Superando a pressão e o stress no trabalho policial

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SUPERANDO A PRESSÃO E O STRESS NO

TRABALHO POLICIAL

Nesse sentido, começo a informar nosso leitor

que 78% dos profissionais brasileiros que

desenvolvem atividades na área da Segurança

Pública sentem-se “angustiados” com relação

ao “trabalho desenvolvido” em seu mister. E

isso, ao meu ver é no mínimo “extremamente

preocupante” face ao percentual obtido nessa

pesquisa.

Então, continuei refletindo sobre o assunto e fiz

outra pergunta: “Como superar pressões e

adversidades no trabalho?”

Quero compartilhar com o leitor e destacar os

estudos da International Stress Management

Association - ISMA, entidade presente em vários

países, incluindo o Brasil, que retratam um

trabalhador cada vez mais cansado, nervoso,

ansioso e preocupado. E fazendo um

retrospecto das pesquisas da ISMA realizadas

em nosso país nos últimos 05 (cinco) anos

mostra os efeitos da pressão corporativa sobre

o comportamento e a saúde dos POLICIAIS

brasileiros das mais diversas carreiras

profissionais, bem como de outras atividades

profissionais. E, por essa razão, apresento aqui

alguns números que em minha humilde opinião

é alarmante:

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82% dos profissionais pesquisados

apresentavam traços de ansiedade em

diversos graus;

78% sentem-se angustiados em relação ao

trabalho;

52% momentos de agressividade em casa

oriundo do stress na corporação; e,

32% têm problemas gastro-intestinais.

Esses dados apenas ilustram o que sentimos,

isto é, está cada vez mais difícil lidar com as

pressões no trabalho. Não quero parecer

pessimista, nem bancar o cavaleiro do

apocalipse corporativo, mas, para ser bem

franco, não acredito que a situação vá

melhorar.

Você acredita? Acho que também não.

Tudo indica que, pelo menos nos próximos

anos, a velocidade das mudanças continuará

acelerada, a competitividade prosseguirá se

intensificando e as empresas continuarão

perseguindo resultados cada vez mais

ambiciosos, afinal precisam sobreviver.

Agora vamos ao que é mais importante:

Como suportar estas crescentes pressões no

trabalho?

Como enfrentar problemas e crises sem ficar

tão desgastado?

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Como lidar com as incertezas e instabilidades

do mundo real e atual sem se deixar dominar

pela preocupação?

Infelizmente não há uma única resposta para

estas questões, na verdade são várias. Mas se

você me colocasse na parede e exigisse uma

resposta direta e certeira ela seria a célebre

frase de Dale Carnigie: “As pressões e

dificuldades na vida se dissipam a luz do

conhecimento”.

Uma das formas de reduzir os problemas e

adversidades no ambiente de trabalho é

conjugar o verbo aprender, isto mesmo, a letra

“A” no começo de algumas palavras têm o

sentido de negação, no caso da palavra

“aprender” o resultado seria mais ou menos

assim: NÃO se PRENDER a conceitos e atitudes

antigas, que talvez não funcionem mais nos dias

turbulentos de hoje e se PRENDER a novas

formas de fazer as mesmas coisas e quem sabe

o resultado venha de forma diferente.

A coisa funciona mais ou menos assim:

Caso você tenha um problema com o tempo,

isto é, 24 horas não são mais suficientes para

você, leia o livro “Os 12 mandamentos da

administração do tempo”, eu garanto que se

você colocar em prática pelo menos três dos

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mandamentos do livro você ganha 20% a mais

de produtividade.

Talvez o seu problema não seja com o tempo e

sim a sua relação com o seu chefe ou superior

hierárquico complicado ou com os seus colegas

de trabalho. Neste caso faça um treinamento de

gestão de conflitos, para conquistar

competências de como agir assertivamente

com estas pessoas.

Se você trabalha na área de investigação,

perícias ou administrativa e o seu resultado não

está bom, talvez seja hora de ler sobre como

persuadir e influenciar pessoas, pois existem

técnicas que podem auxiliar muito este

processo.

Quer outro exemplo?

Talvez você seja um líder e não está

conseguindo fazer a sua equipe produzir com

eficácia, leia livros de como liderar melhor, faça

um treinamento, converse com líderes que

conseguem resultados, veja o que eles fazem e

o que você não faz.

