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Recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento das estrias: uma
revisão de literatura
Maria Glesilene Ponte1
Pós-graduação em Fisioterapia Dermato-funcional – Faculdade Ávila
Resumo
As estrias são alterações cutâneas indesejáveis, definidas como cicatrizes lineares visíveis
que se dispõem paralelamente umas as outras, podendo ser raras ou numerosas e indicam
uma lesão na pele, pois ocorre um desequilíbrio elástico localizado. Há evidências que o seu
aparecimento seja multifatorial, não somente fatores mecânicos e endocrinológicos, mas
também predisposição genética e familiar. A maior incidência se dá no gênero feminino em
idade entre 12 e 14 anos, e, em meninos de 12 e 15 anos. Neste sentido o presente estudo teve
como objetivo analisar a importância da Fisioterapia Dermato-Funcional com a utilização
de recursos fisioterapêuticos em pacientes com estrias. Esta revisão bibliográfica descreveu a
utilização de recursos como: ácidos, carboxiterapia e galvanopuntura, buscou-se por meio de
livros e artigos científicos com a finalidade de relatar a eficácia destes recursos na
restauração do aspecto da pele estriada. Neste trabalho, demonstra-se que a utilização de
recursos fisioterapêuticos objetivam a melhora do aspecto físico e psicológico de pacientes
acometidos pelas estrias.
Palavra chave: estrias, galvanopuntura, eletroterapia.
1. Introdução
A fisioterapia vem adquirindo cada vez mais espaço e ampliando seu leque de áreas de
atuação. Uma destas áreas é a Fisioterapia Dermato-Funcional, que tem como objetivo a
recuperação físico, estético e funcional das alterações decorrentes dos distúrbios endócrino-
metabólicos, tegumentares, vasculares e de cicatrização do organismo. Atua também nos
campos de alterações estéticas faciais e corporais, afecções endócrino – metabólicas tais
como: obesidade e edemas gestacionais; afecções vasculares, como linfedemas e úlceras
venosas; alterações de cicatrização como aderência e quelóide, pré e pós-operatório de
cirurgia plástica. O fisioterapeuta, por meio de recursos físicos, pode atuar nas diversas
alterações do padrão estético como: acne, cicatrizes hipertróficas, fibro edema gelóide, entre
outras. Destas alterações podemos destacar as estrias, que caracterizam-se por uma
cicatrização atrófica da pele, devido ao rompimento das fibras elásticas presentes na derme.
Estas rupturas da pele formam lesões paralelas, surgindo principalmente nas coxas, nádegas,
abdômen, mamas e dorso do tronco que promovem afecções desagradáveis do ponto de vista
estético.
O tratamento para as estrias sempre foi muito questionado, com base na teoria de que o tecido
elástico não se regenera. Dentre os vários recursos utilizados pelos profissionais da
fisioterapia, destacam-se alguns recursos para melhor abordagem neste trabalho como: ácidos,
carboxiterapia e galvanopuntura.
______________________ 1 Pós-graduando em Fisioterapia Dermato-Funcional.
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Devido às inúmeras complicações físicas e psicológicas que as estrias trazem as pessoas,
prejudicando a estética e provocando uma desarmonia corporal, faz-se necessário uma
pesquisa acerca dos recursos mais utilizados pela fisioterapia para obtenção de dados
confiantes que tragam satisfação aos clientes que buscam um recurso fidedigno, eficiente e
seguro no combate as cicatrizes atróficas, ou seja, as estrias. Para tanto, é necessário a
seguinte pergunta: Como o tratamento fisioterapêutico com os recursos: ácidos,
galvanopuntura e carboxiterapia, podem proporcionar vantagens na recuperação de tecidos
aos pacientes acometidos pelas estrias?
Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da Fisioterapia Dermato-Funcional
com a utilização de recursos fisioterapêuticos em pacientes com estrias. No desenvolvimento
do trabalho em questão, ainda serão abordados também a estrutura da pele, os recursos
fisioterapêuticos e as vantagens obtidas com o tratamento.
