Subjetividade, Alteridade e Educação

download Subjetividade, Alteridade e Educação

of 16

Transcript of Subjetividade, Alteridade e Educação

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    1/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 123

    Alex Sander da Silva

    *Agncias de financiamento: Fucri/Unesc.**Doutor em Educao pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande de Sul (PUCRS),

    Porto Alegre, RS. Professor no Programa de Ps-Graduao em Educao da Universidade doExtremo Sul de Santa Catarina, Cricima, SC. E-mail: [email protected]

    Resumo: Proponho neste trabalho fazer algumas anotaes sobre questesrelacionadas subjetividade, alteridade e educao contempornea,sobretudo, considerar os desajustes de uma persistente razo instrumentalque interferem no mbito educacional. A necessidade de uma reflexocrtica para tais temas tornou-se a marca central de nosso tempo. Dessemodo, cabem-nos algumas questes importantes: como situar a educaono horizonte dos nossos problemas contemporneos? Como pens-la nessetempo em que florescem cada vez mais aspectos de barbrie civilizatria doque aspectos de esclarecimentoda humanidade? Para isso, oriento-me emuma aproximao entre Theodor W. Adorno e Emanuel Levinas, que, emsuas interpretaes da racionalidade, entendem por que a humanidade, aoinvs de realizar seus potenciais emancipatrios, caminhou em direocontrria.

    Palavras-chave: Educao. Subjetividade. Alteridade. Adorno. Levinas.

    Abstract:This paper intends to make some remarks on issues related tosubjectivity, otherness, and contemporary education, in particular,considering the misfits of a persistent instrumental reason that interfere inthe educational field. The need for critical reflection on such themes becamethe central mark of our time. Therefore, we must address some importantquestions: How to situate the education in the horizon of our contemporaryproblems? How to think about them in that time in that blossoms more

    Alex Sander da Silva**

    7Subjetividade, alteridade e educao:aproximaes entre Adorno e Levinas*

    Subjectivity, otherness and education:approaches between Adorno and Levinas

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    2/16

    124 Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    and more aspects of barbarism civilizing than of the aspects of elucidationof the humanity? In order to do so, this paper establishes a connection

    between Theodor W. Adorno and Emanuel Levinas, whose interpretationsof rationality explain why humanity, instead of achieving its emancipatorypotentials, took another road.

    Keywords:Education. Subjectivity. Otherness. Adorno. Levinas.

    Primeiras palavras

    Vivemos em tempos de uma profunda crise da subjetividade e dasrelaes interpessoais. A ruptura com antigos parmetros, as chamadascrises de valores, a crise das ideologias so realidades que se mostramcada vez mais presentesnessa era de globalizao capitalista. Desse modo,a necessidade de uma reflexo crtica para tais questes tornou-se a marcacentral desse nosso tempo. Portanto, falar de educao nos remete auma crtica imanente ao conceito educacional como formador desubjetividades e a um sentido ticode convivncia como impulsionadorda prpria alteridade que nos interpela.

    Se admitirmos que estamos diante de uma crise da subjetividade edos referenciais ticos adequados, parece-nos importante compreenderque tal crise no aleatria, mas fruto advindo, sobretudo, das promessasno cumpridas do progresso iluminista. nesse sentido, que tomo ospensamentos de Theodor W. Adorno (1903-1969) e Emmanuel Levinas(1906-1995) para encontrar, nas suas especificidades de tratamentofilosfico, contribuies para pensarmos a educao em nosso tempopresente.

    Ambos os autores desassossegam os modos de pensar da tradiofilosfica para recolher novos sentidos da modernidade. O presenteestudo procura mostrar como, a partir de Adorno e Levinas, possvelexprimir uma potencialidade tico-esttica de ambos os pensadores parapensar a educao.

    Organizei o texto em trs momentos: o primeiro se ocupa emrevisitar o diagnstico de Adorno da condio epistemolgica dasubjetividade, determinada, sobretudo, pela razo instrumental. Osegundo momento dedica-se a expressar o sentido da tica na

    interpelao da alteridade, proposto por Levinas. No terceiro e ltimomomento, busca-se, em algumas intersees entre o pensamento de

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    3/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 125

    Alex Sander da Silva

    Adorno e o de Levinas, revelar o significado de uma educao tico-esttica na contemporaneidade.

