(Certificação Ambiental na Construção Civil - Sistemas LEED e AQUA)
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Sustentabilidade Ambiental, Econômica e Social nos novos museus cariocas: Museu do Amanhã, Museu de Arte do Rio e novo Museu da
Imagem e do Som
Cristina Lodi
Coordenadora de projetos da Fundação Roberto Marinho, arquiteta com mestrado em
preservação histórica na Columbia University, NY
Resumo
O termo greenbuilding (prédio verde) surgiu na década de 70, e a partir do início
dos anos 90 o conceito passou a ser mais difundido no mundo, quando da
criação do BREEAM. No Brasil, a organização não-governamental Green Building
Council Brasil, criada em março de 2007 e membro do World Green Building
Council, trabalha na elaboração do sistema LEED adaptado aos padrões
brasileiros.
A construção verde, baseada em critérios de sustentabilidade ambiental,
econômica e social, passou a ser uma preocupação crescente no país e no
mundo – que se inscrevem três projetos de museus que deverão ser inaugurados
no Rio de Janeiro a partir de 2012. O Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio
(MAR) e o novo Museu da Imagem e do Som (MIS) podem ser as primeiras
instituições do tipo no país a receberem o selo LEED. Esses três projetos, MAR,
MIS e Museu do Amanhã, têm um objetivo em comum: tornarem-se referência na
construção de edifícios sustentáveis no Brasil e difundirem as boas práticas
sustentáveis para outros edifícios culturais na cidade do Rio de Janeiro. Com a
proximidade da Copa 2014 e das Olimpíadas de 2016, um grande volume de
investimentos aporta no país. É hora de trilhar um bom caminho para o
desenvolvimento econômico e social, sem esquecer que o grande legado de
cada novo empreendimento surgido nesse período deve ser a sustentabilidade.
Sustentabilidade Ambiental, Econômica e Social nos novos museus cariocas: Museu do Amanhã, Museu de Arte do Rio e novo Museu da Imagem e do Som Cristina Lodi
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Environmental, Economic and Social Sustainability in the new museums in
Rio: Museum of Tomorrow, Art Museum of Rio and the new Museum of Image and Sound
Abstract
The term GreenBuilding emerged in the 70s, and from the early 90s the concept
became more widespread in the world, when the creation of BREEAM. In Brazil,
non-governmental organization Green Building Council Brazil, was created in
March 2007 and member of World Green Building Council, is working on the
LEED system adapted to Brazilian standards.
A green building, based on environmental sustainability, economic and social
development, has become a growing concern in the country and the world - three
museums are part of the projects to be opened in Rio de Janeiro in 2012. The
Museum of Tomorrow, the Art Museum of Rio (MAR) and the new Museum of
Image and Sound (MIS) can be the first institutions of this kind in the country to
receive the LEED certification. These three projects, MAR, MIS and Museum of
Tomorrow have a common goal: to become a reference in the construction of
sustainable buildings in Brazil and spread the good sustainable practices to other
cultural buildings in the city of Rio de Janeiro. The World Cup in 2014 and 2016
Olympics bring a large volume of investment to the country. It's time to walk a
good path to economic and social development, without forgetting that the great
legacy of each new venture emerged in this period should be sustainability.
1 – Introdução
O termo greenbuilding (prédio verde) surgiu na década de 70, mas, foi a partir do
início dos anos 90 que o conceito passou a ser mais difundido no mundo, quando
da criação do BREEAM (BRE Environmental Assessment Method, primeiro
método de avaliação de desempenho ambiental de edifícios, desenvolvido pelo
Building Research Establishment (BRE), no Reino Unido. Em seguida, o U.S.
Green Building Council, uma organização privada e sem fins lucrativos, dos
Estados Unidos, desenvolveu o LEED (Leadership in Energy and Environmental
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Design), que virou referência mundial de certificação sustentável nos últimos
anos.
No Brasil, a organização não-governamental Green Building Council Brasil, criada
em março de 2007 e membro do World Green Building Council, trabalha na
elaboração do sistema LEED adaptado aos padrões brasileiros. Segundo a ONG,
em setembro de 2010 190 empreendimentos estão em processo de certificação
LEED no país. Em 2009, com 145 projetos, o país ocupava oitavo lugar no
ranking de inscritos no LEED, segundo o relatório Green Building Market &
Impact Report, de 2009, publicado pelo U.S. Green Building Council.
i Índia, Emirados Árabes Unidos, China, Coreia do Sul, Arábia Saudita e Canadá
são os sete primeiros e a Alemanha aparece logo depois do Brasil na lista. ii
O relatório prevê um aumento de 40% na procura por certificados de "prédios
verdes". Atualmente, segundo o documento, mais de 630 milhões de metros
quadrados construídos no mundo possuem o LEED. O texto revela que a
redução das emissões de dióxido de carbono dos prédios certificados pelo LEED
deve chegar a 2,9 milhões de toneladas, um número que pode crescer para 130
milhões de toneladas em 2020, e até 320 milhões em 2030.
