SUMÁRIO - enfconcursos.com · Por isso a obra “Saber profissional e poder institucional” de...

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SUMÁRIO

1. Saber Profissional e Poder Institucional. ............................................................................. 4

2. Instituição e Poder .................................................................................................................. 9

3. O Trabalho do Serviço Social na Contemporaneidade. .................................................... 10

4. A Investigação em Serviço Social. ...................................................................................... 15

5. Demandas Profissionais: expressão de interesses contraditórios. ............................... 18

6. Demandas Históricas e as Respostas Profissionais do Serviço social: as relações com

as esferas Institucionais. (Cacildo Teixeira de Carvalho Neto). ........................................... 23

7. O Serviço Social na Divisão Sociotécnica de Trabalho. ................................................... 25

8. A Prática Social e Profissional do Assistente Social. ....................................................... 27

9. Atitude Investigativa e prática profissional (Odária Battini). ............................................ 30

10. O conhecimento crítico na reconstrução das demandas profissionais contemporâneas

(Yolanda Guerra). ...................................................................................................................... 31

11. O Serviço Social e a construção dos direitos sociais (Maria Carmelita Yasbeck)....... 32

12. O lugar da prática profissional no contexto das lutas dos assistentes sociais no Brasil

(Odária Battini)........................................................................................................................... 33

13. Sentido e direcionalidade da ação profissional: projeto ético-político em serviço social

(Maria Lúcia Martinelli). ............................................................................................................ 33

14. Análise Institucional ontem e hoje. ................................................................................... 33

QUESTÕES DE PROVAS .......................................................................................................... 47

GABARITO ................................................................................................................................. 56

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................... 57

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1. SABER PROFISSIONAL E PODER INSTITUCIONAL

O processo de construção da identidade profissional do Serviço Social, ao longo

de sua maturação no âmbito da ética e da política no Brasil, evidenciou os inúmeros

avanços da categoria, como o rompimento com práticas conservadoras e

assistencialistas que pretendiam o ajustamento do indivíduo. O compromisso com a

classe trabalhadora fez-se no principal motivo de prática da profissão, pois junto aos

trabalhadores é que o assistente social desenvolve os aspectos definidos a razão de

sua existência na divisão sócio técnica do trabalho, como a cidadania, igualdade, justiça,

equidade, dentre outras causas de lutas e perspectivas.

Neste processo de busca pela identidade, função social e formas de prática na

divisão sócio técnica do trabalho, a institucionalização do Serviço Social leva-nos a

reflexões como a forma de ocupação destes espaços profissional sem se corromper

com os interesses do capital.

Por isso a obra “Saber profissional e poder institucional” de Vicente de

Paula Faleiros, nos desafia a pensar e debater sobre a possibilidade de manter-se

sempre a favor da classe trabalhadora quando os interesses da instituição são

opostos a este. Diante disso, como manter-se em determinados postos de

trabalho, mantendo também o compromisso que foi firmado com o trabalhador?

O autor a partir das ideias de Gramsci reporta-se às instituições como sendo

os “aparelhos de hegemonia”, os quais trazem um campo de prática política. Estas

admitem à função de “aparelhos do Estado”, cuja função é a execução de políticas

sociais, com o objetivo de manter os interesses da classe dominante. Porém, elas

também abrangem os grupos dominados que exigem uma intervenção e resposta às

suas necessidades. Tal cenário caracteriza uma intensa correlação de forças dos

grupos sociais.

O modelo de Estado Ampliado desenvolvido por Gramsci traz uma nova

concepção teórica, pois aponta para a relativa autonomia, ou seja, para a luta de

classes. Neste modelo, o Estado mediatiza as relações sociais, integra as relações entre

dominantes e dominados. Para Gramsci, na luta de classes, burguesia e proletariado

defendem seus interesses políticos e econômicos, sendo que a burguesia obtém

recursos e poder e seu objetivo é o controle da sociedade para a permanência de sua

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posição. Para isso, ela articula, segundo Faleiros, conhecimento administrativo, político

e técnico. Já a classe proletária luta contra a burguesia, tentando conter a exploração

de seu trabalho. Segundo o autor, para Gramsci somente com a mediação é que se

poderá mudar esta realidade, pois uma vez que as forças sociais se enfrentam no

cotidiano, elas podem mudar as relações sociais.

Logo, o Estado, para exercer sua função, precisa utilizar meios para

atender aos interesses da classe dominante e da classe dominada. Um destes

mecanismos são as instituições, pelas quais o Estado pode realizar sua função a

partir de uma estratégia de educação da classe dominada e de “legitimação

ideológica da hegemonia da classe dominante”.

Segundo o autor, as instituições ocupam um espaço político na sociedade,

fazendo parte da rede social de atendimento às demandas. A partir da

institucionalização dos serviços sociais é que estas demonstram, aparentemente, o seu

lado preocupado com o bem-estar da população, com uma aparência humanista. O

autor nos alerta que essa face humana das instituições acaba escondendo a

violência disfarçada que procura na verdade “educar” as vontades e as intenções

das classes dominadas.

Nas instituições e políticas executadas por elas, o usuário é considerado

como cliente, aquele que está na posição de submetido à autoridade profissional.

Logo, se este não aceita as normas que lhe são impostas, estará excluído dos

“benefícios” possíveis. Faleiros aponta que este controle é feito pelos

profissionais por meio de instrumentos como a entrevistas, visitas, fichários,

documentos, interrogatórios, o autor diz que “tudo é vasculhado, despossuindo

indivíduos e grupos de si mesmos, colocando-os às mercês de quem controla a

informação sobre eles e influencia predominantemente suas decisões”.

Esse tipo de controle é considerado pela instituição como formas de

competências, de avaliação e eficácia, quando na verdade tenta amenizar os conflitos,

mantendo a harmonia social. Para tanto, as instituições procuram resolver os conflitos

de forma paternalista.

As instituições, enquanto espaços de luta, dos interesses opostos, também

abrangem a disputa e a luta interna, em que profissionais “[...] lutam entre si pelo

controle do poder e dos recursos. Frente à clientela lutam pelo controle do atendimento

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[...] conquista de micro poderes. A clientela se transforma em ‘meio’ para a realização

profissional – conquista do status e do poder”.

Os profissionais, trabalhadores em instituições, são expostos a

determinadas situações a fim de resolverem as contradições sociais postas por meio de

sua posição de autoridade, ou seja, é concedido a eles um “poder” para que este sirva

à manutenção da ordem.

Diante disso, Faleiros caracteriza quatro tipos de possíveis estratégias de

ação dos profissionais nas instituições:

• A primeira como a integração ao processo de modernização, como sendo a

tentativa de neutralidade, mantendo-se a profissionalização, mas não se

engajando politicamente, tomando uma posição.

• Outra estratégia seria a negação do trabalho institucional, ou seja, o

profissional busca a criação de um processo alternativo a partir das lutas e

dos movimentos populares, ou seja, defende o trabalho fora da instituição.

• Uma terceira estratégia seria o momento que o cliente quem decide e este é

participante ativo.

• E uma quarta estratégia e a transformação da correlação de forças

institucionais pela formação de uma aliança, momento que há uma tomada de

consciência de classe, tratando-se de uma ruptura com a violência

institucional.

Segundo Faleiros o saber é práxis, a concepção de mundo em conflito é

relativa às relações de classes e forças sociais. O autor diz que, para saber agir

na luta de classes, é necessário o conhecimento de dados, análises, planos,

propostas, técnicas, experimentos, entre outros.

O assistente social, para o autor, assume uma posição de intelectual

orgânico, colocando-se entre as demandas de clientela e as determinações da

instituição. O Serviço Social torna-se uma profissão dependente do aparelho

institucional, com uma relativa autonomia, em que o profissional é dono de um

saber e este se constitui nas regras e normas da instituição – executor de um

saber institucional.

Portanto, para o assistente social saber agir dentro da instituição de forma

a atender aos interesses da demanda, Faleiros nos alerta de que é preciso ter

consciência da posição e das forças adversárias, como também do processo

global das condições de manobra, por isso a mediação torna-se fundamental.

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A crítica que surge sobre esta posição profissional é de uma postura voltada à

neutralidade, de escuta humanista, capaz de acolher e escutar de forma benevolente,

porém reprodutora da dicotomia entre classe dominante e dominada, bem como a

posição de executor das políticas sociais e não de decisão. Faleiros enfatiza que o

profissional sem poder de decisão acaba utilizando da manipulação de pequenos

recursos para reforçar seu próprio poder pessoal.

O saber profissional acaba, neste sentido, servindo à empresa, e não à

sociedade. Saber usar os recursos institucionais em função dos interesses

populacionais torna-se o desafio.

À medida que o profissional tem a postura de repensar sua prática e dispor

de seu saber a favor da sociedade, sai de uma prática profissional reduzida a

entrevistas, reuniões e visitas para uma prática estratégica, tática e ampla. Não

será mais uma prática individual, restrita ao profissional, mas uma “reflexão

coletiva para saber o momento oportuno de avançar e de recuar na estratégia

institucional e em relação aos grupos populares”.

A prática do assistente social constituía-se em buscar o conhecimento de

um diagnóstico e um tratamento. A utilização dessas informações recolhidas dos

usuários e suas realidades pode fazer com que o profissional pense que ele é o

detentor do “poder” de atender às solicitações da população, do qual a população

depende. Ainda encontramos resquícios desta prática na contemporaneidade,

tornando-se um desafio à ruptura de práticas ultrapassadas.

O rompimento com a alienação é possível com a constante prática de

realizar a análise de conjuntura, a construção de mediações, a qual irá nos

mostrar os limites e as possibilidades. A alienação acaba causando nos

profissionais uma acomodação com a situação e uma falta de senso crítico das

relações. Tal comportamento leva à reprodução do sistema e mais uma vez à

manutenção do status quo.

O autor nos chama a atenção para o desafio profissional que “consiste

justamente na reorientação de seu cotidiano de acordo com a correlação de forças

existentes”. Esta reorientação consiste em saber ser um facilitador para que a

população saiba mais sobre ela mesma, sobre os recursos disponíveis e seu

poder de decisão. É indispensável à prática profissional realizar o levantamento

dos problemas das relações entre “saber e poder”.

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A tomada de consciência é um processo que pode mudar as relações entre

demanda – profissionais – e instituição. “Faz-se necessário, com esta estratégia,

saber avançar e saber retroceder porque há momentos em que o conflito se torna

tão grande que pode levar ao próprio fechamento da instituição”. Outro desafio

para o assistente social seria a superação desta acomodação, tentando trabalhar

com as instituições de forma que estas sejam espaços para o desenvolvimento

de “novas formas de poder pelas alianças que podem ser feitas”.

As contradições existentes nos espaços institucionais são formas que

precisam ser consideradas e analisadas pelos assistentes sociais, a fim de que

existam estratégias de ação. A participação da população é fundamental, pois

para as instituições acaba sendo uma forma de constatar que a população toma

para si a responsabilidade de sua posição, ou seja, que houve um consenso da

acomodação de sua função – demanda controlada. Em contrapartida, somente

com a participação consciente é que se pode alcançar mudanças sociais.

Faleiros diz que o Serviço Social não surgiu do conceito de transformação,

mas do de reprodução, apontando para o desafio: como trabalhar a favor da

transformação, estando em instituições que promovem a reprodução das

relações sociais baseadas na exploração e no controle? Por fim, podemos

considerar que o autor nos remete à articulação entre o saber e o poder, ou seja,

as ações profissionais trabalham para responder às situações das demandas

apresentadas, mas também precisa-se prevenir outras situações e projetar planos

futuros.

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2. INSTITUIÇÃO E PODER

As reflexões sobre poder institucional e o saber profissional vão recolocar a

questão do objeto profissional numa outra ótica que aquela exclusiva de classe

contra classe, mas articulada a ela na análise das relações de poder, hegemonia

e contra hegemonia. As instituições passaram a ser vistas como local de lutas

de poderes, e o objeto da intervenção deve responder a um processo complexo

de relações sociais em que entrecruzam demandas políticas, uma lógica de

campo específico da atuação da área da assistência social, o jogo do poder

burocrático e tecnocrático e pressões/submissões dos usuários.

