Sussurros Do Subsolo

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    SSuussssuurrrrooss ddoo ssuubbssoolloo

    Daniel Luporini

    2013

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    Vida pobre

    Levantar a lngua,

    Morder o pauzinho,

    Tremer e tremer muito.

    Pronto, mais uma sesso de eletroconvulsoterapia.

    Terapia?

    Terapia tem de doer?

    Terapia destri minha memria?

    Terapia, terapia,

    Prefiro terapia fitoterpica!

    Pelo menos no di nem me deixa abobalhado!

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    Bola inchada

    Incha, incha pancinha que tanto amo,

    Tu s minha, minha fofura eterna, s minha, de mais ningum.

    Ouo suas pernadinhas, qui, suas cabeadinhas...

    Amo-te antes de nasceres.

    Amo-te fraternalmente,

    Tal qual So Francisco de Assis amou Santa Clara.

    Amo-te, amo-te.

    Ainda no sei o seu nome,

    Tampouco a espessura de suas bochechinhas,

    Mas amo-te, amo-te,

    Tal qual a lagartixa se entrega ao brilho e quentura do sol.

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    O luar

    Quantas vezes o luar amainou meu sofrimento e de todos os desvalidos que, do lado de c, raras

    vezes podem contemplar a beleza.

    Minguante, nova, crescente, cheia, no importa,

    Tudo o que importa fazer bem s retinas,

    Diminuir o dio,

    A insana vingana,

    A insensatez de uma vida torta.

    Torta sim:

    Mas sempre pendendo esquerda, sempre esquerda.

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    Na praia

    Com toda licenciosidade, descalando minhas chinelas, bem como pedindo licena a todos, me

    coloco a banhar.

    gua fria, ms de julho, gua corta, quase faz sangrar...

    Adicto que adicto no pode dar um peguinha,

    Tampouco, meter o nariz onde no se deve e beber um golhinho de Maria louca.

    Mas tudo bem, se eu no ca num estupro ou espancamento domstico (Maria da Penha).

    Eu t em casa, minha doce e estimada casa, que h tantos anos conheo, mesmo dormindo na praia, t

    tudo em casa, sempre em casa...

    At quando longe de meu lar? Nem meu orix sabe!

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    O sol

    Saindo da faixa tudo o que sinto o calor do sol da manh.

    Doce quentura,

    Doce fulgor,

    Grande alegria,

    Amarga esperana...

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    Saidinha

    Um ano e meio internada, doutor, acho que mereo uma saidinha.

    Trs horas sublimes:

    Muito sol, calor, sorvete, alegria de no ter mais de ver aqueles muros horrveis,

    E para voltar?

    Fuga? Jamais!

    Sou obesa e inapta a corridas...

    Fazer o qu?

    Resignar-me e esperar que numa prxima manh ensolarada eu tenha a minha benfazeja alta. E

    terei!

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    Orao a So Jorge

    Cordas e correntes arrebentem sem meu corpo amarrar,

    E nem mesmo pensamentos eles possam ter para me fazerem mal...

    Pois em...

    Volta pra cela vadia!

    Voltar, se eu nem acabei de sair?

    Vadia vadia em qualquer lugar do mundo, at na Capadcia!

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    Influncias (boas ou deletrias)

    Ghandi? Um tolo oriental.

    Nietzsche? Um sifiltico de pobre viso.

    Kant? Gnio que s no sabe escrever.

    Cristo? Um pobre coitado que s inspira comiserao.

    Schopenhauer? Gnio!

    O velho? Nada alm de um pobre mrtir.

    Olga? Guerreira, porm, de horizonte simblico parco.

    Getlio Vargas? Uma praga a se cair no esquecimento.

    Cervantes: maneta amalucado, mas gnio.

    Plato? Idealisticamente sublime.

    Pitgoras? gnio.

    Santo Agostinho? Autntico.

    Rousseau? Mais autntico ainda.

    Bblia crist? Tirando Eclesiastes, penso que o resto deve ser utilizado pra limpar o traseiro.

    Confcio? Confuso, mas gnio.

    Aristteles? O auge do bom raciocnio.

