Substrato

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Edição III - 2013

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Sumário

o que é fazer uSp?Por Gabriel barbosa soares (MussuM)

paSSou...e agora?Por Narubia GoNçalves

feSteje Sem medo de Ser felizPor Gabriela MoNteNeGro (vads)

a geologia não tem fronteiraSPor Natasha sarde (orca)

apelidoS ontem e hojePor beatriz beNetti (eNtubada)

memóriaS do cepege Por letícia Freitas GuiMarães (beiça)

inStitutoS que você irá conhecerPor Jamine Takahashi (Sput)

perSpectivaS dentro do curSoPor erika schuMacher saNchez (GrelhiNho)

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A substrato é uma revista estudantil criada pelos alunos do instituto de geociências da USP que contempla os cursos de bacharel em geologia e licenciatura em geociências e educação am-biental. A substrato é, acima de tudo, um espaço para criação, limitada apenas pelas dimensões de uma folha A4. A experiência humana é rica demais e deter-se em um único recorte temático seria abrir mão dessa diversidade (seria muito chato também). Por isso, tentamos criar uma re-vista plural que misture arte, política e bom hu-mor com ciência (por que não?). Afinal, os fatos e fenômenos que nos cercam nunca ocorrem dissociados.

quem SomoS

GABRIEL BARBOSA (MUSSUM) FELIPE QUEIROZ C. CASTRO (HAMAS) ADRIANNA VIRMOND (LEONSSYO) LUCAS INGLEZ (FROTTA) LETÍCIA FREITAS GUIMARÃES (BEIÇA) ERIKA SCHUMACHER (GRILHINHO) JAMINE TAKAHASHI (SPUTNIK) VINICIUS ZACATEI (SINISTRO) GABRIELA MONTENEGRO (VADS)BEATRIZ BENETTI (ENTUBADA)NATASHA SARDE (ORCA)

{equipe SubStrato

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o que é fazer uSp?

Fazer USP é tomar as rédeas do seus destino, ex-plico, aqui você tem todas as chances que sempre quis ter, a de mudar alguma coisa no seu país, de fazer a diferença para a sociedade, de ir estudar fora, de ser o cara que todos inve-jam, ou ser mais um que passa pela faculdade, se forma e vai ganhar dinheiro e ter sua vida....

Não existe caminho cer-to ou errado, e sim, caminhos mais emocionantes e outros mais monótonos, você escolhe, o incrível de estudar aqui é que tudo isso só depende de você, de mais ninguém, seu pai pode ti encorajar, seus amigos te aju-darem, porem o caminho que você irá trilhar é interamente de sua escolha.

Por Gabriel Barbosa Soares(Mussum)BEM, ISSO É ALGO DIFÍCIL DE EXPLICAR,

MUITOS PENSAM QUE É FAZER UMA DAS MELHORES FACULDADES DO PAÍS DE GRAÇA, SEM TEM QUE PAGAR NADA. PRA MIM É MUITO MAIS QUE ISSO...{ {01}

TROTE DE 1971: BANHO DE ÓLEO (FOTO ENVIADA POR HELIO SHIMADA)

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Se você será o melhor aluno da sala ou o cara politicamente ativo, só você pode decidir, e todos eles ti recompensaram de alguma forma. Você pode entrar pra atlética e fazer sua faculdade se destacar esportivamente, pra empresa júnior e ter um contato maior com a área profissional, pro CEPEGE e tentar melhorar o ensino e a con-vivência entre os alunos ou pro GGEO e ir explorar cavernas e viajar, agora o que sempre ira imperar serão suas escolhas, sua criatividade e , mais que tudo, sua vontade de fazer as coisas acontecerem.

Pra mim essa faculdade é algo mágico, tudo que eu quero eu posso fazer, seja criativamente, academicamente, esportivamente ou monotona-mente. Aqui o senso crítico impera e isso é algo que você jamais terá em nenhum outro lugar, pois para qualquer coisa acontecer só dependerá de você. Não deixe esse tempo passar em branco, tente fazer a diferença para sua vida aqui, seus pais e nem ninguém tem poder sobre você, pois além de ser um ambiente público, você escolheu estar aqui. Provavelmente estudou muito, perdeu alguns fins de semana, deixou de sair com os amigos pois acreditou que isso faria sua vida mu-dar de alguma forma...

É verdade, você irá mudar seu futuro, principalmente na Geo-logia, onde você conviverá com os seus colegas de classes mais de que com os seus pais, aprenderá a trabalhar em grupo, ser tolerante, compreensível e entender o que o mundo tem a ti en-sinar, pois como o lema da USP diz, você tem mais de um camin-ho para vencer na sua vida, então acredite nisso e seja você o dono do seu destino, pois aqui você manda nele....

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PASSAR NO VESTIBULAR NÃO É FÁCIL, SE MANTER NA UNIVERSIDADE TAMBÉM NÃO. POR ISSO, A USP CONTA COM PROGRAMA DE PERMANÊNCIA ESTUDANTIL PARA AJUDAR VOCÊ A SE MANTER ESTUDANDO. ISSO É UM DIREITO DE TODOS, GARANTIDO PELA CONSTITUIÇÃO. AS BOLSAS DE PERMANÊNCIA SÃO:

paSSou...e agora?

- Auxílio moradia no valor de R$ 400,00 (pra quem não consegue o CRUSP);

- Moradia gratuita no CRUSP (Conjunto Residencial da Universida de de São Paulo);

- Auxílio transporte no valor de R$ 200 (pra quem não tem auxílio moradia);

- Alimentação gratuita no bandejão;

- Bolsa livro (crédito no valor de R$ 150,00 concedi-do para ser gasto na Edusp;

- Apoio socioeconômico Santander no valor de R$ 400,00;

Por Narubia Gonçalves

- Tutoria científica no valor de R$ 400,00;

- Aprender com cultura e extensão;

- Ensinar com pesquisa.

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Para consegui-las você tem que ir a Superintendência de Assistência Social (SAS, antiga COSEAS), que fica no CRUSP em frente ao bandejão central com documentação dos últi-mos três meses que comprove a renda de sua família, (ou a sua se for independente), de-claração de imposto de renda, comprovante de endereço, e comprovante de gastos, e pas-sar por uma entrevista com a assistente social, devem ser levados documentos originais e cópias. A SAS realiza um processo seletivo baseado na documentação entregue, por-tanto é importante que você so-licite que protocolem a entrega dos papéis.

No dia da matrícula você pode solicitar o apoio emer-gencial, que seria a alimenta-ção e moradia, o resultado sai geralmente uma sema-na depois, já o resultado do processo definitivo sai por volta de maio (maio-res informa-ções 3091-8350 SAS).

Infelizmente nem todos que precisam, conseguem. Pra isso nós da AMORCRUSP (Associação de moradores do CRUSP) estamos aqui para au-xiliar na luta por ampliação da permanência estudantil. Nossa sede é no térreo do bloco F, no CRUSP, procure-nos para se informar melhor sobre o pro-cesso seletivo para as vagas na moradia estudantil e bolsas de auxílio.

Aproveito para convidar todas para saber mais sobre a história da luta pela perma-nência estudantil, quinta-fei-ra, 28/02 às 19:30 no CRUSP: Memórias da Resistência – De-poimentos inéditos de ex mora-dores do CRUSP que lutaram contra a ditadura.

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O ano virou, a tão temida lista da FUVEST saiu e cá es-tão vocês, bixos, na faculdade; e aquele sentimento de querer tirar o atraso de um ano sem muita vida social começou a gritar loucamente no peito de cada um de vocês. Então, para que vocês possam se jogar na grande e louca São Paulo aqui vai algumas dicas, mas, por favor, primeiro ano é pra curtir muito e pra estudar também !

Começando pela amada USP, a universidade que vocês batalharam tanto para entrar. Mas calma, a cidade universi-tária tem festas? SIM! Pelo me-nos por enquanto, apesar das incansáveis tentativas da reito-ria em acabar com nossas be-bidas (barrando os caminhões de cerveja), logo com nossas festas. Enfim, aqui vai uma listi-nha com os nomes dos cursos e as festas mais tradicionais de cada um deles:

feSteje Sem medo de Ser feliz {e de se perder!}

GEOLOGIA / O Churrasco dos Bixos acontece sempre na semana de recepção, e o Chur-rasco dos Formandos, no final do ano, ambos regados com muita cerveja gelada, música boa e gente feliz. Além disso, tem a Geostock, a Woodsto-ck da Geo; ano passado com chopp geladinho e 5 bandas de rock (todas elas com al-gum vinculo a geologia). Vale a pena saber que toda quinta rola alguma coisa no CEPEGE, com rock ou samba, cervejas, a parede de escalada e a sinu-ca!