2012/VUNESP/TJ-SP. As reflexões sobre o poder institucional e o saber

profissional colocam a questão do objeto do Serviço Social em uma outra ótica

que a de classe contra classe, mas articulada a ela na análise das relações de

poder, hegemonia e contra hegemonia. As instituições passaram, assim, a ser

vistas como local de lutas de poderes, e o objeto de intervenção deve responder

a um processo complexo de relações sociais em que se entrecruzam demandas

políticas, uma lógica de campo específico de atuação da área da assistência

social, o jogo do poder burocrático e tecnocrático e:

a) pressões/submissões dos usuários.

b) possibilidades de acirramento da luta de classes.

c) alternativas de eliminação de conflitos.

d) desejos manifestos coletivamente.

Resposta Correta: Letra a) pressões/submissões dos usuários.

Comentários: As reflexões sobre o poder institucional e o saber profissional colocam a

questão do objeto do Serviço Social em uma outra ótica que a de classe contra classe,

mas articulada a ela na análise das relações de poder, hegemonia e contra hegemonia.

As instituições passaram, assim, a ser vistas como local de lutas de poderes, e o objeto

de intervenção deve responder a um processo complexo de relações sociais em que se

entrecruzam demandas políticas, uma lógica de campo específico de atuação da área

da assistência social, o jogo do poder burocrático e tecnocrático e pressões/submissões

dos usuários.

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3. O TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL NA

CONTEMPORANEIDADE

É necessário romper com uma visão endógena, focalista, uma visão de dentro

do serviço social prisioneira dos seus muros internos. Necessário extrapolar o serviço

social para melhor apreende-lo na história da sociedade da qual ele é parte e expressão.

Um dos maiores desafios enfrentados pelos assistentes sociais na

atualidade é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir

propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir

de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e

não só executivo.

O Assistente Social implementa políticas sociais e políticas públicas. Nos termos

de Netto (1992), um executor terminal de políticas sociais, que atua na relação direta

com a população usuária. Mas, hoje, o próprio mercado demanda, além de um trabalho

na esfera da execução, a formulação de políticas públicas e a gestão de políticas

sociais.

• Primeiro pressuposto para a análise da profissão de Serviço Social:

O primeiro pressuposto para responder a tais requerimentos é ruptura com a

atividade burocrática e rotineira. O exercício profissional do Assistente Social é uma

ação de um sujeito que tem competências para propor, para negociar com a instituição

os seus projetos, para defender seu campo de trabalho, suas qualificações e funções

profissionais.

Requer ir além das rotinas institucionais e buscar apreender o movimento da

realidade para detectar tendências e possibilidades nela presentes passíveis de serem

impulsionadas pelo profissional.

As alternativas e possibilidades do Assistente Social:

• As possibilidades estão dadas na realidade, mas não são automaticamente

transformas em alternativas profissionais. Cabe aos profissionais apropriarem-

se dessas possibilidades, e como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em

projetos e frentes de trabalho.

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• A conjuntura não condiciona unidirecionalmente as perspectivas profissionais,

todavia impõe limites e possibilidades.

Atitude Fatalista

Levando em consideração a compreensão dos limites e possibilidades, devemos

evitar uma atitude fatalista do processo histórico e do Serviço Social. Devemos evitar a

visão determinista e a-histórica da realidade A realidade não está dada em sua forma

definitiva, nem os seus desdobramentos predeterminados e os limites estabelecidos que

conduz à acomodação, à rotinização do trabalho, ao burocratismo e à mediocridade

profissional.

Messianismo profissional

O messianismo profissional é outra perspectiva que devemos evitar. É uma visão

heroica do serviço Social que reforça unilateralmente a subjetividade dos sujeitos, a sua

vontade política sem confrontá-la com as possibilidades e limites da realidade social.

• Segundo pressuposto para análise da profissão de Serviço Social

O segundo pressuposto é entender a profissão hoje como um tipo de trabalho

na sociedade.

Desde os anos 80 vem se afirmando que a profissão de Serviço social é uma

especialização do trabalho, uma profissão particular inscrita na divisão social e técnica

do trabalho coletivo da sociedade.

A abordagem do Serviço Social como trabalho supõe apreender a chamada

“prática profissional” profundamente condicionada pelas relações entre o Estado

e a Sociedade Civil, ou seja, pelas relações entre as classes na sociedade,

rompendo coma endogenia no Serviço Social.

As mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho e na esfera estatal,

em suas relações com a sociedade civil, incidem diretamente sobre os rumos do

desenvolvimento dessa profissão na sociedade.

O Serviço Social reproduz-se como trabalho especializado na sociedade por ser

socialmente necessário:

✓ Produz serviços que atendem a necessidades sociais, isto é, tem valor de uso,

uma utilidade social;

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✓ Participam, como trabalhadores assalariados, do processo de produção e/ou

redistribuição da riqueza social;

✓ Seu trabalho não resulta apenas em serviços úteis, mas ele tem um efeito na

produção ou na redistribuição do valor e da mais valia.

✓ Na Empresa, pode participar do processo de reprodução da força de trabalho

e/ou riqueza social, como parte de um trabalho coletivo, produtivo da mais

valia;

✓ No Estado, no campo da prestação de serviços sociais, pode participar do

processo de redistribuição da mais valia, via fundo público. Aí seu trabalho se

inscreve, também, no campo da defesa e/ou realização dos direitos sociais de

cidadania, na gestão da coisa pública.

✓ Pode contribuir para partilhamento do poder e sua democratização, no

processo de construção de uma contra hegemonia no bojo das relações entre

as classes;

✓ Pode imprimir outra direção social ao seu trabalho, voltada ao reforço das

estruturas e relações de poder preexistentes, nos marcos da quotidianeidade.

O terceiro pressuposto para análise da profissão de Serviço Social

O terceiro pressuposto é que tratar o Serviço Social como trabalho supõe

privilegiar a produção e a reprodução da vida social, como determinantes na

constituição da materialidade e da subjetividade das “classes que vivem do trabalho”,

nos termos de Antunes.

O Trabalho

O trabalho é uma atividade que se inscreve na esfera da produção e reprodução

da vida material.

Produção e reprodução da vida social

Quando se fala de produção e reprodução social abrange-se a dimensão

econômica e, também, a reprodução das relações sociais de indivíduos, grupos e

classes sociais. Relações sociais estas que envolvem poder, sendo relações de luta e

confronto entre classes e segmentos sociais, que têm no Estado uma expressão

condensada da trama do poder vigente na sociedade.

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A produção/reprodução das relações sociais abrange, “formas de pensar, formas

de consciência, através das quais se apreende a vida social” (Marx).

O Serviço social é considerado como uma especialização do trabalho e a

atuação do assistente social uma manifestação de seu trabalho, inscrito no

âmbito da produção e reprodução da vida social.

Iamamoto (2004) afirma que “A prática profissional não tem o poder

miraculoso de revelar-se a si mesma, ela adquire inteligibilidade e sentido na

história da sociedade da qual é parte e expressão”.

Assim, desvendar a prática profissional cotidiana supõe inseri-la no

quadro das relações sociais fundamentais da sociedade, ou seja, entendê-la no

jogo tenso das relações entre as classes sociais, suas frações e das relações

destas com o Estado brasileiro.

A premissa que orienta a análise é a consideração do primado da

produção social. O papel fundamental da produção da vida real, da produção

dos indivíduos sociais, que tem, no trabalho, a atividade fundante. O

pressuposto é o privilégio da história, por ser ela a fonte de nossos problemas

e a chave de suas soluções. Assim, para efetuar uma análise crítica das

demandas profissionais, há que atribuir densidade histórica à nossa

problemática.

Iamamoto (2004) afirma que “ A profissão tem olhado mais o Estado e

menos para a sociedade”, indicando que no debate profissional existem temas

ocultos que não estão sendo objeto de reflexão na profissão.

Segundo a autora a hipótese é a de que as reflexões sobre o nosso fazer

profissional têm priorizado a análise da intervenção do Estado, via políticas

sociais públicas, e daí extraído os seus efeitos na sociedade. Sendo a

compreensão das políticas sociais requisito fundamental para a ação

profissional. Importa lembrar que não é o Estado que explica a sociedade,

uma vez que encontram -se na sociedade civil os fundamentos do próprio

Estado. Com isso não pretendo negar o papel decisivo que vem

desempenhando o Estado no processo de regulação da sociedade civil,

especialmente no âmbito da expansão monopolista, em que as funções

econômicas e políticas do Estado se encontram estreitamente imbricadas.

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No entanto, penso ser imprescindível que olhemos para a sociedade, para o

movimento das classes sociais, que têm sido relegados a urna posição de

relativa secundariedade no debate do Serviço Social.

2012/VUNESP/TJ-SP. Desvendar a prática profissional cotidiana supõe inseri-la

no quadro das relações sociais fundamentais da sociedade, ou seja, entendê-la

no jogo tenso das relações entre as classes sociais, suas frações e das relações

destas com o Estado brasileiro. Como destaca Iamamoto (1999), o Serviço Social

tem olhado menos para a sociedade e mais para o Estado. As reflexões

produzidas sobre o fazer profissional tem priorizado a análise da intervenção do

Estado:

a) a partir da composição de forças com a iniciativa privada, parceria geradora de

inclusão social.

b) via políticas sociais públicas, e daí extraídos os seus efeitos na sociedade.

c) na lógica da prestação continuada de serviços setorizados à população.

d) de acordo com o conjunto de medidas burocráticas suficientes para efetivar direitos

sociais.

e) considerando os processos de trabalho e o mercado concreto para a categoria

profissional.

Resposta Correta: Letra b) via políticas sociais públicas, e daí extraídos os seus

efeitos na sociedade.

Comentários: Segundo a autora a hipótese é a de que as reflexões sobre o nosso fazer

profissional têm priorizado a análise da intervenção do Estado, via políticas sociais

públicas, e daí extraído os seus efeitos na sociedade. Sendo a compreensão das

políticas sociais requisito fundamental para a ação profissional, importa lembrar que não

é o Estado que explica a sociedade, uma vez que se encontram na sociedade civil os

fundamentos do próprio Estado. Com isso não pretendo negar o papel decisivo que vem

desempenhando o Estado no processo de regulação da sociedade civil, especialmente

no âmbito da expansão monopolista, em que as funções econômicas e políticas do

Estado se encontram estreitamente imbricadas. No entanto, penso ser imprescindível

que olhemos para a sociedade, para o movimento das classes sociais, que têm sido

relegados a urna posição de relativa secundariedade no debate do Serviço Social.

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4. A INVESTIGAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL

A investigação na prática profissional e a investigação histórica no Serviço

Social são os temas da obra de Myrian Veras Baptista, A investigação em Serviço

Social, 2001, em torno dos quais questiona a interpretação do conhecimento que

fornece um saber linear, a-histórico e descontextualizado das realidades sociais

concretas.

Na tese que defende considera que a ação dos sujeitos (profissionais) é produto

de relações sociais concretas, histórica e socialmente construídas. A apropriação de

uma metodologia crítica e rigorosa, que permita a sua compreensão e explicação,

aparece então como fundamental. Por um lado, para clarificar os seus movimentos e

intencionalidades, dar-lhe eficácia, instrumentalizar-se para acompanhar a diversidade

e a dinâmica dos problemas complexos que enfrenta no quotidiano profissional. Por

outro, para perceber como as condições sócio históricas em cada momento e lugar se

têm refletido na profissão, como produziram vários paradigmas concorrentes entre si e,

portanto, perspectivas de análise diferentes, passando por momentos de grandes

conflitos e controvérsias.

Partindo, no primeiro capítulo, da concepção de prática profissional (dos

assistentes sociais) como uma prática social específica, historicamente determinada

pela divisão social e técnica do trabalho e como uma disciplina de intervenção

inserida nas políticas sociais, nas suas instituições e organizações, analisa o

paradoxo entre a complexidade inerente ao lócus institucional, na medida em que

expressa o carácter contraditório das políticas sociais e a aparente evidência de um

quotidiano profissional em que os diversos sujeitos aparecem, simultaneamente, na

qualidade de seres singulares e genéricos.

Na medida em que os assistentes sociais e o seu mundo socioprofissional

estão em interação, “(...) produzem relações, sistemas de signos e símbolos que

compõem uma estrutura particular de significados, formas institucionalizadas de

organização social e de sistemas de status”, o seu grau de desenvolvimento e de

reconhecimento está em estreita relação com o grau de desenvolvimento da

estrutura das relações sociais onde está inserido e com a forma como interfere

nele. A institucionalização do Serviço Social produziu, à semelhança das outras

profissões, esquemas de ação e atores que, ao mesmo tempo que têm uma

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história, são o seu produto. Neste processo criou a previsibilidade dos tipos de

interação que estabelece e uma esfera ampliada de rotinas, resultantes da

acumulação de conhecimentos que se constituíram como cultura profissional a

ser transmitida e que permitem que a sua ação possa assumir duas dimensões:

de síntese e inovação. Qualquer uma é resultado da experiência submetida a

seletividade (p. 13 a 16).