Nesta pesquisa, foi realizada uma revisão bibliográfica, sendo que se utilizou de livros,
revistas e artigos científicos nacionais e internacionais, com o objetivo de alcançar uma
melhor compreensão do tema e apresentação de uma proposta terapêutica eficaz no
tratamento contra as estrias. Para isso, isolou-se três recursos amplamente utilizados pela
fisioterapia que são: os ácidos,a galvanopuntura e a carboxiterapia.
Espera-se que os resultados obtidos nessa pesquisa venham colaborar com os profissionais
fisioterapeutas, prestando mais informações e esclarecimentos acerca da possibilidade de
empregabilidade destes recursos.
2. Estruturas da pele
Jacob et al. (1990), afirmam que a pele do adulto recobre em média mais de 7500 cm2
de área
de superfície, pesa aproximadamente 3 quilogramas e recebe cerca de 1/3 de toda a circulação
sanguínea do corpo. Ela é elástica e, sob condições normais, apresenta propriedades auto-
regeneradoras.
Ainda segundo Jacob et al. (1990) a pele é altamente seletiva e, quase que inteiramente à
prova de água, fornecendo uma eficiente e bem regulada barreira térmica, e participando na
dissipação de água, garantindo um bom funcionamento das funções termorreguladoras do
corpo.
A pele compõe-se essencialmente de três camadas: a epiderme, a derme e a
hipoderme. A epiderme é a camada externa e está diretamente ligada ao meio
ambiente, ela é formada por um arranjo ordenado de células, denominada de
ceratinócitos, cuja função básica é sintetizar a ceratina, uma proteína filamentosa
com função protetora. A derme é a camada interna e seu principal componente é
uma proteína estrutural fibrilar denominada colágeno. Ela está localizada sobre o
panículo, ou hipoderme, que é composto, principalmente, de lóbulos de lipócitos ou
células adiposas (ARNOLD; ODOM; JAMES, 1994).
Conforme Guirro e Guirro (2004), as fibras elásticas da derme são os alvos iniciais de
formação das estrias, onde se inicia um processo de granulação de mastócitos e ativação
macrófica que intensificam a elastólise no tecido. Segundo Maio (2004) essas mesmas
estruturas são responsáveis pela força tênsil e a elasticidade, gerando um afinamento do tecido
conectivo que, aliado a maiores tensões sobre a pele produzem estriações cutâneas
denominadas: estrias.
“A elasticidade dos tecidos é de fundamental importância para o homem em vários órgãos
inclusive a pele, que responde consecutivamente á solicitações fisiológicas e patológicas no
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decorrer da vida, devido principalmente a presença de fibras elásticas no tecido.” (MORAES
et al., 2010)
Nogueira (2007) descreve que, dentre as camadas da pele, a derme é a camada mais
complexa, composta de tecido conjuntivo, fibras elásticas e proteínas fibrosas, cuja principal
função é sustentar, dar força e elasticidade à pele. Além destas estruturas, também são
encontradas células de defesa como macrófagos que auxiliam na regeneração dos tecidos
(GRANJEIROS, et al 2007).
Reparação dos tecidos
A regeneração é um processo muito complexo, no entanto essencial sem o qual o corpo seria
incapaz de sobreviver. Esse processo envolve ações integradas das células, matriz e
mensageiros químicos e visa restaurar a integridade do tecido o mais rápido possível. “A
regeneração de uma lesão no tecido epitelial inicia logo após a perda da comunicação entre
células adjacentes, sendo liberados no local da lesão substâncias quimiotáticas, que irão
direcionar a migração das células originárias do tecido vascular e conjuntivo” (KITCHEN,
2003).
Segundo Júnior et al. (2006) comentam que: a reparação vai depender da idade do paciente,
da sua nutrição, da administração de corticosteróides, se diabéticos ou sofrendo influência do
hormônio de crescimento. Esse processo é dividido em três fases: inflamatória, proliferativa
(proliferação celular) e de remodelamento (síntese de elementos para a constituição da matriz
extracelular).
“A inflamação tecidual é a reação local dos tecidos à agressão. Ela ocorre como resposta
inespecífica caracterizada por uma série de alterações que tendem a limitar os efeitos da
agressão.” (MONTENEGRO, 2004)
Muito antes disso, dois pesquisadores, Sabistone e Courtney (2003), descreveram as três fases
do processo de regeneração tecidual, durante observação histológica.
