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SISTEMA NERVOSO

VII - Tecido Nervoso

O tecido nervoso acha-se distribudo pelo organismo, interligando-se e formando uma rede de comunicaes, que constitui o sistema nervoso. Anatomicamente, o sistema nervoso dividido em sistema nervoso central (SNC), formado pelo encfalo e pela medula, e sistema nervoso perifrico (SNP), formado pelos nervos e gnglios nervosos.

O tecido nervoso apresenta dois componentes principais: os neurnios, clulas com longos prolongamentos, e vrios tipos de clulas da glia ou neurglia, que sustentam os neurnios e participam de vrias funes importantes.

No SNC, h uma segregao entre os corpos celulares dos neurnios e os seus prolongamentos. Isto faz com que sejam reconhecidas duas regies distintas no encfalo e na medula espinal: a substncia branca e a substncia cinzenta.

Os neurnios tm grande capacidade de responder a alteraes do meio em que se encontram (estmulos) com modificaes eltricas de sua membrana plasmtica. As clulas que exibem esta propriedade (alm dos neurnios, as clulas musculares e de algumas glndulas), so ditas excitveis. Os neurnios reagem prontamente aos estmulos e a modificao em sua membrana pode restringir-se ao local do impulso ou propagar-se ao restante da clula. Esta propagao constitui o que se denomina impulso nervoso, cuja funo transmitir informaes a outros neurnios, msculos ou glndulas.

OS NEURNIOS

As dimenses e a forma dos neurnios so muito variveis e complexas. Eles podem ser classificados tambm quanto sua funo: os neurnios motores controlam rgos efetores, tais como glndulas excrinas e endcrinas e clulas musculares. Os neurnios sensoriais recebem estmulos do meio ambiente e do prprio organismo. Os interneurnios estabelecem conexes entre outros neurnios, formando circuitos complexos.

Porm, quase todas as clulas nervosas (neurnios) apresentam um corpo celular ou pericrio, que contm o ncleo, e do qual partem prolongamentos (Figura 9.1). Em geral, o volume total dos prolongamentos maior que o volume do corpo celular.

Dendritos, numerosos prolongamentos especializados na funo de receber os estmulos do meio ambiente, de clulas epiteliais ou de outros neurnios. Em geral, os dendritos so curtos e se ramificam como os galhos de uma rvore, tornando-se mais finos medida que se ramificam.

Corpo celular ou pericrio, o centro de fornecimento de energia e alimento da clula (centro trfico), sendo tambm capaz de receber estmulos gerados por outras clulas nervosas. Todos os neurnios possuem ncleo, so ricos em RER, com vrios polirribossomos livres (corpsculo de Nissl). O complexo de Golgi bem desenvolvido e as mitocndrias esto em quantidade moderada no pericrio, porm aparecem em grande quantidade no terminal axnico. Axnio, prolongamento nico de cada neurnio, na forma de um cilindro, com tamanho varivel. Na maioria dos casos, o axnio maior que os dendritos da mesma clula. Os axnios que partem da medula espinal e inervam os msculos do p, por exemplo, tm um metro de comprimento. Apenas a poro final do axnio muito ramificada e recebe o nome de telodendro. Esta poro do axnio especializada na conduo de impulsos nervosos, que transmitem informaes do neurnio para outras clulas (nervosas, musculares, glandulares). Para isto, ele possui uma especializao, a bainha de mielina (que ser vista mais tarde), que possibilita uma maior rapidez na conduo dos impulsos. importante ressaltar que o impulso nervoso sempre flui dos dendritos ou do corpo celular para o axnio, e nunca ao contrrio.PROPAGAO DO IMPULSO NERVOSO

1 - Atravs Dos Neurnios

A fibra nervosa constituda por um axnio e sua bainha envoltria. Grupos de fibras nervosas formam os nervos do SNP.

Todos os axnios do tecido nervoso do adulto so envolvidos por dobras nicas ou mltiplas formadas por uma clula envoltria. Nas fibras nervosas perifricas, esta clula denominada clula de Schwann. No SNC, as clulas envoltrias so as clulas da glia. Pequenos axnios so envolvidos por uma nica volta da clula, constituindo as fibras nervosas amielnicas (Figura 9.2).

Nos axnios mais calibrosos, a clula envoltria forma vrias voltas em espiral em torno do axnio. Quanto mais calibroso o axnio, maior o nmero de voltas provenientes da clula de revestimento. O conjunto destas dobras chamado de bainha de mielina, e as fibras so chamadas de mielnicas (Figura 9.3). A mielina um complexo lipoprotico (lipdios+protenas) presente em grande quantidade no citoplasma das clulas envoltrias.