Outro dado importante é que a economia com água em 2009 foi estimada em 68
bilhões de litros, diminuindo em 0,5% o consumo anual do recurso em áreas não
residenciais. Em 2030, esse volume pode chegar a 5,9 trilhões de litros, o
equivalente a 30% do atual consumo por áreas não residenciais. Segundo o
documento, os ganhos de produtividade das empresas que possuem escritórios
em prédios verdes alcançam US$ 450 milhões. Atualmente, cerca de 580 mil
pessoas trabalham em edifícios com certificado LEED, em 2030 serão mais de 60
milhões, diz o relatório. iii
Segundo o autor do estudo, Rob Watson, ambientalista americano criador do
LEED, os edifícios são os maiores consumidores de energia do planeta. Para ele,
não será possível diminuir a emissão de carbono e o aquecimento global sem
“um esforço combinado e agressivo para reduzir o consumo de energia nos
edifícios”. iv
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É nesse contexto – em que a construção verde, baseada em critérios de
sustentabilidade ambiental, econômica e social, passou a ser uma preocupação
crescente no país e no mundo – que se inscrevem três projetos de museus que
deverão ser inaugurados no Rio de Janeiro a partir de 2012. O Museu do
Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR) e o novo Museu da Imagem e do Som
(MIS) podem ser as primeiras instituições do tipo no país a receberem o selo
LEED. Dezoito empreendimentos possuem o selo atualmente, sendo apenas um
centro cultural (Max Feffer, em Pardinho, SP), um restaurante, um supermercado,
edifícios comerciais, entre outros. Apenas quatro ficam no Rio de Janeiro, sendo
todos os outros sediados em São Paulo.
O Museu do Amanhã e o MAR se inserem ainda no contexto da revitalização da
região portuária do Rio, uma área até agora degradada, porém com um enorme
potencial de crescimento, e que vem recebendo dos governos atuais e da
iniciativa privada uma série de investimentos econômicos, sociais e urbanísticos
que têm como norte todos os critérios de uma construção sustentável. O Museu
da Imagem e do Som é âncora do necessário processo de revitalização
sustentável da orla de Copacabana, cujos fortes traços sócio-culturais e turísticos
diagnosticados nas pesquisas iniciais sobre o bairro tornaram-se elementos
chave no desenvolvimento das narrativas, das experiências museográficas e do
projeto de arquitetura.
Os critérios adotados pelo sistema LEED são organizados em 5 áreas de
atuação que se desdobram em diversas ações que serão pontuadas na obtenção
da certificação verde durante o desenvolvimento dos projetos e obras dos 3
museus, conforme o seguinte quadro:
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Fonte: Apresentação elaborada pela Casa do Futuro, em junho de 2010. Arquivo FRM
cinzas e instalação de louças e metais de baixo consumo; utilização de materiais
que não poluem o ambiente ou reciclados; demolição e construção sustentável;
baixa geração de resíduos no período da obra e pós implantação dos Museus;
proximidade com meios de transporte para facilitar o acesso pelos usuários;
incentivo a transportes alternativos como bicicletas; não-perturbação da
vizinhança, principalmente durante a obra e qualidade ambiental interna, de
modo a garantir o conforto de funcionários e usuários.
É objetivo da instituição responsável pela concepção e desenvolvimento dos três
museus, que tem o aprimoramento da educação e a preservação do meio
ambiente como principais metas, que a sustentabilidade se torne um tema cada
vez mais respeitado e difundido na sociedade brasileira. Deste modo, todos os
esforços estão sendo empreendidos para que esses museus se tornem
referência na área de patrimônio e cultura do Brasil e que a prática da
sustentabilidade seja difundida através de seminários, palestras, foruns de
discussão ou pela divulgação de conteúdos pela internet e outras mídias.Tratar
da sustentabilidade desde o início da concepção dos edifícios, é a principal meta,
quando todos os profissionais envolvidos em todas as áreas, do desenvolvimento
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do projeto arquitetônico à construção e futura manutenção, trabalham de forma
integrada, a fim de incorporar os critérios exigidos para a certificação verde e
para o funcionamento sustentável do edifício.