Primeira fase ou fase inflamatória: é uma reação defensiva, localizada e restrita à área que
sofreu a agressão de agentes lesivos. O processo inflamatório serve para destruir, diluir ou
mobilizar o agente agressor e, em seguida, deflagrar uma série de acontecimentos que curam e
reorganizam o tecido lesado, favorecendo o retorno da fisiologia. Essa fase começa no exato
momento da lesão e permanece até 48 a 72 horas após a lesão.
Segunda fase ou fase proliferativa: é caracterizada pela remoção dos restos celulares e pela
reparação temporária do tecido formado durante o estagio anterior de inflamação e pelo
desenvolvimento dos tecidos substitutos novos e permanentes. O tecido de granulação começa
a ser formado por volta do quarto dia após a lesão e, nessa etapa, os novos fibroblastos
acumulados misturam-se a neoformações de capilares, dando inicio ao tecido de granulação.
Terceira fase ou fase de remodelação: é entendida como uma resposta de longo prazo ao
ferimento. O processo de remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a
degradação de colágeno e redução da vascularização e da infiltração de células inflamatórias,
até que se atinja a maturação.
A reparação dos tecidos é influenciada pela idade da paciente, nutrição tecidual, uso de
corticoesteróides, pacientes diabéticos e uso de hormônio de crescimento (LIMA E PRESSI,
2005).
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3. Estrias
De acordo com Guirro e Guirro (2004), a estria é uma atrofia tegumentar adquirida, de
aspecto linear, algo sinuosa, em estrias de um ou mais milímetros de largura, a princípio
avermelhadas, depois esbranquiçadas e abrilhantadas (nacaradas). Raras ou numerosas,
dispõem- se paralelamente umas às outras e perpendicularmente às linhas de fenda da pele,
indicando um desequilíbrio elástico localizado, caracterizando, portanto, uma lesão da pele.
Apresentam caráter de bilateralidade, isto é, existe uma tendência da estria distribuir-se
simetricamente e em ambos os lados. “A frequência de estrias é elevada, atingindo cerca de
três a seis vezes mais o gênero feminino, destacando a faixa dos 14 aos 20 anos.” (KEDE E
SABATOVICH, 2004)
De acordo com White et al. (2007), sua etiologia ainda não está definida, mas existem três
teorias que tentam explicá-la, onde a mais bem aceita é a teoria endocrinológica.
Guirro e Guirro (2004) descrevem brevemente essas três teorias:
Teoria mecânica: nessa teoria, acredita-se que a exagerada deposição de gordura no tecido
adiposo, com subsequente dano as fibras elásticas e colágenas da pele seja o principal
mecanismo do aparecimento das estrias. As estrias também são consideradas como sequelas
de períodos de rápido crescimento, onde ocorre a ruptura ou perda das fibras elásticas
dérmicas, como por exemplo, na gestante, no estirão do crescimento na puberdade causando
estrias nos adolescentes, bem como a deposição de gordura em obesos.
Teoria endocrinológica: essa teoria começou a surgir com a hipótese do “estiramento da pele”
desgastada, e com o advento do uso terapêutico de hormônios adrenais corticais, associados à
percepção do aparecimento das estrias como um efeito local. Pode-se explicar então que o
aparecimento das estrias em algumas patologias não tem como efeito causal a afecção em si,
mas sim as drogas utilizadas na sua terapêutica.
Teoria infecciosa: essa teoria não possui muitos adeptos, já que os estudiosos partidários da
teoria endocrinológica conseguem explicar o surgimento das estrias em decorrência do
tratamento efetuado à base de corticóides, sendo portanto, o verdadeiro fator desencadeante
do processo de formação de estrias. No entanto, Wiener (1947) sugere que processos
infecciosos provocam danos às fibras elásticas, provocando estrias. O autor notou em
adolescentes a presença de estrias púrpuras após febre tifóide, tifo, febre reumática,
hanseníase e outras infecções.
