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Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa T4
FÍSICA EXPERIMENTAL I - 2009/2010
________________________________________________________________________________________________
OSCILAÇÕES MECÂNICAS LIVRES, AMORTECIDAS E FORÇADAS
1 Objectivo
Medir a frequência própria de um oscilador;
Determinar a constante de amortecimento;
Medir a amplitude das oscilações forçadas em função da frequência de excitação para várias
constantes de amortecimento.
2 Introdução
2.1 Movimento harmónico simples
Uma partícula descreve um movimento harmónico simples quando a sua posição x em
função do tempo t é descrita pela equação
sin (1)
onde A é a amplitude, ω a frequência angular e a fase inicial do movimento. O período T do
movimento é tal que a função tem o mesmo valor quando o argumento varia de 2
Figura 1: Na parte superior da figura está representado o movimento de uma partícula segundo o eixo dos x em torno do ponto O, entre os pontos x = -A e x = A. A partícula está representada na posição de coordenada x. Ao movimento de vai e vem da partícula no eixo dos x corresponde uma variação no tempo, expressa pela eq. (1), representada na figura para = 0.
Derivando (1) relativamente ao tempo obtemos a velocidade da partícula,
T/43T/4
T/2T
t
O-A Ax x
T4 - Oscilações ________________________________________________________________________________________________
2(7)
cos . (2)
Derivando de novo em relação ao tempo obtemos a aceleração da partícula,
sin (3)
que se pode exprimir na equação diferencial
0 (4)
Esta é a equação diferencial de um movimento harmónico simples. A variável x pode ser qualquer
uma das grandezas: deslocamento linear, deslocamento angular, carga de um condensador,
temperatura.
2.2 Oscilações livres
Consideremos uma massa m actuada pela força linear de uma mola em que k é a
constante da mola.
0 0 x
F
ux
m
Figura 2: À esquerda na figura está representada a massa m na extremidade de uma mola que está em equilíbrio na posição 0. À direita na figura, a mola foi afastada da sua posição de equilíbrio, a massa m encontra-se na posição x e
actua sobre ela uma força proporcional ao deslocamento e de sentido contrário.
Desprezando o amortecimento e a massa da mola, obtemos, utilizando a 2ª lei de Newton, a
equação do movimento:
, (5)
em que sen é solução desta equação1. A amplitude A do movimento e a fase inicial
são constantes a determinar a partir das condições iniciais 0, , . Substituindo a
expressão de x na equação do movimento (5) vem:
sin sin (6)
donde ; é designada por frequência própria do oscilador e é representada por .
Então, o período T de oscilação
1 Se quisermos descrever a situação em que a massa m está suspensa de uma mola, e portanto sujeita também à força
gravítica, a eq. (5) vem e a solução desta equação é sen , onde / .
A alteração consiste numa variação da posição de equilíbrio que deixa de ser no ponto 0 para ser no ponto x0.
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3(7)
2 (7)
depende das constantes m e k e é independente da amplitude. Uma massa na extremidade de uma
mola descreve no tempo uma sinusóide, tal como o faz qualquer objecto a vibrar com movimento
harmónico simples.
A vantagem de exprimir as oscilações em termos de uma equação diferencial é poder
estabelecer analogias entre sistemas físicos oscilantes completamente diferentes: mecânicos,
eléctricos, hidráulicos, …
2.3 Oscilações amortecidas
Em todos os problemas físicos existe sempre algum atrito e portanto a equação (5) não pode
representar com exactidão a situação física, devendo ser corrigida através da introdução de um
termo correspondente à força de atrito.
0 x
Fa
ux
F
Figura 3: Representação das forças elástica da mola, , e de atrito, , que actuam numa massa presa a uma mola.
Empiricamente essa força pode ser representada por , onde b é uma constante que
depende das características do corpo (forma geométrica e tamanho de sua superfície) e da
viscosidade do fluido no qual o corpo oscila. A equação do movimento vem agora
0 (8)
cuja solução tipo é
e sin . (9)
Substituindo em (8) vem
(10)
e
(11)
onde é a constante de amortecimento.
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4(7)
Figura 3: Oscilações amortecidas cuja amplitude decresce exponencialmente com o tempo, .
A frequência de oscilação ω afasta‐se tanto mais de ω₀ quanto mais importante for o termo
de amortecimento relativamente a essa frequência. Quando a frequência praticamente não
se altera e vem ω ω₀.
Nas oscilações amortecidas a amplitude de oscilação e diminui com o tempo e a
energia do oscilador também diminui devido ao trabalho da força de atrito. A representa agora a
amplitude inicial do movimento. O tempo necessário para que a amplitude se reduza a metade
obtém-se fazendo
(12)
2.4 Oscilações forçadas Como em geral existe dissipação de energia, a manutenção de um movimento oscilatório
exige o acoplamento do oscilador a um sistema que lhe forneça energia. Iremos aqui estudar o caso
de um oscilador acoplado a um sistema que é responsável por uma excitação sinusoidal, que se
traduz no aparecimento de uma força excitadora, sin , na equação do movimento:
sin (13)
0 x
Fa
Ff
ux
F
Figura 4: Para além da força elástica da mola, , estão representadas a força de atrito e uma força excitadora
sinusoidal, , de amplitude F0.
Exprimindo a equação de movimento (13) na forma diferencial vem:
3T2TT
-Ae-t
t
Ae- tx
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5(7)
sin (14)
A solução desta equação diferencial é a soma de uma solução geral da equação homogénea
com uma solução particular da equação não homogénea. A solução geral da equação homogénea
(F0 = 0) corresponde a um regime transitório que decresce exponencialmente e desaparece ao fim de
um certo tempo. Depois de algumas oscilações atinge-se um regime estacionário em que o oscilador
oscila com a frequência forçada, mas com uma amplitude que depende do afastamento entre a
frequência forçada e a frequência própria do oscilador.
