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Suporte Avançado de Vida em Cardiologia Edição 2010 RITMOS DE PARADA EM ADULTOS EVENTO HOSPITALAR Ritmos Não-Chocáveis Atividade Elétrica sem Pulso-AESP / Assistolia *Daniel Valente Batista Paciente de 64 anos, internado na enfermaria de clínica médica do seu Hospital, evolui com irresponsividade. Familiar entra no corredor desesperado, gritando: ‘Meu pai está morrendo! Socorro!’. Às 06h55min, faltando poucos minutos para acabar seu plantão, a auxiliar de enfermagem vai chamá-lo para avaliar o doente. O que fazer? PASSO 1 - Garantir a segurança da cena. PASSO 2 Testar a responsividade do doente. Posicione-se próximo à cabeça do paciente e movimente seus ombros com suas mãos, de maneira firme, e pergunte: ‘Senhor, você está bem? Você me ouve?’. Se o paciente não responder, siga para o próximo passo. Não se usam mais aquelas desconfortáveis manobras de torção mamilar, compressão esternal ou de leito ungueal. PASSO 3 - Caso o mesmo não responda, OBSERVE SUA RESPIRAÇÃO: se o doente não respira, ou respira de maneira anormal (gasping), vá para o passo seguinte. PASSO 4 Chame ajuda e peça por um cardiodesfibrilador, urgente. Se você estiver só com o paciente na sala, saia para pedir ajuda; do contrário, peça para alguém fazê-lo. Lembre-se: caso a pessoa que você selecione para essa função seja um leigo, p.e. um acompanhante do paciente, seja claro no que você quer e o oriente que peça ao pessoal da Enfermagem o ‘APARELHO DE CHOQUE’. Dificilmente ele irá se esquecer de avisar à equipe que o médico precisa do aparelho de choque, ao passo que memorizar o nome cardiodesfibrilador poderá fazê-lo esquecer e aí você perderá segundos preciosos. PASSO 5 Por ser profissional de Saúde habilitado, você poderá checar o pulso carotídeo do paciente do lado ipsilateral ao seu, mas não por mais de 10 segundos. Se não conseguir palpar o mesmo, siga adiante. PASSO 6 - Comece a Reanimação CardioPulmonar (RCP) por meio das compressões torácicas efetivas na freqüência de 30 compressões para 2 incursões *Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Oficial do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro. Ex-integrante da Liga do Coração.

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  • Suporte Avanado de Vida em Cardiologia Edio 2010

    RITMOS DE PARADA EM ADULTOS EVENTO HOSPITALAR

    Ritmos No-Chocveis Atividade Eltrica sem Pulso-AESP / Assistolia

    *Daniel Valente Batista

    Paciente de 64 anos, internado na enfermaria de clnica mdica do seu

    Hospital, evolui com irresponsividade. Familiar entra no corredor

    desesperado, gritando: Meu pai est morrendo! Socorro!. s

    06h55min, faltando poucos minutos para acabar seu planto, a auxiliar

    de enfermagem vai cham-lo para avaliar o doente. O que fazer?

    PASSO 1- Garantir a segurana da cena.

    PASSO 2 Testar a responsividade do doente. Posicione-se prximo cabea do

    paciente e movimente seus ombros com suas mos, de maneira firme, e pergunte:

    Senhor, voc est bem? Voc me ouve?. Se o paciente no responder, siga para

    o prximo passo. No se usam mais aquelas desconfortveis manobras de toro

    mamilar, compresso esternal ou de leito ungueal.

    PASSO 3- Caso o mesmo no responda, OBSERVE SUA RESPIRAO: se o

    doente no respira, ou respira de maneira anormal (gasping), v para o passo

    seguinte.

    PASSO 4 Chame ajuda e pea por um cardiodesfibrilador, urgente. Se voc

    estiver s com o paciente na sala, saia para pedir ajuda; do contrrio, pea para

    algum faz-lo. Lembre-se: caso a pessoa que voc selecione para essa funo

    seja um leigo, p.e. um acompanhante do paciente, seja claro no que voc quer e o

    oriente que pea ao pessoal da Enfermagem o APARELHO DE CHOQUE.

    Dificilmente ele ir se esquecer de avisar equipe que o mdico precisa do

    aparelho de choque, ao passo que memorizar o nome cardiodesfibrilador poder

    faz-lo esquecer e a voc perder segundos preciosos.