FAU / A {Só nóis constrói}e a {Só nóis destrói} são umas das mais famosas do institu-to. O estilo musical é um pou-

Por Gabriela Montenegro (Vads)

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co diferente do preferido pela maioria dos geólogos (ou não), algo mais voltado para o pop. Porém as festas de lá valem a pena, apesar de sempre mui-to lotadas (com difícil acesso as bebidas e difícil locomoção), são boas e bem abstratas. Não percam também os HH de sexta.

IO / A oceanografia tem uma pegada bem parecida com a da geologia, então lá vo-cês podem se sentir em casa. Uma festa muito boa que eles têm é a {Rock in IO}, vale bem a pena. Além disso, durante a semana de recepção assim como na Geo, lá terá um happy hour todos os dias, então a in-tegração pode ser válida.

ECA / Bom, é importante dizer que o melhor lugar para festas da eca, o canil, foi de-molido, mas tudo bem... As fes-tas de lá são bem animadas, e a mais famosa é a Quinta e Breja, está sempre bem cheia, mas o bar está sempre bem acessível. Com cerveja, disco voador e mais o que você qui-ser. O estilo musical é variado e por mais que esteja rolando algo na Geo vale a pena dar uma passadinha. Tem também a FestECA que é mara.

BIOLOGIA / O C.A. da Bio, um dos mais legais que vocês poderiam ter conhecido, está em reforma, então não sei quan-do terão a oportunidade de co-nhecer as festas loucas da Bio. São muito boas, algumas com forró, samba, ou rock... outras com pop e gente dançando em cima da mesa, e ainda aquelas que é uma mistura disso tudo! Além disso, lá sempre vendiam litrão e faziam uma pizza de-liciosa. De qualquer forma fi-que registrado que a primeira oportunidade que tiverem de conhecer alguma festa da Bio aproveitem! {Na Bio pode} é a melhor de todas.

C.A. DA ECA

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POLI / Bom a maioria das festas da Poli são pagas, mas é válido comentar sobre o Rodeio do CAM. Parece ser bem interes-sante, porém os ingressos esgo-tam rapidamente. Então, sempre que quiserem ir a uma festa de lá e te disserem que ao meio dia começará o primeiro lote, corram, as chances de vocês perderem esse lote já serão altas. Tem o Bixopp também, outra que os in-gressos acabam como água.

FEA / Na FEA o esquema também é o mesmo, a maioria das festas famosas é paga. A mais famosa de todas é a G4 que é organizada pela FEA, Med, Odonto, Poli e SanFran, quem juntar a grana necessária não vai se arrepender, by boatos é bem in-teressante. Outra não tão famosa é a FEA Funk um pouco mais putaria, mas pra quem curte, aqui está a dica.

Outras festas, não menos importantes, são as festas pré BIFE (desmame, engorda e abate); a G(-4) que é uma G4 muito melhor da Geo, Bio, Quimi-ca e Fisica; a PhantastIQ (festa a fantasia da Qui-mica); a peruada da SanFran; e, claro, as festas juninas. Existe também um barzinho muito famoso que é fora da USP, mas faz parte dela, não deixem de ir depois do campo, ou num finalzinho de tarde sem nada pra fazer; chama Rei das Batidas é bem legal e fica pertinho do metrô Butantã. As festas da USP têm sempre bebidas bem baratas e algumas tem alguma opção de comida, então não esperem por comida em todos os lugares que vão. Quem não conhece o disco voador, logo descobrirá o que é! Algumas vezes é mais vantajoso ficar na USP mesmo. Não sei se isso é ou não ilegal, mas

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AVENIDA PAULISTA

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o fato é que é possivel dormir no CEPEGE, os sofás são bem confortáveis o único problema é a presença intensa de perni-longos no verão. Para facilitar também no facebook existe um grupo chamado {Baladas USP}, lá é sempre divulgado as festas e existe um aplicati-vo que é um calendário com as várias festas organizadinhas, um arraso.

AGORA PARTINDO PARA O LADO MAIS SEL-VAGEM DA HISTÓRIA AQUI VÃO ALGUMAS DICAS PARA VOCÊS SE AVENTURAREM PE-LAS RUAS DESSA CIDADE MISTERIOSA E LINDA, LÁ VAI:

REGIÃO DA PAULISTA / As festas nessa região são bem diversificadas e o acesso é fá-cil, pois há ônibus e metrô. As baladas {Inferno Club} (www.infernoclub.com.br), localiza-da na Rua Augusta, 501; {Beco 203} (www.beco203.com.br), Rua Augusta, 609; {Clube Gló-ria} (www.clubegloria.com.br), na rua 13 de maio, 830; {Sarajevo} (www.sarajevosp.com.br), na Rua Augusta tam-bém (uma portinha que enga-na muitos); {Blitz Haus} (www.blitzhaus.com.br), na Augus-

ta, 657; e a {Funhouse} (www.funhouse.com.br), na Rua Bela Cintra, 567 são baladas mais alternas de São Paulo. Tirando a Saraje-vo todas as outras tocam prin-cipalmente Indie Rock e alguns outros estilos de Rock. Já a Saravejo toca sim rock no an-dar de cima, mas sempre tem bandas que tocam, no andar de baixo, MPB o que deixa a balada eclética e interessante. O Beco 203 e a Inferno têm al-guns pole dances e locais ‘in-teressantes’ (sofazinhos bem aconchegantes) para curtir o parceiro (a) ou mesmo para dormir! O beco também, em algumas noites, tem joguinhos (fliperama) e é beeeem diverti-do jogar às 4 da manhã! Uma boa pedida é a Neon Party, festa em que jogam tinta neon em você, que acontece a cada quinze dias às quintas feiras na Inferno. Os preços são bem acessíveis, mas dependendo do dia e da atração da noite são mais carinhos.

Ainda na região da Paulis-ta temos {Alôca} (www.aloca.com.br/blog), na Frei Cane-ca, 916; e o bar Augusta 472, o qual o próprio nome diz sua localização. A Alôca é uma

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balada GLS com uma das me-lhores baladas pop de quinta feira. É ótima pra dançar e sol-tar a franga! Já o Augusta 472, mais conhecido como Roxo ou Roxinho é um bar delicioso com bebidas baratas que vale a pa-rada para um esquenta. Além dessas, existem milhares de ou-tras baladas por ali, barzinhos também e claro os famosos pu-teiros! A Augusta tem muito lu-gar pra laricar e por isso é um bom lugar para virar a noite, tem pizza, pastel, lanches...

VILA MADALENA / Os picos da Vila Madaloca são ótimos e pensar em Vila Mada-lena é pensar em Samba, po-rém você também encontrará alguns lugares que tocam clás-sicos do rock! A Rua Aspicuel-ta é um coração de barzinhos e chegando lá você chega onde está a ferveção. Por ali você pode visitar o Beco do Batman (um beco com grafites lindos) ou ainda assistir a um jogo de futebol no Posto 6. Vale muito a pena o passeio. Um lugar que deve ser conhecido é o {Espaço Urucum} (www.es-pacourucum.com.br), na Rua Cardeal Arcoverde, 1598, o local tem dois ambientes um

com uma música mais alta e outro no andar de cima com sinuca, uma varanda deliciosa e uma vista linda para as ruas de São Paulo. É um lugar mais cult, com música popular bra-sileira ou algo mais cabeça, é mesmo muito bom. Os preços são razoáveis se compararmos com a USP, mas vale mesmo a pena. Por último, para aqueles que amam um samba aqui vão dois lugares mágicos. O {Pau Brasil}, Rua Inácio Pereira da Rocha, 54, apresenta uma roda de samba muito tradicional e democrática onde quem sabe entra e toca, é bem divertido. E o {Ó do Borogodó}, Rua Horácio Lane, 21 é um galpão que reú-ne pessoas de todas as faixas etárias com samba tradicional, o ambiente é muito interessan-te. Na Rua Inácio Pereira da Ro-cha também existe um bar bem conhecido de rock, o {Morrison Rock Bar} (www.morrison.com.br), então se um dia passar por lá dá uma conferida.

