas de sintomas orgânicos, sendo a cefaleia, (13,75%) o

sintoma mais frequente. A maioria (63,2%) referiu que o episódio depressivo

sucedeu o aparecimento da doença ou dos sintomas orgânicos (Aguiar & Caleffi,

2006).

Em uma pesquisa realizada por Matta & Moreira Filho (2003), sintomas de

depressão foram encontrados em 40% dos pacientes diagnosticados com Cefaleia

tipo tensional episódica, em concordância com os dados encontrados neste

estudo. De acordo com Costa, Ybarra, Corrêa & Teixeira (2006) a depressão

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maior atinge 30% ou mais da população com Migrânea e pouco mais de 10% da

população geral, isto é, pessoas que sofrem com Migrânea têm risco três vezes

maior de sofrer de depressão do que pacientes sem cefaleia.

Os resultados obtidos na pesquisa confirmam dados de um estudo

longitudinal, onde Breslau e colaboradores (2000) investigaram comorbidade

depressiva em 536 pacientes com Migrânea. A prevalência de depressão ao longo

da vida no grupo de indivíduos com Migrânea foi de 40,7%. Resultados

semelhantes foram encontrados no estudo de Mercante, Bernik, Guendler,

Zukerman, Kuczynski e Peres (2007), onde pacientes com Migrânea foram

avaliados, sendo que 50% apresentavam algum Transtorno de humor, e 44%

apresentaram episódio depressivo maior.

Com relação a sintomas de ansiedade, 60% das participantes com Cefaleia

tipo tensional apresentam níveis mínimos de ansiedade, enquanto que as

participantes com Migrânea estão divididas entre os níveis mínimo (25%), leve

(37,50%) e moderado (31,25%). Novamente as participantes com Migrânea

apresentam maior gravidade dos sintomas em relação às participantes de Cefaleia

tipo tensional.

Em um estudo realizado por Matta e Moreira Filho (2003) sintomas de

ansiedade foi encontrado em 44% dos pacientes diagnosticados com Cefaleia tipo

tensional episódica. No estudo de Mercante et al (2007) pacientes diagnosticados

com Migrânea, 76% apresentaram algum transtorno de ansiedade, e 52%

apresentaram diagnóstico de Transtorno de ansiedade generalizada, dados que

se assemelham aos resultados de mulheres com Migrânea, com relação a

sintomas de ansiedade.

Um estudo realizado em mulheres com cefaleias primárias, conduzido por

Abbate- Daga, Fassino e Giudice (2000) encontrou características de

personalidade relacionadas a preocupação excessiva, cansaço e timidez. Essas

características são semelhantes aos sentimentos encontrados na questão aberta

do roteiro de entrevista, onde é demonstrado o medo de ter uma crise de dor de

cabeça, e a necessidade de isolamento quando esta com a dor.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo traz contribuições para o campo da Psicologia, bem

como da Neurologia, ao estudar o stress, ansiedade e depressão em mulheres

com CTT e Migrânea., revelando o quanto o equilíbrio entre a mente e o corpo é

importante para um bem estar biopsicossocial.

Com relação aos desencadeadores de dor de cabeça, o stress foi o

desencadeador mais citado nas mulheres com CTT, o que ocorre também em

mulheres com Migrânea, porém com uma frequência menor, talvez por conta da

aura, que é percebida por algumas mulheres como o único fator desencadeador

de dor de cabeça.

Os resultados da pesquisa revelaram presença de stress em grande parte

da amostra. Todas as mulheres com Migrânea apresentam stress, sendo que a

metade da amostra está em fases mais avançadas do stress, o que não ocorre

com as mulheres com CTT, que apesar de grande parte apresentar stress, poucas

estão em fases mais graves do stress. Isso sugere que a Migrânea como é

colocado na literatura, é mais incapacitante e com sintomas mais graves do que a

CTT, colaborando para apresentarem fases mais graves de stress.

No que se refere à sintomatologia, a área psicológica foi a mais

predominante. O manejo inadequado dos aspectos emocionais tem interferido

ainda mais do que os aspectos físicos, no que se refere ao stress. Esses dados

ressaltam a importância de um tratamento, como por exemplo, um treino de

controle do stress, associado ao tratamento farmacológico, para aprender a

manejar o stress, e dessa maneira talvez, evitar uma crise de cefaleia.

Os resultados de sintomas de ansiedade revelam que mulheres com

Migrânea apresentam níveis mais graves de ansiedade do que mulheres com

CTT, um resultado semelhante ao encontrado em outras pesquisas. O mesmo

ocorre com os sintomas depressivos, onde as mulheres com Migrânea

apresentam níveis mais graves do que as mulheres com CTT, o que confirma os

dados da literatura de que pacientes com Migrânea tem três vezes mais chances

de desenvolver depressão do que pacientes que não sofrem com nenhum tipo de

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cefaleia. Pode-se concluir que as mulheres com Migrânea estão em níveis mais

graves de stress, ansiedade e depressão, porém isso não descarta um tratamento

não farmacológico paralelo ao tratamento medicamentoso para mulheres com

CTT, já que estas também apresentam stress, sintomas de ansiedade e

depressão, porém em níveis menos graves e com menor frequência, mas faz

essencial para mulheres com Migrânea.