    PASSO 5 Por ser profissional de Sade habilitado, voc poder checar o pulso

    carotdeo do paciente do lado ipsilateral ao seu, mas no por mais de 10

    segundos. Se no conseguir palpar o mesmo, siga adiante.

    PASSO 6- Comece a Reanimao CardioPulmonar (RCP) por meio das

    compresses torcicas efetivas na freqncia de 30 compresses para 2 incurses

    *Mdico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cear. Oficial do Servio

    de Sade do Exrcito Brasileiro. Ex-integrante da Liga do Corao.

  • Ventilatrias, a serem feitas com dispositivo de Bolsa-Valva-Mascara ou

    interface boca-valva-boca. Caso no haja dispositivo no momento, podem-se

    pular as ventilaes e executar apenas compresses torcicas, na freqncia de,

    PELO MENOS, 100 por minuto.

    Observe que voc inicia a RCP direto com a compresso torcica e no mais com

    a abertura de via area atravs da hiperextenso cervical ou anteriorizao da

    mandbula, e tambm no executa mais a manobra do VER-OUVIR-SENTIR.

    Esses passos foram excludos, pois geravam muitas dvidas nos socorristas

    (mesmo em mdicos treinados) e atrasavam a manobra mais importante de toda

    RCP: Compresses Torcicas Efetivas.

    A sequncia a ser seguida agora a C A B.

    Mas o que vem a ser uma Compresso Torcica Efetiva? Para que o estmulo

    compressor seja efetivo, ele deve seguir alguns princpios essenciais:

    1) Posio adequada do Socorrista: o socorrista deve entrelaar as mos, de

    maneira que a poro hipotenar (ou calcanhar) da mo dominante entre em

    contato direito com a regio esternal a 2 dedos do manbrio do esterno, ou,

    aproximadamente, na regio da linha intermamilar. Os cotovelos do mesmo

    devem estar estendidos, e os membros superiores entrelaados devem fazer um

    ngulo de 90 com o corpo da vtima. Observe tambm que a fora para as

    compresses vem da contrao dos msculos da coluna vertebral e no da

    musculatura do membro superior.

    Figura 1 - Esquema acima demonstrando o local correto de se exercer as compresses torcicas, a regio hipotenar da

    mo (ou calcanhar da mo), o correto entrelaamento dos dedos e a posio do membro superior do socorrista em

    relao ao trax do doente. Retirado de: http://www.portalenf.net/guide_15_Reanimacao-cadiorrespiratoria.html

    2) Velocidade de compresso: pelo menos 100 compresses por minuto

    3) Intervalo adequado: entre cada compresso, deve ser permitido o retorno

    completo do trax a sua posio inicial

    4) Profundidade: cada compresso deve se aprofundar pelo menos 5 cm

  • 5) Em se tratando de pacientes internados, LEMBRE-SE DA TBUA RGIDA

    entre o paciente e seu leito! Afinal, sem a superfcie rgida, a massagem fica

    ineficaz!

    E como se d o controle sobre as ventilaes do paciente? Como saber se esto

    efetivas? Observe os princpios essenciais:

    1) Se o paciente no tem uma via area segura, o mesmo dever ser ventilado

    numa frequncia de 30:2 com um dispositivo de Bolsa-Valva-Mscara-

    Reservatrio com Fluxo de 02 de 15 l/min.

    2) Caso haja via area obtida por meio de combitubo, mscara larngea,

    intubao orotraqueal ou via traquestomo, deve-se realizar 1 ventilao a cada

    6-8 segundos, sem necessidade de pausas nas compresses torcicas.

    3) No h necessidade de se utilizarem grandes volumes, inclusive essa prtica

    danosa ao paciente. Dever ser feito uso do volume de ar necessrio para

    elevao visvel do trax.

    4) A ventilao dever durar cerca de 1 segundo, e o responsvel pela mesma

    dever permanecer calmo e no deixar que sua vontade de ajudar transforme-se

    numa hiperventilao descontrolada.

    Aps cerca de 60 segundos, chega ao local a enfermeira, junto a 3

    auxiliares de enfermagem, trazendo o carrinho de parada e o

    cardiodesfibrilador. At ento, o nico profissional de sade presente

    na cena era voc, mdico plantonista. E agora?

