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Casa de Oração de Fátima COF n.º 28 Janeiro / Março 2012 Suplemento ao Água Viva nº 41 Testemunho de uma catequista Sou catequista há 28 anos. Tudo foi uma descoberta linda para mim. Era fácil transmitir a mensagem da Igreja aos cate- quisandos. As crianças estavam desejosas de conhecer a Boa Nova de Jesus e não punham em questão o que o catequista lhes transmitia. Nessa altura, as crianças andavam na catequese até por volta dos 12 anos, idade com que faziam a profissão de fé. Seguia-se um interregno e voltavam depois, pelos catorze anos, para fazerem dois ou três meses de preparação para o crisma. Os tempos foram mudando e as mentalidades também. Só que as mu- danças eram contínuas e a um ritmo alucinante. Os pais de fé e convicções fortes foram envelhecendo. E veio a nova geração de pais, embalados nas novas tecnologias e no stress da vida moderna: trabalho absorvente e a con- sequente falta de tempo para a família e para Deus. A oração em família desapareceu de muitos lares e a Eucaristia ao domingo deixou de ser prática habitual, para a maior parte das famílias. A vida cristã passou a ser reduzida a actos pontuais, como baptismos, casamentos, profissão de fé, crisma e mais algumas festinhas. E, de tempos a tempos, uma ida a Fátima para pagar uma ou outra promessa, pro- metida nalgum aperto na vida, e Deus, para muitos dos que se dizem cristãos, passou a estar na prateleira, onde se vai comprar favores, como quem vai ao supermercado. E o tempo começou a ser dividido entre trabalho e lazer. A Igreja foi prolongando a catequese por mais alguns anos para levar aos ado- lescentes e jovens aquilo que eles não recebiam na família. Mas aí entra a guer- ra, ainda que muitas vezes silenciosa: as crianças e adolescentes acham tudo uma seca, e os pais apoiam, criticando tudo e todos, porque os catequistas são exigen- tes, demoram muito nos encontros de catequese. Para quê tanta coisa?! Depois, o catequista na catequese fala às crianças de um Deus Amor, que é Pai e nos ama muito! E há uma criança que diz que aquilo que está a dizer é tudo uma treta, porque o pai lhe disse que Deus nem sequer existe. Procuro, como catequista, diversi- ficar as sessões com outros conteúdos, promover adorações eucarísticas, falar-lhes da Mensagem de Fátima e dos Pastorinhos; rezamos salmos e outras leituras, fazemos algumas cele- brações dentro da sala de catequese, etc. Esforço-me por estar sempre a reinventar novas formas de os cativar, e às vezes fico com a impressão que nada lhes agrada. Acabado o décimo ano de catequese, para quem lá chega, os ado- lescentes fazem o crisma, vão embora e não se vêem mais na igreja. Agora veio a crise económica! E tudo grita, mas muito poucos reconhe- cem que a crise é mais de valores cívicos, morais e espirituais, e continuam à espe- ra que a ciência, a técnica e a economia de mercado resolva os problemas. Grita-se, mas nem por isso as igrejas se enchem! Pelo contrário, cada vez estão mais vazias. Eu sinto que a Igreja está preo- cupada em chegar aos cristãos, mas parece que a sua voz entra num ouvido a cem e sai no outro a duzentos. Existe muita leitura para formação e aprofun- damento da fé mas uma grande parte das pessoas está mais interessada nas revistas cor-de-rosa! Voltando ainda aos catecismos, a Igreja preocupa-se em actualizar cada vez mais os catecismos mas esta sociedade, farta de tudo o que diz res- peito a Deus, acha-os pesados e com muito conteúdo! Eu também acho que deviam ser mais curtos e directos! No entanto, a Igreja preocupa-se e isso é bom! Fala-se muito em catequese para adultos e seria maravilhoso. Mas será que os adultos estão interessados? É preciso repensar a maneira de chegar a esses homens e mulheres, é preciso repensar a pastoral da Igreja. Quanto à fé, acho que há muitas fezi- nhas, do estilo “eu cá tenho a minha fé”, mas à sua maneira, e não a fé da Igreja de Jesus Cristo. Cabe a Deus julgar; e a cada um de nós remar contra a maré, lançando a semente, sabendo que muita vai cair à beira do caminho, nas pedras, nos espinhos, mas esperando que algu- ma caia em terra boa e dê fruto bom e abundante. A Palavra de Deus é fonte inesgotável de vida e a todo o momento a fonte pode começar a jorrar. Por isso vou em frente e continuo a pedir ao Se- nhor da messe que mande trabalhadores para a sua messe. Maria Calvário