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OUTROS ENDEREÇOS / São Paulo ainda reserva milhões de opções, e aqui vão mais al-gumas. Para dançar juntinho tem o {Canto da Ema} (www.canto-daema.com.br), na Av. Brig. Faria Lima, 364 é um lugar que toca um forró bem gostoso. Outro lugar para dançar, porém um ritmo totalmente diferente, é o {The Clock} (www.theclock.com.br), na Rua Turiassu, 806, que toca aquele rock da época do Elvis. Para os eletrônicos de plantão a {D Edge} foi eleita pela quinta vez uma das melhores do Brasil (www.d-edge.com.br) fica na Av. Auro So-ares de Moura Andrade, 141 em frente ao Memorial da América Latina. Além dessa a {Bubu} (www.bubulounge.com.br), Rua dos Pinheiros, 791, e a {The Week} (www.theweek.com.br), Rua Guai-curus, 324, são bem famosas em eletrônico. A Bubu é GLS, mas aos sábados lota de mulher bonita e a The Week toca um eletrô-nico mais brisa do que a Bubu. Já para os cowboys o lugar mais famoso é a {Villa Country} (www.villacountry.com.br/villa), Av. Fran-cisco Matarazzo, 774, está sempre cheio, mas o preço é um pouco mais salgado. Sextas e Sábados à partir das 23 h eles oferecem aulas de dança para quem quer aprimorar ou aprender os passos da música country. Bom é isso, espero ter ajudado, e para fazer os comentários finais fica a dica para todos visitarem, sempre que possível, o site do SESC SP, assim vocês ficam por dentro da pro-gramação. Sempre tem show ótimos a preços de banana (tem que correr pra ficar na fila, dependendo da atração) e oficinas também. Além disso, vale falar sobre transporte. Na USP de final de semana os ônibus são mais confusos, de domingo nenhum ônibus entra, a não ser os da cidade universitária. Depois da meia noite os ônibus não passam, e se passam são raros e em horários loucos, não con-te com isso, já fiquei na mão! A partir de umas 4:30 da madrugada, 5 horas os ônibus começam a funcionar normalmente, assim como o metrô. Somente de sábados o metrô fica aberto até a 1 da manhã. O outros dias fica até meia noite, assim como as transferências, não arrisque, às vezes você não consegue fazer a baldiação (como já aconteceu comigo). E por último tenha sempre um telefone de taxi com vocês, procure um que aceite cartão, vale a pena ter! E por favor, não bebam e dirijam, não é legal mesmo!

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O mundo que aprendemos a con-hecer na escola, cheio de fronteiras políticas, vai sendo deixado pouco

a pouco. As novas fronteiras, sejam lim-ites de placas tectônicas, contatos entre rochas ou mesmo cadeia de montanhas e rios, farão parte da sua vida como geólo-go, de modo a entender que o mundo todo será o seu objeto de estudo.

Durante o curso, vocês irão visitar di-versos lugares do país com as aulas de campo, que são a melhor ferramenta de entendimento de um geólogo.

Apesar de ser extremamente útil para a vida acadêmica, o campo é também uma ótima oportunidade para conhecer melhor seus colegas e lugares novos. Todo vet-erano tem mil histórias de campos, assim como seus veteranos.

Logo nos dois primeiros anos, são real-izadas diversas aulas de campo, de um a três dias, para o estado de São Paulo. Os lugares variam um pouco de ano para ano,

a geologia não tem fronteiraS

SE VOCÊ CURTE VIAJAR, SAIBA QUE ESTÁ NO LUGAR CERTO. SE AINDA NÃO GOSTA, OS PRÓXIMOS ANOS SERÃO UM BOM APRENDIZADO! {Por Natasha Sarde (Orca)

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por motivos diversos, como obras, construção de estradas, ou intemperismo de afloramen-to. Sim, sinto muito informá-los que o Brasil é um país tropical, e o intemperismo é forte!

O terceiro e o quarto ano têm diversos campos, que variam de três a quinze dias. No total, serão quase quaren-ta dias de campo por ano! Os destinos são vários, mas os es-tados mais comuns são: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, e o dia-a-dia da aula de campo torna-se co-mum para os alunos.

Além de viajar com as matérias durante o semestre, não pensem que as suas férias vão ficar vazias. Na última se-mana de julho, é realizado o ENEGEO (Encontro Nacional dos Estudantes de Geologia), e a cada dois anos, o Congresso

Brasileiro de Geologia. O ENE-GEO é realizado um ano na praia, e outro no interior, perto das cachoeiras.

Quase todo o estudante de geologia também adora viajar por conta própria para lugares exóticos, que na sua maioria, exigem caminhada, escalada ou qualquer tipo de desafio, para ser recompen-sado pela visão incrível. Não fique preocupado se não tem o costume de caminhar, ou ter contato com a natureza: serão no mínimo cinco anos de trein-amento com experiências de estrada, voçorocas, trilhos de trem e pontes abandonadas.

Resumindo, irão conhecer, pelo menos, boa parte do Bra-sil. Por isso que “A GEOLOGIA É FODA PRA CARALHO!!!!”. Preparem as mochilas e os martelos!

o que realmente não pode faltar no campoágua – parece óbvio, maS não SubeStime a Sua capacidade de beber água, leve pelo menoS doiS litroS!protetor Solar, chapéu e repelente – o Sol e oS inSetoS podem tirar Sua alegria no campo! não deScuide diSSo.martelo, lupa e caderneta – vocêS terão tempo de providenciar eSSaS coiSaS (também Sob ameaçaS de profeSSoreS).guarda-chuva ou capa de chuva – Se o tempo virar, fu*, a aula continua normalmente. {12}

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A tradição dos apelidos começou durante o período da ditadura militar, os estudantes que possu-

íam militância no movimento estudan-til ao assinar algum panfleto ou fazer uma ligação telefônica costumavam a chamar uns aos outros por apelidos, para dificultar a sua identificação. A geologia era a faculdade mais mobi-lizada no período, logo todos os alu-nos por questão de segurança tinham apelidos.

Alexandre Vanucchi Leme, o aluno da geologia que foi assassinado du-rante a ditadura militar e que hoje da nome ao DCE (diretório central dos es-tudantes), era chamado de minhoca.

A moda pegou e até hoje os es-tudantes aqui só se chamam pelos apelidos. Bichos aprendam isso, nos chamamos só e somente só pelos apelidos. Entretanto, queria aqui dei-

apelidoS ontem e hojeUM DOS MOMENTOS MAIS LEGAIS NO INGRESSO NA GEOLOGIA É

O BATISMO. ENQUANTO EM QUASE TODAS AS FACULDADES DA USP O TROTE ACABA NO DIA DA MATRICULA, NA GEO É SÓ O COMEÇO, PORQUE O MELHOR MESMO É DIA DO BATISMO. TODO MUNDO VESTIDO DE SACO DE BATATA, ENTRANDO NAQUELE TANQUE SUJO E DEPOIS RECEBE SEU APELIDO, QUE TE ACOMPANHA ATÉ O FIM DA GRADUAÇÃO E ÀS VEZES ATÉ NA VIDA PROFISSIONAL.

} “UMA TRADIÇÃO QUE NO PASSADO SERVIU COMO FORMA DE LUTA E RESISTÊNCIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL, HOJE SERVE A QUE?”

Por Beatriz Benetti (Entubada)

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xar uma reflexão sobre o tema, que vale tanto para veteranos quanto para calouros. Uma tra-dição que no passado serviu como forma de luta e resistên-cia do movimento estudantil, hoje serve a que?

Acredito que em algum mo-mento nos perdemos no por-que estes apelidos existem e transformamos em uma forma banal, que serve muitas vezes para reforçar esteriótipos de porções mais desfavorecidas da nossa sociedade hipócrita.

Apelidos femininos refor-çam a mercantilização do cor-po feminino, tratando as mu-lheres apenas como objetos ou ”carnes”. reintera a idéia retrograda da sexualidade da mulher, ou seja, ou as mulheres são santas ou são putas, não existindo um meio termo em relação a isso e poucas vezes as entrevistas são levadas em contas para a escolha desses apelidos.

Calouros negros, ganham um apelido diferenciado devido a sua cor de pele, o nome de uma carne da feijoada. Piada esta que não tem nenhuma graça pois re-mete a origem da feijoada, que foi criada durante o período da escravidão pelos negros.

E os homens muitas vezes são apelidados com algum nome que remete a homos-sexualidade, com a idéia de insultar a ”masculinidade” ou mesmo de zombar com a sexu-alidade de outros.