Assim, as práticas profissionais que nos aparecem como evidentes

(porque em cada momento e lugar se apresentam objetivadas, rotineiras e geridas

por indivíduos singulares), são na verdade complexas e pouco claras, na medida

em que são uma expressão da diversidade e dinâmica das relações sociais mais

amplas e determinadas no quadro normativo das políticas institucionais. Nas

instituições, desenvolvem-se atividades que são de natureza técnica e burocrática

e que vão desde a formulação de políticas ao nível das estruturas sociais

constituídas, à dos micros acontecimentos, da operacionalização das políticas,

das relações face a face. Aqui, o utente aparece como ser concreto, não genérico,

com problemas muito específicos, face aos quais é necessário analisar o que

acontece, estabelecer uma crítica, tomar uma posição e decidir um tipo de

intervenção. “No mesmo movimento para conhecer a realidade, vai construindo

no pensamento um projeto de ação” (p. 21) o que implica a necessidade de

estabelecer um tipo de relação com o conhecimento. Essa relação não é desligada

da sua visão do mundo, das leituras que efetua sobre o modo como um sistema

de conhecimentos, políticas, valores e condutas se impõem, nem dos

instrumentos de ação de que dispõe no momento.

2012/VUNESP/TJ-SP. O Serviço Social, como as demais profissões, na medida em

que se fazem, se refazem e se reconstroem nas relações, na sociedade, vão-se

fazendo, reconstruindo e refazendo suas práticas, muito embora nesse processo

não sejam superados os limites das relações postas pelo capitalismo e pelas

conjunturas sociopolíticas que vivenciam. Conforme destaca Baptista (2009),

nesse movimento, as ações individuais dos profissionais podem assumir, ao

mesmo tempo, as dimensões de síntese e de:

a) apropriação de conteúdos e metodologias a serviço dos mais pobres.

b) criação de novas propostas e de novos conhecimentos.

c) conformações atípicas da prestação imediata de serviços.

d) configurações próprias de uma dada prática social marcada por equidade.

e) antítese que discute a competência do profissional.

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Resposta Correta: Letra b) criação de novas propostas e de novos

conhecimentos.

Comentários: O Serviço Social, como as demais profissões, na medida em que se

refazem e se constroem as relações na sociedade, vai se reconstruindo e refazendo,

muito embora nesse processo não supere os limites das relações postas pelo

capitalismo, uma vez que a própria sociedade não os supera. Nesse processo de

reconstrução, as ações individuais podem assumir, ao mesmo tempo, as dimensões de

síntese resultante do processo coletivo de elaboração de conhecimentos e práticas

desenvolvidos pela categoria - e de criação de novas propostas e de novos

conhecimentos.

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5. DEMANDAS PROFISSIONAIS: EXPRESSÃO DE

INTERESSES CONTRADITÓRIOS

Sabe-se que o Serviço Social é uma prática profissional que nasce na

sociedade capitalista no momento em que essa ordem social necessita de profissionais

que administrem e controlem os conflitos de interesses gestados no mundo do trabalho

(na relação antagônica entre capital e trabalho). Sendo assim, certamente, seu mandato

institucional recebe influência desse tipo de racionalidade.

Pela estruturação da própria sociedade na qual o assistente social intervém, pela

dinâmica, interesses, objetivos, metas, finalidades das instituições (sejam públicas ou

privadas), lócus do trabalho profissional, os limites da intervenção profissional ficam

evidentes. De outro lado, a profissão também recebe um mandato das classes

subalternizadas que reclamam o atendimento de suas necessidades, resultado do seu

nível de organização social, o que f az com que as instituições sociais (contratantes

dos assistentes sociais) incorporem, em alguma medida, tais necessidades e as tome

como demandas institucionais a serem atendidas pelo assistente social e outros

técnicos.

O que está sendo dito é que as demandas que chegam à profissão,

emanadas das necessidades das classes subalternizadas não se apresentam de

maneira nem direta nem imediata à profissão, mas mediatizada pela instituição:

é sua “missão”, são suas metas, seus objetivos, seus interesses que formatam as

demandas institucionais postas como demandas à profissão.

2012/VUNESP/TJ-SP. Sabe-se que o Serviço Social é uma prática que nasce na

sociedade capitalista no momento em que essa ordem social necessita de

profissionais que administrem e controlem os interesses gestados no mundo do

trabalho, na relação antagônica entre capital e trabalho. Conforme Baptista (2009),

as demandas que chegam aos assistentes sociais, emanadas das classes

subalternizadas, não se apresentam de maneira nem direta nem imediata à

profissão, mas mediatizadas:

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a) por projetos globais.

b) por necessidades impróprias.

c) pela instituição.

d) por realidades abstratas.

e) por interesses genéricos.

Resposta Correta: Letra c) pela instituição.

Comentários: Sabe se que o Serviço Social é uma prática profissional que nasce na

sociedade capitalista no momento em que essa ordem social necessita de profissionais

que administrem e controlemos conflitos de interesses gestados no mundo do trabalho

(na relação antagônica entre capital e trabalho). Sendo assim, certamente, seu mandato

institucional recebe influência desse tipo de racionalidade. Pela estruturação da própria

sociedade na qual o assistente social intervém, pela dinâmica, interesses, objetivos,

metas, finalidades das instituições (sejam públicas ou privadas), lócus do trabalho

profissional, os limites da intervenção profissional ficam evidentes. De outro lado, a

profissão também recebe um mandato das classes subalternizadas que reclamam o

atendimento de suas necessidades, resultado do seu nível de organização social, o que

faz com que as instituições sociais (contratantes dos assistentes sociais) incorporem,

em alguma medida, tais necessidades e as tome como demandas institucionais a serem

atendidas pelo assistente social e outros técnicos. O que está sendo dito é que as

demandas que chegam à profissão, emanadas das necessidades das classes

subalternizadas não se apresentam de maneira nem direta nem imediata à profissão,

mas mediatizada pela instituição.

Ainda mais: a demanda imediata do usuário, apesar de ser a problemática

inicial que o mobilizou, nem sempre é a sua demanda real, na maioria das vezes ela é

o veículo (ou o meio mediador) que porta a capacidade de conduzir o assistente social

à busca da demanda real, da essência. A demanda imediata ao mesmo tempo manifesta

e esconde a demanda real.

Atuando especialmente como executor de políticas sociais (geridas pelo

Estado, pelas empresas privadas, pelas organizações patronais, pelas organizações

não governamentais, pela sociedade civil organizada, pelos movimentos sociais), o

assistente social tem o s seus espaços sócios - ocupacionais e as suas condições e

relações profissionais configuradas pelo padrão de política social hegemônico. A

configuração das políticas sociais, o padrão de política social vigente, limita e/ou

potencializa a ação do assistente social. Na contemporaneidade, o padrão de políticas

20

sociais privatista, mercantilista e assistencialista condiciona intervenções pontuais,

focalistas, imediatistas, burocráticas, miméticas, repetitivas, pragmáticas e

eminentemente instrumentais, exigindo um determinado perfil profissional: aquele que

responde às demandas imediatas.

Além disso, o corte no orçamento das políticas sociais, a redução da ação do

Estado na implementação das mesmas, a descontinuidade e constante mudança nas

diretrizes políticas (porque ficam à mercê das flutuações e interesses da política

econômica ou do que é mais adequado à acumulação/valorização do capital), impõe

aos assistentes sociais o enfrentamento de antigos e novos desafios. Isto porque a

inserção na divisão social e técnica do trabalho da sociedade capitalista, a localização

na estrutura sócio ocupacional das políticas sociais e a construção de sua

funcionalidade no espaço de mediação entre as classes sociais e o Estado franqueiam

à intervenção um caráter político. Dado a este caráter, ou a esta dimensão da profissão,

o profissional pode redimensionar o alcance e estabelecer os limites da sua intervenção,

bem como definir o estatuto da s suas técnicas, objetos e objetivos. É também nesse

contexto, forjado pela forma como os Estados capitalistas implantam e implementam as

políticas sociais, que os assistentes sociais - trabalhadores assalariados - serão os

responsáveis por facilitar o acesso da população aos serviços sociais (tendo em vista

manter a força de trabalho apta para a produção e reprodução do sistema). Sabe-

se que a funcionalidade, o reconhecimento e a utilidade social da profissão estão na

capacidade de o profissional modificar algumas variáveis do contexto social dos

usuários, buscando alterá-lo, ainda que momentaneamente (Cf. NETTO, 1991). Mais,

exatamente, sua capacidade está em atender as demandas.

Como profissão interventiva no âmbito das chamadas “expressões da questão

social” o reconhecimento profissional advém da resolutividade desta intervenção, o que

exige resposta se em nível imediato, emergencial, já que atende questões que, p elo

nível de tensão que provocam, põem em risco a ordem vigente.

Nestas respostas impera a exigência do atendimento às demandas que chegam

à profissão de modo que se aspira ao alcance dos fins, mas não se impõe, na

mesma medida, em nível imediato, uma reflexão ético-política sobre os meios

utilizados para isso. A desconsideração da relação meios e fins, (em como

responder e com que meios), mais ainda, a ruptura entre meios e fins (não

importa os meios desde que se alcance os fins) resulta numa prática focal,

21

pontual, imediatistas, instrumental. Neste nível de resposta (a que tem

possibilidade de resolutividade imediata) a única alternativa possível é a que

toma como objeto o sujeito, visando operar mudanças comportamentais,

culturais, ideológicas na vida do usuário via práticas disciplinadoras e de

mudança comportamental.

Esse procedimento de se deter nos meios em detrimento dos fins e/ou de dar

respostas imediatas, de agir independentemente dos fundamentos teórico-

metodológicos e dos princípios é tico-políticos que estão subjacentes a estas ações, é

o comportamento instrumental.

Com base nesta reflexão, entendemos que a particularidade instrumental da

profissão se localiza não no fato de ela ser uma profissão eminentemente (mas não

exclusivamente) operativa, mas no tipo de resposta que ela dá à s demandas da

sociedade, que, como sabemos, são demandas antagônicas provenientes de interesses

contraditórios das classes sociais, contradição esta que se esconde na imediaticidade

do cotidiano profissional.

2012/VUNESP/SPTrans. Como profissão interventiva no âmbito das chamadas

“expressões da questão social”, o reconhecimento profissional, no Serviço

Social, advém da resolutividade dessa intervenção, o que exige respostas em

nível imediato, emergencial, uma vez que atende a questões que, pelo nível de

tensão que provocam, põem em risco a ordem vigente. Nessas respostas, impera

a exigência de atendimento às demandas que chegam à profissão, de modo que

se aspira ao alcance dos fins, mas não se impõe, na mesma medida, em nível

imediato, uma reflexão ético-política sobre os meios utilizados para isso. A

ruptura entre meios e fins resulta em uma prática:

a) abrangente, tradicional, única e condicional.

b) universal, local, tradicional e instrumental.

c) focal, pontual, imediatista e instrumental.

d) especializada, global, urgente e processual.

e) assistencial, pontual, necessária e complexificada.

Resposta Correta: Letra c) focal, pontual, imediatista e instrumental.

22

Comentários: “Como profissão interventiva no âmbito das chamadas “expressões da

questão social”, o reconhecimento profissional advém da resolutividade dessa

intervenção, o que exige respostas em nível imediato, emergencial (…). Nessas

respostas impera a exigência de atendimento as demandas que chegam a profissão, de

modo que se aspira ao alcance dos fins, mas não se impõe, na mesma medida, em nível

imediato, uma reflexão ética política sobre os meios utilizados para isso. A

desconsideração das relações meios e fins (em como responder e com que meios),

mais ainda, a ruptura entre meios e fins (não importam os meios, desde que se alcancem

os fins) resultam numa prática focal, pontual, imediatista, instrumental. Neste nível de

resposta – a que tem possibilidade de resolutividade imediata -, a única alternativa

possível é a que toma como objeto o sujeito, visando operar mudanças

comportamentais, culturais, ideológicas na vida do usuário via prática disciplinadoras e

de mudanças comportamental.

23

6. DEMANDAS HISTÓRICAS E AS RESPOSTAS

PROFISSIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL:

AS RELAÇÕES COM AS ESFERAS INSTITUCIONAIS.