E talvez você esteja pensando que artigo mais

doido é esse Dr. Jeferson Camillo! Será que ele

desconhece a verdade? E, a bem da verdade é

que nós POLICIAIS precisamos ser bem

preparados física, mentalmente e

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tecnicamente. Obtermos bons, ou melhor,

ótimos equipamentos, armamentos, viaturas,

aeronaves para socorrismo e localização de

foragidos em lugares inóspitos. E mais…

Mas pera lá! E o homem… e o ser humano por

debaixo dessa farda, uniforme que jurou

defender o cidadão com sua própria vida se

preciso for que cuida e zela por uma sociedade

ordeira, mantendo a justiça, separando os bons

dos maus. Esse profissional não precisa de

RECONHECIMENTO, não precisa de

investimentos pesados nesse ser humano,

devendo ELE ser valorizado pelo ESTADO com

um salário DIGNO, principalmente nos dias

atuais.

E talvez você continue pensando: “Dr. Jeferson

Camillo o problema do POLICIAL no Brasil são

os péssimos vencimentos que estão recebendo

e a ausência total de treinamento efetivo com

valorização financeira face aos risco que esse

profissional é submetido e, o que é pior, não

reconhecido pelo chefe dos Executivos em cada

Estado”.

Neste ponto, começo a entender o profissional

da Segurança Pública no Brasil – o Policial, com

suas dificuldades, desafios e preocupações

próprias de um profissional extremante

competente e admirado por pessoas comuns do

mundo inteiro, porém com frustrações comuns

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de qualquer chefe de família que necessita

levar para mesa de sua casa o fruto de seu

labor admirado, necessário, mas não

reconhecido pelo Governado e/ou Presidente

desta nação.

A resposta para o problema de todos os

POLICIAIS do Brasil é Resiliência.

Recomeçar, apesar dos desafios. Entenda mais

sobre resiliência e transforme revezes em

vitórias. E saiba “Como uma palavra tão

diferente pode ter um significado tão prático e

um resultado tão poderoso?”

Modismos à parte, resiliência passa a ser vista

cada dia mais como um comportamento

fundamental na vida de todo o ser humano que

está disposto a experimentar um patamar

superior em sua vida.

Podemos entender isso simplesmente como

melhorar de vida, padrão social, carro, casa,

emprego, carreira e assim por diante, ou

perceber o infinito de possibilidades que

existem contidos nesse conceito.

Afinal o que é resiliência?

Resiliência surgiu na física e significa a

capacidade humana de superar tudo, tirando

proveito dos sofrimentos, inerentes às

dificuldades, é trabalhado em todas as áreas

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como saúde, finanças, indústria, sociologia, e

psicologia. Embora seja um assunto muito

recente entre nós, já é trabalhado à anos na

América do Norte, com sucesso.

O estresse profissional é uma realidade

observada hoje nas mais diferentes áreas e

setores do mercado de trabalho, diferentemente

do que muitos imaginam, não está restrito

apenas para profissionais que exercem altos

cargos em grandes empresas. O problema está

presente nos mais distintos níveis hierárquicos,

em corporações e empresas de todos os portes,

isso se intensifica à medida que se aumentam

cobrança, pressão etc.

Neste mundo globalizado um grande diferencial

representa a pessoa resiliente, pois o mercado

procura profissionais que saibam trabalhar com

altos níveis de cobrança. Esses profissionais

recuperam-se e se moldam a cada

“deformação” (obstáculo) situacional.

O equilíbrio humano é como a estrutura de um

prédio, se a pressão for maior que a resistência,

aparecerão rachaduras como doenças

psicossomáticas que se manifestam nos

indivíduos que não possuem esta característica

ex: gastrite entre outras.

O ser humano resiliente desenvolve a

capacidade de recuperar – se e moldar – se

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novamente a cada obstáculo e a cada desafio.

Quando mais resiliente for o indivíduo maior

será o desenvolvimento pessoal, isso torna uma

pessoa mais motivada e com capacidade de

contornar situações que apresente maior grau

de tensão.

Assim, um indivíduo submetido a situações de

estresse que tem a capacidade de superá-las

sem lesões mais severas – rachaduras – é um

resiliente.

