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ONCO IN RIO 2018 FORTALEZA 20 e 21 de abril de 2018 - Hotel Vila Galé Fortaleza Sumário ATIVIDADE CITOTÓXICA DA APITOXINA DE APIS MELLIFERA NO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL ......................................................................................................................................................... 2 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM PLANO NASAL DE GATO: TRATAMENTO CRIOCIRURGICO. ...................................................................................................................................................... 5 ASPECTOS CLÍNICOS E ANATOMOPATOLÓGICOS DE CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM SUÍNO ..........................................................................................................................................................................8 ADENOCARCINOMA MUCINOSO INTESTINAL EM GATO DOMÉSTICO .................................................... 11 CARCINOMA TUBULAR DE MAMA EM GATA DE 6 MESES: RELATO DE CASO ......................................14 ELETROQUIMIOTERAPIA NO LINFOMA CUTÂNEO EPITELIOTRÓPICO EM CÃES: RELATO DE TRÊS CASOS. ......................................................................................................................................................................17 DIAGNÓSTICO POR IMUNOHISTOQUÍMICA DE LINFOMA LINFOBLÁSTICO CUTÂNEO IMUNOFENÓTIPO T PARA ESCOLHA DE TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO EM CADELA RELATO DE CASO ...................................................................................................................................................................20 EXENTERAÇÃO PARA REMOÇÃO DE HEMANGIOSSARCOMA PRIMÁRIO DE LIMBO EM CÃO RELATO DE CASO ..................................................................................................................................................25 MENINGIOMA EM COLUNA VERTEBRAL DE CANINO: RELATO DE CASO ..............................................29 OSTEOSSARCOMA APENDICULAR EM CÃO SEM METÁSTASE PULMONAR RELATO DE CASO ........32 COLISÃO TUMORAL VERDADEIRA ENTRE SEMINOMA DIFUSO E LEYDIGOCITOMA EM CÃO: RELATO DE CASO ..................................................................................................................................................36 COLECISTOJENUNOSTOMIA (TÉCNICA DE Y DE ROUX) PARA RESOLUÇÃO DE OBSTRUÇÃO EXTRABILIAR POR CISTADENOMA BILIAR EM GATO ................................................................................39 AVALIAÇÃO DE MALONDIALDEÍDO SÉRICO EM TUMOR MAMÁRIO DE CADELAS ............................. 43 EFEITOS DA IMUNOTERAPIA COM ONCOTHERAD NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE BEXIGA EM CÃES RELATO DE CASO ....................................................................................................................................46 TUMOR MALIGNO DA BAINHA DE NERVO PERIFÉRICO EM COELHO: RELATO DE CASO ..................50 TVT EM REGIÃO CERVICAL VENTRAL DE CANINO ...................................................................................... 53 TVT EM REGIÃO PERINEAL DE CANINO ..........................................................................................................56

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ONCO IN RIO 2018 – FORTALEZA

20 e 21 de abril de 2018 - Hotel Vila Galé Fortaleza

Sumário

ATIVIDADE CITOTÓXICA DA APITOXINA DE APIS MELLIFERA NO SEMIÁRIDO DO RIO GRANDE DO

NORTE, BRASIL ......................................................................................................................................................... 2

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM PLANO NASAL DE GATO: TRATAMENTO

CRIOCIRURGICO. ...................................................................................................................................................... 5

ASPECTOS CLÍNICOS E ANATOMOPATOLÓGICOS DE CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM

SUÍNO .......................................................................................................................................................................... 8

ADENOCARCINOMA MUCINOSO INTESTINAL EM GATO DOMÉSTICO .................................................... 11

CARCINOMA TUBULAR DE MAMA EM GATA DE 6 MESES: RELATO DE CASO ...................................... 14

ELETROQUIMIOTERAPIA NO LINFOMA CUTÂNEO EPITELIOTRÓPICO EM CÃES: RELATO DE TRÊS

CASOS. ...................................................................................................................................................................... 17

DIAGNÓSTICO POR IMUNOHISTOQUÍMICA DE LINFOMA LINFOBLÁSTICO CUTÂNEO

IMUNOFENÓTIPO T PARA ESCOLHA DE TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO EM CADELA – RELATO

DE CASO ................................................................................................................................................................... 20

EXENTERAÇÃO PARA REMOÇÃO DE HEMANGIOSSARCOMA PRIMÁRIO DE LIMBO EM CÃO –

RELATO DE CASO .................................................................................................................................................. 25

MENINGIOMA EM COLUNA VERTEBRAL DE CANINO: RELATO DE CASO .............................................. 29

OSTEOSSARCOMA APENDICULAR EM CÃO SEM METÁSTASE PULMONAR RELATO DE CASO ........ 32

COLISÃO TUMORAL VERDADEIRA ENTRE SEMINOMA DIFUSO E LEYDIGOCITOMA EM CÃO:

RELATO DE CASO .................................................................................................................................................. 36

COLECISTOJENUNOSTOMIA (TÉCNICA DE Y DE ROUX) PARA RESOLUÇÃO DE OBSTRUÇÃO

EXTRABILIAR POR CISTADENOMA BILIAR EM GATO ................................................................................ 39

AVALIAÇÃO DE MALONDIALDEÍDO SÉRICO EM TUMOR MAMÁRIO DE CADELAS ............................. 43

EFEITOS DA IMUNOTERAPIA COM ONCOTHERAD NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE BEXIGA EM

CÃES – RELATO DE CASO .................................................................................................................................... 46

TUMOR MALIGNO DA BAINHA DE NERVO PERIFÉRICO EM COELHO: RELATO DE CASO .................. 50

TVT EM REGIÃO CERVICAL VENTRAL DE CANINO ...................................................................................... 53

TVT EM REGIÃO PERINEAL DE CANINO .......................................................................................................... 56

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ATIVIDADE CITOTÓXICA DA APITOXINA DE APIS MELLIFERA NO SEMIÁRIDO DO RIO

GRANDE DO NORTE, BRASIL

CYTOTOXIC ACTIVITY OF APIS MELLIFERA APITOXIN IN SEMI-ARIDNOF RIO GRANDE DO NORTE,

BRAZIL

MENEZES, M.C.1, LOPES, I.R.G.1, ARAÚJO JÚNIOR, H.N. 1, BRITO, B.W.R. 1, COSTA, W.P. 1, BATISTA,

J.S. 1

1 Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN

Email: [email protected]

INTRODUÇÃO

O valor terapêutico dos produtos apícolas como própolis, mel, pólen e geleia real, antes somente atribuído à

medicina popular, vem atraindo o interesse de pesquisadores e gerando uma ampla variedade de experimentos

científicos que atestam sua real eficácia (RATCLIFFE et al., 2011; AHMED et al., 2014). Dentre outras substâncias

produzidas pelas abelhas, a apitoxina destaca-se por apresentar importantes propriedades terapêuticas, o que tem

incutido o interesse da indústria farmacêutica, já que a mesma é usada como fonte de novos princípios bioativos para

a composição de fármacos (RATCLIFFE et al., 2011).

O maior conhecimento da atividade biológica da apitoxina extraída de colmeias no Nordeste brasileiro poderá

contribuir para a maior exploração desse produto, ainda considerada incipiente na região, bem como para a elucidação

de propriedades biológicas ainda não estudadas.

OBJETIVO

Investigar o potencial antitumoral in vitro da apitoxina produzida pelas abelhas Apis mellifera no Semiárido

do Rio Grande do Norte, Brasil.

METODOLOGIA

Amostras de apitoxina produzidas por abelhas Apis mellifera foram coletadas na zona rural do município de

Serra do Mel, Rio Grande do Norte, Brasil. A coleta da apitoxina foi realizada segundo a técnica descrita por

Gramacho, Malaspina e Palma (1992). Após secagem em estufa com circulação forçada de ar a 40°C, durante 48

horas, o veneno foi raspado do vidro, pesado em balança analítica de precisão. Posteriormnte, realizou-se diluição da

solução com água destilada, na concentração de 50mg.mL-1, a qual foi acondicionada em recipiente de vidro âmbar,

envolvido em papel laminado, em freezer (-20°C).

O efeito citotóxico da apitoxina foi avaliado em três linhagens de células tumorais humanas: HCT-116

(Carcinoma de colo retal), HL-60 (Leucemia promielocítica) e MDA-MB435 (Melanoma), pelo método

colorimétrico MTT [brometo de 3-(4,5dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazolio] através de metodologia descrita por

Mosmann em 1983.

As células tumorais foram distribuídas em placas de 96 poços, expostas às diferentes concentrações de

apitoxina. O quimioterápico doxorrubicina na concentração de 5µg.mL-1 foi utilizado como controle positivo do teste.

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A concentração inicial da amostra teste de apitoxina foi de 50µg.mL-1, seguindo em diluições seriadas, em um fator

2, totalizando sete diluições. As placas foram incubadas por 72h, com 5% de CO2 e a 37°C. Posteriormente,

adicionou-se 10μL do reagente MTT, em todos os poços da placa, na concentração de 5mg.mL-1, sendo a placa

novamente incubada por 4 horas com 5% de CO2 a 37°C. Após esse período, a absorbância das soluções resultantes

foi medida com o auxílio do espectofotômetro de placa, no comprimento de onda de 595nm. O ensaio foi realizado

em três triplicatas, como três experimentos independentes.

As IC50 da apitoxina obtidas das três linhagens celulares foram determinadas e comparadas entre si e com a

IC50 da doxorubicina para avaliação da atividade citotóxica in vitro. Os dados médios das absorbâncias obtidos das

amostras teste, controle positivo e controle negativo foram comparados por análise de variância ANOVA seguida do

pós-teste de Tukey utilizando o programa Prisma versão 5.0 (GraphPad Software), com nível de significância de

p<0,05.

RESULTADOS

A apitoxina apresentou ação citotóxica em todas as linhagens celulares tumorais testadas. Observou-se

relevante potencial citotóxico para a linhagem HL-60 (Leucemia promielocítica), uma vez que nas concentrações de

50µg.mL-1, 25µg.mL-1, 12µg.mL-1 e 6,25µg.mL-1 os percentuais de viabilidade celular foram respectivamente de

0,0%, 0,0%, 0,0% e 13,0%, não sendo observadas diferenças significativas em relação ao controle positivo. A

apitoxina também foi bastante ativa para as linhagens HCT-116 (Carcinoma de colo retal) e MDA-MB435

(Melanoma) nas concentrações de 50µg.mL-1 e 25µg.mL-1, onde foram verificadas a inibição máxima da viabilidade

celular (0,0%), e eficácia similar ao controle positivo (p>0,05). Em todas as linhagens celulares testadas, observou-

se que a partir da concentração de 3,125µg.mL-1 a apitoxina não apresentou atividade citotóxica.

A concentração da apitoxina capaz de induzir 50% de citotoxidade (IC50), foi de 8,26µg.mL-1 para a linhagem

HCT-116 4,32µg.mL-1 para a HL-60 e de 4,29µg.mL-1 para MDA-MB435. Vale ressaltar que, tomados em conjunto,

os valores de IC50 para HL-60 e MDA-MB435 podem ser traduzidos como uma maior sensibilidade dessas células

neoplásicas à apitoxina (diminuição nos valores de IC50), quando comparadas às células da linhagem de HCT-116.

DISCUSSÃO

O ensaio de MTT, descrito por Mosmann (1983), é um teste que analisa a viabilidade ou proliferação celular

através do dano celular, uma vez que a enzima succinato desidrogenase, presente nas mitocôndrias das células vivas

reduz o sal MTT {brometo de [3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5difeniltetrazólio]}, de coloração amarela, a um produto

chamado formazan, de coloração azul/violeta. Dessa maneira a quantidade de formazan medida por

espectrofotometria é diretamente proporcional ao número de células viáveis (PORTO et al., 2011).

É importante ressaltar que, como parâmetro de atividade antitumoral, o Instituto Nacional do Câncer dos

Estados Unidos (NCI) em seu programa de triagem de drogas anticâncer, considera como compostos ativos com

atividade antineoplásica, os compostos que apresentarem IC50<30µg.mL-1 (ITHARAT et al., 2004). Dessa forma,

embora os valores de IC50 apresentados pelas três linhagens celulares avaliadas sejam estatisticamente superiores aos

valores apresentados pelo controle positivo, os resultados de IC50 obtidos indicam que a apitoxina apresentou

relevante atividade antitumoral.

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Outros estudos também demonstraram resultados satisfatórios quanto ao potencial antitumoral da

apitoxina, como a inibição à proliferação de células de melanoma in vitro e o crescimento de melanomas B16 in vivo

(LIU et al., 2002). Também foi demonstrado que o veneno induz a apoptose por necrose e a fragmentação de DNA

em células tumorais (LIU et al., 2002), sendo esses fatores considerados os possíveis mecanismos através dos quais

a apitoxina inibe o crescimento tumoral. Lee et al. (2007), demonstraram efeito citotóxico em células de HL-60 e

linfócitos humanos após tratamento com apitoxina , apresentando uma diminuição da viabilidade celular após 24

horas do início da cultura quando tratadas com concentrações de 1µg.mL-1 a 5µg.mL-1, e até 72 horas quando tratadas

com concentrações de 10µg.mL-1. Os efeitos citotóxicos nas células através da ativação da fosfolipase A2 pela

melitina também tem sido sugerido como um mecanismo fundamental para a atividade antineoplásica da apitoxina

(ORŠOLIĆ, 2012).

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nas condições de realização desta pesquisa permitem inferir que a apitoxina produzida

pela abelha Apis mellifera no semiárido do Rio Grande do Norte apresentam relevante atividade citotóxica contra as

células de linhagens tumorais HCT-116 (Carcinoma de colo retal humano), HL-60 (Leucemia promielocítica

humana) e MDA-MB435 (Melanoma), podendo ser utilizada para a terapia dos mesmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RATCLIFFE, NA et al (2011). Insect natural products and processes: New treatments for human disease. Insect

Biochemistry and molecular biology, v. 41, n. 10, p.747-769.

AHMED, M. et al (2014). Evaluation of Physicochemical and Antioxidant Properties of Raw Honey from Algeria.

Journal of Microbial & Biochemical Technology, v. 6, p.1-7.

GRAMACHO K P, MALASPINA O, PALMA MS (1992). Evaluation of poison productivity in africanized bees by

the use of the collection technique by electrical stimulation. Naturalia, v.1, p.265.

MOSMANN, T (1983). Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to proliferation and

cytotoxicity assays. Journal of Immunological Methods, v.16, p.55-63.

PORTO, ICCM et al. (2011). Cytotoxicity of current adhesive systems: In vitro testing on cell cultures of primary

murine macrophages. Dental Materials, v.27, 221-228.

ITHARAT, A. et al (2004). In vitro cytotoxic activity of thai medicinal plants used traditionally to treat cancer.

Journal of Ethnopharmacology, v.90, n.1, p.33-38.

LIU, X. et al (2002). Effect of honey bee venom on proliferation of K1735M2 mouse melanoma cells in-vitro and

growth of murine B16 melanomas in-vivo. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v.54, n.8, p.1083-1089.

LEE, Y.J et al (2007). Cytotoxicity of honey bee (Apis mellifera) venom in normal human lymphocytes and HL-60

cells. Chemico-Biological Interactions, v.169, n.3, p.189-197.

ORŠOLIĆ, N (2012). Bee venom in cancer therapy. Cancer Metastasis Ver, v. 31, p. 173–194.

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CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM PLANO NASAL DE GATO: TRATAMENTO

CRIOCIRURGICO.

SQUAMOUS CELL CARCINOMA IN CAT NASAL PLANE: CRYOSURGICAL TREATMENT.

JORGE, S.M.¹*; JUNIOR, J.A.S.²; MORAES, G.B³.; CUNHA, P.E.A².; VIANA, D.A4.; SILVA, I.G.N¹.

¹Laboratório de Patologia Clínica Veterinária, Universidade Estadual do Ceará (UECE). ²Programa de Pós-

Graduação em Ciências Veterinárias, UECE.³ Docente da Faculdade de Veterinária, UECE.4 Pathovet.

*[email protected]. Rua 14 de maio, n° 415. Barra do Ceará. Fortaleza - CE

Introdução

O carcinoma de células escamosas (CCE) é uma neoplasia de células epiteliais que tem características citológicas de

transformação maligna. É comum em gatos, e costuma ocorrer com mais frequência em animais de pele clara. Os

locais de maior incidência das lesões são a cabeça, plano nasal, aurículas, pálpebras e lábios. O prognostico é

desfavorável quando a doença acomete a cavidade oral (LITTLE, 2016). Essa neoplasia pode se apresentar como

pequenas lesões que progridem para uma lesão grande e ulcerada podendo ser observada como uma lesão única e

isolada ou como múltiplas lesões (LAYNE & GRAHAM, 2016). Os exames histopatológicos e citológicos se

configuram como formas de diagnóstico dessa enfermidade (BILGIC et al., 2015). O tratamento consiste no uso de

quimioterápicos, eletroquimioterapia, radioterapia, criocirurgia ou associações destas terapias sendo a empregadas

com sucesso (MURPHY, 2013; DALECK & DE NARDI 2016).

Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um relato de caso de um gato com CCE em plano nasal abordando

o tratamento criocirurgico dessa neoplasia.

Metodologia

Um gato macho, sem padrão racial definido, e com 6 anos de idade apresentava lesões ulcerativas no espelho nasal

com 0,5 cm de diâmetro (Figura 01-A). Foi solicitado um hemograma completo, dosagens bioquímicas (creatinina e

alanina amino-transferase) e a citologia esfoliativa da lesão. O procedimento de criocirurgia foi realizado em 3 ciclos

de congelamento rápido utilizando ponteira fechada do tipo “ball probe” 6 mm usando nitrogênio líquido (- 196°C)

como congelante. A probe foi mantida em contato com a lesão realizando o seu congelamento em 15 segundos, e

manteve o halo de congelamento por 1 minuto (Figura 01-B). O mesmo protocolo foi mantido nas 3 sessões com

intervalos de 15 dias. O protocolo anestésico utilizado foi tramadol 2 mg/kg e meloxicam 0,05 mg/kg além disso,

como medição pré-anestesica, e, como medicação anestésica, tiletamina associada a zolazepam 14,3 mg/kg, além

disso foi feito bloqueio local com lidocaína 2%. Foi prescrito meloxican 0,02 mg/kg SID, tramadol 1mg/kg BID, e

clorexidina 0,7% para a limpeza do local, como medicação pós-cirúrgica.

Resultados

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O hemograma completo e a dosagem bioquímica do animal não revelaram alterações de significância clínica. Não

foram observadas alterações no exame físico. A citologia esfoliativa foi compatível com carcinoma de células

escamosas. Após o tratamento com a criocirurgia o animal apresentou uma melhora progressiva conforme as sessões

de criocirurgia se passavam. Depois de 21 dias, após a 3ª sessão, não se visualizou lesão no local acometido. Durante

o pós-cirúrgico observou-se formação de eritrema, edema e necrose tecidual local que ao passar do tempo evoluía

para a formação crostosa escura que se desprendia e, posteriormente, o tecido cicatricial formado durante o período

das sessões poderia ser visualizado (Figura 01-C).

Figura 01: A- Lesão erosiva no plano nasal de um gato. B – Probe em contato com a região afetada pela neoplasia

durante o procedimento de criocirurgia. C- Animal após as 3 sessões de criocirurgia (Fonte: Arquivo pessoal).

Discussão.

O carcinoma de células escamosas é uma neoplasia que surge a partir dos queratinócitos (MURPHY, 2013).

Macroscopicamente as lesões são proliferativas, hiperêmicas, crostosas e, posteriormente, evoluem para ulceras que

podem acometer tecidos adjacentes, sendo o plano nasal um dos sítios mais acometidos (RUSLANDER et al., 1997).

Os animais que apresentam essa neoplasia não demonstram alterações hematológicas, exceto quando há

contaminação bacteriana secundária (CUNHA et al., 2014).

Alternando ciclos de congelamento e descongelamento, a criocirurgia causa a destruição seletiva de tecidos. Estudos

demonstram eficácia desse procedimento, como tratamento para CCE, em lesões que podem chegar até 3 cm

(PRADO et al., 2017). A primeira etapa da criocirurgia é a formação de cristais que levam a um dano celular, depois

há uma estase vascular local levando a anoxia e, por fim, um estimulo imunogênico contra as células que não foram

totalmente destruídas (DALECK & DE NARDI,2016). Pode haver a formação de eritema, edema, hemorragia logo

após o procedimento e mais adiante formação de lesões veículo bolhosas e crosta devido a necrose tecidual (COSTA

et al., 2013).

Conclusão

O uso da criocirurgia levou ao desaparecimento progressivo das lesões causadas pelo CCE ao longo das sessões e

com resultado satisfatório, demonstrando ausência de lesões após 21 dias do ultimo procedimento realizado.

Referências bibliográficas

Bilgic et al. (2015). Feline oral squamous cell carcinoma: clinical manifestations and literature review. Journal of

Veterinary Dentristy, 32; 30-40.

A B C

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Costa et al., (2013). Criocirurgia no tratamento de carcinoma de células escamosas em cão. Revista Colombiana de

Ciência Animal, 5: 213-221.

Cunha et al., (2014). A utilização da radioterapia no tratamento de carcinoma de células escamosas cutâneas gato

avançado. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 66; 7-14.

Daleck, CR, DE NARDI, AB (2016). Oncologia em cães e gatos. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1075p.

Layne, EA, Graham, M (2016). Cutaneous squamous cell carcinoma manifesting as follicular isthmus cysts in a cat.

Journal of Feline Medicine and Surgery Open Reports, 2: 1-6.

Little, SE (2016). August’s Consultations in Feline Internal Medicine. Missouri: Ed. Elsevier.,1080 p.

Murphy, S (2013). Cutaneous squamous cell carcinoma in the cat: current understanding and treatment approaches.

Journal of Feline Medicine and Surgery, 15: 401-407.

Prado et al. (2017). Evaluation of the criosurgery for treatment of squamous cell carcinona in cats. Arquivo Brasileiro

de Medicina Veterinária e Zootecnia, 69: 877-882.

Ruslander, D. et al (1997). Cutaneous squamous cell carcinoma in cats. Compend Contin Educ Pract Vet, v.19, n.10,

p.1119-1129.

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ASPECTOS CLÍNICOS E ANATOMOPATOLÓGICOS DE CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS

EM SUÍNO

CLINICAL AND PATHOLOGICAL ASPECTS OF SQUAMOUS CELL CARCINOMA IN SWINE

Bezerra, L.S1, Nascimento, M.J.R2, Firmino,M.O2, Galiza,G.J.N2, Dantas,A.F.M2, Olinda, R.G1,2

1Medicina Veterinária, Centro de Ciências da Saúde, Universidade de Fortaleza, Fortaleza - CE, Brasil.

E-mail:[email protected]

2Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV), Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Patos,

PB, Brasil.

INTRODUÇÃO

O carcinoma de células escamosas (CCE) é um neoplasma maligno dequeratinócitos, que ocorre a partir de sua

diferenciação, na camada epidérmica da pele, e dentre os neoplasmas cutâneos, têm grande relevância na rotina

clínica e cirúrgica de animais de companhia e de produção (RAMOS et al., 2007).

Muitos fatores de riscos são atribuídos na promoção da carcinogênesede carcinomas de células escamosas,

incluindo a exposição prolongada à luz ultravioleta, falta de pigmento na epiderme, perda de pêlos ou cobertura de

pêlos muito esparsa nos locais afetados (GOLDSCHMIDT & HENDRICK, 2002). Além disso, os neoplasmas podem

afetar orelhas, pálpebras, focinho e região perineal(BARBOSA et al., 2009).

Os registros sobre a incidência, diagnóstico, tratamento e prognóstico deste tipo de neoplasma em animais de

produção são restritos, e acredita-se que um maior entendimento sobre a prevalência deste tipo de tumor em suínos

evitaria prejuízos econômicos e aumentaria a vida produtiva destes animais, prevenindo custos desnecessários e

proporcionando melhores condições de bem-estar à espécie (BRUM et al.,2015).

OBJETIVO

Diante da escassez de informações sobre a ocorrência de CCE em suínos, o presente estudo tem por objetivo

descrever os achados clínicos e anatomopatológicos do carcinoma de células escamosas em um suíno.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram revisadas as fichas de biópsias e necropsias de suínos realizadas no Laboratório de Patologia Animal da

Universidade Federal de Campina Grande, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2017, em busca dos casos

diagnosticados como carcinoma de células escamosas. Dos protocolos clínicos e de necropsias foram obtidas

informações referentes aos dados epidemiológicos (sexo, idade, raça), sinais clínicos e achados anatomopatológicos.

Também foram resgatadosos registros fotográficos. Para descrição microscópica foram revisadas as lâminas

histológicas do caso, além de confeccionadas novas lâminas a partir de fragmentos teciduais arquivados em blocos

de parafina. Todas as secções foram processadas rotineiramente e coradas por Hematoxilina e Eosina (HE).

RESULTADOS

Foi enviado material de uma matriz suína, adulta, com histórico de lesões ulceradas que não cicatrizavam. O

animal era criado em instalações descobertos, com exposição aos raios solares. Macroscopicamente, no fragmento

de pele, foram observadas áreas multifocais ulceradas na região dorsal e nas orelhas, redondas à ovaladas de tamanhos

variados, proliferativos e recobertos por crostas (Figura 1A), medindo as seguintes dimensões: 3,8 x 3,8 x 4cm de

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diâmetro. Ao corte, a superfície era irregular, esbranquiçada, entremeada por áreas multifocais avermelhadas, bem

delimitadas e amareladas (Figura 1B).

Figura 1. Aspecto macroscópico do carcinoma de células escamosas em suíno. (A) Observa-se áreas multifocais ulceradas na

região dorsal esquerda; (B) Nota-se na superfície de corte do fragmento de pele a proliferação irregular da epiderme e presença

de crostas e secreção purulenta.

A análise microscópica revelou uma massa tumoral ulcerada infiltrativa, não encapsulada, composta por células

epiteliais dispostas em forma de ninhos e com projeções papilares estendendo-se da epiderme a derme (Figura 2A).

As células neoplásicas apresentavam-se em formato arredondado a ovalado com abundante citoplasma eosinofílico,

que por vezes, era bem delimitado. Os núcleos eram grandes, arredondados, com cromatina frouxa e havia um ou

mais nucléolos evidentes. Foi observado leve anisocitose, anisocariose e ausência de mitoses.

No centro de alguns ninhos, havia material eosinofílico e distribuído em arranjo lamelar, compatíveis com as

pérolas córneas, observou-se ainda, moderada ceratinização individual de queratinócitos (Figura 2B). Na superfície,

verificou-se uma acentuada hiperceratose paraqueratótica associada a acentuado infiltrado inflamatório neutrofílico.

Adjacentes à neoplasma evidenciou-se um acentuado infiltrado inflamatório de linfócitos, plasmócitos com raros

eosinófilos e macrófagos.

Figura 2. Aspecto microscópico do carcinoma de células escamosas em suíno. (A) Observa-se células epiteliais

proliferação de células neoplásicas dispostas em forma de ninhos; (B) Evidencia-se a no centro das ilhas formação

de lamelas concêntricas de queratina (formação de pérolas córneas).

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DISCUSSÃO

O diagnóstico de CCE neste suíno foi baseado nos sinais clínicos, nas lesões macroscópicas e confirmado pelo

exame histológico. Informações disponíveis na literatura relacionados à ocorrência de CCE em suínos são escassas

na literatura, especialmente no Brasil, evidenciando-se a descrição de poucos casos isolados (TONY-RAMOS et al.,

2008, SANTOS et al., 2016). A baixa casuística na espécie suína atribui-se ao fato de que uma grande proporção da

população é abatida ainda jovem, antes do acometimento por neoplasmas (SOBESTIANSKY et al., 1999).

Histologicamente, as lesões precursoras contêm células descamativas, queratinizadas anucleadas e células nas

camadas mais profundas com núcleos aumentados e aglomerações grosseiras de cromatina, e podem invadir a derme

adjacente (RAMOS et al., 2007), o que corrobora com os achados deste estudo, nos quais foram observadas células

epiteliais com projeções papilares estendendo-se da epiderme a derme e as células neoplásicas com seus núcleos

apresentando-se grandes, arredondados, com cromatina frouxa.

Nas lesões malignas evidenciaram-se a proliferação de células que apresentam atipia moderada à intensa, núcleos

hipercromáticos aumentados em tamanho com grandes aglomerados de cromatina e nucléolos múltiplos e evidentes.

É comum a observação de pérolas córneasou pérolas de queratina (MOORE, 1993).

No Brasil, casos de CEE na pele (orelha e focinho) são frequentes em ovinos de raçasde pele despigmentada e no

períneo de caprinos das raças Saanen e Boer (MACÊDO et al., 2008). O desenvolvimento dos CCE está ligado à

exposição à radiação solar, entretanto, outros fatores predisponentes podem estar envolvidos (FERNANDES, 2001).

CONCLUSÃO

De acordo com o exame anatomohistopatológico, concluiu-se que o diagnóstico definitivo do neoplasma neste

animal era um carcinoma de células escamosas. Vale destacar a importância da realização de novos estudos

relacionados ao carcinoma das células escamosas acometendo a espécie suína, visando respaldar a continuidade da

qualidade de vida e produtividade desses animais.

REFERÊNCIAS

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e equinos: estudo de 50 casos no sul do Rio Grande do Sul. Brazilian Journal of the Veterinary Research Animal

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Page 11: Sumário · horas do início da cultura quando tratadas com concentrações de 1µg.mL-1 a 5µg.mL-1, e até 72 horas quando tratadas com concentrações de 10µg.mL-1. Os efeitos

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ADENOCARCINOMA MUCINOSO INTESTINAL EM GATO DOMÉSTICO

MUCINOUS ADENOCARCINOMA OF THE BOWEL IN A CAT

LOUREIRO, P.F1, PINHEIRO, J.K2, SOUTO, E.P.F2, CHAVES1, R.N, DANTAS, A.F.M2, OLINDA, R.G1,2

1Medicina Veterinária, Centro de Ciências da Saúde, Universidade de Fortaleza, Fortaleza - CE, Brasil. E-mail:

[email protected]

2Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV), Universidade Federal de Campina Grande

(UFCG), Patos, PB, Brasil.

INTRODUÇÃO

Adenocarcinomas intestinais são neoplasias epiteliais malignas que podem acometer seres humanos e

animais. Nos gatos, ocorremmenos frequentemente, quando comparado à incidência em seres humanos e cães.

Estudos prévios não reconhecem predisposição por sexo ou raça, mas a incidência é maior em gatos entre 4 e 14 anos

de idade (HALL & GERMAN, 2010). Esses neoplasmas apresentam comportamento biológico localmente invasivo

e com elevado potencial metastático, possuindo um prognóstico reservado (MUNDAY et al., 2017).

Objetivo desse trabalho é descrever um caso de adenocarcinoma mucinoso intestinal em um gato.

MATERIAL E MÉTODOS

Foi revisado um caso de adenocarcinoma mucinoso intestinal em um gato, ocorrido em novembro de 2015,

no Laboratório de Patologia Animal do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, campus

de Patos, Paraíba. Dos protocolos, clínico e de necropsia, foram colhidas informações referentes aos dados

epidemiológicos (sexo, raça, idade e procedência do animal), sinais clínicos e achados anatomopatológicos. Os

tecidos coletados haviam sido fixados em formol tamponado a 10%, clivados, processados rotineiramente,

seccionados em 3µm e corados por hematoxilina e eosina (HE).

RESULTADOS

Foi recebido na Clínica Médica de Pequenos Animais da UFCG um gato macho, 14 anos de idade, sem raça

definida, proveniente do município de Patos, Paraíba, com histórico de anorexia, diarreia e emagrecimento. Na

avaliação clínica, observou-se desidratação grave e presença de discreta quantidade de líquido translúcido na

cavidade abdominal. Realizou-se radiografia gastrointestinal contrastada com sulfato de Bário e identificou-se parcial

interrupção do contraste no segmento jejunal do intestino delgado, constatando-se um processo de estenose do lúmen

intestinal. O animal morreu pouco depois e foi encaminhado para exame necroscópico no Laboratório de Patologia

Animal. À necropsia, o animal apresentava estado corporal magro, mucosas pálidas e enoftalmia. Na abertura da

cavidade abdominal, verificou-se aproximadamente 5mL de líquido amarelado. No segmento jejunal do intestino

delgado, observou-se uma área de discreto adelgaçamento circunferencial, com aproximadamente 3 cm de extensão

(Figura 1). Na aberturado segmento afetado, havia espessamento concêntrico da parede intestinal, com superfície

amarelada, brilhosa e mais firme, e consequente estenose luminal. No segmento intestinal cranial à área de estenose,

verificou-se discreta dilatação por líquido esbranquiçado (sulfato de Bário), presente também no estômago.

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Figura 1. Adenocarcinoma mucinoso intestinal em gato

doméstico. Observa-se no segmento de jejuno uma área

de esbranquiçada, com discreto adelgaçamento

circunferencial, de aproximadamente 3 cm de extensão.

Na avaliação histopatológica do segmento intestinal afetado, verificou-se uma neoformação densamente

celular, não encapsulada, mal delimitada, expansiva e infiltrativa às túnicas mucosa, submucosa e muscular. As

células neoplásicas apresentavam-se bem agrupadas, assumindo arranjos em túbulos e cordões irregulares, por vezes

formando cavitações mal delimitadas contendo material amorfo e levemente eosinofílico (mucina), sobre estroma

fibrovascular. Células neoplásicas variando de cúbicas e poligonais, com acentuado pleomorfismo; citoplasma

variando de escasso a abundante, de limites pouco evidentes e ocasionalmente contendo vacúolos; núcleo

predominantemente grande, marginalizado, com a cromatina escassa e acentuada anisocariose; nucléolo evidente e

centralizado. Ao menos uma figura de mitose, por campo, na objetiva de maior aumento (40x). Foram observados

ainda atrofia das vilosidades intestinas suprajacentes ao neoplasma, moderado infiltrado inflamatório

linfoplasmocitário peri e intratumoral, e células neoplásicas com até três nucléolos. Características compatíveis com

um adenocarcinoma intestinal subtipo mucinoso.