(CACILDO TEIXEIRA DE CARVALHO NETO)

De acordo com Iamamoto (apud GOMES, 2000, p. 169):

O conselheiro assistente social exerce seu processo de trabalho num campo

privilegiado de controle social e de apreciação de macropolíticas. Nestas condições, ao

exercer a função de conselheiro a desempenha fazendo uso de seu saber específico já

que lida com objetos que têm afinidade com os da sua profissão, qual seja: a questão

social e as políticas sociais relacionadas a essa questão. Desempenha o mandato

utilizando-se de seus conhecimentos teórico-operativos pondo-os a serviço das causas

e finalidades do conselho.

A função de conselheiro, no caso do assistente social, contempla uma faceta

do seu exercício profissional que é sua intrínseca dimensão política. Aliás, nos

Conselhos, o Serviço Social realiza de modo visível sua dimensão política, posto serem

estes, por excelência, lócus de fazer política.

Os desafios apresentados à profissão, tão como as exigências constituem:

conhecimento sobre política pública; saber elaborar planos, programas e projetos de

forma a intervir no orçamento; conhecer os aspectos legais dos Conselhos; oportunizar

que a participação popular seja legítima; compromisso ético-político.

A participação do assistente social nos Conselhos representa a

oportunidade de legitimar os direitos preconizados na Constituição Federal de 1988, em

outras leis e recursos, caminho para erradicação da questão social e suas expressões.

Pois, as demandas ali apresentadas são legítimas das necessidades do povo e são

condizentes com a realidade local e regional. Com essa compreensão os Conselhos

tornam-se espaço público que permite exigir do poder público o cumprimento dos

direitos sociais, e de tornar a população sujeitos políticos de direito.

Torna-se assim, necessário neste momento apontar que dentro da esfera pública

o trabalho desenvolvido nas Secretarias, Fundações ou Autarquias são semelhantes,

independentes do setor (saúde, assistência social, previdência social, educação,

sociojurídico, habitação, meio ambiente), ou seja, dentro desses espaços as ações dos

24

assistentes sociais estão norteadas em políticas específicas, programas e projetos, e

os processos de trabalho desenvolvidos por esses profissionais, devem estar

condizentes ao projeto ético-político do Serviço Social e seus princípios de

legitimidade democrática e social. Desta feita, afirmar uma prática profissional

apoiada exclusivamente, às determinações micro estruturais e no âmbito de sua

intervenção institucional o qual está inserida é retrógrado.

2014/FCC/TJ-AP. A prática profissional do assistente social comprometida com o

fortalecimento do controle social dever partir:

I. da compreensão histórica da política social específica em que atua, observando suas

determinações econômicas, sociais, políticas e culturais na sociedade de classes.

II. da atenção permanente à concepção de mundo da classe dominante absorvida pelos

grupos subalternos, imposta através dos “aparelhos privados de hegemonia", a qual

promove o consenso em torno do projeto dominante, buscando desmistificá-la.

III. do entendimento de sua área de atuação local atendo-se, exclusivamente, às

determinações microestruturais e no âmbito de sua intervenção institucional.

Está correto o que se afirma em:

a- I, apenas.

b- II, apenas.

c- III, apenas.

d- I e II, apenas.

e- I, II e III.

Resposta Correta: d) I e II apenas.

25

7. O SERVIÇO SOCIAL NA DIVISÃO

SOCIOTÉCNICA DE TRABALHO

O serviço social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão

sócio e técnica do trabalho, tendo como pano de fundo o desenvolvimento capitalista

industrial e a expansão urbana, processo aqui apreendido sob o ângulo das novas

classes sociais emergentes – a constituição e expansão do proletariado e a burguesia

industrial.

DEMANDAS QUE SE MODIFICAM HISTORICAMENTE:

✓ NOVAS COMPETÊNCIAS PROFISSSIONAIS;

✓ ATUAÇÃO NAS LACUNAS DEIXADAS PELA RELAÇÃO CAPITAL –

TRABALHO;

✓ INTERVENÇÃO DE UM CONTEXTO DE CRISE DO CAPITALISMO E DOS

SEUS PROJETOS ALTERNATIVOS.

O Serviço Social é uma profissão inserida na divisão sociotécnica de trabalho,

caracterizado por sua dimensão essencialmente propositiva e investigativa, atendendo

demandas que mudam historicamente, determinando-lhes novas competências.

2014/FCC/SABESP. A prática profissional do Serviço Social se afirma como uma

instituição peculiar na divisão do trabalho. Para apreender esse significado

supõe-se:

a- Inserí-la no conjunto das relações sociais, o que lhe atribui um sentido histórico e

nas quais se torna possível e necessária.

b- desvinculá-la do contexto social mais amplo, atribuindo-lhe o caráter mais humanista.

c- elucidá-la acima da sociedade capitalista e atribuindo-lhe um significado generalista.

d- situar o Serviço Social na trajetória das lutas sociais com ênfase no ajustamento

social.

e- considerá-la independente da consciência dos agentes profissionais.

Resposta Correta: Letra A) inseri-la no conjunto das relações sociais, o que lhe

atribui um sentido histórico e nas quais se torna possível e necessária.

Comentários: A profissão não deve se desvincular do contexto social; elucidá-la com

base na sociedade capitalista a qual se insere, atribuindo o direito como fundamental;

26

não se deve pensar a prática do Serviço Social como ajustamento social, tal proposta

era fruto do conservadorismo, tão combatido na atualidade. Compreendendo na

contemporaneidade o Homem como ser histórico. A prática profissional e seus agentes

devem apreender o significado da social da profissional e sua inserção na divisão do

trabalho como algo que se relaciona e dá sentido à ação.

27

8. A PRÁTICA SOCIAL E PROFISSIONAL

DO ASSISTENTE SOCIAL

Prática Social/Profissional: A prática social é uma categoria teórica que

possibilita o conhecimento e a explicitação do processo pelo qual se constitui e

se expressa o ser social, e da dinâmica da construção histórica do mundo humano

social. PRÀXIS (modo de ser, agir, domínio de suas atividades). Transforma o

mundo social e natural para o mundo humano.

PRÀXIS

Diversidade de práticas sociais, a partir das diferenças de sua transformação,

produção, criação e elaboração; Trabalho (categoria ontológica) é pelo trabalho que o

homem transforma a natureza para si próprio, através da MEDIAÇÃO, para a produção

de seus instrumentos.

Prática Social se expressa pelas relações sociais estabelecidas pelo homem,

através do trabalho, que tem como característica o plano sociopolítico (dimensão

histórica); Vontade; jogo de poder; ser particular e ser individual.

A relações que configuram a prática profissional

A prática profissional situa-se no âmbito das relações sociais concretas

de cada sociedade, constituiu uma dimensão historicamente determinada pela

prática social; O trabalho profissional como partícipe de processos de trabalho,

se inserindo como trabalho coletivo e trabalhador assalariado; se estabelece

na divisão social do trabalho, pois se particulariza em diversos campos de

trabalho e em representações que se modificam conjunturalmente;

Características do processo de prática do assistente social, se faz

complexo, plural e diversificado, do que a literatura profissional do que

acostumada a concebê-lo, sobretudo por desconsiderar as mediações sociais

e organizacionais que se processam nas relações sociotécnica do mercado de

trabalho.

28

A prática profissional é legitimada, justificada por meio de várias formas de

legalização que se estende sobre si uma cobertura protetora de interpretações

cognitivas e normativas e de mecanismos de controle social tornados

necessários pela sua historização e objetivação.

Desafios a profissão estão voltados a ampliar suas possibilidades,

articulação e sua intervenção com o movimento de outras categorias

profissionais e sintonizando suas ações com as forças sociais que operam na

sociedade para reverter as políticas e as estratégias que conduzem a

barbarização da vida social.

A relação teoria/método: baseado diálogo profissional com a realidade

O conhecimento e a prática profissional se respaldam em concepções de mundo

que têm como fundamento teorias sociais – expressões abstraídas do movimento da

sociedade, das relações entre os homens e deles com a natureza as quais estruturam

as bases das ciências humanas e sociais e seus métodos.

Objetivo:

• Instrumentar o diálogo profissional com a prática;

• Submeter a crítica teórica a abordagem do real, os instrumentos e técnicas;

Para a análise da estrutura do pensamento e da ação dos assistentes sociais, é

importante ter presente a maneira como são apreendidos a questão do ser, o seu

processo de conhecimento da verdade e o modo de perceber e atuar sobre a realidade;

A perspectiva marxiana explica as relações entre os homens como

determinadas pelo processo histórico concreto, tendo por base as relações de produção:

problematiza a forma como as relações sociais se apresentam- mediatizadas por coisas,

por instituições, o que ao mesmo tempo que revela situações reais imediatas, encobre

múltiplas relações sociais, historicamente determinadas, cuja apreensão se faz a partir

da reprodução do concreto, por meio do pensamento.

Teoria Social construída por Marx, conhecimento das relações de sociedade

não se configura como um quadro explicativo da realidade, mas como expressão

abstrata de seu movimento. Unidade entre sujeito e Objeto; Conhecimento resultante

de cada representação como pressuposição;

29

No pensamento marxista, a lógica dialética é assumida como método para

análise concreta de fatos reais, entendendo como método não um conjunto de técnicas

de intervenção, nem um aparato de categorias analíticas, mas como a maneira de

pensar as relações dos homens na sociedade, tendo por ponto de partida a análise

crítica de dados factuais;

Na tradição crítica dialética, o método não desvincula da teoria: a opção

metodológica implica a opção teórica. O conhecimento se desenvolve a partir da

situação social vivida, em que o sujeito tende a se comportar de modo ontológico, como

ser social. Constituição Ontológica.

Não existe método sem objeto; estudar a dinâmica de um fato social, apreender

e compreender e explicar sua processualidade e suas transformações, é

necessário relacioná-lo ao movimento de seu contexto histórico-social,

construído, no diálogo com o objeto, categorias de análise.

30

9. ATITUDE INVESTIGATIVA E

PRÁTICA PROFISSIONAL (ODÁRIA BATTINI)

Mudanças na literatura que acompanhou o histórico conjuntural dos processos

sociais, para deles extrair potenciais propostas de trabalho, transformando-as em

alternativas profissionais. Apreensão das dimensões teórico-metodológica, ético-

política e técnica-operativa; A metodologia que informa a prática cotidiana no serviço

social converte-se em questão teórico-metodológica e ético-política, o que permite ao

assistente social apreender o modo de ser e de se reproduzir do ser social

historicamente dado e propor modalidades de intervenção com vistas as respostas ás

demandas socioprofissionais;

Desafios: integração entre os fundamentos teórico- metodológicos e a pesquisa

concreta de situações concretas que figuram como objeto de trabalho desse

profissional; A importância da atitude investigativa; (descoberta, ultrapassagem do

aparente, evidencia a essência dos fenômenos, nos seus nexos e conexões).

A dimensão investigativa da prática do serviço social tem seu suporte na

práxis de conhecimento que, como a própria prática material ou produtiva,

também cria trabalho humano e humanizado, na medida em que se produz

condições para a capacidade de expressão e objetivação humanas, em um grau

superior. Suporte ao exercício profissional.

A teoria não trata apenas de pensar o fenômeno como mera atitude

contemplativa, mas dirige o pensamento a uma mudança real, no sentido de dissolver

o conteúdo existente em seu interior em uma perspectiva superadora; A unidade entre

teoria e prática é perseguida sempre em um processo histórico-social; a prática é

concebida como prática humana;

A dimensão investigativa voltada para a construção do conhecimento tem

como elemento constitutivo a relação sujeito de conhecimento/objeto científico; A

mediação é a condição que opera a práxis; A atitude investigativa implica em

procedimento analítico intelectual para a reconstrução do objeto de intervenção

profissional, sistematização da prática.

31

10. O CONHECIMENTO CRÍTICO NA RECONSTRUÇÃO DAS

DEMANDAS PROFISSIONAIS CONTEMPORÂNEAS

(YOLANDA GUERRA)

Compreender o serviço social na contemporaneidade, é necessário a

compreensão da lógica do sistema capitalista, suas contradições internas, suas crises

e sua necessidade de revolucionar constantemente com suas bases materiais e

ideológicas.

Considerar a dimensão teórico-metodológica, pautada em um conhecimento

crítico, a que nos permite reconhecer os princípios, os fundamentos da ordem burguesa

e as programáticas de ação utilizadas pelo grande capital, suas necessidades sociais,

as quais, por meio de um conjunto de mediações, convertem-se em requisições à prática

profissional.

