Substrato

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Substrato Edição Especial 46º CBG Manual de sobrevivência caiçara Setembro 2012 46 o Congresso Brasileiro de Geologia Diretrizes curriculares para os cursos de geologia Resumos de trabalhos do 46 o CBG Investimentos privados em universidades públicas Cotas raciais Greve nas universidades federais

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Edição especial 46º congresso brasileiro de geologia

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Page 1: Substrato

SubstratoEdição Especial 46º CBG

Manual de sobrevivência caiçara

Setembro 2012

46o Congresso

Brasileiro de

Geologia

Diretrizes curriculares para os cursos de geologiaResumos de trabalhos do 46o CBG

Investimentos privados em universidades públicas

Cotas raciais

Greve nas universidades federais

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A substrato é uma revista estudantil criada pelos alunos do instituto de geociências da USP que contempla os cursos de bacharel em geologia e licenciatura em geociências e educação ambiental. A substrato é, acima de tudo, um espaço para criação, limitada apenas pelas dimensões de uma folha A4. A experiencia humana é rica demais e deter-se em um único recorte temático seria abrir mão dessa diversidade (seria muito chato também). Por isso, tentamos criar uma revista plural que misture arte, politica e bom humor com ciência (por que não?). Afinal, os fatos e fenômenos que nos cercam nunca ocorrem dissociados.

Se você quiser entrar em contato para participar ou enviar sua crítica, mande um email para [email protected]

Quem somos e da onde viemos

Edição especial 46o CBGAs importantes mudanças que ocorrem hoje, tanto no que diz respeito à formação do geólogo quanto na educação superior em geral, impulsionaram, quase que instintivamente, a construção dessa edição especial. Com a chegada da 46o congresso brasileiro de geologia, achamos que não existiria lugar melhor para que tais temas fossem discutidos.

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Sumário

Diretrizes curriculares para os cursos de geologia / 03

Greve nas universidades federais / 12

Cotas raciais: A polêmica reaparece / 15

Investimento privado nas universidade públicas / 16

Guia de sobrevivência caiçara / 19

Resumos: Trabalhos do 46º CBG / 25

Equipe SubstratoGabriel Barbosa (Mussum)

Felipe Queiroz C. Castro (Hamas)Adrianna Virmond (Leonssyo)

Lucas Inglez (Frotta)Letícia Freitas Guimarães (Beiça)

Erika Schumacher (Grilhinho)Jamine Takahashi (Sputnik)

Vinicius Zacatei (Sinistro)Gabriela Montenegro (Vads)

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Você já ouviu aquela conver-sa de que hoje quem entra na

geologia não tem o mesmo perfil, não entra pelo amor à profissão? Verdade ou não e

independente do motivo pelo qual você está aqui, é consen-

so que ninguém quer assistir de camarote à desvalorização da sua classe. E não é porque

você vai passar apenas alguns anos aqui e depois receber o título de “geólogo, o cientista

da Terra”, que você não vai mais precisar se preocupar

com o que acontece no mero mundo acadêmico da gradu-ação. Por quê? Porque o que

acontece nos bastidores afeta o mercado em que você vai

trabalhar...

Os cursos de geologia no Brasil surgiram a fim de se atender a demanda por profis-

sionais nacionais num país que passava por um momento de crescimento econômico e reconhecimento de seu território – isso sem falar na criação da Petrobras! Em 1957 o Go-verno Federal instituiu a CAGE (Campanha de Formação de Geólogos) à qual deve-se a criação dos 6 primeiros cursos: USP, UFRGS, UFOP, UFPE, UFRJ e UFBA (destes, os 4 primei-ros já com início em 1957). Entre os anos de 1963 e 1964 foram criados os cursos da UnB e UFPA, sendo que, até este momento, haviam 330 vagas em cursos de geologia no país – todos em escolas públicas.Daí em diante a criação de cursos de geo-

logia, mesmo que de maneira não contínua e linear, tem sido crescente, com hiatos ao longo da história, como pode-se observar na figura 1, extraída de um estudo recém-concluído sob encomenda das Sociedades Brasileiras de Geolo-gia, Geofísica e Geoquímica (Janasi, 2012). No contexto do chamado “Milagre Brasileiro” dos primeiros anos do regime mi-litar foram criados mais 5 cursos: Unifor (duração restrita aos anos de 1970 a 1980), Unisinos, Unesp, UFCE e UFRRJ, sendo os 2 primeiros os pioneiros em institui-ções privadas. Alguns anos mais tarde, entre os anos de 1976 e 1977, os cursos de geologia chegam aos estados do Amazonas (UFAM), Rio Grande do Norte (UFRN), Mato Grosso (UFMT) e tem-se um novo curso no Rio de Janeiro (UERJ). Como fica claro na Fig. 01, a geração de vagas em geologia é fortemente afetada pela condição econômica do país – seja devido aos altos custos que um curso deste porte exige, seja pela situação do mercado de trabalho (este, fortemente atrelado à economia, é o grande fator de influência sobre a oferta de vagas, evasão e empregabilidade).

BREVE HISTÓRICO DOS CURSOS DE GEOLOGIA

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Formação Geólogo!

Diretrizes Curriculares

Por Letícia Freitas Guimarães (Beiça)

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A chamada “década perdida”, que na re-alidade corresponde a cerca de 15 anos, compreende um período de estagnação na criação de vagas, que se encerra com a criação do Plano Real. Durante o governo FHC entretanto, o número de vagas não so-freu grande avanço, já que contou apenas com a criação do curso na Unicamp.A partir do Governo Lula, um novo ciclo de crescimento econômico tem incentivado novas ofertas de vagas e criações de cur-sos, com destaque para aqueles envolvidos nos projetos de expansão das universida-des federais, como é o caso, por exemplo, dos cursos da UFES (Alegre, ES), UNIPAMPA

(Caçapava do Sul, RS), UFS (São Cristóvão, SE), UFSC (Florianópolis, SC), UFPA – Campus Marabá (PA), UFBA – Campus Barreiras (BA), UFRR (Boa Vista, RR).Este cenário de crescimento econômico e de necessidade crescente da exploração dos recursos minerais (a Petrobras não sai dos nossos noticiários!) tem garantido uma maior visibilidade da carreira. Atualmente, 31 universidades oferecem cursos de ge-ologia , sendo que novos cursos estão se abrindo – em 2011 atingimos cerca de 1050 vagas para graduação em universidades públicas, com aumentos previstos já para os próximos anos . Com o mercado de traba-

Figura 1: Evolução do número de vagas em universidades públicas e do número total de formados em geologia e geofísica no Brasil, período de 1957-2011. Fonte: coordenadores de curso, secre-tarias de graduação e informações disponíveis nos sites dos cursos. O total de formados estimado acrescenta ao consolidado estimativas para o número de alunos formados pelos quatro cursos dos quais não foram obtidas informações (UFOP, UFC, UFRRJ, UNISINOS). A parte superior do gráfico mostra a relação (em %) entre o PIB do brasil e o PIB mundial a partir de dados do sítio da divisão de estatísticas das Nações Unidas. Extraído de: Janasi (2012).

04Formação geólogo

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lho passando por ótimos momentos, a cria-ção de cursos de geologia torna-se uma consequência, estimando-se um total de 32 universidades com ofertas de vagas em ge-ologia ainda em 2013, com destaque para as novas iniciativas em IES (Instituições de Ensino Superior) privadas .Aqui, finalmente, voltamos a nos deparar com o embate “quantidade vs. qualidade” que deve ser levado adiante com muita se-riedade.A geologia ainda é uma profissão desco-nhecida da grande maioria no Brasil, e um mercado carente por profissionais nos ga-rante boas ofertas de emprego e invejáveis ofertas salariais. É exatamente por este mo-tivo que você vive ouvindo pelos corredores da Universidade e nos encontros acadêmi-cos e estudantis que devemos seguir na luta pela valorização da nossa classe.A criação de vagas nos cursos já existen-tes deve estar associada à manutenção da qualidade daquele curso, através da expansão dos laboratórios e do aumento de verbas. Já a criação de novos cursos é um caso mais delicado, pois atualmente não há como se controlar a qualidade des-tes, como poderá ser o caso, por exemplo, de algumas IES particulares que oferecem elevado número de vagas e um currículo longe do ideal, deixando a desejar, entre outros motivos, pela ausência de práticas essenciais (como atividades de campo e petrografia).Por fim, é fácil concluir que a formação de um profissional mal qualificado comprome-te a qualidade dos serviços prestados (lem-brando que a área de atuação do geólogo tem resultados diretos sobre a sociedade) e a garantia da valorização da profissão.

COMO “MEDIR” A QUALIDADE DOS CURSOS SUPERIORES?AFINAL, O QUE SÃO “DIRETRIZES CURRICULARES”?

1 Norte: UFAM, UFPA, UFPA – Campus Marabá, UFRR. Nordeste: UFC, UFBA, UFBA – Campus Bar-reiras, UFRN, UFPE. Centro-Oeste: UnB, UFMT. Su-deste: USP, UNICAMP, UNESP, UFMG, UFOP, UFES, UFRJ, UERJ, UFRRJ. Sul: UFPR, UFSC, UFRGS, UNISI-NOS, UNIPAMPA, UFPel.

2 Ufopa (Santarém, PA) e UNIFESP (Diadema, SP).

3 Novos cursos em IES particulares: UVV (Vila Velha, ES), Unimonte (Santos, SP), Finom (Para-catu, MG), Uninassau (Recife, PE).