    Tales de Mileto? Coerente com sua viso de mundo.

    Maom? Resoluto e implacvel (como deve de ser).

    Papa So Francisco? Honra seu legado de f em S. F. de Assis.

    Maquiavel? O realista.

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    Machado de Assis? Cirrgico em suas observaes.

    Pascal? Mais que gnio, algo a ser superado.

    Ryle? Esqueceu-se do mundo.

    Primeiro Wittgenstein? Tambm se esqueceu do mundo.

    Segundo Wittgenstein? Lembrou-se do mundo (mas equivocadamente).

    Jerry Fodor? Colocou o mundo em seu devido lugar.

    Daniel Dennett? Deve viver em outro mundo.

    Turgueniv? Mgico.

    Dostoievski? No h nada igual. mais que gnio!

    Tolstoi? Comovente, e s.

    Henri Miller? Sensual, envolvente e autntico.

    Bukowski? Oco. De tanto rum tomado.

    Gothe? Erudito afetado.

    Bergman? Extrapolou o conceito de gnio.

    Tarantino: Carne ftida, pus, dor, tortura, enfim, tudo o que h de melhor.

    Descartes? O gnio dos gnios!

    Herclito? O jogo de oposies faz a vida! (e o mestre).

    Sean Pen? Personas sublimes (e trgicas).

    Lovecraft? Como A tumba (no se tecer nada igual).

    Poe? Mais que genialidade!

    Arthur Bispo do Rosrio? Extrema beleza s.

    Pedro Abelardo? O mais puro e singelo amor.

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    Shakespeare? A eterna beleza.

    Frank Jackson? Beleza imaginativa.

    David Chalmers? Coerncia significativa.

    Jack Nicholson? Maestria na arte de interpretar.

    Nise da Silveira? Humanidade.

    Pavlov? Desumanidade.

    Padre Ccero? Humanidade.

    Antnio Conselheiro? Amor.

    Lampio? Mais amor ainda!

    Z Celso? Benfazeja loucura.

    Boal? Benfazejo trabalho.

    Marlia Pera? Lucidez.

    Gorki? Sensatez.

    Rimbaud? Euforia juvenil.

    Baudelaire? xtase.

    Fernando Pessoa? Liberdade de pensamento.

    Dalton Trevisan? O suprassumo da boa literatura e da vida!

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    Nuvem negra

    Quanta maldade no ba de lata guardado dentro de mim.

    Quanto dio,

    Sentimento de vingana,

    Vontade de torturar,

    De matar...

    Mas o sol brilha l fora.

    As crianas brincam com gua, com barro, jogam futebol...

    Mas por que tanto dio e rancor?

    Talvez no tenha sido criana.

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    Do corpo

    Meu corpo pouco, quase nada,

    Meu gosto pouco, inspido, quase nada.

    Meu sonho pouco, quase nada,

    Meu pulso pouco, quase nada.

    Tenho de viver: HIV, sfilis, hepatite C, esquizofrenia, tenho de viver, viver sempre contrariando as

    estatsticas...

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    Click, cleck, bum (disse no ao crime nunca mais)

    Click, cleck, bum, essa a lei?

    A lei do covarde, quem sabe...

    Click, cleck, bum, pode ser refm.

    Click, cleck, bum, posso ser algum.

    Quem?

    Dono de quem?

    Refm de algum?

    Pensando bem...de ningum!

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    Necessidade dos mortos (e dos vivos)

    O que que sai da boca do tmulo j sem jazigo e por amor (re) clama?

    O bafo quente do coveiro que (re) clama por cana!

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    Quem leva o qu?

    Com um 38 na mo se faria justia?

    Talvez justia maior seria explodir a cabea do comdia do Datena,

    Ou quem sabe arrombar o roncolho do Gugu...

    Difcil dizer.

    Matar por dinheiro?

    Por justia social?

    Por justia moral?

    Por ganncia?

    O que justifica o qu?

    Talvez nada,

    Talvez tudo,

    Mas uma coisa certa!

    H que se matar algum, mesmo que simbolicamente!

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    O qu do cinza

    Por que tudo parece to cinza se o cu e o mar so azuis?