Somente com a clareza sobre a natureza e o significado social da profissão,

o que faz o serviço social é que nos permite avançar para que o que pode e o que deve

fazer.

A relação entre teoria e prática como unidade do diverso, a escolha dos meios

(o método, as técnicas e os instrumentos) a serem utilizados pelo profissional e das

mediações que ele deverá acionar na sua intervenção se dará em função das suas

finalidades e do instrumento e técnicas serão estabelecidos no interior do projeto

profissional.

Importância a redefinição e reconstrução crítica das demandas profissionais,

através da capacitação contínua e regular que possa preparar técnica, teórica,

ética e politicamente os profissionais para conhecer, intervir e transformar a

realidade.

32

11. O SERVIÇO SOCIAL E A CONSTRUÇÃO

DOS DIREITOS SOCIAIS

(MARIA CARMELITA YASBECK)

O texto tem como foco o trabalho do assistente social, na perspectiva da

concretização de direitos e na construção da esfera pública democrática, em um difícil

contexto que vem interpelando o serviço social, sob vários aspectos, diante das novas

manifestações e expressões da questão social, resultantes de transformações

estruturais do capitalismo contemporâneo, aos processos de redefinição dos sistemas

de proteção social.

• Precarização do mercado de trabalho;

• Mudanças do sistema de seguridade social (contexto histórico);

• Mudanças das manifestações da questão social;

• Atuação do serviço social frente as políticas sociais contemporâneas;

• Entre a democracia e a luta pela construção dos direitos, é sempre uma

disputa; (envolve questões de subordinação do social ao econômico);

• O social constrangido pelo econômico. O social refilantropizado e

despolitizado e despublicizado;

• Política Social como mediação fundamental para a realização do direito;

• Importância do projeto ético político;

• Transversalidade entre o projeto ético-político e atuação na política social.

Construir o político na política social.

33

12. O LUGAR DA PRÁTICA PROFISSIONAL NO CONTEXTO

DAS LUTAS DOS ASSISTENTES SOCIAIS NO BRASIL

(ODÁRIA BATTINI)

A reflexão tem objeto central a prática profissional operada pelos assistentes

sociais no atendimento às demandas que lhe são postas.

• Demandas: particularidades da questão social, expressas pela vivência

dos sujeitos que buscam serviços profissionais nos diferentes espaços

sócio ocupacionais nas diversidades dos campos de atuação;

• Transformações teóricas e metodológicas da profissão e mudanças no

processo de trabalho.

13. SENTIDO E DIRECIONALIDADE DA AÇÃO PROFISSIONAL:

PROJETO ÉTICO-POLÍTICO EM SERVIÇO SOCIAL

(MARIA LÚCIA MARTINELLI)

• Concepção sócio histórica da profissão; A importância do projeto ético político e

sua interface; A interface com os marcos legais da profissão.

14. ANÁLISE INSTITUCIONAL ONTEM E HOJE

Iamamoto

Iamamoto (2009, p. 343-344), que inicia o foco deste estudo, compreende o

assistente social como trabalhador assalariado, acresce a isso o projeto profissional

ligado a valores radicalmente humanistas e as metamorfoses concernentes aos

espaços de atuação nas últimas décadas

As alterações verificadas nos espaços ocupacionais do assistente social

têm raízes nesses processos sociais, historicamente datados, expressando tanto

a dinâmica da acumulação, sob a prevalência de interesses rentistas, quanto a

34

composição do poder político e a correlação de forças no seu âmbito, capturando

os Estados Nacionais, com resultados regressivos no âmbito da conquista e do

usufruto dos direitos para o universo dos trabalhadores. Mas os espaços

ocupacionais refratam ainda as particulares condições e relações de trabalho

prevalentes na sociedade brasileira nesses tempos de profunda alteração da

base técnica da produção com a informática, a biotecnologia, a robótica e outras

inovações tecnológicas e organizacionais, que potenciam a produtividade e a

intensificação do trabalho. É em solo histórico movente que se atribui novos

contornos ao mercado profissional de trabalho, diversificando os espaços

ocupacionais e fazendo emergir inéditas requisições e demandas a esse

profissional, novas habilidades novas competências e atribuições. Mas ele impõe

também específicas exigências de capacitação acadêmica que permitam atribuir

transparências às brumas ideológicas que encobrem os processos sociais e

alimentam um direcionamento ético-político técnico ao trabalho do assistente

social capaz de impulsionar o fortalecimento da luta contra hegemônica

comprometida com o universo do trabalho.

O espaço profissional, como produto histórico, é condicionado por luta e

disputa pela hegemonia e por alianças travadas pelas classes fundamentais assim como

pela densidade política das respostas de caráter teórico-prático, providenciadas pela

profissional através de demandas que já seriam socialmente reconhecidas, requisita,

assim, uma apreensão crítica do panorama ocupacional e da atenção às demandas

emergentes. Ao mesmo tempo, os espaços ocupacionais possuem elementos

reprodutores e superadores da ordem e englobam espaços vinculados à ação do

empresariado, aos segmentos específicos da sociedade civil bem como àqueles

vinculados diretamente ao Estado, por via das políticas sociais e das organizações da

classe trabalhadora.

Metamorfose dos espaços sócio ocupacionais

Ao referir-se à metamorfose dos espaços sócio ocupacionais do

assistente social, Iamamoto (2009) parte da análise da Carta Constitucional de

1988 e das propostas de participação democrática da população. Antagônica a

essa Constituição, a direção assumida pelos governos presidenciais buscou

fornecer outras respostas às expressões da questão social em um Estado de

opções, majoritariamente, neoliberais. Como resultado, criaram-se as “Redes de

Parcerias Sociais” e os “Fundos de Solidariedade” que potenciam marcas

35

históricas da assistência social no Brasil através de clientelismo, fragmentação

institucional, ausência de mecanismos de participação e controle popular.

Contribuiu, assim, com o desmonte e a regressão dos sociais, frutos de intensa

luta política. Esse processo avança por duas vias: a da transferência das

responsabilidades do Estado a essas organizações (representantes do dito

“terceiro setor”) e a da mercantilização dos atendimentos destinados às

necessidades sociais.

Atuação dos Assistentes Sociais na Seguridade Social

Iamamoto (2009, p. 361) reconhece a importância da atuação dos

assistentes sociais no âmbito da Seguridade Social e junto aos Conselhos de

Políticas, Conselhos Tutelares e Conselhos de Direitos que se dedicam a

diferentes segmentos e políticas sociais:

“Os Conselhos, perfilando uma nova institucionalidade nas ações

públicas, são instâncias em que se refratam interesses contraditórios e, portanto,

espaços de lutas e disputas políticas”. Esses espaços são, sobretudo, arenas

para o incentivo da participação política e socialização de demandas das classes

subalternas que tendem a ser capturados por interesses da classe dominante.

O profissional assistente social, vinculado, majoritariamente, à

máquina estatal, evidencia a burocracia como componente inerente

às suas atividades e sente-se compelido a romper com o saber

burocrático que se aloja em repartições e agentes profissionais.

Desde Lefebvre, Iamamoto (2009) vem sustentando que o “saber

burocrático”, ao situar a burocracia em critério de verdade, tendo o

segredo e a competência como orientações centrais para as ações,

oculta processos de dominação travestidos em procedimentos

técnicos.

A autora (IAMAMOTO, 2009, p. 370) vislumbra os horizontes da ação

profissional pelas instituições e ao final afirma que para decifrar o trabalho do

assistente social como abstrato seria necessário:

[...] particularizar as análises específicas das condições e relações

sociais em que ele ocorre, pois, se a qualidade do trabalho se preserva

nas várias inserções, o seu significado social é diferente: a dimensão

social desse trabalho realiza-se por mediações distintas em função da

36

forma assumida pelo valor-capital e pelos rendimentos. Estas formas

condicionam, sob a ótica do valor, a contribuição desse trabalhador ao

processo de produção e reprodução das relações sociais.

Mesmo reconhecendo a importância de análises específicas das

“condições e relações sociais” da inserção profissional, é a análise sobre o

significado social do trabalho na relação com o capital que prevalece,

subsumindo dessa forma a análise institucional como componente importante

para a compreensão do exercício profissional.

Raicheles

O artigo de Raicheles (2009) segue o lastro da atuação dos assistentes sociais

no âmbito estatal e apresenta algumas premissas para problematizar a relação da

profissão com o Estado.

Primeira premissa – Serviço Social x Estado

A primeira é a apreensão histórica da profissão através do movimento da

sociedade em que se insere. Para isso, salienta a importância da Igreja Católica na

gênese do Serviço Social, o contexto do final da Segunda Guerra Mundial, a aceleração

industrial e as migrações campo-cidade enquanto fenômenos que exigiram respostas

do Estado e do empresariado para a reprodução social da classe trabalhadora. Esse

processo configurou um conjunto de instituições sociais que, tendo como alvo de sua

intervenção as “expressões da questão social”, propiciou o solo para o nascimento de

espaços a serem ocupados pelos assistentes sociais.

Segunda Premissa- Serviço Social x Estado.

A segunda premissa parte da modernização conservadora e do aumento da

execução de programas e serviços sociais no Brasil, através das políticas sociais no

Estado capitalista. O Serviço Social seria, assim, uma profissão habilitada e requisitada

para intervir em processos e mecanismos, vinculados ao enfrentamento das múltiplas e

agudas expressões da questão social, e em suas atualizações nas distintas conjunturas

sociopolíticas.

37

Terceira Premissa – Serviço Social x Estado

A terceira premissa refere-se ao fundamento da profissionalização do

Serviço Social. Tal processo se constitui através da estruturação do espaço

ocupacional da profissão a partir da dinâmica contraditória, fruto das relações das

classes sociais na pressão do aparelho estatal e na consequente transformação das

expressões da questão social em objeto de intervenção do Estado.

Quarta Premissa – Serviço Social x Estado

A quarta premissa defende a não redução da análise das políticas sociais

à mera intervenção estatal já que essas mesmas políticas estabelecem relações que

são, ao mesmo tempo, conflituosas e complementares, colocando na arena

necessidades, interesses e formas de representação de classes e segmentos sociais

muitas vezes antagônicos.

Quinta Premissa – Serviço Social x Estado

A quinta premissa reconhece o trabalho do assistente social, quando

alojado na esfera estatal, através das relações estabelecidas junto à sociedade civil,

atento às formações sociais e aos contextos históricos dessas relações em sua

reciprocidade e antagonismo.

Sexta Premissa – Serviço Social x Estado

A última premissa solicita a devida distinção no trato das categorias Estado

e governo. Entender ambas como sinônimas poderia resultar em equívocos

interpretativos, seria como supor que assumir o poder governamental fosse também

assumir o poder de Estado (RAICHELES, 2009).

Raicheles (2009) atenta-se às instituições quando referência, por via do

Estado, a necessidade de considerar certas instituições, entre elas o governo, a

administração pública, as forças militares, os sistemas judiciário e legislativo que

38

compõem em seu conjunto a arena de conflitos, como a condensação de forças políticas

vinculadas ao Estado.

2012/FCC/TRT6ªR (PE). Para Raichelis (2009), a transformação das sequelas da

questão social em objeto de intervenção do Estado instaura um lugar específico

do Serviço Social na divisão social e técnica do trabalho na esfera estatal. Para

esse exercício profissional, é necessário ter como referência:

a- que a profissão parte da premissa de sua construção a-histórica e apolítica de lhe

deu o significado que possui na atualidade, independentemente da dinâmica da vida

social na qual se insere.

b- que a estruturação desse espaço sócio ocupacional foi determinado pela dinâmica

harmônica e de consenso que emerge no âmbito estatal em suas relações com as

classes sociais.

c- o compromisso ético-político da profissão, estabelecendo que sua postura

profissional, em todos os espaços, deve ser de destensionamento e despolitização da

luta pelos direitos.

d- a afirmação do modelo de política social voltada aos mais pobres entre os mais

pobres na perspectiva de refilantropização da questão social.

e- a direção do desenvolvimento da sociabilidade pública capaz de refundar a política

como espaço de criação e generalização de direitos.

Resposta Correta: Letra e) a direção do desenvolvimento da sociabilidade pública

capaz de refundar a política como espaço de criação e generalização de direitos.