    Razo instrumental e a dissoluo da subjetividade

    Adorno (juntamente com Max Horkheimer) na Dialtica doesclarecimento (1985), delineia a trajetria da racionalidade ocidental,do caminho do mito ao esclarecimento, caracterizando os aspectos dodomnio das naturezas interna e externa. Nessa obra, os autores dachamada Escola de Frankfurtapresentam as dimenses problemticas dasubjetividade em face das consequncias da razo instrumental.

    Os limites do esclarecimento moderno demonstraram, para essesautores, a imensa fragilidade das promessas no cumpridas dos ideaisiluministas. A promessa de uma sociedade civil justa, consolidada sobas luzes da razo, ficou obscurecida pelas calamidades triunfais deque o sculo XX foi testemunha. A crtica causticante desses autoresrecai, sobretudo, sobre uma profunda reificao do pensamento sob osdomnios da razo instrumental, o qual se tornou hegemnico namodernidade.

    Tal crtica demonstra a inquietante compreenso e preocupaodesses pensadores quanto constatao de um diagnstico aterrorizantedas condies da humanidade sob o domnio da razo instrumental.Eles reconhecem que o prprio conceito de esclarecimento contm, emsi, o germe da regresso que hoje tem lugar por toda parte.(ADORNO;HORKHEIMER, 1985, p. 13). A crena de que a cincia, a tecnologia e oconhecimento possibilitariam e levariam a humanidade emancipaofoi colocada sob suspeita.

    Para Adorno e Horkheimer, o desenvolvimento do pensamentohumano privilegiou apenas a dimenso instrumental da razo. Aemancipao humana ficou refm da mentalidade da cincia, natentativa de livrar os seres humanos do medo e investi-los na posiode senhores. No captulo intitulado Conceito de esclarecimento,anotam que

    no sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimentotem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e deinvesti-los na posio de senhores. Mas a terra totalmente esclarecidaresplandece sob o signo de uma calamidade triunfal. (1985, p. 19).

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    4/16

    126 Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    Adorno e Horkheimer referem, ainda, que o programa doesclarecimento era o desencantamento do mundo. (p. 19). O conceito

    de razo instrumental, decorrente do conceito weberiano deracionalizao, constitui para os frankfurtianos apenas um recurso dacapacidade de clculos estatsticos disponveis na esfera do real. Dessequadro complicado e muito contraditrio, desenvolve-se uma perspectivaunvoca de progresso, pautada exclusivamente pelos desenvolvimentoscientfico e tecnolgico.

    O domnio da razo instrumental tornou-se o domnio doentrelaamento entre mito e esclarecimento. Para Adorno e Horkheimer,

    o mito pertence ao esclarecimento, e esse possui suas manifestaes dedominao.

    O mito converte-se em esclarecimento, e a natureza em meraobjetividade. O preo que os homens pagam pelo aumento de seupoder a alienao daquilo sobre o que exercem o poder. Oesclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comportacom os homens. Este conhece-os na medida em que pode manipul-los. O homem de cincia conhece as coisas na medida em que pode

    faz-las. assim que seu em-si se torna para-ele. Nessa metamorfose, aessncia das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato dadominao. (1985, p. 24).

    Nesse sentido, ao combater o mito, o esclarecimento assume oprincpio do prprio mito, ou seja,

    o princpio da imanncia, a explicao de todo o acontecimento como

    repetio, que o esclarecimento defende contra a imaginao mtica, o princpio do prprio mito. A insossa sabedoria para a qual no hnada de novo sob o sol [...] porque todos os grandes pensamentos jteriam sido pensados. [...] Essa insossa sabedoria reproduz to-somente a sabedoria fantstica que ela rejeita. (ADORNO;HORKHEIMER, 1985, p. 26)

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    5/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 127

    Alex Sander da Silva

    A permanncia da escravido humana no domnio da natureza e desi mesmo assevera a imbricao continuada da relao entre mito e

    esclarecimento.Para Duarte (1997, p. 46),1a extirpao do pensamentomtico, que era a meta central do programa de esclarecimento na suamarcha para o progresso, trouxe mais racionalizao do pensamentocom a mais dura automutilao do sujeito,fazendo desaparecer os ltimosrecnditos para a felicidade, causando uma violao do mais ntimoespao da psiquehumana.

    A defendida extirpao do pensamento mtico se transforma emmera repetio da condio mimtica ancestral do indivduo, sobretudo,

    a partir do modelo de conformismo de sobrevivncia. E, de acordo comesse trao de razo, fixada ao que existe de modo imediato e til, aponta vinculao que h entre a subsuno lgica e uma frequenteautodemisso da prpria razo. (DUARTE, 1997, p. 47). Odesenvolvimento unilateral da compreenso da racionalidade setransforma numa nova forma de regresso.