Figura 2. Adenocarcinoma mucinoso intestinal em gato doméstico. A) Observa uma neoformação densamente

celular, não encapsulada, mal delimitada, expansiva e infiltrativa às túnicas mucosa, submucosa e muscular. B)

Evidencia células neoplásicas bem agrupadas, com arranjos em túbulos e cordões irregulares, por vezes formando

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cavitações mal delimitadas contendo material amorfo e levemente eosinofílico (mucina), sobre estroma

fibrovascular.

DISCUSSÃO

O diagnóstico foi estabelecido com base nos achados epidemiológicos, clínicos, radiográficos e

anatomopatológicos. Adenocarcinomas intestinais são mais comuns em gatos com idade por volta dos 11 anos. Os

sinais clínicos mais frequentemente observados incluem vômitos, anorexia e perda de peso, podendo desenvolver

ainda ascite, intussuscepção ou massas palpáveis no abdome (HALL & GERMAN, 2010).

Esses neoplasmas podem localizar-se no intestine delgado ou grosso, mas não há consenso sobre qual a

localização mais frequente. A maioria dos adenocarcinomas em gatos caracteriza-se por massas intramurais firmes

que assumem conformação anular e resultam em estenose do lúmen intestinal. Na histopatologia, os adenocarcinomas

intestinais podem ser subclassificados em mucinosos quando se verificam arranjos carcinomatosos formando

cavitações irregulares preenchidas por grande quantidade de mucina (lagos de mucina). Não acredita-se que o subtipo

histológico seja determinante para predizer o comportamento biológico do neoplasma (PATNAIK et al., 1976).

Técnicas radiográficas e ultrassonográficas são frequentemente utilizadas quando se suspeita de neoplasia

intestinal. Contudo, a ultrassonografia tem maior sensibilidade na detecção demassas primárias do que a radiologia.

Além disso, a ultrassonografiapode auxiliar a realização de aspirados por agulha e biópsias. Se o diagnóstico for

estabelecido precocemente, a remoção cirúrgica é o tratamento recomendado (HALL & GERMAN, 2010). Contudo,

adenocarcinomas intestinais em gatos metastizam rapidamente. Estima-se que no momento do diagnóstico da

neoplasia intestinal, entre 72% e 84% dos gatos apresentem metástases detectáveis, principalmente para peritônio,

linfonodos mesentéricos e pulmões (MUNDAY et al., 2017).

REFERÊNCIAS

Hall EJ, German AJ. Diseases of the small intestine. In: Ettinger SJ, Feldman EC (2010). Textbook of Veterinary

Internal Medicine, 7.ª ed. São Paulo, Ed. Elsevier Saunders., 955-1060.

Munday JS, Lohr CV, Kiupel M. Tumors of the alimentary tract. In: Meuten DJ (2017). Tumors of Domestic

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Patnaik AK, Liu SK, Johnson GF (1976). Feline intestinal adenocarcinoma: A clinicopathologic study of 22 cases.

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CARCINOMA TUBULAR DE MAMA EM GATA DE 6 MESES: RELATO DE CASO

BREAST TUBULAR CARCINOMA IN 6-MONTH-OLD CAT: CASE REPORT

OLIVEIRA, M.N.1; SOUSA, L.G.1; LEITE, D.P.S.B.1; MARINHO, L.B.2; BATISTA, L.S.2 VIEIRA, M.P.2

1Aluna(o) de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

2Médica(o) Veterinária(o), Hospital Veterinário Professor Sylvio Barbosa Cardoso, Faculdade de Veterinária,

Universidade Estadual do Ceará (UECE);

E-mail: [email protected]

INTRODUÇÃO

Os tumores mamários são o terceiro tipo mais frequente de tumores em felinos, depois das neoplasias

hematopoéticas e cutâneas. Aproximadamente 80% desses tumores são malignos, de alto potencial metastático e

muitas vezes, fatal. A incidência e morbidade desses tumores são altas em virtude de seu comportamento biológico

ser caracterizado por crescimento rápido, alta velocidade de proliferação e capacidade de fazer metástase para

linfonodos regionais e órgãos a distância. (DE NARDI, FERREIRA E ASSUNÇÃO, 2016).

Os carcinomas mamários ocorrem, mais frequentemente, em gatas idosas, entre oito e doze anos de idade,

com média, dez anos. Não há predisposição racial estabelecida, embora alguns autores citem que em gatos siameses

há o risco duas vezes maior do que todas as outras raças, além de desenvolver tumores mais precocemente

(MAGALHÃES et al., 2009).

Diferentemente de tumores mamários caninos, a maioria das neoplasias mamárias felinas (80 a 96 %) são

malignas, sendo frequentemente diagnosticadas como adenocarcinomas. Este tipo de neoplasia consiste de lesões

malignas menos comuns do que sarcomas de partes moles, carcinoma mucinosos, carcinomas complexos e mistos e

carcinomas mamários inflamatórios. (WITHROW e VAIL, 2007). O carcinoma mamário é o tipo de tumor mais

comumente encontrado em gatas (PANIAGO et al., 2010).

A mastectomia é a terapia de eleição para tumores mamários, incluindo os carcinomas mamários felinos.

Contudo, na maioria dos casos deve ser seguida de quimioterapia. Em geral, estão recomendadas mastectomias de

cadeia radical unilateral ou bilateral. (HENRY E HIGGINBOTHAM, 2010).

OBJETIVO

Deste modo, objetivou-se descrever um caso de carcinoma mamário em felino do sexo feminino, sem raça

definida com 6 meses de idade, submetida à cirurgia de mastectomia radical bilateral.

METODOLOGIA

Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Ceará, no dia 06 de dezembro de 2017,

uma gata sem raça definida, 06 meses de idade, pesando 2,5 kg, não castrada. A tutora relatou durante a anamnese o

aparecimento de um pequeno nódulo na mama torácica esquerda. Alguns dias depois o animal entrou no primeiro

cio. Notou-se um aumento e inchaço considerável do nódulo. Proprietária afirma que não foi administrado

contraceptivos na gata. Ao fim do cio, houve discreta regressão. Ao exame físico, foi observado nódulo único em

cadeia mamária torácica.

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Para fins de classificação da neoplasia mamária, a analise citopatológica foi realizada tendo um resultado

compatível com carcinoma mamário.

Foram realizados exames complementares: radiografia de tórax, ecodoppler, eletrocardiograma, pressão

arterial, hemograma completo, ureia, creatinina, ALT e fosfatase alcalina para verificar possível metástase pulmonar

e se o animal estava apto para realização de mastectomia bilateral e ovariosalpingohisterectomia (OSH).

RESULTADOS

A avaliação histopatológica das mamas revelou um quadro compatível com carcinoma tubular (CT). CT é

aquele em que as células na sua maioria estão dispostas de forma tubular.

A radiografia não evidenciou metástase pulmonar, o padrão hematológico apresentava trombocitopenia

(91.000 μL). Essa alteração é resultado da produção diminuída de plaquetas pela medula óssea devido à liberação de

citocinas inibidoras ou aumento da destruição de plaquetas por alterações endoteliais. (OGILVIE, 2004). O

bioquímico com aumento da fosfatase alcalina (135,0), segundo Motta 2003, aumento da fosfatase alcalina é comum

em paciente diagnosticados com carcinomas. Os outros exames complementares estavam dentro dos padrões de

normalidade fisiológica da espécie.

DISCUSSÃO

Cerca de 90% dos tumores mamários felinos são malignos, a maioria são carcinomas ou adenocarcinomas,

com os padrões histológicos mais comuns sendo carcinomas tubulares, papilares e sólidos. (MISDORP W. 2002).

Estes dados vão de acordo com os achados no resultado histopatológico. A ocorrência de metástase em CT é

incomum, geralmente possui um ótimo prognóstico (MISDORP W. 2002). Corroborando com o exame radiográfico

da paciente, onde não revela áreas de metástase.

Três fatores de risco principais estão relacionados com o desenvolvimento do tumor de mama nessa espécie:

a idade de acometimento (média entra 10 e 12 anos), a raça e a influência hormonal. Em relação à raça, os siameses

são mais acometidos. A exposição aos hormônios ovarianos também está fortemente implicada no aparecimento de

tumores mamários em gatas. (DE NARDI, FERREIRA E ASSUNÇÃO, 2016). Sendo essas informações

contrastantes com as do presente caso, tendo em vista que a paciente tinha 06 meses de idade, sem raça definida,

nunca fez uso de anticoncepcional e nódulo mamário surgiu antes do primeiro cio do animal.

A mastectomia bilateral simultânea deve ser sempre indicada quando a tensão cutânea no pós-operatório for

mínima e tolerável à paciente, pode está associada ou não a OSH. (DE NARDI, FERREIRA E ASSUNÇÃO, 2016).

Como afirma a literatura, a paciente relatada foi submetida a mastectomia bilateral e OH eletiva.

CONCLUSÃO

O presente relato se mostra incomum devido à pouca idade do animal, baseando-se na literatura, que descreve

como habitual o aparecimento do carcinoma mamário em fêmeas, acima de 10 anos e que sofreram influencia

hormonal. Baseado na revisão bibliográfica, o tratamento elegido foi mastectomia bilateral e OSH.

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ELETROQUIMIOTERAPIA NO LINFOMA CUTÂNEO EPITELIOTRÓPICO EM CÃES: RELATO DE

TRÊS CASOS.

ELECTROCHEMOTHERAPY ON CANINE CUTANEOUS EPITHELIOTROPHIC LYMPHOMA: THREE

CASES REPORT.

RUSSO,C.1 ALEXANDRINO, M.2

1 – Claudia Russo – Convet Maringá, Avenida Brasil, 393, Maringá-PR. E-mail: [email protected]

2 – Maricy Alexandrino – CliniPet Maringá-PR

Introdução: Os linfomas caninos são neoplasias malignas classificadas de acordo com a localização anatômica,

características histológicas e imunofenotípicas. O linfoma cutâneo pode apresentar-se em forma de lesões solitárias

ou generalizado ou multifocal, sendo usualmente classificado em epiteliotrópico, também conhecido por micose

fungóide, ou não epiteliotrópico. Além do sistema tegumentar, podem também envolver mucosas, baço, fígado e

medula óssea (Moore, Olivry, Naydan, 1994; Bhang, Choi, Kim, 2006; Fontaine, Heimann, Day, 2010).

Os tratamentos indicados para os linfomas cutâneos podem varias de acordo com estadiamento e apresentação clínica

da doença, podendo incluir cirurgia ou radioterapia para lesões isoladas e quimioterapia com protocolos variados,

como COAP (ciclofosfamida, vincristina, doxorrubicina e prednisona), lomustina e utilização de retinóides, quase

sempre com baixos índices de resposta terapêutica ou com remissão pouco duradoura (Fontaine, Heimann, Day,

2010; Calazans, Daleck, De Nardi, 2016).

Objetivos: Em virtude dos baixos índices de resposta terapêutica observados nos tratamentos convencionais para o

linfoma cutâneo, especialmente a quimioterapia, o presente estudo tem o objetivo de demonstrar a utilização da

eletroquimioterapia, como ferramenta efetiva para manutenção de pacientes caninos com linfoma cutâneo

epiteliotrópico de linfócitos T, previamente tratados com quimioterapia com lomustina e prednisona, com baixos

índices de resposta terapêutica.

Metodologia: Foram incluídos três animais da espécie canina, portadores de linfoma cutâneo epiteliotrópico de

linfócitos T, com apresentação multifocal, diagnosticados por avaliação histopatológica e imunohistoquímica. Cão

número um: Fêmea, sem raça definida, 11 anos, porte pequeno, apresentando lesões ulceradas em coxins (Figura 1:

A), e lesões arciformes em dorso, abdômen, face e mucosa oral. Cão número dois: Macho, Labrador Retriever, 12

anos, apresentando lesões eritematosas em placa e nodulares disseminadas em todo o corpo (Figura 1: D, E e F). Cão

número três: Fêmea, sem raça definida, 3 anos, porte médio, apresentando lesão alopécica, eritematosa em placa, em

região de plano nasal. Todos com histórico de apatia, apetite caprichoso ou anoréticos, com histórico de perda de

peso e episódios de hipertermia. Aos tutores dos animais foi indicado protocolo de quimioterapia com lomustina na

dose de 50 mg/m2, a cada 21 dias e prednisona na dose de 1 mg/Kg inicialmente e 0,5 mg/Kg a cada 24 horas,

posteriormente. Nos três animais houve baixo índice de resposta terapêutica, sendo então instituída

eletroquimioterapia em todas as lesões, com bleomicina, administrada por via intravenosa, na dose de 15.000 U/m2,

e indicada a interrupção da quimioterapia. As sessões de eletroquimioterapia foram realizadas conforme a ocorrência

de recidivas, com tempo médio de 50 a 60 dias entre as sessões.

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Resultados: Em todos os casos ocorreu remissão clínica total das lesões (Figura 1: B, C e G). No cão número um,

foram realizadas 3 sessões, após as quais o animal foi a óbito com disseminação da doença para baço, fígado e medula

óssea, 6 meses após diagnóstico. O cão número dois apresenta-se em tratamento há 19 meses, com

eletroquimioterapia realizada a cada recidiva. Neste animal observou-se remissão de todas as lesões, inclusive das

que não foram submetidas a eletropermeabilização, o que ocorreu devido ao fato deste cão apresentar um grande

número de lesões, em praticamente toda a superfície corporal. O cão número três apresentou remissão total após uma

sessão de eletroquimioterapia e está livre de doença clínica há 5 meses.

Discussão: Conforme descrição na literatura, o linfoma cutâneo é uma doença de difícil controle terapêutico por

meio de quimioterapia, concordando com o que foi verificado neste estudo (Fontaine, Heimann, Day, 2010; Calazans,

Daleck, De Nardi, 2016).

A eletroquimioterapia, por ser uma modalidade terapêutica com indicação para tratamento de neoplasias malignas de

origens diversas, inclusive as neoplasias de células redondas, foi instituída nos casos ora relatados, com objetivo de

controle e manutenção da doença e provimento de qualidade de vida aos animais tratados, alcançando níveis

terapêuticos muito superiores aos obtidos por meio de quimioterapia de dose máxima tolerada. Em razão da escassez

de informação literária sobre a utilização da técnica no linfoma cutâneo em cães, este estudo tem caráter inovador no

que tange a indução da remissão clínica efetiva nesta espécie (Spugnini et al., 2007a)

O cão número dois, que apresentou remissão clínica de todas as lesões que cobriam uma grande área de superfície

cutânea, sendo que algumas lesões não foram submetidas à eletropermeabilização devido ao tempo anestésico

prolongado, pode ter essa resposta terapêutica explicada, pelo menos em partes, pela exposição em grande

Figura 1 - A: Apresentação clínica cão número um. B: Lesões em coxins do cão número um, 15

dias após primeira sessão de eletroquimioterapia. D, E e F: Apresentação clínica cão número

dois. C e G: Cão número dois 40 dias após primeira sessão de eletroquimioterapia.

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quantidade, de antígenos tumorais ao sistema imunológico, devido a morte celular em massa, conforme verificado

na literatura (Spugnini et al., 2007b).

Conclusão: Devido as efetivas respostas terapêuticas clínicas observadas nestes três cães portadores de linfoma

cutâneo epiteliotrópico, podemos inferir que a eletroquimioterapia pode ser indicada como ferramenta terapêutica

para esta doença. Um maior número de estudos se faz necessário para que se obtenha informações mais precisas e de

caráter científico.

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DIAGNÓSTICO POR IMUNOHISTOQUÍMICA DE LINFOMA LINFOBLÁSTICO CUTÂNEO

IMUNOFENÓTIPO T PARA ESCOLHA DE TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO EM CADELA –

RELATO DE CASO

IMMUNOHISTOCHEMISTRY DIAGNOSIS OF CUTANEOUS LYMPHOBLASTIC LYMPHOMA

IMMUNOPHENOTYPE T FOR CHOOSING CHEMOTHERAPY IN BITCH - CASE REPORT

SOUZA A.R.1; REIS J.D.O.2; SIMON F.2;MUZZI R.A.L.3; MUZZI L.A.L.4; SAMPAIO G.R.4

1- Graduanda em Medicina Veterinária UFLA [email protected]

2- Médico Veterinário Residente em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Animais de Companhia / UFLA

3- Professora Associada – Setor de Clínica Médica de Animais de Companhia – Departamento de Medicina

Veterinária / UFLA

4- Professor Associado – Setor de Cirurgia Veterinária – Departamento de Medicina Veterinária / UFLA

Introdução:

Os linfomas representam um grupo variado de neoplasias cuja origem são os linfócitos, e que resultam da

alteração e proliferação malignas dos mesmos em órgãos linfóides sólidos, tais como os linfonodos, baço e fígado

(1,2). Os cães afetados pelo linfoma encontram-se na faixa etária na maioria das vezes que vai desde a meia-idade à

idade geriátrica. Animais com menos de 4 anos são os menos afetados (3,4).