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De maneira geral, o MEC rea-liza avaliações periódicas dos cursos superiores, seja por vi-sitas às Instituições de ensino (com avaliação da estrutura curricular, do corpo docente e da infraestrutura das salas de aula, laboratórios, etc – como a que ocorreu, por exemplo, na UFRGS, descrita pelo cole-ga Jepeto na revista da ENE-GE edição especial ENEGEO, Agosto de 2012 – n°3) ou atra-vés da aplicação de provas como o ENADE.Mas afinal, como avaliar um curso onde não há definição de um currículo básico, como é o caso da geologia?Parte-se então para o concei-to das diretrizes curriculares e depara-se com o espantoso fato da área das geociências ser uma das poucas ainda sem diretrizes definidas, como ob-serva-se na figura 2. O conceito das diretrizes cur-riculares (conforme a Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996) traz consigo a definição e o fornecimento das normas que embasam o planejamen-to curricular das IES e norteiam a criação de um currículo bá-sico. Porém, vale ressaltar que contrapõe-se à ideia do cha-mado “currículo mínimo”, uma vez que garante a flexibiliza-ção dos currículos, permitindo às IES a implementação de grades inovadoras e variáveis de acordo com as necessida-des regionais e de mercado.

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Como exemplo, cita-se o Art.53, onde assegura-se a autonomia das uni-versidades através da possibilidade de “fixar os currículos de seus cursos e programas observadas as diretrizes gerais perti-nentes”.A partir destes parâme-tros, um currículo com-preende um conteúdo básico e um específico, de caráter obrigatório, e conteúdos temáticos e complementares, de ca-ráter optativo, variáveis de acordo com as ne-cessidades das IES e da sociedade.

Figura 2: Evolução das resoluções CNE/CSE instituindo as Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de graduação no Brasil. Fonte: Portal do Ministério da Educação. Extraído de: Janasi (2012).

“SEM DIRETRIZES, OS CURSOS PODEM FORMAR “GEÓLOGOS” QUE, DE FATO, NÃO TÊM OS CONHECIMENTOS MÍNIMOS NECESSÁRIOS PARA TAL”

Valdecir Janasi: diretor do IGc USP

06Formação geólogo

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QUAL A SITUAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE GEOCIÊNCIAS?

Conforme já destacado no presente texto, o bom momento econômico brasileiro e o consequente aquecimento do mercado re-sultam na expressiva procura pelo aumen-to de vagas nos cursos de geologia, o que deixa clara a necessidade da definição de suas diretrizes, a fim de se garantir a qualida-de do profissional formado.No caso da geologia, existe, desde 1999, em poder no CNE (Conselho Nacional da Educação), um documento intitulado “Dire-trizes curriculares para os cursos de geologia do país” elaborado por uma comissão de especialistas em geologia e oceanografia nomeada pela Secretaria de Educação Su-perior do Ministério da Educação e Cultura (SESU/MEC).Já em 2001, o Fórum Nacional de Cursos de Geologia encaminhou sugestões de alte-rações ao documento inicial, e consolidou uma proposta de Diretrizes Curriculares. Esta proposta foi revisada em 2007, durante o 7º Encontro do Fórum, e encaminhada ao MEC.Atualmente, a definição das diretrizes para os cursos de geologia e engenharia geoló-gica aparentemente vai (finalmente!!!) en-trar em pauta no MEC.

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Foto

: Éric

k M

ota

Prof. Ivo Karman e suas inflamadas descrições de afloramento

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Foto

: Éric

k M

ota

O QUE DEFINEM, EM LINHAS GERAIS, AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE GEOLOGIA E ENGENHARIA GEOLÓGICA?

Conteúdo básicoDe caráter obrigatório, abrange disci-plinas como matemática, estatística, fí-sica, computação, química, biologia e geociências.

Conteúdo temáticoOptativo, visando a possibilidade do aluno mesclar tópicos de suas áreas de interesse. Compreende disciplinas de áreas como geoprocessamento, re-cursos minerais, hídricos e energéticos, geologia de engenharia, geologia am-biental, geologia do petróleo, geofísica aplicada, etc.

Conteúdo específicoCaráter também obrigatório. No caso da geologia abrange conteúdos em mineralogia, cristalografia, topografia, petrologia, petrografia, sedimentologia, estratigrafia, paleontologia, geologia estrutural, geotectônica, geoquímica, geofísica, hidrogeologia, geologia his-tórica, geologia do Brasil, fotogeologia, sensoriamento remoto

Conteúdo complementarTambém de caráter optativo, busca oferecer disciplinas em outras áreas, como as de ciências humanas (econo-mia, filosofia, comunicação, etc) para uma formação interdisciplinar.

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Formação geólogo

Além disso, as diretrizes firmam como necessário um curso com duração mínima de 5 anos, com carga horária mínima

de 3600 horas, com elaboração de trabalho de conclusão de curso, atividades de campo com carga horária equivalente a, no mínimo, 20% da total, estágio supervisionado e possibilidade de intercâmbio interinstitucional.

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DIRETRIZES E O FUTURO DAS GEOCIÊNCIAS

Até aqui, você leitor e geólogo (ou, mais provavelmente, aspirante a) já deve ter se dado conta da importância da aprovação das diretri-zes curriculares para os cursos de geologia e engenharia geológica

e já deve, mais ainda, estar pensando nas consequências a longo prazo (nada boas) pra nossa classe de ficarmos sem as diretrizes por mais tempo. Isso engloba uma descarga de profissionais não qualificados no nosso mercado, a conse-quente desvalorização do profissional e, depois, a diminuição (ou porque não, de maneira mais radical, a extinção) das boas ofertas de emprego – isso sem falar no impacto que um geólogo não qualificado pode causar na sociedade, já pensaram nisso?!

Mas, como aluno, também deve estar se perguntando... Isso me afeta no momento? Quais as consequências em curto prazo? Pra responder muito rapidamente estas ques-tões, transcrevo aqui uma rápida “entrevista” que fiz ao nosso diretor, Prof. Dr. Valdecir de Assis Janasi.

Entrevista com o Dr. Valdecir de Assis Janasi, professor e diretor do instituto de geociências da USP.

Como as diretrizes influenciariam na USP - trariam grandes mudanças cur-riculares para nós?

A proposta de diretrizes aprovada pelo Fó-rum (não quer dizer que o MEC irá aceitá-la integralmente) é plenamente adequada ao nosso currículo, e portanto não deman-daria mudanças curriculares. A única exce-ção: estágio curricular seria obrigatório. Em nosso caso, ele foi criado este ano (2012), como disciplina optativa.

Qual seria a influência sobre essas Universidades que estão começando (como as IES particulares)? Haverá grandes influências no mercado de trabalho, caso não sejam aprovadas ou ainda demorem a sair do papel?

A influência seria grande, pois elas teriam uma referência a ser usada (e obrigato-riamente cumprida) para definir o que, de fato, é um curso de geologia. Na ausência de diretrizes, o MEC não tem como “saber” o que é um curso de geologia. No limite, atu-almente cada um pode fazer o que quer e “declarar” que é um curso de geologia.A influência no mercado de trabalho é cla-

ra: sem diretrizes, os cursos podem formar “geólogos” que, de fato, não têm os co-nhecimentos mínimos necessários para tal. O quadro fica ainda mais complicado com a suspensão da Resolução 1010 do CREA, que procurava atualizar as atribuições pro-fissionais (isto não quer dizer que a 1010 fosse exatamente uma boa ideia; a meu ver, ela complicava demais a atribuição de com-petências, e justamente por isto se mostrou inexequível).

A aprovação dessas “leis” é capaz de barrar, ou pelo menos reduzir, a criação de vagas e cursos à revelia?

A criação de cursos e o aumento de va-gas em geologia são sinais positivos de que existe demanda pelo profissional (que está valorizado no mercado), e de que existe algum investimento no país para dar mais oportunidades de ensino superior aos jo-vens. A preocupação é com a garantia de aumento de quantidade sem perda de qualidade, uma equação complicada para qualquer serviço público (como na saúde, educação básica etc). Para aferir a qualidade, precisa-se de referências -- e as diretrizes curriculares são uma referência fundamental.

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Turma 55, os “bixos”, nos primei-ros contatos com a geologia de campo. A geologia como ela re-almente é.

Nos dias 03 e 04 de setembro, em Brasília, com sede no IG-UnB foi realizada reunião do Fórum Nacional dos Cursos de Geologia com o MEC, representado pelo Prof. Dr. Luis Cury (CNE/MEC) e sendo o nosso Instituto representado pelo Prof. Dr Valdecir Janasi. Nesta reunião, a ENEGE fez-se presente através da participação dos alunos Luis Filipe Furtado Horta Junior (UERJ) e Guilhermino Silveira da Rocha (UnB). Durante as discussões, após a aprovação por unanimidade das atualizações das propostas iniciais das diretrizes curriculares, o documento foi encaminhado ao CNE/MEC, com o compromisso assumido por seu representante de aprovação nos próximos meses. Os detalhes da reunião e a ata podem ser visualizados em: http://www.igd.unb.br/

A ENEGE está se dedicando e apoiando a causa e, com ajuda dos representantes de cada Instituição, tenta organizar assembleias nas Universidades para que os alunos tomem conhecimento da questão e, após isso, assinem a carta de apoio elaborada por ela. Essa assembleia já rolou aqui na USP, no dia 13/09, com cerca de 25 alunos – número muito pequeno para um assunto tão importante como este – e contou com a

Atenção! Convite aos alunos!