    O domnio da natureza se desenvolveu no domnio do ser humanosobre si mesmo, de forma que o triunfo da civilizao, na superao domito, do mundo encantado, tornou-se dominao da subjetividade. E,

    ao alcanar a subjetividade, essa racionalidade escravizou o sujeito,submetendo-o aos caprichos da verso formalizada.

    Adorno vinculou-se intensamente a essas questes, sobretudo, nacaracterizao crtica do capitalismo tardio. No texto Capitalismo tardioou sociedade industrial? (1986), Adorno considera que o capitalismotardio uma situao na qual as relaes de produo se revelam maiselsticas do que Marx imaginara, desenvolvendo mecanismos quepermitem a permanncia extempornea da ideologia da produtividade.

    (ADORNO, 1994, p. 67).De acordo com Wolfgang Leo Maar, Adorno deteve-se, sobretudo,

    na caracterizao da progressiva totalizao capitalista em todas as esferasda vida, como tambm do prisma de apreenso da sociedade comosocializao produzida em determinadas condies. (2004, p. 165).

    1Duarte, em seu livroMimese e racionalidade: a concepo de domnio da natureza em Theodor

    Adorno, procura demonstrar que toda produo cultural, inclusive a filosfica, sofre o processode domnio da natureza no decorrer histrico, particularmente, sob o fenmeno da indstriaculturale se pergunta como seria possvel resgatar a dimenso emancipatria da esttica comoelemento para legitimar a existncia humana?

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    6/16

    128 Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    Essa totalizaoalcana os mais recnditos espaos psquicos da condiohumana, que ratifica a lgica do aparelhamento econmico capitalista.

    O sujeito jogado nessa lgica, ao mesmo tempo que busca suaemancipao, sofre as consequncias de sua prpria aniquilao. Aquiloque a filosofia transcendental exaltou na subjetividade criadora o cativeirodo sujeito em si, oculto para ele mesmo. (ADORNO, 1995, p. 191).Esse cativeiro subjetivo reproduz o cativeiro social (p. 192), ou seja, osujeito aparece e some, engolido pela totalizao socialdo capitalismo.

    Em Mnima moralia, ao retratar a condio da vida danificada,Adorno faz a denncia de que o processo de produo material capitalista

    arrastou consigo a subjetividade como um apndice, que ficou semautonomia e sem substncia prpria. (ADORNO, 1993, p. 7).2 O serhumano deixa de ser sujeito livre e autnomo, vivendo de uma falsaliberdade. A luta pela sobrevivncia tornou-se uma guerra de todoscontra todos, em que no h vencedores nem vencidos, mas apenasliquidao do indivduo.

    Como afirma Adorno: O olhar lanado vida transformou-se emideologia, que tenta nos iludir escondendo o fato de que no h mais

    vida. (p. 7). O estado de vida deteriorado do sujeito demonstra aincapacidade que a racionalidade objetificada tem para se desvencilhardo mesmo. No dizer do autor, a relao entre vida e produo emtudo absurda. Numa assertiva, considera que meio e fim vem-seconfundidos. (p. 7).

    Desse modo, a produo de mercadorias, mascarada sob a aparnciade vida, tornou a sujeio aceitvel. Adorno insiste que tal sujeio leva dissoluo do prprio sujeito:

    Pois como sua esmagadora objetividade, na presente fase do movimentohistrico, consiste unicamente na dissoluo do sujeito, em que delaum novo sujeito j tenha emergido, a experincia individual apia-senecessariamente no antigo sujeito, historicamente condenado, que ainda para si, mas no mais em si. Ele ainda se cr seguro de sua autonomia,

    2Para Duarte (1997, p. 145-146), o principal escopo deMnima moralia uma reaproximaoentre filosofia e a mais crua imediatidade da vida prosaica na fase tardia do capitalismo mundial.Nessa obra, o autor empreende, em forma de aforismas, um implacvel acerto de contas comuma representativa tradio filosfica, protagonizada por Kant, Hegel, Marx, Nietzsche,Schopenhauer, Freud, entre outros.

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    7/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 129

    Alex Sander da Silva

    mas a nulidade que os campos de concentrao demonstraram aossujeitos j assume a prpria forma de subjetividade. (ADORNO, 1993,

    p. 8).