Já o profissional que não possui este perfil é o

chamado “homem de vidro”, que se “quebra” ao

ser submetido às pressões e situações

estressantes.

Nesse sentido, a idéia de resiliência pode ser

comparada às modificações da forma de uma

bexiga parcialmente inflada. Se comprimida,

pode adquirir as formas mais diversas e em

seguida retorna ao estado inicial.

Existe dois tipos de indivíduos, aqueles que

nascem e os que se tornam resilientes. E todos

nós podemos nos tornar resiliêntes. Seguem

algumas dicas:

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Mentalizar seu projeto de vida, mesmo que

não possa ser colocado em prática

imediatamente;

Sonhar com seu projeto é confortante e

reduz a ansiedade;

Aprender e adotar métodos práticos de

relaxamento e meditação;

Praticar esporte para aumentar o ânimo e a

disposição. Os exercícios aumentam

endorfinas e testosterona que,

conseqüentemente, proporcionam sensação

de bem-estar;

Procurar manter o lar em harmonia, pois

este é o “ponto de apoio para recuperar-se”;

Aproveitar parte do tempo para ampliar os

conhecimentos, pois isso aumenta a

autoconfiança;

Transformar-se em um otimista incurável,

visualizando sempre um futuro bom;

Assumir riscos – ter coragem;

Tornar-se um “sobrevivente” repleto de

recursos no mercado profissional;

Apurar o senso de humor – desarmar os

pessimistas;

Separar bem quem você é e o que faz;

Usar a criatividade para quebrar a rotina;

Examinar e sobre a sua relação com o

dinheiro; e,

Permitir-se sentir dor, recuar e, às vezes,

enfraquecer para em seguida retornar ao

estado original.

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A resiliência consiste no equilíbrio entre a

tensão e a habilidade de lutar, de atingir outro

nível de consciência, que nos traz uma

mudança de comportamento e a capacidade de

lidar com os obstáculos da vida e do

profissional.

Assim, percebemos que “resiliência” e a

“superação de adversidades” são

comportamentos e é um conjunto de palavra

que poucas pessoas estão familiarizadas, ainda

desconhecendo o seu sentido e significado por

completo, pois, trata-se de um atributo pessoal

que atualmente a maioria das corporações,

órgãos governamentais e empresas buscam

encontrar nos profissionais das mais variadas

profissões, não somente nos cargos de chefia e

liderança mas em qualquer que seja o nível

hierárquico do profissional.

Mas tudo isso ainda é pouco.

Ser resiliente é balançar e não cair, se curvar

mas não se quebrar, levar punhos seqüenciais

no fígado e permanecer de pé, ir ao inferno e

voltar dele incólume, e ainda extrair dessa

chamuscante experiência idéias construtivas e

uma lição de vida.

Não é fácil. É privilégio de poucos. E de onde

essas pessoas tiram essa incrível capacidade

de superação?

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Algumas são resilientes por natureza, porém,

segundo pesquisadores, é perfeitamente

possível o desenvolvimento desse atributo.

O psiquiatra austríaco Viktor Frankl, fundador

da escola de “Logoterapia” foi praticamente o

pioneiro a desenvolver estudos sobre a

resiliência baseado na sua própria experiência

de vida quando foi prisioneiro no campo de

concentração em Auschwitz.

Em seu livro “A Busca do Sentido da Vida”,

Viktor Frankl diz que “só sobrevive aquele que

consegue transcender sua existência e

encontrar sentido em algo que está fora de si

próprio, como um amor ou um projeto”.

Enquanto prisioneiro, Viktor Frankl concentrou

seu pensamento no reencontro de sua esposa,

seus pais e nas aulas que iria ministrar quando

a guerra acabasse.

Preste atenção! A chave é sempre a busca de

um sentido para a vida.

Pesquisadores do assunto detectaram em

pessoas resilientes algumas características em

comum: autoconfiança, ampliação dos

conhecimentos, flexibilidade, nível elevado de

improvisação, empatia e facilidade em

estabelecer relacionamentos, bom humor

contagiante, rir da própria desgraça, apoio

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moral e sempre visando algum projeto ou sonho

como disse o mestre Viktor Frankl.