A questão é que, estes setores são diariamente opri-midos e estão em situação de desvantagem na sociedade, a cada 6 minutos uma mulher é estuprada, brancos ganham 46% a mais que negros e 165 homossexuais foram mortos no ano de 2012, só pelo fato de serem gays.

Depois dessas breves esta-tísticas, fica a pergunta qual a graça de brincar com esse tipo de coisa?

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A década de 70 marcou a história do mundo e do nosso país, e com o CEPEGE não poderia ser diferente. Distinta por contradições como a esperança e o amor pregado pelo

movimento hippie que se iniciara no fim dos anos 601, a pressão das Guerras Fria e do Vietnã2 e os conflitos dos governos ditato-riais que se espalhavam pelo mundo, no Brasil destacou-se da mesma maneira, e para o Movimento Estudantil traz memórias trágicas e de tempos sombrios.

No Brasil, o governo militar iniciado em 1964 com o golpe começava a mostrar sua face mais autoritária, com a alteração da Constituição, o fechamento do Congresso Nacional, a suspensão das liberdades individuais e a decretação dos chamados Atos In-stitucionais, sendo o AI-5 o mais traumático deles (ao todo foram 17 AIs). Ao mesmo tempo, a população assistia ao chamado “milagre econômico” (1963 a 1973/74) responsável pela estabili-zação da inflação e crescimento do PIB, a propaganda massiva

1 - O HISTÓRICO WOODSTOCK OFERECEU DIAS DE PAZ, AMOR E MÚSICA EM AGOSTO 1969.2 - A PRIMEIRA COM DURAÇÃO DESDE O FIM DA 2ª GUERRA ATÉ O FIM DOS ANOS 80/INÍCIO DOS ANOS 90 E A SEGUNDA EM MEADOS DOS ANOS 70.

memóriaS do cepegea explosão da Ditadura!

O ARTIGO PUBLICADO NA SUBSTRATO ED.01/2012 MOSTROU A ORIGEM E AS PRIMEIRAS REALIZAÇÕES DO NOSSO CENTRO ACADÊMICO, ATÉ ENTÃO SEM GRANDES PROBLEMAS POLÍTICOS ALÉM DAQUELES ENFRENTADOS PARA A DIFUSÃO, O RECONHECIMENTO E A REGULARIZAÇÃO DA PROFISSÃO COMUNS A UM CURSO QUE ESTÁ NASCENDO. PORÉM, A DÉCADA DE 70 TRARIA CONSIGO GRANDES SURPRESAS, E SACUDIRIA O COTIDIANO DE ALUNOS, PROFESSORES, CENTROS ACADÊMICOS E DE TODOS AQUELES QUE ESTIVESSEM FORA DO ESTIPULADO.

}Por Letícia Freitas Guimarães (Beiça)

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em cima da conquista do título da Copa do Mundo de 70 (a taça Jules Rimet foi erguida pelo próprio presidente, Emílio Garrastazu Médici) e, em contrapartida, o crescimento de um movimento cultural que se opunha como podia à repressão (Gilberto Gil e Chico cantavam “Cálice” – que mais parecia um grito de cale-se; Geraldo Vandré seguia caminhando e cantando e seguindo a canção...).

O movimento estudantil estava com-pletamente desarticulado, e os poucos centros que ainda funcionavam (como o CEPEGE) viviam na ilegal-idade. A sede da UNE no Rio de Janeiro foi invadida, saqueada e incendiada em 1º de abril de 1964 e teve sua representatividade suprimida. O MEC orientava para que fossem criadas entidades estudantis oficiais, vinculadas às reitorias, de modo que toda ativi-dade de tais centros pudesse ser vigiada e controlada. Na USP, a rearticulação em 1969 do DCE oficial conseguia a verba necessária para a manutenção do movimento, enquanto que o clandestino

DCE Livre (que atualmente leva o nome de Alexandre Vannucchi Leme – Foto 01) era responsável pela organização dos eventos culturais, pela movimen-tação política dos estudantes e pela re-organização dos centros acadêmicos. Este ressurgimento foi comandado pelo então estudante de geologia Ronaldo Mouth Queiróz (Foto 02).

O CEPEGE enfrentava problemas com sua sede: o Instituto havia se mu-dado do Palacete da Glete para os barracões da Cidade Universitária no

FOTO 01– ALEXANDRE VANNUCCHI LEME EM SUA FOTO MAIS FAMOSA, HOJE SÍM-BOLO DO DCE LIVRE DA USP (ARQUIVO DE FOTOS DO CEPEGE).

FOTO 02 – RONALDO MOUTH QUEI-RÓZ, EX-ESTUDANTE DE GEOLOGIA, MORTO DE 1973 (ARQUIVO DE FOTOS DO CEPEGE).

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início de 1969 (Foto 03) e na nova localidade não estava previsto um local destinado à entidade. Após recusarem de uma proposta da direção em ceder um centro de vivência adequado desde que o CEPEGE se transformasse em um Diretório Acadêmico (desde modo perdendo sua independência e podendo ser mais facil-mente vigiado e controlado), os então presidentes do nosso centro Ely Frazão e Emanuel Barbosa (presidentes de 68/69 e 69/70, re-spectivamente) conseguiram a concessão de uma sala para o fun-cionamento do CEPEGE, até que se construísse entre os barracões didáticos um barracão específico para o Centro, “carinhosamente” apelidado pelos alunos de Centro de Sobrevivência (Foto 04).

O CEPEGE, além de suas funções didáti-cas (organização, junto ao corpo docente, e di-fusão de apostilas que supriam as deficiências bibliográficas da época, por exemplo) assumia agora importante papel social e político, organi-zando eventos culturais, sediando encontros de organizações estudan-tis e fazendo-se por-ta-voz de denúncias da repressão e dos abu-sos da ditadura, que atingia seu ápice. A famosa roda de sam-ba da geologia, o geo-samba, agora servia também como forma de encontro estudan-til, onde podiam ser

FOTO 03 (ACIMA) – ALUNOS EM FRENTE AO BARRACÃO DE SALAS DE AULA DA GEOLOGIA

FOTO 04 (ABAIXO) – BARRACÃO DO CENTRO ACADÊMICO, ENTÃO APELIDADO DE CENTRO DE SOBREVIVÊNCIA. ALEXANDRE É O ALU-NO AO CENTRO DA FOTO, EM PÉ, DE CAMISA BRANCA E ÓCULOS.

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discutidos os acontecimentos e o CEPEGE passava balizar a reestruturação dos outros cen-tros acadêmicos.

Do geosamba merece de-staque o grupo de batuque-iros: Marcão Criolo, Marcão Pajé, Frazão (especialista em cuíca, pandeiro, malacaxeta e qualquer outro instrumento de percussão!), Emanuel, Moreira, Rodrigo, Pulga, Fernando, Lin-coln e outros que se reuniam nas sextas-feiras, com os clássicos sambas-enredos. Estavam en-volvidos também os estudantes de Psicologia e Veterinária, que ocupavam os barracões vizin-hos ao da Geologia.

Outra atividade desenvolvi-da no CEPEGE no ano de 1970 foi a criação do time esportivo feminino (Foto 05), com adesão quase total (e principalmente) das 7 calouras ingressantes. É interessante destaca-lo como parte das atividades lúdicas do CEPEGE, pois pela primeira vez nossa escola pode partici-par com um time feminino das competições esportivas do Bi-chusp e outros intercâmbios es-portivos. Destaca-se ainda que o mesmo grupo participava dos jogos de vôlei, basquete, tênis de mesa, xadrez, natação, at-

letismo, etc. O grupo composto por 8 ou 10 alunas, que par-ticipava de todas as disputas, só trocava o uniforme e entra-va novamente na quadra. Uma bandeira da geologia foi con-feccionada para acompanhar todos os eventos. E pode-se afirmar que muitos jogos foram ganhos com o grito da torci-da. Junto ao time feminino, o CEPEGE mantinha ainda o seu tradicional time de futebol mas-culino (já mencionado no artigo anterior), e, como costume dos jogos contra a Poli, quando a Geo não ganhava o jogo aca-bava em pancadaria.