Figura 9.3. Desenhos de quatro fases da formao da mielina pela membrana da clula de Schwann. No primeiro desenho, o axnio comea a se afundar no citoplasma da clula de Schwann. No ltimo, o processo est completo.

A conduo do impulso pelo axnio uma das funes bsicas do sistema nervoso e deve-se atividade da membrana plasmtica do axnio. Quando o axnio est em repouso, a face interior da membrana negativa em relao superfcie externa devido predominncia do on potssio (K+) no meio intracelular e predominncia de ons de sdio (Na+) no meio extracelular (potencial de repouso = membrana polarizada) Figuras 9.4 e 9.5 A.

Figura 9.4. esquema mostrando a concentrao diferencial de ons na membrana plasmtica dos neurnios.

A passagem do impulso ao longo da fibra acompanhada por modificaes nos canais inicos da membrana, o que ocasiona a entrada de sdio (Figura 9.5.B). Como a entrada de sdio grande, ocorre um acmulo de ons positivos na superfcie interna da membrana plasmtica. Consequentemente, durante a passagem do impulso, a superfcie externa da membrana do axnio torna-se carregada negativamente em relao superfcie interna (Figura 9.5.B e C). este estado da membrana denomina-se despolarizao.

Figura 9.5. A. Membrana plasmtica em potencial de repouso. Um distrbio eltrico (flecha vermelha) espalha-se pela membrana, que possui muitos canais de sdio. B. Os canais de sdio abrem-se e a entrada de sdio diminui a eletronegatividade do interior. Isto faz com que mais canais de sdio se abram at que a diferena de voltagem da membrana inverta-se. C. A inverso de voltagem faz com que os canais de sdio se fechem e que os canais de potssio se abram (setas vermelhas). D. Desta forma, o distrbio produzido pelo potencial de ao leva provoca um novo potencial de ao na regio adjacente da membrana, e assim por diante, distante do ponto de estmulo. A concentrao de sdio e potssio nas duas superfcies da membrana plasmtica restaurada pelo transporte ativo que bombeia os dois ons.

Nas fibras amielnicas, o impulso conduzido por uma onda progressiva de alterao da permeabilidade da membrana, ponto a ponto. Aps a passagem desta onda, a membrana retorna ao estado de repouso.

A volta ao potencial de repouso deve-se sada de grandes quantidades de potssio (Figura 9.5.C), tornando a membrana negativa no interior e positiva no exterior. Um mecanismo de transporte ativo de ons repe o Na+ e o K+ em ambos os lados da membrana do axnio nas concentraes em que se encontravam antes da passagem da onda despolarizante (Figura 9.5 D). Esta onda progride ao longo do axnio at chegar s suas pores terminais, onde promove a liberao do neurotransmissor para dentro do intervalo sinptico.

Nas fibras mielnicas, a bainha de mielina descontnua, pois se interrompe em intervalos regulares, formando os ndulos de Ranvier (Figura 9.6). Nestas fibras, esta alterao da membrana ocorre somente nos ndulos de Ranvier. Nos interndulos, a mielina funciona como um isolante, impedindo que o impulso se propague como nas fibras amielnicas. Em conseqncia deste fato, o impulso salta de um ndulo de Ranvier para outro; este tipo de conduo denominado conduo saltatria (Figura 9.6), sendo mais rpido que a propagao contnua (com uma velocidade por volta de 120 m/s) e gastando menos energia.

II De Um Neurnio Para Outro

A transmisso do impulso nervoso de um neurnio para outro depende de estruturas altamente especializadas, as sinapses. Embora a maioria das sinapses se estabelea entre o axnio e o dendrito, ou entre axnios e corpo celular, h tambm sinapses entre dendritos e entre neurnios. H tambm a tendncia de se considerar tambm como sinapse a terminao nervosa em clulas efetoras, tais como clulas glandulares e msculos.

O terminal axnico pode formar expanses em forma de boto, chamadas de botes terminais. Nas sinapses, as duas clulas ficam separadas por um espao denominado fenda sinptica. Essas duas membranas esto firmemente aderidas entre si, com filamentos formando pontes entre ambas. No local das sinapses, a membrana do terminal axnico denominada pr-sinptica e a membrana que receber a mensagem denominada membrana ps-sinptica (Figura 9.7).

