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Sumário/Summary

Capa / Cover

Quinze anos de dedicação à bioenergiaFifteen-year dedication to bioenergy

Fotos/Photos: Meryellen Duarte

Páginas 6 a 13Pages 14 to 21

Foto: divulgação

Editorial Quinze anos de Cenbio ......................................... 4Fifteen years of Cenbio ......................................... 5

Entrevista/InterviewHamilton Moss de Souza, diretor do Departamento

de Desenvolvimento Energético da Secretaria de

Planejamento e Desenvolvimento do MME ........ 22Hamilton Moss de Souza, director of the Energy

Development Department of the Secretariat of

Planning and Development of the MME .............. 24

Meio Ambiente/The EnvironmentPensando no meio ambiente .............................. 26 Thinking of the environment ................................ 28

Projetos do Cenbio/Cenbio ProjectsO lixo é nosso ..................................................... 30The garbage is ours!............................................ 35

Empresas Modernas/Modern CompaniesDe olho (e braços) na sustentabilidade ............... 40With an eye (and hands) on sustainability ......…. 42

Artigo/ArticleAlimentos ou biocombustíveis: temos de

escolher? ........................................................ 44Food or biofuels: must we choose? ..................... 49

AgendaPrograme-se para os próximos eventos .............. 54Include the next events in your Schedule ............ 54

Meryellen Duarte

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Editorial

Quinze anos de Cenbio

Até o fim do século 18, a biomassa era a principal fonte de energia usada no mundo, principalmente para aque-cimento residencial e cocção de alimentos. Quando as máquinas a vapor e as locomotivas foram desenvol-vidas no século 19, a biomassa passou a ser o principal combustível da época e só lentamente foi substituída

por carvão mineral, depois petróleo e gás. Ainda hoje, cerca de 10% de toda a energia usada no mundo provém de biomassa, mas boa parte dela – cerca de 80% – é usada de forma primitiva, como ocorreu até o século 18 nas regiões menos desenvolvidas do mundo na Ásia e África.

Os 20% restantes são uma fração crescente da biomassa que é usada com tecnologias modernas para produção de eletricidade, calor e combustíveis líquidos que substituem a gasolina e o óleo diesel. As vantagens que isso traz são bem conhecidas: biomassa é uma fonte de energia renovável que não tem as impurezas e poluentes que acompanham os combustíveis fósseis.

Hoje, mais de 2% de toda a energia consumida no mundo se origina em biomassa usada com tecnologias moder-nas, tanto quanto energia nuclear ou energia hidroelétrica e muito mais do que é produzida com moinhos de vento, painéis fotovoltaicos e energia geotérmica.

Programas de biomassa geraram mais de 1 milhão de empregos no Brasil, com um investimento específico mais baixo que o feito em outros setores da economia, para mencionar apenas uma das vantagens da biomassa, que também reduz custos e dívidas externas decorrentes da importação de petróleo e contribui para diminuir o efeito estufa com a substituição dos combustíveis fósseis.

O grande desafio é ampliar essa porcentagem identificando novas formas de utilizar a biomassa com eficiência. É para isso que o Centro Nacional de Referencia em Biomassa (Cenbio) foi criado em 1996.

O Cenbio é um grupo de pesquisa em bioenergia do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP). Atua na pesquisa e desenvolvimento de estudos tecnológicos, econômicos, políticos e socioam-bientais referentes à conversão e uso da biomassa, em parceria com grupos nacionais e internacionais, nos setores científico, tecnológico, industrial e agroindustrial.

Suas principais áreas de atuação:

• Geração de energia a partir de biomassa: - Óleos vegetais - Resíduos urbanos e rurais• Biocombustíveis• Análises de viabilidade econômica e ambiental• Emissões de carbono

Desde sua criação, o Cenbio tem se distinguido por centralizar informações sobre o tema a partir de fontes nacio-nais e internacionais, buscando novos intercâmbios de modo a estender o uso da biomassa a todo o País. Essas infor-mações são disseminadas por meio do site http://cenbio.iee.usp.br, da publicação da Revista Brasileira de Bioenergia e por meio da organização de seminários e workshops com os setores envolvidos.

Conforme pode ser constatado nas diversas reportagens ao longo da presente edição, nos últimos quinze anos o Cenbio, sob a firme e inspiradora liderança da professora Suani Teixeira Coelho, tornou-se o principal centro de análises e pesquisas de biomassa do país. Não tem sido uma tarefa fácil, mas o amplo reconhecimento nacional e internacional que conseguiu é um indicador seguro de relevância de sua atuação.

Professor José Goldemberg

Ex-Ministro de Ciência e Tecnologia

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Editorial

FiFteen years oF Cenbio

Until the late XVIII century, biomass was the major source of energy used in the world, mainly for home heating and cooking. When steam machines and locomotives were developed in the XIX century, biomass turned to be the major fuel of the time and was only slowly replaced with coal, later by oil and gas. Even

today, about 10% of the whole energy used in the world derives from biomass, but a large share of it – around 80% – is used in a primitive way, as occurred up to the XVIII century in the less developed regions in the world, in Asia and in Africa.

The remaining 20% are is a growing fraction of biomass used with modern technologies for producing electricity, heat and liquid fuels that replace gasoline and diesel. The advantages this provides are well known: biomass is a re-newable source of energy that does not count on the impurities and pollutants that go with fossil fuels.

Today, over 2% of the whole energy consumed in the world is biomass-originated, used with modern technologies, as much as nuclear power or hydropower and much more than what is produced by wind turbines, photovoltaic panels and geothermal energy.

Biomass programs have generated over 1 million jobs in Brazil, with a lower specific investment than that made in other sectors of the economy, to mention just one of the advantages of biomass, which also reduces costs and external debt resulting from oil imports, besides contributing to a reduction in greenhouse gases effects by the replacement of fossil fuels.

The great challenge is to increase this percentage by identifying new ways of using biomass efficiently. And for this, the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio) was established in 1996.

Cenbio is a bioenergy research group of the Institute of Electrotechnics and Energy of the University of São Paulo (IEE/USP). It works with research and development of technological, economic, political and socio-environmental studies concerning conversion and use of biomass, in a partnership with national and international groups, in the scien-tific, technological, industrial and agro-industrial sectors.

Its main actuation areas:

• Power generation as from biomass: - Vegetable oils - Urban and rural waste• Biofuels• Analyses of economic and environmental viability• Carbon emissions

Ever since its creation, Cenbio has been distinctive for centralizing information on the theme from national and international sources, seeking new exchanges so as to expand the use of biomass all over Brazil. This information is disseminated by the site http://cenbio.iee.usp.br, by the publication of the Revista Brasileira de Bioenergia and by the organization of seminars and workshops with the sectors involved.

As can be verified in the different articles throughout this issue, in the last fifteen years Cenbio, under the firm and inspirational leadership of Professor Suani Teixeira Coelho, became the major center of analyses and researches into biomass in Brazil. It has not been an easy task, but the vast national and international acknowledgement it acquired is a reliable indicator of the relevance of its activities.

Professor José Goldemberg

Ex-Minister of Science and Technology

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Capa

Em 2011, o Centro Nacional de Referên-cia em Biomassa (Cenbio) comemora quinze anos de existência. Desde sua

fundação, em 1996, o Cenbio trabalha no de-senvolvimento de estudos e projetos voltados para o uso da biomassa como fonte de energia, além de promover o intercâmbio de informa-ções técnicas e de resultados econômicos e so-cioambientais entre instituições do Brasil e do exterior, relativos à aplicação das tecnologias de biomassa para fins energéticos.

Ao longo desses quinze anos, o Cenbio percorreu uma trajetória extensa, desenvol-vendo projetos para uso energético de fontes de biomassa e divulgando as vantagens da bio-energia para a matriz energética, de forma a incentivar iniciativas públicas e privadas nes-sa área. Atualmente parte do Instituto de Ele-trotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE-USP), o centro de referência em biomassa conta com quase quarenta projetos realizados ou em desenvolvimento, parcerias com diversas entidades, e prêmios por suas conquistas no avanço da bioenergia.

Conheça, a seguir, um pouco mais sobre a história do Cenbio, suas principais contri-buições para a disseminação da bioenergia no Brasil e no mundo, e os reconhecimentos que continua colhendo por sua trajetória. Uma tra-jetória narrada por pesquisadores e parceiros da equipe, que acompanharam de perto seu crescimento nestes quinze anos.

Quinze anos de dediCação à bioenergia

Desde 1996, o Cenbio vem redefinindo a importância da energia a partir de biomassa no Brasil e no mundo. Conheça um pouco mais sobre sua trajetória e seus reconhecimentos

6 Novembro /November 2011

georgeclerk | iStockphoto

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Capa

origemO Cenbio foi criado em 1996, mas sua

origem remonta a anos anteriores. O profes-sor Murilo Fagá, do IEE-USP, aponta o ano de 1992 como o começo de tudo: “Em 1992, o Centro de Pesquisas em Energia Elétrica [Cepel] convocou professores, pesquisadores e profissionais que acompanhavam a área de energia fotovoltaica, para estudar as possibili-dades de aplicação dessa energia em comuni-dades isoladas no Brasil. Essas reuniões leva-ram ao Primeiro Encontro Nacional de Ener-gia Solar e Eólica, em Belo Horizonte (MG), no ano de 1994”, explica.

No ano seguinte, o Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito (Cresesb) foi criado e sediado no Ce-pel. O êxito nas discussões para expansão das energias alternativas no País levou a um se-gundo encontro nacional, em Brasília, desta vez para discutir não só energia solar e eólica, mas também a biomassa, que começava a ga-nhar atenção nacional. Finalmente, em 1996, surgiram as discussões para criação de um centro de referência em biomassa – nas quais o Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP deixou claro seu interesse em sediá-lo.

“Durante o Primeiro Foro Permanente das Energias Renováveis, houve um intenso em-penho do professor José Guilherme Moreira [então parte do corpo docente do IEE] para apresentar à diretoria do IEE a ideia de sediar o centro nacional de referência em biomassa no instituto”, relata Fagá. “A diretoria concor-dou com a sugestão, e designou o professor José Roberto Moreira, especialista na área da biomassa, a representar o IEE na oficialização da candidatura, com a elaboração de um dos-siê bastante completo do projeto para o que viria a ser o Cenbio.”

Segundo Fagá, que participou ativamente dos encontros e foros para energias renováveis no Brasil, outras candidaturas foram apresen-tadas para receber o centro de referência em biomassa; apesar disso, a tradição do Estado de São Paulo com a cana-de-açúcar (uma das principais fontes de bioenergia no País) e o histórico de pesquisas do IEE levaram à esco-lha do instituto para a criação do centro.

Suani Coelho, atual coordenadora do Cenbio, lembra que ainda não fazia parte da equipe do centro de referência quando este foi estabelecido. “Eu não estive muito envolvi-da com o Cenbio durante seu primeiro ano;

Localizado no IEE-USP, o Cenbio conta com quase quarenta projetos realizados ou em desenvolvimento

Reconhecimento internacional: Suani Coelho (décima pessoa da esq. p/ a dir.) participa, desde 2009, do Grupo Consultivo sobre Energia e Mudanças Climáticas do Secretário-Geral da ONU

atuava apenas como colaboradora”, conta. Na ocasião, o Cenbio funcionava como um espa-ço desvinculado da Universidade de São Paulo e contava com um Conselho Gerenciador, um Conselho Consultivo – o qual contava com o professor José Goldemberg, ex-reitor da USP, entre seus membros –, e uma Equipe Execu-tiva chefiada por um secretário executivo, o professor Marcos Freitas, que definiu as linhas gerais do Cenbio.

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No ano seguinte, Freitas deixou São Paulo para integrar a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “O Conselho Gerenciador me convidou para atuar como secretária executiva, porque eu já estava envolvida na área da bio-energia e colaborava com o professor Marcos Freitas em atividades nessa área. Atualmente, o Cenbio faz parte da USP, os conselhos não existem mais e eu passei a ser coordenadora da equipe de pesquisadores”, explica Suani. “Mas continuamos desenvolvendo pesquisas na área da bioenergia da mesma forma.”

ParCeriasDiversas instituições, públicas e privadas,

nacionais e internacionais, já participaram de projetos em parceria com o Cenbio, seja finan-ciando suas pesquisas, seja desenvolvendo ati-vidades conjuntas em diversos projetos.

“Creio conhecer o Cenbio desde o início, quando começaram a ser criados pequenos centros de referência no Brasil”, relata Luiz Augusto Horta Nogueira, professor na Univer-sidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais. “A bioenergia é um tema que me inte-ressa muito e, além disso, trata-se de um grupo ativo de pesquisadores, com quem eu gosto de interagir.”

Dentre as atividades que Horta desenvol-veu com o Cenbio, estão os trabalhos para formulação de políticas de bioenergia no Es-tado de São Paulo, coordenados pelo profes-sor José Goldemberg. Também participou de estudos com o professor José Roberto Moreira referentes às vantagens e características do programa de etanol no Brasil, algo que Horta considera que precisa ser melhor disseminado para outros países.

Esta opinião é compartilhada pelo profes-sor Fernando Rei, diretor científico da Socieda-de Brasileira de Direito Internacional do Meio Ambiente (SBDIMA): “Valoro como estra-tegicamente muito relevante o suporte [dado pelo Cenbio] a pesquisas em países africanos para a expansão do mercado sucroalcooleiro, não só pela ótica energética, mas também pelo viés da segurança alimentar”, opina. Segundo Rei, sua história com o centro de referência em biomassa teve início em 2001, quando o Cenbio articulou algumas contribuições para políticas públicas ambientais e energéticas do governo do Estado de São Paulo; na ocasião, o professor trabalhava na Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Rei e Horta

fazem parte do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Bioenergia.

Outro integrante do Conselho Editorial da revista é o professor Sérgio Peres, coordena-dor do Laboratório de Combustíveis e Ener-gia da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (Policom). “A primeira vez que soube da existência do Cenbio foi em 1996, quando ainda estava concluindo o meu Dou-torado na Universidade da Florida; navegan-do na internet, vi o site do Cenbio e entrei em contato com eles”, explica. “Mas o primeiro contato propriamente dito foi quando houve um Fórum de Energia Renovável no Recife. Veio uma equipe do Cenbio, e foi a primeira vez que realmente conversei com a professora Suani. E, a partir deste primeiro contato, fo-mos nos aproximando. Estamos trabalhando juntos há quase 15 anos.”

Desde então, o Policom e o Cenbio atuam em diversos projetos. Dentre eles, Peres desta-ca os trabalhos sobre levantamento do poten-cial de bagaço de cana, ações mitigadoras para redução de emissões em usinas termelétricas. “Atualmente, estamos desenvolvendo também um trabalho [financiado pelo Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico] de análise do ciclo de vida para biodiesel de sebo e soja, em conjunto com a Universida-de de Coimbra”, acrescenta.

O professor Gonçalo Rendeiro, da Uni-versidade Federal do Pará (UFPA), lembra que seu primeiro trabalho conjunto com o Cenbio foi no projeto Implantação e Teste de uma Unidade de Demonstração de Uti-lização Energética de Óleo Vegetal (Pro-vegam). “Acompanhei algumas etapas do Provegam, embora não tenha participado diretamente; tive uma participação maior no projeto seguinte feito com o Cenbio, o Enermad [Implantação de um Sistema de Manejo Florestal Sustentável e de uma Central Termelétrica de 200 kW a partir de Resíduos de Madeira, em uma Indústria Madeireira Localizada na Região Norte do País]”, aponta Rendeiro. “O Enermad foi um projeto de sucesso [para a geração de eletricidade em comunidades isoladas], e o Cenbio teve uma importante participa-ção nisso.” O projeto foi desenvolvido pelo Cenbio com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME).

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Capa

ContribuiçõesAs atividades desenvolvidas pelo Cenbio

nestes quinze anos não ficaram restritas ao pa-pel: por meio delas, a biomassa ganhou maior participação na matriz energética brasileira e suas vantagens foram reconhecidas dentro e fora do País.

Uma das atividades mais importantes do Cenbio, na opinião de Suani, foi o desenvolvi-mento de um estudo para formular propostas de tarifas de compra de energia para a Eletro-bras, em 2005. “Na época em que o Proinfa [Programa de Incentivo às Fontes Alternati-vas de Energia Elétrica] foi aprovado, a lei previa a definição de tarifas para a energia eó-lica, pequenas centrais hidroelétricas [PCHs] e biomassa”, conta. “O estudo feito pelo Cenbio permitiu a formulação de propostas de tarifas [para estas fontes de energia]; a partir des-te trabalho, o Ministério de Minas e Energia pôde definir as tarifas para o Proinfa.”

No 3º Seminário Bioenergia: Desafios e Oportunidades de Negócios, Roberto Meira Jr., representante do MME, destacou que o Proinfa permitiu que a cadeia nacional de bio-massa, energia eólica e PCHs se consolidasse. Também afirmou que, hoje, o Brasil é um país exportador de conhecimento nessas áreas.

Outro projeto que trouxe grandes resul-tados para a sociedade foi a coordenação do Cenbio no projeto BioEthanol for Sus-tainable Transport (Best), financiado pela União Europeia. Responsável pelas ativida-des do projeto na cidade de São Paulo (SP), o Cenbio reuniu diversas instituições, como a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Scania, Copersucar, Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos do Estado de São Paulo (EMTU/SP), BR Dis-tribuidora, Programa Nacional da Raciona-lização do Uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet – Petrobras), Sekab Group, Marcopolo S.A. e SPTrans - São Pau-lo Transporte S.A.. O Cenbio e estas institui-ções trabalharam no projeto para viabilizar a operação de um ônibus equipado com motor diesel fabricado pela Scania sueca, abasteci-do com uma mistura de etanol e aditivo, o qual era acompanhado de um ônibus da mes-ma fabricante, movido exclusivamente a die-sel, para a realização de testes comparativos. Desta forma, buscou-se superar os problemas observados na operação do ônibus a etanol, de forma a torná-lo viável no Brasil.