Além da música e do es-porte, os movimentos estudan-tis também usavam e abusam das intervenções teatrais e o CEPEGE não ficava de fora

FOTO 05 – TIME DO DEPARTAMENTO ESPORTIVO FEMININO DO CEPEGE

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(Foto 06). Nesse sentido, o Adriano Diogo (hoje deputado estadual) era o mais ativo, fazia peças e mantinha contato com os alunos da Poli e da FFCL, os quais eram responsáveis pelas maiores manifestações culturais deste tipo. As peças de teatro continham conteúdo político e vinham carregadas de críticas e questionamentos ao regime militar. Adriano, o Mug, junto com o Alexandre, o Minhoca, escreveram a peça “Transa-Amazônica”, que vinha claramente pra criticar a con-strução da Transamazônica, obra que era objeto de auto-promoção do governo.

Alexandre (Minhoca) e Adri-ano (Mug), juntamente com Al-berto Alonzo Lázaro (Babão) formavam os “3 As” da Geolo-gia, e eram amigos unidos pela paixão pela geologia e pelo in-teresse em não deixar as cois-as como estavam. Era também muito próximos ao Queiróz (cujo apelido era Papa), o re-sponsável pelo recrutamento dos alunos pra ALN. O Papa tornara-se meio sumido, aca-

bou se desligando da univer-sidade, já que em 1971 tinha passado por um episódio de fuga junto do Enzo, aluno no então 3º ano e também inte-grante da ALN, quando os agentes da repressão cerca-vam o barracão de salas de aula da Geologia à procura de-les. O prédio estava cercado por 15 homens e 3 Veraneios e o Queiróz contou com a ajuda de uma funcionário para fugir, dando tempo para o colega fazer o mesmo, enquanto a polícia corria atrás dele (os de-talhes da fuga estão narrados no livro Cale-se, de Caio Túlio Costa).

O ano de 1973 merece um destaque especial, porém nada feliz. A repressão fechava o cerco e as notícias das prisões começaram a invadir as festas e cervejadas dos alunos e seria nesse ano que os estudantes de maior destaque político, os 3 As e o Papa, cairiam (no jargão, cair era ser pego pela polícia). Era 17 de março de 1973, um sábado e, enquanto a choppada de recepção dos calouros era organizada, o Mug caiu (ele estava em casa, preparando-se para fugir com a esposa quando abriu a porta

“O PRÉDIO ESTAVA CERCADO POR 15 HOMENS E 3 VERANEIOS...”

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e se deparou com os agentes da repressão). Foi levado à sede do DOI-CODI, onde foi interrogado e torturado.

Naquele mesmo dia, du-rante a choppada, chegou a notícia de que o Minhoca tinha caído. Na verdade, ele havia sido pego na sexta-fei-ra, um dia antes e também havia sido levado ao DOI-CO-

DI. Foi interrogado e torturado até a morte. Antes de morrer, ain-da conseguiu gritar aos companheiros das celas vizinhas: “Meu nome é Alexandre Vannucchi Leme. Sou estudante da geologia. Me acusaram de ser da ALN, e eu...só disse o meu nome.” Isso significava que ele não tinha delatado ninguém.

O caso da morte de Alexandre ainda levou um bom tempo para se desfazer. Os presos políticos presentes na ocasião te-stemunharam que na manhã seguinte aos gritos de Alexandre, quando ele seria levado à próxima sessão de tortura, os agentes da repressão o encontraram morto. Com uma lâmina de barbear cortaram seu pescoço e saíram arrastando-o pelas pernas at-ravés corredores, alegando que ele havia tentado suicídio. Se-gundo os relatos Alexandre sangrava abundantemente na região do abdômen. Os pais do Minhoca, após um telefonema anônimo informando da prisão, passariam por uma “via-crúcis” em busca de informações do filho e de seu corpo. Os jornais, apenas em 23 de março noticiaram a morte, informando que se tratara apenas de um atropelamento, ocorrido após o estudante de comportamento subversivo tentar uma fuga para escapar da captura. Alexandre fora acusado de participar de atentados terroristas, entretanto provas confirmavam o contrário: no momento dos atentatos indi-cados, Alexandre se recuperava de uma operação ou participava de aulas na USP. Seu corpo havia sido enterrado às pressas, de modo que a decomposição pudesse agir rapidamente para en-cobrir os vestígios da tortura. Foi jogado como indigente em um

FOTO 06 – ROBERTO DE SOUZA (FRÓES) ENCENA PEÇA SATIRIZANDO O “MILAGRE BRASILEIRO”

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cemitério clandestino em Perus. Alguns anos após a morte de Alexandre o caso tenta ser resgatado, através de tentativas do Advogado da família, e o Ministro Rodrigo Otávio Jordão tenta reabrir o pro-cesso mas, como era de se esperar, perde o caso. Os restos mortais de Alex-andre foram exumados e entregues aos pais ape-nas dez anos depois dos acontecimentos (Foto 07).

A morte de um es-tudante desencadeou grandes manifestações,

os movimento estudantil não podia mais se calar. A Geologia en-trou em grave, a notícia se espalhou. Os estudantes uniram-se na insistência em recolocar uma faixa preta em sinal de luto, toda vez que ela era tirada dos barracões da Cidade Universitária, e na obrigação de denunciar o ocorrido. Pressionaram a reitoria a pedir esclarecimentos à cerca do desaparecimento e morte do colega e organizaram uma missa de 7º dia, a ser realizada pelo cardeal Dom Paulo Evaristo Arns em 27 de março de 1973 na Catedral da Sé . A missa é considerada a primeira grande manifestação social contra a ditadura e contou com aproxima-damente 3 mil pessoas, das quais algumas acabaram presas na saída da missa – era a polícia mostrando sua reprovação.

Dias depois foi a vez de Queiróz cair. Estava sendo seguido há meses e, apesar de ser insistentemente advertido pelos co-legas, desconsiderava a possibilidade. Numa manhã, enquanto esperava um ônibus foi assassinado brutalmente. Testemunhas viram uma Veraneio passar devagar pela rua, fazer o retorno e,

FOTO 07 – JOSÉ LEME, A ESQUERDA, PAI DE ALEXANDRE, E ENZO LUÍS NICO JR, EX-COLEGA, CARREGAM A URNA MORTUÁRIA COM OS RESTOS MORTAIS DE VANNUCCHI LEME, EM 1983 .

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dela, saltarem 3 homens que atiraram em Queiróz a queima-rou-pa. Depois dos tiros ainda implantaram provas falsas junto ao corpo. A notícia da morte, assim como a de Alexandre, anuncia-va a morte de um terrorista, integrante da ALN, em um tiroteio contra agentes do órgão de segurança. Da mesma maneira, sua família não teve acesso ao corpo. Souberam do assassinato em um noticiário na televisão e receberam seu corpo em um caixão lacrado. Nunca foram feitos exames para comprovar, através de vestígios de pólvora em suas mãos por exemplo, a versão dada pelo governo.

A notícia da morte de mais um colega abalou a geologia. Mui-tos outros foram presos, torturados, soltos após algum tempo. E a história foi-se repetindo para aqueles que lutavam pela liberdade em anos de chumbo. As mani-festações continuavam, artistas uniam-se aos estudantes, faziam shows na universidade e botavam a “boca no trombone” – com des-taque especial para o show do Gil-berto Gil na Poli, naquele mesmo ano. Cantou e discutiu política e movimentos culturais por algumas horas e apresentou pela primeira vez, na íntegra, a música em par-ceria com Chico Buarque “Cálice”3 (Foto 8). Foram divulgados nomes de estudantes ainda presos ou desaparecidos, muitos dentre os quais constavam estudantes da geologia e membros do CEPEGE.

3 - A MÚSICA CÁLICE FOI ESCRITA NUMA PARCERIA ENTRE GIL E CHICO, ENCOMENDADA PARA O FESTIVAL PHONO73, ORGANIZADO PELA GRAVADORA PHONOGRAM E CONTOU COM A PRE-SENÇA DE ARTISTAS COMO GAL GOSTA, MARIA BETHÂNIA, ELIS REGINA, CAETANO VELOSO... A NOVA MÚSICA DE GILE CHICO SERIA APRESENTADA PELA PRIMEIRA VEZ NO FESTIVAL, MESMO SOB A AMEAÇA DE CENSURA. QUANDO SE INICIOU A APRESENTAÇÃO, OS MICROFONES FORAM DESLIGADOS, DEIXANDO CLARO O PODER DOS AGENTES DA CENSURA.

FOTO 08 – GILBERTO GIL EM SHOW REALIZADO NO BIÊNIO, NA ESCOLA POLITÉCNICA.