Os impulsos nervosos so transmitidos de um neurnio para outro ou para uma clula efetora atravs de mediadores qumicos acumulados em vesculas (Figura 9.8). Quando o impulso chega ao terminal axnico, promove a entrada de clcio. Este on, no interior da membrana, estimula a fuso das vesculas sinpticas com a membrana pr-sinptica, liberando os neurotransmissores de seu interior. Estes neurotransmissores vo se prender a receptores especficos da membrana ps-sinptica (Figura 9.8). Nesta, os neurotransmissores causam um aumento de permeabilidade aos ons, atravs da abertura dos canais inicos, possibilitando uma inverso das cargas eltricas da superfcie da membrana (despolarizao), que gera um potencial de ao e sua propagao pela clula ps-sinptica. Aps exercer a sua funo na transmisso do impulso, o mediador reabsorvido pela membrana pr-sinptica e armazenado para quando houver a passagem de um novo impulso. A este processo d-se o nome de recaptao do mediador qumico.

Efeitos dos mediadores qumicos

O mediador qumico afeta a clula ps-sinptica de duas formas: possui um efeito excitatrio, iniciando um novo potencial de ao atravs da abertura dos canais de sdio, ou um efeito inibitrio, atravs da entrada de ons negativos, que termina com o impulso na membrana plasmtica.

O mediador qumico varia de acordo com a regio em que se encontram as fibras e com a sua funo. Alguns dos neurotransmissores so a noradrenalina, acetilcolina, cido gamaminobutrico (GABA), glutamato, dopamina, serotonina e glicina.

A noradrenalina (Nor) e a acetilcolina so neurotransmissores que possuem efeitos excitatrios e inibitrios em diferentes regies o corpo (estes efeitos sero vistos posteriormente). A noradrenalina tambm controla os estados emocionais, os sonhos e o despertar.

Nas junes neuromusculares (ou placa motora), que so sinapses entre um neurnio motor e clulas musculares, as terminaes do axnio esto posicionadas na membrana das clulas musculares (Figura 9). Um potencial de ao espalha-se por toda a regio terminal do neurnio e promove a liberao de acetilcolina na fenda sinptica. Quando a Ach liga-se aos receptores da membrana plasmtica da fibra muscular, possui um efeito excitatrio, provocando a entrada de sdio, que promove a contrao muscular.

A serotonina age nas clulas cerebrais que governam o sono, percepo sensorial a regulao da temperatura e estados emocionais. A norepinefrina controla os estados emocionais, os sonhos e o despertar.

A unio do neurotransmissor com o receptor pode provocar tambm uma srie de reaes qumicas que leva formao de um outro tipo de mensageiro, os neuromoduladores. Estas substncias modificam os receptores, aumentando ou diminuindo suas respostas aos neurotransmissores.

Entre estas substncias est a endorfina, que inibe a percepo da dor, muito mais potente que a morfina. A endorfina parece ter tambm efeito sobre a memria, o aprendizado, a regulao da temperatura e o comportamento sexual, assim como a depresso e outros distrbios mentais.

CLULAS DA NEURGLIA OU DA GLIA

O sistema nervoso central no tem tecido conjuntivo, a no ser nas membranas que recobrem o sistema. Ento, a glia vai desempenhar o papel do conjuntivo. Existem cerca de quatro tipos celulares na glia: os astrcitos, os oligodendrcitos, a micrglia e as clulas ependimrias (Figura 9.10). Nos preparados comuns de histologia, as clulas da glia no se destacam, aparecendo apenas os seus ncleos, espalhados entre os ncleos maiores dos neurnios.

Calcula-se que haja no SNC 10 clulas da neurglia para cada neurnio, mas, em virtude do menor tamanho das clulas da glia, elas ocupam aproximadamente metade do volume do tecido.

Figura 9.10. Desenhos esquemticos dos diversos tipos de clulas da neurglia. Observar os prolongamentos dos astrcitos em volta do capilar sanguneo.

CLULAS EPENDIMRIAS: As clulas ependimrias so de formato epiteliide. Elas so o tapete que forra as cavidades do sistema nervoso. Ento, elas forram o III ventrculo, o IV ventrculo, os ventrculos laterais e o canal medular.

Os ASTRCITOS (astro = estrela) so clulas pequenas e globosas, com citoplasma claro e muitos prolongamentos mais ou menos do mesmo tamanho que do a idia de um sol. Os astrcitos podem ter prolongamentos muito finos (fibrosos) e s vezes prolongamentos mais robustos (protoplasmticos), mas sempre apresentam um prolongamento muito comprido que envolve o capilar sangneo (ps vasculares). Isto tem duas conseqncias: ele capta nutrientes e os entrega aos neurnios que por difuso vo se alimentar, e, alm disso, forma ocluses que determinaro a formao da barreira hematoenceflica. Esta barreira tem a funo de proteger o tecido nervoso.

