Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação

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    Leoprcio, Waldir, et al.

    Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestao: uma reviso crtica

    Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestao: umareviso crtica*

    Smoking and its peculiarities during pregnancy: a critical review

    WALDIR LEOPRCIO, ANALICE GIGLIOTTI

    A gestao uma ocasio especial para a promoo da

    cessao do tabagismo. A preocupao com a sade do

    feto gera uma motivao extraordinria na gestante. Osresultados e a relao custo-efetividade das intervenesso melhores neste grupo do que na populao em geral.Os ganhos extrapolam os benefcios sade da mulher,pois permitem tambm o desenvolvimento de um feto mais

    saudvel. O conhecimento das peculiaridades do tabagismodurante a gestao fundamental para uma abordagemdirecionada e com maior probabilidade de sucesso. Estetrabalho de reviso tem o objetivo de ressaltar a extensodos malefcios do fumo, tanto para a mulher gestante quantopara seu feto, e estimular o uso de tcnicas apropriadas

    para a suspenso do tabagismo nesta populao.

    Pregnancy is a special occasion to promote the end of the

    smoking habit. Concern with health of the fetus brings about

    an extraordinary motivation for the pregnant woman. Resultsand cost-effectiveness of interventions are better in thisgroup than in the overall population and the advantagesextrapolate the benefits to the womans health as they alsoallow for the development of a healthy fetus. Knowledge of

    the peculiarities of smoking during pregnancy is fundamentalfor a directed approach which adds to a probability of greatersuccess. This review investigates the extent of the harm oftobacco for the pregnant woman as well as for the fetus. Assuch it, it encourages the use of appropriate techniques tourge pregnant women to stop smoking.

    J Bras Pneumol 2004; 30(2) 176-185

    Descritores: Tabagismo/efeitos adversos. Abandono do usode tabaco/mtodos. Gravidez.

    Key words: Smoking/adverse effects. Tobacco use cessation/methods. Pregnancy.

    * Trabalho realizado no Instituto de Doenas do Trax da Universidade Federal do Rio de Janeiro.Endereo para correspondncia: Waldir Leoprcio. Rua Conde de Iraj, 420. Rio de Janeiro-Brasil. Cep: 22271-020. Tel/fax: (21)2535-5910.E-mail: [email protected]

    Recebido para publicao, em 16/6/03. Aprovado, aps reviso, em 20/11/03.

    INTRODUOO tabagismo durante a gestao tem

    implicaes que vo alm dos prejuzos sadematerna. Os malefcios sobre a sade fetal sotantos, que justificam dizermos que o feto um

    verdadeiro fumante ativo.O fumo na gravidez responsvel por 20%

    dos casos de fetos com baixo peso ao nascer, 8%dos partos prematuros e 5% de todas as mortesperinatais1. Estudos mostram que o tabagismo nagestao pode contribuir para a sndrome damorte sbita do beb, alm de causar importantesalteraes no desenvolvimento do sistema nervoso

    fetal2. Estimativas econmicas indicam que oscustos com as complicaes perinatais so 66%maiores nos casos de mes que fumaram durantea gravidez do que nos de mes no fumantes3.

    Embora os maiores benefc ios para o

    desenvolvimento fetal ocorram se a cessao dotabagismo se fizer ainda no incio da gestao4, ainterrupo em qualquer momento da gravidez,ou mesmo no ps-natal, tem significativo impactona sade da famlia. Em torno de 27% das crianasamericanas so expostas ao tabagismo passivo emsuas residncias5 e os custos mdicos anuais comos parentes de fumantes so estimados em 4,6

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    catecolaminas para redistribuio do fluxosangneo para o crebro e corao e para amanuteno da freqncia cardaca durante ahipxia.

    Gilliland et al. mostraram que a exposio fetalaos compostos do tabaco compromete o crescimentodos pulmes e leva reduo das pequenas viasareas, implicando em alteraes funcionaisrespiratrias na infncia, que persistem ao longo da

    vida14,15.O desenvolvimento pulmonar modificadopode estar associado ao aumento do risco futuro de

    doena pulmonar obstrutiva crnica (DPOC), cncerde pulmo e doenas cardiovasculares16-18.A nicotina provoca alteraes sbitas e

    momentneas no aparelho cardiovascular dagestante, com elevao da freqncia cardaca edas presses arteriais sistlicas e diastlicas. Essasmudanas so dose-dependentes e parecem noprovocar repercusso clnica significativa materno-fetal19.