As ações a serem empreendidas podem ser resumidas em otimização do
consumo de energia nos principais sistemas prediais (ar-condicionado, ventilação
mecânica, e iluminação) e utilização de energias renováveis como a solar e
outras; racionalização do consumo de água através da implantação de sistema
para reutilização de águas claras e
2 – Sustentabilidade no conteúdo e na arquitetura O Museu do Amanhã pode ser definido como o “museu das possibilidades”.
Guiado por dois eixos éticos, a sustentabilidade e a convivência, sua estrutura
será baseada em quatro tendências, que podem definir o futuro da civilização:
mudanças climáticas, crescimento populacional, integração e diversidade. Seus
princípios principais serão a promoção da sustentabilidade e a demonstração de
que a ciência é uma via de ascensão social.
Fonte: Projeto Porto Maravilha, Prefeitura da Cidade do Rio de janeiro
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Projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o Museu do Amanhã
segue a abordagem de uma construção verde, utilizando os recursos naturais do
local, como a água do mar da baía como dissipador de calor para moderar o
resfriamento dos equipamentos de ar condicionado. A temperatura do interior vai
aproveitar a ventilação natural e a ventilação cruzada, sempre que possível. Há
previsão de uso de pavimentos radiantes para regular ainda mais a temperatura
interna.
A água dos espelhos d’água que cercam o prédio podem atuar como sistema de
filtragem da água. A água do mar será bombeada para os espelhos d’água e uma
camada de areia, combinada com um filtro de UV, filtrará a água antes que volte
para a baía no lado nordeste do píer. Um efeito interessante deste processo pode
ser a variação da vegetação ao longo dos espelhos d’água, em relação à
vegetação que pode suportar a exposição à água do mar e àquela que sobrevive
apenas em um ambiente de água doce.
Está sendo estudada a possibilidade de geração de energia por meio de painéis
fotovoltaicos. E também um sistema de climatização misto, com resfriamento por
meio da troca de calor com as águas da Baía de Guanabara, além de tratamento
e purificação dessa água.
Há previsão ainda de prevenção da poluição durante a construção, com medidas
para prevenir perda de solo através das chuvas, vento, movimentações;
sedimentação de rios, lagos ou tubulações e poluição do ar e entorno. Um plano
de controle de águas pluviais que promova infiltração, reuso, tratamento de 90%
da média anual das chuvas também está previsto.
Para estar em conformidade com os critérios do LEED, o projeto vai prever
redução do consumo de água potável; eficiência no uso de água para irrigação
de área verde; climatização interior e exterior, por meio do plantio de árvores e
construção de áreas que façam sombras; redução do uso de energia; reuso de
materiais, que devem ser rapidamente renováveis; utilização de madeira
certificada, entre outras ações.
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3 – O mar e o restauro sustentável
O Museu de Arte do Rio será instalado na Praça Mauá, de estilo eclético,
construído em 1916 e tombado no ano 2000 pelo Conselho Municipal de
Proteção ao Patrimônio Cultural, e no prédio que lhe é vizinho, onde funcionam
atualmente o Hospital da Polícia Civil, construído em estilo modernista, e o
terminal rodoviário Mariano Procópio. Em sua exposição permanente, o museu
vai propor um passeio pela história do Rio de Janeiro, que se mistura com a
história do país. O museu também será responsável pela criação de um espaço
para produção e provocação de experiências estéticas e pessoais: a Escola do
Olhar.
Fonte: Bernardes & Jacobsen Arquitetura Ltda.
Por envolver a revitalização de edificação histórica e tombada, além de ser
composto por dois imóveis de características extremamente distintas, o
empreendimento apresenta maiores desafios para a certificação LEED. As
primeiras ações no sentido de conseguir o selo se deram logo no início, quando
da demolição, limpeza e restauração de fachadas do Palacete Dom João VI.
Como primeiro resultado, a porcentagem de resíduos direcionados para
reciclagem já alcançou quase os 100%.
Com o objetivo de alcançar maiores níveis de sustentabilidade, outros aspectos já
estão sendo trabalhados no canteiro, entre eles: treinamento das equipes do
canteiro de obras para familiarização com os conceitos de sustentabilidade e sua
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aplicação na vida pessoal e profissional; treinamento das equipes do canteiro
sobre aumento da produtividade e eficiência no local de trabalho; orientações em
relação ao atendimento de critérios de segurança e melhoria do ambiente de
trabalho; premiação de ideias que levem a melhores resultados de produtividade
e sustentabilidade; desenvolvimento e implantação de Plano de Controle de
Poluição e Erosão: proteção da rede de águas pluviais; prevenção da
contaminação de efluentes ou do ar; prevenção do incômodo de vizinhos por
poeira ou poluição sonora; prevenção da sujeira das ruas, causada pelas rodas
de caminhões; desenvolvimento e implantação de Plano de Controle da
Qualidade do ar no canteiro: prevenção de doenças respiratórias; prevenção de
contaminação através de materiais tóxicos; proteção de futuros sistemas de
climatização.