Os OLIGODENDRCITOS so clulas menores que os astrcitos e possuem poucos prolongamentos, mas tambm podem formar ps vasculares. Seus ncleos so mais condensados do que os dos astrcitos. H dois tipos de oligodendrcitos: satlite ou perineuronal, situado junto ao pericrio e dendritos, e o tipo fascicular, localizado junto s fibras nervosas e responsveis pela produo de bainha de mielina no S.N.C.

A MICRGLIA tem origem embriolgica diferente dos dois primeiros, ela tem origem mesnquimal. Como o prprio nome diz, ela a menor clula da glia. A micrglia funciona como um macrfago fagocitando corpos estranhos.

Na vida embrionria, as clulas da glia participam da orientao do crescimento dos dendritos e axnios, o que leva ao estabelecimento das sinapses adequadas do ponto de vista funcional. Ao contrrio dos neurnios, as clulas da neurglia so capazes de multiplicar-se, mesmo no adulto. Porm, elas no geram impulsos nervosos nem formam sinapses.

SISTEMA NERVOSO

NERVOS

Ao conjunto de axnios agrupados em feixes, d-se o nome de nervos. Neste caso, apenas os axnios so chamados de fibras nervosas, ao contrrio do sistema muscular, onde toda a clula chamada de fibra muscular.

No nervo, os axnios so envoltos por tecido conjuntivo frouxo, o endoneuro. O grupo de axnios separado por uma camada de tecido conjuntivo denso, o perineuro. O tecido que une os vrios grupos de axnios tambm constitudo por tecido conjuntivo denso e recebe a denominao de epineuro (Figuras 9.11 e 9.12).

So os nervos que estabelecem comunicao entre o crebro e os msculos, glndulas, rgos e pele. Quando as fibras levam a mensagem (o estmulo) do corpo para o crebro, so chamadas de fibras aferentes. Se levam o estmulo no sentido oposto, so chamadas de fibras eferentes. Geralmente, os nervos so mistos, isto , possuem tanto fibras aferentes como eferentes.

O sistema nervoso perifrico dividido em trs partes: Sistema Nervoso Autnomo (ou Vegetativo), Sistema Nervoso Somtico e Sistema Nervoso Central.

I SISTEMA NERVOSO AUTNOMO (PERIFRICO OU VEGETATIVO) - SNP

Chama-se sistema nervoso perifrico a parte do sistema nervoso relacionada com o controle da musculatura lisa, com o ritmo cardaco e com a secreo de algumas glndulas. Sua atividade ajustar certas atividades do organismo, a fim de manter a constncia do meio interno.

A denominao autnomo pode dar a impresso de que esta parte de sistema nervoso funciona de modo completamente independente, o que no verdade. As funes do sistema nervoso autnomo sofrem constantemente a influncia da atividade consciente do sistema nervoso central.

O SNP formado por fibras que saem do sistema nervoso central atravs de nervos cranianos e espinhais, e por aglomerados de clulas nervosas (gnglios nervosos) situados no curso destas fibras (Figura 9.13).

O sistema nervoso autnomo formado por duas partes distintas por sua anatomia e suas funes:

A Sistema Nervoso Simptico

Constitudo por nervos que partem da regio torxica e lombar da medula espinal e inervam as regies acima descritas. Estes nervos possuem como mediador qumico a noradrenalina. Este sistema estimula as reaes de estresse ou fuga, aumentando a frequncia cardaca e respiratria e aumentando o fluxo sanguneo e glicose para os msculos, proporcinando assim uma amior fora muscular. A atividade cerebral aumentada por este sistema. Por consequncia, as atividades menos importantes em uma fuga, como digesto e atividade glandular, so inibidas por estes nervos.

B Sistema Nervoso Parassimptico

So nervos que partem da regio do encfalo por quatro nervos (III, VII, IX e X) e da poro sacral da medula espinal para diversas regies e possuem como mediador qumico a acetilcolina. Estes nervos estimulam todas as atividades de dos rgos digestrios e glndulas, diminuindo o ritmo cardaco e respiratrio, a presso sangunea, a atividade cerebral, entre outros.

Portanto, todos os nossos rgos so inervados tanto pelos nervos do simptico como do parassimptico (Figura 9.14). Eles possuem funes antagnicas, isto , enquanto um estimula o rgo ao funcionamento, o outro o inibe.

Figura 9.14. Sistema nervoso autossmico. Esto esquematizadas as principais rotas do sistema simptico e parassimptico que ligam o SNC alguns rgos principais. Mantenha em mente que ambos os sistemas possuem nervos pareados que conectam os rgos ao SNC. Os gnglios so locais de corpos celulares dos neurnios fora do SNC.