    Monxido de carbonoO Monxido de carbono (CO) um gs

    venenoso produzido pela combusto incompletade matria orgnica. Embora existam outras fontesde exposio ao CO, como a poluio atmosfrica,o fumo passivo, a produo endgena e aexposio ocupacional, nada se compara aotabagismo ativo20.

    O CO liga-se hemoglobina materna e fetalno stio onde se deveria ligar o oxignio, comafinidade 200 vezes maior que este 21.O produtodessa ligao a carboxihemoglobina (COHb),que tem uma meia vida de eliminao de cinco aseis horas22, com variao de concentrao nosangue dos fumantes de 5% a 10%. A

    hemoglobina fetal tem uma ligao com o CO maisforte que a hemoglobina materna, resultando emnveis de COHb mais elevados na circulao fetal23.As altas concentraes de COHb provocam hipxiatecidual, estimulando a eritropoiese e causandouma elevao do hematcrito da gestante fumantee de seu feto24. Isto implica em hiperviscosidadesangnea, aumento do risco de infarto cerebralno neonato25, e mau desempenho da placenta26.

    O CO altera a curva de dissociao daoxihemoglobina, prejudicando a oxigenao dostecidos23. A hipxia celular crnica um dos

    fatores que podem explicar o retardo docrescimento fetal7.

    bilhes de dlares6. A manuteno da abstinnciano decorrer da gestao e no ps-parto tem papelfundamental na preveno de doenas materno-infantis relacionadas ao tabaco.

    O grande ganho sade da me, do feto e dacriana, e a extraordinria motivao materna quea gravidez por si promove justificam a aplicao deesforos especiais para a interrupo do tabagismona gestao. Inserido neste contexto, o objetivodeste trabalho foi contribuir com uma reviso crticados principais artigos nacionais e estrangeiros

    indexados no MEDLINE e LILACS, dentre outros,publicados at o ano de 2003 sobre o tabagismo esuas peculiaridades durante a gestao.

    Toxicidade dos compostos do tabaco nageastante e no feto

    NicotinaA insuficincia tero-placentria tem sido

    indicada como o principal mecanismo responsvelpelo retardo do crescimento fetal nas gestantesfumantes. A nicotina causa vasoconstrico dos

    vasos do tero e da placenta, reduzindo o fluxosangneo e a oferta de oxignio e nutrientespara o feto. No entanto, alguns autores 2, 7

    acreditam que alm disso, os danos biolgicosce lu la res e molecula res provocados pe lomonxido de carbono e por outras toxinastambm tm for te inte r fe rnc ia nodesenvolvimento do feto.

    A exposio pr e perinatal nicotina tem sidorelacionada a alteraes da cognio8, e dodesenvolvimento psico-motor9 e sexual no jovem10.

    Estes efeitos parecem ser secundr ios neurotoxicidade da nicotina, que interage com os

    receptores nicotnicos colinrgicos em fase precocee inadequada durante a gestao, prejudicando aneurognese e a sinaptognese11.

    A sndrome da morte sbita do beb temmecanismos causais desconhecidos eprovavelmente multifatoriais. O fumo durante agravidez reconhecidamente um elemento queeleva o risco de sua ocorrncia12. Uma dashipteses para explicar essa relao que aexposio prolongada da medula adrenal do feto nicotina leva perda de sua capacidade deresponder reflexamente hipxia13. Sendo assim,

    durante a apnia transitria ou obstruo das viasareas do recm-nato, no haveria liberao de

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    No sistema nervoso do feto, o CO tem ao deuma potente toxina, e pode causar lesesneurolgicas temporrias e/ou permanentes27. Nosistema cardiovascular, provoca elevao dafreqncia cardaca e hipertrofia miocrdica28.