O trabalho do Cenbio e de seus parceiros não passou despercebido: em 2011, a Prefei-tura de São Paulo substituiu cinquenta ônibus de sua frota por veículos movidos a etanol aditivado. “O mercado no futuro não muito distante para o Programa do Álcool Brasilei-ro depende da capacidade de tornar o etanol um substituto do diesel”, opina José Rober-to Moreira, coordenador do projeto Best no Brasil. “Isso, o projeto Best demonstrou ser tecnicamente possível e economicamente vi-ável, pois o etanol aditivado brasileiro custa, em situação de regularidade no fornecimento de etanol, menos que o biodiesel”. A substi-tuição é positiva para o ar da cidade: de acor-do com Moreira, se todos os 15 mil ônibus da frota paulistana, então movidos a diesel, fossem substituídos por ônibus a etanol, em termos de emissões de gases de efeito estufa seria como se apenas três mil ônibus estives-sem em circulação.

O projeto Best foi desenvolvido em nove cidades ao redor do mundo, oito delas em pa-íses da Europa e Ásia. De acordo com a en-genheira química Sílvia Velázquez, que parti-cipou do projeto Best, São Paulo não só foi a única cidade nas Américas a ser escolhida para o projeto, mas também foi a única dentre as nove cidades escolhidas em que o projeto gerou frutos com sucesso, com a implemen-tação de ônibus movidos a etanol aditivado na

O trabalho do Cenbio no Projeto Best levou à implementação de cinquenta ônibus a etanol na frota paulistana

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Divulgação

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cidade, fato que despertou o interesse de ope-radoras de outras cidades em implementar tais veículos em suas frotas de transporte coletivo urbano. “As atividades desenvolvidas pelo Cenbio foram importantes para o panorama da bioenergia não só no Brasil, mas também no mundo. Nossa experiência foi relatada, passo a passo, e divulgada mundialmente por meio dos gestores internacionais do projeto Best”, relata Sílvia.

Desde 2005, a equipe do Cenbio coordena ainda o curso de especialização (lato sensu) em Gestão Ambiental e Negócios no Setor Energético. “[Trata-se do] primeiro curso de especialização do país pensado exclusivamen-te para gestores ambientais que trabalhem ou pretendam trabalhar no setor energético, que, consolidado, representa um polo de geração de conhecimento e novos negócios”, opina Rei. A próxima turma do curso terá início em março de 2012.

divulgaçãoA disseminação de dados e novidades na

área da bioenergia, tanto no Brasil como para o resto do mundo, é uma parte fundamental do trabalho do Cenbio. Tendo isto em vista, o centro de referência tem desenvolvido diver-sas atividades de divulgação de conhecimento nos últimos anos, através do convênio Forta-lecimento Institucional do Cenbio, executado entre 2005 e 2009, e de sua continuação entre 2009 e 2011; ambos financiados pelo MME.

O principal veículo de disseminação de da-dos do Cenbio é seu website. Aprimorado com o passar dos anos, hoje o website do Cenbio é trilíngue: praticamente todo o seu conteúdo pode ser acessado em português, inglês e es-panhol; apenas a seção Saiba Mais permane-ce somente em português por ora. Em 2011, o Cenbio também entrou nas redes sociais, divulgando eventos, notícias e informações através de contas no Twitter e Facebook, cujos links se encontram na página inicial de seu próprio website.

Outro importante trabalho nesta área foi a elaboração do Atlas de Bioenergia do Brasil. O atlas foi publicado no ano de 2008, em ver-sões impressa e digital; esta última encontra-se disponível gratuitamente na página do Cenbio, bem como mapas e tabelas com os potenciais de geração de energia a partir de biomassa em todas as regiões do país. A edição de 2011 es-tará à disposição a partir de janeiro de 2012.

Publicações do Cenbio: “Promovemos a disseminação do conhecimento nacional não só em relação à cana-de-açúcar, mas de todas as fontes de bioenergia”, afirma Suani

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O Cenbio também foi responsável pela organização e realização de eventos acadêmi-cos para discussão de atividades, potenciais e perspectivas na geração de bioenergia. Dentre eles, destacam-se os seminários Bioenergia: Desafios e Oportunidades de Negócios: o pri-meiro seminário foi realizado nos dias 26 e 27 de agosto de 2009; o segundo, focado na produção de etanol de segunda geração, acon-teceu em 28 de setembro de 2010. O 3º. Semi-nário Bioenergia: Desafios e Oportunidades de Negócios foi realizado em 24 de novembro de 2011, trazendo como tema central o uso energético de resíduos urbanos e rurais (mais informações na pág. 30).

E claro, não se pode deixar de falar da própria Revista Brasileira de Bioenergia. Sua publicação começou no ano de 2007 e, desde então, tem sido publicada com periodicidade trimestral. Cada edição conta com um assunto principal e uma entrevista referente a ele, mas também destaca iniciativas de empresas na área da bioenergia, assuntos ligados ao meio ambiente e artigos científicos escritos por pro-fessores e pesquisadores de diversas institui-ções no Brasil e no mundo.

“A Revista Brasileira de Bioenergia tem uma grande importância dentro e fora do Bra-sil, e acredito que deverá ampliar ainda mais seu alcance”, opina Horta. “Trata-se de uma publicação que pode crescer e difundir ainda mais a bioenergia no mundo, ter um papel de-cisivo neste âmbito. Nesse sentido, o formato bilíngue ajuda na difusão, única no mundo.”

Peres concorda: “A revista precisa ter uma maior divulgação nas escolas, universidades e em centros de pesquisas. As matérias podem ser melhor divulgadas para que não só o pú-blico científico fique conhecendo os trabalhos do Cenbio, mas a sociedade como um todo”, afirma o membro do Conselho Editorial da pu-blicação. “A revista é de muito boa qualidade e atinge o seu objetivo de promoção de uso das diversas formas de biomassa, com assun-tos sempre atuais.”

reConheCimentoA participação do Cenbio em projetos

regionais, nacionais e internacionais de bio-energia vêm proporcionando reconhecimen-to e credibilidade ao centro de referência. Ainda em 1998, recebeu o Prêmio de Pro-teção ao Clima, concedido pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Uni-

as Pessoas Por trás do Centro

Uma das características marcantes do Cenbio é a multidisciplinaridade de sua equipe: pesquisadores e profissionais de diferentes formações e áreas do conhecimento trabalham nos projetos do centro de referência, garantin-do assim um tratamento completo e abrangente dos projetos de geração de energia a partir da biomassa.Ao longo de seus quinze anos, diversos profissionais passaram pela equipe do Cenbio. Conheça as pessoas que atualmente integram esta equipe:

• Suani Teixeira Coelho (coordenadora): Engenheira Química, Mestre e Doutora em Energia

• José Roberto Moreira: Engenheiro Elétrico, Doutor em Física• Cristiane Lima Cortez: Engenheira Química, Mestre em Engenharia

Química e Doutora em Ciências (Energia)• Patricia Guardabassi: Engenheira Química, Mestre em Energia e

Doutora em Ciências (Energia) • Vanessa Pecora Garcilasso: Engenheira Química, Mestre em Energia,

Doutoranda em Ciências• Beatriz Acquaro Lora: Bióloga, Especialista em Gestão Ambiental,

Mestre em Energia• Maria Beatriz Monteiro: geógrafa, Mestre em Ciências• Fernando Saker: Jornalista, Mestre em Comunicação• Renata Grisoli: Bióloga e Mestre em Ciências (Energia)• Fábio Gavioli: Engenheiro Agrônomo• Manuel Moreno Ruiz Poveda: Engenheiro Florestal e Especialista em

Energias Renováveis

Vale destacar ainda a colaboração frequente do professor José Goldem-berg, Doutor em Física, a quem Suani define como o “guru” do Cenbio.

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dos. Desde então, o Cenbio recebeu outros prêmios em eventos dentro e fora do Brasil, incluindo o 9º Congresso Mundial de Ener-gias Renováveis.

“Os prêmios que o Cenbio acumula ao longo desses 15 anos falam por si”, conside-ra Rei. “Gostaria de destacar o EPA Climate Protection Award também pela importância de quem o outorga.”

O Cenbio também integra diversas redes globais de estudo, que interligam institui-ções do mundo todo, como a Rede Global em Energia para o Desenvolvimento Sustentável (Gnesd), na qual participou em 2009, 2010 e 2011 da elaboração do estudo Bioenergy and Poverty Alleviation. Participa ainda, repre-sentado por sua coordenadora, de encontros e congressos internacionais, como a Reunião Quadrianual da Conferência das Nações Uni-das para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) e a Comission for Sustainable De-velopment (Comissão para Desenvolvimen-to Sustentável), também da ONU. E a troca de experiências não se limita a reuniões: de

acordo com Suani, recentemente pesquisado-res do exterior têm solicitado a participação na equipe.

Orgulhosa pelo reconhecimento nacional e internacional do centro de referência, Suani comenta: “Pouco a pouco, o Cenbio passou a ser reconhecido internacionalmente; para os outros países, nós promovemos a dissemina-ção do conhecimento nacional não só em re-lação à cana-de-açúcar, mas de todas as fontes de bioenergia.”

FuturoÉ difícil prever os próximos passos que o

Cenbio terá em sua trajetória. Porém, não é arriscado imaginar que seu trabalho na área da bioenergia nacional e mundial continuará avançando.

Não se trata de um caminho fácil. “Logo que o Cenbio foi criado, houve uma colabo-ração financeira da Finep [Financiadora de Estudos e Projetos] por dois anos, mas depois, teve que sobreviver pelos projetos desenvol-vidos”, relata Suani. “Nossos pesquisadores e

Desde 1998, o Cenbio tem recebido diversos prêmios nacionais e internacionais por seu papel na disseminação e desenvolvimento da bioenergia

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profissionais dependem de bolsas ou da verba de projetos; nesse sentido, felizmente, temos contado nos últimos anos com uma contribui-ção expressiva do Ministério de Minas e Ener-gia [MME], por meio dos projetos Fortaleci-mento Institucional do Cenbio.”

Nestes quinze anos, a bioenergia ganhou bastante espaço dentro e fora do Brasil. “Hou-ve uma grande mudança na questão ambien-tal, e a tendência atual é de fortalecimento do segmento”, opina Rendeiro. “O Cenbio foi, e continua sendo, muito importante para este se-tor; suas informações contribuem muito para o avanço da biomassa no setor de energia.” Sérgio Peres concorda: “O mundo está ficando verde, e o Cenbio torna mais verde o nosso verde, pois ele difunde conhecimento e tecno-logias, e isso faz com que ele seja um centro realmente de referência.”

“Acho que o Cenbio, durante estes quinze anos, passou a ser um ponto fundamental de referência na área de bioenergia, foi abrindo seu campo de interesse para outras formas de bioenergia além das tradicionais [cana e madeira], incorporando outras fontes, forne-cendo maior base de recursos e tecnologias”, afirma Horta, que resume em seu comentário a expectativa de membros da equipe e parceiros do centro para o futuro: “Faço votos de que o Cenbio tenha pelo menos outros 15 anos, com crescimento similar ao que vem mostrando, consolidando seu papel como uma das prin-cipais referências em bioenergia dentro e fora do Brasil.”

Cenbio na rede

Quando você estiver lendo esta reportagem, a página do Cenbio na Internet já terá o arquivo digital da revista hospedado para leitura e download. Por meio da Internet, o Cenbio divulga não só suas publicações, mas também apresentações em eventos, descrições e notícias sobre seus projetos. Saiba onde encontrar o Centro Nacional de Referência em Biomassa na rede:

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In 2011, the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio) celebrates its fifteenth anniversary. Since its establishment, in

1996, Cenbio has worked in the development of studies and projects viewing the use of bio-mass as a source of energy, besides promoting an exchange of technical information and of economic and socio-environmental results among institutions in Brazil and abroad, con-cerning the application of biomass technolo-gies for energy ends.

Along these fifteen years, Cenbio has gone a long way, developing projects for the use of biomass sources for power generation and disseminating the advantages of bioenergy for the energy matrix, so as to stimulate public and private initiatives in this area. Currently an integral part of the Institute of Electrotech-nics and Energy of the University of São Pau-lo (IEE-USP), the biomass reference center counts on about forty completed or ongoing projects, partnerships with different entities, besides collecting prizes for its achievements in bioenergy advances.

Next, learn a bit more about the Cenbio history, its main contributions towards the dis-semination of bioenergy in Brazil and in the world and the acknowledgement it has amas-sed along its trajectory, which has been told by the team researchers and partners who closely followed its growth over these fifteen years.

FiFteen-year dediCation to bioenergy

Since 1996, Cenbio has redefined the importance of energy from biomass in Brazil and in the world. Learn a bit more on its history and on its acknowledgements

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originCenbio was established in 1996, but its

origin dates back to previous years. Profes-sor Murilo Fagá, from the IEE-USP, points to 1992 as the very beginning: “In 1992, the Electric Power Research Centre [Cepel] con-vened professors, researchers and professio-nals that followed the photovoltaic power area to study the possibilities of applying this ener-gy in isolated areas in Brazil. These meetings led to the 1st Brazilian Meeting on Solar and Wind Power, in Belo Horizonte, in 1994”, he explains.

The following year, the Sérgio de Salvo Brito Brazilian Solar and Wind Energy Refe-rence Center (Cresesb) was established at Ce-pel. The success in discussions for expanding alternative power in Brazil led to a second na-tional meeting, in Brasília, this time not only to discuss solar and wind power, but also bio-mass, which started to gain national attention. Finally, in 1996, there were discussions for creating a biomass reference center – in which the IEE made its interest in hosting it clear.

“During the First Permanent Forum on Renewable Energy, Professor José Guilherme Moreira [then a member of the IEE faculty] deeply committed to present the IEE Board with the idea of hosting the Brazilian Referen-ce Center on Biomass at the institute”, reports Fagá. “The Board agreed with the suggestion and appointed Professor José Roberto Morei-ra, an expert in the biomass area, to represent the IEE to make the institute application offi-cial, with the elaboration of a very thorough dossier of the project for what would turn to be the Cenbio.”

According to Fagá, who actively partici-pated in the meetings and forums for renewa-ble energies in Brazil, other applications were presented for hosting the biomass reference center; however, the State of São Paulo tradi-tion in sugar cane (one of the major bioenergy sources in Brazil) and the IEE researches led to the choice of the institute for establishing the center.

Suani Coelho, current Cenbio coordinator, remarks that she was not yet a member of the reference center team when it was established. “I was not closely involved with Cenbio du-ring its first year; I only acted as a collabora-tor”, she tells. At the time, the center operated as a space not linked to USP and counted on a management board, an advisory board – whi-

ch counted on Professor José Goldemberg, former Dean of USP, among its members –, and an executive team headed by an executive secretary, professor Marcos Freitas, who defi-ned the general Cenbio lines.

In the following year, Freitas left São Pau-lo to join the National Electric Power Agency (Aneel). “The management board invited me to act as executive secretary because I was already involved with the bioenergy area and cooperated with Professor Marcos Freitas in

Located at IEE-USP, Cenbio counts with over forty projects concluded or under development

International acknowledgment: Suani Coelho (tenth person from left to right) participates, since 2009, of the Advisory Group on Energy and Climate Change of the UN Secretary-General

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activities in this area. Today, Cenbio is a part of USP, the boards no longer exist and I be-came the coordinator of the research team”, explains Suani. “But we keep developing re-searches in the bioenergy area all the same.”

PartnershiPsSeveral public and private, national and

international institutions have already partici-pated in projects in a partnership with Cenbio, either financing its researches, or developing joint activities in different projects.

“I believe I’ve known Cenbio from its very beginning, when small reference centers started to be established in Brazil”, says Luiz Augusto Horta Nogueira, a professor at the Federal University of Itajubá (Unifei), in Mi-nas Gerais. “Bioenergy is a theme I am very interested in, and besides, it is an active group of researchers I like to interact with.”

Among the activities Horta has developed with Cenbio are the works for formulating bioenergy policies in the State of São Paulo, coordinated by Professor José Goldemberg. He also participated in studies with Professor José Roberto Moreira concerning the advanta-ges and characteristics of the ethanol program in Brazil, something Horta considers that has to be better disseminated in other countries.

This opinion is shared by Professor Fer-nando Rei, Scientific Director of the Brazilian Society of International Environmental Law (SBDIMA): “I deem the support [provided by Cenbio] to researches in African countries for expanding the sugar-ethanol market to be strategically very relevant, not only from the energy standpoint, but also for the food safety angle”, he states. According to Rei, his history with the biomass reference center started in 2001, when Cenbio articulated some contri-butions to environmental and energy public policies of the State of São Paulo government. At the time, the Professor worked for the State of São Paulo Environmental Sanitation Tech-nology Company (Cetesb). Rei and Horta are part of the editorial board of the Revista Brasi-leira de Bioenergia magazine.

Another member of the magazine editorial board is Professor Sérgio Peres, coordinator of the Fuels and Energy Laboratory of the School of Engineering of the University of Pernambu-co (Policom). “The first time I learned about the Cenbio existence was in 1996, while I was concluding my PhD studies at the Universi-

ty of Florida. Surfing the Internet, I saw the Cenbio site and contacted them”, he explains. “But my first real contact was when the Re-newable Energy Forum took place in Recife and a Cenbio team participated. It was the first time I really talked to Professor Suani. And, from this first contact, we got closer and clo-ser. We have been working together for nearly fifteen years.”