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Casa de Oração de Fátima

COF n.º 28 Janeiro / Março 2012

Suplemento ao Água Viva nº 41

Testemunho de uma catequistaSou catequista há 28 anos. Tudo foi

uma descoberta linda para mim. Era fácil transmitir a mensagem da Igreja aos cate-quisandos. As crianças estavam desejosas de conhecer a Boa Nova de Jesus e não punham em questão o que o catequista lhes transmitia.

Nessa altura, as crianças andavam na catequese até por volta dos 12 anos, idade com que faziam a profissão de fé. Seguia-se um interregno e voltavam depois, pelos catorze anos, para fazerem dois ou três meses de preparação para o crisma.

Os tempos foram mudando e as mentalidades também. Só que as mu-danças eram contínuas e a um ritmo alucinante. Os pais de fé e convicções fortes foram envelhecendo. E veio a nova geração de pais, embalados nas novas tecnologias e no stress da vida moderna: trabalho absorvente e a con-sequente falta de tempo para a família e para Deus.

A oração em família desapareceu de muitos lares e a Eucaristia ao domingo deixou de ser prática habitual, para a maior parte das famílias. A vida cristã passou a ser reduzida a actos pontuais, como baptismos, casamentos, profissão de fé, crisma e mais algumas festinhas. E, de tempos a tempos, uma ida a Fátima para pagar uma ou outra promessa, pro-metida nalgum aperto na vida, e Deus, para muitos dos que se dizem cristãos, passou a estar na prateleira, onde se vai comprar favores, como quem vai ao supermercado. E o tempo começou a ser dividido entre trabalho e lazer.

A Igreja foi prolongando a catequese por mais alguns anos para levar aos ado-lescentes e jovens aquilo que eles não recebiam na família. Mas aí entra a guer-ra, ainda que muitas vezes silenciosa: as crianças e adolescentes acham tudo uma

seca, e os pais apoiam, criticando tudo e todos, porque os catequistas são exigen-tes, demoram muito nos encontros de catequese. Para quê tanta coisa?!

Depois, o catequista na catequese fala às crianças de um Deus Amor, que é Pai e nos ama muito! E há uma criança

que diz que aquilo que está a dizer é tudo uma treta, porque o pai lhe disse que Deus nem sequer existe.

Procuro, como catequista, diversi-ficar as sessões com outros conteúdos, promover adorações eucarísticas, falar-lhes da Mensagem de Fátima e dos Pastorinhos; rezamos salmos e outras leituras, fazemos algumas cele-brações dentro da sala de catequese, etc. Esforço-me por estar sempre a reinventar novas formas de os cativar, e às vezes fico com a impressão que nada lhes agrada. Acabado o décimo ano de catequese, para quem lá chega, os ado-lescentes fazem o crisma, vão embora e não se vêem mais na igreja.

Agora veio a crise económica! E tudo grita, mas muito poucos reconhe-

cem que a crise é mais de valores cívicos, morais e espirituais, e continuam à espe-ra que a ciência, a técnica e a economia de mercado resolva os problemas. Grita-se, mas nem por isso as igrejas se enchem! Pelo contrário, cada vez estão mais vazias.