    Bem, a partir do momento que existe um time de parada, algumas noes de

    comunicao dentro da equipe so fundamentais. O ACLS preconiza o sistema

    de ala-fechada de comunicao. Nesse sistema, o lder da equipe (em geral o

    Mdico, quando presente) determina funes de maneira precisa e nominal aos

    outros auxiliares, e estes respondem tambm de maneira precisa ao mesmo. Por

    exemplo, os assistentes sero denominados de 1,2,3 e 4.

    Exemplo: Mdico: Assistente 1 (A1), puncione um acesso venoso no doente.

    A1: Estou puncionando acesso. Acesso Puncionado

    Mdico: A1, prepare 1 ampola de adrenalina.

    A1: 1 ampola de adrenalina 1 mg preparada!

    Mdico: A1, aplique 1 ampola de adrenalina seguida de flush de 20 ml SF 0,9%

    no acesso e eleve o membro aps a aplicao.

  • A1: Adrenalina feita.

    A comunicao em Ala-fechada evita, ou, pelo menos, se prope a evitar,

    confuso de tarefas a serem executadas no momento da PCR, no qual no se

    definem o executor de cada atividade e, assim, ficam acumulando-se funes

    diversas para um mesmo profissional. Por exemplo, o mdico que fica

    massageando, ventilando e coordenando a parada. A Enfermeira que fica

    ventilando, contando o tempo e preparando medicao. Isso leva, quase sempre,

    a um mau desfecho, no qual poucos fazem muito e fazem mal

    importante observar tambm que, a partir do momento da chegada da equipe, o

    lder (idealmente) sai de uma posio de executor para a de coordenador da

    equipe e, se possvel, deve at afastar-se um pouco do paciente, de maneira que

    possa coordenar/orientar aes a serem tomadas, de uma maneira mais clara e

    com raciocnio mais lgico. visvel que, quando prximo ao paciente, o lder

    tende a querer executar tarefas (checar ritmo, ajudar a puncionar um acesso, fazer

    compresses torcicas) e esses atos visivelmente prejudicam a avaliao da

    seqncia de reanimao. Obviamente, dever ser avaliada a quantidade de

    membros na equipe.

    PASSO 7 Determinar tarefas. Agora sua equipe conta com 5 profissionais.

    Divida as funes:

    A1 Voc tente puncionar um acesso venoso.

    A2 Assuma as compresses torcicas na freqncia de 30: 2

    A3 Assuma a ventilao com Bolsa-Valva-Mscara com Reservatrio a 100%

    com 15 litros/O2 por minuto. Lembrem-se, A2 e A3, de trocar suas funes a

    cada 2 minutos de RCP

    A4 Conte o tempo de parada e registre as drogas feitas e me avise ao final de

    cada ciclo de 2 minutos

    PASSO 8 Verifique o ritmo do paciente. Pegue o cardiodesfibrilador na funo

    ps, aplique gel condutor, posicione corretamente as ps sobre o trax (em geral

    coloca-se uma p no apex e outra na regio paraesternal direita) e cheque o ritmo,

    o paciente est parada h cerca de 90 segundos. Nesse momento pode haver um

    erro relativamente comum em relao funo ps. Existem, nos desfibriladores,

    botes para selecionar a derivao escolhida: DI, DII, DIII, aVF,aVR, Avl e

    PS. Se voc no colocar a funo PS, no ir conseguir o traado adequado e

    poder se desesperar e sair gritando: tragam outro aparelho, esse est

    quebrado!. Parece simples (e realmente ), mas no raro que, na hora da PCR,

    o mdico esquea esse detalhe salvador.

  • O Monitor do Cardiodesfibrilador mostra o ritmo baixo:

    Figura 2 - Assistolia

    ou

    Figura 3 Atividade Eltrica sem pulso

    Veja que os ritmos elencados acima caracterizam ritmos de parada NO

    chocveis e, nesse momento, a RCP bem feita, utilizao precoce de drogas e os

    5H e 5Ts das causas reversveis de PCR.

    PASSO 9 - Puncione um acesso venoso (se que o paciente j no est com um)

    ou garanta que o acesso existente funcionante. De pronto, pea para seu auxiliar

    preparar e fazer uma dose de Epinefrina/Adrenalina 1mg que dever ser repetida

    de 3-5 minutos.