Para redução de impactos ambientais, sem esquecer a saúde dos ocupantes, a
qualidade do ambiente interno e o incentivo à economia e mão-de-obra locais,
estão sendo trabalhados outros critérios de sustentabilidade, listados abaixo:
• Localização e relação com o entorno: serão tratadas questões como a
permeabilidade das áreas abertas; incentivo ao uso de bicicletas e a implantação,
por parte do cliente de transporte para funcionários, de veículos movidos a
biodiesel, além da utilização de transporte público; incentivo a carona solidária;
• Água: Serão estudados o aproveitamento de águas pluviais para vasos
sanitários; implantação de telhado e pisos permeáveis para redução da
quantidade de águas pluviais descartadas; utilização de louças e metais de
extrema eficiência (baixo consumo);
• Energia: Redução da carga térmica através de elementos construtivos com
isolamento térmico; sombreamento de janelas e utilização de vidros eficientes;
adaptação do sistema de iluminação através de luminárias de alta eficiência, com
um maior nível de controlabilidade (as luzes somente ficam acesas quando
necessário), serão também trabalhados recursos para maximização de
iluminação natural; utilização de bombas e motores de alta eficiência energética;
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• Materiais: emprego de materiais regionais e componentes reciclados; estudo do
ciclo de vida de materiais empregados na reforma; gerenciamento de resíduos da
obra e pós-obra, com destinação a recicladoras; aproveitamento e recuperação
de estruturas, sistemas e materiais existentes; empregos de materiais não
poluentes ou tóxicos;
• Qualidade Ambiental Interna: utilização de materiais não-tóxicos, sistema de
exaustão, com acionamento automático caso a qualidade do ar não esteja boa;
sistema automatizado de iluminação para que sempre sejam mantidas as
melhores taxas de luminosidade; maximização de taxas de renovação do ar;
postos de trabalho com iluminação natural e vistas para o exterior.
4 – O MIS
O Museu da Imagem e do Som é uma instituição de referência internacional e o
principal centro de documentação da cultura brasileira, com ênfase na carioca.
Fundado no dia 3 de setembro de 1965, em suas duas atuais sedes, na Praça XV
e na Lapa, o MIS abriga um acervo com aproximadamente 1.300 metros lineares
de documentos, constituído por 22 coleções particulares que reúnem documentos
dos mais variados, entre fotografias, cartazes, discos, filmes e vídeos, recortes de
jornal e textos, entre outros.
Orçada em R$ 80 milhões, a sua nova sede, em Copacabana, será inaugurada
no segundo semestre de 2012. Serão 9,8 mil metros quadrados para abrigar o
acervo da instituição, boa parte dele doado por herdeiros de artistas brasileiros do
cenário musical e de cultura. O novo espaço também abrigará o Museu Carmen
Miranda, hoje localizado no bairro do Flamengo.
O novo projeto arquitetônico, assinado pelo escritório americano Diller Scofidio +
Renfro, apresenta uma museografia moderna e atraente, capaz de interagir com
diversos públicos. São salas de exposição permanentes e temporárias; outras
destinadas à pesquisa e guarda temporária de acervo; salas administrativas e
também voltadas para atividades didáticas; além de um teatro/cinema de 300
lugares, loja; cafeteria; restaurante panorâmico; bar/ terraço; piano-bar; vestíbulo,
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com espaço para a bilheteria; área comum para grupos escolares; e um mirante
no topo do edifício de 07 pavimentos.
Fonte: Apresentação do Projeto pelo escritório Norteamericano Diller Scofidio & Renfro para o Concurso
Internacional de Idéias em julho/2009
Seguindo o mesmo padrão adotado nos demais museus, a sustentabilidade do
MIS começou a ser pensada desde a concepção do projeto, e de forma
integrada. Para fins de obtenção da certificação LEED, foi contratado um
escritório de design americano especializado em consultorias ambientais em
colaboração à outra empresa carioca.