Eu sinto que a Igreja está preo-cupada em chegar aos cristãos, mas parece que a sua voz entra num ouvido a cem e sai no outro a duzentos. Existe muita leitura para formação e aprofun-damento da fé mas uma grande parte das pessoas está mais interessada nas revistas cor-de-rosa!

Voltando ainda aos catecismos, a Igreja preocupa-se em actualizar cada vez mais os catecismos mas esta sociedade, farta de tudo o que diz res-peito a Deus, acha-os pesados e com muito conteúdo! Eu também acho que deviam ser mais curtos e directos! No entanto, a Igreja preocupa-se e isso é bom! Fala-se muito em catequese para adultos e seria maravilhoso. Mas será que os adultos estão interessados? É

preciso repensar a maneira de chegar a esses homens e mulheres, é preciso repensar a pastoral da Igreja.

Quanto à fé, acho que há muitas fezi-nhas, do estilo “eu cá tenho a minha fé”, mas à sua maneira, e não a fé da Igreja de Jesus Cristo. Cabe a Deus julgar; e a cada um de nós remar contra a maré, lançando a semente, sabendo que muita vai cair à beira do caminho, nas pedras, nos espinhos, mas esperando que algu-ma caia em terra boa e dê fruto bom e abundante. A Palavra de Deus é fonte inesgotável de vida e a todo o momento a fonte pode começar a jorrar. Por isso vou em frente e continuo a pedir ao Se-nhor da messe que mande trabalhadores para a sua messe.

Maria Calvário

� Janeiro / Março 2012CoF

Não te inquietes pelas dificuldades da vida…Abraça o que Deus quer…Pensa que estás nas suas mãos.Quando te sentires angustiado e triste,Adora e confia.

Oração

Teilhard de Chardin SJ

Uma parábolaCorreu mundo o nau-

frágio do paquete Costa Concórdia, ocorrido nas águas calmas e repousantes do Mediterrâneo, a escas-sos metros de uma ilha italiana, chamada Giglio. Era um grande navio, tran-satlântico, com cerca de trezentos metros de com-primento, com capacidade para acolher 4890 pessoas (3780 passageiros e 1100 tripulantes). Tratava-se de um navio cruzeiro voltado para a diversão, desporto de lazer e descanso. O seu nome Concórdia simboli-zava paz e harmonia entre as pessoas e países. Um cruzeiro com estas dimen-sões está organizado por sectores, tendo cada um deles um chefe. O coman-dante quase não intervém e acaba por ser um homem de relações públicas.

No dia 13 de Janeiro, o Costa Concórdia, navegava nas águas tranquilas do Mediterrâneo, que mais parecia um lago que um mar, e seguia uma rota muitas vezes repetida. Não passava pela cabeça de nenhum passageiro ou tri-pulante que algum acidente pudesse ocorrer. Era fre-quente ouvir dizer-se: “Um cruzeiro no Mediterrâneo é absolutamente seguro.”

É certo que o coman-dante do navio, Francesco Schettino, para agradar a um passageiro que ti-nha familiares a viver na ilha Giglio, alterou a rota obrigatória, para se aproxi-mar mais da ilha para uma festiva saudação aos seus habitantes. O mesmo já se fizera noutras ocasiões e o comandante conhecia bem o mar e como das outras vezes, tudo iria cor-rer bem.

Eram cerca das 20h, quando se deu o primeiro embate do navio. Schettino estava a beber num dos

bares e continuou. Deve ter pensado: isto foi coisa de nada e os responsáveis dos sectores não tardam em resolver tudo. E con-tinuou no bar, como se nada tivesse acontecido. Só passados vinte minutos, ao que consta, deixou o bar. Do que fez em seguida, de concreto, nada se sabe. O que se sabe é que as indicações dadas pela tripu-lação aos passageiros, eram totalmente desencontradas e a confusão enorme. Havia mesmo indicações idiotas: hospedeiras a mandarem os passageiros para os ca-marotes quando já nestes, a água entrava a jorros. Provavelmente das 15 pes-soas ainda desaparecidas

farão parte passageiros que terão obedecido a tais in-dicações. No meio daquela grande confusão, caos, o

comandante, provavel-mente sentiu-se incapaz de pôr ordem no barco e abandonou-o.