    Voc: A1 Prepare uma ampola de adrenalina de 1 mg.

    A1: 1 ampola de adrenalina preparada

    Voc: Administre 1 ampola de adrenalina + 20 ml de SF 0,9% em flush e eleve

    o membro do paciente aps

    A1: 1 ampola de adrenalina feita

    PASSO 11 Monitorize o paciente com os eletrodos e, em caso de uma

    ASSISTOLIA, lembre-se de fazer o protocolo do CA-GA-DO!

    Esse protocolo baseia-se em:

  • CAbos: cheque os cabos do monitor ou do cardiodesfibrilador para ver se esto

    todos conectados no paciente e aos aparelhos. Afinal, se no houver essa

    conexo, bvio que se ter assistolia!!

    GAnhos: s vezes, o paciente tem muito tecido corporal entre o miocrdio e os

    eletrodos (obesos, atletas com musculatura avanada, pacientes com DPOC, etc)

    e a, por vezes, o seu traado no fica bem capturado e no aparece de maneira

    ideal no monitor. Para isso, aumenta-se o ganho, ou seja, a capacidade do

    aparelho em ampliar o ritmo representado pelos nmeros N/2, N e 2N. Assim,

    coloque o ganho no mximo permitido, em geral, 2N, e reavalie se h, de fato,

    assistolia, e no um Fibrilao Ventricular Fina.

    Derivao: Mude a derivao avaliada. s vezes, o eixo resultante do QRS em

    um paciente fibrilando encontra-se perpendicular derivao habitual que se

    avalia no modo PS (que DII). Ento, desloque a P ESTERNO, que

    habitualmente fica na posio paraesternal direita, em sentido caudal at a altura

    do Hipocndrio Direito e a P PEX, que habitualmente fica na regio de

    pice cardaco, em sentido cranial na regio paraesternal esquerda, conforme a

    foto.

    Figura 4 - A figura acima ilustra o passo que deve ser feito sobre a derivao. A imagem sua esquerda representa a

    posio habitual em que as ps do Cardiodesfibrilador so colocadas no trax do paciente. Nesta posio a derivao

    avaliada DII, onde se mede a diferena entre o brao direito e o membro inferior. Na executar a troca das ps de de

    acordo com a figura a direita, muda-se em o eixo avaliado para Avl, que a derivao do plano frontal perpendicular

    a DII.

    Se, aps checar Cabos, Ganhos e Derivaes, o ritmo permanece em Assistolia,

    porque , de fato, uma assistolia real.

    PASSO 12 Comece a imaginar qual causa reversvel de PCR esse paciente

    poderia estar tendo. Para isso, uma sada pedir o pronturio do doente e dar

    uma rpida anlise da prescrio e ltimos exames, ou perguntar se h algum da

    equipe, no momento, que est acompanhando o caso da paciente e que possa

    ajudar. Essa pessoa pode ser at o acompanhante! .p.e Dr, ela tem problema

    renal, dialisa ou Dr. Ela foi operada h 10 dias de um implante ortopdico.

  • Essa uma hora em que o curso do ACLS no to claro, e ai que seu

    conhecimento da vida diria e raciocnio clnico iro fazer a diferena. Talvez

    seja no algoritmo de AESP/Assistolia que voc, mdico, far a maior diferena

    em uma reanimao. As causas so:

    Causa 5Hs Racional Conduta - Imediata

    Hipovolemia Paciente estava com histria de

    diarria?Algum sangramento clnico

    visvel? Recebeu sangue, tinha

    hemoglobina baixa nos ltimos

    exames?? Teve muitos vmitos?? Era

    uma doente sptica?

    Acesso Venoso (idealmente dois) e

    infuso rpida de cristalides

    AQUECIDOS. Considere 1-2 litros

    inicialmente.

    Hipxia Veja o histrico das anotaes de

    enfermagem a respeito de saturao de

    O2. Pergunte ao acompanhante se

    antes de parar o doente estava

    cansado, com extremidades

    arroxeadas. Ele estava usando suporte

    de O2? Havia, por exemplo, uma

    venturi ou uma mscara reservatrio

    na face do paciente quando voc

    chegou? Esses dados podem sugerir

    um paciente com Insuficincia

    Respiratria Grave que parou por

    hixia.