    A forma esmagadora como a totalizao social submete o sujeito adenncia do embrutecimento da razo, expressada nas mais simples enas mais complexas condutas cotidianas das pessoas no mundoadministrado. Nesse mundo, a vida particular foi submetida ao poder,assim como a conscincia do indivduo foi submetida aos esquemastotalitrios da razo. Ou seja, a estrutura social est organizada para a

    dominao e, uma vez que o esclarecimento fracassou, restou apenas adimenso instrumental da razo e seus esquemas para a dissoluo dosujeito.

    O que se destaca em nossos dias a dissoluo da subjetividadecaracterizada, sobretudo, pelo permanente assdio dos mecanismoscontroladores da indstria do entretenimento: excesso de som, de luzes,ou seja, a asfixia cultural com a qual o ser se desvia de seu curso crtico-reflexivo. Para a ratio burguesaque pretendeu se autoafirmar como capaz

    de compreender a totalidade do pensamento, principalmente, peloprincpio da identidade e da totalidade, sobra a pseudoconscincia desua capacidade de abarcar a compreenso do mundo. No dizer deAdorno:

    Enquanto princpio de troca, a ratio burguesa realmente assimilou aossistemas com um sucesso crescente, ainda que potencialmente assassino,tudo aquilo que queria tornar comensurvel a si mesma, identificarconsigo, deixando sempre cada vez menos de fora. Aquilo que na

    teoria foi confirmado ironicamente pela prxis [...], enquanto ideologia,falar da crise do sistema passou a ser algo dileto mesmo junto a todosaqueles tipos que, anteriormente, no cansavam de expressar tonsprofundos cheios de rancor sobre o aperu, seguindo o ideal j obsoletodo sistema. (2009, p. 28).

    O prfido carter fantico da ideologia burguesa afirma-seprecisamente no fato de ela enaltecer aparentemente a autonomia e a

    liberdadedos indivduos. Essa apoteose presente no individualismo, pelaqual se deixa levar Adorno em sua crtica imanente, se confirma contraa totalidade das sociedades modernas. As formas do fetiche moderno

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    8/16

    130 Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    so denunciadas como o horror puro e duro de um apego natureza;elas evidenciam a estrutura de uma sociedade similar de uma torpe

    manada de gado que no admite qualquer laivo de individualidadetotalmente livre.

    A individualidade existiu em todas as sociedades histricas, porm,a relao do ser humano particular com uma forma de vida social seexprime de formas diversas, segundo as tambm relaes de fetichediversas. No podemos deixar de enfatizar que isso no significaria apenaslibertao da natureza, mas, principalmente, o aprisionamento doindivduo aos seus prprios mecanismos de defesa. Por isso, o ser humano

    particular, numa sociedade subordinada lgica da razo instrumental,despotencializa sua dimenso de liberdade.

    Ora, se pensarmos sobre a condio do sujeito na era da totalizaosocialcapitalista, perceberemos a condio insistente de liquidao dasubjetividade e de qualquer forma de alteridade. A questo que se coloca: como seria possvel constituir sujeitos com poder de resistncia a essalgica? Nesses termos, a possibilidade de um pensamento que rompacom um saber que se apropria da existncia subjetiva e a perpetua comoum esquema o grande desafio que assume a dialtica negativa deAdorno.

    O sentido tico e a interpelao da alteridade

    Ao tomarmos o pensamento de Levinas, deparamo-nos com acentralidade do sentido tico e da prpria interpelao da alteridade. Atese levinasiana, que coloca a tica como filosofia primeira, apresenta-secomo alternativa ao impasse da filosofia ante o sentido do ser. EmTotalidade e infinito: ensaio sobre a exterioridade (1988), Levinas percebeque a prioridade do pensamento ocidental se configura numa ontologiae numa forma de racionalidade. Ambas se identificaram com os prpriostemas investigados, na procura de estabelecer a verdade como o ser,vertendo-se, assim, em relaes lgicas abstratas e em formas objetivasfechadas em si mesmas.

    Esse modelo de pensamento no ignorou a dimenso antropolgica,mas, na obsesso pela sntese e pela objetividade, terminou nivelando ascoisas e a interioridade subjetiva das pessoas, igualando e diluindo suas

    particularidades numa generalizao neutra e abstrata. O humanotornou-se um ente entre outros entes, um ser annimo, impessoal,apreendido pelo sujeito pensante e expresso num conceito.