As estrias podem ser classificadas em rosadas (iniciais), atróficas e nacaradas. “As rosadas ou
iniciais possuem aspecto inflamatório e coloração rosada dada pela superdistensão das fibras
elásticas e rompimento de alguns capilares sanguíneos, com sinais de prurido e dor em alguns
casos, erupção papular plana e levemente edematosa.” (GUIRRO E GUIRRO, 2004). “As
atróficas possuem aspecto cicatricial, uma linha flácida central e hipocromia, com fibras
elásticas enoveladas e algumas rompidas, com colágeno desorganizado e os anexos da pele
desorganizados.” (LIMA E PRESSI, 2005). “Já as nacaras, possuem flacidez central,
recoberta por epitélio pregueado, sendo desprovidas de anexos cutâneos e com fibras elásticas
rompidas, e as lesões evoluindo para a fibrose”. (KEDE E SABATOVICH, 2004).
Conforme Lima e Pressi (2005), as estrias são afetadas com mais frequência nas nádegas,
coxas, mamas e abdômen. Também pode haver o envolvimento das virilhas e cotovelos,
especialmente em atletas. No estágio inicial, muitas vezes há um componente inflamatório,
mas logo depois surge a fase atrófica. As estrias atróficas são irreversíveis. Podem causar ou
exacerbar esta condição os exercícios vigorosos de levantamento de peso e as rápidas e
drásticas modificações do peso corporal.
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4. Recursos fisioterapêuticos utilizados no tratamento das estrias
Nas bibliografias disponíveis que abordam sobre o assunto proposto nesta pesquisa, vários
autores são unânimes em considerar, as estrias, como irreversíveis. No entanto, estudos
comprovam a eficácia de alguns recursos que são amplamente utilizados pelos fisioterapeutas,
que oferecem mudanças morfológicas, histoquímicos e funcionais do aspecto atrófico e da
coloração da mesma, tanto num ponto de vista microscópico como macroscópico, o que
oferecem uma melhora do aspecto cutâneo, da auto-estima e bem estar do paciente.
Ácidos
Conforme Jahara (2010), os ácidos são todas as substâncias que possuem seu potencial
hidrogeniônico (pH) inferior ao da pele, transformando-a em uma região ácida,
proporcionando uma descamação cutânea que pode ser desde uma simples esfoliação até o
alcance de um peeling.
Segundo Borges (2010) o termo peeling deriva do inglês to peel, que significa descamar,
compreendido como um procedimento destinado a produzir uma renovação celular da
epiderme. O autor também relata que de acordo com a intensidade da ação do método
escolhido, o procedimento será mais penetrante nas camadas da pele.
Dependendo do percentual que utilizamos e pH estabelecidos numa formulação ácida,
podemos alcançar níveis diferentes de profundidade cutânea, podendo ser muito superficial,
superficial, médio ou profundo.
Um tipo de ácido muito empregado pela fisioterapia é o glicólico. “O ácido glicólico é um
agente cáustico que provoca a destruição controlada de partes da epiderme e/ou derme,
seguida pela regeneração dos tecidos. Representa uma forma acelerada de esfoliação.”
(ROTTA, 2008).
Segundo Rigon (2009), o ácido glicólico é necessário para tratar as estrias, pois o mesmo
apresenta propriedade eficaz para a reparação tecidual, visto que é seguro, de caráter natural e
com muitos benefícios obtendo-se um resultado satisfatório no procedimento.
O ácido glicólico também aumenta a hidratação da pele, além da capacidade de
regular a queratinização e diminuir as ligações entre os corneócitos aumenta a
elasticidade epidérmica. Essa ação se deve provavelmente à estimulação direta na
produção de colágeno, elastina e mucopolissacarídeos nas camadas profundas da
pele. (HENRIQUES et al., 2007)
Outro ácido muito empregado pela fisioterapia no tratamento das estrias é o retinóico que de
acordo com Jahara (2010), é um ácido que tem ação queratolítica e esfoliante em nível
celular, estimulando o colágeno e recuperando os tecidos.
Segundo Silva (1998) o ácido ascórbico ou vitamina C (C6H8O6, ascorbato, quando na forma
ionizada) é uma molécula usada na hidroxilação de várias outras em reações bioquímicas nas
células. A sua principal função é a hidroxilação do colágeno, a proteína fibrilar que dá
resistência aos ossos, dentes, tendões e paredes dos vasos sanguíneos. Além disso, é um
poderoso antioxidante, sendo usado para transformar os radicais livres de oxigênio em formas
inertes. É também usado na síntese de algumas moléculas que servem como hormônios ou
neurotransmissores.