    Garanta o suporte de O2 para oxigenar e

    ventilar o doente. Veja que, na parada

    FV/TV, uma ventilao efetiva com

    bolsa-valva-mscara-reservatrio era o

    bastante (desde que fosse efetiva, ou

    seja, ocorresse elevao do trax). Neste

    caso, pode-se tentar ela, mas H

    CERTA PREFERNCIA em se fazer

    uma VIA AREA AVANADA, ou

    seja, Intubao Orotraqueal, Mscara

    Larngea ou Combitudo. Cuidado para

    no confudir Via Area Avanada (que

    pode ser supra ou infragltica) com via

    area definitiva (que uma infragltica

    com balonete insuflado)

    H+ - Acidose Procure a ltima gasometria arterial

    do doente e cheque o Ph. Ele era um

    doente renal? Ele dialisava? O

    enfermeiro ou acompanhante

    facilmente podem responder a esse

    questionamento.

    Faa Bicarbonato de Sdio EV 1ml por kg in bolus

    Hipo-

    Hipercalemia

    Cheque os ltimos exames de Potssio

    do doente registrados em pronturio.

    Procure na evoluo de doena renal

    ou dilise, da mesma forma que feito

    para o item acidose. Olhe para o

    Monitor do doente e analise o ritmo.

    Voc enxerga as ondas sinusoidais da

    Hipercalemia grave?

    Aplique imediatamente o Glucona de

    Clcio a 10% - 1ampola in bolus. Essa

    medida no baixa o potssio srico.

    Contudo, elimina os efeitos deletrios da

    atuao do potssio

    Hipotermia No muito comum no nosso meio,

    mas pode acontecer com as vtimas de

    afogamento ou nos doentes

    traumatizados.

    Aquecimento ativo com cristalide

    aquecido, DESLIGAR O AR

    CONDICIONADO, Cobrir com mantas

    trmicas.

  • Causas - 5 Ts Racional Conduta-Imediata

    Tenso no Trax Pneumotrax

    Hipertensivo

    Veja o ambiente em que ele parou: voc

    est recebendo um doente vtima de

    traumatismo no trax na sala de parada

    do IJF? um doente clnico com acesso

    central? Quando foi que foi puncionado?

    Teve relato de dificuldade para

    puncionar? H um raio-x de controle que

    voc possa ver? Olha a traquia do

    doente e veja se h desvio. Se ele j

    estiver com uma via area ausculte o

    mesmo enquanto algum ventila H abolio do murmrio?? RACIOCINE!

    Toracocentese de alvio no 2

    Espao Intercostal da Linha

    Hemiclavicular. Para isso pegue

    um jelco (14-16) coloque em uma

    seringa de 20 ml com 10 ml de SF

    0,9%, faa o procedimento e

    observe o borbulhamento na

    seringa. Logo aps, desconecte a

    seringa do jelco e o deixe l

    enquanto se providencia a

    drenagem do trax.

    Tamponamento

    Cardaco

    Qual enfermaria que ele parou? Cirurgia

    Cardaca? Cardiologia? Ele fez algum

    procedimento cardaco esses ltimos

    dias? Facilmente a acompanhante ou o

    enfermeiro podem lhe dizer isso. Porque

    ele tava internado? Era um renal com

    gua no corao?

    Proceda a pericardiocentese. Para

    isso, utilize uma seringa de 20ml

    conectada a um jelco calibroso e

    perfure o trax logo abaixo e a

    esquerda do apndice xifide em

    direo ao ombro esquerdo do

    doente e sob MONITORIZAO

    eletrocardiogrfica constante.

    Toxinas Esse doente chegou na emergncia com

    histria de tentativa de suicdio? Tomou

    alguma medicao? Fez uso de opiide

    ou benzodiazepnico em excesso( por

    exemplo, aps uma anestesia?)