Comentários: Segundo a referida autora, a transformação das sequelas da questão

social em objeto de intervenção do Estado instaura um lugar específico do Serviço

Social na divisão social e técnica do trabalho na esfera estatal, portanto ocorre o

chamamento deste profissional com intervenção direta nas questões centrais da

sociedade civil nos espaços públicos, colaborando para a superação de visões

reducionistas desta, desencadeando ações nos espaços públicos que estimulem o

desenvolvimento da sociabilidade pública, capaz de refundar a política como espaço de

criação e generalização de direitos.

39

Mercado de Trabalho

Assim como em Iamamoto (2009), há no texto de Raicheles (2009) a

discussão dos espaços sócio ocupacionais também pelo mercado de trabalho,

salientando as subcontratações dos profissionais de forma pontual e eventual.

Essa concepção resulta em contratos de trabalho de curta duração,

relacionados a tarefas fragmentadas, fruto de novas configurações da gestão

das políticas sociais, sem um vínculo empregatício estável com a organização

onde atuam.

Multiplicidades de atores vinculados as Políticas Sociais

A partir da década de 1990, comparece uma multiplicidade de atores

vinculados às políticas sociais que atuam ativamente nesse âmbito, tais como

empresários, ONGs, entidades sociais que se vinculam a temas como pobreza,

exclusão social, cidadania. Obtêm nesse processo grande visibilidade, disputam

espaços nos fóruns, deliberam sobre as políticas e os programas sociais. Essa

multiplicidade de atores traz novas requisições aos assistentes sociais através de

referenciais analíticos e exigências propositivas nos diferentes âmbitos de

desenvolvimento do exercício profissional.

Conselhos de Direitos

Por fim, para Raicheles (2009), um espaço sócio ocupacional de suma

importância para a atuação dos assistentes sociais são os Conselhos de Direitos,

seja como representantes dos gestores, das entidades ou dos usuários. E, ao

mesmo tempo, salienta a necessidade de atentar para o trabalho que o Serviço

Social anteriormente exercia: o de mobilização e organização popular que parece

estar agora restrito à participação institucionalizada nesses mesmos Conselhos.

Participação dos Assistentes Sociais nos Conselhos de Política de Direitos.

(Bravo, Iamamoto e Raichelis).

40

O texto de Bravo (2009), assim como o de Iamamoto (2009) e o de Raicheles

(2009), destaca a participação dos assistentes sociais nos conselhos de política

de direitos e apresenta as possíveis contribuições dos profissionais nas

instâncias públicas de controle democrático. Para isso, descreve de forma

pormenorizada o que seriam os Conselhos de Direitos e as conferências no

âmbito das políticas sociais. Bravo (2009) destaca a racionalidade da

qualificação da participação e reconhece em Gramsci um aporte teórico válido

ao entendimento da complexidade da atuação nesses conselhos de controle

social. O que permite apreender a contradição de classes como questão central

dos mecanismos de controle social, assumindo-os como arenas de conflitos e

disputa de interesses antagônicos.

Amaral e César

Amaral e Cesar (2009), ao abordarem o trabalho do assistente social em

empresas capitalistas, destacam a retórica empresarial da responsabilidade social e do

compromisso “ético” da iniciativa privada, apoiada no discurso da ineficiência do Estado.

A meta é a substituição dos sistemas de proteção social por ações focalizadas de

combate à pobreza. Emergem desse contexto inúmeras frentes de trabalho para os

assistentes sociais, como gestão de recursos humanos, programas participativos,

desenvolvimento de equipes, ambiência organizacional, qualidade de vida no trabalho,

voluntariado, ação comunitária, certificação social, educação ambiental. Amaral e Cesar

(2009, p. 416) vinculam esses novos espaços de trabalho com os processos

macrossociais que incidem diretamente nas práticas sociais de profissões como o

Serviço Social.

Sob essa ótica, a atuação do assistente social nas empresas

capitalistas também é objeto de novas exigências e qualificações e

assume, nesses espaços, uma configuração e um estatuto bastante

distintos daqueles expressos nas ações problematizadoras do projeto

profissional dos anos de 1980. A complexificaçao da sociedade, as

41

mudanças no mundo do trabalho, no papel do Simone Sampaio e Robson

de Oliveira 128 Sociedade em Debate, 20(2): 119-144, 2014

empresariado e o protagonismo dos organismos internacionais na

definição de estratégias de ‘desenvolvimento’ para os países periféricos,

são alguns determinantes que conduzem a uma ação profissional

caracterizada por rupturas e continuidades.

Um dos principais rebatimentos dessa intencionalidade no âmbito da classe

trabalhadora é o desenvolvimento de mecanismos de conciliação, colaboração e de

consenso que, partindo do empresariado, atingem o processo de produção e a

totalidade da vida social. No entender de Amaral e Cesar (2009), se na década de 1980

a conjuntura era favorável aos embates contra os patrões, na década atual essa arena

constitui-se em campo de conciliação de interesses através das iniciativas gerenciais

que mobilizem o consenso acerca de metas de qualidade e produtividade.

Alencar

O texto de Alencar (2009) propõe-se a refletir sobre o trabalho

dos assistentes sociais nas organizações privadas não lucrativas enquanto

espaços sócio ocupacionais com melhor possibilidade de escrutinação. Para isso,

utiliza a reflexão de Netto (2011) acerca do recuo do Estado diante da

responsabilidade direta pela execução das políticas sociais e a consequente

emersão de diversos modelos de organizações não privativas para gestar as

expressões da questão social, financiadas, em sua maioria, por fundos públicos.

Tem-se assim o chamado terceiro setor, definido a priori como um setor parceira do

Estado (público) e do mercado (privado), na qual se incluem diferentes organizações,

entre elas ONGs, fundações empresariais, instituições filantrópicas e atividades do

voluntariado.

Cardoso e Lopes

Cardoso e Lopes (2009), que finalizam o rol de autores selecionados para

fundamentar este estudo, abordam a atuação dos assistentes sociais junto às

organizações da classe trabalhadora. Apresentam o exercício profissional das

décadas de 1970 e 1980, em sindicatos, associações profissionais, movimentos

sociais, como de mobilização e organização, vinculado a uma perspectiva de

42

superação do quadro imposto pela sociedade capitalista no intento da emancipação

humana. Com o avançar dessa percebe-se que a intencionalidade, posta pelo projeto

societário defendido pelo Serviço Social, não foi impressa no âmbito da inserção

institucional com respostas às requisições empreendidas pela classe trabalhadora.

As autoras concluem afirmando que desde a década de 1990 não houve avanços

no âmbito da atuação dos assistentes sociais nas organizações da classe trabalhadora

em decorrência da reestruturação produtiva e dos avanços do neoliberalismo no

período. Ainda assim, reconhecem as organizações da classe trabalhadora como locais

onde a profissão pode se apoiar sobre o Projeto Ético-Político do Serviço Social por via

de algumas estratégias: assessoria técnica, apoio político às organizações da classe

trabalhadora e desenvolvimento de ações educativas.

Há que se atentar para duas tendências dos textos. A primeira, é a

interpretação desses espaços via direito positivo, principalmente pela Carta

Constitucional de 1988 com a legitimação dos Conselhos de Direitos e de políticas

sociais como “propiciadores” de espaços de atuação dos assistentes sociais. Em

Gramsci, frequentemente, comparecem coadunadas à leitura do direito as noções de

dissenso e consenso, Estado e sociedade civil para ilustrar a constante disputa pela

direção assumida a partir da atuação dos assistentes sociais nos Conselhos de Direitos

e como executores terminais, bem como planejadores e avaliadores, das políticas

sociais. Não se trata de uma assertiva original para referir os espaços ocupacionais

reconhecer a relação dos assistentes sociais com as políticas sociais ou com o que ela

requisita para sua materialidade e vinculação ao Serviço Social. Faleiros, em 1980, já

havia publicado uma extensa pesquisa sobre a política social no Estado capitalista.

Quanto à relação dos Conselhos de Direitos, citados em três da promulgação

da Carta Constitucional de 1988, é interessante notar que há uma defesa intransigente

da atuação do assistente esforce a problematizar o fato de que os assistentes sociais,

nesses espaços, são representantes de múltiplas instituições. É como se a ocupação

da cadeira em um conselho não precisasse ser apreendida também a partir da

instituição que a detém por eleição. A representatividade institucional que cauciona o

acesso aos Conselhos pela representatividade não é problematizada. Assim, os

particulares interesses defendidos pelas instituições em sua representatividade nos

Conselhos não são apreendidos como componentes a serem deslindados. Situação que

exige do profissional traçar estratégias que respondam aos objetivos de forma

coadunada, ou não, à instituição que assistentes sociais. O que é constantemente

mencionado são as disputas e a ideia de que os Conselhos podem ser espaços

contraditórios, mas isso não basta para problematizar a noção de representatividade

que o assistente social detém junto à instituição em que se vincula para inserção nos

43

Conselhos de Direitos. Talvez aqui aconteça mais um efeito da negação da condição de

agente institucional de que goza o assistente social.

O vetor de análise prioritário na profissão, atualmente, dirige-se à realidade

capitalista; essa é condição sine qua non para a constituição das indicações

acerca da profissão no que trata a leitura da realidade social. Esse posicionamento

reflete-se nas tentativas de análises das instituições, aqui pelo termo espaços sócio

ocupacionais. Todavia, os passos seguintes da composição do que poderia remeter a

uma análise institucional são subsumidos; não há o reconhecimento que, para o

entendimento da profissão, é imperativo analisar, também, as instituições onde ela se

exerce. Isso se expressa no conjunto dos textos anteriormente apresentados. Pois, por

mais que apresentem a cultura política brasileira e a presença do Estado como elemento

elucidativo da inserção das assistentes sociais nos espaços de atuação, não se pode

assumi-las a priori como suficientes para entender o Serviço Social em sua relação com

as instituições empregadoras.

O fato de a análise institucional mostrar-se lacunar nas publicações do

Serviço Social enfraquece a problematização das estratégias profissionais. Em

seu lugar são ofertados parâmetros profissionais, comparecendo a análise sobre o

Estado como substituta das particularidades das demais instituições. Nesse contexto, o

mercado e as condições de trabalho tornam-se elementos fulcrais à compreensão do

que ocorre ou do que constitui o exercício profissional dos assistentes sociais. Não há,

assim, atenção ao imperativo das estratégias profissionais homogeneização no que

tange às instituições empregadoras.

As instituições requerem a reflexão em torno de sua existência por serem um

fenômeno não natural, mas produto histórico das revoluções, lutas e dos

enfrentamentos na sociedade capitalista e a forma mesma de como estes se

reproduzem. No limite, a instituição que requisita o profissional de Serviço Social é

resultado, também, das relações de classe e dos embates delas decorrentes. Se a

utopia de toda instituição é distinguir-se como um elemento natural, indispensável e ser

autoexplicativa, desenraizada de qualquer princípio que a reconheça enquanto

fenômeno reificado das atividades humano genéricas. Incorre-se a isso quando não se

observa que a análise macro societária é um componente da análise institucional.

Contudo, interromper esse processo antes de se voltar aos seus efeitos específicos (e

toda instituição é produtora de efeitos que emanam do seu interior até o exterior) é

compor um discurso coerente no que tange à leitura da sociedade capitalista, mas

demasiado genérico frente às instituições e à inserção profissional nos espaços sócio

ocupacionais.

44

Da mesma forma, uma análise institucional desprovida das determinações

históricas que lhe constituem reforçaria uma característica própria de como as

instituições são forjadas. Isto é, como se elas produzissem discursos sobre si, definindo-

se, justificando-se, requisitando para si uma suposta missão em um misto de

antroporfomismo e normatização: um discurso de legitimação sobre si, produzido desde

si mesmo, autonomizado do processo social.

Prática Profissional, Prática Social,

Prática Institucional e Avaliações

• As reflexões sobre o poder institucional e o saber profissional colocam a

questão do objeto do Serviço Social em uma outra ótica que a de classe contra

classe, mas articulada a ela na análise das relações de poder, hegemonia e contra

hegemonia. As instituições passaram, assim, a ser vistas como local de lutas de

poderes, e o objeto de intervenção deve responder a um processo complexo de

relações sociais em que se entrecruzam demandas políticas, uma lógica de campo

específico de atuação da área da assistência social, o jogo do poder burocrático e

tecnocrático e pressões/submissões dos usuários.