Um aspecto comum aos dois tipos de cefaleia é a angustia que essas

mulheres sentem ao sofrerem com as dores de cabeça, a impotência frente o

surgimento da dor de cabeça, e o medo e insegurança que essa dor ocorra em

momentos importantes da vida.

Pode-se concluir que mulheres que sofrem com Migrânea e CTT também

apresentam níveis excessivos de stress, ansiedade e depressão, necessitam de

uma atenção especial quanto a esses aspectos psicológicos na forma de

tratamentos complementares aos farmacológicos, como por exemplo,

psicoterapia, Treino de Controle do Stress e exercícios de relaxamento. Esses

tratamentos adicionais são de importância para proporcionar melhor qualidade de

vida e bem estar biopsicossocial a essa população clínica.

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Anexo A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Titulo do estudo: Uma análise comparativa do stress, ansiedade e depressão em

indivíduos com Migrânea e indivíduos com Cefaléia do Tipo Tensional.

Pesquisadora: Vivian Mascella

Orientadora: Dra. Marilda Emmanuel Novaes Lipp

Local de realização: Clínica de Neurologia e Neurocirurgia

Nome do participante: _________________________________________

Natureza do Estudo

Você esta sendo convidada (o) a participar de um trabalho que visa realizar

uma análise comparativa do stress, ansiedade e depressão em indivíduos com

Migrânea e indivíduos com Cefaléia do Tipo Tensional.

Participantes do Estudo

Participarão deste estudo homens e mulheres com o diagnóstico de

Migrânea ou Cefaléia do Tipo Tensional, encaminhadas (os) pelos médicos da

Clínica de Neurologia e Neurocirurgia.

A participação será voluntária, com o devido consentimento por escrito de

cada um para o uso dos dados coletados e você poderá interromper sua

participação a qualquer momento sem qualquer tipo de prejuízo para seu

tratamento.

Envolvimento dos participantes do Estudo

A participação neste estudo consiste em passar por uma entrevista

psicológica e a aplicação de alguns questionários.

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Você tem a liberdade de recusar a participar, ou interromper sua

participação, sem qualquer prejuízo para você. Caso concorde, deverá assinar

este termo de consentimento em duas vias, sendo que uma ficará em seu poder.

Riscos e desconforto

A participação nesta pesquisa não traz riscos previsíveis e os

procedimentos utilizados seguem normas éticas.

Confidencialidade

Todas as informações coletadas neste estudo serão estritamente

confidenciais sendo divulgados apenas resultados gerais e não resultados

individuais.

Pagamento

Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa. E

nada será pago por sua participação, porém uma devolutiva dos resultados da

pesquisa poderá ser realizada a quem desejar.

Observação: caso sejam necessários maiores esclarecimentos sobre este estudo

e sua participação, entrar em contato com a pesquisadora Vivian Mascella (fone:)

ou Comitê de Ética (fone:).

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Tendo em vista todas as informações apresentadas anteriormente e

atentamente lidas por mim,eu, de forma livre e esclarecida, concordo em participar

do estudo descrito:

_____________________________________________Data: _____________

Assinatura do participante

RG: _______________________

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Anexo B

Entrevista Psicológica

Nome: Idade: Sexo: Data de Nascimento: Estado Civil: Profissão: Indique se sofre de: ( )Migrânea com / sem aura ( ) Cefaléia do tipo tensional

1- Tem antecedente familiar para Migrânea sem / com aura ou CTT? ( ) SIM ( ) NÃO 2- No seu ambiente de trabalho, quando está em crise, a dor prejudica quanto: ( ) POUCO ( ) MUITO ( ) IMPOSSIBILITA DE TRABALHAR 3- Nas suas atividade de lazer, quando está em crise, a dor prejudica quanto: ( ) POUCO ( ) MUITO ( ) IMPOSSIBILITA DE REALIZAR MINHAS ATIVIDADES 4- Você tem percepção do que parece desencadear a crise de dor?

( ) SIM ( ) NÃO Se sim, normalmente o que é: ( ) ALGUNS TIPOS DE ALIMENTOS ( ) SITAÇÕES ESTRESSANTES ( ) PRIVAÇÃO DE SONO ( )JEJUM PROLONGADO ( ) OUTRO, QUAL?..............................................................................

5- Como você se sente quanto a sofrer de Migrânea ou CTT?

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Anexo C