    Outros efeitos txicos dos compostos docigarro

    sabido que o tabagismo leva aocomprometimento do sistema imunolgico, comdiminuio da capacidade fagocitr ia dos

    macrfagos e alterao dos nveis de IgA nasmucosas29. Isto pode explicar porque as gestantesfumantes tm maior risco de abortamento30. Aruptura prematura das membranas ser iasubseqente a rupturas focais31, por sua vezsecundrias a infeces locais facilitadas pelatoxicidade do fumo.

    Outra causa importante de ruptura prematuradas membranas e abortamento nas fumantes ofato de haver uma reduo de 50% na concentraode cido ascrbico no lquido aminitico emcomparao s no-fumantes32. A vitamina C, almde ter papel significativo nas defesas imunolgicas33, imprescindvel na formao do colgeno quecompe a membrana aminiocor inica 34 . Otransporte de aminocidos pela placenta estreduzido nas fumantes35, o que interfere na snteseproteica e contribui para o mau desenvolvimentoda membrana aminiocorinica36.

    Outro fator responsvel pelo aumento deabortamentos em fumantes a reduo da snteseplacentria de xido ntrico, um potente relaxantedo miomtrio37.

    O fator de ativao das plaquetas estenvolvido no incio e na manuteno do trabalho

    de parto, atravs da sntese de prostaglandinas. Otabagismo reduz a inativao desse fator, podendoprovocar contrao uterina e parto prematuro37.

    Validao bioqumica do perfil tabgicoda gestante

    A forte presso social e o reconhecimento dosmalefcios do tabagismo sobre a sade materna efetal constrangem as gestantes, fazendo com quegrande parte delas no preste informaes

    verdicas a respeito de seu hbito tabgico 38. Daa importncia, principalmente em levantamentos

    epidemiolgicos e na conduo de pesquisascientficas, de essas informaes serem validadas39.

    Na atualidade, questiona-se a utilizaoindiscriminada da confirmao bioqumica doauto-relato40. Sua importncia est diretamenterelacionada s caractersticas da populaoestudada41. Nas situaes onde o risco de falsasinformaes elevado, como no caso dasgestantes, os auto-relatos precisam serconfrontados para que os dados obtidos ganhemcredibilidade. Estudos acerca de tabagismo durantea gestao relatam discordncia de 28% a 50%entre o auto-relato e os testes de cotinina42.

    No acompanhamento de gestantes, dependendoda informao que se esteja buscando, o meio devalidao pode variar. Hoje, os mais utilizados soa dosagem da cotinina (saliva ou urina) e domonxido de carbono no ar exalado (Coex), cadaqual com suas caractersticas prprias.

    Caso o objetivo seja definir o perfil tabgicoda gestante (diferenciao entre fumantes e no-fumantes), a dosagem da cotinina o mtodo deeleio, apesar de todas as suas dificuldadestcnicas. Se o objetivo ter um mtodo rpidoque comprove a alterao no nmero de cigarrosconsumidos, aumentar a motivao para mudanade comportamento e avaliar o tabagismo passivo,a mensurao do COex deve ser preferida43,44.

    Avaliao crtica dos custos do controledo tabagismo durante a gestao

    Os gastos devidos ao tabagismo durante agestao so parte dos cuidados especiaisdispensados no s s gestantes, mas tambm aosneonatos e criana no primeiro ano de vida,que sofrem com o hbito de fumar de suas mesainda na vida intra-uterina e/ou durante o perodode amamentao e crescimento.

    Nos EUA, os custos com o tratamento dasintercorrncias obsttricas provenientes do fumona gravidez atingem cifras de 135 a 167 milhesde dlares por ano45.

    Estimativaseconmicas indicam que os gastosmdicos diretos com as complicaes peri-nataisdas gestantes fumantes so 66% maiores do quedas no-fumantes46. Isto se deve em grande partes complicaes fetais, como o baixo peso aonascer (BNP)47, segundo a Organizao Mundialda Sade (OMS) o fator isolado mais importantede morbimortalidade infantil48, a sndrome da

    morte sbita do beb12,49

    , e os distrbiosventilatrios14,15, dentre outras49.