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    9/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 131

    Alex Sander da Silva

    Nesse modo de racionalidade, a corporeidade, a sensibilidade, osdesejos, a dinmica de relao com os outros, o nascer, o viver, o sofrer,

    o morrer do humano transformaram-se em contedo objetivado,sintetizado e representado num sentido puramente racional. Em vez deuma relao terica abstrata na determinao inteligvel do ser, Levinaspriorizou sua busca pelo sentido tico do humano. Nele se verifica apossibilidade de uma relao metafsica do mesmo com o outro, sem queo outrose reduza ao mesmo, nem o mesmo se absorva na identidade dooutro, mantendo, cada um, a condio de separao e a verdadeira relaode alteridade.

    A relao tica da alteridade torna-se lugar originrio da construodo sentido e provocao eminente racionalidade. O rosto do outroapresenta-se como apelo irrecusvel de responsabilidade a ele, que temcomo medida a desmedida do infinito. O rostono um ente objetivoque possa ser abordado de modo especulativo. O rostofala e, ao proferirsua palavra, invoca o interlocutor a sair de si e a entrar na relao dodiscurso. A linguagem tem a excelncia de assegurar a relao entre omesmo e o outro, que transcendente em absoluto respeito suaalteridade.

    O Rostoest presente na sua recusa de ser contedo [...]. Outrempermanece infinitamente transcendente, infinitamente estranho, maso seu rosto, onde se d a sua epifania e que apela para mim, rompe como mundo que nos pode ser comum e cujas virtualidades se inscrevemna nossa natureza e que desenvolvemos tambm na nossa existncia.(LEVINAS, s/d, p. 173, grifo nosso).

    O infinito se mostra na subjetividade vivente na histria, que pode

    desejar outrem para alm do sentido racional, objetivo e abstrato. Narelao com o outro, efetiva-se a possibilidade do infinito dar-se sempadecer dos horrores da violncia do modo de pensar entificante etotalizador. Ela faz reluzir o seu brilho como verdadeira alteridademetafsica, que nos convoca a desejar aquilo que sabemos nunca podersaciar: o desejo.

    Levinas, ao propor o estatuto da alteridade a esse rosto (visage),3

    rompe com a tradio filosfica e com a metafsica tradicional, na medida

    3O termo visageutilizado por Levinas tambm pode ser traduzido por olharque carrega umsentido que vai alm de uma simples interpretao ontolgica, que para alguns autores parecemais prpria para o pensamento levinasiano. Ver detalhes em SUSIN, Luiz C. O homem

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    10/16

    132 Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    em que sua anlise rigorosa da conscincia e sua constituio de sentido(tico) desprendem-se do esquema transcendental na relao com o

    infinito. O modo de ser do infinito tem sua essencialidade na ausnciado sentido da prpria infinitude. Essa essencialidade se d na alteridadeque est fora do esquema de domnio conceitual da racionalidadeobjetificada.

    Desse modo, compreender o rosto significaria assumi-lo com aresponsabilidade de sua interpelao. O rosto de outrem o lugar originaldo sentido. A proximidade do outro significncia do rosto. (LEVINAS,2004, p. 193). Nesse sentido, a presena do outro, que no entra na

    esfera de compreenso do mesmo, fixa seu estatuto de infinito. Essemovimento parte do outro que se coloca, e s a ideia de infinito mantma exterioridade do outro em relao ao mesmo. [...] Assim, no se articulaum raciocnio, mas a epifania como rosto. (LEVINAS, s/d, p. 175).

    O Rosto que epifnico no est preso aos esquemas mentais deobjetificao do outro, que permitem uma prerrogativa absoluta daalteridade. A epifania se d na revelao sem adequao prefigurada.Desse modo, o infinito tico se constitui como sentido no identificantedo prprio pensamento.

    Conforme Dalms (2003, p. 263), o infinito no diz respeito a umlugar de articulao clara, explcita e definitiva de um esquema tico ouum sistema filosfico apenas conceitual. Ele diz respeito ao sentidoincondicional do prprio sentido da realidade humana em sua formatemporal essencial e est separado da sua busca original, a saber, dacrtica.

    De acordo com Souza (2004, p. 183), a crtica de Levinas se reportaao projeto do pensamento burgus, de uma liberdade, em que a instnciade legitimao repousa sobre si mesma. Esse modelo de liberdade setraduz na regra do jogo totalizante no uso do poder livre puro e simplessob a forma de violncia, ainda que racionalmente justificada. Opensamento levinasiano apresenta uma nova ideia de liberdade que estna reflexo no intervaloentre o mesmoe o outro. na ideia de encontro

    messinico:introduo ao pensamento de Emmanuel Levinas. Petrpolis: Vozes; Porto Alegre,

    EST, 1984; SOUZA, Ricardo T. Totalidade & degradao: sobre asfronteiras do pensamento esuas alternativas. Porto Alegre: Edipucrs, 1996; ______. Levinas e a razo tica.In: ______.Razes plurais: itinerrios da racionalidade tica no sculo XX.Porto Alegre: Edipucrs,2004. p. 167-212.