    Se o barro marrom e, s vezes, vermelho?

    Se as matas so verdes,

    As nuvens brancas,

    E o sangue vermelho?

    Talvez haja realmente um descompasso entre o ser e o aparecer.

    Entre o noumeno e o fenmeno,

    Entre o ser e o no ser.

    Acho que por isso So Paulo to belo,

    Reflete nas retinas o cinza plido de algo que no pode e no consegue parar...

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    Cores da vida

    Doce fumaa verde invadia minhas entranhas na adolescncia,

    Rude fumaa branca com cheiro de plstico queimado me tomava na fase adulta,

    Os doces vapores do lcool me acompanham desde o tero de minha me.

    E o amarelo de meus dedos da mo esquerda, desde sempre, acariciam o sublime frescor do tabaco.

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    Rquiem alegria

    Os dias so torpes,

    Tortos,

    Insalubres,

    Inodoros,

    Sujos.

    Marketing, luxo, sucesso...infmia!

    Culto ao corpo,

    ignorncia,

    Ao banal,

    dita beleza celestial!

    O poder de quem tem,

    O dissabor de quem nada possui.

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    O palhao

    Hoje vi um palhao.

    Nariz engraado,

    Todo maquiado,

    Sapato demais para pouco p,

    Triste,

    Uma lgrima pintada de preto abaixo de seu triste olho esquerdo.

    O chapu no cho contava poucas moedas.

    Talvez por isso o desenho da lgrima.

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    (dis) paridades

    Ouvir o choro de uma ovelha sendo abatida equivale ao chorinho um beb que vem ao mundo.

    Sentir com as mos o tremor de um epiltico convulsionando equivale ao sentimento de um

    orgasmo trepidante.

    Mas ouvir o discurso de um demagogo em busca de um voto no equivale ao choro uma criana com

    fome.

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    Salada de frutas

    Haldol,

    Amplictil,

    Fenergan,

    Neozine,

    Olanzapina,

    Carbonato de ltio,

    Carbamazepina,

    Diazepan,

    Clonazepan,

    Rispiridona,

    Fluoxetina,

    Paroxetina,

    Venlaflaxina,

    Imipramina,

    Ser que se deve fazer uso de tudo isso?

    Ah, Cocana!!!

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    Cinco anos

    O que h por trs do horizonte?

    Por que o cu e o mar parecem se encontrar?

    Por que as rvores e plantas so verdes?

    Por que papai depois do trabalho chega em casa com bafinho de pinga?

    Por que meus dentes esto caindo e outros crescendo no lugar?

    Por que o Lucas fica me chamando de macaquinho?

    Por que a tia da escola sempre me coloca na carteira da frente e no deixa os outros jogarem

    papeizinhos em minhas costas?

    Por que a polcia vive prendendo garotos no escado das trs Marias?

    Por que tudo tem que ser como ?

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    Noventa anos

    Por que no consigo me aposentar e tenho de ficar debaixo do sol catando feijo?

    Por que meu filho mais velho est a dezoito anos na cadeia se ele foi condenado h quinze anos?

    Por que no paro de tossir quando fumo meu cigarrinho de palha?

    Por que no enxergo mais como antigamente?

    Por que meus dentes so to fracos que vivem caindo?

    Por que no consigo mais ficar de pau duro?

    Por que envelhecer se a jovialidade to linda?

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    Temperana

    Penso que pensar ainda pouco,

    Que falta sentimento,

    E sentimento fugaz.

    Razo?

    Emoo?

    Por que no os dois?

    Razo demais leva loucura,

    Emoo demais tambm.

    Ento como viver sem sentir ou pensar?

    Temperana, dizia Aristteles.

    Ser isso possvel?

    Penso e sinto que no!

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    Beijo de Deus

    Faa-me sambar pelado no teto,

    Ejacular apenas sentindo a garoa fina que acaricia minha pele,

    Sentir-me beijado por Deus,

    Seja minha, egoisticamente minha.

    Minha mulher,

    Meu amado filho,

    Meu ardor,

    Meu querer,

    Meu sonhar,

    Meu amar,

    Seja minha, somente minha:

    Cocana.