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    Nos pases em desenvolvimento, o tabagismodurante a gestao , ao lado da desnutriomaterna e da falta de assistncia pr-natal, aprincipal causa de BPN47. Nos pases e centrosdesenvolvidos a primeira causa isolada50.

    Em trabalho publicado na Health Economics51,Adams et al. afirmam que o fumo na gestaoeleva em 20% o risco de assistncia em UTIneonatal, e que o tempo de permanncia e osgastos com estas crianas na UTI neonatal somaiores do que aqueles cujas mes no fumaram

    durante a gravidez. Concluem que o tabagismodurante a gestao aumenta em $700,00 os custoscom a assistncia neonatal.

    A manuteno do hbito de fumar durante oprimeiro ano de vida da criana agrava os prejuzosrespiratrios, neurolgicos e psico-motores que seiniciaram ainda intra-tero14,52, avolumando osgastos com assistncia mdica dos filhos defumantes.

    Baseado na definio de Doubilet et al. decusto efetivo na Medicina53, para se determinara relao custo-benefcio de um programa necessrio avaliar o seu impacto sobre a melhoriada sade e a economia de dinheiro proporcionada,ou observar o resgate dos benefcios de sademediante um custo aceitvel. Os programas depreveno e tratamento do tabagismo apresentama melhor relao custo-benefcio dentre todas asestratgias de promoo de sade, e tm o maiorimpacto sobre a expectativa de vida do serhumano, se comparados a qualquer outra aopreventiva isolada54. O Banco Mundial asseguraque investir no controle do tabagismo altamenterentvel , sobretudo para os pases emdesenvolvimento55.

    Se considerarmos o controle do tabagismopontualmente durante a gestao, a relao custo-benefcio ficar maximizada. Os benefcios geradospela cessao no se resumem sade da gestante,mas tambm do feto e de sua famlia. Se agestante interromper o tabagismo at a 20semana da gestao, o risco de ter um beb com

    BPN iguala-se ao risco das no fumantes56. Aconscincia da gravidez, por si s, j exerce umamotivao adicional na gestante para considerara cessao. Alm disso, as visitas pr-nataisproporcionam vrias oportunidades de reforo das

    intervenes para interrupo do fumo, o que elevaa possibilidade de xito57. Este o momento mais

    propcio para auxiliar uma mulher no abandonodo tabagismo. As taxas de sucesso dos programasde interveno para o abandono do fumo so cercade trs vezes maiores nas gestantes quandocomparadas com outros grupos58.A precocidadee a facilidade da mensurao do retorno doinvestimento motiva autoridades e gestores desade, uma vez que ao trmino da gestao osganhos com a sade da gestante e do neonato, ea economia deles decorrente, j podem sercontabilizados.

    Para cada dlar investido no controle dotabagismo durante a gestao, so recuperadosseis nos ganhos peri-natais e at dezessete dlaresse estendermos a somatria dos benefcios aoprimeiro ano de vida da criana50,59. Mesmo assim,em pases como os EUA e Canad, onde polticasgovernamentais anti-tabgicas so agressivas e soempregados investimentos macios para secontrolar o fumo durante a gestao, muito hpara se conquistar. Cerca de 20% das norte-americanas60 e 24% das canadenses61 ainda fumamdurante a gestao. Somente 49% dos gineco-obstetras americanos advertem suas pacientesquanto s conseqncias do tabagismo, e apenas28% discutem estratgias de abandono62.

    Em levantamento realizado em instituiespblicas e privadas da Califrnia (EUA) queprestam assistncia pr-natal, constatou-se que8% no oferecem qualquer tipo de apoio gestante para cessao do tabagismo63. Dentre osplanos de cuidado gerenciado (managed care),somente 45% disponibilizam para as gestantes asrecomendaes padronizadas da Agency for HealthCare Policy and Research64.

    Apesar de os dados dos EUA no serem

    exatamente superponveis aos do Brasil, podemosinferir que a nossa realidade se equivale ou piordo que a deles. Ou seja, estima-se que o tabagismoentre as gestantes brasileiras tambm comprometemilhares de vidas e consome milhes de reais quepoderiam estar sendo empregados, por exemplo,na melhoria da ateno pr-natal e no controleda mortalidade infantil.