Since then, Policom and Cenbio operate in several projects. Among them, Peres highlights the works on the survey into the sugar cane ba-gasse potential, mitigating actions for reducing thermopower plant emissions. “We are also cur-rently developing an analysis [financed by the Brazilian National Council for Scientific and Technological Development] of the lifecycle of biodiesel from tallow and soybean, together with the University of Coimbra”, he adds.

Professor Gonçalo Rendeiro, from the Fe-deral University of Pará (UFPA), remarks that his first joint work with Cenbio was in the pro-ject Implementation and Testing of a Demons-tration Unit for the Energy Use of Vegetal Oil (Provegam). “I followed some stages of Pro-vegam, despite not directly participating. I had a greater participation in the following project developed with Cenbio, the Enermad [Imple-mentation of a Sustainable Forest Manage-ment System and of a 20-kW Thermopower Plant fueled with Wood Waste, in a Lumber Industry Located in the North Region of Bra-zil]”, says Rendeiro. “Enermad was a succes-sful project [for power generation in isolated communities], and Cenbio had an important participation in it.” The project was developed by Cenbio, financed by the Brazilian National Council for Scientific and Technological De-velopment (CNPq) and by the Ministry of Mi-nes and Energy (MME).

ContributionsThe activities developed by Cenbio along

these fifteen years were not limited to pa-perwork: by means of them, biomass gained a larger share in the Brazilian energy matrix and its advantages were acknowledged both in Brazil and in the world.

One of the most important Cenbio activi-ties, in Suani’s opinion, was the development of a study to formulate proposals for tariffs for purchasing power for Eletrobras, in 2005. “At the time the Proinfa [Program to Stimulate Alternative Sources of Energy] was approved,

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if all the 15 thousand buses of the São Paulo City bus fleet, then diesel fueled, were repla-ced by ethanol buses, in terms of greenhouse gas emissions, it would be as if only 3 thou-sand buses were running.

The Best project was developed in nine ci-ties round the world, eight of which in Europe-an and Asian countries. According to chemical engineer Sílvia Velázquez, who participated in the Best project, São Paulo was not only the only city in the Americas to be chosen for the project, but it was also the only one out of the nine chosen in which the project successfully bore fruit, with the implementation of buses fueled with ethanol with additives in the city, a fact which raised interest in bus operator com-panies from other cities in implementing such vehicles in their urban mass transport fleets. “The activities developed by Cenbio were im-portant to the bioenergy scenario not only in Brazil, but in the whole world. Our experience was reported, step by step, and disseminated worldwide by means of the Best project inter-national managers”, reports Sílvia.

Cenbio’s work in Project BEST led to the implementation of fifty ethanol buses in the São Paulo bus fleet

the law provided the definition of tariffs for wind power, small hydropower plants [PCHs] and biomass”, she reports. “The study conduc-ted by Cenbio allowed the formulation of tari-ff proposals [for these sources of energy]. As from this work, the MME was able to define tariffs for Proinfa.”

In the 3rd Seminar Bioenergy: Challenges and Business Opportunities, Roberto Meira Júnior, the MME representative, stressed that the Proinfa allowed the national biomass, wind power and PCHs chain to consolidate. He also affirmed that Brazil is now a country that ex-ports knowledge in these areas.

Another project that provided great results for society was the Cenbio coordination of the BioEthanol for Sustainable Transport (Best) project, financed by the European Union. Ac-counting for the project activities in the city of São Paulo (SP), Cenbio gathered several institutions, such as the Brazilian Sugar Cane Industry Association (Unica), Scania, Coper-sucar, Metropolitan Company of Urban Trans-port of the State of São Paulo (EMTU/SP), BR Distributor, National Program for the Rationa-lization of the Use of Petroleum and Natural Gas byproducts (Conpet – Petrobras), Sekab Group, Marcopolo S.A., and SPTrans - São Paulo Transportation S.A. Cenbio and these institutions worked on the project to allow the operation of a bus equiped with a diesel engine manufactured by the Swedish Scania, fueled with a blend of ethanol and additive, which was followed by a bus by the same ma-nufacturer, exclusively fueled with diesel, for comparison tests. Therefore, the aim was to overcome the problems observed in the etha-nol bus operation, so as to make the project viable in Brazil.

The work by Cenbio and by its collabora-tors has not gone unnoticed: in 2011, the São Paulo Municipal Government replaced fifty of its fleet buses by vehicles fueled with additi-ved ethanol. “In a not very distant future, the market for the Brazilian Ethanol Program will depend on the capacity of turning ethanol into a replacement for diesel oil”, states José Ro-berto Moreira, Best project coordinator in Bra-zil. “And the Best project demonstrated that this is technically possible and economically viable, as the Brazilian additived ethanol, in a situation of regularity in ethanol supply, costs less than biodiesel does”. The replacement is positive to the city air: as stated by Moreira,

Dissemination

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Since 2005, the Cenbio team also coor-dinates the specialization course (lato sensu) in Environmental Management and Energy Sector Business. “[It happens to be] the first specialization course in Brazil tailor-made for environmental managers working or intending to work in the energy sector, which, consolida-ted, represents a knowledge and new business generation pole”, states Rei. The next course will start in March 2012.

disseminationData and news dissemination in the bioe-

nergy area, both in Brazil and in the world, is a fundamental part of the Cenbio work. Having this in mind, the reference center has develo-ped different knowledge dissemination activi-ties in the last years, by means of the Cenbio Institutional Strengthening agreement, carried out between 2005 and 2009, and of its con-tinuation between 2009 and 2011; both were financed by the MME.

The major means for disseminating Cenbio data is its website. Improved over the years, it is now trilingual: practically all of its content can be accessed in Portuguese, English and Spa-nish. Only the section “Learn more” is still only in Portuguese for now. In 2011, Cenbio also en-tered the social networks, disseminating events, news and information by means of accounts in Twitter and Facebook, the links of which can be found on the initial page of its own website.

Another important work in this area was the elaboration of the Atlas de Bioenergia do Brasil (Bioenergy Atlas of Brazil). Published in 2008, it has printed and digital versions – the latter available for free on the Cenbio webpage, as well as maps and tables with the power generation potentials of biomass in all the regions of Brazil. The 2011 edition will be available from January 2012.

Again, Cenbio accounted for the organi-zation and conduction of academic events for discussing activities, potentials and perspec-tives in bioenergy generation. Among them, the seminars Bioenergy: Challenges and Busi-ness Opportunities can be detached. The first edition took place on August 26-27, 2009; the second, focused on second-generation etha-nol production, was held on September 28, 2010. The third occurred on November 24, 2011, having as central theme the energy use of urban and rural waste, (more information on page 35).

Cenbio publications: “we promote the dissemination of the national knowledge not only about sugar cane, but about all bioenergy sources”, Suani states

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And surely, we cannot help mentioning the very Revista Brasileira de Bioenergia (“Bra-zilian Bioenergy Magazine”). Its publication started in 2007 and, since then, it has been published quarterly. Each issue counts on a major theme and an interview concerning it, but it also highlights companies’ initiatives in the bioenergy area, issues connected to the environment and scientific articles written by professors and researchers from different ins-titutions in Brazil and in the world.

“The Revista Brasileira de Bioenergia has great relevance in Brazil and abroad, and I be-lieve it will reach even farther”, says Horta. “It happens to be a magazine that can grow and even more disseminate bioenergy in the world, have a decisive role in this ambit. In this sense, the bilingual format helps its disse-mination, unique in the world.”

Peres agrees: “The magazine has to have broader dissemination at schools, universities and in research centers. The articles can be better disseminated so that not only those in the scientific community can learn about the Cenbio work, but also society as a whole”, states the member of the magazine editorial board. “The publication is very high quality and attains its goal of promoting the use of different types of biomass, always with up-to-date issues.”

aCknowledgementThe Cenbio participation in regional, na-

tional and international bioenergy projects has provided the reference center with acknowled-gement and reliability. In 1998, it was awar-ded the Climate Protection Award, granted by the United States Environmental Protection Agency (EPA). Ever since then, Cenbio was awarded other prizes in events in Brazil and abroad, including the 9th World Renewable Energy Congress. “The awards Cenbio has amassed over these fifteen years speak for the-mselves”, ponders Rei. “I would like to detach the EPA Climate Protection Award for the im-portance of those awarding it.”

Cenbio also integrates different global stu-dy networks, which interlink institutions all over the world, such as the Global Network on Energy for Sustainable Development (Gnesd), in which it participated in 2009, in 2010 and in 2011 in the elaboration of the study Bioener-gy and Poverty Alleviation. Represented by its coordinator, it participates in international me-

the PeoPle at Cenbio baCkstage

One of the distinctive features of Cenbio is the multidisciplinarity of its team: researchers and professionals with different educational backgrounds and from different areas of knowledge work in the reference center proj-ects, thus ensuring a full and comprehensive treatment of the projects for generating power from biomass.Along its fifteen years, different professionals integrated the Cenbio team. Learn about the current members integrating this team:

• Suani Teixeira Coelho (coordinator): Chemical Engineer, MSc and PhD in Energy

• José Roberto Moreira: Electrical Engineer and PhD in Physics• Cristiane Lima Cortez: Chemical Engineer, MSc in Chemical Engi-

neering and PhD in Sciences (Energy)• Patricia Guardabassi: Chemical Engineer, MSc in Energy and PhD in

Sciences (Energy)• Vanessa Pecora Garcilasso: Chemical Engineer, MSc in Energy and

PhD candidate in Sciences• Beatriz Acquaro Lora: Biologist, expert in Environmental Manage-

ment and MSc in Energy• Maria Beatriz Monteiro: geographer and MSc in Sciences• Fernando Saker: Journalist and MA in Communication• Renata Grisoli: Biologist and MSc in Sciences (Energy)• Fábio Gavioli: Agricultural Engineer• Manuel Moreno Ruiz Poveda: Forestal Engineer and expert in Re-

newable Energy

It is also worth stressing the frequent cooperation by Professor José Goldemberg, a PhD in Physics, who Suani defines as the Cenbio “guru”.

Meryellen Duarte

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etings and congresses, such as the Quadren-nial Meeting of the United Nations Committee for Trade and Development (Unctad) and the Commission for Sustainable Development, also from the UN. The experience exchange is not limited to meetings: according to Suani, foreign researchers have recently asked to par-ticipate in the team.

Proud for the national and international re-ference center acknowledgement, Suani com-ments: “Cenbio steadily gained international acknowledgement. For the other countries, we promote the dissemination of Brazilian know-ledge not only concerning sugar cane, but all the bioenergy sources.”

FutureIt is difficult to foresee the Cenbio next

steps along its trajectory. Yet it is not daring to imagine that its work in the Brazilian and

in the world bioenergy area will keep advan-cing.

It has not been an easy path, though. “As soon as Cenbio was created, there was finan-cial support from Finep [Research and Pro-jects Financing Agency] for two years, but later it had to live on the projects developed”, tells Suani. “Our researchers and professionals depend on grants or from project funds. Fortu-nately, in the last years, we have counted on an expressive contribution from the Ministry of Mines and Energy in this sense, by means of the Cenbio Institutional Strengthening pro-jects.”

In these fifteen years, bioenergy gained a vast space both within and without Brazil. “There were great changes in the environmen-tal issue, and the current trend is strengthening the segment”, states Rendeiro. “Cenbio was, and still is, very important for this sector; its

Since 1998, Cenbio has received several national and international awards for its role in bioenergy dissemination and development

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information largely contributes to biomass ad-vance in the energy sector.” Sérgio Peres agre-es: “The world is going greener, and Cenbio makes our green greener, as it disseminates knowledge and technologies, and this makes it a real reference center.”

“I think Cenbio, over these fifteen years, became a fundamental reference landmark in the bioenergy area, opening the way for other types of bioenergy besides the traditional ones [sugar cane and wood], incorporating other sources, providing a greater resource base and technologies”, says Horta, summa-rizing in his comment the expectation of the center team members and partners for the future: “I do hope Cenbio has at least fifte-en years more, with a growth similar to that shown so far, consolidating its role as one of the main bioenergy references in Brazil and outside Brazil.”

Cenbio in the web

When you read this, the Cenbio page in the Internet will al-ready have the digital magazine file hosted for reading and for downloading. By means of the Internet, Cenbio disseminates not only its own publications, but also presentations in events, provides descriptions and news on its projects. Learn where to find the Brazilian Reference Center on Biomass in the web:

http://cenbio.iee.usp.br/indexen.asp

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Entrevista

no rumo Certo‘O Brasil pode se dar ao luxo de anunciar para o mundo que somos renováveis’

“O Plano Nacional de Eficiência Ener-

gética (PNEf), aprovado em outubro de 2011, prevê ações para alcançar a

redução de 10% na demanda por energia pro-jetada até 2030. Quem coordenou esse com-plexo trabalho foi o especialista em energia Hamilton Moss de Souza, que hoje exerce o cargo de diretor do Departamento de Desen-volvimento Energético da Secretaria de Plane-jamento e Desenvolvimento do Ministério das Minas e Energia (MME). Trocando em miú-dos, é ele quem, no governo, cuida de temas ligados à eficiência energética, energias alter-nativas e sustentabilidade ambiental.

Engenheiro elétrico, Moss atuou em diver-sas plataformas de petróleo no Mar do Norte, mas acabou direcionando sua carreira para as energias renováveis. Desde 1985, é pesquisa-dor do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) onde, entre outras funções, foi coorde-nador do Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito (Cresesb) de 1998 até 2009.

O Cresesb, paralelamente ao Centro Nacio-nal de Referência em Biomassa (Cenbio) e ao Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas (CERPCH), é um dos três centros de referência ligados a energias renováveis apoiados pelo MME. Para Moss, o crescimento das renováveis no Brasil, que hoje domina o tema, deve-se, em grande parte, à atuação desses centros.

RBB — Qual a importância de um órgão como o Cenbio para o Brasil?Hamilton Moss de Souza — Os três centros de referência ligados a questões de energia fo-ram criados em grandes fóruns nacionais que congregavam representantes do governo, pes-quisadores, acadêmicos, empresários e outros públicos interessados no tema. Todos os três

têm o apoio do MME e estão vinculados a im-portantes instituições de ensino.

Vivemos no tempo em que, com um sim-ples clique de mouse, temos uma avalanche de informações. Por outro lado, quais dessas informações são confiáveis? Os centros de re-ferência reúnem dados confiáveis sobre ener-gias renováveis e, com isso, foram e continu-am sendo fundamentais para alavancar essas energias no Brasil. Biomassa, hoje, no País, por exemplo, levando-se em conta a energia global consumida e não apenas a elétrica, é a segunda fonte energética, ficando atrás apenas da fóssil e superando um pouco até a hídrica.

RBB — A Revista Brasileira de Bioenergia, patrocinada pelo MME, chega também ao ex-terior. Como o senhor vê isso?Moss — O foco prioritário é o público bra-sileiro, mas levar tais informações para fora é fundamental, ainda mais nos dias de hoje. Particularmente, nas questões ligadas à bio-massa como fonte de energia, o Brasil é líder mundial no assunto. E disponibilizamos este conhecimento para os demais países por meio da revista, que é uma publicação de referência, assim como o centro, como o próprio nome diz.

RBB — O MME tem alguns programas de in-centivo ao uso de energia alternativa. Em sua opinião, qual deles está em franco desenvol-vimento?Moss — Na fase do Proinfa [Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica], o que mais chamou a atenção foi a questão da energia eólica, até porque não tí-nhamos nada no Brasil. Hoje, tanto a eólica como a biomassa estão mais desenvolvidas, tornaram-se competitivas muito rapidamente. Antes, era necessário trabalhar com leilões

Hoje, tanto a [energia] eólica como a biomassa estão mais

desenvolvidas, tornaram-se competitivas

muito rapidamente

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Entrevista

“específicos por fonte; hoje, já podemos fazer leilões não direcionados, pois as renováveis competem em pé de igualdade. O Brasil pode se dar ao luxo de anunciar para o mundo que somos renováveis, continuaremos renová-veis e estamos diversificando a nossa matriz de maneira também renovável e com preços competitivos. Em outros países, paga-se muito mais caro por energias alternativas. No Bra-sil, temos isso com custos competitivos, o que tem chamado a atenção do mundo. Além de estarmos, no meio dessa confusão toda lá fora, com nossas questões macroeconômicas ajus-tadas, temos essa vantagem das renováveis até pela questão geográfica.

RBB — A questão geográfica é a que mais conta?Moss — Temos a questão geográfica, mas a estratégia adotada é igualmente importante. Também não podemos deixar de lado o de-senvolvimento tecnológico. A evolução do conhecimento nessa área foi incrível, e os centros de referência foram fundamentais nis-so. Temos hoje no País profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, de energia e áreas correlatas, como biologia e agricultura, do mais alto nível. Sempre tivemos pessoas de destaque. Porém, hoje, o volume é muito maior, assim como o nível de conhecimento e contribuição. Uma parte desse boom que o Brasil está passando se deve a isso.

RBB — Como o MME trabalha para a dimi-nuição da emissão dos gases de efeito estufa?Moss — Fazemos parte de várias comissões interministeriais que tratam do assunto. Em termos concretos, digo que temos mantido o que temos feito já há muitos anos. Repito: o Brasil pode se dar ao luxo de dizer que é um dos campeões nessa área. Agora mesmo, na conferência do clima de Durban, o Brasil foi citado como exemplo na área de energias re-nováveis e diminuição de emissões. O desma-tamento também tem diminuído bastante. Eu diria que poucos países podem, como o Brasil, dizer que estão trabalhando de forma consis-tente para a diminuição de emissões. O MME

tem trabalhado com hidrelétricas e focado bas-tante em eficiência energética. Enfim, continu-amos a trabalhar como temos trabalhado sem-pre. O setor elétrico do Brasil é responsável por menos de 1,4% das emissões de CO2 do País. É baixíssimo isso. A China, por exemplo, instala, a cada ano, 110 GW de usinas térmicas a carvão. Ou seja, um Brasil por ano baseado em carvão; imagine só a quantidade de emis-sões. Nós estamos alimentando nosso setor energético, que demanda o acréscimo de 7 GW por ano, a partir prioritariamente de ener-gias renováveis.