A epiderme apresenta cinco vezes o nível de vitamina C em relação à derme.
Quando o indivíduo sofre exposição aguda à radiação ultravioleta, as concentrações
dessa vitamina se esgotam tanto na derme quanto na epiderme. O esgotamento
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relativo é comum em pessoas mais velhas, principalmente quando estas apresentam
patologias como o câncer. Em grande parte dos casos, essa falta está relacionada
com a má ingestão da vitamina, podendo haver assim uma suplementação a fim de
restaurar seus níveis normais. (RIBEIRO, 2006)
Conforme Silva (1998), a vitamina C é utilizada no tratamento do escorbuto, na aceleração da
cicatrização de feridas, restauração do tecido lesado por queimaduras graves ou traumatismos,
para aumentar a resistência do organismo às infecções e durante a recuperação, e também em
casos de diátese hemorrágica e de distúrbios na formação dos ossos e dos dentes.
Carboxiterapia
De acordo com Borges (2010), a carboxiterapia é uma técnica nova utilizada nas disfunções
dermatológicas e estéticas. Caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal
com 99,9% de pureza administrado de forma subcutânea tendo como objetivo uma
vasodilatação periférica e melhora do oxigênio tecidual.
O mesmo autor afirma que nas estrias, o gás carbônico provoca um processo inflamatório, que
responde com o aparecimento de um leve edema e hiperemia, a fim de aumentar a capacidade
de replicação dos fibroblastos e, consequentemente a produção de fibras colágenas e elásticas
na pele estriada.
A resposta inflamatória diante uma “agressão” física é imediata e atua no sentido de
destruir, diluir ou bloquear o agente agressor, mas, por sua vez, desencadeia uma
série de eventos no tecido conjuntivo vascularizado, inclusive no plasma, nas células
circulantes, nos vasos sanguíneos e nos componentes extravasculares do tecido
conjuntivo, com o objetivo de cicatrizar e reconstituir o tecido lesado. (ROBBINS et
al., 1996)
Hidekazul (2005) cita que os aspectos histológicos no processo de reparação mostram a
proliferação de pequenos vasos sanguíneos neoformados e de fibroblastos. “Há também
alterações no calibre vascular, que conduzem ao aumento do fluxo sanguíneo, alterações
estruturais na microcirculação e emigração dos leucócitos da microcirculação e seu acúmulo
nos focos de agressão.” (Robbins et al., 1996)
Ainda com relação a atuação da carboxiterapia, Alitalo et al. (1980), relatam que após a ação
mecânica provocada pelo “trauma” da agulha e pela introdução do gás, há consequentemente
a produção de um processo inflamatório com migração de fibroblastos para a região da
agressão e sua posterior proliferação estimulando a síntese de colágeno e de outras moléculas
do tecido conjuntivo, como a fibronectina, que é uma glicoproteína encontrada no sangue,
associada a vários processos biológicos como adesão e diferenciação celular, reparação de
tecidos, servindo como substrato para enzimas fibrinolíticas e da coagulação.
Galvanopuntura
Segundo Borges (2010), a galvanopuntura tem como equipamento um aparelho que utiliza
uma corrente contínua, tendo sua intensidade reduzida em nível de microamperes. A técnica
deve ser realizada com o eletrodo ativo em forma de agulha que pode ser do tipo descartável
ou esterilizável, acopladas a um “porta- agulhas” em forma de caneta ligado ao polo negativo
da corrente a ele associado.
De acordo com Machado (2002), o uso da galvanopuntura no combate das estrias tem por
objetivo provocar um processo inflamatório agudo no tecido acometido pela estria, para que
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haja uma regeneração do mesmo. O trauma aumenta a atividade metabólica local, que leva a
formação de tecido colágeno, preenchendo a área degenerada, com retorno de sensibilidade
fina. A inflamação provocada pela corrente não tem nenhum efeito sistêmico e será absorvido
em um período de tempo de uma semana.