    Preveno e tratamento do tabagismodurante a gestao

    A capacitao e o treinamento de profissionais

    para o controle do tabagismo e a implementaode programas pblicos e privados para apoio

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    cessao tambm revelaram-se extremamenteeficazes na reduo do tabagismo entregestantes38,42,65.

    A prevalncia de norte-americanas grvidasfumantes maior entre as jovens (menores de 20anos)66 e entre aquelas com baixa escolaridade67.

    Estudos com a populao brasileira confirmamesses achados68-71. Portanto, para se reduzir otabagismo na gestao, alm de se investir emaes de sade, deve-se tambm investir emeducao e ter as adolescentes como um dos alvos

    prioritrios72

    .Intervenes mnimas praticadas com apopulao em geral podem alcanar taxa desucesso de cessao do tabagismo de at 30%73.Os resultados desses esforos so ainda superioresquando di rec ionados espec i f icamente sgestantes58,74. A gestao e o ps-parto so ummomento mpar para promoo da cessao dotabagismo75. Logo, importante que em todoacompanhamento pr-natal sejam dispensadosalguns minutos sobre o tema tabagismo e suasconseqncias. Na verdade, toda mulher em idadefrtil e que esteja considerando a hiptese deengravidar, j deveria ser abordada pelo seuginecologista, no sentido da preveno dosefeitos do tabagismo durante a gestao. Essasadvertncias tambm devem ser estendidas sgestantes fumantes passivas76 e aos seus maridos,

    j que ter um cnjuge fumante fator preditivode insucesso para a cessao do hbito defumar67.

    No Brasil existe uma demanda reprimida emrelao a vagas para tratamento da dependnciada nicotina77. Visando atenuar este panorama, emagosto de 2002 foi assinada uma portaria do

    Ministrio da Sade78 que inclui o tratamentocontra o fumo nos servios do sistema pblico desade. No entanto, terapias especficas paragestantes ainda no esto previstas.

    A farmacoterapia e o aconselhamento somedidas de eficcia comprovada na cessao dotabagismo. Cada qual tem sua eficcia individual,mas se somadas aumentam as taxas de sucesso79.A combinao do aconselhamento com o uso dabupropiona e/ou formas de terapia de reposiode nicotina (TRN) apresenta taxa pontual decessao de 40% a 60%, e ao fim de um ano, de

    25% a 30%79

    . A terapia farmacolgica auxiliar nacessao do tabagismo tem uso muito restrito para

    a gestante. Mediante a possibilidade de toxicidadefetal, o emprego destas drogas tem uma relaorisco-benefcio incerta. Isto refora a necessidadede se trabalhar o abandono do tabagismo antesmesmo da concepo.

    Dempsey e Benowitz 7, em um detalhado artigode reviso sobre o uso de TRN durante a gestao,defendem a idia de que nos casos onde agestante no for capaz de interromper otabagismo apenas com o auxlio de intervenesno-farmacolgicas, deve-se considerar o uso de

    TRN. Este tipo de terapia adjuvante dobra a taxade cessao, aumentando a chance da me e dofeto serem poupados de mais de 4700 substnciascont idas no c igar ro a lm da n icot ina ,especialmente do monxido de carbono, que osautores consideram ser o composto de maiortoxicidade do tabaco. Na gravidez, as formulaesde liberao intermitente (goma de mascar, porexemplo) devem ser prefe r idas pordisponibilizarem ao feto uma dose total diriade nicotina menor do que os dispositivos deliberao lenta (adesivo). Alm disso, Dempsey e

    Benowitz recomendam o uso de TRN para mesque prec isam para r de fumar e estoamamentando, j que a quantidade de nicotinaexcretada no leite materno bem pequena,trazendo um risco mnimo ao beb, frente aolargo benefcio da proteo ao tabagismo passivo.Outros autores80,81 tambm entendem que, apesarde a TRN no estar idealmente indicada para usodurante a gestao, a sua utilizao ainda maissegura do que continuar fumando.