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    11/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 133

    Alex Sander da Silva

    entre ambos que pode acontecer uma verdade tica, um questionamento identidade. A crtica de Levinas se dirige identidade redutora, que

    exige responsabilidade para alm de si mesma.

    E isso desde a responsabilidade assumida que vai alm do jogo deespelhos de minha conscincia reflexionante. O sentido de minhaliberdade no habita nela, mas nafugade sua limitao e totalizao.Mas um paradoxo: para ser livre, a liberdade tem de libertar-se de suatendncia totalizante a uma absoluta autojustificao. Eu souabsolutamente livre para no permanecer encerrado em minhatotalidade. (SOUZA, 2004, p. 185, grifo do autor).

    No h como no pensar a liberdade de si na liberdade do outro. Eusou livre na exigncia absoluta do outro. O imperativo tico em Levinas,na concretude do rosto (do olhar que me interpela, como o olhar dacriana que se coloca na minha frente), abre o sentido deresponsabilidade. Antes de remeter ao conceito que dado, precisoagir, voltar quilo que exige de mim meu sentido de humanidade.

    De acordo com Souza, em Levinas,

    o Outroporta um sentido de significao totalmente distinto daqueleda correlao; sua significao consiste justamente no em um correlatopara alm do poder da viso intelectual (seria ainda um co-relato),mas sim, no transcender dos esquemas significativos correlacionais, eem persistir com sentido de realidade para alm das determinaesde sentido de mera figurao intelectual de sentido. (2004, p. 187,grifo nosso).

    Na tica levinasiana, razo e sensibilidade no so estranhas, muitoembora sejam distintas. Trata-se, pois, nessa relao, de problematizar oapelo dirigido ao eu(a subjetividade danificada, conforme Adorno) pelaexigncia da alteridade do rosto.

    Notas sobre educao em Levinas e Adorno

    A aproximao entre Levinas e Adorno pode ser lida como umatentativa de encontrar, nos dois autores, um caminho possvel parapensarmos a educao num sentido tico-esttico na formao humana.

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    12/16

    134 Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    Em Adorno, acontece uma denncia: do dilaceramento da subjetividadepelarazo instrumental, numa potencialidade da expressividade esttica.

    Em Levinas, h a insistncia a uma crtica da pretenso do mesmocomoabsoluto, em que a abertura alteridade se coloca como uma necessidade.

    E, nesse sentido, a proposta de ambos extravasa a prpria dissoluoda subjetividade narcsica, que impede a abertura alteridadedo outro.Adorno, ao contrrio de um resignado pessimismo, no hesita emconsiderar que, enquanto no se modificarem as condies objetivas,haver sempre uma lacuna entre as pretenses formativas e suas realizaespropriamente ditas. Disso resulta que a educao tem que levar a cabo a

    proposta desestruturadora da totalidade social. Isso no significasuperestim-la, mas corresponde necessidade de compreender seu papelde resistncia e crtica.

    Adorno insiste em dizer que a dialtica negativa a conscinciaconsequente da no identidade, por isso no se ocupa antecipadamentede apenas um ponto de vista. Por sua negatividade, o conceito mostrauma totalidade antagnica que nos leva infinitude do pensamento.Essa noo de negatividade do conceito encontra-se radicalizada emAdorno, e foi uma trajetria inevitvel que o filsofo frankfurtianoescolheu para pensar a filosofia. Para Adorno, a complexidade (que implicaa conceitualizao da realidade) o limite do mesmo conceito e dasprprias contradies dialticas.

    A antecipao de um movimento contnuo em termos de contradiesparece ensinar, como quer que ele venha a se modular, uma totalidadedo esprito, ou seja, precisamente a tese da identidade que j tinha sidoabandonada. O esprito, que continuamente reflete sobre a contradio

    na coisa, precisaria se tornar essa coisa mesma, se que ela deve seorganizar segundo a forma da contradio. (ADORNO, 2009, p. 17).

    No dizer de Eidam (2003, p. 135), a negatividade adorniana no nem um pouco pessimismo cnico, mas representa a conscinciametodicamente refletida de uma filosofia disposta a conceber seu tempo.Por um lado, ela no pode mais fingir que o mundo est ainda nos seustrilhos e, por outro, no deve cair para aqum da complexidade e da

    pretenso por ela mesma articulada diante do objeto. A partir domomento em que a filosofia faz a pergunta tica, sobre si mesma, nopode retirar de seu prprio seio a crtica da vida danificada.