Olhando este barco a

meter água por todos os lados e a enorme confusão reinante, ele bem pode ser uma parábola do velho con-tinente – a Europa. Quando se contempla esta Europa envergonhada das suas raízes cristãs e decidida a arrancá-las ou disfarçá-las o mais possível. No meio da selva dos egoísmos, pes-soais, familiares, de grupos e nações, em que cada um busca o seu próprio inte-resse e os outros que resol-vam os problemas. Quando se vê esta Europa apostada numa cultura de morte, de que é sinal a legalização do aborto, da eutanásia, tem-se o pressentimento de que a Europa perdeu o norte e já não vai a lado nenhum e está prestes a encalhar como o Costa Concórdia, se não encalhou já e já vai metendo água por todos os lados. Europa, barco à deriva, sem âncora e sem bússola.

Teremos força, alma e coração para a reerguer de novo? Talvez Vaclav Havel (ver página 4), nos aponte caminhos para esta Europa se erguer de novo.

P. Manuel

�Outubro / Dezembro 2011CoF

O mais importante na transmissão da FéO D r. F r a n c e s c o

Morrone, i ta l iano, de apenas 34 anos de idade mas já um promissor pediatra e especialista no acompanhamento da v ida intra-uter ina, fo i entrev i s tado pe la agência Zénit sobre a sua actuação junto das crianças e dos pais, e se o facto de ser católico, tinha alguma influência na relação que estabe-lecia. Referiu que sim, dando destaque ao Mé-

dico da Alma, Aquele que “…cura as doenças mais graves, as únicas que podem levar à mor-te, com M maiúscula, a morte eterna.”

Quase no f i na l da entrevista foi-lhe per-guntado se o ano da Fé, a ter início no próximo mês de Outubro, seria uma boa oportunidade para redescobrir a força e a beleza da Fé. Disse que sim, mas acrescen-tou algo, deveras no-

tável: “ Somente quem reza realmente tem fé e quando a tempestade chega , o so f r imento , s e n ã o t e m o s r a í z e s profundas, a nossa fé vacila e a nossa casa é des t ru ída ! Não ex i s -tem culturas catól icas que se mantenham: o c r e r g e n e r i c a m e n t e em Deus não basta. Se não O buscamos quo-t id ianamente , se não confiamos plenamente n’Ele, e se, às vezes não

[“brigamos”] com Ele, não amadurecemos na fé.” E termina deixando esta mensagem aos lei-tores: “A fé é um dom maravilhoso da bondade de Deus e não uma con-quista pessoal, gloriosa. Um dom que Deus dá a todos, basta estar dis-ponível e abandonar-se n’Ele.”

( E n t r e v i s t a p u -bl icada em Zenit de 9/02/2012)

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Assinale com um X a periodicidade do seu donativo:

Trimestral: 15 euros Semestral: 30 euros Anual: 60 euros

Destacar pelo picotado (ou Fotocopiar) e enviar para:

FUNDAÇÃO MARIA MÃE DA ESPERANÇA

Rua da Barrada, nº 2; Loureira; 2495-124 SANTA CATARINA DA SERRA - Tlm.: 969 310 272

BOLETIM DE ADESÃO AOS AMIGOS DA CASA DE ORAÇÃO DE FÁTIMA (AMICOF)

Centelhas de vidaO Filho de Deus se faz

homem para nos servir de caminho. Percorrendo o caminho de sua huma-nidade, chegaremos à di-vindade.

Santo Agostinho

Conhece, ó alma di-gna, que és imagem de Deus; conhece que és a glória de Deus; conhece então tua grandeza e sê vigilante.