II SISTEMA NERVOSO SOMTICO SNS

O sistema nervoso somtico responsvel pelos reflexos que provocam o movimento de vrias partes do corpo. formado por:

a) nervos aferentes, vindos dos rgos dos sentidos localizados na pele em conexo com o sistema nervoso central; estes so os nervos sensitivos que se encontram na regio dorsal da medula

b) nervos eferentes, que inervam os msculos esquelticos, a pele e outras partes especficas do corpo. Estes so os nervos motores que se encontram na regio ventral da medula espinal.

III SISTEMA NERVOSO CENTRAL SNC

constitudo pela medula espinal e pelo crebro. Como so regies extremamente importantes, so muito bem protegidas. A primeira e mais eficiente barreira so os ossos: a medula espinal passa por um canal formado pelos ossos da coluna vertebral (Figura 9.15) e o crebro protegido pela caixa craniana.

Figura 9.15. Organizao da medula espinal e sua relao com a coluna vertebral.

Uma proteo mais delicada realizada por um conjunto de tecido conjuntivo denso, as meninges (Figura 9.16).

Estas so constitudas por trs camadas:

Figura 9.16. Desenho esquemtico da estrutura das membranas. Notar o vaso sanguneo no espao subaracnideo e sua penetrao no tecido nervoso, acompanhado pela pia-mter em certa extenso.

A Dura-Mter

a camada mais externa, constituda por tecido conjuntivo denso e em contato com os ossos. Portanto, existe uma fuso desta camada com o peristeo. A dura-mter que envolve a medula espinal separada do peristeo das vrtebras, formando-se entre os dois o espao epidural. Entre a meninge dura-mter e a aracnide, existe um local da fcil clivagem, onde muitas vezes, em situaes patolgicas, pode acumular-se sangue e formar-se a cavidade subdural. Este espao no existe em condies normais.

B Aracnide

a segunda camada e forma traves (ou trabculas) que se ligam terceira meninge. Entre estas meninges, existe um espao preenchido pelo lquido cefalorraquidiano (LCR).

Este lquido oferece uma proteo extra ao SNC, mas importante ressaltar que no possui comunicao com o espao subdural. No adulto, existe cerca de 150 cm3 deste lquido, que incolor, levemente viscoso e possui apenas traos de sais orgnicos (cloreto de sdio e cloreto de potssio), de glicose e de protenas. Este importante componente produzido pelos ventrculos cerebrais e tambm os preenche. Os quatro ventrculos so cavidades dentro do crebro que se conectam umas s outras e com o canal da medula espinal (Figura 9.17).

Figura 9.17. Localizao do fluido cefalorraquidiano no crebro humano. O fluido extracelular circunda o crebro e a medula espinal. Ele tambm preenche os quatro ventrculos cerebrais dentro do crebro e do canal medular.

C Pia-Mter

uma camada extremamente vascularizada e aderente ao tecido nervoso, embora no fique em contato direto com o tecido nervoso. Entre ambos os tecidos, existem prolongamentos das clulas da glia, que forma uma camada muito delgada.

Quando algumas protenas so injetadas no sangue, sua penetrao no tecido nervoso impedida. Quando uma substncia marcadora colocada no interior do crebro, ela passa entre todas as clulas (inclusive atravs das fendas sinpticas) mas no penetra nos vasos sanguneos. Portanto, existe uma barreira entre o organismo e o sistema nervoso central, sendo esta as paredes dos capilares do SNC (barreira hematoliqurica).

Substncia Branca e Substncia Cinzenta

A medula espinal

A medula espinal o caminho expresso para os impulsos entre o sistema nervoso perifrico (nervos) e o crebro. tambm o local de controle de certos movimentos reflexos.

Em um corte transversal da medula espinal, podem ser visualizadas duas regies muito bem diferenciadas: uma central, em forma de H e mais escura (substncia cinzenta), e uma regio mais clara e externa, a medula branca (Figura 9.18 e 9.19).

Figura 9.18. No centro, aparece a medula espinal observada em corte transversal, com vista desarmada. esquerda, demonstra-se a estrutura da substncia cinzenta e, direita, a da substncia branca.

A substncia cinzenta composta por corpos celulares dos neurnios, clulas da glia e alguns axnios amielnicos. A substncia branca possui muitos axnios com mielina (da a colorao clara), clulas da glia e vasos sanguneos. Nesta regio no existem corpos celulares ou dendritos (Figura 9.18).

No crebro, a camada externa denominada crtex cerebral. Esta camada constituda de substncia cinzenta. Contm, alm de fibras nervosas, neurglia e vasos sanguneos, cerca de 14 bilhes de corpos celulares de neurnios.