    Tente identificar alguma droga e

    aplique seu respectivo antdoto, se

    existir:

    Flumazenil Benzodiazepnicos Naloxone Opiides Atropina Carbamantos (Chumbinho)

    Trombose

    Pulmonar

    Doente em PO de cirurgia ortopdica,

    intraabdominal, ginecolgica? Estava

    hipotensa e taquidispnica antes de

    parar? Aqui vale ressaltar que, apesar de

    o treinamente feito no ACLS pressupor

    que voc s est tendo contato com a

    vtima aps ela ficar irresponsiva, na

    vida real isso pode ser diferente e, s

    vezes, isso melhora a situao em seu

    favor. Por exemplo, voc pode ter sido

    chamado para avaliar um doente

    taquidispnico, hiposaturando e com

    hipotenso aps um PO de cirurgia

    ortopdica e que, enquanto voc o

    avaliava, entra em PCR. Nesse caso,

    voc rapidamente ir pensar em um

    TEP. Ento sempre valorize a situao

    clnica em que voc est envolvido!

    Paciente com PCR por

    tromboembolismo macio tem de

    ser submetida a tromblise

    qumica imediata. Contudo,

    sabemos da gravidade em que se

    encontra o doente acometido por

    essa enfermidade. O que se deve

    fazer tentar rastrear esse doente

    antes que ele evolua para PCR, na

    fase em que se encontra

    taquidispnico e hipotenso.

    Trombose

    Coronria

    Histria de Dor Torcica! Tromblise/ Sala de

    Hemodinmica

  • OBS: Hipoglicemia no faz mais partes dos Hs das causas reversveis de PCR.

    PASSO 13 Baseado no seu raciocnio clnico, tome as condutas necessrias

    para reverter a situao e CONTINUE mantendo a RCP com 30:2 (caso voc no

    tenha obtido uma via area definitiva) ou, pelo menos, 100 compresses por

    minuto, associadas a 1 ventilao a cada 6-8 segundos, com o dispositivo de via

    area avanada, de maneira assncrona com as compresses, e que permitam

    elevar visivelmente o trax. REFORO QUE NO SE DEVE USAR SUA

    VONTADE DE AJUDAR O DOENTE COM HIPERVENTILAO!!!!!!

    Sempre que possvel, utilize a capnografia associada a seu dispositivo de via

    area avanada.

    PASSO 14 - Passado 5 ciclos de 30:2 ou 2 minutos, reavalie novamente o ritmo

    do doente. Se chocvel ,siga o PASSO 15. Se continua no chocvel, lembre-se:

    Trocar os papis de compresso e ventilao, sempre atentando para que se faa

    uma massagem de alta eficcia e uma ventilao efetiva conforme explicado no

    PASSO 6.

    Pedir para o auxiliar responsvel pelas medicaes ir deixando preparada a

    prxima ampola de adrenalina.

    Lembre-se: ATROPINA no faz mais parte do algoritmo de AESP/Assistolia e

    no deve ter seu uso feito de rotina!

    PASSO 15 Caso o paciente evolua para um ritmo Chocvel, siga no protocolo

    de Suporte Avanado de Vida para ritmos chocveis FV/TV, conforme texto

    especfico.

    PASSO 16 Caso o paciente retorne a vida, submeta-o aos Cuidados Ps-

    Parada, conforme texto especfico.

    ERROS/FALHAS COMUNS

    1) Falta de equipe completa para realizar a reanimao. A grande realidade

    brasileira conta com 2 ou 3 profissionais para realizar um atendimento que

    necessita de , pelo menos, 5 pessoas.

    2) Falta de treinamento dos demais profissionais de sade, eventualmente at

    dos prprios mdicos, que, desatualizados e sem os protocolos na cabea,

    quase que nem nvel medular, lentificam o processo de reanimao,

    atrasam os procedimentos necessrios e deixam de executar corretamente

    as compresses torcicas. Assim sendo, no adianta muito s voc,

    mdico, estar capacitado se sua equipe no tiver noes de BLS. Uma

    andorinha s no faz vero.

  • 3) CHOCAR RITMOS NO-CHOCVEIS! Apesar de isso parecer

    absurdo, eventualmente, observa-se colegas desatualizados que, apesar da

    boa inteno, acabam sendo iatrognicos e perdendo preciso tempo de

    RCP aplicando choque que sero, em 100% das vezes, infrutferos.

    4) No conferir os Cabos, Ganhos e Derivaes na assistolia. Por exemplo,

    voc passa a noite na enfermaria e, ao entrar no quarto de um doente,

    observa o monitor em assistolia. Acreditando piamente no aparelho, pede

    ajuda e se prontifica a iniciar as compresses. Na primeira compresso

    torcica, o paciente logo acorda assustado e com uma baita dor no trax.