A galvanopuntura baseia-se em modificações fisiológicas provocadas pelo estímulo
elétrico, ocasionado pela corrente galvânica, tendo ação sobre as proteínas que se
encontram dispersas na substância fundamental do tecido conjuntivo na derme. No
ato da liberação da corrente galvânica, são provocadas modificações eletroquímicas
ao redor da agulha (pólo ativo), alcançando o ponto isoelétrico de algumas proteínas
orgânicas, fazendo com que as mesmas venham a se precipitar, o que levará uma
estabilização e incrementação protéica, à medida que as sessões sejam efetuadas,
reorganizando, dessa forma, o tecido conjuntivo da derme local. (RUSENHACK,
2004)
Conforme Jones (2009), os resultados da melhora tecidual com a utilização da galvanopuntura
são variados e dependem do número de sessões bem como a técnica empregada.
Araujo e Moreno (2003), citam que diversas precauções e contra-indicações devem ser
consideradas em relação a este tipo de tratamento, como: útero-gravídico, o tratamento neste
caso somente deverá ser iniciado após a regressão dos níveis hormonais aos níveis anteriores
à gravidez; evitar tratamento durante a puberdade, por se tratar de um período de grandes
alterações hormonais, que acreditam alguns autores, ser a causa do aparecimento; pacientes
portadores de diabetes, hemofilia, síndrome de Cushing, síndrome de Marfan, propensão a
cicatriz hipertrófica e quelóides; e, pacientes em uso de corticóides, esteróides e
antiinflamatórios, condições em que pode haver modificação da qualidade da resposta
inflamatória, exercendo assim influência sobre a terapia.
5. Metodologia
Quanto à forma da abordagem, a pesquisa foi qualitativa, “que é definido como uma pesquisa
que não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas, descritiva e o seu significado é a
interpretação dos focos principais de abordagem” (GIL, 2002).
Mezaroba e Monteiro (2006) defendem que a pesquisa qualitativa possui um conteúdo
altamente descritivo e pode lançar mão de dados quantitativos incorporados em suas análises,
o que irá prevalecer será o exame rigoroso da natureza, do alcance e das interpretações
possíveis para o fenômeno estudado.
A fundamentação teórica foi desenvolvida por meio de pesquisas em leituras de livros e de
artigos científicos nacionais e internacionais dos últimos 10 anos que apresentaram relação
com o tema abordado pelo projeto de pesquisa. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica que
segundo Gil (2002) é uma pesquisa que procura explicar um problema a partir de referências
teóricas publicadas em documentos sendo desenvolvida conforme o material já elaborado.
Conforme Marconi e Lakatos (2006) esse tipo de pesquisa abrange toda bibliografia já
tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais,
revistas, livros, artigos e pesquisas. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto
com tudo que já foi escrito e dito sobre o objeto de estudo.
Realizou-se também uma revisão de literatura, que conforme Cruz e Ribeiro (2004) esse tipo
de pesquisa é onde reportam e avaliam o conhecimento produzido em estudos prévios,
destacando conceitos, procedimentos, resultados, discussões e conclusões relevantes para o
trabalho.
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Por último, se buscou analisar casos concretos onde se possam observar os diversos tipos de
recursos fisioterapêuticos para o tratamento das estrias, assim como na discussão buscou-se
estudos comparativos da eficácia destes meios terapêuticos, afunilando as técnicas de ácidos,
carboxiterapia e galvanopuntura.
6. Discussão
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de demonstrar a importância da fisioterapia
Dermato-Funcional com o uso de recursos como ácidos, carboxiterapia e a galvanopuntura no
tratamento das estrias, sendo demonstradas pesquisas científicas que comprovam ou não a
eficácia destes recursos.