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Formação geólogo

Fotos: Érick Mota

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presença de nosso diretor e representante no Fórum para esclarecimento de dúvidas dos presentes. Caso você não tenha participado da assembleia e assinado a carta e o queira fazer, haverá um representante por turma para repassar as informações e a carta aos alunos em horário de aula; caso isso não seja possível por qualquer motivo, procure um de nossos representantes: Beiça, Oncinha, Sheila, Punha e Dante.

Pra finalizar, vale ressaltar que ocorrerá no 46º Congresso Brasileiro de Geologia mais uma reunião do Fórum Nacional de Cursos de Geologia e seria ótimo ver a sala cheia de alunos interessados em prezar pela qualidade de nossos profissionais! A reunião será dia

Agradecimentos: Ao Valdecir e à Lua, por sempre mostrarem-se dispostos e acessíveis às nossas conversas e pelo total apoio e ajuda à divulgação do tema e à elaboração des-se texto! À equipe da Substrato, que também abraçou à causa e aos colegas de ENEGE, Barbariza (UFMG), Oncinha e Sheila por também levarem o tema adiante, ajudando na briga e na organização de tudo!

Fontes: Janasi, V.A. (2012) – O Ensino de Graduação em Geociências no Brasil: Avaliação e Perspectivas. Documento inédito, elaborado à pedido da SBGeo (Sociedade Brasileira de Geologia), SBGf e SBGq.

Fantinel, L.; Janasi, V.A.; Assis, J.F.P.; Alecrim, J.R.; Almeida, H.L.de; Compiani, M.; Concei-ção, R.; Duarte, B.P.; Fauth, G.; Fonseca, V.P.da; Fortes, P.; Leite Júnior, W.B.; Mancini, F.; Menezes, M.G.de; Silva, C.H.da; Silva Filho, W.; Velloso, E. (2007) – Diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Geologia e Engenharia Geológica. São Paulo-Campi-nas-Rio Claro: Fórum Nacional de Cursos de Geologia. 14p.

Contamos com vocês!

01 de outubro, segunda-feira, das 13:30 às 18:00, na Sala Terra do Centro de Convenções do Grupo Mendes (Santos/SP). Além desta reunião, ocorrerá também a reunião da ENEGE, por ora prevista para ser realizada no dia 02 de outubro, as 14:00 horas, na Sala Marte. A participação dos alunos da USP é indispensável, já que a sede da ENEGE se faz em nosso Instituto e, infelizmente tem-se notado uma baixa representação de nossos alunos.

Formação geólogo

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Agradecimento especial para o aluno do 1º ano, Érick mota (metimim), pelo envio das fotos.

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Greve nas FederaisUma reação ao descaso público

Há alguns meses o Brasil foi surpreendido com um dos maiores

protestos de professores, alunos e funcionários do Ensino Superior

Federal contra a precariedade do ensino e as péssimas condições de

trabalho. As greves das Federais chamam novamente a atenção

da população para o estado geral das universidades públicas brasileiras e mostram o descaso

de grande maioria da sociedade, principalmente da elite, diante de

uma situação tão lamentável.

As greves começaram no dia 17 de maio e já duram mais de três meses.

Foi iniciada por uma organização de professores da Universidade Federal do Pará e logo no início teve boa aceitação entre as federais de todo o país sendo adotada por mais de 95% das faculdades. A luta é em busca de melhores salários, melhor infraestrutura e por uma reestruturação da carreira dos professores. E a maioria dos profissionais que preferiram não aderir à greve tem outros modos de remuneração, como por exemplo, aqueles que possuem projetos com incentivos da iniciativa privada. Desde o princípio o governo vem tentando incansavelmente entrar em acordo com os grevistas e ao mesmo tempo fechar os olhos do restante da população

EDUC

ÃO

A GREVE PARA OS ESTUDANTES DAS FEDERAIS E PARA A SOCIEDADE

Bruno Macchioni Pereira estudante de geologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná) diz que a greve na universidade teve início no dia 17 de maio e considera válida a iniciativa, porém, concorda em partes com a greve dos professores. Existe sim uma grande parcela dos alunos, ao contrário do que muitos pensam, que dividem do mesmo pensamento que Bruno e buscam benefícios com a greve. É claro que existe aquela parcela de alunos que protestam pelo fim da greve já que a mesma paralisou todas as atividades escolares deixando milhares de alunos com um calendário completamente atrasado. O maior incômodo para esses estudantes é a falta de

Por Gabriela Montenegro (Vads) e Jamine takahashi (sput)

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aulas, mas ainda assim muitos concordam com o movimento. Para aqueles que estão para se formar houve exceções e os professores concordaram em dar aulas. Além disso, há muitos calouros de cursos trimestrais que tiveram apenas um mês de aula e logo a paralisação iniciou-se.

Enquanto o “circo pega fogo”, a população não tem se manifestado como deveria e esse é o cenário mais preocupante. Muitos se dizem contra a greve sem ao menos se informar sobre as questões. Dizem que os professores são preguiçosos ou que a greve é inaceitável, pois o direito de um acaba quando o direito do próximo começa. Entretanto, nesse caso o próximo (os alunos) está também nessa briga. Outra reação que causa medo é a falta de divulgação dos acontecimentos na mídia, demonstrando que cabe a população buscar esclarecimentos.

À ESPERA DE RESPOSTAS

Até o fechamento desta edição a proposta mais recente do Governo Federal era um reajuste mínimo de 25% e o máximo seria de 40% para professores com titulação maior e dedicação exclusiva com aumento a partir de março de 2013. A espera por uma resposta do Estado vai além de negociações sobre reajustes salariais, e o fato de o mesmo continuar com a implantação de programas como o REUNI e o PROUNI deixa claro o quão “perdido” o governo está e como seus planos para a Educação no País estão caminhando na contramão ao o que os movimentos estudantis reivindicam.

O REUNI, programa que prevê o aumento da quantidade de vagas em Universidades Federais, é uma das principais causas da revolta dos movimentos estudantis. A expansão da universidade seria maravilhosa pelo simples fato de que significa uma Universidade para todos (ou pelo menos para uma parcela maior da população), entretanto, é uma expansão que deveria ser guiada primeiramente pela reestruturação total das instituições. Fornecendo maior infraestrutura (professores, laboratórios, melhores salas de aula, etc.) para os alunos

que ali já se encontram. Somente após essa medida poderia haver uma expansão das vagas. O que importa primeiramente é a qualidade e não a quantidade. Expandir sem qualidade serve somente para piorar a situação. E o fato de o governo não fazer nada em relação à precariedade do ensino público, como já dito, é um dos principais motivos das greves.

Já o PROUNI, programa em que o governo fornece bolsas para alunos sem diploma do Ensino Superior em faculdades particulares, é outro grande problema e mostra como jogos de politicagem são mais importantes do que a reestruturação do ensino brasileiro. Estudos mostram que o Estado gasta cerca de três vezes mais com um aluno em uma instituição privada do que com um aluno em uma faculdade pública. Então porque o governo não reinveste todo esse dinheiro nas universidades federais, dando oportunidade para mais dois alunos? A resposta além de triste é simples. É o jogo em que o governo resgata as universidades particulares (beneficiando a classe elitista), pois além de pagar as mensalidades dos alunos, também oferece isenção fiscal. E em

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Greve

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que ao mesmo tempo beneficia a classe mais necessitada dando a oportunidade que muitos não tinham.Entretanto, não é esse o caminho que os estudantes, professores, funcionários e militantes buscam. Essa luta vai muito além de medidas urgentistas para acabar com a greve, a grande maioria dos grevistas buscam, acima de tudo, um local digno de trabalho e de estudo.

INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO

Atualmente os investimentos na área da educação são de 5% do PIB, há projetos engatinhando no Planalto com planos de melhorar essa situação. Como por exem-plo, a utilização dos royalties da extração do petróleo no pré-sal como investimento, o que elevaria em dez anos o valor a 10% do PIB.

Muito do dinheiro mal gasto poderia ser convertido em melhorias para as faculda-des já existentes e para o ensino de base. Mesmo que o governo acredite que seus investimentos são mais que suficientes, a atual situação caótica do ensino, que é refletida na sociedade, mostra o contrário. Por que não oferecer o melhor para a po-pulação? Por que simplesmente enganar o povo com discursos de falsa bondade e deixar uma falsa ideia de boas intenções? Essa é a política em que vivemos; e se mo-vimentos como esse forem ignorados pela população, a situação só tende a piorar. Principalmente porque o maior aliado da política é a mídia; e por esse fato pouco foi discutido sobre o assunto em emissoras, revistas e jornais da massa. Por isso resta à população o interesse de buscar se infor-mar sobre o assunto, de ter novas ideias e de ir atrás de respostas; enfim, de entrar nessa luta.

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Edson Gouveia, aluno da FAU-UFRJ, no ato unificado da Rio+20 que reuniu cerca de 80 mil protestantes.

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Agradecemos o pessoal do movimento Ocupância-UFRJ por ceder a foto da matéria

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Hoje a pauta, umas das pautas do dia, tanto do movimento negro quanto do

movimento estudantil são as cotas raciais. Estes dois movimentos conquistaram

a nível federal uma importante vitória no que tange as cotas raciais com a

aprovação de cotas sociais e raciais nas universidades federais. Entretanto, o tema

é polêmico e uma análise superficial do assunto confunde a grande maioria.