RBB — Os novos estádios em construção têm projetos visando à sustentabilidade? Há al-gum incentivo para que isso aconteça?Moss — Não há algo específico sobre isso. Estamos trabalhando em prol da energia fo-tovoltaica, que ficou um pouco para trás. As taxas de importação estão zeradas para equi-pamentos. Fomentamos o conhecimento sobre as renováveis por meio dos centros de referên-cia como o Cenbio e recentemente lançamos o PNEf para estimular a eficiência energética. E as coisas estão acontecendo naturalmente em função de todo esforço e direcionamento cor-reto ao longo dos anos.

Poucos países podem, como o Brasil, dizer

que estão trabalhando

de forma consistente

para diminuição de emissões de

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Michael Bodmann | iStockphoto

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Interview

“The National Plan for Energy Efficiency

(PNEf), passed in October 2011, pro-vides actions to attain a 10% reduction

in the power demand projected up to 2030. The one to coordinate this complex work was the energy expert Hamilton Moss de Souza, who currently holds the position of Director of the Energy Development Department of the Se-cretariat of Planning and Development of the Ministry of Mines and Energy (MME). Cut-ting a long story short, he is the person who, in the government, is in charge of themes related to energy efficiency, alternative energies and environmental sustainability.

An electrical engineer, Moss acted in di-fferent oil platforms in the North Sea, but en-ded up directing his career to renewable ener-gies. Since 1985, he has been a researcher at the Electric Power Research Center (Cepel) where, among other positions, he was the co-ordinator of the Sérgio de Salvo Brito Solar and Wind Energy Reference Center (Cresesb) from 1998 to 2009.

Cresesb, in parallel with the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio) and with the National Center of Reference for Small Hydropower Plants (CERPCH), is one of the three reference centers concerned with renewable energies supported by the MME. For Moss, the growth in renewables in Brazil, which now masters the theme, is largely owed to these centers.

RBB — What is the importance of an orga-nism such as Cenbio for Brazil?Hamilton Moss de Souza — The three re-ference centers concerned with energy issues were established in large national forums con-gregating government representatives, resear-

on the right traCk‘Brazil can afford the luxury of telling the world we are renewable’

chers, scholars, entrepreneurs and other peo-ple interested in the theme. The three of them are supported by the MME and are connected to important learning institutions.

We live at a time when, at the mere click of the mouse, we have an avalanche of informa-tion. However, which information is reliable? The reference centers amass reliable data on renewable energies and hence they were and are still essential to promote these energies in Brazil. For example, taking into account the global energy consumed and not only electric power, biomass is the second energy source in Brazil, second only to fossil [sources] and even excelling hydropower a bit.

RBB — The Revista Brasileira de Bioenergia sponsored by the MME, is also read abroad. How do you see that?Moss — The priority focus is the Brazilian public, but taking this information abroad is fundamental, especially today. Particularly, in the issues connected to biomass as a source of energy, Brazil is a world leader in the subject. And we make this knowledge available to the other countries by means of the magazine, which is a reference publication, as is the cen-ter, as its very name says.

RBB — The MME has some programs to pro-mote the use of alternative energy. In your opi-nion, which of them is being fully developed?Moss — At the Proinfa [Incentive Program for Alternative Sources of Energy] phase, what called the most attention was the wind power issue, especially because we had no-thing in Brazil. Today, both wind and biomass are being developed, and became competitive very fast. Formerly, it was necessary to work

Today, both wind [energy] and biomass

are being developed, and became competitive

very fast

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Meryellen Duarte

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Interview

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“on specific auctions per source; today, we can have non-specific auctions, as renewables compete at the same level. Brazil can afford the luxury of telling the world we are renewa-ble, we will remain renewable and we are also diversifying our matrix in a renewable way, at competitive prices. In other countries, much more is paid for alternative energies. In Brazil, we have this at competitive prices, which has drawn world attention. Amidst all these pro-blems abroad, besides having our macroeco-nomic issues adjusted, we have the advantage of being renewable even due to our geogra-phic location.

RBB — Is the geographic issue the one that counts the most?Moss — We have the geographic issue, but the strategy adopted is equally important. Te-chnological development cannot be left aside, either. The evolution of knowledge in this area has been incredible, and the reference centers have been fundamental for this. Brazil cur-rently counts on professionals from the most different areas of knowledge, on energy and correlated areas, such as biology and agricul-ture, of the highest level. We have always had renowned people. Today, however, the volume is much greater, as is the level of knowledge and contribution. Part of this boom Brazil is undergoing is due to that.

RBB — How does the MME work towards re-ducing greenhouse gases emission?Moss — We integrate several interministerial committees dealing with the subject. Con-cretely, I can say we have kept what we have been doing for many years. I repeat: Brazil can afford the luxury to say it is one of the champions in this area. Right now, at the Dur-ban Climate Change Conference, Brazil was mentioned as an example in the renewable energies and emission reduction area. Defo-restation has also decreased a lot. I could say that few countries can, as Brazil does, say they are working consistently for emission reduc-

tion. The MME has worked with hydropower plants and been very much focused on ener-gy efficiency. In sum, we keep working as we have always worked. The electric sector in Brazil accounts for less than 1.4% of the Brazilian CO2 emissions. This is considerably low. China, for example, installs 110 GW of coal thermopower plants a year. That is, one Brazil a year based on carbon; just imagine the amount of emissions. We are feeding our energy sector, which demands the addition of 7 GW a year, mainly deriving from renewable energies.

RBB — Are the new stadiums under construc-tion designed towards sustainability? Is there any incentive for this to happen?Moss — There is nothing specific about this. We are working for photovoltaic energy, whi-ch was left behind a bit. Import taxes are zero-ed for equipment. We have fostered knowled-ge on renewables by means of the reference centers such as Cenbio and we recently laun-ched the PNEf to stimulate energy efficiency. And things are occurring naturally in function of all the effort and correct directioning over the years.

Few countries can, as

Brazil does, say they

are working consistently

for GHG emission reduction

Willowpix | iStockphoto

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Meio Ambiente

Divulgação Eletrogoes

Uma das principais metas do Cenbio ao desenvolver projetos para uso energé-tico da biomassa diz respeito à preser-

vação do meio ambiente. Essa preocupação se faz presente no próprio incentivo à subs-tituição do uso da biomassa tradicional pela moderna, evitando assim problemas como o desflorestamento e o empobrecimento do solo. Além disso, as iniciativas promovidas pelo Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) para substituição de combustíveis fósseis por biomassa também contribuem para a mitigação da emissão de gases de efeito es-tufa (GEE).

A preocupação com o meio ambiente é notada em todos os projetos realizados pelo Cenbio. Contudo, alguns deles foram voltados exclusivamente para fins ambientais. Esses projetos serão brevemente apresentados a se-guir, a fim de que não só se tornem conheci-dos, mas também possam fornecer experiência e incentivo para a elaboração de iniciativas se-melhantes no Brasil e no mundo.

Pensando no meio ambienteEmbora seja conhecido principalmente por seu trabalho na área da bioenergia, Cenbio também conta com projetos de preservação ambiental

Promovendo o verde em são PauloDe 2006 a 2007, o Cenbio atuou no projeto

Ambientes Verdes: Construindo Políticas Pú-blicas Integradas na Cidade de São Paulo. O trabalho foi desenvolvido em conjunto com a associação Local Governments for Sustaina-bility (Iclei), a qual conta com mais de 1.220 membros de governos, de 70 países diferentes, comprometidos com a causa do desenvolvi-mento sustentável.

O Cenbio teve por objetivo orientar e co-ordenar a equipe da Iclei na realização de um levantamento detalhado de projetos elegíveis ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) no município de São Paulo, conside-rando o posicionamento dos atores relevantes.

“Os critérios aplicados na execução do projeto foram os critérios de elegibilidade do próprio Mecanismo de Desenvolvimen-to Limpo aplicados à cidade de São Paulo”, explica a bióloga Beatriz Lora, pesquisadora do Cenbio envolvida na execução do projeto; “ou seja, as regras do MDL foram aplicadas para enquadrar possíveis projetos ao meca-nismo.”

Outra atividade desenvolvida por meio desse projeto foi a validação da justificativa do projeto de Lei Nº 530/08, para a Política Municipal de Mudanças Climáticas, submeti-do à Câmara de Vereadores, bem como para o Relatório sobre Projetos Elegíveis ao MDL no Município de São Paulo. O projeto deu ori-gem à Lei No 14.933, de 5 de junho de 2009, a qual institui a Política de Mudança do Clima no Município de São Paulo.

Para Beatriz, o projeto foi “de extrema importância para a cidade de São Paulo no combate às mudanças climáticas, pois trata de questões como energia, transporte, geren-ciamento de resíduos e coleta seletiva, entre outros, bem como estabeleceu metas de redu-ção das emissões antrópicas [relativas à exis-tência humana] de gases efeito estufa para o município”.

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Termelétrica movida a biomassa: iniciativa contribui para preservação da qualidade do ar

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Meio Ambiente

termelétriCa à base de biomassaTambém iniciado em 2006, o projeto Me-

canismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) para uma Pequena Central Termelétrica de 20 MW Movida a Biomassa no Estado de Rondônia foi financiado pela Eletrogoes S. A., empresa brasileira de geração de eletricidade. Sua meta foi o desenvolvimento de um projeto de MDL na instalação da Usina Termelétrica (UTE) Rondon II, alimentada com biomassa, localizada no município de Pimenta Bueno (RO).

A Eletrogoes trabalhou na regularização e complementação energética da termelétrica, adjacente ao reservatório da Usina Hidrelétri-ca (UHE) Rondon II, em regime de operação paralela. A energia gerada pela UTE Rondon II provém da queima de cavaco de madeira, de duas origens distintas: da floresta nativa existente na área inundada pelo reservatório da UHE Rondon II; e de uma floresta energé-tica constituída por eucalipto, implantada na região de forma sustentável.

Com base nessas atividades, o Cenbio pro-duziu o Documento de Concepção de Projeto (Project Design Document - PDD) no âmbito do MDL estabelecido pelo Protocolo de Quio-to. O documento em questão foi então enviado ao Conselho Executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáti-cas (UNFCCC), para obtenção de créditos de carbono referentes às emissões evitadas de ga-ses de efeito estufa (GEE) referentes à imple-mentação do projeto.

Além disso, o Cenbio também forneceu subsídios para a determinação do potencial de uso de biomassa na UTE Rondon II, cola-borando para a identificação da melhor opção para a elaboração de um projeto de MDL para essa usina térmica.

De acordo com o professor Osvaldo So-liano, da Universidade Salvador (Unifacs), que participou do projeto, “a empresa de-sistiu de levar adiante o projeto de captação no momento, depois da necessidade de um desvio da metodologia utilizada, devida-mente autorizada pelo Executive Board”. Apesar disso, o funcionamento da termelé-trica movida a biomassa proporciona ganhos ambientais.

“Este projeto seguiu as diretrizes do Pro-tocolo de Quioto”, explica Beatriz. “Sen-do assim, a instalação de uma termelétrica a biomassa na região para geração de energia

contribui para o meio ambiente ao reduzir a emissão de gases de efeito estufa na atmosfe-ra, preservando a qualidade do ar.”

reFlorestamento em CajamarNem todos os projetos do Cenbio são vol-

tados para a geração de energia a partir de biomassa. Em 2008, o centro desenvolveu o projeto Diagnóstico Ambiental das Áreas Po-tenciais de Reflorestamento no Município de Cajamar, parte de um trabalho maior coorde-nado pela ONG Mata Nativa na cidade paulis-ta em questão.

O trabalho do Cenbio consistiu em levan-tar dados e elaborar mapas que permitissem a identificação de áreas desmatadas e degra-dadas em Cajamar e que, posteriormente, permitissem selecionar as melhores áreas no município para a ONG iniciar atividades de reflorestamento.

A importância dessa pesquisa para o meio ambiente de Cajamar não se restringe à recu-peração da mata nativa, mas também à preven-ção e ao combate a outros problemas ambien-tais que surgem com o desflorestamento. “Por meio do levantamento feito no projeto, obser-vamos que muitas das regiões degradadas pelo desmatamento eram topos de morros e fundos de vales”, observa a geógrafa Maria Beatriz Monteiro, também pesquisadora do Cenbio. “Nessas áreas, além do desflorestamento, há erosão, perda de nutrientes e substratos do solo, assoreamento dos rios e enchentes. É um conjunto de problemas.”

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sxc.hu

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The Environment

One of the major Cenbio goals when developing projects for the energy use of biomass concerns environment

preservation. This concern lies in the very sti-mulus to replacing the usage of traditional biomass with a modern biomass one, thus avoiding problems with deforestation and soil depletion. Besides, the initiatives promoted by the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio) for replacing fossil fuels with bio-mass also contribute to mitigating greenhouse gases (GHG) emission.

The concern with the environment under-lies all the projects conducted by Cenbio. Yet, some of them were exclusively dedicated to environmental ends. These projects will be briefly presented as follows, not only to make them known, but also to allow them to provide and stimulate similar initiatives in Brazil and in the world.

thinking oF the environmentEven though it is mainly known for its work in the bioenergy area, Cenbio also counts on environmental preservation projects

Promoting greenery in são PauloFrom 2006 to 2007, Cenbio acted in the

Green Environments: Building Integrated Public Policies in the City of São Paulo pro-ject. The work was jointly developed with the Local Governments for Sustainability (Iclei) association, which counts on over 1,220 mem-bers from governments, from 70 different countries, committed with the sustainable de-velopment cause.

Cenbio aimed to guide and coordinate the Iclei team to conduct a thorough survey of projects eligible for the Clean Development Mechanism (CDM) in the São Paulo munici-pality, considering the positioning of the rele-vant actors.

“The criteria applied in the execution of the project were the eligibility criteria from the Clean Development Mechanism itself, applied to the city of São Paulo”, explains biologist Beatriz Lora, researcher from Cenbio invol-ved in the execution of the project; “in other words, the CDM rules were applied in order to frame possible projects to the mechanism.”

Another activity developed by means of this project was the validation of the justifi-cation of the Bill n. 530/08 towards the Mu-nicipal Climate Change Policy, submitted to the Municipal Council, as well as towards the Report about the CDM Eligible Projects in the São Paulo Municipality. The project origina-ted Law N. 14.933, from June 5, 2009, which institutes the Climate Change Policy in the Municipality of São Paulo.

For Beatriz, the project was “extremely important to the city of São Paulo in the fight against climate change, as it deals with issues such as energy, transportation, waste manage-ment and selective collection, among others, as well as it established reduction goals for the

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Dissemination Eletrogoes

Thermopower plant fed with biomass: the initiative helps to preserve air quality

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The Environment

anthropic [related to human existence] gree-nhouse gases emissions for the municipality”.

biomass thermoPower PlantAlso started in 2006, the project Clean De-

velopment Mechanism (CDM) for a Small 20 MW Biomass Thermopower Plant in the Sta-te of Rondônia was financed by Eletrogoes S. A., a Brazilian power generation company. Its goal was the development of a CDM project in the implementation of the Rondon II Thermo-power Plant (UTE), fed with biomass, located in the Pimenta Bueno municipality (RO).

Eletrogoes worked on the regularization and energy complementation of the thermopo-wer plant bordering the Rondon II Hydropo-wer Plant (UHE), in parallel operation regime. The power generated by the Rondon II UTE derives from woodchip burning, from two dis-tinct sources: from the native forest existing in the area flooded by the UHE Rondon II re-servoir; and from an energy forest constituted of eucalyptus, sustainably implemented in the region.

Based on these activities, Cenbio produ-ced the Project Design Document (PDD) in the ambit of the CDM established by the Kyo-to Protocol. The document in question was then sent to the Executive Board of the United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), for obtaining carbon cre-dits relative to the greenhouse gases (GHG) emissions avoided concerning the project im-plementation.

Besides, Cenbio also provided subsidies for determining the biomass use potential in the Rondon II UTE, helping to identify the best option for the elaboration of a CDM pro-ject for the thermopower plant.

According to Professor Osvaldo Soliano, from the Salvador University (Unifacs), who participated of the project, “the company gave up on carrying on the captation Project for now, after the necessity of a deviation from the methodology used, as duly authorized by its Executive Board”. Despite that, the functio-ning of the biomass-fed thermoelectric plant provides environmental gains.

“This project followed the Kyoto Protocol directives”, Beatriz explains. “Therefore, the

installation of a biomass-powered thermoelec-tric plant in the region for power generation contributes to the environment by reducing the emission of greenhouse gases into the atmos-phere, thus preserving air quality.”

reForestation in CajamarNot all the Cenbio projects are dedicated to

biomass power generation. In 2008, the center developed the project Environmental Diagno-sis of the Potential Reforestation Areas in the Cajamar Municipality, part of a larger project coordinated by the NGO Mata Nativa in the city mentioned.

The Cenbio work consisted in surveying data and in elaborating maps that allowed the identification of deforested and degraded are-as in Cajamar and that, later, allowed selecting the best areas in the municipality for the NGO to set out reforestation activities.