O primeiro estudo abordado foi o de Lage e Santos (2009) que realizaram um estudo com o
objetivo de comparar por meio da percepção dos sujeitos submetidos ao procedimento o
efeito da puntura em estrias tegumentares aplicada de forma independente e associada à
microcorrente galvânica (galvanopuntura). Usaram uma amostra de dez mulheres que
responderam a um roteiro de entrevista inicial; a seguir foram divididos em dois grupos iguais
(A e B) onde o primeiro (grupo A) submeteu-se à puntura com o aparelho desligado, e o
segundo (grupo B) à galvanopuntura nas estrias tegumentares com aparelho ligado com
intensidade entre 60 e 80 microamperes, regulada de acordo com a sensibilidade dos sujeitos
possibilitando a galvanopuntura. Ao final, responderam a um roteiro de entrevista final. Tais
roteiros incitavam a entrevistada a identificar o incômodo que as estrias exerciam e a
repercussão em suas vidas pré e pós- intervenções, visando comparar satisfação com o
resultado obtido. Utilizou-se um aparelho gerador de microcorrente galvânica que apresenta
dois eletrodos, um passivo do tipo placa acoplado em uma esponja úmida e um eletrodo ativo
especial do tipo agulha, descartável, de aproximadamente 19 mm de comprimento, sustentado
por uma caneta. Cada integrante da amostra foi submetido a quatro intervenções com
intervalo aproximado de quatro dias respeitando o período necessário para o desaparecimento
dos sinais inflamatórios. No grupo A, o aparelho permaneceu desligado à corrente elétrica,
enquanto no grupo B o aparelho estava ligado. Os resultados obtidos indicam que houve uma
satisfação de todos os sujeitos, com uma significativa redução de incômodo pelas estrias após
o procedimento. Concluiu-se neste estudo, visualmente e de acordo com a percepção dos
sujeitos submetidos ao procedimento, não houve diferenças significativas entre os dois grupos
tratados. Acredita-se, porém, que com um número maior de sessões seja possível notar um
resultado mais satisfatório em pessoas tratadas com a galvanopuntura.
Outro estudo realizado por Vinadé et al (2007) com o objetivo de comparar os efeitos da
eletroterapia conjugada a vitamina C e do ácido retinóico na redução das cicatrizes lineares
das estrias. Foram selecionados seis indivíduos do sexo feminino, com idade entre 16 e 30
anos, de raça branca e portadores de estrias na região do culote. As participantes foram
divididas aleatoriamente em Grupo A (n=3), que realizou o tratamento da eletroterapia com a
vitamina C e Grupo B (n=3), que realizou o tratamento com o ácido retinóico. Os tratamentos
foram realizados semanalmente num período de cinco semanas. Através das fotos dos
indivíduos, foi observada grande melhora na redução e na coloração das estrias nos indivíduos
do Grupo A, o que não ocorreu no Grupo B. Quanto ao nível de satisfação, os indivíduos
pertencentes ao Grupo A relataram estarem satisfeitas com o resultado do tratamento,
aumentando assim sua auto-estima. Já no Grupo B, o mesmo não ocorreu, pois a maioria dos
indivíduos não ficou satisfeita com o resultado do tratamento. Concluiu-se neste trabalho que
a eletroterapia com o uso da vitamina C mostrou-se mais uniforme e com tecido menos
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marcado pelas lesões causadas pelas estrias, proporcionando uma melhora na coloração da
pele e um aumento da resposta inflamatória com lesão mínima de tecido.
Mondo e Rosas (2004) realizaram um estudo que teve por objetivo avaliar a eficiência da
utilização da corrente galvânica no tratamento das estrias atróficas. O estudo foi realizado
com base na pesquisa quase experimental, sendo uma variação do plano clássico apresentando
grupo único com pré e pós- teste. A amostra foi composta de seis indivíduos pertencentes ao
sexo feminino com idade de vinte à vinte três anos cursando o 7º semestre do curso de
fisioterapia da UNISUL, não fumantes, de cor branca, sem filhos, que não praticam esportes,
sem fazer uso de medicamentos constantes (exceto anticoncepcional), com índice de massa
corporal (IMC) dentro dos padrões normais e apresentando estrias na região do glúteo. Para a
coleta de dados usou-se o registro fotográfico e um questionário de satisfação. Os
atendimentos foram realizados no período de março a julho de 2004 na Clínica Escola de
Fisioterapia da Universidade do Sul de Santa Catarina. Utilizou-se um aparelho que consiste
de um gerador de corrente contínua filtrada constante, conhecido comercialmente como
STRIAT da marca IBRAMED. Aplicou-se então a técnica de galvanopuntura, com
punturação linear ao longo da linha estriada, realizada a 45° de inclinação com a pele, até se
obter um quadro de hiperemia e edema, com o objetivo de provocar um processo inflamatório
agudo no tecido acometido pela estria. A sequência das aplicações tiveram uma variação de
acordo com as respostas individuais de cada paciente, tendo um tempo mínimo de sete dias
entre cada terapia, completando um total de 10 sessões. O procedimento técnico consiste do
acoplamento do eletrodo passivo, previamente umedecido, na região a ser tratada. Tanto o
eletrodo ativo (agulha) como as áreas a serem estimuladas foram preparadas assepticamente.