Cotas Raciais

O primeiro aspecto antes de tudo, que deve ser debatido e que hoje a so-

ciedade brasileira constantemente nega, é que somos extremamente racistas e isso é um fator extremamente relevante neste debate, pois é necessário que se compre-enda que negros e brancos não compe-tem em pé de igualdade na sociedade. Por isso, as cotas sociais por si só não são suficientes para solucionar os problemas de desigualdade existentes hoje no país.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 70% da população considerada pobre é negra, enquanto entre os 10% mais ricos, apenas 24% são negros, outro dado do IBGE (2010) é que brancos ganham em média R$ 1.538,00 e negros R$ 834,00, a taxa de analfabetismo em 1992 era de 10,6% para brancos e 25,7 para negros em 2009 5,94 para brancos e 13,42% para negros e segundo o IPEA, no ano de 1992, apenas 1,5% dos jovens negros estavam na universidade, em 2009, eram 8,3%, entre os jovens brancos, as matrículas triplicaram no mesmo período de 7,2% para 21,3%.

A pergunta que fica é o porquê deste abis-mo entre brancos e negros, a resposta é clara, ainda alimentamos as ideologias im-postas durantes os quase 400 anos de es-cravidão e além disso o estado nunca pro-piciou políticas específicas para a inserção do negro na sociedade, mesmo depois de mais de cem anos após a sua abolição. Esta é uma dívida histórica que possuímos e como pagar?

As cotas hoje representam a melhor política a ser adotada. Alguns podem rebater que é imediatismo, sim é! Os negros necessitam de uma ação imediata para reparação, não podemos esperar mais que algumas gerações de jovens negros não tenham acesso à universidade até que a educação de base melhore para que brancos e ne-gros possam concorrer com pé de igualda-de na sociedade. A própria ONU no Bra-sil reconhece a adoção de políticas que possibilitem a maior integração de grupos cujas oportunidades do exercício pleno de direitos têm sido historicamente restringidas, como as populações de afrodescendentes,

indígenas, mulheres e pessoas com defici-ências.Um aspecto que constantemente é levan-tado por aqueles que são contra cotas é a questão sobre a diminuição da qualida-de das universidades. Entretanto, os dados desmitificam este mito. Em todas as univer-sidades onde as cotas foram adotadas, os alunos cotistas costumam ter notas maiores que a média, além disso, a própria greve das federais demonstrou este ano, que a precarização deve-se a ausência de inves-timentos na educação, que faz com que as salas de aulas estejam lotadas e as univer-sidades não possuam infraestrutura para o seu funcionamento e não pela política de implementação das cotas.

E para aqueles que dizem esta política só aumentaria o racismo, gostaria de finalizar o texto com a frase que a professora Adriana Alves da USP nos falou certa vez “ Os ne-gros suportam muito racismo todos os dias, creio que suportariam mais um pouco para ter seu sonho de acessar a universidade re-alizado”.

A polêmica reaparecePor Beatriz Yuri Benetti Silva (Entubada)

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Mesmo entre a comunidade Uni-

versitária, composta por professores, estu-dantes, funcionários e técnicos dos diversos institutos e departa-mentos, as opiniões são divergentes, os-cilando entre aque-les que se opõem e aqueles a favor do investimento privado na universidade.

Investimento Privado na universidade Pública

Tendo sido alvo de muitas polêmicas, a

entrada de capital privado como

financiamento da Universidade Pública mostrou-se um tema

bastante amplo, podendo ser analisado

através de uma série de pontos de vista e

princípios ideológicos.

Por se tratar de um tema que contempla o próprio perfil que a universidade está interessada em transmitir, faz-se necessária sua discussão por parte de todos os envolvidos, devendo ser considerados até aspectos estruturais como a própria ideia de Universidade Pública e seu papel na sociedade.

O termo público remete à ideia de algo de natureza coletiva ou de uso comum e em seu sentido literal,do latim Publicus, refere-se ao que pertence ao povo, que em tese é representado pelo Estado em uma so-ciedade democrática. Já o Estado, por sua vez, seria responsável pela administração dos recursos arreca-dados pelos impostos para convertê-los em benefícios para a sociedade. Dessa maneira, a Universidade, como qualquer órgão público sem fins lucrativos, teria como principal finalidade a prestação de serviços à sociedade que a mantém.

Sob essa perspectiva é possível entender a Universi-dade Pública como sendo do povo e para o povo, devendo servir assim a sociedade de diversas formas e aspectos, que não se limitam à formação intelec-tual de poucos indivíduos, mas sim do impacto que esses terão na sociedade como um todo, assim como o impacto direto ou indireto do conhecimento teóri-

co ou aplicado produzido dentro da Universidade. Também são exemplo de serviços, a criação e manutenção de museus e bi-bliotecas abertos ao público e o acesso das pessoas a esses bens de uso comum. Ainda com relação ao papel da Universidade na sociedade, este seria o de transformá-la de ma-neira a garantir uma melhoria nas condições de vida das pes-soas, seja pelo desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias, ou de paradigmas econômico/sociais, ou ainda pelo avanço de áreas do conhecimento puro, que abrem novas possibilidades e caminhos que um dia possam ser utilizados.

Todavia, para a compreensão da Universidade de São Paulo, ou de outras universidades públicas brasileiras, é importante lembrar que todas são tão ideais quanto a sociedade da qual fazem par-te. Desta maneira todas sofrem com uma série de problemáticas que permeiam desde a maneira pouco democrática como se dá o acesso a essas instituições até a falta de professores, laborató-rios, materiais dos mais diversos e investimento de toda espécie, ou melhor, investimento público, destinado a um bem público. Deste modo, não restaria alter-nativa para a universidade se-não apelar para investimentos

Por Erika Shumacher (Grelinho) e Lucas Inglez (Frotta) 16

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de caráter privado, de maneira a suprir suas necessidades econômicas. Uma das maneiras pelas quais se da a rela-ção do público com o privado nas universi-dades é o estabelecimento de Fundações Privadas no espaço universitário. Essas Fun-dações são entidades, teoricamente sem fins lucrativos, constituídas por professores e fiscalizadas pelo Ministério Público do Es-tado que utilizam a estrutura física e muitas vezes a própria imagem da universidade para fins privados, realizando consultorias a empresas e oferecendo cursos pagos.Aqueles que criticam a atuação das Fun-dações afirmam que estas competem com os interesses públicos da Universidade, uma vez que, por remunerarem melhor e ofe-recerem melhores condições de trabalho aos professores, estimulam esse a dedica-rem mais tempo e energia as suas pesqui-sas dentro das Fundações, onde os proje-tos são direcionados para os interesses do mercado. Por outro lado, há aqueles que afirmam que as Fundações são necessárias para evitar burocracias e para a captação de recursos que são revertidos para a uni-versidade pública.

De fato muitas pesquisas e laboratórios são financiados pelos recursos captados por essas entidades que oferecem muitas ve-zes bolsas de pós-graduação a estudantes e certas áreas. Contudo, justamente pelo fato de arrecadar grande quantidade de recursos, muitas Fundações se tornam in-fluentes, podendo direcionar ou privilegiar atividades mais atrativas para o mercado.

O aluno de doutorado José Menezes, em entrevista para o jornal online “A nova De-mocracia” afirma: “As fundações come-çam a oferecer bolsas de pós-graduação, mas com uma transgressão grave: estão transformando o orientando em mão-de-o-bra barata, atrelando sua pesquisa, que de-veria ser livre e autônoma, a prestação de serviços às empresas privadas”.

De fato, o tema apresenta acentuado grau de complexidade, podendo ser correlacio-nado a inúmeras outras problemáticas en-frentadas pelas Universidades e que estão ligadas às políticas nelas implementadas já há muito tempo. Para quem de fato é pen-sada e estruturada a Universidade Pública? Este é um questionamento fundamental a ser feito para que se reflita sobre o grau de elitização em que se encontra o ensino su-perior o qual resultado direto do Funil sócio-econômico imposto pelo vestibular e sobre o apartamento da Universidade da socie-dade à qual deveria servir e como tendên-cia as privatizações de diversos setores têm papel fundamental nesse processo.

Desta maneira fica claro que muito há ain-da o que se debater e pensar a respeito do assunto, procurando sempre manter o espí-rito crítico para que possamos nos equipar com a melhor arma de todas, o livre pen-samento, essencial para nos posicionarmos diante de questões que concernem não apenas a comunidade universitária, mas a sociedade como um todo.

Público Privado?

Investimento nas IES públicas

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A evolução do papel ocupado pelas universidades públicas na sociedade pode ser mais bem compreendida se considerada dentro do cenário político em que se desenvolviam.

Ditadura miltar|

Década de 90 e os dias

de hoje|

Populismo e Federalismo|

A ampliação do ensino superior público, bem como a criação das universidades federais, teve maior destaque durante a fase do populismo e federalismo do fim do governo de Getúlio Vargas, com o aumento da necessidade de estímulo à formação profissionalizante de docentes e pesquisadores foram criadas agências governentais de apoio à pesquisa como a CNPq e a Capes, e ainda a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

Com o golpe militar ocorreram mudanças no setor da educação, das quais se destaca a Lei nº. 5.540/68, ou chamada “Lei da Reforma Universitária”, dentre algumas das mudanças estão a concentração das faculdades em universidades, e a criação do sistema de créditos por disciplinas. A partir da década de 60 iniciou-se um processo de privatização no ensino, com incremento na criação de universidades particulares entre as décadas de 80 e 90.

Resulta deste fato que a USP e as outras universidades mantidas por recursos estatais estão longe de serem democráticas e autônomas, o que é intensificado com o crescimento da participação de fundações privadas em sua estrutura.