The relevance of this research to the Caja-mar environment is not restricted to the native vegetation recovery, but also concerns preven-ting and fighting other environmental proble-ms that derive from deforestation. “By means of the survey conducted in the project, we ob-served that many of the regions degraded by deforestation were hilltops and valley floors”, observes geographer Maria Beatriz Monteiro, Cenbio researcher. “In those areas, besides deforestation, there is erosion, loss of soil nu-trients and substrata, river silting and floods. It is a set of problems.”

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Projetos do Cenbio

o lixo é nosso!3º Seminário Bioenergia promovido pelo Cenbio aborda desafios e oportunidades provenientes dos resíduos urbanos e rurais

Tema já abordado em edições anteriores desta publicação, a problemática do lixo volta ao palco por sua relevância.

Desta vez, como objeto do seminário anual promovido pelo Centro Nacional de Refe-rência em Biomassa (Cenbio). Em 24 de no-vembro, reuniram-se, na Universidade de São Paulo (USP) cerca de duzentas pessoas, dentre as quais pesquisadores, empresários, repre-sentantes do poder público e acadêmicos. Ao longo das diversas apresentações e debates, foi possível repensar os desafios e as oportu-nidades de negócio – vinculadas à geração de energia – decorrentes dos descartes das cida-des e da produção agrícola.

Suani Coelho, coordenadora do Cenbio, abriu o evento e convidou o professor Ildo Luis Sauer, diretor do Instituto de Eletrotéc-nica e Energia da Universidade de São Paulo (IEE-USP) para uma das três exposições que compuseram a sessão de abertura. “Queremos sair daqui com possibilidades concretas e não

com uma série de teorias”, afirmou Sauer. Nesse contexto, ele falou sobre a reorganiza-ção do IEE em busca de uma estrutura mais ágil e sinérgica com as necessidades atuais da sociedade em termos de energia e meio am-biente.

Na sequência, falou Sérgio Frate, da Em-presa Metropolitana de Águas e Energia (Emae). “Quando o assunto é destinação dos resíduos urbanos, há problemas acima dos téc-nicos”, ressaltou ele. “É necessário lidar com dificuldades políticas, institucionais e econô-micas.” Frate, que além de participar de uma das três sessões de abertura também apresen-tou um dos painéis, foi um dos mais polêmicos ao abordar a resistência que existe em relação à solução de incineração de resíduos. Segundo ele, falta conhecimento técnico a muitos dos que se opõem a essa alternativa. Outro ponto por ele levantado vai ao encontro de interesses comerciais. “As possíveis soluções para o lixo são, antes de tudo, uma questão de saneamen-

Apresentações e debates: desafios e oportunidades de negócio nos descartes

Fotos: Meryellen Duarte

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Projetos do Cenbio

to. A produção de energia a partir dos resíduos é um bônus. Se o problema não for encarado dessa forma, a conta não fecha”, afirmou.

A última fala da sessão de abertura ficou a cargo do professor José Goldemberg, ex-reitor da USP e mentor do Cenbio. Coube a ele apre-sentar uma visão abrangente sobre a relevância da utilização da biomassa para a produção de energia. Goldemberg expôs que o mundo ainda depende dos combustíveis fósseis (80% da pro-dução mundial de energia provém desse tipo de fonte) e os problemas decorrentes disso são di-versos: “Além de serem exauríveis, as reservas fósseis concentram-se basicamente no Oriente Médio. Sem falar das perdas ambientais oriun-das da produção de energia a partir das fontes

fósseis”, explicou o professor. “Hoje, as ener-gias renováveis representam apenas 12,9% da matriz energética mundial, sendo que a biomas-sa moderna corresponde apenas a 2,3%. Levan-do-se em conta o crescimento da demanda por energia, é correto dizer que o futuro aponta para as fontes renováveis, especialmente para biomassa moderna. Por isso, o papel do Cenbio é fundamental”, completou Goldemberg. Oti-mista, ele trouxe o dado do crescimento de am-bas as fontes: enquanto as renováveis crescem a uma taxa de 6% ao ano, as fósseis crescem a apenas 2% . Dessa forma, a produção de ener-gia a partir de combustíveis fósseis dobraria em trinta anos e a produção a partir de fontes reno-váveis, em apenas doze.

sérgio Frate, emPresa metroPolitana de águas e energia (emae)

Após ter participado da sessão de abertura, Frate voltou ao palco do seminário trazendo um resumo sobre as tecnologias disponíveis e emergentes para o tratamento do lixo das cidades. Esse assunto vem sendo amplamente discutido, uma vez que a legislação sobre a política para tratamento de resíduos é recente (foi aprovada em 2010) e exige adequações dos municípios em curto período de tempo. Para se ter ideia, a lei prevê que não mais será permitido o aterro in natura de resíduos, solução que é aplicada hoje. Antes de apresentar algumas possíveis alternativas para o tratamento do lixo residencial e comer-cial, Frate chamou a atenção para peculiaridades deste como matéria-prima para produção de energia: heterogeneidade, umidade e sazonalidade.Embora defenda o aproveitamento energético de resíduos, o representante da Emae acredita que levará entre dez e quinze anos para que tal iniciativa seja amplamente aplicada no País. Dentre as tecnologias apresentadas por ele, estão os processos térmicos (incineração, gaseificação e plasma) e biológicos (tratamento em aterros ou em biodigestores) para recuperação de energia. Em diversas ocasiões, en-fatizou: “A incineração não veio para tomar o lugar da reciclagem e da compostagem, tais atividades continuarão sendo necessárias. Sozinhas, porém, não resolverão o problema do lixo no Brasil, assim como não resolvem em outros países que estão muito à nossa frente nesse assunto”.

Painel 1 – resíduos urbanos

O 3º SemináriO BiOenergia SuBdividiu-Se em duaS parteS. a primeira tratOu de reSíduOS urBanOS e a Segunda, de reSíduOS ruraiS. FOram quatrO apreSentaçõeS SOBre O primeirO tópicO, reSumidaS a Seguir.

Plateia atenta: pesquisadores,

empresários, representantes do

poder público e acadêmicos

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32 Novembro /November 2011

Projetos do Cenbio

amériCo samPaio, ComPanhia de saneamento básiCo do estado de são Paulo (sabesP)

A segunda palestra referente aos resíduos urbanos mostrou algumas iniciativas da Sabesp para reaproveitamento dos gases gerados na decomposição do lodo de esgoto. Segundo Sampaio, a empresa busca, a partir dessas iniciativas, a sustentabilidade de estações de tratamento.Ele apresentou um esquema da produção de lodo, biogás e metano em diferentes sistemas e destacou a necessidade de aprimoramento técnico contínuo para redução da quantidade do lodo gerado, bem como aumento da produção de biogás. “Hoje, já avançamos 30% na produção de gás e reduzimos a produção de lodo em 21%”, disse.Sampaio comentou ainda sobre o projeto da Sabesp, em parceria com o Instituto Fraunhofer, para beneficiamento do biogás de estações de tratamento de esgoto para uso como gás natural veicular, iniciativa esta prevista para entrar em operação em março de 2012. O repre-sentante da Sabesp mencionou ainda as pesquisas desenvolvidas pela Sabesp em parceria com o Cenbio no uso energético do biogás e apresentou dados sobre a estação de tratamento de esgoto de Franca (SP).

roberto meira júnior, ministério de minas e energia (mme)

Como representante do governo, Meira Júnior falou da importância de se promover um ambi-ente regulatório o mais amigável possível para as tecnologias baseadas em fontes renováveis. Por outro lado, lembrou que não se pode privilegiar um tipo de energia em detrimento de outro, pois trabalha-se para atender à expectativa de crescimento anual de 4,6% em geração de energia no País, o que significa 3.200 MW inseridos no sistema a cada ano. “E com custo acessível”, completou.Nessa linha, Meira Júnior levantou a seguinte questão: “Há uma tendência de a energia gera-da por biomassa ser mais cara. Como manter a competitividade dessas fontes? Será que as tecnologias precisam ser aprimoradas?”. Como especialista no assunto, ele destacou que tal discussão é transversal, ou seja, envolve diversos setores, ministérios e tópicos (tecnologia, geração de renda, competição com produção de alimentos), exigindo um trabalho integrado para que avance no Brasil.

debate

Após essas três apresentações, a professora Maria Cecília Loschiavo dos Santos, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo (Procam-USP), co-ordenou um rico debate entre palestrantes e ouvintes. Questionou-se a eficácia de determi-nados métodos para tratamento de lixo e o representante da Emae citou exemplos de outros países nos quais tais técnicas são aplicadas com sucesso. “Quando falamos de tratamento de resíduos urbanos, não se pode afirmar que uma única solução irá dar conta de tudo. Temos de pensar em uma composição de soluções”, disse Frate. A coordenadora do debate aproveitou o gancho e completou: “Essa composição de soluções passa também por cada um de nós, pois, perante a lei, somos os responsáveis pela geração de resíduos”. Sampaio, da Sabesp, expôs sua preocupação com os prazos para cumprimento das deter-minações da nova lei. Em contrapartida, Meira Júnior criticou a mentalidade de imediatismo no Brasil, lembrando que as políticas públicas para o lixo nos Estados Unidos e em países europeus demoraram muitos anos para se consolidar.

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Projetos do Cenbio

jean Cesare negri, ComPanhia energétiCa de são Paulo (CesP)

Apesar de também discorrer sobre o tema dos resíduos urbanos, o representante da Cesp não pôde participar do debate e complementou as informações das falas anteriores. Negri, assim como os demais, ressaltou a importância de uma solução multimodal para o lixo ur-bano. “Hoje, são colocadas, por dia, 161 t de lixo em aterros sanitários no Brasil”, afirmou. Em seguida, abordou com mais detalhes aspectos das políticas nacional e do Estado de São Paulo para tratamento de resíduos urbanos. “O Brasil, no que se refere à legislação, está bem amparado e com a visão de lixo zero em aterros a partir de 2020”, disse Negri. “Para que isso seja possível, será necessária a evolução das tecnologias para tratamento dos resíduos no País”. Outro dado por ele citado também contribuiu para os que questionam o tratamento térmico reverem suas opiniões: “Em lugares onde há tratamento térmico de resíduos, o índice de reciclagem é maior”, declarou.

airton kunz, embraPa suínos e aves

Os que viram o que já tem sido feito para reaproveitamento de dejetos de animais no Brasil, segundo mostrou Kunz, não tiveram dúvida de como o Brasil está avançado nessa área. Ele apresentou os principais modelos de biodigestores (indiano, chinês e lagoa coberta) que têm sido utilizados no País, bem como suas vantagens e desvantagens. “O biodigestor de lagoa coberta, por exemplo, é bastante utilizado – apesar de não ser o mais eficiente em termos de geração de biogás – devido a seu baixo custo de implantação. É necessário entender a reali-dade de cada necessidade”, explicou ele. Kunz falou também sobre a contínua necessidade de aprimoramento tecnológico para otimização da produção de biogás a partir de dejetos animais e chamou a atenção para questões importantes como o uso racional da água, a higienização dos equipamentos e cuidados com o efluente do biodigestor. “É essencial um acompanhamento agronômico do efluente, já que ele pode tanto ser um ótimo fertilizante como um problema para o meio ambiente”, disse. Finalizou promovendo os cursos online so-bre produção de biogás a partir de dejetos animais que a Embrapa Suínos e Aves mantém.

Fernando landgraF, instituto de PesQuisas teCnológiCas (iPt)

Apresentou o projeto piloto do IPT para usinas de biogás por fluxo de arraste, tecnologia já existente, porém ainda não adaptada para biomassa. Mais de vinte pesquisadores do instituto estão envolvidos no trabalho que prevê uma planta modelo em funcionamento no município de Piracicaba (SP) até 2020, transformando 500 kg de biomassa por hora em biogás. Se-gundo Landgraf, o objetivo é aumentar o aproveitamento de boa parte dos 650 milhões de t de bagaço de cana produzidos por ano no Brasil, cujo potencial de geração de energia não aproveitado chega a quase 20 GW. “Apesar de haver também a tecnologia de leito fluidizado – mais indicada para plantas menores –, optamos pela de fluxo de arraste, pois mostrou-se economicamente favorável em usinas maiores. E apostamos em uma demanda por usinas maiores”, explicou o pesquisador.Além da questão mercadológica, a gaseificação de biomassa por fluxo de arraste gera menos alcatrão e permite que se trabalhe com altas pressões e alta potência. Questionado sobre uma eventual competição futura com as usinas sucroalcooleiras pelo bagaço de cana, Landgraf explicou que o projeto também considerará a gaseificação de cavaco de madeira.

Painel 2: resíduos rurais

cOmO já citadO, a Segunda parte dO eventO tratOu dO reaprOveitamentO de reSíduOS ruraiS para geraçãO de ener-gia. tamBém FOram quatrO OS eSpecialiStaS que expuSeram SuaS ideiaS neSSe painel. veja O reSumO.

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Projetos do Cenbio

jorge luís alves (eletrosul) e sadi baron (Projeto alto uruguai)

O representante da Eletrosul introduziu a apresentação sobre como se dá a recuperação energética de resíduos rurais que acontece em 29 municípios dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina – Projeto Alto Uruguai – que beiram o rio de mesmo nome da iniciativa. “Além da geração de energia, há muitos ganhos ambientais”, resumiu.Em seguida, Baron elencou alguns dos benefícios decorrentes do combate ao despejo de dejetos suínos nos rios para a não eutrofização da água: redução de moscas e, claro, o uso energético nas cidades participantes. “A energia proveniente do reaproveitamento dos deje-tos evita a queima de 5 m3 de lenha por mês, contribuindo para a redução do desmatamento”, disse. Segundo Baron e Alves, planeja-se expandir o Projeto Alto Uruguai para 55 municípios. Para isso, quatro novas centrais de energia elétrica devem ser instaladas. “Pretendemos garantir a sustentabilidade das propriedades rurais não apenas em termos de destinação adequada de resíduos, mas também em termos de energia e renda”, concluiu Baron.

josé marCos grysChek, brasmetano

Como transformar a vinhaça, um dos resíduos mais agressivos ao meio ambiente, em ener-gia – esse foi o tema da apresentação de Gryschek. Produzida em grande quantidade como subproduto nas usinas de etanol, a vinhaça pode, por meio de fermentação anaeróbica, gerar biometano. Este, por sua vez, pode ser o biocombustível de veículos canavieiros, por exem-plo. A Brasmetano tem a expertise para tal e Gryschek explicou como isso é feito a partir do sistema chamado Stillax. Na apresentação, abordou, inclusive, os desafios a serem superados no tratamento da vinhaça.Um dos desafios, segundo o representante da Brasmetano, diz respeito ao tratamento da vinhaça nas dornas: antibióticos costumam ser usados para combate às bactérias. Porém, tal iniciativa levou ao surgimento de micro-organismos mais resistentes que acabam sendo levados ao campo pelo uso da vinhaça para fertirrigação. Gryschek frisou a importância de se buscar novas alternativas para solucionar esse problema.

segundo debate

Finalizando o seminário, houve outro debate sobre os temas expostos no segundo painel. Coordenada pela professora Sônia Maria Manso Vieira, a discussão contou com a participação da plateia, que dirigiu perguntas aos quatro especialistas cujas apresentações abordaram os temas ligados aos resíduos agrícolas.Kunz reafirmou a necessidade de se aprimorar cada vez mais as tecnologias para geração de biogás e fazer com que tal conhecimento chegue ao campo.Gryschek complementou Kunz: “Para avançar no tratamento de resíduos, precisamos de edu-cação, legislação, punição e da troca de uma geração”. Alves, por sua vez, apontou para a necessidade de se estabelecer um grande bloco de energia para atender à expansão da de-manda, enquanto Baron lembrou que cabe à universidade e ao Estado aproximar a sociedade do conhecimento gerado em suas pesquisas.Para Marcelo Cupolo, da MWM Latin America Soluções Energéticas, o 3º Seminário Bioenergia promovido pelo Cenbio cumpriu parte dessa função. “Foi muito proveitoso, fiz uma série de contatos interessantes e os palestrantes dominavam o assunto”, declarou ele, participante pela primeira vez do evento. “Tivemos contato com diversas tecnologias emergentes.”

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the garbage is ours!The 3rd Bioenergy Seminar promoted by Cenbio approaches challenges and opportunities deriving from urban and rural waste

A theme already approached in previous issues of this publication, the garbage problem comes up again for its rele-

vance. This time, as the object of the yearly seminar promoted by the Brazilian Reference Center on Biomass (Cenbio). On November 24, about 200 people gathered at the Univer-sity of São Paulo (USP), among whom rese-archers, entrepreneurs, public sector represen-tatives and scholars. Throughout the different presentations and debates, it was possible to rethink the challenges and business opportu-nities – connected to power generation – de-riving from cities and agricultural production waste.

Suani Coelho, Cenbio coordinator, ope-ned the event and invited Professor Ildo Luis Sauer, director of the Institute of Electrotech-nics and Energy of the University of São Paulo (IEE-USP) to one out of the three expositions composing the opening session. “We want to leave this place with concrete possibilities and not with a series of theories”, stated Sauer. In

this context, he talked about the IEE reorgani-zation in its search for a nimbler structure and more synergic with the current needs of socie-ty in terms of energy and of the environment.

Next, Sérgio Frate, from the Metropolitan Company of Water and Energy (Emae), made his presentation. “When the theme is urban waste destination, problems go beyond the te-chnical sphere”, he stressed. “It is necessary to deal with political, institutional and economic difficulties.” Frate, who also presented one of the panels, besides participating in one of the three opening sessions, was one of the most polemic people when approaching the existing resistance to solving waste incineration. Ac-cording to him, many of those opposing this alternative lack technical knowledge. Another point he raised concerns commercial interests. “The possible solutions for garbage are, above all, a sanitation issue. Power production from waste is a bonus. If the problem is not faced this way, the equation won’t be solved”, he affirmed.