• Segundo Iamamoto (1999) a hipótese é a de que as reflexões sobre o nosso fazer

profissional têm priorizado a análise da intervenção do Estado, via políticas sociais

públicas, e daí extraído os seus efeitos na sociedade. Sendo a compreensão das

políticas sociais requisito fundamental para a ação profissional, importa lembrar que

não é o Estado que explica a sociedade, uma vez que se encontram na sociedade

civil os fundamentos do próprio Estado. Com isso não pretendo negar o papel

decisivo que vem desempenhando o Estado no processo de regulação da sociedade

civil, especialmente no âmbito da expansão monopolista, em que as funções

econômicas e políticas do Estado se encontram estreitamente imbricadas. No

entanto, penso ser imprescindível que olhemos para a sociedade, para o movimento

das classes sociais, que têm sido relegados a urna posição de relativa

secundariedade no debate do Serviço Social.

• O Serviço Social, como as demais profissões, na medida em que se refazem e se

constroem as relações na sociedade, vai se reconstruindo e refazendo, muito

embora nesse processo não supere os limites das relações postas pelo capitalismo,

uma vez que a própria sociedade não os supera. Nesse processo de reconstrução,

as ações individuais podem assumir, ao mesmo tempo, as dimensões de síntese

resultante do processo coletivo de elaboração de conhecimentos e práticas

desenvolvidos pela categoria - e de criação de novas propostas e de novos

conhecimentos.

• Sabe se que o Serviço Social é uma prática profissional que nasce na

sociedade capitalista no momento em que essa ordem social necessita de

profissionais que administrem e controlemos conflitos de interesses gestados no

mundo do trabalho (na relação antagônica entre capital e trabalho). Sendo assim,

45

certamente, seu mandato institucional recebe influência desse tipo de racionalidade.

Pela estruturação da própria sociedade na qual o assistente social intervém, pela

dinâmica, interesses, objetivos, metas, finalidades das instituições (sejam públicas

ou privadas), lócus do trabalho profissional, os limites da intervenção profissional

ficam evidentes. De outro lado, a profissão também recebe um mandato das classes

subalternizadas que reclamam o atendimento de suas necessidades, resultado do

seu nível de organização social, o que faz com que as instituições sociais

(contratantes dos assistentes sociais) incorporem, em alguma medida, tais

necessidades e as tome como demandas institucionais a serem atendidas pelo

assistente social e outros técnicos. O que está sendo dito é que as demandas que

chegam à profissão, emanadas das necessidades das classes subalternizadas não

se apresentam de maneira nem direta nem imediata à profissão, mas mediatizada

pela instituição.

• “Como profissão interventiva no âmbito das chamadas “expressões da

questão social”, o reconhecimento profissional advém da resolutividade dessa

intervenção, o que exige respostas em nível imediato, emergencial (…). Nessas

respostas impera a exigência de atendimento as demandas que chegam a profissão,

de modo que se aspira ao alcance dos fins, mas não se impõe, na mesma medida,

em nível imediato, uma reflexão ética política sobre os meios utilizados para isso. A

desconsideração das relações meios e fins (em como responder e com que meios),

mais ainda, a ruptura entre meios e fins (não importam os meios, desde que se

alcancem os fins) resultam numa prática focal, pontual, imediatista, instrumental.

Neste nível de resposta – a que tem possibilidade de resolutividade imediata -, a

única alternativa possível é a que toma como objeto o sujeito, visando operar

mudanças comportamentais, culturais, ideológicas na vida do usuário via prática

disciplinadoras e de mudanças comportamental.

• A profissão não deve se desvincular do contexto social; elucidá-la com base na

sociedade capitalista a qual se insere, atribuindo o direito como fundamental; não se

deve pensar a prática do Serviço Social como ajustamento social, tal proposta era

fruto do conservadorismo, tão combatido na atualidade. Compreendendo na

contemporaneidade o Homem como ser histórico. A prática profissional e seus

agentes devem apreender o significado da social da profissional e sua inserção na

divisão do trabalho como algo que se relaciona e dá sentido à ação.

• Os assistidos são matéria- -prima das ações assistenciais e do trabalho dos

assistentes sociais, devendo submeter-se ao ordenamento das operações

institucionais, sejam elas de natureza disciplinadora ou voltadas à sua orientação e

formação. Essa modalidade de vinculação entre o assistido e as instituições

assistenciais tem levado à desagregação e à atomização das demandas.

• Segundo Raichelis (2009), a transformação das sequelas da questão social em

objeto de intervenção do Estado instaura um lugar específico do Serviço Social

na divisão social e técnica do trabalho na esfera estatal, portanto ocorre o

chamamento deste profissional com intervenção direta nas questões centrais da

sociedade civil nos espaços públicos, colaborando para a superação de visões

reducionistas desta, desencadeando ações nos espaços públicos que estimulem o

desenvolvimento da sociabilidade pública, capaz de refundar a política como espaço

de criação e generalização de direitos.

• A modalidade de vinculação entre o assistido e as instituições assistenciais

tem levado à desagregação e à atomização das demandas

46

• Para desenvolver a prática profissional, o Assistente Social necessita conhecer

e compreender as causas determinantes do processo de exclusão social.

• Para que a prática profissional nas instituições não se reduza ao atendimento

imediato das demandas, há a necessidade de conhecimento teórico-metodológico

e técnico-operativo do Serviço Social e um compromisso ético-político.

• Segundo Iamamoto, um dos requisitos para o deciframento da dimensão política

da prática profissional do Assistente Social é a compreensão das relações do

Serviço Social com o poder de classe, em especial o poder de Estado.

• O objeto de trabalho do Assistente Social em qualquer instituição é a questão

social.

• O Serviço Social é uma profissão basicamente de caráter interventivo. Na sua

prática, o Assistente Social, tanto na esfera pública estatal como no setor privado,

enfrenta a necessidade de se capacitar, para executar um trabalho interdisciplinar

com interface com profissionais de diferentes áreas.

• O trabalho do Serviço Social desenvolvido junto às classes subalternas tem,

necessariamente, uma dimensão educativa e política.

• O Assistente Social, ao apreender a realidade social em suas dimensões histórica,

de universalidade e de totalidade concreta para intervenção, está baseado no

paradigma da teoria social-crítica.

• Há uma tendência, nas profissões ligadas à prática, de não realizar pesquisas e

também de não teorizar sobre essa mesma prática. Essa acomodação profissional

se dá por uma orientação pragmática, que essas profissões têm adquirido no

contexto social maior.

• O Serviço Social deve ser pensado na contradição capital/trabalho e o ponto

de partida da análise é que o significado social dessa prática profissional supõe

inserí-la no jogo das relações das classes sociais e de seus mecanismos de poder

econômico, político e cultural, preservando, no entanto, as particularidades da

profissão.

• A prática profissional do assistente social comprometida com o fortalecimento

do controle social dever partir: I. da compreensão histórica da política social

específica em que atua, observando suas determinações econômicas, sociais,

políticas e culturais na sociedade de classes. II. da atenção permanente à

concepção de mundo da classe dominante absorvida pelos grupos subalternos,

imposta através dos “aparelhos privados de hegemonia", a qual promove o

consenso em torno do projeto dominante, buscando desmistificá-la.

• As instituições, mesmo que possuam normas e objetivos próprios, estão inseridas

nas relações entre o Estado e a sociedade civil e, nesse sentido, são reguladores

das crises do desenvolvimento capitalista.

O assistente social deve ser capaz de entender as demandas que lhes são colocadas,

mediando os interesses em determinada direção ético-política e reconstruindo o objeto

da intervenção.

47

QUESTÕES DE PROVAS

1. 2012/VUNESP/TJ-SP. As reflexões sobre o poder institucional e o saber profissional

colocam a questão do objeto do Serviço Social em uma outra ótica que a de classe

contra classe, mas articulada a ela na análise das relações de poder, hegemonia e

contra hegemonia. As instituições passaram, assim, a ser vistas como local de lutas de

poderes, e o objeto de intervenção deve responder a um processo complexo de relações

sociais em que se entrecruzam demandas políticas, uma lógica de campo específico de

atuação da área da assistência social, o jogo do poder burocrático e tecnocrático e:

a) pressões/submissões dos usuários.

b) possibilidades de acirramento da luta de classes.

c) alternativas de eliminação de conflitos.

d) desejos manifestos coletivamente.

2. 2012/VUNESP/TJ-SP. Desvendar a prática profissional cotidiana supõe inseri-la

no quadro das relações sociais fundamentais da sociedade, ou seja, entendê-la

no jogo tenso das relações entre as classes sociais, suas frações e das relações

destas com o Estado brasileiro. Como destaca Iamamoto (1999), o Serviço Social

tem olhado menos para a sociedade e mais para o Estado. As reflexões

produzidas sobre o fazer profissional tem priorizado a análise da intervenção do

Estado:

a) a partir da composição de forças com a iniciativa privada, parceria geradora de

inclusão social.

b) via políticas sociais públicas, e daí extraídos os seus efeitos na sociedade.

c) na lógica da prestação continuada de serviços setorizados à população.

d) de acordo com o conjunto de medidas burocráticas suficientes para efetivar direitos

sociais.

e) considerando os processos de trabalho e o mercado concreto para a categoria

profissional.

3. 2012/VUNESP/TJ-SP. O Serviço Social, como as demais profissões, na medida

em que se fazem, se refazem e se reconstroem nas relações, na sociedade, vão-

se fazendo, reconstruindo e refazendo suas práticas, muito embora nesse

processo não sejam superados os limites das relações postas pelo capitalismo e

pelas conjunturas sociopolíticas que vivenciam. Conforme destaca Baptista

(2009), nesse movimento, as ações individuais dos profissionais podem assumir,

ao mesmo tempo, as dimensões de síntese e de:

48

a) apropriação de conteúdos e metodologias a serviço dos mais pobres.

b) criação de novas propostas e de novos conhecimentos.

c) conformações atípicas da prestação imediata de serviços.

d) configurações próprias de uma dada prática social marcada por equidade.

e) antítese que discute a competência do profissional.

4. 2012/VUNESP/TJ-SP. Sabe-se que o Serviço Social é uma prática que nasce na

sociedade capitalista no momento em que essa ordem social necessita de

profissionais que administrem e controlem os interesses gestados no mundo do

trabalho, na relação antagônica entre capital e trabalho. Conforme Baptista (2009),

as demandas que chegam aos assistentes sociais, emanadas das classes

subalternizadas, não se apresentam de maneira nem direta nem imediata à

profissão, mas mediatizadas:

a) por projetos globais.

b) por necessidades impróprias.

c) pela instituição.

d) por realidades abstratas.

e) por interesses genéricos.

5. 2012/VUNESP/SPTrans. Como profissão interventiva no âmbito das chamadas

“expressões da questão social”, o reconhecimento profissional, no Serviço

Social, advém da resolutividade dessa intervenção, o que exige respostas em

nível imediato, emergencial, uma vez que atende a questões que, pelo nível de

tensão que provocam, põem em risco a ordem vigente. Nessas respostas, impera

a exigência de atendimento às demandas que chegam à profissão, de modo que

se aspira ao alcance dos fins, mas não se impõe, na mesma medida, em nível

imediato, uma reflexão ético-política sobre os meios utilizados para isso. A

ruptura entre meios e fins resulta em uma prática:

a) abrangente, tradicional, única e condicional.

b) universal, local, tradicional e instrumental.

c) focal, pontual, imediatista e instrumental.

d) especializada, global, urgente e processual.

e) assistencial, pontual, necessária e complexificada.

49

6. 2014/FCC/TJ-AP. A prática profissional do assistente social comprometida com

o fortalecimento do controle social dever partir:

I. da compreensão histórica da política social específica em que atua, observando suas

determinações econômicas, sociais, políticas e culturais na sociedade de classes.

II. da atenção permanente à concepção de mundo da classe dominante absorvida pelos

grupos subalternos, imposta através dos “aparelhos privados de hegemonia", a qual

promove o consenso em torno do projeto dominante, buscando desmistificá-la.

III. do entendimento de sua área de atuação local atendo-se, exclusivamente, às

determinações macroestruturais e no âmbito de sua intervenção institucional.

Está correto o que se afirma em:

a- I, apenas.

b- II, apenas.

c- III, apenas.

d- I e II, apenas.

e- I, II e III.

7. 2014/FCC/SABESP. A prática profissional do Serviço Social se afirma como uma

instituição peculiar na divisão do trabalho. Para apreender esse significado

supõe-se:

a- inseri-la no conjunto das relações sociais, o que lhe atribui um sentido histórico e nas

quais se torna possível e necessária.

b- desvinculá-la do contexto social mais amplo, atribuindo-lhe o caráter mais humanista.

c- elucidá-la acima da sociedade capitalista e atribuindo-lhe um significado generalista.

d- situar o Serviço Social na trajetória das lutas sociais com ênfase no ajustamento

social.

e- considerá-la independente da consciência dos agentes profissionais.