Quadro Histórico

A década de 90 é caracterizada pela reforma educacional baseada na Lei de Diretrizes de Base (LDB) e entrada de recursos não-públicos para manter as atividades da universidade, como decorrência do incentivo às privatizações, principalmente durante o governo de Fernando Henrique Cardoso – período em que houve aumento no número de fundações privadas nas Instituições de Ensino Superior (IES) públicas devido à falta de verba destinada às mesmas. A reforma prossegue mantendo a legitimação das fundações durante o século XXI até os dias de hoje, de modo a tentar fazer ajustes e melhorias para recuperação do ensino público.

Investimento Privado na universidade Pública

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O Congresso vem chegando aí e a província caiçara mais antiga do país será a sede da

geologia brasileira por uma semana. Por esta ser uma ci-

dade tão curiosa, com costu-mes tão peculiares, este guia

foi feito a fim de que a sua estadia seja inesquecível...

Primeiramente, você precisa aprender a se localizar na cidade, como todo bom geólogo. Um bom método é você ter

como base a praia e o centro, inversos um do outro. Ligando a praia ao centro estão

grandes avenidas (Conselheiro Nébias, Ana Costa, etc) e os CANAIS (lembrem-se disso), nomeados de CANAL 1, CANAL 2 e até o CANAL 7, são as ruas que li-gam as pessoas (e a água, claro) do centro à praia. O Canal mais a oeste é o 1, mais perto de São Vicente, e mais a leste é o 7, mais perto do Guarujá. Dividindo a cidade em duas, tem a Avenida Francisco Glicério, de direção E-W (avenida onde está o Mendes Convention Center, local do Congresso!) e essa avenida ao cruzar com o Canal 3 vira Av. Afonso Pena. Outra avenida importante é a da praia, que tem três nomes, mas é a mesma coisa (Pres. Wilson, Vicente de Carvalho e Bartolomeu de Gusmão) Fig 1.

LOCALIZAÇÃO

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Especial 46ºCBG

Guia de Sobrevivência

CaiçaraPor Leonardo Brenguere Leão Lopes (Traveka)

BARES E RESTAURANTES

Na cidade tem muito bar e muito restauran-te. Como toda cidade grande, possui vários McDonalds e Subways espalhados pela ci-dade, além de postos, e sim, temakerias! Em Santos tem mais temakerias do que bicho geográfico na praia!O pós-balada mais tradicional (e lotado) de Santos é o McDonalds da praia, situado na Av. da praia entre o Canal 5 e 6, é a co-queluche da juventude caiçara em seus momentos de larica. Palco de cenas ines-quecíveis (gente bêbada subindo no bal-cão, etc) é destino certo de geólogos em

busca de alimento e azaração na madru-gada (wtf).Perto do local do Congresso, há bares bons também. Dentro do Mendes Convention Center (MCC), há uma choperia (incrível né), a Black Jaw, é sofisticada e despojada, o preço parece ser salgado (um dos moti-vos pelo qual a comissão da Substrato não bancou uma degustação de seu enviado em Santos). Em frente o MCC, de esquina, há o Butequim Santista (Av. Francisco Gli-cério, 343), esse com preços mais baixos e com servidas porções, é um velho conhe-

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Guia de Sobrevivência

Caiçara

Figura 1: Localização dos canais 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

20Santos no 46ºCBG

cido dos santistas que procuram qualidade com preço justo, é uma boa pedida para as noites (tardes, quiçá manhãs) em que beber perto do Congresso fará a diferença. Outro bar atrás do MCC é o Bar do Léo (Rua Pedro Américo, 160, rua exatamente atrás do Congresso), parece ter uma cara mais de buteco. Ainda há, perto do Canal 3 e da praia, a rua Azevedo Sodré, com bares chiques que merecem ser visitados. Terça-feira rola (ou rolava pelo menos) chopp duplo no Santos Chopp (Rua Azevedo Sodré 76, Boqueirão), ganhador de mil prêmios de melhor cho-pp, é um chopp Brahma muito bom e ge-ralmente bem cheio. Na mesma rua, tem o Bistrô Beer (na esquina do Santos Chopp),

que possui um chopp Heineken bom, mas é um pouco mais caro. Não deixem de passarem um dia também pela Rua da Paz em Santos, situada para-lela a LESTE do C3, é uma rua que têm mui-tos bares (Badovic, Heinz, Trajano, etc) e Te-makerias e Sushi, o povo fica na rua e é tudo muito legal.

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“LEMBREM-SE DE SEMPRE PEDIR DESCONTOS E DIZER QUE ESTAO NA CIDADE PARA UM CONGRESSO”

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Uma balada bem legal, que fun-ciona quinta, sexta, sábado e do-mingo, é o Moby Club (http://www.moby.com.br/), de frente pra praia, entre a Conselheiro Nébias e o C3, é acessível e tem nome na lista tam-bém, quase sempre lota. Rola pop rock de sexta e de resto pagode ou sertanejo.Tem Rock ‘N Roll em Santos?! Claro! Perto do Congresso, na Rua Mare-chal Deodoro, 110, existe o Studio Rock Café (http://www.studiorock-cafe.com.br/), que mistura bar com estúdio, é um lugar muito agradável, todo decorado com temas do rock. Trata-se de um estúdio, que funcio-na na parte da manhã e tarde, a noite há o bar e as bandas tocam no estúdio e o som é mixado e re-produzido nas caixas. É uma experi-ência legal, sempre rola bons covers e shows de bandas. O preço num é dos mais acessíveis, mas entrem no site e mandem nome pra lista, que dá desconto. Tem de tudo pra be-ber e comer e é um lugar que você vai visitar, tanto pelo rock como pela distância (5 min a pé do Congresso).Além do Café Central, já dito aci-ma, há o Bar Torto (http://www.torto.com.br/, Av. Siqueira Campos 800, Lj. 5), que fica no Canal 4 com a Praia, é um palco e dois andares de am-biente, com um preço mais acessível que toca MPB, rock e afins. Por uma entrada de 10 reais e a cerveja não muito cara, é um bom local também pra geologada ouvir um bom som.

BALADAS E MÚSICA AO VIVO

Figura 2. Rua XV de Novembro - Marcelo Martins

Santos no 46ºCBG

No centro histórico de Santos, a chamada Rua XV de Novembro, abriga uma série de baladas, desde bailes funk, sertanejo e pa-gode, até o mais alto nível do eletrônico. Seria bom todos conhecerem também. São várias baladas próximas umas da outra, os preços geralmente são acessíveis, outras são mais salgadas, aconselho a todos pro-curarem antes os sites e os nomes na lista, que faz muita diferença.

Higher (http://www.higherclub.com.br/web/); Bikkini Barista (http://www.bikkini-barista.com.br/); Café Central – Essa tem ROCK N ROLL DUBOM! (http://cafecentral-santos.blogspot.com.br/); Vanity (www.vanityhouse.com.br), Allure (http://www.allurecafe.com.br/#!allure), Typographia, Balacobaco, etc.

Outras opções na XV são mais acessíveis e lembrem-se de sempre pedir descontos e dizer que estão na cidade para um con-gresso que dá pra negociar.

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Figura 3: Por do Sol em Santos - por Lea Leal

No mesmo Canal 4 (Av. Siqueira Campos 628, http://www.cheerspub.com.br/) há ainda o Cheers Pub, um pub estilo Londrino, com cervejas importadas, que rola um som ao vivo, com covers de clássicos também, o preço é acessível e vale a pena conferir também.Pra quem fica no Guarujá, há também boas baladas, a Lucky Scope (http://www.luckys-cope.com.br/, perto de Guaiuba) e a ba-lada do Silvio Santos, Yellow (http://yellow.mfranzao.com.br/, na praia de Pernambu-co, MA MA OE), são mais salgados os pre-ços, mas vale a pena pra quem estiver pelo Guaru.Em Praia Grande, o Santo Canto (http://www.santocantobar.com/) toca um serta-nejo ou pagode e tem um pessoal (mais ou menos) bonito.

PRAIAS

As praias são também um excelente lugar pra se divertir. Futebol, futevôlei, frescobol, barraquinhas de praia, cooler com breja gelada, enfim, ficar na praia jogando papo fora e ver um por do sol são coisas que o

geólogo também gosta. A praia de Santos, apesar de mudar de nome, é uma só. Pa-rem com a frescura que a água é suja, é pela granulação fina dos sedimentos costei-ros (silte arenoso fino a areia siltosa média) que a água fica com uma cor mais barren-ta, mas não dá nada, conheço gente que nada há mais de 22 anos naquelas águas e não tem sequelas (ou tem?). Conheçam também o emissário, reformado agora, com pista de skate e museu do surf, é um lugar muito bom pra ver o por do sol e as intrusões graníticas que predominam na cidade, ele fica na praia perto da divisa entre Santos/São Vicente (aquele braço de continente mais a SW no mapa).Outro lugar BEM legal também é o Aquário de Santos, fica na praia, perto do Canal 6, tem uma infinidade de peixes, pinguins, leão marinho (muito famoso na cidade inclusive) e para quem gosta vale muito a pena co-nhecer, que o Aquário tá todo reformado e é tipo um orgulho da cidade tê-lo. O preço é bem acessível (em torno de 5 reais pra es-tudante).

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Page 24: Substrato

“PELA GRANULAÇÃO FINA DOS SEDIMENTOS COSTEIROS (SILTE ARENOSO FINO A AREIA SILTOSA MÉDIA) QUE A ÁGUA FICA COM UMA COR MAIS BARRENTA, MAS NÃO DÁ NADA”

A praia de Santos é bordeada por uma ciclovia, então CUIDADO pra entrar na orla, já vi muito desavisado (sóbrio) sendo atropelado e causando um papelão danado. Cuidado também ao andar a noite pela praia, Santos num é uma cidade onde não há violência, mas também num é o Rio de Janeiro. Fique esperto!