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Os anos seguintes não foram muito distintos. Porém os estu-dantes seguiam com suas atividades normais. As aulas de campo, o trote, mesmo em anos de censura, era realizado para o diverti-mento dos veteranos e contava com banhos de óleo, o miss galinha, o tradicional batismo e o bundograma . As rodas de samba e os eventos esportivos continuavam, e a luta também. E apesar das adversidades, os ex-alunos ainda lembram saudosos desses tempos áureos (veja a seguir o depoimento do geólogo Marcos Alves de Almeida, que foi presidente do CEPEGE em 70/71).

FOTO 09 – EXCURSÃO DOS ALUNOS À ITANHAÉM, EM 1971. ALEXANDRE É O ALU-NOS DE BRAÇOS ABERTOS.

FOTO 10 – TROTE DE 1971 (FOTO ENVIADA POR HELIO SHIMADA).

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FOTO 12 (ACIMA) – TROTE DE 1970, COM ALUNOS NO LARGO DE PINHEIROS.

FOTO 11 – TROTE DE 1971: MISS GA-LINHA (FOTO ENVIADA POR ANTÔNIO – TEREZOCA- PRESIDENTE DO CEPEGE EM 73 E 74).

FOTO 13 (ESQUERDA) – TROTE DE 1980 COM O (NÃO MAIS) TRADICIONAL BUNDOGRAMA.

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Nós os calouros estávamos, qua-se todos, integrados e com o trote unimo-nos uns aos outros.

O trote começou na Glete, com o Miss Petróleo, tomando banho de óleo, eu e o Armandão dentro de um pneu e passando por uma sa-

raivada de pelotas de óleo jogadas de todos os lados. Lá tam-bém ocorreu a aula-trote tradicional, aquela de química com a fórmula do benzeno, a linha de Becker e outras que agora não me lembro.

A continuação do trote ocorreu nos barracões da Geologia, com o bundograma e miss galinha. O mais divertido foi quando saímos do bundograma, todos pelados, correndo pelo pátio, e chega o Prof. Evaristo com a esposa e a filha. O divertido foi que ele tentava tapar os olhos da filha para não ver tão patética situação.

Para nós, os barracões representavam uma fantástica vida universitária, pois tínhamos como vizinhas as meninas da Psi-cologia, no barracão ao lado. E elas se relacionavam conosco de forma muito próxima, a ponto delas nos utilizarem como “co-baias” em seus testes psicológicos. Mas nós, os alunos dos pri-meiros anos, não éramos mais do que amigos de conversa e au-xiliares de suas atividades acadêmicas, enquanto que a “elite”, os “velhos” alunos que comandavam a “festa”, eram respeitados e podiam se atrever a aventuras mais especiais, como o Frazão, e o pessoal da sua classe. Só com o passar do tempo consegui-

depoimento{Marcos Alves de Almeida}> UMA DAS LEMBRANÇAS DA ÉPOCA MAIS FANTÁSTICA DE TODA A MINHA VIDA FOI TER ENTRADO NA GEOLOGIA DA USP.

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mos, nós os bixos, estatus que permitiam maiores aproximações. Mas foi uma época áurea, na nossa descoberta de si mesmos e da nossa integração social e pessoal.

Mesmo um trote tão acirrado, para nós foi muito importante quanto à nossa integração no contexto da USP. Saíamos pelas ruas de Pinheiros e adjacências para recolher dinheiro. O que nos desta-cava dos outros centros é que não arrecadávamos dinheiro para ve-teranos encherem a cara, mas para o CEPEGE, pois precisávamos de dinheiro para manter todas as atividades durante o ano.

No meu primeiro ano, na geologia, a nossa classe tinha que es-colher um representante e eu fui eleito, em 1969. E, logo de cara, comecei a participar das atividades políticas através do CEPEGE.

Durante uma aula do Prof. Cordani, eu interrompi a aula e permiti (ele, o prof., também, é claro!) que o Ernestino, que era, se não me engano, o presidente da UNE na época, falasse da UNE e da situação do país. O professor Cordani aguentou firme.

Desenvolvíamos vários estudos paralelos, como a continua-ção do Jornal/Revista BRUCUTU, como jornal oficial. Tínhamos, ainda o Mente et Maleo e criamos o Geornal e uma revista de cunho político, para divulgar os acontecimentos relacionados com o mundo mineral, as políticas mundiais, as grandes empre-sas de mineração e de petróleo. Nesse jornal didático participa-vam vários alunos, entre eles, eu, o Alexandre e outros.

Também continuamos com a Semana de Estudos Geológicos realizando palestras e na própria Geologia, na USP, para divulga-ção da geologia para estudantes secundários.

Tínhamos o famoso mimeógrafo elétrico (não sei se era esse nome exatamente), onde rodávamos os jornais e tudo que rolava, como panfletos, e ainda era útil para outros centros acadêmi-cos que o utilizavam também. Esse famoso mimeógrafo rodou lugares nunca antes navegáveis, para fugir da polícia; algumas pessoas poderiam ajudar nessa lembrança, como o Armandão, o Edgar Santoro e outros amigos.

Em 1970 fui eleito presidente do centrinho (CEPEGE). Como relatado, uma época conturbada. Participávamos ativamente do movimento estudantil; apesar de sermos muito poucos em nú-

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mero de alunos, cerca de 200 alunos, atuávamos na USP inteira e saíamos em passeatas e corríamos, como todos, da cavalaria, como aquela lá no Viaduto do Chá (lembra! Adriano! Ele estava mais nervoso do que eu, pois foi a nossa primeira experiência).

Nessa época o nosso Centro Acadêmico tinha que ser “ca-dastrado” no DOPS e todos os seus membros nomeados e de-vidamente numerados com suas funções. Acontecia em toda a USP essa situação. Mas na geologia o único que foi cadastrado fui eu, pois aleguei que era o único responsável e que “não” ti-nham sido eleitos outros membros. Não que eles tivessem “en-golido” essas declarações, mas, parecia que o interesse deles ia além de saber somente nomes.

Das atividades do CEPEGE, poderíamos dizer, de todos, na sua maioria dos alunos da geologia, participávamos como um uníssono - mesmo o pessoal que era tido como de “direita” e “aparentava” comportamento ostensivo e denunciador das nos-sas atividades políticas, na prática, quando havia uma busca fre-nética por alguém de esquerda, como aquela em que eu partici-pei, ajudando o Enzo a fugir e o Queiroz, lá na Biblioteca. Esses alunos de “direita”, na hora “H”, participaram das nossas dissi-mulações e ficavam tão preocupados e ajudavam da forma mais espontânea possível.

Éramos muito ligados uns aos outros, brigávamos politica-mente, mas na hora de estudar de madrugada para uma prova, todas as ideologias iam para o “brejo”. As nossas amizades iam muito além dos aspectos ideológico-políticos, pois convivíamos diretamente, interagindo uns com os outros, pois tínhamos oito horas de aulas diárias, sendo o curso de quatro anos, quase não tínhamos intervalos e mesmo assim, fora do horário, ainda exer-cíamos muitas atividades “legais” e as ....

Nós desenvolvíamos cenas teatrais rápidas, que denominá-vamos de Dramatização de Notícias de Jornais – O Teatro Jornal. Líamos notícias de jornais, que vemos diariamente, e não senti-mos nada por elas, como fulano foi morto por forças policiais e de forma violenta, ou pessoas que foram expulsas de suas ter-ras e assim por diante. Dramatizávamos essas notícias corriquei-

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ras. Com essa dramatização as pessoas ficavam chocadas, pois sentiam como se estives-sem sofrendo os seus efeitos na própria pele. Mesmo ten-do tantas aulas e puxadas ao extremo, conseguíamos fazer muita coisa paralela. Sentía-mos que a nossa vida era essa participação e essa integração entre nós mesmos, da geologia e com toda a USP e ainda ía-mos mais longe com a nossa participação política na Maria Antônia, na FFCL, cujas aven-turas vividas incluíam passar noites acordados como vigi-lantes, pois éramos, vamos di-zer assim, aqueles que davam apoio logístico à organização dos estudantes, com o Zé Dir-ceu e todos os cérebros no co-mando. Isso na época em que sofríamos tentativas de invasão pelo CCC que estudavam no Mackenzie, em frente. Essa é uma outra história de nossas participações políticas durante a nossa vida acadêmica.

