Suas ideias não correspondem aos fatos?

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SUAS IDÉIAS NÃO CORRESPONDEM AOS FATOS? Por Eliane Miraglia e Rosana Rocha JUNHO DE 2011 Efetividade é uma qualidade alinhada com resultados positivos de qualquer estratégia posta em ação. Não se restringe a uma meta, com risco ou não de ser alcançada. Extrapola para uma percepção de valor, agregada ao propósito institucional. E quem confere esse valor? O cliente. As pesquisas de mercado, por exemplo, registram cada vez mais objetivamente que compromisso corporativo com a sustentabilidade do meio ambiente é reconhecido como atitude inerente à presença da empresa no tecido e na dinâmica social. Isso significa que o cidadão já entende e o consumidor exige que as ações nesse sentido tenham o propósito de minimizar os impactos e compensar os desequilíbrios que uma empresa necessariamente provoca ao meio onde atua. Retórica ainda existe. Mas a cultura das pessoas está dando cada vez mais trabalho para aqueles que insistem nessa estratégia pouco ética de interação e comunicação. Exige-se um mínimo de coerência que se busca em qualquer relação de responsabilidade e respeito mútuo. Num relacionamento de qualquer natureza, são as ações e os gestos, são as decisões que sustentam a imagem, a reputação, a identidade pessoal e institucional diante do outro e da sociedade. Esperar não é saber Em um momento em que a inovação é motivo de exaltação, que tal pensar no que é necessário para ser inovador? O professor Eder C. Costa e Silva há poucos dias publicou um texto sobre os traços que distinguem a personalidade dos profissionais inovadores 1 . Mas, quando se trata de Comunicação e Educação Previdenciária, paradoxalmente, as leis ainda são mais inovadoras do que as entidades e profissionais. Enquando muitas Entidades de Previdência Complementar sequer se deram conta da importância deste trabalho, desde 2008 a Recomendação CGPC nº 1 e, depois, em 2009 a Instrução Normativa MPS/SPC nº 32 já parametrizavam regras de avaliação e fiscalização de programas constituídos para esta finalidade, sempre com foco na efetividade das ações. Em 2010, o Guia PREVIC de melhores práticas em fundos de pensão tornou explícita a relação entre comunicação e educação como fatores de prevenção e mitigação de riscos para as EFPC. Naquele mesmo ano, o prof. Ivan Sant’Ana Ernandes (PUC-MG) já postulava: “As iniciativas de educação previdenciária existentes ainda mostram-se excessivamente tímidas, por falar apenas a quem já está no sistema. Talvez essa seja a grande oportunidade de ganhar ‘musculatura’ suficiente para extrapolar os atuais muros e alcançar toda a sociedade brasileira” 2 . Assim, ainda compartilham desse mesmo cenário diferentes posições: a aceitação legítima, a concordância teórica e a rejeição explícita às orientações legais. Por isso, é perfeitamente 1 SILVA, Eder C. Costa. Para aqueles cujos colegas no mundo corporativo adoram rotular de profissionais 'difíceis'. Disponível no Lendo a Mídia - http://www.suporteconsult.com.br/newsletter/html/artigos_txt.asp?codigo=851 2 ERNANDES, I. S., in BRAVI, M. e MIRAGLIA, E. A importância dos valores para a construção de novos paradigmas sociais, disponível para leitura em http://biblioteca.abrapp.org.br/default.html

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Artigo sobre o processo de decisão envolvido na implantação de um projeto de comunicação.

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SUAS IDÉIAS NÃO CORRESPONDEM AOS FATOS? Por Eliane Miraglia e Rosana Rocha • JUNHO DE 2011