O aspecto mais marcante do crtex cerebral a laminao de seus componentes celulares em camadas paralelas superfcie. Pode ser dividido em 6 camadas: molecular, granulosa, piramidal, granulosa interna, ganglionar e multiforme. Alm do crtex cerebral, a substncia cinzenta pode ser observada tambm no crtex cerebelar (Figura 9.20).

As partes centrais dos hemisfrios cerebrais, cerebelo e partes da raiz cerebral so compostos pela substncia branca (Figura 9.20). Os detalhes do arranjo das substncias branca e cinzenta e sua origem e direo so considerados em textos de neuroanatomia.

Figura 9.20. Esquerda. Fotomicrografia de corte de medula espinal mostrando a transio da substncia cinzenta (embaixo) para a substncia branca (em cima). Os axnios com bainha de mielina so bem vistos. Direita. Fotomicrografia do cerebelo. Os lbulos so formados por uma parte central de substncia branca e por trs camadas da substncia cinzenta. 28x.

O CREBRO

dividido em duas regies ou hemisfrios (Figura 9.21): Direito controla o lado esquerdo do corpo. As funes relacionadas s atividades abstratas, como msica, matemtica, etc, residem no hemisfrio direito. Esquerdo controla o lado direito do corpo. As funes relacionadas fala esto geralmente nesta regio.

Estes hemisfrios podem funcionar separadamente, mas existe uma comunicao entre ambos atravs de feixes de nervos chamados de corpus callosum ou corpo caloso.

MEMRIA

Os neurnios so clulas altamente especializadas que NUNCA so repostas. Alm disto, existe uma taxa de morte celular de cerca de 50.000 clulas por dia. Porm, com o passar do tempo, o adulto capaz de realizar tarefas mais complexas.

Em ratos, foi observado que, com estmulos constantes, havia um aumento do nmero de sinapses e, com a ausncia de atividades cerebrais, este nmero diminua consideravelmente. Portanto, so as conexes sinpticas que armazenam a memria e a capacidade de raciocnio e no o nmero de neurnios.

DEGENERAO E REGENERAO

Como os neurnios no se dividem, sua destruio representa uma perda permanente. Seus prolongamentos, no entanto, dentro de certos limites, podem regenerar devido atividade sinttica dos respectivos pericrios, desde que estes no estejam lesados.

Quando uma clula nervosa destruda, as que a ela se ligam nada sofrem, exceto nos raros casos em que um neurnio recebe impulsos exclusivamente do outro. Neste caso, o neurnio que fica completamente privado de impulsos nervosos, pela destruio do outro, sofre a chamada degenerao transneuronal.

Em contraste com os elementos nervosos, as clulas da neurglia, bem como seu equivalente no sistema nervoso perifrico (clulas de Schwann) so dotadas de grande capacidade de proliferao. Os espaos deixados pelas clulas e fibras nervosas do sistema nervoso central destrudo por acidente ou doena so preenchidos por clulas da neurglia.

Devido sua distribuio por todo o corpo, as leses dos nervos so relativamente freqentes. Quando um nervo seccionado, ocorrem alteraes degenerativas seguidas de uma fase de reparao.

Em um nervo lesado, deve-se distinguir a parte da fibra que, pela leso, desligou-se de seu neurnio (parte distal) e a parte que continua unida ao neurnio (parte proximal). O segmento proximal, por manter contato com o pericrio, que o centro trfico, freqentemente regenerado, enquanto o segmento distal degenera totalmente e acaba por ser reabsorvido. A Figura 9.22 explica esquematicamente as modificaes que ocorrem nas fibras lesadas e nos pericrios.

O corpo celular cujo axnio sofre leso mostra as seguintes alteraes:

1. Cromatlise, isto , dissoluo dos corpsculos de Nissl

2. Aumento do volume do pericrio

3. Deslocamento do ncleo para a periferia do pericrio. Prximo ao ferimento, uma pequena extenso da fibra lesada degenera, mas o seu crescimento se inicia logo que os restos degenerados so removidos por macrfagos.

No coto distal, tanto o axnio, agora separado do pericrio, como a bainha de mielina degeneram totalmente, sendo reabsorvidos por macrfagos. Enquanto se processam estas alteraes, as clulas de Schwann proliferam, formando colunas celulares compactas. Essas colunas serviro de guia para os axnios que vo crescer durante a fase de regenerao.