Uma lembrança fantástica foi a fuga do Enzo. De repente, numa tarde, aparece uma equi-pe de mais de uma dezena de policiais cercando a geologia, numa blitz verdadeiramente organizada e nos pegou de

surpresa. E agora?! Enquanto o Queiroz, na biblioteca tenta-va sair com ajuda de algumas pessoas, nós corremos para dentro do barracão de salas de aula, eu, a Cristina e me foge a memória de quem mais estava junto. Entramos em uma sala vazia, com o Enzo junto, que a essa altura não sabia mais o que fazer para escapar, e nós também não sabíamos o que fazer, mas entramos e fecha-mos a sala, com a luz apagada e deitamos entre as cadeiras e ficamos em total silêncio. Os policiais já tinham subido no teto do barracão e vasculhado tudo, mas como a sala estava apagada e trancada eles su-puseram que não poderia ter alguém lá dentro. E lá fora, to-dos os alunos, sem exceção, faziam-se de “distraídos” como se nada estivesse acontecen-do. Parecíamos como uma or-ganização altamente eficaz. A Cristina e outros tiveram a ideia de colocar um avental branco, se não me engano, com o nome de professor es-tampado e ainda, se não estou exagerando, um par de óculos e penteamos o seu cabelo e saímos pela porta da frente do barracão, ele (o Enzo) no meio

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e nós, com a Cristina do lado dele. Saímos em passos normais, disfarçando calma. Foi um momento “mágico”, pois os agentes, em alguns segundos saíram da frente do barracão, não sei se foi na hora em que o Queiroz conseguiu fugir, todos eles, os agen-tes, foram na direção da biblioteca para cercá-la (não sei se já estou exagerando e criando fantasia imaginária!). Nós, porém, estávamos preocupados com o Enzo e saímos e fomos ao en-contro do carro do Armandão, que já estava à espera, nas pro-ximidades, e assim que conseguimos essa proeza. Os agentes vieram e entraram novamente nos barracões com os funcionários responsáveis para abrir todas as salas, mas nada encontraram. O nosso regozijo foi intenso e o alívio também.

Muitas outras histórias e estórias poderão ser contadas. Pre-cisamos nos lembrar, mas foi a nossa descoberta pessoal da vida real e a vivemos intensamente.

Fontes:Lázaro, A.A. & Santos, M.T.N. (2008) – O CEPEGE nos anos 1970. In: Revista Substrato, Ano 05, nº 07, pp 28 a 32.Costa, C.T – Cale-se. Segunda Edição. São Paulo, Editora Girafa, 2003.http://desaparecidospoliticos.org.brDepoimentos dos próprios estudantes da época também fizeram parte das fontes de pesquisa.

AGRADECIMENTOS:

Agradeço imensamente à Maria Cristina, à Verônica e ao Mar-cos, que responderam tão prontamente meus e-mails, contaram suas memórias, compartilharam fotos, deram sugestões e fizer-am revisões. Agradeço também à Prof. Ana Maria Góes, quem foi quem me apresentou à Maria Cristina, permitindo que tal contato fosse possível.

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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Maria Cristina de Moraes

Verônica Siqueira PequenoMarcos Alves de Almeida (Pajé)

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inStitutoS que você irá conhecer

ALÉM DAS AULAS NO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS A TURMA DO PRIMEIRO ANO DA GEOLOGIA TAMBÉM TEM AULAS EM OUTROS TRÊS LUGARES. ISSO SIGNIFICA QUE VOCÊ BIXO/BIXETE VAI TER QUE ANDAR E CONSEQUENTEMENTE FICAR COM PREGUIÇA DE SAIR DO CEPEGE PRAS AULAS NAS OUTRAS FACULDADES. AS AULAS DE ESTATÍSTICA, QUÍMICA GERAL, FÍSICO-QUIMICA E BIOLOGIA EVOLUTIVA SERÃO NOS RESPECTIVOS PRÉDIOS DO IME, QUÍMICA E BIOLOGIA.

}Além das aulas no Insti-

tuto de Geociências a turma do primeiro ano

da geologia também tem au-las em outros três lugares. Isso significa que você bixo/bixete vai ter que andar e consequen-temente ficar com preguiça de sair do CEPEGE pras aulas nas outras faculdades. As aulas de estatística, química geral, físi-co-quimica e biologia evolutiva serão nos respectivos prédios do IME, Química e Biologia.

O IME fica logo depois da FAU, muito fácil de localizar, para as super animadas e que-ridas aulas de estatística, é só subir as escadas em frente à entrada que tem uma maquina

de café, só R$ 0,75 o copo. Na cantina deles tem vários do-ces para tentar acordar e tem sorvete também, ótimo para os dias de calor que os ventilado-res das salas não dão conta. Para aqueles que querem co-nhecer uma pessoa iluminada, praticamente um guru, eu su-giro ir à sala 116-A conversar com o professor Odilon, a ima-gem que você tem das pesso-as do IME irá mudar, ou não.

No caminho para as aulas da química você vai se arre-pender de ser sedentário e irá sempre desejar ter uma esca-

Por Jamine Takahashi (Sput)

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da rolante ao invés daquela escada maldi-ta. Tenho pena de suas almas nos dias de verão com Sol escaldante, cuidado à noite que a escada não é muito iluminada (como quase toda a USP) e vocês podem acabar machucando alguns sapos simpáticos que andam por lá. Tem um bandejão na química também, pela comodidade de já estar por lá quando for começar a aula vocês provavel-mente comerão muito por lá no 1º semestre. Há quem não goste muito da comida, mas para os vegetarianos é uma boa opção, o PVT (prato vegetariano) deles é bem mais diversificado que nos outros bandejões. A cantina da química é uma das melhores, preços razoáveis e salgados assados muito bons, além de venderem gelinho, uma dis-tração para as aulas interessantes de físico-química, para as de química geral eu não aconselho, principalmente se o professor ainda for o Cecchini, um amorzinho.

As aulas de bioevolutiva talvez não se-jam muito bem aproveitadas por aqueles que gostam de freqüentar as festas de quin-ta-feira, sexta-feira de manhã não se esque-çam de ir para o prédio da Biologia. Se es-tiverem na Geo é só subir a rua do matão. Nos intervalos para acalmar um pouco a ressaca ou tentar acordar do sono que dá ficar ouvindo sobre tantas teorias, uma boa opção é o capuccino gigante que eles ven-dem lá.

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perSpectivaS dentro do curSo: o que Mais?Por Erika Schumacher Sanchez (Grelhinho)

* Das Instituições de fomento à pesquisa...

As principais instituições/ fundações que direcionam seu investimento ao incentivo de pesquisa científica e tecnológica, e que concedem bolsas de iniciação são o CNPq e a FAPESP.

•CNPq - Conselho Nacional de Desenvol-vimento Científico e Tecnológico - É uma Fundação de fomento à pesquisa vincula-da ao MCT, Ministério da Ciência e Tecno-logia. (www.cnpq.br/)

•FAPESP – Fundação de Amparo à Pesqui-sa do Estado de São Paulo – Está vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômi-co, Ciência e Tecnologia do Governo do Es-tado de São Paulo. (www.fapesp.br/)

ESSE VAI SER UM TEXTO CURTO, MAS O OBJETIVO AQUI É DEIXAR VOCÊ, “BIXO”, UM POUCO MAIS INTEIRADO A RESPEITO DO QUE A UNIVERSI-DADE TEM A OFERECER AO LONGO DO TRAJETO ACADÊMICO DOS CINCO ANOS DE GEOLOGIA, QUE ACABA DE COMEÇAR!{

A opção que é, para mui-tos alunos, corriqueira ao longo do curso, é a

iniciação científica. E é claro pensar “Bom, do que se tra-ta?” e “Como consigo uma?”. Uma iniciação científica con-siste em elaborar um projeto de pesquisa em conjunto com seu orientador - fale com algum professor dentro do instituto com alguma linha de pesqui-sa, você irá se simpatizar com muitos deles! - em alguma área de conhecimento das geociên-cias, e que será vinculado a um programa de incentivo científi-co.

O aluno “orientando” rece-be uma bolsa pelo tempo que durar o projeto, devendo apre-

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Programa “Aprender com Cultura e Extensão”O programa “Aprender com Cultura e Extensão” é parte

integrante da Política de Apoio à Permanência e Formação Estudantil da USP, através da Pró-reitora de Cultura e Ex-

tensão Universitária. Através desse programa são concedidas bolsas de incen-

tivo, cujo objetivo é promover a interação dos alunos de graduação em atividades de pesquisa por meio da real-

ização de projetos, cuja temática combine a pesquisa com ensino, para o desenvolvimento da cultura e ex-

tensão universitária.(www.prceu.usp.br > Aprender com Cultura e Extensão)

sentar relatórios (parcial – para constar objetivos, métodos e planos do estudo, e final – para apresentar os resultados finais obtidos com o projeto) à ins-tituição ou setor responsável pelo programa da bolsa.