O linfoma canino (LC) pode ser classificado de acordo com a distribuição anatómica da neoplasia, com a

morfologia celular e aspeto histológico e ainda de acordo com o imunofenotipo (5). Quanto à classificação anatômica

o linfoma é classificado, por ordem decrescente de incidência, em: multicêntrico, alimentar, cutâneo, mediastínico e

extranodal (6).

O linfoma cutâneo canino (LCC) é considerado uma forma rara de linfoma canino, representando apenas 1%

das neoplasias cutâneas em cães (7), atingindo 6% dos animais com linfoma, sendo os animais geriátricos os mais

afetados (2). De etiologia idiopática, o LCC define-se pela presença de células linfóides neoplásicas (linfócitos T ou

B) na epiderme, derme ou tecidos anexos (7). Diferentes teorias foram propostas, como a associação com compostos

químicos em regiões industriais que poderiam acarretar a estimulação antigênica crônica dos linfócitos presentes na

pele desses animais (8). A possibilidade de uma origem viral já foi descrita em felinos e humanos, contudo em cães,

não foi comprovada (9). Foi proposta a associação entre o LCC e a dermatite atópica em cães, baseado em um estudo

retrospectivo que concluiu que existe 12 vezes mais chance de um animal atópico desenvolver linfoma cutâneo do

que um animal hígido (10).

Quanto à classificação histológica, conforme o sistema mais recente da Organização Mundial de Saúde

(OMS), os tumores são classificados em baixo, intermédio ou alto grau (2). Imunofenotipicamente, os linfomas

podem ser de células B, de células T ou nulos, sendo a maioria dos linfomas do primeiro tipo (11).

O LCC pode ser primário ou secundário, sendo que o primeiro se subdivide em duas formas, a epiteliotrópica

e a não-epiteliotrópica (5). A forma epiteliotrópica ou mycosis fungoides, tem origem nos linfócitos T. A forma não-

epiteliotrópica, ou dérmica, é mais agressiva e pode surgir a partir de linfócitos T ou B. As lesões cutâneas que são

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possíveis encontrar no linfoma epiteliotrópico são placas múltiplas ou solitárias ou nódulos de tamanho muito

variável, podendo ocorrer estomatite associada. O linfoma não-epiteliotrópico distingue-se por apresentar,

usualmente, nódulos múltiplos e firmes que se podem estender da derme ao tecido subcutâneo (12).

O diagnóstico definitivo do LCC é dado pela histopatologia, uma vez que o exame citológico não fornece

dados sobre o epiteliotropismo e pode ser inconclusivo. (7). A classificação imunomorfológica do LCC também é

útil no diagnostico definitivo e visa descobrir a origem das células tumorais (células B ou T), que é de suma

importância para o tratamento e prognóstico. (13). O tratamento para LCC pode ser a cirurgia, quando se apresenta

na forma nodular, ou a quimioterapia. Quando o linfoma é primariamente cutâneo, os protocolos utilizados são

semelhantes aos disponíveis para o linfoma multicêntrico (1).

Objetivo

Este trabalho apresenta como objetivo descrever um relato de caso de diagnóstico imunohistoquímico de

linfoma linfoblástico cutâneo imunofenótipo T em um canino para escolha do quimioterápico ajduvante, em fêmea

castrada, de 15 anos de idade da raça Pug, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras

(UFLA).

Metodologia

Foi atendido no setor de Cirurgia e Anestesiologia de Animais de Companhia Hospital Veterinário da UFLA

um canino, fêmea castrada, de quinze anos de idade da raça Pug, de 6 Kg, com histórico de um nódulo em lábio

superior direito de aproximadamente 0,5 cm de diâmetro, que evoluiu com prurido e ulceração em dois meses. O

nódulo apresentou um crescimento rápido, atingindo 1 cm de diâmetro aproximadamente.

O animal foi submetido à citologia com punção por agulha fina e o diagnostico obtido foi inconclusivo.

Optou-se pela excisão cirúrgica da massa. A peça cirúrgica foi encaminhada para o exame imunohistoquímico para

diagnóstico definitivo, a fim de escolher o melhor protocolo quimioterápico adjuvante ao tratamento.

Para a realização da imunohistoquímica, foram enviados blocos histopatológicos parafinados. Os cortes de

tecidos processados incluídos na parafina foram colocados sobre laminas previamente silianizadas. A recuperação

antigênica pelo método de calor úmido foi utilizada em panela a vapor por cerca de 20-30 min. Foi realizada a

incubação de anticorpos primários por toda a noite com temperatura de 4ºC. Para a revelação do exame, utilizou-se

o sistema Advence. A coloração foi executada com 3,3-diaminobenzidina e a contracoloração com hematoxilina.

Controles internos e externos foram utilizados para validar a reação. O diagnostico obtido foi de linfoblástico cutâneo

de imunofenótipo T.

Após o diagnóstico definitivo, optou-se pela quimioterapia utilizando a lomustina associada com a

predinisolona. Foram instituídas 4 aplicações de lomustina na dosagem 34mg, via oral com intervalo de 21 dias entre

elas. A predinisolona foi administrada inicialmente na dosagem de 2mg/kg por via oral, durante 7 dias, diminuindo

posteriormente a dosagem para 1mg/Kg por 30 dias e em seguida a dosagem foi diminuída para 0,5mg/Kg em dias

alternados em um período de 15 dias. Durante todo o tratamento quimioterápico, foram utilizados S.adenosil L-

methionina (SAME) na dosagem de 20mg/Kg e silimarina 30mg/Kg, ambos administrados via oral uma vez ao dia

como protetores hepáticos e esomeprazol 1,5mg/Kg, também administrado uma vez ao dia via oral como protetor

gástrico. Foram realizados hemogramas e funções bioquímicas hepáticas e renais entre as aplicações da lomustina.

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Resultados

Na imunohistoquímica as células neoplásicas imunoexpressaram: CD3, não expressaram triptase, C-Kit,

CD79a, MUMI, Cocktel Melanoma, E-Caderina e CD1a. Com isso o perfil imunológico e morfológico favoreceram

o diagnostico de linfoma linfoblástico cutâneo de imunofenótipo T.

O animal realizou a excisão cirúrgica da massa há sete meses e o protocolo quimioterápico foi encerrado há

quatro meses. O paciente se encontra bem clinicamente, sem sinais de metástases aparente.

Discussões:

A imunofenotipagem é uma técnica adotada para a identificação de marcadores de linfócitos empregando

anticorpos específicos que reconhecem diferentes tipos celulares, visto que, a sensibilidade para detecção, até mesmo

precoce, de células tumorais entre uma população de células não neoplásicas, pelos métodos citológicos e

histológicos é limitada. Para o diagnóstico imnuohisoquímico de linfoma, é utilizado o anticorpo monoclonal anti-

CD3 que identifica os linfomas de células T e o anticorpo monoclonal anti-CD79a detecta os linfomas de células B

(14). No caso relatado, inicialmente foi realizada um citologia do nódulo, com resultado inconclusivo. Para o exame

imunohistoquimico da peça cirúrgica, foram utilizados tanto o anticorpo monoclonal anti-CD3 quanto o anti-CD79a.

As células neoplásicas analisadas imunoexpressaram CD3, mas não expressaram CD79a.

A imunofenotipagem se constitui como um fator importante para o prognostico, uma vez que, existem

diferenças na apresentação clínica e na resposta ao tratamento entre linfomas de células B e T (15). Os linfomas

caninos de células T são biologicamente mais agressivos resultando em tempo livre de progressão e de sobrevida

mais curtos. O linfoma sempre deve ser considerado uma doença potencialmente sistêmica, por essa razão

recomenda-se que remoções cirúrgicas sejam acompanhadas de quimioterapia adjuvante. Na ausência de

quimioterapia, a sobrevida superior a um mês após o diagnóstico é incomum em cães e gatos. (16). No caso descrito

optou-se pela remoção cirúrgica da massa aliada a quimioterapia adjuvante.

Tanto os linfócitos normais quanto os neoplásicos são sensíveis à corticoterapia sistêmica resultando em

apoptose, por essa razão, o uso desse fármaco para o tratamento do linfoma é bastante descrito, resultando em melhora

clínica inicial (16). Porém seu uso isolado também está associado a recidivas precoces e resistência tumoral. O uso

da lomustina como monoterapia no tratamento do LCC tem sido bastante estudado, tanto em temos de tratamento

inicial, quanto na recidiva. Existem relatos de respostas terapêuticas superiores a 70% com o uso do medicamento

no tratamento do LCC. (17). No caso descrito utilizou-se prednisolona e lomustina no protocolo quimioterápico.

Diversos estudos que utilizaram como quimioterápico lomustina, associada ou não a outras drogas, em cães

com linfoma, verificaram que a principal alteração laboratorial causada pela utilização da mesma foi neutropenia

(18). A hepatotoxicidade da lomustina também foi comprovada, através da elevação de enzimas hepáticas,

principalmente a ALT e hipoalbuminemia (19). Durante todo o tratamento quimioterápico foram utilizados no caso

descrito protetores hepáticos. No entanto a enzima ALT demonstrou-se elevada, com valor de 216 U/L (valor de

referência de 10 a 88 U/L). O animal apresentou também neutrofilia relativa e absoluta.

O LCC é considerado uma doença de prognóstico ruim, de pouca resposta à terapia, além da recidiva precoce

(20). O animal foi submetido ao procedimento cirúrgico há sete meses, respondendo bem a quimioterapia

posteriormente e sem recidivas.

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Conclusão

O LC é uma doença que envolve grandes repercussões clínicas para o paciente, apresentando elevadas taxas

de morbidade e mortalidade. Os cães acometidos pela neoplasia evidenciam um prognóstico variando de reservado

a desfavorável. É de suma importância à conscientização dos tutores e dos médicos veterinários quanto à relevância

das consultas de rotina, que permitem o diagnóstico precoce e uma melhor resposta à terapêutica estabelecida,

aumentando tanto a expectativa quanto à qualidade de vida do paciente. A determinação do imunofenótipo nos

linfomas caninos apresenta-se como mais uma ferramenta no diagnóstico e soma dados ao estudo do comportamento

desta neoplasia.

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EXENTERAÇÃO PARA REMOÇÃO DE HEMANGIOSSARCOMA PRIMÁRIO DE LIMBO EM CÃO –

RELATO DE CASO

EXEMPTION FOR THE REMOVAL OF PRIMARY LIMBO ON DOG HEMANGIOSYARMS - CASE

REPORT

SOUZA A.R1; SIMON F.2; REIS J.D.O.2; SOUZA F. R.3; WOUTERS F.4; SAMPAIO G.R.5

1- Graduanda em Medicina Veterinária UFLA [email protected]

2- Médico Veterinário Residente em Clínica Cirúrgica e Anestesiologia de Animais de Companhia / UFLA

3- Mestranda em Patologia Animal UFLA

4- Professor Associado – Setor de Patologia Animal – Departamento de Medicina Veterinária / UFLA

5- Professora Associada II – Orientadora – Setor de Cirurgia Veterinária – Departamento de Medicina

Veterinária / UFLA

Introdução

O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia maligna de células mesenquimais, proveniente de alterações

de crescimento malignas de células endoteliais. Ocorre principalmente cães de meia idade a idosos e é incomum em

gatos (1,2). Este tumor pode apresentar como sítio primário qualquer tecido vascularizado, entretanto as maiores

incidências primárias são baço (50-60%), átrio direito (3-25%), tecido subcutâneo (13-17%) e fígado (3), sendo mais

comum em vísceras (4). Além destes locais há relatos de tumores primários em pulmão, pele, aorta, rins, cavidade

oral, músculos, ossos, bexiga, intestinos, língua, próstata, vulva, vagina, conjuntiva e peritônio (3). Devido seu

constituinte primário ser o endotélio vascular sua disseminação hemática é facilitada (3).

Acredita-se que a exposição solar esteja envolvida na etiologia do hemangioma e HSA (5,6). Pirie e

colaboradores sugerem que a luz solar influencia o surgimento deste neoplasma, uma vez que a maioria dos cães

diagnosticados com a doença em seu estudo viviam extra-domiciliarmente (7).

O hemangioma e o HSA podem ocorrer em qualquer local da conjuntiva, encontrando-se com maior

frequência em terceira pálpebra ou conjuntiva bulbar, próximo ao limbo em cães (5). Possui característica superficial,

porém pode recidivar após excisão cirúrgica. É de suma importância distinguir se o neoplasma conjuntival é primário

ou metastático. A metástase pode ocorrer por implantação tecidual de células neoplásicas após ruptura ou

sangramento, ou por via hematógena. (2,3,8).

O hemangiossarcoma também já foi relatado em sítios avasculares como a córnea (5,9). As neoplasias

corneanas em pequenos animais são, em sua grande maioria, extensão de tumores originados na conjuntiva, como o

hemangioma/hemangiossarcoma, e no limbo. Nos cães, as neoplasias vasculares se apresentam, em geral,

inicialmente como lesões pequenas e vermelhas na conjuntiva bulbar ou na conjuntiva da terceira pálpebra, mais

comumente, próximas à margem superior. (5).

No tratamento, a excisão cirúrgica total tende a ser curativa em quase 100% dos casos de hemangioma, com

índices de recidivas de até 55% em casos de HSA. (5) A remoção cirúrgica é o tratamento indicado para hemangiomas

e HSA de conjuntiva, que em geral apresentam prognóstico favorável (6,10,11).

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Objetivo

Este trabalho apresenta como objetivo descrever um relato de caso de exenteração para a remoção de

hemangiossarcoma primário de limbo em um canino, macho não castrado, de quatro anos de idade da raça Border

Collie, atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

Metodologia

Foi atendido no setor de Cirurgia e Anestesiologia de Animais de Companhia Hospital Veterinário da UFLA

um canino, macho não castrado, de quatro anos de idade da raça Border Collie com histórico de uma massa em olho

direito há um ano, com crescimento progressivo e lento, e que nos últimos dois meses, antecedentes a consulta, houve

um crescimento acelerado. Ao exame oftálmico observou-se que a massa se localizava na córnea, com consistência

firme, era avermelhada, hemorrágica a manipulação em região temporal de limbo e de tamanho aproximadamente de

um centímetro de diâmetro. Havia uma intensa vascularização corneal e edema perilesional.

O animal foi submetido à citologia com punção por agulha fina e o diagnostico obtido foi sugestível de

hemangiossarcoma. Foram solicitados exames radiográficos de tórax e ultrassonográfico abdominal a fim de

pesquisar possíveis metástases, não foram encontradas metástases.

O animal realizou exames pré-anestésicos e optou-se então pela exenteração para a remoção do neoplasma.

A técnica cirúrgica adotada é a descrita em (12).

O procedimento foi iniciado com o fechamento das pálpebras. Suturou-se as pálpebras fechadas com padrão

de sutura continua simples utilizando fio absorvível sintético monofilamentar de calibre 4.0. Incisou-se a pele em

formato de circunferência, de tamanho maior que quando comparada com a técnica de enucleação, na largura da

margem orbital. Em seguida foi realizada uma divulsão romba a fim de identificar os tendões lateral e medial. Estes

tendões foram seccionados.

Posteriormente identificou-se os músculos extraoculares para que estes pudessem ser incisados também

próximo de seus anexos na orbita. Durante todo o procedimento foram realizados manobras de hemostasia na

tentativa de conter o sangramento.

Incisou-se a glândula lacrimal orbital sob o ligamento orbital lateral. Prosseguiu-se com a divulsão romba ao

ápice da orbita. Realizou-se a ligadura dos tecidos fixos e em seguida foi realizada a incisão destes. Lavou-se a orbita

com solução salina estéril. Em seguida realizou-se o fechamento da orbita cuidadosamente para que o fechamento

fosse realizado sem tensão com fio absorvível sintético monofilamentar de calibre 4.0. Em seguida, a peça cirúrgica

foi colocada em uma solução de formol a 10% e encaminhada para o exame histopatológico.

Resultados

No exame histopatológico a região de pálpebras não havia alterações. Na região de limbo e córnea havia

proliferação de células mesenquimais formando pequenas fendas e espaços vasculares preenchidos por sangue e

trombos. As células apresentavam anisocitose e anisocariose moderadas, com ulceração superficial, sendo o

diagnostico definitivo de hemangiossarcoma de limbo e córnea.

O animal apresentou-se bem clinicamente no pós-operatório e sem qualquer alteração local ou sinal de

metástase.

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Discussões

O hemangiossarcoma é um tumor maligno de células endoteliais que formam massas sólidas com presença

de células inflamatórias e espaços vasculares com conteúdo sanguíneo (13,14). Ao exame histopatológico da peça

cirúrgica do caso relatado, notou-se proliferação de células mesenquimais formando pequenas fendas e espaços

vasculares preenchidos por sangue e trombos em região de limbo.

Este neoplasma ocorre com maior frequência em cães adultos com idade de 9 a 10 anos de idade (14). A

maioria dos cães acometidos pertencem a raças de grande porte, sendo a raça Pastor Alemão a mais frequente (15).

O paciente em questão era da raça Border Collie e apresentava apenas quatro anos de idade.