O trabalho começou já na demolição do antigo prédio da boate Help, em
Copacabana, que deu lugar à construção da nova sede do MIS. A demolição
sustentável, que visa minimizar problemas como poeira, barulho e sujeira e conta
pontos na obtenção do LEED, foi realizada com sucesso. A separação e seleção
dos materiais que poderiam ser reaproveitados ou reciclados, tanto na obra,
quanto fora dela, foi feita com o auxílio de máquinas e uma equipe especializada.
O que servia de matéria-prima para a fabricação de novos materiais permaneceu
no canteiro de obras, como é o caso das placas de concreto que foram trituradas
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para reutilização em material de pavimentação. O material reciclável e
reaproveitável foi doado para ONGs e cooperativas de artesãos e/ou de
catadores de lixo, que com a destinação e reciclagem dos diversos tipos de
produtos, contribuíram para reduzir significativamente os gastos com transporte e
a emissão de gases com potencial de efeito estufa, além de beneficiar quem vive
desse tipo de comércio.
Para atingir o critério de redução do uso de energia, as consultorias americana e
carioca executaram uma simulação que possibilitou a elaboração de um “retrato
térmico” do prédio, levando em conta a irradiação solar, a umidade relativa do ar,
a frequência de ventos, a localização (em frente ao mar, o que dificulta, por
exemplo, o uso da ventilação natural, que, devido à maresia, poderia danificar
alguns equipamentos eletrônicos usados na exposição do conteúdo) e o clima na
cidade do Rio, levando em conta todas as estações.
Fonte: Atelier Ten USA LLC. Identificação: Overall Site. Junho/2010. Estudo em modelo 3D do edifício com
o caminho do sol usado para analisar os ângulos solares e estratégias de sombreamento para o projeto MIS. Estão em estudo critérios para otimização da iluminação natural, utilização de
tipos de vidro ideais, sistemas de ar-condicionado que atendam ao conforto
ambiental dos funcionários e usuários, entre outros. Deverá ser usada a energia
solar para aquecimento de água e a transformação da água do ar-condicionado
em energia. Além disso, os elevadores vão prever regeneração de energia. O
museu também deverá ter um telhado verde.
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Fonte: Atelier Ten USA LLC. Identificação:5050 Section 100601. Junho/2010. Corte transversal esquemático
com
Esses três projetos, MAR, MIS e Museu do Amanhã, têm um objetivo em comum:
tornarem-se referência na construção de edifícios sustentáveis no Brasil e
difundirem as boas práticas sustentáveis para outros edifícios culturais na cidade
do Rio de Janeiro. Com a proximidade da Copa 2014 e das Olimpíadas de 2016,
um grande volume de investimentos aporta no país. É hora de trilhar um bom
caminho para o desenvolvimento econômico e social, sem esquecer que o
grande legado de cada novo empreendimento surgido nesse período deve ser a
1. Elementos de Fachada de Alta Performance
2. Calçada/Passeio Sombreado
3. Vistas
4. Aberturas /Entrada de Luz Natural
5. Telhado Verde
6. Controle de Luz natural
7. Iluminação Eficiente
8. Ventilação Natural
9. Ar Condicionado Eficiente
10. Controle de Temperatura por Zonas
11. Ventilação com Controle de Demanda
12. Sistema de Controle Automatizado
13. Assentos Sombreados no exterior
14. Bicicletário
15. Metais Sanitários/Cozinhas com Controle de uso
de àgua
16. Captação de Aguas Cinzas
17. Reuso de Aguas Cinzas e Pluviais
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sustentabilidade. Só ela vai garantir o futuro de cada estádio, de cada rua, de
cada novo equipamento cultural, de cada praça, de cada prédio que será
usufruído pelas gerações seguintes.
Referências Bibliográficas
.Atelier Ten Environmental Design Consultants + Lighting Designers. MUSEUM OF IMAGE AND SOUND, -SCHEMATIC DESIGN ANALYSIS. NY: Junho 30, 2010____________Charette Meeting Minutes - Museum of Image and Sound. NY: May 10, 2010.
Reinaldo Dias . Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade – SP: Editora Atlas, 2001.
Notas i O relatório pode ser lido no endereço http://www.greenbiz.com/sites/default/files/GreenBuildlingImpactReport2009.pdf ii O ranking leva em conta, mais que o número de projetos, a área abrangida por eles. Ver página 9 do Green Building Market and Impact Report, no site citado na nota acima. iii Dados compilados em reportagem do site do Green Building Council Brasil:
http://www.gbcbrasil.org.br/pt/index.php?pag=noticia_full.php&id=125
iv http://www.greenbiz.com/sites/default/files/GreenBuildlingImpactReport2009.pdf