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Figura 4: Aquário de Santos

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DICAS FINAIS24

Santos no 46ºCBG

Enfim geólogos, a cidade de Santos é uma delícia, cara. Espero que vocês possam conhecer um pouco das coisas que quem vive em santos pode

vivenciar sempre. Claro que tem muito mais coisas pra conhecer, como pas-seios históricos e casas de diversão adulta, mas acho que com essas dicas de localização e os locais sugeridos, a semana tá cheia de opções.

Fiquem ligados nas programações do próprio Congresso e do luau que está sendo organizado pela primeira turma de Geologia da Unimonte (particular de Santos), que será na quarta feira na Praia de Santos em frente a Conselheiro Nébias.

Lembrando, vocês são geólogos: perguntem, informem-se e descubram San-tos. Qualquer dúvida, pergunte a um caiçara e nos vemos no CONGRESSO

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46o Congresso Brasileiro de geologia

Veja o resumo de alguns dos trabalhos que serão apresentados

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Proveniência da unidade da Serra da Boa Vista do Sistema de Nappes Andrelândia, Orógeno Brasília meridionalGabriella Labate Frugis1, Mario da Costa Campos Neto1

1 IGc-USP

Um sistema de nappes do Ediacarano de-fine a margem orogênica sul do Cráton do São Francisco e corresponde a extensão meridional do Orógeno Brasília. Dessa pilha alóctone o Sistema da Nappes Andrelândia, dominantemente metassedimentar, carac-teriza-se por um padrão metamórfico inver-tido, de alta pressão, da fácies anfibolito em presença de estaurolita, a fácies granulito com cianita e feldspato pertítico. Organi-za-se em três nappes, das quais na Nappe Andrelândia, basal, pode-se mapear, regio-nalmente, três unidades litoestratigráficas: mica xistos pelíticos a cianita e granada na base - Xisto Rio Capivari; metawackes da unidade Xisto Santo Antônio, espesso paco-te intermediário de granada-biotita-plagio-clásio-quartzo xisto homogêneo; sequência de mica xistos pelíticos alternados com mus-covita-quartzo xistos e com quartzitos lenti-culares da unidade superior Xisto Serra da Boa Vista.

A unidade Xisto Serra da Boa Vista, na área-tipo, corresponde a um pacote com espessura aparente mínima de 800m. É definida por um nível metapsamítico basal de muscovita quartzito e muscovita-quartzo xisto, (com aglomerados decimétricos de cianita porfiroblástica), que passam, em direção ao topo, a rutilo-cianita-granada-

muscovita xisto, com biotita e localmente estaurolita. Lentes de quartzito, com espessura métrica à dezenas de metros ocorrem por toda coluna.

As idades U-Pb por LA-ICP-MS, com uma concordância de 100% ±10, obtidas em cerca de 60 cristais detríticos de zircão de uma amostra de micaxisto, são dominantemente do Mesoproterozóico, com predomínio de dados no Esteniano-Ectasiano (ca. 1,0-1,3 Ga). Subordinadamente ocorrem cristais de zircão com idades no Paleoproterozóico Estateriano e no Neoproterozóico Toniano. Sobrecrescimentos metamórficos, quando passíveis de análise, indicam idade de ca. 610 Ma. Dados isotópicos Sm-Nd em rocha total e Lu-Hf nos sítios analisados dos cristais de zircão serão realizados.

A ausência de dados no Arqueano e no Pa-leoproterozóico Riaciano-Orosiriano sugere que os sedimentos desta unidade superior da Nappe Andrelândia não foram prove-nientes da placa Sanfranciscana (Cráton do São Francisco). O soerguimento e erosão de rochas de uma faixa orogênica grenvi-liana, no interior do sistema orogênico Brasi-liano, foi a área fonte mais provável para os sedimentos desta unidade.

PALAVRAS CHAVE: Sistema de Nappes Andrêlandia, idades U-Pb zircão, proveniência sedimentar

Resumo:

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Paleocorrentes da Formação Marizal na sub-bacia do Tucano CentralCristiano Padalino Galeazzi1; Renato Paes de Almeida1; Bernardo Tavares Freitas1; Felipe Torres Figueiredo1; Simone Campos Carrera1; Bruno Boito Turra1; André Marconato1

1 IGc-USP

A Bacia do Tucano localiza-se na região leste do Brasil, no estado da Bahia e compõe o rifte do Recôncavo-Tucano-Jatobá (R-T-J), que corresponde a um rifte abortado relacionado à quebra do Gondwana ocidental e abertura do Oceano Atlântico Sul. Nesse contexto as formações São Sebastião e Marizal representam o preenchimento eocretácico dominado por depósitos fluviais – com campos de dunas, lagos e leques aluviais subordinados – predominante nas bacias do Tucano e de Jatobá em relação às demais unidades reconhecidas no rift do R-T-J. São interpretadas atualmente como unidades sin- e pós-rifte, respectivamente. Estudos prévios dos depósitos fluviais eocretácicos na Bacia do Tucano, de orientação N-S, descreveram paleofluxo axial oriundo de norte. Nossos dados preliminares corroboram a existência de

um padrão axial do sistema de drenagem da Bacia do Tucano durante boa parte do Neocomiano (Fm. São Sebastião) e do Aptiano (Fm. Marizal). No entanto também foi identificada contribuição transversal em depósitos fluviais da unidade aptiana na sub-bacia do Tucano Central. O potencial de preservação de sistemas fluviais axiais em relação aos transversais vêm sendo objeto de amplo debate. O reconhecimento do domínio de padrões distributários em bacias subsidentes, geralmente transversais ao maior eixo da bacia, têm levado ao questionamento dos modelos consagrados em que o maior potencial de preservação seria dos sistemas axiais. Dessa forma estudos detalhados de paleocorrentes dos depósitos aluviais da Bacia do Tucano podem constituir importante contribuição ao tema.

Resumo:

PALAVRAS CHAVE: Bacia do Tucano, Formação Marizal, Formação São Sebastião, Paleocorrentes, depósitos aluviais, depósitos fluviais, Aptiano, Neocomiano

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A participação da comunidade no gerenciamento de riscos geológicos Ronaldo Malheiros Figueira1,2; Erica Akemi Goto3

1 PMSP/COMDEC; 2 UNISANTANNA; 3 IGc-USP/LIGEA

Dentro do processo de gerenciamento de riscos geológicos a participação da comu-nidade localizada nas áreas de riscos geo-lógicos torna-se necessária e importante, principalmente quando está organizada dentro de um Núcleo de Defesa Civil – NU-DEC e passa a integrar o Sistema Municipal de Defesa Civil. Neste sentido, o presente trabalho apresentará todas as estratégias e procedimentos adotados dentro do projeto desenvolvido pela Defesa Civil do Município de São Paulo. Metodologicamente o projeto foi desenvolvido em quatro etapas: Diagnós-tico, Mobilização, Capacitação e Monito-ramento participativo do risco. A etapa do diagnóstico determina a comunidade onde o projeto será desenvolvido e mapeia a sua organização, sendo que o processo de es-colha das comunidades tem como base o Mapeamento das Áreas de Riscos Geológi-cos desenvolvido no Município de São Paulo pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT no período de 2009/2010 priorizando os seto-res de risco alto (R3) e muito alto (R4). O ma-peamento da organização da comunidade é realizado a partir do contato com os mo-radores e as lideranças comunitárias, além do levantamento de ONGs, centros culturais, equipamentos públicos de educação, igre-jas e equipamentos esportivos existentes na região da comunidade escolhida. Na etapa de mobilização busca-se identificar o conhe-cimento prévio dos moradores sobre o local onde moram e os problemas que o afetam a partir de estratégias de percepção ambien-tal. Outro fator importante é a determinação do grau de articulação da comunidade, pois direcionará as estratégias adotadas na etapa de capacitação com a priorização da articulação da comunidade caso seja

PALAVRAS CHAVE: Gegenciamento de riscos geológicos, NUDECs

Resumo:necessária. Na etapa da capacitação os conhecimentos prévios dos moradores deverão ser considerados para o planeja-mento dos conteúdos e atividades desen-volvidas com destaque para os princípios de defesa civil, percepção de risco e o monitoramento participativo. Nesta etapa serão priorizadas atividades práticas e cul-minará com a realização de um simulado. O monitoramento participativo constitui a ultima etapa e efetiva a participação da comunidade no gerenciamento dos riscos geológicos e a integrará as ações de mobi-lização do Plano Preventivo de Defesa Civil – PPDC – Chuvas que tem com período de operação 01 de novembro a 15 de abril. Este monitoramento possibilitará o estabe-lecimento de um fluxo de comunicação com a Defesa Civil e a implantação de um sistema de alerta com a utilização de um pluviômetro de PET (adaptado para a ci-dade de São Paulo a partir de um modelo desenvolvido pela cidade de Petrópolis lo-calizada na região serrana do estado do Rio de Janeiro). Este sistema possibilitará além da mobilização da comunidade em função do grau de criticidade um rápido acionamento da defesa civil que coloca-rá em prática os procedimentos do PPDC. Depois das quatro etapas será implantado um processo de avaliação que possibilita-rá os ajustes necessários e principalmente o planejamento de ações que garantam a permanente articulação e o envolvimento da comunidade também nos períodos en-tre os PPDCS- Chuvas através de um plano de ação com atividades que vão desde reuniões, mutirões de pequenas obras, ca-pacitações, simulados e etc.