O hemangiossarcoma primário corneal não é frequente em cães (7) e a apresentação corneal dessa neoplasia

geralmente é acompanhada por extensa vascularização corneal e edema perilesional (16). Ao exame físico oftálmico

deste animal foram observadas essas alterações. O HSA tem crescimento rápido e seus capilares são extremamente

frágeis, causando hemorragias, sendo esta uma das maiores causas de óbito dos animais. (3,17). O animal apresentava

hemorragias intermitentes e ao exame físico oftálmico a massa era bastante hemorrágica a manipulação em região

temporal de limbo.

Conforme a literatura, o HSA ocular primário é raro, tanto em cães quanto em gatos e o diagnóstico definitivo

é obtido por meio de exame histopatológico (15,10). No exame histopatológico da peça cirúrgica do animal em

questão foi diagnosticado hemangiossarcoma de limbo e córnea. Ao exame ultrassonográfico abdominal não foram

observados outros nódulos.

A sobrevida de cães com hemangiossarcoma varia de acordo com o órgão acometido. A maioria dos animais

vem a óbito devido às recidivas e às metástases (18). O HSA é o tumor mesenquimal com maior incidência de

metástase em cérebro. Cerca de 80% dos cães com diagnóstico de HSA possuem metástases (3,17). O animal até o

presente momento não apresentou sinais clínicos de metástases, bem como estas não foram diagnosticadas nos

exames complementares no pré-operatório.

Conforme estudo realizado por (7), o tempo de recidiva do hemangioma e do hemangiossarcoma submetidos

à excisão cirúrgica com margens preservadas foi de 11 meses, enquanto dos tumores removidos sem margens de

segurança foi de apenas um mês e meio. O procedimento cirúrgico escolhido para o animal em questão respeitava as

margens de segurança (exenteração) e o paciente encontra-se atualmente bem clinicamente. A cirurgia foi realizada

há 4 meses.

Conclusão

O hemangiossarcoma corneal pode ocorrer em cães, devendo ser considerado como um diagnóstico

diferencial de neoplasia da superfície ocular. Por se tratar de uma neoplasia com alto índice de recidivas e metástases,

no tratamento do hemagiossarcoma ocular, é indicado realizar intervenções cirúrgicas mais agressivas, como a

exenteração, a fim de promover um melhor prognóstico ao paciente.

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Page 29: Sumário · horas do início da cultura quando tratadas com concentrações de 1µg.mL-1 a 5µg.mL-1, e até 72 horas quando tratadas com concentrações de 10µg.mL-1. Os efeitos

29

MENINGIOMA EM COLUNA VERTEBRAL DE CANINO: RELATO DE CASO

MENINGIOMA IN CANINE VERTEBRAL COLUMN: CASE REPORT

RODRIGUES, K.F.*¹, SILVA, R.A.², SILVA, K.M.¹, DA SILVA, T.S.³,DOS SANTOS, P.V.G.¹, ALBUQUERQUE,

W.R.¹

¹ Médica Veterinária Autônoma, Teresina, Piauí, Brasil.

² Médica Veterinária Mestranda em Ciência Animal, Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, Maranhão,

Brasil.

³Médico (a) Veterinária Residente em clínica e cirurgia de cães e gatos, Universidade Federal do Piauí, Teresina,

Piauí, Brasil.

*Autor para correspondência: [email protected]

Endereço: Hospital Veterinário Universitário (HVU). Rua Dirce de Oliveira, Bairro: Ininga, Teresina, Piauí,

Brasil.

INTRODUÇÃO

Na medicina veterinária, sabe-se que a avaliação completa do paciente para definição do diagnóstico

dos animais que são portadores de neoplasias é importante. Além do histórico do paciente, o exame físico

aliado à citologia, radiografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e histopatologia definem o

diagnóstico com precisão e indicam a terapia a ser instituída (DE NARDI, et. al. 2002).

Os neoplasmas de sistema nervoso central são encontrados em cães com frequência e variedade de

forma semelhante aos humanos. Tumores medulares são incomuns e geralmente acometem

simultaneamente em outros locais e tecidos adjacentes, como nervos periféricos, vértebras e ligamentos

(DOS SANTOS, 2014).

OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo relatar um caso de meningioma vertebral em um paciente canino,

fêmea de 10 anos que teve como tratamento o procedimento cirúrgico.

RELATO DE CASO

Foi atendido um paciente canino, 10 anos, fêmea, sem raça definida, com queixa de paraplegia nos

membros pélvicos. À anamnese o proprietário relatou que o animal apresentava ataxia progressiva, com

dificuldades de locomoção e sem histórico de trauma.

Ao exame clínico geral, o animal apresentava estado nutricional bom, peso 18,5 kg e

comportamento dócil. As mucosas apresentavam-se normocoradas, temperatura de 38,7ºC e linfonodos

normais. A inspeção observou-se ataxia dos membros pélvicos e propriocepção reduzida no membro

pélvico esquerdo. Ao exame neurológico animal apresentava-se em alerta, reflexo de ameaça reduzido no

olho esquerdo, estrabismo no olho esquerdo, sensibilidade palpebral reduzida no olho direito, ausência de

nistagmo, reflexo patelar normal, dor superficial presente na face lateral do lado esquerdo, presença de dor

profunda em membro pélvicos, paraplegia espástica dos membros pélvicos com ausência de nocicepção.

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30

Cutâneo do tronco presente na região torácica cranial. Os diagnósticos diferenciais foram de doença do

disco intervertebral ou neoplasia compressiva espinhal.

Realizou-se ressonância magnética na qual observou-se nodulação de aproximadamente 2,93x2,69

cm no interior do canal vertebral das vertebras T3 e T4 associada a uma nodulação de 1,32 por 1,65 cm

também no canal medular das vertebras T3 e T4 (Figura 1).

Figura 1. RMI de canino, fêmea, 10 anos, SRD em ponderação T1, evidenciando de nodulação isointensa em T3 e T4.

Após todos exames pré-cirurgicos realizados, o animal foi então preparado para realização do

procedimento cirúrgico.

Figura 2- Técnica da costotransversectomia transtorácica como tratamento para neoplasia torácica do paciente

relatado. A: Posicionamento do animal em decúbito esternal e realizada abordagem dorsal a região torácica cranial

da coluna vertebral. B: Realização de incisão na linha média dorsal. C: Realização a incisão do tecido subcutâneo,

musculo cutâneo do tronco e tecido adiposo ate exposição da fáscia torácica. D: Realização do afastamento da

musculatura mutífida com afastadores de freer até a exposição dos processos articulares. E: Identificação das

vértebras acometidas, e em seguida foi realizada uma hemilaminectomia entre T4-T5 do lado esquerdo. F: Realização

de descompressão neural por meio da remoção do tecido neoplásico com espátulas odontológicas de Thompsom. G:

Estabilização vertebral por meio da aplicação de duas placas de compressão dinâmica lateralmente os processos

espinhosos, comprimidas por fios de cerclagem de 0.8 milímetros. H: Realização da sutura da secção transversal dos

músculos longuíssimo e multífido do lado esquerdo com fio polidioxanona 2-0 com suturas em “x”. O. Fonte:

Arquivo Pessoal.

Durante o procedimento cirúrgico foi coletado material da massa localizada próxima a coluna

torácica para análise histopatológica e realização de imuno-histoquímica do mesmo. Entretanto, o paciente

veio a óbito no pós-operatório imediato.

O diagnóstico histopatológico firmado foi meningioma, no entanto, a observação de células com

halo em imagem negativa e com citoplasma vacuolizado, conduziu a hipótese de neoplasia de células gliais.

A

H G F E

D C B

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31

Foi então realizado o exame imuno-histoquímico para o anticorpo GFAP (proteína ácida fibrilar glial) o

resultado foi como negativo nas células neoplásicas, portanto, confirmando o diagnóstico para

meningiomas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os sinais descritos pelo presente relato vão de acordo com Areco (2016) a qual afirma observar

paraparesia, claudicação, tetraparesia não ambulatória e paraplegia. No presente caso relato foi indicada a

cirurgia como método de tratamento e diagnóstico. Cherqui et. al. 2007 afirma que a costotransversectomia

permite acesso aos aspectos posteriores e laterais das vértebras.

No presente relato a técnica foi feita para o anticorpo GFAP que segundo Bondan et. al. (2013), é o

método indicado na identificação da expressão dessa proteína a qual é específica para a população

astrocitária. Diante disso, o diagnóstico diferencial do presente caso foi descartado uma vez que o a imuno-

histoquimica teve resultado negativo para tal anticorpo confirmando assim, o diagnóstico de meningiomas.

CONCLUSÃO

O relato tratou de um meningioma espinhal em localização incomum na coluna torácica a qual teve

como tratamento a costotransversectomia transtorácica para retirada da neoplasia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

DE NARDI, A.B.; RODASKI, S.; SOUSA, R.S.; COSTA, T.A.; MACEDO, T.R.; RODIGHERI, S.M.; RIOS, A.;

PIEKARZ, C.H. Prevalência de Neoplasias e Modalidades de Tratamentos em Cães, atendidos no Hospital

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DOS SANTOS, R.P. Doença do Disco Intervertebral, Cinomose e Neoplasma do Sistema Nervoso Central em Cães:

208 casos (2003-2014). Tese apresentada ao curso de Doutorado. Rio Grande do Sul, 2014.

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Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado. Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2016.

CHERQUI, A.; KIM. D.H.; KIM, S.H.; PARK, H.K.; KLINE, D.G. Surgical approaches to paraspinal nerve sheath

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proteína glial fibrilar ácida em cães tratados com dexametasona. Ciência Rural, Santa Maria, v.43, n.3, p. 485-488,

mar, 2013.

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OSTEOSSARCOMA APENDICULAR EM CÃO SEM METÁSTASE PULMONAR RELATO DE CASO

CANINE APENDICULAR OSTEOSARCOMA WITHOUT PULMONARY METASTASE: CASE REPORT

OLIVEIRA, C.T.M.1; LIMA, G.H.1; ALVES, E.H.A.1; MOREIRA, S.H.2; DE NARDI, A.B.3 SOUZA, C.A4.

1. Discente UNINTA, Medicina Veterinária, Sobral - CE, Brasil. ([email protected]);

2. Mestranda em Cirurgia Veterinária UNESP/FCAV, Jaboticabal – SP, Brasil.

3. Professor do Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinária da UNESP, Jaboticabal – SP, Brasil.

4. Professora do Departamento de Patologia Veterinária UNINTA, Sobral - CE

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, os cuidados com a saúde animal progrediram em termos de profilaxia, diagnóstico e

tratamento, bem como maior atenção e consciência por parte dos proprietários. A queda nas taxas de mortalidade e

aumento da longevidade possibilitou o desenvolvimento de doenças crônicas e degenerativas como o câncer

(GILSON et al., 2006). Dentre as neoplasias ósseas, o osteossarcoma (OSA) representa 80 a 95% das neoplasias em

cães (OGILVIE, 2001).

O OSA apendicular se desenvolve principalmente em ossos longos (75%), sendo frequente em cães de

raças grandes e gigantes (SPODNICK et al., 1992; OGILVIE, 2001), sendo os ossos do membro torácico mais

acometidos (MAULDIN et al., 1988; EHRHART et al., 2013). É um tumor extremamente agressivo, tanto no local

do crescimento quanto na formação de metástases em casos avançados (McENTEE, 1997; JOHNSON & HULSE,

2002; CAVALCANTI et al., 2004). Mais de 90% dos cães apresentam micromestástases, sendo que menos de 15%

tenham metástase detectável no diagnóstico inicial (DERNELL et al., 2001). As principais manifestações clínicas

observadas são o aumento de volume, dor e claudicação, podendo o animal apoiar o membro ou poupar o peso

(WITTIG et al., 2002). O diagnóstico baseia-se no exame clínico, laboratorial, radiográfico e citológico, sendo a

confirmação feita por biópsia e análise histopatológica (DAVIS et al., 2002). O tratamento cirúrgico seguido de

quimioterapia é essencial no tratamento de OSA.

OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho é relatar o caso clínico de um cão adulto da raça Mastiff com diagnóstico de

OSA apendicular em região proximal de úmero direito, sem a presença de metástase pulmonar no momento do

diagnóstico, descrevendo os procedimentos hospitalares realizados desde o diagnóstico até o tratamento.

METODOLOGIA

Foi atendido no Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”, Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinária, Unesp – Câmpus Jabtoticabal – SP, pelo Serviço de Oncologia Veterinária (SOV), um cão da raça

Mastiff, 8 anos de idade e 56,8Kg, não castrado, com histórico de claudicação em membro torácido direito há

aproximadamente 2 meses e aumento de volume em região de articulação escapulo-umeral direita. Os sinais clínicos

iniciaram 2 meses antes, quando os tutores administraram Meloxicam ® (0,1mg/kg SID) durante 10 dias, seguido

de tratamento de reabilitação sob orientação de Médico Veterinário, não obtendo melhora no quadro. O paciente foi

encaminhado ao SOV com suspeita de OSA devido sinais radiográficos e clínicos observados, fazendo uso de

Cloridrato de Tramadol (4mg/kg TID) e Dipirona ® (25mg/kg TID), sem o apoio de membro torácico direito.

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Durante atendimento no SOV observou-se atrofia do músculo supraespinhal e infraespinhal direito, aumento

de volume de tecidos moles e ósseos na região da articulação. Foi realizada coleta de hemograma e análise bioquímica

e exames radiográficos de tórax em 3 projeções, assim como de região escapulo-umeral direita nas projeções crânio-

caudal e médio-lateral. Devido ao aumento de volume local, realizou-se a citologia aspirativa cateter 20G, introduzido

até o tecido ósseo.

RESULTADOS

Os exames hematológicos se mantiveram na normalidade. As imagens radiográficas constataram ausência

de imagens sugestivas de metástase pulmonar, entretanto as imagens radiográficas de membro torácico direito

evidenciaram perda de definição em trabeculado ósseo proximal do úmero, áreas de baixa radiodensidade e focos de

esclerose óssea sem limites definidos, além de estruturas de maior radiopacidade em espaço articular de superfícies

irregulares, sendo evidenciado piora do quadro se comparado com as imagens externas. O exame citológico de região

de articulação escapulo-umeral revelou diagnóstico sugestivo de OSA. Ao exame ultrassonográfico abdominal não

evidenciou alterações em órgãos, assim como ausência de linfonodos reativos ou líquido livre.

Quatro dias após o atendimento, o paciente foi encaminhado para amputação total do membro e

linfadenectomia pré-escapular e axilar direito, sendo as amostras encaminhadas para histopatologia. O laudo

histopatológico demonstrou focos de células multinucleadas sugestivo de micro metástases na região cortical dos

linfonodos pré-escapular e axilar, além massa umeral de proliferação neoplásica de células mesenquimais e de

crescimento infiltrativo. Mediante diagnóstico de OSA, o paciente foi encaminhado para tratamento quimioterápico

adjuvante, com a administração intravenosa de carboplatina na dose de 250mg/m² a cada 21 dias, protocolo de 6

sessões. Exames radiográficos de tórax foram repetidos anterior à primeira sessão de quimioterapia, não sendo

observados focos de metástase pulmonar, exame o qual será repetido na metade das sessões preconizadas.

DISCUSSÃO

O OSA apendicular é observado em cães de raças grandes e gigantes, sendo a probabilidade de

desenvolvimento até 185 vezes maior em cães acima de 36,5 quilos e e em cães de meia idade (7,5 anos) (SPODNICK

et al., 1992; OLGIVIE, 2001), onde os membros torácicos são mais acometidos que os pélvicos (MAULDIN et al.,

1988); o paciente relatado se enquadra nos padrões acima citados. De acordo com Daleck et al (2002), o exame

radiológico é crucial para avaliar a extensão da lesão e diferenciar de outras lesões ósseas não-neoplásicas. Nas

imagens foi possível evidenciar características do OSA como padrão lítico proliferativo metafisário, diferenciando-

a de outras lesões. A citologia aspirativa é aplicada para coleta de tecido neoplásico e auxiliar no diagnóstico

(SUZANO, 2004), sendo no presente relato ferramenta diagnóstica de OSA, a partir da coleta de material ósseo. O

manejo de cães com OSA apendicular é classificado como paliativo ou curativo, sendo o primeiro indicado para cães

com presença de metástase, visando controlar dor e claudicação associada ao tumor, mas não modifica a progressão

da doença ou melhora o tempo de sobrevida (LIPTAK et al., 2004). No presente relato, a amputação de membro teve

objetivo curativo com margens de segurança amplas e alívio da dor, uma vez que o paciente não apresentava

metástase pulmonar e houve perda acentuada de massa muscular com progressão do quadro em 2 meses. Além disso,

pacientes amputados raramente têm dificuldade para se adaptação (MORELLO et al., 2011), sendo o paciente em

questão com deambulação satisfatória 24 horas após a cirurgia. Estudos apontam aumento de sobrevida com a

associação de quimioterapia à cirurgia (BERG et al., 1992; CHUN et al., 2000). Foram realizados diversos estudos

no intuito de identificar o quimioterápico adjuvante ideal a fim de prolongar a sobrevida dos pacientes portadores da

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OSA, entretanto sabe-se que não há diferenças no tempo de sobrevida entre os diferentes protocolos usando agentes

únicos ou múltiplos (MORELLO et al., 2001). No presente caso, a escolha da carboplatina como quimioterápico

adjuvante deve-se a sua menor nefrotoxicidade e, apesar do custo ser mais elevado, o proprietário pôde arcar com

todo o tratamento. Além disso, o tratamento com carboplatina melhora a probabilidade de sobrevivência em cães

com OSA apendicular em comparação com a amputação isolada e continua a ser uma alternativa aceitável ao

tratamento adjuvante (PHILLIPS et al., 2009).