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    13/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 135

    Alex Sander da Silva

    Essa questo em Levinas est no estatuto da responsabilidade ticada filosofia que exige uma resposta na relao dos sujeitos entre si. Umaresponsabilidade pela relao do mesmocom o outro, sem que um suprimao outro. Por isso a racionalidade tica, no entender de Levinas, a idiade uma subjetividade, incapaz de enclausurar-se at a substituio responsvel por todas as outras e, por conseqncia, a idia de defesa dohomem, entendida como defesa do outro homem que no eu (moi),preside uma crtica do humanismo. (LEVINAS, 1993, p. 127).

    O sentido do humanismo levinasiano se encontra no tema dasubstituio, que acontece no encontro com o outro, ao contrrio da

    identificao. Para Souza (2004, p. 189), a substituio tica, emLevinas, no extrapolao do pensamento na identidade, mas na des-identificao, advinda do desencontrodo pensamento com o pensado.Em Adorno, esse sentido encontra-se no no idntico, onde o pensamentose refugia no prprio sentido do seu despertar na obra de arte.

    Adorno um ter ico para quem a esttica oferece um novoparadigma, sendo mais que um simples deslocamento do pensamentofilosfico. Mas cada um no seu devido lugar pensa a subjetividade e a

    alteridade. Para Adorno, a educao no se reduz a mero ajuste das pessoasao que est dado. Na da filosofia da alteridade de Levinas, podemoscompreender a educao a partir do sentido tico de alteridade do rosto.

    Podemos encontrar em ambos a possibilidade de um processoeducativo que rompe com uma formao cultural exclusivamente idealistae reificada, que implica, em Levinas, a concretude do rosto, na suaoutridade. Em Adorno, implica a consequente dialtica da noidentidade.

    Os pensamentos levinasiano e adorniano partem de uma brechaentre a imposio objetiva e as determinaes subjetivas para legitimara possibilidade formativa da alteridade e da negatividade,respectivamente. Esse prisma proposto a partir da relao entre ambosos pensadores se coloca em defesa de uma educao da alteridade tica eesttica. E isso se coloca como possibilidade urgente no enfrentamentodos problemas da vida.

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    14/16

    136 Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    Consideraes finais

    O percurso feito at aqui permitiu-nos acompanhar as dimensesda subjetividade e da alteridade em Adorno e Levinas, respectivamente.Mesmo com todo avano tecnolgico e desenvolvimento das reformaseducacionais, ainda nos deparamos com mazelas formativas. A pretensaordem objetiva tem abordado o problema da educao a partir de umdiscurso programado e proposital, situando-se apenas num contexto dealigeiramento tcnico da experincia educativa.

    O aligeiramento da formao, recorrente na sociedade atual, se tornaquestionvel quando se reverenciam as exigncias condicionadas

    unicamente s demandas do mercado. preciso manter a desconfianacom relao aos processos formativos h muito desencadeados pelosavanos tcnico-cientficos, no perdendo de vista que os discursos emprol da universalizao do modelo educacional hegemnico, baseadosna aplicao indiscriminada de processos tecnolgicos, escondem, atrsde si, conforme Balandier,

    o mercado mundial e seus focos de poder tecnoeconmico, atrs da

    proclamao das vitrias da racionalidade se escondem o instrumentoe o poder primeiro da tcnica, os interesses particulares da razo calculista;atrs da liquidao das ideologias consideradas em fase terminal esconde-se o recuo da poltica em proveito da economia e da competio que adinamiza. (1999, p. 62).

    Ao mesmo tempo que os professores buscam se empenhar emconstituir uma formao adequada, com essa formao aligeirada pelosditames econmicos, correm o risco, eles mesmos, de acabarem

    invertendo o papel da prpria formao. Desse modo, limitam-se adesenvolver e a repassar contedos de forma autoritria, conhecimentospreestabelecidos e cristalizados.

    O empreendimento crtico de Adorno e Levinas aponta cegueiraoriginal dessa racionalidade na pretenso de domnio absoluto. Nacontracorrente da tradio filosfica, que prefere se afirmar nauniversalidade atemporal do pensamento, ambos os autores preferirampluralidades distintas, que resistem a esse absolutismo.