Presentations and discussions: challenges

and opportunities in business disposals

Photos: Meryellen Duarte

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Cenbio Projects

The opening session last speech was made by Professor José Goldemberg, USP former Dean and Cenbio mentor. He was the one who presented a comprehensive view on the rele-vance of using biomass for producing power. Goldemberg said that the world still depends on fossil fuels (80% of the world power pro-duction derives from this source) and several are the problems resulting from this: “Besides being exhaustible, fossil fuel reserves are ba-sically concentrated in the Middle East. Not to mention the environmental losses deriving from power production from fossil sources”, the professor explained. “Today, renewable

energies represent only 12.9% of the world energy matrix, and modern biomass only cor-responds to 2.3%. Taking into account the gro-wing demand for energy, it is correct to say that the future points to renewable sources, espe-cially to modern biomass. Hence, the Cenbio role is fundamental”, Goldemberg completed. An optimist, he brought data on the growth of both sources: while the renewable ones grow at a 6% rate a year, the fossil ones grow by only 2%. Thus, power production from fos-sil fuels would double in thirty years and the production as from renewable sources, in only twelve.

Panel 1 – urban waste

the 3rd. BiOenergy Seminar waS SuBdivided intO twO partS. the FirSt dealt with urBan waSte and the SecOnd with rural waSte. FOur were the preSentatiOnS On the FirSt tOpic, Summarized aS FOllOwS.

sérgio Frate, metroPolitan ComPany oF water and energy (emae)

After having participated in the opening session, Frate returned to the seminar stage providing a summary of the available and emerging technologies for treating urban waste. This issue has been widely discussed, once the legislation on the policy for waste treatment is recent (ap-proved in 2010) and requires adaptations from the municipalities in a short term. For an idea, the law provides that in natura waste landfills will no longer be allowed, a solution currently applied. Before presenting some possible alternatives for treating residential and commercial waste, Frate called attention to the peculiarities of garbage as feedstock for power production: heterogeneity, humidity and seasonality.Even though he advocates the energy use of waste, the Emae representative believes it will take between ten and fifteen years for this initiative is widely applied in Brazil. Among the technologies he presented are the thermal (incineration, gasification and plasma) and biologi-cal (treatment in landfills or in biodigestors) processes for power recovery. In several occa-sions, he emphasized: “Incineration has not come to replace recycling and composting; these activities will keep being necessary. By themselves, however, they will not solve the garbage problem in Brazil, as they did not in countries that are far ahead of us in this matter.”

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Attentive audience: researchers, entrepreneurs, government representatives and academics

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amériCo samPaio, basiC sanitation ComPany oF the state oF sao Paulo (sabesP) The second talk concerning urban waste showed some of the Sabesp initiatives for reusing the gases generated in sewage sludge decomposition. According to Sampaio, the company aims at the sustainability of its treatment stations, as from these initiatives.He presented a scheme of the sludge, biogas and methane production in different systems and detached the need for continued technical improvement for reducing the amount of sludge generated, as well as for increasing biogas production. “We have already advanced 30% in gas production and reduced sludge production by 21%”, he said.Sampaio also commented on the Sabesp project in a partnership with the Fraunhofer Insti-tute, for processing the sewage treatment stations biogas for using it as natural vehicle gas, an initiative to start operating in March 2012. Again, the Sabesp representative mentioned the researches developed by Sabesp in a partnership with Cenbio for the energy use of biogas and presented data on the Franca (SP) sewage treatment station.

roberto meira júnior, ministry oF mines and energy (mme)

As a government representative, Meira Júnior discussed the importance of promoting a regu-latory environment as friendly as possible for the technologies based on renewable sources. In turn, he remarked that one type of energy cannot be privileged in detriment of another one, as work is being done to meet an expected 4.6% annual growth in power generation in Brazil, which means 3,200 MW inserted in the system each year. “And with accessible costs”, he completed.Along this line, Meira Júnior raised the following question: “There is a trend for the biomass-generated power to be more expensive. How can we keep these sources competitive? Do technologies have to be improved?” As an expert in the subject, he stressed that such a discussion is transversal, that is, it involves several sectors, ministries and topics (technology, income generation, competition with food production), requiring an integrated work so that it can advance in Brazil.

debate

After these three presentations, Professor Maria Cecília Loschiavo dos Santos, from the En-vironmental Science Graduate Program of the University of São Paulo (Procam-USP), coordi-nated a rich debate between the speakers and the audience. The efficacy of certain methods for treating garbage were questioned and the Emae representative mentioned examples of other countries in which such techniques are successfully applied. “When talking about urban waste treatment, one cannot affirm a single solution will solve the whole problem. We have to think of a combination of solutions”, Frate said. The debate coordinator took advantage of his words and completed: “This combination of solutions also goes through each of us, since we are all responsible for waste generation before the law.” Sampaio, from Sabesp, exposed his concerns about the deadlines to abide by the law deter-minations. As a counterpart, Meira Júnior criticized the immediacy mentality in Brazil, observ-ing that public policies for garbage in the United States and in European countries took many years to consolidate.

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Cenbio Projects

jean Cesare negri, the energy ComPany oF the state oF são Paulo (CesP)

Despite also discussing the urban waste theme, the Cesp representative could not participate in the debate and complemented the information of the previous speakers. Negri, as well as the others, stressed the importance of a multimodal solution for urban waste. “Today, 161 tons of garbage are daily placed in landfills in Brazil”, he stated. Next, he approached aspects of national and the State of São Paulo policies for treating urban waste in more detail. “Con-cerning legislation, Brazil is well supported and aims at having zero garbage in landfills as from 2020”, Negri said. “To make this possible, the evolution of the technologies for treating waste in Brazil will be necessary.” Another datum he mentioned also contributed to make those who question thermal treatment rethink their opinions: “In places where there is waste thermal treatment, the recycling rate is higher”, he said.

Panel 2: rural waste

aS already mentiOned, the SecOnd part OF the event apprOached the reuSe OF rural waSte FOr pOwer genera-tiOn. again, FOur were the expertS whO expOSed their ideaS in thiS panel. See the Summary aS FOllOwS.

airton kunz, embraPa swine and Poultry

Those who have seen what has been done to reuse animal manure in Brazil, as shown by Kunz, had no doubts about how Brazil is advancing in this area. He presented the main bio-digestor models (Indian, Chinese and covered lagoon) that have been used in Brazil, along with their advantages and disadvantages. “The covered lagoon biodigestor, for example, is widely used – despite not being the most efficient in terms of biogas generation – due to its low implementation cost. The needs of each reality have to be understood”, he explained. Kunz also talked about the continuous need for technological improvement for optimizing biogas production as from animal manure and called attention to important issues such as the rational use of water, equipment hygiene and care with the biodigestor effluent. “An ag-ronomic follow-up of the effluent is paramount, since it can either be an excellent fertilizer or a problem to the environment”, he said. He concluded by promoting online courses on biogas production as from animal manure kept by Embrapa Swine and Poultry.

Fernando landgraF, institute For teChnologiCal researCh (iPt)

He presented the IPT pilot project for biogas plants with entrained flow, an existing technol-ogy, but not yet adapted to biomass. Over twenty of the institute researchers are involved in the work that foresees an operating model plant in the Piracicaba (SP) municipality by 2020, transforming 500 kg of biomass per hour into biogas. As said by Landgraf, the aim is to in-crease the use of a great share of the 650 million t of sugar cane bagasse produced per year in Brazil, the unused power generation potential of which reaches about 20 GW. “Although there is also the fluidized bed technology – more suitable to smaller plants –, we opted for the entrained flow, as it showed to be economically favorable in larger plants. We betted in a demand for larger plants”, the researcher explained.Besides the market issue, entrained flow biomass gasification generates less tar and allows working with high pressures and high power. Questioned on a possible future competition with the sugar-ethanol plants for sugar cane bagasse, Landgraf explained that the project will also consider woodchip gasification.

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jorge luís alves (eletrosul) and sadi baron (alto uruguai ProjeCt)

The Eletrosul representative introduced his presentation on the energy recovery of rural waste that occurs in 29 municipalities of the States of Rio Grande do Sul and Santa Catarina – the Alto Uruguai Project – which border the river bearing the same name as the initiative. “Besides power generation, there are many environmental gains”, he summed up.Next, Baron listed some of the benefits resulting from fighting the dumping of swine manure into rivers so as not to eutrophize the water: reduction of flies and, of course, its energy use in the participating municipalities. “The energy deriving from the reuse of manure prevents burning 5 m3 of firewood a month, contributing to reduce deforestation”, he said. According to Baron and Alves, the plan is to expand the Alto Uruguai project to 55 municipalities. For this, four new power plants are to be installed. “We intend to ensure the sustainability of the rural estates, not only in terms of adequate destination of waste, but also in terms of power and income”, Baron concluded.

josé marCos grysChek, brasmetano

Gryschek’s presentation theme was how to transform vinasse, one of the most aggressive wastes to the environment, into power. Produced in large quantities as a byproduct of ethanol plants, vinasse can generate biomethane by means of anaerobic fermentation. This, in turn, can be the biofuel used by vehicles used for carrying sugar cane, for example. Brasmetano has the expertise for that and Gryschek explained how this is done with a system called Stillax. In the presentation, he also approached the challenges to be overcome in vinasse treatment.One of the challenges pointed out by the Brasmetano representative concerns vinasse treat-ment in the vats: antibiotics are usually used to fight bacteria. However, the initiative led to the emergence of more resistant micro-organisms that ended up in the plantations due to the use of vinasse for fertirrigation. Gryschek stressed the importance of seeking new alternatives for solving this problem.

seCond debate

Concluding the seminar, there was another debate on the themes exposed in the second panel. Coordinated by Professor Sônia Maria Manso Vieira, the discussion counted on the participation of the audience, who sent questions to the four experts whose presentations approached the themes connected to agricultural waste.Kunz emphasized the need to steadily improve biogas generation technologies and make such knowledge reach the rural area.Gryschek complemented Kunz: “So as to advance in waste treatment, we need education, legislation, penalties and one more generation.” Alves, in turn, pointed to the need of estab-lishing a large energy block to meet the increasing demand, whereas Baron observed it is the universities and the governments’ duty to make the knowledge generated in their researches closer to society.For Marcelo Cupolo, from the MWM Latin America Soluções Energéticas, the 3rd. Bioenergy Seminar promoted by Cenbio partly accomplished this function. “It was very productive; I made a number of interesting contacts and the speakers mastered the subject”, he said, par-ticipating in the event for the first time. “We learned about different emerging technologies.”

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Empresas modernas

O Centro Nacional de Referência em Biomassa (Cenbio) conta com diver-sas empresas parceiras para desen-

volver seus projetos na área de bioenergia. A TGM, por exemplo, empresa nacional sediada em Sertãozinho (SP), colaborou de forma sin-gular com o projeto Implantação de um Siste-ma de Manejo Florestal Sustentável e de uma Central Termelétrica de 200 kW a partir de Resíduos de Madeira, em uma Indústria Ma-deireira Localizada na Região Norte do País (Enermad), que instalou um sistema de ma-nejo florestal sustentável e uma microcentral termelétrica de 200 kW a partir de resíduos de madeira provenientes de uma serraria em uma comunidade de quatrocentos moradores no Pará, Região Norte do Brasil.

As oitenta casas da Vila Porto Alegre do Curumu, assim como a serraria e uma fábrica

de olho (e braços) na sustentabilidadeIndústrias e prestadora de serviços envolvem-se em projetos do Cenbio para melhor aproveitamento da biomassa

local de cabos e bases de madeira para vas-souras, não contavam com rede elétrica e con-sumiam mais de 20 mil litros de óleo diesel a cada mês para suprir parte da demanda por energia. De outro lado, não aproveitavam os resíduos da madeira gerados pela pequena fá-brica e pela serraria.

O Cenbio planejou um ciclo a vapor de 200 kW e, no mercado, não havia turbinas com essa capacidade de geração. “Como empresa que depende do aprimoramento tec-nológico constante e precisa antecipar as de-mandas, estamos sempre abertos a participar de iniciativas dessa natureza promovidas por organizações como o Cenbio”, diz Julio Cesar Bianchini, gerente-comercial da TGM, empre-sa que desenvolveu e fabricou a turbina para o projeto Enermad.

Hoje, a TGM – indústria do setor de ener-gia que fornece soluções e equipamentos para acionamentos de geradores de energia elétri-ca, principalmente renovável – incluiu em seu portfólio, além das turbinas de maior capaci-dade, a que foi fabricada para o projeto. “Há mercado para esse produto. Todas as indústrias trabalham por melhor eficiência energética e qualquer maquinário que gere vapor pode lan-çar mão dessa turbina e aproveitar a energia muitas vezes desperdiçada em várias etapas do processo”, explica Bianchini.

Mais de 7 mil MW da energia gerada no mundo provém de equipamentos da TGM, que também atua com rebuilt e manutenção em equipamentos de terceiros. “Cerca de 30% de nossa produção é exportada; plantas na Ale-manha lançam mão de nossos equipamentos”, orgulha-se o reponsável pelas vendas.

interCâmbio de exPeriênCiasDa mesma forma, outro projeto do Cenbio,

Instalação e Testes de uma Unidade de De-

TGM: microcentral termelétrica de 200 kW a partir de resíduos de madeira

Fotos: divulgação

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Empresas modernas

monstração de Geração de Energia Elétrica a partir de Biogás de Tratamento de Esgoto (Energ-Biog), só se tornou viável devido a alianças com empresas como a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a Capstone. Esta última, aliás, foi até mencionada pelo presidente americano Ba-rack Obama na ocasião de sua visita ao Brasil como exemplo de intercâmbio tecnológico en-tre os dois países.

No caso do projeto Energ-Biog, que, exe-cutado há cerca de cinco anos, teve como campo a Estação de Tratamento de Esgotos de Barueri (SP), o objetivo principal foi compa-rar duas diferentes tecnologias para conversão energética do biogás proveniente do tratamen-to de esgoto. Para tanto, o projeto previu uma turbina com 30 kW de potência e a Capstone forneceu o equipamento C30. “Nossa cola-boração foi disponibilizar toda a cooperação técnica necessária para o projeto, a instalação e os testes”, explica Edgardo Oscar Vescovo, responsável pelas operações da multinacional americana na América Latina. “Auxiliamos, de igual forma, outras iniciativas de pesquisa e desenvolvimento de universidades brasileiras como as de Pernambuco e Itajubá”, completa o executivo.

A Capstone, sem sombra de dúvida, é uma empresa moderna, como esta seção da Revista Brasileira de Bioenergia sugere: o mercado mundial a reconhece como uma indústria de tecnologia “verde”. “As questões ambientais são prioritárias em nossos desenvolvimentos. Os equipamentos da Capstone não demandam água nem óleo para funcionar e as emissões de poluentes são controladas”, explica Vescovo.

A Sabesp, por sua vez – empresa de eco-nomia mista responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 364 municípios do Estado de São Paulo – não para de se reinventar em busca de alternativas que garantam a sustentabilidade de suas uni-dades de operação, principalmente estações de tratamento de esgoto. Américo Sampaio, responsável por essa área na companhia, dá alguns detalhes: “Além dos serviços de sa-neamento básico em São Paulo, a Sabesp está habilitada a exercer atividades em outros Estados e países e atuar nos mercados de dre-nagem, serviços de limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e energia”. Os planos da Sabesp envolvem o investimento, entre 2009 e 2013, de R$ 8,6 bilhões para ampliar a co-

leta e tratamento de esgotos e oferecer a São Paulo 100% de água tratada, 90% de esgotos coletados e 88% de tratamento de esgotos. A Sabesp, inclusive, participou do 3º Seminá-rio Bioenergia promovido pelo Cenbio apre-sentando alguns de seus esforços nessa área (veja reportagem na página 30 desta edição).

Capstone: turbina de 30 kW de potência para o Energ-Biog

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Modern Companies

The Brazilian Reference Center on Bio-mass (Cenbio) counts on several part-ner companies to develop its projects

in the bioenergy area. TGM, for instance, a Brazilian company established in Sertãozinho (SP), exceptionally cooperated with the Imple-mentation of a Thermal Power Plant of 200 kW using Wood Residues from a Sawmill In-dustry in Amazon Region (Enermad) project, which installed a sustainable forest manage-ment system and a 200 kW micro-thermopo-wer plant using woodchips from a sawmill in a four-hundred-dweller community in Pará, in the North Region of Brasil.

The eighty houses in Vila Porto Alegre do Curumu, along with the sawmill and a local manufacturer of broom handles and bases, did

with an eye (and hands) on sustainabilityIndustries and service renderer get involved in Cenbio projects for a better use of biomass

not count on a power grid and consumed over 20 thousand liters of diesel a month to supply part of the demand for power. They failed to make use of the woodchips generated by the small manufacturer and by the sawmill.

Cenbio designed a 200 kW steam cycle but there were no turbines with this generation ca-pacity in the market. “As a company that de-pends on constant technological improvement and has to anticipate demands, we are always open to participate in initiatives of this nature promoted by organizations such as Cenbio”, says Julio Cesar Bianchini, commercial ma-nager with TGM, the company that developed and manufactured the turbine for the Enermad project.

Today, TGM – an energy sector industry which supplies solutions and equipment for activating electric power generators, especially renewable ones – included in its portfolio, be-sides higher-capacity turbines, the one that was manufactured for the project. “There is a ma-rket for this product. All the industries work for better power efficiency and any machinery that generates steam may use this turbine as well as the energy often wasted at many pro-cess stages”, Bianchini explains.