CONCLUSÃO

A incidência de casos de OSA apendicular é elevada na clínica veterinária, envolvendo frequentemente

membros torácicos. No presente relato de caso apresentado, foi possível observar que o diagnóstico preciso e precoce

associado à intervenção cirúrgica por meio da amputação do membro afetado, associado à quimioterapia adjuvante

possibilitaram maior sobrevida para o paciente. Estudos prospectivos são indicados para se obter informações mais

precisas sobre a influência de tratamentos específicos na sobrevida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COLISÃO TUMORAL VERDADEIRA ENTRE SEMINOMA DIFUSO E LEYDIGOCITOMA EM CÃO:

RELATO DE CASO

TRUE TUMOR COLLISION BETWEEN DIFFUSE SEMENOMA AND LEYDIGOCITOMA IN DOG: CASE

REPORT

PINHEIRO, B. P.1*; LOPES, C. E. B.2; RODRIGUES, F. R. N.2; PALUMBO DA COSTA, J.3; BRAGA, L. Q. V.4;

VIANA, D. A5.

1 Wellpet Clínica & Petshop; 2Universidade Estadual do Ceará; 3Clínica Veterinária Monsenhor Bruno; 4 Centro de

Diagnóstico Veterinário VETER; 5Pathovet: Anatomia patológica & patologia clínica veterinária

*[email protected]

INTRODUÇÃO

Os tumores testiculares tem uma incidência de 90% nos tumores genitais dos machos sendo bastante comuns

em cães idosos. O termo colisão tumoral refere-se a dois tipos celulares co-existentes pertencentes a uma linhagem

celular distinta e que, portanto, apresentam morfologia celular também distinta e que são encontrados no mesmo sítio

anatômico. Estas ocorrerem em aproximadamente 19% dos casos, e destes, apenas 6% correspondem a casos de

colisão tumoral entre leydgocitoma e seminoma. O potencial metastático das neoplasias testiculares, mesmo quando

histologicamente malignas, é baixo e quando ocorre normalmente se restringe a invasão vascular e linfática regional.

O presente trabalho teve como objetivo relatar o caso clínico de um cão de 15 anos de idade que apresentava

assimetria testicular unilateral que foi diagnosticada como colisão tumoral verdadeira entre leydgocitoma e

seminoma.

Palavras-chave: Neoplasia testicular. Colisão tumoral. Leydigocitoma. Seminoma. Cão.

OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo relatar o caso clínico de um cão de 15 anos de idade que apresentava

assimetria testicular unilateral que foi diagnosticada como colisão tumoral verdadeira entre leydgocitoma e

seminoma.

METODOLOGIA

Um cão da raça Poodle, macho, 15 anos foi atendido na Clínica Veterinária Monsenhor Bruno

(Fortaleza/CE) para a avaliação de um aumento testicular unilateral esquerdo. Durante a avaliação clínica a

temperatura, pulso, frequência respiratória, avaliação hematológica e bioquímicas séricas (Creatinina e alanina

aminotransferase) se encontravam dentro dos padrões de normalidade. Para a avaliação do testículo esquerdo

solicitou-se exame ultrassonográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na ultrassonografia constatatou-se formato ovalado, topografia habitual, dimensões aumentadas (4,12 x 2,65

cm) com obliteração total da linha mediastinal associada a um parênquima heterogêneo e estrutura cavitária na sua

porção mais caudal. Sugerindo assim alteração nodular difusa. Além da ultrassonografia testicular foi realizada

também a ultrassonografia abdominal total onde não foram encontradas evidencias de metástases.

Em virtude da alteração testicular o animal foi encaminhado para a realização de orquiectomia bilateral.

Macroscopicamente, o testículo direto apresentou maior diâmetro com dimensões normais (1,39 cm) e o esquerdo de

dimensões aumentadas (4,0 cm). A superfície de corte do testículo direito apresentou-se firme e de aspecto normal,

enquanto o testículo esquerdo mostrava a superfície de corte pardo-acinzentada irregular, com grande área cística

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onde foi observada vegetação esbranquiçada, sendo então encaminhado para a histopatologia em solução formaol

salina a 10%.

No caso em questão o testículo esquerdo apresentou alterações compatíveis com a literatura para este tipo de

caso (DALECK, DE NARDI, 20161). O desenvolvimento dessas neoplasias pode ser influenciado por vários fatores,

como: criptorquidismo, exposição à carcinógenos, predisposição racial e idade sendo o principal fator de risco do

paciente (LIAO et al., 20092).

A avaliação microscópica do testículo esquerdo revelou neoplasia que reproduz células germinativas

malignas preenchendo totalmente túbulos seminíferos ou difusas pelo órgão em colisão com neoplasia que reproduz

células de Leydig típicas, organizadas em blocos e cordões sustentadas por estroma fibrovascular e ocupando a

cavidade cística do órgão que invade a circulação periférica. O índice mitótico foi de 66 células por campo (400X)

com estadiamento patológico de neoplasia maligna moderadamente diferenciada.

Combinações dos diferentes tipos de neoplasias podem ocorrer em aproximadamente 19% dos casos, e

destes, apenas 6% correspondem a casos de colisão tumoral entre leydgocitoma e seminoma, sendo estes portando

considerados raros. Acredita-se que nesses casos o motivo não seja uma causa comum, mas sim uma multiplicidade

de acontecimentos acidentais em um grupo predisposto (ARGENTA, 20163).

Dentre os tumores de colisão existem verdadeiros e compostos. Sendo o do presente caso caracterizado como

verdadeiro por apresentar neoplasias malignas que ocorrem no mesmo órgão sem que haja mistura das populações

celulares ou interposição de tecido normal (RODRÍGUEZ, 20164). Na veterinária o termo colisão tumoral vem sendo

cada vez mais utilizado e já existem relatos de sua presença em diferentes tecidos (GOLBAR, 20145; RODRÍGUEZ,

20164).

O potencial metastático das neoplasias testiculares, mesmo quando histologicamente malignas, é baixo e

quando ocorre normalmente se restringe a invasão vascular e linfática regional, por este motivo optou-se apenas pela

remoção cirúrgica do tumor. Em casos de cronicidade do processo podem acometer linfonodos regionais e locais

distantes, como fígado, pulmão, rim ipsilateral, baço, adrenais, pâncreas, pele, olhos e sistema nervoso central

principalmente em cães critorquídicos (ARGENTA, 20163).

CONCLUSÕES

Conclui-se que apesar do termo colisão tumoral ainda ser pouco usual em medicina veterinária este merece

atenção por ser cada vez mais frequente e se correlacionar com o prognóstico dos pacientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COLECISTOJENUNOSTOMIA (TÉCNICA DE Y DE ROUX) PARA RESOLUÇÃO DE OBSTRUÇÃO

EXTRABILIAR POR CISTADENOMA BILIAR EM GATO

CHOLECYSTOJENUNOSTOMY (ROUX-EN-Y TECHNIQUE) FOR RESOLUTION OF EXTRABILIARY

OBSTRUCTION BY BILIARY CYSTADENOMA IN CATS

SAMPAIO, K. O. ¹*, DIÓGENES T. T. 2; ROCHA, M. A. 3; BARROS, I. V. R. 4; SILVA, J. M. C. 4; SOUSA

FILHO, R. P. 5

1 Residente em Clinica Cirúrgica da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE; *[email protected]

2 Médica Veterinária Autônoma 3 Graduanda em Medicina Veterinária na Universidade Estadual do Ceará - UECE 4 Graduanda em Medicina Veterinária – Faculdade Terra nordeste - FATENE 5 Doutorando do Programa de pós Graduação da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Estadual do Ceará - UECE;

Introdução

Os tumores hepáticos nos gatos podem ser classificados como primários, hemolinfáticos e metastáticos

(CULLEN, 2009). O cistadenoma biliar ou cistadenoma colangiocelular é uma variante do adenoma colangiocelular,

cuja a característica é a formação de massas císticas nos tecidos hepatobiliares (TROUT, 1995). As obstruções

biliares podem ser por causas intra-hepáticas ou extra-hepáticas, que impedem o fluxo da bile através do colédoco

para dentro do duodeno, podendo ser do tipo intraluminal, mural ou extramural (OTTE et al., 2017)

Os sinais clínicos mais comuns da obstrução dos ductos biliares extra-hepáticos (ODBEH) são: anorexia,

vômito, náuseas, sialorreia, diarreia, perda de peso e icterícia. O diagnóstico pode ser obtido pelos sinais clínicos,

exames hematológicos e bioquímicos, associando-se aos exames de imagem, principalmente a ultrassonografia

(HARRAN et al, 2011). A resolução da ODBEH muitas vezes deve ser cirúrgica, mesmo com o prognóstico ruim,

devido à complicações pós-cirúrgicas (BACON & WHITE, 2003).

Objetivo

O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de obstrução biliar em felino, por cistadenoma biliar, tratada

com a realização de uma colecistojejunostomia em Y de Roux.

Material e métodos

Felino macho, castrado, de oito anos de idade, atendido na clínica especializada Catus Medicina Felina, com

histórico de inapetência, apatia, anorexia e grave icterícia, há 30 dias. Tratado com silimarina, S-adenosilmetionina

e amoxicilina com clavulanato de potássio, há 15 dias, sem melhora clinica. No exame clínico foi constatado a

icterícia (Fig. 1), desidratação 7%, e hepatomegalia. Na análise hematologica foi verificado uma leve neutrofilia com

linfopenia. No perfil bioquímico foi verificado aumento de bilirrubina sérica e frações, da alanina-transferase, da

fosfatase alcalina e da gamaglutil-transferase. No exame ultrassonográfico foi verificado uma formação cística com

contornos pouco definidos, ecotextura heterogênea, em lobo direito, lateral a vesícula biliar e ducto cístico dilatado

e com paredes espessadas. Diante do quadro clínico e exames, foi diagnosticado um quadro de obstrução biliar extra-

hepática (OBEH). O paciente foi encaminhado para uma celiotomia exploratória, biópsia e desvio biliodigestivo.

Foi realizado uma incisão na linha média, desde a cartilagem xifoide até o púbis, visualizando o fígado

aumentado e com três estruturas nodulares, vesícula biliar túrgida e aumentada, e ducto colédoco aumentado (Fig.

2). Foi feita uma colecistocentese, sendo colhida uma bile espessa e amarronzada (Fig.3). Foi retirado uma amostra

da parede do colédoco e parte do lobo hepático direito para exame histopatológico.

Diante do grave quadro de colestase e a constatação da irresecabilidade do colédoco, optou-se por um desvio

biliodigestivo, utilizando a técnica de colecistojejunostomia em Y de Roux. A anastomose foi feita laterolateral com

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a alça jejunal seccionada cerca de 5 cm do ângulo duodenojejunal (angulo de Treitz). A anastomose jejunojejunal,

foi realizada a 15 cm da colecistojejunoanastomose com fio Poliglecaprone-25 3-0 (Fig. 4).

O paciente permanece estável, sem vômitos, sendo alimentado com dieta hipercalórica, por sonda

nasogástrica, por 5 dias. Após oito dias da cirurgia, foi verificado uma diminuição na bilirrubina sérica, na fosfatase

alcalina e gamaglutil-transferase. No histopatológico foi evidenciado estruturas císticas com o estroma formado por

tecido fibrovascular com quantidade moderada de colágeno, com o diagnóstico de cistadenoma biliar.

Fig. 1: Paciente

apresentando icterícia grave;

Fig. 2: Fígado aumentado e

com três estruturas

nodulares, vesícula biliar

túrgida e aumentada, e ducto

colédoco aumentado;

Fig.3: material colhido por

colecistocentese;

Fig.4: Técnica de

colecistojejunostomia em Y

de Roux.

Discussão

Os principais sinais clínicos observados em gatos com ODBEH são icterícia, anorexia e apatia (MAHYEW et

al., 2002), corroborando com o presente relato, visto que este primeiro ocorre pela permanência da bile no ducto,

levando a um aumento de bilirrubina sérica. No perfil bioquímico foi visualizado também um aumento nas enzimas

ALT, FA e GGT (MAHYEW et al., 2002), entretanto, são indicadores menos específicos de ODBEH.

A ultrassonografia abdominal é a técnica mais importante para visualização da dilatação da vesícula e do ducto

biliar associados à ODBEH (MEHLER, 2011). As paredes espessadas e a dilatação do ducto cístico e da vesícula

biliar foram observadas neste caso. Gaillot et al. (2007), constatou nódulos em obstruções biliares através do

ultrassom, comprovado pela histopatologia.

O tratamento da ODBEH pode ser clínico ou cirúrgico, sendo o procedimento cirúrgico com prognósticos

reservados. Entretanto em casos de obstruções permanentes, como neoplasias, estenoses do ducto biliar comum,

colélitos, cistos, helmintos hepatobiliares, demandam resoluções cirúrgicas (BRADLEY & SMEAK, 2017).

A ODBEH foi identificada através da associação entre achados clínicos, hematológicos e ultrassonográficos,

estando relacionada a uma causa neoplásica subjacente. As neoplasias foram responsáveis por 12 de 30 quadros de

ODBEH em felinos descritos por Gaillot et al., (2007). No presente caso foi diagnosticado cistadenoma biliar.

Vários procedimentos cirúrgicos de derivação biliar foram descritos em gatos, como a colocação de stend

coledocal, colocação de sonda de colecistotomia (LEHNER & McANULTY, 2010) e anastomoses biliodigestivas,

dentre elas, a colecistoduodenostomia e a colecistojejunostomia, as mais indicadas para casos de ODBEH

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permanentes (BUOTE et al, 2006). A técnica de desvio biliar de Y de Roux é a mais utilizada em humanos, devido

à diminuição do refluxo enterobiliar pela técnica e menor alteração na fisiologia do trato gastrointestinal

(TAKAHASHI et al, 1999). A mesma ainda é pouco descrita em gatos, entretanto, pelo refluxo biliar e a possibilidade

de colangite ascendente ser as complicações pós-cirúrgicas mais prováveis nestes pacientes (MAYHEW et al, 2002),

sua utilização pode ser uma alternativa importante para a resolução de ODBEH.

A colecistojejunostomia foi empregada com objetivo de conduzir a bile ao intestino. Por o cistadenoma biliar

ser uma neoplasia benigna, o procedimento cirúrgico foi válido, fornecendo-se uma redução de danos, por diminuir

a colestase, mesmo não sendo possível a ressecção total do tumor. Verificou-se a redução das enzimas hepáticas já

com poucos dias após o procedimento, corroborando com resultados de alguns autores (BACON & WHITE, 2003;

TAKAHASHI et al, 1999).

Conclusão

As neoplasias dos ductos biliares devem ser incluídas como diagnóstico diferencial em gatos com ODBEH. A

colecistojejunostomia em Y pode ser uma alternativa para resolução de ODBEH por neoplasia, diminuído o refluxo

biliar. Entretanto é necessário mais estudos para os efeitos da cirurgia a longo prazo nestes pacientes.

REFERÊNCIAS

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43

AVALIAÇÃO DE MALONDIALDEÍDO SÉRICO EM TUMOR MAMÁRIO DE CADELAS

EVALUATION OF SERUM MALONDIALDEHYDE IN MAMMARY TUMOR OF BITCHES

Lopes-Neto, B.E.1*, Ferreira, T.C. 1, Bezerra, B.M.O.1, Nunes-Pinheiro, D.C.S. 1

1 – Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias / FAVET-UECE

*- [email protected]

1. Introdução

Os tumores de glândulas mamárias (TGM) são as neoplasias mais comuns em cadelas, onde casos de

malignidade são frequentemente diagnosticados nessa espécie, atingindo mais de 70% dos casos (RASOTTO et al.,

2017). Alterações genéticas associam-se à carcinogênese, e o estresse oxidativo causado pela inflamação no

microambiente tumoral pode estar envolvido na regressão ou progressão do tumor. (HANAHAN & WEIBERG,

2011). O aumento de espécies reativas de oxigênio (EROs) no microambiente tumoral pode induzir citotoxicidade

das células das glândulas mamárias desencadeando danos na membrana, mutagênese e carcinogênese (TOYOKUNI,

2016). Essas moléculas oxidativas devem ser eliminadas por mecanismos antioxidantes que protegem a superfície da

membrana e os componentes celulares contra reações de peroxidação. No entanto, os esforços para prevenir as EROs

exigem alto consumo de antioxidantes e até esgotam a produção dos mesmos, promovendo o estresse oxidativo

(HECHT et al., 2016).

A associação do estresse oxidativo com o TGM canino ainda não está clara, especialmente diferenças

baseadas no tipo de tumor ou fatores associados ao prognóstico. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os

níveis séricos de Malondialdeído (MDA), um biomarcador de estresse oxidativo, e sua associação com o tempo de

sobrevivência em cães portadores de TGM.