A solução particular da equação não homogénea corresponde ao estado estacionário e é do
tipo
sin (15)
em que representa a diferença de fase entre as oscilações do excitador e do oscilador.
Substituindo a solução (15) na equação (14) obtemos após algumas transformações trigonométricas:
(16)
tg
(17)
A amplitude varia com a frequência e é máxima quando o denominador da equação (16)
for mínimo. Derivando o radicando do denominador em ordem e igualando a zero obtém-se o
valor da frequência da força excitadora, ωA, para a qual a amplitude é máxima
A 2 .
Quando a frequência da força aplicada for igual a A dizemos que há ressonância. A frequência
de ressonância varia com o amortecimento e, quando é nulo, a amplitude de ressonância é infinita
e isto ocorre quando A .
2.5 Pêndulo de torção Neste trabalho vai estudar as oscilações livres amortecidas e forçadas de um pêndulo de
torção designado por disco de Pohl. Neste caso a equação do oscilador livre é: , o que
significa que a coordenada do oscilador é e o momento de inércia I substitui a massa nas equações
anteriores.
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3 Para resolver antes da aula de realização do trabalho
1) Escreva as expressões (5), (8), (9), (14) e (16) aplicadas ao pêndulo de torção.
2) Partindo da expressão que lhe dá a solução da equação das oscilações amortecidas para o
pêndulo de torção
a. deduza a expressão da velocidade do oscilador amortecido;
b. determine, na posição de elongação nula, a expressão da velocidade em função do tempo
do oscilador.
3) Determine os valores limite da amplitude de um oscilador forçado e amortecido nos casos
a. f muito menor que 0;
b. f muito maior que 0.
4 Realização experimental
4.1 Material Disco de Pohl, fonte de alimentação, 2 multímetros, cronómetro, sensor óptico ligado ao
computador.
4.2 Obtenção de Resultados e Análise de Resultados
Figura 5: Representação do pêndulo de torção:
1 – Escala;
2 – Pêndulo: 2a ponteiro da deflexão; 2b ponteiro da relação de fase, 2c mola helicoidal;
3 – Excitador: 3a ponteiro da relação de fase, 3b fenda, 3c parafuso, 3d biela, 3e roda impulsora e excêntrica;
4 – Travão electromagnético: 4a bornes de ligação de saída da fonte de corrente;
5 – Motor excitador: 5a controlo fino da tensão de excitação, 5b Controlo da tensão de excitação, 5c bornes para ligação do multímetro, 5d bornes de ligação de saída da fonte de tensão;
1. Efectue o ajuste do zero, rodando o disco que se encontra acoplado ao motor (fig. 5 - 3e) até
colocar o ponteiro do pêndulo (fig. 5 - 2a) no zero da escala de amplitude (fig. 5 - 1).
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2. Desloque o ponteiro do pêndulo para a posição de oscilação máxima, obtendo assim
oscilações livres. Utilizando o sensor óptico e o sistema automático de registo, meça o período de
oscilação do pêndulo (programa DataStudio, opção fotoporta e pêndulo).
Observação: Preste atenção aos dados registados no computador. Para além do registo do período, o sistema regista a velocidade do movimento do pêndulo, na posição de equilíbrio. Comente os valores registados para a velocidade, nesse ponto, ao longo do tempo.
3. Determine a frequência natural de oscilação do pêndulo e a respectiva incerteza.
4. Ligue a saída de 2 A da fonte de alimentação aos bornes da bobina (fig.5 - 4a) (que vai
constituir um travão electromagnético) e introduza um multímetro para medir a intensidade de
corrente. O grau de amortecimento é controlado variando entre 0 e 100% o potenciómetro da fonte
de alimentação. Isto corresponde à introdução, na equação do movimento, de um termo de
amortecimento que é proporcional à velocidade.
5. Ajuste o valor da corrente para 0,2 A. Desloque de novo o ponteiro do pêndulo até à posição
de oscilação máxima, e utilizando o sistema automático de medida, meça o período de oscilação do
pêndulo. Registe os valores da velocidade no ponto de equilíbrio, até o pêndulo parar.
6. Determine, a partir da variação da velocidade com o tempo, a constante de amortecimento.
7. Repita os pontos 5. e 6. para um valor de corrente de 0,4 A.
8. Ligue a saída de 24V da fonte de alimentação aos bornes do motor (fig. 5 - 5d) o que lhe vai
permitir forçar o pêndulo de torção. O ajuste da tensão é realizado com os dois potenciómetros de
ajuste grosso e fino (fig.5 - 5b e 5a) junto ao motor, utilizando um multímetro para medir a tensão
(fig.5 – 5c).
9. Ajuste a corrente que alimenta a bobina para 0,4 A. Varie a frequência da oscilação forçada
e para cada valor meça a amplitude de oscilação, tendo o cuidado de esperar que se atinja o estado
estacionário. A frequência da oscilação forçada é determinada a partir da medição, com um
cronómetro manual, do intervalo de tempo que a roda impulsora (fig.5 - 3e) leva a fazer um certo
número de revoluções. Tenha o cuidado de varrer a gama de frequências que lhe interessa.
Represente graficamente a dependência entre a amplitude e a frequência da oscilação
forçada. Determine o valor da frequência de ressonância.
10. Repita o ponto anterior para outro valor da constante de amortecimento.
11. Na situação de atrito quase nulo observe o movimento de oscilação para diferentes valores
da frequência que força o sistema. Registe o que observa para a frequência de ressonância nesta
situação.
Trabalho de laboratório preparado por: Ana Maria Costa, Luísa Paramês