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Geoconservação das tufas calcárias da Serra da Bodoquema, Mato Grosso do Sul, BrasilJuliana Freitas da Rosa1; Andrei Stona de Almeida1

1 IGc-USP

O presente trabalho tem por objetivo pro-mover a divulgação científica das tufas cal-cárias da região da Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul, com enfoque maior nos atrativos turísticos dos municípios de Bo-doquena e Bonito. Em alguns atrativos, há placas explicativas dos processos geológi-cos, mas são poucas e insuficientes diante do potencial geoturístico existente. No caso específico das tufas calcárias, a lacuna é ainda maior. As tufas calcárias são rochas sedimentares formadas por precipitação de calcário em meio ao crescimento ve-getal, musgos, algas, moluscos entre outros. Por conta das cabeceiras dos rios estarem em áreas de rochas carbonáticas muito pu-ras, a água, por ser rica em carbonato de cálcio e praticamente sem materiais em suspensão, é límpida, o que atrai o turismo nessas regiões. Por vezes, restos orgânicos, como troncos de árvores, são incorporados nas tufas fazendo uma barragem natural, alterando o trajeto do rio, sendo que a sazo-nalidade da região faz com que nas cheias o rio transborde a barragem formando uma cachoeira, que pela precipitação de cal-cário volta a crescer originando outra bar-ragem, formando assim um ciclo que be-neficia toda região. Mesmo que a Serra da Bodoquena seja formada por um grande pacote sedimentar de rocha cálcio-dolomí-tica, as tufas correm risco de terem seu cres-cimento interrompido por poluição dos rios e mudanças de suas condições biogeoquí-micas, às quais o desenvolvimento das tufas encontra-se associado. Umas das grandes atrações são os balneários, onde em 2010 foram realizados quase 36 mil visitas, sendo assim, para manter o rio passando por suas propriedades, muitas barragens naturais são destruídas fazendo com que mais a jusan-

PALAVRAS CHAVE: TUFAS, GEOCONSERVAÇÃO, GEOTURISMO.

te ocasione enchente em determinada re-gião e seca em outra. Outro atrativo mui-to procurado é o Passeio de Bote, que em 2010 passou de 41 mil visitantes, dados estes retirados da Secretaria Municipal de Desen-volvimento Agrário, da Produção, da Indús-tria, do Comércio e do Turismo de Bonito (MS), sendo que a falta de conhecimento também pode gerar a destruição dessas barreiras naturais. Por esse e outros motivos faz-se necessário uma maior atenção nas tufas calcárias, através da divulgação cien-tífica e educacional por meio de painéis, folhetos, cursos para os guias turísticos e a conscientização dos donos de balneários. A geoconservação aplicada nesses municí-pios abre caminho a um novo seguimento turístico, o Geoturismo. Este se trata de uma atividade que prioriza a divulgação cien-tífica de conceitos geológicos bem como o desenvolvimento de projetos educacio-nais tendo em vista a efetiva participação e benefício das comunidades. Com esse segmento, mesmo em baixas temporadas, pode ter visitas monitoradas agendadas por escolas de ensino básico, técnico e su-perior, aumentando a economia da cidade e de seus habitantes. Atualmente na região há a implantação de uma rede de sítios ge-ológicos passíveis de geoturismo, chamado de Geopark Bodoquena-Pantanal. Assim, com informações acessíveis sobre as tufas calcárias e suas relações com a qualidade da água, pretende-se abrir discussão para uma futura informatização com equipa-mentos eletrônicos móveis conectados à rede, possibilitando a criação de aplica-tivos com informações geoturísticas, para enfim utilizar a modernidade a favor da ge-oconservação.

Resumo:

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Características Físicas e Químicas dos Riolitos tipo Santa Maria (Província Magmática Paraná) na região de Gramado Xavier, RSLetícia Freitas Guimarães¹, Valdecir de Assis Janasi1, Liza Angélica Polo1

1 IGc-USP

Os riolitos tipo Santa Maria, aflorantes na re-gião de Gramado Xavier, RS, caracterizam-se por rochas hipohialinas a holohialinas constituídas por microfenocristais e micro-cristais de labradorita, pigeonita e Ti-mag-netita em matriz vítrea. As rochas comumen-te estão afetadas por desvitrificação, nestes casos apresentando textura granofírica.

Apresentam teores de SiO2 entre 71% e 73% e de TiO2 de 0,65% a 0,71%. Do ponto de vis-ta estrutural, tais rochas são marcadas pela presença de bandamento e dobras de flu-xo magmático, além de estruturas lobadas com borda vítrea, disjunções de resfriamen-to e vesículas comumente estiradas segun-do o fluxo magmático.

Estudos de termometria baseados em sa-turação de apatita permitem inferir para o magma gerador destes depósitos tempera-turas da ordem de 970ºC. Estimativas do teor de H2O obtidas a partir dos teores de An no plagioclásio indicam teores iniciais variando de 3,3% a 3,6%, alcançando um teor médio de 2,5% quando da cristalização dos micro-cristais, que se infere ter ocorrido a ~0,5 kbar.

PALAVRAS CHAVE: RIOLITOS, PROVÍNCIA MAGMÁTICA PARANÁ

Resumo:

A ocorrência de feições de reabsorção as-sociadas a zoneamentos inversos nos micro-fenocristais de plagioclásio evidenciam que a fase inicial de cristalização foi afetada por desequilíbrio físico-químico. Entre as possíveis causas podem ser consideradas a entrada de água no sistema ou o aumento da tem-peratura, que poderia refletir a chegada de um novo pulso de magma ou a liberação de calor latente de cristalização durante a as-censão do magma.

A viscosidade dos magmas foi estimada em 104Pa.s, valor relativamente baixo para com-posições riolíticas, em função da sua eleva-da temperatura. A microvesiculação, ou até mesmo sua ausência, pode ser indicativa de uma ascensão rápida que, associada à vis-cosidade, não permitiu completa exsolução e acúmulo de água, favorecendo a ocorrên-cia de erupção efusiva. Entretanto, a baixa velocidade de efusão desta lava, quando comparada à de lavas basálticas, é respon-sável pela ocorrência dos corpos vulcânicos com estruturas dômicas e/ou lobadas obser-vados na área de estudos.

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Caracterização Petrográfica e Geoquímica dos Calcretes da Formação Xaraiés (Mato Grosso do Sul)Caio dos Santos Pereira1; Paulo César Boggiani1.1 IGc-USP

Calcretes são importantes componentes de depósitos carbonáticos fluviais, lacustres e marinhos-rasos com diversos e variados registros antigos e modernos. O presente trabalho consistiu no levantamento de se-ção de calcrete da Formação Xaraiés na localidade onde foi originalmente definida por Fernando de Almeida, na escarpa de Corumbá- Ladário (Mato Grosso do Sul), na borda do Pantanal com coleta de amos-tras para petrografia e análises de isótopos de C e O. Esta formação tem sua gênese associada à subsidência da Bacia do Pan-tanal, que, provavelmente, no início do Pleistoceno recebeu a deposição de sedi-mentos lacustres e palustres. Associada às áreas elevadas na borda oeste da bacia, a Formação Xaraiés apresenta calcretes do tipo pedogênico e freático, havendo uma comum sobreposição dos mesmos tipos em alguns locais. Na seção levantada, pôde-se observar as evidências macroscópicas de um perfil de calcrete com todos os seus horizontes, da base para o topo: a) hospe-deiro (calcários e folhelhos da Formação Tamengo – Grupo Corumbá); b) transicional – caracterizado por fraturas preenchidas por calcita; c) maciço (hardpan), sendo este extremamente resistente, nodular ou laminar, geralmente endurecido e, por fim, f) pulverulento, essencialmente micrítico e que grada para o perfil de solo. Análises tex-

turais de seções delgadas de amostras da Formação Xaraiés confirmam as caracterís-ticas em geral pedogenéticas deste mate-rial, sendo que se pode classificá-lo como um calcrete predominantemente do tipo α (associado a eventos com baixa influência de vida), e localmente como tipo α (onde a atividade biológica controla a estruturação final do calcrete) demonstrando a predomi-nância de micrita, raras ocorrências de bio-clastos e praticamente ausência de feições biogênicas (estruturas septais alveolares, orifícios de raízes e rizólitos). Estas evidên-cias reforçam a ideia da predominância dos processos freáticos na gênese dos cal-cretes, principalmente devido à presença de clastos de quartzo sendo rompidos pelo crescimento de cimento carbonático. Os valores de isótopos de C e O variam entre - 4,51 e - 7,70 ‰ (α13 CPDB) e entre - 4,22 e - 9,70 ‰ (α18 OPDB), sendo estes mais nega-tivos do que normalmente esperado para calcretes, o que pode indicar influência de infiltração das águas de chuvas, geralmen-te mais negativas em isótopos de C e O. Os dados isotópicos são condizentes com gênese em ambientes semi-áridos a áridos, com fracionamento típico de plantas do ci-clo metabólico C4, porém com distribuição diferenciada entre carbonatos continentais interpretados como paludais, transicionais e calcretes pedogenéticos.

PALAVRAS CHAVE: CALCRETES; QUATERNÁRIO; CARBONATOS CONTINENTAIS.