2. Metodologia

Quarenta e quatro cadelas portadoras de TGM foram incluídas com o consentimento dos donos de cães, e

dez fêmeas intactas clinicamente saudáveis de canil privado foram usadas como controle. Todos os dados clínicos

foram coletados e a busca de metástase foi acessada através de radiografias de tórax e ultrassonografia abdominal.

Animais com evidências clínicas ou laboratoriais de qualquer outra doença foram excluídos do estudo, e aqueles que

haviam recebido tratamento prévio para a patologia mamária. Após a cirurgia, o período de acompanhamento durou

365 dias e a sobrevida global foi determinada em cada caso. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Uso

de Animais (CEUA-UECE), com protocolo 12247080-2.

Um estudo prospectivo foi realizado em cães do sexo feminino com TGM (n = 44), que foram divididos em

três grupos: TGM benigno (Be, n = 14), TGM maligno (Ma, n = 20), e cães saudáveis, controle (Co, n = 10).

MDA foi usado como um biomarcador de oxidação, que é um produto da peroxidação lipídica das

membranas celulares. A técnica foi realizada para medir os níveis séricos de MDA (BUEGE & AUST, 1978).

A análise estatística foi realizada no software SPSS (versão 24.0, Chicago, IL, EUA) e expressa em média ±

desvio padrão (DP). A normalidade foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk, e ANOVA ou Kruskal-Wallis, seguido

pelo teste post-hoc, foram usados para comparar os valores dos biomarcadores em diferentes grupos.

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3. Resultados

O MDA sérico apresentou níveis mais elevados em Be (P = 0,002) e Ma (P = 0,001) do que em Co, mas

semelhante entre os grupos com TGM (Tabela 1). No grupo Ma, a detecção de MDA foi maior (P = 0,035) no tumor

com necrose em comparação com a não necrose. A concentração sérica de MDA não foi associada com ulceração da

pele, tamanho do tumor e grau do tumor. Em relação ao estudo de seguimento, não foi observada associação

estatística entre os diferentes níveis séricos de MDA e os tempos totais de sobrevida.

Tabela 1. Níveis séricos de Malondialdeído em cães portadores de MGT.

4. Discussão

Na medicina veterinária, há um crescente interesse em biomarcadores como uma ferramenta para diagnóstico

e monitoramento de doenças neoplásicas. Esses testes devem ser sensíveis e específicos, com baixo custo para

atendimento em oncologia clínica veterinária (PANG & ARGYLE, 2016). Os biomarcadores de estresse oxidativo

têm sido apontados como parâmetro para acessar o desequilíbrio da homeostase produzido em cães com câncer

(MACHADO et a., 2015). O MDA sérico foi utilizado como biomarcador para avaliar o estresse oxidativo em cadelas

com TGM., uma vez que é um produto da peroxidação lipídica nas membranas celulares interrompidas pela atividade

das ROS. Assim, foi relatado no presente estudo que os níveis de MDA foram significativamente maiores em cães

portadores de MGT em comparação com cães saudáveis (Tabela 1).

Pesquisas relacionam os altos níveis de EROs produzidos pelas células cancerígenas com o aumento do

crescimento tumoral e da metástase (TOYOKUNI, 2016). Nosso estudo demonstrou os altos níveis de MDA no grupo

Ma comparado a Be, embora as médias dos grupos não tenham sido estatisticamente diferentes.

O desequilíbrio da homeostase em animais com câncer exige um monitoramento rigoroso, e o estresse

oxidativo é uma das questões que contribuem para a doença em curso. Desse modo, oxidantes e antioxidantes são

parâmetros substanciais a serem considerados como biomarcadores no MGT canino. Desta forma, nossos resultados

demonstraram o desequilíbrio do estresse oxidativo em níveis séricos de MDA de cães portadores de TGM. Portanto,

a exacerbação sistêmica da peroxidação lipídica tem um papel marcante na instabilidade da homeostase no câncer

mamário canino. Além disso, nossos resultados sugerem que mais estudos são necessários para confirmar a

participação do estresse oxidativo na progressão do fenótipo MGT e, posteriormente, novas abordagens terapêuticas.

5. Referências

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subtypes: an observational cohort study of 229 cases. Vet Pathol. 2017;54: 571–578.

Grupos

Biomarcador Co Be Ma Valor-P

Média ± DP (Min–Max) Média ± DP (Min–Max) Média ± DP (Min–Max)

MDA (nmol/mL) 17.36a ± 7.68 (9.70–32.36) 35.76b ± 8.63 (25.20–52.65) 41.48b ± 9.05 (24.60–60.40) .001

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45

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EFEITOS DA IMUNOTERAPIA COM ONCOTHERAD NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE BEXIGA

EM CÃES – RELATO DE CASO

EFFECTS OF ONCOTHERAD IMMUNOTHERAPY IN THE TREATMENT OF BLADDER CANCER FROM

DOGS - CASE REPORT

TIZZIANI, S. H.¹*; BÖCKELMANN, P. K.¹; OMETTO, R. ¹; DURAN, N.2,4; FÁVARO W. J.1,2

¹Departamento de Biologia Funcional e Estrutural, Laboratório de Carcinogênese Urogenital e Imunoterapia, IB,

Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil.

* Correspondente: Silvia Helena de Souza Tizziani - [email protected]

3Laboratório de Síntese de Nanoestruturas e Interação com Biossistemas (NanoBioss), IQ, Universidade Estadual

de Campinas, SP, Brasil. 4Unidade de Pesquisa em Nanomedicina (Nanomed), Universidade Federal do ABC

(UFABC), Santo André, SP, Brasil.

INTRODUÇÃO

De acordo com a Fundação Americana de Câncer Canino, o câncer de bexiga urinária (CB) representa cerca de 2%

de todas as malignidades relatadas em cães. Com mais de 70 milhões de cães nos EUA e o desenvolvimento de câncer

em aproximadamente 25% de cães idosos, estima-se que mais de 20.000 cães serão afetados por câncer de bexiga

urinária anualmente. A maioria do CB ocorre em cães mais velhos, variando de 9 a 11 anos de idade no momento do

diagnóstico, embora a doença possa ocorrer muito mais cedo em uma minoria de cães (1, 2). O primeiro sinal clínico

observado é a hematúria. Infecções do trato urinário são comuns em cães com CB e, às vezes, casos de osteopatia

hipertrófica também são observados (2, 3, 4). À partir desses sinais clínicos, o diagnóstico do CB pode ser

comprovado através de vários tipos de exames: exame físico completo que inclui exame retal, hemograma completo,

perfil bioquímico sérico, análise e cultura de urina, radiografia do tórax e ultrassom abdominal (3). Além desses, o

diagnóstico também pode ser feito pelo exame histológico de amostras teciduais (biópsias) coletadas através de

cirurgia ou cistoscopia (2). Uma vez diagnosticado o CB, o tratamento em cães pode incluir: cirurgia, radioterapia,

quimioterapia e outras drogas, ou a combinação desses (2, 5). Quimioterapia, inibidores da ciclooxigenase (COX) e

combinações destes, são o pilar do tratamento do CB primário e metastático em cães (2). Devido aos riscos e efeitos

colaterais dos tratamentos convencionais, outras opções terapêuticas estão sendo investigadas para o tratamento do

CB em cães, como as terapias com imunomoduladores (6). Compostos que são capazes de agir como agonistas dos

Toll-like Receptors (TLRs) podem representar candidatos promissores a serem desenvolvidos como medicamentos

contra o câncer. Os tumores de bexiga urinária mostraram expressão diminuída de TLRs (7, 8). Assim, em face da

necessidade de novas terapias, destaca-se o OncoTherad, produzido e patenteado pelo IB/IQ-UNICAMP, que por

sua grande versatilidade e mínima citotoxicidade, reveladas através de estudos in vivo e in vitro, abre uma nova

perspectiva para o combate de alguns tipos de cânceres, incluindo o CB em cães. O OncoTherad atua como um

Modificador de Resposta Biológica, desencadeando a estimulação e a ativação local do sistema imune no

microambiente tumoral (9).

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OBJETIVOS

O objetivo do presente estudo é avaliar clinicamente a possível regressão de um caso de câncer de bexiga urinária

em cão, frente ao tratamento com o OncoTherad.

METODOLOGIA

Cadela da raça Dachshund, 9 anos de idade e com histórico de hematúria, foi atendida na Clínica Veterinária Dr.

“Ronaldo Tizziani” (Campinas, SP, Brasil) e, após comprovação do diagnóstico de carcinoma urotelial vesical e

consentimento do proprietário, iniciou-se o tratamento com o Modificador de Resposta Biológica OncoTherad. O

animal recebeu 25 mg de OncoTherad dissolvido em 2,0 mL de solução salina fisiológica a 0,9% por cistocentese.

O esquema terapêutico de indução baseou-se na aplicação de uma dose semanal de OncoTherad durante seis semanas

consecutivas. Para terapia de manutenção, o animal recebeu uma dose de OncoTherad a cada 15 dias durante 6 meses

e uma dose mensal por mais 6 meses, totalizando 24 aplicações. Os efeitos terapêuticos do OncoTherad foram

avaliados por ultrassonografia durante o ciclo de tratamento. As avaliações de ultrassom foram realizadas nos

seguintes tempos: antes da primeira instilação, após a primeira instilação e após 3, 6, 18 e 24 instilações de

OncoTherad. O relato de caso foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA/UNICAMP) com

protocolo número 4481-1/2017.

RESULTADOS

As análises séricas de Hemoglobina, Leucócitos, Plaquetas, Função Hepática (ALT) e Função Renal (uréia e

creatinina) indicaram que o tratamento completo com OncoTherad (24 aplicações) não foi tóxico para o animal

estudado, sendo que muitos parâmetros como Hemoglobina, Leucócitos e ALT atingiram os valores de normalidade

com o tratamento proposto. Portanto, tais exames indicaram que o tratamento com OncoTherad não apresentou sinais

de toxicidade sistêmica na dose terapêutica proposta. As análises ultrassonográficas do cão demonstraram que antes

da primeira instilação do OncoTherad, observou-se a presença de massa tumoral com contornos irregulares,

ecogenicidade mista, ecotextura hiperecóica, medindo 3,08 cm x 1,89 cm, e volume de 5,75 cm3 (Tabela 1). Após 6

instilações do OncoTherad, a massa tumoral reduziu 56,52% do seu volume em relação ao ultrassom inicial (Tabela

1). No final de 24 instilações, a massa tumoral reduziu 79,30% do seu volume (Tabela 1). No início do tratamento o

animal apresentou hematúria, a qual desapareceu após a terceira aplicação do OncoTherad e não retornou mesmo

após a última aplicação (Tabela 1). Todas as reduções volumétricas do tumor foram acompanhadas por melhora

significativa nos padrões alimentares, convívio e qualidade de vida do animal.

Tabela 1: Avaliações Ultrassonográficas do Tamanho, Volume e Redução Tumoral Comparadas com a Presença

de Hemácias na Urina de Cães, Antes e Após os Tratamentos Intravesicais com OncoTherad.

Valor de Referência Hemácias (Urina I): até 6.000 p/mL

Parâmetros Ultrassonográficos do Tumor Parâmetro

Urina I

Esquema Terapêutico Comprimento

(cm)

Largura

(cm)

Volume

(cm3)

Redução do Tumor

(%)

Hemácias

(p/mL)

Antes da 1a Instilação 3,08 1,89 5,75 - 50.000

Após a 1a Instilação 2,19 2,09 5,00 13,04 30.000

Cão 1 Após a 3a Instilação 2,06 1,82 3,57 37,91 6.000

Após a 6a Instilação 1,60 1,87 2,50 56,52 4.000

Após a 18a Instilação 1,66 1,44 1,80 68,69 1.000

Após a 24a Instilação 1,61 1,19 1,19 79,30 200

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48

DISCUSSÃO

O CB canino, também denominado Carcinoma de Células Transicionais, é frequentemente localizado na região do

trígono da bexiga e as lesões variam entre lesões proliferativas papilares de grau intermediário a alto grau, podendo

levar à obstrução parcial ou completa das vias urinárias, além de propagação tumoral, como nos rins, linfonodos,

pulmões, fígado e próstata em machos (1, 10, 11). Embora o CB em cães não seja geralmente curável com as terapias

atuais, a doença pode ser controlada em 75% dos cães, e esses podem desfrutar de vários meses a um ano (ou mais)

de vida com boa qualidade após o diagnóstico. O fator mais consistente de prognóstico é o estágio do CB, sendo o

mais avançado associado com menor taxa de sobrevida. O tempo médio de sobrevivência é de 130 a 195 dias após o

tratamento de drogas como agente único e, mais de 250 dias após tratamento combinado de drogas (2). Quando vários

tratamentos são administrados sequencialmente, a sobrevivência pode se estender bem além de um ano. De acordo

com o relato de caso apresentado neste trabalho, o tempo médio de sobrevida do cão que recebeu tratamento de droga

como um único agente, no caso o Modificador de Resposta Biológica OncoTherad, ocorreu de acordo com o descrito

na literatura. Porém, vale ressaltar que o cão não foi a óbito, continua em tratamento e com excelente qualidade de

vida.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente relato de caso mostram que o Oncotherad é capaz de promover significativa redução do

câncer de bexiga em cães, bem como a hematúria associada a este tipo de tumor, sem causar efeitos colaterais, além

de melhorar a qualidade de vida do animal.

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49

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TUMOR MALIGNO DA BAINHA DE NERVO PERIFÉRICO EM COELHO: RELATO DE CASO

MALIGNANT PERIPHERAL NERVE SHEAT TUMOR IN RABBIT: CASE REPORT

OLIVEIRA, M.N.1; SOUSA, L.G.1; VIEIRA, M.P.2; ARAUJO, R.B.2; BOUTY, L.F.M.2; VIANA, D.A.3

1Aluna(o) de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

2Médico(a) Veterinário(a), Hospital Veterinário Professor Sylvio Barbosa Cardoso, Faculdade de Veterinária,

Universidade Estadual do Ceará (UECE);

3Médico Veterinário, Laboratório Pathovet - Anatomia Patológica e Patologia Clínica Veterinária LTDA.

E-mail: [email protected];

INTRODUÇÃO

Neoplasias primárias de nervos periféricos não são frequentes nos animais, embora já tenham sido relatadas

em cães, bovinos, gatos, cavalos e ratos (WEISS & GOLDBLUM, 2008). Os tumores da bainha de nervo periférico

são amplamente classificados como benignos (TBNP) ou malignos (TMBNP) com base na morfologia celular e

invasividade (SCHULMAN et al., 2009).

TMBNP são originados nas células que circundam os axônios nos nervos periféricos ou raízes nervosas

(TAYLOR, 2010), sendo das células de Schwann (Schawannoma) ou de fibroblastos do endoneuro ou epineuro

(neufibrossarcoma). Devido as variações das características histológicas da neoplasia e diferenças entre espécies

prefere-se o termo tumor maligno da bainha do nervo perfiférico. Os TBNP geralmente apresentam crescimento lento

e progressico (GROSS et al, 2009).

A média de idade de cães afetados é nove anos e é descrita a predisposição de animais da raça Golden

Retriever ao desenvolvimento de TMBNP (GOLDSCHMIDT e HENDRICK, 2002). Em gatos, o TMBNP é

incomum e a média de idade é de 10 anos. Os locais mais comuns são cabeça, pescoço e membros (SCHULMAN

FY et al., 2009). Em um estudo retrospectivo realizado por VON BOMHARD et al (2007) em coelhos, foram

diganosticados oito casos de TMBNP dentre as neoplasias cutâneas estando localizados em membros, tórax, cabeça

e pescoço.

A distinção entre maligno e benigno é importante porque o prognóstico é bem distinto (CHIJIWA et al.,

2004). O tratamento de escolha para TMBNP cutâneos é a exérese completa do tumor com margens cirúrgica,

resultando em cura quase completa dos pacientes. (RODRÍGUEZ et al., 2004). O prognóstico dessa neoplasia em

cães é reservado a desfavorável, e as recidivas são comuns (MACEWEN et al., 2001; GOLDSCHMIDT &

HENDRICK, 2002). Metástases são vistas em apenas 10% a 20% dos casos (MACEWEN et al., 2001). Entretanto,

os casos de recidiva apresentam taxas mais altas em gatos em relação aos cães e, em ambos, a taxa de metástase é

baixa (GOLDSCHMIDT & HENDRICK, 2002). Em coelhos, foi relatado caso de TMBNP (Schwannoma) com

reincidiva após remoção completa de dois nódulos (GORNATTI ET AL, 2008).

OBJETIVO

Dessa forma, detalharemos um caso de tumor maligno de bainha de nervo periférico em coelho (Oryctolagus

cuniculus), que foi submetido a exérese total de nódulo presente em pavilhão auricular.

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51

METODOLOGIA

Um coelho (Oryctolagus cuniculus), com seis anos de idade, foi atendido no Hospital Veterinário Professor

Sylvio Barbosa Cardoso, apresentando formação nodular com aproximadamente 2 cm de diâmetro, formato regular,

consistência firme, aderido ao subcutâneo, caudal ao pavilhão auricular esquerdo.