    Dev ido s l imitaes do emprego dafarmacoterapia no controle do tabagismodurante a gestao, os aspectos psicolgicos

    da dependnc i a de v em s e r amp lamen teabordados por meio de psicot erapia. Variandode acordo com o grau de motivao dagestante, vrias tcnicas podem ser empregadascom sucesso e aplicadas individualmente ouem g rupo 79,82-84 . Ut i l iza-se a entrev istamotivacional especialmente para as gestantesambiva lentes e a te rapia cognit ivo-comportamental para aquelas j motivadas, sendoesta a tcnica mais aplicada nos programas detratamento do tabagismo57, inclusive no programaproposto pelo Ministrio da Sade do Brasil85.

    Aconselhamento pessoal ou por telefone tambmmostram-se eficazes79,82. Materiais de auto-ajuda

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    com orientaes prticas de tcnicas de cessaodo tabagismo sumarizadas em livretos, fitas K7e de vdeo, ou em programas de computadortm resultado limitado se utilizados isoladamente,porm podem ser teis se inseridos no contexto deoutras formas de interveno59. Esses meiosauxiliares so to mais eficientes quanto mais foremespecificamente orientados para o pblico-alvo79,82.

    Da a importncia de as aes pblicas e privadasde controle do tabagismo preverem programas emateriais individualizados para as gestantes.

    Diferentemente do Canad, EUA, e Inglaterra, o Brasil no tem uma poltica bem definida deapoio s gestantes para a interrupo do fumona gravidez. Programas e recomendaes42,86

    voltadosespecificamente para este grupo, cominformaes prticas, disponveis inclusive na web( w w w . s u r g e o n g e n e r a l . g o v / t o b a c c o /p r e n a t a l . h t m , w w w . c c t c . c a ,www.smokefreefamilies.uab.edu/bpi_form.htm),tm apresentado excelentes resultados e podemservir de modelo para aes regionalizadas demesma envergadura no Brasil.

    Preveno da recadaA cessao do tabagismo no incio da gestao

    acarreta importante reduo dos riscos sadefetal4. A persistncia da abstinncia no ps-partoevita a exposio passiva do neo-nato aocompostos do tabaco, a qual est associada a

    vrias doenas, principalmente s infecesrespiratr ias. A abstinncia mantidadefinitivamente implicar no ganho de qualidadede vida da criana, e tambm na diminuio dosriscos maternos de doenas relacionadas ao tabaco.

    Estes aspectos do grande re levncia

    preocupao com o fenmeno da recada.Apesar de 25% a 40% das fumantes pararem de

    fumar quando tomam cincia de que estogrvidas 59,87,88,ou reduzirem drasticamente oconsumo de cigarros89, a recada pr e ps-parto muito freqente. Estima-se que cerca de 12% a 15%das gestantes que alcanam a cessao, seja de formaespontnea ou com auxlio, vo recair ainda durantea gestao90. Aps o trmino da gravidez, o risco muito maior, atingindo taxas de 40% a 90% nosdoze primeiros meses do ps-parto91,92.

    As variveis mais freqentemente citadas como

    preditivas de recada durante a gravidez so: poucacredibilidade sobre os malefcios do tabaco ao feto,

    julgamento de baixa capacidade de se manter semfumar, multiparidade, falta de suporte social(convivncia com fumantes), estresse, perodocurto de cessao antes da primeira visita pr-natal, baixa escolaridade e gravidez precoce88,93.

    Quinn et al.93, estudando o comportamento degestantes da Califrnia que interromperamespontaneamente o hbito tabgico por ocasiode sua gestao, encontraram uma taxa de recada,ainda no pr-natal, em torno de 21%. Face aosachados, alertaram sobre o alto ndice de recada

    entre as que cessaram espontanemente eadvertiram que estas devem ser identificadas eincludas em um programa especial para prevenode recada, e no simplesmente parabenizadas,como costuma ocorrer.