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    Vampiros

    Quando o relgio bate seis da manh os vampiros saem de cena.

    Sugadores de sangue, de almas, de lcool, de vida!

    Ocos por dentro, bomios da nova gerao,

    Gerao perdida, sem norte, postura.

    Acrticos, falam de bandas non sensebaianas,

    De sentimentos frugais,

    De piadas machistas e horrores racistas.

    Gerao perdida essa nossa.

    Compram por atacado bestialidades de sentimentos insossos,

    Sem gana, sem garra, passivos,

    Malditos vampiros passivos!

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    Por qu?

    Por que fazer fora mais aperta a camisa de fora?

    Por que querer descalar mais faz doerem os calos?

    Por que querer esquecer mais inflama a lembrana?

    Por que querer escrever em tom realista rude mais aprofunda o idealismo romntico?

    Por que a dor fsica ameniza os devaneios de uma mente psictica?

    Por que ser psictico?

    Por que no como o resto da raa?

    Por qu?

    Por qu?

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    Estatstica

    Sentir prazer em sangrar,

    Ver o sangue jorrando pelas veias abertas,

    Dor, muita dor...

    Autofagia literal no pode ser patolgica!

    Mas no que consiste sanidade mental?

    Estatstica,

    Tudo se resume a uma questo de estatstica...

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    Amor

    Casaizinhos andando pelo bosque de mos dadas,

    Benzinho pra c, amorzinho pra l,

    Juras vazias de amor eterno,

    Sentimentos vazios de bem querer e junto estar...

    Ugh, isso d azia!

    D aquele gosto de vmito na boca proveniente daquele gorfinho azedo aps uma feijoada.

    O amor romntico no existe!

    Pensa-se que algum dia existiu!

    Tudo o que h interesse,

    O mais tosco interesse em trepar,

    Amenizar a carncia,

    Fugir de ns mesmos projetando-nos na carne dos outros.

    Amor,

    Amor,

    Quatro letras que, combinadas, s fazem o estmago revirar, vomitar!

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    Final dos tempos

    Este tosco mundo um campo minado.

    Pinga pra animar os rejeitados da civilizao.

    Pinga, muita pinga.

    A beleza ocre das vielas e cortios das grandes cidades,

    Tudo empapadas em farinha mexida,

    Em pedras apodrecidas (mas que fazem a cabea!)

    A paranoia constante,

    A dor desgastante,

    Tudo vil,

    Ftido,

    Delicadamente feio,

    Ou ser belo?

    Beleza pelas avessas,

    Final dos tempos.

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    Guerra

    Isso aqui uma guerra!

    Tempos de guerra!

    Nem os finlandeses escapam,

    Holandeses,

    Suecos,

    Ningum.

    A guerra trava-se nas banhas dos estadunidenses,

    Na magreza dos africanos,

    Nas botas dos argelinos que vivem na Europa,

    Nas havaianas dos brasileiros...

    guerra,

    Peguem suas armas,

    Fuzis,

    Panelas,

    Vassouras,

    Lutem,

    Existam!

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    Civilidade

    O grau de civilidade de um povo no se mede apenas pelo que se passa nas prises, como pensava

    o sbio Dostoievski.

    No,

    O grau de civilidade de um povo se mede de diversas formas:

    Pela quantidade de dentes na boca,

    Pelo furduno dos botecos,

    Pelos calos nas mos,

    Pela sola dos sapatos,

    Pela selvageria do trfego,

    Pelo modo como cuidamos de nossas crianas e idosos.

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    Sussurros do subsolo

    No subsolo da existncia me esgueiro junto aos ratos e baratas,

    Junto s fezes e lixo produzidos por uma economia de mercado,

    Junto aos que, como eu, so tidos como disfuncionais,

    Escria da humanidade,

    Loucos varridos, pobres coitados...

    Alguns irmos meus podem ser perigosos com uma faca na mo,

    Outros no oferecem perigo,

    Preferem se mutilar a machucar algum.

    Mas nada disso importa mais,

    Tudo o que realmente importa que, como os vermes e demais bichos escrotos, a carapaa dura,

    impermevel mentira e bestificao.