Ao exame clínico, apresentou dor à palpação, sem ulceração cutânea. Segundo tutora, o nódulo foi percebido

há 30 dias, tendo uma evolução rápida, estando associado a lesões papulares na região dos pavilhões auriculares.

Foram solicitados exames complementares: radiografia de crânio e tórax, hemograma completo, creatinina e

alanina aminotransferase (ALT), como forma de conhecer a extensão do nódulo, identificar possíveis metástases e

ter conhecimento se o paciente estava apto para o procedimento cirúrgico de retirada do nódulo.

RESULTADOS

Após exérese do nódulo, o estudo histopatológico revelou células fusiformes malignas organizadas em feixes

concêntricos, perpendiculares e irregulares entremeados a estroma fibromixóide compatível com Schwannoma

Maligno (Neurofibrossarcoma). Essa neoplasia maligna pode ser composta principalmente por células de Schwann,

fibroblastos perineurais, ou uma combinação dos dois, tendo sua nomenclatura variável como tumor de bainha do

nervo, neurofibrosarcoma, fibroblastoma periférico ou schwannoma. (SUMMERS & CUMMINGS, 1995).

Já os achados radiográficos revelaram uma acentuada opacidade de interior da bula timpânica de radiopacidade

água e distribuição difusa sem sinais de alterações nos contornos das bulas timpânicas, conduto auditivo esquerdo

discretamente opacificado associado a diminuição do diâmetro do conduto e mesa dentária com má-oclusão

associado a maior crescimento das raízes dentárias dos pré-molares e moles maxilares bilateralmente.

O leucograma apresentou um quadro de heterofilia, que pode estar relacionado ao estresse no momento da

coleta, como também associado a reação inflamatória da neoplasia. Todos os outros exames complementares

apresentaram resultados dentro do padrão de normalidade da espécie.

DISCUSSÃO

TBNP são neoplasias incomuns em animais domésticos, ocorrem frequentemente em bovinos e geralmente

são benignos, múltiplos e envolvem os nervos intratorácico e intercostal do plexo braquial, e são menos frequente

nos nervos cervicais ou cutâneos. (CORDY, 2002). As neoplasias de sistema nervoso periférico apresentam um

melhor prognóstico do que as neoplasias do sistema nervoso central, como tendem a ficar na pele e tecido subcutâneo.

O prognóstico é baseado no grau de malignidade e infiltração local. Os TMBNP como regra geral apresentaram

crescimento rápido e tenderam a se infiltrar no tecido subjacente em um grau mais alto do que os benignos levando

a apresentar uma completa excisão mais dificil (QUESENBERRY & CARPENTER, 2012).

O tratamento de escolha para TMBNP cutâneo é a exérese completa do tumor com margens cirúrgica,

resultando em cura quase completa dos pacientes (RODRÍGUEZ et al., 2004), porém, há casos que ocorrem metástase

pulmonar e hepática, outros que são eutanasiados pela dor crônica e quando se trata de tumor tipo maligno, as chances

de recidiva é de 4,61 vezes maior (BOOS, 2013). Estas neoplasias podem ser vistas em qualquer parte do corpo, os

tecidos da cabeça parecem ser o local de origem (QUESENBERRY & CARPENTER, 2012).

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Desta forma a opção pela exérese do nódulo se deu pela interferência nas condições clínicas do paciente, que

além do tumor, apresentava alterações odontológicas detectáveis na radiografia de crânio que contribuíam para o

quadro álgico do paciente.

CONCLUSÃO

Há poucos relatos deste tipo de tumor na presente espécie, não havendo, portanto, um protocolo de tratamento

a ser seguido. Até o presente momento o animal não apresentou nenhuma alteração, o mesmo vem sendo

acompanhado e não manifestou reincidiva deste nódulo. Faz-se necessário mais estudos envolvendo a espécie citada

para avaliar a incidência desse tipo de tumor e suas consequências.

REFERÊNCIAS

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TVT EM REGIÃO CERVICAL VENTRAL DE CANINO

TVT IN CERVICAL REGION OF CANINE VENTRAL

RODRIGUES, K.F.*¹, SILVA, R.A.², DE SOUSA, F.B.³, JUNIOR,F.L.S.³, RUFINO, A.K.B.³, DA SILVA, T.S.³

¹ Médica Veterinária Autônoma, Teresina, Piauí, Brasil.

² Médica Veterinária Mestranda em Ciência Animal, Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, Maranhão,

Brasil.

³Médico (a) Veterinária Residente em clínica e cirurgia de cães e gatos, Universidade Federal do Piauí, Teresina,

Piauí, Brasil.

*Autor para correspondência: [email protected]

Endereço: Hospital Veterinário Universitário (HVU). Rua Dirce de Oliveira, Bairro: Ininga, Teresina, Piauí,

Brasil.

INTRODUÇÃO

O tumor venéreo transmissível (TVT) tem maior prevalência em zonas tropicais e subtropicais. Atinge a

espécie canina tendo maior prevalência em animais jovens, errantes e sexualmente ativos (FERREIRA, et.al. 2017).

Contempla cerca de 20% das neoplasias que afetam cães no Brasil sendo assim considerada a segunda com maior

incidência em cães (FONSECA, et. al. 2017).

O TVT pode se apresentar de duas maneiras, único ou múltiplo e apresenta-se de diversas formas, como em

forma de couve-flor, pendulado, nodulado, papilar ou multilobado variando de 5 a 10 mm. Para fins de diagnóstico

são necessários exames complementares, sendo dentre eles o mais utilizado a impressão em lâmina de microscópio

(imprint) e a citologia por aspiração com agulha fina (CAAF) (GOMES, et.al. 2017). O tratamento recomendado

consiste na quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. A realização de quimioterapia com sulfato de vincristina é comum

e apresenta uma eficácia de 90 a 95% dos casos (CASTRO, et.al. 2017).

OBJETIVO

O presente trabalho teve por objetivo um caso clínico de um canino, macho, sem padrão racial definido com

suspeita de neoplasia cutânea a qual teve diagnóstico como TVT.

RELATO DE CASO

Foi atendido um canino macho, sem raça definida (SRD), de dois anos e 8 meses de idade, com 26 kg,

apresentando como queixa principal sarna e prurido em região cervical ventral há cerca de 7 meses com caráter

progressivo. Relatou ter feito uso de antibiótico sistêmico e shampoo terapêutico porém não obteve melhora clínica.

Tutor informou que animal tinha livre acesso a rua e coabita com outros caninos, porém, saudáveis. Ao exame físico

foram observadas mucosa oral e oculares normocoradas, linfonodos mandibulares, cervicais superficiais e poplíteos

não reativos e foram detectados nódulos ulcerados na região cervical ventral do animal.

Diante da clínica apresentada, foram solicitados os exames hemograma, perfil bioquímico e citológico da

região de nodulação na região cervical ventral. No hemograma foi detectado uma trombocitopenia de 40000/ µL, no

perfil bioquímico foi visto hipoalbuminemia (1,9 g/dL) e na citologia da nodulação foi observada celularidade

compatível com tumor venéreo transmissível.

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Devido ao hemograma detectar trombocitopenia foi investigado possível hemoparasitose e/ou Leishmaniose

Visceral Canina. Ao teste para Erlichia o resultado foi positivo e então foi instituído tratamento com doxiciclina na

dose de 10mg/kg a cada 12 horas durante 28 dias. Após 15 dias de inicio do tratamento para erliquiose, o animal

retornou para repetir hemograma para então se iniciar a quimioterapia como tratamento do TVT.

Foram então instituídas sessões de quimioterapia com sulfato de vincristina na dose de 0,5mg/m²

semanalmente sendo realizado hemograma no dia das sessões para avaliação leucocitária. Ao total do tratamento,

completaram-se sete sessões de quimioterapia ate regressão total do tumor (Figura 1).

Figura 1- Evolução clinica de canino macho com TVT em região cervical ventral a cada sessão de quimioterapia

realizada com sulfato de vincristina no HVU/UFPI, Teresina-PI, 2017.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O TVT consiste em uma das neoplasias mais comuns em cães sendo que grande parte dos casos envolve a

área genital, entretanto esta neoplasia tem sido descrita também em partes extragenitais (FILGUEIRA, et. al. 2013)

o que corrobora com o presente caso relatado. O mesmo autor afirma ainda que o envolvimento de zonas extragenitais

pode comprometer localmente o tecido e dificultar o diagnóstico definitivo.

Chavéz et. al. (2017) relata o TVT extragenital de localização cutânea representa cerca de 4,53% em seu

estudo e são os menos relatados como neoplasmas de pele. Segundo o mesmo autor, este é um tumor com alta

incidência no país devido um controle ineficiente de criação, alta concentração de cães vadios e com alta atividade

sexual o que vai de acordo com o relato descrito no qual o paciente tinha acesso constante a rua e a demais animais.

De acordo com Santana et.al (2016) a vincristina pode levar a um quadro de mielossupressão, leucopenia e

efeitos gastrointestinais como, por exemplo, vômito. Para tanto, é recomendado a realização de um leucograma antes

de cada sessão de quimioterapia com utilização do citostático para avaliação da contagem de glóbulos brancos o que

vai de acordo com o que foi realizado no presente relato no qual foi realizado hemograma a cada sessão de

quimioterapia.

1

7 6 5

4 3 2

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CONCLUSÃO

O TVT pode se apresentar sobre formas extragenitais na qual pode tornar difícil e demorado o seu

diagnóstico. O uso de sulfato de vincristina como forma de tratamento deve ser sempre acompanhado da realizado

prévia do hemograma para avaliação de leucócitos brancos do paciente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TVT EM REGIÃO PERINEAL DE CANINO

CANINE TVT IN THE PERINEAL REGION

SILVA, R.A.*¹, RODRIGUES, K.F.², SILVA, K.M.¹, DA SILVA, T.S.³, RUFINO, A.K.B.³, COSTA, S.D.P.4

¹Médica Veterinária Mestranda em Ciência Animal, Universidade Estadual do Maranhão, São Luís, Maranhão,

Brasil.

²Médica Veterinária Autônoma, Teresina, Piauí, Brasil.

³Médico (a) Veterinária Residente em clínica e cirurgia de cães e gatos, Universidade Federal do Piauí, Teresina,

Piauí, Brasil.

4 Médico Veterinário Mestrando em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Vale do São Francisco,

Petrolina, Pernambuco, Brasil.

*Autor para correspondência: [email protected]

Endereço: Hospital Veterinário Universitário (HVU). Rua Dirce de Oliveira, Bairro: Ininga, Teresina, Piauí,

Brasil.

INTRODUÇÃO

O tumor venéreo transmissível canino consiste em um tumor benigno de células redondas que ocorre

naturalmente e é disseminado pela população canina através do coito e do seu comportamento social de cheirar e

lamber. O tumor se inicia com nódulos na submucosa que crescem, transformando-se em uma massa que varia entre

um aumento único polipóide ou um pedúnculo ligado a uma base multilobulada (aspecto de couve-flor). Geralmente

é bem circunscrito, não encapsulado e friável, com sangramento considerável à mínima manipulação (SANTIAGO-

FLORES, 2012).

O diagnóstico consiste em exame físico pela observação direta do tumor na genitália do cão aliado a exames

complementares de impressão do nódulo sobre uma lâmina de microscopia ("imprint"), citologia aspirativa por

agulha fina (CAAF) e, em alguns casos, exame histopatológico (SILVEIRA, 2016). O tratamento consiste na

quimioterapia, radioterapia ou cirurgia, sendo a quimioterapia citotóxica com sulfato de vincristina o mais utilizado,

apresentando eficácia em 90% dos casos, com duração de quatro a seis semanas conforme a avaliação clínica e

acompanhamento do quadro (FERREIRA, 2017).

OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo relatar um caso clínico de um canino, macho, sem raça definida com

nódulo em região perineal o qual teve diagnóstico como TVT.

RELATO DE CASO

Foi atendido um canino macho, sem raça definida (SRD), de cinco anos e 5 meses de idade, com 6,5 kg,

apresentando como queixa principal ferida em região perineal há dois meses, com secreção sanguinolenta. À

anamnese o tutor relata que animal estava apático e apresentava dor ao defecar, alimentava-se e bebia água

normalmente, urina e fezes normais, presença de ectoparasitas e não castrado. Ao exame físico foram observadas

mucosa oral e oculares róseas, linfonodos mandibulares e poplíteos reativos, animal ativo e presença de ferida

ulcerada em região perianal esquerda com edema ao redor da lesão, secreção sanguinolenta moderada e sem

observação de miíase.

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Foram solicitados exames complementares hemograma, perfil bioquímico, sorológico para erliquiose e

citológico da região acometida. No hemograma não foram detectadas alterações, a sorologia para erliquiose

apresentou resultado negativo, no perfil bioquímico foi detectado aumento de alanina aminotransferase (159 U/L),

creatinina quinase (203 U/L), lactato desidrogenase (251 U/L) e gama glutamil transpeptidase (25 U/L) e a citologia

da ferida obteve como diagnóstico tumor venéreo transmissível.

A princípio o animal foi encaminhado para tratamento cirúrgico por agendamento. Porém, após o resultado

do exame citológico confirmando o diagnóstico para TVT o tratamento foi substituído aonde foram instituídas

sessões de quimioterapia com sulfato de vincristina na dose de 0,5mg/m² semanalmente, com realização de

hemograma no dia das sessões para avaliação leucocitária. Ao final foram necessárias cinco sessões de quimioterapia

até a regressão completa do tumor (Figura 1).

Figura 1- Evolução clinica de canino macho com TVT em região perineal na primeira (1 e 2) e quarta (3 e 4) sessão

de quimioterapia realizada com sulfato de vincristina no HVU/UFPI, Teresina-PI, 2017.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O TVT é um tipo de tumor que acomete cães de qualquer sexo, tendo maior predisposição em fêmeas

(SANTIAGO-FLORES, 2012; SILVEIRA, 2016; PEIXOTO, 2016; FERREIRA, 2017). O cão deste relato era

macho, sem raça definida, corroborando com SANTIAGO-FLORES (2012) e FERREIRA (2017) cuja maioria dos

cães estudados não apresentavam raça definida. PEIXOTO (2016) encontrou maior incidência de TVT em cães de

idade entre 2 a 5 anos, enquanto FERREIRA (2017) refere que 60% dos seus cães estudados tinham idade de 5 anos

e o cão relatado por MURUGAN (2016) também apresentava 5 anos, indo de acordo com este relato.

Os aspectos clínicos que mais ocorrem em cães com TVT são sangramento fácil com leve manipulação,

crescimento anormal na genitália ou pele do animal, lesão bem circunscrita e não encapsulada (SANTIAGO-

FLORES, 2012), aumento de volume no local afetado (FERREIRA, 2017), lesão friável (PEIXOTO, 2016;

FERREIRA, 2017), superfície ulcerada e apatia (SILVEIRA, 2016), indo de acordo com os aspectos clínicos

apresentados pelo cão do relato que foram edema na região, sangramento fácil com leve manipulação, lesão friável,

superfície ulcerada e apatia.

O diagnóstico do TVT é feito por meio de exame de imprint (SANTIAGO-FLORES, 2012), citológico

(MURUGAN, 2016; PEIXOTO, 2016; SILVEIRA, 2016) e histopatológico (PEIXOTO, 2016; SILVEIRA, 2016).

Neste relato, o diagnóstico foi feito por meio de exame citológico. O cão relatado foi tratado por meio de

quimioterapia citotóxica com sulfato de vincristina na dose de 0,5mg/m² semanalmente durante cinco semanas,

apresentando remissão completa do tumor ao término do tratamento, corroborando com os dados de FERREIRA

(2017) que obteve remissão completa em 100% dos casos após seis semanas de tratamento com sulfato de vincristina.

Page 58: Sumário · horas do início da cultura quando tratadas com concentrações de 1µg.mL-1 a 5µg.mL-1, e até 72 horas quando tratadas com concentrações de 10µg.mL-1. Os efeitos

58

Neste relato o tumor encontrava-se na região perineal do cão, tratando-se de um caso de TVT extragenital,

indo de acordo com os dados de SANTIAGO-FLORES (2012) que encontrou 8 casos de TVT extragenital na região

do dorso, flanco esquerdo e lábio inferior, FERREIRA (2017) que encontrou 2 casos na região nasal (10%) e

subcutânea (20%), SILVEIRA (2016) cujo animal relatado também apresentou TVT na região perineal e PEIXOTO

(2016) que detectou o TVT extragenital em 25% dos animais estudados, em diferentes localizações (linfonodo, pele,

mama, mucosa oronasal e ocular e perianal). PAPAZOGLOU (2001) acredita que a ocorrência do TVT extragenital

está diretamente ligada ao comportamento social canino de lamber, cheirar e se coçar.

CONCLUSÃO

O TVT pode apresentar-se de forma extragenital, sendo imprescindível o diagnóstico adequado e preciso

para realização da terapia correta para resolução do quadro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PEIXOTO, P.V.; TEIXEIRA, R.S.; MASCARENHAS, M.B.; FRANÇA, T.N.; AZEVEDO,S.C.S.; REINACHER,

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