Dentre algumas das ativida-des que podem vir a ser explo-radas em uma iniciação científi-ca podem envolver trabalhos de campo, contatos com trabalhos

importantes publicados, utiliza-ção dos diversos laboratórios dentro do Instituto, bem como discussões interessantes com seu orientador.

Além da iniciação científica, outra perspectiva que também objetiva promover o enriqueci-mento profissional do aluno é o intercâmbio. Isso mesmo! A USP, por meio da Vice-Reito-ria de Relações Internacionais

(VRERI), em articulação com o Ministério das Relações Ex-teriores do Brasil, consulados, embaixadas e Instituições inter-nacionais de parceria, fomenta a cooperação acadêmica inter-nacional, oferecendo oportuni-dades aos alunos de cursarem disciplinas em universidades estrangeiras geralmente por um período de seis meses, ou de doze meses para outros progra-

mas, dependendo (podendo haver prorrogação, limitada), recebendo uma bolsa de auxílio para arcar com as despesas de mobilidade.

A divulgação das possibi-lidades de intercâmbio, que abrangem diversas universida-des em diversos países, é reali-zada através do lançamento de editais (listados no site do sis-tema Mundus* da USP), onde

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constam os requisitos necessá-rios para inscrição, assim como certificado de proficiência de língua (ex. certificado do exame TOEFL, no caso de língua ingle-sa), percentual do curso com-pletado (mínimo 20% do curso e máximo 80 ou 90%, depen-dendo do programa), etc.

Existem os editais para os Convênios USP, podendo ser unificados - vagas para diver-sos países nas universidades de parceria em um mesmo edi-tal, ou simples - para determi-nada universidade em um dado país, além dos editais de pro-gramas de intercâmbio dentro da universidade, como o pro-grama Ciência Sem Fronteiras ou o programa de bolsas San-tander Universidades.

Para se candidatar a um programa de intercâmbio, os principais documentos neces-sários determinados pela VRE-RI para efetivar as inscrições de intercâmbio dos editais são:

* Um Plano de Estudos com in-dicação da Instituição Estran-geira na qual pretende partici-par do intercâmbio;

* Histórico Escolar Atualizado;

* Curriculum Vitae; * Ficha de inscrição para interessados em mobilidade – Estudantes USP;

* Uma carta de recomendação fornecida por docente da USP;

Procure o setor de gradua-ção ou professor responsável pelas relações internacionais dentro do Instituto para conver-sar a respeito das possibilida-des de intercâmbio e acompa-nhe o lançamento dos editais... Não deixe de aproveitar essas oportunidades!

Links úteis:

* Acompanhamento dos edi-tais: www.uspdigital.usp.br/mundus/

Relações Internacionais: www.usp.br/ccint/

A

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“CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS”“Ciência Sem Fronteiras” é um programa do Governo Federal que oferece bolsas de intercâmbio acadêmico, e é resultado da atuação conjunta dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inova-ção (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC), por meio de suas respectivas instituições de fomento à pesquisa, para promover a expansão e internacionalização da ciência e da tecnologia.

Alguns requisitos...- ser brasileiro ou naturalizado;

- estar regularmente matriculado em uma instituição de ensino superior no Brasil, em cursos relacionados às áreas prioritárias do Ciência sem Fronteiras;

- ter sido classificado com nota do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - com no mínimo 600 pontos;

- possuir bom desempenho acadêmico;

- ter concluído 20% do currículo previsto para o curso de graduação.

Os benefícios... - Mensalidade de bolsa;

- Auxílio-Instalação;

- Passagens aéreas;

- Seguro Saúde.

Mais informações a respeito do programa para graduação, ou demais dúvidas consultar:

http://www.cienciasemfronteiras.gov.br {35}

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notíciaS {!}FUTURO DO ENSINO DA GEOLOGIA

Finalmente (!), em 07 de novem-bro de 2012 e com divulgação no Diário Oficial da União em 02 de janeiro de 2013, foram apro-vadas as Diretrizes Curriculares para os cursos de Bacharelado em Geologia e Engenharia Ge-ológica. As diretrizes têm como principal objetivo embasar o cur-rículo mínimo para os cursos de geologia do país, respeitando a diversidade disciplinar e as ne-cessidades de ensino regionais, balizando assim o ensino da geologia. O projeto, idealizado por uma comissão formada pelo

MEC e com importantes revi-sões feitas pelo Fórum Nacional dos Cursos de Geologia, contou em sua fase final com o apoio da ENEGE (Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia) e dos próprios estudantes. As diretri-zes ainda devem ser homologa-das pelo Ministério da Educação, sendo a partir daí obrigatórias para todos os cursos em exercí-cio, os quais terão um prazo de 2 anos para as adequações ne-cessárias. Maiores informações em:

http://www.sbgeo.org.br/index.php/noticia/ver/202

ENEGEO 2013

O ENEGEO (Encontro Nacional dos Estudantes de Geologia) deste ano teve sua data definida para a segunda semana de Agosto, de 11 a 18. Tradicionalmente o maior evento dos estudantes de geologia é realizado na primeira semana do mês de agosto, porém, com atraso do calendário acadêmico devido a greve das universidades federais, a data foi adiada em uma semana, de acordo com votação elaborada pela organização, visando a data que poderia contar com a participa-ção do maior numero de universidades. O ENEGEO será realizado no Estado do Paraná, em Tibagi.

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CARTEIRINHA DA ENEGE

A ENEGE (Executiva Nacional dos Estudantes de Geologia) está organizando a carteirinha estudantil da entidade. Tem como objetivo a obtenção de renda fixa para a entidade, po-dendo haver associação como estudante (para alunos de gra-duação e pós-graduação) me-diante pagamento de uma anuidade de R$15,00 ou como sócio doador (para geólogos for-mados) mediante pagamento de uma anuidade de R$25,00. As carteirinhas darão direito a meia-entrada apenas para a catego-

ria estudante, mas descontos nas inscrições do ENEGEO para ambas categorias. A ENEGE busca ainda parceria com outros órgãos e empresas para que os associados usufruam de benefí-cios a partir do documento.Para os interessados, procurar os representantes de sua Insti-tuição para pagamento da anui-dade e entrega dos documentos (foto 3x4, comprovante de ma-trícula, RG e ficha de inscrição). Haverá 2 levas de confecção dos documentos, uma no início e outra no final do primeiro se-mestre.

Garanta a sua!

FENAFEG 2013

A FENAFEG (Feira Nacional de Fornecedores e Empresas de Geologia) é uma das maiores feiras relacionadas à área de geociências, sendo realizada a cada dois anos. Surgiu a partir da iniciativa de estudantes membros da Geo Júnior Consulto-ria e pelo Instituto de Geociências (IGc/USP), que perceberam a carência da conciliação entre o aprendizado acadêmico e a

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experiência profissional. Nessa feira oferecemos gratuitamente aos participantes mini-cursos, palestras, mesas redondas e a Geoexpo (estandes de empre-sas), nas áreas de geotecnia, mi-neração, hidrogeologia, ambien-tal, etc. A VI FENAFEG ocorrerá em agosto, não deixe de compa-recer.

Se estiver interessado em nos conhecer, compareça em nossa sala que fica próxima à cantina do IGc ou acesse nosso site: www.igc.usp.br/geojunior.  

{GEO JÚNIOR CONSULTORIA}

A Geo Júnior Consultoria é uma Empresa Júnior. Trata-se de uma associação civil de consultoria sem fins lucrativos, formada e gerida exclusivamente por alunos da Geologia e da Licenciatu-ra em Geociências e Educação Ambiental. Proporciona através do trabalho voluntário o desenvolvimento do potencial de liderança de seus membros, para que promovam um impacto positivo na so-ciedade. Na Empresa Jr, você tem a oportunidade de desenvolver habilidades de liderança, gestão de equipes, desenvolvimento de pro-jetos e organização de eventos. Com todas as características de uma empresa real, possui CNPJ, estatuto registrado, regimento interno e outras obrigações legais. A Geo Júnior Consultoria oferece aos alunos uma grande oportunidade de antecipar o contato com a teoria e a realidade profissional.

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Por Mariana Tawata (Fusketa)

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