Efetividade é uma qualidade alinhada com resultados positivos de qualquer estratégia posta em ação. Não se restringe a uma meta, com risco ou não de ser alcançada. Extrapola para uma percepção de valor, agregada ao propósito institucional. E quem confere esse valor? O cliente. As pesquisas de mercado, por exemplo, registram cada vez mais objetivamente que compromisso corporativo com a sustentabilidade do meio ambiente é reconhecido como atitude inerente à presença da empresa no tecido e na dinâmica social. Isso significa que o cidadão já entende e o consumidor exige que as ações nesse sentido tenham o propósito de minimizar os impactos e compensar os desequilíbrios que uma empresa necessariamente provoca ao meio onde atua. Retórica ainda existe. Mas a cultura das pessoas está dando cada vez mais trabalho para aqueles que insistem nessa estratégia pouco ética de interação e comunicação. Exige-se um mínimo de coerência que se busca em qualquer relação de responsabilidade e respeito mútuo. Num relacionamento de qualquer natureza, são as ações e os gestos, são as decisões que sustentam a imagem, a reputação, a identidade pessoal e institucional diante do outro e da sociedade. Esperar não é saber Em um momento em que a inovação é motivo de exaltação, que tal pensar no que é necessário para ser inovador? O professor Eder C. Costa e Silva – há poucos dias – publicou um texto sobre os traços que distinguem a personalidade dos profissionais inovadores1. Mas, quando se trata de Comunicação e Educação Previdenciária, paradoxalmente, as leis ainda são mais inovadoras do que as entidades e profissionais. Enquando muitas Entidades de Previdência Complementar sequer se deram conta da importância deste trabalho, desde 2008 a Recomendação CGPC nº 1 e, depois, em 2009 a Instrução Normativa MPS/SPC nº 32 já parametrizavam regras de avaliação e fiscalização de programas constituídos para esta finalidade, sempre com foco na efetividade das ações. Em 2010, o Guia PREVIC de melhores práticas em fundos de pensão tornou explícita a relação entre comunicação e educação como fatores de prevenção e mitigação de riscos para as EFPC. Naquele mesmo ano, o prof. Ivan Sant’Ana Ernandes (PUC-MG) já postulava: “As iniciativas de educação previdenciária existentes ainda mostram-se excessivamente tímidas, por falar apenas a quem já está no sistema. Talvez essa seja a grande oportunidade de ganhar ‘musculatura’ suficiente para extrapolar os atuais muros e alcançar toda a sociedade brasileira”2. Assim, ainda compartilham desse mesmo cenário diferentes posições: a aceitação legítima, a concordância teórica e a rejeição explícita às orientações legais. Por isso, é perfeitamente

1SILVA, Eder C. Costa. Para aqueles cujos colegas no mundo corporativo adoram rotular de profissionais 'difíceis'. Disponível no Lendo a

Mídia - http://www.suporteconsult.com.br/newsletter/html/artigos_txt.asp?codigo=851

2 ERNANDES, I. S., in BRAVI, M. e MIRAGLIA, E. A importância dos valores para a construção de novos

paradigmas sociais, disponível para leitura em http://biblioteca.abrapp.org.br/default.html

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compreensível, quando profissionais do Sistema de Previdência no Brasil e pesquisadores de outras localidades do mundo, como Moçambique, por exemplo, reclamem da dificuldade de interlocução para tratar do tema. A própria necessidade defendida por lei ainda é controversa, especialmente, quando se trata de se implementar práticas com resultados efetivos. Nas escolas, nas ruas, campos, construções Entretanto, neste mesmo cenário de sombras, há também luzes. Se o fazer – para alguns – é inaceitável ou questionável, para outros o mesmo desafio se materializa em Programas de Educação Previdenciária com caráter de empreendedorismo social muitas vezes inovador, como o Mais PREVI, CBS Perto de Você, Programa de Educação Financeira e Previdenciária FUNCEF, Seu futuro na ponta do lápis (CERES). São alguns exemplos de ações voltadas ao planejamento e à sustentabilidade da vida de participantes e seus familiares. Mas que demonstram também a preocupação institucional de estender e abranger outros públicos de interesse por meio de TVs corporativas, vídeos institucionais, reuniões presenciais, jogos interativos, concursos, programas de palestras itinerantes, estreitamento do relacionamento com patrocinadores, teatro, música. Óbvio! Não se trata de restrito cumprimento da lei. Trata-se de compromisso institucional que, no médio e longo prazos, certamente vai se transformar em formação de cultura, mudança de comportamento e efetividade de processos de comunicação e relacionamento, integração social: aprendendo e ensinando uma nova lição – a educação previdenciária. Eliane Miraglia - mestre em Ciências da Comunicação, especialista em Gestão de Processos Comunicacionais e

consultora de comunicação. Com Marisa Santoro Bravi, escreveu A importância dos valores para a construção de novos paradigmas sociais, disponível para leitura em http://biblioteca.abrapp.org.br/default.html

Rosana Rocha Pedagoga e consultora com atuação voltada para as áreas de Comunicação, Publicidade, Eventos em empresas como Portal IG, McCann Worldgroup (Brazil), Nextel e Pesquisa de Mercado. Em 2011, prestou serviços especializados para o Encontro Nacional PREVI & GEPES.