Resumo:

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Roteiro Geotúristico-Didático nas trilhas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo PicinguabaRachel Prochoroff1, Priscila L. A. Santos1, Maria da Glória M. Garcia1

1 IGc-USP

O Núcleo Picinguaba do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) está localizado no município de Ubatuba, no litoral norte do Estado de São Paulo e faz a conexão entre outras duas unidades de semelhante rele-vância (Parque Nacional da Serra da Bocai-na e APA do Cairuçu), estendendo-se por 47.000 ha e atingindo a orla marítima. Devi-do a estas características, é densamente vi-sitado por turistas que procuram as praias. O acesso a estas atrações se dá por meio de trilhas, cujo percurso é normalmente acom-panhado por monitores do Parque. Muitos destes profissionais apresentam um repertó-rio bastante interessante sobre a fauna e flo-ra do local, além dos aspectos históricos e culturais. No entanto, a Geologia das trilhas ainda é fortemente relegada e, quando incluída no discurso do monitor, frequente-mente sofre distorções.O primeiro intuito deste trabalho foi identifi-car pontos de relevância geológica e inter-pretá-los, de modo a selecionar os melhores locais para inserir placas com informações que pudessem levar o visitante a entender e admirar mais do que o aspecto biológico das trilhas. Com isso, espera-se a extrapola-ção desta admiração em forma de respei-to, o que é um dos objetivos mais marcantes dos estudos em Geoturismo e Geoconser-vação.No Núcleo em questão, foram percorridas algumas trilhas de maior importância (afe-ridas pelo nível de dificuldade e facilidade de acesso ao público). A Trilha do Jatobá, que é a primeira parte da Trilha do Corisco (cujo trajeto leva à Paraty) inicia-se na Casa da Farinha, expressão quilombola local que

arrecada recursos financeiros para a comu-nidade através da venda de artesanato, farinha e açaí. Passa por locais onde é pos-sível observar e interpretar os processos de intemperismo e formação de solo e culmina na imensa árvore que dá nome à trilha. Os pontos de interpretação desta trilha de di-ficuldade baixa e 1.500 metros de percurso foram quatro, que destacaram, além das informações já citadas, o transporte de blo-cos imensos de gnaisse pela força da água e a observação de fraturas de provável ori-gem tectônica.A Trilha Brava da Almada, de dificuldade média e 4.000 metros de extensão, oferece seis pontos de interpretação geológica rele-vantes, pois exemplificam de processos de transporte e sedimentação, aferíveis na gra-nulação da areia das três praias que a trilha contempla, além de processos tectônicos e belas amostras de geologia estrutural. Es-tas são evidenciadas na Praia do Engenho, onde a trilha é iniciada, no sistema de fra-turas do afloramento local; na presença de diques máficos que intrudem rochas do em-basamento cristalino; nos anfibolitos com esfoliação esferoidal da Praia das Conchas e, por fim, em um belo exemplar de migma-tito dobrado, onde a trilha termina. A fim de informar e educar, o presente trabalho tem como objetivos finais a suges-tão dos pontos interpretativos, bem como um curso especialmente ministrado para os monitores do Parque, onde os participan-tes tiveram a oportunidade de aprender os conceitos de Geologia e de incorporá-los ao seu discurso de monitoramento.

Resumo:32

PALAVRAS CHAVE: GEOCONSERVAÇÃO, PATRIMONIO GEOLÓGICO, TRILHAS INTERPRETATI-VAS.

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Caracterização Petrográfica das Formações Ferríferas do Grupo Jacadigo (Neoproterozóico, MS)Caio dos Santos Pereira1; Paulo César Boggiani1; Bernardo Tavares de Freitas1.1 IGc-USP

As Formações Ferríferas do Grupo Jacadigo constituem elevações topográficas contras-tantes com a planície do Pantanal Sul-Mato-grossense, localizadas próximo à cidade de Corumbá (MS), na fronteira do Brasil com a Bolivia. Os BIFs foram abordados sob os as-pectos sedimentológicos, estratigráficos e petrográficos, enfocando o estudo da geo-logia e do entruncamento das Faixas Móveis Corumbá e Chiquitos-Tucavaca. Estudou-se as formações ferríferas brasileiras e mundiais, com ênfase nas de idade Neoproterozóica, e em particular, as do Grupo Jacadigo. Os principais objetivos foram reconhecer e des-crever as principais litologias e estruturas da região, partindo de um estudo estratigráfico e sedimentológico, complementado pela caracterização petrográfica de lâminas po-lidas, além de um detalhamento mineralógi-co a partir do uso de MEV. Assim, foi possível melhor compreender os processos atuantes na deposição e diagênese dessas litologias.

O mineral predominante do minério de ferro é a hematita, ocorrendo como criptocrista-lina intercrescida com o quartzo e em agre-gados recristalizados, que foram formados diagenética ou pós-diagenéticamente. Adi-cionalmente, a hematita ocorre como um precipitado secundário ao longo de fissuras e fraturas. Por todas as grandes falhas preci-pitados de óxidos de ferro podem ser obser-vados na forma de especularita em planos

PALAVRAS CHAVE: FORMAÇÕES FERRÍFERAS; GRUPO JACADIGO; NEOPROTEROZÓICO.

Resumo:

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de deslizamento (slickensides), assim como a magnetita, que está sempre martitisada. Sob o microscópio a martita idiomorfa fre-quentemente mostra restos de magnetita no centro dos cristais.

Particularmente em regiões com forte intemperismo, goethita e limonita ocorrem como óxidos de ferro secundários. Elas formam a matriz de canga na superfície dos morros, e também em leques dos minérios coluviais. Minerais secundários são magnetita, titanomagnetita, ilmenita, rutilo, zircão, feldspato, quartzo e mica. O minério de manganês consiste principalmente de criptomelano em todas as camadas observadas.

Concluiu-se que há uma grande variedade microestrutural, com bandamentos/lami-nações típicas de Banded Iron Formations, estruturas brechóides, pisolíticas, venula-res e oóliticas. O estudo prosseguiu com a amarração estratigráfica dos litotipos ob-servados em campo, detalhando os siste-mas deposicionais e a evolução das Faixas Móveis Neoproterozóicas da região.

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Programa Armando o Barranco - Experiência dos alunos do Instituto de Geociências - USP com risco geológicoMauri Fujinami Hirata1; Eduardo Yuji Yamagata1; Erica Akemi Goto1; Natália Leite de Morais1; Débora Kátia de Vargas1; Ariane Neres Ferreira1; Marcelo da Silva1; Marcelo Gramani2; Felipe Torres Figueiredo3; Veridiana Martins4; Paulo César Boggiani4; Edilson Pissato4;

1 IGc-USP; 2 IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas; 3 Defesa Civil – Prefeitura de São Bernardo do Campo; 4 Docentes do Instituto de Geociências – USP

O Programa “Armando o Barranco” con-grega projetos de extensão universitária do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP) voltados a diferen-tes atividades em áreas de risco geológico. O programa teve início em 2002, quando estudantes de diversos cursos da USP, com o mapeamento de riscos geológicos da Comunidade do Real Parque (São Paulo, SP), o qual tinha o objetivo de capacitar os moradores locais para o diagnóstico dos problemas ambientais existentes (enchen-te, movimentos de massa e lixo) e para a proposição de soluções estruturais e não estruturais. Em 2011, o programa foi reto-mado quando profissionais da Defesa Civil da Prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) entraram em contato com professores do IGc-USP a fim de propor atividades con-juntas, principalmente educacionais, para auxiliar na formação e fortalecimento de NUDECS – Núcleos de Defesa Civil. Das 17 áreas de risco em São Bernardo do Campo, o Jd. Silvina foi escolhido por ser uma das comunidades que precisava de um fortale-cimento do NUDEC, além da ocorrência de movimentos de massa na região, como em 2005, que resultou em nove vítimas fatais e perdas materiais. Com o objetivo estruturar

futuro projeto educacional para os seus mo-radores, fez-se necessário conhecer os seus conhecimentos prévios sobre o tema. Para isso, foi aplicado questionário de percep-ção de risco, com a ajuda de profissionais da Defesa Civil do município a 68 morado-res do Jd. Silvina. Em geral, a comunidade foi bem receptiva com os entrevistadores, relatando problemas de infraestrutura e de remanejamento aleatório de moradores, mas reconhecendo também uma melhora gradativa nos últimos anos das condições de vida no bairro, além da preocupação crescente do poder público em relação às áreas de risco geológico. A análise das res-postas demonstrou que a maior parte dos moradores tem conhecimento sobre as áre-as de risco geológico e seus agentes defla-gradores (chuva, lixo e moradias construídas em locais inapropriados). Dos 68 entrevista-dos, 80 % responderam já ter presenciado alguma situação de risco que os deixou preocupados, mas por questões financeiras mantém sua moradia no local. Dentre os vários motivos que fazem com que os mo-radores permaneçam no bairro, destaca-se a relação custo benefício que a região ofe-rece. Além disso, os resultados mostram que os moradores desconhecem o período em

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que as enchentes e deslizamentos são mais frequentes. O desenvolvimento do “Programa Armando o Barranco” tem se mostrado eficaz como extensão universitária, unindo a apren-dizagem dos alunos com a prestação de ser-viço à comunidade e o contato dos alunos com profissionais que atuam na área, como os do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas e profissionais de prefeituras. Também permi-te colocar os alunos dos cursos de graduação do IGc-USP (Geologia e LiGEA- Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental) em contato com a realidade de moradores que vivem nestas áreas, mostrando a importância da união entre a geologia e a educação para o gerenciamento de áreas de risco.

PALAVRAS-CHAVE: PERCEPÇÃO DE RISCO; ESCORREGAMENTO; ENSINO DE GEOCIÊNCIAS;

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Agradecemos a Erica Akemi Goto, Caio dos Santos Pereira, Letícia Freitas Guimarães, Gabriella Labate Frugis, Juliana Freitas da Rosa

e Cristiano Padalino Galeazzi por enviarem seus resumos!

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