Figura 9.22. Modificaes que podem ocorrem quando a fibra nervosa seccionada. A. fibra nervosa motora normal. B. quando a fibra sofre leso, o ncleo desloca-se e diminui a substncia de Nissl. A parte distal da fibra degenera-se, havendo fragmentao da mielina, que fagocitada pelos macrfagos. C. devido falta de uso, a fibra muscular atrofia-se. A proliferao das clulas de Schwann deu origem a um cilindro, que penetrado pelos neurnios em crescimento. Estes crescem uma velocidade de 0,5 a 3 mm por dia. D. No exemplo dado, a regenerao foi bem sucedida e a fibra muscular voltou ao seu tamanho normal. E. Quando o axnio no encontra o cilindro formado pelas clulas de Schwann, seu crescimento desordenado, formando muitas vezes os neuromas de amputao.

O segmento proximal do axnio cresce e se ramifica, formando vrios filamentos que progridem em direo s colunas de clulas de Schwann (C). Todavia, somente as fibras que penetram nessas colunas tm possibilidade de alcanar um rgo efetor (D). No caso de ser muito grande o espao entre os cotos proximal e distal, ou mesmo quando este perdido (como ocorre na amputao), as fibras nervosas crescem a esmo, formando uma dilatao muito dolorosa na extremidade do nervo. chamado de neuroma de amputao.

A eficincia funcional da regenerao depende de as fibras ocuparem as colunas de clulas de Schwann destinadas aos locais corretos. Em um nervo misto, por exemplo, se as fibras sensitivas regeneradas ocuparem colunas destinadas s placas motoras do msculo estriado (e que antes estavam ocupadas por fibras motoras), a funo do msculo no ser restabelecida. A possibilidade de recuperao funcional aumentada pelo fato de que cada fibra em regenerao d origem a vrios prolongamentos e cada coluna recebe prolongamentos de vrias fibras.

PRINCIPAIS DOENAS NEUROLGICAS

Esclerose mltipla - uma doena resultante da uma degenerao da mielina, uma capa lipdica que envolve os prolongamentos axonais do neurnio. Embora o neurnio permanea ativo, a destruio da mielina ao seu redor dificulta a conduo nervosa. Os sintomas mais freqentes so fraqueza muscular nas mos ou ps, alteraes na viso, na fala, no equilbrio, lapsos de memria e sensaes estranhas, como a de que o corpo est flutuando ou de que a cabea est separada do corpo.

Meningite uma inflamao da meninge, membrana que recobre o sistema nervoso central. Pode ser provocada por bactrias, vrus ou fungos. Os sintomas clssicos so febre, dor de cabea, rigidez da nuca e vmitos em jato. Em sua forma mais grave, pode matar rapidamente ou deixar seqelas neurolgicas graves

Acidente Vascular Cerebral (AVC) - Mais conhecido como derrame cerebral, uma leso causada pela obstruo ou ruptura de artrias que suprem o crebro de oxignio. As seqelas da leso podem ser de paralisia facial e de membros, dificuldades de fala, distrbios auditivos e visuais, perda de memria e at a morte.

Epilepsia - uma sndrome, ou seja, um conjunto de sintomas decorrentes de uma descarga neuronal irregular. Dentre esses, o mais conhecido a convulso - perda de conscincia e contores musculares - mas no o nico: lapsos de memria, crises de ausncia (a pessoa desliga-se por alguns segundos), dores de cabea e at a sensao de j ter vivenciado no passado uma situao que se sabe nova (o chamado dj vu) tambm so relatados.

Cefalia - E o nome cientfico da velha dor de cabea. Na realidade, o crebro, em si, no di, pois no possui receptores sensoriais. Esse sintoma causado, geralmente, pela presso sobre as meninges ou contraes nas artrias cerebrais. Dentre os inmeros tipos de cefalia, as mais comuns so aquelas causadas por infeces, como gripe ou sinusite. s vezes, porm, a dor de cabea no ocorre vinculada a nenhuma outra patologia..

Alteraes nas sinapses qumicas

Uma bactria, Clostridium tetani, vive na garganta de cavalos e outros animais, podendo sobreviver no solo. Esta bactria pode entrar no corpo humano atravs de uma puno ou corte profundos e pode se multiplicar se o tecido em volta do machucado morrer. O produto da atividade metablica desta bactria uma neurotoxina, interferindo no efeito da acetilcolina nos neurnios motores. O resultado uma desordem severa chamada ttano e se os sintomas se prolongarem, pode levar morte.

Muitos dos msculos do corpo ocorrem aos pares e enquanto um contrai o outro relaxa. Quando o brao dobrado, dois msculos podem ser observados: o bceps e trceps. Quando o bceps contrai, sinais inibidores so enviados ao trceps, que relaxa. A toxina do ttano bloqueia a liberao de sinais inibitrios assim, ambos os msculos relaxam. Este o incio da paralisia espasmdica, onde os msculos no se relaxam. O aumento na tenso muscular (espasmos) pode tornar-se to violenta a ponto de quebrar os ossos do corpo. As costas podem paralisar-se em arco e os msculos do sistema respiratrio e do corao tambm podem paralizar-se, levando o indivduo morte.