In excess of 7 thousand MW of the power generated in the world comes from equipment by TGM, which also works on rebuilding and maintaining third-parties equipment. “About 30% of our production is exported; plants in Germany make use of our equipment”, says the proud man in charge for sales.

exPerienCe exChangeIn the same way, another Cenbio project,

Installation and Tests of a Demonstration Unit

TGM: 200 kW microthermopower plant using woodchips

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Photos: dissemination

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Modern Companies

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of Electricity Generation from Sewage Treat-ment Biogas (Energ-Biog), only turned feasi-ble due to alliances with companies such as the Basic Sanitation Company of the State of Sao Paulo (Sabesp) and Capstone. The latter, by the way, was even mentioned by the Ame-rican President Barack Obama when he visited Brazil as an example of technological exchan-ge between the two countries.

In the case of the Energ-Biog project, con-ducted about five years ago having the Barueri (SP) Sewage Treatment Station as its research field, the major aim was to compare two di-fferent technologies for the energy conversion of the biogas derived from sewage treatment. For this, the project envisaged a 30 kW turbi-ne and Capstone provided the C30 equipment. “Our cooperation meant to make available all the technical cooperation necessary to the pro-ject, the installation and the tests”, explains Edgardo Oscar Vescovo, who accounts for the American multinational operations in Latin America. “We equally aid other research and development initiatives in Brazilian universi-ties such as the Pernambuco and Itajubá ones”, completes the executive.

Capstone is undoubtedly a modern com-pany, as suggested by this section of Revista Brasileira de Bioenergia: the world market recognizes it as a “green” technology industry. “Environmental issues are a priority in our de-velopments. The Capstone equipment does not demand water or oil to operate and pollutant emissions are controlled”, reports Vescovo.

Sabesp, in turn – a mixed-economy com-pany accounting for water supply, sewage collection and treatment in 364 municipalities in the State of São Paulo – is constantly rein-venting itself in the search for alternatives that ensure the sustainability of its operation units, mainly sewage treatment stations. Américo Sampaio, responsible for this area in the com-pany, provides some details: “Besides basic sanitation services in São Paulo, Sabesp can conduct activities in other states and countries and act in draining, urban cleaning services, solid waste management and energy markets”. Between 2009 and 2013, the Sabesp plans in-volve an R$ 8.6 billion investment to expand sewage collection and treatment and provi-

de São Paulo with 100% treated water, 90% collected sewage and 88% sewage treatment. Sabesp, by the way, participated in the 3rd. Bioenergy Seminar promoted by Cenbio, pre-senting some of its efforts in this area (see the article on page 35 of this issue).

Capstone: 30 kW turbine for Energ-Biog project

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Artigo

Burkina Faso enfrenta duas formas de insegurança: ali-mentar e energética. No país, onde metade da população vive abaixo da linha de pobreza, a produção de cereais varia consideravelmente e nem todas as famílias têm acesso a ali-mentos suficientes e diversificados. O baixo consumo de energia prejudica o desenvolvimento do país, que usa me-nos energia do que uma cidade de médio porte dos Estados Unidos. O uso da lenha predomina; 15% das áreas urbanas e menos de 1% das áreas rurais contam com eletricidade. A necessidade de energia é imensa, portanto, e os biocom-bustíveis podem ter um papel importante a desempenhar.

uma amPla gama de oPções

Que plantas cultivar? Onde? Que fatores de produ-ção usar? Que técnicas devem ser utilizadas para transformar biomassa em energia? Usando que formas de produção, fornecimento, transformação e distribuição? Que ca-deias produtivas usar? Que modelo de desenvolvimento escolher: de grande ou de pequeno porte; contratual ou competitivo; industrial ou descentralizado? Essas esco-lhas terão consequências sobre a segurança alimentar, renda e empregos, industrialização, vulnerabilidade familiar e migração, entre outras.

Vários tipos de biocombustíveis podem ser produzidos em Burkina Faso usando tecnologias já existentes em nível local. O bioetanol e o biodiesel possuem certas limi-tações que não serão tratadas aqui. Óleos vegetais puros produziriam mais benefícios em Burkina Faso. Produzidos a partir de sementes de oleaginosas e utilizando tecnologias simples, acessíveis do nível de vilarejos à escala industrial, visam principalmente ao uso em motores diesel estáticos (geradores, moinhos, bombas, etc.).

Vários tipos diferentes de planta podem ser utilizados para produzir esses óleos, incluindo-se pinhão-manso, algodão,

alimentos ou bioCombustíveis: temos de esColher?Marie-Hélène Dabat e Joël Blin

girassol, amendoim e soja. Uma vantagem do pinhão-manso, uma planta perene, é que cresce em solos relativamente infér-teis, mas sua desvantagem é que só pode ser utilizada para pro-dução de energia (a torta da oleaginosa não pode ser utilizada como alimento animal por ser tóxica). As culturas anuais de oleaginosas proporcionam grande flexibilidade para os agri-cultores, que podem facilmente alternar a plantação e optar por vender seus produtos em vários mercados: de alimentos, de ração animal ou de energia. Mas o desenvolvimento des-sas plantações implica melhorar o conhecimento agronômico para adaptá-las às condições agroclimáticas e sociais na África

Planta perene: pinhão-manso cresce em solos relativamente inférteis

Fotos: Pixmac

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Ocidental. Tentativas de cultivo sem irrigação de girassol, por exemplo, têm obtido bom rendimento em termos de óleo e de torta oleaginosa para alimentar gado.

Dois modelos de produção parecem ser de interesse para Burkina Faso: primeiro, o desenvolvimento descentralizado de pequenas cadeias produtivas agrícolas, a transformação de biomassa e o uso de energia como força motriz; e, em segundo lugar, a substituição dos combustíveis importados por óleo ve-getal puro nas usinas elétricas para gerar eletricidade.

O primeiro modelo consiste em fornecer motores estáticos para vilarejos, do tipo plataforma multifuncional. Esse é um motor utilizado para fornecer energia para uma variedade de ferramentas diversas – moinhos, descascadores, alternadores, carregadores de bateria, bombas, soldadura e equipamento de carpintaria – além de distribuir água e eletricidade. É tanto um sistema para fornecer energia elétrica como mecânica, além de ser uma iniciativa para fornecer serviços de energia para atividades microeconômicas. Esse modelo pode estimular o desenvolvimento local, melhorar as condições de vida de po-pulações locais e gerar renda por meio do uso de energia, da produção local e da transformação de biomassa.

Tecnicamente, é fácil de instalar, apesar de poderem surgir problemas na qualidade do óleo em pequenas unidades de pro-cessamento. Por fim, é adequado para as condições sociais de populações rurais (uso limitado da terra, pouco investimento, etc.). No entanto, exige melhor compreensão das necessidades e dos hábitos das famílias e pode sofrer com as estratégias dos stakeholders/investidores para minimizar os riscos (solvência, barreiras para inovações e para mudanças de práticas, etc.). Outras dificuldades são comuns no estabelecimento de novas cadeias produtivas, como a emergência de operadores priva-dos e de iniciativas coletivas, ou a construção sustentável de mecanismos de coordenação.

O segundo modelo, que não exclui o primeiro, consiste em substituir os combustíveis importados por óleo vegetal puro nas usinas elétricas que abastecem a rede da empresa nacional de eletricidade e nas que abastecem as cidades mais impor-tantes ou unidades industriais. Várias configurações são possí-veis: produção agrícola que pode ou não ser descentralizada; unidades de processamento de óleo localizadas próximas aos usuários ou às plantações para limitar os custos de transporte; envolvimento de agricultores familiares e de empresas agroin-dustriais que parcialmente se abastecem; e fechar acordos em vários níveis com organizações de agricultores. Este modelo tem uma série de vantagens. Pode ser implementado rapida-mente. Usa todos os tipos de semente oleaginosa – os produ-

tores podem escolher as que lhes convêm. Pode se adaptar a diferentes níveis de abastecimento no sentido de que pode ser suplementada por produtos derivados de petróleo. No curto prazo, seria um mercado para as primeiras colheitas de pinhão-manso que chegarão ao mercado em 2011. Por fim, para o caso de altos preços de petróleo cru, proporcionaria um meio de reduzir não apenas as contas de energia, mas também os subsí-dios do governo para combustíveis e o custo da eletricidade, ao mesmo tempo em que pagaria aos agricultores burquinenses.

uma ameaça à segurança alimentar?Apesar de os biocombustíveis serem uma possibilidade

de acabar com a insegurança energética, sua exploração não é uma ameaça à segurança alimentar? Biocombustíveis podem ameaçar a segurança alimentar por meio de vários e diferentes mecanismos: competição entre mercados (por exemplo, se o óleo é vendido no mercado de alimentos ou no mercado de energia); transferência dos preços internacionais para os pre-ços nacionais (o efeito dos altos preços dos cereais importa-dos, como o arroz, sobre os preços dos produtos alimentícios locais, como o sorgo, painço e milho); competição entre vários produtos por acesso à terra e à água (pinhão-manso, em mo-nocultura ou intercultura; cana-de- açúcar, que é uma cultura mais hidrointensiva) ou pela alocação da mão de obra e do ca-pital nas famílias (culturas comerciais). Que efeitos têm esses mecanismos em Burkina Faso?

A competição entre os mercados de óleo não é um pro-blema atualmente. O único óleo comestível produzido no país vem do algodão. No pico da produção de algodão, esse óleo só cobre metade das necessidades. O país importa óleo de palma de baixo custo da Costa do Marfim e especialmente da Ásia para atender a demanda crescente por causa do crescimento demográfico. A recente instabilidade internacional dos preços de fibra de algodão torna o futuro dessa cultura de oleaginosa incerta no mercado de óleo comestível. A promoção de novas culturas de oleaginosas (girassol, soja, etc.) poderia ajudar a atender a demanda por óleo comestível. Estimular esses se-tores poderia ser benéfico tanto para o mercado de alimentos como para o mercado de energia. O compromisso das empre-sas de eletricidade nacionais e das distribuidoras para garantir mercados comprando óleo vegetal pelo preço mínimo estabe-lecido pelas autoridades nacionais proporcionaria incentivos para os produtores de culturas de oleaginosas. Os agricultores então ficariam livres para escolher o mercado de alimentos se seus preços estivessem mais altos e para guardar o excedente ou óleos de menor qualidade para o mercado de energia.

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esse artigo é o resultado de dois Projetos de PesQuisa atualmente em Curso:

• Promotingbiomassenergy inWestAfrica–sectiononbiofuels[PromoçãodaenergiadebiomassanaÁfricaOci-dental-seçãosobrebiocombustíveis]. Este projeto, financiado pela Comissão Europeia (2010-2014), visa a analisar o potencial técnico e econômico da biomassa como fonte de produção de energia renovável na África Ocidental. Pode auxiliar na definição de uma política regional de energia de biomassa para estimular o acesso à energia nas áreas rurais. O trabalho trata mais especificamente de Benin, Burkina Faso e Mali. Os participantes do projeto são o Euro-pean Institute for Energy Research (Eifer – Instituto Europeu para Pesquisa em Energia), International Institute for Water and Environmental Engineering (2iE) – Instituto Internacional de Pesquisa Ambiental e Hidráulica) e Cirad, juntamente com seus parceiros locais. Para mais informações: [email protected]

• Livingconditions,accesstoenergyandlocaldevelopment[Condiçõesdevida,acessoàenergiaedesenvol-vimentolocal](ENVISUD). Essa iniciativa de pesquisa temática do Cirad (2009-2011) visa a definir e avaliar o potencial da energia de biomassa e analisar como pode ser produzida. A abordagem proposta é original: seu foco são áreas rurais e em nível local, tem por base as populações e suas necessidades; adota uma abordagem interdisciplinar (ciências humanas e tecnológicas); e explora a relação entre energia e condições de vida. As áreas associadas a esta pesquisa ficam no Brasil, Burkina Faso, Madagascar e Mali. Para mais informações: [email protected].

esse artigo também tem Por base ConFerênCias internaCionais sobre bioCombustíveis na áFriCa. tais ConFerênCias Foram organizadas Pelo 2ie e Cirad Com o aPoio de seus ParCeiros

• A conferência de 2007 teve como foco os Desafios e oportunidades para biocombustíveis na África – http://www.cirad.bf/fr/anx/bioenergie-conf07.php.

• A conferência de 2009 buscou dar resposta à pergunta: “Biocombustíveis: fator de insegurança ou força motriz para o de-senvolvimento?” – http://www. cirad.bf/fr/anx/bioenergie-conf09.php. Os anais da conferência de 2009 foram publicados em 2iE Sud Sciences & Technologies biannual journal, N° 19 & 20, Dezembro 2010. http://www.2ie-edu.org/index.php?option=com_phocadownload&view=category&id=25%3Asst-n-19-20&lang=fr. A última conferência ocorreu em no-vembro de 2011.

vários artigos Foram PubliCados Com base nessa PesQuisa, inCluindo:

Blin J., Dabat M.-H., Faugère G., Hanff E., Weisman N., 2008. Opportunités de développement des biocarburants au Burkina Faso. Relatório para KFW/GIZ, Dezembro, 166 p. http://www. cirad.bf/doc/bioenergie-kfw.pdf

Dabat M.-H., Hanff E., Blin J., 2009. Les bio-carburants, une opportunité pour réduire la pauvreté au Burkina Faso ? Troi-sièmes journées de recherches en sciences sociales. Inra, Sfer, Cirad, 9-11 Dezembro, Montpellier, França.

Hanff E., Dabat M.-H., Blin J., 2011. Are biofuels an efficient technology for generating sustainable development in oil-dependent African nations? A macroeconomic assessment of the opportunities and impacts in Burkina Faso. Renewable and Sustainable Energy Reviews 15 (2011) 2199-2209.

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Os biocombustíveis também podem ameaçar a segurança alimentar caso variações internacionais de preços para produtos agrícolas sejam transferidas para os preços nacionais. Os bio-combustíveis desempenharam seu papel na subida internacio-nal de preços de 2007-08, apesar de essa responsabilidade ainda ser debatida. Mas o estudo dos preços mês a mês dos cereais locais e importados, de 1997 a 2009, mostra que o mercado de cereais em Burkina Faso está relativamente isolado do mercado internacional. Uma análise de várias décadas também permite ter uma compreensão melhor da subida dos preços agrícolas. Os distúrbios por fome de 2007 não se deveram apenas aos preços dos cereais e do petróleo.

Em relação à competição pela terra, a terra arável semea-da com plantações de cereais todos os anos representa cerca de 45% de terra potencial para cultivo (Nonyarma e Laude, 2010), o que deixa terras disponíveis para novas culturas. A ter-ra necessária para produzir biocombustíveis depende do tipo de cultura utilizado (rendimento e conteúdo de óleo), do nível de produção planejado e do modelo desenvolvido. Cerca de 15 ha de pinhão-manso devem ser cultivados para atender às neces-sidades de energia de uma comunidade rural de 2.500 pessoas com uma plataforma multifuncional. Para repor 30% do diesel importado para gerar eletricidade nas usinas elétricas da empre-sa nacional, a terra necessária representa menos de 6% da terra arável do país (Blin et al., 2008).

Falta determinar se a terra em questão está realmente dis-ponível; em outras palavras, que não esteja sendo usada por plantações, para pasto e nem esteja ocupada. Grande par-te da terra supostamente disponível na verdade é utilizada por populações locais para sua sobrevivência: agrupamento, transumância, coleta de lenha, etc. Além disso, parte dessa terra pode em breve se tornar indisponível como resultado do crescimento demográfico em um país que ainda não ini-ciou sua transição demográfica.

Deve-se dar atenção, caso a caso, à escolha de culturas, técnicas e métodos agrícolas, a fim de limitar a competição com a cultura de alimentos por espaço, água, mão de obra e capital. No entanto, a segurança alimentar não é apenas uma questão de capacidades ou de níveis de produção. As causas da insegurança se encontram em mercados com mau funcio-namento, políticas agrícolas ineficientes e certos fatores so-ciais, como em disponibilidades físicas e efeitos da substitui-ção de diferentes usos ou fatores de produção. A insegurança alimentar está ligada ao problema mais global da pobreza.

Por outro lado, é possível haver sinergias entre energia e alimentos: intensificando a produção por meio de mecani-zação e aumentando a produção por ha, assim limitando o problema do espaço; desenvolvendo a cultura de alimentos, processando e conservando alimentos, melhorando, dessa maneira, sua disponibilidade ao longo do tempo; e facilitan-

Alerta: pinhão-manso não pode ser usado como alimento animal

Artigo

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do o acesso a produtos alimentares por intermédio do trans-porte, melhorando assim sua distribuição espacial. Esforços devem ser envidados para explorar essas sinergias.

uma resPosta esPeCíFiCa Para Cada País

Devemos escolher entre alimentos e biocombustíveis? A resposta depende do país. Uma série de condições deve ser atendida para assegurar que as vantagens dos biocombustíveis superem as desvantagens: priorizar o uso nacional em vez das exportações; apoiar a emergência de sistemas descentralizados; localizar as plantações dedicadas a combustíveis a fim de evi-tar a competição com plantações dedicadas a alimentos; regu-lamentar o mercado de óleos comestíveis; remover obstáculos técnicos à produção e ao processamento; e priorizar projetos que impliquem agricultura familiar em vez do agronegócio.