Santo Ambrósio

Não desistas nunca: Nem quando o cansaço se fizer senti; nem quando os teus pés tropeçarem; nem quando os teus olhos arde-rem; nem quando os teus esforços forem ignorados; nem quando a desilusão te abater; nem quando o erro te desencorajar; nem quando a traição te ferir; nem quando o sucesso te abandonar; nem quando a ingratidão te desconsertar; nem quando a incompreen-são te rodear; nem quando a

fadiga te prostrar; nem quan-do tudo tenha o aspecto do nada; nem quando o peso do pecado te esmagar… Invoca Deus, cerra os punhos, sor-ri… E recomeça!

S. Leão Magno

Tenha em cada dia: uma lágrima para todas as dores; um sorriso para todas as ale-grias; um perdão para todas as ofensas; uma mão, que se estenda a todas as necessida-des; um coração, que ame

todos os homens; uma oração para todas as horas.

Alfonso Milagro

Deus serve-se dos ven-tos contrários para nos conduzir ao porto.

Charles de Foucauld

Começa por fazer o que é necessário, depois o que é possível e de repente estás a fazer o impossível.

S. Francisco de Assis

Filomena Mendes coligiu

� Janeiro / Março 2012CoF

Clarividência

Suplemento ao Água Viva nº 41Esta publicação faz parte integrante da publicação Água Viva, não podendo ser distribuída separadamente.

A Fundação já deu satisfação às observações da Câmara Municipal de Leiria ao projecto arquitectónico. Conti-nuamos a aguardar o licenciamento da Câmara, que esperamos, não tarde. De vez em quando surge a pergunta: “Já começou a nossa obra?” Esperamos iniciá-la, muito em breve.

Transcrição de COF 27 34 942, 08 €

Amigos da Casa de Oração de Fátima (AMICOF)Donativos simples 2 850,00€

Donativos extraordinários 2 307,50€ Soma total 40 099,58€

As comparticipações pecuniárias podem ser enviadas em cheque ou vale de correio para a sede da FMME, ou simplesmente depositadas na conta do Montepio Geral:

Depósitos nacionais - NIB: 003602309910001918440.Depósitos internacionais - IBAN: PT50003602309910001918440Estes donativos são dedutíveis em sede de IRS / IRC, no âmbito da legislação portuguesa em vigor. No entanto,

agradecemos que todas as pessoas nos façam chegar o seu número de identificação fiscal (número de contribuinte), para ser colocado no respectivo recibo.

Campanha de angariação de fundos

Vaclav Havel, (1936-2011) falecido a 18 de Dezembro último, em Pra-ga, onde também nasceu, foi escritor, intelectual e dramaturgo, o último Pre-sidente da República Che-coslováquia e o primeiro da Checa. Do seu legado humanista e espiritual, realço: Havel disse que estamos a desenvolver de-senfreadamente a primeira civilização ateia e que se “perdeu a conexão com o infinito e a eternidade”; preferimos o ganho a curto prazo; somos arrogantes, achando que em breve, vamos saber tudo; ingra-tos (“esquecemos o que as anteriores civilizações

sabiam”); e lembra: a recente crise financeira e económica “é um aviso contra a desproporcio-nada autoconfiança e o

orgulho da civilização moderna”, é “como um pequeno apelo à humil-dade”; não somos Deus

(a nossa “estúpida con-vicção de omnisciência”). Dizia-se “meio crente”, tinha a “certeza de que tudo no mundo não é

apenas efeito do acaso”: “estou convencido de que há um ser, uma força velada por um manto de

mistério. E é o mistério que me fascina.” Falava em “transcendência”, que considerava ser “a única alternativa real à extin-ção.” E dizia que tudo se deve orientar por valores éticos e espirituais, tam-bém na política. E acre-ditava que a Humanidade ainda teria de passar por mais sofrimento “antes de compreender quão incri-velmente míope é um ser humano ao esquecer que não é Deus.”

É raro encontrar tanta clarividência. Cativou-me. Tinha de partilhar com os leitores do Água Viva.

P. Manuel