    Tomar os pensamentos desses autores do sculo XX significaconsiderar que todo o projeto civilizador do Ocidente est desautorizado

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    15/16

    Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 19, n. 1, p. 123-138, jan./abr. 2014 137

    Alex Sander da Silva

    em suas promessas e esperanas de realizao humana. Desse modo, seno estamos atentos s configuraes sociais hoje existentes, podem passardespercebidas s relaes alienantes e ideolgicas que, mecanicamente,automatizam o sujeito como pea de uma engrenagem social.

    Dessa forma, a subjetividade persistentemente, em si mesma e setransformando em mera pea da engrenagem social, est fadada aosespetculos barbarizados da sociedade atual. E, ao seguir o sentido dospensamentos de Adorno e Levinas, o resgate da negatividade e da ticadeveria estar potencialmente no ethosde uma educao emancipatria ede resistncia.

    Referncias

    ADORNO, Theodor. Capitalismo tardio ou sociedade industrial. In: _____.Sociologia.

    So Paulo: tica, 1986.ADORNO, Theodor. Educao e emancipao. Traduo de Wolfang Leo Maar. Riode Janeiro: Paz e Terra, 1995.

    ______.Minima moralia. Traduo de Luiz Eduardo Bicca. So Paulo: tica, 1993.

    ______.Textos escolhidos. So Paulo: Nova Cultural, 1999.

    ______. Dialctica negativa. Traduo de Jos Maria Ripalda, rev. de Jos Aguirre.Madrid: Taurus, 1975.

    ______. Dialtica negativa. Traduo de Marco Antonio Casanova; rev. de Eduardo

    Soares Neves Silva. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009.ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max.Dialtica do esclarecimento: fragmentosfilosficos. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1985.

    BALANDIER, G. O ddalo: para finalizar o sculo XX.Rio de Janeiro: BertrandBrasil, 1999.

    DALMS, Giovana. O ambiente da diferena tica: Adorno e Levinas: a dialtica dodomnio da natureza e o espao-tempo humano. In: SUSIN, Luiz C. et al. (Org.).ticas em dilogo: Levinas eo pensamento contemporneo: questes e interfaces. Porto

    Alegre: Edipucrs, 2003. p. 251-274.

  • 7/24/2019 Subjetividade, Alteridade e Educao

    16/16

    138 Conjectura: Filos Educ Caxias do Sul v 19 n 1 p 123-138 jan /abr 2014

    Subjetividade, alteridade e educao: aproximaes entre Adorno e Levinas

    Submetido em 8 de fevereiro de 2013.Aprovado em 17 de agosto de 2013.

    DUARTE, Rodrigo. Notas sobre modernidade e sujeito na Dialtica do Esclarecimento.In: ______.Adorno: nove ensaios sobre o filsofo frankfurtiano. Belo Horizonte: Ed.

    da UFMG, 1997. p. 45-63.______. Apuros do particular: uma leitura de Mnima Moralia.In: ______.Adorno:nove ensaios sobre ofilsofo frankfurtiano. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1997.p. 145-159.

    EIDAM, Heinz. tica e sociedade: perspectivas a partir da teoria crtica. In: FVERO,A. A.; DALBOSCO, C. A.; MHL, Eldon H. Filosofia, educao e sociedade. PassoFundo: UPF, 2003.

    LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e infinito: ensaio sobre a exterioridade. Lisboa:

    Edies 70, s/d.______. Humanismo do outro homem. Petrpolis: Vozes, 1993.

    ______. Entre ns: ensaios sobre a alteridade.Petrpolis: Vozes, 2004.

    MAAR, Wolfgang Leo. Educao, sujeio e crtica na perspectiva de Adorno. In:DALBOSCO, C. et al. (Org.). Sobre filosofia e educao: subjetividade-intersubjetividade na fundamentao daprxispedaggica. Passo Fundo: Ed. daUPF, 2004.

    SOUZA, Ricardo T. Totalidade & degradao: sobre as fronteiras do pensamento e

    suas alternativas. Porto Alegre: Edipucrs, 1996.______. Levinas e a razo tica. In: ______.Razes plurais: itinerrios da racionalidadetica no sculo XX. Porto Alegre: Edipucrs, 2004. p. 167-212.

    SUSIN, Luiz C. O homem messinico: uma introduo ao pensamento de EmmanuelLevinas.Petrpolis: Vozes; Porto Alegre: EST, 1984.

    ZUIN, Antnio lvaro S. Indstria cultural e educao: o novo canto da sereia. SoPaulo: Fapesp; Autores Associados, 1999.