No contexto atual de ameaça à segurança alimentar, mas também de competitividade flutuante dos biocombustíveis, devido à volatilidade dos preços do petróleo cru, e das capaci-dades financeiras limitadas entre as populações rurais, a emer-gência de cadeias produtivas locais exige a implementação de políticas públicas nacionais para orientar, proteger e estimular

os stakeholders/investidores. Porém outros atores não estatais também podem participar da construção dessas cadeias produ-tivas. A interação entre atores públicos e privados e também entre níveis locais, nacionais e globais é complexa. As rela-ções, às vezes, são conflitantes. As alianças também se formam entre empresas do setor privado e governos, entre empresas estrangeiras e empreendimentos locais ou poder tradicional, e entre autoridades regionais, ONGs, fundações e auxílio inter-nacional. Essa interação e essas alianças deixam suas marcas nas escolhas políticas que determinarão as consequências do investimento nesse setor.

Marie-HélèneDabateJoëlBlin Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad) [email protected]; [email protected]

DABAT, Marie-Hélène; BLIN, Joël. Food or biofuels - must we choose? Originalmente publicado em: Perspective n° 8. Cirad, 2011. Disponível em: http://www.cirad.fr/publications-ressources/science-pour-tous/%28tipo%29/perspective-policy-brief

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Burkina Faso is faced with two forms of insecurity: food and energy. In this country, where half of the popula-tion lives below the poverty line, cereal production varies considerably and not all households have access to suffi-cient and diversified food. Low energy consumption hampers the development of the country, which uses less energy than a medium-sized town in the United States. Fuelwood is predominant; 15% of urban areas and less than 1% of rural areas have electricity. Energy require-ments are therefore immense, and biofuels could have a role to play.

a broad range oF oPtions

Which crops should be grown? Where? Using which factors of production? Which techniques should be used to turn biomass into energy? Using which forms of pro-duction, supply, transformation and distribution? Which production chains should be used? Which development model should be chosen: large- or small-scale; contractual or competitive; industrial or decentralised? These choi-ces will have consequences for food security, income and employment, industrialization, household vulnerability and migration, among others.

Several types of biofuels could be produced in Burki-na Faso using technologies that already exist at the local level. Bioethanol and biodiesel have certain limitations that we will not go into here. Pure plant oils have the gre-atest benefits in Burkina Faso. Made from oilseed crops using simple technologies that are accessible from the village scale to the industrial scale, they are mainly in-tended for use in static diesel engines (generators, mills, motor pumps, etc.).

Many different kinds of crops can be used to produce these oils, including jatropha, cotton, sunflower, peanut and soybean. An advantage of jatropha, a perennial plant, is that it will grow in relatively infertile soil, but its disadvantage is that it can only

Food or bioFuels: must we Choose?Marie-Hélène Dabat and Joël Blin

be used for energy production (its oil cake cannot be used for animal feed, being toxic). Annual oilseed crops provide greater flexibility for farmers, who can easily change crops and choo-se to sell their products on several markets: food, animal feed, or energy. But the development of these crops implies improving agronomic knowledge to adapt them to the agro-climatic and social conditions in West Africa. Attempts to grow rainfed sun-flower, for example, are providing good yields in terms of oil and oil cakes for cattle feed.

Two production models appear to be of interest for Burki-

Perennial plant: jatropha grows on relatively infertile soils

Photos: Pixmac

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this artiCle is the result oF two researCh ProjeCts Currently underway:

• PromotingbiomassenergyinWestAfrica–sectiononbiofuels. This project, financed by the European Commis-sion (2010-2014), is aimed at analysing the technical and economic potential of biomass as a source of renewable energy production in West Africa. It should help to define a regional policy on biomass energy in order to foster access to energy in rural areas. The work deals more specifically with Benin, Burkina Faso and Mali. The participants in the project are the European Institute for Energy Research (Eifer),International Institute for Water and Environmental Engineering (2iE) and Cirad, along with their local partners. For further information: [email protected]

• Livingconditions,accesstoenergyandlocaldevelopment(ENVISUD).This thematic research initiative by Cirad (2009-2011) is aimed at defining and assessing the potential of biomass energy, and analysing how it can be realised. The approach proposed is original: focusing on rural areas and the local level, it is based on populations and their requirements; it adopts an interdisciplinary approach (human and technical sciences); and it explores the relationship between energy and living conditions. The areas associated with this research are in Brazil, Burkina Faso, Madagascar and Mali. For further information: [email protected].

this artiCle is also based on the international ConFerenCes on bioFuels in aFriCa.these ConFerenCes were organised by 2ie and Cirad with the suPPort oF their Partners

• The 2007 conference focused on Challenges and opportunities for biofuels in Africa http://www.cirad.bf/fr/anx/bioenergie-conf07.php.

• The 2009 conference sought to provide answers to the question Biofuels: a factor of insecurity or a driving force for de-velopment? http://www. cirad.bf/fr/anx/bioenergie-conf09.php. The proceedings of the 2009 conference have just been published in the 2iE Sud Sciences & Technologies biannual journal, N° 19 & 20, December 2010. http://www.2ie-edu.org/index.php?option=com_phocadownload&view=category&id=25%3Asst-n-19-20&lang=fr. The next conference will take place in November 2011.

several artiCles have been Published based on this researCh, inCluding:

Blin J., Dabat M.-H., Faugère G., Hanff E., Weisman N., 2008. Opportunités de développement des biocarburants au Burkina Faso. Report for KFW/GIZ, December, 166 p. http://www. cirad.bf/doc/bioenergie-kfw.pdf

Dabat M.-H., Hanff E., Blin J., 2009. Les bio-carburants, une opportunité pour réduire la pauvreté au Burkina Faso ? Troi-sièmes journées de recherches en sciences sociales. Inra, Sfer, Cirad, 9-11 December, Montpellier, France.

Hanff E., Dabat M.-H., Blin J., 2011. Are biofuels an efficient technology for generating sustainable development in oil-dependent African nations? A macroeconomic assessment of the opportunities and impacts in Burkina Faso. Renew-able and Sustainable Energy Reviews 15 (2011) 2199-2209.

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na Faso: first the decentralised development of short agricultural production chains, the transformation of biomass and the use of energy as a driving force; and second the substitution of pure plant oil for imported fuels used in power stations to generate electricity.

The first model consists in supplying static village engines of the multifunctional platform type. This is an engine used to power a variety of different tools – grinding mills, huskers, alternators, battery chargers, pumps, welding stations and carpentry equip-ment – as well as to distribute water and electricity. It is both a system for producing mechanical and electrical energy and an enterprise providing energy services for micro-economic activi-ties. This model can foster local development, improve the living conditions of local populations, and generate income through the use of energy and also the local production and transformation of biomass.

It is easy to set up at the technical level, although there may be problems of oil quality in small processing units. Finally, it is suited to the social conditions of rural populations (limited land use, little investment, etc.). However, it requires better unders-tanding of the needs and uses of households and it may suffer from stakeholder strategies to minimise risks (solvency, barriers to innovation and to practice changes, etc.). Other difficulties are customary in the establishment of new production chains, such as the emergence of private operators and collective initiatives, or the sustainable construction of coordination mechanisms.

The second model, which is not exclusive of the first, con-sists in substituting pure plant oil for imported fuels used in power stations feeding the national electricity company’s grid and in those supplying major towns or industrial units. Several configurations are possible: agricultural production that may or may not be decentralised; oil processing units located close to users or to plantations in order to limit transport costs; the involvement of family farmers and agro-industrial com-panies partly supplying themselves and concluding agreements to varying degrees with farmers’ organisations. This model has a number of advantages. It can be set up rapidly. It uses all types of oilseed crops – producers can choose those that suit them. It can be adapted to different supply levels in the sense that it can be supplemented by petroleum products. In the short term, it would be an outlet for the first jatropha harvests that will arrive on the market in 2011. Finally, in case of high crude oil prices, it would provide a means of reducing not only energy bills, but also State fuel subsidies and the cost of electricity, at the same time as paying Burkinabe farmers.

a threat to Food seCurity?Although biofuels provide a possibility for ending energy

insecurity, is their development not a threat to food security? Biofuels may threaten food security through several different mechanisms: competition between outlets (for example, whether oil is sold on the food market or on the energy market); the transfer of international prices to national prices (the effect of high prices of imported cereals such as rice on the prices of local food products, such as sorghum, millet and maize); com-petition between several products for access to land and water (jatropha in monoculture or intercropping; sugarcane, which is a water intensive crop) or for the allocation of labour and capital within households (cash crops). What effect do these mechanisms have in Burkina Faso?

Competition between oil outlets is not an issue at present. The only edible oil produced in the country comes from cotton. At the height of cotton production, this oil only covers half of all requirements. The country imports low-cost palm oil from Côte d’Ivoire and especially from Asia to meet demand that is in-creasing due to population growth. The recent international price instability for cotton fibre makes the future of this oilseed crop uncertain on the edible oil market. The promotion of new oilse-ed crops (sunflower, soybean, etc.) could help to meet demand for edible oil. Stimulating these sectors could be beneficial to both the food market and the energy market. Commitment by national electricity companies and fuel distribution companies to secure outlets by buying plant oils at a floor price set by the national authorities would provide incentives for oilseed crop producers. They would then be free to choose the food market if its prices were higher and to keep surplus or lower-quality oils for the energy market.

Biofuels may also threaten food security if international price variations for agricultural products are transferred to national prices. Biofuels played a role in the rise in international prices in 2007-08, although this responsibility is still debated. But stu-dying monthly prices of local and imported cereals from 1997 to 2009 shows that the cereal market in Burkina Faso is rela-tively isolated from the international market. An analysis over several decades also makes it possible to put the rise in agricul-tural prices into perspective. The hunger riots of 2007 were not just about the prices of cereals and oil.

As regards competition for land, the agricultural land sown with cereal crops every year represents about 45% of potential cropland (Nonyarma and Laude, 2010), leaving land available for new production. The land required to produce biofuels depends on the type of crop used (agronomic yield and oil content), the

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planned production level and the model developed. Around 15 hectares of jatropha must be grown to meet the energy require-ments of a rural community of 2500 people with a multifunctio-nal platform. To replace 30% of the diesel imported to generate electricity in the national company’s power stations, the land required represents less than 6% of the country’s arable land (Blin et al., 2008).

It remains to be determined whether the land in question is actually available, in other words that it is neither cropped, nor grazed nor appropriated. Much of the land supposedly available is actually used by local populations for their survival: gathering, transhumance, collecting fuelwood, etc. Moreover, some of this land may soon become unavailable as a result of population growth in a country that has not yet begun its de-mographic transition.

Attention must be given on a case-by-case basis to the choi-ce of crops, techniques and farming methods, in order to limit competition with food crops for land, water, labour and capi-tal. However, food security is not just a matter of production capacities or levels. The causes of insecurity are found as much

in badly functioning markets, inefficient agricultural policies and certain social factors as in physical availabilities and the effects of substituting different uses or factors of production. Food inse-curity comes back to the more global problem of poverty.

On the other hand, synergies are possible between energy and food: intensifying production by means of mechanisation and increasing yield per hectare, thereby limiting the land pro-blem; developing food crops by processing and preserving pro-ducts, thereby improving their availability over time; and facili-tating access to food products through transport, thereby impro-ving their spatial distribution. Efforts must be made to exploit these synergies.

a resPonse sPeCiFiC to eaCh Country

Must we choose between food and biofuels? The answer de-pends on the country. A number of conditions must be met to ensure the advantages of biofuels outweigh the disadvantages: prioritising domestic use over exports; supporting the emergence of decentralised systems; localising dedicated crops in order to avoid competition with food crops; regulating the edible oil

Warning: jatropha cannot be used as animal feed

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market; removing technical obstacles to production and proces-sing; and prioritising projects implying family farming over agribusiness.

In the current context of the threat to food security, but also of the fluctuating competitiveness of biofuels due to crude oil price volatility, and of limited financial capacities among rural populations, the emergence of local production chains requires the implementation of national public poli-cies to guide, protect and encourage stakeholders. But other non-State actors also play a part in the construction of these production chains. The interplay between public and priva-te actors and also between local, national and global levels is complex. Relations are sometimes conflictual. Alliances are also formed between private companies and the State, between foreign companies and local ventures or traditional power, and between regional authorities, NGOs, foundations and in-ternational aid. This interplay and these alliances leave their mark on the political choices that will determine the conse-quences of investment in this sector.

Marie-HélèneDabatandJoëlBlin Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (Cirad) [email protected]; [email protected]

DABAT, Marie-Hélène; BLIN, Joël. Food or biofuels - must we choose? Originally published in: Perspective n° 8. Cirad, 2011. Available in: <http://www.cirad.fr/publications-ressources/science-pour-tous/%28type%29/perspective-policy-brief>

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Agenda

17th UNItED NAtIONS CONFERENCE OF thE PARtIES (COP 17) ON CLIMAtE ChANGEDate: November 28th to December 09th, 2011Venue: Inkosi Albert Luthuli International Convention Centre — Durban, South AfricaInformation: http://www.cop17-cmp7durban.com/

GNESD WORKING GROUP/EXPERtS MEEtINGSDate: December 03rd to 06th, 2011Venue: Royal Palm Gateway Hotel — Durban, South AfricaInformation: [email protected]* Participation of the Cenbio coordinator, Suani Coelho, in the Gnesd meetings

1St NAtIONAL SYMPOSIUM OF LIFE CYCLE ASSESSMENt FOR ENERGY SYStEMS – SCENARIO AND PERSPECtIVES IN BRAZILDate: December 5th, 2011Venue: Oswaldo Fadigas Fontes Torres Auditorium, at the Electronic Computation Center of the University of São Paulo (CCE/USP) — São Paulo, SP, BrazilInformation: [email protected]

ECOLOGICAL-ECONOMICAL ZONING SEMINAR: BASIS FOR SUStAINABLE DEVELOPMENt OF thE StAtE OF SÃO PAULODate: December 12th to 14th, 2011Venue: Augusto Ruschi Amphitheater, at the Secretariat for the Environment — São Paulo, SP, BrazilInformation: http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/2011/zee/

ENERGY GENERAtION CONGRESS LAtIN AMERICADate: January 30th to February 01st, 2012Venue: Sul América Conventions Center — Rio de Janeiro, RJ, BrazilInformation: http://www.energenlatam.com.br/2012/energem/home/

BIOMASS & BIOENERGY tRADE FAIR AND 1St INtERNAtIONAL BIOMASS & BIOENERGY SEMINAR Date: April 2nd to 4th,2012Venue: Expo Center Norte — São Paulo, SP, BrazilInformation: http://www.feirabioenergia.com.br/idioma/en/

ALL ABOUt ENERGY 2012Date: June 19th to 22nd, 2012Venue: Edson Queiroz Conventions Center — Fortaleza, CE, BrazilInformation: http://www.allaboutenergy.com.br/2011/sites/english/home.php?st=inicio* Deadline for submission of abstracts: March 12th, 2012

AFRICA ENERGY FORUM 2012Date: June 26th to 28th, 2012Venue: Estrel Hotel — Berlin, GermanyInformation: http://www.energynet.co.uk/AEF/AEF2012/index.html

ECOENERGY 2012Date: June 11th to 13th, 2012Venue: Imigrantes Exposition Center — São Paulo, SP, BrasilInformation: http://www.feiraecoenergy.com.br/

17ª CONFERÊNCIA DAS PARtES (COP 17) DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MUDANÇAS CLIMÁtICASData: 28 de novembro a 9 de dezembro de 2011Local: Inkosi Albert Luthuli International Convention Centre — Durban, África do SulInformações: http://www.cop17-cmp7durban.com/

GNESD WORKING GROUP/EXPERtS MEEtINGSData: 3 a 6 de dezembro de 2011Local: Royal Palm Gateway Hotel — Durban, África do SulInformações: [email protected]* Participação da coordenadora do Cenbio, Suani Coelho, nas reuniões da Gnesd

1º SIMPÓSIO NACIONAL DE AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA DE SIStEMAS ENERGÉtICOS – PANORAMA E PERSPECtIVAS NO BRASILData: 5 de dezembro de 2011Local: Auditório Oswaldo Fadigas Fontes Torres, do Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (CCE/USP) — São Paulo, SP, BrasilInformações: [email protected]

SEMINÁRIO ZONEAMENtO ECOLÓGICO-ECONÔMICO: BASE PARA DESENVOLVIMENtO SUStENtÁVEL DO EStADO DE SÃO PAULOData: 12 a 14 de dezembro de 2011Local: Anfiteatro Augusto Ruschi, da Secretaria do Meio Ambiente — São Paulo, SP, BrasilInformações: http://www.ambiente.sp.gov.br/wp/cpla/2011/zee/

ENERGY GENERAtION CONGRESS LAtIN AMERICAData: 30 de janeiro a 1º de fevereiro de 2012Local: Centro de Convenções Sul América — Rio de Janeiro, RJ, BrasilInformações: http://www.energenlatam.com.br/2012/energem/home/

FEIRA BIOMASSA & BIOENERGIA E 1º SEMINÁRIO INtERNACIONAL DE BIOMASSA & BIONERGIAData: 2 a 4 de abril de 2012Local: Expo Center Norte — São Paulo, SP, BrasilInformações: http://www.feirabioenergia.com.br/

ALL ABOUt ENERGY 2012Data: 19 a 22 de junho de 2012Local: Centro de Convenções Edson Queiroz — Fortaleza, CE, BrasilInformações: http://www.allaboutenergy.com.br* Data limite para envio de resumos: 12 de março de 2012

AFRICA ENERGY FORUM 2012 Data: 26 a 28 de junho de 2012Local: Estrel Hotel — Berlim, AlemanhaInformações: http://www.energynet.co.uk/AEF/AEF2012/index.html

ECOENERGY 2012Data: 11 a 13 de julho de 2012Local: Centro de Exposições Imigrantes — São Paulo, SP, BrasilInformações: http://www.feiraecoenergy.com.br/