    Por isso, assistolia = CA-GA-DO.

    5) Falta de PREVENAO DE PCR. Quando se fala em AESP/Assistolia,

    est-se falando de causas reversveis ou detectveis de eventos dantescos.

    No custa nada checar o ltimo potssio daquele paciente da enfermaria

    que, por algum contratempo, no foi dialisar no dia previsto. No custa

    seguir a determinao clssica de se solicitar um RX de Trax aps a

    puno de um acesso em subclvia. Lembrar-se sempre da PROFILAXIA

    para TEP nos doentes clnicos, sempre que indicado.

    Todas essas medidas so vlidas, haja vista que a grande maioria das

    AESP/Assistolias ocorrem em ambiente intra-hospitalar e, muitas vezes,

    por negligncia dos profissionais assistentes.

    Por isso, PENSE NOS 5Hs e 5Ts antes MESMO DA PARADA! Faa

    disso uma tarefa diria com o seu doente!

    6) Falta de checagem de material antes de acontecer o evento. Ao assumir

    seu planto em um Servio de Emergncia, cheque se o Desfibrilador

    Funciona, se o carrinho est equipado, se o laringoscpio est com pilhas

    funcionando. Os equipamentos de Reanimao CardioPulmonar devem

    ser considerados itens tais quais extintores de incndio: Esperamos nunca

    precisar utiliz-los, mas sempre devem estar sempre prontos para uso.

    7) Afobao na ventilao, muitas vezes cursando com Hiperventilao. Isso

    muito comum quando o paciente est com tubo orotraqueal e voc

    observa quem est na ventilao com uma frequncia de 1 ventilao a

    cada 1 ou 2 segundos, quando o preconizado de 1 ventilao a cada 6

    segundos. Chega a ser dantesco!

    8) Desesperar-se porque no pode chocar o doente. Justamente na

    AESP/Assistolia que a calma de quem coordena a parada se faz

    preponderante. Afinal, o raciocnio clnico na busca pela causa reversvel

    fundamental

    9) Fazer Atropina na AESP/Assistolia!

    10) Por fim, cabe lembrar a discusso sobre a distansia. Muitos pacientes que

    param em AESP e Assistolia so doentes j em fases avanadas e

  • irreversveis de doenas clnicas e esto internados para paliao. Por isso,

    ajude ao seu colega plantonista. Converse com a famlia e com o prprio

    paciente a respeito da no reanimao e obtenha um consentimento

    informado, mesmo que o doente esteja aparentemente bem. ESCREVA

    ISSO em sua evoluo diria e no Pronturio; do contrrio, as palavras

    no escritas podem ir ao vento! Evite que um doente sem indicao seja

    submetido a reanimao cardiopulmonar, intubao e outras medidas

    invasivas que s iro prolongar o sofrimento!

    BIBLIOGRAFIA

    1) 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary

    Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science. Circulation

    November 2, 2010, Volume 122, Issue 18 suppl 3

    2) Suporte Avanado de Vida em Cardiologia ACLS Curso para o Aluno

    Instituto Paulista de Treinamento e Ensino /IPATRE American Heart

    Association, ministrado em 2012.1

    3) Destaques das Diretrizes da American Heart Association 2010 para RCP e

    ACE. Editor: Hazinski MF, MD. Highlights da American Heart Association.

  • Figura 5 Algoritmo circular do Suporte Avanado de Vida. Veja que na PCR em ASSISTOLIA/AESP as mudana bsicas elencadas so: 1) no se usa amiodarona 2) NO SE FAZEM CHOQUES. No restante, os

    cuidados com as causas reversceis, compresses torcicas de alta eficcia, ventilao adequda e frequncia de

    30:2 (com troca de funes a cada 2min ou 5 ciclos) continuam. Mais uma vez lembre que via area avanada

    no a mesma coisa de via area definitiva. A avanada pode ser um dispositivo extra-gltico, como mscara

    larngea ou combitube, ao passo que a definitiva pressupem um tubo infra-gltico com balonete insuflado, no

    caso de IOT. Na Parada, intubar um doente no essencial, desde que ele esteja ventilando bem com a bolsa

    valva-mscara ou o dispositivo extra-gltico. Figura retirada dos Highlights da American Heart Association

    2010.