O profissional resiliente sabe como gerenciar

dificuldades, enfrentar pressões por metas e

resultados, sabe recuar quando preciso, sabe

como lidar com o imprevisto, e até mesmo com

a perda do emprego e problemas dolorosos de

ordem pessoal sem se abalar, ou jogar a toalha.

As situações traumáticas são inevitáveis. Por

isso, as corporações, órgãos governamentais e

empresas de todos os portes cobiçam esses

profissionais. Com certeza, são esses

profissionais que fazem a diferença no quadro

corporativo.

A resiliência pode ser, também, o talento oculto

e quem não consegue reagir bem às mudanças,

acaba se tornando resistente – uma posição

antagônica à resiliência.

Resistente é aquele que prefere não sofrer

mudanças, procura evitar qualquer tipo de risco

e desafio, preferindo a zona de conforto. É

aquele camarada conhecido por “osso duro de

roer” e acaba trazendo problemas para seu

superior hierárquico e/ou gestor.

Conheci duas pessoas que retratam muito bem

essas duas figuras: Roberto, o resiliente e Júlio,

o resistente. Eles fizeram faculdade juntos e

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Júlio começou a carreira com Roberto, no

mesmo posto, graduação ou cargo, como queira

entender o leitor. Ganhando um salário mínimo

e trabalhando bastante. Trabalhavam em uma

grande corporação, sob bastante pressão e

precisavam entregar resultados em curto prazo.

Eles se adaptaram rápido e, em alguns meses,

Roberto conseguiu sua primeira promoção. Júlio

não queria se inscrever em programas de

recrutamento interno tinha medo do novo. Sabia

que estava em uma posição confortável, onde já

dominava o trabalho e não precisava correr

“riscos desnecessários”.

Hoje, cinco anos depois, Roberto, o resiliente, é

Oficial Superior da corporação – ganha quinze

vezes mais que Júlio, o resistente, que está no

mesmo lugar, apontando a “sorte” de Roberto

na carreira.

Quem costuma ler meus livros, artigos e/ou

textos sabe que não gosto muito da sorte.

“Assim Falou Zaratustra” (Nietzsche) e “O

Príncipe” (Maquiavel), ensinaram lições que

mudaram minha postura em relação à carreira.

Júlio estava à mercê da sorte, resistente às

mudanças. Roberto “fez sua própria sorte”,

aceitou desafios e soube ser resiliente quando

necessário.

Entendo que a resiliência é uma espécie de

talento oculto, uma espécie de competência

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que fica adormecida e só vem à tona quando há

realmente muita pressão sobre o profissional –

se ele a possuir, é claro.

Então, reflita sobre sua atual capacidade de

reagir às adversidades, à extrema pressão, e

procure trabalhar essa competência, tão

necessária quanto possuir liderança, boa

comunicação e trabalho em equipe.

Procuro descrever a resiliência como equilíbrio

emocional – uma competência que exige muita

maturidade, percepção do ambiente e auto-

avaliação contínua de sua posição perante o

grupo de trabalho.

Ser resiliente é um pré-requisito para buscar o

crescimento na carreira e aceitar novos

desafios. E, em minha opinião resiliência “é a

arte de transformar toda energia de um

problema em uma solução criativa”.

A grandeza de um ser humano não é medida

pelas suas realizações, mas sim pela coragem

que ele tem de pedir perdão, se perdoar e seguir

em frente, aprendendo transformando-se num

pessoa melhor a cada dia.

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“O homem deve ser grande demais para

reconhecer seus erros, esperto o suficiente

para beneficiar-se deles

e forte o suficiente para corrigi-los.”

Pressões por resultados melhores, dificuldades

nos relacionamentos e instabilidade na

corporação são coisas comuns hoje em dia e

como falamos tendem a ficar mais intensa com

esta explosão de crescimento que o nosso país

está passando. A diferença entre suportar e

superar tudo isto está na forma de lidar com

estas questões e talvez esteja na hora de você

aprender e desenvolver formas diferentes para

resolver velhos problemas.

E você… Consegue reagir bem às adversidades?

É resiliente ou resistente?

Pense nisso!

Um grande abraço de seu amigo de sempre e

até a próxima

Dr. Jeferson Camillo