8. 2012/FCC/TRT6ª R (PE). Para Raichelis (2009), a transformação das sequelas da

questão social em objeto de intervenção do Estado instaura um lugar específico

do Serviço Social na divisão social e técnica do trabalho na esfera estatal. Para

esse exercício profissional, é necessário ter como referência:

a - que a profissão parte da premissa de sua construção a-histórica e a-política de lhe

deu o significado que possui na atualidade, independentemente da dinâmica da vida

social na qual se insere.

50

b- que a estruturação desse espaço sócio ocupacional foi determinada pela dinâmica

harmônica e de consenso que emerge no âmbito estatal em suas relações com as

classes sociais.

c- o compromisso ético-político da profissão, estabelecendo que sua postura

profissional, em todos os espaços, deve ser de destensionamento e despolitização da

luta pelos direitos.

d- a afirmação do modelo de política social voltada aos mais pobres entre os mais

pobres na perspectiva de refilantropização da questão social.

e- a direção do desenvolvimento da sociabilidade pública capaz de refundar a política

como espaço de criação e generalização de direitos.

9. 2012/VUSNESP/SP. O Assistente Social move-se no espaço institucional, entre

contradições: de um lado, os objetivos formais da instituição e, de outro, os

serviços concretamente relacionados com as classes subalternizadas. Há uma

relação entre a condição subalterna expressa no papel de assistido e as ações

assistenciais ofertadas pela instituição. Os assistidos são matéria- -prima das

ações assistenciais e do trabalho dos assistentes sociais, devendo submeter-se

ao ordenamento das operações institucionais, sejam elas de natureza

disciplinadora ou voltadas à sua orientação e formação. Essa modalidade de

vinculação entre o assistido e as instituições assistenciais tem levado à:

A) mudança e à transformação das representações dos usuários.

B) ruptura e à superação de estratégias meritocráticas.

C) apropriação e ao usufruto de direitos.

D) desagregação e à atomização das demandas.

E) recriação e à subalternização de processos alienadores.

10. 2005/VUNESP/TJSP. A ação profissional dos Assistentes Sociais é, com maior

frequência, voltada para o atendimento de demandas e segmentos da população

sem acesso aos mínimos sociais. Para desenvolver a prática profissional, o

Assistente Social necessita conhecer e compreender:

A) a luta de classes.

B) as causas determinantes do processo de exclusão social.

C) as formas de participação popular reivindicatórias.

D) a definição de políticas globais voltadas à assistência.

E) a situação e seus limites para operacionalização do saber de forma apropriada.

51

11. 2005/VUNESP/TJSP. Para que a prática profissional nas instituições não se

reduza ao atendimento imediato das demandas, há a necessidade de:

A) conhecimento teórico-metodológico e técnico-operativo do Serviço Social e um

compromisso ético-político.

B) afirmação do projeto ético-político nas relações com os sujeitos, contemplando a

articulação com as redes interinstitucionais de serviços.

C) um envolvimento permanente com a prática emergente pura e simples.

D) uma visão compreensiva do Serviço Social, tendo em vista a relação do conjunto dos

espaços de intervenção e o caráter interdisciplinar da ação.

E) envolvimento da sociedade como forma de expressão de seu sentimento de

solidariedade na atenção aos excluídos.

12. 2005/VUNESP/TJSP. Segundo Iamamoto, um dos requisitos para o

deciframento da dimensão política da prática profissional do Assistente Social:

A) é a compreensão das relações do Serviço Social com o poder de classe, em especial

o poder de Estado.

B) é privilegiar a atenção às estratégias técnicas do trabalho social, objeto do estudo e

ação do Assistente Social.

C) é o estabelecimento de estratégias para as instituições sociais, metamorfoseando o

cidadão frente ao Estado.

D) é a concentração na análise do controle do conjunto de serviços sociais contidos nas

políticas sociais.

E) é transitar pela bagagem acumulada na profissão e, com base nas pesquisas e

estudos na esfera acadêmica, optar pela linha teórico-metodológica que mais atenda a

compreensão da relação do homem e do mundo.

13. 2005/VUNESP/TJSP. O objeto de trabalho do Assistente Social em qualquer

instituição é:

A) o homem e seus problemas.

B) a pobreza extrema.

C) a questão social.

D) a criança, o adolescente e seu grupo familiar.

E) o cadastro único de benefícios

52

14. 2005/VUNESP/TJSP. O Serviço Social é uma profissão basicamente de caráter

interventivo. Na sua prática, o Assistente Social, tanto na esfera pública estatal

como no setor privado, enfrenta a necessidade de se capacitar, para executar um:

A) trabalho filantrópico e voluntário que dê respostas práticas ao usuário dos serviços.

B) processo político e de flexibilidade frente às contradições existentes entre as

demandas institucionais e as dos usuários.

C) papel de reprodução social, mantendo compensatoriamente o instituído.

D) trabalho interdisciplinar com interface com profissionais de diferentes áreas.

E) padrão atual e modular com respostas institucionais corretas

15. 2005/VUNESP/TJSP. O trabalho do Serviço Social desenvolvido junto às

classes subalternas tem, necessariamente, uma dimensão:

A) econômico-social.

B) redistributiva de renda e de poder.

C) social e de elite.

D) artística.

E) educativa e política.

16. 2005/VUNESP/TJSP. O Assistente Social, ao apreender a realidade social em

suas dimensões histórica, de universalidade e de totalidade concreta para

intervenção, está baseado no paradigma da teoria:

A) positivista-funcionalista.

B) funcionalista-crítica.

C) social-crítica.

D) psicológica-social.

E) fenomenológica.

17. 2005/VUNESP/TJSP. Há uma tendência, nas profissões ligadas à prática, de

não realizar pesquisas e também de não teorizar sobre essa mesma prática. Essa

acomodação profissional se dá por uma orientação ____________, que essas

profissões têm adquirido no contexto social maior. A palavra que completa

corretamente a lacuna do texto é:

A) pragmática. B) ideológica. C) histórica. D) negligente. E) teórica.

53

18. 2014/ FCC/TJ-AP. O Serviço Social deve ser pensado na contradição

capital/trabalho e o ponto de partida da análise é que o significado social dessa

prática profissional:

a- revela-se de imediato e no próprio relato do fazer profissional e das dificuldades que

vivencia cotidianamente.

b- supõe ater-se na superfície da vida social, desencadeando um conjunto de ações

intermitentes, burocratizadas, dispersas, dotando-a de um pseudocaráter filantrópico.

c- supõe inseri-la no jogo das relações das classes sociais e de seus mecanismos de

poder econômico, político e cultural, preservando, no entanto, as particularidades da

profissão.

d- parte da compreensão de seu caráter essencialmente técnico, enquanto uma

atividade inscrita na divisão social e técnica do trabalho, não tendo conexão com

relações de poder presentes na sociedade.

e- parte da concepção basista da condução do exercício profissional, derivando

exclusivamente da intencionalidade do assistente social, isto é, de sua atuação

individual e de seu compromisso profissional, que são suficientes para alterar a dinâmica

da vida social.

19. 2014FCC/TJ-AP. A prática profissional do assistente social comprometida com

o fortalecimento do controle social dever partir:

I. da compreensão histórica da política social específica em que atua, observando suas

determinações econômicas, sociais, políticas e culturais na sociedade de classes.

II. da atenção permanente à concepção de mundo da classe dominante absorvida pelos

grupos subalternos, imposta através dos “aparelhos privados de hegemonia", a qual

promove o consenso em torno do projeto dominante, buscando desmistificá-la.

III. do entendimento de sua área de atuação local atendo-se, exclusivamente, às

determinações microestruturais e no âmbito de sua intervenção institucional.

Está correto o que se afirma em:

a- I, apenas.

b- II, apenas.

c- III, apenas.

d- I e II, apenas.

e- I, II e III.

54

20. 2014/FCC/TJ-AP. A prática do Serviço Social, que tem como parâmetros de

atuação os quadros complexos da totalidade social, requer que o profissional seja

capaz de:

a- atuar na perspectiva teórico-metodológica que diz respeito ao modo de ler, de

interpretar, de se relacionar com o ser social; uma relação entre o sujeito cognoscente,

que busca compreender e desvendar essa sociedade e o objeto investigado.

b- realizar uma leitura empiricista da relação teoria e prática, supervalorizando o poder

autorrevelador da própria prática.

c- desvendar a prática social por meio da existência de uma dupla metodologia, uma

que daria conta da esfera do conhecimento, e outra, da ação.

d- atuar numa perspectiva teórico-metodológica adequada que se restringe à

realização, de forma competente, às pautas, etapas e procedimentos do fazer

profissional.

e- fortalecer a postura eclética da qual o Serviço Social é caudatário, que se expressa

no ecletismo como a atitude no plano das ideias, fruto da tradição de conciliação política

predominante na formação histórica e social

21. 2014/FCC/SABESP. A prática profissional do Serviço Social se afirma como

uma instituição peculiar na divisão do trabalho. Para apreender esse significado

supõe-se:

a- inseri-la no conjunto das relações sociais, o que lhe atribui um sentido histórico e nas

quais se torna possível e necessária.

b- desvinculá-la do contexto social mais amplo, atribuindo-lhe o caráter mais humanista.

c- elucidá-la acima da sociedade capitalista e atribuindo-lhe um significado generalista.

d- situar o Serviço Social na trajetória das lutas sociais com ênfase no ajustamento

social.

e- considerá-la independente da consciência dos agentes profissionais.

22. 2013/FCC/TRT5ªR. O Assistente Social no exercício de sua profissão deve:

I. Adotar as estratégias técnicas, ter capacidade de leitura da realidade social,

conjuntural e estruturalmente, demonstrar habilidade no trato das relações humanas e

atuar na perspectiva do trabalho interdisciplinar.

II. Dominar teórica e tecnicamente o conjunto de fatores vinculados às relações de poder

institucional, assim como os objetivos e demandas da instituição empregadora e os

recursos postos à disposição pela instituição.

III. Conhecer com profundidade as garantias afiançadas pelas políticas sociais

específicas e a realidade social da população usuária dos serviços prestados.

55

Está correto o que se afirma em:

a- I, apenas.

b- I e II, apenas.

c- II e III, apenas.

d- I e III, apenas.

e- I, II e III.

23. 2013/CESPE/SERPRO. Os processos de trabalho relacionam-se a questões de

poder e saber, que configuram um campo de possibilidades e limites de ação

definidos em estratégias subjetivas e objetivas. O que está em jogo na intervenção

não são manifestações isoladas, mas questões complexas, que para serem

compreendidas implicam a consideração do reconhecimento legal, da

disponibilidade de recursos, das relações inter e intrainstitucional e das

condições de trabalho e vida da população. Nesse sentido, é importante trabalhar

o empowerment ou o fortalecimento do oprimido.

Acerca da análise institucional e das estratégias de resolução de conflitos, julgue

os próximos itens.

As instituições, mesmo que possuam normas e objetivos próprios, estão

inseridas nas relações entre o Estado e a sociedade civil e, nesse sentido, são

reguladores das crises do desenvolvimento capitalista.

Certo/Errado

24. 2012/ CESPE/MPE-PI. O assistente social deve ser capaz de entender as

demandas que lhes são colocadas, mediando os interesses em determinada

direção ético-política e reconstruindo o objeto da intervenção.

Certo/Errado

56

GABARITO

1 A

2 B

3 B

4 C

5 C

6 D

7 A

8 E

9 D

10 B

11 A

12 A

13 C

14 D

15 E

16 E

17 A

18 C

19 D

20 A

21 A

22 E

23 CERTO

24 CERTO

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BIBLIOGRAFIA

BATISTA, Myrian Veras. A Investigação em Serviço Social. Lisboa – S. Paulo: CPIHTS

e Veras Editora. 2001.

FALEIROS, Vicente de Paula. Saber profissional e poder institucional. 9ª ed., São Paulo:

Cortez, 2009.

GUERRA, Yolanda. O Conhecimento Crítico na Reconstrução das Demandas

Profissionais Contemporâneas. Texto publicado na Coletânea: A Pratica Profissional

do Assistente Social In: Batina e Baptista. Veras Editora, 2009.

NETO, Cacildo Teixeira de Carvalho. Demandas históricas e as respostas profissionais

do serviço social: as relações com as esferas socioinstitucionais. Acesse:

http://bit.ly/2c0feUL

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