    Por outro lado, Secker-Walker et al.94 mostramque os programas de preveno de recadaoferecidos no pr e ps-natal, tanto para as quecessaram espontaneamente como para as quecessaram com auxlio, no modificam a taxa derecada a longo prazo no ps-parto. No entanto,prolongam o tempo de abstinncia, o que justificasua aplicao a todos os grupos de gestantes.Outros trabalhos tambm mostram a importnciadesses programas, independentemente da taxa derecada a longo prazo91.

    Em um estudo prospectivo, McBride et al.95

    acompanharam 106 mulheres que haviam paradode fumar durante a gestao. Na sexta semanaps-parto, 24% j haviam retomado o tabagismode forma regular e ao trmino do sexto ms, ataxa de recada era de 40%. Em concordncia comos achados de Fingerhut96 e Mullen92, observaramque a recada era gradual, com o maior risco por

    volta do quarto ms, diferentemente do que ocorre

    com outros grupos, onde a recada se dprecocemente (em dias ou semanas).

    Os fatores relacionados aos riscos de recada apso trmino da gestao so: cessao tardia durantea gravidez96; interrupo precoce do aleitamentomaterno97,98; ganho de peso97; estresse com oscuidados do beb99; cnjuge fumante95; depressops-parto60; trmino da licena maternidade, quandoa me, alm das tarefas domiciliares, volta a assumiros conflitos profissionais e a conviver com colegasfumantes no trabalho.

    A preveno e o tratamento da recada devem

    ser intensamente trabalhados, pois este fenmenopode comprometer a chance de um abandono

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    Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestao: uma reviso crtica

    definitivo do tabagismo, alcanado pela motivaorelacionada gestao.

    COMENTRIOS FINAISOs malefcios do tabaco atingem no apenas

    a gestante, mas tambm o feto, o qual, ainda notero, se torna um verdadeiro fumante ativo.

    Dados recentes da OMS100revelam que a cada anocerca de cinco milhes de pessoas morrem em todo omundo pela ao do tabaco. Esses dados alarmantesmostram a necessidade de controle do tabagismo.

    As gestantes devem estar no centro dasatenes das aes. Os programas para cessaodirecionados s gestantes tm resultados muitosuperiores queles destinados populao emgeral. A relao custo-benefcio fica otimizadanesse grupo. Com pequenos investimentosalcana-se grandes resultados com a eliminaodas exposies materna e fetal ao tabaco, almda proteo do recm-nato, da criana emdesenvolvimento e dos demais parentes, do fumopassivo. A figura da me fundamental naeducao: seus hbitos norteiam o comportamentosocial dos filhos, e podem influenciar a decisode futuras geraes em relao ao incio do hbitodo tabagismo.

    Alguns grupos merecem consideraes eestratgias especiais visando a otimizar a abordagemdo fumo na gravidez: jovens em idade frtil, vistoque a cessao antes da concepo a garantia deproteo mxima ao feto, e a farmacoterapia deapoio no tratamento da dependncia nicotnica podeser utilizada sem as restries da gestao; gestantescom baixa escolaridade, pois o maior consumo detabaco se concentra entre estas gestantes; gestantesque cessaram espontaneamente o hbito de fumar,

    pela alta prevalncia de recada; cnjuges fumantes,por influenciarem negativamente na tentativa decessao da gestante; nas gestantes que alcanarama cessao durante a gravidez, o acompanhamentono ps-parto se torna imprescindvel para garantir acessao definitiva, j que existe um alto risco derecada aps a gestao.

    necessrio que obstetras e pediatras estejamconscientes e que enfermeiros e agentes de sadesejam treinados em relao ao controle dotabagismo. Esses profissionais so a base dosucesso dos programas de abordagem do fumo

    na gravidez e primeira infncia. Para tornar bemsucedida esta realidade em nosso pas, necessrio

    desenvolver uma poltica bem definida de apoio cessao do tabagismo durante a gestao. Osdiversos seguimentos da sociedade, como governo,imprensa, juristas, educadores, lderes religiosos,conselhos, sociedades e entidades de classe da reade sade devem reconhecer sua importncia namelhoria da sade da populao. Nesse contexto,deve ser ressaltado queocontrole do tabagismo o melhor e mais barato meio de se prevenir, tratare curar vrias doenas.

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