Finalizou-se a pesquisa observando que a utilização da corrente galvânica não influenciou de
forma expressiva na aparência das estrias nessa amostra.
Um estudo semelhante foi realizado por Lima e Pressi em 2005, onde fizeram uma pesquisa
que teve como objetivo comparar a utilização da microgalvanopuntura no tratamento das
estrias e fazer uma análise comparativa do tratamento com o trauma mecânico e a
microcorrente e somente com o trauma mecânico, utilizando o aparelho Striat®(Ibramed).
Participaram do estudo dez voluntárias, portadoras de estrias albas e recentes, que foram
submetidas a dez aplicações com o Striat, sendo que foi aplicado ora com ele ligado
(associando microcorrente e trauma mecânico), e ora com o aparelho desligado, onde foi
aplicado somente o trauma mecânico na estria. O estudo baseou-se no tipo duplo-cego. A
avaliação dos resultados foi realizada por meio do grau de satisfação das pacientes e de uma
enquete. Foi utilizado o teste Qui Quadrado para verificar a associação entre o aspecto
estético das estrias e a condição do aparelho. Os resultados obtidos no estudo demonstraram
que o grau de satisfação da maioria das pacientes foi muito satisfatório, o que nos permite
confirmar a eficácia do tratamento com o Striat. Os resultados obtidos da enquete sugerem
que o tratamento com o trauma mecânico, ou seja, com o aparelho desligado, apresenta
resultados mais satisfatórios esteticamente do que quando associado com a microcorrente
(aparelho ligado).
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nessa pesquisa observou-se que a estimulação fibroblástica tem importante papel no processo
regenerativo da atrofia tecidual na estria. A galvanopuntura é uma terapia muito empregada
pelos fisioterapeutas no tratamento das estrias, sendo um estímulo elétrico de baixa
intensidade que provoca uma inflamação aguda na estria com um leve edema e hiperemia a
fim de aumentar a capacidade de replicação dos fibroblastos e produção de fibras colágenas
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na pele estriada. Processo semelhante ocorre na carboxiterapia, com a resposta inflamatória
aguda e posteriormente a reparação do tecido lesado, ou seja as estrias. Outro recurso também
estudado nessa pesquisa foram os ácidos, em especial o glicólico, retinóico e vitamina C,
favorecendo a um peeling químico que é um procedimento bastante utilizado no tratamento
das estrias, tendo como princípio provocar um processo inflamatório, e a partir daí iniciar o
processo de reparo do tecido lesado.
A limitação do tratamento das estrias atróficas está no fato de que não existe ainda protocolos
definidos em relação ao tipo de estímulo, a frequência e a intensidade ideal, o tempo de
permanência desse estímulo e a sequência do tratamento. Para que se tenha um bom resultado
é necessário que exista uma interação dos métodos utilizados para esse fim para que a escolha
do protocolo seja comparável, verificando sempre a resposta ao tratamento que está
diretamente ligada com as características da pele estriada e as características do próprio
paciente.
Mesmo sem protocolos definidos, é certo afirmar que o uso da galvanopuntura traz evidentes
melhoras ao aspecto da pele tratada. Logo, com esta revisão bibliográfica, podemos concluir
que a eletroacupuntura, a carboxiterapia e os ácidos possuem uma importante atuação na
restauração da pele estriada, necessitando de mais estudos científicos nessa área tão vasta da
fisioterapia dermato-funcional.
Sugere-se que mais publicações deveriam ser desenvolvidas para maiores esclarecimentos,
bem como aprimorar as formas de tratamento das estrias em geral. Tal necessidade justifica-
se pela sua alta incidência e prevalência das estrias, gerando um grande desconforto,
principalmente por se tratar de uma lesão estética que atinge a paciente não somente no
aspecto físico como psicológico.
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