Desde o desenvolvimento de vacinas, o ttano ocorre raramente. Porm, a doena foi terrvel entre os soldados da primeira guerra mundial, quando as batalhas eram travadas com cavalos. A agonia de uma vtima de contaminao foi pintada enquanto ele estava em um hospital militar (Figura 9.23).

Figura 9.23. Soldado morrendo de ttano durante a primeira guerra mundial.

Clostridium botulinum, uma bactria aparentada do agente causador do ttano, possui um efeito diferente na sinapse. Ela produz uma toxina que bloqueia a liberao de estimulantes dos neurnios motores. Neste caso, a contrao muscular no ocorre e o corpo apresenta sintomas do botulismo. Ocorre paralisia significando que os msculos esto relaxados. Sem tratamento, a vtima simplesmente pra de respirar.

Bibliografia:

Junqueira, L. C.; Carneiro, J. Histologia Bsica. Nona Edio, Ed. Guanabara Koogan, RJ, 1999.

Starr, C. Biology: The Unity and Diversity of Life. Wadsworth Publishing Company Inc., Belmont, California.- ltima edio.Figura 9.1. Partes que compem um neurnio. A fotografia eletrnica de escaneamento mostra claramente o corpo celular e os dendritos.

Figura 9.2. O desenho mostra o tipo mais frequente de fibra amielnica, na qual cada axnio tem seu prprio mesaxnio (mielina).

Figura 9.6. Propagao do potencial de ao ao longo de um neurnio com bainha de mielina. (a) O potencial de ao iniciado na membrana do neurnio (dendrito ou corpo celular). (b) a camada com mielina funciona como isolante eltrico, impedindo a propagao do impulso. (c) Os nodos de Ranvier no possuem mielina. Ocorre, portanto, a despolarizao da membrana apenas nestes nodos. (d, e) O impulso difunde-se rapidamente para o prximo nodo e assim por diante, ao longo de todo o axnio.

Figura 9.7. Morfologia externa de uma clula nervosa e alguns de seus prolongamentos. Em negro, as terminaes sinpticas dos axnios de outras clulas nervosas. A rea delimitada pelo retngulo aparece ampliada no esquema B. As vesculas sinpticas contm molculas neurotransmissoras.

Figura 9.8. Sinapse qumica. O potencial de ao percorre o axnio a partir do corpo celular (a). Em (b), o axnio termina prximo a outro neurnio, sendo uma sinapse qumica. A informao passa da clula pr-sinptica para a clula ps-sinptica atravs de um mediador qumico (c).

Figura 9.9. (a) Juno neuromuscular, uma regio de sinapse qumica entre um neurnio motor e uma clula muscular. (b). Nesta juno, os terminais axnicos agem na membrana plasmtica das clulas e a mielina termina antes desta juno, assim a membrana das duas clulas ficam expostas. (c). Micrografia de uma poro de uma juno neuromuscular.

Figura 9.11. Estrutura de um nervo. O esquema (a) e a fotografia eletrnica de escaneamento (b) mostram grupos de axnios envoltos por tecido conjuntivo dentro do nervo.

Figura 9.12. Esquerda: Micrografia eletrnica de corte transversal de nervo, mostrando o epineuro (EPI), o perineuro (PERI) e o endoneuro (ENDO). O epineuro um tecido conjuntivo denso rico em fibras colgenas (COL) e em fibroblastos. O perineuro constitudo por diversas camadas de clulas achatadas e unidas para formar uma barreira penetrao de macromolculas no nervo. O endoneuro formado principalmente por fibras reticulares sintetizadas pelas clulas de Schwann. Direita: Fotomicrografia de corte transversal do nervo, mostrando numerosos axnios cortados transversalmente, com clulas do endoneuro entre eles.

Figura 9.13. Sistema nervoso humano mostrando alguns dos principais componentes. O sistema tambm inclui 12 pares de nervos cranianos (no visveis) que se conectam com diferentes regies cerebrais.

Figura 9.19. a. Exemplos de coneces vertical e lateral entre os interneurnios (em verde) na medula espinal. b. Fotografia mostrando o arranjo da substncia branca e da substncia cinzenta da medula espinal.

Figura 9.21. Estrutura do crebro humano em corte sagital. O corpo caloso o maior nervo que encontra-se transversalmente, unindo os dois hemisfrios cerebrais. O desenho mostra os hemisfrios levemente separados, porm eles encontra-se extremamente unidos, com apenas uma fissura longitudinal separando-os.